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Turismo

D. Pedro II, um dos primeiros turistas de aventura na Cachoeira de Paulo Afonso

Publicada em 17/02/21 às 19:10h - 2298 visualizações

Antônio Galdino


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D. Pedro II, um dos primeiros turistas de aventura na Cachoeira de Paulo Afonso
Neste retrato, D. Pedro II tinha 32 anos. Quando visitou a Cachoeira de Paulo Afonso, tinha 33 anos e esta é a visão da Cachoeira do local onde ele ficou: Limpo do Imperador, em 20/10/1859  (Foto: Fotos da net, Antônio Galdino e Arq. jornal Folha Sertaneja)


Nota da Redação:

No momento em que o Jornal Folha Sertaneja completa os seus 17 anos de circulação e o site chega aos 16 anos de vida com somando, no ano de 2020, mais de 1 milhão e 360 mil acessos, resolvemos apresentar aos nossos internautas em dois dos canais desse site www.folhasertaneja.com.br conteúdos de conotação histórica, resultados de pesquisas e de estudos e material que estará sendo apresentado depois, aos leitores, em formato de livros.

No canal de TURISMO estaremos falando sobre esse importante segmento da economia mundial, razão da vida de muitos países, e como ele se desenvolveu em Paulo Afonso desde os seus primórdios.

Em um canal novo chamado PAISAGENS SERTANEJAS, estaremos falando sobre o rio São Francisco, a Caatinga, o Cânion, a Estrada de Ferro Paulo Afonso, os Sítios Arqueológicos de Paulo Afonso, as Usinas Hidreléticas de Paulo Afonso e Região e outros temas da região.

No canal de TURISMO, começamos falando sobre a Cachoeira de Paulo Afonso que, embora seja também uma paisagem sertaneja, é apresentada aqui pelo seu potencial turístico.

Estes artigos periódicos serão escritos inéditos de Antônio Galdino da Silva ou parte de seus livros já publicados ou em construção e de outros autores de Paulo Afonso e da região dos Lagos do rio São Francisco – Sertão de Paulo Afonso.

Começamos com um pouco da história da Cachoeira de Paulo Afonso. 

VEJA mais fotos da Cachoeira de Paulo Afonso no canal GALERIA DE FOTOS. É so clicar no canal, encontrar o álbum que quer ver e pode até copiar.

Antônio Galdino da Silva

Diretor do jornal Folha Sertaneja

D. Pedro II, um dos primeiros turistas de aventura na Cachoeira de Paulo Afonso

O turismo, fenômeno relacionado com as viagens, a visita a um local diverso do de residência das pessoas, existe há milênios e, basicamente, dentro das mesmas características como se apresenta hoje. É o que afirma Luiz Ignarra (1999) “O turismo de aventura data de milênios antes de Cristo”.  A motivação religiosa remonta ao tempo das cruzadas, há séculos. Eram comuns as viagens dos romanos para os banhos medicinais nas termas. “Foram os primeiros SPAS registrados na história da humanidade.”.(1999 -pag.16)

Citando McIntosh, Luiz Ignarra diz que “o turismo deve ter surgido com os babilônicos, 4.000 a.C. No Egito, 3.000 a.C. já chegavam caravanas para contemplar as pirâmides. Na Grécia, viagens foram organizadas para participação nos jogos olímpicos. Na região de Éfeso, onde hoje está a Turquia, eram registrados mais de 700 mil visitantes para apreciarem as apresentações de mágicos, acrobatas e outros artistas. Era o primeiro registro de turismo de eventos. Nesses eventos havia, de acordo ainda com esse autor, “grande número de prostitutas”, o que faz crer que o turismo sexual existe desde essa época.”

No Brasil este fenômeno é relativamente novo, se bem que há quem assegure que os portugueses que aqui chegaram em 1500 foram os primeiros turistas, aliás bastante surpresos com as belezas do lugar e a nudez das índias, como relata Pero Vaz de Caminha em sua carta a El-Rei D. Manoel. (Texto de O Caminho das Águas – Turismo Sustentável em Paulo Afonso e Região dos Lagos do rio São Francisco – de Antônio Galdino – Lisboa/Portugal 25/11/2005)

As narrativas históricas dão conta que esta bela região nordestina, fronteira de quatro estados sempre foi abençoada por Deus.

Chamada por Edson Mendes, de “o coração do Brasil”, o município de Paulo Afonso é mesmo um privilegiado em belezas naturais, sendo a principal delas e a mais importante também do ponto de vista econômico, a Cachoeira de Paulo Afonso.

Estas magníficas quedas já eram conhecidas séculos antes e até 1725, quando as terras onde estavam essas cachoeiras foram doadas pelo governador da Capitania de Pernambuco, a quem estas terras pertenciam, ao português Paulo Viveiros Afonso e a maior das quedas d`água passou então a ser chamada de Cachoeira de Paulo Afonso. Antes disso eram conhecidas como Sumidouro, Forquilha (que era também o nome de uma das ilhas próximas da cachoeira) e Cachoeira Grande.

Foi a grandiosidade das suas quedas d`água, registradas fielmente por Guilherme Halfeld no ano de 1856, num detalhado estudo feito por ele e grande equipe a mando do Imperador D. Pedro II, mapeando o rio São Francisco desde Pirapora até a sua foz, no Oceano Atlântico, foram esses relatos apresentados ao Imperador que o motivou a se aventurar numa longa viagem, desde a corte, no Rio de Janeiro até esta região, para conhecer a Cachoeira de Paulo Afonso.

Saiu do Rio de Janeiro em grandes embarcações. Para chegar até Piranhas se utilizou de navios menores e a cavalo todos chegaram à Cachoeira de Paulo Afonso. Há registros de que o jovem inquieto, no vigor dos seus 33 anos, também se aventurou para ver de bem perto a Furna dos Morcegos e, para chegar bem perto levou três tombos...

O jovem Imperador D. Pedro II, mostrou-se encantado, extasiado mesmo com tanta beleza à sua volta. Fez alguns desenhos que ele mesmo reconheceu que não ressaltavam as belezas das muitas quedas d`água de que tinha uma visão privilegiada da margem alagoana do rio São Francisco no alto do cânion, local que ficou conhecido como Limpo do Imperador, onde sua comitiva montou acampamento.

Desenho da Cachoeira de Paulo Afonso feito pelo Imperador D. Pedro II em 20/10/1959

Ao relatar as suas impressões sobre esta Cachoeira de Paulo Afonso, assim escreveu o Imperador: “Tentar descrever a cachoeira em poucas páginas, e cabalmente, seria impossível, e sinto que o tempo só me permitisse tirar esboços muito imperfeitos.”

Foi a partir dessa viagem que o Imperador D. Pedro II ordenou que fosse construída a Estrada de Ferro Paulo Afonso, também conhecida como Estrada de Ferro Piranhas/Jatobá (nome da antiga Petrolândia), para ligar o baixo São Francisco ao sub-médio e médio São Francisco. Sobre cujo tema falaremos em breve no espaço desse site chamado Paisagens Sertanejas, através de um depoimento do escritor Luiz Rubem Alcântara Bonfim, um estudioso desse Estrada de Ferro. (LEIA: Estrada de Ferro Paulo Afonso – 1882 – 1964, de Luiz Rubem F. de A. Bonfim)

Ora se, como vimos, o turismo de aventura existe desde milênios antes de Cristo, nada de mais que o Imperador D. Pedro II seja considerado por muitos como o precursor do Turismo de Aventura nesta região ao fazer a sua visita à Cachoeira de Paulo Afonso em 20 de outubro de 1859.

D. Pedro II nasceu no Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 1825. Portanto, ao visitar a Cachoeira de Paulo Afonso estava com 33 anos de idade, faltando apenas 42 dias para os 34 anos.

A visita do Imperador D. Pedro II à Cachoeira de Paulo Afonso foi registrada em uma placa de bronze que foi colocada próximo à Usina Angiquinho, de propriedade da Chesf. Essa placa, com aproximadamente 500 quilos de bronze estava sendo quebrada por pessoas interessadas nesse metal. A Administradora da Chesf na época, Dra. Diana Suassuna, atendendo a proposta do seu assessor de comunicação, Professor Antônio Galdino, houve por bem retirá-la daquele local, restaurar esse patrimônio e recolocá-lo na Mirante da Cachoeira, na Ilha do Urubu, local de concentração de turistas. Na ocasião foi observado que o local onde estava esta placa não foi o visitado pelo Imperador que viu as quedas d`água do local que ficou conhecido como Limpo do Imperador.

(LEIA: O Bronze do Imperador e a Cachoeira de Paulo Afonso, de Luiz Rubem F. de A. Bonfim)

“A Cachoeira de Paulo Afonso” é o nome de grandioso poema do poeta baiano Antônio de Castro Alves que a descreveu de forma primorosa sem a conhecer, apenas a partir de relatos que lhe chegavam sobre estas cachoeiras.

No início do século XX, o cearense Delmiro Gouveia enxergou na Cachoeira de Paulo Afonso mais que a sua beleza. Viu na força das suas águas, a oportunidade de gerar energia para mudar a história do Nordeste. E construiu a Usina Angiquinho, inaugurada em 1913. Angiquinho também será tema de outro artigo para o canal Paisagens Sertanejas. (LEIA: ANGIQUINHO – 100 Anos de História – de Antônio Galdino da Silva)

Em julho de 1947, a Revista O CRUZEIRO acompanhou o presidente Eurico Gaspar Dutra e grande comitiva formada por ministros e governadores nordestinos em uma visita que eles fizeram à Cachoeira de Paulo Afonso. Foi a partir dessa visita que foram adiantados os trabalhos de constituição da Chesf, criada em 3 de outubro de 1945 quando o presidente Getúlio Vargas assinou os decretos levados a ele pelo seu ministro da Agricultura, Apolônio Jorge de Farias Sales, criando esta empresa hidrelétrica. Meses depois dessa visita do presidente Dutra a esta cachoeira, a primeira diretoria da Chesf foi criada, em 15 de março de 1948.

Quando a Chesf se instalou na região de Paulo Afonso e iniciou as obras de construção da Usina de Paulo Afonso, era grande o número de pessoas, técnicos, especialistas nesse tipo de obras e milhares de outros, interessados em conhecer as obras da Chesf e a Cachoeira de Paulo Afonso. E tantos eram os interessados nessas visitas que a Chesf construiu a Sala dos Visitantes e treinou uma equipe de recepcionistas só para receberem e orientarem as visitas dessas muitas pessoas.

Só na gestão do Prefeito Abel Barbosa e Silva, o turismo passou a ser tratado pela gestão municipal e, para isso, firmou-se parceria com o governo do Estado da Bahia, através da Bahiatursa, na época presidida por Paulo Gaudenzi. Uma equipe da Bahiatursa fotografou todos os atrativos da cidade e a Cachoeira de Paulo Afonso correu o mundo em uma publicação de revista bilingue – português e inglês – o que aumentou consideravelmente o fluxo de visitantes para Paulo Afonso.

No final deste século XX, início dos anos de 1990, a Chesf, através do Engenheiro João Paulo Maranhão Aguiar contratou o Alejandro Luiz para fazer um estudo dos principais atrativos turísticos da região entre Xingó e Paulo Afonso. Foram identificados, o cânion, as usinas hidrelétricas e sobre a Cachoeira de Paulo Afonso assim escreveu Alejandro Luiz:

A Cachoeira de Paulo Afonso se constitui num atrativo natural de interesse universal, que poderá ser ampliado pela sua inédita situação de operar programadamente e da repercussão positiva de se recuperar esse espetáculo da natureza depois de décadas de extinção. Atinge, portanto, o mercado geral e todos os segmentos do mercado. Dá-se a ela, quanto ao atributo atratividade/intensidade, o conceito excepcional e peso 10, sendo fator de potencialização de atratividade/intensidade de todos os outros atrativos existentes na área. A compatibilização de sua operação com a geração de energia elétrica, e os riscos da sazolanidade decorrentes do regime hidrológico do rio, se constituem em aspectos restritivos”. (1996, p.66)

No final dos anos de 1990, também através do engenheiro João Paulo Aguiar, o Sebrae de Pernambuco realizou um intenso trabalho de levantamento do potencial turístico de 28 municípios dos Estados da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco, todos limítrofes com o município de Paulo Afonso. Novamente as conclusões apontaram para o rio São Francisco e as cachoeiras de Paulo Afonso como grandes atrativos para receber turistas de todo o mundo.

Apesar das muitas avaliações sempre muito positivas à cerca desse impressionante patrimônio natural, os outros interesses foram se tornando cada vez maiores, a falta de um programa completo e definitivo para a revitalização do rio fez todos os nossos olhos vissem acontecer o que já dissera o historiador e poeta José Carlos Feitosa, de saudosa memória, ainda na década de 1980, ao escrever

O Grito do Velho Chico

Choro contigo meu Velho,

Sei que a queda da cachoeira

Será em breve um retrato na parede.

Hoje o que foi a imponente Cachoeira de Paulo Afonso que mereceu entusiasmo do Imperador e os versos de Castro Alves se resume a um filete de água que mostra o caminho por onde corriam as águas do leito principal do rio São Francisco. Ainda assim o local impressiona pela magnitude dos paredões graníticos do cânion, de onde as águas despencavam e voltam a cair nas grandes cheias, se assim quiserem os dirigentes da Agencia Nacional das Águas e o órgão Operador Nacional dos Sistemas hidrelétricos porque a Cachoeira de Paulo Afonso é a única cachoeira programada do mundo.

 

(Por Antônio Galdino da Silva, com trechos de sua dissertação de Mestrado com o tema O Caminho das Águas - Turismo Sustentável em Paulo Afonso e Região dos Lagos do rio São Francisco, defendida e aprovado em 25 de Novembro de 2005 em Lisboa/Portugal)

Alguns dos próximos artigos:

- O Turismo: no Velho mundo e no Velho Chico.

- O turismo em Paulo Afonso na gestão do Prefeito Abel Barbosa

- Como nasceu a Copa Vela e os primeiros eventos

- O Conselho Municipal de Turismo e o turismo na gestão do Prefeito Raimundo Caires

- Como foi criada a Zona de Turismo Lagos e Cânions do São Francisco e o CRTUR

E outros mais...

Aguardem.




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3 comentários


Leitor

19/02/2021 - 08:26:39

E a publicação do comentário do acadêmico colega Virgílio Agra? Só acrescentaria. Valorizaria o texto.


F. Nery Jr.

19/02/2021 - 07:59:00

Esclarecimento: Cem quilômetros de Piranhas até Petrolândia. Piranhas/P.Afonso, em torno de quarenta quilômetros. Desculpem-nos a falha.


professor Galdino

18/02/2021 - 23:05:59

Esses caracteres que existem para aceitar os comentários são mesmo terríveis e irritantes. Muitos que se sentiram desejosos de comentar alguma matéria confessaram que desistiram. Como foi o caso do Professor Francisco Nery, um dos colunistas desse site. Obviamente que assumi a responsabilidade de trazer o seu oportuno comentário para conhecimento de muitos, como o também Acadêmico da ALPA - Virgílio Agra, um dos muitos admiradores do Imperador D. Pedro II. Assim, leiam o comentário do Professor Francisco Nery e insistam em enviar os seus. Até conseguir. O comentário do Professor Nery começa AQUI: - "Dom Pedro II, um dos nossos primeiros turistas de aventura na Cachoeira de Paulo Afonso impiedosamente enxotado do Brasil em 1889 Esta escrita é originalmente um comentário feito à matéria em tela do professor Antônio Galdino na Folha Sertaneja. O final é acréscimo nosso. As irritantes e incompreensíveis letrinhas do site mais uma vez falharam e o comentário não foi enviado. Irritado, resolvi me vingar do meu redator-chefe e transformei o comentário em matéria, deixando a opção –não vale a pena ser louco – de ser publicada como comentário. Às ordens do chefe, claro, leitor! Descontração à parte, passo o texto para o leitor, texto que consubstancia a nossa incompreensão – também subliminarmente entendida do texto original de Galdino – quanto ao fato de a exploração turística em Paulo Afonso ser quase inexistente. E aí vai: Isto. Escrever a História para os nossos descendentes e pesquisadores futuros. Dom Pedro II, um “déspota esclarecido” que nunca extrapolou ou abusou do poder, derrubado impiedosamente em 1889 (na Europa exilado e esquecido, penou por dois anos dependendo da caridade e do apoio de parentes e nobres europeus), veio do litoral até Piranhas em um pequeno navio a vapor. De lá até a cachoeira, de cavalo. Em se falando de turismo, que beleza – e que oportunidade perdida! – refazer o percurso do imperador! Fosse Napoleão, os franceses não desperdiçariam a oportunidade (a vantagem). De Piranhas para cá, ou até Paulo Afonso, de trem – que já existiu (a estrada de ferro foi desativada pelo governo militar de 1964). Vamos imaginar Paulo Afonso com mais alguns arranha-céus e com um polo fruticultor como Petrolina (isto é possível) e os turistas (elevados em mirantes naturais inexplicavelmente ignorados) embasbacados com o cânion e com o Raso da Catarina como corolário de uma viagem sentimental de apenas cem quilômetros de Piranhas até Paulo Afonso! “Eita, Galdino, vamos vibrar. Que os leitores nos permitam [mais uma vez] sonhar. E não queremos ser repetitivos ou cansativos. Mas vale a pena. Francisco Nery Júnior


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