Bispo do Rosário, sua arte e imaginário

Bispo do Rosário, sua arte e imaginário

Exposição retrospectiva do aclamado artista sergipano será inaugura no próximo dia 18 de maio, dia da Luta Antimanicomial

Arte & Agenda

Obra do artista sergipano Arthur Bispo do Rosário, com costura, bordado e escrita

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“Bispo do Rosário – Eu vim: aparição, impregnação e impacto” , exposição retrospectiva do artista sergipano Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), que passou 50 anos internado em hospícios, será inaugurada no Itaú Cultural em São Paulo. A abertura será no dia 18 de maio, dia da Luta Antimanicomial. Serão exibidas cerca de 400 peças, das cerca de mil que compõem todo o seu trabalho.

Bispo do Rosário criou seu trabalho a partir dos objetos do cotidiano que recolhia onde vivia, na antiga Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro. São essas obras que norteiam toda a exposição. A mostra traça, ainda, um diálogo da obra de Bispo do Rosário com artistas modernos e contemporâneos que foram impactados ou influenciados pelo seu trabalho. São quase 50 artistas e um total de mais de cerca de 300 obras.

A exposição promoverá um debate sobre arte e saúde mental. De 24 a 26 do mesmo mês, o Itaú Cultural realizará seminário sobre o tema "Cultura, saúde mental e bem-estar".  No dia 28 de junho, pode ser conferida uma live sobre arte, estética e linguagem em Arthur Bispo do Rosário.

No ambiente virtual, será promovido um passeio online, pré-agendado, no qual um educador percorre o espaço da mostra presencialmente, enquanto o público está 100% online, abordando temas relacionados à arte, educação e saúde mental a partir das peças de Bispo expostas.

Bispo do Rosário

Arthur Bispo do Rosario, nascido em 1909 em Japaratuba (SE), passou boa parte de sua existência vivendo em uma cela na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Fez do lugar um refúgio onde se desdobrou o seu trabalho. Tratava-se de um gesto coletivo, uma vez que ele tomava emprestados pertences de uma comunidade. Através de Bispo, portanto, vozes trancafiadas se fizeram ouvir, cumplicidades se teceram e, a partir de então, passaram a interrogar não somente o estatuto da arte, mas também o das instituições psiquiátricas e de poder.

"Eu vim: aparição, impregnação e impacto"

A exposição foi organizada em dois núcleos. Um trata do impacto e da impregnação de sua produção em outros pares, modernos e contemporâneos, a ponto de abrir novas possibilidades no modo de fazer arte. Outro, traz experiências artísticas realizadas em ateliês de instituições psiquiátricas brasileiras, que fizeram repensar o modus operandi desses lugares e geraram outros nomes de referência na arte brasileira.

Serão exibidas cerca de 600 obras. Mais de 400 peças são do próprio artista— das cerca de mil que compõem todo o seu trabalho. As demais levam a assinatura de uma constelação de artistas que, de alguma forma, orbitou ou bebeu dessa obra. São cerca de 50, como Leonilson, Carmela Gross, Rosana Paulino, Jaime Laureano.

A curadoria é de Ricardo Resende, com co-curadoria de Diana Kolker, respectivamente, curador e curadora-pedagoga do mBRAC, parceiro do Itaú Cultural na construção desta exposição. A concepção e idealização é de ambas as instituições.

“Todas as peças de Bispo do Rosário compreendem, no entender dele próprio, uma obra só. Era a maneira como ele compunha o seu universo”, explica Resende. “Bispo catalogava os objetos do mundo”, completa.

O seu trabalho foi criado a partir dos objetos do cotidiano que recolhia onde vivia, na antiga Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro. São elas que norteiam toda a exposição, cuja grande parte é apresentada no primeiro andar. Este piso tem como referência para a expografia a cela onde ele viveu, durante 50 dos seus 80 anos, depois de ser diagnosticado como paranoico‐esquizofrênico.

‍Outro aspecto apresentado pela curadoria nesta mostra é “o efeito Bispo”, não somente na cena artística, como também na saúde mental. São apresentados artistas vinculados ao ateliê Gaia, um polo experimental e centro de convivência que faz parte do Museu Bispo do Rosário. Criado na década de 90, como parte de um projeto de arteterapia de onde surgiram, entre os internos e contemporâneos a Bispo, artistas como Arlindo Oliveira e Patrícia Ruth.  Desde 2013, é frequentado por artistas usuários dos serviços de saúde mental da região e é tido como local de criação, pesquisa, convivência e experimentação artística.


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