(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ARTES CÊNICAS

Mineiro Fred Selva é pandeirista de 'Bazzar', montagem do Cirque du Soleil

Músico de BH, que faz parte da banda da trupe canadense, é filho de palhaço e se emocionou quando o pai foi vê-lo tocar em São Paulo


08/12/2022 07:47 - atualizado 08/12/2022 07:49

Fred Selva toca pandeiro em espetáculo do Cirque du Soleil
Fred Selva em cena durante "Bazzar", cuja temporada não inclui Belo Horizonte (foto: Cirque du Soleil/divulgação)


Oitavo espetáculo do Cirque du Soleil em temporada no Brasil – o terceiro que não vem a Belo Horizonte –, “Bazzar”, que estreia nesta quinta-feira (8/12), no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, tem sotaque mineiro. Fred Selva, de 31 anos, faz parte da banda responsável pela trilha sonora ao vivo da montagem. 

Em Belo Horizonte, Fred se destacou em prêmios importantes como o BDMG Instrumental e Marco Antônio Araújo com o disco “A estranheza e o poliglota”. Chegar à maior referência circense mundial por seu talento musical não é a única alegria dele. Criança, Fred aprendeu a arte da palhaçaria com o pai, Cícero Silva.

“Meu pai é palhaço”, diz, com orgulho. “Atuei com ele na infância e na adolescência, ao mesmo tempo em que me dedicava ao estudo da percussão”, relembra Fred, ex-aluno de Carlos Bolão, parceiro de Caetano Veloso na década de 1980.

Percussão e vibrafone

A música o levou à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde se dedicou ao estudo da percussão, sua grande paixão. Formado, foi para Buenos Aires, na Argentina, onde descobriu o vibrafone e começou a trabalhar com música eletrônica.

De volta a Belo Horizonte, dedicou-se à carreira musical e à produção de álbuns de outros artistas. O circo foi ficando cada vez mais de lado.

Quando era criança, diante dos DVDs do Cirque du Soleil que ganhava de presente da família, Fred pensava: “Um dia, pô, quem sabe chego lá?”. Antes de “Bazzar”, o único show ao vivo da companhia que ele viu foi “Quidam”, em São Paulo e em Belo Horizonte. “Era fã. Assisti tanto que até hoje sei o show de cor.”

A vida foi acontecendo e Fred esqueceu a ideia de um dia pisar naquele palco. Graças a uma amiga, a percussionista Natália Mendes, ele ficou sabendo, no início do ano, da seleção de músicos para integrar a banda de “Bazzar”.

Conforme as exigências da companhia, enviou “um monte de vídeos” tocando percussão, tocando músicas do repertório de “Bazzar” e “montando uma sessão como se fosse um show”.

Fez o para casa direitinho. Bem-humorado, revela que foram muitas as tentativas para o vídeo, no qual falava dele e de sua experiência. “Tenho horas gravadas dizendo 'hello, my name is', até conseguir chegar ao vídeo certo.”

Diferentemente de todos os artistas contratados pelo Cirque, Fred não foi a Montreal assinar contrato, fazer o figurino e aprender a maquiagem. “Mas tive de mandar todas as medidas de meu corpo”, conta. A partir do OK da companhia canadense, sua vida virou de cabeça para baixo.

“Foi uma loucura. Antes de vir (para o grupo), precisei acertar os projetos previstos para o segundo semestre deste ano. Fiz no corre de um mês as produções de discos marcadas para julho e agosto. Precisei também de um substituto para o Teatro Mágico, banda de Osasco, interior de São Paulo.”

A experiência no Cirque está sendo a melhor de sua vida, mas ele reconhece: o dia a dia é uma doideira. No fim de julho, já estava trabalhando e com a estreia, em São Paulo, encarou a rotina de oito a 10 shows por semana.

Doideira que ele tira de letra, aliás. E se diverte. Em São Paulo, a trupe se divide em dois hotéis, mas a convivência é diária. “Ficamos o dia todo juntos. Lá no Cirque, almoçamos juntos, ensaiamos cada um no seu horário, batemos papo, tiramos uns cochilos. Quando as pessoas perguntam como é a vida em São Paulo, não sei. Às vezes, acho que não estou em São Paulo”, brinca. E garante: nos dias livres da temporada carioca, ele e os companheiros ficarão esparramados na praia.

O mineiro diz que todo o esforço vale a pena. “O fato de trabalhar com pessoas de várias partes do mundo é muito legal pelas experiências musicais e pessoais. Ficamos tão próximos que parece que nos conhecemos há uns 15 anos. Trocamos muitas figurinhas.”

Em um dia de folga, Fred levou dois companheiros da banda à Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, conhecida pelas dezenas de lojas de instrumentos musicais. Fred deu aos amigos dois pandeiros e, volta e meia, ensina percussão a eles.

“Descobri que a turnê ainda não começou para mim. São Paulo é uma cidade a que venho sempre, mas eles saíram do país deles”, observou em entrevista por telefone, na última semana da turnê paulistana.

Família no backstage

Entre tantas emoções, a maior ocorreu no dia em que a família foi vê-lo no Cirque, em São Paulo. “Fiquei muito emocionado com meu pai assistindo na plateia e no backstage. Afinal de contas, se não fosse meu pai...”

“Bazzar” tem duas horas, com intervalo. A temporada carioca vai de hoje ao próximo dia 30.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)