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Banda Baiana System inspira ações sociais em Salvador

Dupla de universitários iniciou projeto nas periferias da capital baiana após serem tocados pelas mensagens musicais

31 jul 2023 - 05h00
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Na periferia de Salvador, Jairo Pereira e Alana Amaral criaram o projeto social Revolucionários do Baiana System
Na periferia de Salvador, Jairo Pereira e Alana Amaral criaram o projeto social Revolucionários do Baiana System
Foto: Divulgação

Conhecidos como Revolucionários do Baiana System, Jairo Pereira e Alana Amaral são os corações pulsantes por trás de um movimento que vai além da música e busca transformar comunidades através da conscientização social e do poder da arte. Inspirados pela banda Baiana System, que traz mensagens fortes sobre igualdade, inclusão e respeito ao próximo, o casal uniu forças para levar adiante um propósito maior: atuar nas periferias.

“Baiana System nos mostrou que é possível aproveitar o Carnaval sem cordas, sem segregação de espaços e sem violência, valorizando acima de tudo o respeito pelo próximo", afirma Jairo Pereira, produtor audiovisual de 36 anos, natural de Feira de Santana e soteropolitano desde 2011.

Atualmente, ele cursa Cinema e Produção Audiovisual na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e reside no Engenho Velho de Brotas, periferia de Salvador. O movimento teve início durante o Carnaval de Salvador de 2020, quando Jairo e Alana se propuseram a informar sobre os horários das apresentações do Baiana System. O que começou como simples ação informativa se tornou um canal de amor e troca de energias positivas, conquistando seguidores e apoiadores em toda a cidade.

Jairo Pereira faz Cinema e Produção Audiovisual na Universidade Federal da Bahia e reside no Engenho Velho de Brotas, periferia de Salvador
Jairo Pereira faz Cinema e Produção Audiovisual na Universidade Federal da Bahia e reside no Engenho Velho de Brotas, periferia de Salvador
Foto: Divulgação

“Queremos disseminar as mensagens transmitidas por eles através de ações concretas”, diz Alana Amaral, jovem empreendedora e tatuadora, graduanda em Publicidade e Propaganda na UNIFACS, também moradora do Engenho Velho de Brotas.

Contatos virtuais para ações reais

Muitas das ações concretas passam pela página virtual Revolucionários do Baiana System, plataforma usada para dar voz a artistas locais e à cultura das comunidades periféricas. Por meio de documentários e conteúdos audiovisuais, destaca a riqueza e o talento das regiões menos privilegiadas da capital e do interior da Bahia.

“A periferia é rica em talentos e tesouros valiosos, mesmo que muitas vezes não seja considerada interessante para a mídia”, enfatiza Jairo. “Nossa página busca dar visibilidade e valorizar essas contribuições, desafiando o padrão e mostrando a riqueza da diversidade cultural do nosso estado e do nosso país”.

Através de parceria com a diretora Dina Lopes, da TV Kirimurê, voltada para a cidadania, Jairo e Alana têm conseguido expandir ações. A TV Kirimurê oferece oportunidades a jovens negros de bairros periféricos, capacitando-os em produção audiovisual e apoiando seus projetos, proporcionando espaço para que compartilhem suas narrativas e experiências.

Garotos do Engenho Velho de Brotas, periferia de Salvador, usam camisetas que foram vendidas para arrecadar fundos para projeto social
Garotos do Engenho Velho de Brotas, periferia de Salvador, usam camisetas que foram vendidas para arrecadar fundos para projeto social
Foto: Divulgação

“Acreditamos firmemente que o futuro dos povos negros e indígenas está fundamentado na união. Hoje, sinto que estamos fortalecendo esses laços com uma união racional e coletiva. Primeiro, nunca matar. Segundo, jamais ferir. Terceiro, estar sempre atento. Quarto, sempre se unir. Quinto, desobediência às ordens de sua excelência, que podem nos destruir”, reflete Jairo, citando trechos da música “Reza forte”, do Baiana System.

Financiando ações com doações e recursos próprios

O casal tem se envolvido em ações sociais importantes, como a doação de alimentos para moradores de bairros periféricos de Salvador e a contribuição, com materiais de higiene pessoal e limpeza, para núcleos de apoio a pessoas com câncer.  Também participaram de projeto para uma criança com baixa visão, vítima de incêndio, resgatando-a de um contexto de vulnerabilidade.

“Nossas ações exemplificam o compromisso que temos em transformar as mensagens poderosas da banda em atos concretos. Acreditamos na importância de sermos agentes de mudança em nossa comunidade, trazendo esperança e construindo um ambiente mais solidário e inclusivo”, afirma Alana.

Financiando tudo com recursos próprios e doações voluntárias, o Revolucionários do Baiana System lutam para superar obstáculos financeiros e burocráticos, buscando dar voz e valorizar as comunidades periféricas através de seu trabalho jornalístico e audiovisual.

Jovens do Fã Clube Pirataria no show do Baiana System na Praça Cairu, em Salvador, neste ano
Jovens do Fã Clube Pirataria no show do Baiana System na Praça Cairu, em Salvador, neste ano
Foto: Fidio Produção Audiovisual

O impacto transformador na comunidade

Para o MC baiano DNGUNI, vizinho da dupla que iniciou o Revolucionários do Baiana System, a iniciativa social é um combustível que impulsiona, mesmo quando se enfrenta desgaste e cansaço.

“Ter esse combustível à disposição é gratificante e nos permite continuar em movimento, evoluindo constantemente. O projeto vai além de benefícios pessoais, pois se dedica a resgatar e apoiar pessoas e artistas independentes. É um impulso”, explica DNGUNI.

Entre as muitas mensagens poderosas transmitidas pelos Revolucionários do Baiana System, uma se destacou durante a pandemia: enquanto várias famílias sofriam em silêncio com a fome, o projeto arrecadou alimentos e montou cestas básicas. A iniciativa ganhou força e alcance.

MC baiano DNGUNI participa do projeto social inspirado na banda Baiana System, no Engenho Velho de Brotas, periferia de Salvador
MC baiano DNGUNI participa do projeto social inspirado na banda Baiana System, no Engenho Velho de Brotas, periferia de Salvador
Foto: Divulgação

“Eu me envolvi pessoalmente nas entregas das cestas básicas, e, naquele momento, tínhamos a certeza de que estávamos fazendo a diferença. Após o período pandêmico, algumas pessoas retribuíram o auxílio, mostrando que a solidariedade não tem prazo de validade”, relembra MC DNGUNI.

ANF
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