As cercas fazem parte da paisagem rural brasileira. Tradicionalmente, os moirões utilizados para sua construção são retirados do meio ambiente a partir do corte de árvores e, após tratamento para aumentar sua durabilidade, são fixados no solo. Em seguida, é esticado por eles o arame para cercar a área. O conceito do moirão vivo baseia-se na lógica da não derrubada de árvores para a construção de cercas, mas de seu plantio na linha divisória da área que se quer isolar para, a partir daí, esticar-se o arame. Algumas espécies, como o mulungu (Erytrina spp) e a gliricídia (Gliricidia sepium), podem ser utilizadas para esse fim. Ambas possuem boa porcentagem de brotação a partir de estacas, sem a necessidade de adição de hormônios de crescimento, sendo que, cerca de dois anos após o plantio, já podem receber o arame para fazer o isolamento da área. Essa tecnologia exige planejamento por parte do agricultor, mas possui vantagens como baixo custo e maior durabilidade, além de um efeito paisagístico belíssimo.

Na inserção de cercas da forma tradicional, os produtores geralmente têm um custo bastante elevado, já que, com a escassez de materiais nobres, passou-se a usar muito o eucalipto, cuja madeira precisa ser traada com produtos químicos para poder ser empregada como cerca-viva. A gliricídia, ao contrário, tem rápido crescimento e uma vida útil de aproximadamente 25 anos, sendo autossuficiente em nitrogênio, tendo grande interação com bactérias fixadoras de nitrogênio. Suas folhas também podem ser usadas para alimentação de bovinos, caprinos, ovinos, porcinos e também aves, tendo alto teor protéico.

O uso dessa espécie proporciona menos custos e redução na pressão sobre as reservas florestais para a obtenção dos moirões vivos, possibilitando ainda a adubação verde do solo. Além disso, a gliricídia, enquanto cerca-viva, pode ser usada para aumentar a diversidade produtiva, produzir néctar e pólen para as abelhas, formar barreiras quebra-vento e proporcionar sombreamento para os animais.

 

Outras tecnologias:

Produção de mudas de hortaliças Produção de mudas de hortaliças

O sucesso do cultivo de hortaliças depende, em grande parte, da qualidade da muda utilizada, que deve apresentar padrão uniforme e vigor, sendo isenta de quaisquer doenças e pragas. Na Fazendinha, são produzidas anualmente cerca de 150 mil mudas de hortaliças, a paritr do uso de tecnologias adaptadas à realidade da agricultura orgânica. A estufa utilizada é de um modelo simples e eficiente, desenvolvido de forma a atender agricultores familiares. O substrato foi desenvolvido na própria Fazendinha, a partir da mistura de materiais facilmente obtidos na propriedade ou no mercado. Leia mais.

Gongocompostagem Gongocompostagem

A gongocompostagem é mais uma possibilidade de compostagem de resíduos orgânicos de origem vegetal. Ela é realizada pelos gongolos - também conhecidos como piolhos-de-cobra, maria-café ou embuás -, pequenos invertebrados que possuem uma excepcional capacidade trituradora, sendo capazes de se alimentar de materiais fibrosos como bagaço de cana-de-açúcar, sabugo de milho, aparas de grama e até papelão. O composto gerado dá origem, em cerca de 90 dias, a um substrato para produção de mudas muito leve, o que facilita o transporte no campo. Além disso, esses organismos são facilmente encontrados nas propriedades rurais e seu manejo é muito semelhante ao das minhocas. Eles vivem escondidos embaixo de folhas, pedras ou troncos de árvores, sendo às vezes confundidos com pragas. Leia mais.

Minhocultura ou vermicompostagem Minhocultura ou vermicompostagem

A minhocultura ou vermicompostagem é o processo de reciclagem de resíduos orgânicos por meio da criação de minhocas, sendo uma importante alternativa para resolver os problemas dos dejetos orgânicos. O húmus de minhoca é um excelente fertilizante e pode ser utilizado como matéria-prima para a obtenção de substratos. Esta é uma linha de pesquisa estudada na Fazendinha Agroecológica, resultando no desenvolvimento de diversas técnicas e estruturas para o sucesso da criação das minhocas, como cercados de alvenaria ou bambu e manilhas de poço. Leia mais

Uso de energia renovável na irrigação Uso de energia renovável na irrigação

A energia elétrica é um dos insumos básicos para a erradicação da miséria no campo - e sua falta é um grande entrave ao desenvolvimento rural. Para muitos agricultores, a irrigação é uma prática essencial, sem a qual não se produz, devido à falta de chuvas regulares. O uso sustentável da irrigação está ligado à racionalização do uso da água e, como a maioria dos sistemas pressurizados usa a energia elétrica, a utilização de energias renováveis (solar e eólica) tende a minimizar os custos de produção, além de viabilizar a irrigação em locais com fornecimento inadequado de energia. Esse trabalho é realizado na Fazendinha, e alternativas viáveis já existem para o melhor aproveitamento de energias limpas e com custos muito mais baixos do que os das fontes tradicionais.

Conheça as principais tecnologias desenvolvidas e aplicadas na Fazendinha