Digão Livros 18/09/2012Esqueçam as vitórias massacrantes dos homens bons sobre os maus.
Esqueçam também aquele cenário em que todos estão felizes no final!
Evite afeiçoar-se a algum personagem, seja ele herói ou vilão. Ele corre sério risco de morrer já nas próximas linhas, nas mãos de inimigos ou supostos aliados, em terríveis batalhas ou na hora do sagrado descanso.
Prepare-se sempre para o pior, para que o querido leitor não se sinta ultrajado, indignado ou até mesmo enganado em determinado momento. Os eventos são imprevisíveis.
No ano de 865 da Era Cristã, atrozes nórdicos invadem a costa da Bretanha. A procura de espólios e escravos, os guerreiros vikings encontram uma brecha em uma das principais fortalezas da costa, fruto da displicência de um pérfido e ardiloso comandante da tropa.
Batalhas que seguem e se sucedem, a fortaleza é tomada e dominada, grande parte dos homens são mortos, e mulheres e crianças, escravizadas.
É sobre a ótica de algumas dessas mulheres que o enredo é contado. Não se trata do olhar de uma simples camponesa, mas de duas mulheres de linhagem real, irmãs e sobrinhas do Rei.
Também não são simples damas da corte. São guerreiras. Orgulhosas e bem preparadas. Resistentes e persistentes. Verdadeiros mitos. As primeiras mulheres a empunharem armas, a terem inigualável treinamento militar, abrindo caminho para que outras, nobres ou não, nelas se inspirassem e seguissem o mesmo caminho, criando assim, a legião de Senhoras da Guerra.
Tal legião lutou bravamente nas linhas de frentes das principais batalhas, infligiram enormes derrotas e perdas aos adversários. Tornaram-se assim, preciosos souvenires aos Jarls quando a fortaleza caiu, sendo escravizadas, humilhadas e violentadas constantemente; resistindo não mais pela força física, mas inexplicavelmente pela fé inabalável.
É com essa fé que elas reescrevem a história, de forma não tão elegante e glamourosa como recitada pelos arautos, mas mortífera e sanguinária, como poucos possam imaginar.
Não existe final plenamente feliz, pois a guerra marcou o corpo e a alma dos sobreviventes.
Particularmente, achei interessante o contexto do livro que, em tese, abre espaço para diversos cenários e desdobramentos, sem alterar o rumo da história. Contudo, acho que falta a lucidez e a intensidade de um autor como o John Flanagan ou um Steven Pressfield, na descrição das batalhas, por exemplo. Tal lucidez poderia colocar realmente o leitor no cenário dos acontecimentos, fazer o leitor viajar dentro do livro.
Nesse quesito, acho que há quebra do enredo, que o texto não transcorre de maneira natural, mas essa é somente a minha humilde opinião.