Reino: | Animalia |
Filo: | Chordata |
Classe: | Aves |
Ordem: | Falconiformes |
Família: | Falconidae |
Leach, 1820 | |
Subfamília: | Herpetotherinae |
Lesson, 1843 | |
Espécie: | H. cachinnans |
O acauã é uma ave falconiforme da família Falconidae.
Conhecido também como macauá, acanã, cuã, cauã, coã, deus-quer-um, bispo, gavião-coveiro, cobreiro, papa-cobra, uacanã e macaguá. No perímetro de Linhares (Espírito Santo) e no interior do RJ, alguns moradores chamam esta ave de gavião-cova-caiau, devido a seu chamado/apelo. Em algumas regiões é considerado uma ave de mau-agouro, pela esdrúxula interpretação de seu canto como “Deus-chamou” ou “Deus quer um”, indicando que a morte estaria próxima de vir a quem o escuta. Mas em outros lugares e uma ave que traz sorte. Seu canto dá origem ao seu nome “acauã” e é repetido seguidamente durante alguns segundos. No folclore amazonense, diz-se que os gritos do acauã prenunciam a chegada de forasteiros. Já na região do Espinhaço, em Minas Gerais, prenunciam a morte de um conhecido. No nordeste acreditasse que se essa ave estiver pousada em um galho seco e sinal de que vira seca, se estiver em uma arvore com folhas vira chuva.
A ave é citada na música “Acauã”, cantada por Luiz Gonzaga e composição de Zé Dantas:
"Acauã, acauã vive cantando Durante o tempo do verão No silêncio das tardes agourando Chamando a seca pro sertão Chamando a seca pro sertão Acauã, acauã, Teu canto é penoso e faz medo Te cala acauã, Que é pra chuva voltar cedo Que é pra chuva voltar cedo Toda noite no sertão Canta o joão-corta-pau A coruja, a mãe-da-lua A peitica e o bacurau Na alegria do inverno Canta sapo, gia e rã Mas na tristeza da seca Só se ouve acauã Só se ouve acauã Acauã, acauã..."
Seu nome científico significa: do (grego) herpeton = cobra, serpente, réptil; e _thëras = caçador; e do (latim) cachinnans, cahinnare = gargalhando, gargalhar, que gargalha. ⇒ Caçador de serpentes que gargalha.
Mede entre 45 e 56 centímetros de comprimento (Howell e Webb, 1995, Hilty 2003) e pesa entre 544 e 675 gramas o macho e entre 590 e 800 gramas a fêmea (Dunning, 2008). Sua envergadura está entre 75 e 91 centímetros (Bierregaard & Kirwan, 2016).
A cabeça é grande e apresenta uma bela, larga e conspícua máscara negra nas faces que inicia nos lores, passa sobre os olhos e se estende até nuca. A coroa é branca e apresenta finas estrias escuras além de uma rudimentar mas espessa crista na porção traseira da coroa. As asas são curtas e apresentam as extremidades arredondadas. O dorso, asas e cauda são de coloração marrom escuro com as bordas claras. A cauda alongada apresenta banda terminal branca e quatro ou cinco bandas brancas que em alguns indivíduos são reduzidas a uma série de manchas brancas. A garganta, peito, ventre e crisso são brancos, levemente amarelados.
O bico curvo é curto e preto e apresenta pequena cere amarelada ou amarelo-alaranjada. A íris é marrom escura. Os tarsos de coloração amarelo pálido são poderosos e os dedos também amarelos são curtos e suas garras são pretas.
Possui três subespécies reconhecidas:
(ITIS - Integrated Taxonomic Information System, 2015).
Obs: Alguns autores chegam a reconhecer até seis subespécies, entretanto muitos acreditam que algumas delas são apenas variações da subespécie nominal.
Alimenta-se principalmente de cobras, das quais tornou-se famoso exterminador, apesar de caçar principalmente espécies inofensivas, como a cobra-cipó. Também alimenta-se de roedores, répteis e parasitas do gado doméstico.
Faz ninho em cavidades de árvores, aproveitando com menor frequência o ninho de outros gaviões. Entre os índios esse pássaro é denominado como uira jeropari, que significa demônio; na época da postura,põe os ovos em lugares diversos, que, segundo a lenda, são chocados pelo diabo.
Comum em bordas de florestas, capoeiras, florestas de galeria, campos com árvores e cerrados. Vive solitário, permanecendo pousado por longos períodos a média altura em árvores isoladas, que ofereçam boa visibilidade. Costuma cantar ao entardecer e ao amanhecer. É comum ver esta ave em galhos de árvore secas.
Consulta bibliográfica sobre as subespécies: