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Soprano Elisabete Matos no Navio Fantasma

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A soprano Elisabete Santos está radicada em Madrid há 20 anos dr

A ópera de Richard Wagner, que está em cena no Teatro Real de Madrid, tem como protagonista uma portuguesa

A soprano Elisabete Matos desempenha o papel protagonista feminino de Senta na ópera O Navio Fantasma de Richard Wagner em exibição até 28 de Janeiro no Teatro Real de Madrid. Elisabete Matos, que em 2001 recebeu o prémio Grammy pelo álbum La Dolores, com Plácido Domingo, inicia na capital espanhola duas épocas de intenso trabalho.

"Há 20 anos que vim para Madrid com uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian depois de ter feito o Conservatório de Braga", recorda. Foram cinco anos de estudo e preparação. "Eu sou portuguesa, mas a imprensa espanhola chama-me soprano luso-espanhola, o que me honra, porque fiz aqui o meu trajecto", explica. "Actuei com Plácido Domingo e estive presente em quase todas as temporadas do Teatro Real, aliás todas as hipóteses foram-me dadas aqui", diz.

A última vez que actuou em Portugal foi em 2007, no Teatro de São Carlos, na ópera Tosca, de Giacomo Puccini. Mas, mais recentemente, no âmbito das comemorações do centenário da República, gravou duas versões do hino nacional. "Gravei A Portuguesa em duas versões, de soprano com orquestra, coro, banda e fanfarra e de orquestra, coro e solista", revela Elisabete Matos.

Depois do Navio Fantasma, em Madrid, a soprano portuguesa canta em Londres em Tosca e, mais tarde, em Estrasburgo, interpreta Lady Macbeth, de Giuseppe Verdi. "Em Agosto estarei em Portugal, no Festival de Óbidos", anuncia. As próximas duas temporadas já estão preenchidas.

"Nos sítios mais recônditos, como há tempos ocorreu em Salamanca, aparecem portugueses que vêm para me ouvir cantar", relata. Voltar a Portugal está fora de questão. "As pessoas que regressam a Portugal encontram dificuldades e não têm possibilidades de fazer carreira", lamenta a soprano.

"Em Portugal, se alguém se destaca cria uma sensação de desconforto", critica: "Nunca me senti acarinhada em Portugal, apesar de não haver tantos cantores a fazer carreira internacional".

Elisabete Matos considera um erro acabar com os conservatórios de música. "É uma incongruência, é verdade que o artista nasce mas só se faz com muito trabalho e disciplina", refere, recusando o estatuto de diva.

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