Musical Noel Rosa: Coisa nossa

fábio enriquez e alfredo del-penho interpretam noel, no espetáculo que tem texto de geraldo carneiro e algumas das 250 canções do sambista

Priscila Prade/Divulgação


Reza a lenda que, em 1929, Noel Rosa estava caminhando e cantarolando o Hino Nacional, quando percebeu que aquilo daria samba. Modificou uma nota aqui, outra ali e esboçou: “Agora vou mudar minha conduta / Eu vou pra luta…”. Da paródia do hino brasileiro, nascia “Com que roupa?”, um de seus sambas mais populares.

Curiosidades como essa estão no musical “Noel Rosa: Coisa nossa”, que cumpre curta temporada nesta sexta e sábado (27 e 28/10), no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Escrito pelo imortal da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Carneiro, sob consultoria de Carlos Didier, um dos biógrafos do sambista carioca da Vila Isabel; o musical apresenta um recorte sobre a vida de Noel Rosa, morto precocemente, aos 26 anos, em decorrência da tuberculose, em 4 de maio de 1937.

O espetáculo, contudo, não segue uma linha narrativa linear nem se propõe a contar episódios da vida do músico de maneira realista. Para início de conversa, Noel é interpretado por dois atores ao mesmo tempo, Fábio Enriquez e Alfredo Del-Penho, que também assina a direção musical. Completam o elenco, os atores e multi-instrumentistas Dani Câmara, Julie Wein e Matheus Pessanha, que dão vida a múltiplos personagens.

“A Cacá Mourthé, que é a diretora do espetáculo, foi quem teve essa ideia”, revela Del-Penho. “Isso porque nas leituras do texto eu ia lendo e contextualizando historicamente –  gosto muito e conheço muito a história do Noel Rosa. Então, ela propôs que eu fizesse o Noel junto com o Fábio.”

DOIS “NOÉIS” EM CENA

Colocar dois “Noéis” em cena não foi o problema, conta Del-Penho. Para que isso fosse feito, a diretora recorreu a alternativas como um Noel que observa sua própria história e a alternância de personagens interpretados por Enriquez e Del-Penho. Ou seja, quando um interpreta o Sambista da Vila, o outro dá vida a algum personagem que conviveu com o músico.

O maior desafio, entretanto, foi a escolha do repertório. Em seus 26 anos, Noel compôs e registrou quase 250 canções. Portanto, fazer uma “peneirada” na obra do sambista foi um trabalho, de certa forma, cruel para Del-Penho.

É claro que os sambas mais populares não ficaram de fora, como “Conversa de botequim”, “Feitiço da Vila” e “Palpite infeliz” – estes dois últimos, aliás, também escritos de maneira inusitada, quando Noel e Wilson Batista protagonizaram um embate musical; as canções citadas foram respostas de Noel para Batista.

ATEMPORAL E SEM ESTIGMAS

Contudo, há também músicas pouco conhecidas, que Del-Penho acrescentou no espetáculo em função do recorte dado pela dramaturgia na vida de Noel. “Noel Rosa é um dos maiores compositores brasileiros. Ele é atemporal, ele é eterno”, afirma Del-Penho.

“Ele falava sobre personagens que sempre foram invisibilizados na história, mas sem estereotipá-los. Pelo contrário, ele humanizava essas pessoas. Você vê isso em ‘João ninguém’, ‘Dama do cabaret’ e ‘Mulato bamba’, no qual ele fala, sem estigmatizar, do homem gay”, ressalta. 

“NOEL ROSA: COISA NOSSA”
• Nesta sexta (27/10), às 21h, e sábado (28/10), às 20h, no teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes).
• Ingressos à venda por R$ 100 (setor 1, inteira), R$ 80 (setor 2, inteira) e R$ 40 (setor 3, inteira), na bilheteria do teatro ou pelo Eventim.
• Informações: (31) 3516-1360.

Outros shows

>>> QUARTETO GRUNGE L7

As norte-americanas do quarteto grunge L7 se apresentam nesta sexta-feira (27/10), a partir das 20h, no Mister Rock (Av. Teresa Cristina, 295, Prado). Donita Sparks (guitarra/vocal), Suzi Gardner (guitarra/vocal), Dee Plakas (bateria) e Jennifer Finch (baixo) trazem repertório com “Deathwish”, “Andres”, “Everglade” e “Mr. Integrity”, entre outras. Ingressos: R$ 320 (inteira), à venda pelo site bilheto.com.br.

 >>> CELSO MOREIRA 

O violonista, guitarrista e compositor Celso Moreira apresenta, neste sábado (28/10), às 19h30, show inédito no Teatro Municipal de Sabará (Rua D. Pedro II, s/nº, Centro), na Grande BH. Acompanhado por Milton Ramos (baixo), Cleber Alves (saxofone), Gustavo Figueiredo (teclado) e André Limão Queiroz (bateria), o repertório traz canções dos projetos “O mundo das artes”, “Cores” e “Valsa para Helena”. Entrada gratuita, mediante retirada de ingressos no Sympla.

 >>> FESTIVAL EM NOVA LIMA

Neste sábado (28/10), às 10h, será realizada a final do Festival Nova Lima de Música Autoral, na Praça Quatro Elementos (Av. Quebec, 1.450, Jardim Canadá), na Grande BH. No palco, 12 compositores de diferentes regionalidades defendem músicas de sua autoria. Entre os mineiros, Adriano Fernandes apresentará “Ê Minas”, canção intimista em homenagem aos 300 anos de Minas Gerais. Acesso gratuito.

 >>>ROCK & BIKER SOLIDÁRIO

Shows de Dizzy Missy, Rockfield (rock nacional e internacional), Chevette Hatch (pop rock), Laranja Mecânica, Brazuza (Cazuza cover) e MazzaRock (clássicos do rock), neste domingo (29/10), das 12h às 22h, no Prainha Butiquim/Easy Ryder Beer (Av. Moisés Kalil, 209, Buritis). Ingressos: R$ 15 (preço único), à venda no site  Sympla.