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Grafite residencial: arte urbana dá ar moderninho a qualquer espaço da casa

Neste projeto de Camila Gazola, a arte foi instalada em uma parede da sala de estar - Mariana Orsi
Neste projeto de Camila Gazola, a arte foi instalada em uma parede da sala de estar Imagem: Mariana Orsi
do UOL

Glau Gasparetto

Colaboração para Nossa

06/01/2023 04h00

Apesar de o grafite ser um tipo de arte que envolve espaços públicos, o termo foi abraçado pela decoração, sendo recurso marcante para deixar a casa com uma pegada mais despojada. Os desenhos, feitos com tinta spray nas paredes, trazem personalidade a qualquer ambiente.

"Para um grafite, temos que pensar sempre no ambiente de um modo geral, para que possamos ousar e diferenciar. Como hoje os estilos estão cada vez mais integrados, a união com a arte de rua faz com que a maneira de decorar seja muito mais criativa e personalizada", defende a arquiteta Danielle David, do escritório Arquitetura Minuto.

Segundo ela, todo tipo de ambiente pode receber um grafite. Entretanto, os mais solicitados costumam ser aqueles frequentados por visitas, como hall de entrada, salas e lavabos. Apesar disso, a intervenção vai muito além, e pode ser feita também em móveis e até no teto.

Espaço adequado

No apê assinado pela designer de interiores Shirlei Proença, o teto da sala de jogos com bar ganhou grafite do artista Bieto - Renato Navarro - Renato Navarro
No apê assinado pela designer de interiores Shirlei Proença, o teto da sala de jogos com bar ganhou grafite do artista Bieto
Imagem: Renato Navarro

A arquiteta Camila Gazola pontua que a adoção do grafite deve ser definida, preferencialmente, ainda na fase do projeto. "Assim, conseguimos pensar no todo, nas outras paredes, no mobiliário, para que tudo esteja alinhado", justifica.

Isso vale, inclusive, para determinar se haverá espaço livre nas proximidades da arte e qual a iluminação mais adequada para destacá-la.

Vai depender muito do estilo de decoração que o cliente quer criar e da sensação que quer passar para quem entrar ou estiver naquele ambiente. Camila

Para Danielle David, o ideal é que o espaço não seja "carregado" com muitas informações. Assim, móveis claros, com design limpo e, de preferência, com linhas mais retas, envolvem melhor o grafite, garantindo que a pintura seja a atração do ambiente, trabalhando com cores e movimentos.

Agora, se o espaço é pequeno, como o lavabo, a recomendação da arquiteta é optar por detalhes menores e poucos variações cromáticas.

Parede perfeita

O grafite do artista visual Fernando Reche coloriu esta sala de estar integrada - Eric Romero - Eric Romero
O grafite colorido do artista visual Fernando Reche conversa com os móveis claros
Imagem: Eric Romero

A arquiteta Danielle lembra que o grafite na decoração é como um quadro e, por ser tratar de arte e trabalho manual, o ideal é que seja aplicado em superfície lisa, sem vestígios de infiltração ou umidade para garantir a durabilidade da pintura. "A parede deve ter, de preferência, pintura à base de água ou alguma textura bem leve", continua Camila.

Quando o morador cansar da intervenção ou quiser atualizar o espaço, a remoção é bem fácil, já que se trata de pintura.

A escolha do artista e do estilo

Definida a intervenção, é hora de escolher o grafiteiro. "Antes de mais nada, tem que ter empatia, afinal, a pessoa está entregando uma parte de sua casa a um artista que vai representar seu estilo, sua personalidade e criatividade, que serão impressas em local de destaque. Sem empatia, o trabalho não fluirá e terá um resultado que pode não ser satisfatório", comenta Danielle.

Um bom profissional faz toda a diferença, pois cada um tem seu estilo próprio, sua personalidade, e isso tem que estar bem alinhado com o projeto e o estilo do cliente.

Área teen

Decoração grafite - Danielle David - Diego Correia - Diego Correia
Neste quarto, o grafite ganha destaque sobre a parede escura
Imagem: Diego Correia

O quarto do adolescente de 13 anos, projetado pela arquiteta Danielle David, do escritório Arquitetura Minuto, ganhou grafite do artista Tico Canato. A ideia surgiu para identificar o morador e interagir de forma única, já que a arte foi feita com tinta que reflete em luz negra, dando a sensação de ainda mais iluminada. Na base, foram adotadas pintura preta e aplicação de revestimento ecobrick (Santa Luzia). Para valorizar ainda mais, o dormitório recebeu guarda-roupa com portas espelhadas, cama com nichos e teto de gesso rebaixado com TV camuflada.

Na praia

Decoração grafite - Karina Korn - casa - Celina Germer - Celina Germer
Conexão entre temas aquáticos e urbanos
Imagem: Celina Germer

A entrada da casa no litoral, projetada pela arquiteta Karina Korn, estava sem uso, reservada exclusivamente à passagem dos moradores. Para trazer personalidade ao espaço, a opção foi adotar um grafite arrojado de uma carpa, tema recorrente do artista Binho Ribeiro. O espaço, até então sem atrativos, ganhou boa dose de impacto, graças ao tamanho e às cores da arte, fazendo uma conexão com o ambiente aquático e as origens urbanas da família, que é paulistana.

Entrada do apê

Decoração grafite - AMFB Hall - Luis Gomes - Luis Gomes
Tons claros ajudam a destacar o grafite sem 'carregar' o ambiente
Imagem: Luis Gomes

O cliente desejava algo inusitado no hall do elevador, que fosse original e ousado. Coube ao AMFB, escritório de Alice Martins e Flavio Butti, propor um grafite despojado e, ao mesmo tempo, provocativo, com muita cor e jovialidade, contemplando o gosto dos filhos pela arte. O projeto foi executado pelo ateliê Adriana e Carlota, todo customizado no local, para criar a sensação de impacto assim que se sai do elevador.

Arte em destaque

Neste projeto de Camila Gazola, a arte foi instalada em uma parede da sala de estar - Mariana Orsi - Mariana Orsi
Tema do grafite se repete em diferentes cômodos da casa
Imagem: Mariana Orsi

No projeto assinado pela arquiteta Camila Gazola, o "painel de efeito explosivo" faz um contraponto com a austeridade do mobiliário e dos revestimentos adotados na sala. A obra do artista visual e muralista Rafael Highraff, à base de tinta spray sobre parede de cimento queimado, é o grande destaque no cômodo em que a família recebe amigos e familiares nos fins de semana. Trata-se de uma alternativa rápida na hora de decorar, comprovando que as paredes podem ter participação mais ativa na composição de ambientes.

Animais delicados

Decoração grafite - Studio ArquiteURAS - Luis Gomes - Luis Gomes
Integração com a natureza no uso de figuras animais
Imagem: Luis Gomes

Na casa de praia ampla e arejada, a arquiteta e grafiteira Luciana Auras, do Studio ArquitetURAS, trouxe a delicadeza da baleia jubarte estilizada na parede de entrada da casa litorânea. Brincando com o preto, o branco e um sutil toque de vermelho, os traços se repetem na parede lateral, onde um gracioso cachorro, em tamanho bem menor, faz companhia para o mamífero marinho gigante.

Suíte estilizada

Decoração grafite - Pati Cillo - Luis Gomes - Luis Gomes
Pode grafite no quarto? Pode!
Imagem: Luis Gomes

As paredes que dividem o dormitório do banheiro, na suíte agradável criada pela arquiteta Pati Cillo, foram cobertas por pintura feita com resina de cimento queimado, mesmo acabamento aplicado no forro. Nas laterais, porém, o destaque fica por conta do trabalho à base de spray assinado pelo artista Storm, que cobre inclusive a porta pivotante, feita de MDF.

Quarto descolado

Decoração grafite - Karina Korn - quarto - Eduardo Pozella - Eduardo Pozella
Grafite personalizado para quarto de adolescente
Imagem: Eduardo Pozella

A arquiteta Karina Korn assina o quarto de adolescente com o grafite de Leandro Spett em uma das paredes. A arte garante o ar descolado e urbano ao cômodo e, ainda, quebra a neutralidade, cumprindo a tarefa de exalar o estilo do jovem morador, que gosta de skate e lutas. Aliás, para não pesar a mão, a profissional optou por deixar ali apenas o que o jovem precisa no dia a dia.

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