Sensação de déjà vu é tema do filme 'Infinito', dirigido por Antoine Fuqua

No longa, disponível no Paramount+, Mark Wahlberg descobre ter a capacidade de se lembrar de vidas passadas

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Por Mariane Morisawa
Atualização:
Ator vive personagem que consegue recordar vidas passadas, em um frenético filme de ação e ficção científica Foto: PARAMOUNT+

Sabe quando você entra pela primeira vez em um lugar e parece já ter estado lá ou vivenciado uma situação parecida com a que está vivendo no momento? Evan McCauley (Mark Wahlberg) tem essa sensação de déjà vu o tempo inteiro em Infinito, dirigido por Antoine Fuqua, que está disponível no Paramount+. No caso de Evan, não se trata de impressão. Tal qual o Tio Boonmee do filme de Apichatpong Weerasethakul, ele realmente pode recordar vidas passadas – só que no formato de um frenético filme de ação e ficção científica em vez de uma meditativa fábula metafísica. 

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“Eu gosto muito do conceito de segundas chances”, disse o produtor Lorenzo Di Bonaventura, em entrevista por videoconferência com a participação do Estadão. “A ideia de que você pode crescer ao longo do tempo é fundamental. Eu mesmo espero estar ficando mais sábio conforme envelheço. Espero que esteja aprendendo a me tornar uma pessoa melhor, vendo como são as experiências de outras pessoas. Então realmente gostei da ideia do que alguém faz quando tem uma segunda chance.” 

No início de Infinito, baseado no livro de D. Eric Maikranz, Evan McCauley acredita sofrer de esquizofrenia. Ele passou períodos em hospitais psiquiátricos por comportamento violento e não consegue um emprego. Para conseguir pagar seus remédios, ele faz trabalhos esporádicos, como forjar uma katana (espada japonesa) para um criminoso, mesmo jamais tendo feito isso antes. Preso, ele é confrontado por um homem chamado Bathurst (Chiwetel Ejiofor), que insiste em chamá-lo de Treadway. Evan é resgatado da delegacia por Nora (Sophie Cookson) e fica sabendo da existência dos Infinitos, cerca de 500 indivíduos que podem se lembrar de suas vidas pregressas. Os Infinitos dividem-se entre aqueles que acreditam em usar esse dom para melhorar o mundo e os que veem essa habilidade como uma maldição. 

O papel originalmente era para ser de Chris Evans, mas Wahlberg servia bem por sua cara de homem comum, segundo Di Bonaventura, que já trabalhou com o ator diversas vezes. “É bom, porque diminui os egos, temos intimidade para dizer se não estamos gostando de algo.”

O produtor esteve envolvido, de uma maneira ou de outra, com algumas das principais franquias de Hollywood nas últimas décadas, de Matrix, das irmãs Wachowski, a Harry Potter, passando por Transformers e G.I. Joe. Mas ele afirmou em entrevista com a participação do Estadão que nunca pensa em continuações ao resolver produzir uma obra. “Acho um pouco arrogante acreditar que você sabe como fazer três filmes. É difícil o bastante saber como fazer um”, disse. Mesmo assim,  Infinito tem toda a pinta de que foi feito para ter sequências.

Se vai ou não, é outra história. Certamente, ter ido direto para o streaming pode atrapalhar quaisquer planos. Não que isso seja incomum nessa pandemia que se prolonga. A Warner tem lançado seus filmes nos Estados Unidos simultaneamente nos cinemas e na HBO Max, sem custo adicional, com resultados variados na bilheteria. A Disney fez o mesmo com Cruella e Viúva Negra, que foram para as salas e para o Disney+, com pagamento extra. Colocar Infinito no Paramount+ é uma estratégia para dar mais visibilidade à plataforma, em um momento em que os filmes não têm ainda rendido o esperado nos cinemas. 

Cena do filme Infinito, de Antoine Fuqua Foto: PARAMOUNT+

Di Bonaventura não sabe direito como se sente em relação a tudo isso. “Ainda estamos no meio dessa transformação”, disse. “E eu acho muito legal quando a plataforma divulga quanto o filme rendeu.” Mas, para ele, o sucesso de uma produção não se mede apenas nos dólares arrecadados mundo afora. “Eu me lembro de ficar assombrado ao ler algumas estatísticas da Netflix de que as pessoas paravam de assistir com 20 minutos. Isso não parece um sucesso para mim.” Mesmo que o espectador veja até o final, ficam certas perguntas. “Ele se identificou com o filme? O trabalho teve algum impacto sobre ele? Isso é muito difícil de medir agora.”

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O produtor enxerga benefícios nos serviços de streaming, que podem dar visibilidade a produções que não teriam tanta exposição nos cinemas. “Um amigo meu dirigiu Mosul, que está na Netflix, e foi visto por mais de 50 milhões de pessoas. Nos cinemas, seria uma grande sorte se fosse assistido por 5 milhões.” Ainda assim, torce para que a experiência da sala de cinema permaneça. “Eu voltei a ir depois de meses e vi a diferença. Fiquei realmente impactado. Eu espero que as pessoas não se esqueçam de como é ir a uma sala de cinema.”

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