Buscar

livro historia do parana

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/280316715
História do Paraná: pré-história, colônia e império
Article · January 2011
CITATIONS
0
READS
1,591
1 author:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
A presença das populações Jê (Kaingang e Xokleng) na Capitania de São Paulo nos séculos XVIII e XIX View project
A EXPEDIÇÃO DE REINHARD MAACK EM 1933-1934 NO INTERIOR DO PARANÁ View project
Lúcio Tadeu Mota
Universidade Estadual de Maringá
88 PUBLICATIONS   222 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Lúcio Tadeu Mota on 20 June 2017.
The user has requested enhancement of the downloaded file.
https://www.researchgate.net/publication/280316715_Historia_do_Parana_pre-historia_colonia_e_imperio?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/publication/280316715_Historia_do_Parana_pre-historia_colonia_e_imperio?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/A-presenca-das-populacoes-Je-Kaingang-e-Xokleng-na-Capitania-de-Sao-Paulo-nos-seculos-XVIII-e-XIX?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/A-EXPEDICAO-DE-REINHARD-MAACK-EM-1933-1934-NO-INTERIOR-DO-PARANA?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Lucio_Mota4?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Lucio_Mota4?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Estadual_de_Maringa?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Lucio_Mota4?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Lucio_Mota4?enrichId=rgreq-cd1fa6dcd7082a06805fc0897a763fa1-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4MDMxNjcxNTtBUzo1MDczNjI0MzU5MjM5NjhAMTQ5Nzk3NjA0MDIzOA%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf
FORMAÇÃO D E P R O F E S S O R E S - E A D 
- - é 
1 
ZONA CO.LONISADA 
no 
ÉSTilUO «O PAllANÀ 
' oi»|ín«tíii/peloOn^enheiM 
i^^mrti^mdxv fornira ^wái 
Vmcssv.o G i o B O i . 
í 
História do Paraná: 
relações s o c i o c u l t u r a i s 
da pré-história à e c o n o m i a cafeeira^ 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À ECONOMIA CAFEEIRA
Maringá
2012
História do Paraná:
relações socioculturais 
da pré-história à economia cafeeira
EDITORA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
 
 Reitor: Prof. Dr. Júlio Santiago Prates Filho 
 Vice-Reitora: Profa. Dra. Neusa Altoé
 Diretor da Eduem: Prof. Dr. Alessandro de Lucca e Braccini 
 Editora-Chefe da Eduem: Profa. Dra. Terezinha Oliveira
 
CONSELHO EDITORIAL
 
 Presidente: Prof. Dr. Alessandro de Lucca e Braccini
	 Editores	Científicos:		 Prof.	Dr.	Adson	Cristiano	Bozzi	Ramatis	Lima	
 Profa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues
 Profa. Dra. Angela Mara de Barros Lar
 Profa. Dra. Analete Regina Schelbauer 
 Prof. Dr. Antonio Ozai da Silva
 Profa. Dra. Cecília Edna Mareze da Costa
 Prof. Dr. Clóves Cabreira Jobim
 Profa. Dra. Eliane Aparecida Sanches Tonolli 
 Prof. Dr. Eduardo Augusto Tomanik
 Prof. Dr. Eliezer Rodrigues de Souto
 Prof. Dr. Evaristo Atêncio Paredes
 Profa. Dra. Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso 
 Profa. Dra. Larissa Michelle Lara
 Prof. Dr. Luiz Roberto Evangelista 
 Profa. Dra.Luzia Marta Bellini
 Profa. Dra. Maria Cristina Gomes Machado 
 Prof. Dr. Oswaldo Curty da Motta Lima
 Prof. Dr. Raymundo de Lima
 Profa. Dra. Regina Lúcia Mesti 
 Prof. Dr. Reginaldo Benedito Dias
 Profa. Dra. Rozilda das Neves Alves
 Prof. Dr. Sezinando Luis Menezes
 Prof. Dr. Valdeni Soliani Franco
 Profa. Dra. Valéria Soares de Assis
 
EQUIPE TÉCNICA
 
 Fluxo Editorial: Edilson Damasio
 Edneire Franciscon Jacob 
 Mônica Tanati Hundzinski 
 Vania Cristina Scomparin 
 
	 Projeto	Gráfico	e	Design:		 Marcos	Kazuyoshi	Sassaka	
 
	 Artes	Gráficas:	 Luciano	Wilian	da	Silva
 Marcos Roberto Andreussi
 
 Marketing: Marcos Cipriano da Silva 
 
 Comercialização: Norberto Pereira da Silva
 Paulo Bento da Silva 
 Solange Marly Oshima
Maringá
2012
FORMAÇÃO DE PROFESSORES - EAD
Lúcio Tadeu Mota
60
História do Paraná:
relações socioculturais 
da pré-história à economia cafeeira
Coleção Formação de Professores - EAD
 Apoio técnico: Rosane Gomes Carpanese
 Luciana de Araújo Nascimento
 Normalização e catalogação: Ivani Baptista CRB - 9/331
 Revisão Gramatical: Annie Rose dos Santos
 Edição, Produção Editorial e Capa: Carlos Alexandre Venancio
 Eliane Arruda
 Izabela Carolina Pereira Vargas
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Endereço para correspondência:
Eduem - Editora da Universidade Estadual de Maringá
Av. Colombo, 5790 - Bloco 40 - Campus Universitário
87020-900 - Maringá - Paraná
Fone: (0xx44) 3011-4103 / Fax: (0xx44) 3011-1392
http://www.eduem.uem.br / eduem@uem.br
Copyright © 2012 para o autor
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo 
mecânico, eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, do autor. Todos os direitos 
reservados desta edição 2012 para Eduem.
Mota, Lúcio Tadeu Mota
 História do Paraná: relações sócio-culturais da pré-história a economia 
cafeeira / Lúcio Tadeu Mota. -- Maringá: Eduem, 2012.
 120p. (Coleção Formação de Professores - EAD; v. 60).
 
 ISBN 978-85-7628-494-9 
 1. História do Paraná – Estudo e ensino. 2. Economia cafeeira – Paraná – 
Estudo e ensino. 3. Paraná - História.
 CDD 21. ed. 981.6
M917h
5
Sobre o autor
Apresentação da coleção
Apresentação do livro
CAPÍTULO 1
A ocupação humana dos territórios do Paraná até a chegada 
das populações europeias em 1500
CAPÍTULO 2
O Paraná colonial:
da chegada dos primeiros europeus em 1500 até a 
emancipação da província em 1853
CAPÍTULO 3
O Paraná provincial 1853 – 1889
CAPÍTULO 4
O Paraná no século XX
Referências
> 7
> 9
> 11
> 15
> 35
> 61
> 87
> 112
umárioS
7
Lúcio Tadeu Mota
Graduado em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Po-
lítica de São Paulo (1980). Mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Univer-
sidade Católica de São Paulo (1992). Doutor em História pela Universidade 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998). Pós-doutor em Antropologia 
Social pelo Museu Nacional do Rio de Janeiro. Atualmente, é professor As-
sociado I da Universidade Estadual de Maringá. Tem experiência na área 
de Antropologia, com ênfase em Etno-história Indígena, atuando principal-
mente nos seguintes temas: fronteiras e populações, Etnohistória indígena, 
relações interculturais, índios Kaingang e história da bacia do Rio da Prata.
obre o autorS
9
A coleçãoFormação de Professores - EAD teve sua primeira edição publicada em 
2005, com 33 títulos financiados pela Secretaria de Educação a Distância (SEED) do 
Ministério da Educação (MEC) para que os livros pudessem ser utilizados como material 
didático nos cursos de licenciatura ofertados no âmbito do Programa de Formação de 
Professores (Pró-Licenciatura 1). A tiragem da primeira edição foi de 2500 exemplares.
A partir de 2008, demos início ao processo de organização e publicação da segunda 
edição da coleção, com o acréscimo de 12 novos títulos. A conclusão dos trabalhos 
deverá ocorrer somente no ano de 2012, tendo em vista que o financiamento para 
esta edição será liberado gradativamente, de acordo com o cronograma estabelecido 
pela Diretoria de Educação a Distância (DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal do Ensino Superior (CAPES), que é responsável pelo programa denominado 
Universidade Aberta do Brasil (UAB).
A princípio, serão impressos 695 exemplares de cada título, uma vez que os livros 
da nova coleção serão utilizados como material didático para os alunos matriculados 
no Curso de Pedagogia, Modalidade de Educação a Distância, ofertado pela Universi-
dade Estadual de Maringá, no âmbito do Sistema UAB.
Cada livro da coleção traz, em seu bojo, um objeto de reflexão que foi pensado 
para uma disciplina específica do curso, mas em nenhum deles seus organizadores 
e autores tiveram a pretensão de dar conta da totalidade das discussões teóricas e 
práticas construídas historicamente no que se referem aos conteúdos apresentados. O 
que buscamos, com cada um dos livros publicados, é abrir a possibilidade da leitura, 
da reflexão e do aprofundamento das questões pensadas como fundamentais para a 
formação do Pedagogo na atualidade.
Por isso mesmo, esta coleção somente poderia ser construída a partir do esforço co-
letivo de professores das mais diversas áreas e departamentos da Universidade Estadual 
de Maringá (UEM) e das instituições que têm se colocado como parceiras nesse processo.
Neste sentido, agradecemos sinceramente aos colegas da UEM e das demais ins-
tituições que organizaram livros e ou escreveram capítulos para os diversos livros 
desta coleção.
Agradecemos, ainda, à administração central da UEM, que por meio da atuação 
direta da Reitoria e de diversas Pró-Reitorias não mediu esforços para que os traba-
lhos pudessem ser desenvolvidos da melhor maneira possível. De modo bastante 
presentação da ColeçãoA
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
10
específico, destacamos o esforço da Reitoria para que os recursos para o financiamento 
desta coleção pudessem ser liberados em conformidade com os trâmites burocráticos 
e com os prazos exíguos estabelecidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da 
Educação (FNDE).
Internamente enfatizamos, ainda, o envolvimento direto dos professores do De-
partamento de Fundamentos da Educação (DFE), vinculado ao Centro de Ciências 
Humanas, Letras e Artes (CCH), que no decorrer dos últimos anos empreenderam 
esforços para que o curso de Pedagogia, na modalidade de educação a distância, pu-
desse ser criado oficialmente, o que exigiu um repensar do trabalho acadêmico e uma 
modificação significativa da sistemática das atividades docentes.
No tocante ao Ministério da Educação, ressaltamos o esforço empreendido pela 
Diretoria da Educação a Distância (DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de 
Pessoal do Ensino Superior (CAPES) e pela Secretaria de Educação de Educação a 
Distância (SEED/MEC), que em parceria com as Instituições de Ensino Superior (IES) 
conseguiram romper barreiras temporais e espaciais para que os convênios para a li-
beração dos recursos fossem assinados e encaminhados aos órgãos competentes para 
aprovação, tendo em vista a ação direta e eficiente de um número muito pequeno de 
pessoas que integram a Coordenação Geral de Supervisão e Fomento e a Coordenação 
Geral de Articulação.
Esperamos que a segunda edição da Coleção Formação de Professores - EAD possa 
contribuir para a formação dos alunos matriculados no curso de Pedagogia, bem como 
de outros cursos superiores a distância de todas as instituições públicas de ensino 
superior que integram e ou possam integrar em um futuro próximo o Sistema UAB.
Maria Luisa Furlan Costa
Organizadora da Coleção
11
A princípio, tudo representava um panorama selvático. O seio da terra virginal, 
recoberto de florestas seculares, abrigava tesouros inestimáveis de fecundação 
e fertilidade prontos para fornecer colheitas dadivosas (....). Havia, de primeiro, 
a terra protegida pela floresta imensa. E lentamente a floresta, a floresta tão 
exuberante e impenetrável cedia lugar àqueles homens intrépidos e valentes. 
Frases como essas acima, de diferentes autores, são comuns nos escritos sobre a 
história do Paraná. Construiu-se a ideologia de que esses territórios estavam vazios, 
desabitados e prontos a serem ocupados. Essa construção ocorreu dentro dos marcos 
da expansão capitalista que incorporou imensas áreas do norte, oeste e sudoeste do 
Estado no século XX ao seu sistema de produção. 
Os agentes dessa construção são muitos: desde a história oficial das companhias 
colonizadoras; os discursos governamentais; os escritos que fazem a apologia da colo-
nização; a geografia que trata da ocupação nas décadas de 30 a 50 do século XX; a his-
toriografia paranaense produzida nas universidades e, por fim, os livros didáticos que, 
se utilizando dessas fontes, repetem para milhares de estudantes do Estado a ideia de 
que os vastos territórios ocupados por sociedades indígenas do segundo e terceiro 
planaltos do Paraná constituíam um imenso “vazio demográfico” pronto a ser ocu-
pado por migrantes vindos de várias partes do Brasil e mesmo do exterior. Com isso, 
eliminam-se propositadamente da história regional as populações indígenas, caboclas 
e quilombolas que ali viviam e resistiram à conquista de suas terras e à destruição de 
seu modo de vida1. 
Observando essas populações enquanto sujeitos ativos da história, percebemos 
que os territórios localizados entre os rios Paranapanema, Paraná e Iguaçu foram ocu-
pados por populações caçadoras e coletoras desde há pelo menos nove mil anos antes 
do presente. E desde a chegada das populações europeias no novo continente iniciou-
se a guerra de conquista contra elas.
Essa guerra é entendida no sentido atribuído por Antônio Carlos de Souza Lima: 
um processo que requer uma organização militar conquistadora que age em nome 
1 Para maiores detalhes sobre esse assunto, ver MOTA, Lúcio Tadeu. As Guerras dos Índios Kain-
gang. Maringá, Eduem, 2009.
presentação do livroA
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
12
de um Deus, um Rei, uma Nação ou um Império; um povo de onde se origina o 
conquistador e que lhe dá uma identidade social e uma direção comum; e o butim, 
composto pelo povo conquistado com seus territórios e riquezas que passam a ser 
mercantilizadas. E conquista, quando parte do povo conquistador fixa nos territórios 
conquistados; faz a exploração sistematizada do butim e passa a veicular os elementos 
básicos da cultura invasora através de instituições concebidas para essa finalidade2.
A guerra de conquista iniciou-se nas primeiras décadas do século XVI com as expe-
dições portuguesas e espanholas que cruzaram o atual território do Paraná em busca 
de metais, escravos, e de uma rota rumo ao Império Inca no atual Peru. Acentuou-se 
no seiscentos com a implantação das Reduções Jesuíticas no Guairá, e logo depois 
com as bandeiras paulistas, que invadiram a região capturando índios e com as ati-
vidades mineradoras no litoral e primeiro planalto. Prosseguiu no século XVIII, com 
a instalação das fazendas de gado nos Campos Gerais, com a descoberta de ouro e 
diamantes no rio Tibagi e com as expedições militares que construíram fortificações e 
transitavampelo território rumo ao Mato Grosso. Recrudesceu no novecentos, com a 
ocupação dos campos de Guarapuava, de Palmas e do sudoeste da Província, das terras 
da bacia norte do rio Tibagi pelos grandes fazendeiros dos Campos Gerais paranaense 
na expansão de seus domínios. No século XX, a guerra de conquista continuou sob 
o manto da “colonização pacífica e harmoniosa”, levada adiante pelas companhias de 
terras que ocuparam, lotearam e venderam os antigos territórios indígenas com o aval 
institucional do Estado do Paraná. 
Dessa forma, a ocupação humana do Paraná apresenta, em uma primeira olhada, o 
aspecto das fronteiras. Mas não no sentido de ela constituir-se apenas em uma divisa 
entre os brancos e os indígenas, uma coluna móvel de colonização em território novo 
não colonizado, ou como um processo de conquista envolvendo a subjugação de 
não-europeus por europeus. Mas sim conforme os recentes estudos de fronteira têm 
apontado: os espaços fronteiriços como locais de encontro de populações diferencia-
das e o lócus privilegiado dos fluxos e das trocas culturais. A fronteira vista como local 
não do isolamento e separação de culturas (cultura x cultura), mas de combinações 
inovadoras, de manejo e de somas culturais (cultura + cultura), como bem aponta 
Ulf Hannerz3. 
2 Cf. Antônio C. de Souza LIMA, Um grande cerco de paz: poder tutelar e indianidade no Brasil. 
Petrópolis, 1995. 
3 Cf. Ulf HANNERZ. Fronteiras. Revista de Antropologia Experimental, 1, 2001, p. 6. Para uma discus-
são mais completa sobre essa questão e outras relativas a fronteiras e fluxos culturais, ver: Fluxos, fron-
teiras, híbridos: palavras chaves da antropologia transnacional. Mana, n. 3, v. 1, p. 7-39, e Conexiones 
Transnacionais – Cultura, Gente Lugares. Ediciones Cátedra, 2001.
13
Assim, as numerosas “fronteiras” existentes no espaço denominado Paraná não se 
adéquam a esse ideal simplificador de ser apenas um divisor de culturas diferenciadas 
entre o “civilizado” e o “selvagem”, ou uma coluna móvel de colonização em território 
novo não colonizado. Mesmo porque estudos recentes em antropologia, história ou 
etno-história têm mostrado que as populações locais ofereciam resistência, as doenças 
impediam a penetração europeia, e a geografia limitava a intrusão estrangeira. Os co-
lonizadores europeus simplesmente não impuseram suas culturas em todas as partes 
do planeta, inúmeros foram os obstáculos, derrotas, e inúmeros foram os processos 
de negociação, alianças e acordos que resultaram em fluxos culturais, hibridismos e 
mestiçagens que compõem a história de grande parte das populações do continente 
americano e também do Paraná, estabelecendo aqui processos de relações intercultu-
rais ricos e complexos4, que pretendemos apresentar na sequência deste livro. 
4 Sobre a mestiçagem na América ver Bernand, Carmen y Serge Gruzinski. Historia del Nuevo Mun-
do. II - los mestizajes. 1550 – 1640. México: Fondo de Cultura Econômica, 1999. 
Apresentação do livro
15
A ocupação humana 
dos territórios do Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
INTRODUÇÃO
O debate sobre as questões relativas à humanização do continente americano tem 
sido intenso e rico. As disciplinas que tratam dessa temática, como a arqueologia, a 
história e outras apresentam pontos de concordância e muitos de discordância.
Hoje, é consenso aceitar a premissa de que o homem não é autóctone de nosso 
continente. Isto é, o homo sapiens-sapiens que ocupou as Américas teve suas origens 
no continente africano há mais ou menos uns cem mil anos antes do presente (AP), e 
em algum momento migrou para o continente americano.
O segundo ponto, ou a segunda pergunta muito usual nesse debate é: se o homem 
não surgiu na América, de onde ele veio? Grande parte dos pesquisadores é unânime 
em afirmar que a maioria das levas humanas que aqui chegou atravessou o estreito de 
Bering, no extremo norte do continente.
Figura 1 - Possível rota de migração do 
 Homo Sapiens Sapiens até o continente americano.
1
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
16
Figura 2 - Possíveis rotas de ocupação do continente americano.
Fonte: NEVES, W. A.; PILÒ, L. B. O povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos. 
São Paulo: Globo, 2008, p. 84. NEVES & L. B. PILÓ. O povo de Luzia. 2008, p. 84.
Mas existem muitos pesquisadores que afirmam que o continente também foi 
povoado por grupos humanos vindos das ilhas do Oceano Pacífico. Navegaram do 
oeste para o leste e desembarcaram na costa oeste da América. E ainda existe quem 
afirme que também recebemos migrações pelo extremo sul do continente, na Terra 
do Fogo, provenientes da Austrália e Nova Zelândia.
Figura 3 - Povoamento do Continente Americano.
Fonte: TIME LIFE LIVROS E ABRIL LIVROS. A Aurora da Humanidade. São Paulo, 1993.
A terceira pergunta, e talvez a mais polêmica, é a que questiona qual foi a época da 
chegada dos primeiros humanos no continente americano. Nesse ponto, há um debate 
17
intenso que está longe de terminar. Existem autores que afirmam que os primeiros ho-
mens chegaram à América há mais de 300 mil anos antes do presente (AP). Mas as data-
ções mais aceitas pela comunidade científica são aquelas que giram em torno de 12.000 
AP. A grande maioria dos pesquisadores aceita a presença do primeiro homem americano 
em torno de 11.000 a 12.000 AP, porque se situam nesse período as datações de partes de 
esqueletos humanos mais antigos encontrados no continente, como é o caso do crânio 
de uma mulher batizada de Luzia, encontrada em Minas Gerais, que data de 11.500 AP. 
As populações caçadoras coletoras pré-cerâmicas no Paraná: do final do 
Pleistoceno (11.000 anos AP) aos dias de hoje 
Os territórios hoje denominados Paraná vêm sendo continuamente habitados por 
diferentes populações humanas há cerca de pelo menos nove mil (9.000) anos antes do 
presente (AP). Entretanto, se considerarmos a cronologia dos territórios vizinhos que 
foram ocupados em épocas anteriores, é provável que ainda possam ser obtidas datas 
que poderão atestar a presença humana em períodos mais recuados.
As pesquisas arqueológicas têm mostrado que essa presença humana é muito antiga 
no Paraná. Em 1958, um grupo de arqueólogos do Departamento de Antropologia da 
Universidade Federal do Paraná foi comunicado acerca de achados arqueológicos nas 
margens do rio Ivaí, no extremo oeste do Estado, na localidade de Guaporema1. Quando 
fizeram as escavações, no sítio denominado José Vieira, ficou demonstrada a existência 
de dois povoamentos no local. O material lítico, colhido nos níveis mais profundos das 
escavações e submetido à datação, registrou uma idade entre o sétimo e o oitavo milênio 
antes de nossa era. Isso significa assentamentos humanos nas barrancas do rio Ivaí há 
quase sete mil anos AP. Os materiais líticos coletados nas camadas superiores da jazida 
datam de dois a três mil anos (AP), significando novos acampamentos em épocas pos-
teriores à primeira. Temos, portanto, em um mesmo local, acampamentos em épocas 
distantes, quatro a cinco milênios uma da outra, em que são verificadas grandes transfor-
mações no clima e na vegetação. Outras escavações foram realizadas às margens do rio 
Paraná e datadas em oito mil anos, assim como as escavações realizadas no centro-leste 
do Estado, na região de Vila Velha, também com oito mil anos.
Por todo o Paraná vamos encontrar vestígios desses antigos assentamentos humanos. 
O mais antigo deles, datado de 9.040 AP, foi encontrado por Claudia Parellada, arqueó-
loga do Museu Paranaense, no vale do rio Iguaçu. Essas evidências anteriores a 6.000 
1 Cf. LAMING, Anete; EMPERAIRE, Jose. A jazida Jose Vieira: um sítio Guarani e pré-cerâmico no interior 
do Paraná. Arqueologia, Curitiba, v. 1, 1969. Nesse trabalho, os autores também fazem observações 
em possíveis sítios arqueológicos na região de Apucarana.
A ocupação humana 
dos territóriosdo Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
18
AP também podem ser encontradas em outras partes do território paranaense, como 
podemos ver no quadro abaixo.
Quadro 1 - Sítios arqueológicos com mais de 6.000 anos Antes do Presente no Paraná
Fonte: PARELLADA, C. I. Revisão dos sítios arqueológicos com mais de seis mil anos BP no Paraná: discussões 
geoarqueológicas. Fumdhamentos, São Raimundo Nonato, n.7, p. 118-135, 2008.
Podemos afirmar que os territórios hoje denominados Paraná vêm sendo continua-
mente habitados por diferentes populações humanas há cerca de 9.000 AP de acordo 
com os vestígios materiais mais antigos encontrados pelos arqueólogos. Entretanto, se 
considerarmos a cronologia dos territórios vizinhos que foram ocupados em épocas 
anteriores, é provável que ainda possam ser obtidas datas que poderão atestar a pre-
sença humana em períodos mais recuados, podendo alcançar até 11 ou 12.000 mil AP.
As populações que viveram no Paraná entre 9.000 mil a 3.000 anos AP são chama-
das pela arqueologia de caçadores e coletores pré-cerâmicos. Elas foram substituídas 
pelas populações indígenas agricultoras e ceramistas – Kaingang, Xokleng, Guarani 
e Xetá – que chegaram na região por volta de 2.500 anos AP, e continuam a viver 
aqui até hoje2. 
A arqueologia classifica essas populações caçadoras coletoras em três tradições, 
conforme a Figura 4.
2 De aqui em diante, optamos por incorporar parte de um texto feito em parceria com Francisco Silva 
Noelli e publicado em outras obras, conjuntas ou separadas.
19
Figura 4 - Populações caçadoras coletoras pré-cerâmicas no Paraná. 
Os arqueólogos reuniram uma série de informações sobre essas populações. Aqui, 
apontamos sucintamente os dados que julgamos mais importantes de cada uma delas.
Tradição Humaitá
As populações que os arqueólogos convencionaram chamar de Tradição Humaitá 
aparentemente não deixaram descendentes historicamente conhecidos. Por enquan-
to, é sabido que ocuparam todos os estados do sul brasileiro e as regiões vizinhas do 
Paraguai e da Argentina entre 9.000 e 2.000 anos atrás.
Os estudos de seus vestígios mostram que essas populações possuíam as caracterís-
ticas das culturas do tipo bando, compostas de pequenos grupos (40-60 pessoas) que 
viviam dentro de amplos territórios. Sua subsistência era baseada em diversas fontes 
animais, obtidos por meio da caca, da pesca e da coleta, bem como de fontes vegetais. 
A exemplo de outros povos caçadores-coletores sul-americanos, também deveria ter 
uma série de acampamentos sazonais espalhados dentro de um território definido. 
Tais acampamentos estariam relacionados a uma série de atividades de subsistência, 
obtenção e preparação de matérias-primas, rituais e lazer. Suas habitações poderiam 
ser desde uma simples meia-água até casas mais elaboradas de madeira, cobertas por 
palha ou folhas de palmáceas. Eventualmente, poderiam ocupar abrigos sob-rocha 
(reentrâncias em paredes rochosas).
Seus vestígios, mais estudados até o presente, restringem-se aos instrumentos líti-
cos, feitos de rocha, pois a maior parte de seus objetos era provavelmente confecciona-
da com materiais perecíveis que se destruíram ao longo da formação dos sítios arqueo-
lógicos. Entre as ferramentas de pedra, podemos mencionar os grandes instrumentos 
lascados bifacialmente, as lascas usadas para raspar, rasgar, cortar, tornear, bem como 
as ferramentas para polir, furar, amolar, macerar, moer, pilar e ralar.
A ocupação humana 
dos territórios do Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
20
 
Figura 5 - Ferramenta lítica da Tradição Humaitá. 
Acervo - Coleção Arqueológica do Museu Histórico de Santo Inácio – Pr. Foto de Edmar Alencar Jr / Josilene 
Aparecida de Oliveira.
Tradição Umbu
Também as populações que os arqueólogos chamam de Tradição Umbu não dei-
xaram descendentes historicamente conhecidos. Os vestígios dessa tradição, marcada-
mente as pontas de projéteis e resíduos de lascamentos, são encontrados em toda a 
região Sul do Brasil, no Uruguai e em partes do Estado de São Paulo. Esses vestígios 
foram datados entre 12.000 e 1.000 anos AP, demonstrando a longa persistência dessa 
tradição nos mais variados ambientes do Brasil Meridional.
Elas ocuparam preferencialmente as regiões de maior altitude nos planaltos do Pa-
raná, principalmente os interflúvios dos principais rios, mas temos também a presença 
de artefatos dessa tradição nas margens dos principais rios do Paraná, como o Iguaçu, 
no sítio Ouro Verde, datado de 9.000 anos AP, e em vários locais ao longo do rio Ivaí. 
Nesses locais, construíram suas habitações tanto a céu aberto como nos abrigos sob 
as rochas. Já no Rio Grande do Sul e no Uruguai, nas áreas alagadiças, construíram os 
cerritos – aterros artificiais –, onde fixaram suas habitações.
21
Figura 6 - Ponta de flecha da Tradição Umbu. Acervo: Laboratório de Arqueologia, 
Etnologia e Etno-história da UEM. Foto: Lucio Tadeu Mota.
Tradição Sambaqui
Os pescadores/coletores do litoral Sul do Brasil ocuparam uma vasta faixa entre o 
mar e a Serra do Mar indo do Rio Grande do Sul até a Bahia, desde 6.000 AP até 1.000 
depois de Cristo (d.C.). Seus principais vestígios são os inúmeros mounds – conhe-
cidos por Sambaquis – que construíram intencionalmente. Neles, podem ser encon-
trados restos de alimentos, adornos, conchas, ferramentas, armas, carvões de antigas 
fogueiras, vestígios de sepultamentos humanos e de antigas moradias.
Construídos tanto em planícies quanto em encostas, diretamente na areia ou sobre 
o embasamento rochoso, os Sambaquis têm ocorrências desde o Rio Grande do Sul 
até a Bahia, basicamente no interior dos ambientes lagunares que se apresentam em 
todo esse trecho da faixa costeira. As baías, estuários e lagunas dessa porção do litoral 
apresentam normalmente grandes concentrações desses sítios arqueológicos. 
A implantação dos Sambaquis nesses ambientes estuarinos não foi fortuita, ela se 
deu devido à existência de várias espécies de peixes, moluscos, crustáceos e outros 
animais, componentes riquíssimos da dieta alimentar desses grupos humanos.
A ocupação humana 
dos territórios do Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
22
Figura 7 - Sambaquis do litoral sul do Brasil. Fonte: Gaspar (2000, p. 49-53).
As populações ceramistas agricultoras – as populações indígenas 
históricas
Por volta de 2.500 anos antes do presente (AP), agrupamentos maiores de popu-
lações passaram a ocupar a região onde hoje é o Paraná. Uma dessas frentes iniciou a 
ocupação pela da bacia do rio Paraná e depois se espalhou pelos seus afluentes (Igua-
çu, Piquiri, Ivaí, Paranapanema Pirapó, Santo Inácio, Bandeirantes, Tibagi, Itararé e 
outros menores). Tratava-se de uma das frentes da ampla expansão dos povos falantes 
da língua Guarani, que vinha ocupando sistematicamente o território do atual Mato 
Grosso do Sul e as bacias dos rios Paraguai e Paraná e Rio da Prata. Podemos dizer que 
esses agrupamentos tinham em comum a língua e a produção de artefatos cerâmicos. 
A outra frente de ocupação alcançou os territórios do segundo planalto paranaense 
cruzando os rios Paranapanema, Itararé e Ribeira, e preferiam os planaltos acima de 
700 metros repletos de pinheirais (araucária angustifolia).
Os vestígios da cultura material dessas populações agricultoras ceramistas são de-
nominados pela arqueologia Tradição Tupiguarani e Tradição Itararé/Taquara. 
As mais antigas populações de ceramistas começaram a chegar à bacia do rio Para-
ná em torno de 2.500 anos AP, como podemos ver em uma série de sítios datados na 
região pelas metodologias de C-14 (Carbono 14) e termoluminescência.
O rio Paranapanema,em sua junção com o médio Paraná, é considerado, como já 
foi sugerido por José P. Brochado e Francisco S. Noelli (BROCHADO, 1984; NOELLI, 
1998; 1999-2000), para o caso dos falantes do Guarani, como a “porta de entrada” para 
23
o Paraná e o sul do Brasil. O conjunto das pesquisas indica que essas populações, em 
contínuo processo de crescimento demográfico e de expansão territorial, teriam su-
cessivamente ocupado a área do atual Mato Grosso do Sul, e através da bacia do Paraná 
ingressado no sul do Brasil pelo noroeste paranaense. 
No caso dos Jê do Sul (os Kaingang e os Xokleng), como apontam os indícios da 
cerâmica de Tradição Itararé, a porta de entrada dessas populações para o sul do Brasil 
teria sido os campos e cerrados do interflúvio dos rios Paranapanema/Itararé e Ribeira.
Trabalhando com a hipótese de que os grupos Jê que se deslocaram do Bra-
sil central para o sul, foram ocupando regiões semelhantes as que ocupavam 
em seus locais de origem, podemos afirmar que após ocuparem os planaltos 
de cerrados entre os rios Tietê e Paranapanema eles iniciaram a ocupação dos 
Campos Gerais no Paraná. Esses campos se estendem desde o sul de São Paulo 
- região de Itapetininga até Itararé, entre as cabeceiras dos rios Paranapanema 
e Itararé - até a margem direita do rio Iguaçu no segundo planalto paranaense. 
No século XVII os padres jesuítas fundadores das reduções anotam a presença 
de grupos não Guarani não região, que eles denominaram de Cabeludos e Gua-
lachos3 (MOTA, 2000, p. 85).
Ancorados nas informações arqueológicas, podemos afirmar que a bacia do rio 
Paraná e seus afluentes da margem esquerda onde é hoje o Estado do Paraná foi 
densamente povoada, até a chegada dos espanhóis e portugueses, por populações 
caçadoras/coletoras pré-ceramistas e pelos agricultores ceramistas, principalmente os 
falantes do Guarani.4
3 Cf. Lucio Tadeu MOTA. Os índios Kaingang e seus territórios nos campos do Brasil meridional na 
metade do século passado. In: MOTA, Lucio Tadeu; NOELLI, Francisco Silva. Uri Wãxi: estudos inter-
disciplinares dos Kaingang. Londrina, Eduel, 2000.
4 Existem ainda informações arqueológicas sobre a presença de vestígios cerâmicos diferentes das tra-
dições discutidas acima, e também existem informações históricas sobre a presença de populações não 
Guarani e Kaingang particularmente na margem direita do médio Paranapanema, informações impor-
tantes para o entendimento da ocupação da região que discutiremos em outra oportunidade. 
A ocupação humana 
dos territórios do Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
24
Quadro 2 - Sítios arqueológicos com datações de populações ceramistas nas bacias dos 
rios Paraná, Paranapanema e Ivaí, da jusante para montante 
Rio Paraná
Data 
A.P** Sítio Lab. nº Margem Município Estado Fonte
2010 ± 75 PR/FI/140 SI 5028 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
1625 ± 60 PR/FI/118 SI 5021 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
1565 ± 70 PR/FI/99 SI 5019 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
1395 ± 60 PR/FI/142 SI 5033 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
1235 ± 60 PR/FI/97 SI 5016 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
745 ± 75 PR/FI/140 SI 5027 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
700 ± 55 PR/FI/112 SI 5036 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
625 ± 55 PR/FI/100 SI 5020 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
600 ± 60 PR/FI/103 SI 5029 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
590 ± 55 PR/FI/127 SI 5024 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
415 ± 75 PR/FI/104 SI 5032 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
395 ± 60 PR/FI/142 SI 5034 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
340 ± 60 PR/FI/118 SI 5023 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
255 ± 80 PR/FI/97 SI 5017 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
230 ± 80 PR/FI/22 SI 5015 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
205 ± 80 PR/FI/118 SI 5022 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
190 ± 75 PR/FI/98 SI 5018 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
? ± 195 PR/FI/141 SI 5031 Esquerda Foz do Iguaçu - PR Chmyz, 1983
490 ± 60 PR/FO/3 SI 5040 Esquerda Guaíra - PR Chmyz, 1983
760 ± 40 PR/FO/4 SI 5039 Esquerda Guaíra - PR Chmyz, 1983
475 ± 45 MT/IV/1 SI 1017 Direita Bataiporã - MS Chmyz 1974
180 ± 60 MT/IV/1 SI 1018 Direita Bataiporã - MS Chmyz, 1974
110 ± 60 MT/IV/2 SI 1019 Direita Bataiporã - MS Chmyz, 1974
260 ± 70 MT/IV/1 SI 1016 Direita Bataiporã - MS Chmyz, 1974
239 ± 10 MS/PR/13 FATEC Direita Anaurilândia - MS Kashimoto, 1997
240 ± 30 MS/PD/06 Gsy Direita Anaurilândia - MS Kashimoto, 1997
275 ± 20 MS/PD/07 FATEC Direita Anaurilândia - MS Kashimoto, 1997
425 ± 25 MS/IV/08 FATEC Direita Anaurilândia - MS Kashimoto, 1997
432 ± 32 MS/PD/04 FATEC Direita Anaurilândia - MS Kashimoto, 1997
245 ± 15 MS/PR/41 FATEC Direita Bataguaçu - MS Kashimoto, 1997
280 ± 15 MS/PR/46 FATEC Direita Bataguaçu - MS Kashimoto, 1997
25
370 ± 20 MS/PR/22 FATEC Direita Bataguaçu - MS Kashimoto, 1997
480 ± 30 MS/PR/26 FATEC Direita Bataguaçu - MS Kashimoto, 1997
565 ± 32 MS/PR/55 FATEC Direita Bataguaçu - MS Kashimoto, 1997
580 ± 40 MS/PR/39 FATEC Direita Bataguaçu - MS Kashimoto, 1997
625 ± 40 MS/PR/35 FATEC Direita Bataguaçu - MS Kashimoto, 1997
1493 ± 100 MS/PR/85 FATEC Direita Brasilândia - MS Kashimoto, 1997
1248 ± 100 MS/PR/64 FATEC Direita Brasilândia - MS Kashimoto, 1997
1015 ± 75 MS/PR/64 Gsy Direita Brasilândia - MS Kashimoto, 1997
480 ± 30 MS/PR/98 FATEC Direita Três Lagoas - MS Kashimoto, 1997
909± 80 MS/PR/90 FATEC Direita Três Lagoas - MS Kashimoto, 1997
Rio Ivaí
Data A.P. Sítio Lab. nº Margem Município - PR Fonte
1380 ± 150 José Vieira Gsy 81 Esquerda Guaporema Emperaire, 1968
540 ± 60 PR/QN/2 SI 697 Direita Mirador Brochado, 1973
1065 ± 95 PR/ST/1 SI 695 Esquerda Indianópolis Brochado, 1973
610 ± 120 PR/ST/1 SI 696 Esquerda Indianópolis Brochado, 1973
300 ± 115 PR/FL/5 SI 693 Direita Paraíso do Norte Brochado, 1973
470 ± 100 PR/FL/5 SI 694 Direita Paraíso do Norte Brochado, 1973
135 ± 120 PR/FL/13 SI 698 Direita Doutor Camargo Brochado, 1973
1490 ± 45 PR/FL/21 SI 1011 Direita Doutor Camargo Brochado, 1973
560 ± 60 PR/FL/23 SI 700 Direita Doutor Camargo Brochado, 1973
590 ± 70 PR/FL/15 SI 699 Direita Doutor Camargo Brochado, 1973
Rio Paranapanema
Data A.P. Sítio Lab. nº Margem Município/Estado Fonte
530 ± 55 PR/NL/7 SI 6400 Esquerda Diamante do Norte - PR Chmyz, 1986
± 930* Alvim Direita Pirapozinho - SP Kashimoto, 1997
±1668* Ragil FATEC Direita Iepê - SP Faccio, 1998
1130 ± 150 SP/AS/14 SI 422 Direita Iepê - SP Chmyz, 1969
± 1093* Ragil 2 FATEC Direita Iepê - SP Faccio, 1998
980 ± 100 SP/AS/14 SI 709 Direita Iepê - SP Smithsonian
± 755* Neves FATEC Direita Iepê - SP Faccio, 1998
* = Datado por termoluminescência; ** = AP - Antes do Presente.
A ocupação humana 
dos territórios do Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
26
Figura 8 - Populações indígenas agricultoras ceramistas no Paraná.
Os Guarani
Dentre os povos pré-históricos e indígenas de que estamos tratando, os Guarani 
são os mais conhecidos em termos arqueológicos, históricos, antropológicos e lin-
guísticos. A denominação Guarani define, ao mesmo tempo, a população e o nome 
da língua por eles falada. 
Uma série de estudos comparados – arqueológicos e linguísticos – realizados no leste 
da América do Sul indica que os Guarani vieram das bacias dos rios Madeira e Guaporé. 
A partir daí, ocuparam continuamente diversos territórios ao longo das bacias dos rios 
Paraguai e Paraná até alcançar Buenos Aires, distante aproximadamente 3.000 km de seu 
centro de origem. Expandiram-se ainda para a margem esquerda do Pantanal, nos atuais 
Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também ocuparam o 
Uruguai e o Paraguai. Conforme as datações já obtidas, excetuando-se o Uruguai, a foz do 
rio da Prata e o litoral sul- brasileiro, as demais regiões citadas foram ocupadas desde há 
pelo menos 2.500 anos AP. Eles mantiveram esses territórios até a chegada dos primeiros 
europeus, que a partir de 1504 registraram em centenas de documentos os limites do 
vasto domínio Guarani.
Os Guarani ocuparam os vales e as terras adjacentes de quase todos os grande 
rios e seus afluentes. Eles raramente estabeleciam suas aldeias e roças em áreas cam-
pestres; a maioria dos sítios arqueológicos da Tradição Tupiguarani está inserida em 
áreas cobertas por florestas, seguindo o padrão de estabelecer as aldeias e as planta-
ções em clareiras dentro da mata. 
27
Podemos constatar, na bibliografia especializada sobre os Guarani, que eles pos-
suíam um padrão para ocupar novas áreas sem, no entanto, abandonar as antigas. Os 
grupos locais se dividiam com o crescimento demográfico, ou por divisões políticas, 
indo habitar áreas próximas, previamente preparadas por meio de manejo agroflores-
tal, isto é, abriam várias clareiras para instalar a aldeia e as plantações, inserindo seus 
objetos e plantas nos novos territórios. Assim como levaram suas casas, vasilhas cerâ-
micas e outros objetos, os Guarani também transportaram de seus locais de origem di-
versas espécies de vegetais úteis para vários fins (alimentação, remédios, matérias-pri-
mas etc.), contribuindo para o aumento da biodiversidade florística do sul do Brasil.
 Nesse sentido, ocupavam as várzeas dos grandes rios, e com o passar do tempo, as 
áreas banhadas por rios cada vez menores. Por exemplo, após dominar as terras próxi-
mas dos rios Ivaí, Pirapó e Tibagi, ocuparam trechos ao longo de alguns dos ribeirões 
que banham o divisor de águas desses rios.
As aldeias tinham tamanhos variados, podendo comportar mais de mil pessoas or-
ganizadas socialmente por meio de relações de parentesco e de aliança política. Essas 
famílias extensas viviam em casas longas, e cada aldeia poderia ter até sete ou oito 
casas, as quais eram construídas de madeira e folhas de palmáceas, podendo abrigar 
trezentas ou quatrocentas pessoas e alcançar cerca de trinta ou quarenta metros de 
comprimento por sete ou oito metros de altura. Algumas aldeias, dependendo de sua 
localização, poderiam ser fortificadas, cercadas por uma paliçada.
A cultura material era composta por centenas – talvez milhares – de objetos con-
feccionados para servir a diversos fins, e a maioria era feita com materiais perecíveis 
(ossos, madeiras, penas, palhas, fibras vegetais, conchas etc.), e em minoria de não 
perecíveis (vasilhas cerâmicas, ferramentas de pedra, corantes minerais). Desse con-
junto, normalmente restaram apenas as vasilhas e as ferramentas de pedra e, even-
tualmente, esqueletos humanos e de animais diversos, conchas e ossos usados como 
ferramentas ou enfeites. O reconhecimento da existência desses objetos perecíveis, 
salvo condições raras de conservação, só é possível por meio de informações obtidas 
indiretamente por pesquisas históricas, linguísticas e antropológicas.
A ocupação humana 
dos territórios do Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
28
Figura 9 - Fragmento cerâmico Guarani. 
Fonte: Acervo Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história da UEM. 
Foto: Lucio Tadeu Mota.
Figura 10 - Fragmento cerâmico Guarani. 
Fonte: Acervo Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história da UEM. 
Foto - Lucio Tadeu Mota.
29
Os Xetá
O povo Xetá é conhecido e nominado na literatura, nos relatos de viajantes e fontes 
documentais, como Botocudo, Héta, Chetá, Setá, Ssetá, Aré e Yvaparé. Foi o último 
grupo indígena contatado no Paraná, no final da década de 1940 e início de 1950, 
quando a frente de ocupação cafeeira chegou ao seu território tradicional que se es-
tendia pelas margens do baixo rio Ivaí até a sua foz no rio Paraná. 
A presença dos grupos Xetá no rio Ivaí e seus afluentes foi registrada por viajantes 
e exploradores desses territórios desde a década de 1840, quando Joaquim Francisco 
Lopes e John H. Elliot – empregados do Barão de Antonina – fizeram contato com 
alguns deles nas imediações da foz do rio Corumbataí, no Ivaí. Posteriormente, em 
1872, o engenheiro inglês Thomas Bigg-Whiter capturou um pequeno grupo nas pro-
ximidades do Salto Ariranha, também no rio Ivaí. No início do século XX, em 1910, 
Albert V. Fric ouviu dos Kaingang a informação da presença de pequenos grupos Xetá 
no interflúvio dos rios Ivaí e Corumbataí, muito acima do local onde os Xetá foram 
contatados nos anos de 1950. 
Junto ao grupo Kaingang do cacique Paulino Arak-xó que vivia no salto Ubá, no rio Ivaí, 
Fric encontrou cativos Xetá, com os quais efetuou um primeiro registro de vocabulário.
Esses locais de caça e coleta, os encontros e confrontos com os exploradores do 
rio Ivaí, e os conflitos com os Kaingang, que resultavam em capturas e dispersão dos 
Xetá, fazem parte da memória de sobreviventes Xetá mais velhos. Um deles teve seu pai 
capturado no início do século XX, tendo o mesmo conseguido fugir e retornado para 
seu grupo familiar na região da Serra dos Dourados (SILVA, 1998; 2003).
Nessas primeiras décadas do século XX, muitos outros contatos foram noticiados, 
mas foi na região conhecida como Serra dos Dourados, onde hoje estão implantados 
os municípios de Umuarama, Ivaté, Douradina, Icaraíma, Maria Helena, Nova Olímpia, 
entre outros, que a partir de 1954, 1955 e mais especificamente em fevereiro de 1956 
que se deu o mais documentado encontro com um grupo Xetá com professores da 
UFPR e membros do Serviço de Proteção ao Índio-SPI da 7ª Regional de Curitiba5. 
Apesar dos esforços dos professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do 
Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI) e de funcionários do SPI, o Governo 
do Estado do Paraná vendeu os territórios Xetá para as Companhias de Colonização, 
que os loteou para revenda aos interessados no cultivo de café na região. 
Até a década de 1990, os Xetá eram tidos pelo órgão indigenista brasileiro – Funda-
ção Nacional do Índio (FUNAI) - como grupo extinto ou quase extinto, pois constam 
5 Um deles viveu até o ano de 2008 e foi um dos colaboradores ativo do estudo de Silva (1998; 2003).
A ocupação humana 
dos territórios do Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
30
nos seus dados populacionais apenas cinco pessoas. No entanto, a pesquisa antropo-
lógica de Carmen Lúcia da Silva apontou que, ao contrário do que se afirmava nos 
levantamentos oficiais, os Xetá não estavam extintos. 
Em 1997, por solicitação dos Xetá, foi realizado o primeiro encontro dos sobre-
viventes dos Xetá em Curitiba, intitulado “Encontro Xetá: Sobreviventes do Extermí-
nio”, com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA) e do Museu de Arqueologia e 
Etnologia da UFPR (MAE), do qual participaram todos os sobreviventes do grupo, 
crianças, jovens, mais velhos e cônjuges, além do Prof. Dr. Aryon Dall’Igna Rodri-
gues, que efetuou os primeiros estudos da língua Xetá junto a um grupo familiar na 
década de 1960 (1960; 1961) e posteriormente em 1967. 
Como resultado desse encontro, esse grupo solicitou seu reconhecimento en-
quanto pertencentes à etnia Xetá e a retificação de seus nomes nos registros civis 
levando em conta os registros que já vinham trabalhando na pesquisa antropológica, 
na qual apresentavam como se dava o sistema de nominação do grupo. Também co-
locaram em pauta a indenização financeira de suas perdas e a recuperação de seus 
territórios tradicionais na Serra dos Dourados, bem como reivindicaram o retorno a 
seu território de origem, nominando-o como Terra Indígena Herarekã Xetá.
Atualmente, os Xetá somam aproximadamente 100 (cem) pessoas, totalizando 
25 (vinte e cinco) famílias. Estão em processo de luta para o reconhecimento deseu 
território tradicional junto à Finai, para o reconhecimento de seus direitos e para 
reconstituírem-se enquanto povo e revitalizarem a sua cultura. Além da demanda 
para reaverem parte de seus territórios, os Xetá solicitaram ao Estado do Paraná 
um atendimento específico e diferenciado de educação escolar indígena bilíngue 
Português/Xetá; ensino da história de sua cultura na escola; produção de literatura e 
materiais didáticos que retratem a realidade do povo, trazendo inclusive a memória 
coletiva da antiga sociedade narrada por seus pais, hoje considerados “guardiões da 
memória Xetá” (SILVA, 2003). E os Xetá não querem mais aparecer na história, nos 
livros e na imprensa como um povo extinto. 
Os Kaingang
A denominação Kaingang define genericamente, e ao mesmo tempo, a população 
e o nome da língua por ela falada.
Embora exista uma volumosa bibliografia e inumeráveis conjuntos de documen-
tos não publicados sobre eles, ainda se conhece pouco sobre os seus ascendentes 
pré-históricos.
Os resultados de estudos comparados – Arqueologia e Linguística – apontam o 
Brasil central como a região de origem dos Kaingang, que ocuparam imensas áreas 
31
dos Estados da Região Sul, parte meridional de São Paulo e o leste da Província de 
Missiones na Argentina. Embora não existam ainda datas mais antigas do que as dos 
Guarani, é provável que os Kaingang e os Xokleng tenham chegado primeiro ao 
Paraná, pois em quase todo o Estado os sítios Guarani estão próximos ou sobre os 
sítios arqueológicos dos Kaingang e Xokleng.
Com a chegada dos Guarani, à medida que estes conquistavam os vales dos rios, 
os Kaingang foram empurrados para o centro-sul do Estado e/ou confinados nos 
territórios interfluviais e os Xokleng foram impelidos para os contrafortes da Serra 
Geral, próximos do litoral. A partir do final do século XVII, quando as populações 
Guarani tiveram uma drástica redução, os Kaingang voltaram a se expandir por todo 
o centro do Paraná.
Em meados do século XVIII, com as primeiras expedições coloniais nos terri-
tórios hoje denominados Paraná, foi possível conhecer parcialmente a toponímia 
empregada pelos Kaingang para nominar seus territórios: Koran-bang-rê	(campos 
de Guarapuava); Kreie-bang-rê	(campos de Palmas); Kampo-rê	(Campo Ere - sudoes-
te); Payquerê (campos entre os rios Ivaí e Piquiri, hoje nos municípios de Campo 
Mourão, Mamborê, Ubiratã e outros adjacentes); Minkriniarê (campos de Chagu, 
oeste de Guarapuava, no município de Laranjeiras do Sul); campos do Inhoó (em 
São Jerônimo da Serra).
Figura 9 - Os Kaingang e a produção de cerâmica.
A ocupação humana 
dos territórios do Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
32
Os Xokleng
A denominação “Xokleng” define genericamente e ao mesmo tempo a população 
e o nome da língua por eles falada. Na bibliografia arqueológica, eles são conhecidos 
como “Tradição Itararé”. Apesar da volumosa bibliografia e inumeráveis conjuntos de 
documentos não publicados a seu respeito, também ainda se conhece pouco sobre os 
seus ascendentes pré-históricos. Sua chegada e presença no Paraná já foram resumidas 
no item sobre os Kaingang, necessitando ainda de mais pesquisas para corroborar 
ou desabonar as conclusões e hipóteses vigentes. Suas aldeias eram geralmente pe-
quenas, no interior das florestas, abrigando habitantes pouco numerosos. Também 
ocupavam abrigos sob rocha e casas semissubterrâneas. Fabricavam vasilhas cerâmicas 
semelhantes às dos Kaingang a tal ponto, que devido às pesquisas pouco sistemáticas 
realizadas até o presente, ainda é problemático definir claramente as diferenças. 
Mapa 1 - Atuais Terras Indígenas no Paraná
33
A ocupação humana 
dos territórios do Paraná 
até a chegada das 
populações europeias 
em 1500 
Quadro 3 - Terras Indígenas no Paraná por Bacias Hidrográficas
Bacia do Rio Paraná
No Terras Indígenas Etnias Município(s) Área (Ha) (Funai) Popul. IBGE/Funasa
01 Tekohá Ocoí Guarani Nhandéwa São Miguel do Iguaçu 231 630
02 Tekohá Añetete Guarani Nhandéwa Diamante D’Oeste 1.744 422
03 Tekohá Itamarã Guarani Nhandéwa Diamante d’Oeste 242 68
04 Tekohá Porá Guarani Nhandéwa Guaíra 56 28
05 Tekohá Marangatú Guarani Nhandéwa Guaíra 80 105 
06 Tekohá Araguajú Guarani Nhandéwa Terra Roxa 20 79 
Bacia dos Rios das Cinzas e Laranjinha
Terras Indígenas Etnias Município(s) Área (Ha) (Funai) Popul. IBGE/Funasa
07 Pinhalzinho Guarani Nhandéwa Tomazina 593 104
08 Laranjinha Guarani Nhandéwa Santa Amélia 284 181
09 Yvyporã Laranjinha Guarani Nhandéwa Abatia, Cornélio Procópio e Ribeirão do Pinhal 1.238 64
Bacia do Rio Tibagí
Terras Indígenas Etnias Município(s) Área (Ha) Popul. IBGE/Funasa
10 Apucarana Kaingang Tamarana 5.575 1.396
11 Barão de Antonina Kaingang São Jerônimo da Serra 3.750 395
12 São Jerônimo Kaingang Guarani Xetá São Jerônimo da Serra 1.339 484
13 Mococa Kaingang Ortigueira 859 160
14 Queimadas Kaingang Ortigueira 3.077 426
Bacia do Rio Ivaí
Terras Indígenas Etnias Município(s) Área (Ha) Popul. IBGE/Funasa
15 Faxinal Kaingang Cândido de Abreu 2.043 600
16 Ivaí Kaingang Manoel Ribas e Pitanga 7.306 1687
17 Marrecas Kaingang e Guarani Turvo e Guarapuava 16.838 551
Bacia do Rio Piquiri
Terras Indígenas Etnias Município(s) Área (Ha) Popul. IBGE/Funasa
18 Koho Mu Boa Vista Kaingang Laranjeiras do Sul 7.344 116
Bacia do Rio Iguaçu
Terras Indígenas Etnias Município(s) Área (Ha) Popul. IBGE/Funasa
19 Mangueirinha Kaingang e Guarani Mangueirinha, Chopinzinho e Coronel Vivida 16.375 1195
20 Rio das Cobras Kaingang Guarani M’byá
Nova Laranjeiras, Espigão 
Alto do Iguaçu 18.681 2109
21 Palmas Kaingang Palmas (PR) e Abelardo Luz (SC) 3.800 761
22 Rio Areia Guarani Nhandéwa Inácio Martins 1.352 112
23 Kakané Porá Guarani Kaingang e Xeta Curitiba 44 35 Famílias
24 Araçaí Guarani M’byá Piraquara 70 70
Litoral
Terras Indígenas Etnias Município(s) Área (Ha) População IBGE e Funasa
25 Ilha da Cotinga Guarani M’byá Paranaguá 1.701 69
26 Guaraguaçu Guarani M’byá Pontal do Paraná 670 15
27 Cerco Grande Guarani M’byá Guaraqueçaba 54 26
28 Morro das Pacas Guarani M’byá Guaraqueçaba ? 28
Total: 28 Terras Indígenas: 20 demarcadas, e 08 Terras Indígenas a serem identificadas
16 Guarani
08 Kaingang
04 Guarani, Xetá e Kaingang
Obs.: Dados de 2009.
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
34
Proposta de Atividades
1) Você já viu alguma família indígena circulando por sua cidade?
2) Por ocasião da chegada dos europeus no Paraná, quais eram povos indígenas que aqui se 
encontravam?
3) Recolha junto a sua comunidade (cidade, bairro ou vizinhos) o que eles sabem sobre os 
índios no Paraná.
Anotações
35
O Paraná colonial:
da chegada dos 
primeiros europeus em 
1500 até a emancipação 
da província em 1853 
A CHEGADA DOS PRIMEIROS EUROPEUS NOS TERRITÓRIOS INDÍGE-
NAS NO PARANÁ 
Os contatos dos europeus com os antigos habitantes da região ocorreram já no iní-
cio do século XVI, com os primeiros navegantes que aportaram ou passaram pelo litoral 
paranaense, e pelas primeiras expedições portuguesas e espanholas que percorreram o 
interior do Paraná rumo ao império inca. 
Os primeiros navegantes europeus que aportaram ou passaram pelo litoral do Paraná 
nos trinta primeiros anos do século XVI fizeram os primeiro contatos com as populações 
de índios Guaranis – na época, chamados de Carijós – e com eles possivelmente estabele-
ceram relações comerciais e culturais. E foi através desses Guarani do litoral que as popu-
lações indígenas sediadas nos territórios interioranos souberam da presença de homens 
brancos vindos de terras distantes de além mar. 
Foram inúmeras as caravelas que passaram ou aportaram no litoral nesses primeiros 
trinta anos, como veremos a seguir.
Quando os primeiros europeus começaram a desembarcar no litoral sul do Brasil para 
abastecerem seus navios com água,lenha e alimentos, ou aí foram deixados como des-
terrados ou náufragos, eles tomaram conhecimento, por meio dos Guarani, das enormes 
riquezas existentes a oeste dos seus territórios. Em conjunto com esses índios, prepararam 
expedições para irem até as terras onde existiriam ouro e prata em abundância. Começou 
então o processo de desvendamento e conquista dos territórios indígenas do interior do 
que seria mais tarde o Estado do Paraná.
Quadro 1 - Primeiros desembarque de europeus no Sul do Brasil
Data Viajante Armada Locais de Chegada Desembarque 
1501/08/17
Gonzalo 
Coelho Américo 
Vespúcio
3 Caravelas
Cananéia, SP
Oceano Atlântico 53º 
L. Sul altura de Punta 
Arenas na Patagonia
Em Cananéia 15/02/1502, 
G. Coelho deixa um 
degredado (Bacharel de 
Cananéia)
2
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
36
Data Viajante Armada Locais de Chegada Desembarque 
1504/01/05 Binot Paumier de Gonneville
L’Espoir 120 
toneladas
São Francisco do Sul 
SC,
Permanece nesse local por 
seis meses, janeiro a julho 
de 1504
Data Viajante Armada Locais de Chegada Desembarque 
1514/07/00 Estevão Frois e João de Lisboa 2 Caravelas
Cabo de Santa Maria 
Punta del Leste Uruguai
Encontro com os índios 
Charruas depois de subirem 
300 km pelo Rio da Prata
37
Data Viajante Armada Locais de Chegada Desembarque
1516/01/00 Juan Dias de Solis 2 Caravelas
Cananéia, Santa 
Catarina, Rio da Prata
Solis e seus homens foram 
mortos na embocadura do 
rio Uruguai no Rio da Prata, 
ficando vivo Francisco Del 
Puerto um grumete de 14 
anos.
1516/08/00 Cristóvão Jaques 3 Naus
Cabo Frio, Rio de 
Janeiro, Santa Catarina
Jaques fora nomeado guarda 
costa do Brasil, e perseguiu 
os espanhóis e franceses 
que aqui aportaram.
1519/12/13 Fernando de Magalhães
4 Naus e 1 
Caravela
Rio de Janeiro, Rio da 
Prata (1520/01/11)
1521/00/00 Cristóvão Jaques 2 Caravelas Santa Catarina
Em SC, recolheu Melchior 
Ramires um dos náufragos 
da expedição de Solis, e 
subiram 200 km acima no rio 
Prata na Ilha de São Gabriel, 
onde encontraram Francisco 
Del Puerto, e mais 140 km 
até onde hoje é a cidade 
Argentina de Rosário.
1526/08/00
Jofre de 
Loyasa 
D.Rodrigo de 
Acuña
Porto dos Patos, SC
Estavam percorrendo na 
rota de Magalhães e por 
mau tempo tiveram que 
voltar à costa do Brasil.
1526/10/31
Sebastião 
Caboto 
(Veneziano)
3 Naus Santa Catarina
Caboto encontrou Henrique 
Montes, naufrago de Solis, 
que lhe deu notícias da 
expedição de Aleixo Garcia 
ao Peru. Caboto entrou no 
rio da Prata, navegou os rios 
Paraguai e Paraná.
1528/05/07 Diego Garcia 1 Nau e 1 Galeão
São Vicente, Cananéia 
(1528/01/15),
Encontrou com Caboto 
descendo o rio Paraná, seu 
destino era as Ilhas Molucas, 
na Ásia.
1531/01/00 Martin Afonso de Souza
1 Galão, 
2 Naus, 2 
Caravelas
Percorreu o litoral sul 
do Brasil até Punta Del 
Leste, no Uruguai
Pero Lopes subiu o rio 
Paraná e também estiveram 
na Baia de Paranaguá .
1535/00/00 Pedro de Mendonça
Percorreu o litoral do 
Brasil e foi fundar a 
cidade de Buenos Aires
O Paraná colonial:
da chegada dos 
primeiros europeus em 
1500 até a emancipação 
da província em 1853 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
38
Em 1522, Aleixo Garcia empreendeu a primeira viagem terrestre de europeus pelo 
interior do sul do Brasil. Tinha por objetivo descobrir de onde provinham as peças de 
ouro encontradas na costa de Santa Catarina. A expedição, que durou aproximada-
mente três anos, partiu do litoral de Santa Catarina, passando pelo interior do Paraná, 
Paraguai e Bolívia, até alcançar a fronteira do império Inca1. No retorno, Garcia foi 
morto pelos Guarani nas proximidades de Foz do Iguaçu, por volta de 1525. Todas as 
informações sobre essa expedição são indiretas, baseadas em relatos de outros cronis-
tas dos séculos XVI e XVII. 
Poucos anos depois, em 1531, visando a retomar os reconhecimentos empreendi-
dos por Aleixo Garcia, partiu de Cananéia uma expedição liderada por Pero Lobo, com 
oitenta portugueses e diversos índios Tupi da costa. É provável que a expedição tenha 
seguido o caminho previamente percorrido por Garcia e teve o mesmo destino deste: 
também foi aniquilada nas proximidades de Foz do Iguaçu pelos Guarani2. 
Dez anos depois, quando já havia sido criada a cidade de Nossa Senhora de Assunção 
a capital do Paraguai, Dom Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, após várias aventuras na Amé-
rica do Norte, veio tomar posse e comandar a província do Paraguai em nome do rei da 
Espanha. Desembarcou na ilha de Santa Catarina, e no final de 1541, partindo da foz 
do rio Itapucu, rumou para Assunção no Paraguai, onde chegou quatro meses depois 
acompanhado por 250 arcabuzeiros e balesteiros. Durante a expedição, foi acompanha-
do por centenas de índios Guarani. A cada novo território que ingressava a expedição 
dispensava os acompanhantes do território anterior, e mediante pagamentos em espé-
cie (machados, contas, etc.) integrava novos guias para o percurso seguinte. Subiram a 
Serra do Mar, alcançaram o rio Negro (na altura de Rio Negrinho - SC) e desceram até a 
sua desembocadura, no rio Iguaçu. Para contornar o território dos Kaingang3, tiveram 
de subir o Iguaçu, e a certa altura se dirigiram ao rio Tibagi e seguiram seu curso. Nas 
proximidades da foz do rio Iapó, atual cidade de Tibagi, a expedição dirigiu-se para oes-
te até chegar ao rio Ivaí, e, a seguir, rumando para o sudoeste, passou pelo rio Piquiri 
até alcançar o rio Iguaçu, a poucos quilômetros de sua foz. Dali, seguiu até Assunção.
1 Métraux, Alfred. Migrations historiques des Tupi-guarani. Journal de la société des Americanistes, 
n.s., 19:1-45. 1927. 
2 Holanda, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso. 1985, p. 82.
3 O Barão de Capanema sustenta que Cabeça de Vaca deu uma volta de mais de oitenta léguas, evi-
tando seguir diretamente pelas margens do rio Iguaçu ou pelos campos de Guarapuava ao norte e 
os campos de Palmas ao sul desse rio porque eram territórios ocupados por índios ferozes, mais 
valentes que os guaranis. (Cf. CAPANEMA. Questões a estudar em relação aos princípios da nossa 
história. RIHGB, 52(1):499-509). Cabeza de Vaca evitou transitar pelos territórios dos Kaingang, e por 
isso desviou-se dos Koran-bang-rê (campos de Guarapuava) e dos Kreie-bang-rê (campos de Palmas) e 
seguiu o caminho indicado pelos Guarani.
39
O relato de Alvar Nunez Cabeza de Vaca é importante na medida em que descreve, 
ao longo de sua expedição, o contato e a entrada em territórios pertencentes a diferen-
tes grupos Guarani, e desvia no seu trajeto dos territórios Kaingang em Guarapuava e 
Palmas. Esse foi o primeiro documento a informar que quase todo o interior do Paraná 
estava habitado e, ao mesmo tempo, mostrar que havia uma divisão política entre esses 
diversos grupos de mesma matriz cultural, organizados politicamente em cacicados.4 
E ainda que indiretamente, devido à imensa volta que a expedição fez, não seguindo 
o vale do rio Iguaçu, nos dá uma noção da extensão do território dominado pelos 
Kaingang nos Koran-bang-rê (Campos de Guarapuava).
Figura 1 - Rota aproximada da expedição de 
Dom Alvar Nuñez Cabeza de Vaca em 1541 pelo interior do Paraná.
Em 1544, Domingos Martínez de Irala, então governador do Paraguai, saiu de As-
sunção e dirigiu-se ao Guairá apresar índios para as encomiendas. Fundou a cidade 
de Ontiveros junto ao rio Paraná, pouco acima da foz do Iguaçu. No início da década 
seguinte, em 1551, Diego de Sanabria viajou pelo mesmo itinerário de Cabeza de Vaca. 
Ainda nesse ano, Cristoval de Saavedra atravessou a região vindo do Paraguai até o 
porto de São Vicente, em São Paulo. No ano seguinte, Hernando de Salazar também 
fez o mesmo roteiro de Assunção no Paraguai até o porto de São Vicente, em São 
Paulo. Esse roteiro também foi o percorrido por Ulrich Schmidl nesse mesmo ano, 
que partiu de Assunção, em 1552, acompanhado de 20 índios Guarani,na época 
denominados Carijós, com destino ao porto de Santos, onde chegou em 1553.
4 Conjunto de aldeias sob a liderança de um prestigioso cacique, que dominava certas porções de 
territórios bem definidos.
O Paraná colonial:
da chegada dos 
primeiros europeus em 
1500 até a emancipação 
da província em 1853 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
40
Ruy Dias Melgarejo, em 1553/1554, percorreu duas vezes o interior do Paraná, 
desde Ontiveros até São Vicente e regressou em 1555 partindo do litoral, em Santa 
Catarina, seguindo o mesmo roteiro de Cabeza de Vaca, pois ele participara, em 
1541, da expedição de Don Alvar Nunez. Melgarejo teve um destacado papel entre 
os conquistadores espanhóis no interior do Paraná, pois conduziu a fundação de 
Ciudad Real del Guairá (foz do rio Piquiri, município de Terra Roxa) e da 2a fundação 
de Villa Rica del Spiritu Sancto ( junto à foz do rio Corumbataí, município de Fênix, 
hoje Parque Estadual de Vila Rica do Espírito Santo)5.
O ano de 1555 foi marcado por várias ocorrências nesses territórios. Francisco de 
Gambarrota veio do Paraguai até o porto de São Vicente em São Paulo. Nuflo Chaves 
saiu de Assunção para combater e apresar índios no Guairá e Juan de Salazar e Ci-
priano de Góes fizeram o caminho inverso, partindo de São Vicente para o Paraguai. 
Em 1588, os padres Manuel Ortega, Juan Saloni e Thomas Fields percorreram 
a região do Guairá com a finalidade de conhecer o potencial humano para futu-
ros trabalhos missionários, a exemplo do que já ocorria na costa do Brasil desde 
1549. Informaram aos seus superiores a existência de milhares de índios Guarani 
na região, bem como reconheceram uma série de peculiaridades culturais, sociais e 
políticas que seriam úteis alguns anos depois. Era o início das atividades religiosas 
no Guairá, onde os conquistadores passaram a veicular os elementos básicos da sua 
cultura através dos padres jesuítas.
Enquanto isso, a conquista continuou por seus meios tradicionais. Muitas vezes 
os conquistadores foram derrotados, como em 1601, quando Hernán Arias de Saave-
dra combateu os índios de uma parte do Guairá e foi derrotado pelos guerreiros de 
Guairacá. A exploração das populações indígenas pelos conquistadores não ocorreu 
sem obstáculos, como afirmam muitos autores, e a conquista dos seus territórios 
também não aconteceu de forma pacífica. Em todos os momentos, e por várias et-
nias, a resistência foi renhida e sangrenta. O território do Guairá, que compreendia 
quase todo o Estado do Paraná, foi local de trânsito de portugueses e espanhóis que 
iam e vinham de Assunção em direção às vilas do litoral brasileiro, sendo palco de 
guerras variadas e constantes. A conquista desses territórios foi feita palmo a pal-
mo com o uso da espada, do arcabuz, da besta, da cruz, de doenças e de acordos. 
Alianças foram estabelecidas e rompidas, e de ambas as partes fidelidades foram 
sacramentadas e traições meticulosamente planejadas. 
5 Francisco de Assis Carvalho Franco. Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil. 1954, 
p. 241.
41
ESPANHÓIS, ÍNDIOS, JESUÍTAS E BANDEIRANTES NO GUAIRÁ 
No limiar do seiscentos, os portugueses chegaram na região em busca do seu 
butim: escravos indígenas para o trabalho nas fazendas paulistas, metais preciosos e 
outras riquezas6. Porém, desde a fundação de São Vicente eles já preavam os Guarani 
do litoral e da encosta das serras paranaenses.
Em 1602, Nicolau Barreto desceu o rio Paraná, passando pelo Guairá, rumo às 
minas de Potosi, no Peru. Em 1607, foi a vez de Pedro Franco de Torres atravessar 
a região rumo ao Paraguai, fazendo o roteiro já conhecido desde meados do sécu-
lo XVI. Nesse mesmo ano, Manuel Preto, um dos maiores preadores de índios da 
época, dirigiu uma bandeira para o aprisionamento dos índios Guarani nas proximi-
dades da cidade espanhola de Vila Rica do Espírito Santo. Procurando medidas es-
tratégicas para conter as investidas dos bandeirantes paulistas contra o “seu butim”, 
o Rei da Espanha criou a Província del Guairá em 1608, que era praticamente quase 
todo o Paraná. Ignorando as medidas protecionistas da coroa espanhola, Manuel 
Preto, acompanhado pelo temido Raposo Tavares, voltou ao Guairá em busca de 
mais índios nos anos de 1611, 1618, 1623 e 1628. Seu fim foi a morte por ferimentos 
de flechas em plena campanha de aprisionamento de índios no sul do Brasil7.
As primeiras décadas do século XVII foram marcadas por uma intensificação das 
ações dos europeus no Guairá. De um lado, tivemos os choques entre os índios Gua-
rani e os encomendeiros espanhóis, que os exploravam no trabalho semiescravo da 
coleta da erva-mate. Os padres jesuítas, em sua pregação religiosa, tentavam inculcar 
os valores da sociedade invasora junto às populações indígenas existentes na região. 
Contrariando os interesses dos encomendeiros espanhóis e dos padres da Com-
panhia de Jesus, vieram os paulistas com a intenção de buscar seu butim. De uma 
perspectiva oposta, os índios faziam uma leitura própria da conjuntura, resultando 
eventualmente em alianças, acordos e guerras, complexificando o entendimento 
sobre os fatos ocorridos em suas relações com os invasores de seus territórios. Dis-
so resulta que a análise histórica da ocupação da região não pode ser dicotômica: 
índios contra brancos ou vice-versa. Devemos considerar os grupos conquistadores 
europeus e seus interesses localizados, bem como os Guarani e os Kaingang, que 
eram inimigos e que estrategicamente estabeleceram alianças entre si. Alianças ex-
plícitas ou não, o fato de que em determinados momentos um grupo indígena po-
dia procurar as reduções, mesmo sendo refratário à pregação missionária, podendo 
6 Sobre a preação de índios na região para o trabalho escravo em São Paulo, ver o livro de John M. 
MONTEIRO. Negros da Terra, São Paulo, 1994.
7 Cf. Victor de AZEVEDO. Manuel Preto “O Herói de Guairá”, São Paulo, 1983.
O Paraná colonial:
da chegada dos 
primeiros europeus em 
1500 até a emancipação 
da província em 1853 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
42
significar apenas uma tática política momentânea para se livrar dos invasores paulis-
tas ou do trabalho escravo nas encomiendas espanholas. 
Os padres da Companhia de Jesus fundaram, junto com os índios, quatorze Re-
duções nos vales dos rios Paraná, Iguaçu, Piquiri, Ivaí, Paranapanema e Tibagi. Ins-
taladas no vale do Paranapanema estavam as Reduções de Nossa Senhora do Loreto 
e Santo Ignácio. No vale do Tibagi se localizavam São José, São Francisco Xavier, 
Encarnación e São Miguel. Nas margens do Ivaí ficavam Jesus Maria, Santo Antônio 
e São Paulo; no rio Corumbataí foram instaladas São Tomas e a dos Sete Arcanjos. 
Nas cabeceiras do rio Piquiri implantaram São Pedro e Concepção; no médio Piquiri, 
Nossa Senhora de Copacabana. Todas foram destruídas pelas invasões dos bandei-
rantes paulistas no final da terceira década do século XVII8. 
Assim como os espanhóis e os jesuítas, os bandeirantes paulistas também tran-
sitaram intensamente na região, e com toda certeza pelos caminhos e trilhas cons-
truídos pelos índios, até que por volta de 1630 tinham destruído todas as Reduções 
Jesuíticas do Guairá. 
Diferente dos espanhóis, que fundaram duas cidades – Ciudad Real del Guairá 
e Vila Rica del Spiricto Sancto – os paulistas não tiveram essa preocupação, foram 
responsáveis pela primeira construção militar no vale do rio Tibagi. Em 1628, An-
tônio Raposo Tavares e Manoel Preto, ao atacarem o Guairá, construíram um forte 
ou campo entrincheirado na margem esquerda do rio Tibagi, provavelmente no mu-
nicípio de Ortigueira, nas imediações de Natingui. O padre Simão Maceta se refere 
a esse campo como ponto de apoio ou quartel de inverno dos bandeirantes, “una 
palisada fuerte de palos, cerca de nuestras aldeas”9.
8 Sobre a construção e a destruição das ReduçõesJesuíticas, ver: Jaime CORTESÃO. Bandeirantes e 
Jesuítas no Guairá. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1951.
9 Davi CARNEIRO. O Paraná na História Militar do Brasil. Curitiba, Tipografia João Haupt & Cia, 
1942, p. 10.
43
Destruídas as Reduções Jesuíticas, as populações indígenas se dispersaram, parte 
foi para o sul junto com os padres fundar os sete povos das missões no Rio Grande 
do Sul, outra parte voltou a reocupar seus antigos territórios. Mas a região não 
deixou de ser um atrativo para os paulistas tentarem aumentar seu butim. A partir 
de 1651, Fernão Dias Paes Leme ficou por três anos na região da Serra da Apucara-
na e submeteu os caciques da nação Guaianá, ancestrais dos Kaingang, levando-os 
prisioneiros para São Paulo com todo o seu povo. Pedro Taques na Nobiliarquia 
Paulistana relata essa expedição: 
O Paraná colonial:
da chegada dos 
primeiros europeus em 
1500 até a emancipação 
da província em 1853 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
44
Penetrou Fernão Dias Paes o sertão do sul até o centro da serra de Apucarana, 
no reino dos índios da nação Guyanãa, pelos annos de 1651; nelle existiu al-
guns annos, tendo estabelecido arraial com o troço das suas armas, para vencer 
a reducção daquelle reino, que se dividia em três differentes reis. (...) Poz-se em 
marcha o grande corpo daquelles reinos e todos seguiam gostosos esta trans-
migração debaixo do commando inteiramente do seu conquistador e amigo 
Fernão Dias (TAUNAY, 1995, p. 167)10.
Esse fato ainda requer estudos mais aprofundados, pois certamente os índios não 
seguiram o “amigo” Fernão Dias. O paulista invasor teve de permanecer vários anos 
na região, estabelecendo um arraial; provavelmente um local fortificado aos moldes 
do construído em 1628 por Raposo Tavares para conter o ataque dos índios. Taques 
fala em cerco imposto por Fernão Dias às plantações desses índios. Também fala de 
três caciques, Tombu, Sondá e Gravitay. Este último morreu antes da partida para São 
Paulo; Sondá morreu na marcha (podemos sugerir a hipótese de que teria havido uma 
resistência desses caciques em seguir o bandeirante). Apenas o primeiro, Tombu, che-
gou a Santana do Paraíba em São Paulo, onde morreu alguns anos depois. 
O POVOAMENTO DO LITORAL E AS ORIGENS DE CURITIBA
Desde os primeiros anos de 1500, os europeus aportaram na região e a baía de 
Paranaguá já era conhecida dos navegantes. Ocupada primeiramente pelas populações 
construtoras dos Sambaquis, em 1500 ela era habitat dos Guarani, então chamados de 
Carijós. Eles denominaram esse grande estuário Paranaguá, que em Guarani significa 
Paraná-guá, algo como seio do mar ou grande mar redondo.
Uma das primeiras informações que temos da região foi o esboço de um mapa feito 
por Hans Staden quando aqui esteve junto com Martim Afonso de Sousa e seu irmão 
Pero Lopes de Souza, em 1534, por ocasião da posse de suas Capitanias Hereditárias 
no sul do Brasil. 
10 Cf. Affonso de E. TAUNAY. A grande vida de Fernão Dias Pais. São Paulo, 1955, p. 167.
45
Figura 2 - Litoral do Paraná.
Fonte: Hans Staden, 2000.
 
Na sequência, a região passou a ser frequentada por faiscadores de ouro e prea-
dores de índios vindos de São Vicente, no litoral paulista, desde 1554. Foram várias 
as bandeiras que percorreram o litoral do Paraná nesse período. Em 1585, Jerônimo 
Leitão; em 1594, Jorge Coréia; em 1595, Manoel Soeiro; em 1617, foi a vez da bandeira 
de Antonio Pedroso, até que se descobre ouro nos ribeirões da região e tem-se o início 
do povoamento definitivo e da fundação das primeiras vilas do litoral.
Paranaguá
A primeira Sesmaria foi requerida por Diego de Unhate em 1614 e abrangia vas-
tos territórios no rio Superagui. Anos mais tarde, Gabriel de Lara fundou uma po-
voação na ilha da Cotinga, depois transferida para o continente. Mas em seis de 
janeiro de 1646 foi levantado o Pelourinho, e em junho de 1648 ocorreu a primeira 
eleição para a Câmara Municipal de Paranaguá. As possibilidades de gerar riquezas 
no garimpo de ouro nos riachos da serra e do planalto aumentaram a importância da 
região diante da coroa. Tanto que em 1660 Gabriel de Lara foi nomeado Capitão-Mor 
da Capitania de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, a qual existiu até 1709, mas 
O Paraná colonial:
da chegada dos 
primeiros europeus em 
1500 até a emancipação 
da província em 1853 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
46
a partir de 1711, com a diminuição das atividades do faiscamento do ouro, perdeu o 
status de capitania e foi integrada à Capitania de São Paulo como a Quinta Comarca 
de Paranaguá e Curitiba11. 
Figura 3 - Vista de Paranaguá no século XIX.
Fonte: Debret.
Antonina
Como as outras vilas do litoral, Antonina também surgiu em função da presença 
de faiscadores de ouro na região. No entanto, a fundação da povoação só ocorreu no 
século XVIII, em 1714, com a construção da capela de Nossa Senhora do Pilar da Gra-
ciosa. Somente muito mais tarde, em 1797, ela foi elevada à vila com a denominação 
Antonina em homenagem ao Príncipe D. Antonio, primeiro filho do Rei Dom João VI 
e Dona Carlota Joaquina.
Figura 4 - Vista geral de Antonina.
Fonte: Aquarela sobre papel de William Lloyd, 1872.
11 Para maiores detalhes sobre o assunto, ver Ruy WACHOWICZ. História do Paraná, Curitiba, G. 
Vicentina, 1988, Cap. III. p. 39-51.
47
Morretes
Situada às margens do rio Nhundiaquara, local de passagens dos faiscadores de 
ouro que subiam a serra, Morretes foi fundada por determinação do Ouvidor Rafael 
Pires Pardinho, em 1721. Anos depois, em 1769, a população teve permissão para er-
guer a capela de Nossa Senhora do porto e Menino Deus dos três Morretes, e somente 
no século seguinte, em 1841, ela foi desmembrada de Antonina e elevada a município.
Guaratuba
Os historiadores dão como data provável da fundação da povoação de Guaratuba por 
Gabriel de Lara o ano de 1656. Um século depois, ela foi inserida na política de defesa do 
litoral sul do Brasil pelo então governador da Capitania de São Paulo, D. Luiz A. de Souza, 
o Morgado de Mateus. Este enviou para a região o Tenente Coronel Afonso Botelho com 
a missão de incrementar a ocupação de região e construir fortes para defesa do litoral.
Figura 5 - Vista de Guaratuba no século XIX.
Fonte: Debret.
Curitiba
Na primeira metade do século XVII, os faiscadores de ouro já tinham chegado 
no primeiro planalto paranaense e exploravam seus riachos e ribeirões em busca 
do metal precioso. O local era habitado pelos índios Guarani, que exploravam os 
imensos pinheirais da região e com certeza mantinham relações sociais e comerciais 
com os habitantes não índios do litoral e com os mineradores de ouro já há algum 
tempo antes da elevação do Pelourinho em 1668 por Gabriel de Lara. Com o cresci-
mento da povoação, no final de século XVII foram eleitas as autoridades locais com 
a constituição da Câmara Municipal em 1693, data da fundação da cidade. 
O Paraná colonial:
da chegada dos 
primeiros europeus em 
1500 até a emancipação 
da província em 1853 
HISTÓRIA DO PARANÁ:
RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS 
DA PRÉ-HISTÓRIA À 
ECONOMIA CAFEEIRA
48
Figura 6 - Vista de Curitiba.
Fonte: Debret.
Figura 7 - Vista de Curitiba.
Fonte: Franz Keller, 1872.
A OCUPAÇÃO DOS CAMPOS GERAIS: AS FAZENDAS DE CRIAR E O CAMI-
NHO DO VIAMÃO 
Os campos Gerais, situados no segundo planalto paranaense, começaram a ser povoa-
dos por fazendeiros de São Paulo, Santos, Paranaguá e dos estabelecidos nos campos de 
Curitiba no início do século XVIII, quando foi descoberto ouro em Minas Gerais e se criou 
uma forte demanda por animais cavalares e muares criados em abundância nos campos 
do sul do Brasil e Uruguai. Essa demanda e essa possibilidade de negócios fizeram com 
que as famílias abastadas de São Paulo requeressem enormes sesmarias na região e para 
ali enviassem parentes ou capatazes para estabelecimentos

Continue navegando