Há 100 anos, o Brasil viveu um de seus grandes movimentos artísticos, intelectuais e sociológicos. A Semana de Arte Moderna aconteceu de 13 a 17 de fevereiro de 1922, um século após a independência do país.
O movimento foi iniciado por jovens artistas e intelectuais paulistas que pretendiam revolucionar as artes “oficiais” no Brasil e popularizá-las. Buscavam referências na arte modernista europeia, em que se rompia com as limitações estéticas e técnicas. Buscava-se olhar para as próprias culturas como matéria-prima para sua expressão.
E há muita relação entre essa história e o Sport Club Corinthians Paulista. Há semelhanças e citações diretas ao Time do Povo neste movimento extremamente simbólico no Brasil.
A primeira relação vem logo no início da existência do clube do Parque São Jorge. Quando foi fundado, no dia 1º de setembro de 1910, o Timão chegou com um estatuto em que já constava a obrigação de haver uma biblioteca e a realização de saraus, com o objetivo de um envolvimento social em conjunto com o esporte.
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Assim como no futebol e na questão desportiva, o clube tinha eu seu berço o acolhimento da classe operária e visava “encarar” a elite dominante de igual para igual. O Corinthians começou a reunir em seu entorno e ter como simpatizantes poetas, escritores e dramaturgos marginalizados. Até porque, na época, a arte era considerada um privilégio desta elite.
Após os títulos conquistados até meados do ano de 1916, o clube aumentou seu leque de associados. O grupo que antes era formado em sua imensa maioria por operários chamou a atenção também de pessoas influentes da elite, que começaram a admirar o clube e incorporar o “corinthianismo”, como Alcântara Machado e Menotti Del Picchia. Este segundo nome é de importância ainda maior para a correlação entre Corinthians e a Semana de Arte Moderna.
Menotti Del Picchia, poeta, cronista e jornalista brasileiro, junto de Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros jovens artistas e escritores brasileiros, foi um dos principais articuladores, ativistas e colaboradores da Semana de Arte Moderna no Theatro Municipal de São Paulo.
O autor abriu a segunda noite, no dia 15 de fevereiro de 1922, a mais importante e a mais tumultuada da Semana. E foi aí que foi proferida a citação direta ao Poderoso Timão: “O Corinthians é um fenômeno sociológico a ser estudado em profundidade”.
A frase foi dita para uma elite, dentro do Theatro Municipal de São Paulo lotado. Ou seja, em uma semana onde foram apresentadas novas formas de cultura, onde o povo teria mais participação, é claro que o clube mais brasileiro, do povo e de todos, com apenas 12 anos de idade, foi não só citado, como representado por entusiastas de todas as classes.
Curiosamente, futebolisticamente falando o ano também foi histórico para o Coringão! Foi no Campeonato Paulista de 1922 que o Sport Club Corinthians Paulista conquistou seu segundo título estadual, superando o Paulistano na final - um dos favoritos da época, representado pela elite. No Campo da Floresta, a final terminou em 2 a 0 para o Timão, com os gols de Tatu e Gambarotta.
Além disso, a conquista também deu início ao primeiro tricampeonato paulista da história do clube, já que em 1923 e 1924 o Time do Povo levantou a taça.
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