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AS FASES DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ESCRITA ...

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<strong>AS</strong> F<strong>AS</strong>ES<br />

<strong>DO</strong> <strong>DESENVOLVIMENTO</strong> <strong>DA</strong> <strong>LINGUAGEM</strong> <strong>ESCRITA</strong><br />

Janieri de Sousa Oliveira<br />

Maria de Lourdes da Rocha<br />

Conceição Elane 1<br />

A linguagem das crianças intriga lingüistas e estudiosos do assunto.<br />

Sendo assim crianças do século XII, por exemplo, apesar de crianças<br />

como as de hoje não brincavam com os mesmos brinquedos, nem<br />

sentiam, nem pensavam, nem se vestiam como as crianças de hoje. E,<br />

certamente as crianças deste século terão características muito diferentes<br />

das de hoje. É interessante que assim surge um questionamento: se<br />

as crianças de antigamente eram diferentes das de hoje certamente as de<br />

amanhã também serão. Por que é então interessante estudar a infância<br />

se esta muda?<br />

Na tentativa de responder a essa questão surgiram muitas teorias.<br />

Segundo Maingueneau “a aquisição da linguagem tenta explicar entre<br />

outras coisas o fato de as crianças, por volta dos 3 anos, serem capazes<br />

de fazer o uso produtivo - de suas línguas”. Com base nisso tentarei<br />

aqui expor alguns pontos importantes de aquisição da linguagem pela<br />

criança.<br />

Desde pequenos já existe a comunicação, mas esta não é feita<br />

por meio oral. A linguagem é um sistema de símbolos culturais internalizados,<br />

e é utilizada com o fim último de comunicação social. Assim<br />

como no caso da inteligência e do pensamento, o seu desenvolvimento<br />

passa também por períodos até que a criança chegue a utilização de frases<br />

e múltiplas palavras.<br />

Ao nascer, a criança não entende o que lhe é dito. Somente naos<br />

poucos começa a atribuir um sentido ao que escuta. Do mesmo modo<br />

acontece com a produção da linguagem falada. O entendimento e a produção<br />

da linguagem falada evoluem.<br />

1 Janieri de Sousa Oliveira, Maria de Lourdes da Rocha e Conceição Elane fazem parte do Grupo<br />

de Estudos Lingüísticos e Sociais(GELSO), coordenado pelo professor Vicente Martins, da Universidade<br />

Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral, Ceará.


Existem diferentes tipos de linguagem: a corporal, a falada, a escrita<br />

e a gráfica. Para se comunicar a criança utiliza, tanto a linguagem<br />

corporal ( mímica, gestos, etc.) como a linguagem falada. Lógico que<br />

ela ainda não fala, mas já produz linguagem. Vamos ver como!<br />

O desenvolvimento da linguagem se divide em dois estádios: pré<br />

– lingüístico, quando o bebê usa de modo comunicativo os sons, sem<br />

palavras ou gramática; e o lingüístico, quando usa palavras.<br />

No estádio pré – lingüístico a criança, de princípio, usa o choro<br />

para se comunicar, podendo ser rica em expressão emocional. Logo ao<br />

nascer este choro ainda é indiferenciado, porque nem a mãe sabe o que<br />

ele significa, mas aos poucos começa a ficar cheio de significados e é<br />

possível, pelo menos para a mãe, saber se o bebê está chorando de fome,<br />

de cólica, por estar se sentindo desconfortável, por querer colo etc.<br />

è importante ressaltar que é a relação do bebê com sua mãe, ou com a<br />

pessoa que cuida dele, que lhe dá elementos para compreender seu choro.<br />

Além do choro, a criança começa a produzir o arrulho, que é a<br />

emissão de um som gutural, que sai da garganta, que se assemelha ao<br />

arrulho dos pombos. O balbucio ocorre de repente, por volta dos 6-10<br />

meses, e caracteriza – se pela produção e repetição de sons de consoantes<br />

e vogais como “ma – ma – ma – ma”, que muitas vezes é confundido<br />

com a primeira palavra do bebê.<br />

No desenvolvimento da linguagem, os bebês começam imitando<br />

casualmente os sons que ouvem, através da ecolalia. Por exemplo: os<br />

bebês repetem repetidas vezes os sons como o “da – da – da”, ou “ma –<br />

ma – ma – ma”. Por isso as crianças que tem problema de audição, não<br />

evoluem para além do balbucio, já que não são capazes de escutar.<br />

Por volta dos 10 meses, os bebês imitam deliberadamente os<br />

sons que ouvem, deixando clara a importância da estimulação externa<br />

para o desenvolvimento da linguagem. Ao final do primeiro ano, o bebê<br />

já tem certa noção de comunicação, uma idéia de referência e um conjunto<br />

de sinais para se comunicar com aqueles que cuidam dele.<br />

O estádio lingüístico está pronto para se estabelecer. Sendo assim,<br />

contando com a maturação do aparelho fonador da criança e da sua<br />

aprendizagem anterior, ela começa a dizer suas primeiras palavras.<br />

2


A fala lingüística se inicia geralmente no final do segundo ano,<br />

quando a criança pronuncia a mesma combinação de sons para se referir<br />

a uma pessoa, um objeto, um animal ou um acontecimento. Por exemplo,<br />

se a criança disser apo quando vir a água na mamadeira, no copo,<br />

na torneira, no banheiro etc., podemos afirmar que ela já esta falando<br />

por meio de palavras. Espera – se que aos 18 meses a criança já tenha<br />

um vocabulário de aproximadamente 50 palavras, no entanto ainda apresenta<br />

características da fala pré – lingüística e não revela frustração<br />

se não for compreendida.<br />

Na fase inicial da fala lingüística a criança costuma dizer uma<br />

única palavra, atribuindo a ela no entanto o valor de frase. Por exemplo,<br />

diz ua, apontando para porta de casa, expressando um pensamento<br />

completo; eu quero ir pra rua. Essas palavras com valor de frases são<br />

chamadas holófrases.<br />

A partir daqui acontece uma “explosão de nomes”, e o vocabulário<br />

cresce muito. Aos 2 anos espera – se que as crianças sejam capazes<br />

de utilizar um vocabulário de mais de cem palavras.<br />

Entre os 2 e 3 anos as crianças começam a adquirir os primeiros<br />

fundamentos de sintaxe, começando assim a se preocupar com as regras<br />

gramaticais. Usam, para tanto, o que chamamos de super – regularização,<br />

que é uma aplicação das regras gramaticais a todos os casos, sem<br />

considerar as exceções. É por isso que a criança quer comprar “pães”,<br />

traze – los nas “mães”. Aos 6 anos a criança fala utilizando frases longas,<br />

tentando utilizar corretamente as normas gramaticais.<br />

Chomsky defende a idéia de que a estrutura da linguagem é, em<br />

grande parte, especificada biologicamente (nativista). Skinner afirma<br />

que a linguagem é aprendida inteiramente por meio de experiência<br />

(empirista). Piaget consegue chegar mais perto de uma compreensão do<br />

desenvolvimento da linguagem que atenda melhor a realidade observada.<br />

Segundo ele tanto o biológico quanto as interações com o mundo<br />

social são importantes para o desenvolvimento da linguagem (interacionista).<br />

Dentro da óptica interacionista, da qual Piaget é adepto, o aparecimento<br />

da linguagem seria decorrência de algumas das aquisições do<br />

período sensório – motor, já que ela adquiriu a capacidade de simbolizar<br />

ao final daquele estádio de desenvolvimento da inteligência. Soma –<br />

3


se a isso a capacidade imitativa da criança. As primeiras palavras são<br />

intimamente relacionadas com os desejos me ações da criança.<br />

O egocentrismo da criança pré – operatório também se faz presente<br />

na linguagem que ela exibi. Desse modo, ela usa frequentemente a<br />

fala egocêntrica, ou privada, na qual fala sem nenhuma intenção muita<br />

clara de realmente se comunicar com o outro, centrada em sua própria<br />

atividade. É como se a criança falasse em voz alta para si mesma. Contudo<br />

ela também usa a linguagem socializada, que tem como objetivo se<br />

fazer entendida pelo interlocutor.<br />

Já de acordo com Vygostisky “não basta apenas que a criança<br />

esteja ‘exposta’ à interação social, ela deve estar ‘pronta’, no que se refere<br />

à maturação, desenvolver o (s) estágio (s) para compreender o que<br />

a sociedade tem para lhe transmitir:<br />

· sensório – motor, de 0 a 18/24 meses, que precede a linguagem;<br />

· pré – operatório, de 1;6/2 anos a 7/8 anos, fase das representações,<br />

dos símbolos;<br />

· operatório – concreto, de 7/8 a 11/12 anos, estágio da<br />

construção da lógica;<br />

· operatório – formal, de 11/12 anos em diante, fase em que<br />

a criança raciocina, deduz, etc.<br />

Para fazer uma síntese do que torna fácil ou difícil de aprender<br />

para a criança, apresentamos o quadro abaixo:<br />

A LÍNGUA É FÁCIL QUAN<strong>DO</strong><br />

É real e natura<br />

É integral<br />

Faz sentido<br />

É interessante<br />

Faz parte de um acontecimento social<br />

Tem utilidade social<br />

Tem propósito para a criança<br />

A criança a utiliza por opção<br />

4<br />

A LÍNGUA É DIFÍCIL QUAN<strong>DO</strong><br />

É artificial<br />

É dividida em pedaços<br />

Não faz sentido<br />

É chata e desinteressante<br />

Esta fora de um contexto<br />

Não possui valor social<br />

Não tem finalidade para a criança<br />

É imposta por outra pessoa<br />

Após essas considerações esperamos ter ajudado a compreender<br />

um pouco mais da complexidade que é o mundo da fala infantil.


CONCLUSÃO<br />

Seria importante apenas ressaltar o quanto os estudos contribuíram<br />

para as diferentes contribuições no âmbito dos estudos da fala infantil.<br />

O quanto as crianças conseguem antes mesmo de 1 ano transmitir<br />

a noção de fala. Bem como todo o processo vivido por ela no intervalo<br />

de tempo de zero a 6 anos.<br />

É digno de nota as idéias de Chomsky, Piaget e Skinner, bem<br />

como Vygostisky que muito contribuíram para o aperfeiçoamento de<br />

nosso estudo. Esperamos que o referido artigo possa contribuir para aprofundamento<br />

de estudos nesse assunto.<br />

REFERÊNCI<strong>AS</strong> BIBLIOGRÁFIC<strong>AS</strong><br />

SAMPAIO, Fátima Silva. Linguagem na Educação Infantil. Fortaleza,<br />

SEDUC, 2003.<br />

FARI<strong>AS</strong>, Maria Cílvia Queiroz. Linguagem na Educação Infantil. Fortaleza,<br />

SEDUC, 2003.<br />

FROTA, Ana Maria Monte Coelho. Formação de educadores infantis<br />

Desenvolvimento Infantil: a criança de 0 a 6 anos. IMEPH, p. 19-21.<br />

RÉ, Alessandra del. Aquisição da linguagem. São Paulo, 2006.<br />

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