Como vivem os macacos-pregos no Cemacas

Estes primatas são alvo de pesquisas por todo o mundo e despertam curiosidade por sua inteligência e comportamento peculiar

 Um macaco prego, marrom claro e focinho preto,  está pendurado em um galho de árvore

O Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (CEMACAS) juntamente com a Divisão da Fauna Silvestre (DFS), realizam um trabalho primoroso de atendimento veterinário especializado, cuidados e reabilitação das espécies resgatadas e entregues a eles.

Conhecido como um dos primatas mais inteligentes, o macaco-prego é alvo de pesquisa, principalmente por apresentar comportamentos curiosos, como o de utilizar pedras e pedaços de madeira no seu dia-a-dia. Costumam usar galhos para derrubar os frutos das árvores ou retirar insetos de buracos e, geralmente, as pedras servem para quebrar castanhas e abrir a casca dura de algumas frutas.

A espécie também é muito famosa por fazer uma tremenda bagunça por onde passa, muito arteiros e espertos, os macacos-pregos tem um ritmo intenso de atividades durante o dia.
“Os macacos-pregos estão entre as espécies de primatas mais recebidas pela DFS. Hoje temos 12 indivíduos sob cuidados dos biólogos e veterinários da nossa equipe”, afirma Francisco Miguel Conde da Cruz (médico-veterinário e biólogo, coordenador de Destinação).

O biólogo conta que cada um deles traz a sua história, vão desde pequenos filhotes que foram entregues pela polícia, até macacos idosos, apreendidos em situação de maus tratos e tráfico. Francisco afirma que a maioria acaba convivendo com outros indivíduos da mesma espécie e permanecendo juntos até a sua destinação. Já alguns não gostam de companhia e acabam ficando sozinhos, como é o caso da "Chicão", uma fêmea que passou vinte anos com uma família que sempre acreditou tratar-se de um macho. Por isso o nome sempre foi e continua sendo Chicão.

Outro caso curioso é o do "Buzz", um macaco-prego que chegou tão filhote que ainda chupava o dedo.

Buzz cresceu sendo alimentado na mamadeira, depois papinha e por fim ração, frutas, folhas e insetos, fazendo com que ficasse forte e saudável. O que rendeu a ele a liderança do bando de cinco indivíduos que vivem juntos em um grande recinto.

Francisco relata que o hábito de “Buzz” chupar o dedo, permanece até hoje. Sendo um grande mistério que mesmo tendo esta mania, ele tenha conseguido se tornar o alfa do bando.
Seja no alto da árvore ou no chão, o macaco-prego passa grande parte do tempo procurando comida.

“Por serem primatas diurnos como nós, a atividade mais intensa ocorre durante o dia. É por isso que nós preparamos diversos tipos de enriquecimento ambiental como sorvetes de frutas e insetos, caixas surpresa para esconder alimentos, balanço, cordas, poleiros e muitas outras formas de evitar o estresse do animal”, conta Francisco.

Além de todas as atividades proporcionadas para a espécie e a rica alimentação oferecida, a higienização do local é prioridade para os tratadores, independente da quantidade de animais presentes no local, o que explica a boa relação, respeito e carinho existentes entre a equipe e os animais.

Habitat Natural

Francisco conta que muitos munícipes questionam o motivo pelo qual os animais não são devolvidos para seu habitat natural. “Não podemos devolvê-los a natureza por diversos motivos. Um deles é que a maioria nem da natureza veio”, explica o veterinário.

Francisco comenta que, por muitas vezes, os animais chegam de apreensão por maus tratos, seja por "dono" que não sabe o que está fazendo, ou durante transporte (tráfico ilegal) para comércio criminoso. Em nenhuma dessas situações tem como saber a origem real do animal, por isso, e pela impossibilidade de reconhecer através de estudo genético a verdadeira espécie, esses animais não podem ser soltos.

Também há o fato comportamental dos macacos-pregos e de algumas outras espécies de primatas. Quando um bando encontra outro indivíduo que não é do seu grupo provavelmente vão ataca-lo até a morte, pois o reconhecem como invasor e uma ameaça.

“Considerando todos esses fatos e a dificuldade de encontrar uma área com todas as características para manter uma família de macacos-pregos sem a presença de indivíduos já ocupando essa área, é praticamente impossível soltar indivíduos dessas espécies. Por isso faça sua parte, não compre ou apoie o comércio de animais silvestres”, finaliza Francisco.