Nesta terça-feira (15), é celebrada a Proclamação da República, e a Morada do Sol tem passagens históricas de um dos mais emblemáticos e polêmicos personagens políticos da época: Dom Pedro II.
O ano era 1886, mais precisamente no dia 06 de novembro. O então imperador visitou Araraquara e movimentou os setores sociais e culturais da Morada do Sol.
Ele visitou a cidade três anos antes da Proclamação da República, quando o Marechal Deodoro da Fonseca deu fim ao império do monarca e instaurou a república no Brasil.
No livro “Araraquara, histórias não reveladas”, a socióloga Dulce Whitaker, comenta a passagem do monarca através de memórias dos araraquarenses Doutor Otávio Arruda Campos e Dona Celina.
“Eles enfatizaram que as senhoras importantes foram fazer sala para a sua esposa Teresa Cristina. Foi um grande acontecimento, uma bajulação. Se analisarmos esse imaginário histórico que valoriza reis, imperadores e príncipes a cidade ficou enaltecida, e as pessoas orgulhosas com essa visita. Foi um acontecimento a ser celebrado e as pessoas guardavam a memória do pai e avó que vivenciou a visita, e falavam o tempo todo através da memória histórica familiar”, apontou Whitaker.
VEJA TAMBÉM
Mais de 2,6 mil estudantes prestam vestibular da Unesp em Araraquara
Feira da Bondade da Apae Araraquara chega a seu último dia
O imperador ficou hospedado no antigo casarão do coronel José Pinto Ferraz, onde hoje está o Colégio Progresso.
Na cidade, Dom Pedro II visitou a Estação Ferroviária, a Matriz de São Bento, o Clube Araraquarense, a Câmara Municipal e a cadeia pública.
VISITA
De acordo com Whitaker, a visita à Araraquara pode estar atrelada ao avanço da Ferrovia.
“Por hipótese eu diria que o como o café estava avançando, para o Vale do Paraíba, e a oeste de São Paulo, vinha de Campinas para São Carlos e Araraquara e, isso dava muita importância para nossa região, tanto que fizeram a Estrada de ferro. Isso foi um fato marcante nesta época, a construção da ferrovia”, apontou.
E continuou: “Eu diria que isso dava uma grande importância a Araraquara e aqui tinha também o Conde do Pinhal que fundou São Carlos. Por um raciocínio histórico eu entenderia que foi isso, mas não me lembro das pessoas entrevistadas para o livro falarem da razão em específico”, refletiu.
PERSONAGEM POLÊMICO
Último monarca do Brasil, Dom Pedro II é classificado como um político polêmico.
Seu governo foi o mais longo da história do Brasil, de 1840 a 1889. Ainda na primeira década do reinado, proibiu o tráfico negreiro, um dos seus maiores feitos.
“O que me chama muito atenção neste evento como na história do Brasil, é que Dom Pedro II é um personagem histórico polêmico. Há muitas críticas a ele devido ao poder moderador, da autocracia, mas apesar dessa polêmica, ele contribuiu em grande parte para manter a unidade da nação”, frisou.
A socióloga pontua a época das Regências, o golpe da Maioridade – quando aos 14 anos, Dom Pedro é considerado maior de idade para assumir o país, e as rebeliões separatistas.
“Na época das regências, houve muitas rebeliões separatistas, por isso deram o golpe da maioridade e o consideraram maior aos 14 anos. O governo dele contribuiu para manter o país unido, de certa forma, impedindo a ruptura que os outros países colonizados pela Espanha não conseguiram”, reforçou.
IMAGINÁRIO DE REIS E RAINHAS
“Existe no inconsciente coletivo um imaginário dos reis, rainhas e príncipes, que é transmitido até pelas histórias infantis. Veja, por exemplo, como o brasileiro fica babando com a Família Real Inglesa.
O reaparecimento do monarca em 1840 e pouco abrandou o separatismo, e o Brasil consolidou a sua unidade graças ao fato de ele ter ficado mais de 50 anos governando o Brasil. Por isso, é uma figura importante”, apontou.
Durante as quase cinco décadas de governo, ele incentivou as artes e as ciências e ganhou reputação por estudiosos daquele período.
Dom Pedro II deixou o Brasil dois dias após a proclamação da República, no dia 17 de novembro de 1889.
Ele morreu de pneumonia aos 66 anos, em Paris, no dia 5 de dezembro de 1891.
Em Araraquara, os documentos da visita de Dom Pedro II estão guardados no Memorial da Câmara Municipal.