Entrevista
Publicado em
4/7/23

Saiba como é a residência médica em Pediatria na UPE

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Saiba como é a residência médica em Pediatria na UPE

A Pediatria é uma especialidade de acesso direto, com duração total de 3 anos. Ela é considerada uma das 10 residências médicas mais concorridas do Brasil. Sendo assim, se é nela que você deseja se especializar, o seu foco e dedicação precisam ser ainda mais intensos. Antes de tomar a decisão sobre a especialização, é preciso também entender como é o dia a dia da área médica: quais são os rodízios, a carga horária e o número de plantões, por exemplo.

Pensando nisso, o Eu Médico Residente conversou com Gabriel Melo, R3 em Pediatria no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), que faz parte do complexo de hospitais da Universidade de Pernambuco (UPE). Para ocupar este lugar, o médico precisou realizar a prova do processo seletivo SES-PE. A banca todos os anos oferece cerca de 60 vagas para a residência médica em Pediatria.

Rotina da residência médica em Pediatria na UPE

A residência médica em Pediatria na UPE é considerada uma das melhores no estado de Pernambuco e os residentes têm como serviço principal o Hospital Oswaldo Cruz. Ela oferece uma formação bastante diversificada e completa, oferecendo práticas em outros serviços de saúde localizados na Região Metropolitana do Recife: Hospital Maria Lucinda, IMIP, Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Hospital da Restauração. 

Veja a seguir mais informações sobre os rodízios, carga horária e atividades teóricas. 

Carga horária

De maneira geral, assim como determina a lei da residência médica, a Pediatria na UPE respeita as 60 horas semanais. O primeiro ano é considerado o mais pesado, pois o residente deve comparecer no serviço em muitos feriados e finais de semana. Além disso, o R1 passa bastante tempo na enfermaria, então a sua carga de trabalho se torna maior porque ele assume as permanências à tarde. Neste período também tem plantão obrigatório no fim de semana em alguns rodízios.

No R2, a carga horária diminui um pouco mais. Gabriel conta que em alguns rodízios já não é mais preciso ir nos feriados e a ida ao serviço aos finais de semana é dividida com o R1. Em relação aos plantões obrigatórios, eles já não acontecem no final de semana, e sim de segunda a sexta

No R3 a carga horária fica um pouco mais densa durante a semana, já que há um maior contato com as subespecialidades da Pediatria. A maioria delas são ambulatoriais e em serviços que são lotados, então os atendimentos são feitos pela manhã e à tarde, com poucos horários livres. No entanto, o residente em Pediatria deixa claro que ainda assim, apesar da rotina intensa no R3, ela não pode ser comparada ao dia-a-dia dos dois primeiros anos, que são ainda mais intensos

Plantões

Os plantões para os médicos residentes em Pediatria na UPE têm o objetivo de complementar a carga horária de alguns rodízios da residência médica. Sendo assim, tem plantão semanal na puericultura, na emergência pediátrica do Hospital Maria Lucinda, na enfermaria do HUOC-UPE e no IMIP. 

Durante o primeiro ano da residência médica em Pediatria, os plantões obrigatórios ocorrem durante cerca de 7 meses aos finais de semana, alguns deles com turnos de 12 horas; no R2 eles duram aproximadamente 5 meses, ocorrendo durante o turno da noite ao longo da semana; e eles já não acontecem mais no último ano.

Quais os rodízios da residência médica em Pediatria na UPE?

Os três anos de residência médica em Pediatria na UPE, de maneira geral, respeitam a carga horária de 60 horas semanais. Foto: Reprodução/AdobeStock
Os três anos de residência médica em Pediatria na UPE, de maneira geral, respeitam a carga horária de 60 horas semanais. Foto: Reprodução/AdobeStock

R1

  • HUOC-UPE: Enfermaria (1 mês); Departamento infantil de doenças infecto-parasitárias (2 meses, divididos entre ambulatório e enfermaria)
  • CISAM-UPE: Unidade de cuidados intensivos neonatais (1 mês); alojamento conjunto (1 mês)
  • IMIP: emergência pediátrica (1 mês)
  • Hospital da restauração: enfermaria de Pediatria geral (1 mês)
  • Hospital Maria Lucinda: enfermaria de Pediatria geral (1 mês)
  • Hospital das Clínicas da UFPE: ambulatório de Pediatria geral (1 mês)
  • Outros: 1 mês em Unidade Básica de Saúde

R2

No segundo ano da residência médica em Pediatria na UPE, o médico começa a ter contato com as subespecialidades da área como: Gastroenterologia Pediátrica, Alergoimunologia pediátrica, Dermatologia pediátrica, Pediatria Geral e Cirurgia Pediátrica. Eles também passam 1 mês na UTI pediátrica, UTI neonatal e sala de parto; continuam na enfermaria do HUOC-UPE, mas agora por 2 meses, e passam esse mesmo tempo na enfermaria do IMIP.

A maioria dos rodízios nos ambulatórios ocorrem no Hospital das Clínicas da UFPE ou no IMIP. Quanto aos rodízios de UTI, ocorrem principalmente no HUOC-UPE 

R3

O contato com as subespecialidades aumenta consideravelmente. Os médicos residentes ainda passam 1 mês na enfermaria geral de Pediatria geral no Oswaldo Cruz, mas agora, principalmente, como preceptores. O papel deles é mais voltado para orientar e propor seminários e discussões, por exemplo. 

No último ano elas ainda passam pelo rodízio de UTI no Hospital da Restauração, e passam também por várias subespecialidades (Cardiologia, Nefrologia, Neurologia, Endocrinologia, Hematologia, Reumatologia e Oncologia). Além disso, é no R3 que ocorre o rodízio opcional.

Atividades teóricas

O quantitativo e o tipo das atividades teóricas dependem dos rodízios, no entanto, na quarta à tarde existe um momento exclusivo para isso, em que participam os residentes de todos os três anos. O médico Gabriel Melo diz que a partir desse ano a dinâmica do encontro semanal mudou, agora eles adotaram um livro de casos clínicos, e discutem vários pontos apresentados por esses casos. 

Em algumas semanas médicos especialistas contribuem; em algumas outras as discussões ocorrem somente entre os próprios residentes; também acontece de levarem um artigo para a discussão, tal qual um clube de revista. 

Como foi a escolha pela especialidade?

Gabriel Melo é residente do terceiro em Pediatria na UPE. Foto: Reprodução/arquivo pessoal

Gabriel entrou na faculdade, como ele diz “de cabeça aberta”. Ainda não tinha pensado numa especialidade específica. O primeiro contato com esta área médica ocorreu durante a faculdade, mais especificamente no quarto período, quando decidiu entrar na liga de Pediatria, pois “gostava do paciente criança, e não da ciência Pediatria”. Mesmo após essa experiência, que proporcionou um contato maior com a especialidade ao longo de dois anos, o médico não teve a plena certeza sobre a sua especialização. 

Ao entrar no internato, ele ainda não tinha plena convicção, mas ainda assim, o fato de gostar das vivências do rodízio em diferentes serviços de saúde da Região Metropolitana do Recife, fez com que optasse por fazer o processo seletivo para a residência médica em Pediatria. O R3 relata que só se identificou, de fato, com área nos primeiros anos de residência.

Nos primeiros meses bateu o medo, porque eu entrei diferente dos meus amigos, que estavam com os ‘olhos brilhando’, mas isso só aconteceu comigo já dentro da residência”, revelou.

Hoje em dia, já no final da residência ele afirma estar feliz com a sua escolha: “sou muito feliz por estar onde estou. Eu realmente não me vejo em outro lugar. Sou muito apaixonado hoje tanto pela Pediatria como pela minha vivência na residência”, pontua o R3. 

Como se preparar para a residência médica em Pediatria na UPE?

Fazer um curso preparatório para residência médica faz toda a diferença na sua aprovação. Foto: Reprodução/AdobeStock
Fazer um curso preparatório para residência médica faz toda a diferença na sua aprovação. Foto: Reprodução/AdobeStock

Quando perguntado sobre a sua preparação para a residência médica, o residente do último ano disse que iniciou os seus estudos no primeiro ano do internato. Estudava por conta própria, então sobre todos os temas vistos na sua vivência prática durante a graduação ele buscava ver como eram as questões cobradas pelas provas de residência e estudava por artigo científico, por exemplo. Fazia parte da sua rotina de estudos a criação de flashcards. Somente no segundo ano do internato que ele começou a estudar com mais direcionamento para a residência médica, pois começou a fazer um curso preparatório.

E vale lembrar que fazer um curso preparatório para a residência médica é essencial, principalmente se ele for direcionado para a sua banca. O Eu Médico Residente, muito conhecido pelo seu direcionamento para a SES-PE, se tornou especialista em bancas de outras regiões como a SUS-SP, PSU-MG e UFPB

A nossa plataforma de métricas, por onde você assiste às aulas e faz os simulados, é integrada com uma inteligência artificial capaz de analisar o seu desempenho. A partir dessa análise, ela monta simulados e revisões personalizadas, exclusivas para as suas necessidades. Além disso, os cursos do Eu Médico Residente também contam com um banco de questões com mais de 40 mil questões comentadas em texto e vídeos, aulas com duração de aproximadamente 10 minutos e e-books atualizados, por exemplo. 

Nada está perdido, você ainda pode começar a estudar e ser aprovado na prova de residência médica 2024. As nossas turmas de junho para os intensivos estão com vagas abertas. Saiba mais detalhes através dos links a seguir:

Dicas para futuros residentes

“Se você quer fazer SES-PE é preciso passar por um treinamento específico, pois é uma prova com uma realidade diferente das outras espalhadas pelo Brasil. Então assim, faça provas antigas, aposte em cursos, como o Eu Médico Residente, que valorizam o histórico da banca, que mostram o ‘caminho das pedras’ e facilitam os estudos”, recomenda o R3 em Pediatria.

Para mais, o médico Gabriel Melo faz questão de apontar que tudo deve ser feito para otimizar o seu tempo, já que o médico vive com um “tempo muito escasso”. Sendo assim, recomenda que a cada tempo livre que você tiver, seja no trânsito ou na espera do preceptor - durante o internato -  faça uma questão, revise por flashcard ou escute uma aula, por exemplo. É preciso ter bastante foco, “não adianta dividir o tempo de estudo para a residência com outras coisas. Tem que focar direitinho que as coisas irão dar certo”.

Falando especificamente sobre a Pediatria, ele deixou um último recado: “se é o que você gosta, ‘meta a cara’. Se é o que te apaixona e o que faz o teu olho brilhar, esse é o mais importante (...) se a gente fizer com muito amor e dedicação vai dar certo”. 

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