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OPINIÃO

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Handebol se apequena no Brasil com decisão de título tumultuada

Taubaté derrota Itajaí na final da Liga Nacional de Handebol e conquista 7º título - Bruno Ruas/CBHb
Taubaté derrota Itajaí na final da Liga Nacional de Handebol e conquista 7º título Imagem: Bruno Ruas/CBHb

Colunista do UOL

12/12/2022 13h00

Esta é parte da versão online da newsletter Olhar Olímpico, enviada hoje (12). A newsletter completa traz a despedida de Etiene Medeiros do Sesi e como Paulo André, longe do atletismo, caiu em desgraça entre as subcelebridades. Discute também o tuíte do governador do Espírito Santo, que ignorou todas as conquistas dos olímpicos capixabas. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, na semana que vem? Clique aqui. Para conhecer outros boletins exclusivos, assine o UOL.

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Encerrado um jogo, alguém que assiste à transmissão online da partida tira um print e observa: nos últimos segundos da partida, um dos times estava com um jogador a mais em quadra. Ninguém havia notado: nem a equipe prejudicada, nem os árbitros, nem os delegados, nem o pessoal da arquibancada.

O time prejudicado reclama e um diretor da entidade organizadora decide, sem citar qualquer dispositivo legal, que os últimos 12 segundos da partida devem ser jogados de novo, em outro dia. A decisão, que não passou pelo tribunal esportivo competente, altera os finalistas do campeonato.

O episódio aconteceu no torneio de handebol mais importante do país, a Liga Handebol, cuja fase final foi jogada em São José (SC), na semana passada, e teve finais no sábado (10).

A equipe prejudicada foi o Pinheiros, campeão paulista dias antes. Os paulistanos venceram o Itajaí-SC por 24 a 23, marcando o gol decisivo com um jogador a mais em quadra, uma falta grave, mas sem má-fé. Nas trocas constantes de jogadores, acontece de um entrar sem outro sair.

Em situações assim, a arbitragem deve aplicar suspensão de dois minutos a quem entrou. Mas ninguém percebeu a infração. Quando ela foi notada, após a súmula ser fechada, o Itajaí reclamou de um "erro de direito" — quando o árbitro, conscientemente, toma uma decisão diferente do que manda a regra. Trata-se de claro "erro de fato", quando o árbitro não vê uma infração, como um pênalti não observado.

Ao invés de o caso ser levado ao STJD, a decisão foi tomada pelo diretor jurídico da CBHb. Sem citar nenhuma legislação esportiva, ele determinou que 12 segundos da partida fossem jogados de novo, com o Pinheiros com um jogador a menos em quadra. Um único ataque, realizado no dia seguinte, sem sucesso para o Itajaí.

O lance mudou o campeonato. Pelo regulamento, só o campeão de cada grupo se classificava à final. Tendo já vencido o principal rival, o Pinheiros poupou o time contra o rival mais fraco do grupo, o Máquinas-MS. Quando o jogo foi refeito e terminou empatado, o primeiro lugar entre Pinheiros e Itajaí passou a ser disputado pelo saldo de gols. E aí quem se deu bem foi o Itajaí, que ainda jogaria contra o mesmo adversário, fez 34 gols de saldo, e avançou à final.

Há quem considere, porém, que esse nem foi o fato mais bizarro da Liga, que programou oito jogos por dia em um mesmo ginásio em São José, quatro no feminino, quatro no masculino. No primeiro dia, quarta (7), dois times femininos atrasaram para chegar na cidade, vizinha a Florianópolis, e todo mundo concordou de os jogos delas serem transferidos para o fim do dia.

O jogo masculino entre Cascavel, do Paraná, e Carajás, do Pará, foi um dos antecipados, mas, por causa de incidentes na estrada, boa parte do time paranaense não chegou a tempo. O Carajás esperou meia hora, como manda o regulamento, e saiu de quadra. A súmula foi fechada com a equipe paraense vencendo por W.O.

Acontece que o Cascavel é o time do vice-presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), Cebola, que também é diretor, técnico e jogador da equipe do Paraná. Ele se revoltou com a situação e logo a confederação cancelou o W.O. e remarcou a partida para as 23h15, com previsão de terminar de madrugada. Aí foi a vez de Carajás se recusar a jogar, e ter o W.O. decretado contra si.

Nem Jogos Universitários são tão bagunçados assim. E estamos falando do principal torneio de handebol do país, o que define os campeões nacionais no masculino e no feminino. Em pleno país do futebol, teve jogo rolando até durante a partida entre Brasil e Croácia pela Copa do Mundo, meio-dia de uma sexta-feira. Claro, não havia quase ninguém na arquibancada, e menos de 50 pessoas assistindo pelo streaming.

Os relatos são deprimentes. Jogo com bola amadora, porque as bolas "oficiais" do campeonato só chegaram para o segundo dia, e falta de vestiário para todos os atletas. Tudo isso com uma transmissão simples pelo Youtube, com uma única câmera e um narrador, no canal da Federação Catarinense. Nada na televisão, nada nem mesmo no Canal Olímpico, do COB. Tem muito campeonato estadual juvenil que é melhor promovido e distribuído.

No fim, Itajaí, um time de garotos, brigou como gente grande contra Taubaté. Levou o jogo para a prorrogação, terminou na frente no primeiro tempo extra, mas acabou derrotado por 32 a 30. Foi o sétimo título de Taubaté, quarto consecutivo. No feminino, o título ficou com o Pinheiros, que atropelou o Clube Português do Recife (25 a 17), time do presidente da CBHb e do técnico da seleção.

Guilherme Caribé brilha no Brasileiro Júnior: melhor notícia da natação no ano

Guilherme Caribé, da natação, destaque da nova geração das provas de velocidade - Ricardo Sodré/SSPress/CBDA - Ricardo Sodré/SSPress/CBDA
Guilherme Caribé, da natação, destaque da nova geração das provas de velocidade
Imagem: Ricardo Sodré/SSPress/CBDA

A não ser que um brasileiro bata um recorde mundial em prova olímpica no Mundial de piscina curta (que será de 13 a 18 de dezembro, em Melbourne), a melhor notícia da natação brasileira neste fim de ano é Guilherme Caribé. O nadador baiano, que está no seu primeiro semestre na natação universitária dos EUA, bateu o recorde brasileiro júnior 2 tanto nos 100 m livre quanto nos 50 m livre.

Ele venceu o campeonato brasileiro da categoria nos 100 m com 47s82 na sexta. No sábado, fez 21s87 nos 50 m. Na prova mais longa, a marca o deixa em quarto lugar de todos os tempos no país, atrás de Cesar Cielo (recordista mundial por 12 anos), Marcelo Chierighini (quatro vezes finalista mundial) e Nicolas Oliveira (que foi 0s04 mais rápido com traje tecnológico).

Nos 50 m livre, no sábado, ele se tornou só o segundo brasileiro a nadar a prova na casa dos 21 segundos nos últimos quatro anos — o outro é Bruno Fratus. Como comparação, Pedro Spajari impressionou em 2018, fazendo 21s82, mas na época ele tinha 21 anos. Caribé fez 21s87, mas tem só 19, está no primeiro ano da NCAA, e em período de treinamento pesado nos EUA.

Se Caribé se tornar o nadador que promete ser, o Brasil volta a sonhar com medalha no revezamento 4x100 m livre. Desde o Troféu Brasil, em abril, ele já melhorou 88s sua melhor marca nos 100 m. E, se continuar nessa evolução, chega a Paris brigando por medalha na prova individual.

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