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Mantas alentejanas - salvar uma tradição milenar

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Mantas alentejanas | Perpetuar o saber fazer um novo livro que conjuga os esforços dainvestigadora Alexandra Marques, da empresária têxtil Mizette Nielsen e da investigadora e artista têxtil Guida Fonseca

Com origens medievais, a manta alentejana tornou-se um produto emblemático em Portugal, com importância na economia regional e no comércio externo. As técnicas de produção permanecem praticamente inalteradas até aos dias de hoje, contudo, este conhecimento mantém-se circunscrito aos poucos que ainda as sabem produzir.

Este livro é, na sua essência, um «manual de instruções» tecnicamente completo e rigoroso, profusamente ilustrado, que reproduz alguns dos padrões típicos das mantas alentejanas.

Resultou do levantamento fotográfico e da sistematização dos padrões de acordo com os seus aspectos estruturais e cromáticos. Adicionalmente, fez-se um enquadramento histórico sobre a manufactura de lanifícios em Portugal.

Explicam-se, ainda, os conhecimentos essenciais sobre o processo de tecelagem manual, para que esses padrões possam ser reproduzidos num pequeno tear que se consegue acomodar numa habitação contemporânea.

Prevê-se que este livro chegue às livrarias no segundo semestre de 2023. Antes da sua impressão e dada a relevância cultural e etnográfica que esta obra encerra, gostávamos de poder contar com a colaboração de amigos, leitores e organizações na sua produção e divulgação.

Este livro mostra quais são e como se fazem alguns dos padrões tradicionais usados nas mantas alentejanas.

  • Primeiro, fez-se uma recolha fotográfica das mantas, em visitas ao Alentejo realizadas a partir de 2018, e tipificaram-se os principais padrões, de acordo com os seus aspetos estruturais e cromáticos. Posteriormente, fizeram-se esquemas computorizados do modo de fabrico dos padrões, que foram recriados num pequeno tear manual «Erica» de 50 cm, usando lã dos produtores da Serra da Estrela (capítulo 3).
  • O capítulo 1 resume o que se conhece sobre as mantas alentejanas e a manufatura de lanifícios em Portugal, trabalho este que resultou de uma análise documental não exaustiva.
  • No capítulo 2 são veiculados os conhecimentos básicos sobre tecelagem manual que permitirão aos interessados reproduzir este saber fazer.
  • No seu conjunto, este livro veicula um olhar contemporâneo sobre como tecer manualmente mantas alentejanas, transmitindo ao leitor um enquadramento técnico e histórico aliado a uma certa profundidade científica, sem deixar de reconhecer a importância da criatividade individual e da cultura popular. Começou por ser na sua génese a perspetiva do aprendiz curioso, mas foi tomando outras formas graças à colaboração com tecedeiras e outros especialistas. Tudo isto com o intento de partilhar o conhecimento adquirido e tornando-o disponível e acessível a quem queira interessar-se pelo assunto.
  • É importante contribuir para a preservação deste saber fazer que é também uma forma de expressão e de relacionamento com o meio envolvente, que nos acompanha desde tempos imemoriais. Alguns padrões representam elementos da natureza, com conotação simbólica, como por exemplo, as espigas, que simbolizam a água. Encontraram-se semelhanças com outros padrões usados nos têxteis em Portugal e no Norte de África, o que reforça a tese de uma matriz cultural comum.
  • Na região do Alentejo, as técnicas de tecelagem e os padrões vão passando de geração em geração adquirindo especificidades próprias de cada região. Trata-se, contudo, de um conhecimento tácito, pouco difundido e que corre o risco de se perder.
  • O progresso tecnológico e o conhecimento erudito não têm de substituir o saber fazer. Nada disto impede que se continuem a usar os padrões tradicionais, em aplicações adequadas às necessidades atuais. Usem-se no design e nas indústrias têxteis portuguesas, usem-se nas oficinas de artesanato locais, usem-se como atividade doméstica ou hobby. Desde que continuem a fazer-se para assim perpetuar o seu valor simbólico e identitário.

APRESENTAÇÃO DAS AUTORAS

Mizette Nielsen é holandesa e vive em Portugal desde 1961. Numa visita ao país apaixonou-se pelo mar de Cascais para onde acabou por vir viver e onde casou. Abriu uma agência de modelos tendo-se dedicado posteriormente ao trabalho com modelos para publicidade e figuração. O 25 de Abril dita ao fim desta sua actividade. Mizette funda uma cooperativa têxtil e é enviada à Beira Baixa por David Mourão Ferreira (Secretário de Estado Cultura), para avaliar a situação da indústria têxtil na região, que sofria o impacto da chegada dos teares eléctricos. Falou com tecelões e recuperou teares que estavam em risco de desaparecer. É assim que começa a sua paixão pela arte da lançadeira. Ouve falar de uma fábrica em Reguengos de Monsaraz em risco de fechar, a última a fazer mantas alentejanas e decide comprá-la.

Em menos de uma década, a fábrica aumenta a força de trabalho. As mulheres começam a substituir os homens no tear. O número de clientes estrangeiros cresce e a manta começa a ganhar fama a nível internacional. A crise chega em 1986, com a entrada de Portugal na CEE e a concorrência do edredão. Mizette começa a alterar os produtos e a fazer mais tapetes. Pensa em novas cores, muda o entendimento tradicional da manta que agora tanto pode estar na cama como pode ser tapete. Há cerca de dois anos vendeu a fábrica a três sócios portugueses interessados em manter a tradição viva.

Continua a viver em Reguengos, mesmo ao lado da fábrica, e de lá quase consegue ouvir o som dos teares a funcionar.

Guida Fonseca (1955) nasceu em 1955 Artista têxtil, cria e executa as sua peças. Frequentou o Curso Geral de Artes da Escola António Arroio. Frequentou o atelier da Mestra Gisella Santi. Fez parte do Grupo 345, Associação de Tapeçaria Portuguesa Contemporânea, fundado por Gisella Santi Expõe regularmente, em Portugal e no estrangeiro. Colaborou na organização dos II, III e IV Simpósios Internacionais de Tapeçaria Contemporânea, realizados pela Câmara Municipal de Loures. Em 2016 foi convidada a representar Portugal na 15th International Triennial of Tapestry, Lodz, Polónia. É formadora nas disciplinas de Tapeçaria, Tecelagem, Debuxo e Tinturaria. Desenvolve um trabalho de pesquisa, salvaguarda e reinterpretação da tecelagem tradicional Portuguesa. Realizou um trabalho de pesquisa sobre a tinturaria no Arquipélago dos Açores, que se concretizou na exposição “Cores da Terra: A Tinturaria nas Ilhas”, em 2019 no Museu Francisco Lacerda em S. Jorge, e respetiva publicação de catálogo, em co-autoria com Catarina Dias da Rosa. Em 2020/2021produziu conteúdos e executou peças para o Museu da Moda e dos Têxteis, Vila Nova de Gaia. Colabora regularmente com o Cearte e o Saber Fazer. Participou em diversas conferências e publicações.

Prémios: Prémio Quadrante 1995 Prémio Quadrante 1996 Prémio Quadrante 1997 Prémio de Aquisição, I Encontro de Tapeçaria Contemporânea, Loures, 2020

Alexandra Marques é doutorada em Economia e Planeamento Florestal e coordena atualmente uma equipa de investigação e projectos nessa temática. Vive no Porto e tem 2 filhos. Nasceu em Lisboa (em 1978) mas passou parte da sua infância na aldeia de Porto Silvado, em Arganil.

O gosto pela Etnologia e o saber fazer, levou-a a aprender tecelagem manual e a procurar recriar os padrões tradicionais das mantas alentejanas. Daí até à ideia de fazer um livro foi um saltinho, na esperança de contribuir para sua preservação. Da ideia à sua concretização foi um caminho longo, de vários anos de investigação, sistematização e partilha de conhecimento com pessoas também elas de áreas muito diferentes; e sem as quais, este livro não teria sido possível.  

APRESENTAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO LIVRO:

Mantas alentejanas | Perpetuar o saber fazer de Alexandra Marques | Mizette Nielsen | Guida Fonseca
Prefácio de Joana Sequeira, Investigadora em História Medieval do Laboratório de Paisagens, Património e Território da Universidade do Minho
Formato | 21 (larg) x 22 (alt)
Capa brochada com badanas
144 pp | acabamento cosido à linha e colado à capa
Preço de venda ao público | €25,50 + IVA

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