Fliti

Rui de Oliveira delineia fábulas e tradições em coletânea

Convidado da Feira de Literatura de Tiradentes, artista carioca apresentou 'Contos de Fadas e Histórias Clássicas' no evento

Por Fabiano Fonseca
Publicado em 18 de outubro de 2021 | 13:16
 
 
 
normal

"Existem certos momentos da história da arte que, apesar de estarem situados em determinados períodos, como no século XIX com o romantismo e o neoclassicismo, são eternos".

É sob este ponto de partida que o ilustrador Rui de Oliveira apresenta "Contos de Fadas e Histórias Clássicas", obra que reúne ilustrações do artista carioca produzidas ao longo dos anos, lançada no último domingo na programação da segunda edição da Feira Literária de Tiradentes - Fliti.

Em uma bela edição desenvolvida pela Oficina Raquel - editora que marcou presença na Fliti -, Rui brinda o leitor com delicadeza a eternidade da literatura que atravessa gerações. "A minha opção pelos clássicos é porque são eternos. Obras e textos que atravessam o tempo cheio de significados", pontua o ilustrador.

Nesta parte do livro, Rui encena com seu traço as narrativas de "Romeu e Julieta", "Sonho de uma Noite de Verão" e "A Tempestade" - três peças de William Shakespeare; "Melusina, A Dama dos Mil Prodígios", obra de Ana Maria Machado; e "A Formosa Princesa Magalona", tradicional história do medievo conhecida desde o século XIV que amalgamaram o imaginário coletivo com suas narrativas de cavaleiros, princesas e castelos.
Já em "Contos de Fadas", o ilustrador delineia as páginas com as fábulas de "A Bela e a Fera", "Chapeuzinho Vermelho", "João e Maria", "A Bela Adormecida" e "O Barba Azul". 

"No caso dos contos de fadas, minha opção é porque se tratam de belas histórias e muito bem escritas. Você lê 'Chapeuzinho Vermelho' e percebe uma análise da alma feminina em apenas quatro páginas. São obras de arte", considera o artista, exaltando o rico conteúdo que permeiam os contos.

"Ilustrei 'A Bela e a Fera' e ninguém escreveu uma história de amor como esta. Não existe igual, pois é uma amálgama, uma síntese construída a partir de histórias ancestrais do homem. E esse passado torna o conto de fadas uma história irretocável", define.

Autor de mais de 140 obras e laureado quatro vezes com o prêmio Jabuti de ilustração, Rui de Oliveira pontua que os contos de fadas, ainda que marcados pelo passar dos séculos, são um gênero literário, portanto, suscetível a novas criações. 

"Um dos preceitos do conto de fadas é que ele surgiu do inconsciente do homem, de um sonho seu. Mas acredito que ele pode surgir de forma consciente, pois é um gênero da literatura. Assim como a ficção científica, os filmes de terros, ambos como gêneros literários, ele (conto de fadas) vale para os nossos dias pois o homem continua com medo do escuro. E uma das vantagens do gênero literário é que ele se renova por si próprio, histórica e socialmente. Assim, acho legítimo hoje em dia a pessoa escrever à maneira do conto de fadas", ensina Rui.

Professor aposentado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com a bagagem de diversas exposições pelo Brasil e no exterior, além de ter sido diretor de arte da TV Globo - foi dele a abertura para a primeira versão da novela "Sítio do Pica-Pau Amarelo" - e da TV Educativa (atual TV Brasil), Rui é convicto na continuidade da tradição e na possibilidade de renová-la. "Não é um paradoxo, é possível renovar a tradição" estimula o artista, para então definir: "Uma das funções da arte da ilustração é promover a memória feliz das pessoas". 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!