Arte Naïf do Brasil

21/jun

A Galeria Jacques Ardies, Vila Mariana, São Paulo, SP,  abriu uma nova coletiva “Arte Naïf ou Arte Popular? Tanto faz, Arte do Brasil!”, com 32 pinturas assinadas por oito artistas que apresentam trabalhos que representam o Brasil isento de influências externas. A curadoria está a cargo de Jacques Ardies, ativo no segmento há mais de quatro décadas. Em cartaz até julho de 2023.

A seleção dos pintores – Isabel de Jesus, Francisco Severino, Fefe Talavera, Dalva Magalhães, Gilvan, Ivan Moraes, Antônio de Olinda, José de Freitas – possibilita duas ações simultâneas e superlativas: resgata alguns artistas cujos trabalhos devem voltar ao foco público pela excelência das técnicas envolvidas e coloca, lado a lado, obras recém finalizadas de criativos do mesmo padrão e que compõe a soma positiva característica das escolhas do curador.

A questão que intitula a exposição: Arte Naïf ou Arte Popular – pode provocar críticas, comentários, desavenças e concordâncias mas não interfere no propósito maior: diminuir a polêmica sobre a utilização do termo Naïf e mostrar a arte que é o mote principal. Naïf tornou-se um termo pejorativo que se denomina uma arte menor, não relevante, sendo que é um termo utilizado internacionalmente como referência de um estilo.

“Estou mostrando uma bela arte brasileira, que é o que importa. Arte a qual me dedico há anos e acho que existe muito ainda para mostrar!”.        

Jacques Ardies

Sobre os artistas

Isabel de Jesus, até onde se saiba, não é uma médium. No entanto, ao estar mais conectada com a terra e com as divindades, ou seja, com a essência mais profunda de nossa existência, ela descobre espontaneamente, sem ter aprendido nada, um passado fascinante do nosso planeta. De alguma forma, surgem dessas descobertas sereias – pássaros, assim como meandros e murmúrios da floresta equatorial. Não se trata apenas de uma decoração com manchas aleatórias de luz ou escuridão. Essas criações são animadas por uma poderosa e profunda inspiração, representando o único mistério e o único segredo de uma criação ingênua e verdadeiramente autêntica.

O mérito notável de Francisco Severino reside na maneira como lida com a cor verde, explorando suas variações com a consciência de que a pintura é muito mais do que um tema em si, mas uma forma de desenvolver um pensamento por meio de cores e formas. O que impressiona em suas imagens é a harmonia entre o domínio técnico e a sensação paradisíaca de que o tempo se deteve para que cada cena, predominantemente rural, pudesse ser retratada. Seu trabalho é caracterizado por uma abordagem meticulosa, onde os detalhes desempenham um papel fundamental, resultando em composições visualmente perfeitas.

Fernanda Talavera acumulou uma vasta experiência em exposições realizadas em museus e galerias de arte ao redor do mundo. Embora tenha sido inicialmente reconhecida como grafiteira, ela expandiu sua abordagem artística, explorando diferentes suportes para suas obras. Seu foco principal passou a ser a representação de animais imaginários provenientes de um universo subconsciente fantasmagórico que ela denomina “Bichos tipográficos aleatórios”. Com essa temática, Fernanda Talavera busca incorporar elementos da cultura urbana ao seu universo artístico, estabelecendo novas categorias conceituais.

Dalva de Magalhães, nascida em São Paulo e, há quase cinco décadas, se dedica à sua arte, sustentando-se por meio dela. Sua técnica envolve o uso de diferentes materiais, como acrílico, guache e óleo, aplicados sobre tela ou madeira. A arte regional e folclórica exerce uma forte influência sobre seu trabalho. Além disso, Dalva de Magalhães é uma maratonista dedicada, residindo na região montanhosa da serra da Bocaina, onde concentra sua preocupação na preservação da natureza e se engaja fervorosamente na luta pelos direitos dos povos indígenas. Sua pintura é caracterizada pela criatividade e atenção aos detalhes, retratando um mundo intimista que reflete seu ambiente ecológico.

Gilvan é Paulo Gilvan Duarte Bezerril, um autodidata em pintura e música, deu início à sua carreira artística em 1964. Sua abordagem única envolvia o uso de uma técnica por ele mesmo inventada, utilizando tinta automotiva e acrílica sobre chapa de eucatex ou, ocasionalmente, chapa de madeira. A arte de Paulo Gilvan Duarte Bezerril é caracteristicamente ingênua, transbordante de alegria, cores vibrantes e atmosferas tropicais. Ele evita fórmulas estereotipadas, retratando desde festas populares rurais até histórias em quadrinhos que narram a vida de Lampião e Maria Bonita.

Ivan Moraes capta com riqueza de detalhes as temáticas mais frequentes de sua obra, inspiradas pela representação dos cultos religiosos afro-brasileiros da Bahia, assim como pelas baianas vestidas com trajes brancos rendados. Sua pintura une a alegria das cores com o mistério da cenografia, onde os personagens são imersos no esplendor da natureza tropical, exibindo trajes festivos e expressões de felicidade. Em seu Dicionário de Pintores Brasileiros de 1997, Walmir Ayala descreveu essa fusão de elementos, destacando a forma como o artista retrata com precisão esses aspectos em sua obra.

Antônio de Olinda, é natural de Olinda, PE, cultivou seu amor pela arte desde a infância, sempre vivendo próximo ao mar na sua amada cidade natal. Sua jornada artística começou com o mamulengo, um popular teatro de bonecos regional. Em 1984, participou de sua primeira exposição coletiva, conquistando também uma premiação no “Salão dos Novos de Pernambuco” e o primeiro lugar no Projeto Lista Telefônica do Estado de Pernambuco, ambos no mesmo ano. Sua arte é marcada pelo uso de cores vibrantes, traços enérgicos e uma abordagem pouco convencional, que busca expressão e irreverência, sem se preocupar excessivamente com a perfeição estética. Essa autenticidade essencial permeia sua obra.

José de Freitas, nascido na década de 1930 – artista já falecido – em Vitória de Santo Antão, PE, posteriormente mudou-se para o Rio de Janeiro durante a década de 1950. Embora tenha dado seus primeiros passos como artista no teatro e na televisão, sua paixão pela pintura começou a se desenvolver paralelamente, ganhando maior atenção a partir de 1964. Desde o início, sua arte tem sido habitada por minúsculas figuras que preenchem toda a dimensão da tela. Seus temas variam desde ilustrações de peças teatrais até representações da Bíblia e do circo, sempre permeados de humor e sensibilidade.

Artistas populares

17/nov

17171

A Galeria Jacques Ardies, Vila Mariana, São Paulo, SP,  fecha a agenda de 2022 com a “Coletiva de Arte Popular” que apresenta obras de 16 artistas brasileiros, e exibe um recorte da produção recente no campo da arte popular nacional, destacando temas da vida cotidiana, experiências pessoais, festas, paisagens campestres e urbanas, além da beleza da natureza.
Visto que a missão da galeria é incentivar a Arte Popular Brasileira, foram selecionados artistas contemporâneos para “um evento festivo para comemorar o fim do ano e apresentar os artistas vivos e pintando sem parar”, diz Jacques Ardies. “Esses artistas têm em comum a sutileza com que retratam os temas ligados à natureza e ao dia a dia. Usando as cores com habilidade, eles transmitem em cada um de seus quadros a alegria, o lirismo e o otimismo característicos do povo brasileiro”, explica o curador. São eles: Ana Denise, Ana Maria Dias, Barbara Rochlitz, Bebeth, Cristiano Sidoti, Edivaldo Barbosa, Edna de Araraquara, Enzo Ferrara, Francisco Sevetino, Helena Coelho, Isabel de Jesus, Lucia Buccini, Luiz Cassemiro, Mara Toledo, Sônia Furtado, Vanice Ayres.
A humanidade e a arte não podem funcionar um sem o outro. Temos o desejo ardente de criar com qualidade ações culturais. A arte popular é definida como a expressão representativa da cultura de um país. No Brasil encontramos vários artistas populares espalhados por todas as regiões do país. As obras do segmento são de altíssimo reconhecimento estético e artístico. Os artistas se inspiram em sua regionalidade, crenças, lendas e costumes típicos de sua cultura.
A cultura popular é a principal raiz dessa arte. Autodidata, o artista popular dedica seu tempo livre, sua folga do trabalho para criar sua arte. Se conseguir sucesso, ele acaba se profissionalizando e vivendo da sua arte. Seu papel é fundamental para o desenvolvimento intelectual, formação de opinião, inclusão social, educação e por fim, é a forma mais incrível de fazer com que as pessoas enxerguem o mundo mais civilizado. “Comemorando o fim do ano de 2022 com uma exposição coletiva dos melhores artistas ativos da nossa arte popular, temos trabalhos artísticos multifacetados que representam os variados costumes regionais do Brasil”, diz Jacques Ardies.
Até 22 de dezembro.

Temas cotidianos de Wilma Ramos

20/mai

 

 

Jacques Ardies exibe em sua galeria, Vila Mariana, São Paulo, SP, e assina a curadoria de uma exposição em tributo a uma artista parceira de muitos anos: “Homenagem a Wilma Ramos”. Composta por 24 telas em acrílico pintadas pela artista no período entre 1981 e 2005, serve como homenagem e agradecimento à lealdade e presença da artista junto a trajetória da galeria desde os seus primórdios em 1979 (Galeria Cravo e Canela). Conhecida e reconhecida como artista naïf, Wilma Ramos criou obras de colorido intenso e figuras com detalhamento minucioso. Mesmo sendo inserida na classificação de uma arte onde a espontaneidade, a criatividade autêntica, o fazer artístico sem escola nem orientação, a artista possui características baseadas na simplificação dos elementos, valorizando a representação de temas cotidianos e manifestações culturais de um povo.

 

 

As obras de Wilma Ramos possuem especificidades, de um colorido vibrante; ela pintava, principalmente com a tinta acrílica, que tem uma luminosidade maior que a tinta óleo; contornava seus personagens, que no geral tinham um aspecto muito comum, parecendo ser da mesma família. Os temas dos oxuns, pescadores trabalhando, feiras livres, colheitas de laranja e cana de açúcar, festas populares – como a do bumba meu boi, os bonecos gigantes, a malhação de Judas, as procissões religiosas e a festa do Divino Espírito Santo, os retratos de imagens sacras, como a incrível Nossa Senhora do Arco-Íris e de São Francisco dormindo na mata brasileira, rodeado de animais e de índios – estão entre os temas preferidos da artista. Foi com a obra “As Baianas” que Wilma Ramos conquistou reconhecimento e sucesso no mundo da Arte Naïf. Elas são únicas, com saia geométrica estampada, que lembra os panos de chita, muito comum na arte popular. Na parte superior, usam uma blusa branca de mangas curtas enfeitadas por colares de contas coloridas e levam na cabeça um pano branco amarrado, típico. O rico universo dos orixás e oxuns tiveram espaço garantido na obra da artista. Nas palavras da artista, em declaração dada em 2007, “Quase tudo que pinto ligo a fauna e a flora. Sou defensora da natureza. Essa é uma forma de dar um alô sobre a necessidade de preservar o meio ambiente.” Não necessariamente o artista naif está isolado dos acontecimentos de sua época e momento cultural. Já em São Paulo, para onde se transfere na década de 1970, através de uma amiga artista, Wilma Ramos tem acesso e contato com artistas do movimento modernista como Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral, além de outros grandes expoentes culturais como Manabu Mabe, Takeschi Susuki, Takaoca Fukushima, Alzira Pecarari e Flávio de Carvalho. A arte ingênua de Wilma Ramos se mantém intacta mas, o contato com outras vertentes criativas possibilita influências e opções antes indisponíveis ao pequeno universo pessoal da artista. O curador explica e justifica, com maestria, a mostra: “Wilma Ramos se dedicou a pintura bem cedo, em 1968. Encontrou sua linguagem e manteve-se fiel ao seu estilo particular de se expressar. Rostos redondos, olhos puxados, os seus personagens são inconfundíveis e, na maioria das vezes, parecem formar um grupo de pessoas entrosadas e de boa convivência e isto é totalmente coerente com o seu próprio jeito carismático de se relacionar. Wilma era meiga, doce e sensível. Interessou-se pelos rituais afro-brasileiros do candomblé e pelas festas folclóricas, tão populares Brasil afora e, mais intensamente, na Bahia. Gostava também de interpretar cenas campestres com cores harmoniosas e bem orquestradas que demonstrava seu inabalável otimismo em relação ao dia de amanhã. Após uma estada de 4 anos na Espanha, em 1979, Wilma juntou-se a turma dos artistas que iam apoiar a nova Galeria Cravo e Canela, no Alto da Boa Vista. A partir desse momento passou a aceitar todos os convites para participar de exposições. Recebemos um apoio irrestrito da artista Wilma Ramos e hoje, 43 anos depois, montamos esta exposição para expressar e demonstrar nosso agradecimento”.

 

 

Sobre a galeria

 

 

A Galeria Jacques Ardies, localizada na Vila Mariana, ocupa uma casa antiga completamente restaurada. A galeria, que iniciou suas atividades em agosto de 1979 (Galeria Cravo e Canela), tem por vocação a divulgação e a promoção da arte naïf brasileira. Ao longo de 42 anos, muitas exposições foram realizadas: 120 mostras individuais e mais de 200 coletivas, no seu próprio espaço e também em museus como o MAC de Campinas (SP), MAM de Goiânia (GO), Espace Art 4 de Paris (FRA), Espaço Cultural de FMI em Washington D.C. (USA), Musée International de Arte Naïf Anatole Jakovski em Nice (FRA), Memorial da America Latina em São Paulo (SP), para citar apenas alguns e também em galerias de arte como a Galeria Jacqueline Bricard, em Lourmarin (França), a Galeria Pro Arte Kasper, em Morges (Suíça) e a Gina Gallery em Tel-Aviv (Israel). Em 1998, Jacques Ardies lançou o livro Arte Naïf no Brasil com a colaboração do crítico Geraldo Edson de Andrade e em 2003, publicou o livro sobre a vida e obra do artista pernambucano Ivonaldo, com texto do professor e crítico de arte Jorge Anthonio e Silva. Em 2010, lançou o segundo livro sobre a “Arte Naïf no Brasil” com texto da sua autoria e comentários de 4 amigos também apaixonados por esta arte. Quatro anos depois, em 2014, foi editado este mesmo livro numa versão em francês. A galeria expõe permanentemente quadros e esculturas de 80 artistas selecionados e considerados como representativos do movimento da arte naïf brasileira.

 

 

De 24 de maio a 18 de junho.

 

 

Tradicional coletiva

06/dez

 

 

A Galeria Jacques Ardies, Vila Mariana, São Paulo, SP, encerra a temporada de 2021 com a “Grande Coletiva de Arte Naïf” que apresenta trabalhos de 13 artistas brasileiros, e propõe um resgate da produção recente no campo da arte popular nacional, destacando temas da vida cotidiana, experiências pessoais, festas, paisagens campestres e urbanas, além da beleza da natureza.

 

A missão da galeria é incentivar a Arte Naïf brasileira; foram convidados os artistas que resistiram ao desanimo e continuaram pintando apesar das malezas e do desconforto causados pela pandemia. “Esses artistas têm em comum a sutileza com que retratam os temas ligados à natureza e ao dia-a-dia. Usando as cores com habilidade, eles transmitem em cada um de seus quadros a alegria, o lirismo e o otimismo característicos do povo brasileiro”, explica Jacques Ardies, curador da mostra.

 

A chamada Arte Naïf é uma expressão artística que surgiu junto com a eclosão da arte moderna. Os artistas naïfs, na maioria das vezes, não fazem questão de seguir as regras da academia e, por meios próprios, criam uma linguagem pessoal, transmitindo suas experiências de vida. Buscam, com determinação, superar eventuais desafios técnicos, propondo um estilo original, sem compromisso com a perspectiva, e executado com total liberdade.

 

“Grande Coletiva de Arte Naïf”

 

Artistas expositores: Ana Denise, Ana Maria Dias, Cristiano Sidoti, Edivaldo, Enzo Ferrara, Helena Coelho, Isabel de Jesus, Lucia Buccini, Mara D. Toledo, Rodolpho Tamanini Netto, Sônia Furtado e Vanice Ayres Leite.

 

Sobre a galeria

 

A Galeria Jacques Ardies, na Vila Mariana, está sediada em imóvel antigo totalmente restaurado. Desde sua abertura em Agosto de 1979, atua na divulgação e a promoção da arte naif brasileira. Ao longo dos últimos 42 anos, realizou inúmeras exposições tanto em seu espaço como em instituições nacionais e estrangeiras, onde podemos destacar MAC/ Campinas, MAM/ Goiânia, Espace Art 4 – Paris, Espaço Cultural do FMI em Washington DC, USA, Galeria Jacqueline Bricard, França, a Galeria Pro Arte Kasper, Suíça e Gina Gallery, Tel-Aviv, Israel. Em 1998, Jacques Ardies lançou o livro Arte Naif no Brasil com a colaboração do crítico Geraldo Edson de Andrade e em 2003, publicou o livro sobre a vida e obra do artista pernambucano Ivonaldo, com texto do professor e crítico de arte Jorge Anthonio e Silva. Em 2014, publicou Arte Naïf no Brasil II, que acaba de ser impresso em língua francesa, com textos de Daniel Achedjian, Peter Rosenwald, Marcos Rodrigues e Jean-Charles Niel. A galeria possui em seu acervo obras, entre quadros e esculturas, de 80 artistas representativos do movimento da Arte Naif brasileira.

 

Até 22 de Dezembro.

 

 

Arte Naïf com Jacques Ardies     

11/dez

 

A Galeria Jacques Ardies, Vila Mariana, São Paulo, SP, inaugurou a “Grande Coletiva de Arte Naïf”, sob a curadoria de Jacques Ardies apresentando mais de 80 obras, de 30 artistas brasileiros. A mostra propõe um destaque à arte popular brasileira com obras que tratam do cotidiano dos artistas e suas experiências de vida.  A exibição, que tradicionalmente encerra a agenda expositiva da galeria, mescla formas distintas de se fazer arte, cada uma com o seu conceito e processo criativo particular.

 

No Brasil, o movimento naïf se consolidou a partir dos anos 1940, com o surgimento das obras de Heitor dos Prazeres e José Antonio da Silva, entre outros. Hoje, o país é um dos grandes representantes deste tipo de arte no mundo, com enormes contrastes territoriais, preservação cultural, capacidade de aflorar novos talentos, mistura de raças e de crenças, sensibilidade inata e alegria contagiante. A chamada Arte naïf é uma expressão artística que surgiu na eclosão da arte moderna. Os artistas naïfs, via de regra, não pretendem seguir as regras da academia, e, por meios próprios, inventam uma linguagem pessoal, expressando suas experiências de vida. Com determinação, buscam superar eventuais dificuldades técnicas, propondo uma arte original, sem compromisso com a perspectiva e executada com total liberdade. A palavra francesa “naïf” foi utilizada para definir o estilo de Henri Rousseau, que apresentava uma arte personalíssima e encantadora.

 

O galerista Jacques Ardies, que adotou o incentivo à Arte naïf brasileira como uma de suas missões, declara que “…esses artistas têm em comum a sutileza com que retratam os temas ligados à natureza e ao dia-a-dia. Usando as cores com habilidade, eles transmitem em cada um de seus quadros a alegria, o lirismo e o otimismo característicos do povo brasileiro”.

 

Na exposição “Grande Coletiva de Arte Naïf”, econtram-se obras assinadas por Ana Denise, Ana Maria Dias, Barbara Rochlitz, Bebeth, Bida, C. Sidoti, Denise Costa, Doralice Ramos, Edgar Calhado, Edivaldo, Edna de Araraquara, Ernani Pavaneli, Enzo Ferrara, Francisco Severino, Helena Coelho, Isabel de Jesus, Ivonaldo, L. Cassemiro, Lucia Buccini, Madeleine Colaço, M. Guadalupe, M. Zawadzka, Maite, Malu Delibo, Mara D. Toledo, Marcelo Schimaneski, Rodolpho Tamanini Neto, Waldomiro Sant’ Anna, Vanice Ayres Leite e Wima Ramos.

 

 

Até 22 de dezembro.

Oito artistas naïfs

02/jun

A Galeria Jacques Ardies, Vila Mariana, São Paulo, SP, inaugurou a mostra coletiva “Naïfs da Contemporaneidade”, com obras de 8 artistas brasileiros, cada um com sua visão própria e criativa sobre o universo em que vivemos.

 

Interpretar através da “arte naïf” pode não ser tão simples, visto que se trata de uma expressão regional que percorre o mundo assumindo aspectos de acordo com o que é vivenciado pelos artistas. Estes, exibem suas próprias experiências por meio de linhas e formas peculiares, sem ter recebido formação acadêmica de uma escola de Belas Artes. Algumas das principais características deste gênero são o uso de cores vibrantes, a retratação de temas banais, geralmente figurativos, bem como a idealização da Natureza sem o rigor técnico da perspectiva. Neste sentido, a arte “naïf” encontra no Brasil o ambiente ideal, graças à exuberância das florestas, à intensa luminosidade e ao calor humano brasileiro.

 

Assim, a mostra “Naïfs da Contemporaneidade” apresenta os artistas Thais Gomes, Enzo Ferrara e Ana Denise expndo suas obras pela primeira vez na galeria. O baiano Bida, o paranaense Marcelo Schimaneski e a paulistana Maite entraram no elenco da galeria recentemente e mostram suas últimas criações. Obras inéditas de Olimpio Bezerra (de Cuiabá), e de Ernani Pavaneli (do Rio de Janeiro) completam a mostra, que tem por objetivo evidenciar o dinamismo dos naïfs brasileiros atuais.

 

 

Até 1º de julho.

Brasil Naïf no MIAN

27/out

“Brasil Naïf, Uma aventura na Alma Brasileira” é um convite do curador, Jacques Ardies, franco-belga radicado no Brasil há 40 anos (35 deles dedicados à arte naïf), a uma incursão pela alma de cada artista. Ele apresenta, no Museu Internacional de Arte Naïf (MIAN), Cosme Velho, 561, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, obras de alguns dos pintores mais representativos do estilo, trazidas do acervo que mantém na galeria em São Paulo, que leva seu nome. São ao todo 60 telas de mais de 50 artistas, entre eles nomes históricos que participaram do movimento naïf nacional, pintores atuantes até hoje. Na ocasião da abertura da mostra, o curador, Jacques Ardies, lança seu livro “Arte Naif no Brasil II”.

 

Segundo Jacqueline Finkelstein, diretora, do MIAN, é uma honra receber esta exposição: “Conhecendo o trabalho da Galeria Jacques Ardies com os artistas naïfs há mais de 30 anos, o MIAN acredita que ao realizar esta exposição estará somando forças em prol da divulgação e valorização da arte naïf brasileira”.

 

A estrutura da exposição segue a ordem cronológica do desenvolvimento da arte naïf no Brasil. Iniciando nos anos 40, quando os primeiros artistas são acolhidos em salões oficiais tais como a carioca Silvia Chalreo e o mundo fantástico de Chico da Silva. Seguida por José Antonio da Silva, apontado como o maior e mais autêntico artista naif brasileiro, cuja carreira foi intensa e polêmica. No começo dos anos 60, descobre-se um grupo de artistas que desperta atenção pela excepcional capacidade de se expressar de forma diferenciada. Aparecem então as primeiras obras da piauiense Elisa Martins da Silveira, os cenários narrativos do ator de teatro José de Freitas, a pintura intimista de Rosina Becker do Valle, com seu colorido quente e aconchegante. E assim vão surgindo as cenas paulistanas de Agostinho Batista de Freitas, o esplendor nordestino descrito com maestria por Ivonaldo Veloso de Melo, as histórias picantes do rio-grandense Iaponí Araújo, as pinturas encantadoras em madeira da goiana Mirian e a incrível mineira Maria Auxiliadora, com sua técnica em relevo e suas cenas tão brasileiras, as delicadas cenas de namoro de Julio Martins da Silva. O trabalho rude no Campo de Miranda, as festas folclóricas de Goiás de Antonio Poteiro,  o frevo e o samba da festeira Alba Cavalcanti, as evocações divinas com o degradé sofisticado de Crisaldo Morais, a delicada postura das moças de Elza O.S, os personagens universais e expressivos de Gerson, o mundo imaginário e encantado de Grauben e de Iracema, as baianas em trajes a rigor de Ivan Moraes, o legado iconográfico saboroso da cidade do Rio de Janeiro de Lia Mittarakis, a visão do Brasil pelo olhar do grande nome da tapeçaria brasileira Madeleine Colaço,  a arte sincera da alogoana Mirian e os casamento em carro de boi de Neuton de Andrade.

 

O grupo dos artistas atuantes é constituído de 27 nomes, alguns são cariocas, como Helena Coelho e Bebeth, outros são da cidade de São Paulo, como Rodolpho Tamanini Netto e Cristiano Sidoti ou do interior do Estado como Edivaldo, Malu Delibo, Edna de Araraquara, Luiz Cassemiro, Constância Nery, Ana Maria Dias, Edgar Calhado; diversos artistas de origem mineira como Isabel de Jesus, Lucia Buccini, Maria Guadalupe, Vanice Ayres, Ernani Pavaneli e Francisco Severino. Do sul, temos a riograndense Mara Toledo e os catarinenses Doval e Sônia Furtado. A Bahia está representada pelo casal Waldomiro de Deus e Lourdes de Deus e também pelo jovem Raimundo Bida. Participam duas artistas de origem polonesa que se transformaram em artistas brasileiras como Barbara Rochltiz e Magdalena Zawadzka e Dila, do Maranhão.

 

 

A palavra do curador

 

“Acompanho estes artistas há anos e posso afirmar que são dotados de um talento indiscutível. Constroem suas carreiras de maneira lenta, séria e consistente. Cada qual, imbuído de sua própria missão estética, transborda comumente a esperança por uma convivência mais harmoniosa das raças e crenças. Convencido de que sua arte está a serviço de um mundo melhor, cada artista nos convida para uma viagem na sua alma”.

 

 

Sobre o curador

 

O Brasil desperta paixões inexplicáveis em certas pessoas que vêm nos visitar e acabam ficando. Este é o caso de Jacques Ardies, há 35 anos no Brasil. Ardies, quando acabou seu curso de Administração em Bruxelas, teve vontade de conhecer o mundo, descobrir novas formas de cultura, abrir seus horizontes. Chegando a São Paulo conseguiu um estágio numa empresa e, consequentemente, seu visto permanente. O ano de 1979 foi um marco na sua vida. Jacques, sem emprego, estava em uma encruzilhada: ou arranjava outro emprego na administração ou partia para um negócio próprio. Ele escolheu a segunda opção, mas não na área de administração, seu novo negócio agora era a arte. Mais precisamente a arte Naif. Nascia, em agosto de 79, a Galeria Cravo Canela. Hoje, com 36 anos de trabalho dedicados à arte, Jacques é um respeitado especialista em arte naif, com um acervo de mais de 1.000 obras.

 

 

 

A arte naïf na visão de Jacques Ardies

 

Arte naïf define a produção de um grupo de pintores que expressa livremente suas memórias e emoções. Sem qualquer educação artística formal, conseguem superar suas dificuldades técnicas e criam uma linguagem inédita e pessoal, singular. A palavra francesa naif significa ingênuo e foi associada ao estilo apresentado por Henri Rousseau que se juntou aos revolucionários da arte moderna. Rousseau era uma pessoa sensível que vivia um pouco fora do seu tempo. Ele tinha o seu lado realmente ingênuo e sua pintura espontânea encantava pelo talento criativo e inédito.

 

 

De 29 de outubro a 24 de janeiro de 2016.