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    Eleições 2022

    ‘Eleição vai haver, eu garanto’, afirma Barroso em resposta a Bolsonaro

    A apoiadores, presidente da República voltou a ameaçar a realização das eleições em 2022 caso não seja adotado o voto impresso

    Gregory Prudenciano e Guilherme Venaglia, da CNN, em São Paulo

    O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a ameaçar a realização das eleições em 2022. Em conversa com apoiadores nesta sexta-feira (9), ele acusou, sem provas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de participar de fraudes. Bolsonaro criticou nominalmente o presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso.

    “A fraude está no TSE, para não ter dúvida. Isso foi feito em 2014”, disse o presidente. “Não tenho medo de eleições. Entrego a faixa para quem ganhar no voto auditável e confiável. Dessa forma, corremos o risco de não termos eleições no ano que vem.”

    Em resposta ao presidente, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que “eu não paro para bater boca” e garantiu o pleito de 2022. “Cumpro o meu papel pelo bem do Brasil. Mas eleição vai haver, eu garanto”, afirmou, em mensagem enviada ao jornalista Josias de Souza, do portal UOL, e posteriormente confirmada pela CNN.

    Mais cedo, Bolsonaro atacou o ministro  Luís Roberto Barroso. Segundo o presidente da República, Barroso usa de “história esfarrapada” para dizer que o voto impresso fere o sigilo das eleições.

    “É uma resposta de um imbecil. Lamento falar isso para uma autoridade do Supremo Tribunal Federal. Só um idiota para fazer isso. O que está em jogo é o nosso futuro e a nossa vida, não pode um homem querer decidir o futuro do Brasil na fraude”, afirmou Bolsonaro.

    O presidente voltou ao assunto na parte da tarde, em um evento na cidade de Caxias do Sul (RS), em tom mais ameno. Desta vez, Bolsonaro falou apenas em querer “eleições limpas”, com a aprovação do voto impresso. “O que eu mais quero são eleições limpas, para que nós possamos, sim, garantir a vontade popular”, disse o presidente durante evento de inauguração da primeira Feira Brasileira do Grafeno.

    Luís Roberto Barroso
    Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, fez coletiva para falar sobre as eleições municipais (15.nov.2020)
    Foto: CNN Brasil

    PEC do Voto Impresso 

    O presidente Jair Bolsonaro é defensor do voto impresso. Em mais de uma ocasião, ele já afirmou, sem apresentar provas, ter informações de que houve fraude na eleição presidencial de 2014, vencida por Dilma Rousseff (PT), e na de 2018, na qual se elegeu. 

    “O Aécio [Neves] ganhou em 2014. Em 2018, eu ganhei em primeiro turno. Alguns falam: ‘eu nunca vi ganhador reclamar’. Eu tô reclamando, porque eu quero transparência. ‘Ah, vai custar R$ 2 bilhões.’ Eu sempre ouvi que a democracia não tem preço. A gente arranja esse dinheiro aqui”, disse o presidente, em junho.

    Aliados do governo na Câmara dos Deputados têm travado uma batalha política para que o voto impresso seja incorporado ao processo eleitoral já nas eleições de 2022, quando Bolsonaro deverá tentar a reeleição. 

    Na quinta-feira (8), o relator da comissão especial da Câmara que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, Filipe Barros (PSL-PR), pediu o adiamento da sessão em que ocorreria a votação do parecer sobre a iniciativa, pedido que foi acatado pelo presidente da comissão, deputado Paulo Martins (PSC-PR). 

    Nas últimas semanas, presidentes e líderes de 11 partidos, inclusive alguns da base aliada do governo, como o Progressistas e o Republicanos, fecharam questão contra o voto impresso, e passaram a substituir alguns parlamentares da comissão especial, aumentando as chances do relatório de Filipe Barros, favorável ao voto impresso, ser rejeitado na comissão. Se isso acontecer, a proposta é arquivada antes mesmo de ir ao plenário da Câmara.

    Com o adiamento, a expectativa é de que a votação da proposta fique para a próxima quinta-feira (15). O presidente Arthur Lira (PP-AL) já sinalizou, em conversas reservadas, que só pautará a proposta em plenário quando houver um consenso, conforme apurou o analista de política da CNN, Gustavo Uribe.