Download-DOWNLOAD-Download-DOWNLOAD ... - Gambiólogos
Download-DOWNLOAD-Download-DOWNLOAD ... - Gambiólogos
Download-DOWNLOAD-Download-DOWNLOAD ... - Gambiólogos
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
REALIZAÇÃO<br />
APOIO CULTURAL<br />
PROJETOS PARCEIROS<br />
PATROCÍNIO
APRESENTA:<br />
A GAMBIARRA NOS TEMPOS DO DIGITAL<br />
EXPOSIÇÃO COLETIVA<br />
KLUDGISTS<br />
KLUDGING IN A DIGITAL ERA<br />
Collective Exhibition<br />
19/nov a 15/dez 2010<br />
Espaço Centoequatro - Belo Horizonte - Brasil<br />
www.gambiologos.com
“Nule die sine linea”<br />
O futuro é precário, não há dúvida. Entre<br />
previsões pessimistas de Blade Runner e<br />
cômico-otimistas nos Jetsons, por pouco<br />
a ficção científica não acerta em cheio.<br />
Mas ao invés de veículos voadores, temos<br />
a informação lasciva nas redes sociais e<br />
no lugar das cidades suspensas, tratados<br />
ecológicos não cumpridos. Não há robôs<br />
serviçais, mas nós mesmos.<br />
Chegamos em 2010 e não há nada mais natural<br />
que a Gambiologia - a ciência do improviso<br />
aliada às técnicas eletrônico-digitais. É a<br />
celebração da gambiarra por postura crítica,<br />
pela ausência de recursos ou simplesmente<br />
como opção estética. E a tecnologia, por<br />
vício ou como combustível - e porque não<br />
há mais volta. A gambiarra é uma forma de<br />
hackeamento e também uma atitude política.<br />
Esta exposição apresenta uma seleção de<br />
obras em que o deslocamento funcional, a<br />
reciclagem, a valorização do obsoleto, o uso<br />
de materiais alternativos e uma outra maneira<br />
de se pensar a tecnologia materializam-se<br />
em formas mutantes, plurais e provocativas.<br />
Há aqui um rompimento dos limites entre o<br />
industrial e o artesanal, a arte e o design,<br />
o artífice e o curador. Formas de arte<br />
que alimentam-se dos próprios restos, os<br />
deglutem e nos jogam de volta. Gambiarras<br />
dos mais diversos graus de improviso e com<br />
decrescentes níveis de tecnologia.<br />
Do refinamento estético de Vogel aos excessos<br />
do Gambiociclo. Do funcionalismo high/<br />
lowtech do Eyewriter a prismas iluminados.<br />
Da sutileza de taças de cristal e gotas<br />
d’água projetadas a um polvo gigante e (des)<br />
afinado. Uma câmera de vigilância que perde<br />
foco e função. Eletrodomésticos que ganham<br />
vida, balançam: seres de sobrenome Arduino.<br />
Sons que vêm do papelão, da madeira, da<br />
luz. A irreverência de um encontro entre<br />
furadeiras e um relógio esquisito, mas<br />
genial. Ferro líquido amplificando ruídos<br />
de uma sociedade fluida. Será o futuro<br />
infinitamente hightech ou simplesmente uma<br />
celebração da obsolescência?<br />
“Nós éramos xifópagos. Quási chegamos a ser<br />
deródimos. Fomos antropófagos. Agora somos<br />
gambiólogos”.<br />
Fred Paulino - curador e organizador<br />
“Nule die sine linea”<br />
The future is precarious, no doubt. Among the<br />
pessimistic forecasts of Blade Runner and the comicoptimistic<br />
ones of The Jetsons, science fiction<br />
almost hit it. But instead of flying vehicles, we<br />
have lascivious information on social networks and<br />
in place of floating cities, we have unfulfilled<br />
environmental treaties. There are no domestic<br />
robots, only ourselves.<br />
We reached 2010 and there is nothing more natural<br />
than Gambiologia** (Kludgeology) - the science of<br />
improvisation combined with electronic-digital<br />
techniques. It is the celebration of gambiarra*<br />
(kludge) through critical attitude, lack of<br />
resources or simply, as an aesthetic option. And<br />
also technology - as fuel or addiction - and because<br />
there is no turning back. Kludging is a form of<br />
hacking and also a political attitude.<br />
This exhibition presents a selection of works in<br />
which the functional shift, recycling, revival<br />
of the obsolete, the use of alternative materials<br />
and another way of thinking about technology have<br />
materialized themselves into mutant, plural and<br />
provocative forms. Here, there is a breakdown<br />
of boundaries between the industrial and the<br />
handcrafted, the art and the design, the creator<br />
and the curator. Art forms that feed on their own<br />
remains, digest them and throw them back to us.<br />
Kludges from various degrees of improvisation and<br />
with decreasing levels of technology.<br />
From Vogel’s aesthetic refinement to Gambiociclo’s<br />
excesses. From Eyewriter’s high/low tech<br />
functionalism to illuminated prisms. From the<br />
subtlety of crystal goblets and projected water<br />
drops to a giant in (out-of) tune octopus. A<br />
surveillance camera that loses focus and function.<br />
Household appliances that come to life, that swing:<br />
Arduino creations. Sounds coming from cardboard,<br />
wood, light. The irreverence of a meeting between<br />
powerdrills and a weird but brilliant watch. Liquid<br />
iron amplifying noises of a fluid society. The future<br />
will be infinitely high tech or simply a celebration<br />
of obsolescence?<br />
“We were Xiphopagus. We were Cannibals. Now we are<br />
Kludgists”.<br />
Fred Paulino - curator and organizer<br />
--------------------------------------------------<br />
* ‘Gambiarra’ is a Brazilian – but not only -<br />
cultural practice which refers to ‘solving problems<br />
in alternative ways’ or ‘giving unusual functions<br />
to objects.’ There is no exact translation in<br />
English so we use ‘kludge’ as the most appropriate<br />
one: ‘a workaround, a quick-and-dirty solution, a<br />
makeshift, a clumsy or inelegant, yet effective,<br />
solution to a problem, typically using parts that<br />
are cobbled together’ (from Wikipedia).<br />
** Gambiologia (Kludgeology) is a neologism which<br />
refers to a mix between kludges and technology. It<br />
can also be understood as ‘the science of kludging’.
GAMBIOCICLO<br />
Coletivo Gambiologia:<br />
Fred Paulino<br />
lucas Mafra<br />
Paulo Henrique Pessoa ‘Ganso’<br />
Escultura ambulante<br />
2010
Gambiociclo é uma Unidade Móvel de<br />
Transmissão Multimídia. Um triciclo de<br />
carga modificado contendo equipamentos<br />
eletrônicos - gerador elétrico,<br />
computador, câmera, projetor,<br />
altofalante - para realização de<br />
projeções interativas de vídeo e<br />
graffiti digital no espaço urbano. A<br />
construção do veículo é inspirada nos<br />
vendedores ambulantes anônimos que<br />
transitam sobre rodas nas cidades<br />
brasileiras, em sua maioria vendendo<br />
produtos ou anunciando propaganda<br />
política. O Gambiociclo, no entanto,<br />
na medida em que reúne elementos da<br />
performance, do happening, da arte<br />
eletrônica, do graffiti e da gambiarra,<br />
subverte essa lógica: anuncia tão<br />
somente um novo tempo, de diálogo<br />
direto e democrático entre quem<br />
presencia e participa da intervenção<br />
e sua cidade.<br />
Patrocínio:
Ainda Estão VIvos<br />
Paulo Waisberg<br />
Técnica Mista - Monitores<br />
empilhados e LEDs.<br />
2010
Na pilha de monitores obsoletos e em variados estágios<br />
de deterioração, alguns ainda funcionam. Eles foram<br />
conectados a um PC aberto, através de um divisor de<br />
imagens. Um looping com um olho piscando, acende<br />
os que ainda estão vivos por mais algumas semanas.<br />
Todos os cabos estão expostos da maneira que foram<br />
ligados. No fundo, uma bateria de LEDs vermelhos.
RELÓGIO ESQUISITO<br />
(EXQUISITE CLOCK )<br />
João Wilbert / Fabrica<br />
Tecnologia obsoleta reapropriada,<br />
plataforma web open-source<br />
2009
O relógio esquisito é composto de fotos de números<br />
enviados por pessoas em todo o mundo. Tiradas com o<br />
aplicativo de iPhone, essas fotos aparecem em tempo<br />
real em todas instalações do relógio ao redor do<br />
mundo, incluindo o desta galeria.<br />
http://exquisiteapp.org
POLVO<br />
Paulo Nenflídio<br />
Tubos e conexões de PVC, válvulas<br />
solenóides, compressor de ar,<br />
tubo de borracha, conduítes<br />
azuis, pulverizador de água<br />
2010<br />
Polvo é um aparelho sonoro. Sua forma escultórica lembra a forma de<br />
um polvo. Possui uma cabeça que pulveriza água quando pressionado um<br />
botão vermelho do teclado. Outros 8 interruptores acionam válvulas<br />
que se abrem deixando escapar ar comprimido por dentro de tubulações<br />
de conduíte. Um assobio com notas diversas imprevisíveis é produzido.<br />
O som lembra um lamento de um bicho desconhecido. Único da espécie.<br />
Para construção desta obra foi feito uso de materiais totalmente<br />
encontrados em lojas de materiais de construção. A gambiarra é usada<br />
neste processo ao modificar a função original destes materiais.
GAbinete de curiosidades<br />
jean baptiste 333<br />
Paulo Henrique Pessoa ‘Ganso’<br />
Colecionismo psicodélico<br />
2010
SELF STIMULATING CLOSED LOOP<br />
Peter Vogel<br />
Circuitos eletrônicos, madeira<br />
1979
FURADEIRAS<br />
Guto lacaz<br />
Colagem<br />
2000
Duas gerações de furadeiras, uma<br />
manual de manivela coroa e pinhão<br />
e outra elétrica com bateria. São<br />
unidas pelos mandris através de um<br />
eixo. Quando ligada, a elétrica põe<br />
em movimento a manual, formando um<br />
belo conjunto cinético.
PASSO A PASSO<br />
o Grivo<br />
Técnica Mista<br />
2010
Gambiologia<br />
a criatividade que nos faz humanos<br />
Três minutos antes da abertura, artistas<br />
e integrantes da equipe de montagem ainda<br />
subiam e desciam as escadas do espaço<br />
Centoequatro carregando ferramentas e<br />
material. Atenção totalmente concentrada<br />
na solução de questões de última hora.<br />
Não poderia ser diferente. Fred Paulino,<br />
idealizador e curador da exposição, conta<br />
que o Gambiociclo, peça sua com Paulo<br />
Henrique ‘Ganso’ e Lucas Mafra que indica<br />
o caminho para a sala, é um trabalho em<br />
progresso - ela se transforma, ganha novos<br />
elementos, evolui ao longo de cada iteração.<br />
Faz parte da maneira gambiológica de fazer<br />
as coisas: sempre em transformação.<br />
Antes mesmo de entrar na sala, um tapete<br />
feito de teclados de computador dá o tom<br />
lúdico, irônico e iconoclasta que emerge da<br />
exposição. Só quem já experimentou entende<br />
o prazer secreto de pisar em computadores,<br />
e os Gambiólogos resolveram compartilhar<br />
essa sensação com os visitantes. Como os<br />
exemplos de gambiarra abundam nas culturas<br />
brasileiras, Fred traçou uma linha para a<br />
seleção: as obras precisariam envolver (e<br />
questionar) tecnologias. A primeira impressão<br />
ao circular pela mostra evoca justamente o<br />
questionamento do determinismo tecnológico<br />
- a suposta autoridade dos fabricantes de<br />
qualquer produto em encerrar seus usos<br />
possíveis. Na Gambiologia, a afirmação “isso<br />
serve para...” é substituída pela questão: “o<br />
que pode ser feito com isso?”. Essa inversão<br />
está presente nas colagens de artefatos como<br />
o “Gabinete de Curiosidades Jean Baptiste<br />
333” ou o “Trigger de Objetos Cotidianos”.<br />
São reeditados também alguns já conhecidos<br />
contrastes ou tensões contemporâneas:<br />
analógico/elétrico (“Furadeiras”),<br />
analógico/eletrônico (“Desconcerto”),<br />
abstrato/sensível (“Sequenciador de Papelão<br />
+ V^2”). Outras obras ainda incorporam um
maior grau de complexidade (“Performance<br />
de desenho autônomo”, “Self stimulating<br />
closed loop”, “Eyewriter”), mas sem fugir<br />
do componente funcional e estético da baixa<br />
tecnologia.<br />
Mais do que mero elogio da precariedade, a<br />
Gambiologia promove uma confluência entre a<br />
valorização da sensibilidade do artesão - o<br />
manuseio, o conhecimento tácito, os materiais<br />
-, o reuso como caminho inclusive para a<br />
redução do impacto ambiental, o ativismo<br />
midiático e o experimentalismo criativo.<br />
Como pode ser efetivamente ouvido e sentido<br />
na mostra, a Gambiologia dialoga com os<br />
mundos do design e da arte, como um lembrete<br />
daquele impulso criador que opera no ruído,<br />
no improviso, na cacofonia e na exploração<br />
da indeterminação - eterna tentativa de<br />
dominar e superar o programa da máquina, como<br />
sugeria Flusser. Aquilo que no “mundo real”,<br />
longe das exposições de arte, é instintivo<br />
- a adaptação criativa às circunstâncias -<br />
vira aqui um caminho estético consciente,<br />
que incorpora uma reflexão ética e política,<br />
crítica do consumismo insustentável, do mundo<br />
superficial da pose e das aparências. Que<br />
não se confunda a gambiologia com o design<br />
vernacular. Enquanto este captura elementos<br />
do cotidiano, aquela traz a criatividade<br />
tácita das ruas para dentro do próprio<br />
processo de criação e desenvolvimento. Ela<br />
configura também uma ponte de ligação entre<br />
essa potência criativa de inspiração popular<br />
brasileira com tendências que têm emergido<br />
recentemente em todo o mundo - a cena maker,<br />
as plataformas de hardware aberto como o<br />
Arduino, os laboratórios de prototipagem e<br />
fabricação.<br />
O que pode surpreender no trabalho dos<br />
Gambiólogos é a familiaridade quase primitiva<br />
que ele emana - uma certa organicidade e<br />
a certeza do potencial de interconexão e<br />
recombinação entre os elementos constituintes<br />
de todas as obras expostas. Surge a sensação<br />
de que tudo ali pode ser reinterpretado,<br />
remanejado, remixado. As peças trabalham com<br />
uma diversidade de materiais: canos, papelão,<br />
computadores, hardware e software livre,<br />
latas de spray, câmeras, garrafas, motores<br />
de passo, sensores, liquidificadores, silver<br />
tape e por aí vai. Um hipotético exercício<br />
colaborativo de reconstrução - em que se<br />
desmontassem todas as obras e convocassem<br />
os artistas para criar outras com os mesmos<br />
materiais - seguramente resultaria em outros<br />
trabalhos interessantes e questionadores. O<br />
espírito gambiológico está mais na atitude<br />
de enxergar o mundo como repleto de recursos<br />
interpretáveis de múltiplas formas do que<br />
nas escolhas específicas de cada obra.<br />
A gambiarra está associada ao tipo de<br />
adaptabilidade que em última instância nos<br />
faz humanos - observar o entorno e, com<br />
o que temos à mão, solucionar problemas.<br />
É um conhecimento ancestral, que até há<br />
pouco aparecia espontaneamente nas culturas<br />
brasileiras como resultado da precariedade.<br />
Os eventuais bons mares do crescimento<br />
econômico, da redistribuição de renda e da<br />
maior oferta de produtos manufaturados não<br />
podem nos deixar esquecer dessa sabedoria<br />
cada vez mais necessária em um mundo de<br />
crises econômicas, colapso ambiental e<br />
demanda por criatividade. Iniciativas como<br />
a mostra Gambiólogos estão aí para nos<br />
recordar disso.<br />
FeliPe FonseCa é integrante da rede<br />
Metareciclagem (http://rede.metareciclagem.<br />
org) e do coletivo editorial Mutirão da<br />
Gambiarra (http://mutgamb.org). Vive em<br />
ubatuba/sP e às vezes escreve em um blogue<br />
(http://efeefe.no-ip.org).
Gambiologia<br />
The creativity that makes us human<br />
Three minutes before the opening, artists<br />
and team members were still running up and<br />
down the stairs of the Espaço Centoequatro<br />
carrying tools and equipment. They were<br />
completely focused on last minute issues.<br />
It could not be different. Fred Paulino,<br />
creator and curator of the exhibition,<br />
says the Gambiociclo, his work with Paulo<br />
Henrique ‘Ganso’ and Lucas Mafra, which<br />
points the way to the living room, is a work<br />
in progress - it transforms itself, gaining<br />
new elements, evolving over each iteration.<br />
It is part of the gambiological way of doing<br />
things: always changing.<br />
Before you even enter the room, a rug made of<br />
computer keyboards sets the playful, ironic<br />
and iconoclastic tone that emerges from the<br />
exhibition. Only those who have experienced<br />
the secret pleasure of stepping on computers,<br />
understand it, and Kludgists decided to share<br />
this feeling with visitors. Since examples<br />
of gambiarras abound in Brazilian culture,<br />
Fred drew some parameters for selection: the<br />
works would need to involve (and question)<br />
technologies. The first impression as one<br />
goes around the show evokes the question<br />
of technological determinism - the supposed<br />
authority of any product manufacturer to<br />
limit their possible uses. In Kludging, the<br />
statement “this is for ...” is replaced by<br />
the question: “what can be done with it?”.<br />
This inversion is shown in the collages of<br />
artifacts such as the “Curiosity Cabinet Jean<br />
Baptiste 333” or “Everyday objects Trigger<br />
.” Some contemporary contrasts or tensions<br />
already known are also reissued: analog /<br />
electrical (as in “Powerdrills”), analog /<br />
electronic (as in “Deconcert”), abstract /<br />
sensitive (as in “Cardboard Sequencer” + V<br />
^ 2”). Other works also incorporate a higher<br />
degree of complexity (“Autonomous Drawing<br />
Performance”, “Self stimulating closed-
loop”, “Eyewriter”), but without abandoning<br />
the aesthetic and functional component of<br />
the low-tech.<br />
More than a mere praise to the precariousness,<br />
Kludgeology promotes a confluence between the<br />
appreciation of the craftsman’s sensitivity<br />
- the handling, the tacit knowledge, the<br />
materials - the reuse even as a way to<br />
reduce the environmental impact, the media<br />
activism and the creative experimentation.<br />
As it can be heard and felt in the<br />
exhibition, Kludgeology dialogues with the<br />
worlds of design and art, as a reminder of<br />
the creative impulse that unfolds in the<br />
noise, improvisation, and exploration in the<br />
cacophony of indeterminacy - the perennial<br />
attempt to master and overcome the machine’s<br />
program, as suggested by Flusser. What, in<br />
the “real world”, away from art exhibitions,<br />
is instinctive - the creative adaptation to<br />
circumstances - becomes here a conscious<br />
aesthetic way, which incorporates an ethical<br />
and political reflection, a criticism of the<br />
unsustainable consumerism, the superficial<br />
world of pose and appearance. Do not mistake<br />
Kludgeology by vernacular design. While the<br />
latter captures elements of daily life,<br />
the former brings tacit creativity to the<br />
streets into the very process of creation<br />
and development. It also creates a bridge<br />
between this power of Brazilian popular<br />
creative inspiration with trends that have<br />
recently emerged in the world - the scene<br />
maker, open hardware platforms such as<br />
Arduino, laboratories for prototyping and<br />
manufacturing.<br />
What may be surprising in the work of<br />
Kludgists is an almost primitive familiarity<br />
that it emanates - a certain organicity<br />
and the conviction in the potential of<br />
interconnection and recombination among<br />
the elements of all the works. There is<br />
a feeling that everything there can be<br />
reinterpreted, rearranged, remixed. The<br />
pieces show a variety of materials: pipes,<br />
cardboard, computers, hardware and free<br />
software, spray cans, cameras, bottles,<br />
stepper motors, sensors, blenders, duct<br />
tape and so on. A hypothetical collaborative<br />
exercise of reconstruction - where all works<br />
were taken apart and artists would convene<br />
to make others with the same materials –<br />
would certainly result in interesting<br />
and instigating works. The gambiological<br />
spirit is more present in the attitude of<br />
seeing the world as filled with interpretable<br />
resources of multiple forms than in the<br />
specific choices of each work.<br />
Kludging is associated with the type of<br />
adaptability that ultimately makes us human<br />
- to observe the surroundings, and with what<br />
we have at hand to solve problems. It is<br />
an ancient knowledge, which until recently<br />
appeared spontaneously in Brazilian cultures<br />
as a result of precariousness. The fortuitous<br />
optimistic trends on economic growth, income<br />
redistribution and increased supply of<br />
manufactured goods cannot let us forget this<br />
increasingly necessary wisdom in a world<br />
of economic crises, environmental collapses<br />
and demand for creativity. Initiatives such<br />
as the Gambiólogos are here to remind us of<br />
that.<br />
FeliPe FonseCa is a member of the rede<br />
Metareciclagem (http://rede.metareciclagem.<br />
org) and of the collective editorial Mutirão<br />
da Gambiarra (http://mutgamb.org). He lives<br />
in ubatuba/sP and sometimes write in a blog<br />
(http://efeefe.no-ip.org).
SEQUENCIADOR<br />
DE PAPELÃO + V^2<br />
Jácome Jarbas<br />
ricardo Brazileiro<br />
Computador, papelão, acrílico,<br />
webcam, altofalantes, circuitos<br />
eletrônicos<br />
2010<br />
Instalação interativa que permite a modelagem<br />
de uma escultura digital visual e sonora através<br />
dos movimentos dos dedos do visitante sem o toque<br />
físico. Trata-se de uma simbiose da pesquisa de<br />
máquinas de modelagem de esculturas digitais, como o<br />
“Vitalino” de Jarbas, e a pesquisa de construção de<br />
instrumentos sonoros utilizando circuitos e papelão,<br />
como o “Papelão Sequencer Amplificado” de Ricardo.
As obras isso (Taça de Cristal) e isso (Taça azul)<br />
são duas máquinas orgânicas que podem funcionar<br />
individualmente ou interconectadas, como se estivesse<br />
em simbiose. Em cada uma delas, um video de um objeto<br />
animado fala e respira. O som de suas vozes é percebido<br />
por circuitos eletrônicos, acionando motores que<br />
emitem ruídos. Assim como outras obras produzidas pela<br />
artistas, as máquinas têm comportamento autista e só<br />
interagem entre si.
ISSO (TAÇA DE CRISTAL)<br />
Mariana Manhães<br />
Engenheiro: antonio Moutinho<br />
MP4 Player; circuitos eletrônicos;<br />
motor vibracall; alto-falantes;<br />
madeira; conector canon; alumínio<br />
e outros materiais.<br />
2008<br />
ISSO (TAÇA AZUL)<br />
Mariana Manhães<br />
Engenheiro: antonio Moutinho<br />
MP4 Player; circuitos eletrônicos;<br />
motor vibracall; alto-falantes;<br />
madeira; conector canon; alumínio<br />
e outros materiais.<br />
2008
DESCONCERTO<br />
aruan Mattos<br />
Flavia regaldo<br />
Manuel andrade<br />
Gravação analógica de músicas e entrevistas<br />
em superficie de CD. Entrevistas realizadas<br />
no centro de Belo Horizonte.<br />
2010<br />
desconcerto em torno de sons e engrenagens é<br />
entoado por agulhas que relatam centros em<br />
movimento. Através de discos gravados manualmente<br />
são gerados retratos ruidos. Energia mecânica,<br />
desconcerto sem sol, desconcerto em sombra maior,<br />
poesia de pedra, poesia asfaltica, disco-lixo,<br />
disconcerto. Fim do tempo.
SUBMERSO (UNTERWASSER)<br />
andré Wakko<br />
Caixas de som, acrílico, ferro<br />
fluid, Arduino, imãs<br />
2010
submerso é uma instalação interativa baseada em<br />
magnetismo. Imãs manipulados pelo público tem o<br />
poder de desenhar um liquido que reage a campos<br />
magnéticos que ao mesmo tempo são captados por<br />
sensores que transcrevem o movimento em som.
PRISMATIC GAMBIÈRRE<br />
saulo Policarpo<br />
Processo de lapidação em vidro<br />
colorido / Eletrônica básica na<br />
instalação dos LEDs / Corte e solda<br />
em polímero na estrutura<br />
2010
“A visão é uma experiência, as cores uma sensação,<br />
mudar isso é como entrar em outro mundo, se os<br />
olhos são a janela da alma, distorcê-la é mesmo que<br />
mudar de casa, ou viajar para outro lugar. Essa é a<br />
inspiração para o Prismatic Gambièrre. O objetivo<br />
é proporcionar a experiência do ver de uma forma<br />
diferente, com cores, formas e luzes, multiplicar toda<br />
a experiência da visão pelo expoente das faces das<br />
lentes. Mecanismos gambiológicos: Física - O processo<br />
de lapidação proporciona a distorção e multiplicação<br />
das imagens e aumento do campo de visão; Eletrônico<br />
- os LEDs são acionados por liga/desliga comum, as<br />
luzes nas laterais têm o objetivo de passar pelas<br />
faces que estiverem voltadas para os mesmos, causando<br />
uma certa nebulosa em torno da lente.
QuadroS GambiológicoS 1, 2 e 3<br />
Fred Paulino<br />
lucas Mafra<br />
Técnicas mistas eletrônicas<br />
e adesivação<br />
2010
Objetos estéticos multifuncionais.<br />
São ao mesmo tempo quadro, placa,<br />
escultura, player de música e<br />
luminária.
OSCILANTE<br />
Fernando ancil<br />
leandro aragão<br />
Marcelo adão<br />
Videobjeto<br />
2010
Perseguindo um uso mais criativo de paisagens e lugares, a ação que deu<br />
início às atividades deste coletivo consiste no ato de pendurar balanços<br />
(de corda e madeira) em locais diversos da cidade. Os objetos implantados<br />
são um convite aos passantes à interação lúdica com espaços que<br />
normalmente são próprios da correria e do negócio. Subvertendo o uso e<br />
dando outro significado a coisas dadas como obsoletas, oscilante é um novo<br />
trabalho que faz balançar imagens desta fábula que narramos.
AMBULANTE<br />
Fernando ancil<br />
leandro aragão<br />
Marcelo adão<br />
Videobjeto<br />
2009<br />
Um aparato de natureza móvel. Sua<br />
estrutura básica consiste em um<br />
elemento doméstico e um elemento<br />
da rua unidos por porcas e<br />
parafusos. Outros componentes do<br />
objeto são: bateria e dispositivos<br />
para reprodução e captação de<br />
imagens. Empurrado pelas ruas<br />
da cidade, este mecanismo de<br />
comunicação e deambulação propõe<br />
a cada transeunte um corpo a corpo,<br />
oferecendo e capturando imagens,<br />
aleatoriamente, num circuito<br />
infinito de sensibilização e de<br />
retro-alimentação. Até o coração<br />
parar de bater.
TOC: trigger de<br />
objetos cotidianos<br />
Fernando rabelo<br />
Eletrodomésticos usados +<br />
placa de automação residencial<br />
2010
Em nossas casas ritmos sonoros são criados diariamente nas ações automáticas com as tecnologias (ligar/desligar<br />
aparelhos, acender/apagar as luzes, computadores etc). Por força de hábito parece que vamos acostumando com<br />
os novos ruídos oriundos das novidades tecnológicas como barulhos de alarmes de carro, aspiradores de pó,<br />
liquidificadores, celulares etc. Será que o ruído desses eletro-instrumentos podem passar despercebidos devida<br />
nossa imersão nas tarefas cotidianas, por vezes repetitivas e impessoais? Qual seria nossa reação se deixássemos<br />
os mesmos instrumentos serem controlados eletronicamente, tirando a ação humana desse ambiente?
PERFORMANCE DE<br />
DESENHO AUTÔNOMO<br />
eduardo imasaka<br />
Robô motorizado, computador,<br />
antena RF, caneta<br />
2009
Ilustrador autônomomo; robô<br />
holonômico (Kanayama 5.0) com<br />
braço mecânico conectado a um<br />
computador; autômato guiado<br />
por sinais RF no ambiente, que<br />
alteram o desenho em linhas.
Poéticas do Improviso:<br />
a arte no horizonte do possível<br />
“Não será novidade nenhuma afirmar que no<br />
Brasil a gambiarra é uma prática endêmica”.<br />
Ricardo Rosas
Gambiólogos, com curadoria de Fred Paulino,<br />
é uma exposição surpreendente, um quase<br />
paradoxo ao assumir tamanha amplitude para<br />
tratar do precário e do improvisado. As 25<br />
obras reunidas em torno do tema “A Gambiarra<br />
nos Tempos do Digital” oferecem um testemunho<br />
eloqüente do estoque de criatividade<br />
concentrada disponível em práticas ligadas à<br />
desmontagem de hardware, à reutilização de<br />
materiais, ao deslocamento de objetos, ao<br />
reaproveitamento de dejetos.<br />
São artistas de diferentes gerações, entre<br />
Guto Lacaz, Paulo Nenflídio, Fred Paulino,<br />
Jarbas Jácome, Fernando Rabelo e Alexandre<br />
B, em recorte que permite entender os elos<br />
entre as formas pré-digitais da gambiarra,<br />
e os desdobramentos mais recentes, em que<br />
a materialidade da sucata reprocessada<br />
sobrepõe-se às contas e cálculos algorítmicos<br />
típicos dos computadores (incertos, pequenos,<br />
públicos, defeituosos, médios, domésticos,<br />
grandes, portáteis, frágeis).<br />
Mas não se trata de uma retrospectiva, senão<br />
de uma compilação. Outro paradoxo, quase:<br />
a quantidade de obras, a diversidade dos<br />
artistas, as sutilezas de abordagem, não fazem<br />
supor a coerência dos trabalhos incluídos na<br />
mostra. Em certo sentido, a exposição montada<br />
no Cento e Quatro, em Belo Horizonte, é uma<br />
versão contemporânea do parque descrito por<br />
Rousseau, em que todas as peças se encaixam,<br />
menos o conjunto. Em Gambiólogos, o conjunto<br />
encaixa, apesar da fratura explícita e<br />
intencional das partes. Aliás, um dos<br />
aspectos importantes da exposição é como a<br />
forma de funcionamento das obras é exibida.<br />
Conexões, engrenagens, equipamentos, tudo<br />
o que normalmente fica nos bastidores, faz<br />
parte do espaço oferecido ao público. Além de<br />
obras, também estão presentes ali processos<br />
que estimulam o acesso à tecnologia, em<br />
procedimento que resulta em um estímulo à<br />
apropriação criativa de seus componentes.<br />
São obras que propõe desdobramentos para<br />
a postura de desconstrução do outro, de<br />
incorporação do externo, de subversão daquilo<br />
que não pertence. Presente em Oswald de<br />
Andrade, e o canibalismo literário da Revista<br />
de Antropofagia; na videoarte desconcertante<br />
de Éder Santos, especialmente em trabalhos<br />
como 4 maneiras de playtear a eternidade<br />
e Enciclopédia da Ignorância, em que o<br />
artista constrói dispositivos sofisticados de<br />
visualização e fragmentação de imagens usando<br />
poucos recursos; no cinema corrosivo de Kiko<br />
Goifman, com filmes que combinam o doméstico e o<br />
complexo como 33 e Filmefobia; em instalações<br />
como Spio e Mobile Crash, em Lucas Bambozzi<br />
subverte a lógica dos dispositivos hackeando<br />
seu funcionamento.<br />
Os trabalhos presentes em Gambiólogos expandem<br />
esta vertente que concilia sofisticação e<br />
precariedade por meio de doses fartas de<br />
invenção. Impossível esgotar, neste texto<br />
breve, a diversidade de abordagens existentes<br />
na exposição. Dois exemplos, que servem como<br />
amostra deste universo complexo: Gambiociclo,<br />
unidade de transmissão móvel que leva adiante<br />
a tradição de veículos urbanos nômades<br />
presentes, por exemplo, na obra de Kristof<br />
Wodiscko. O trabalho mistura componentes<br />
visíveis e invisíveis, buscando formas de<br />
transmissão que expandem o aspecto coletivo,<br />
distribuído e participativo comum nos<br />
processos de rede. E Toc: trigger de objetos<br />
cotidianos, espécie de jukebox de aparelhos<br />
dos mais diversos tipos, que ligam em desligam<br />
em lógica imprevisível.<br />
Gambiólogos, assim como os trabalhos incluídos<br />
na exposição, é construída por um conjunto<br />
maior que suas partes. Em conjunto, as obras<br />
da exposição fornecem um diagnóstico amplo<br />
de práticas marcantes na arte brasileira<br />
desde, pelo menos, o modernismo (inclusive o<br />
humor, a ironia, a síntese, a otimização de<br />
recursos e a problematização de conjunturas<br />
desfavoráveis). Além disso, os trabalhos que<br />
compõe esta taxonomia da gambiarra em tempos<br />
de digital permitem discutir uma ética da<br />
reciclagem que tornou-se central no mundo<br />
contemporâneo. Avesso do lixo: gambiologia...<br />
MarCus BasTos é diretor de trabalhos<br />
premiados como o vídeo interativo “Interface<br />
Disforme” (2006) e o curta-metragem “Radicais<br />
livre(o)s” (2007). desenvolveu trabalhos de<br />
mapeamento como “coexistências” e “2346”,<br />
com o grupo LAT-23, com quem também dirigiu<br />
o webdocumentário “Cidades Visíveis” (RUMOS<br />
Itaú Cultural, 2010). Criou, com Dudu Tsuda,<br />
composições audiovisuais como “ausências<br />
i-vii”, apresentada em eventos como Bienal do<br />
Mercosul, Mostra Live Cinema e Kino Lounge,<br />
e “fluxos”, apresentado na exposição Paço das<br />
Artes 40 anos. Foi curador de mostras como<br />
“Geografias Celulares”, exibidas na Fundação<br />
Telefônica em Buenos Aires e Lima, “instalação-<br />
-->vídeo”, criada para a TV Sesc como parte da<br />
Mostra Sesc de Artes 2010. É curador do Vivo<br />
arTe.MoV - Festival internacional de arte em<br />
Mídias Móveis. Atualmente é professor da PUCsP<br />
e do Mestrado em design da universidade<br />
anhembi-Morumbi.
Poetics of Improvisation:<br />
art in the horizon of the conceivable<br />
“There is nothing new in saying that in Brazil<br />
gambiarra is an endemic practice”.<br />
Ricardo Rosas
Gambiólogos, curated by Fred Paulino is an<br />
amazing exhibition, an almost paradox in<br />
assuming such a dimension to address the<br />
precarious and the improvised. The 25 pieces<br />
gathered around the theme “Kludging in a<br />
Digital Era” offer an eloquent testimony to the<br />
concentrated creativity available in practices<br />
related to the dismantling of hardware, the<br />
reuse of materials, the displacement of<br />
objects, and the reuse of waste.<br />
They are artists of different generations,<br />
among Guto Lacaz, Paul Nenflídio, Fred Paulino,<br />
Jarbas Jacome, Fernando Rabelo and Alexander<br />
B, a cutout that allows us to understand<br />
the links between the pre-digital forms of<br />
kludging, and the latest developments, where<br />
the materiality of reprocessed scrap overlaps<br />
with algorithmic calculations typical of<br />
computers (uncertain, small, public, faulty,<br />
average, domestic, large, portable, fragile).<br />
But this is not a retrospective, but a<br />
compilation. Another paradox, the amount of<br />
works, the diversity of artists, the subtleties<br />
of approach, do not assume consistency in the<br />
work included in the show. In a sense, the<br />
exhibition set up in the Centoequatro, in<br />
Belo Horizonte, is a contemporary version of<br />
the park described by Rousseau, in which all<br />
the pieces fit together, but not the whole set.<br />
In Gambiólogos, the whole set fits, despite<br />
the explicit and intentional fracture of the<br />
pieces. Indeed, one of the important aspects<br />
of the exhibition is how the pieces on display<br />
function. Connections, gear, equipment,<br />
anything that is normally behind the scenes,<br />
is part of the space offered to the public.<br />
Besides the works, processes that encourage<br />
access to technology can also be seen, in<br />
a procedure that results in a stimulus to<br />
creative appropriation of the components.<br />
Those works propose developments for the<br />
attitude of deconstruction of the other, of<br />
incorporating the external, of subversion<br />
of what does not belong. They are present<br />
in Oswald de Andrade, and the literary<br />
cannibalism of the Revista de Antropofagia<br />
(Antropophagy Magazine); in the disconcerting<br />
videoart of Eder Santos, especially in works<br />
like 4 maneiras de playtear a eternidade and<br />
Enciclopédia da Ignorância (4 ways of playtear<br />
eternity and the Encyclopedia of Ignorance), in<br />
which the artist builds sophisticated viewing<br />
devices and image fragmentation using few<br />
resources; in the corrosive cinema of Goifman<br />
Kiko, with movies that combine the domestic<br />
and the complex such as 33 and Filmefobia; in<br />
installations such as Spio and Mobile Crash<br />
in Lucas Bambozzi which subvert the logic of<br />
the devices hacking their operation.<br />
The works present in Gambiólogos expand this<br />
approach which combines sophistication and<br />
precariousness by means of generous doses<br />
of invention. It is impossible, in this<br />
brief text, to explore all the diversity of<br />
approaches in the exhibition. Two examples<br />
represent a sample of this complex universe:<br />
Gambiociclo, a mobile broadcast unit which<br />
carries on the tradition of urban nomad<br />
vehicles, that exist for example in the work<br />
of Kristof Wodiscko. The work mixes visible<br />
and invisible components, searching for forms<br />
of broadcast which expand the collective<br />
aspect, distributed and common participatory<br />
in network processes; and Toc: trigger of<br />
everyday objects, a kind of jukebox devices<br />
of various types, which turns on and off in<br />
an unpredictable logic.<br />
Gambiólogos, as well as the works in this<br />
exhibition, comprise a group greater than<br />
its parts. Together, the works in the<br />
exhibition provide a comprehensive diagnosis<br />
of outstanding practices in Brazilian art<br />
since, at least, modernism (including humor,<br />
irony, synthesis, resources optimization and<br />
the questioning of a downturn). Moreover, the<br />
works that comprise the taxonomy of kludging<br />
in a digital era allow a discussion concerning<br />
the ethics of recycling that has become<br />
central in the contemporary world. Opposite<br />
of garbage: Gambiologia...<br />
MarCus BasTos is a director of awarded works<br />
such as the interactive video “Interface<br />
Disforme” (2006) and the short-film “Radicais<br />
Livre(o)s“ (2007). He developed mapping works<br />
as “coexistências” and “2346” with the LAT-<br />
23 group, and also the web documenty “Cidades<br />
Visíveis” (RUMOS Itaú Cultural, 2010).<br />
He created with Dudu Tsuda, audiovisual<br />
compositions as “ausências i-vii”, presented<br />
at events such as Bienal do Mercosul, Mostra<br />
Live Cinema and Kino Lounge, and “fluxos”,<br />
presented at the exhibition Paço das Artes<br />
40 years. He has curated exhibitions such as<br />
“ Geografias Celulares“, shown at Fundação<br />
Telefônica in Buenos Aires and Lima,<br />
“instalação ---> video” created for TV SESC<br />
as part of the Mostra SESC de Artes 2010. He<br />
is curator of Vivo arTe.MoV - international<br />
art Festival in Mobile Media. He is currently<br />
a professor at PuC-sP and at the master’s<br />
program in design at the university anhembi-<br />
Morumbi.
Sem Título<br />
Milton Marques<br />
Motor elétrico, camera, LEDs,<br />
diapositivos, controle remoto.<br />
2010
Mesa de edição mecânica para<br />
construção de video-arte.
O INSTANTE IMPOSSÍVEL<br />
Alexandre B<br />
Placas de MDF, madeira, parafusos,<br />
soquete, lâmpada LED dicróica, lentes<br />
de aumento, fio de energia, garrafas,<br />
conta-gotas de soro, bacias de<br />
alumínio, água<br />
2010<br />
A luz emitida pela lâmpada no<br />
fundo da caixa ilumina as gotas<br />
que caem da garrafa, que são<br />
projetadas com o sentido invertido<br />
na parede. Quando as gotas atingem<br />
as bacias, sons são produzidos.
GRAFFITI ANALYSIS 3.0<br />
evan roth<br />
Técnica Mista<br />
2010
Graffiti por: amador / dalata<br />
/ Hyper / o2leo<br />
Vídeo projeção interativa em<br />
que os movimentos dos traços<br />
de “tags” de graffiti são<br />
digitalizados em tempo real e<br />
exibidos em 3D.
O eyewriter permite artistas que sofreram paralisia<br />
a desenharem com os olhos. Vencedor do prêmio<br />
principal Golden Nica no Ars Eletronica (Austria), um<br />
dos principais festivais de arte eletrônica do mundo,<br />
o projeto é uma criação coletiva de membros do Free<br />
Art and Technology (F.A.T. Lab), OpenFrameworks e do<br />
Graffiti Research Lab.
The EYEWRITER<br />
Tempt1<br />
evan roth<br />
Chris sugrue<br />
Zach lieberman<br />
Theo Watson<br />
James Powderly<br />
Técnica Mista<br />
2009
Alexandre B<br />
Alexandre Braga Brandão é natural<br />
de Belo Horizonte e atualmente<br />
reside e trabalha em São Paulo.<br />
Formado em Comunicação Social pela<br />
UFMG e Artes Plásticas pela Escola<br />
Guignard/UEMG, desenvolve trabalhos<br />
que trafegam entre o desenho,<br />
vídeos e objetos. Tem participado<br />
de festivais e exposições no<br />
brasil e no exterior, dos quais se<br />
destacam: 15º Festival Internacional<br />
de Arte Eletrônica - Videobrasil,<br />
São Paulo (2005); Kunstfilm Biennale<br />
Köln - Bienal de Filmes de Arte de<br />
Colônia, Alemanha (2005); Videodanza<br />
Ba, Argentina (2006); 10º Festival<br />
Internacional de Curtas de Belo<br />
Horizonte (2008); 59º Salão de Abril,<br />
Fortaleza (2008); A Coletiva 10+20,<br />
na Galeria Emma Thomas, São Paulo<br />
(2010); V Bienal Interamericana<br />
de Videoarte, Washington DC, EUA<br />
(2010) e as exposições individuais<br />
Entrebranco no Palácio das Arte,<br />
Belo Horizonte (2006) e Quando<br />
Nada, Museu Universitário de Arte<br />
- MUNA, Uberlândia MG, em fase<br />
de produção para 2011. Participou<br />
de duas residências artísticas<br />
em 2010: Projeto Ateliê Aberto da<br />
Escola Guignard, Belo Horizonte, com<br />
duração de um mês e Ateliê Aberto<br />
#3, Casa Tomada, São Paulo, durante<br />
três meses.<br />
------------------------------------andré<br />
Wakko<br />
Brasileiro azucrinista, graduado<br />
em Desobêdiencia Tecnológica pela<br />
Universidade de Ciências Mentais<br />
(DT-UCM) de Belo Horizonte. Autuado<br />
por formação de quadrilha em<br />
meados de 2005, formula junto aos<br />
demais o grupo de contra ataque<br />
urbano Azucrina (www.azucrina.<br />
org).Em 2008 é exilado para a<br />
Alemanha, participando em festivais<br />
e simposiuns como Transmediale,<br />
Tuned City, Berlin Summercamp,<br />
envolvidos com Martin Howse, Jessica<br />
Rylan e Julian Oliver, uma aula de<br />
desôbediencia. Construindo seus<br />
próprios instrumentos eletrônicos<br />
e desenvolvendo técnicas de<br />
música generativa e instalações<br />
interativas, apresentou concertos<br />
experimentais em palcos de Berlin,<br />
Lisboa, Kassel e Potsdamm, assim<br />
como projetos dentro da Faculdade de<br />
Artes Universität der Künste Berlin,<br />
onde foi aceito para bacharel em<br />
arte generativa para o semestre de<br />
inverno de 2009.<br />
www.andrewakko.com<br />
------------------------------------aruan<br />
Mattos<br />
Belo horizontino, vive e trabalha<br />
em qualquer lugar. Formou-se em<br />
design e estudou artes plásticas.<br />
Vem desenvolvendo trabalhos com<br />
estruturas cinéticas relacionados<br />
a maquinarias ópticas e sonoras.<br />
Ao lado de Flavia Regaldo realiza<br />
residência artística no Ja.ca -<br />
centro de arte e tecnologia com o<br />
trabalho Teto, ações para o nada.<br />
A dupla vem desenvolvendo, entre<br />
outros, o projeto Cicloritmoscópio,<br />
um objeto móvel analógico com<br />
projetores de slides, brinquedo<br />
óticos e um amplificador sonoro de<br />
caixas acústicas movido a manivelas<br />
e pedais.<br />
------------------------------------eduardo<br />
imasaka<br />
Nace en la provincia de Buenos<br />
Aires, Argentina en 1972. De<br />
formación autodidacta, trabaja<br />
activamente como realizador y<br />
productor artístico en medios<br />
digitales. Desde mediados de los<br />
90 se desarrolla en el campo de la<br />
instalación y los nuevos medios,<br />
presentando trabajos de audio, video<br />
e imagen digital como instalaciones<br />
y performances en directo. Vive y<br />
trabaja en Buenos Aires.<br />
www.imasaka.org<br />
------------------------------------evan<br />
roth<br />
Born USA, 1978. Artist and<br />
researcher based in Paris whose work<br />
explores the intersection of free<br />
culture and popular culture. His<br />
notable projects include L.A.S.E.R.<br />
Tag and Led Throwies (Graffiti<br />
Research Lab), White Glove Tracking,<br />
Eyewriter, Graffiti Analysis and<br />
a collaboration with Jay-z on the<br />
first open source rap video. Roth’s<br />
work is in the permanent collection<br />
of the MoMA (NYC) and has been<br />
exhibited widely in the Americas,<br />
Europe and Asia, including the<br />
Pompidou (Paris), the Kunsthalle<br />
(vienna), The Tate (London), The<br />
Fondation Cartier (Paris) and the<br />
front page of Youtube. Has received<br />
numerous awards for his work,<br />
including the Golden Nica from Prix<br />
Ars Electronica, Rhizome/The New<br />
Museum commissions (2007, 2009),<br />
the Future Everything award and<br />
Brit Insurance Designs of the Year.<br />
Roth is co-founder of the Graffiti<br />
Research Lab and the Free Art &<br />
Technology Lab (F.A.T. Lab), a web<br />
based, open source research and<br />
development lab. In addition, at<br />
the Parsons School of Design, he<br />
has developed and continues to<br />
teach courses on viral media for<br />
artists, where grades depend on<br />
internet attention metrics, and<br />
urban hacking, a course a New York<br />
City Councilman has declared “an<br />
invitation to break the law.” Roth<br />
and his work have been featured in<br />
multiple outlets, including NPR, the<br />
New York Times, Liberation, Time<br />
Magazine, CNN, The Guardian, ABC<br />
News, and Esquire.<br />
To find Roth’s work online, just<br />
google “bad ass mother fucker”.<br />
evan-roth.com<br />
graffitiresearchlab.com<br />
fffff.at<br />
graffitianalysis.com<br />
eyewriter.org<br />
--------------------------------------<br />
Fernando ancil<br />
Natural de São João Del Rei / MG.<br />
Formou-se técnico em Conservação<br />
e Restauração de Bens Culturais<br />
Móveis pela FAOP (Fundação de Arte<br />
de Ouro Preto) e graduou-se em artes<br />
visuais pela Escola de Belas Artes<br />
da UFMG. Em 2007 e 2008 foi professor<br />
de desenho, escultura e fotografia<br />
na FAOP. Trabalhou em diversos<br />
festivais como professor nas áreas<br />
de desenho e fotografia. Integrante<br />
do coletivo MAP, atualmente<br />
divide seus trabalhos em produção<br />
individual e realiza parcerias com<br />
outros artistas. Áreas de atuação:<br />
desenho, fotografia, instalação,<br />
intervenção urbana e vídeo. Vive e<br />
trabalha em Belo Horizonte.<br />
--------------------------------------<br />
Fernando rabelo<br />
Graduado em Cinema de Animação<br />
e Mestre em Arte e tecnologia da<br />
Imagem (UFMG). Foi destaque do<br />
Festival Internacional de Linguagem<br />
Eletrônica - FILE em 2005 e em 2006<br />
foi convidado para uma residência no<br />
centro de pesquisa em arte, ciência<br />
e tecnologia Medialab - Madrid/<br />
Espanha. Em 2008/2009 foi artista<br />
residente no Vrije Academie - Den<br />
Haag/Holanda onde desenvolveu<br />
projetos e um sistema digital de<br />
projeções panorâmicas. Em 2009<br />
foi convidado a participar da 9ª<br />
Bienal de VideoArte “Resistencia” em<br />
Santiago/Chile e ganhou o 8º Prêmio<br />
Sérgio Motta de Arte e Tecnologia.<br />
www.hiperface.com<br />
--------------------------------------<br />
Flávia regaldo<br />
Artista visual, é formada em<br />
Comunicação/especialização<br />
em fotografia e produção de<br />
documentário pela Goldsmiths<br />
College, Universidade de Londres.<br />
Cursou também disciplinas no<br />
DAMS da Universidade de Bologna.<br />
Vem realizando junto a Aruan<br />
Mattos uma série de instalações<br />
cinéticas, criando maquinarias<br />
de áudio e imagens seqüenciadas<br />
utilizando diferentes agentes de<br />
movimento. A dupla realizou o<br />
projeto Ciclo.Vista de noite In.vento<br />
- Interações Estéticas/Funarte,<br />
o projeto Teto na residência do<br />
JA.CA e vem desenvolvendo o Projeto<br />
Cicloritmoscopio além de diversos<br />
projetos pessoais.
-------------------------------------- nos eventos Arte.Mov 2009 e 2010, e constrói produtos eletrônicos e<br />
Coquetel Molotov 2008 e 2009, On _ luminárias a partir de materiais<br />
Fred Paulino<br />
Off 2009, Zona Mundi 2009 e Emoção reciclados, e possui ampla<br />
Art.ficial 4.0. Expôs no FILE-Rio experiencia na utilização de LED’s<br />
Nasceu e vive em Belo Horizonte. 2009 e 2010, FILE-SP 2008 e 2010, e em circuit bending. É colaborador<br />
É artista visual e designer, formado Continuum 2009 e 2010 e Festival do Graffiti Research Lab Brasil.<br />
em Ciência da Computação (UFMG) e Contato 2010. Foi guitarrista da Co-realiza desde 2008 o Projeto<br />
pós-graduado em Arte Contemporânea banda Negroove e do coletivo de arte Gambiologia, construindo artefatos<br />
na Escola Guignard (UEMG). Realiza Re:combo.<br />
artísticos e peças de design que<br />
obras em mídias diversas - desde<br />
misturam o improviso de gambiarras<br />
experimentações gráficas, vídeo e<br />
intervenções urbanas até eletrônica<br />
http://jarbasjacome.wordpress.com/ com alta e baixa tecnologia.<br />
e programação de sistemas. Foi<br />
diretor criativo do Estúdio Osso<br />
-------------------------------------- www.lucasmafra.com<br />
e um dos fundadores do Coletivo<br />
Mosquito. É colaborador do Graffiti<br />
João Wilbert<br />
--------------------------------------<br />
Research Lab (EUA) e coordenador Brazilian artist and researcher Manuel andrade<br />
do seu núcleo brasileiro, o GRL- with interest and experience<br />
BR. Co-realiza desde 2008 o Projeto in interaction, design and<br />
Artista sonoro e músico, investiga<br />
Gambiologia, construindo artefatos programming. Over the past years os limites entre a musicalidade<br />
artísticos e peças de design que he conceived and developed projects e o ruído e arte-tecnologia, além<br />
misturam o improviso de gambiarras for different media: web, mobile da utilização alternativa de<br />
com alta e baixa tecnologia.<br />
and gallery installation dealing instrumentos musicais tradicionais<br />
with user engagement, expression e suas relações timbrísticas com de<br />
www.fredpaulino.com<br />
and creative use of technology. sintetizadores e efeitos eletrônicos<br />
Joao studied interactive media analógicos construídos pelo próprio<br />
-------------------------------------- at Goldsmiths University in 2008 artista. Membro fundador e produtor<br />
and was a senior grant holder at cultural do selo Azucrina Records!,<br />
Gambiologia<br />
FABRICA, the Benetton Communication através do qual realiza eventos<br />
Research Center where he developed culturais de cunho autônomo-<br />
Coletivo formado pelos artistas Exquisite Clock (collaborative colaborativo relacionados à arte,<br />
e designers Fred Paulino, Lucas web/mobile/installation platform música e tecnologia. Além de lançar<br />
Mafra e Paulo Henrique Pessoa<br />
exhibited widely in Europe, America projetos musicais independentes e<br />
‘Ganso’, de Belo Horizonte.<br />
and Asia including the Victoria gerar conteúdo crítico através do<br />
Realizam obras irreverentes que & Albert Museum (London), New<br />
blog, o site www.azucrinarecords.<br />
relacionam gambiarras cotidianas Museum (New York) and Beijing<br />
net funciona como plataforma de<br />
com tecnologia analógica e digital, Contemporary Arts Museum – CAFA) investigação e pesquisa para<br />
desenvolvendo artefatos que podem during the same period the Colors interfaces eletrônicas e digitais.<br />
ser reconhecidos como eletrônicos, Magazine participatory website -<br />
esculturas ou objetos decorativos. COLORSLAB along the editorial team<br />
of Colors. Coming from a hacker/<br />
-------------------------------------www.gambiologia.net<br />
maker background João focuses on<br />
process based work dealing with<br />
Marcelo adão<br />
-------------------------------------- software programming to physical Natural de Itabira/MG. Graduado<br />
computing, data sensing platform and em Desenho e Gravura pela Escola<br />
Guto lacaz<br />
interactive architecture.<br />
Guignard/UEMG. Trabalhou como<br />
auxiliar dos atêlies de gravuras<br />
Nasceu em São Paulo, 1948. Estudou www.jhwilbert.com<br />
(xilo, litho e metal) da Escola<br />
no Ginásio Vocacional e Eletrônica<br />
Guignard (2009). É integrante do<br />
Industrial do Liceu Eduardo Prado. -------------------------------------- coletivo MAP e realiza desde 2007,<br />
Em 1974 formou-se Arquiteto na<br />
junto a Fernando Ancil e Leandro<br />
FAU São José dos Campos. Inicia leandro aragão<br />
Aragão, trabalhos de intervenção<br />
sua carreira profissional em artes<br />
urbana, videos, fotografias e<br />
plásticas com a expo e prêmio<br />
Nascido em Belo Horizonte, residiu instalações. Vive e trabalha em Belo<br />
- Primeira Mostra do Objeto<br />
em Boston e Los Angeles entre 2001 Horizonte.<br />
Inusitado 1978. Humor e surpresa são e 2005, quando iniciou estudos em<br />
características de seu trabalho. fotografia e vídeo. Graduado Bacharel -------------------------------------em<br />
Desenho pela Escola de Belas<br />
www.gutolacaz.com.br<br />
Artes da UFMG (2009), é atualmente<br />
sócio dos vídeo artistas Eder<br />
Mariana Manhães<br />
-------------------------------------- Santos e André Hallak na produtora Niterói, RJ, 1977. Vive e trabalha<br />
Trem Chic, com quem realiza obras no Rio de Janeiro. Sua produção é<br />
Jarbas Jácome<br />
audiovisuais e exposições. Com uma intersecção de experimentação<br />
Fernando Ancil e Marcelo Adão<br />
artística e tecnológica que<br />
Músico potiguar, mestre em Ciência (coletivo MAP), desenvolve objetos resulta em trabalhos nos mais<br />
da Computação pelo CIN-UFPE,<br />
gambiarrísticos e trabalhos de diferentes tipos de mídia: desenhos,<br />
pesquisando computação gráfica, intervenção na cidade.<br />
fotografias, videos e máquinas<br />
computação musical e sistemas<br />
orgânicas. Realizou individuais no<br />
interativos de tempo real para www.map.art.br<br />
CCBB (Rio de Janeiro, 2010), Galeria<br />
processamento audiovisual integrado. www.tremchic.com<br />
Leme (São Paulo, 2008) e Museu de<br />
Recebeu o Prêmio Sérgio Motta de<br />
Arte Contemporânea de Niterói (Rio<br />
Arte e Tecnologia 2009 e o Prêmio -------------------------------------- de Janeiro, 2007), entre outras.<br />
Rumos Itaú Cultural Arte-Cibernética<br />
Participou de diversas exposições<br />
2007. Sua graduação e mestrado lucas Mafra<br />
coletivas em instituições e galerias<br />
resultaram no software livre<br />
no Brasil e exterior, tais como:<br />
Vimus, financiado pelo c.E.S.A.R, e Designer de produto pela<br />
Instituto Itaú Cultural (São Paulo),<br />
utilizado em instalações artísticas, universidade FUMEC. É hobbysta e Isea (Dortmund, Alemanha), Instituto<br />
institucionais, espetáculos<br />
autodidata em eletrônica há mais Tomie Ohtake (São Paulo), MAM (Rio<br />
musicais e de dança. Se apresentou de quinze anos. Projeta, desenha de Janeiro), MAM (Bahia), Museu
Vale do Rio Doce (Vila Velha, ES), dLux Media Arts (Sidney, Australia) Peter Vogel<br />
Martin-gropius-bau Museum (Berlim, Possui quatro CDs lançados.<br />
Alemanha).<br />
Pioneer in the field of interactive<br />
-------------------------------------- electronic sculpture. He was formally<br />
www.marianamanhaes.com<br />
trained in physics, and has explored<br />
Paulo Henrique Pessoa ‘Ganso’<br />
technology’s intersection with dance,<br />
--------------------------------------<br />
musical composition, and visual<br />
Paulo Henrique Pessoa ‘Ganso’ é art since the late 1960s. Vogel’s<br />
Milton Marques<br />
designer de produto com formação interest lies in both interactive and<br />
na Universidade FUMA (atual UEMG). musical structures. The interactive<br />
Licenciado em Artes pela UNB,<br />
Possui trabalho reconhecido na sensitivity of his constructions<br />
trabalha com grupos de risco<br />
concepção e montagem de artefatos utilizes photocells and microphones<br />
em escolas públicas no Distrito de iluminação a partir de materiais that react to spectators, creating<br />
Federal. Seu trabalho se baseia em reciclados. É também artista gráfico an experience of seeing and hearing<br />
des(con)struir aparelhos elétricos e e atua como “mestre consultor” do unique improvisations triggered by<br />
eletrônicos e reconstruir máquinas Coletivo Gambiologia.<br />
light and shadow. Merging form and<br />
de caráter subversivo. Participou<br />
function, the delicate electronic<br />
de exposições como: Cinema, Sim - -------------------------------------- circuits in Vogel’s artworks are<br />
Narrativas e Projeções - pelo Itaú<br />
elegantly arranged. A retrospective<br />
Cultural em São Paulo, 2009, 5ª Paulo Nenflidio<br />
of his work will take place in<br />
Bienal do Mercosul em Porto Alegre<br />
2007 at the Museum of Contemporary<br />
em 2005 e 26º Bienal de São Paulo em Paulo Nenflidio é formado em<br />
Art, Freiburg. His work has been<br />
2004. Atualmente vive em Gama - DF e Artes Plásticas pela ECA-USP e em collected by ZKM; The Museum of<br />
faz parte do projeto sonoro SCLRN. Eletrônica pela ETE Lauro Gomes. Concrete Art, Ingolstadt, Germany;<br />
Nenflidio é um artista sonoro. Suas Rijksmueum; Wakayama Museum of<br />
-------------------------------------- obras são esculturas, instalações, Modern Art, and Joshibi Art Museum<br />
objetos, instrumentos e desenhos. in Japan. Vogel’s electronic sound<br />
Morgana rissinger<br />
Som, eletrônica, movimento,<br />
sculptures have been exhibited at<br />
construção, invenção, aleatoriedade, Ars Electronica, The Musée d’Art<br />
Morgana Rissinger é formada em física, controle, automação e<br />
Contemporain in Lyon, Winnipeg Art<br />
comunicação social e pós-graduada gambiarra são presentes na sua Gallery in Canada, Ruhrland Museum<br />
em arte contemporânea. É uma das obra. Seus trabalhos se parecem com in Essen, The Goethe Institute in<br />
diretoras do Cineesquemanovo - bichos, instrumentos musicais ou com Uruguay, Berlin Academy of Arts,<br />
Festival de Cinema de Porto Alegre, máquinas de ficção científica. Em 2003 and numerous galleries throughout<br />
que em 2011 realizará sua 7a edição. participou da residência artística germany. He has participated in<br />
Iniciou seu trabalho com cinema em Bolsa Pampulha em Belo Horizonte various group shows including<br />
Porto Alegre, em 2000, e desde então tendo realizado a obra música dos “Ecoute” at the Centre Pompidou in<br />
produziu mais de 20 curtas para ventos. Recebeu em 2005 o Prêmio 2004.<br />
cinema e televisão. Foi funcionária Sérgio Motta de Arte e Tecnologia<br />
da Casa de Cinema de Porto Alegre por trabalho realizado. Em 2009 ------------------------------------durante<br />
os anos de 2003 e 2004, realizou residência artística no<br />
sendo responsável pela produção da Asu Art Museum no Arizona tendo ricardo Brazileiro<br />
sala Cine Santander Cultural. Vive produzido uma individual durante o<br />
e trabalha em Belo Horizonte desde período de residência. Recentemente Pernambucano, nascido em 1984, é<br />
2007, onde já produziu os longas participou da 7º Bienal de Artes pesquisador de arte eletrônica.<br />
“Os Residentes”, de Tiago Mata<br />
Visuais doMercosul.<br />
Possui experiência em apropriações<br />
Machado, e “Sertão Mar”, de Clarisse<br />
críticas de linguagens para uso<br />
Alvarenga. É sócia da Desvio, loja e paulonenflidio.vilabol.uol.com.br criativo, arte-computabilidade,<br />
galeria localizada na Savassi - BH. www.youtube.com/nenflidio<br />
sound art e interfaces sensitivas<br />
Atualmente produz filmes, exposições,<br />
em tempo-real. Graduado em<br />
intervenções urbanas e projetos -------------------------------------- Computação com ênfase em Ensino<br />
de publicações em conjunto com<br />
e Pesquisa, dedicou seus estudos<br />
diversos artistas e pesquisadores Paulo Waisberg<br />
em experimentações poéticas na<br />
belo horizontinos, dentre eles<br />
construção de aparelhos interativos,<br />
Fred Paulino, André Brasil e Pedro Mestre em arquitetura pela UFMG instalações com organismos vivos,<br />
Aspahan.<br />
e professor no Izabela Hendrix. hardwares obsoletos, chips, e<br />
Seu escritório realiza projetos ambientes imersivos. A partir de<br />
-------------------------------------- de lojas, instalações urbanas, 2007 começou a ministrar diversas<br />
exposições e passarelas de moda. oficinas de arte e computação com<br />
o Grivo<br />
Seu interesse está na produção de práticas de desenvolvimento de<br />
espaços efêmeros pela subversão no softwares e hardwares interativos.<br />
Criado em 1990 por Marcos Moreira uso de objetos ordinários.<br />
Recentemente ganhou Prêmio Funarte<br />
Marcos & Nelson Soares. Baseado<br />
de Produção Crítica e Cultural pra<br />
em Belo Horizonte. Realizou<br />
-------------------------------------- internet com o projeto Cotidiano<br />
exposições individuais na Galeria<br />
Sensitivo: comunidades em trânsito.<br />
Nara Roeler (São Paulo, 2010) e no Pedro Morais<br />
Participou de importantes festivais<br />
Museu de Arte da Pampulha (Belo<br />
e residências de arte e tecnologia<br />
Horizonte, 2009). Participou de Arquiteto e urbanista pela Escola como o Territórios Recombinantes<br />
coletivas como Paralela 2010 (São de Arquitetura da UFMG, editor da (PE), Festival Contato (SP), FAD<br />
Paulo) e 28a Bienal Internacional revista de arquitetura e urbanismo (BH), FILE (SP), Piksel (Noruega),<br />
de São Paulo, São Paulo (2008), MDC e sócio da galeria Desvio. Ahacktitude (Itália), Libres (PE),<br />
além de realizar colaborações<br />
Possui escritório próprio desde PDCON (SP), Spa das Artes (PE),<br />
no Brasil e exterior com outros 2001, onde atua em projetos de<br />
Submidialogia (BA, PE), Semussum<br />
artistas como Cao Guimarães, Rivane várias escalas, tendo sido premiado (BA, PE). Possui interesses<br />
Neuenschwander e Valeska Soares. em diversos concursos.<br />
nas correlações entre arte-<br />
Premiado nos eventos 25º Salão de<br />
computabilidade, organismos e<br />
Arte de Belo Horizonte,<br />
4º Prêmio Cultural Sérgio Motta (São<br />
www.pedromorais.com<br />
desvios poéticos.<br />
Paulo) e Formations, Sound Art Work, -------------------------------------- http://rbrazileiro.info/
--------------------------------------<br />
saulo Policarpo<br />
1978. / Designer. / Formado pela<br />
Fundação Mineira de Educação e<br />
Cultura (FUMEC). / Passou a vida<br />
(até os 25 anos) restaurando<br />
motocicletas, desenvolvendo<br />
mecanismos e esculpindo peças que<br />
não existem mais. / Pesquisador<br />
de arte, design e moda. / Atuante<br />
no setor óptico, em planejamento<br />
estratégico e desenvolvimento de<br />
produtos. / Duas vezes consecutivas<br />
primeiro colocado no Prêmio<br />
Abióptica de Design de Óculos. /<br />
------------------------------------sara<br />
Moreno<br />
Sara Moreno é graduada em Artes<br />
Visuais pela Escola de Belas Artes<br />
da UFMG e Especialista em Arte<br />
Contemporânea pela PUC Minas.<br />
Atualmente cursa o Mestrado em<br />
Artes na UFMG, onde pesquisa<br />
as possibilidades de uso das<br />
tecnologias contemporâneas no ensino<br />
de artes visuais. Trabalha como<br />
artista e educadora, e atuou na<br />
produção da exposição <strong>Gambiólogos</strong><br />
e do Gambiociclo. Aprendeu com os<br />
gambiólogos a usar a gambiarra de<br />
maneira positiva na arte e na vida.<br />
Pretende continuar seguindo esse<br />
estilo de vida.<br />
--------------------------------------
A GAMBIARRA NOS TEMPOS DO DIGITAL<br />
www.gambiologos.com<br />
Concepção e curadoria<br />
Fred Paulino<br />
Coordenação de produção<br />
Morgana Rissinger<br />
assistente de produção<br />
Sara Moreno<br />
artistas participantes<br />
Alexandre B<br />
Aruan Mattos<br />
André Wakko<br />
Eduardo Imasaka<br />
Evan Roth<br />
Fernando Ancil<br />
Fernando Rabelo<br />
Flavia Regaldo<br />
Fred Paulino<br />
O Grivo<br />
Guto Lacaz<br />
Jarbas Jácome<br />
João Wilbert<br />
Leandro Aragão<br />
Lucas Mafra<br />
Manuel Andrade<br />
Marcelo Adão<br />
Mariana Manhães<br />
Milton Marques<br />
Paulo Henrique Pessoa ‘Ganso’<br />
Paulo Nenflídio<br />
Peter Vogel<br />
Ricardo Brazileiro<br />
Saulo Policarpo<br />
Cenografia<br />
Paulo Waisberg<br />
Pedro Morais<br />
Textos catálogo<br />
Felipe Fonseca<br />
Marcus Bastos<br />
Cenotécnico<br />
Marcos Lustosa<br />
Design gráfico<br />
Fred Paulino<br />
Xande Perocco<br />
Registro fotográfico<br />
Pedro David<br />
registro audiovisual<br />
Sérgio Borges<br />
Colaboração<br />
Andrei Policarpo<br />
Bárbara Pontello<br />
Manuel Guerra<br />
Rafael Delpino<br />
Roberta Paiva<br />
Monitores<br />
Juan Luiz Pereira<br />
Lorena Ohana Fernandes Rosa<br />
Mirna Lorraine Leôncio<br />
Rafaela da Piedade Teodoro<br />
Steffany Teixeira Pereira<br />
assessoria de imprensa<br />
Pessoa Comunicação<br />
Tradução<br />
Viamundi Idiomas e Traduções<br />
Assessoria jurídico-financeira<br />
Sinergia Gerenciamento de Projetos<br />
agradecimentos ++<br />
Alexandre Telles<br />
Aline X<br />
Aluizer Malab<br />
André Mintz<br />
Fabrica - Laura Pollini<br />
e Michela Liverotti<br />
Lucas Bambozzi<br />
Luiza Thesin<br />
Nícia Mafra<br />
Pedro Veneroso<br />
Rainer Parreiras<br />
Roberto Bellini<br />
Rodrigo Minelli<br />
Siomara Faria<br />
agradecimentos<br />
Ana Paula Puia<br />
Ana Tereza Brandão<br />
André Hallak<br />
Ângelo Abu<br />
Artur de Leos<br />
Bárbara Braga<br />
Beatriz Leite<br />
Birimbica<br />
Bitforms Gallery -<br />
Steven Sacks, Laura Blereau,<br />
Emily Bates, Tom Weinrich<br />
César Piva<br />
Coletivo Azucrina!<br />
Contato ONG<br />
Daniel Queiroz<br />
Elisângela Gonçalves<br />
Fábio Zimbres<br />
Fabrício Santos<br />
Francisca Caporali<br />
Gabriel Sávio<br />
Gabriela Sá<br />
Georgina e João Carlos Wibert<br />
Geraldo Paulino<br />
Gustavo Campos<br />
J. B. Gambièrre<br />
Joana Braga<br />
José Washington Vidigal (Nabo)<br />
Karol Borges<br />
Keyla Monadjemi<br />
KK Maia<br />
Luana Melgaço<br />
Luciana Tanure<br />
Macau Amaral e família<br />
Marcos Boffa<br />
Mariana Pinheiro<br />
Marília Rocha<br />
Marlene Leite Braga<br />
Michelle Walter<br />
Mo Braga<br />
Newton Braga<br />
Paula Kimo<br />
Ricardo Portilho<br />
Robson - Bélgica Veículos<br />
Rodrigo Camargos<br />
Rodrigo Diniz<br />
Rogério Manata<br />
Rogério Santiago<br />
Ronaldo Macedo Brandão<br />
Tathianna Nunes<br />
Tony Schaffert<br />
Obrigado a todos que colaboraram<br />
de alguma forma com este projeto<br />
e não estão aqui listados.
CENOGRAFIA GAMBIOLÓGICA<br />
Paulo Waisberg<br />
Pedro Morais<br />
Técnicas mistas de marcenaria<br />
e eletricidade<br />
2010
ealização<br />
colaboração<br />
apoio<br />
patrocínio<br />
////// =>
apresenta:
Ao longo de quase três semanas,<br />
o Interactivos? ’10 BH reuniu no<br />
Marginalia+Lab, em Belo Horizonte,<br />
cerca de 50 pessoas, de origens e especialidades<br />
distintas, em um encontro<br />
intensivo de produção, investigação,<br />
experimentação e aprendizado coletivo.<br />
Foram 98 projetos inscritos por convocatória<br />
internacional, provenientes de<br />
quatro dos cinco continentes habitados<br />
do mundo. Ao final, foram 8 projetos<br />
selecionados, além de vários colaboradores<br />
voluntários, totalizando um<br />
grupo heterogêneo, com participantes<br />
de países como Argentina, Colômbia,<br />
Peru, México, Estados Unidos, Espanha,<br />
Itália e Suécia, além de brasileiros<br />
de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São<br />
Paulo, Paraná e Pernambuco.<br />
Reunidas em torno de um tema,<br />
Baixa tecnologia de ponta, e do desenvolvimento<br />
dos projetos selecionados,<br />
as atividades deste período foram tão<br />
heterogêneas quanto o grupo envolvido,<br />
se desdobrando em seminário, laboratório<br />
de produção, oficinas, debates e<br />
festas. Logo, esta exposição apresenta<br />
apenas uma pequena amostra dos resultados<br />
tangíveis desta experiência –<br />
sendo impossível, na prática, computar<br />
o resultados dos processos desencadeados<br />
pelo evento.<br />
Realizado conjuntamente pelo<br />
Marginalia+Lab e pelo Ocupar Espaços, o<br />
Interactivos? ’10 BH atualizou em Belo<br />
Horizonte um modelo concebido pelo<br />
Medialab-Prado, da Espanha. Trata-se,<br />
assim, da primeira edição realizada<br />
no Brasil, após edições na Espanha,<br />
Estados Unidos, México e Peru, desde<br />
2006. Nesta trajetória (breve ou longa<br />
nos tempos atuais?), o Interactivos? se<br />
consolidou como uma importante metodologia<br />
que tem a peculiar capacidade<br />
de mobilizar simultaneamente comu-<br />
APRESENTAÇÃO<br />
MARGINALIA + LAB<br />
nidades locais e internacionais de<br />
artistas, designers e desenvolvedores<br />
– reproduzindo em um contexto físico<br />
e presencial o ambiente de trocas e<br />
colaboração encontrado nas redes virtuais.<br />
Neste sentido, trata-se de um<br />
evento com um forte efeito catalisador<br />
de ideias, projetos e parcerias, e foi<br />
com este objetivo que buscamos trazêlo<br />
à cidade.<br />
O esforço de realização deste evento<br />
catalisa também outros encontros<br />
e fortalece parcerias, aprofundando<br />
o processo de trocas e colaborações<br />
ainda em outro nível. Foram fundamentais,<br />
afinal, o acolhimento do programa<br />
Vivo Arte.Mov, as colaborações com os<br />
<strong>Gambiólogos</strong> – com quem compartilhamos<br />
bem mais que o espaço expositivo –<br />
e as conversas e a generosidade do<br />
Medialab-Prado e do Centro Cultural<br />
Espanha em São Paulo, além de todos os<br />
demais apoiadores.<br />
São estas relações, estabelecidas<br />
no entorno e no próprio interior do<br />
evento, que constituem, afinal, seu<br />
resultado. Suas manifestações são diversas<br />
e poderão ser apreendidas no<br />
decorrer do tempo, através da continuidade<br />
de parcerias, da emergência<br />
de novos projetos e da reprodução e<br />
replicação dos conhecimentos aqui<br />
produzidos. Por ora, já é satisfatório<br />
ter visto retornar a este evento<br />
participantes de outros Interactivos?,<br />
e de atividades anteriores do<br />
Marginalia+Lab. Todos juntos deixamos,<br />
nesta exposição, mais alguns vestígios<br />
desta vivência.<br />
3
INSTRUTORES<br />
4<br />
INSTRUTORES<br />
ARTURO CASTRO<br />
A cada ano, a tecnologia se torna mais<br />
acessível, particularmente nas áreas<br />
relacionadas a eletrônica e software.<br />
Por um lado, o custo econômico<br />
do hardware é cada vez mais baixo.<br />
Por outro, o nível médio de formação<br />
tecnológica está cada vez mais<br />
alto. Além disso, as ferramentas de<br />
software e hardware livres fazem com<br />
que tecnologias, que há apenas alguns<br />
anos eram reservadas a pessoas<br />
com alto grau de formação técnica e<br />
conhecimentos prévios, sejam, hoje,<br />
acessíveis a qualquer pessoa com um<br />
mínimo de curiosidade.<br />
Chama a minha atenção, por exemplo,<br />
um dos projetos apresentados na edição<br />
anterior do Interactivos?- Ciência de<br />
bairro - que ocorreu em Madrid, há<br />
alguns meses: UrbanForageContaminantAssay-1.<br />
Neste projeto, com sensores<br />
baratos e software desenvolvido com<br />
ferramentas de código aberto, estudase<br />
o nível de contaminação dos alimentos.<br />
Os resultados são, por sua<br />
vez, publicados em código aberto, de<br />
tal forma que qualquer um possa reproduzir<br />
o experimento, modificá-lo,<br />
melhorá-lo... aumentando, portanto, a<br />
acessibilidade à tecnologia.(http://<br />
medialab-prado.es/article/interactivos10)<br />
Outro exemplo interessante é o<br />
EyeWritter, um projeto realizado com<br />
openFrameworks, que permite que pessoas<br />
com elevado grau de paralisia<br />
desenhem com o movimento dos olhos. O<br />
custo total do dispositivo é inferior<br />
a US $100. O resultado é, também, publicado<br />
em código livre, disponibilizando<br />
a qualquer um a possibilidade de<br />
acessar essa tecnologia. (http://www.<br />
eyewriter.org)<br />
Como isto transforma a sociedade?<br />
As áreas criativas? Esperamos que<br />
Interactivos? ‘10 Belo Horizonte contribua<br />
para esta mudança.<br />
Arturo Castro estudou engenharia informática em<br />
Bilbao. Desde alguns anos colabora em proje-<br />
tos criativos com software. Um de seus maiores<br />
interesses é a filosofia do código livre pelas<br />
trocas sociais que ela sugere e em especial a<br />
aplicação destas ferramentas e metodologias no<br />
terreno criativo.<br />
Arturo é responsável pela versão Linux<br />
e Android do openFrameworks - uma das mais im-<br />
portantes plataformas de programação em código<br />
aberto para artistas e educadores - e colabora<br />
com Zach Lieberman e Theo Watson no desenvolvi-<br />
mento desta ferramenta.<br />
http://arturocastro.net/<br />
Access the English version online at interactivos.marginalialab.com
FERNANDO RABELO<br />
Nos dias de hoje, o espetáculo do<br />
consumo high tech é mais importante<br />
do que o aprendizado sobre as novas<br />
tecnologias. O DVD chegou antes mesmo<br />
do usuário comum aprender a gravar com<br />
o vídeo cassete. A velha tecnologia<br />
vai para o lixo. Acumula. Chega na<br />
China e acaba desmontada pelas mãos<br />
e processada sem o menor investimento<br />
tecnológico, social ou humano. No<br />
campo das artes, as novas tecnologias<br />
colocam o criador em um outro processo<br />
de espetáculo, o do “entretenimento”,<br />
causado pela infinita gama de equipamentos<br />
e suas novas possibilidades de<br />
criação. Além de não sabermos utilizar<br />
mais de 40% dos recursos das máquinas,<br />
quando criamos fazemos design a partir<br />
do que está disponível nos menus<br />
do Photoshop, editamos vídeos com os<br />
últimos plug-ins do After Effects e<br />
criamos mesas sensíveis ao toque com<br />
efeitos sonoros e visuais similares<br />
aos do iTunes ou do Winamp. A caixa<br />
preta da fotografia, criticamente<br />
apontada por Vilém Flusser, cresceu<br />
com os computadores e suas mini caixas<br />
pretas de software, que nos fazem repetir,<br />
copiar e baixar upgrades.<br />
Assim, como fica a arte do artista<br />
da tecnologia? Será que ele pode<br />
esquecer seu papel, ou não encontrar<br />
sua arte em meio a essa gama de “reprodutibilidades<br />
técnicas”? Será que<br />
a arte já deixou de ser uma crítica<br />
aos padrões, modelos, pré-conceitos?<br />
Uma subversão conceitual dos meios?<br />
Numa mudança de paradigma, a criação<br />
artística pode gerar dispositivos<br />
de baixa tecnologia (low tech) como<br />
forma de crítica e preparo para o espetáculo<br />
do entretenimento high tech.<br />
Esta arte pode estimular a formação<br />
de público crítico e criador, que não<br />
depende das novidades tecnológicas<br />
de dominação cultural e social. Tal<br />
perspectiva de criação é mais um caminho<br />
para democratizar o conhecimento<br />
artístico e tecnológico.<br />
Access the English version online at interactivos.marginalialab.com<br />
Fernando Rabelo é Graduado em Cinema de Animação<br />
e Mestre em Arte e Tecnologia da Imagem na Escola<br />
de Belas Artes da Universidade Federal de Minas<br />
Gerais (UFMG).<br />
Participou do Interactivos? 2006 em<br />
parceria com o artista Rafael Marchetti. Tendo<br />
as ruas de Madri como matéria-prima criaram o<br />
projeto Des:echo, duas instalações interativas<br />
NanJuneCena e Buy_Code que utilizavam sucatas<br />
tecnológicas descartadas nas caçambas dos bair-<br />
ros. Em 2007 e 2008 foi um dos coordenadores do<br />
Projeto Ocupar Espaços, onde ministrou oficinas<br />
de criação em arte e tecnologia (wireless de<br />
lata, câmera balão, tablado sonoro) para pontos<br />
de cultura. Em 2009 participou do 5 Days-off -<br />
Amsterdam, com a performace Flying Saucers, um<br />
panorama de projeção de imagens interativas, e<br />
exibiu CONTATO qwerty 2.0 na Bienal de Artes Me-<br />
diales do Chile. Em 2009 foi premiado na 8ª edi-<br />
ção do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia.<br />
http://www.hiperface.com/#anchor3<br />
INSTRUTORES<br />
5
INSTRUTORES<br />
6<br />
KIKO MAYORGA<br />
Nas últimas décadas, todos têm se<br />
animado com a “alta tecnologia/tecnologia<br />
de ponta”. Não é para menos.<br />
A tecnologia está se desenvolvendo<br />
muito rápido. Aparelhos de televisão,<br />
por exemplo, agora são muito mais leves,<br />
bonitos e eficientes em termos de<br />
espaço. Não obstante, as telas dos<br />
televisores ainda não fazem realmente<br />
diferença para os usos corriqueiros<br />
que atribuímos a elas (ou pelo menos,<br />
não em todo o mundo). Ao mesmo<br />
tempo, temos testemunhado uma suposta<br />
evolução das câmeras de vídeo, desde<br />
a primeira câmera Betamax, portátil<br />
e disponível em larga escala, até as<br />
atuais câmeras HD compactas baseadas<br />
em memória flash. Todavia, os usos que<br />
nós conseguimos dar a essas máquinas,<br />
na realidade, não têm mudado muito.<br />
Eu gostaria de saber a porcentagem<br />
de famílias que conseguem manter e<br />
visitar suas memórias gravadas em vídeo<br />
à medida que o tempo passa e os<br />
formatos de armazenamento mudam tão<br />
rapidamente. Como um exemplo mais recente:<br />
alguns serviços de web, nos<br />
quais construímos nossa vida digital,<br />
não estão sempre em um certo perigo de<br />
desaparecer em algum ponto no futuro?<br />
Na minha opinião, nós não precisamos<br />
continuar a inventar, produzir ou<br />
consumir os mais recentes aparelhos de<br />
alta tecnologia, que supervisionam a<br />
importância do patrimônio tecnológico.<br />
Por enquanto, a tecnologia disponível<br />
parece, a meu ver, sofisticada o suficiente<br />
para cessarmos a busca por novas<br />
descobertas e começarmos a explorar<br />
profundamente os usos de tecnologias<br />
já existentes e amplamente compreendidas,<br />
mas em contextos que não eram o<br />
objetivo do desenvolvimento acelerado<br />
dos dispositivos de tecnologia de ponta.<br />
Nós já estamos saturados de “alta<br />
tecnologia”. Agora é tempo para que<br />
artistas, criadores e pensadores parem<br />
por um segundo e olhem para trás, para<br />
as possibilidades maiores, inexploradas,<br />
da baixa tecnologia.<br />
Nos contextos sul-americanos,<br />
especialmente, é certamente mais<br />
impactante repensar possíveis usos<br />
para “baixa tecnologia” disponível<br />
(tecnologias mais antigas e mais bem<br />
conhecidas) nos contextos locais, de<br />
acordo com as necessidades locais, ao<br />
invés de seguir o mais novo dispositivo<br />
“descontextualizado”. Este Interactivos?,<br />
no Brasil, será uma boa<br />
oportunidade para começar uma avaliação<br />
do que é realmente tecnologia de<br />
ponta (ou “realmente impactante”) a<br />
partir de tecnologias básicas repensadas<br />
através de “ outros” contextos,<br />
mais diversos, reais, sociais e culturais,<br />
e não tão influenciados por<br />
interesses comerciais das indústrias<br />
de tecnologia.<br />
Engenheiro eletrônico, aprendiz de arte, pes-<br />
quisador em cultura e tecnologia. Diretor de<br />
pesquisa e desenvolvimento do Alta Tecnologia<br />
Andina e co-fundador do espaço/projeto Escuelab.<br />
org. Atualmente, seu interesse se centra na bus-<br />
ca e no desenvolvimento de mecanismos emergentes<br />
de transformação social, que partem do encontro<br />
entre tecnologia e sociedade.<br />
Participou da elaboração de vários pro-<br />
tótipos experimentais, de forma individual e co-<br />
letiva, apresentados em eventos diversos. Assim,<br />
em 2004, obteve o prêmio “incentivo à produ-<br />
ção” no concurso VIDA da Fundación Telefónica<br />
da Espanha. Apresentou trabalhos em eventos como<br />
ISEA2002 (Nagoya, Japão), WWWVF2004 (Amsterdam,<br />
Holanda), VAE2006 (Lima, Peru), entre outros.<br />
Desde 2006, ministra oficinas de criação e reci-<br />
clagem em torno da eletrônica, da programação e<br />
dos meios audiovisuais.<br />
Access the English version online at interactivos.marginalialab.com
EDUARDO DE JESUS<br />
É uma lista mesmo, sugerindo uma não<br />
linearidade. Com essa lista gostaria<br />
de apresentar algumas idéias em torno<br />
do tema proposto. A proposição, instigante<br />
e breve, me fez pensar desde<br />
o primeiro momento.<br />
Faço esse texto para expressar<br />
uma urgência que essa proposição me<br />
provocou, desde o primeiro momento que<br />
a ouvi. O que nós vamos fazer com a<br />
tecnologia e o que ela provoca em nós?<br />
Ando sempre em busca de uma resposta<br />
para essas questões. As anotações que<br />
seguem se estruturam na lógica dessa<br />
urgência.<br />
1.0<br />
Se pensarmos em tudo que construímos<br />
(no sentido de uma relação<br />
aberta no tempo e no espaço) no campo<br />
tecnológico, desde meados do século<br />
XX até hoje, podemos alardear de forma<br />
vigorosa, como fazem alguns, o impacto<br />
das tecnologias na vida cotidiana.<br />
Mas efetivamente o que aconteceu? Em<br />
uma só pergunta: tudo que vem ocorrendo,<br />
nos conduziu a alguma forma mais<br />
libertadora? A alguma singularidade<br />
que não reforce os sistemas anteriores<br />
de alienação?<br />
2.5<br />
Michel Serres. Donna Haraway. Félix<br />
Guattari.<br />
1.75<br />
“Ainda não se frisou suficientemente,<br />
que um dos ingredientes essenciais<br />
do coquetel milagre que se<br />
apresenta aos visitantes no Japão,<br />
consiste no fato de que a subjetividade<br />
coletiva, que lá é produzida<br />
massivamente, associa componentes os<br />
mais high-tech a arcaísmos herdados<br />
de tempos imemoriais”.<br />
Félix Guattari. Da produção de<br />
subjetividade (p. 188).<br />
3.0<br />
Talvez seja importante ampliar o<br />
campo de força no qual atua a tecnologia.<br />
Existe o mercado, as forças<br />
do consumo e da obsolecência programada<br />
de um lado, mas de outro temos<br />
todas as forças da subversão do uso<br />
programado da tecnologia. No Brasil,<br />
herdamos um certo traço antropofágico.<br />
Mito fundador da modernidade<br />
brasileira, talvez esse traço se<br />
atualize hoje no modo como lidamos<br />
com a tecnologia nessas subversões.<br />
Nada está assim tão bem programado que<br />
não possa ser reinventado, alterado<br />
e reinserido nas funções cotidianas.<br />
Certamente já temos história desses<br />
processos na arte. Nam June Paik e as<br />
TV’s preparadas.<br />
3.1<br />
PESQUISADORES<br />
Quando perguntado sobre sua relação<br />
com a tecnologia, Paik respondeu:<br />
eu faço a tecnologia parecer rídicula.<br />
PESQUISADORES<br />
7
PESQUISADORES<br />
8<br />
1,2<br />
“As máquinas do final do século XX<br />
tornaram completamente ambígua a diferença<br />
entre o natural e o artificial,<br />
entre a mente e o corpo, entre aquilo<br />
que se autocria e aquilo que é externamente<br />
criado, podendo-se dizer o<br />
mesmo de muitas outras distinções que<br />
se costumavam aplicar aos organismos<br />
e às máquinas. Nossas máquinas são<br />
perturbadoramente vivas e nós mesmos<br />
assustadoramente inertes”. Donna Haraway<br />
– Manifesto Ciborgue (1991)<br />
3,2<br />
Colocamos esponjas de aço em antenas<br />
para melhorar o recebimento dos<br />
sinais da televisão aberta. Usamos<br />
durepoxi para colar e reaproveitar<br />
antigos objetos quebrados. Operamos<br />
no limite da gambiarra. Tudo isso,<br />
por mais imbecil que pareça, recoloca<br />
a questão da tecnologia na vida social<br />
e na vida cotidiana. Se entregar ou<br />
reinventar?<br />
1,5<br />
Como a produção artística contemporânea,<br />
que se estrutura com o<br />
uso intenso da tecnologia, se coloca<br />
diante das funcionalidades fechadas<br />
e da obsolecência programada? Vamos<br />
assumir os dispositivos tal qual eles<br />
são ou iremos mesmo reconfigurá-los em<br />
função de uma precariedade estruturante<br />
que pode servir para nos conduzir a<br />
uma nova forma de uso da tecnologia?<br />
Da tecnologia brilhante, típica<br />
das visões do futuro vindas do passado<br />
(de Barbarella aos Jetsons), pouca<br />
coisa ficou. Hoje a tecnologia está infiltrada<br />
nas relações sociais de toda<br />
ordem, pilhando-as em novos arranjos<br />
e encontros, trazendo uma feição bem<br />
menos brilhante e reluzente. Depois<br />
dos smartphones e do wi-fi lugar de<br />
tecnologia é na rua, na força do acaso<br />
que ainda move a vida social, apesar<br />
de todos os controles.<br />
0,2<br />
Tecnologia e poder se entrelaçaram<br />
de tal forma que algumas vezes<br />
nos esquecemos das inúmeras formas de<br />
controle atreladas ao ambiente tecnológico.<br />
No entanto, uma caracteristica<br />
importante das tecnologias contemporâneas<br />
é estar em uma instabilidade<br />
entre controle e descontrole. Se por<br />
um lado ficou mais fácil controlar, por<br />
outro a informação é tão pulverizada<br />
que descontrolar também tornou-se<br />
relativamente fácil. Formas de comunicação<br />
baseadas em funções pós-massivas<br />
que reconfiguraram os acessos,<br />
as formas de controle e a disseminação<br />
de outras informações. Tecnologias do<br />
controle, agora descontroladas.<br />
4.0<br />
Qual o jogo que pode haver entre<br />
a baixa tecnologia e a de ponta? O<br />
que há entre esses dois extremos e<br />
como transitamos entre eles? De alguma<br />
forma podemos deslizar de um lado<br />
a outro dessa relação. Esse movimento<br />
pode ampliar nossas possibilidades de<br />
criação, já que tudo pode passar a ter<br />
a mesma função desde o grampo enferrujado<br />
que segura o fio, transmitindo<br />
energia, ao super computador. Tudo<br />
sintonizado em busca de uma subversão<br />
dos valores de uso e troca, alterando<br />
o modo de ver e experimentar a tecnologia.<br />
Professor da Faculdade de Comunicação e Artes<br />
da PUC Minas – Belo Horizonte/MG<br />
Access the English version online at interactivos.marginalialab.com
JOSÉ CABRAL<br />
‘Baixa tecnologia de ponta’ - O tema<br />
escolhido pelo Marginalia para a versão<br />
mineira do Interactivos? sugere<br />
várias veredas para exploração. A<br />
contradição dos seus termos é evidentemente<br />
o primeiro ponto de provocação,<br />
mas outros aspectos mais sutis<br />
aparecem quando esquadrinhamos o que<br />
há por trás dessa oposição entre alta<br />
e baixa tecnologia.<br />
O primeiro aspecto a salientar é<br />
que toda baixa tecnologia um dia foi<br />
tecnologia de ponta. Por exemplo, em<br />
algum momento da história da evolução<br />
da humanidade a tecnologia de ponta<br />
mais importante era, literalmente, a<br />
ponta da flecha. Era ela que permitia<br />
ao homem primitivo caçar a sua presa<br />
e atingí-la mantendo-se longe do perigo.<br />
Podemos dizer que a flecha já era<br />
uma tecnologia da ação à distância e<br />
do controle remoto: o caçador escaneia<br />
com o seu olhar um ambiente rico<br />
de informações e busca aquilo que lhe<br />
interessa; encontrando algo relevante,<br />
para lá dirige a ponta da flecha e<br />
através de um cálculo rudimentar computa<br />
a trajetória em parábola da flecha<br />
e faz com que a mesma coincida com<br />
o seu alvo; então, com um movimento<br />
sutil de seus dedos, aciona um mecanismo<br />
que faz com que a ponta da flecha<br />
atinja o objeto desejado tornando-o<br />
sujeito à sua manipulação. Obviamente<br />
essa descrição serve tanto ao caçador<br />
pré-histórico quanto ao usuário moderno<br />
de um computador à caça de informação.<br />
Talvez não sem razão um dos<br />
ícones da tecnologia de ponta hoje - o<br />
cursor - seja exatamente a imagem da<br />
ponta da flecha. Neste sentido o cursor<br />
é um símbolo que conecta de forma<br />
absurda a baixa com a alta tecnologia.<br />
E poderíamos continuar brincando com<br />
essa alusão pré-histórica e lembrar<br />
que o ato de apontar a flecha e calcular<br />
as probabilidades de acerto da<br />
caça em movimento está na base de todo<br />
o desenvolvimento do conceito de feed<br />
back que deu origem à cibernética.<br />
Mas se toda baixa tecnologia um dia<br />
foi tecnologia de ponta o que é que as<br />
distingue? Na baixa tecnologia há uma<br />
sedução pela transparência funcional<br />
dos mecanismos, como se pudéssemos<br />
entender os processos operacionais<br />
destes aparatos. Isso me parece uma<br />
reação direta à idéia da caixa preta,<br />
conceito fundamental nas tecnologias<br />
da informação. É como se ao usarmos as<br />
tecnologias mais acessíveis, mais do<br />
domínio público, uma tecnologia mais<br />
domesticada, estivéssemos branqueando<br />
a caixa preta, entendendo os processos<br />
em sua totalidade.<br />
Por outro lado, a ideia de tecnologia<br />
de ponta nos remete a vários<br />
princípios da cultura moderna - a<br />
especialização técnica, o progresso,<br />
a superação do passado. Em outras<br />
palavras, nos sugere esta busca titânica<br />
pela melhoria geral da condição<br />
humana, essa tentativa de compreender<br />
melhor o funcionamento do mundo para<br />
assim podermos explorá-lo de forma<br />
mais eficiente. Mas sabemos aonde este<br />
mundo da especialização técnica e do<br />
progresso ilimitado vai desaguar: na<br />
PESQUISADORES<br />
9
PESQUISADORES<br />
10<br />
crise energética, originada na crescente<br />
escassez dos recursos naturais<br />
e na crise social contemporânea, originada<br />
na exclusão de grande parte da<br />
população do universo do conhecimento<br />
especializado.<br />
Ao forçar a substituição de modelos<br />
antigos por modelos novos a tecnologia<br />
de ponta acaba por funcionar<br />
dentro do registro da transgressão nos<br />
diferenciando das sociedades ritualísticas,<br />
não transgressivas, que não<br />
tem esse fascínio com o avanço tecnológico<br />
das sociedades modernas. Mas se<br />
somos modernos e transgressivos, porque<br />
então esse fascínio que nós agora<br />
temos com a baixa tecnologia? Será que<br />
se trata de um novo primitivismo, um<br />
retorno ao ritual não transgressivo e<br />
não evolutivo? Acredito que não, pois<br />
o fascínio com as baixas tecnologias<br />
que que presenciamos hoje, apresenta<br />
um dado extra - trata-se de baixa<br />
tecnologia em direta conexão com as<br />
altas tecnologias. Curiosamente alta<br />
tecnologia, hoje, significa tecnologia<br />
digital, tecnologia baseada em<br />
números e passível de ser operada<br />
aritmeticamente. A facilidade com que<br />
na atualidade assumimos que o termo<br />
tecnologia se refere às tecnologias<br />
digitais é indicadora de que algo<br />
significativo para a cultura contemporânea<br />
está presente nas mesmas. O que<br />
chamamos de ‘novas tecnologias’ podia<br />
muito bem se referir à nanotecnologia,<br />
às biotecnologias, às tecnolo-<br />
gias de novos materiais, etc, mas não,<br />
novas tecnologias é sempre sinônimo<br />
de tecnologias digitais. (Cabe notar<br />
que estes três exemplos citados, são<br />
todos tecnologias avançadas mas cujo<br />
avanço se deu em grande parte devido<br />
às tecnologias digitais.)<br />
Na verdade o termo ‘novas tecnologias’<br />
já está bastante desgastado,<br />
mas ainda segue carregado de<br />
significado. Essa tecnologia foi nova<br />
sim na história da humanidade e nova<br />
por ser aquela que permitiu a criação<br />
da primeira ferramenta sem função<br />
pré-definida: o computador é de fato<br />
a primeira ferramenta da história da<br />
humanidade aberta à indeterminação de<br />
forma radical, passível de programação.<br />
E não por outra razão, Alan<br />
Turing quando criou a base teórica<br />
para o computador o chamou exatamente<br />
de ‘máquina universal’. Em menos de<br />
60 anos a função do computador mudou<br />
drasticamente - primeiramente uma máquina<br />
de calcular, depois uma máquina<br />
de desenhar (computação gráfica), mais<br />
tarde uma máquina de operar multimídias<br />
e atualmente uma máquina de<br />
comunicar. E não sabemos o que esta<br />
máquina será nos próximos 5 anos. A<br />
novidade desta situação fica mais evidente<br />
quando comparamos o computador<br />
a outra ferramenta fundamental para a<br />
evolução da humanidade - a faca. Ela<br />
surgiu há 2,5 milhões de anos e neste<br />
período permaneceu funcionalmente<br />
sem grandes variações: não há a rigor
grande diferença entre a faca de pedra<br />
lascada e a faca de aço inox.<br />
Ou seja, há de fato algo novo nessas<br />
‘novas tecnologias’ e esta novidade<br />
é uma promissora abertura à indeterminação.<br />
No entanto, a possibilidade<br />
de vivermos a indeterminação não é<br />
algo simples. A imprevisibilidade dos<br />
eventos sempre foi um problema para<br />
a humanidade e grande parte do que<br />
entendemos como progresso é a capacidade<br />
de melhor prever o comportamento<br />
de um dado sistema em momento futuro.<br />
Mas esta capacidade de predeterminar<br />
o curso dos acontecimentos se tornou<br />
uma obsessão da cultura contemporânea<br />
e é explicitada no fascínio que temos<br />
com a automação. Automatizamos processos,<br />
automatizamos portões eletrônicos<br />
e vidros de carros, assim como<br />
automatizamos a sugestão de amigos<br />
nas redes sociais. Em suma, buscamos<br />
prever e automatizar minhas ações e<br />
meu desejo. Mas o desejo é em sua<br />
natureza da ordem do indeterminado, e<br />
então temos uma contradição de fato.<br />
E me parece que é para atacar esta<br />
contradição da automação do desejo,<br />
que com muita frequência, a adoção das<br />
baixas tecnologias se dá juntamente à<br />
uma adoção dos processos interativos.<br />
Na verdade a ideia de interatividade<br />
às vezes se confunde com própria ideia<br />
de arte digital e a interação enquanto<br />
abertura para o desconhecido, para o<br />
não sabido do desejo, seria um ataque<br />
contra o congelamento do desejo<br />
pela automação. Assim me parece que<br />
a grande questão por trás das baixas<br />
tecnologias de ponta seria exatamente<br />
uma abertura para a indeterminação, e<br />
em última instância, abertura para o<br />
Outro: para uma inclusão do não especialista<br />
através da transparência dos<br />
processos, e para a inclusão do Outro<br />
enquanto ser desejante, não abstraindo<br />
ou abolindo a separação entre autor<br />
e público como muitos advogam, mas ao<br />
contrário, jogando, brincando mesmo<br />
com as nuances dessa distinção, redefinindo<br />
esta separação fundamental à<br />
modernidade.<br />
Access the English version online at interactivos.marginalialab.com<br />
José dos Santos Cabral Filho, arquiteto e professor<br />
da Escola de Arquitetura da UFMG, é mestre e<br />
doutor pela University of Sheffield na Inglaterra,<br />
com pós-doutorado pela McGill University de Montreal.<br />
Suas pesquisas junto ao LAGEAR (Laboratório<br />
Gráfico para a Experiência da Arquitetura<br />
– EA/UFMG) têm enfocado o potencial liberador<br />
das tecnologias da informação e as formas sutis<br />
de transformação cultural, com ênfase especial<br />
nos ambientes híbridos de imersão físico-digital<br />
como suporte para a espacialização da informação<br />
e da comunicação.<br />
PESQUISADORES<br />
11
PESQUISADORES<br />
12<br />
MARCUS BASTOS<br />
“CHACUN SON TOUR D’ÊTRE MANGÉ” 1 :<br />
MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE UM ANTROPÓFAGO APOSENTADO<br />
“Na geléia geral brasileira, alguém tem que fazer o papel de medula.”<br />
No prefácio de Serafim Ponte Grande,<br />
Oswald de Andrade torna pública sua<br />
fase de militância política, com postura<br />
crítica à atitude de vanguarda<br />
estética, que havia capitaneado desde<br />
os preparativos para a Semana de<br />
Arte Moderna de 1922. Convertido ao<br />
Marxismo, coloca entre parêntesis o<br />
ethos antropófago que havia difundido,<br />
em 1928, com o conhecido Manifesto<br />
em que decreta: “Só me interessa o<br />
que não é meu. Lei do homem. Lei do<br />
antropófago”. O objetivo deste artigo<br />
é discutir como este desvio permite<br />
perceber um fio condutor que coloca a<br />
obra de Oswald como definidora de uma<br />
visão de Brasil bastante particular:<br />
por um lado marcada por expectativas<br />
e finalidades que perderam o sentido<br />
nos tempos correntes, pouco afeitos a<br />
esperanças ou visões definitivas; por<br />
outro, interessada em propor cenários<br />
Décio Pignatari<br />
de futuro mais autônomos, e reinventar<br />
o ocidente (especialmente sua porção<br />
colonizada), ao colocar em crise suas<br />
formas predominantes de pensamento,<br />
assentadas sobre o que ele denomina<br />
de filosofia messiânica.<br />
Oswald de Andrade (um dos fundadores<br />
do Modernismo) abandona certa<br />
poesia, em favor de uma escrita contaminada<br />
pelo que Villém Flusser chama<br />
de substratos da realidade 2 . A esta<br />
altura, o verso inicial do Manifesto<br />
da Poesia Pau-Brasil ganha um sabor<br />
curioso de profecia involuntária (que<br />
assume um sentido provavelmente bastante<br />
diferente daquele pretendido no<br />
momento de sua escrita): “A poesia<br />
existe nos fatos”. Em roupas de romancista<br />
e dramaturgo, Oswald de Andrade<br />
“diz que, como tantos outros de<br />
sua geração, passara pela experiência<br />
vanguardista por efeito de uma inquie-<br />
1 Trecho da peça Ubu Roi, de Alfred Jerry. 2 Flusser, Vilém. “Coincidência Incrível”, in: Da Religiosidade. A literatura<br />
e o senso de realidade. São Paulo: Escrituras, 2002.
tude mal compreendida, que ignorava a<br />
origem social e o fundo político de<br />
seus anseios” 3 . Entendida de forma literal,<br />
esta posição é um dos aspectos<br />
superados do imaginário oswaldiano.<br />
Mas seria curioso examinar até que<br />
ponto há ruptura entre linguagem e<br />
mundo em seus trabalhos desta segunda<br />
fase, e até que ponto há intersecção<br />
entre escrita e sociedade 4 .<br />
O que resta deste deslocamento<br />
revela um problema de fundo que talvez<br />
represente a contribuição mais contundente<br />
e duradoura da visão de mundo<br />
oswaldiana para um debate sobre a produção<br />
cultural brasileira. Com ou sem<br />
Antropofagia, sua obra permite sonhar<br />
formas de produção autônoma, num Brasil<br />
então ainda mais marcado pela colonização<br />
que hoje. É uma questão que<br />
ecoa, com sinal invertido, no texto de<br />
Roberto Schwarz sobre a relação entre<br />
pensamento brasileiro e estrangeiro,<br />
“Nacional por Subtração”: “Brasileiros<br />
e latino-americanos fazemos<br />
constantemente a experiência do caráter<br />
postiço, inautêntico, imitado da<br />
vida cultural que levamos” 5 . São dois<br />
pontos-de-vista divergentes sobre<br />
esta relação com o outro marcante na<br />
vida do país. Mas não são pontos-devista<br />
excludentes. Ambos apontam para<br />
o mesmo processo de reprocessamento,<br />
mas identificam resultados diferentes,<br />
um inventivo, outro parasitário.<br />
Não é mais possível pensar o tema<br />
sem os devidos ajustes e recontextualizações,<br />
no estágio atual de cruzamentos<br />
transnacionais na economia,<br />
na política, na cultura. O redesenho<br />
geopolítico em andamento (com maior<br />
importância mundial da China, do Bra-<br />
sil, da Índia, e menor hegemonia dos<br />
Estados Unidos e da Europa) não autoriza,<br />
no entanto, um otimismo exagerado<br />
sobre os novos papéis assumidos por<br />
antigos colonizadores e colonizados.<br />
Tanto a potência ressignificante da<br />
antropofagia quanto a sombra anódina<br />
da inautenticidade reiteram a amplitude<br />
deste movimento de recolocação<br />
do estrangeiro no interior da cultura<br />
brasileira, neste momento em que o<br />
país recoloca-se diante de um mundo de<br />
instabilidades e latências inéditas.<br />
Importante: o tipo de alteridade<br />
instalada nesse processo não tem<br />
qualquer teor essencialista ou meta-<br />
3 Cf. Nunes, Benedito. “Antropofagia ao alcance de todos”, in: Andrade, Oswald de. A utopia antropofágica. São Paulo:<br />
Globo / Secretaria de Estado da Cultura, 1990. 4 Este aspecto da obra oswaldiana será examinado mais cuidadosamente em<br />
palestra a ser apresentada no evento InterActivos ‘10, ampliando os temas condensados texto. Um ponto-de-partida para<br />
esta reflexão é a proximidade entre o conceito de bárbaro tecnizado proposto por Oswald de Andrade e algumas idéias de<br />
Vilém Flusser sobre mudanças culturais resultantes de desdobramentos tecnológicos. A proximidade, sob este este aspecto,<br />
do pensamento de ambos permite levantar a hipótese de que outros elementos de suas obras são igualmente comparáveis,<br />
inclusive um entedimento complexo das relações entre linguagem e mundo que dificulta separar de forma muito nítida a busca<br />
por novas formatos de linguagem de uma busca por novos arranjos sociais e políticos. 5 Cf. Schwarz, Roberto. “Nacional<br />
por Subtração”, in: Que horas são?. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.<br />
PESQUISADORES<br />
13
PESQUISADORES<br />
14<br />
físico. Um dos vetores que conduzem A<br />
crise da filosofia messiânica, texto em<br />
que Oswald de Andrade amplia o escopo<br />
do pensamento antropófago é, como já<br />
foi sugerido no início deste artigo,<br />
a desconstrução da metafísica ocidental,<br />
num gesto derridaeno avant la<br />
lettre. O ensaio, menos conhecido que<br />
os manifestos oswaldianos, propõe uma<br />
genealogia das práticas de deglutição,<br />
que retorna às formas ancestrais<br />
de “transformação do tabu em totem” 6 .<br />
Oswald de Andrade se apóia na análise<br />
freudiana de como se dá, em certas<br />
comunidades primitivas, esta relação<br />
de fluxo entre instinto e cultura (que<br />
transforma arquétipos em leis, numa<br />
explicação rápida e rasteira de um<br />
processo mais complexo, que não cabe<br />
detalhar neste artigo).<br />
Para o autor das Memórias Sentimentais<br />
de João Miramar, a forma<br />
como o homem se relaciona com estas<br />
pulsões, transformadas em visões de<br />
mundo, resultam em modelos opostos,<br />
“que dividiram a história em Matriarcado<br />
e Patriarcado”: “Aquele é o mundo<br />
do homem primitivo. Este, o do civilizado.<br />
Aquele produziu uma cultura<br />
antropofágica, este, uma cultura messiânica”<br />
7 . A partir desta dualidade,<br />
Oswald propõe refundar o Brasil como<br />
matriarcado de pindorama. Sob a égide<br />
da deglutição. Mas, talvez, este seja<br />
um aspecto hoje menos importante que a<br />
necessidade de um gesto constitutivo.<br />
Comer ou não comer: a questão é menos<br />
de estômago e mais de vísceras.<br />
Apesar do tom arqueológico, o<br />
foco do texto, que foi preparado para<br />
concurso de ingresso na cadeira de<br />
Filosofia da Faculdade de Filosofia,<br />
Ciências e Letras da USP, não é ape-<br />
nas o passado. O caráter visionário<br />
do pensamento oswaldiano aparece em<br />
lances de antecipação dos rumos da<br />
cultura contemporânea, como a proposta<br />
de ler a história a partir de<br />
uma chave em que o homem natural,<br />
pré-histórico no sentido técnico do<br />
termo, e o homem civilizado, rodeado<br />
de escrita e história, levariam a uma<br />
síntese resultante no “homem natural<br />
tecnizado”.<br />
Para além das relações mais imediatas<br />
entre antropofagia e as práticas<br />
de reciclagem e gambiarra marcantes<br />
na produção digital recente, o<br />
pensamento oswaldiano (especialmente<br />
nestes ensaios que revisitam o tema<br />
já com certo distanciamento) sugere<br />
chaves para ir além da deglutição, e<br />
pensar formas de inovação autônomas.<br />
Mesmo quando marcadas pela ironia, as<br />
práticas antropofágicas mantém-se sob<br />
a sombra indelével do outro, que às<br />
vezes exerce potência capaz de minimizar<br />
a alteridade em jogo. Na atual<br />
conjuntura, o Brasil vive um cenário<br />
de crescimento da produção intelectual<br />
que, se associado a um formato<br />
de empreendedorismo consistente, pode<br />
resultar numa posição mais próxima de<br />
outros países emergentes como Índia<br />
e China, onde as práticas inovadoras<br />
tem penetração social mais ampla (e,<br />
portanto, capacidade de transformação<br />
social mais duradoura).<br />
Esta energia autônoma é uma característica<br />
necessária, para sustentar<br />
a atual posição ascendente no cenário<br />
geopolítico mundial, que se redesenha<br />
como fruto da estabilidade econômica<br />
conquistada nas últimas décadas 8 .<br />
Em certo sentido, a permanência do<br />
ethos antropofágico, especialmente<br />
6 Cf. Andrade, Oswald de. “A crise da filosofia messiânica”, in: A utopia antropofágica. São Paulo: Globo / Secretaria<br />
de Estado da Cultura, 1990. 7 Cf. Andrade, Oswald de. “A crise da filosofia messiânica”, in: A utopia antropofágica. São<br />
Paulo: Globo / Secretaria de Estado da Cultura, 1990. 8 Cf. Mota, Ronaldo. “Cenários da Educação Superior Brasileira em<br />
Dez Tendências”. Palestra inaugural do 2º semestre acadêmico de 2010, na Universidade Anhembi Morumbi.
nos formatos mais diluídos, bloqueia<br />
formatos de inovação dissociados de<br />
agendas externas, desinteressados de<br />
necessidades percebidas no próprio<br />
contexto em que serão gestadas. Esta<br />
inovação autônoma ainda é tímida no<br />
Brasil, a despeito do crescimento significativo<br />
da infra-estrutura tecnológica,<br />
que garante a setores sociais<br />
antes excluídos acesso mais amplo aos<br />
circuitos de produção e consumo.<br />
Os modelos mais comuns na indústria<br />
do país (inclusive na indústria<br />
do entretenimento) ainda são refratários<br />
a experimentalismos que buscam<br />
conciliar potência de linguagem e<br />
capacidade de transformação política.<br />
Há exceções, mesmo que poucas. Uma<br />
iniciativa importante, neste sentido,<br />
são os Redelabs, “uma plataforma de<br />
pesquisa e desenvolvimento com o objetivo<br />
de buscar pontos de contato entre<br />
o referencial internacional de medialabs<br />
- laboratórios de experimentação<br />
em novas mídias - e as características<br />
únicas do que vem se desenvolvendo<br />
como uma cultura digital brasileira” 9 .<br />
Este elo deslocado, que permite<br />
retomar aspectos mais estruturantes<br />
do pensamento oswaldiano, ultrapassa<br />
as proximidades (já bastante estabilizadas)<br />
entre a antropofagia e as<br />
poéticas digitais atuais. Ele sugere<br />
brechas que permitem ampliar os diálogos<br />
entre sua obra e a necessidade de<br />
práticas sustentáveis. Surge, assim,<br />
um Oswald tão potente quanto o antropófago,<br />
quase flusseriano ao propor a<br />
síntese que leva ao homem tecnizado.<br />
Um autor que precisa ser relido em<br />
filtro compatível com os tempos atuais,<br />
algo que não acontece desde seu<br />
resgate pela Poesia Concreta.<br />
9 http://redelabs.org/wikka.php?wakka=RedeLabs<br />
Access the English version online at interactivos.marginalialab.com<br />
Tanto Oswald quanto seus sucessores<br />
nas trincheiras poéticas da paulicéia<br />
(responsáveis, de resto, por<br />
tirar o pensamento oswaldiano de um<br />
esquecimento provavelmente gerado por<br />
suas atitudes pouco populares, mais<br />
que pela proposta radical de entendimento<br />
da cultura brasileira) passaram<br />
por dificuldades de ter sua idéias legitimadas,<br />
num contexto em que pensar<br />
um homem tecnizado parecia contrário<br />
ao ritmo da geléia geral brasileira.<br />
Hoje ficou mais simples advogar<br />
em favor da tecnologia, em tempos de<br />
redes e dispositivos mais acessíveis<br />
ao público que os biscoitos finos fabricados<br />
em outras épocas.<br />
Neste sentido, mais que retomar a<br />
face evidente do projeto oswaldiano,<br />
ao aproximar a metáfora da deglutição<br />
de procedimentos de reciclagem,<br />
talvez seja hora de buscar formas de<br />
autonomia, em gesto que nega o ethos<br />
antropófago, sem deixar de ser oswaldiano:<br />
afinal, matar o pai é esperado,<br />
num contexto de releitura do freudismo<br />
em que a cultura do outro surge como<br />
território e campo de possibilidades.<br />
Marcus Bastos é doutor em Comunicação e Semiótica<br />
pela PUC-SP. É professor do Mestrado em Design<br />
da Universidade Anhembi-Morumbi, e do departamento<br />
de artes da PUC-SP. Organizou, com Lucas<br />
Bambozzi e Rodrigo Minelli, o livro Mediações,<br />
Tecnologia e Espaço Público: Panorama Crítico da<br />
Arte em Mídias Móveis. Desenvolveu, com o grupo<br />
LAT-23, o webdocumentário Cidades Visíveis e o<br />
mapeamento da Rua Augusta 2346. Criou, com Dudu<br />
Tsuda, a composição audiovisual ausências. É curador<br />
do Vivo ARTE.MOV — Festival Internacional<br />
de Arte em Mídia Móveis. Coordena o Grupo de<br />
Estudos Design: Interfaces entre Espaço Público<br />
e Redes Ubíquas, inserido no Grupo de Pesquisa<br />
CNPq Net Arte: perspectivas criativas e críticas,<br />
que lidera com Giselle Beiguelman.<br />
PESQUISADORES<br />
15
PROJETOS<br />
16<br />
PROJETOS<br />
`:::` -:-.` -:--` :--. :---. .:-.` `-::. .:::-` :` -. -` - ::---<br />
s+-sd dy:sh Ns:/sy. `M+/d+`Mo//- sd:+m. od::/ `ys:--/yo Mh/` do dy` oN` No//-<br />
+hy dhsyo N/ hs `Mo+y:`Msoo: smoyy` .oos+`od `M: M/+y+`do :Nyy`ohd+ Nyoo:<br />
`o.`/N` ds+d: N+`.+d: `M:` `M:``` sd/d+ o:`:M--d+.``-sh` M: `/yNo hs sdh`+d N/```<br />
:+o+- +: .o. oo+/:` `o` o+++: :/ `+: -+o+: `:+++/- o. `:/ o. +` `o` o+++:<br />
=> Victor Dias e Fernando Mendes; Belo Horizonte, Brasil<br />
+ Rafel Ski - www.kem.net.br, João Pedro Schneider, Lilian Döring - www.llink.art.br,<br />
Marcos Antônio Dias, Janaína Patrocínio<br />
Construção de um mecanismo de deslocamento da própria visão, colocando-a<br />
em um ponto de vista externo, afastado do corpo. Uma câmera acoplada a<br />
um traje capta e transmite em tempo real a imagem do usuário para um<br />
óculos-tela, substituindo sua visão por um registro em terceira pessoa<br />
de si mesmo. Esse sistema de “câmera acompanhante” coloca a visão do<br />
usuário em um ponto de vista comumente associado a videogames de ação.<br />
///<br />
The idea is to build an engine for displacement of vision itself, placing<br />
it in an external point of view, away from the body. A camera attached to<br />
a costume captures and transmits in real-time the image of the user to a<br />
glasses-screen, replacing his/her vision for a record in the third person<br />
of himself/herself. This system of “companion camera” puts the user’s<br />
view in a perspective that is commonly associated with action games.<br />
Victor Dias é videomaker e músico. www.myspace.com/victordiassongs vitimspot@gmail.com<br />
Fernando Mendes trabalha com audiovisual, animação e música. Ambos são formados em<br />
Comunicação Social pela UFMG. www.vimeo.com/mendes fmendes@gmx.com
PROJETOS<br />
17
PROJETOS<br />
18<br />
.o+:/<br />
`....` `.` `` .` `` `. . . `` .` .` --//. .`<br />
:ohNoo dhohy` `dy +m+ do .dyoh- .m. :m` hs sdoys odoys -N/ `+hsosyy-<br />
om do`/N. `hshs +Nsd/ do -mo:. oNm. -mM: hs yh/-` yd/-` -m+m: hy` :N:<br />
om ddmh- ym/+No +m .oy:do `-/hs m+od-m/yy hs `.:sd. `.:sm- .my:sN- mo `N+<br />
om do-hs` yh////m/ +m `+mo oh--yh :N. sN/ /N` hs -m/-/N-.m+-/N:.mo///om.:ds:--/hs`<br />
-+ +- `+:.o` -+`-+ `- `:++:` :+ - `o. /: ./+/. ./+/. :/ // `-/++:.<br />
`...` .....` ..` `..` . . ...` `..` `...<br />
sd+oyy: hh+++` `hsoy/ :ysoosy+` .m- :m` `myoys `+ysoosy: od+sh.<br />
sh `/N- dy::: .ds:-` /m- .ds oNd. -mN: `N+.om`sh. -m/ sd.-N/<br />
sh .M: dy//: `.-/yh`sm` yd m+oh:d/hy `Nyo+. dy `mo smhd/<br />
sd--+hs` dy---` /d:-sm``yy/--:sh- :N. sm/ /N` `N/ -hs:--/yy` sh.yy.<br />
:o++/. /++++` `/o`-++/. ./++/-` :+ - `o` +. `-/++/. :/ //<br />
`... `. `. .o. ....` .... `....` .` `....`...... .... `...`<br />
sd+sh. oh -N. +d my+oys. :ysoooy+` om+++- yo +m+++::+hm++ dyoyy` .syo+oys.<br />
sh.-N: sd -M. om `N/ `yd /N- .ds om///. hs +N///. om mo./N..m+` `om`<br />
smhm/ sd -M. om `N/ +N om` yd om:::` hs +N:::. om mhdh- -M- :M-::.<br />
sh.yy. :m/.-yh` om `N+.:od/ `yy/-.:sh- od...` hy..`+m...` om m+-ds` +h+-.-+h+ //.<br />
:/ // ./o+:` -+ +oo+:` ./+o/- `sNsoo- /ooo.-oooo: :+ +- `+: `:+o+:`<br />
`` . . ``..` `. `` .-+-` ..... `` ``.`` ``..`<br />
+d` sy +N- `+ysooys. .Ns. om `Nyooo.osMyo.+m `oysosy +ysoosy:<br />
dNy +NN` /m+m- yh` ``-` .Modo` om `No::: .M- +m `ms sd` -m+<br />
-M-hs/d.N/ :No:hm. ms +sdd .M. /h+sm `No//: .M- +m `M/ dy ds<br />
sd `dm. yh -N+///sd`-ds:.-+m/ .M. /dd `N+... .M- +m /do-.-+ .dy:.-/hy`<br />
+: `. -+ /: +- -/o+:` `o` - `+ooo+ `o. -+ :+o+: ./o+/.<br />
=> Brayhan Hawryliszyn, Calebe Giaculi, Christiano Candian, Claudio Cunha, Luis<br />
Castilho, Marcos Saturnino, Pedro Retes, Rodrigo Borges; Belo Horizonte, Brasil<br />
+ Inês Nin - flavors.me/inesnin, Lilian Döring - www.llink.art.br, Manuel Andrade,<br />
Jules Bay – www.nausea.pe<br />
Explorar o uso não convencional de aparelhos comuns: monitores<br />
analógicos ou monitores CRT, considerados obsoletos desde o recente<br />
surgimento das telas de LCD. O funcionamento interno destes aparelhos,<br />
que utilizam canhões de elétrons para a formação de imagens, permite<br />
que sejam usados como fontes de transmissão de informação através da<br />
transmissão eletromagnética inerente ao seu funcionamento. O projeto<br />
propõe a transmissão de música entre um monitor e um rádio. Um software é<br />
responsável por modular sons para transmissão em padrões convencionais AM,<br />
os quais poderiam ser escutados em qualquer aparelho de rádio receptor.<br />
///<br />
This project explores the unconventional use of common devices,<br />
such as analog monitors or CRT monitors, and equipment considered<br />
obsolete since the recent emergence of LCDs. The project aims to<br />
transfer music between a monitor and a radio. A modular software<br />
would be responsible for sound transmission in conventional<br />
standards for AM, which could be heard on any radio receiver.<br />
O grupo, formado por três designers, dois cientistas da computação e três engenheiros,<br />
trabalhou durante um ano desenvolvendo instalações interativas em empresa especializada,<br />
quando surgiu a idéia de desenvolver o projeto de Transmissão de Som por Ruído Eletromagnético.//<br />
O discurso individual de cada profissional provindo de áreas diferentes foi aos<br />
poucos se tornando diálogo quando a comunicação se fez possível, o processo criativo passou<br />
a ter contribuição de todos membros do grupo e os resultados começaram a surgir de forma<br />
transdisciplinar.
PROJETOS<br />
19
PROJETOS<br />
20<br />
+yss: `d. :s :s `hysy: /y hysss` +yss: .ossss. `/sssso- -h` -ssso` `h: :ysy+<br />
`No... `M- yNo :NN` `N/`+N`om N+... .No..` +m: ``-m+` :do :N` yh-`- `hym- dy...<br />
./oys``M- .N/d+:m/N: `Nyss- om Nyoo+ ./oys dy om` om :N` `:+sh- `hh.+N- `:+yy.<br />
:h-.+N``M- om .dm- yy `N: om..` N+... :h-.om` -do-..:.`hy:..-od: :N``y+.-m+`hy+++om-.h:.:N:<br />
:++/. `o. +: .- -o o. -o++- oo+++ :++/. `:+++/` -/+++:` .o` .+++: -+` // -+++-<br />
.:+:` .:/+:- -/` :: `:/+:- `++/-` / .:+:.<br />
`mo-+: `sy/--:sh- :Mh/ yy `oy+--:oh: .M:-hy sms `ms-/:<br />
+sso- om` sd :N-oy/ yy /N` oN .Mooh+ sh.hs /sso-<br />
-/ `/N.:N/ .ds :N` `+ymy -N+ .hy .M/ds` smysymo -+ `/N.<br />
`yysy+ .oyssss: :m` `/o .oyssss/ .m.`sh.+d````.d/`yysy+<br />
=> Filipe Calegario; Recife, Brasil<br />
+ Daniel Monje - http://danielmonje.com, Julio Braga, Guglielmo Bevilacqua,<br />
Fabiano Fonseca – www.fabianofonseca.com, Jules Bay – www.nausea.pe, Manuel Andrade,<br />
Ângelo Caixeta – sites.google.com/site/angelocaixeta/, Thatiane Mendes,<br />
Vanessa De Michelis – www.humanifestation.net,<br />
Thiago Hersan – facebook: thiago.hersan, Lisa Kori<br />
Contrução de um conjunto de pequenos protótipos de controladores<br />
(ou instrumentos) musicais a partir de materiais simples do dia-adia,<br />
como por exemplo: cabos de vassoura, pregadores de roupa, papel<br />
alumínio, latas de leite, garrafas de PET, pregos, fios, etc. Uma<br />
experiência em interação voltada para música, investigando a melhor<br />
forma de combinar elementos simples para construir uma nova forma de se<br />
produzir som e de se adaptar mecânica e eletronicamente componentes.<br />
///<br />
Construction of small music prototypes (or instruments)by working<br />
with simple materials and objects of our day to day, such as<br />
broomsticks, clothespins, aluminum foil, milk cans, PET bottles,<br />
nails, wires, among others. It is an experience of interaction<br />
focused on music, investigating the best way to combine simple<br />
elements in order to build electronic controllers that synthesize<br />
sounds and give visitors the chance to make music through them.<br />
Filipe Calegario é experimentador interessado em interação, música e tecnologia. Graduado<br />
em Ciência da Computação pela UFPE, com projetos interativos e experimentais em arte e tecnologia,<br />
já apresentou trabalhos em vários eventos nacionais como FILE 2010 e internacionais<br />
como Digital Sensations. Recebeu Menção Honrosa no FILE PRIX LUX 2010 e foi premiado<br />
no Conexões Tecnológicas realizado pelo Instituto Sérgio Motta. www.filipecalegario.com/blog
PROJETOS<br />
21
PROJETOS<br />
22<br />
`` `` ` ` `<br />
ms `my /d` h+ `Mo +N. /Mhyds oMyyhdo` ym :m` yo<br />
ms `my dMh yMd `Mo +Nym. /M. :M- oN` `ym` ym yMd` sMm<br />
ms `my .M+dy sd+M. `Mo /N- sm` /Mhdh+ oN` -M/ ym .M+dh om/M-<br />
dd .No sN``ddd``No `M+ /Nhhhhdd` /M-ym- oN` .hm` ym oN``ddm. ms<br />
`shhhh+ `ms .y` yd ohds`:N/ `dy /N. /mo +Nhhhh/ sd dy `y. sm`<br />
hdhhs` -d` -dhyy/ `h: `dhhhh+ /dhhy: `d: :syhhy. +h oh /dhhy: `+yhhhs:<br />
ms `dh .Ndd` :M- -M: hdN- `N+ +N` /M-.M/ .my- .. sm sN +N` /M. +N+` -hd`<br />
mmshd: .mo hd` :Mssdy` hh`+N- `Nmhhh: +Myyds .M/ ym sm sN +Mssds `Mo `No<br />
ms`` .mNhhhNh :M/dh` yNhhhNm. `N+ +N-` .M/ /N: oN` ym +N/my` hd. +N:<br />
ms .my `my :M- oN/ ym` ym. `Nhooo: +N` .M/ :hdsosh: `ydsohd- +N``ym: `+dhsoydy.<br />
.` `. `. `. ..`.` .` .....` `. .` ... ..` `. .. `..`<br />
=> Cinthia Mendonça; Rio de Janeiro, Brasil<br />
+ Anna Stoppani, Augusto Barros, Bruno Vianna, Cibele Maia – cibmaia@yahoo.com.br,<br />
Eduardo Imasaka – www.imasaka.org/, Fabiano Fonseca – www.fabianofonseca.com,<br />
Inês Nin - flavors.me/inesnin, Manuel Andrade, Mariana Guedes,<br />
Michelle Sant’Ana - sites.google.com/site/designafeto/, Thiago Hersan – facebook:<br />
thiago.hersan, Vanessa De Michelis – www.humanifestation.net<br />
Cultivo de um jardim eletrônico cinético, dinâmico. Micro mecanismos são<br />
instalados em plantas, flores e sementes que interagem por meio de choques,<br />
imagens e sons. Um jardim empirista construído de maneira colaborativa.<br />
Um Jardim microcosmo, uma espécie de horto com descargas elétricas.<br />
///<br />
To cultivate an electronic kinetic garden, dynamic. Micro mechanisms will<br />
be installed in the plants, flowers and seeds, which after being touched<br />
will interact through schocks, images and sounds. An empiricist garden<br />
built collaboratively. A microcosm aromatic garden with electric shocks.<br />
Cinthia Mendonça, performer. Nasceu em 1980 em Minas Gerais. Neste momento vive no Rio de<br />
Janeiro. Tem interesse em tecnologias. Acaba de plantar um Jardim se utilizando de proposições<br />
cinéticas, dinâmicas e éticas. cinthiaperfor@gmail.com
PROJETOS<br />
23
PROJETOS<br />
24<br />
`.`` ..... `.` ``.` `..` ..... - .`<br />
`+hsooyy+` -Msooo `yhoys :yysosho. mdoyh.`Nyooo` Nh- `N+<br />
hh` `dy -M+//: `hy/-` +N- om` ms.:N:`Ns//: Nyyy- `N+<br />
ms yd -M+::: ``.:sm- :/: sm` /N. mdo+- `No::: N+ -ss:M+<br />
-hs/--/sh- -M/--- :d/-/N: ::- `yy+--:oh/ mo `N+---` N+ .om/<br />
-/++:- `+++++ -/+/. .:++/-` /- +++++` /- ..<br />
-++++: :/` -/ :++++: -++/- .:++/-` :/ .+` ./+/. /- .+ :++/- /++/. +. `+- //<br />
om---. +Mh/ oN yd---. om-:ds `sy+--:so .ds`:m+ -N+-+/ N+ /M` hh-/m/ ms-+m-`N/ +m/`sd-<br />
oNsss: +N-sy: oN ymsss: oN/+d+ om` `::/- `ydm: `oys+- N+ /M` hd+od: mh+sd.`N/ :mdh`<br />
om```` +N .oyyN yd```` om+N/ /N- `/+N+ `No --``+N- mo +M` hh-.` ms-.` `N/ +M`<br />
oNooo/ +N `+d ymooo: om -dy` :yhsoyh+ `N+ :dsohy` :hyosh/ hy mo `Nyoo` +M<br />
`....` `` `....` `` `.` ``.` `` `.` `.` `` `` .... `.<br />
=> Fran Gallardo; Madri, Espanha<br />
Lilian Döring – www.llink.art.br, Jules Bay – www.nausea.pe,<br />
Julio Lucio – juliolucio.com, Cristiane Rodrigues, Poliana Vergentina da Silva,<br />
Davidson Silva Ramos, Manuel Andrade, Marco Antônio Dias; João Pedro Schneider<br />
O projeto OES Open Energy Supply busca introduzir usuários e instituições<br />
a um entendimento da infraestrutura da energia. O projeto básico de dois<br />
dispositivos funcionarão como uma introdução de como utilizar recursos<br />
de energia locais na produção de energia local, independente de grandes<br />
companias elétricas. Dar aos usuário a possibilidade de usar fontes<br />
energéticas de acordo com nossa sociedade complexa, autônoma, rizomática e<br />
não-hierárquica. O projeto usa a Energia como um símbolo do desenvolvimento,<br />
informação e sociedade de uma perspectiva doméstica e não especializada.<br />
///<br />
The OES Open Energy Supply Project seeks to introduce the understanding<br />
of the infrastructure of energy. The basic design of two devices<br />
will work as an introduction of how to harness small-scale energy<br />
productions independent from large electricity utility companies.<br />
It offers to the users the possibility to use energy sources in a way that<br />
reflects a complex, autonomous, rhizomatic and non-hierarchical society.<br />
Fran Gallardo é arquiteto formado pela Universidade de Sevilla, Espanha. Como artista<br />
trabalha com media arquitecture e instalações interativas. www.frangallardo.es
PROJETOS<br />
25
PROJETOS<br />
26<br />
:` -: ./ :` ./ -//:` .:/:. `-//-` `/` :: -//.<br />
:Nd` /Md- oN +Nh +N `sdo::/yh- +ds/:/sh` .hh+::+hy` -M. hh hd:/s.<br />
:N-yh` /N:yh- oN /m-hy +N yd +N`/M. ---. ms hd -M. hh /hyo-<br />
:NdsyMy /N` .syyN /MhsyMs +N om. sm`:M: `++Ny dy `dy -M- hh `-` -ms<br />
:N:````dy /N` `om /N-```.mo +N++: +dyo+shs. :hho+sds` `sds+oydo sdo+yd- `hh+sm/<br />
.. `-``. .. `- `---. `.-` `.-. `..` ..` `-.<br />
.+syyo` +o `y- /o oyyyys +: -o ++ -osyso o+ -y` +o h: `y- .hyyys<br />
sd:` -` yh .M: :mm+ yd mN- .Nm` +mm/ `hh- `: ds :M. sd Nmd: `M/ -M.<br />
-M- yNyyyyM: :N-.m+ yd :MoN..moN: /m.-N: /M` dmyyyhM. sd N+.sh-`M/ -Mhyys<br />
`dy. `` yh .M: :NhyyhN/ yd yh /mm/ hy /NhyyhN:.ms` ` ds :M. sd N+ `ohM/ -M.<br />
/yyyyy` oy .m-.d: :m- sy `m/ // /d`-d- /d.`+yyyyy yo -m. oy d/ `+: .myyys<br />
=> Francisco J. Pinzón L.; Bogotá, Colômbia<br />
+ Gastón Gontero, Rafael Casamenor – rafaelcasamenor@ymail.com,<br />
Thiago Hersan – facebook: thiago.hersan<br />
O projeto propõe uma máquina analógica de bate-papo, construída a partir<br />
de duas máquinas de escrever mecânicas, cordas e polias para conectálas.<br />
A máquina apresenta uma forma alternativa de telecomunicação, que<br />
não usa eletricidade e possui como objetivo funcional permitir que seus<br />
utilizadores conversem uns com os outros em locais não tão distantes,<br />
questionando as condições reais de desenvolvimento tecnológico.<br />
///<br />
The project proposes an analogous chat machine, built from two mechanical<br />
typewriters, with ropes and pulleys to connect them. The machine presents<br />
an alternative way of telecommunication that does not use electricity and<br />
allows the users to chat with each other at (not so) distant locations,<br />
while questioning the real preconditions of technological development.<br />
Artista colombiano nascido em 1990, estuda Computação e Engenharia de Sistemas, e é aficionado<br />
por matemática, física, ciência e arte. Acredita no potencial transformador da tecnologia,<br />
no poder da informação, no pensamento crítico e livre e na auto-determinação. hello@pacho.me
PROJETOS<br />
27
PROJETOS<br />
28<br />
++ .:-` `::-. - -` : -s `-:. -. .:-``:::::`::::. - : ..<br />
.N- od//o -M//m/ `yN: dy +N. m+ .mo:o- ho hh/+/`:sN::.M/::. `ms oN` .dm.<br />
+m -sso/ -Mooh:`yy-m: -Nys /ddo sh +ss+. ho :sso: /N .Msss- /mho ohm/ .d++m.<br />
+d +-`-N:-M-. `ydsoym: yy`yhd.+m sh -+``yd ho`o.`/N. /N .M.`` ho`hyh`sh .dhoohd.<br />
-N. :sos+`.h` +s` :h.h: `o. .d. d+ `osos- s+ +sos/ :h .dsoo:`d. `o` -d`s+ os<br />
`dy.` `. `. `--. -` `. `.--/h` .--.` `---. .---- .` `. `.`----- `.--.<br />
+m/+d.oh +m /N/ss N: +m `os+/+o`-yo//+ss. od/+oy: yh/// .dh` od +m./sM+/.ss+//oy:<br />
+m/+d.oh +m /N+hh` N: +m sh` `N/ sh oh /N`ydoo+ .d/sy` od +m :N` yy :N.<br />
+m-.` +m` sd /m.-ho N: +m +d- ` ds` .hs oh `sd yy``` .dhosdy`+m` od :N` od- `od`<br />
/y `+soos. :dooy- hso+/h :osoos `/sooso:` +hoos+./hhooo` `y+````y+`+soos- -d` :osoos+`<br />
`` ```` .``` `.-.`` ` `...`` `` ``` `... -``` `/o-```.. ` .` ` `` ` ```<br />
/d` `h+ /N/ sh+sh` /yo++s. `hh` .ss++o+`m- :ys++oy+ .Ns. d+<br />
hdh``hdd :d:d: sh:om`+d` `h+sy` m+ `N--N- `do.M/ys. m+<br />
-N.ohho.M. :NyohN: shyd. +m. `hmosmy`mo `N-.N: .m+.M. -ssm+<br />
sh o+ do:m-```-m-sy /d: :ysssy.ho````hs`oysss+`N- .syssss: .N. .o/<br />
=> NerdBots: Camilo Martinez + Gabriel Zea; Colômbia<br />
+ Vanessa de Michelis – www.humanifestation.net, Daniel Monje - http://danielmonje.<br />
com, Inês Nin - flavors.me/inesnin, Fernanda Salgado, Paula Kimo, Zulma Canuto,<br />
Lizandry Ladeia, Junio Marques (Blitz), Tayrone Pascoal e Geicelene Alves da E.M.<br />
Profa. Alcida Torres, bairro Taquaril-BH/MG<br />
SPAM é um sistema público de divulgação de mensagens com base nas estratégias<br />
de publicidade indesejada (spam) utilizando a rede de telefonia fixa. A<br />
plataforma permite que você grave uma mensagem a qualquer pessoa com acesso a<br />
uma linha telefônica, a ser difundida para outra linha telefônica através de um<br />
sistema de discagem automática.<br />
A infra-estrutura de telefonia fixa está em processo de obsolescência, devido<br />
à penetração da telefonia móvel, mensagens instantâneas (sms) e e-mail. O<br />
projeto visa recuperar a rede telefônica fixa e transformá-la em um sistema<br />
de distribuição e comunicação bidirecional, anônimo e massivo, utilizando,<br />
para isto, procedimentos automatizados para a gravação e marcação através de<br />
tecnologias acessíveis.<br />
///<br />
SPAM is a public system of dissemination of messages based on the strategies<br />
of unwanted advertising (spam) using the fixed telephone network. The platform<br />
allows a user to record a message to anyone with access to a telephone line, to<br />
be transmitted to another phone line through an automatic dialing system.<br />
The infrastructure of fixed telephony is in the process of obsolescence due to<br />
penetration of mobile telephony, instant messaging (sms) and email. The project<br />
aims to recover the fixed telephone network and turn it into a distribution<br />
system with bidirectional communication, anonymous and massive, using<br />
accessible technologies.<br />
Nerdbots é um coletivo formado por Camilo Martinez (Bogotá, Colômbia 1979) e Gabriel Zea<br />
(Bogotá, Colômbia 1981). Desde 2006 trabalham com tecnologias livres em projetos que envolvem<br />
a colaboração entre pessoas e grupos provenientes de diversos campos de dentro e<br />
fora da arte. Seu trabalho se baseia em processos de apropriação, experimentação com a<br />
tecnologia que implicam no desenvolvimento de ferramentas próprias de software ou hardware.<br />
http://spam.nerdbots.info
PROJETOS<br />
29
PROJETOS<br />
30<br />
```` ``` ` ````` ``` ````` ``` ``` ` ````` `` ` ``````````` ````<br />
/ysoosy: .Mssh` :N`:Mooo- +ysooy-oyMo+ :ysoosy/ `Msoh/ /N +mooo.-No. m//omdo-smooo.:Moosy:<br />
od` -N-.M+om. :N`:N+++.sd` :N` -N- `do`M:-ho /N +m+++`-M+ho. m/ do sd+++`:N -N-<br />
+d. -N-.M/:sh /N`:N-..`sd` :N` -N- .do`Msmo /N +d... -N` :s+N/ do sh... :N -N-<br />
/yo++ss: `mo+yo:+yo :m+++-`+yo++s` :m` :ss++os/ `m..yo`:d +d+++.-m` -y/ ho od+++`:m++sy:<br />
```.-.. -...`.-. `.-...` ...` `.- ` `...` `-` -..-``--..` .` ````. `-.```---. `...`<br />
`osmso`d: h/ yyooo yyoyo /d` hyoy++h. :h- :ssoos.+dooo.-d/` d:+odyo-ohooo`ohoss`<br />
.M. Ns///N+ hy//: hs.+m` /doh` mo-sd`+dod- /d- ` od///`:Noy/ N/ do sd/// sh./N.<br />
.M. No---N+ hy--- hhdh. /Ns+mh` my+/` +M. od od--- :N``+y/N/ do sh--- sdhd-<br />
.M. N/ m+ hh/// ho`yy./m-...sh`m+ /N `oyo/+s.om///`:N` `/d/ do sd///`sy`sh-<br />
- .` .` .---- .` ...` -`.` `- `-.` `----``- ` .` .---- .. ..<br />
=> ZefLab: Magnus Ericksson + Geraldine Juárez; Suécia e México<br />
+ Lisa Kori, Thiago Hersan – facebook: thiago.hersan,<br />
Eduardo Imasaka – www.imasaka.org/, Lisa Lazzarini – www.xzoert.org/mnepta<br />
Terapia leva anos, então seria irresponsável propor rápidas soluções<br />
e dizer que podemos curar objetos durante este período. Tal<br />
abordagem apenas forçaria soluções prematuras a nossos objetos.<br />
Como um objeto revela desejos? Como podemos escutá-los? Eles comunicam<br />
por forma, ou ela é apenas outro sintoma? Eles se comunicam por função e<br />
estrutura interna ou esta função foi imposta a eles contra sua vontade?<br />
Abandonar a ideia de dominar a tecnologia não significa que devamos<br />
deixar a tecnologia solta. Esta forma de abordar a tecnologia, por<br />
dominação, racionalidade, função – e suas contrapartes, lixo e reciclagem<br />
– é apenas uma maneira de se relacionar com o objeto tecnológico.<br />
Outra forma é trazer à tona algo de seu interior, de alinhar<br />
determinada abordagem com outras formas alheias de abordar o<br />
fundo. Esta é uma relação simbiótica com a tecnologia que permite<br />
aos objetos revelarem-se a nós em uma míriade de formas.<br />
É impossível controlar a tecnologia sem destruir. Logo,<br />
estamos buscando uma forma de co-existir com nossos<br />
objetos e deixá-los co-determinar nossa realidade.<br />
///<br />
Therapy takes years so it would be irresponsible to propose quick<br />
solutions and claim that we can cure the objects during this period.<br />
Such an approach would only force immature solutions upon our objects.<br />
How object reveal desires? How can we listen to them? Do they<br />
communicate by form, or is that just another sympthom? Do they<br />
communicate by their function and internal structure or has<br />
that function been imposed on them against their will?
Getting rid of the idea of dominating technology does not mean we<br />
should just let technology loose. This way of framing technology, one<br />
of dominace, rationality, function -- and their counterparts, waste<br />
and recycling -- is but one way of relating to technological object.<br />
Another way is to bring forth something from within them, of aligning<br />
ones framing with their alien ways of framing the world. This is a<br />
symbiotic relation with technology that allow the objects to reveal<br />
themselves to us in a myriad of ways.<br />
It is impossible to control technology without destroying.<br />
We are thus searching for a way to co-exist with our<br />
objects and let them co-determine our reality.<br />
Magnus é um pesquisador da Suécia, co-fundador de projetos como Piratbyran, The Pirate Bay<br />
e Telecomix. Geraldine é do México e gosta de falhas e crises, pirataria e lixo e investiga<br />
a colisão entre poder e copyright. Juntos eles trabalham como Zeflab, pesquisam no Mejk.me e<br />
hackeiam com o FATLAB. ootc.zefside.org<br />
PROJETOS<br />
31
32<br />
FICHA TÉCNICA<br />
coordenação geral<br />
André Mintz<br />
coordenação de produção<br />
Aline X<br />
coordenação de design<br />
Pedro Veneroso<br />
produção executiva<br />
Paula Kimo<br />
assistentes de produção<br />
Fernanda Salgado<br />
Gabriela Sá<br />
Mariana Campos<br />
design gráfico<br />
Felipe Turcheti<br />
Pedro Veneroso<br />
Vicente Pessôa<br />
programação web<br />
Felipe Turcheti<br />
assessoria de imprensa<br />
A Dupla<br />
assessoria jurídico-financeira<br />
Sinergia Gerenciamento<br />
de Projetos<br />
instrutores<br />
Fernando Rabelo<br />
Kiko Mayorga<br />
Arturo Castro<br />
pesquisadores convidados<br />
Eduardo de Jesus<br />
José Cabral Filho<br />
Marcus Bastos<br />
colaborador convidado<br />
Eduardo Imasaka<br />
monitores do laboratório<br />
Sara Moreno<br />
Pedro Jorge Silva<br />
Gabriela Sá<br />
registro audiovisual<br />
Gabriela Sá<br />
Henrique Marques<br />
concepção curatorial<br />
Marginalia Project<br />
Fernando Rabelo<br />
modelo metodológico<br />
Medialab-Prado