No clima apocalíptico do fim do século, a profunda intolerância dos costumes nacionais ressuscitou. Portugal era uma nação antiga e homogénea, com fronteiras fixas há muito, onde só se conhecia uma língua e se praticava uma religião, um pais pouco propicio a discussão racional, ao debate calmo, ao pluralismo. Com a crise de 1890, o clima harmónico da Regeneração desapareceu. Ao modificar o sistema politico num sentido repressivo, a Monarquia conseguiu suster, provisoriamente, a maré de descontentamento. Mas, quando chegou o momento decisivo, ninguém quis morrer por ela.
MARIA FILOMENA MÓNICA nasceu em Lisboa, a 30 de Janeiro de 1943. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Lisboa, em 1969, e doutorou-se em Sociologia na Universidade de Oxford, em 1978. Colabora regularmente na imprensa. Entre outros livros publicados, é autora de «Eça de Queirós» (Quetzal, 2001), «Bilhete de Identidade» (Alêtheia, 2005) e «Cesário Verde» (Alêtheia, 2007). É investigadora-coordenadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.