Jornalistas, historiadores, chargistas, escritores, poetas, muitas vezes, utilizam-se dos mesmos fatos sociais para a produção de textos. Entretanto, Miguel de Cervantes, escritor espanhol, nos ensina que “Uma coisa é escrever como poeta, outra como historiador: o poeta pode contar as coisas não como foram, mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido, mas como, realmente, foram – sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que seja”.
Textos literários e Textos utilitários
Quem faz literatura não tem o compromisso com a verdade, nem, muitas vezes, com a objetividade daquilo que escreve. Esse compromisso é, em especial, dos jornalistas, responsáveis por transmitir, legítima e objetivamente, os fatos, por meio das notícias, que são chamadas textos utilitários (ou não literários). Os textos utilitários cumprem a “função referencial da linguagem”. Poetas e escritores, os quais desenvolvem textos literários, têm a missão de arranjar a mensagem, a fim de que o leitor sinta prazer na leitura. É isso o que chamamos “função poética da linguagem”.
As figuras de linguagem são ferramentas dos poetas
As figuras de linguagem são recursos que valorizam, enfeitam a produção textual – elas são frequentemente exploradas ao longo dos textos literários. Metáfora, comparação, personificação e sinestesia são as figuras de linguagem mais usuais. Busque na Gramática definição e exemplos de cada uma dessas figuras de linguagem. Acima, no poema de Paulo Leminski, um haicai, há uma metáfora.
Como escrever um poema? É só rimar “coração” com “emoção”...
Há livres (ou soltos), os quais não têm regularidade métrica (mesmo número de sílabas poéticas em cada verso) nem rima (repetição de sons iguais ou parecidos ao final dos versos). Há, também, poemas rimados e metrificados. Abaixo, no exemplo 1, de Carlos Drummond de Andrade, temos versos livres; no exemplo 2, rimados e metrificados, de Gonçalves Dias:
1)
Política literária
O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.
Enquanto isso o poeta federal
tira ouro do nariz.
2)
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá
as aves que aqui gorjeiam
não gorjeiam como lá
(...)
Há também composições de estrutura fixa; é o caso, por exemplo, do haicai.
O haicai (originário do japonês haikai, vocábulo composto de hai = brincadeira, gracejo e kai = harmonia) é uma forma poética marcada pela concisão e pela objetividade. Os haicaístas, frequentemente, buscam temas voltados ao cotidiano e à natureza, mas nada impede que sejam explorados temas de viés lírico ou social. O haicai clássico é composto por 17 sílabas poéticas, distribuídas em 3 versos (de 5, 7 e 5 sílabas poéticas); a rima e o título são opcionais. Há haicais ilustrados também.
IMPORTANTE! Para valorizar seus textos literários, antes de escrever os haicais, pesquise: 1) figuras de linguagem; 2) regras de metrificação. Exemplos de haicai:
NOTURNO
Na cidade, a lua:
a joia branca que boia
na lama da rua.
PESCARIA
Cochilo. Na linha
eu ponho a isca de um sonho.
Pesco uma estrelinha.
(Guilherme de Almeida)
COMANDO: Imagine que você participará de um concurso de haicais. Você deverá compor três deles, explorando, em cada qual, o tema:
1) cotidiano;
2) Amazônia e
3) adolescência.
Se for preciso, releia as explicações anteriores e, claro!, aproveite o conteúdo das pesquisas sugeridas.