Ehon
a arte de narrar com imagens
Livro
ilustrado é tido como expressão artística
composta por muitas linguagens, dentre elas, a do cinema
(Por:
Lúcia Hiratsuka | Ilustrações: Lúcia
Hiratsuka*)
Uma
das ilustrações do livro Festa no
céu, festa no mar, de Lúcia, com previsão
de lançamento para o início deste
ano
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Antigamente,
eram os emakis, os rolos que traziam narrativas constituídas
essencialmente de pinturas em perfeita harmonia com as
palavras.
No
início da Era Edo (16031867), já existiam
os livros. E, pelo domínio da impressão
em gravuras de madeira, alcançavam uma grande quantidade,
aproximando-se também das crianças, apesar
de ainda não serem produzidos visando a esse público.
No começo da Era Meiji (18681912), podiam
ser encontradas até traduções de
contos populares do Japão, em gravuras coloridas,
para os estrangeiros. Com o desenvolvimento da produção
gráfica, surgiam muitas revistas voltadas especialmente
para crianças. Elas traziam conteúdos lúdicos,
poéticos, textos de alta qualidade literária,
ricamente ilustrados, que influenciaram muito os ehons
dos dias de hoje.
Expansão
do mercado
Aos poucos, o Japão foi conhecendo também
os picture books vindos do Ocidente e incorporou muitos
dos conceitos de fora. E o mercado editorial, depois do
final da Segunda Guerra, expandiu-se cada vez mais e vários
autores japoneses foram reconhecidos internacionalmente.
Dentre eles, podemos citar: Suekichi Akaba, Chihiro Iwasaki,
Mitsumasa Anno, Shinta Cho, entre outros.
Capa
do livro de Lúcia dedicado aos contos populares
do arquipélago
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Os
grandes artistas de ehons chamam atenção
para a qualidade do desenho. Warwick Hutton, autor inglês,
diz que, para se obter uma boa imagem, é preciso
um bom desenho de observação. Segundo ele,
muitos dos livros ilustrados tentam vender pelas cores
e efeitos. E isso é subestimar uma criança.
Características
Dentro de um ehon, a ilustração não
é uma imagem isolada, ela dialoga com as palavras
(lembrando sempre que é preciso ter um bom roteiro,
um bom texto) e dialoga com as outras imagens que se seguem.
A fluência da narrativa, o ritmo, ou seja, a montagem
do todo torna-se essencial. E Hutton fala sobre esse aspecto.
Ao virar a página, deve haver um movimento de uma
imagem para a outra. É preciso definir como essas
imagens acontecem em seqüência, criando planos
próximos, médios, distantes, dando movimento
como em um filme.
Além
do cinema, outras linguagens compõem um livro ilustrado.
Alguns utilizam os recortes de cenas dos quadrinhos, outros
destacam a expressão corporal do teatro, ou o decorativo
das estamparias.
Então,
podemos afirmar que um ehon é uma expressão
artística que tem como suporte o objeto livro.
No
Brasil, o histórico de livros ilustrados ainda
é algo recente, mas temos obras de alta qualidade,
livros lúdicos e poéticos, que ajudam a
expandir a imaginação natural das crianças.
E encantam também os adultos.
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