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José Wilker: de santo a matador, de galã a homem comum

5 abr 2014 - 19h27
(atualizado às 20h13)
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<p>José Wilker</p>
José Wilker
Foto: Rede Globo / Divulgação

Um ator completo. Usar o clichê é inevitável. Não há outra classificação para definir José Wilker. E isso já se dizia dele quando estava vivo. Tornou-se uma unanimidade entre os colegas de profissão, a imprensa e o público. Uma de suas maiores qualidades era a versatilidade. Um artista de mil faces, unidas por dois traços em comum: a inconfundível voz grave e um delicioso cinismo ao estilo Jack Nicholson.

Para ele não havia personagem inapropriado. Wilker se adequava a qualquer tipo. Na TV foi galã na juventude (Rodrigo, na primeira versão de Anjo Mau, 1976) e também na maturidade (Marcelo, A Próxima Vítima, 1995). Santo de araque (Roque, em Roque Santeiro, 1985) e contraventor apaixonado (Giovanni Improtta, Senhora do Destino, 2004). Machão violento (Jesuíno, Gabriela, 2012) e gay romântico (Ariel, Desejos de Mulher, 2002). Presidente da República (Juscelino Kubitschek, JK, 2006) e matador arrependido (Zeca Diabo, O Bem Amado, 2011). Um ator com habilidade de camaleão.

Fora de cena, Wilker era personagem de si mesmo. Culto, politizado, irônico, devotado ao cinema, colecionador de tênis All Stars e armações de óculos coloridas. E um apaixonado pelas mulheres. Casou-se algumas vezes, teve duas filhas e dizia jamais desistir do amor. Sabia, porém, suportar os momentos de solidão. Teve incontáveis amigos e fãs de várias gerações. Foi um ser gregário, como costuma dizer.

O último papel na TV não foi compatível com a grandeza de sua trajetória. O médico Herbert de Amor à Vida era excessivamente introspectivo. Não teve história relevante nem um final criativo. Uma saída de cena distante do triunfal, como o ator merecia. Mas a galeria de personagens carismáticos e memoráveis compensa um ou outro insucesso. José Wilker construiu uma carreira notável. Soube ser popular sem flertar com o popularesco. Fez-se célebre antes de ser celebridade. E despediu-se da vida na tranquilidade do sono. Provavelmente durante um sonho bom. 

Fonte: Especial para Terra
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