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Crise do governo federal não afeta a Rio-2016, diz presidente da EOM ao L!

5 ago 2015 - 11h11
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A turblência econômica vivida pelo governo federal, um dos principais financiadores de algumas das arenas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016, não vai impedir que a conclusão das obras aconteça dentro do prazo. Pelo menos é o que afirma o presidente da Empresa Olímpica Municipal (EOM), Joaquim Monteiro de Carvalho, a um ano da Cerimônia de Abertura da Olimpíada.

Joaquim Monteiro
Joaquim Monteiro
Foto: Renato Sette Camara

No momento em que o Rio tem de acelerar os trabalhos para entregar nove instalações com prazos para o segundo semestre de 2015, a União corta gastos em diversas áreas. O montante que cabe à esfera federal em obras voltadas ao evento chega a R$ 2 bilhões. O município é o ente que as executa.

– Todas as garantias nos foram dadas. Nada está sendo negociado agora – afirmou Joaquim, em entrevista exclusiva ao LANCE!.

A um ano da Olimpíada, quais os maiores esforços e o que mais vem dando certo em relação às obras?

O esforço maior é no Parque Olímpico, que é uma obra desde o zero. Todas as obras estão em dia. Temos nove arenas esportivas lá, duas estão prontas, que são a HSBC Arena, onde haverá ginástica olímpica, e a outra é o Maria Lenk, feito para o Pan-Americano, que passa por alguns ajustes, pois foi feito para o Pan de 2007. Falta concluir uma iluminação, uma rampa de acessibilidade, segurança, requerimentos dos Jogos Olímpicos, que são mais exigentes. Há dois temporários, que são a Arena de Handebol, um dos mais avançados, onde estamos colocando o piso e a iluminação, o que já é o detalhamento, e a Aquática, maior arena do Parque, dentro do cronograma. Em Deodoro, é tudo mais fácil ainda, porque houve Pan-Americano, Jogos Mundiais Militares, então 60% daquelas instalações já estão prontos. Então, estamos fazendo uma pista de BMX, de Mountain Bike, que é terreno natural. A obra mais complexa é uma corredeira artificial, de canoagem slalom, e o equestre, que vai ser testado.

O Centro de Tênis precisou de alguns aditivos ao orçamento inicial... 

O Centro de Tênis, que é a primeira arena a ser testada, está dentro do cronograma. É a única que teve um aditivo, de menos de 10%, o que está dentro da lei.

O corte de gastos que o governo federal enfrenta atualmente pode afetar a Prefeitura na execução das obras olímpicas?

Todas as garantias nos foram dadas. Nada está sendo negociado agora. A Vila dos Atletas, que tem um orçamento enorme, foi assegurada em 2009, com 100% de recursos privados. As PPPs (Parcerias Público-Privadas) também. Tudo está assinado e documentado.

Mesmo o que é aditivo?

A lei permite 25% de aditivo. É mais do que saudável quando se tem Jogos com 33 instalações e em 31 não haja essa necessidade. E quando há, é de apenas 10%. Em termos de recursos, não é nada que impacte o orçamento e a estrutura financeira do evento.

Então, não há nenhuma parcela de aditivos de obras que o governo federal tenha se negado a bancar?

Não. Tudo foi feito em comum acordo. A realização dos Jogos é feita na sintonia entre todos os entes. Por isso é que estamos com as obras todas em dia. Quando se faz um projeto básico e se migra para a fase de execução, alguns itens são enxugados e outros têm alguns ajustes. São saudáveis. O médoto construtivo, por exemplo. Antes, pensamos em fazer as estruturas de cimento fora do Parque Olímpico, e tínhamos de colocar as vigas em cima do caminhão e levar até lá. Agora, fizemos tudo dentro, o que acelera o processo. Esse é o ajuste.

A APO (Autoridade Pública Olímpica) andou ligando o alerta para o velódromo. O que se pode esperar sobre o andamento das obras na atualização da Matriz?

O cronograma está em dia. Estamos colocando agora as estruturas metálicas para a cobertura. Uma vez feito isso, se faz o fechamento, se coloca ar condicionado e vai para a montagem da pista, que é a parte mais complexa. Exige um trabalho praticamente artesanal. É uma pista de madeira, importada. Todas são com esse piso. Agora, no Pan (de Toronto), houve problema. Uma farpa entrou em uma menina que caiu. Para a madeira não dilatar, tem de haver um controle de umidade.

A cidade entra agora em uma fase intensa de eventos-teste. O prefeito Eduardo Paes já declarou que a população precisará ter paciência com as mudanças que a o Rio vai enfrentar. Qual a expectativa para esses eventos do ponto de vista da eficácia? 

O carioca tem mania de chamar todo mundo para sua casa. Nós convidamos o mundo e ele aceitou. Está vindo. Só que antes de realizarmos a grande festa, precisamos testar o salão. Para isso, temos 44 eventos-teste (em 2015), fora o da vela, ano passado. Veremos o impacto dos Jogos na cidade e minimizá-lo. É saudável que se tenha de fechar uma rua mais cedo ou abrir mais tarde, diferentemente do plano, melhorar a chegada do espectador, fazer um esquema de gestão de multidão novo. É um ensaio para testar o campo de competição. Não temos a preocupação de que as arenas estejam 100% prontas. 

Algum estará completamente pronto para os eventos-teste, mesmo que essa não seja a prioridade?

A Arena (HSBC) sim, mas não vai ter a plantinha, por exemplo. Vai haver a quadra, a rede de vôlei, de tênis, o piso e a iluminação do handebol. Mas não é preciso haver as catracas, a grama, a parte de estética. Assim é em todo mundo. Foi em Londres, em Pequim, em Atlanta, em Barcelona...

As adaptações para atender as exigências do COI e das federações internacionais são os maiores desafios para as instalações?

Se nós atendermos todas as exigências de todos os lados, quebramos a cidade. A mensagem que queremos passar às próximas cidades-sede é de que é possível fazer Jogos economizando recursos públicos e sem comprometer as exigências do COI. Usamos muitas estruturas temporárias para nos adequar. Colocar bloco, concreto e fechar não é o grande desafio, mas o custo de manutenção pós-Jogos.

Os equipamentos da Vila dos Atletas e dos Árbitros, que seriam de responsabilidade do Comitê Rio-2016, serão bancados pela Prefeitura?

Existe um acordo. Antes, o Comitê compraria alguns itens e agora a Prefeitura está fazendo isso. Mas já compraríamos para o Minha Casa Minha Vida. Estamos adiantando algumas coisas. É uma troca de responsabilidades. O Rio-2016 assume algumas delas, e os entes públicos assumem outras. A pista de atletismo, a pista do velódromo por exemplo, vão ser responsabilidade do Comitê. É uma troca de seis por meia-dúzia.

QUEM É ELE

Nome

Joaquim Monteiro de Carvalho (35 anos).

Cargo

Presidente da Empresa Olímpica Municipal (EOM), que monitora as obras dos Jogos Rio-2016.

Formação

Formado em Administração pela PUC-RJ, com especialização em Marketing Esportivo e Broadcasting pela Universidade de Nova York.

Em Olimpíadas

Trabalhou na área de logística e operações da cidade no Comitê Organizador de Londres-2012

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