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FEIRA 190 ANOS: um passeio pelos oito distritos, sua história e atrações
13 de setembro de 2023

Na segunda reportagem da série em homenagem aos 190 anos de emancipação política de Feira de Santana, o tema, hoje, segue com o turismo, desta vez destacando  os atrativos na zona rural do  Município. Igrejas, mercados, feiras livres, prédios históricos, manifestações culturais, gastronomia regional, paisagens bucólicas. Tudo isso pode ser encontrado nos oitos distritos de Feira de Santana, cada um com suas peculiaridades, belezas naturais e atrativos para os mais variados gostos: João Durval Carneiro, Humildes, Jaguara, Bonfim de Feira, Jaíba, Tiquaruçu, Matinha e Maria Quitéria. São marcantes e estão presentes nessas comunidades os sinais do período escravista, as tradições religiosas e manifestações culturais.

BONFIM DE FEIRA

Localizado entre a região do recôncavo e do sertão baiano, há cerca de 30km da sede do município, Bonfim de Feira é cortado pelo Ribeirão do Cavaco, que deságua no Rio Jacuípe, e por mais dois rios secundários, o Riacho da Mussuca e Do Cabano. Registros históricos indicam que o povoamento no local ocorreu desde 1783, período da doação do terreno para a construção da Igreja Senhor do Bonfim. O casario do lugar, histórico, preserva imóveis centenários. Segundo relato de antigos moradores, a localidade era o caminho utilizado por boiadeiros vindos de Minas Gerais e Goiás. O local possui muitas fazendas bonitas e ponto para assistir o pôr do sol. Até o início do século XX, o comércio de fumo era a atividade mais forte do local. Além da Igreja de Senhor do Bonfim e as capelas de Santa Bárbara, São Roque do Jenipapo, São Roque de Terra Nova e da Crueira, as religiões de matrizes africanas também marcam presença forte no distrito com os terreiros Reis dos Astros, Oxóssi, índio Tupinambá, Salão Santo Antônio, dentre outros.  Também se destacam manifestações como a festa do Senhor do Bonfim, a comemoração do São Pedro e as festas de Reis (estas, não limitadas ao período natalino).

HUMILDES

Encontro do Sertão com o Recôncavo – o que pode ser constatado em  sua vegetação –  Humildes conta com uma população de mais de 30 mil habitantes, sendo o maior dos oito do distritos de Feira de Santana. Considerado como um grande centro industrial – abriga até  multinacionais como Nestlé e Pepsico – e agropecuário na região, também se notabiliza popularmente pela Festa de São Pedro, realizada todos os anos no mês de junho. É o único distrito do Município que se localiza fora do polígono das secas. Faz fronteira com São Gonçalo dos Campos (a quem pertencia) e Santo Amaro, situado no recôncavo baiano. É um significativo produtor rural, fornecendo todo tipo de horticultura e frutas para Feira de Santana e região.

O nome “Humildes”, segundo historiadores, deve-se ao achado da imagem de uma santa nas margens de um trecho do Rio Subaé, que corta o distrito nas imediações da Rua Salvador. A imagem foi chamada de Nossa Senhora dos Humildes, tornando-se mais tarde a padroeira do distrito. Uma visita à Igreja, que leva este nome, aliás, é passagem obrigatória para o turista. Além do catolicismo, o protestantismo e as Testemunhas de Jeová predominam como religiões no distrito. Outra atração muito agradável é a Reserva Buriti, no povoado de Escoval, com direito a uma parada em “Seo Jorge”, para vê-lo  alimentar os peixes, ouvir uma boa música e descansar. Como atrativos de fim de semana, tem-se no distrito a cultura da degustação da galinha caipira em bares da zona rural e a bica de São Jorge, ponto de parada e de banho, muito apreciado por motoqueiros e participantes de cavalgadas.

JAGUARA

Conhecido pela força de sua bacia leiteira e terra da tradicional Festa do Vaqueiro,  Jaguara é o maior distrito em extensão territorial de Feira e também o mais distante da sede do Município. Localizado a 35 km da cidade,  fica entre serras e os rios do Peixe e Jacuípe. É formado por povoados como Morrinhos, Lagoa D’Água, Rio do Peixe, Sete Portas, Barra e outros. A palavra Jaguara tem origem tupi em “iauára” que significa “onça”, “jaguar”. Até 1943, o distrito era denominado de Bom Despacho. Anualmente acontece na localidade a famosa Festa do Vaqueiro de Jaguara, cuja primeira edição ocorreu na década de 1980. Grupo de Quadrilha Junina, Barragem de Jaguara e uma igreja considerada “muito bonita”, compõem o cenário cultural e paisagístico.

JAÍBA

Jaíba é o distrito onde acontece o tradicional “Forró Jegue”, manifestação na qual os moradores se organizam, confeccionam camisas e saem em cortejo ao som de forrós tradicionais. Curioso é que uma carroça puxada por jegue conduz o cortejo pelos trajetos, o que acabou dando nome ao evento.  No povoado de São Roque, encontra-se a Igreja de São Roque, construída no século XIX. Antigos moradores contam que o povoado desenvolveu-se numa fazenda e as casas no entorno do templo católico integram parte do passado colonial, marcado pelo sistema de escravidão. Principalmente nos fins de semana, o povoado recebe um grande fluxo de desportistas para fazer trilhas.

JOÃO DURVAL (IPUAÇU)

O distrito Governador João Durval Carneiro, assim denominado em 1983 em homenagem ao político que nasceu na localidade, teve antes dois outros nomes. Ipuaçu, que significa “fonte grande” na língua tupi guarani (1938) e o anterior, Remédio da Gameleira, em referência a uma árvore bastante comum nas margens dos rios que atravessam o distrito. Utilizada pela medicina popular como vermífugo, a planta gameleira é considerada pelas religiões de matriz africana como “sagrada”. Um dos cinco distritos feirenses onde ocorre eventos em homenagem aos vaqueiros, a Festa do Vaqueiro da comunidade é realizada há cerca de 20 anos celebrando o ofício deste trabalhador e a diversidade da cultura sertaneja. Presença marcante na história do distrito, a Igreja de Santa Luzia, situada em um ponto elevado na comunidade Km 7, BR 116, tem 367 anos de existência e possui paredes com quase um metro de largura. Conta-se que a imagem da santa, considerada protetora dos olhos pelos católicos, foi encontrada no Rio Jacuípe que passa na localidade. Há um entendimento, na localidade, que a história da santa é semelhante à da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Visitantes aproveitam o distrito para acampar, pescar e admirar as belezas do rio Jacuípe.

MARIA QUITÉRIA

Até 1938, o distrito era denominado São José de Itapororocas, mas passou a ter o novo nome em homenagem à heroína da Independência da Bahia, Maria Quitéria, nascida na localidade. Situada no distrito, a igreja de São José teria sido construída por indígenas, de acordo com pesquisadores. Nela, se reúne anualmente grande número de fiéis que celebram ao santo padroeiro das chuvas e plantações. Na comunidade está também o Quilombo da Lagoa Grande, primeiro território quilombola a ser reconhecido pela Fundação Palmares no município de Feira, em 2007. Além disso, se encontra em Maria Quitéria a Biblioteca Professora Raquel de Freitas Araújo, com acervo contendo 3.500 livros registrados, uma Plataforma para voo de asa delta no Morro São José e o Museu Antiquário São José, onde o cordelista Domingos Santeiro ensina o gênero literário no intuito de preservar a cultura. Tem o Museu da Capoeira, que é o único em Feira.

MATINHA

Localizado na parte leste da BR 116 Norte e limitado pelo rio Pojuca, Matinha é o mais recente distrito de Feira, pois antes era um povoado pertencente ao distrito de Maria Quitéria. Em 2008, com a sede instalada na comunidade Quilombola Matinha dos Pretos, passou a ser um distrito de Feira de Santana, integrado por 15 povoados. São eles: Olhos D’Águas das Moças, Candeal II, Santa Quitéria, Moita da Onça, Vila Menilha (Salgada), Baixão, Sítio do Padre, Tanquinho, Genipapo II, Alto do Tanque, Alto do Canuto, Alecrim Miúdo, Jacu, Capoeira do Rosário e Candeia Grossa.O nome do distrito teria sua origem em uma mata pequena e densa, onde os escravos fugitivos se escondiam e resistiam aquilombados. Além de Matinha dos Pretos, o povoado de Candeal II obteve reconhecimento da Fundação Palmares como território quilombola, nos anos de 2014 e 2016, respectivamente.

Culturalmente se destaca a presença de dois grupos de samba de roda. O mais famoso, chamado Quixabeira da Matinha, surgiu na década de 1970 a partir de um evento anual organizado pelo mestre Coleirinho e sua esposa dona Chica do Pandeiro na comunidade da Lagoa da Camisa. E um outro, os “Sambadores do Nordeste”, também muito apreciada dentro e fora do distrito, mantém um trabalho considerado muito bom pelos admiradores do ritmo musical. O Buraco do Joaquim é uma atração turística do distrito. Datado da época dos  quilombos, ficou conhecido assim devido ao nome do proprietário das terras, ‘Joaquim”, e porque escravos fugitivos se escondiam no chamado “Buraco do Joaquim”, que existe até hoje no local. De difícil acesso, só pode ser acessado mediante supervisão e auxílio do Corpo de Bombeiros.

TIQUARUÇU

Com origem no século XVII e inicialmente denominado de São Vicente, o distrito de Tiquaruçu (nome de origem tupi colocado em 1943) é o local em que Maria Quitéria foi batizada, segundo historiadores. Inclusive, na capela secular onde teria ocorrido a cerimônia, há uma placa identificando a pia batismal utilizada, motivo pelo qual o templo recebe muitos turistas.  Em 1913, foi criado o distrito de São Vicente e anexado ao município de Feira de Santana. É tradição,  no lugar,  moradores  realizarem o típico festejo de São João, onde as pessoas fazem visita de porta em porta, nas casas e fazendas. Outro grande atrativo turístico é a folia do Reisado de São Vicente, festa de reis realizada há dois séculos, segundo registros históricos.  Outra característica marcante do distrito é a conservação da estrutura e arquitetura antiga das casas residenciais. O distrito  “guarda” a Pedra do Judeu, em cuja fenda eram jogadas pessoas mortas. Diz a lenda que a pedra falava. E também “crescia”, ao longo do tempo.

Fontes:

https://www.acordacidade.com.br/noticias/feira-de-santana/descubra-locais-turisticos-em-8-distritos-de-feira-de-santana/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Distritos_de_Feira_de_Santana

LIBÂNIO, Clarice; MAURÍCIO, César.  Distritos de Feira. Feira de Santana: Favela é isso aí, 2020. Acesso em 11 set 2023.

Disponível em: https://www.favelaeissoai.com.br/wp-content/uploads/2020/11/2020-feiradesantana.pdf

Foto: Divulgação

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