“Não amemos com palavras nem com a língua, mas com obras e em verdade” (1Jo 3,18).
A ordem de São João aos cristãos da Igreja primitiva permanece ainda viva e atual; ressoa em nossos ouvidos como o apelo divino ao exercício da caridade humana em tempos da hierarquia o individualismo.
Recordemo-nos do princípio da humanidade: criados à imagem e semelhança de Deus. Se Ele é amor, somos, portanto, o reflexo do amor. Então, a caridade exterior só pode existir como consequência de uma vida interior entregue a Cristo, pois “quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 4,16). Além disso, do Pai nos provém o bem gratuito e sem mérito, apenas dado. Eis o impulso dos cristãos à prática dessa virtude teologal: “recebestes de graça, de graça dai” (Mt 10,8). Na caridade encontra-se a resposta do homem à ação divina. Por isso, “o amor deve ser entendido como um ato de vontade e de inteligência”, cita Dom Alberto Taveira.
Em contrapartida, há de se ressaltar a necessidade de um equilíbrio entre a prática exterior e a razão interior para que a caridade cotidiana seja genuína, conforme o ensinamento de Jesus Cristo. Diante disso, é preciso tomar cuidado com duas formas de comportamento: o ativismo – que exalta a ação externa, mas mascara uma fé insípida – e o moralismo, que despreza a compaixão e a misericórdia. Em suma, guardemos bem as palavras de São JosemariaEscrivá: “mais do que em dar, a caridade está em compreender”. Que de fato assumamos uma vida cristã em sua essência com fundamento no amor manifestado por Jesus.