A 65 quilômetros do Recife, o município de Nazaré da Mata realiza o tradicional Encontro de Maracatus Rurais
A 65 quilômetros do Recife, o município de Nazaré da Mata realiza o tradicional Encontro de Maracatus Rurais | Foto: Peu Hatz/Divulgação



A segunda-feira é um dia tradicional para visitar e conhecer de perto o Carnaval de Nazaré da Mata, a terra dos maracatus. Localizado a 65 quilômetros do Recife, o município de pouco mais de 30 mil habitantes recebe turistas de diversas localidades que vão assistir ao Encontro de Maracatus Rurais, que desfilam pelas ruas. Cerca de 90 grupos de maracatus de Nazaré da Mata e região participam do encontro, inclusive grupos consagrados como o Piaba Dourado, Estrela de Ouro e o mais antigo de Pernambuco, o Cambinda Brasileira.

Fruto da cultura afro-indígena, o maracatu é a fusão de vários folguedos populares existentes nas áreas canavieiras do interior do Estado: como reisado, pastoril, cavalo marinho, bumba meu boi, caboclinhos, entre outros.

Os grupos são formados por trabalhadores rurais que se preparam durante todo o ano para os dia de festa. As golas dos trajes dos caboclos de lança chamam a atenção por serem bordadas de forma primorosa, com milhares de lantejoulas e miçangas, pelas mesmas mãos que manejam ferramentas pesadas na agricultura. Eles também levam uma enorme cabeleira colorida e uma lança comprida ornada com fitas (a guiada), que movimentam ritimadamente durante o desfile. Chocalhos presos ao surrão, sob a imensa gola, dão o tom da festa.

Também fazem parte do cortejo as figuras de Mateus, Catirina, a Burra e o Caçador, que abrem o desfile, seguindo a orientação do apito do Mestre. É ele que comanda o maracatu e entoa versos e músicas, chamadas de loas. À frente da agremiação vem a Bandeira ou Estandarte que apresenta o grupo. No corpo do cortejo temos o Vassalo ou Menino do Guarda-Chuva; os Lampiões ou Carboreteiros; a Dama do Paço, que conduz a Boneca de Pano, e o Baianal, isto é, o Cordão de Baianas. O Caboclo Arreiamá ou Tuxauá traz no lugar da guiada um machado e sua cabeça é ornada por um grande cocar de penas.

A orquestra é chamada de "terno", composto por bombo, surdo, tarol, porca (cuíca), gonguê, clarinete, trombone e o trompete; o comando fica por conta do Mestre, que improvisa versos e loas (músicas). Se no início os grupos eram formados apenas por homens, hoje já existe um grupo formado apenas por crianças e outro apenas por mulheres, um sinal de que as tradições também podem acompanhar as mudanças sociais.