Matar macacos é cruel e dificulta luta contra febre amarela

Matar macacos é cruel e dificulta luta contra febre amarela

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Neste momento, em que tantas pessoas estão preocupadas com a doença, trazemos aqui algumas informações importantes

O sudeste do Brasil está enfrentando um surto de febre amarela silvestre. Segundo o balanço do Ministério de Saúde, divulgado nesta terça-feira (30), o país já registra 213 casos confirmados em pessoas.

Entre os principais estados afetados estão São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Além dos humanos, centenas de macacos também estão sofrendo com a doença. Apesar do vírus não ser contagioso (o contato com macacos não traz riscos), a falta de informação fez com que os crimes ambientais contra esses animais aumentassem.

De acordo com a Subvisa, neste mês já foram encontrados 131 macacos mortos no Rio e quase 70% foram vítimas de violência humana – por meio de espancamento ou envenenamento.

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Além de ser cruel e proibido pela Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal 9.605), os animais são tão vítimas da febre amarela quanto nós. Macacos não transmitem a febre amarela e ainda desempenham um papel importantíssimo no combate à doença, informando aos agentes de saúde por onde o vírus vem se propagando.  

Quando as condições climáticas favorecem a transmissão do vírus, como nesse verão, um número maior de primatas adoece e morre. Isso chama a atenção dos agentes de saúde e esses animais acabam desempenhando um papel de sentinelas ou bio-indicadores.

Assim, os macacos avisam por onde o vírus está se propagando e os agentes de saúde conseguem identificar as áreas prioritárias para intensificar a vacinação. Isso é fundamental para impedir que o vírus se espalhe ainda mais.

Proteger os macacos ajuda a proteger as pessoas.

Por isso, é extremamente importante não sair matando ou maltratando bugios e outras espécies de primatas. Se você encontrar um macaco doente ou morto, informe imediatamente as autoridades locais ou a vigilância sanitária de sua cidade.

A febre amarela é transmitida pela picada de mosquitos infectados. Você pode ajudar a combatê-la não deixando água parada, seguindo as recomendações médicas e compartilhando informação correta.

Macacos transmitem febre amarela?

Não. A febre amarela não é contagiosa: é impossível contrair a doença por contato direto com outras pessoas ou macacos infectados. O vírus só é transmitido através da picada de mosquitos que estiverem contaminados.

Cães e gatos podem pegar?

Não. A febre amarela não acomete cães, gatos e outros animais domésticos. Ela só afeta primatas (humanos e macacos).

O que é a febre amarela?

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda transmitida por vetores (insetos) e causada por um vírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae.

Qual a diferença da febre amarela urbana e silvestre?

A principal diferença é a propagação do vírus. No ciclo silvestre, os macacos são os principais hospedeiros. Se forem picados, transmitem o vírus para os mosquitos dos gêneros Haemagogus ou Sabethes, comuns nas matas e beiras de rios no Brasil. Uma vez infectados, os mosquitos se tornam transmissores para sempre e poderão passar a doença para outros macacos e para humanos não-vacinados. Os casos registrados costumam ser de residentes rurais ou pessoas que visitaram áreas de risco.

No ciclo urbano, o principal hospedeiro é o humano. Uma pessoa infectada pela febre amarela silvestre pode contaminar mosquitos de áreas urbanas, como o famoso Aedes aegypti (que é transmissor da dengue, zika e chikungunya). Esses mosquitos podem picar outras pessoas e espalhar a doença na cidade.

Já tem casos de ciclo urbano?

Não. O último caso de febre amarela urbana aconteceu em 1942, no Acre.

Os casos mais recentes são de febre amarela silvestre. O Ministério da Saúde esclarece que a febre amarela urbana (transmitida por Aedes aegypti) não foi mais registrada desde 1942. Por isso, desde então, a vacinação era prioritária para populações que viviam próximas às matas nativas ou viajavam para estas áreas, onde havia o inseto transmissor. 

Por que no verão?

No Brasil, a maior parte dos casos de febre amarela incidem entre dezembro e maio. Apesar do padrão sazonal, os surtos ocorrem com periodicidade irregular. Eles acontecem quando o vírus encontra condições favoráveis para a transmissão: temperaturas elevadas, chuvas, alta densidade de mosquitos, presença de pessoas não-vacinadas nas áreas de risco e baixas coberturas vacinais.

Quais os sintomas da febre amarela?

Se você mora ou esteve em uma área de risco, fique atento aos sintomas iniciais da doença. Procure imediatamente o posto de saúde mais próximo de sua residência ao apresentar:

  • Febre de início abrupto
  • Calafrios
  • Dor de cabeça
  • Dor nas costas
  • Dor muscular
  • Cansaço
  • Enjoos
  • Vômitos

Qual a melhor maneira de se prevenir?

  • Não visite as áreas de risco da febre amarela silvestre.
  • A vacinação é a medida mais importante e eficaz para prevenção e controle da doença. Procure orientação sobre quem pode e quem não pode tomar a vacina no site da secretaria de saúde de seu estado, cidade ou no site do Ministério da Saúde.
  • Controlar e eliminar os focos do mosquito transmissor, como água parada em vasos e calhas, também é fundamental;
  • Usar calças e camisas de mangas compridas ajuda a evitar picadas;
  • Usar diariamente repelentes indicados pela ANVISA.

A nossa orientação neste momento é ter calma. Proteja você e sua família e ajude a espalhar a informação correta. Lembre-se de que não devemos maltratar os macacos em hipótese alguma, eles são tão vítimas quanto nós e merecem o nosso respeito.

Maltrato animal é crime. Denuncie.

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