Consumo de café deve crescer menos que o esperado até 2030, aponta entidade

Para diretora-executiva da Organização Internacional do Café, países produtores precisam aumentar o consumo internamente para obter melhores preços

Indústria global deve atingir um equilíbrio maior nos estoques de café e na demanda nos próximos dois ou três anos
Por Mai Ngoc Chau e Jamille Tran
11 de Dezembro, 2022 | 01:40 PM

Bloomberg — O consumo global de café deve crescer cerca 1% a 2% ao ano até o final da década, segundo a diretora-executiva da Organização Internacional de Café (OIC ou ICO, na sigla em inglês), que estimou que, em média, cerca de mais de 25 milhões de sacas de café de 60kg serão necessárias nos próximos oito anos.

“Estamos mais conservadores no curto prazo”, disse Vanusia Nogueira durante conferência em Hanói realizada pela Associação Café-Cacau do Vietnã, referindo-se a todos os eventos que o mundo está enfrentando, incluindo a alta inflação na Europa.

A previsão anterior da OIC de que o consumo global aumentaria 3,3% ao ano em média nas próximas quatro a cinco décadas era muito “otimista”, acrescentou.

A indústria global deve atingir um equilíbrio maior nos estoques de café e na demanda nos próximos dois ou três anos, em comparação ao déficit atual, disse Nogueira em entrevista à Bloomberg News.

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O mundo precisa de mais grãos arábica e robusta, mas os aumentos na produção e na demanda de robusta serão maiores, disse a brasileira.

Os produtores tradicionais de arábica estão tentando cultivar robusta em meio ao aquecimento global, enquanto os torrefadores também tentaram adicionar robusta mais barata nas misturas. “Se você tiver robusta com qualidade superior, o consumidor não sentirá grande diferença nos blends”, disse.

Muitos mercados estão procurando por robusta fina, Nogueira disse na conferência neste domingo (11). O Vietnã está fazendo a lição de casa para expandir a produção de robusta de alta qualidade “muito bem”, disse. Ela disse que teve surpresa ao provar três conjuntos de xícaras de café “muito boas” durante uma visita no dia anterior com um grupo de convidados internacionais para um café loja de propriedade do segundo maior exportador de café do país, Vinh Hiep Co.

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A OIC não vê o domínio global do Vietnã nas exportações de robusta sendo prejudicado pelo aumento da produção brasileira de conilon, porque a produção extra é direcionada para abastecer a indústria de solúveis do país sul-americano, a maior do mundo, segundo Nogueira.

A dirigente da IOC disse que os países produtores de café precisam aumentar o consumo internamente para obter melhores preços e benefícios para suas economias.

O Vietnã vê o consumo doméstico de café aumentar de 5% a 10% nos próximos anos em relação às atuais 300 mil toneladas, que compreendem 170 mil toneladas usadas para a produção de café instantâneo, Do Ha Nam, vice-presidente da associação de café do país, disse durante a mesma conferência.

Nam, que também é presidente do Intimex Group, maior transportadora do país, projetou que as remessas do Vietnã caíssem em 2022-23 devido à menor produção e estoques insignificantes da temporada anterior.

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