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Flora do Espírito Santo: Banisteriopsis (Malpighiaceae)

Flora of Espírito Santo: Banisteriopsis (Malpighiaceae)

Resumo

Banisteriopsis é um dos gêneros de Malpighiaceae mais diversificados em território brasileiro com ca. 45 espécies. Após seis anos de coletas em campo e análises de materiais herborizados foi possível reconhecer oito espécies de Banisteriopsis para o estado do Espírito Santo. Apresentamos descrições morfológicas, chave de identificação, ilustrações, mapas de distribuição e comentários sobre distribuição, ecologia, fenologia e taxonomia de todas as espécies.

Palavras-chave:
Brasil; clado Stigmaphylloide; Floresta Atlântica; Malpighiales; Taxonomia

Abstract

Banisteriopsis is one of the most diversified genera of Malpighiaceae within the Brazilian territory with ca. 45 species. After six years of field trips and herbaria studies, it was possible to recognize eight species of Banisteriopsis in the state of Espírito Santo. We present morphological descriptions, an identification key, illustrations, distribution maps and comments on distribution, ecology, phenology and taxonomy of all species.

Key words:
Brazil; Stigmaphylloid clade; Atlantic Forest; Malpighiales; Taxonomy

Introdução

Banisteriopsis C.R.Rob. é um dos maiores gêneros de Malpighiaceae Neotropicais, compreendendo ca. 60 espécies distribuídas do México até a Argentina (Anderson & Davis 2006Anderson WR, & Davis CC (2006) Expansion of Diplopterys at the expense of Banisteriopsis (Malpighiaceae). Harvard Papers on Botany 11:1-16.; Gates 1982). O gênero é amplamente diversificado nos cerrados da América do Sul, sendo facilmente reconhecido pelas Folhas com glândulas na face abaxial das lâminas, inflorescências geralmente umbelas 4-floras e pelos conectivos das anteras expandidos e glandulosos (Almeida et al. 2016Almeida RF, Francener A & Amorim AMA (2016) A generic synopsis of Malpighiaceae in the Atlantic Forest. Nordic Journal of Botany 34: 285-301. ). Banisteriopsis é monofilético em sua atual circunscrição, sendo posicionado no clado Stigmaphylloide proximamente relacionado ao gênero africano Sphedamnocarpus (Davis & Anderson 2010).

Grande parte de suas espécies (ca. 45 spp.) ocorre por todo o território brasileiro, principalmente nos domínios do Cerrado, Floresta Amazônica e Floresta Atlântica (Almeida et al. 2016Almeida RF, Francener A & Amorim AMA (2016) A generic synopsis of Malpighiaceae in the Atlantic Forest. Nordic Journal of Botany 34: 285-301. , 2018; BFG 2018; Gates 1982). Deste total, cerca de 14 espécies são registradas para a Floresta Atlântica, das quais 11 são endêmicas deste bioma (Almeida et al. 2016, 2018; BFG 2018).

Como continuação de uma série de estudos focados na taxonomia de Malpighiaceae no estado do Espírito Santo (Almeida 2017Almeida RF (2017) Amended description and conservation status of Stigmaphyllon carautae (Malpighiaceae). Rodriguésia 68: 1471-1477., 2018; Almeida & Mamede 2014, 2016; Almeida & Amorim 2015; Almeida & Pellegrini 2016; Almeida et al. 2013, 2015; Francener et al. 2018Francener A, Almeida RF & Mamede MCH (2018)Assembling the puzzle of Byrsonima fanshawei (Malpighiaceae): emended description and new records for a rare species. Brittonia 70: 356-363.), apresentamos o tratamento taxonômico de Banisteriopsis para este estado. Este trabalho contém uma chave de identificação, descrições morfológicas, materiais selecionados, lista de exsicatas, comentários sobre distribuição e taxonomia, mapas de distribuição geográfica e ilustrações para as espécies estudadas.

Métodos

Foram analisadas as coleções dos herbários ALCB, ASU, BHCB, CESJ, CEPEC, CRVD, ESA, FLOR, GUA, IAC, HB, HUEFS, MBM, MBML, MO, R, RB, RBR, RFA, SP, SPF, UB, UEC, UPCB e VIES (acrônimos segundo Thiers, continuamente atualizado), além de materiais obtidos durante coletas em campo entre 2011 e 2016, e depositados nos herbários SP e HUEFS. Todos os espécimes foram analisados utilizando-se um estereomicroscópio, literatura especializada (Anderson 1981Anderson WR (1981) Malpighiaceae. In: The botany of the Guayana Highland - Part XI. Memoirs of the New York Botanical Garden 32: 21-305.; Niedenzu 1928Niedenzu F (1928) Malpighiaceae.In: Engler A (ed.) ‟Das Pflanzenreich” IV. 141: 1-870.; Radford 1974Radford AE, Dickison WC, Massey JR & Bell CR (1974) Vascular plant systematics. Harper & Row, New York. 891p.) e consultando-se tipos nomenclaturais de cada binômio pessoalmente ou em herbários virtuais. Os materiais selecionados para as descrições morfológicas representam somente um voucher por município e a lista de exsicatas abrange todos os materiais examinados. Dados de distribuição geográfica foram obtidos das etiquetas dos materiais selecionados, seguindo a classificação de Veloso et al. (1991Veloso HP, Rangel Filho AL & Lima JCA (1991) Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE, Rio de Janeiro. 112p.). Mapas foram elaborados utilizando-se o software ArcGis 9.2 (ESRI 2010), shapefiles foram obtidos do IBGE (2015) e coordenadas geográficas foram obtidas de materiais herborizados.

Resultados e Discussão

Banisteriopsis C.R.Rob., N. Amer. Fl. 25(2): 131. 1910.Figs. 1-13

Figura 1
Tipos de inflorescências em Banisteriopsis – a. tirsos; b. umbelas. Ilustrações: Klei Sousa.
Figure 1
Types of inflorescences in Banisteriopsis – a. tyrsi; b. umbels. Illustrations by Klei Sousa.

Figura 2
Banisteriopsis adenopoda – a. flor jovem em vista frontal; b. flor madura em vista frontal; c. botão floral em vista lateral; d. fruto em vista lateral; e. detalhe de glândulas foliares estipitadas; f. inflorescência em vista lateral; g. face adaxial de uma folha; h. face abaxial de uma folha. Fotos: R.F. Almeida.
Figure 2
Banisteriopsis adenopoda – a. young flower in frontal view; b. old flower in frontal view; c. floral bud in side view; d. fruit in side view; e. detail of stalked leaf glands; f. inflorescence in side view; g. leaf in adaxial view; h. leaf in abaxial view. Photos by R.F. Almeida.

Figura 3
Banisteriopsis membranifolia – a. botão floral do morfo rosa em vista lateral; b. flor do morfo rosa em vista frontal; c. frutos em vista lateral; d. botão floral do morfo amarelo em vista lateral; e. flor do morfo amarelo em vista frontal; f. detalhe do pecíolo glanduloso; g. inflorescência em vista lateral; h. face abaxial de uma folha. Fotos: c-f, h. M.O.O. Pellegrini; a-b, g. A. Assis.
Figure 3
Banisteriopsis membranifolia – a. floral bud of the pink flowered morph in side view; b. flower of the pink flowered morph in frontal view; c. fruit in side view; d. floral bud of the yellow flowered morph in side view; e. flower of the yellow flowered morph in frontal view; f. detail of a glandular petiole; g. inflorescence in side view; h. leaf in abaxial side. Photos: c-f, h. M.O.O. Pellegrini; a-b, g. A. Assis.

Figura 4
Mapa de distribuição para espécies de Banisteriopsis no estado do Espírito Santo: quadrado - B. adenopoda, círculo - B. membranifolia.
Figure 4
Distribution map for the species of Banisteriopsis in the state of Espírito Santo: square - B. adenopoda, circle - B. membranifolia.

Figura 5
Banisteriopsis multifoliolata – a. inflorescência em vista lateral; b. sépala em vista lateral; c. pétalas em vista frontal; d. Androceu em vistal lateral (o primeiro estame da esquerda para a direita é oposto a sépala anterior); e. gineceu em vista lateral. Ilustrações: Klei Sousa.
Figure 5
Banisteriopsis multifoliolata – a. inflorescence in side view; b. sepal in side view; c. petals in frontal view; d. androecium in side view (the first stamen from left to right is opposite the anterior sepal); e. gynoecium in side view. Illustrations by Klei Sousa.

Figura 6
Banisteriopsis muricata – a. botão floral em vista lateral; b. flor em vista frontal; c. ramo reprodutivo; d. fruto em vista lateral. Fotos: R.F. Almeida.
Figure 6
Banisteriopsis muricata – a. floral bud in side view; b. flower in frontal view; c. flowering branch; d. fruit in side view. Photos by R.F. Almeida.

Figura 7
Mapa de distribuição para espécies de Banisteriopsis no estado do Espírito Santo: quadrado - B. multifoliolata, círculo - B. muricata.
Figure 7
Distribution map for the species of Banisteriopsis in the state of Espírito Santo: square - B. multifoliolata, circle - B. muricata.

Figura 8
Banisteriopsis nummifera – a. flor em vista frontal; b. fruto em vista lateral; c. ramo reprodutivo. Fotos: C. Silva.
Figure 8
Banisteriopsis nummifera – a. flower in frontal view; b. fruit in side view; c. flowering branch. Photos by C. Silva.

Figura 9
Banisteriopsis parviglandula – a. detalhe de uma umbela em vista lateral; b. flor em vista frontal; c. fruto em vista lateral; d. detalhe das estípulas; e. inflorescência em vista lateral; f. detalhe dos ramos; g. ramo reprodutivo; h. detalhe da face abaxial de uma folha. Fotos c-d, f, h. M.O.O.Pellegrini; a-b, g. C.S.Pessoa.
Figure 9
Banisteriopsis parviglandula – a. detail of an umbel in side view; b. flower in frontal view; c. fruit in side view; d. detail of the stipules; e. inflorescence in side view; f. detail of the stem; g. flowering branch; h. detail of the abaxial side of a leaf. Photos: c-d, f, h. M.O.O.Pellegrini; a-b, g. C.S.Pessoa.

Figura 10
Mapa de distribuição para espécies de Banisteriopsis no estado do Espírito Santo: quadrado - B. nummifera, triângulo - B. parviglandula.
Figure 10
Distribution map for the species of Banisteriopsis in the state of Espírito Santo: square - B. nummifera, triangle - B. parviglandula.

Figura 11
Banisteriopsis scutellata – a. ramo reprodutivo; b. detalhe das flores; c. detalhe da the inflorescência; d. fruto em vista lateral. Fotos: C.N. Fraga.
Figure 11
Banisteriopsis scutellata – a. inflorescence shoot; b. detail of flowers; c. detail of the the inflorescence; d. fruit in side view. Photos by C.N. Fraga.

Figura 12
Mapa de distribuição para espécies de Banisteriopsis no estado do Espírito Santo: quadrado - B. scutellata, círculo - B. sellowiana.
Figure 12
Distribution map for the species of Banisteriopsis in the state of Espírito Santo: square - B. scutellata, circle - B. sellowiana.

Figura 13
Banisteriopsis sellowiana – a. ramo vegetativo; b. flor em vista lateral mostrando as sépalas eglandulosas; c. flor em vista frontal. Fotos: A.C.S. DalCol.
Figure 13
Banisteriopsis sellowiana – a. leaf shoot; b. flower in side view showing the eglandular sepals; c. flower in frontal view. Photos by A.C.S. DalCol.

Trepadeiras a arbustos escandentes. Tricomas malpiguiáceos em forma de T, Y ou V. Estípulas interpeciolares diminutas quando presentes. Folhas opostas, reduzidas nas inflorescências; pecíolos frequentemente com 1-2 pares de glândulas apicais; lâmina inteira, frequentemente discolor, 1-vários pares de glândulas marginais, nas nervuras, na face abaxial da lâmina ou na margem pétala posterior, limbo na face abaxial. Tirsos ou umbelas, solitários ou reunidos em dicásios ou panículas, geralmente subtendidos por uma folha reduzida. Cálice com sépalas laterais biglandulosas, sépala anterior geralmente eglandulosa; Corola alva, rósea ou amarela; pétalas com margem fimbriada, denticulada a erosas, glabras em ambas as faces. Androceu com 10 estames férteis, conados na base, iguais ou heteromórficos; conectivos glandulosos; anteras com deiscência longitudinal. Gineceu com 3 estiletes iguais ou heteromórficos, paralelos ou divergentes; estigmas terminais, capitados. Mericarpos alados 3, separando-se na maturidade a partir do eixo piramidal, cada qual com uma ala dorsal bem desenvolvida, espessada na margem superior; núcleo seminífero liso ou com álulas reduzidas.

Banisteriopsis inclui 57 espécies de distribuição Neotropical, com poucas espécies atingindo os subtrópicos da Argentina, Paraguai e México (Gates 1982). Cerca de 2/3 das espécies são endêmicas do Brasil e oito espécies são encontradas no Espírito Santo, ocorrendo em diferentes formações vegetais. Uma chave para os gêneros de Malpighiaceae ocorrentes no domínio da Floresta Atlântica, incluindo o estado do Espírito Santo, é encontrada em Almeida et al. (2016Almeida RF, Francener A & Amorim AMA (2016) A generic synopsis of Malpighiaceae in the Atlantic Forest. Nordic Journal of Botany 34: 285-301. ).

Chave para as espécies de Banisteriopsis no estado do Espírito Santo, Brasil

  • 1. Lâminas foliares coriáceas; flores reunidas em tirsos (Fig. 1a); pedúnculo do cincino presente; pétalas sempre amarelas na antese pós-antese; mericarpos alados com tricomas irritantes 2

    1ʼ. Lâminas foliares cartáceas; flores reunidas em umbelas (Fig. 1b); pedúnculo do cincino ausente; pétalas alvas, amarelo pálido, lilases, rosas em antese, amarelo ouro ou alaranjadas na pós-antese; mericarpos alados com tricomas não irritantes (exceto em Banisteriopsis multifoliolata) 3

    • 2. Lâminas foliares glabras em ambas as faces; elaióforos ausentes; mericarpos alados com um par de álulas laterais desenvolvidas 8. Banisteriopsis sellowiana

      2ʼ. Lâminas foliares seríceas na face abaxial; elaióforos presentes; mericarpos alados com um par de álulas laterais reduzidas a costelas 5. Banisteriopsis nummifera

      • 3. Brácteas e bractéolas cartáceas, persistentes; elaióforos circulares, verdes 4

        3ʼ. Brácteas e bractéolas coriáceas, decíduas; elaióforos oblongos, amarelos, róseos ou avermelhados 5

        • 4. Lâminas foliares velutinas na face abaxial, base cordada, margem revoluta; folhas reduzidas associadas a inflorescência filiformes; sépalas glabras; pétalas amarelo pálido; ala dorsal não estreitada na base 7. Banisteriopsis scutellata

          4ʼ. Lâminas foliares tomentosas na face abaxial, base arredondada, margem plana; folhas reduzidas associadas a inflorescência ausentes; sépalas seríceas; pétalas amarelo ouro; ala dorsal estreitada na base 6. Banisteriopsis parviglandula

          • 5. Lâminas foliares eglandulosas, nervuras impressas na face adaxial; pétalas sempre róseas; núcleo seminífero muricado 4. Banisteriopsis muricata

            5ʼ. Lâminas foliares glandulosas, nervuras proeminentes na face abaxial; pétalas alvas, róseas a alaranjadas na antese, amarelo pálido a amareladas na pós-antese; núcleo seminífero liso ou com 1-2 pares de álulas 6

            • 6. Lâminas foliares híspido-tomentosas na face abaxial, reduzidas quando associadas à inflorescência; mericarpos com núcleo seminífero liso (álulas laterais raramente reduzidas a costelas diminutas), tricomas irritantes 3. Banisteriopsis multifoliolata

              6ʼ. Lâminas foliares seríceas ou velutinas na face abaxial, nunca reduzidas quando associadas à inflorescência ou reduzidas a pequenas brácteas decíduas; mericarpos com núcleo seminífero com 1-vários pares de álulas, tricomas não irritantes 7

              • 7. Lâminas foliares velutinas na face abaxial, margem revoluta, ápice apiculado, glândulas laminares estipitadas; pecíolos eglandulosos; pétalas alvas na antese 1. Banisteriopsis adenopoda

                7ʼ. Lâminas foliares seríceas a glabras na face adaxial, margem plana, ápice obtuso a acuminado, glândulas laminares sésseis; pecíolos 2-4-glandulosos; pétalas róseas na antese 2. Banisteriopsis membranifolia

1. Banisteriopsis adenopoda (A.Juss.) B.Gates, Fl. Neotrop. Monogr. 30: 110. 1982. Figs. 2;4

Trepadeiras; ramos esparsamente velutinos; estípulas até 2 mm compr., lanceoladas, decíduas. Folhas não reduzidas nas inflorescências; pecíolo 0,6-1 cm compr., canaliculado, velutino, eglanduloso; lâmina foliar 4-7,5 × 2,3-4,7 cm, cartácea, largo-elíptica a ovada, base obtusa a arredondada, margem revoluta, ápice apiculado, ambas as faces velutinas, glândulas estipitadas; nervação broquidódroma, nervuras terciárias escalariformes, adaxialmente impressas, abaxialmente proeminentes. umbelas, 4-floras, reunidas em dicásios axilares; raque velutina; brácteas e bractéolas 2-3 mm compr., coriáceas, lanceoladas, involucrais, decíduas; pedúnculos ausentes. flores com pedicelos 1-1,4 mm compr., velutinos; sépalas ca. 3,8 × 2-3 mm, ápice cuneado, adaxialmente serícea na base, abaxialmente serícea; elaióforos 8, oblongos, amarelo avermelhados, ca. 3 × 1 mm; pétalas alvas a amarelo-pálido na pós-antese, limbo orbicular, fimbriado; pétalas laterais com limbo 6,5-7 × 4,5-5 mm, unguículos ca. 2 × 0,5 mm; pétala posterior com limbo ca. 5 × 5 mm, glanduloso-fimbriado na base, unguículo ca. 3 × 1 mm. Estames com filetes 2-3 mm compr., conectivos das anteras opostas as sépalas e pétalas anteriores glandulosos e proeminentes, lóculos pubescentes. Ovário ca. 1 × 1 mm, cônico, seríceo; estiletes ca. 2 × 0,5 mm, retos, divergentes, cilíndricos, glabros. Mericarpos alados vermelhos quando maduros; ala dorsal 2,3-2,9 × 1,2-1,4 cm, serícea, tricomas não irritantes; núcleo seminífero 6-3 mm compr., seríceo, 1-2 pares de álulas, seríceas.

Materiais examinados: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Água Doce do Norte, 12.III.2010, fl.e fr., Forzza 5806 (RB).

Distribuição, habitat e fenologia: é endêmica ao Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e disjuntamente no Ceará (Gates 1982; BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em floresta Estacional Semidecidual e Ombrófila Densa (Fig. 4). Floresce e frutifica em março.

Banisteriopsis adenopoda assemelha-se a B. membranifolia pela ausência de folhas reduzidas associadas as inflorescências ou estas reduzidas a pequenas brácteas eglandulosas e decíduas e por mericarpos com núcleo seminífero com 2 pares de álulas laterais. Diferencia-se desta última pelas folhas velutinas na face adaxial (vs. seríceas), margem revoluta (vs. margem plana), ápice apiculado (vs. ápice obtuso acuminado), glândulas laminares estipitadas (vs. glândulas sésseis), pecíolos eglandulosos (vs. 2-4-glandulosos) e por pétalas variando de brancas a amarelo pálido (vs. amarelas a róseas).

2. Banisteriopsis membranifolia (A.Juss.) B.Gates, Fl. Neotrop. Monogr. 30: 106. 1982. Figs. 3; 4

Trepadeiras; ramos seríceos; estípulas até 1,5 mm compr., triangulares, persistentes. Folhas não reduzidas nas inflorescências; pecíolo 0,9-1,6 cm compr., canaliculado, velutino, 2-4-glanduloso no ápice, glândulas sésseis; lâmina foliar 6,8-11,5 × 3,7-8 cm, cartácea, oval a elíptica, base obtusa a arredondada, margem plana, ápice obtuso a acuminado, face adaxial serícea a glabra, face abaxial serícea, 2-4-glandulosa nas nervuras secundárias, glândulas sésseis, nervação broquidódroma, nervuras impressas na face adaxial, proeminentes na face abaxial, as terciárias escalariformes, com retículo conspícuo entre elas. umbelas, 4-floras, reunidas em dicásios axilares ou terminais; raque velutina; brácteas e bractéolas até 2 mm compr., coriáceas, oblongas, involucrais, decíduas; pedúnculos ausentes. Flores com pedicelos 1,4-2 cm compr., velutinos; sépalas 3-4 × 1,5-2 mm, ápice arredondado, adaxialmente glabra, abaxialmente serícea; elaióforos 8, oblongos, amarelos ou rosados, 2-2,5 × 1-1,3 mm; pétalas amarelas a róseas na pós-antese, limbo obovado, fimbriado; pétalas laterais com limbo 7-7,5 × 5-9 mm, unguículos 1,5-2 × 0,5-0,7 mm; pétala posterior com limbo ca. 4 × 4 mm, glanduloso-fimbriado na base, unguículos ca. 4 × 1 mm. Estames com filetes 2-3 mm compr., conectivos das anteras opostas as sépalas e pétalas anteriores glandulosos e proeminentes, lóculos pubescentes. Ovário ca. 1,5 × 1,5 mm, ovoide, seríceo; estiletes 3,5-4 × 0,25-0,26 mm, retos, divergentes, cilíndricos, glabros. Mericarpos alados avermelhados quando maduros; ala dorsal 2,5-4 × 1,3-1,8 cm, serícea a glabra, tricomas não irritantes; núcleo seminífero 5-6 mm compr., seríceo, 2-pares a várias álulas laterais, seríceas.

Materiais examinados: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Afonso Cláudio, 28.IV.2006, fl., Kollmann et al. 8872 (MBML). Castelo, 28.I.2004, fl., Kollmann 6423 (MBML). Colatina, 9.V.2007, fl., Luz 415 (CRVD). Conceição do Castelo, 25.IV.2009, fl., Kollmann et al. 11612 (MBML). Muniz Freire, 6.IV.1984, fl., Hatschbach 47679 (MBM). Santa Leopoldina, 14.IV.2008, fl., Kollmann et al. 10797 (MBML). Santa Maria de Jetibá, 7.V.2003, fl., Kollmann & Berger 6170 (MBML). Santa Teresa, São Lourenço, Alto Tabocas, 13.VIII.1998, fr., Kollmann et al. 352 (MBML). São Domingos do Norte, São Gonçalo, 3.V.2008, fl., Assis & Faria 1646 (MBML). Sooretama, Reserva Natural da Vale, 24.IV.2006, fl., Folli 5253 (CRVD).

Distribuição, habitat e fenologia: é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Gates 1982; BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em floresta Ombrófila Densa, floresta Estacional Semidecidual e floresta de Tabuleiro (Fig. 4). Floresce de janeiro a maio e frutifica em agosto.

Banisteriopsis membranifolia assemelha-se a B. adenopoda. Para uma discussão sobre semelhanças e diferenças entre essas espécies ver comentários de B. adenopoda.

3. Banisteriopsis multifoliolata (A.Juss.) B.Gates, Fl. Neotrop. Monogr. 30: 118. 1982. Figs. 5 ; 7

Trepadeiras; ramos tomentosos a glabrescentes; estípulas até 1 mm compr., triangulares, persistentes. Folhas reduzidas nas inflorescências; pecíolo 0,5-1 cm compr., canaliculado, híspido-tomentoso, eglanduloso; lâmina foliar 5-7,5 × 2-4,5 cm, cartácea, elíptica a orbicular, base arredondada a levemente cordada, margem revoluta, ápice apiculado a arredondado, ambas as faces híspido-tomentosa, com 1-2 pares de glândulas curto-estipitadas próximas a base; nervação broquidódroma, nervuras terciárias escalariformes, ambas as faces impressas. umbelas, 4-floras, reunidas em dicásios axilares; raque tomentosa; brácteas e bractéolas até 1 mm compr., coriáceas, triangulares, involucrais, decíduas; pedúnculos ausentes; Flores com pedicelos 0,9-1,5 mm compr., tomentosos; sépalas 1,8-2 × 1,5-3 cm, ápice arredondado, adaxialmente seríceas, abaxialmente tomentosas; elaióforos 8, oblongos, avermelhados, 2-2,5 × 1-1,5 mm; pétalas róseas na antese, amarelo pálido na pós-antese, limbo orbicular a obovado, fimbriado; pétalas laterais com limbo 4,5-5,5 × 5-5,5 mm, unguículos ca. 2 × 0,5 mm; pétala posterior com limbo 4,5-5 × 4,5-5 mm, glanduloso-fimbriado na base, unguículos ca. 3 × 1 mm. Estames com filetes 2-3 mm compr., conectivos das anteras opostas às sépalas anteriores glandulosos e proeminentes, lóculos pubescentes. Ovário ca. 1,5 × 1,5 mm, cônico, alvo-seríceo; estiletes 1,5-2 × 0,5-0,6 mm, retos, divergentes, achatados lateralmente, glabros. Mericarpos alados vermelhos a marrons quando maduros; ala dorsal 2,5-3,2 × 1-1,3 cm, serícea, tricomas irritantes; núcleo seminífero 7-8 mm compr., seríceo, álulas laterais ausentes ou raramente reduzidas a costelas diminutas.

Materiais examinados: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Águia Branca, Assentamento 16.IV, 2.IV.2007, fl., Demuner et al. 3440 (MBML, SP). Marilândia, Alto Liberdade, 19.IV.2006, fl. fr., Magnago et al. 950 (CEPEC, MBML). Santa Leopoldina, Suíça, 12.IV.2008, fl., Simonelli et al. 1461 (CEPEC, MBML).

Distribuição, habitat e fenologia: é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia e Rio de Janeiro (Gates 1982; BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em inselbergs associados às Florestas Ombrófila Densa e Estacional Semidecidual (Fig. 7). Floresce e frutifica em abril.

Banisteriopsis multifoliolata assemelha-se a B. adenopoda e a B. membranifolia pelas lâminas glandulosas, nervuras proeminentes na face abaxial, brácteas e bractéolas coriáceas e decíduas, elaióforos oblongos e pelas pétalas róseas na pré-antese a amareladas na pós antese. Diferencia-se das últimas pela presença de folhas reduzidas associadas às inflorescências (vs. ausência de folhas reduzidas associadas às inflorescências) e pelos mericarpos de núcleo seminífero sem álulas ou com costelas diminutas (vs. núcleo seminífero com 1-2-pares de álulas laterais).

4. Banisteriopsis muricata (Cav.) Cuatrec., Webbia 13: 503. 1958.Figs. 6;7

Arbustos escandentes a trepadeiras; ramos seríceos; estípulas até 1 mm compr., triangulares, persistentes. Folhas reduzidas nas inflorescências; pecíolo 0,7-1 cm compr., canaliculado, seríceo, 1-par de glândulas estipitadas no ápice; lâmina foliar 3-5,5(-9) × 3,5-4(-5) cm, cartácea, ovada a orbicular, base atenuada, margem ondulada, ápice acuminado, ambas as faces seríceas, eglandulosa; nervação broquidódroma, nervuras terciárias arqueadas, adaxialmente impressas, abaxialmente proeminentes. umbelas, 4-floras, reunidas em panículas axilares ou terminais; raque serícea; brácteas e bractéolas até 1 mm compr., coriáceas, triangulares, involucrais, decíduas; pedúnculos presentes. Flores com pedicelos 5-13 mm compr., seríceos; sépalas ca. 2 × 1 cm, ápice acuminado, adaxialmente glabra, abaxialmente serícea; elaióforos 8 (ou 10, com um par rudimentar), oblongos, avermelhados, ca. 1,5 × 0,5 mm; pétalas sempre róseas, limbo orbicular, denticulado a fimbriado; pétalas laterais com limbo 4-5 × 2-4 mm, unguículos 1-1,5 × 0,5-0,6 mm; pétala posterior ca. 4 × 4 mm, glanduloso-fimbriada na base, unguículo ca. 2,5 × 0,5 mm. Estames com filetes 1-2 mm compr., conectivos das anteras opostas às sépalas látero-anteriores glandulosos e proeminentes, lóculos glabros. Ovário ca. 0,8 × 0,8 mm, cônico, seríceo; estiletes 2-2,5 × 0,2-0,3 mm, arqueados na base, divergentes, cilíndricos, seríceos na base. Mericarpos alados avermelhados quando maduros; ala dorsal 3-3,3 × 0,8-1,5 cm, serícea, tricomas não irritantes; núcleo seminífero 5-5,4 mm compr., seríceo, muricado.

Materiais examinados: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Muniz Freire, 17.II.1993, fl., Souza 438 (CRVD). Santa Teresa, Tabocas, 7.II.2002, fl., Kollmann et al. 5535 (MBML). Sooretama, Reserva Natural da Vale, 10.V.1977, fl., Martinelli 1889 (CEPEC). Venda Nova do Imigrante, 23.II.1989, fl., Hatschbach & Cordeiro 52739 (MBM).

Distribuição, habitat e fenologia: ocorre desde o México até a Argentina (Gates 1982). No Brasil ocorre em todas as regiões do país, sendo o estado do Paraná seu limite austral (BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em floresta Estacional Semidecidual (Fig. 7). Floresce e frutifica de fevereiro a maio.

Banisteriopsis muricata assemelha-se a B. adenopoda, B. membranifolia e B. multifoliolata pelas brácteas e bractéolas coriáceas e decíduas e por elaióforos oblongos, avermelhados. Diferencia-se das últimas pelas Folhas eglandulosas (vs. glandulosas), nervuras impressas na face adaxial (vs. proeminentes), pétalas sempre róseas (vs. alvas na antese e amareladas na pós-antese ou róseas na antese a amareladas na pós-antese) e pelos mericarpos com núcleo seminífero muricado e sem álulas laterais (vs. núcleo seminífero liso ou com dois pares de álulas laterais).

5. Banisteriopsis nummifera (A.Juss.) B.Gates, Fl. Neotrop. Monogr. 30: 147. 1982. Figs. 8 ; 10

Arbustos escandentes ou trepadeiras; ramos seríceos; estípulas até 1,5 mm compr., triangulares, persistentes. Folhas reduzidas nas inflorescências; pecíolo 0,7-1,3(-1,5) cm compr., canaliculado, seríceo, 1-par de glândulas no ápice; lâmina foliar 6,5-15,5 × 3-5,5 cm, coriácea, ovada a elíptica, base obtusa a arredondada, margem revolta, ápice agudo acuminado a obtuso, adaxialmente glabra, abaxialmente serícea, eglandulosa; nervação broquidódroma, nervuras terciárias reticuladas, adaxialmente proeminentes, abaxialmente impressas. Tirsos, 5-7-floros, reunidos em panículas axilares; raque seríceas; brácteas e bractéolas 1,5-2 mm compr., coriáceas, triangulares, involucrais, persistentes; pedúnculo presente. Flores com pedicelos 5-8,5 mm compr., seríceos; sépalas ca. 3 × 2 mm, ápice obtuso a arredondado, adaxialmente glabras, abaxialmente seríceas; elaióforos 8, oblongos a circulares, amarelos, ca. 1,5 × 0,5 mm; pétalas amarelas, limbo orbicular a oblongo, denteado a fimbriado; pétalas laterais com limbo 5-7 × 5-7 mm, unguículos 1-2 × 0,5 mm; pétala posterior com limbo 5-6 × 3,5-4 mm, unguículos ca. 3 × 1 mm. Estames com filetes ca. 3 mm compr., conectivos das anteras glandulosos e não proeminentes, lóculos glabros. Ovário 1-1,5 × 1 mm, cônico, longo-seríceo; estiletes 2-3 × 0,2-4 mm, os posteriores arqueados na base, o anterior reto, todos divergentes, cilíndricos, glabros. Mericarpos alados vermelhos quando maduros, ala dorsal 3,5-5 × 1,2-1,7 cm, serícea, tricomas irritantes; núcleo seminífero 9-11 mm compr., seríceo, 1-par de álulas laterais reduzidas a costelas, seríceas.

Materiais examinados: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Linhares, 18.X.2008, fl., Fraga et al. 2274 (RB). Santa Teresa, Vale do Canaã, 13.IX.2001, fl., Kollmann & Bausen 4542 (MBML). Sooretama, Reserva Natural da Vale, 29.VIII.2001, fl., Folli 4027 (CRVD).

Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Grão-Mogol, IX.1985, fr., Zappi et al. 8393 (SP).

Distribuição, habitat e fenologia: ocorre na Bolívia, Brasil (AM, PA, RO, MT, GO, BA e no Sudeste), Guiana Francesa e Peru (Gates 1982; BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta de Tabuleiro (Fig. 10). Floresce e frutifica de agosto a outubro.

Banisteriopsis nummifera assemelha-se a B. sellowiana por suas flores reunidas em tirsos e de pétalas sempre amarelas ou amarelo-douradas. Diferencia-se da última por suas folhas seríceas na face abaxial (vs. glabras em ambas as faces), presença de elaióforos (vs. ausentes) e mericarpos com núcleo seminífero com 1-par de álulas laterais reduzidas a costelas (vs. com 1-par de álulas laterais desenvolvidas).

6. Banisteriopsis parviglandula B.Gates, Fl. Neotrop. Monogr. 30: 161. 1982. Figs. 9 ; 10

Trepadeiras; ramos velutinos; estípulas até 2 mm compr., lanceoladas, decíduas. Folhas não reduzidas nas inflorescências; pecíolo 0,7-1,1 cm compr., canaliculado, velutino, eglanduloso; lâmina foliar 4,3-8 × 2,5-5 cm, cartácea, largo-elíptica a ovada, base obtusa a arredondada, margem plana, ápice apiculado, ambas as faces tomentosas, glândulas estipitadas; nervação broquidódroma, nervuras terciárias escalariformes, adaxialmente impressas, abaxialmente proeminentes. umbelas, 4-floras, reunidas em dicásios axilares; raque velutina; brácteas e bractéolas 2-3 mm compr., cartáceas, lanceoladas, involucrais, persistentes; pedúnculos ausentes. Flores com pedicelos 1-1,4 mm compr., velutinos; sépalas 4 × 2-3 mm, ápice cuneado, adaxialmente serícea na base, abaxialmente serícea; elaióforos 8, circulares, verdes, ca. 3 × 1 mm; pétalas amarelo ouro na antes e pós-antese, limbo orbicular, fimbriado; pétalas laterais com limbo 6,5-7 × 4,5-5 mm, unguículos ca. 2 × 0,5 mm; pétala posterior com limbo ca. 5 × 5 mm, glanduloso-fimbriado na base, unguículo ca. 3 × 1 mm. Estames com filetes 2-3 mm compr., conectivos das anteras opostas as sépalas e pétalas anteriores glandulosos e proeminentes, lóculos velutinos. Ovário ca. 1 × 1 mm, cônico, seríceo; estiletes ca. 2 × 0,5 mm, retos, divergentes, cilíndricos, glabros. Mericarpos alados vermelhos quando maduros; ala dorsal 2,3-2,9 × 1,2-1,4 cm, serícea, tricomas não irritantes; núcleo seminífero 6-3 mm compr., seríceo, com 2-pares de álulas laterais, seríceas.

Materiais examinados: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Santa Teresa, Nova Lombardia, REBIO Augusto Ruschi, trilha da divisa, casa de pedra, lado direito, 24.V.2002, fr., R.R. Vervloet 298 (CEPEC, MBML).

Distribuição, habitat e fenologia: é endêmica ao Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro (BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em floresta Estacional Semidecidual e floresta Ombrófila Densa (Fig. 10). floresce de maio a junho e frutifica em maio.

Banisteriopsis parviglandula assemelha-se a B. scutellata por suas brácteas e bractéolas cartáceas e persistentes e elaióforos circulares e verdes. Diferencia-se da última por suas folhas tomentosas na face abaxial (vs. velutinas/tomentoso-velutinas), base obtusa a arredondada (vs. cordada), margem plana (vs. revoluta), folhas reduzidas associadas a inflorescência ovais (vs. filiformes) e pétalas amarelo ouro (vs. amarelo pálido). A descrição de seus frutos é feita aqui pela primeira vez.

7. Banisteriopsis scutellata (Griseb.) B.Gates, Fl. Neotrop. Monogr. 30: 158. 1982. Figs. 12 ; 13

Trepadeira; ramos tomentoso-velutinos; estípulas 0,5-1,5 mm compr., lanceoladas, persistentes. Folhas reduzidas filiformes associadas as inflorescências; pecíolo 0,5-1,7 cm compr., canaliculado, tomentoso-velutino, eglanduloso; lâmina foliar 4-7,5 × 1,7-3,4 cm, cartácea, ovada, base cordada, margem revoluta, ápice longo-acuminado, adaxialmente velutina, abaxialmente tomentoso-velutina, com 2 a várias glândulas estipitadas na base ou na margem; nervação broquidódroma, nervuras terciárias perpendiculares à nervura primária, adaxialmente impressas, abaxialmente proeminentes. umbelas, 4-floras, reunidas em panículas ou racemos, axilares ou terminais; raque tomentosa; brácteas e bractéolas até 1 mm compr., cartáceas, obtuso-acuminadas, involucrais, persistentes; pedúnculos ausentes. Flores com pedicelos 5-8 mm compr., glabrescentes; sépalas 1,5-2 × 1,5 mm, ápice arredondado, ambas as faces glabras; elaióforos 8, circulares, verdes, ca. 1 × 0,5 mm; pétalas amarelo pálido na antese e pós-antese, limbo orbicular, serreadas; pétalas laterais com limbo 2,4-4 × 2,5-3 mm, unguículo 1,5-2,5 × 0,2 mm; pétala posterior com limbo ca. 2,5 × 2,5 mm, unguículo ca. 2 × 0,5 mm. Estames com filetes 1,5-2,5 cm compr., conectivos das anteras opostas às sépalas látero-anteriores glandulosos e proeminentes, lóculos glabros. Ovário ca. 1 × 0,5 mm, ovóide, longo-seríceos; estiletes 2-2,5 × 0,5 mm, retos, paralelos, cilíndricos, longo-seríceos até porção mediana. Mericarpos alados vermelhos quando maduros; ala dorsal 2-2,4 × 1,5-1,7 cm, serícea, tricomas não irritantes; núcleo seminífero 4-5 mm compr., seríceo, liso.

Materiais examinados: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Santa Teresa, V.1988, fl. fr., Fernandes 2495 (MBML). Santa Maria de Jetibá, V.2003, fl., Kollmann 6176 (MBML, SP).

Distribuição, habitat e fenologia: é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro (Gates 1982; BFG 2018). No Espírito Santo ocorre em floresta Ombrófila Densa (Fig. 13). Floresce e frutifica em maio.

Banisteriopsis scutellata assemelha-se a B. parviglandula. Para uma discussão sobre semelhanças e diferenças entre essas espécies ver comentários de B. parviglandula. A descrição de seus frutos é feita aqui pela primeira vez.

8. Banisteriopsis sellowiana (A.Juss.) B.Gates, Fl. Neotrop. Monogr. 30: 106. 1982. Figs. 12 ; 13

Trepadeira; ramos glabros; estípulas até 1 mm compr., triangulares, decíduas. Folhas reduzidas associadas a inflorescência; pecíolo 0,3-0,8(-1) cm compr., canaliculado, glabro, com 1-par de glândulas no ápice; lâmina foliar 5,5-7,3(-11) × 2,2-5,4 cm, coriácea, elíptica a obovada, base obtusa a arredondada, margem revoluta, ápice acuminado, ambas as faces glabras, eglandulosa; nervação broquidódroma, nervuras terciárias reticuladas, proeminentes em ambas as faces. Tirsos, 6-10-floros, reunidos em panículas axilares; raque serícea; brácteas e bractéolas 1-1,5 mm compr., coriáceas, triangulares, involucrais, persistentes; pedúnculos presentes. Flores com pedicelos 4-6 mm compr., seríceos; sépalas 2-2,5 × 1,5-2 mm, ápice arredondado, ambas as faces glabras; elaióforos ausentes; pétalas amarelo-douradas, limbo orbicular a oval, denticulado; pétalas laterais com limbo ca. 6 × 4 mm, unguículos ca. 2 × 0,3 mm; pétala posterior com limbo ca. 5 × 5 mm, eglanduloso, unguículo ca. 2 × 0,5 mm. Estames com filetes 2-3 mm compr., conectivos das anteras opostas as sépalas anteriores glandulosos e proeminentes, lóculos pubescentes. Ovários ca. 1 × 1 mm, ovóides, seríceos; estiletes ca. 3 × 0,25 mm, os posteriores arqueados na base, o anterior reto, todos divergentes, cilíndricos, glabros. Mericarpos alados esverdeados; ala dorsal 1,5-2,2 × 0,8-1 cm, serícea, tricomas irritantes; núcleo seminífero ca. 4 mm compr., seríceo, 1-par de álulas laterais, seríceas.

Materiais examinados: BRASIL. ESPÍRITO SANTO: Linhares, 4.IV.1989, fl., Folli 970 (CRVD). São Mateus, 14.X.1992, fl., Hatschbach et al. 58040 (MBM). Sooretama, Reserva Natural da Vale, 24.IX.1986, fl., Folli 611 (CRVD). Vitória, Manguinhos, 2.IX.1985, fl., Pereira 339 (VIES).

Distribuição, habitat e fenologia: é endêmica ao Brasil, ocorrendo nos estados do Rio de Janeiro e Bahia. No Espírito Santo ocorre em Restingas e Floresta de Tabuleiro (Fig. 13). Floresce e frutifica de setembro a abril.

Banisteriopsis sellowiana assemelha-se a B. nummifera. Para uma discussão sobre semelhanças e diferenças entre essas espécies ver comentários de B. nummifera.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Os autores agradecem aos curadores e funcionários dos herbários consultados os empréstimos e/ou doações de exsicatas e a Augusto Francener, Juliana Paula-Souza e Marco Pellegrini os valiosos comentários em uma versão preliminar do manuscrito. RFA agradece ao CNPq Protax (562136/2010-0) a bolsa de Mestrado e a Capes a bolsa de Pós-Doutorado. Expedições de coleta e visitas a herbários foram financiadas pelos projetos Capes Reflora Malpighiales (563548/2010-0), CNPq Protax (562136/2010-0) e CNPq Universal (486079/2013-9 e 422747/2016-5).

  • Lista de exsicatas
    Amorim AMA 7823. Anderson WR 11730. Assis AM 146, 1646. Azevedo AR 42. Barros PHD 227, 228. Bausen E 145. Belém RP 1521. Boudet-Fernandes HQ 1115, 2495, 3180. Costa-Lima JL 2180. Demuner V 402, 1909, 3440, 3629, 4217. Dutra RLS 53. Farias GL 138, 294. Fiaschi P 1467, 3123. Folli DA 600, 611, 970, 1215, 3249, 4027, 4337, 4494, 5253, 7401. Forzza RC 5806. Fraga, CN 2274. Hatschbach, G 47679, 51341, 52739, 58040. Kollmann, L 352, 1122, 2375, 2497, 2511, 2597, 4542, 5535, 6170, 6176, 6423, 6677, 8818, 8870, 8872, 9051, 10797, 11612. Luz AA 415. Magnago LFS 950. Martinelli G 1889. Martins GN 28. Menandro MS 164, 278. Pereira OJ 339. Pizziolo RM 99. Rossini J 435. Simonelli M 1461, 1558. Siqueira GS 1137, 1173. Souza VD 241, 438. Thomaz LD 990. Vervloet RR 195, 298, 2148, 2290, 2376

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Set 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    15 Abr 2018
  • Aceito
    14 Mar 2019
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