Anselmo Dutra

Conheça mais sobre Anselmo Dutra, o idealizador da Maniò

Natural da pequena cidade paulista de São João da Boa Vista, desde jovem Anselmo Dutra foi fascinado por desenhos em estilos tribais. Apesar de gostar de reproduzir esses padrões gráficos em desenhos e ter até mesmo feito sua primeira tatuagem com um desenho tribal, ele não sabia exatamente o que eles significavam e sentia falta deste entendimento.

Por obra do destino, outra grande paixão de Anselmo sempre foi viajar e conhecer novos lugares e destinos. Algum tempo depois, portanto, ele decidiu conhecer o mundo e passou a morar na Europa. De lá realizou muitas viagens e, motivado por seu interesse por culturas ancestrais, visitou e realizou intercâmbios culturais com muitas delas durante essas viagens, como os povos indígenas asiáticos Konyak e Apatani.

Após viajar e passar algum tempo junto desses povos, Anselmo teve seu primeiro aprendizado sobre os padrões gráficos e pinturas corporais que ele tanto admirava. E muito mais do que isso, ali ele realizou seu primeiro contato direto com culturas ancestrais, algo que viria a ser muito recorrente em sua vida.

Anselmo Dutra, idealizar da Maniò

No ano de 2018, Anselmo volta a morar no Brasil e, motivado por suas experiências em outros continentes, decidiu conhecer também as culturas ancestrais locais. Neste mesmo ano, ele conheceu alguns indígenas do povo Waurá no parque do Xingu. Ali nasceu não apenas uma amizade, mas Anselmo já começava a ajudá-los a vender sua arte, criando um pequeno esboço do que mais tarde se tornaria a Maniò.

A partir daí Anselmo passou a se entender não apenas como um admirador das culturas ancestrais, mas como um elo entre esses povos e as cidades urbanizadas. Daí para frente ele passou a criar relações cada vez mais estreitas e mais plurais com diversos povos originários, criando não apenas uma conexão comercial de compra e venda de artigos de arte, mas uma relação de amizade e cumplicidade, na qual Anselmo sempre procura manter um contato pessoal e constante com os povos indígenas.

Foi então que na prática surgiu a Maniò, muito mais do que uma loja, mas uma ponte entre as culturas ancestrais e o mundo urbanizado. Cada vez mais Anselmo foi se aproximando de diversos povos e quanto mais entendia sua cultura e sua luta, mais ele passava a se interessar por suas causas, já que muitos deles vivem em uma condição social muito vulnerável no Brasil.

Com esse aprofundamento cultural e engajamento social pelas causas indígenas, Anselmo cada vez mais enxergava a importância e o potencial de mudança que uma loja de artesanato indígena online como a Maniò poderia ter na vida dessas pessoas e também na dele próprio. Após muito contato e aprendizado, em uma visita à Aldeia Manoel Alves, do povo Krahô, Anselmo foi extremamente bem recebido e foi convidado pelos nativos a passar pelo seu ritual de batismo, em simbologia à relação próxima que eles haviam criado. Anselmo aceitou com honra a essa proposta e criou um elo ainda mais próximo com esse povo, tendo recebido o nome de Kapran, que significa jabuti, e passando a ser tratado como um parente.

A partir desse momento, ele passa também a comprar arte das mulheres Krahô, que têm um trabalho lindo com materiais como fibras naturais e sementes. Esta troca é muito mais do que comercial, mas um símbolo de ligação entre diferentes povos.

Após algum tempo, cada vez mais próximo dos povos de diversas culturas, Anselmo foi convidado por uma das lideranças do povo Kaiabi a participar de uma oficina de tecelagem na aldeia Samauma, no Parque do Xingu. Durante a estadia na aldeia Anselmo soube que uma das preocupações das lideranças Kaiabi era de resgatar a cultura de tatuagens de seu povo. Assim, ele fez a ponte entre esse povo e tatuadores profissionais para a troca de conhecimentos, ajudando a ressuscitar esta cultura que estava se perdendo na aldeia.

Anselmo passou por experiências em muitas aldeias, como a do povo Tapirapé, que sofreu muito tanto com a construção de rodovias como com ataques de outros povos. Ali ele viu na prática um trabalho de resgate cultural e de luta contra o extermínio de um povo.

Após isso, ele ainda teve contato próximo com a Aldeia Escalvado, do povo Kanela. Ali ele também criou amizades, laços e foi convidado a se batizar, recebendo uma família e o nome de Krãxe. Seguindo por este caminho, Anselmo tem com os povos indígenas muito mais do que uma relação comercial, mas é, em algumas aldeias, inclusive chamado de irmão, primo, neto, sobrinho… o que ele recebe com muito carinho e honra.

A partir dessas experiências e trocas, surgiu a Maniò como você conhece hoje, se posicionando como mais do que uma loja, mas um elo direto entre a verdadeira cultura indígena e você, trazendo artigos que carregam não apenas muita beleza, mas uma grande carga histórica e cultural para sua casa.

Veja algumas fotos de Anselmo Dutra, idealizador da Maniò, em suas vivências nas comunidades indígenas