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reportagem cultural

- Publicada em 02 de Março de 2023 às 18:44

A arte cheia de cores de Britto Velho, um observador atento da humanidade

Um dos artistas mais importantes de sua geração, Britto Velho segue ativo e recebendo reconhecimento crescente no mundo da arte

Um dos artistas mais importantes de sua geração, Britto Velho segue ativo e recebendo reconhecimento crescente no mundo da arte


LUIZA PRADO/JC/LUIZA PRADO/JC
Tudo começa com um desenho. Papel, caneta Bic e qualquer lugar: pode ser um restaurante, um bar, uma praça ou até mesmo dentro de casa. A inspiração é imediata e - ficando ainda vinculado ao exemplo caseiro - esta mesma inspiração pode estar num objeto aparentemente irrelevante, como uma cadeira, ali há tantos anos, mas que a partir daquele momento começará a ganhar uma outra forma. Agora não mais apenas como um objeto e sim como um ser vivo, com cabeça, braços, pernas, orelhas e olhos - às vezes não dois, mas três. O papelzinho do desenho original não se perde. Vai para uma pasta. O que passa para tela, aí sim, se modifica. "Um desenho começa no quadro e, às vezes, não acaba", explica o artista. Não é abstrato, pois a figura humana é o centro de tudo.
Tudo começa com um desenho. Papel, caneta Bic e qualquer lugar: pode ser um restaurante, um bar, uma praça ou até mesmo dentro de casa. A inspiração é imediata e - ficando ainda vinculado ao exemplo caseiro - esta mesma inspiração pode estar num objeto aparentemente irrelevante, como uma cadeira, ali há tantos anos, mas que a partir daquele momento começará a ganhar uma outra forma. Agora não mais apenas como um objeto e sim como um ser vivo, com cabeça, braços, pernas, orelhas e olhos - às vezes não dois, mas três. O papelzinho do desenho original não se perde. Vai para uma pasta. O que passa para tela, aí sim, se modifica. "Um desenho começa no quadro e, às vezes, não acaba", explica o artista. Não é abstrato, pois a figura humana é o centro de tudo.
Depois vêm as cores. Elas também já estão ali. Surgem em sonhos, mas se adaptam às formas. A composição nasce da parceria da cor com a forma. Aí nesse momento é preciso ser rígido, espartano. A rigidez, porém, não se subordina a nenhum planejamento, tampouco a qualquer espécie de arrependimento. O desenho quase nunca muda. O que pode ocorrer é a cor ficar ainda mais vibrante. A cor precisa falar.
E se a cor necessita se expressar, quem dá voz a ela é a tela. A tela fala. Com palavras e com clareza. Quando o artista pensa em desobedecê-la, a tela argumenta, insiste, discute. Quando os argumentos cessam, a tela exige. "Uns 20%, eu domino. Os outros 80%, a tela domina", resigna-se, de forma obediente, o artista.
É assim, desse estranho diálogo, quase uma alquimia, que nascem as obras de Carlos Carrion de Britto Velho, 76 anos, um dos mais importantes e considerados artistas de sua geração. Toda essa trajetória - da idealização inicial ao quadro concluído, que leva em média oito dias de intenso trabalho - me foi explicada pelo próprio artista, na sua casa/ateliê tendo ao lado dezenas de quadros de sua autoria, pincéis, tintas, cavaletes e a constante companhia de Zuneide, sua mulher há quase meio século. E quer saber? Tudo faz o maior sentido.
Enquanto eu ouvia a explicação de Britto Velho e observava os quadros ao redor, ia me dando conta de que tudo que ele falava era real. Aquilo que eu via com olhos, orelhas, mãos tortas e gigantescas podia ser perfeitamente... uma cadeira, ora.
Quer saber mais? Então presta a atenção que Britto Velho seguirá explicando.
 

Conversando com Van Gogh - em português

Aos 76 anos, Britto Velho mantém uma rotina intensa de trabalho, evitando distrações como música e celulares

Aos 76 anos, Britto Velho mantém uma rotina intensa de trabalho, evitando distrações como música e celulares


LUIZA PRADO/JC/LUIZA PRADO/JC
Além das telas, quem conversa muito com Britto Velho é Vincent Van Gogh. O mestre holandês, garante o artista gaúcho, circula pelo apartamento onde ele vive com Zuneide, no bairro Petrópolis. Zuneide não acompanha o delírio do marido e explica que nunca o viu, mas Britto Velho tem certeza de que Van Gogh seguido aparece por ali, cruza pelo corredor e para perto da mesa para trocar ideias e conversar. Em português!
Disciplinado - às vezes até neurótico, como ele mesmo se define - Britto Velho pinta todos os dias. Acorda cedo, por volta das 6h30min, 7h, prepara seu café, serve um mamão cortado para Zuneide e começa a trabalhar, de pijama, mesmo. Dá uma parada por volta do meio-dia, quando é servido o almoço ("A Zuneide cozinha muito bem", confidencia), toma um sorvete de sobremesa, um cafezinho e retoma o trabalho. Nada dispersa sua concentração. Não ouve música, não atende celular - "Só a Zuneide tem meu número" -, não se distrai. Apenas, lá pelo final da tarde, dá por encerrado os trabalhos daquele dia e às vezes sai para uma caminhada ou para um chope. Às quartas-feiras, a rotina é um pouco diferente. É o dia em que Britto Velho recebe seus alunos. "São aulas livres, em que eu apenas dou orientações básicas e deixo que eles criem à vontade".
Nascido em Porto Alegre em 1946, filho de um psiquiatra e de uma dona de casa, Carlos Carrion de Britto Velho mudou-se para Buenos Aires aos nove anos. Ao lado da mãe e de quatro irmãos, a família seguiu o pai, que se estabeleceu na capital argentina para fazer seu mestrado. Foi lá que Britto Velho teve sua primeira experiência artística. Aproveitando uma viagem dos pais à Europa, o adolescente pegou uma bandeja da família, lixou e pintou uma paisagem. Quando retornaram, os pais tiveram duas reações diferentes: "Meu pai ficou contente, maravilhado! Minha mãe reclamou, mandou lixar e devolveu a bandeja à função original", recorda Britto Velho. "Minha mãe encerrou o assunto dizendo: 'Por que um filho meu vai ser artista? Para morrer de fome?'". 

Britto Velho: "Quando vivi em Paris, foi que comecei a descobrir o Brasil, a América Latina e seus problemas"

Britto Velho: "Quando vivi em Paris, foi que comecei a descobrir o Brasil, a América Latina e seus problemas"


IAB RS/DIVULGAÇÃO/JC
Taí um problema que jamais atingiu Britto Velho e Zuneide. Não apenas nunca passaram fome, como nos últimos anos o artista vem obtendo alto reconhecimento pelo seu trabalho. "Conheci o Britto há mais de 20 anos, e logo nos aproximou a maneira como vemos a arte, o ofício de artista. Posso dizer que de alguma maneira somos parentes artísticos, pois nosso universo, embora aparentemente diferente, tem a mesma linguagem pop, influenciada talvez pelas histórias em quadrinhos que líamos nos anos 1970 e 80", avalia Eduardo Vieira da Cunha, também artista plástico e com uma trajetória muito próxima à do amigo. "Nos conhecemos melhor quando recebemos um convite para uma exposição em conjunto em Caxias do Sul, há 17 anos. E assim nos tornamos grandes amigos, embora nos falássemos mais ao telefone. Britto é um pouco mais velho do que eu, mais experiente no metiê."

O reconhecimento ao trabalho de Britto Velho se traduz, nos últimos tempos, em boas vendas, tanto para colecionadores especializados quanto para pessoas que o visitam no ateliê para adquirir quadros. Um exemplo do primeiro caso é o médico e colecionador de artes plásticas Gilberto Schwartsmann. "Minha amizade com Britto Velho vai muito além da admiração por sua imensa e importante obra artística. Nós desfrutamos da intimidade, trocamos conselhos, temos a liberdade da crítica e compartilhamos os bons e maus momentos da vida, como fazem os amigos verdadeiros".

Um autodidata atento a tudo

Artista soma mais de 50 exposições individuais e dezenas de mostras coletivas em cinco décadas de carreira

Artista soma mais de 50 exposições individuais e dezenas de mostras coletivas em cinco décadas de carreira


/NATHALIA SASSO/DIVULGAÇÃO/JC
Depois da temporada argentina, ao lado dos pais, Britto Velho, de volta ao Brasil, aos 19 anos, tentou cursar Arquitetura. Ficou menos de um semestre na faculdade e desistiu. Já tinha na cabeça que queria ser artista e não via sentido perder tempo com aulas enfadonhas de cálculos. "Já prezava muito a minha independência. Não me imaginava trabalhando e me submetendo aos desejos de outras pessoas". Também não pensava em cursar o Instituto de Artes. Aproximou-se do Atelier Livre da Prefeitura, ficou íntimo de nomes como Xico Stockinger, Iberê Camargo, Paulo Peres e Danúbio Gonçalves (de quem foi aluno) e passou a desenvolver seus trabalhos, envolvendo-se com esculturas, litografias, serigrafias e pinturas em tela. "Como falar de uma amizade tão especial e de tanto tempo sem agradecer nosso encontro nesta vida?", destaca Anete Abarno, artista plástica, ex-coordenadora de Artes da SMC e viúva de Paulo Peres. "Nos conhecemos desde quando o Atelier Livre da Prefeitura era na rua Lobo da Costa, e nossa amizade se mantem até hoje, cheia de afeto. O Britto Velho é um excelente contador de histórias e um bom dançarino. Sempre é ótimo encontrá-lo".
Já distante do Atelier Livre, no início dos anos 1970, Britto Velho considerava-se pronto. Fez sua primeira exposição em 1971, na Galeria Pancetti, em Porto Alegre, mostrando desenhos em bico de pena, aquarelas e óleos sobre tela. Teve boa receptividade da crítica e do público, inclusive superando suas expectativas. Não parou mais. Passou temporadas em Paris - "Fiquei seis meses sem pintar, tamanho foi meu impacto diante de tudo aquilo" - frequentou museus, estudou na Gráfica Desjobert, interagiu com outros artistas e nunca mais deixou de expor - em mais de cinco décadas de carreira, já são mais de 50 exposições individuais e tantas outras dezenas de mostras coletivas. 

Frame do documentário 'Britto Velho, o pintor das cores impossíveis', de Gilberto Perin e Emerson Souza

Frame do documentário 'Britto Velho, o pintor das cores impossíveis', de Gilberto Perin e Emerson Souza


GILBERTO PERIN E EMERSON SOUZA/DIVULGAÇÃO/JC
A vida no exterior o aproximou do Brasil. "Quando vivi em Paris, foi que comecei a descobrir o Brasil, a América Latina e seus problemas. Em Paris, fiz minhas pinturas mais sombrias, a série Reflexões e Variações sobre a América Latina com figuras de vendas nos olhos e microfones, que usei como forma de denúncia da ditadura da época". Essa visão artística é ressaltada por Vieira da Cunha. "Admiro a maneira clara que ele fala do trabalho, com uma pegada autobiográfica, e as suas histórias do pai, psicanalista, assim como o tempo em que estudou em Buenos Aires. É um artista corajoso, que soube fazer uma crítica irônica ao regime militar, com as figuras sinistras dos generais. Sua paleta era mais escura à época, e depois foi ganhando leveza e apuro técnico".

De volta ao Brasil, em 1976, Britto Velho se estabelece novamente em Porto Alegre, passando a lecionar pintura no Ateliê Livre da Prefeitura, entre 1978 e 1981. "Passei de aluno a mestre. Eu, que nunca tive uma base acadêmica, virei professor. Mas sempre fui um autodidata atento aos livros e ao que era apresentado em museus e galerias". De novo Vieira da Cunha analisa a trajetória de Britto Velho: "Com uma longa atuação no cenário artístico do Estado e do País, ele nunca deixou se deslumbrar, mesmo nos anos que morou em São Paulo. Retornando à Porto Alegre, soube compartilhar seu conhecimento com uma geração de alunos que passaram pelo seu ateliê". Anete segue a análise: “O Britto Velho tem uma produção artística intensa e da maior relevância para as artes. Como observador atento da humanidade, ele e sua obra propõem sempre uma reflexão filosófica”.

Em 1985, Britto Velho encarou uma nova mudança, agora para São Paulo. A temporada paulista rendeu prestígio, reportagens e entrevistas em jornais e revistas de circulação nacional, e dinheiro. "Até hoje um amigo não se conforma que eu tenha abandonado o mercado paulista, onde minhas obras podem valer até quatro ou cinco vezes mais", compara Britto Velho, declarando-se satisfeito com a cotação atual que obtém. E pergunta: "Por que valer mais? Para deixar de morar em Porto Alegre?" Ele mesmo responde: "Não quero. Prefiro morar aqui e continuar sendo independente".

Pelos olhos de Zuneide

Zuneide e Britto Velho em abertura de mostra na Gravura Galeria, em 2018

Zuneide e Britto Velho em abertura de mostra na Gravura Galeria, em 2018


/LISA ROOS/DIVULGAÇÃO/JC
Zuneide é uma presença constante na vida de Britto Velho há quase meio século. Casados desde março de 1975, os dois já viveram em São Paulo e em Porto Alegre. Ela, que em outras épocas já trabalhou em agências de publicidade, há anos se dedica ao marido: cuida de seus compromissos, agenda as entrevistas, organiza as aulas, negocia obras de arte e - o mais importante - opina muito sobre os trabalhos produzidos.
O casal não tem filhos, mora há mais de três décadas no mesmo apartamento, gostam de receber amigos em casa e de eventuais saídas para visitar amigos ou ir a restaurantes. Aí reside uma das poucas divergências entre os dois. Ele gosta de chope, ela de vinho. Outra divergência é sair de Porto Alegre. Ela gosta de viajar, ele não. Como nenhum dos dois dirige, a opção dele fica mais fácil de prevalecer.
Inspiradora e crítica, Zuneide avalia tudo o que o marido faz. "Respeito mais a opinião dela do que a minha própria", explica Britto Velho. "Se ela não me diz o que está pensando, eu nem sigo em frente".
 

"A partir de mim, eu falo do meu mundo"

O artista Britto Velho, em seu atelier: "Quem ganha dinheiro é quem investe, nunca o artista"

O artista Britto Velho, em seu atelier: "Quem ganha dinheiro é quem investe, nunca o artista"


LUIZA PRADO/JC/LUIZA PRADO/JC
Britto Velho responde a um questionário sobre suas predileções no mundo artístico
Qual o trabalho de sua autoria que você considera inesquecível?
"Não tenho. Como tenho sempre a obsessão de renovar, muitas vezes quando concluo, acho ruim. Então acredito que o melhor trabalho será o próximo".
Qual o trabalho de outro artista que você considera inesquecível?
"Guernica, de Pablo Picasso. Vi ao vivo. E a loucura contida ali é impressionante".
Qual o trabalho que mais te perturbou?
"As obras de Francis Bacon. Me ajudaram a ver um pintor que pegava o ser humano e o modificava. Tudo isso por uma ótica cheia de morbidez. Eu era jovem e aquilo me marcou".
Qual o trabalho que você gostaria de ter em casa?
"Qualquer um do Matisse em azul. E olha que eu sou colorado".
Qual o maior artista brasileiro?
"Xico Stockinger. Um grande escultor, com imensa sensibilidade. Alguém que exaltava a vida".
Qual o artista mais superestimado?
"Volpi. Foi um grande artista, mas não era o gênio que muitos falam".
E o mais subestimado?
"Durante muito tempo foi a Magliani. Mas agora ela vem sendo bastante lembrada e valorizada. Merecidamente".
Qual o melhor livro sobre um artista?
"Conversas Com Francis Bacon, de Frank Maubert".
Qual o melhor filme sobre um artista?
"Com Amor, Van Gogh, de Dorota Kobiela e Hugh Welchman. Ver aquelas imagens em movimento é impressionante".
Qual deve ser o maior mérito de um artista plástico?
"Falar do seu momento a partir de si mesmo. A partir de mim, eu falo do meu mundo".
O que um artista plástico deve evitar?
"Os modismos. E a preocupação excessiva com o mercado de arte. Quem ganha dinheiro é quem investe, nunca o artista".
Qual foi o último artista que te surpreendeu?
"Não foi nenhum artista novo. Foi Guignard. Um pintor avesso aos modismos e que cada vez quero conhecer mais".
Qual tua maior inspiração?
"A Zuneide, claro".
 

Algumas exposições individuais de Britto Velho

Artista reside e trabalha no mesmo apartamento há mais de três décadas

Artista reside e trabalha no mesmo apartamento há mais de três décadas


LUIZA PRADO/JC/LUIZA PRADO/JC
1971 - Porto Alegre, na Galeria Pancetti
1972 - Porto Alegre, na Galeria Pancetti
1973 - Buenos Aires, na Galeria Van Riel
- Porto Alegre, na Galeria Gerdau
- São Paulo, na Galeria Itália
1976 - Porto Alegre, na Galeria Eucatexpo
1978 - Porto Alegre, na Galeria Centro Comercial
1980 - Porto Alegre, na Galeria Independência
- Rio de Janeiro, na Galeria Macunaíma
1982 - Porto Alegre, no Kraft Escritório de Arte
1984 - Porto Alegre, na Galeria Teatro Mágico
1985 - Porto Alegre - Carlos Carrion de Britto Velho: Pintura e Gravura, no Cambona Centro de Arte
- São Paulo, na Tema Arte Contemporânea
1987 - São Paulo, na Tema Arte Contemporânea
1988 - São Paulo, Carlos Carrion de Britto Velho: Pinturas, no Paço das Artes
1991 - Porto Alegre, O Realismo Mágico de Britto Velho, na Bolsa de Arte
- Porto Alegre, O Realismo Mágico de Britto Velho, no Espaço Cultural BFB
1991 - São Paulo, O Realismo Mágico de Britto Velho, no Masp
1992 - Porto Alegre, Projeto Obra em Evidência, no Museu de Arte Contemporânea
- Rio de Janeiro, O Realismo Mágico de Britto Velho, no MNBA
1993 - Porto Alegre, Projeto Presença, no Margs
1994 - Porto Alegre, Britto Velho: pinturas, na Bolsa de Arte
- Porto Alegre - Britto Velho: pinturas, no Margs
- São Paulo, - Britto Velho: pinturas, na Mônica Filgueiras Galeria de Arte
- São Paulo, - Britto Velho: pinturas, no MAM/SP
1996 - Porto Alegre, no Cézar Prestes Arte
1997 - Passo Fundo, no Museu de Artes Visuais Ruth Schneider
- São Paulo SP, no Silvio Nery Fonseca Escritório de Arte
1998 - Porto Alegre, na Galeria Gestual
1999 - Joinville, Pinturas, na Galeria Victor Kuancew - Casa da Cultura de Joinville
- São Paulo, no Mube
 
 
* Márcio Pinheiro é jornalista e escreveu os livros Esse Tal de Borghettinho e Rato de Redação - Sig e a História do Pasquim.