Compostagem


Foto: John Kevin, por iStock

Os resíduos orgânicos urbanos consistem nos restos de alimentos e nos resíduos de jardins e áreas verdes. Atualmente, a maior parte dos resíduos orgânicos gerados nas cidades brasileiras está sendo disposta em aterros sanitários e lixões, e menos de 1% da massa coletada dos resíduos sólidos urbanos acaba sendo reciclada em unidades de compostagem, o que equivale a aproximadamente 300 mil toneladas ao ano.

A compostagem é um destino mais nobre para estes resíduos, pois promove sua reciclagem transformando-os em adubo orgânico e devolvendo à matéria orgânica seu papel natural de fertilizar os solos. Pelo fato de a degradação de resíduos orgânicos ser um processo natural, a reciclagem deste tipo de resíduo pode ser feita em qualquer escala (da doméstica à industrial) e de diversas formas, das mais baratas e tecnologicamente simples às mais complexas.

Compostar seus resíduos orgânicos é uma forma importante e efetiva de contribuir para a saúde ambiental do seu entorno.

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A compostagem é um método aeróbio de reciclagem e tratamento dos resíduos orgânicos que busca reproduzir algumas condições ideais observadas no processo natural de degradação da matéria orgânica, bem como garantir a segurança do processo. Uma boa compostagem depende do controle de alguns fatores-chave, como umidade, a temperatura, a aeração (nível de oxigênio) e balanço de nutrientes (carbono e nitrogênio).

O controle destes fatores favorece que os macroorganismos, como minhocas, insetos e pequenos mamíferos, assim como os microrganismos, como fungos e bactérias, atuem na acelerada degradação da matéria orgânica, garantindo a eliminação dos patógenos e evitando a presença de vetores de doenças. Ao final do processo, os resíduos reduzem de volume, transformando-se em um material de cor escura, textura homogênea e cheiro de terra, chamado de composto orgânico, que pode ser utilizado diretamente no solo, em jardins, vasos de plantas ornamentais e hortas e pomares domésticos, auxiliando inclusive a recuperação de áreas degradadas.

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Para um processo de compostagem de qualidade, é importante separar os resíduos na origem, ou seja, não misturando os resíduos orgânicos com outros tipos de resíduos. Essa separação deve ocorrer em, pelo menos, 3 frações:

  1. resíduos orgânicos: restos de alimentos (por exemplo: cascas, sementes, polpas, ossos, casca de ovo, alimentos estragados e quaisquer outras sobras impróprias para consumo) e resíduos verdes (por exemplo: grama cortada, folhas secas, galhos quebrados, podas). Estes resíduos devem ser destinados para a compostagem (veja como compostar mais adiante).

  2. resíduos recicláveis secos: plástico, papel/papelão, metais, vidro, que devem ser encaminhados para a coleta seletiva, pontos de entrega voluntária ou para organizações de catadores. Entre em contato com sua prefeitura para conhecer as possibilidades de destinação no seu município.

  3. rejeitos: os demais resíduos, que não podem ser reciclados e serão coletados pela prefeitura e encaminhados para um aterro sanitário.

Quando os resíduos orgânicos são separados na origem, a sua compostagem pode ser feita em várias escalas e modelos tecnológicos. Pequenas quantidades de resíduos orgânicos podem ser tratadas nos próprios domicílios ou em pátios de compostagem comunitários, enquanto grandes quantidades podem ser tratadas em pátios maiores, gerenciados pelo município, ou em pátios privados.

Existem muitas formas de se compostar os resíduos orgânicos. Na medida que vamos entendendo que condições são necessárias para garantir que os resíduos se degradem de forma segura (sem gerar odores, chorume, nem atrair animais como ratos e moscas), podemos criar estas condições de infinitas formas.

A compostagem em caixas é uma das formas mais simples. Consiste em sistemas de 2 ou mais caixas digestoras, com furos no fundo, empilhadas sobre uma terceira caixa que coleta o excesso de líquido do processo (fertilizante líquido). Veja o esquema da compostagem em caixas na figura a seguir.

Ilustração de compostagem em caixas do Programa de Compostagem Doméstica do município de Venâncio Aires/RS .Adaptado de PREFEITURA DE VENÂNCIO AIRES, 2021, com permissão dos autores.

A compostagem em caixas pode ocorrer tanto com o uso de minhocas nas 2 caixas digestoras (popularmente chamados de minhocários), quanto sem o uso de minhocas. Quando utiliza minhocas, a compostagem ocorre de forma mais rápida, mas deve-se tomar mais cuidado com os tipos e quantidades de resíduos inseridos (evitando-se alimentos cítricos ou condimentados, por exemplo). Quando ocorre sem minhocas, chama-se compostagem termofílica e em geral pode receber qualquer tipo de resíduo orgânico, mas a compostagem leva um pouco mais de tempo para ocorrer.

Digite “composteira doméstica” ou “minhocário” em um buscador da internet e encontrará diversas orientações sobre como montar e operar sua composteira, tanto por programas municipais de compostagem doméstica quanto por outras instituições.

Aprenda mais sobre compostagem termofílica em caixas ou em canteiros no solo consultando o Manual de Compostagem doméstica, comunitária e institucional de resíduos orgânicos disponível no site do Ministério do Meio Ambiente, citado ao final deste texto.

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Além da compostagem doméstica, pode-se também fazer a compostagem de forma coletiva, juntando os resíduos de um grupo de casas ou apartamentos e compostando todos em um mesmo pátio coletivo.

Nesse caso, é necessário que se organize algum sistema de coleta dos resíduos orgânicos ou se estabeleça Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), que são os locais onde moradores levarão seus resíduos orgânicos devidamente separados para posteriormente serem encaminhados para o pátio de compostagem.

Aprenda mais sobre formas coletivas de compostagem no Manual de Compostagem doméstica, comunitária e institucional de resíduos orgânicos publicado pelo Ministério do Meio Ambiente

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Atualmente existem também empresas que prestam serviços de coleta e compostagem de resíduos orgânicos de domicílios e de grandes geradores. Esses negócios vêm surgindo com maior intensidade nos municípios onde foram implementadas leis de grandes geradores e leis específicas para o tratamento dos resíduos orgânicos, estando presentes em cidades como Brasília, Florianópolis, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo.

Nestes serviços, são disponibilizados baldes e/ou sacos compostáveis aos clientes para a adequada segregação dos resíduos orgânicos; a coleta é realizada periodicamente e os resíduos são encaminhados a pátios de compostagem descentralizados (próximos dos núcleos de geração). Os clientes podem receber, ainda, recompensas mensais para incentivar a continuidade da destinação adequada dos resíduos, como adubo orgânico, quadros temáticos, mudas de hortaliças, dentre outros.

É uma opção interessante para os grandes geradores de resíduos orgânicos (como hotéis e restaurantes), ou para pessoas que queiram destinar adequadamente seus resíduos orgânicos sem ter composteira em casa. Pesquise por empresas que prestam serviços de coleta seletiva de resíduos orgânicos e compostagem em seu município, digitando em qualquer buscador as palavras “compostagem” e o nome do seu município.

Fontes de consulta

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento. 18º Diagnóstico do manejo de resíduos sólidos urbanos. Brasília, DF, 2020. 244 p. Disponível em: http://www.snis.gov.br/diagnostico-anual-residuos-solidos/diagnostico-do-manejo-de-residuos-solidos-urbanos-2019#:~:text=Diagn%C3%B3stico%20do%20manejo%20de%20Res%C3%ADduos%20S%C3%B3lidos%20Urbanos %20%2D%202019,-Publicado%3A%20Segunda%2C%2030&text=O%20diagn%C3%B3stico%20%C3%A9%20elaborado%20 com,com%20ano%20de%20refer%C3%AAncia%202019. Acesso em: 21 ago. 2021.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa Nacional Lixão Zero. Brasília, DF, 2019. 72 p. (Agenda Nacional de Qualidade Ambiental Urbana, 2). Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/agendaambientalurbana/lixao-zero/Programa-Lixao-Zero.pdf/@@download/file/Programa-Lixao-Zero.pdf. Acesso em: 1 jun. 2021.

COMPOSTAGEM doméstica, comunitária e institucional de resíduos orgânicos: manual de orientação. Brasília, DF: MMA, 2018. 68 p. Disponível em: https://sinir.gov.br/images/sinir/Arquivos_diversos_do_portal/Compostagem-Manual_2018-11-26_digital_figuras-c-titulo.pdf . Acesso em: 1 jun. 2021.

PREFEITURA DE VENÂNCIO AIRES. Programa de compostagem doméstica. Disponível em: http://portal.venancioaires.rs.gov.br/?pag=215 . Acesso em: 1 jun. 2021.

 

Crédito dos ícones:
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Autores:

Lúcio Costa Proença – Secretaria de Qualidade Ambiental - Ministério do Meio Ambiente
Cássio Araújo de Oliveira Rodrigues – Secretaria de Qualidade Ambiental - Ministério do Meio Ambiente
Milza Moreira Lana - Embrapa Hortaliças

Apoio

Apoio Fap-DF

Processo nº 00193-00001681/2019-95

Publicado: out.2021.

 

Veja também:

Custo do desperdício de alimentos
Resíduos sólidos orgânicos