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JUIZ DE FORA - 27/3/2007 - 16:40
Arte inclusiva - Exposição Tocar e Sentir proporciona contato de portadores de deficiência com artes visuais
Com objetivo de contribuir para a promoção da cidadania e a valorização da arte inclusiva, a Prefeitura de Juiz de Fora/Secretaria de Política Social, por meio da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa) e da Secretaria de Governo e Articulação Institucional, trazem à cidade a exposição Tocar e Sentir - Coletânea de pinturas táteis, da artista-educadora Eni D’Carvalho. Sensível aos valores humanos, a iniciativa da administração do prefeito Alberto Bejani tem por objetivo tornar as artes visuais uma atividade cultural acessível a todos.
A abertura acontece nesta quinta-feira, dia 29, às 20h, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, na Avenida Getúlio Vargas 200, Centro, com entrada franca. O evento terá como atração especial o grupo Nova Visão, da Associação dos Cegos em Juiz de Fora, com a apresentação de músicas do cancioneiro popular brasileiro.
Tocar e Sentir é também o lema da exposição. A artista-educadora, que expõe pela primeira vez em Juiz de Fora, focaliza sua obra em uma ótica de respostas às necessidades dos deficientes visuais, transformando a linguagem visual em linguagem tátil ao quebrar o paradigma do “não toque”.
Com um trabalho voltado para a estimulação sensorial através de planos tridimensionais, textos em Braille, texturas diferenciadas e elementos reciclados, Eni promove a arte inclusiva, interativa e acessível a todos. As telas são elaboradas a partir de elementos reciclados e/ou coletados na natureza. A intenção da artista é despertar o espectador para um novo paradigma da ecologia: organizar de uma nova forma o conjunto das relações dos seres humanos entre si, entre a natureza e o universo.
Uma estrutura especial está sendo preparada para o acesso dos deficientes visuais à mostra em Juiz de Fora. Junto a cada obra, serão disponibilizados textos em Braille para uma melhor percepção da tela que foi tocada. No chão, abaixo de cada quadro, lixas estarão afixadas para facilitar a localização das telas, as quais, além de táteis, serão aromatizadas. Releituras das obras da artista produzidas por participantes dos projetos “Meninos de favela revelam talentos” e “Um outro olhar”, os quais a artista integra a equipe de coordenação, também serão apresentadas.
Para sensibilizar o visitante visual, a exposição apresenta os recursos que o deficiente visual utiliza em seu cotidiano, como por exemplo: a máquina de impressão em Braille, a bengala, a reglete, etc. Também serão oferecidas vendas para que ele possa percorrer a exposição às “escuras”, vivenciando a situação do outro.
Como explica a artista, o projeto de elaborar telas táteis surgiu quando transportou os brinquedos do filho para telas por ocasião de um trabalho escolar. “Eles se tornaram atrativos, tanto para as crianças, quanto para os adultos, no momento em que eles podiam tocar nas telas, me veio o ‘insight’ de pintar para pessoas cegas.”
A artista
Eni D’Carvalho nasceu em Ubá, Minas Gerais. Inicialmente formada em Administração, Ciências Contábeis e pós-graduada em Administração Hospitalar, decidiu, em 1996, dedicar-se à arte. Dois anos depois, questionou-se em termos conceituais sobre a dificuldade de acesso dos deficientes visuais à fruição das artes plásticas. Assim, a artista-educadora recorre a linguagens expressionistas por meio de texturas diferenciadas, símbolos, ritmos e planos.
O caráter inovador dessas preocupações reveladas em projetos como “Novas percepções nas artes plásticas”, a que se aliam outros também de âmbito social, como “Meninos das favelas revelam talentos”, consagraram-na com a atribuição da medalha da Solidariedade, em 2001, e a Medalha Maçônica de Honra ao Mérito, em 2002. Residente em Belo Horizonte, Eni desenvolve trabalhos de pesquisa junto aos usuários do Instituto São Rafael, que também atende pessoas portadoras de deficiência visual.
Hoje, Eni D’Carvalho é uma pintora conceituada e premiada tanto no Brasil, quanto nos Estados Unidos e Europa, onde recebeu o título de “Escultora do Escuro”.
A Exposição Tocar e Sentir - Coletânea de pinturas táteis estará aberta a visitação até 22 de abril, de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h; sábados e domingos, das 10h às 16h, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas. Agendamento de visitas para escolas podem ser feitos pelo telefone 3690-7051.
*Outras informações com a Assessoria de Imprensa da Funalfa pelos telefones 3690-7044 / 7045.
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