19 de julho, de 2013 | 00:00

Sepultado em Coronel Fabriciano, o comerciante José Avelino

Filho de Rotildino Avelino, o pioneiro fundou um dos primeiros hotéis do município

FABRICIANO – O município perdeu nesta quinta-feira (18) um de seus pioneiros e mais antigos comerciantes. Natural de Santana do Paraíso, então distrito de Mesquita, José Avelino Barbosa morreu aos 92 anos e foi sepultado na tarde de ontem no cemitério Senhor do Bonfim. O velório e o sepultamento foram acompanhados por familiares, amigos e colegas do setor empresarial.

Conforme levantamento da revista “Caminhos Gerais”, José Avelino chegou ao antigo Calado, nome anterior de Coronel Fabriciano, em 1925, aos 4 anos de idade. Veio com seus pais Rotildino Avelino e Maria Gonçalves Brito. O casal abriu uma loja próximo à estação ferroviária, que existia na área central, com o nome de A Barateza.

Rotildino Avelino era mascate em Antônio Dias e tornou-se um dos primeiros comerciantes da região. Negociando com garimpeiros e operários, a maioria, pessoas vindas do Norte do Brasil e que construía a Estrada de Ferro Vitória/Minas e ficavam acampadas nas proximidades da estação.



Anos depois, ao perceber a vocação do povoado pelo comércio, José Avelino assume a loja do pai e inicia uma fase próspera do estabelecimento comercial, agora com o nome Casa Avelino, situada na rua Silvino Pereira, esquina com rua Doutor Querubino.
A Casa Avelino foi pioneira na comercialização das primeiras geladeiras (ainda movidas a querosene), das bicicletas Philips, importadas da Inglaterra, e dos primeiros rádios à pilha, entre outros artigos exclusivos.

Em 1965 José Avelino fechou sua loja e construiu o Hotel Avelino, no Centro da cidade, que chegou a ficar entre os 35 hotéis 2 estrelas em qualidade de serviços do país, classificado pela Embratur.

Referências

O empresário e advogado João Damasceno destacou a importância de José Avelino no desenvolvimento do município. “Fabriciano perde hoje uma de suas referências porque José Avelino deixou um legado muito grande para os filhos de Fabriciano. Foi uma pessoa que sempre participou ativamente da sociedade de Fabriciano”, afirmou.



O advogado Jayme Rezende, por sua vez, lembrou a dedicação dada por seu Avelino à família e a Coronel Fabriciano, durante todo o tempo que viveu. “Uma frase para simbolizar o que vai sentir a comunidade hoje, eu diria que é: uma pausa, pelos exemplos deixados por ele, um adeus e a saudade que nós vamos sentir”, resumiu.



O padre Geraldo Ildeu, sobrinho de José Avelino, contou que o pioneiro tinha muitas atividades, entre elas, o comércio, a influência na política, o Rotary e principalmente a Igreja Católica, para a qual doou uma imagem de São Sebastião. “Muito católico, muito devoto de São Sebastião e muito ligado a família. Eu tenho certeza que Fabriciano tem muito a agradecer pelo que ele foi e pelo que fez pela cidade, onde lutou pela emancipação (Fabriciano já pertenceu a Antônio Dias) e sempre esteve presente nos principais momentos da história”, relembrou.

Paixão pela fotografia a coleção de antigos rádios

José Avelino contou à revista “Caminhos Gerais” que em 1939, em uma de suas viagens a Belo Horizonte, realizou um antigo sonho: comprou uma câmara fotográfica Kodak, que ele guardou até o fim da vida com muito carinho. Com ela, José Avelino registrou inúmeros fragmentos da história regional, inclusive em Itabira, onde fotografou momentos marcantes da cidade, bem como o topo do Pico do Cauê ainda virgem e frequentado apenas por apreciadores da natureza.



José Avelino chegou a produzir uma cópia de cada fotografia que produziu, possuindo um dos maiores acervos particulares da história fabricianense. Outras preciosidades que o pioneiro guardava era uma pequena coleção de antigos rádios e vitrolas. Além de um possante rádio transmissor, o primeiro da região, com transmissão em linha que alimentava diversos alto-falantes espalhados pelos postes da cidade. Pelas ondas do rádio era retransmitida a programação das rádios Nacional e Mayrink Veiga.