Quadrinhos

Saga de Asterix e Obelix rendeu filmes e animações disponíveis em aplicativos

Os irredutíveis gauleses foram criados na década de 50 por René Goscinny e Albert Uderzo, que morreu nesta terça (24) aos 92 anos

Por Raphael Vidigal
Publicado em 24 de março de 2020 | 19:30
 
 
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Albert Uderzo já havia passado o bastão para Jean-Yves Ferri e Didier Conrad quando a publicação "Asterix e a Transitalica" trouxe, em 2017, uma personagem chamada Coronavírus. O que na época passou em brancas nuves agora, em 2020, diante de uma pandemia, ganhou notoriedade.

Uderzo morreu nesta terça (24), aos 92 anos, por complicações cardíacas que não tiveram relação com o vírus que assola o mundo. Em 1977, ele perdeu prematuramente o parceiro René Goscinny, vítima de um infarto fulminante aos 51 anos. Era o auge do sucesso da saga que a dupla francesa criara no final da década de 50, quando Asterix apareceu pela primeira vez na revista Pilote. 

As tirinhas logo ganharam o mundo e também outras plataformas. Traduzidas para mais de 100 idiomas, foram adaptadas para o cinema e a televisão em forma de filmes e animações. Algumas dessas películas podem ser vistas pelo aplicativo Now, por assinantes dos canais de TV fechada da Net e da Claro. 

A mais recente, "Asterix e o Segredo da Poção Mágica", de 2018, tem Gregório Duvivier, conhecido sobretudo por seu trabalho na Porta dos Fundos, como o dublador de Asterix. O desenho aproveita os novos tempos para rever a condição das mulheres na trama e dá um belo exemplo de feminismo bem-humorado. 

Essa, aliás, sempre foi uma marca dos quadrinhos de Asterix: a crítica aos costumes, a partir de um conteúdo histórico. Em "Os 12 Trabalhos de Asterix", que transgride a tarefa mitológica de Hércules, há uma impagável sequência em que Asterix e Obelix precisam vencer as burocracias do serviço público, prova de que é assim em todo lugar. Ao fim, os irredutíveis gauleses vencem a força da tranca burocrática pela inteligência.

O que tornou Asterix um fenômeno mundial foi a universalidade de sua abordagem. Pois, embora na superfície conte a história de uma pequena aldeia que resiste ao poderoso invasor, neste caso, o Império Romano, a resistência é um valor conhecido por todos, ainda mais neste mundo em que, numa questão, parece imutável: a opressão sistemática dos grandes sobre os pequenos, o que mantém uma imensa desigualdade social. 

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