WALDA MARQUES: ESTÚDIO COMO TEATRO
Com pai e tios fotógrafos, Walda Marques cresceu frequentando estúdios. Acabou dirigindo sua atividade profissional para o campo da maquiagem e, como maquiadora, continuou trabalhando em estúdios fotográficos, além de expandir seu campo de atuação para o teatro, o cinema e a televisão. Diz que, para ela, foi natural a migração para a fotografia e para o retrato em particular. “Além de atuar como maquiadora e de ter familiaridade com equipamento fotográfico desde muito cedo, também fiz um pouco de teatro e dança. Sempre vivi nesse meio das artes do espetáculo, por isso foi fácil passar a criar personagens em estúdio usando a fotografia como suporte”, explica.
Walda tem um estilo de direção bastante tátil. Ela passa mais tempo preparando a cena e a modelo do que fotografando. Encara a sessão de fotos como um longo processo de construção de uma personagem. A maioria dos fundos utilizados é pintada pela própria fotógrafa, que eventualmente convida algum pintor de rua para fazer o serviço, mas sempre a partir do que ela idealizou. O figurino, a maquiagem e os arranjos de cabelo também são feitos por ela. Assim, ela transformou seu estúdio em um espaço mágico, onde nascem retratos que dialogam com os universos da pintura e do teatro.
A fotógrafa conta que o estúdio tem tudo a ver com o tipo de trabalho que ela faz, pois lá guarda muitos panos, bordados, coisas encontradas no lixo ou na rua e
Gosto de montar os meus figurinos para os retratos e uso muitos elementos, como tecidos e objetos variados que guardo Walda Marques
muitos objetos que pessoas lhe dão por conhecerem o estilo dela. “Sabem que posso usar em alguma produção", conta.
Walda Marques gosta de misturar flash com luz contínua e busca sempre construir uma iluminação teatral. Ela fotografa com uma DSLR Canon 5D Mark IV e tem predileção pela meia-tele de 105 mm. Também adora fotografar com smartphone, no caso um iPhone, e muitas de suas imagens finais foram feitas com o aparelho.
Seu trabalho autoral conta com algumas séries e está focado na figura feminina. Ela já criou ensaios sobre mulheres marajoaras, produtoras de mandioca e vendedoras do Ver-o-Peso, o famoso mercado de rua de Belém. Mas a fotógrafa paraense encara todas as personagens como derivações de uma mesma figura. “Meu trabalho é sobre uma mulher que tem uma força enorme nas mãos, que toma banho de cheiro, vai em busca do santo que realmente quer prestigiar, homenagear, rezar. Uma mulher que pode e deve fazer o que ela bem quer, solta, viva, livre, que nasce de tudo o que eu já vi, das coisas que ouço e das lembranças que tenho”, define.