Carnaval no Brasil: conheça 4 formas de comemorar a festa

Do frevo ao axé music, passando pela apresentação suntuosa das escolas de samba e pela democrática festa dos blocos de rua: no carnaval brasileiro, não faltam opções e formas de comemorar a data.

Por Redação National Geographic Brasil
Publicado 8 de fev. de 2024, 14:19 BRT
Detalhe de uma ala da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, campeã de 2023 do grupo especial ...

Detalhe de uma ala da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, campeã de 2023 do grupo especial do desfile de carnaval do Rio de Janeiro.

Foto de Fernando Frazão Agência Brasil

carnaval está presente em diversos lugares do mundo, já que é uma festa com origem muito antiga, que remonta aos costumes católicos do antigo Império Romano e que se difundiu em vários continentes, como explica a Encyclopedia Britannica (plataforma de conhecimento e ensino alocada no Reino Unido). 

A festa existe em cidades como Veneza, na Itália; Nice, na França, e Barranquilla, na Colômbia, que também tem uma celebração bastante miscigenada culturalmente. No Brasil, por sua vez, o carnaval se tornou parte da identidade cultural do país, sendo uma das datas mais importantes e aguardadas pelas pessoas. 

Além de ser uma enorme festa popular, o carnaval brasileiro move economicamente milhões de reais. Afinal, o país recebe turistas de várias partes do mundo, tanto que em 2024, por exemplo, cerca  de 200 mil turistas estrangeiros devem chegar ao país, movimentando 900 milhões de reais, segundo a estimativa da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur). 

Só que como o Brasil tem dimensões continentais, os "tipos" de folia são variados e é possível comemorar o carnaval de diferentes formas. Tem quem queira dançar ao som de frevo pelas ladeiras de Olinda, em Pernambuco, os que preferem os batuques de tamborins e surdos das escolas de samba, a turma do axé baiano e até quem prefira dançar os mais variados ritmos nos blocos de rua por todo o país.

Conheça quatro formas de comemorar o carnaval no Brasil, prepare a sua fantasia e celebre a maior festa do mundo da maneira que mais combina com você.

Frevo e maracatu são o som do carnaval em Pernambuco

Fantasia de um personagem típico do maracatu, o caboclo de lança - desfilando pelas ruas de Olinda (Pernambuco) no carnaval de 2018.

Foto de Arquimedes Santos Prefeitura de Olinda

carnaval pernambucano é ímpar pelas manifestações típicas da cultura popular local, como o frevoo maracatu e os inconfundíveis bonecos gigantes. A festa abraça tradições de origem lusitana, mas redimensionadas pela influência das culturas africanaindígena, a partir de seus ritmos, danças e valores estéticos, como afirma o site  da Agência Senado, do governo federal.

O frevo é um elemento essencial do carnaval de Pernambuco e quem vai curtir a festa por lá, vai admirar as cores das roupas dos dançarinos, a música e a dança frenética pelas ruas das cidades de Recife e Olinda. As origens musicais do frevo remontam a meados do século 19, como explica o site Educação Pública, do governo do estado do Rio de Janeiro. 

Já a origem do maracatu, segundo o mesmo site educacional, remonta às coroações dos reis do Congo e de Angola, e são citadas em documentos do século 18, em especial, nas festas religiosas católicas de Nossa Senhora dos Prazeres e Nossa Senhora do Rosário de Santo Antônio no estado. Em meados de 1850, já se usava o termo maracatu” para designar reuniões musicais de negros ainda escravizados. Os cortejos de música e dança se faziam presente no carnaval, inclusive com a boneca Calunga – um dos elementos sagrados do maracatu. 

Quem for a Pernambuco curtir o carnaval poderá aproveitar a festa com muitos shows e blocos com frevo e maracatu, ainda que haja espaço para outros ritmos carnavalescos. E é no estado nordestino que sai o maior bloco de carnaval do mundo, reconhecido pelo “Guinness Book”, o livro dos recordes.

É o bloco Galo da Madrugada, que teve somente 75 pessoas em seu primeiro desfile em 1978, como informa seu site oficial; e hoje arrasta milhares de pessoas atrás do enorme boneco em forma de galo. Em suas últimas apresentações, chegou a ter 2,3 milhão de pessoas atrás do bloco, como informa seu site oficial. 

O carnaval em Salvador valoriza os ritmos locais, como o axé music e o pagode baiano

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    Um dos blocos mais tradicionais do carnaval de Salvador (Bahia), o Afoxé Filhos de Gandhy desfilando pelas ruas do centro da cidade em 2017.

    Foto de Sayonara Moreno Agência Brasil

    O carnaval da Bahia tem em sua capital, Salvador, o centro festivo. A ligação da cidade com suas raízes africanas é latente em todas as suas representações culturais e na música não é diferente. Desde a origem do samba, como já explicado na National Geographic, até o surgimento do afoxé e seus ritmos subsequentes, há muita manifestação musical típica do estado. 

    Um dos exemplos mais característicos são os afoxéscortejos de manifestação afro-brasileira ligados à religiosidade do candomblé, com roupas e músicas contendo elementos da cultura iorubá (como define um artigo sobre o tema publicado pela Escola Paulo Freire, entidade de educação oficial da prefeitura do Rio de Janeiro). 

    Entre os vários grupos de afoxé presentes até hoje no carnaval da Bahia, o bloco do Afoxé Filhos de Gandhy (fundado em 1949) é o maior e mais famoso. Em 2024, o Filhos de Gandhy completa 75 anos de existência com uma homenagem ao cantor e compositor Caetano Veloso, com o tema “Beleza Pura”, como conta sua página oficial nas redes sociais.

    Outro ritmo que é a cara do carnaval de Salvador é o axé music, uma grande reunião musical, como explica um artigo da Agência Brasil. Nele, o professor e reitor da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Paulo Miguez, que é também um especialista em carnaval, avalia que a mistura de gêneros da axé music é positiva. “O axé é composto por diversas formas, é a reunião da música dos blocos afro, do trio elétrico e do afoxé. Ele  representa um sinal de vitalidade do carnaval”, explica. Já o pagode baiano é “filho” do samba do recôncavo baiano, mas incorpora ritmos eletrônicos e até funk, sendo bem sincopado e mais rápido que o pagode melódico do Rio de Janeiro e de São Paulo. 

    Em Salvador, o carnaval acontece em dois circuitos principais: o Barra/Ondina e o Campo Grande, com uma infinidade de desfiles de trios elétricos e blocos em que as pessoas podem seguir dançando nas ruas ao som de shows (alguns pagos e outros gratuitos), ou aproveitando o cortejo de algum camarote de frente para o trajeto. 

    Escolas de samba: cores e ritmos nos desfiles vistos em São Paulo e Rio de Janeiro

    Imagem do sambódromo da Marquês de Sapucaí lotado para assistir ao desfile da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, ganhadora do grupo especial do carnaval 2023 no Rio de Janeiro.

    Foto de Fernando Frazão Agência Brasil

    Cores, brilhos, fantasias luxuosascarros alegóricos exuberantes se tornaram quase um símbolo do carnaval do Brasil para o mundo. Só que tudo isso representa apenas uma faceta da festa no país. Com desfiles transmitidos ao vivo na televisão, os desfiles de escola de samba foram associados à festa e são parte importante de como celebrar o carnaval no país. 

    Os desfiles das escolas de samba têm sua origem nos antigos “ranchos carnavalescos” do final do século 19, no Rio de Janeiro, como explica um artigo da Agência Brasil. Em 1909 é realizado o primeiro concurso de desfile de ranchos. Na competição, já era obrigatório o desenvolvimento de um tema com abre-alascomissão de frentealegoriasmestre-sala e porta-estandarte, e orquestra, além  de coreografias rígidas – bem semelhante ao que se exige até hoje.

    Dos anos 1930, quando tiveram os primeiros desfiles oficiais no Brasil, até hoje, as escolas de samba evoluíram e se expandiram, sendo que várias cidades brasileiras contam com agremiações. Os maiores e mais imponentes desfiles no carnaval acontecem no Rio de Janeiro e em São Paulo, as cidades que concentram grandes escolas de samba as quais se apresentam anualmente. 

    Os fãs do carnaval das escolas de samba podem curtir a festa desfilando (é preciso participar de alguma agremiação) ou assistindo ao vivo, seja presencialmente nos sambódromos, ou pela TV. O Rio de Janeiro conta com mais de 70 escolas de samba no total, sendo que as 12 escolas do grupo especial (que é o principal) desfilam sempre aos domingos e segundas de carnaval, de acordo com dados do site Carnaval.rio, da prefeitura da cidade. 

    Na capital carioca os desfiles acontecem na Marquês de Sapucaí – uma avenida exclusiva projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, um ícone do modernismo e responsável pelo projeto da cidade de Brasília. A Sapucaí foi inaugurada em 1984 e, desde então, se tornou o espaço oficial dos desfiles do Rio, tirando-os das ruas do centro da cidade

    Já São Paulo atualmente conta com 33 agremiações, sendo 14 escolas no grupo especial – que desfilam tradicionalmente às sextas e sábados de carnaval, conforme explica o site oficial da Liga das Escolas de Samba de São Paulo. As apresentações na capital paulista também aconteciam inicialmente em avenidas do centro da cidade (como a São João e Tiradentes), mas em 1991 o Sambódromo do Anhembi foi inaugurado também com um projeto assinado por Oscar Niemeyer. Aos poucos, o local foi ampliado e hoje pode receber mais de 30 mil pessoas para assistir aos desfiles de carnaval. 

    Outras grandes cidades brasileiras também contam com desfiles de escolas de samba, como Brasília (no Distrito Federal), Porto Alegre (no Rio Grande do Sul), Vitória (no Espírito Santo), Belo Horizonte (em Minas Gerais). 

    Blocos de rua: a  celebração mais democrática do carnaval está por todo o Brasil

    A animação dos músicos do bloco Céu da Terra pelas ruas lotadas de foliões no Rio de Janeiro no pré-Carnaval de 2024.

    Foto de Tomaz Silva Agência Brasil

    Desde o início do século 20, com os surgimento dos primeiros blocos de rua no carnaval brasileiro, como conta o artigo da National GeographicCarnaval: qual a origem dos blocos de rua?, até os dias de hoje, o carnaval democrático dos blocos ganha as ruas de milhares cidades do país

    Os ritmos musicais nos blocos são os mais variados. É possível acompanhar um bloco que toque só marchinhas tradicionais de carnaval, outro de música baiana, de forró, de MPB (música popular brasileira) e até de rock

    Rio de Janeiro conta com o desfile de mais de 400 blocos de rua e é berço de um dos primeiros blocos de rua – o qual desfila até hoje. Trata-se do Cordão do Bola Preta, fundado em 1918. São Paulo, por sua vez, também viu seu carnaval de rua crescer nos últimos dez anos e recebe cerca de 350 blocos que atraem foliões do Brasil e do Exterior, segundo dados das respectivas prefeituras das duas cidades.

    Cidades como Fortaleza (no Ceará), Belo HorizonteOuro Preto e outras cidades do circuito histórico de Minas Gerais, além de Porto Alegre (no Rio Grande do Sul), Florianópolis (em Santa Catarina), Brasília (no Distrito Federal) possuem também seus blocos de rua durante os dias de carnaval – para a alegria dos foliões que gostam de brincar a data gratuitamente.

    Outra maneira de comemorar o carnaval é participar dos tradicionais bailes e festas realizados em clubes e casas de eventos. Esse tipo de celebração era muito comum em outras décadas, mas segue existindo e atraindo quem quer comemorar à noite, longe do calorão das ruas e avenidas.

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