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O Baile das Quatro Artes

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Faz-se necessário urgentemente que a arte retorne às suas fontes legítimas. Faz-se imprescindível que adquiramos uma perfeita consciência, direi mais, um perfeito comportamento artístico diante da vida, uma atitude estética disciplinada, apaixonadamente insubversível, livre mas legítima, severa apesar de insubmissa, disciplina de todo o ser, para que alcancemos realmente a arte. Só então o indivíduo retornará ao humano. Porque na arte verdadeira o humano é a fatalidade.

285 pages, ebook

First published July 30, 2012

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About the author

Mário de Andrade

178 books120 followers
Mário Raul de Morais Andrade was a Brazilian poet, novelist, musicologist, art historian and critic, and photographer. One of the founders of Brazilian modernism, he virtually created modern Brazilian poetry with the publication of his Paulicéia Desvairada (Hallucinated City) in 1922. He has had an enormous influence on Brazilian literature in the 20th and 21st centuries, and as a scholar and essayist—he was a pioneer of the field of ethnomusicology—his influence has reached far beyond Brazil.
Andrade was the central figure in the avant-garde movement of São Paulo for twenty years. Trained as a musician and best known as a poet and novelist, Andrade was personally involved in virtually every discipline that was connected with São Paulo modernism, and became Brazil's national polymath. He was the driving force behind the Week of Modern Art, the 1922 event that reshaped both literature and the visual arts in Brazil. After working as a music professor and newspaper columnist he published his great novel, Macunaíma, in 1928. At the end of his life, he became the founding director of São Paulo's Department of Culture, formalizing a role he had long held as the catalyst of the city's—and the nation's—entry into artistic modernity.

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Profile Image for Theophilo Pinto.
33 reviews1 follower
March 7, 2015
Antes de mais nada, digo que li uma edição impressa, editada em 1975, e não a que aparece aqui. Mas, continuando...

Este livro tem a estrutura semelhante a outros livros do autor: é um livro ‘editado’, isto é, reúne textos que não foram originalmente pensados para o livro. Assim, O Baile das Quatro Artes reúne sete palestras e artigos escritos num período que vai desde 1932 até 1942. Os capítulos, para quem leu pouco de Mário, podem parecer um tanto desconexos. Primeiro vem o problema: quais são as quatro artes a que ele se refere? Uma conta rápida, pelos títulos de cada capítulo, dá a entender que são artes plásticas, música, literatura e cinema, talvez.

Sugiro ler o primeiro capítulo como uma introdução aos demais e, se possível, dar uma olhada em outro livro, chamado Música Final , de Jorge Coli, que reúne outros escritos de Mário com um ótimo comentário sobre quais são as preocupações de Mário naquele momento, poucos anos antes de morrer e já vendo sua carreira de certo modo como ‘passada’. Digno de nota, nesse livro, é o texto Esquerzo, onde Coli propõe ver primeiro capítulo do Baile, chamado O Artista e o Artesão como um ponto de partida para pensar o ofício do artista e de sua arte. No caso, Mário vê a arte como tendo aspectos ‘ensináveis’ (que ele remete à questão do artesanato, do componente mais ligado à habilidade) e outros nem tanto (que teriam a ver com a habilidade em criar algo original). Isso iria diferenciar artistas como Picasso, que ele cita aqui, e vários artistas brasileiros que, sem citar nomes, diz que não são capazes de ir além da promoção pessoal ou a satisfação de ser artista e só. Uma fala bastante dura, se considerarmos que esta foi uma aula inaugural na Universidade do Distrito Federal (RJ) em 1938. Me lembrou, inclusive, a Oração de Paraninfo (do livro Aspectos da Música Brasileira). Este discurso foi dados aos alunos formados pelo Conservatório Dramático em São Paulo onde ele disse que nas rodas que frequentava, perguntava aos alunos o que estudavam, ouvindo “violino”, “canto”, “piano” e outros. Ninguém ali respondeu que estudava “música” (!). Isto é, Mário mostra como a ambição desses jovens daquelas décadas estava voltada para assuntos muito imediatos e, porque não dizer, comezinhos, sem no entanto conseguir superá-los com sua arte. Afinal, além de estudar um instrumento (a parte artesanal do ofício de artista), era preciso fazer música com ele!

Embora esse primeiro capítulo fosse um tanto pessimista, Mário mostra depois exemplos positivos. O primeiro foi um artista brasileiro, Cândido Portinari, a quem Mário faz a descrição de alguns de seus trabalhos e mostra como arte e artesanato estão mesclados de forma criativa e fecunda para a arte. O outro artista é Chopin, a quem Mário também dedicou um capítulo, mostrando como seu ‘engajamento’ frente à causa polonesa o motivou a criar uma série de peças musicais que mantinham no ar aquela realidade em plena Paris do século XIX.

Se Chopin é considerado um compositor romântico, Mário faz algumas considerações sobre o que esse nome representa na música no segundo capítulo, chamado Romantismo Musical, onde ele destaca duas características desse momento: o virtuosismo e a improvisação. Assim, muitos grandes nomes da música teriam primeiramente experimentado ideias musicais na forma de uma improvisação bastante sofisticada (virtuosística?), de modo a poderem posteriormente lapidarem essas ideias em suas obras-primas.

Outro capítulo interessante é aquele que fala do longa-metragem Fantasia, de Walt Disney, lançado em 1940. Seria este filme uma obra-prima? Mário acha que não, e um de seus principais defeitos seria a falta de conexão de um desenho com outro, numa sucessão de curtas-metragens onde a música acaba por deslumbrar quem fez o filme (e, talvez, quem o assista). Parece que Mário, aqui, passa perto de uma conclusão adorniana em que o conteúdo do filme deixa de ser um ponto de reflexão sobre o estado da sociedade atual para ser pouco mais que uma ‘viagem’ em que Disney “pinta a luz”.

Um capítulo que fica mais difícil de encaixar nesse conjunto de ideias é justamente o último, Arte inglesa, em que Mário fala da arquitetura, da literatura e até do mobiliário da região do Reino Unido. Outro capítulo, chamado Romanceiro de Lampeão [sic], faz uma breve análise dos textos (ou seja, dos romances escritos a respeito do famoso bandido. Este acabou sendo o capítulo da última categoria artística do livro, a literatura.

Este livro, enfim, parece ser bastante interessante para alguém que já conhece ou pretende conhecer um pouco mais de Mário de Andrade, mas que é menor que a soma de seus capítulos. Como estes têm o espaço de aproximadamente uma década, não seria de todo mal considerar uma futura reedição das obras do autor numa compilação alternativa. Imagino que, ao escrever isso, possa ser muito criticado pelos especialistas. Mas é o que já vem acontecendo na reunião de suas cartas e outros textos onde a organização foi póstuma, isto é, não foi preciso respeitar a vontade de Mário. Quem sabe, um dia isso possa acontecer com esses outros textos!
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