18.04.2013 Views

Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

Livro Historia_ORL em Portugal.pdf - Repositório do Hospital Prof ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

João José P. Edward Clode


João José P. Edward Clode


João José P. Edward Clode


Ficha TÉcnica<br />

[TíTulo]<br />

A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

[AuTor]<br />

Dr. João José P. Edward Clode<br />

jjclode@gmail.com<br />

[Edição]<br />

Círculo Médico - Comunicação e Design, Lda<br />

[dirEcTor EdiToriAl]<br />

Dr. Fernan<strong>do</strong> Vilhena de Men<strong>do</strong>nça<br />

[dirEcção dE ArTE]<br />

Rui Lis Romão<br />

[dirEcção dE ProjEcTo]<br />

Vanessa Silva<br />

[dEsign gráfico]<br />

Filipa Mendes<br />

[PAginAção]<br />

Nuno Silva<br />

[rEvisão]<br />

Dra. Maria Teresa Egídio de Sousa<br />

Maria <strong>do</strong> Céu Lopes<br />

[imPrEssão]<br />

Nome da Gráfica<br />

[TirAgEm]<br />

1.000 ex<strong>em</strong>plares<br />

[1ª Edição]<br />

2010<br />

[dEPósiTo lEgAl]<br />

xxxxxx/10<br />

Av. <strong>Prof</strong>. Dr. Fernan<strong>do</strong> da Conceição Fonseca, nº 41-A<br />

Massamá – 2745-767 QUELUZ – PORTUGAL<br />

Tel.:+351 214 307 830 a 8 Fax: 214 307 839<br />

atelier@circulomedico.com – www.circulomedico.com<br />

©2010, Círculo Médico to<strong>do</strong>s os direitos reserva<strong>do</strong>s.<br />

O conteú<strong>do</strong> desta obra é da responsabilidade<br />

<strong>do</strong>s seus autores.<br />

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida<br />

s<strong>em</strong> a sua autorização.<br />

Esta publicação foi possível pelo apoio:


ÍnDicE<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 5<br />

PREFÁciO 11<br />

i. PORTUGaL E O inÍciO Da naciOnaLiDaDE 18<br />

O Mosteiro de Santa Cruz 20<br />

A Fundação da Universidade <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 22<br />

ii. a MEDicina PORTUGUESa nOS SÉcULOS XiV E XV 24<br />

Os Colégios 26<br />

Valesco de Taranta e a Medicina <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 26<br />

A Fundação <strong>do</strong>s Grandes Hospitais 27<br />

O <strong>Hospital</strong> Real de To<strong>do</strong>s os Santos e os <strong>Prof</strong>essores de Anatomia e Cirurgia 28<br />

A Reforma da Universidade 29<br />

iii. PORTUGaL E O REnaSciMEnTO 32<br />

iV. a MEDicina PORTUGUESa nO SÉcULO XVii 36<br />

Zacuto Lusitano 37<br />

João Curvo S<strong>em</strong>e<strong>do</strong> 39<br />

António Ferreira 41<br />

Francisco Morato Roma 43<br />

Frei Manuel Teixeira de Azeve<strong>do</strong> 43<br />

V. a MEDicina nO SÉcULO XViii - UM SÉcULO DE GRanDES MUDanÇaS 46<br />

A Medicina <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> no Século XVIII 47<br />

Médicos Portugueses <strong>do</strong> Século XVIII 49<br />

O Ensino no <strong>Hospital</strong> Real de To<strong>do</strong>s os Santos 53<br />

O Primeiro Curso de Operações Cirúrgicas <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Real de Lisboa 55<br />

Manoel Constâncio e o <strong>Livro</strong> que não foi Publica<strong>do</strong> 57<br />

A Reforma da Universidade no Século XVIII 57<br />

Os Estu<strong>do</strong>s Médicos e a Reforma de 1772 58<br />

Primeiros Jornais Médicos e António d’Almeida 60<br />

A Primeira Descrição de uma Mastoidectomia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 63


6<br />

ÍNDICE<br />

Vi. a MEDicina nO SÉcULO XiX 64<br />

As Escolas Médico-Cirúrgicas 67<br />

Primórdios da anestesia Geral <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 76<br />

Primeiro Caso de Morte pelo Clorofórmio Regista<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 79<br />

A Medicina Cont<strong>em</strong>porânea e a Otorrinolaringologia 79<br />

Outras Publicações na Área da Otorrinolaringologia no Final <strong>do</strong> Século XIX 81<br />

Avelino Monteiro e a Importância da Laringologia<br />

História e Polémica sobre a Primeira Mastoidectomia<br />

82<br />

Radical Realizada <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 88<br />

Vii. O EnSinO DOS SURDOS-MUDOS EM PORTUGaL 92<br />

Os Méto<strong>do</strong>s de Ensino <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s 98<br />

Viii. O SÉcULO XX 100<br />

O XV Congresso Internacional de Medicina 102<br />

O Esta<strong>do</strong> da Medicina <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>em</strong> 1908 108<br />

A Primeira Laringectomia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 109<br />

A Revolução Republicana e a Geração de 1911 112<br />

A Vida e a Obra <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello 113<br />

A Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa 114<br />

O <strong>Hospital</strong> de Santa Marta 116<br />

A Formação de Carlos de Mello no Estrangeiro 116<br />

Algumas das Publicações <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello<br />

A Especialidade de Otorrinolaringologia<br />

119<br />

no <strong>Hospital</strong> de Santo António na Cidade <strong>do</strong> Porto 124<br />

<strong>Hospital</strong> Militar Principal e a Otorrinolaringologia 126<br />

A Secção de <strong>ORL</strong> da Sociedade de Ciências Médicas<br />

A Criação da Especialidade de Otorrinolaringologia<br />

132<br />

nos Hospitais Civis de Lisboa 133<br />

O <strong>Hospital</strong> da Marinha 135<br />

iX. O EnSinO Da OTORRinOLaRinGOLOGia 138<br />

O Ensino <strong>em</strong> Lisboa 140<br />

A Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa 145<br />

A Criação <strong>do</strong> Ensino da Especialidade de Otorrinolaringologia na Cidade <strong>do</strong> Porto 145<br />

O Ensino <strong>em</strong> Coimbra 147<br />

A Escola Médico-Cirúrgica <strong>do</strong> Funchal 147<br />

a Sociedade Portuguesa de Oto-neuro-Oftalmologia 150<br />

Material cirúrgico idealiza<strong>do</strong> por Otorrinolaringologistas Portugueses<br />

a criação da Sociedade Portuguesa de<br />

151<br />

Otorrinolaringologia e de Bronco-Esofagologia 151<br />

X. hiSTÓRia Da SOciEDaDE PORTUGUESa DE <strong>ORL</strong> 152<br />

a DÉcaDa DE 50 153<br />

A Criação da Sociedade 153


A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 7<br />

A Criação da Sociedade Portuguesa de<br />

Otorrinolaringologia e de Bronco-Esofagologia 154<br />

X Congresso da Societas Oto-Rhino-Laryngologica Latina 161<br />

III Congresso Internacional de Bronco-Esofagologia 162<br />

A Revista “Clínica, Higiene e Hidrologia” 164<br />

A Ass<strong>em</strong>bleia Extraordinária da Sociedade de 1957 170<br />

a DÉcaDa DE 60 173<br />

A Criação <strong>do</strong> Boletim 174<br />

I Congresso Português de Otorrinolaringologia 175<br />

II Congresso Português de Otorrinolaringologia<br />

Extracto <strong>do</strong>s Estatutos da Sociedade Portuguesa de<br />

177<br />

Otorrinolaringologia e de Bronco-Esofagologia de 1957 179<br />

III Congresso Português de Otorrinolaringologia 181<br />

IV Congresso Português de Otorrinolaringologia 183<br />

I Reunião Internacional de Otologia 184<br />

V Congresso Nacional de Otorrinolaringologia 185<br />

a DÉcaDa DE 70 189<br />

A Década da Revolução - Os Anos 70 189<br />

VI Congresso Nacional de Otorrinolaringologia 190<br />

VII Congresso Nacional de Otorrinolaringologia 197<br />

a DÉcaDa DE 80 197<br />

A Renovação e a Consolidação 197<br />

VIII Congresso Nacional de Otorrinolaringologia 198<br />

IX Congresso Nacional da Sociedade<br />

Associação Portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

208<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial<br />

X Congresso da Sociedade de Otorrinolaringologia<br />

210<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial – X Congresso Português de <strong>ORL</strong> 210<br />

a DÉcaDa DE 90 213<br />

A Consolidação 213<br />

XI Congresso Nacional de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial 213<br />

A Associação Portuguesa de Otoneurologia (APO)<br />

XII Congresso Nacional de Otorrinolaringologia<br />

216<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial<br />

Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

217<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial - 1999 223<br />

XIV Congresso Nacional de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial 225<br />

O 3º MiLÉniO – O FUTURO hOjE 228<br />

XV Congresso Nacional de Otorrinolaringologia<br />

Congresso Nacional <strong>do</strong> Cinquentenário da Sociedade Portuguesa<br />

228<br />

de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial 229<br />

XXXV Conventus <strong>ORL</strong> Latina 2004 230


8<br />

ÍNDICE<br />

Congresso Nacional <strong>do</strong> 51º Aniversário da SP<strong>ORL</strong> e<br />

II Congresso Luso-Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial 230<br />

52º Congresso Nacional de Otorrinolaringologia<br />

53º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

233<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial e a VII Reunião Luso-Galaica de <strong>ORL</strong> 233<br />

54º Congresso Nacional de Otorrinolaringologia<br />

55º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa<br />

234<br />

de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial<br />

56º Congresso Nacional de <strong>ORL</strong> e Patologia Cérvico-Facial<br />

236<br />

e o XI Congresso Hispano-Luso de <strong>ORL</strong><br />

Os congressos conjuntos com as Sociedades Espanholas<br />

237<br />

e a Sociedade Brasileira de <strong>ORL</strong> 238<br />

Os Congressos Luso-Espanhol/Hispano-Luso ou Ibéricos 239<br />

As Reuniões da Sociedade Luso-Galaica 240<br />

Os Congressos Luso-Brasileiros 241<br />

Xi. a OTORRinOLaRinGOLOGia PORTUGUESa nOS hOSPiTaiS<br />

LiSBOa<br />

242<br />

Os hospitais civis de Lisboa 244<br />

<strong>Hospital</strong> de S. José 244<br />

<strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s Capuchos 247<br />

<strong>Hospital</strong> de D. Estefânia 251<br />

<strong>Hospital</strong> de Santa Maria 254<br />

<strong>Hospital</strong> de Egas Moniz 257<br />

Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil – I.P.O.F.G. 260<br />

<strong>Hospital</strong> de Puli<strong>do</strong> Valente 261<br />

<strong>Hospital</strong> da Marinha 262<br />

<strong>Hospital</strong> da Força Aérea 263<br />

<strong>Hospital</strong> Militar Principal <strong>em</strong> Lisboa 264<br />

<strong>Hospital</strong> CUF Infante Santo 266<br />

<strong>Hospital</strong> CUF Descobertas 268<br />

<strong>Hospital</strong> da Luz 268<br />

<strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Lusíadas<br />

PORTO<br />

269<br />

<strong>Hospital</strong> Geral de Santo António 270<br />

<strong>Hospital</strong> de S. João 273<br />

Instituto Português de Oncologia <strong>do</strong> Porto 274<br />

<strong>Hospital</strong> Maria Pia 276<br />

<strong>Hospital</strong> Militar Regional Nº 1 276<br />

Hospitais Priva<strong>do</strong>s de <strong>Portugal</strong> (HPP) Norte<br />

cOiMBRa<br />

277<br />

Hospitais da Universidade de Coimbra 278<br />

Centro <strong>Hospital</strong>ar de Coimbra 280<br />

<strong>Hospital</strong> Militar Regional Nº 2 e Nº 3 282


A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 9<br />

OUTROS hOSPiTaiS<br />

abrantes - <strong>Hospital</strong> Dr. Manoel Constâncio 283<br />

Águeda - <strong>Hospital</strong> Distrital de Águeda 283<br />

almada - <strong>Hospital</strong> Garcia de Orta 284<br />

ama<strong>do</strong>ra - <strong>Hospital</strong> <strong>Prof</strong>. Dr. Fernan<strong>do</strong> Fonseca 285<br />

aveiro - <strong>Hospital</strong> Infante D. Pedro 286<br />

Barcelos - <strong>Hospital</strong> Santa Maria Maior 287<br />

Barreiro - <strong>Hospital</strong> Nossa Senhora <strong>do</strong> Rosário 288<br />

Beja - <strong>Hospital</strong> José Joaquim Fernandes 289<br />

Braga - <strong>Hospital</strong> de São Marcos 290<br />

Bragança - <strong>Hospital</strong> Distrital de Bragança 291<br />

caldas da Rainha - <strong>Hospital</strong> Termal Rainha D. Leonor 292<br />

castelo Branco - <strong>Hospital</strong> Amato Lusitano 293<br />

covilhã - <strong>Hospital</strong> Distrital da Covilhã 294<br />

Espinho - <strong>Hospital</strong> Distrital de Espinho 295<br />

Évora - <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo de Évora 295<br />

Famalicão - <strong>Hospital</strong> S. João de Deus 296<br />

Faro - <strong>Hospital</strong> Distrital de Faro 297<br />

Figueira da Foz - <strong>Hospital</strong> Distrital da Figueira da Foz 298<br />

Guarda - <strong>Hospital</strong> Sousa Martins 299<br />

Guimarães - <strong>Hospital</strong> de Guimarães - Centro <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> Alto Ave 301<br />

Lamego - <strong>Hospital</strong> Distrital de Lamego 303<br />

Leiria - <strong>Hospital</strong> Distrital de Leiria/<strong>Hospital</strong> de Santo André 304<br />

Matosinhos - <strong>Hospital</strong> Pedro Hispano 306<br />

Portalegre - <strong>Hospital</strong> Dr. José Maria Grande 307<br />

Setúbal - <strong>Hospital</strong> S. Bernar<strong>do</strong> 308<br />

Santa Maria da Feira - <strong>Hospital</strong> de São Sebastião 309<br />

Santarém - <strong>Hospital</strong> Distrital de Santarém 310<br />

Santo Tirso - <strong>Hospital</strong> Conde S. Bento 310<br />

Torres Vedras - <strong>Hospital</strong> Distrital de Torres Vedras 311<br />

Viana <strong>do</strong> castelo - <strong>Hospital</strong> de Santa Luzia 311<br />

Vila <strong>do</strong> conde - Centro <strong>Hospital</strong>ar Póvoa de Varzim - Vila <strong>do</strong> Conde 313<br />

Vila Franca de Xira - <strong>Hospital</strong> de Reynal<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos 313<br />

Vila nova de Gaia - Centro <strong>Hospital</strong>ar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE 314<br />

Viseu - <strong>Hospital</strong> Distrital de Viseu<br />

iLha Da MaDEiRa<br />

315<br />

A <strong>ORL</strong> na Região Autónoma da Madeira<br />

iLhaS DOS aÇORES<br />

317<br />

São Miguel, Ponta Delgada - <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong> Dívino Espírito Santo 319<br />

Terceira, angra <strong>do</strong> heroísmo - <strong>Hospital</strong> de Santo Espírito 320<br />

a <strong>ORL</strong> naS anTiGaS PROVÍnciaS ULTRaMaRinaS 323<br />

BiBLiOGRaFia 326<br />

cOLEcÇÕES OU FOnTES 328<br />

ÍnDicE OnOMÁSTicO 329


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>


PREFÁciO<br />

e o conhecimento da História de um País é fundamental<br />

para o seu progresso, também nenhum<br />

Médico devia desconhecer os grandes nomes da<br />

História da Medicina tais como Hipócrates, Galeno<br />

ou Vesálio.<br />

É igualmente importante que os Médicos Portugueses<br />

saibam qu<strong>em</strong> foram ou o que fizeram<br />

Amato Lusitano, Zacuto Lusitano, Manoel Constâncio,<br />

António Maria Barbosa ou Egas Moniz,<br />

entre muitos outros nomes ilustres da nossa Medicina.<br />

Quantos Otorrinolaringologistas sab<strong>em</strong> qu<strong>em</strong><br />

foram os primeiros na sua especialidade?<br />

É na História que encontramos muitas das soluções<br />

para os probl<strong>em</strong>as de hoje, e é através <strong>do</strong><br />

seu conhecimento, que d<strong>em</strong>onstramos a vontade<br />

de poder evoluir, aperfeiçoan<strong>do</strong> e melhoran<strong>do</strong> o<br />

que já foi feito pelos nossos antecessores.<br />

Janelas de iluminação da História desta actividade<br />

são os Homens, os factos e as técnicas que<br />

utilizaram para minorar ou anular os probl<strong>em</strong>as<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes <strong>do</strong> âmbito da <strong>ORL</strong>.<br />

As origens da Otorrinolaringologia são muito r<strong>em</strong>o<br />

tas. Esta especialidade, ou melhor, este agrupamento<br />

de especialida des, não nasceu de<br />

repente. A sua orig<strong>em</strong> foi fragmentária, hesitante,<br />

e quase se perde na noite <strong>do</strong>s t<strong>em</strong>pos. No que a<br />

<strong>Portugal</strong> diz respeito começamos pelo início da<br />

nossa nacionalidade.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 11<br />

No final <strong>do</strong> século XI, foi funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> Coimbra,<br />

pelo Bispo D. Paterno, um S<strong>em</strong>inário cujos M<strong>em</strong>bros<br />

seguiam a regra de S. Agostinho. Alguns desses<br />

religiosos fundaram, <strong>em</strong> 1130 um Mos teiro<br />

nos arre<strong>do</strong>res de Coimbra, o Mosteiro de Santa<br />

Cruz que teve um papel de relevo no campo da<br />

Medicina. Neste Mosteiro praticava-se a Medicina<br />

da época, por caridade cristã, e fun<strong>do</strong>u-se nas dependências<br />

<strong>do</strong> Mosteiro um pequeno <strong>Hospital</strong>.<br />

Personag<strong>em</strong> importante da História Portuguesa,<br />

é PEDRO HISPANO (1216 - 1277), também conheci<strong>do</strong><br />

como Petrus Lusitano, Petrus Juliani, Pedro<br />

Julião e que foi PAPA com o nome de JOÃO XXI.<br />

Nasceu <strong>em</strong> Lisboa no Reina<strong>do</strong> de D. Afonso III, escreveu<br />

o famoso <strong>Livro</strong> “ THESAURUS PAUPERUM”<br />

(Tesouro <strong>do</strong>s Pobres), que chegou a atingir as 80<br />

edições e a ser traduzi<strong>do</strong> para mais de 12 línguas.<br />

Em 1288, os m<strong>em</strong>bros <strong>do</strong> Clero Português comunicam<br />

ao Papa ser seu desejo que se fundasse um<br />

Estu<strong>do</strong> Geral <strong>em</strong> Lisboa, estan<strong>do</strong> dispostos a suportar<br />

as despesas daí decorrentes. O Rei D. Dinis<br />

concorda com esta pretensão, e <strong>em</strong> 9 de Agosto<br />

de 1290, pela Bula <strong>do</strong> PAPA NICOLAU IV –“DES-<br />

TATU REGNI PORTUGALIAE”, ficamos a saber que<br />

entre as matérias a ensinar se encontram a Física<br />

e a Medicina.<br />

Para se ter uma ideia <strong>do</strong> que era a prática <strong>em</strong> Medicina<br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, a seguir à criação das Universidades<br />

no século XV, é preciso conhecer a obra<br />

de VALESCO DE TARANTA. Escreveu <strong>do</strong>is livros


12<br />

PREFÁCIO<br />

iMaGEM DO LiVRO D. BERnaRDO SanTUcci<br />

principais, o primeiro <strong>em</strong> 1401, “TRACTATUS DE<br />

EPIDIMIA ET PESTE”, depois <strong>em</strong> 1418 começou a<br />

escrever o “PHILONIUM PHARMACEUTICUM ET<br />

CHIRURGICUM” cuja primeira edição data de 1418<br />

publicada <strong>em</strong> Veneza, ten<strong>do</strong> ti<strong>do</strong> inúmeras reedições<br />

e várias traduções. Pensa-se que o “Philonium”<br />

foi o primeiro livro de Medicina publica<strong>do</strong><br />

por um Português.<br />

É a partir <strong>do</strong> Séc. XVI que começa o desenvolvimento<br />

da cirurgia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, terminan<strong>do</strong> progressivamente<br />

o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s “sangra<strong>do</strong>res” e <strong>do</strong>s<br />

“barbeiros.”<br />

O Perío<strong>do</strong> Filipino levou a que <strong>Portugal</strong> ficasse<br />

atrasa<strong>do</strong> <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>mínios, <strong>em</strong> relação ao<br />

resto da Europa.<br />

A Medicina não foi excepção e <strong>Portugal</strong> estava<br />

com um atraso <strong>do</strong>s conhecimentos de mais de 50<br />

anos. O espantoso avanço que Vesálio e a escola<br />

italiana tinham imprimi<strong>do</strong> à Anatomia era praticamente<br />

desconheci<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

O <strong>Hospital</strong> Real de To<strong>do</strong>s os Santos, foi funda<strong>do</strong><br />

por D. João II, inician<strong>do</strong>-se a sua construção <strong>em</strong><br />

1492, estan<strong>do</strong> termina<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1504, <strong>em</strong> pleno reina<strong>do</strong><br />

de D. Manuel I.<br />

Reuniram-se nele os bens de 43 hospitais que<br />

havia <strong>em</strong> Lisboa e arre<strong>do</strong>res.<br />

Nunca <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> tinha havi<strong>do</strong> hospital de tal dimensão,<br />

e pela sua grandiosidade ganhou fama de<br />

ser um <strong>do</strong>s maio res <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Estava situa<strong>do</strong> no<br />

Rossio, ocupan<strong>do</strong> as suas construções a maior<br />

parte <strong>do</strong> espaço onde hoje está a Praça da Figueira.<br />

Nesta época, <strong>Portugal</strong> e Espanha eram os <strong>do</strong>is<br />

países com maior prestígio Europeu, pelas suas<br />

conquistas e viagens. D. João III chamara para<br />

<strong>Portugal</strong> grandes <strong>Prof</strong>essores Estrangeiros, estabeleceram-se<br />

novos estu<strong>do</strong>s no Mosteiro de<br />

Santa Cruz, cria-se um centro humanista <strong>em</strong><br />

Évora, reforma-se a Universidade de Coimbra e<br />

nasce o Colégio Real das Artes e Humanidades.<br />

Surg<strong>em</strong> vultos como Luís de Camões, Sá de Miranda,<br />

Gil Vicente, Damião de Góis e Artistas<br />

como Nuno Gonçalves e Grão Vasco.<br />

Em <strong>Portugal</strong>, continuavam as grandes viagens<br />

com as quais os Portugueses contribuíram para o<br />

avanço da Medicina. Dois homens se destacaram:<br />

TOMÉ PIRES e GARCIA DE ORTA.<br />

Na Medicina Portuguesa <strong>do</strong> século XVI destaca-<br />

-se um nome: JOÃO RODRIGUES DE CASTELO<br />

BRANCO conheci<strong>do</strong> como AMATO LUSITANO. As<br />

“CENTÚRIAS DAS CURAS MEDICINAIS” são, de<br />

entre as obras que escreveu, o seu maior lega<strong>do</strong><br />

à Humanidade.<br />

É no século XVII que <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> ZACUTO LUSI-<br />

TANO e JOÃO CURVO SEMEDO como eruditos da<br />

Medicina, aproveitan<strong>do</strong> os ensinamentos <strong>do</strong>s livros<br />

estrangeiros para escrever os seus próprios<br />

textos que ficaram como referência.<br />

Um <strong>do</strong>s grandes cirurgiões portugueses deste século<br />

foi ANTÓNIO FERREIRA. Nasceu <strong>em</strong> Lisboa<br />

<strong>em</strong> 1616 e obteve a Carta de Cirurgião <strong>em</strong> 1644.<br />

Em 1650, foi nomea<strong>do</strong> Barbeiro Sangra<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Santo Ofício e mais tarde Cirurgião <strong>do</strong>s Cárceres


da Inquisição. Em 1654 foi nomea<strong>do</strong> Cirurgião <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os Santos, cirurgião da Câmara<br />

de D. Afonso VI e de D. Pedro II, cavaleiro da<br />

ord<strong>em</strong> de S. Tiago e da Ord<strong>em</strong> de Cristo. Acompanhou<br />

a Londres a Infanta D. Catarina quan<strong>do</strong><br />

esta casou com Carlos II de Inglaterra, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

nomea<strong>do</strong> Cirurgião da Real Câmara, e deixou<br />

uma obra notável intitulada “LUZ VERDADEIRA”.<br />

A Grande Escola <strong>em</strong> Lisboa <strong>do</strong>s séculos XVII e<br />

XVIII vai ser o <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os Santos, que era<br />

onde vinham os mestres estrangeiros, como Santucci,<br />

ensinar Anatomia. Foi nessa altura que passou<br />

a ser obrigatório, para qu<strong>em</strong> quisesse a carta<br />

de Cirurgião, apresentar a certidão de ter estuda<strong>do</strong><br />

Anatomia. Santucci publicou um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong><br />

“ANATOMIA DO CORPO HUMANO”. Este<br />

livro v<strong>em</strong> acompanha<strong>do</strong> por 18 Magníficas Gravuras,<br />

que representam o Corpo Humano, assinadas<br />

por Miguel le Bouteaux. Na Estampa 8 encontramos<br />

a Laringe, na Estampa 12 encontramos a representação<br />

da Orelha e <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong> Externo,<br />

Médio e Interno e ainda a Trompa de Eustáquio.<br />

Ainda no século XVIII, mais precisamente <strong>em</strong><br />

1761, escreveu um trata<strong>do</strong> de Cirurgia o Dr. AN-<br />

TÓNIO GOMES LOURENÇO, descrito como Familiar<br />

<strong>do</strong> Santo Ofício. Aprova<strong>do</strong> <strong>em</strong> Cirurgia e<br />

Anatomia, Catedrático de Cirurgia no <strong>Hospital</strong><br />

Real de To<strong>do</strong>s os Santos, <strong>em</strong> Lisboa. O <strong>Livro</strong> intitula-se<br />

“Cirurgia Clássica Lusitana, Anatómica, Farmacêutica,<br />

Médica, a mais moderna”.<br />

Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVIII, existiam <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

<strong>do</strong>is pólos principais <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s Médico-Ci rúrgicos:<br />

a Universidade de Coimbra, que pre parava Médicos<br />

e concedia Doutoramentos, e o <strong>Hospital</strong> de<br />

Lisboa, onde se aprendia Anatomia e Cirurgia.<br />

É neste meio que MANOEL CONSTÂNCIO, que<br />

exercia a profissão de Barbeiro na Vila <strong>do</strong> Sar<strong>do</strong>al,<br />

deseja possuir a Carta de Sangra<strong>do</strong>r, pelo que começou<br />

a frequentar o <strong>Hospital</strong>, continuan<strong>do</strong> a<br />

exercer a <strong>Prof</strong>issão de Barbeiro.<br />

Em 1747, a convite <strong>do</strong> Marquês de Abrantes, v<strong>em</strong><br />

para Lisboa estudar Cirurgia no <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s<br />

os Santos.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 13<br />

No final <strong>do</strong> século XVIII, mais precisamente <strong>em</strong><br />

1779, fundava-se <strong>em</strong> Lisboa o JORNAL ENCICLO-<br />

PÉDICO, que inseria notícias sobre as Ciências e<br />

as Artes, incluin<strong>do</strong> assuntos Médicos.<br />

É nesta época que surge ANTÓNIO D’ALMEIDA,<br />

discípulo de Manuel Constâncio, que foi Lente de<br />

operações <strong>em</strong> Lisboa; publicou duas obras consideradas<br />

da maior importância, uma delas é o<br />

“TRATADO DE MEDICINA OPERATÓRIA”, cuja 1ª<br />

edição foi publicada <strong>em</strong> 1800 e descreve os últimos<br />

progressos cirúrgicos realiza<strong>do</strong>s até então, e<br />

inclui muito da experiência pessoal <strong>do</strong> autor.<br />

O século XIX foi um <strong>do</strong>s séculos mais notáveis da<br />

história da Humanidade, pelos progressos realiza<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os ramos das Ciências, e muito<br />

especialmente na Medicina <strong>em</strong> geral e na Otorrinolaringologia<br />

<strong>em</strong> particular, como ver<strong>em</strong>os <strong>em</strong><br />

detalhe mais à frente.<br />

Inúmeras conquistas científicas se poderiam referir<br />

neste século, entre elas as Leis de Ampére, a<br />

descoberta da constituição celular <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s, a<br />

descoberta da Fotografia, <strong>do</strong> Cin<strong>em</strong>a, etc., etc.<br />

É neste século que se inicia a Anestesia Geral, a<br />

descoberta <strong>do</strong>s Rx e que vão surgir as especialidades<br />

Médicas, a Obstetrícia, depois a Ginecologia, a<br />

Oftalmologia (que já existia mas não como especialidade<br />

independente), e na segunda metade <strong>do</strong><br />

século, muitas outras, entre as quais a Otologia, a<br />

Rinologia e a Laringologia. A Otorrinolaringologia,<br />

como especialidade independente e única, só surgiria<br />

no século XX.<br />

A SOCIEDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE LISBOA<br />

vai surgir <strong>em</strong> Maio de 1835, aproveitan<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong><br />

de acalmia política no País. A Sociedade<br />

ficou sob a Presidência de Francisco Soares<br />

Franco e, <strong>em</strong> 1836, iniciou a publicação de um periódico<br />

que se intitulou o “JORNAL DA SOCIE-<br />

DADE DAS CIÊNCIAS MÉDICAS”.<br />

O Jornal da Sociedade de Ciências Médicas tornou-se<br />

o principal órgão da classe médica portuguesa,<br />

inserin<strong>do</strong> casos clínicos, na sua maioria,<br />

provenientes das enfermarias <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de


14<br />

PREFÁCIO<br />

S. José, artigos <strong>do</strong>utrinários, apreciações e discussões,<br />

de assuntos relativos à Higiene, Saúde<br />

Pública e ao Ensino da Medicina.<br />

Não admira que, as primeiras notícias escritas sobre<br />

assuntos relaciona<strong>do</strong>s com a área de Otorrinolaringologia,<br />

tenham ti<strong>do</strong> lugar nesse Jornal.<br />

A primeira anestesia com Éter <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>,<br />

deveu-se ao então estudante de Medicina, António<br />

Maria Barbosa, que consentiu <strong>em</strong> ser anestesia<strong>do</strong><br />

por este méto<strong>do</strong>. Num artigo descreve, com<br />

grande minúcia, todas as sensações e esta<strong>do</strong>s por<br />

que passou ao inalar o Éter Sulfúrico.<br />

É também António Maria Barbosa que, <strong>em</strong> 1862,<br />

realiza, pela primeira vez <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, no <strong>Hospital</strong><br />

de S. José, a ressecção de to<strong>do</strong> o maxilar superior<br />

<strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito. António Maria Barbosa, foi um <strong>do</strong>s<br />

nossos mais brilhantes cirurgiões <strong>do</strong> século XIX.<br />

A partir <strong>do</strong> dia 7 de Janeiro de 1883, iniciou-se a<br />

publicação da revista: “A MEDICINA CONTEMPO-<br />

RÂNEA” que se veio a tornar no mais importante<br />

periódico português de Medicina <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século<br />

XIX e no princípio <strong>do</strong> século XX.<br />

UMa REPÚBLica EM cOiMBRa EM 1924. nO cEnTRO O MEU aVÔ - WiLLiaM EDWaRD cLODE<br />

É no final da década de 80 <strong>do</strong> século XIX, que vão<br />

começar a aparecer, com mais regularidade, artigos<br />

relaciona<strong>do</strong>s com a Otorrinolaringologia, escritos<br />

por autores Portugueses. No Jornal da<br />

Sociedade das Ciências Médicas e na Medicina<br />

Cont<strong>em</strong>porânea, iam surgin<strong>do</strong>, de forma muito<br />

regular, as novidades nesta área, mas traduzidas<br />

principalmente <strong>do</strong>s Jornais Franceses. Igualmente,<br />

nas Faculdades de Medicina, surgiam Dissertações<br />

Inaugurais sobre esta área.<br />

Francisco Avelino Monteiro, nasceu <strong>em</strong> 1859 e faleceu<br />

<strong>em</strong> 17 de Dez<strong>em</strong>bro de 1937. Formou-se na Escola<br />

Médico-Cirúrgica de Lisboa e especializou-se<br />

<strong>em</strong> Otorrinolaringologia <strong>em</strong> Berlim e <strong>em</strong> Viena de<br />

Aústria. Abriu uma consulta de Otorrinolaringologia<br />

no <strong>Hospital</strong> D. Estefânia, <strong>em</strong> 1892, na Enfermaria<br />

de Santana. Regressou depois ao <strong>Hospital</strong> de S. José,<br />

onde dirigiu a Consulta de Otorrinolaringologia até<br />

1929.<br />

O Dr. Gregório Rodrigues Fernandes dirigia o Serviço<br />

de Doenças da Laringe, Ouvi<strong>do</strong>s e Fossas Nasais<br />

e Boca na Policlínica de Lisboa, desde pelo<br />

menos 1893.


Manuel Diogo de Sousa Leite Valladares, nasceu<br />

<strong>em</strong> Oura (Chaves), <strong>em</strong> 19 de Dez<strong>em</strong>bro de 1867 e<br />

morreu <strong>em</strong> Lisboa a 27 de Outubro de 1939. Formou-se<br />

e <strong>do</strong>utorou-se <strong>em</strong> Medicina na Universidade<br />

de Paris, <strong>em</strong> 1895. Especializou-se <strong>em</strong><br />

Otorrinolaringologia <strong>em</strong> Paris e veio para <strong>Portugal</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong>, após provas públicas, para o<br />

<strong>Hospital</strong> de S. José <strong>em</strong> 1897. Em 1899 era nomea<strong>do</strong><br />

director da Enfermaria, <strong>em</strong> 1912 inaugurou<br />

uma consulta de Otorrinolaringologia no<br />

<strong>Hospital</strong> de S. José, que era a terceira, pois já existiam<br />

as consultas <strong>do</strong> Dr. Avelino Monteiro e a <strong>do</strong><br />

Dr. João Sant’Anna Leite que realizou pela primeira<br />

vez <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> as operações de Esvaziamento<br />

petro-mastoideu e de laringectomia total.<br />

Manuel Diogo Valladares foi durante muitos anos<br />

<strong>Prof</strong>essor de Higiene <strong>em</strong> diversas escolas industriais.<br />

A ele se deve a organização da Identificação<br />

Criminal no nosso país e das impressões<br />

digitais.<br />

Foi o cria<strong>do</strong>r da Identificação Civil <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>,<br />

dirigiu durante muitos anos o Arquivo de Identificação<br />

de Lisboa.<br />

No Porto, a consulta de “Moléstias <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s,<br />

nariz e garganta” foi criada <strong>em</strong> 10 de Fevereiro de<br />

1909, dirigida pelo Dr. José Augusto Vieira de<br />

L<strong>em</strong>os Peixoto e, a 23 de Outubro estabeleceu-se<br />

uma consulta de <strong>ORL</strong> dirigida pelo Dr. António Teixeira<br />

Lopes Júnior.<br />

Depois de Gregório Fernandes, Avelino Monteiro,<br />

Manuel Diogo Valladares, João Sant’Anna Leite e<br />

Alberto Men<strong>do</strong>nça, os principais impulsiona<strong>do</strong>res<br />

da Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, deve-se<br />

juntar outro nome que ficará na História da Otorrinolaringologia<br />

como um <strong>do</strong>s mais vivos e brilhantes<br />

cirurgiões <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> Século XX:<br />

Carlos de Mello.<br />

O ensino de Otorrinolaringologia, que foi cria<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> 24 de Janeiro de 1911 e publica<strong>do</strong> no Diário<br />

de Governo nº 45, integrava os programas das Faculdades<br />

de Medicina de Lisboa, Porto e Coimbra.<br />

Em Lisboa, as clínicas e o ensino passaram da Escola<br />

Médico-Cirúrgica <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de São José<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 15<br />

para o <strong>Hospital</strong> de Santa Marta: a Otorrinolaringologia<br />

estava integrada na Cadeira de Clínica Cirúrgica<br />

sob a direcção, primeiro <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Cabeça,<br />

depois <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Francisco Gentil, sen<strong>do</strong> finalmente<br />

entregue ao <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello, até ao<br />

final da sua vida, que aconteceu quan<strong>do</strong> Carlos<br />

de Mello tinha apenas 45 anos; publicou cerca de<br />

25 trabalhos, to<strong>do</strong>s na área da Otorrinolaringologia,<br />

o que para a época foi um feito considerável.<br />

Após a morte de Carlos de Mello, foi convida<strong>do</strong><br />

pelo Conselho da Faculdade de Medicina para<br />

reger o curso de <strong>ORL</strong>, o Dr. Ary <strong>do</strong>s Santos.<br />

Depois de ter aborda<strong>do</strong> as origens desta especialidade<br />

e <strong>do</strong>s seus primeiros passos, chegamos<br />

à época da sua consolidação e assim, o capítulo<br />

seguinte trata da história da Sociedade Portuguesa<br />

de Otorrinolaringologia.<br />

A história de uma Sociedade é, necessariamente,<br />

também a história <strong>do</strong>s seus m<strong>em</strong>bros, a começar<br />

pelos seus funda<strong>do</strong>res; a história individual de<br />

cada m<strong>em</strong>bro contribui, para o b<strong>em</strong> e para o mal,<br />

para a história colectiva de toda a Sociedade.<br />

Existe uma necessidade absoluta que os factos<br />

que ao longo <strong>do</strong>s anos foram ocorren<strong>do</strong> fiqu<strong>em</strong><br />

escritos, ou então ficarão perdi<strong>do</strong>s para s<strong>em</strong>pre,<br />

nas m<strong>em</strong>órias individuais.<br />

Procurei fazer com que as polémicas, as conspirações<br />

e as críticas ficass<strong>em</strong> de fora desta história,<br />

e o que sobrou foram os factos, as realizações<br />

e os discursos <strong>do</strong>s seus m<strong>em</strong>bros que contribuíram<br />

efectivamente para o nascimento, crescimento<br />

e desenvolvimento da nossa Sociedade,<br />

que muitas vezes levou a sacrifícios pessoais, para<br />

o b<strong>em</strong> colectivo.<br />

Depois de ter aborda<strong>do</strong> a Otorrinolaringologia na<br />

perspectiva da sua evolução <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e a História<br />

da Sociedade Portuguesa de <strong>ORL</strong>, o último<br />

capítulo diz respeito à história da Otorrinolaringologia<br />

nos Hospitais, pois a história da Otorrinolaringologia<br />

é feita <strong>do</strong> somatório <strong>do</strong>s actos que<br />

se praticam no dia a dia de cada hospital.<br />

Desde s<strong>em</strong>pre quis ser Médico, <strong>em</strong> parte devi<strong>do</strong><br />

a tradições familiares; o meu Avô era Médico na


16<br />

PREFÁCIO<br />

Ilha da Madeira e l<strong>em</strong>bro-me das histórias <strong>do</strong><br />

t<strong>em</strong>po de estudante <strong>em</strong> Coimbra, das histórias e<br />

da vida nas Repúblicas e da vontade de ajudar os<br />

outros, que s<strong>em</strong>pre foi o seu l<strong>em</strong>a de vida.<br />

O primeiro de muitos livros desta especialidade<br />

que fui coleccionan<strong>do</strong> ao longo destes anos foi o<br />

livro pelo qual o meu Avô estu<strong>do</strong>u a Otorrinolaringologia<br />

nos seus t<strong>em</strong>pos de Faculdade <strong>em</strong><br />

1921, <strong>em</strong> Coimbra. Mal sabia eu nessa época que<br />

mais tarde me dedicaria a esta Especialidade. É<br />

por esse facto que as duas fotos que ilustram esta<br />

introdução mais não são <strong>do</strong> que uma homenag<strong>em</strong><br />

ao meu Avô.<br />

Finalmente, uma palavra de agradecimento a um<br />

conjunto de pessoas, s<strong>em</strong> as quais este livro não<br />

teria si<strong>do</strong> possível.<br />

Queria agradecer a to<strong>do</strong>s os Colegas que contribuíram<br />

com as Histórias <strong>do</strong>s seus Serviços para<br />

engrandecer o <strong>Livro</strong> pois s<strong>em</strong> a sua preciosa<br />

ajuda, muitos factos ficariam para s<strong>em</strong>pre no esquecimento.<br />

Queria agradecer também a to<strong>do</strong>s os que cederam<br />

material <strong>do</strong>s seus espólios pessoais ou institucionais<br />

para a concretização deste livro, a to<strong>do</strong>s eles o<br />

meu muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Um agradecimento especial à minha Família: aos<br />

meus Pais, pela maneira como me ensinaram e<br />

deram o ex<strong>em</strong>plo de estar na vida. À minha mulher<br />

Maria João, pelo apoio permanente, não só<br />

de sacrifício pessoal, pelas horas que ao longo de<br />

vários anos esta recolha d<strong>em</strong>orou, como pela valiosa<br />

colaboração que deu passan<strong>do</strong> parte <strong>do</strong><br />

texto para o computa<strong>do</strong>r, agradeço igualmente<br />

aos meus filhos, João, Francisco e Bernar<strong>do</strong>.<br />

Agradeço ao <strong>Prof</strong>. Dr. João Paço, que ao convidar-<br />

-me e incentivar-me a publicar na sua Revista me<br />

levou a escrever vários artigos, s<strong>em</strong> me impor limites<br />

de espaço ou de imagens, que foram a base<br />

para eu reescrever uma História que tinha si<strong>do</strong><br />

iniciada <strong>em</strong> 2003 com o <strong>Livro</strong> “História da Otorrinolaringologia”,<br />

publicada por ocasião <strong>do</strong> cinquentenário<br />

da Sociedade Portuguesa de <strong>ORL</strong>.<br />

Finalmente um agradecimento a várias pessoas<br />

s<strong>em</strong> as quais teria si<strong>do</strong> impossível reunir muitos <strong>do</strong>s<br />

livros e manuscritos antigos de Medicina, que<br />

faz<strong>em</strong> parte <strong>do</strong> meu tesouro pessoal. De entre estes<br />

gostaria de destacar os Srs. Alfre<strong>do</strong> Gonçalves, Bernar<strong>do</strong><br />

Trindade, Carlos Nunes, Carlos Bobone, Luis<br />

Burnay e também à Teresa Rebelo, to<strong>do</strong>s eles tantas<br />

vezes me guardaram bens preciosos, s<strong>em</strong> os quais<br />

este livro teria si<strong>do</strong> impossível. A to<strong>do</strong>s eles e a muitos<br />

outros que igualmente contribuíram, mas cujo<br />

espaço não me permite citar to<strong>do</strong>s, o meu muito<br />

obriga<strong>do</strong>.<br />

Estou consciente de que gostaria de ter aprofunda<strong>do</strong><br />

mais alguns capítulos e de que o trabalho<br />

teria si<strong>do</strong> enriqueci<strong>do</strong> se mais colaboração houvesse<br />

recebi<strong>do</strong>, mas como dizia o Dr. Gregório<br />

Marañon “A História julga só os resulta<strong>do</strong>s e não<br />

os propósitos”, e o resulta<strong>do</strong> foi este, cabe a to<strong>do</strong>s<br />

vós julgá-lo.<br />

O LiVRO DE <strong>ORL</strong> DO MEU aVÔ EM 1921<br />

Lisboa, Maio de 2010<br />

João José P. Edward Clode


O autor agradece que qualquer comentário ou correcção ao texto deste livro<br />

seja envia<strong>do</strong> por correio electrónico para o seguinte endereço: jjclode@gmail.com


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

<strong>Portugal</strong> e o Início da Nacionalidade


pós a Reconquista Cristã na Europa, começou a manifestar-se<br />

na Península Ibérica uma tendência separatista <strong>do</strong>s<br />

conda<strong>do</strong>s que se tinham forma<strong>do</strong>. No século IX, na Península<br />

Ibérica, existiam duas Monarquias Cristãs: a de<br />

Ovie<strong>do</strong>, que mais tarde ficou conhecida como a de Leão,<br />

e a de Navarra.<br />

No reina<strong>do</strong> de D. Afonso VI, a luta contra a invasão Muçulmana<br />

estava no seu auge e muitos estrangeiros vinham<br />

ajudar os exércitos Cristãos. Entre estes cavaleiros<br />

estrangeiros vieram Raimun<strong>do</strong> de Borgonha, que casou<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 19<br />

com D. Urraca, filha de D. Afonso VI, a qu<strong>em</strong> este Rei entregou<br />

o governo da Galiza, e Henrique de Borgonha que<br />

casou com a outra filha de D. Afonso VI, D. Tereza, e que foi<br />

escolhi<strong>do</strong> para governar o Conda<strong>do</strong> Portucalense.<br />

Em 1097, D. Henrique, que já governava desde o Minho até<br />

ao Tejo, morre s<strong>em</strong> ter visto concretiza<strong>do</strong> o seu sonho de Independência,<br />

que como sab<strong>em</strong>os, foi reconhecida <strong>em</strong> 1143<br />

no Trata<strong>do</strong> de Zamora. Neste Trata<strong>do</strong>, foi atribuí<strong>do</strong> a D.<br />

Afonso Henriques, filho de D. Henrique e de D. Tereza, o título<br />

de Rei de <strong>Portugal</strong>.<br />

FIGURA 1<br />

O DOcUMEnTO MaiS anTiGO EXiSTEnTE na TORRE DO TOMBO cOM a PaLaVRa PORTUGaL - DOaÇÃO Da iGREja DE caMPELO - POR D. aFOnSO hEnRiQUES EM 1129


20<br />

PORTUGAL E O INÍCIO DA NACIONALIDADE<br />

FIGURA 2<br />

ViSTa DO cLaUSTRO DO cOnVEnTO DE SanTa cRUZ EM cOiMBRa nUMa FOTOGRaFia DE jOaQUiM POSSiDÓniO Da SiLVa EM 1862<br />

Durante esta época a Medicina era essencialmente religiosa,<br />

pois a educação era dada pelo Clero. A esta vertente<br />

religiosa juntava-se o Curandeirismo que ainda era pratica<strong>do</strong><br />

pelos Muçulmanos e pelos Judeus. Os conhecimentos<br />

médicos eram transmiti<strong>do</strong>s individualmente, pois não<br />

existiam Escolas Médicas.<br />

O MOSTEIRO DE SANTA CRUZ<br />

No final <strong>do</strong> século XI, foi funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> Coimbra, pelo Bispo<br />

D. Paterno, um S<strong>em</strong>inário cujos M<strong>em</strong>bros seguiam a regra<br />

de S. Agostinho. Alguns desses religiosos fundaram, <strong>em</strong><br />

1130 um Mosteiro nos arre<strong>do</strong>res de Coimbra, o Mosteiro<br />

de Santa Cruz que teve um papel de relevo no campo da<br />

Medicina. Neste Mosteiro praticava-se a Medicina da<br />

época, por caridade cristã, e fun<strong>do</strong>u-se nas dependências<br />

<strong>do</strong> Mosteiro um pequeno <strong>Hospital</strong>.<br />

Para o desenvolvimento da Medicina, neste t<strong>em</strong>po muito<br />

contribuía o facto de alguns <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros desta ord<strong>em</strong><br />

religiosa ser<strong>em</strong> envia<strong>do</strong>s para o estrangeiro para Centros<br />

Culturais importantes como Paris ou Salamanca, onde<br />

completavam os seus estu<strong>do</strong>s, vin<strong>do</strong> depois a praticar e<br />

ensinar no Mosteiro de Santa Cruz. Entre os que viajaram<br />

não posso deixar de falar de São FREI GIL, de seu nome GIL<br />

RODRIGUES DE VALLADARES, natural de Vouzela, que era<br />

um Frade Dominicano, Médico, Teólogo e prega<strong>do</strong>r, que foi<br />

canoniza<strong>do</strong> pelo papa Bento XIV <strong>em</strong> 9 de Maio de 1748, e<br />

que é um <strong>do</strong>s Santos Portugueses com maior projecção internacional.<br />

No que respeita à actividade Médica de São Frei<br />

Gil, é difícil distinguir entre a lenda (pois são-lhe atribuí<strong>do</strong>s<br />

muitos milagres) e a realidade. Recebeu educação religiosa<br />

e médica no Mosteiro de Santa Cruz e <strong>do</strong>utorou-se <strong>em</strong> Teologia<br />

na Universidade de Paris. Apesar de muito se ter escrito<br />

sobre São Frei Gil, que faleceu <strong>em</strong> Santarém, o certo é<br />

que ele nada deixou escrito sobre Medicina.<br />

Personag<strong>em</strong> importante da História Portuguesa é PEDRO<br />

HISPANO (1210 - 1277), também conheci<strong>do</strong> como Petrus<br />

Lusitano, Petrus Juliani, Pedro Julião ou PAPA JOÃO XXI.<br />

Nasceu <strong>em</strong> Lisboa no Reina<strong>do</strong> de D. Afonso III, foi ce<strong>do</strong> estudar<br />

para Paris, onde estu<strong>do</strong>u Filosofia, Teologia e Medicina,<br />

frequentou igualmente a Escola de Medicina de<br />

Montpellier. Em Paris teve como condiscípulos São Tomás<br />

de Aquino e São Boaventura. Entre 1246 e 1252 ensinou<br />

Medicina na Universidade de Siena, onde escreveu algumas<br />

obras, entre as quais o Trata<strong>do</strong> “SUMMULAE LOGICA-<br />

LES” que foi o Manual de referência sobre a Lógica<br />

Aristotélica durante mais de trezentos anos. Outra obra


de referência é o “DE OCULO”, um trata<strong>do</strong> que escreveu<br />

sobre a Oftalmologia. Em 1262 vai para Viterbo, onde habita<br />

o Convento <strong>do</strong>s Dominicanos. Em 1274 é nomea<strong>do</strong><br />

Cardeal no Concílio Ecuménico de Leão pelo Papa Gregório<br />

X. É nesta época que escreve o famoso <strong>Livro</strong> “THE-<br />

SAURUS PAUPERUM” (Tesouro <strong>do</strong>s Pobres), mas que só foi<br />

publica<strong>do</strong> <strong>do</strong>is séculos depois, por ord<strong>em</strong> Papal e chegou<br />

a atingir as 80 edições e a ser traduzi<strong>do</strong> para mais de 12<br />

línguas.<br />

FIGURA 3<br />

MEDaLha aLUSiVa a PEDRO hiSPanO DO EScULTOR aRMinDO ViSEU<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 21<br />

O objectivo <strong>do</strong> “TESOURO DOS POBRES” era de oferecer<br />

medicamentos para ser<strong>em</strong> administra<strong>do</strong>s aos pobres. O<br />

conteú<strong>do</strong> deste livro revela b<strong>em</strong> o esta<strong>do</strong> confuso da terapêutica<br />

nesta época. Nesta obra destaca-se a condenação<br />

das rezas e cantos supersticiosos, preconiza a sangria<br />

como meio terapêutico e recomenda o ópio, o aloés, a<br />

cânfora e outros medicamentos. A mais antiga edição que<br />

se conhece deste livro é a publicada <strong>em</strong> Veneza, <strong>em</strong> 27 de<br />

Março de 1463. A primeira tradução <strong>em</strong> língua portuguesa<br />

foi impressa <strong>em</strong> 1613, <strong>em</strong> Braga. O Tesouro <strong>do</strong>s Pobres<br />

inclui capítulos para 49 diferentes situações clínicas;<br />

apenas irei referir os que diz<strong>em</strong> respeito à área da Otorrinolaringologia<br />

que são o nº IX, sobre Doenças <strong>do</strong>s Ouvi<strong>do</strong>s<br />

e o nº XII sobre Epistaxis.<br />

O Capítulo IX, relaciona<strong>do</strong> com as Doenças <strong>do</strong>s Ouvi<strong>do</strong>s,<br />

está dividi<strong>do</strong> <strong>em</strong> 39 subcapítulos, com a descrição de várias<br />

terapêuticas. Algumas delas parec<strong>em</strong>-nos hoje inacreditáveis,<br />

mas é necessário ter <strong>em</strong> conta a época <strong>em</strong> que o<br />

livro foi escrito:<br />

1 - Suco de folhas de pepino bravo tira as <strong>do</strong>res de ouvi<strong>do</strong>s;<br />

2 - Ponha-se ao lume lenha de freixo, apanhe-se o líqui<strong>do</strong><br />

que destilar <strong>do</strong> seu tronco e deite-se no ouvi<strong>do</strong>;<br />

acalma a <strong>do</strong>r e corrige a audição;<br />

3 - Coz<strong>em</strong>-se minhocas e ovos de formiga e folhas de<br />

arruda moídas juntamente, e fervidas <strong>em</strong> azeite;<br />

deita-se no ouvi<strong>do</strong> uma gota tépida daquele azeite,<br />

obture-se o ouvi<strong>do</strong> com algodão e unte-se à volta<br />

da orelha, restitui a audição perdida;<br />

10 - Se um verme entrar num ouvi<strong>do</strong>, deite-se suco de<br />

casca de nogueira ou suco de folhas de pessegueiro;<br />

20 - Escaravelhos que se encontram nos excr<strong>em</strong>entos <strong>do</strong>s<br />

animais, tritura<strong>do</strong>s com óleo, e se puser por cima um<br />

<strong>em</strong>plastro de borra, tira a <strong>do</strong>r de ouvi<strong>do</strong>s;<br />

32 - Uma fumigação de vinagre quente desobstrui muito<br />

os ouvi<strong>do</strong>s e faz b<strong>em</strong> à audição, devi<strong>do</strong> à sua subtileza;<br />

36 - Instilar gordura de rãs tira imediatamente o zuni<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s.<br />

39 - Deitar gordura de arganaz, corrige as lesões incuráveis<br />

<strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s.<br />

O capítulo XII é relativo às Epistaxis, engloba 34 itens. Começa<br />

logo com um muito curioso:<br />

1 - Espr<strong>em</strong>er suco de excr<strong>em</strong>entos de porco nas narinas<br />

restringe o sangue;<br />

11 - Insuflar nas narinas, cinzas de folhas e de raiz de arruda<br />

restringe admiravelmente o sangue;<br />

17 - Faça-se uma infusão de pêlos de lebre com água e vinagre,<br />

e faça-se um tamponamento, será admirável.<br />

34 - Insuflar cinzas de penas de galinha restringe o sangue<br />

<strong>do</strong> nariz.


22<br />

PORTUGAL E O INÍCIO DA NACIONALIDADE<br />

FIGURA 4<br />

ViSTa DE SanTa cLaRa E Da POnTE Da PEDRa EM cOiMBRa nUMa FOTOGRaFia DE cERca DE 1870<br />

Além <strong>do</strong> Tesouro <strong>do</strong>s Pobres, Pedro Hispano deixou-nos<br />

outra obra, intitulada “SUMMA DE CONSERVANDO SANI-<br />

TATE” (Suma de Conservação da Saúde), que começa com<br />

o seguinte texto:<br />

“Consideran<strong>do</strong> Eu, Pedro Hispano, que os diversos padecimentos<br />

mórbi<strong>do</strong>s se originam no corpo humano por negligência,<br />

encontrei e provei com razão verdadeira algumas<br />

observações úteis e experimentadas para conservar a saúde<br />

da vida humana, as quais se não encontram no seio da Arte<br />

da Medicina. Uma vez que é melhor preservar a saúde <strong>do</strong> que<br />

lutar contra a <strong>do</strong>ença, deve tratar-se da dita saúde.” Continua<br />

a introdução: “Saúde é uma disposição que conserva o que é<br />

natural no hom<strong>em</strong>, segun<strong>do</strong> o curso da natureza. É que é mais<br />

útil prevenir as <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> que, uma vez contraídas, andar a<br />

pedir um auxílio, que provavelmente é impossível”.<br />

Sábias palavras estas, na introdução, às quais se segue<br />

uma lista grande de coisas que faz<strong>em</strong> b<strong>em</strong> ou mal aos diferentes<br />

órgãos. No que respeita à Otorrinolaringologia<br />

apenas encontrei com referência aos ouvi<strong>do</strong>s:<br />

“Coisas que faz<strong>em</strong> b<strong>em</strong> aos ouvi<strong>do</strong>s: os ouvi<strong>do</strong>s são órgãos<br />

tortuosos e côncavos e instrumentos da alma, por meio <strong>do</strong>s<br />

quais se distingu<strong>em</strong> os sons e as vozes. O que lhes faz b<strong>em</strong> é<br />

o seguinte: Evitar o calor e o frio, um e outro <strong>em</strong> excesso.<br />

Limpá-los de sujidades com um instrumento cirúrgico, a<br />

saber, a “sintija” de ouro ou prata, ou lenha de aloés, a fim<br />

de extrair depressa qualquer coisa que lá entre, ou banhos<br />

quentes, óleos de amên<strong>do</strong>a ou de arruda. A abstenção de legumes<br />

e o acto de espirrar pela manhã, purga as orelhas,<br />

aguça a vista, expele os resíduos e apura o engenho”.<br />

Seguidamente v<strong>em</strong> a descrição das coisas que faz<strong>em</strong> mal<br />

aos ouvi<strong>do</strong>s:<br />

“O uso frequente de banhos húmi<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong> depois das<br />

refeições, legumes, vinho forte, apertar as orelhas e azeite<br />

húmi<strong>do</strong>. Também faz mal mergulhar a cabeça na água, encher-se<br />

de alimentos, o fumo e o vento”.<br />

Para Maximiano L<strong>em</strong>os, um <strong>do</strong>s nossos maiores historia<strong>do</strong>res<br />

da medicina, as obras de Pedro Hispano são compilações<br />

de textos Árabes, poden<strong>do</strong> ser o reflexo <strong>do</strong><br />

ensino Médico <strong>em</strong> França, na época <strong>em</strong> que estu<strong>do</strong>u.<br />

Em 20 de Set<strong>em</strong>bro de 1276, Pedro Hispano foi eleito Papa<br />

sob o nome de João XXI. No dia 11 de Maio de 1277, oito<br />

meses e três dias após a sua investidura, morre na derrocada<br />

<strong>do</strong> seu gabinete de trabalho, por ele manda<strong>do</strong> construir<br />

nas traseiras <strong>do</strong> Palácio de Viterbo.<br />

A FUNDAÇÃO DA<br />

UNIVERSIDADE EM PORTUGAL<br />

Em 1288, o Algarve já tinha si<strong>do</strong> conquista<strong>do</strong> e <strong>Portugal</strong><br />

estava prestes a ver as suas fronteiras definitivamente fixadas.<br />

Para D. Afonso III, Rei culto que tinha vivi<strong>do</strong> muito<br />

t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> França e para o seu filho D. Dinis, igualmente<br />

bastante culto, as preocupações da guerra deixam de ser<br />

<strong>do</strong>minantes e consideraram que era t<strong>em</strong>po de <strong>Portugal</strong><br />

ter um Estu<strong>do</strong> Geral análogo aos outros países.


Em 1288 os m<strong>em</strong>bros <strong>do</strong> Clero Português comunicam ao<br />

Papa ser seu desejo que se fundasse um Estu<strong>do</strong> Geral <strong>em</strong><br />

Lisboa, estan<strong>do</strong> dispostos a suportar as despesas daí decorrentes.<br />

O Rei D. Dinis concorda com esta pretensão, e<br />

<strong>em</strong> 9 de Agosto de 1290, pela Bula <strong>do</strong> PAPA NICOLAU IV<br />

“DESTATU REGNI PORTUGALIAE”, ficamos a saber que<br />

entre as matérias a ensinar se encontram a Física e a Medicina.<br />

O ensino da<strong>do</strong> no Estu<strong>do</strong> Geral era dividi<strong>do</strong> <strong>em</strong> várias cadeiras:<br />

Leis, Cânones, Medicina, Retórica e Gramática.<br />

Cada uma destas cadeiras tinha um só <strong>Prof</strong>essor. O curso<br />

de Medicina tinha vários anos, mas não sab<strong>em</strong>os quantos.<br />

Os alunos que entravam de novo matriculavam-se no<br />

ano <strong>em</strong> que o Curso estava e depois voltavam ao princípio.<br />

O ensino era basea<strong>do</strong> nos textos de Hipócrates, Galeno<br />

e Avicena, que os professores liam e comentavam.<br />

Era o Bispo de Lisboa, que por delegação Papal, dava o<br />

grau de Licencia<strong>do</strong> e com este título ficava o aluno legalmente<br />

habilita<strong>do</strong> a ensinar <strong>em</strong> qualquer parte <strong>do</strong> Reino.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL<br />

No reina<strong>do</strong> de D. Fernan<strong>do</strong>, por Bula <strong>do</strong> Papa Gregório XI,<br />

os graus Universitários passaram a ser três: Bacharel, Licencia<strong>do</strong><br />

e Doutor. A Universidade primitiva teve sede <strong>em</strong><br />

Lisboa com o pretexto de que era só nesta cidade que os<br />

convida<strong>do</strong>s estrangeiros, que vinham ensinar, queriam<br />

ficar, mas logo <strong>em</strong> 1308 foi transferida por D. Dinis para<br />

Coimbra, fican<strong>do</strong> instalada junto <strong>do</strong>s Paços de Alcáçova.<br />

D. Afonso IV, <strong>em</strong> 1338, mu<strong>do</strong>u a Universidade novamente<br />

para Lisboa, e dezasseis anos depois, <strong>em</strong> 1354, foi outra<br />

vez para Coimbra. As mudanças não terminaram aqui, e D.<br />

Fernan<strong>do</strong>, vinte e três anos depois, <strong>em</strong> 1377 transferiu novamente<br />

a Universidade para Lisboa. As mudanças só terminaram<br />

no Reina<strong>do</strong> de D. João III que determinou a<br />

mudança definitiva para Coimbra <strong>em</strong> 1537. Pensa-se que<br />

uma das principais razões de termos tão poucos da<strong>do</strong>s relativos<br />

à Universidade Portuguesa destas épocas, é o facto<br />

de estas sucessivas mudanças acarretar<strong>em</strong> a perda de<br />

muitos <strong>do</strong>cumentos.<br />

23


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

A Medicina Portuguesa<br />

nos Séculos XIV E XV


m 1392, D. JOÃO I determinou, por Carta Régia promulgada<br />

<strong>em</strong> 28 de Junho, o primeiro regulamento para a prática<br />

da Medicina.<br />

“Ordena o Rei que ninguém possa exercer Clínica s<strong>em</strong> primeiro<br />

ser examina<strong>do</strong> e aprova<strong>do</strong> por MESTRE MARTINHO,<br />

Físico <strong>do</strong> Rei, que passará ao candidato uma Carta Selada<br />

com o Selo Real”.<br />

Se alguém exercesse Medicina s<strong>em</strong> ter si<strong>do</strong> examina<strong>do</strong> e<br />

aprova<strong>do</strong>, seria preso e to<strong>do</strong>s os seus bens eram confisca<strong>do</strong>s.<br />

No ano 1431, no Reina<strong>do</strong> de D. João I, a Universidade fez,<br />

por sua própria iniciativa, os primeiros estatutos. Nelas se<br />

estabelece que o ano lectivo se compunha de 8 meses, e<br />

que o Grau de Bacharel apenas seria da<strong>do</strong> aos que frequentass<strong>em</strong><br />

as aulas pelo menos durante 3 anos e após<br />

ter<strong>em</strong> feito um acto de conclusões magnas perante os<br />

Mestres e Doutores. Ao grau de Licencia<strong>do</strong> só eram admiti<strong>do</strong>s<br />

os Bacharéis que estudass<strong>em</strong> pelo menos 4 anos,<br />

e após realizar<strong>em</strong> um Acto e Conclusões perante os Estudantes<br />

e os Mestres da Faculdade.<br />

No dia 25 de Outubro de 1438 é promulga<strong>do</strong> o Regimento<br />

<strong>do</strong> Cirurgião-Mor, e a partir desse dia to<strong>do</strong>s os Cirurgiões<br />

<strong>do</strong> Reino, tivess<strong>em</strong> ou não si<strong>do</strong> alunos da<br />

Universidade, eram obriga<strong>do</strong>s a fazer um exame perante<br />

o Cirurgião-Mor <strong>do</strong> Reino, que lhes passaria Cartas, se,<br />

pelos seus merecimentos científicos, foss<strong>em</strong> julga<strong>do</strong>s<br />

aptos para isso. Este Regimento foi confirma<strong>do</strong> por D.<br />

João II <strong>em</strong> 17 de Março de 1486.<br />

O Curso de Medicina compunha-se apenas de uma cadeira,<br />

até que uma Carta de D. João II datada de 1493,<br />

eleva o número de cadeiras para duas, intituladas de<br />

“Prima” e de “Véspera”.<br />

O que designavam não era a disciplina ou grupo de assuntos<br />

que versavam, mas sim a hora canónica a que<br />

eram dadas as lições.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 25<br />

FIGURA 5<br />

PROjEcTO DE REcOnSTRUÇÃO DO hOSPiTaL DO cOLÉGiO DaS aRTES - 1869


26<br />

A MEDICINA PORTUGUESA NOS SÉCULOS XIV E XV<br />

V<strong>em</strong> dessa época a designação de Lente, dada entre nós<br />

ao <strong>Prof</strong>essor precisamente porque lia os textos, interpretan<strong>do</strong>-os<br />

e comentan<strong>do</strong>-os a seguir.<br />

Na lição, o aluno tomava as suas notas e escrevia o que o<br />

Mestre ditava, pois não teriam acesso a livros manuscritos<br />

(ainda não havia imprensa), certamente caríssimos. Alguns<br />

desses manuscritos que ainda se encontram conserva<strong>do</strong>s<br />

na Biblioteca da Universidade de Coimbra, chamam-se<br />

“Apostilhas” e são as precursoras das Sebentas.<br />

OS COLÉGIOS<br />

Anexos às Universidades, e <strong>em</strong> alguns casos fazen<strong>do</strong><br />

mesmo parte <strong>do</strong>s seus organismos, vamos encontrar os<br />

chama<strong>do</strong>s Colégios. Estes eram agr<strong>em</strong>iações onde viviam<br />

os estudantes de diferentes terras, geralmente longínquas<br />

e vinham para os Colégios aprender as Artes Liberais e as<br />

Ciências. Os Colégios eram subsidia<strong>do</strong>s pelos Mosteiros,<br />

pelas Catedrais, alguns pelos próprios Monarcas e outros<br />

por Particulares.<br />

Os Colégios não eram instituições das Universidades, mas<br />

<strong>em</strong> parte viviam à volta delas. Em 1539 instalou-se <strong>em</strong><br />

Coimbra o primeiro Colégio.<br />

O mais famoso de to<strong>do</strong>s, dessa época, era o COLÉGIO DAS<br />

ARTES, destina<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> da Mat<strong>em</strong>ática, da Retórica,<br />

das Línguas Clássicas e das Humanidades; começou a funcionar<br />

<strong>em</strong> 1548 e o primeiro Reitor foi o grande Pedagogo<br />

e Humanista, Dr. ANDRÉ DE GOUVEIA<br />

Este Colégio era dirigi<strong>do</strong> por Jesuítas e tinha por principal<br />

função habilitar os estudantes nas disciplinas que<br />

constituíam o ensino secundário, logo os candidatos à<br />

matrícula na Universidade.<br />

Outros Colégios famosos eram o de S. Pedro e S. Paulo,<br />

que sen<strong>do</strong> de fundação Real faziam a preparação para lugares<br />

de <strong>Prof</strong>essores e <strong>do</strong>s Serviços Públicos.<br />

VALESCO DE TARANTA<br />

E A MEDICINA EM PORTUGAL<br />

Para se ter uma ideia <strong>do</strong> que era a prática <strong>em</strong> Medicina<br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, a seguir à criação das Universidades no século<br />

XV, é preciso conhecer a obra de VALESCO DE TA-<br />

RANTA. Embora existam algumas dúvidas sobre a<br />

nacionalidade de Valesco, ele próprio referiu no prólogo<br />

da sua obra mais famosa, o “PHILONIUM”, ter estuda<strong>do</strong><br />

Artes <strong>em</strong> Lisboa.<br />

Escreveu <strong>do</strong>is livros principais, o primeiro <strong>em</strong> 1401 “TRAC-<br />

TATUS DE EPIDIMIA ET PESTE”, depois <strong>em</strong> 1418 começou<br />

a escrever o “PHILONIUM PHARMACEUTICUM ET CHIRUR-<br />

GICUM” cuja primeira edição data de 1418, publicada <strong>em</strong><br />

Veneza, ten<strong>do</strong> ti<strong>do</strong> inúmeras reedições e várias traduções.<br />

Pensa-se que o Philonium foi o primeiro livro de Medicina<br />

publica<strong>do</strong> por um Português. O Philonium divide-se <strong>em</strong><br />

FIGURA 6<br />

ROSTO DO PHILONIUM PHARMACEUTICUM ET CHIRURGICUM<br />

DE VaLEScO DE TaRanTa PUBLicaDO EM 1535<br />

sete partes. Na primeira parte trata <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> das <strong>do</strong>enças<br />

nervosas e mentais, nas outras partes trata respectivamente,<br />

das <strong>do</strong>enças <strong>do</strong>s olhos, ouvi<strong>do</strong>s, nariz e boca,<br />

<strong>do</strong> peito, <strong>do</strong>s órgãos digestivos etc. A propósito de cada<br />

<strong>do</strong>ença, Valesco começa por defini-la e trata <strong>em</strong> seguida<br />

das causas, <strong>do</strong>s sintomas, <strong>do</strong> prognóstico e finalmente da<br />

terapêutica.<br />

A melhor maneira de conhecermos a importância de Valesco<br />

de Taranta é fazer a tradução <strong>do</strong> texto de Adam Politzer<br />

na História da Otologia quan<strong>do</strong> se refere a este autor:<br />

“Entre os Compêndios Médicos <strong>do</strong> XIIIº e XIVº séculos, o “Philonium”<br />

completada <strong>em</strong> 1418 pelo autor português Valescus<br />

(Balescon) de Taranta, que começou a ensinar <strong>em</strong><br />

Montpellier <strong>em</strong> 1382, é aquele que contém a descrição mais<br />

completa sobre Otologia. Isto não significa, no entanto, que<br />

este livro contenha muitas coisas novas no campo da Anatomia<br />

e Patologia <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong>. Por outro la<strong>do</strong>, grande parte<br />

deste trata<strong>do</strong> é uma revisão cuida<strong>do</strong>sa <strong>do</strong>s Escritos Árabes e<br />

de outros Médicos antigos, e até <strong>do</strong>s seus cont<strong>em</strong>porâneos.<br />

A Patologia <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong> é discutida desde o capítulo 49 até ao<br />

56. Valesco começa com uma descrição da Anatomia <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong><br />

no capítulo 49. A sua descrição <strong>do</strong> osso petroso mostra<br />

que Valesco estava ciente da estrutura complexa <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong><br />

interno, resultan<strong>do</strong>, não tenho dúvida, <strong>do</strong>s seus estu<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

ossos fractura<strong>do</strong>s. Os Médicos desta época não tinham os


conhecimentos necessários para nos dar<strong>em</strong> pormenores<br />

anatómicos <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> interno. No capítulo 50 fala da surdez,<br />

classifican<strong>do</strong>-a da seguinte forma: Causae, Signo Prognosticatio,<br />

Cura, Diaeta, Clarificatio. Valesco, limita-se a<br />

compilar os clássicos sobre a surdez, no entanto, sabia que<br />

as descargas purulentas poderiam pôr <strong>em</strong> perigo a vida <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>entes e recomendava a abertura cirúrgica da mastóide.<br />

No capítulo 51, intitula<strong>do</strong> “Tinnitus Aurium”, Valesco descreve<br />

alguns casos da sua experiência pessoal, <strong>em</strong> que os ruí<strong>do</strong>s<br />

subjectivos resultavam de traumatismos na cabeça. No<br />

capítulo 52, intitula<strong>do</strong> “Dolores Auris” fala das <strong>do</strong>res nos ouvi<strong>do</strong>s<br />

consideran<strong>do</strong>-as como uma <strong>do</strong>ença independente e<br />

não um mero sintoma. Toda a informação contida neste capítulo<br />

já tinha si<strong>do</strong> veiculada por outros autores. No capítulo<br />

53 fala de úlceras e no 54 e 55 de fluxos sanguíneos <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>”.<br />

Assim se referiu Politzer, <strong>em</strong> 1907, sobre a obra de<br />

Valesco de Taranta.<br />

A FUNDAÇÃO<br />

DOS GRANDES HOSPITAIS<br />

No final <strong>do</strong> século XV começam a fundar-se hospitais de<br />

amplitude suficiente para substituir as velhas casas de socorro<br />

a <strong>do</strong>entes, umas intituladas de Hospitais e outras de<br />

Albergarias.<br />

Dentro da cidade de Lisboa e nos arre<strong>do</strong>res havia muitas<br />

Albergarias s<strong>em</strong> condições para as funções que des<strong>em</strong>penhavam<br />

nos cuida<strong>do</strong>s aos <strong>do</strong>entes. Além das Albergarias,<br />

os cuida<strong>do</strong>s aos <strong>do</strong>entes eram presta<strong>do</strong>s por Gafarias<br />

(eram destinadas a recolher os gafos, que eram indivíduos<br />

FIGURA 7<br />

O hOSPiTaL REaL DE TODOS OS SanTOS nUMa GRaVURa DE ZUZaRTE<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 27<br />

que padeciam de lepra) e Hospícios, que eram constituí<strong>do</strong>s<br />

por uma ou duas salas, muitas vezes liga<strong>do</strong>s e dependentes<br />

<strong>do</strong>s Conventos.<br />

Começou então a surgir a ideia de construir um grande<br />

<strong>Hospital</strong> <strong>em</strong> Lisboa. A construção <strong>do</strong> novo <strong>Hospital</strong> iniciou-se<br />

<strong>em</strong> 15 de Maio de 1492 e só terminou <strong>em</strong> 1501, já<br />

no Reina<strong>do</strong> de D. Manuel. Este edifício situava-se no Rossio,<br />

no local hoje ocupa<strong>do</strong> pela Praça da Figueira e era um<br />

edifício <strong>em</strong> forma de cruz, de frente voltada para o Rossio<br />

com uma escadaria monumental que conduzia à Igreja.<br />

No início, as Enfermarias eram apenas três, <strong>em</strong> 1551 tinha<br />

capacidade para 103 enfermos, <strong>em</strong> 1601 já tinha 324<br />

camas, e a afluência era tal, com <strong>do</strong>is <strong>do</strong>entes deita<strong>do</strong>s na<br />

mesma cama, pelo que a capacidade <strong>em</strong> 1620 foi alargada<br />

para 600 camas. De início, o <strong>Hospital</strong> apenas possuía<br />

<strong>do</strong>is Cirurgiões e um Médico, para além <strong>do</strong>s enfermeiros<br />

e auxiliares, mas progressivamente esse número foi aumentan<strong>do</strong>.<br />

A existência <strong>do</strong> HOSPITAL DE TODOS OS SAN-<br />

TOS, nome que foi da<strong>do</strong> ao hospital, foi um <strong>do</strong>s pólos de<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> ensino da Cirurgia <strong>em</strong> Lisboa.<br />

Em Coimbra, <strong>em</strong> 1504 foi funda<strong>do</strong> o HOSPITAL REAL DE<br />

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, também chama<strong>do</strong><br />

HOSPITAL NOVO ou HOSPITAL REAL DE D. MANUEL, e teve<br />

Regimento <strong>em</strong> 22 de Outubro de 1508. A designação de<br />

“Novo” v<strong>em</strong> <strong>do</strong> facto de que até ao Século XVI, Coimbra<br />

dispôs de cerca de 14 Hospitais, que tinham cada um 3<br />

ou 4 camas para albergar principalmente pessoas de passag<strong>em</strong><br />

pela Cidade, muitas das quais se dirigiam a Santiago<br />

de Compostela.<br />

Este <strong>Hospital</strong> ficava situa<strong>do</strong> na Praça Velha, tinha 2 Enfermarias,<br />

uma para homens com 12 camas e outra para mu-


28<br />

A MEDICINA PORTUGUESA NOS SÉCULOS XIV E XV<br />

FIGURA 8<br />

aLVaRÁ REaL PUBLicaDO EM 1689 RELaTiVO aO hOSPiTaL REaL DE TODOS OS SanTOS<br />

lheres com 5 camas, ten<strong>do</strong> no total 17 camas. Este <strong>Hospital</strong><br />

veio a servir para o ensino da Medicina após a reforma<br />

de 1537, e mais tarde passou a designar-se HOSPITAL DA<br />

UNIVERSIDADE DE COIMBRA, sen<strong>do</strong> transferi<strong>do</strong> para a alta<br />

da cidade <strong>em</strong> 1772.<br />

Na mesma época <strong>em</strong> que se começavam a criar os grandes<br />

Hospitais foram também criadas as Misericórdias. A<br />

primeira a ser fundada foi a Misericórdia de Lisboa, por<br />

iniciativa <strong>do</strong> Religioso Espanhol MIGUEL DE CONTRERAS,<br />

que veio para <strong>Portugal</strong> <strong>em</strong> 1481. Inicialmente, o papel das<br />

Misericórdias era de socorrer os <strong>do</strong>entes <strong>do</strong>s Hospitais<br />

com comida, visitar os enfermos e os presos, dan<strong>do</strong>-lhes<br />

alimentos e Medicamentos. Com o t<strong>em</strong>po, a essas obrigações<br />

foram-se adicionan<strong>do</strong> outras, entre as quais a administração<br />

<strong>do</strong>s Hospitais Civis. O próprio <strong>Hospital</strong> de<br />

To<strong>do</strong>s os Santos foi entregue à administração da Misericórdia<br />

de Lisboa <strong>em</strong> 1564.<br />

O HOSPITAL REAL DE TODOS<br />

OS SANTOS E OS PROFESSO-<br />

RES DE ANATOMIA E CIRURGIA<br />

A fundação <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Real de To<strong>do</strong>s os Santos foi a orig<strong>em</strong><br />

<strong>do</strong> progresso da Cirurgia no nosso País. Uma determinação<br />

<strong>do</strong> regimento <strong>Hospital</strong>ar dava ao Cirurgião<br />

Interno a obrigação de ler <strong>em</strong> cada dia uma Lição de Ana-<br />

tomia. Em Nov<strong>em</strong>bro de 1556, é instituída uma aula de<br />

Cirurgia e de Anatomia, cuja regência ficou a cargo <strong>do</strong> Dr.<br />

DUARTE LOPES, Físico-Mor <strong>do</strong> Reino. Devia ler diariamente<br />

uma lição de GUY DE CHAULIAC, durante uma<br />

hora; foi igualmente encarrega<strong>do</strong> de realizar as dissecções<br />

para estu<strong>do</strong> anatómico, que foss<strong>em</strong> necessárias para d<strong>em</strong>onstrações<br />

das lições.<br />

Em 10 de Dez<strong>em</strong>bro de 1560, por Alvará, é nomea<strong>do</strong> Lente<br />

de Anatomia o Licencia<strong>do</strong> PEDRO LOPES CARDOSO, e por<br />

falecimento deste, <strong>em</strong> 1561 foi nomea<strong>do</strong> AFONSO RO-<br />

DRIGUES DE GUEVARA, que era Lente na Universidade de<br />

Coimbra, e que foi igualmente encarrega<strong>do</strong> de ensinar<br />

Anatomia. Guevara era natural de Granada, licenciou-se<br />

<strong>em</strong> Siguenza e ensinou <strong>em</strong> Valla<strong>do</strong>lid. Começou a leccionar<br />

<strong>em</strong> Coimbra <strong>em</strong> 1556, de onde veio para Lisboa, deixou-nos<br />

um único livro publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> Coimbra <strong>em</strong> 1559,<br />

no qual assumiu a defesa de Galeno contra Vesálio.<br />

Este livro com 298 páginas está dividi<strong>do</strong> <strong>em</strong> três partes e<br />

mostra que o autor realizou por diversas vezes trabalhos<br />

pessoais de dissecção e investigação para apresentar os<br />

seus argumentos.<br />

No <strong>Livro</strong> I é curioso verificar os títulos de alguns Capítulos<br />

que têm relação com a Otorrinolaringologia:<br />

capítulo 2 - Teria razão Galeno <strong>em</strong> chamar ao osso <strong>do</strong><br />

paladar (o Esfenóide) cribiforme, ou seria como diz Vesálio,<br />

esponjoso?


FIGURA 9<br />

a REcOMPiLaÇÃO DE ciRURGia DE anTÓniO Da cRUZ cOnSTiTUi O PRiMEiRO<br />

TRaTaDO DE ciRURGia iMPRESSO EM PORTUGaL EM 1601 E TEVE PELO MEnOS<br />

OiTO REEDiÇÕES aTÉ 1711<br />

capítulo 3 - Trata de alguns erros de Vesálio sobre a<br />

Anatomia <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>;<br />

capítulo 4 - Exposição sobre a conformação óssea <strong>do</strong><br />

ouvi<strong>do</strong>;<br />

capítulo 12 - Era sobre o facto de Galeno julgar poder<br />

haver movimentos <strong>do</strong>s músculos da língua s<strong>em</strong> a participação<br />

<strong>do</strong>s nervos, e quais eram esses movimentos.<br />

No <strong>Livro</strong> II, igualmente exist<strong>em</strong> alguns Capítulos sobre<br />

a área de Otorrinolaringologia, são eles:<br />

capítulo 8 - Aparelho da olfacção - se o movimento <strong>do</strong><br />

cérebro é natural ou voluntário, e finalmente;<br />

capítulo 10 - Se os nervos auditivos vão à grande cavidade<br />

<strong>do</strong> osso petroso.<br />

A apreciação de Serrano a esta obra, encontro-a no seu<br />

Trata<strong>do</strong> de Osteologia Humana de 1897:<br />

“O Exame desta obra revela-nos predica<strong>do</strong>s de alta valia -<br />

segurança no dizer, s<strong>em</strong> refolhos - campânulas da velha escolástica,<br />

Sobriedade a citar os autores cuja crítica se impõe,<br />

e acima de tu<strong>do</strong> imparcialidade e independência” - Conclui<br />

Serrano: “Pode afoitamente ter-se por certo que Affonso de<br />

Guevara, foi Hom<strong>em</strong> Superior no ramo que exercitou”.<br />

Dos outros Cirurgiões que ensinavam no <strong>Hospital</strong> de<br />

To<strong>do</strong>s os Santos, um <strong>do</strong>s mais notáveis foi ANTÓNIO DA<br />

CRUZ, nomea<strong>do</strong> para a vaga devi<strong>do</strong> à morte de JOÃO<br />

DIAS, <strong>em</strong> 1579. António da Cruz, nasceu <strong>em</strong> Lisboa, estu-<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 29<br />

<strong>do</strong>u <strong>em</strong> Coimbra e no <strong>Hospital</strong> de Guadalupe, e teve carta<br />

de Habilitação como Cirurgião, passada <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 6<br />

de Agosto de 1568.<br />

Deixou-nos um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong> “RECOMPILAÇÃO DA CI-<br />

RURGIA, COMPOSTO PELO LICENCIADO ANTÓNIO DA<br />

CRUZ, CIRURGIÃO DE EL-REI E DO SEU HOSPITAL DE TODOS<br />

OS SANTOS”.<br />

A primeira Edição foi <strong>em</strong> 1601, e há conhecimento de uma<br />

oitava Edição <strong>em</strong> 1711, já após a sua morte que ocorreu<br />

<strong>em</strong> 1626. Durante muitos anos, esta obra constituiu o<br />

<strong>Livro</strong> de Texto das aulas de Anatomia e de Cirurgia.<br />

Na análise que faz à obra de António da Cruz, Serrano<br />

considera que o Trata<strong>do</strong> pode ser dividi<strong>do</strong> na parte Cirúrgica,<br />

que considera bastante interessante, e a parte sobre<br />

Anatomia, que considera menos inova<strong>do</strong>ra e nalguns<br />

casos incompleta.<br />

Em relação à Otorrinolaringologia encontro referências<br />

no terceiro Capítulo que se intitula “Da Anatomia <strong>do</strong> Rosto<br />

e suas Partes”, refere: “que o nariz foi feito para instrumento<br />

<strong>do</strong> cheirar, e para por ele entrar o ar da respiração para os<br />

bofes e também para purgar por ele, as superfluidades grossas<br />

<strong>do</strong> cérebro, e para a formosura <strong>do</strong> rosto”.<br />

Acerca das orelhas refere: “As orelhas são feitas de cartilag<strong>em</strong><br />

e estão postas sobre os ossos petrosos, e foram feitas<br />

para instrumento de ouvir, e não há nelas bicho, como o<br />

povo diz, mas a cada ouvi<strong>do</strong> vai um nervo que nasce no cérebro,<br />

que é o quinto par, o qual chega<strong>do</strong> ao buraco <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong><br />

faz uma pele tecida de fios <strong>do</strong> mesmo nervo aonde dá<br />

o tom da voz e se faz o senti<strong>do</strong> de ouvir”.<br />

Fala da “língua, das veas Leónicas que ficam debaixo das<br />

fauces, da garganta <strong>do</strong> padar ou céu-da-boca (véu <strong>do</strong> paladar)”,<br />

das amígdalas e da campainha, diz que ao inchaço<br />

das amígdalas o povo chama aos <strong>do</strong>entes “os da boca caí<strong>do</strong>s”.<br />

Neste capítulo fala <strong>do</strong> osso hióide, mas descreve-o<br />

com erros próprios de qu<strong>em</strong> nunca o terá visto.<br />

O quarto capítulo intitula-se “DA ANATOMIA DO PESCOÇO<br />

E SUAS PARTES ESPALDAS E BRAÇOS”. Fala da “traca artéria,<br />

áspera artéria ou cana <strong>do</strong> bofe (traqueia e laringe) <strong>do</strong> izofago<br />

meu ou tragadeira e da epiglotis ou larinx” - dizen<strong>do</strong> que é<br />

um pedaço de cartilag<strong>em</strong> como uma colher que está sobre<br />

a boca da traca artéria, abaixo da campaínha, e a esse propósito<br />

explica a expressão popular - “deu-lhe no goto”.<br />

A REFORMA<br />

DA UNIVERSIDADE<br />

No Reina<strong>do</strong> de D. João III, a Universidade Portuguesa continuava<br />

<strong>em</strong> grande decadência, devi<strong>do</strong> a vícios antigos.<br />

Este Rei assumiu a iniciativa da reforma <strong>do</strong> mosteiro de<br />

Santa Cruz, realizada por FREI BRÁS DE BRAGA, que andara<br />

a estudar nas Universidades de Paris e de Lovaina.<br />

Em Santa Cruz vai-se fazer a primeira tentativa de criar,<br />

entre nós, uma instituição moderna de ensino.


30<br />

A MEDICINA PORTUGUESA NOS SÉCULOS XIV E XV<br />

FIGURA 10<br />

ViSTa PanORÂMica Da ciDaDE DE cOiMBRa nUMa FOTOGRaFia DO SÉcULO XiX<br />

Continuan<strong>do</strong> a não haver uma localização fixa da Universidade,<br />

várias localidades pediram ao Rei para ser<strong>em</strong> elas a<br />

ter a honra dessa localização. Aconteceu que a certa altura<br />

uma grave Epid<strong>em</strong>ia de Peste afectou Lisboa, pelo que a<br />

Corte se deslocou para Coimbra e o Rei, na sua estadia,<br />

ficou impressiona<strong>do</strong> com a cidade e ordenou que a Universidade<br />

ficasse definitivamente sediada <strong>em</strong> Coimbra.<br />

Esta mudança efectuou-se <strong>em</strong> Março de 1537 e D. João V<br />

nomeia Reitor da Universidade, D. GARCIA DE ALMEIDA.<br />

Foram contrata<strong>do</strong>s <strong>Prof</strong>essores Estrangeiros, e a Universidade<br />

de Coimbra ganhou grande prestígio; <strong>em</strong> 1537 tinha<br />

612 alunos e <strong>em</strong> 1555 contava com 2500 alunos.<br />

O Curso da Faculdade de Medicina tinha seis Cadeiras,<br />

que foram sen<strong>do</strong> criadas à medida que se encontravam<br />

os <strong>Prof</strong>essores adequa<strong>do</strong>s. Assim, <strong>em</strong> 1537 só havia como<br />

<strong>Prof</strong>essor, HENRIQUE DE CUELLAR. Em 1538 é nomea<strong>do</strong><br />

TOMAZ RODRIGUES DA VEIGA e <strong>em</strong> 1544, ANTÓNIO BAR-<br />

BOSA. Em 1556 é criada a Cadeira de Anatomia que ficou<br />

a ser regida a partir de 1561, após a morte de Pedro Lopes<br />

Car<strong>do</strong>so, por AFONSO RODRIGUES GUEVARA. Existiam as<br />

Cadeiras “Prima, Véspera, Tércia e Nona”.<br />

As designações atribuídas às cadeiras não tinham qualquer<br />

relação com a matéria ensinada e correspond<strong>em</strong> à<br />

terminologia <strong>do</strong> Latim:<br />

Prima - hora <strong>do</strong> nascer <strong>do</strong> Sol;<br />

Tércia - meio da manhã;<br />

Sexta - meio-dia;<br />

nona - meio da tarde;<br />

Véspera - uma hora antes <strong>do</strong> pôr-<strong>do</strong>-sol.<br />

Na Cadeira Prima eram discutidas as obras de Galeno, durante<br />

os seis anos de curso. Na Véspera criticavam-se os<br />

Aforismos de Hipócrates. Na Tércia comentavam-se os Tex-<br />

tos de Avicena. Na Cadeira chamada Nona estudavam-se<br />

as Obras de Galeno. Havia aulas de Cirurgia e de Dissecção.<br />

Nos <strong>do</strong>is primeiros anos não havia exames e só no<br />

terceiro ano havia sessões de argumentação com os <strong>Prof</strong>essores.<br />

No 5º ano realizava-se o acto de Formatura e no<br />

6º ano o acto de Prática Médica. Como alternativa aos seis<br />

anos de Curso Universitário bastava um simples atesta<strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is Médicos que declarass<strong>em</strong> que determina<strong>do</strong><br />

indivíduo tinha pratica<strong>do</strong> com eles, para que pudesse<br />

fazer exame perante o Físico-Mor <strong>do</strong> Reino e lhe<br />

fosse concedida a carta de Médico (esta regra só terminou<br />

com a Reforma Pombalina).<br />

FIGURA 11<br />

FachaDa Da iGREja DE SanTa cRUZ EM cOiMBRa nO SÉcULO XiX


A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 31


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

<strong>Portugal</strong> e o Renascimento


á-se o nome de Renascimento ao movimento artístico, literário<br />

e científico que se iniciou <strong>em</strong> quase to<strong>do</strong>s os países<br />

europeus no final <strong>do</strong> século XV e no século XVI. Esse<br />

movimento pretendia substituir as tradições da Idade<br />

Média pelos modelos que haviam marca<strong>do</strong> a Antiguidade<br />

Greco-Romana, daí o nome Renascimento, no entanto<br />

este não se limitou a repetir o passa<strong>do</strong>, mas encontrou<br />

novas formas, novos t<strong>em</strong>as e novas ideias.<br />

É nesta época que aparec<strong>em</strong> vultos como LEONARDO DA<br />

VINCI e MIGUEL ÂNGELO, na Arte; DANTE, SHAKESPEARE,<br />

BACON e MIGUEL CERVANTES, na Literatura, e NICOLAU<br />

COPÉRNICO na Astronomia.<br />

No século XVI vão surgir algumas das figuras mais importantes<br />

da Medicina de to<strong>do</strong>s os t<strong>em</strong>pos. Falo entre outros,<br />

de ANDRÉ VESÁLIO, PARACELSO e FRASCASTORI.<br />

FRASCASTORI pertencia a uma Nobre família italiana, nasceu<br />

<strong>em</strong> Verona, estu<strong>do</strong>u Mat<strong>em</strong>ática, Geologia e Astronomia,<br />

e exerceu Medicina <strong>em</strong> Pádua, onde foi companheiro e<br />

amigo de Copérnico. Interessou-se muito pelas enfermidades<br />

epidémicas, sen<strong>do</strong> o primeiro a descrever o Tifo Exant<strong>em</strong>ático,<br />

a Peste Bubónica e a Sífilis, a qu<strong>em</strong> deu o nome.<br />

Em 1546 publicou a sua obra “DE CANTAGIONE” <strong>em</strong> que escreveu<br />

tu<strong>do</strong> o que se sabia sobre <strong>do</strong>enças infecto-contagiosas<br />

na época, pelo que é considera<strong>do</strong> o funda<strong>do</strong>r da<br />

moderna epid<strong>em</strong>iologia. A Sífilis foi uma terrível epid<strong>em</strong>ia<br />

que teve grande intensidade nos séculos XV e XVI por toda<br />

a Europa. Os nomes por que era designada eram muitos e<br />

variavam consoante os povos. Os Italianos chamavam-lhe<br />

o “Mal Francês”; os Espanhóis o “Mal Napolitano” e no<br />

Oriente era conheci<strong>do</strong> como “Mal Português”. Em <strong>Portugal</strong><br />

chamava-se o “Mal Serpentino”, mas devi<strong>do</strong> a um po<strong>em</strong>a<br />

escrito por Frascastori intitula<strong>do</strong> “SYFILIS, SIVE MORBUS<br />

GALLICUS”, o nome da <strong>do</strong>ença passou a ser o actual. Neste<br />

po<strong>em</strong>a, Frascastori imagina um jov<strong>em</strong> pastor, intitula<strong>do</strong> Sifilide,<br />

que ten<strong>do</strong> ultraja<strong>do</strong> os Deuses foi castiga<strong>do</strong> com uma<br />

repugnante e terrível enfermidade contagiosa. Após o<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 33<br />

po<strong>em</strong>a descreve o tratamento, que na época era o Guariaco<br />

ou o Pau-santo (mais tarde foi muito utiliza<strong>do</strong> o mercúrio).<br />

A partir dessa época o Morbu Gálico ficou<br />

conheci<strong>do</strong> com o nome de Sífilis.<br />

Outras das grandes figuras foi AMBROISE PARÉ, o maior<br />

Cirurgião <strong>do</strong> Renascimento e um <strong>do</strong>s maiores de to<strong>do</strong>s os<br />

t<strong>em</strong>pos. Deu uma Orientação Científica à Cirurgia, a começar<br />

no estu<strong>do</strong> profun<strong>do</strong> da Anatomia. Fez um resumo<br />

da Obra de Vesálio para estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Cirurgiões. É considera<strong>do</strong><br />

o Pai da Cirurgia Francesa. Foi assassina<strong>do</strong> na terrível<br />

matança da noite de São Bartolomeu, sob suspeita de que<br />

era Huguenote.<br />

Nesta época, <strong>Portugal</strong> e Espanha eram os <strong>do</strong>is países com<br />

maior prestígio Europeu, pelas suas conquistas e viagens.<br />

D. João III chamara para <strong>Portugal</strong> grandes <strong>Prof</strong>essores Estrangeiros,<br />

estabelec<strong>em</strong>-se novos estu<strong>do</strong>s no Mosteiro de<br />

Santa Cruz, cria-se um centro humanista <strong>em</strong> Évora, reforma-se<br />

a Universidade de Coimbra e nasce o Colégio<br />

Real das Artes e Humanidades. Surg<strong>em</strong> vultos como Luís<br />

de Camões, Sá de Miranda, Gil Vicente, Damião de Góis e<br />

Artistas como Nuno Gonçalves e Grão Vasco.<br />

Em <strong>Portugal</strong> continuavam as grandes viagens, com as<br />

quais os Portugueses contribuíram para o avanço da Medicina.<br />

Dois homens se destacaram: TOMÉ PIRES e GAR-<br />

CIA DE ORTA.<br />

TOMÉ PIRES que era Boticário, foi à Índia e China com o intuito<br />

de cultivar o espírito. Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> Embaixa<strong>do</strong>r de <strong>Portugal</strong><br />

na China, escreveu sobre os produtos <strong>do</strong>s Países por<br />

onde passava, aumentan<strong>do</strong> muito os conhecimentos de<br />

então, sobre drogas.<br />

O outro Português foi também para a Índia estudar. GAR-<br />

CIA DE ORTA era <strong>Prof</strong>essor da Universidade de Lisboa e<br />

reuniu os conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s na notável obra “CO-<br />

LÓQUIOS DOS SIMPLES” E “COISAS MEDICINAIS DA ÍNDIA”,<br />

publicada <strong>em</strong> 1563. Foi escrita <strong>em</strong> língua Portuguesa e


34<br />

PORTUGAL E O RENASCIMENTO<br />

FIGURA 12<br />

DUaS DaS iMaGEnS DO LiVRO DE aMBROiSE PaRÉ DE 1585 - UMa MÃO aRTiFiciaL E UMa SUTURa ESTÉTica Da FacE<br />

traduzi<strong>do</strong> para várias línguas, inclusive o Latim. O nome<br />

“Simples”, deriva das drogas que eram colhidas directamente<br />

<strong>do</strong>s três Reinos da Natureza, e com as quais se manufacturavam<br />

depois os medicamentos compostos.<br />

Esta foi a sua única Obra e foi escrita sob a forma de um diálogo<br />

entre duas personagens: o Doutor Ruano e o Doutor<br />

Orim, o primeiro simbolizan<strong>do</strong> o Erudito, tradicionalista e<br />

aristotélico, enquanto que o segun<strong>do</strong> representa o viajante<br />

e observa<strong>do</strong>r, anti-escolástico e experimentalista crítico,<br />

que aos textos contrapõe os factos. A riqueza e os interesses<br />

<strong>do</strong>s colóquios ultrapassam a Medicina pois versam também<br />

sobre a vida social, a geografia, a antropologia e até a<br />

culinária. Outra particularidade desta obra é a de incluir o<br />

primeiro verso impresso de LUIZ VAZ DE CAMÕES, que Garcia<br />

de Orta conheceu na Índia e com qu<strong>em</strong> conviveu.<br />

O <strong>Livro</strong> de Garcia de Orta é admirável e de leitura agradável,<br />

vamos ten<strong>do</strong> conhecimento da História <strong>do</strong>s Aromas,<br />

da História das Plantas e de inúmeras outras Histórias que<br />

nos faz<strong>em</strong> sentir <strong>em</strong> pleno século XVI. Da leitura breve<br />

que fiz da versão com<strong>em</strong>orativa <strong>do</strong> quarto Centenário da<br />

sua Publicação <strong>em</strong> 1964, não consegui referências terapêuticas<br />

específicas para a área da Otorrinolaringologia<br />

<strong>em</strong>bora, muitas se referiram a vómitos e a envenenamentos.<br />

FIGURA 13<br />

VERSÃO PORTUGUESa Da hiSTÓRia DOS aROMaS DE GaRcia DE ORTa nUMa<br />

REEDiÇÃO DE 1964


8<br />

FIGURA 14<br />

aSSinaTURaS DE GaRcia DE ORTa<br />

Na Medicina Portuguesa <strong>do</strong> século XVI destaca-se um<br />

nome: JOÃO RODRIGUES DE CASTELO BRANCO (de qu<strong>em</strong><br />

já falei na 1º parte <strong>do</strong> <strong>Livro</strong>), conheci<strong>do</strong> como AMATO LU-<br />

SITANO. Nasceu <strong>em</strong> 1511, <strong>em</strong> Castelo Branco, filho de pais<br />

Judeus, estu<strong>do</strong>u Medicina na Universidade de Salamanca,<br />

ten<strong>do</strong> regressa<strong>do</strong> a <strong>Portugal</strong> <strong>em</strong> 1529, devi<strong>do</strong> às perseguições<br />

da Inquisição. Viajou para Antuérpia <strong>em</strong> 1534, e é<br />

aí que publica o seu primeiro <strong>Livro</strong> “IN DIOSCORIDIS”. Viajou<br />

por toda a Europa até se estabelecer <strong>em</strong> Ferrara, Itália,<br />

<strong>em</strong> 1541 onde foi <strong>Prof</strong>essor de Anatomia. É nesta cidade<br />

que inicia a escrita da primeira Centúria (C<strong>em</strong> casos clínicos),<br />

que dedica a COSME DE MÉDICIS. A instabilidade política<br />

e religiosa que então se vivia <strong>em</strong> Itália, levam-no<br />

para Roma onde foi Médico <strong>do</strong> Papa Júlio III. Finalmente<br />

busca refúgio no Império Otomano, primeiro <strong>em</strong> Ragusa<br />

e depois <strong>em</strong> Salónica, na Grécia, cidade onde escreveu a<br />

sua última Centúria e onde morreu <strong>em</strong> 1569 com 57 anos.<br />

As “CENTÚRIAS DAS CURAS MEDICINAIS” são, de entre as<br />

obras que escreveu, o seu maior lega<strong>do</strong> à Humanidade.<br />

Escreveu sete Centúrias <strong>em</strong> latim, e cada Centúria apresenta<br />

c<strong>em</strong> casos clínicos com a descrição pormenorizada<br />

<strong>do</strong> caso clínico, referin<strong>do</strong> a idade <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente, a descrição<br />

da <strong>do</strong>ença e a terapêutica utilizada. Len<strong>do</strong> as Centúrias,<br />

conseguimos entrar, para além <strong>do</strong> aspecto médico, <strong>em</strong><br />

pleno século XVI, pois fala <strong>do</strong>s hábitos alimentares, da<br />

vida quotidiana etc. Conhec<strong>em</strong>-se pelo menos 59 traduções<br />

das Centúrias <strong>em</strong> diferentes línguas.<br />

Todas as centúrias são notáveis para o estu<strong>do</strong> da Medicina<br />

da época. O relato de cada uma das curas é acompanha<strong>do</strong><br />

no final, de comentários de Amato.<br />

As Centúrias relacionadas com a área de Otorrinolaringologia<br />

são as seguintes:<br />

Um Caso sobre Concreções <strong>do</strong> Nariz - Centúria VI, cura 1ª;<br />

Dois Casos sobre Vertig<strong>em</strong> - Centúria VI, curas 80ª e 81ª;<br />

Dois Casos sobre Surdez - Centúria VI, curas 25ª e 87ª;<br />

Quatro Casos de H<strong>em</strong>orragias Nasais - Centúria II, cura<br />

100ª; Centúria VI, curas 6ª e 54ª; Centúria VII, cura 66ª;<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 35<br />

Dez Casos sobre Anginas - Centúria I, curas 40ª, 87ª e<br />

100ª; Centúria III, curas 28ª, 29ª e 50ª; Centúria IV, cura 90ª,<br />

Centúria V, curas 55ª e 73ª; Centúria VII, cura 90ª;<br />

Três casos sobre Afonia - Centúria II, cura 70ª; Centúria IV,<br />

cura 14ª; Centúria VI, cura 5ª.<br />

Em virtude de cada uma das curas ser extensa e com comentários,<br />

e de ser<strong>em</strong> várias as da área de Otorrinolaringologia,<br />

irei, a título de ex<strong>em</strong>plo, referir uma das curas, a<br />

Cura 90ª, da IV Centúria:<br />

“A Viúva Rica sofria de uma angina. Não engolia nada, tinha<br />

febre, <strong>do</strong>ía-lhe a garganta e respirava com dificuldade, escarran<strong>do</strong><br />

porém muita matéria purulenta. Na ocasião <strong>em</strong><br />

que escarrava, apertava de la<strong>do</strong> a cabeça com as mãos.<br />

Nesse t<strong>em</strong>po não podia falar. Fui eu próprio vê-la a casa, e<br />

consideran<strong>do</strong> o referi<strong>do</strong> e que era uma mulher jov<strong>em</strong> e obesa<br />

e se estava no pino <strong>do</strong> Verão, mandei tirar-lhe seis libras de<br />

sangue da veia cefálica <strong>do</strong> braço. Externamente foi aplica<strong>do</strong><br />

no pescoço o seguinte <strong>em</strong>plastro: ninho-de-an<strong>do</strong>rinha, com<br />

alteia e camomila, faça-se um decocto suficiente com água<br />

e pise-se num almofariz. A isto junte-se de farinha de cevada,<br />

2 onças; de camomila, uma onça; de óleo rosa<strong>do</strong> de camomila,<br />

uma onça; de croco, uma dracma. Misture-se com o referi<strong>do</strong><br />

decocto, quanto baste, faça-se um <strong>em</strong>plastro e<br />

aplique-se tépi<strong>do</strong> ao pescoço. Foi também prepara<strong>do</strong> o seguinte<br />

gargarejo: de águas de tanchag<strong>em</strong> de rosas, uma libra;<br />

de xarope acetoso simples, uma onça; de diamorão, uma onça<br />

e meia; de croco, uma onça e meia. A <strong>do</strong>ente deu-se b<strong>em</strong> com<br />

este tratamento, que não foi necessário recorrer à abertura<br />

das veias sublinguais, tal como aconteceu com um solda<strong>do</strong>,<br />

que regressou da guerra”.<br />

Após a descrição da cura, Amato colocava os seus comentários:<br />

“Para dizermos agora algo sobre a angina, de acor<strong>do</strong> com<br />

Galeno, Hipócrates chama a todas as afecções (males) que<br />

afectam a garganta ou fauces com dificuldade respiratória,<br />

anginas. Há cinco espécies de anginas: a primeira dá-se<br />

quan<strong>do</strong> se tornam inflamadas as fauces, isto é, a parte interior<br />

da boca, onde se juntam as extr<strong>em</strong>idades da garganta e<br />

<strong>do</strong> esófago. A segunda verifica-se quan<strong>do</strong> n<strong>em</strong> as fauces<br />

n<strong>em</strong> as outras partes da boca, n<strong>em</strong> qualquer das partes externas<br />

parec<strong>em</strong> inflamadas e no entanto o <strong>do</strong>ente t<strong>em</strong> a sensação<br />

de perigo de sufocação da garganta. A terceira é<br />

quan<strong>do</strong> aparece, externamente, uma inflamação à volta das<br />

fauces. A quarta é quan<strong>do</strong> tanto a parte exterior como interior<br />

da garganta aparece inflamada. A quinta é quan<strong>do</strong> na<br />

parte anterior <strong>do</strong> pescoço, se deu a luxação das vértebras,<br />

isto acontece pelo aparecimento de um tumor extranatural<br />

ou por um tubérculo aí nasci<strong>do</strong>.”<br />

A parte seguinte <strong>do</strong> comentário é sobre as propriedades<br />

<strong>do</strong> ninho-de-an<strong>do</strong>rinha, como força dissipante da <strong>do</strong>ença.<br />

Amato Lusitano foi poliglota, <strong>do</strong>minava o Latim, o Grego,<br />

o Hebraico, o Árabe, o Português, o Castelhano, o Francês,<br />

o Italiano, o Al<strong>em</strong>ão e presume-se que também o Inglês.<br />

Max Solomon, um <strong>do</strong>s seus biógrafos, considerou-o<br />

como: “Um hom<strong>em</strong> que representa a Medicina <strong>do</strong> século<br />

XVI, como Erudito, como Anatomista e como Clínico.”


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

A Medicina Portuguesa<br />

no Século XVII


e entre os grandes nomes deste século destaca-se a figura<br />

de WILLIAM HARVEY (1578 - 1657) que descobriu a circulação<br />

<strong>do</strong> sangue, e com essa descoberta modificou para<br />

s<strong>em</strong>pre o mo<strong>do</strong> como se encarava a Fisiologia Humana.<br />

Harvey, no seu <strong>Livro</strong> “DE MOTOCORDIS”, dedica<strong>do</strong> a CAR-<br />

LOS I de Inglaterra, afirmou e d<strong>em</strong>onstrou que o coração<br />

não tinha ar, n<strong>em</strong> espinhos, mas era um órgão que distribuía<br />

mecanicamente o sangue a to<strong>do</strong> o organismo, funcionan<strong>do</strong><br />

como uma bomba que aspirava e irrigava.<br />

Apesar da intensa obra científica que se ia realizan<strong>do</strong> na<br />

Europa, a contribuição portuguesa era b<strong>em</strong> pequena. A<br />

perda da Independência e a consequente Guerra da Restauração,<br />

não permitiam o sossego necessário para grandes<br />

descobertas.<br />

Neste século, <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> destacaram-se alguns Médicos<br />

entre os quais ANTÓNIO DA CRUZ, <strong>do</strong> qual já falei e que<br />

foi o mais notável cirurgião <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os Santos,<br />

ALEIXO DE ABREU que foi o primeiro Médico Português<br />

a descrever o escorbuto, DUARTE MADEIRA ARRAIS,<br />

que estu<strong>do</strong>u <strong>em</strong> Salamanca, foi médico de D. JOÃO IV e<br />

escreveu um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong>: “DE MORBU GÁLICO” sobre<br />

as Doenças Venéreas.<br />

ZACUTO LUSITANO<br />

1575 - 1642<br />

ZACUTO LUSITANO (1575 - 1642), outro <strong>do</strong>s médicos dessa<br />

época é considera<strong>do</strong> o maior nome da Medicina Portuguesa<br />

<strong>do</strong> século XVII.<br />

Zacuto Lusitano, nasceu <strong>em</strong> Lisboa, <strong>em</strong> 1575, viveu <strong>em</strong><br />

<strong>Portugal</strong> a maior parte da sua vida mas é conheci<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong><br />

pelos 17 anos <strong>em</strong> que viveu no estrangeiro. Era<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 37<br />

descendente de uma família de judeus, mas, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

baptiza<strong>do</strong>, era considera<strong>do</strong> um cristão-novo. Era descendente<br />

de Abraão Ben Samuel Zacuto (1450 - 1532), um astrónomo,<br />

autor <strong>do</strong> Almanaque Perpétuo.<br />

Em Lisboa, estu<strong>do</strong>u Latim, Gramática e Retórica, in<strong>do</strong> depois<br />

para Coimbra e a seguir para Salamanca, estudar Filosofia<br />

e Medicina.<br />

Doutorou-se com 21 anos <strong>em</strong> 1596 e foi para Coimbra<br />

praticar Medicina durante <strong>do</strong>is anos, fin<strong>do</strong>s os quais teve<br />

de fazer o exame de habilitação perante o Físico-Mor <strong>do</strong><br />

reino. Foi então para Lisboa, e lá presenciou e curou <strong>do</strong>entes<br />

na epid<strong>em</strong>ia de peste de 1600, tal como está descrito<br />

no 2º volume da sua “OPERA OMNIA”.<br />

Terá si<strong>do</strong> nessa altura que curou o MARQUÊS DE FER-<br />

REIRA, D. FRANCISCO DE MELLO, que, depois da Restauração<br />

de 1640, ocupou o lugar de Conselheiro de Esta<strong>do</strong>.<br />

Esta cura v<strong>em</strong> repetida, por duas vezes, no 1º volume<br />

desse <strong>Livro</strong>.<br />

Em 1625, devi<strong>do</strong> às perseguições da inquisição, Zacuto<br />

Lusitano vai viver para Espanha e depois para a Holanda,<br />

para a cidade de Amesterdão. Partiu com a mulher e os<br />

seus 5 filhos.<br />

No dia 21 de Janeiro de 1642, Zacuto Lusitano falecia <strong>em</strong><br />

Amesterdão.<br />

As suas obras, publicadas ao longo de vários anos, foram<br />

todas reunidas num <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong> “OPERA OMNIA” (este<br />

termo significa, literalmente <strong>do</strong> latim, TODA A OBRA), publica<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> Lyon <strong>em</strong> 1649, <strong>em</strong> 2 volumes, com páginas a<br />

2 colunas, o 1º volume com 1086 páginas e o 2º com 922.


38<br />

A MEDICINA PORTUGUESA NO SÉCULO XVII<br />

FIGURA 15<br />

ROSTO Da EDiÇÃO DE 1649 DO LiVRO DE ZacUTO LUSiTanO - OPERA OMNIA E a GRaVURa cOM a iMaGEM DE ZacUTO QUE SE EncOnTRa nO LiVRO<br />

O Primeiro Volume contém essencialmente a obra “De ME-<br />

DICORUM PRINCIPUM HISTORIA LIBRI SEX”. Começa com<br />

um TOTIUS OPERIS PRÆFATIO, onde cita muitos Médicos<br />

Portugueses. A seguir v<strong>em</strong> a bibliografia com o nome<br />

OPERIS AUCTORES. Depois as cartas encomiásticas <strong>do</strong>s<br />

amigos <strong>do</strong> autor. A obra é composta por 6 <strong>Livro</strong>s:<br />

<strong>Livro</strong> 1º - 84 histórias sobre as <strong>do</strong>res de cabeça;<br />

<strong>Livro</strong> 2º - 151 histórias sobre as <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> aparelho<br />

digestivo, respiratório, circulatório e urinário;<br />

<strong>Livro</strong> 3º - 48 histórias sobre <strong>do</strong>enças <strong>do</strong>s órgãos genitais<br />

e <strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros inferiores;<br />

<strong>Livro</strong> 4º - 55 histórias sobre as febres: espécies, diferenças,<br />

causas, sinais, prognóstico e tratamento;<br />

<strong>Livro</strong> 5º - 33 histórias sobre venenos, <strong>do</strong>enças tóxicas e<br />

seus antí<strong>do</strong>tos;<br />

<strong>Livro</strong> 6º - 19 histórias sobre <strong>do</strong>enças diversas.<br />

O 2º volume contém basicamente duas obras: a “PRAXIS<br />

HISTORIARUM” que compreende 5 <strong>Livro</strong>s e a “PRAXIS ME-<br />

DICA ADMIRANDA”, que compreende 3 <strong>Livro</strong>s.<br />

Segu<strong>em</strong>-se as cartas encomiásticas e os po<strong>em</strong>as. Depois<br />

a lista <strong>do</strong>s autores cita<strong>do</strong>s e a divisão da “PRAXIS HISTO-<br />

RIARUM”.<br />

V<strong>em</strong> então o “INTROITUS MEDICI AD PRAXIN”, um pequeno<br />

trata<strong>do</strong> de Deontologia médica, segue-se uma Farmacopeia<br />

e um trata<strong>do</strong> de Farmácia, basea<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> nos<br />

trabalhos <strong>do</strong>s árabes.<br />

V<strong>em</strong> depois a “PRAXIS HISTORIARUM”, dividida nos 5 <strong>Livro</strong>s<br />

seguintes:<br />

<strong>Livro</strong> 1º - Doenças da cabeça;<br />

<strong>Livro</strong> 2º - Doenças das vísceras, tórax e abdómen;<br />

<strong>Livro</strong> 3º - Doenças das mulheres;<br />

<strong>Livro</strong> 4º - Tratamento das febres;<br />

<strong>Livro</strong> 5º - Cura <strong>do</strong>s sintomas das febres.<br />

Segue-se uma oração (página 706) e um índice.<br />

A seguir a “PRAXIS MEDICA ADMIRANDA”, que compreende<br />

3 <strong>Livro</strong>s:<br />

<strong>Livro</strong> 1º - Doenças da cabeça;<br />

<strong>Livro</strong> 2º - Doenças das partes naturais, genitais e m<strong>em</strong>bros<br />

inferiores;<br />

<strong>Livro</strong> 3º - Febres e outras <strong>do</strong>enças.<br />

Zacuto Lusitano ficou na história da Medicina Portuguesa<br />

como um <strong>do</strong>s seus nomes mais sonantes e o primeiro português<br />

<strong>Historia</strong><strong>do</strong>r da Medicina.


FIGURA 16<br />

JOÃO CURVO SEMEDO<br />

1635 - 1719<br />

Um <strong>do</strong>s <strong>Livro</strong>s mais famosos desta época intitula-se “OB-<br />

SERVAÇÕES MÉDICAS DOUTRINAIS DE CEM CASOS GRA-<br />

VÍSSIMOS”.<br />

O autor é JOÃO CURVO SEMEDO que nasceu <strong>em</strong> Monforte<br />

<strong>em</strong> 1635, terminou o Curso <strong>em</strong> Coimbra, onde se<br />

tinha matricula<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1657. Estabeleceu-se <strong>em</strong> Lisboa<br />

onde adquiriu grande reputação.<br />

Em 1695, publicou “POLIÂNTEA MEDICINAL” que foi um<br />

<strong>do</strong>s <strong>Livro</strong>s de referência <strong>do</strong>s Médicos Portugueses durante<br />

muitos anos.<br />

A Poliântea compõe-se de três Trata<strong>do</strong>s: o primeiro é<br />

sobre os vómitos, o segun<strong>do</strong> sobre as qualidades <strong>do</strong> antimónio<br />

ou pó de Quintílio e o terceiro sobre os benefícios<br />

da Química na Medicina.<br />

Curvo S<strong>em</strong>e<strong>do</strong> foi um <strong>do</strong>s Médicos Portugueses mais eruditos.<br />

Foi, segun<strong>do</strong> FERREIRA DE MIRA (autor de um <strong>do</strong>s<br />

mais importantes livro de história da medicina portuguesa),<br />

o primeiro que entre nós teve noções exactas<br />

sobre a circulação sanguínea e linfática, o primeiro a in-<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 39<br />

ROSTO DO LiVRO DE jOaM cURVO SEMEDO DE 1727 “OBSERVaÇÕES MÉDicaS DOUTRinaES” E a GRaVURa DO aUTOR QUE acOMPanha ESTa EDiÇÃO PUBLicaDa<br />

EM LiSBOa<br />

troduzir a química na terapêutica, o primeiro a falar <strong>do</strong><br />

<strong>em</strong>prego da Quina etc.<br />

Senhor de muitos segre<strong>do</strong>s, pois conservava as suas fórmulas<br />

secretas, causou muitas invejas entre os seus cont<strong>em</strong>porâneos.<br />

O livro a que faço referência contém c<strong>em</strong> observações<br />

Médicas Doutrinais, das quais três refer<strong>em</strong>-se a <strong>do</strong>enças<br />

da área da Otorrinolaringologia.<br />

A Observação Nº XXVI refere tratar-se de:<br />

“Uma surdez antiga, que por desprezar no princípio, tomou<br />

tanta posse que quan<strong>do</strong> se quis curar, zombou da diligência<br />

das artes, e sen<strong>do</strong> eu chama<strong>do</strong>, apliquei-lhe alguns r<strong>em</strong>édios<br />

tão singulares, que dentro de vinte dias ouvia tão claramente,<br />

como quan<strong>do</strong> tinha saúde muito perfeita”.<br />

Segue-se a descrição <strong>do</strong> caso clínico <strong>em</strong> seis páginas. No<br />

último capítulo refere: “A água de pão de freixo destilada<br />

por descenso, é um r<strong>em</strong>édio maravilhoso, deitan<strong>do</strong> no Ouvi<strong>do</strong><br />

quatro gotas cada dia.” O artigo descreve os tratamentos<br />

efectua<strong>do</strong>s, referin<strong>do</strong> que segue os conselhos de<br />

Massonia.<br />

A observação Nº LVI refere o caso: “De uma vertig<strong>em</strong> muito<br />

rebelde, que resistin<strong>do</strong> a mil r<strong>em</strong>édios excelentes, se rendeu


40<br />

A MEDICINA PORTUGUESA NO SÉCULO XVII<br />

FIGURA 17<br />

ROSTO DO LiVRO DE jOÃO cURVO SEMEDO “aTaLaYa Da ViDa” PUBLicaDO EM LiSBOa EM 1754 E a PÁGina REFEREnTE ÀS DOEnÇaS DOS OUViDOS<br />

aos pós de Quintílio e a umas pílulas que preparo por minhas<br />

mãos, que se acharão <strong>em</strong> minha casa.”<br />

Escreve João Curvo S<strong>em</strong>e<strong>do</strong>:<br />

“Confesso que entrei nesta batalha com poucas esperanças<br />

de vitória, porque a <strong>do</strong>ença já tinha grandes raízes, o<br />

hom<strong>em</strong> era velho, o t<strong>em</strong>peramento adulto, a melancolia<br />

grande e a desconfiança maior.”<br />

Diz o autor que, após apurar as possíveis causas da<br />

<strong>do</strong>ença purgou várias vezes o <strong>do</strong>ente até à cura. Termina<br />

citan<strong>do</strong> Galeno: “Os r<strong>em</strong>édios dev<strong>em</strong> aplicar-se as vezes que<br />

for<strong>em</strong> necessárias, ainda que <strong>em</strong> muitos dias não vejamos<br />

proveito neles.”<br />

A última observação que gostaria de referir é a nº LXIII,<br />

que diz o seguinte:<br />

“De uma surdez e zunimento de ambos os ouvi<strong>do</strong>s, acompanhada<br />

de uma purgação que por eles corria há <strong>do</strong>is anos<br />

no decurso da qual se aplicaram muitos r<strong>em</strong>édios, s<strong>em</strong> alívio,<br />

<strong>do</strong>nde vim a presumir que dentro <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s havia alguma<br />

chaga, e que era essa a causa de tanta resistência.<br />

Não me enganei, porque depois <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente b<strong>em</strong> purga<strong>do</strong>, lhe<br />

deitei dentro um licor feito de escórias de ferro, e foi tão eficaz<br />

o efeito deste r<strong>em</strong>édio, que se venceu a <strong>do</strong>ença <strong>em</strong> cinquenta<br />

dias.”<br />

Depois de descrever o tratamento, o autor, no ponto 4 <strong>do</strong><br />

texto refere:<br />

“Quatro coisas quero advertir neste lugar, aos médicos principiantes:<br />

A primeira é que to<strong>do</strong>s os r<strong>em</strong>édios que se aplicar<strong>em</strong><br />

para qualquer enfermidade <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s, se apliqu<strong>em</strong><br />

mornos, porque, como o órgão <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> é cartilaginoso e<br />

espermático, se ofende com muito frio.”<br />

“A segunda é que antes que se aplique este ou qualquer<br />

outro r<strong>em</strong>édio, o <strong>do</strong>ente aspire por um funil, o bafo das seguintes<br />

ervas aromáticas.” (Segue-se uma quantidade<br />

enorme de ervas).<br />

“A terceira coisa é, que se a chaga <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s resistir a to<strong>do</strong>s<br />

os r<strong>em</strong>édios referi<strong>do</strong>s, que se lhe meta cada dia uma mecha de<br />

fios, r<strong>em</strong>olhada <strong>em</strong> uma pequena quantidade de unguento.”<br />

(Segue-se a fórmula).<br />

“A quarta coisa, é que se as outras hipóteses falhar<strong>em</strong>, devese<br />

mandar preparar no Boticário.” (Segue-se nova sequência<br />

de ervas, junto com trezentos ovos de formigas e<br />

quarenta bichos de conta). “Tu<strong>do</strong> deve ser coloca<strong>do</strong> numa<br />

garrafa de vidro forte, da Holanda, fechar b<strong>em</strong> o frasco e enterrá-lo<br />

num monte de esterco de cavalo por quinze dias,<br />

após o que, depois de fervi<strong>do</strong>, se deitarão seis gotas no ouvi<strong>do</strong>,<br />

duas vezes por dia.”


Em 1754 João Curvo S<strong>em</strong>e<strong>do</strong> publica um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong>:<br />

“ATALAYA DA VIDA CONTRA AS HOSTILIDADES DA MORTE<br />

FORTIFICADA E GUARNECIDA COM TANTOS DEFENSORES<br />

QUANTOS SÃO OS REMÉDIOS QUE NO DECURSO DE CIN-<br />

COENTA E OITO ANOS EXPERIMENTOU JOÃO CURVO SE-<br />

MEDO, CAVALLEIRO DA ORDEM DE CHRISTO FAMILIAR DO<br />

SANTO OFÍCIO, E MÉDICO DA CASA REAL. ALISBOA OFFI-<br />

CINA DE DOMINGOS GONSALVES MDCCLIV”.<br />

Ao longo de 495 páginas são descritas inúmeras fórmulas<br />

para tratar variadas <strong>do</strong>enças. Em relação à Otorrinolaringologia,<br />

encontro na página 218 o tratamento para o Garrotilho,<br />

Esquinência ou Angina, que refere que se cura com<br />

os vomitórios de água benedicta, de mo<strong>do</strong> a evacuar os humores<br />

pela garganta.<br />

Noutra passag<strong>em</strong> diz que: “O garrotilho ou inflamação da<br />

garganta tão grande que n<strong>em</strong> agoa póde passar para baixo,<br />

se cura muito b<strong>em</strong> gargarejan<strong>do</strong> com vinagre forte, <strong>em</strong> que<br />

se tenha fervi<strong>do</strong> hum punha<strong>do</strong> de loína e outro de sal.”<br />

Na página 323 fala <strong>do</strong> olfacto perdi<strong>do</strong> e <strong>do</strong> seu tratamento,<br />

e da página 340 à 344 são os tratamentos para os<br />

ouvi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>lorosos e para a surdez, muito na linha <strong>do</strong>s tratamentos,<br />

aos quais já fiz referência no livro <strong>do</strong>s c<strong>em</strong><br />

casos gravíssimos.<br />

Eram estes alguns <strong>do</strong>s tratamentos preconiza<strong>do</strong>s pelo<br />

Médico mais famoso de Lisboa e Médico da Casa Real, no<br />

final <strong>do</strong> século XVII.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 41<br />

ANTÓNIO FERREIRA<br />

1616-1679<br />

Um <strong>do</strong>s grandes cirurgiões portugueses deste século foi<br />

ANTÓNIO FERREIRA. Nasceu <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1616 e obteve<br />

a Carta de Cirurgião <strong>em</strong> 1644. Em 1650 foi nomea<strong>do</strong> Barbeiro<br />

Sangra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Santo Ofício e mais tarde Cirurgião<br />

<strong>do</strong>s Cárceres da Inquisição. Em 1654 foi nomea<strong>do</strong> Cirurgião<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os Santos, Cirurgião da Câmara<br />

de D. Afonso VI e de D. Pedro II, Cavaleiro da ord<strong>em</strong> de S.<br />

Tiago e da Ord<strong>em</strong> de Cristo. Acompanhou a Londres a Infanta<br />

D. Catarina quan<strong>do</strong> esta casou com Carlos II de Inglaterra,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> Cirurgião da Real Câmara.<br />

Faleceu <strong>em</strong> 1679, com 63 anos.<br />

Deixou uma obra notável (a Edição que eu tenho, que é a<br />

de 1705) intitulada “LUZ VERDADEIRA E RECOPILADO<br />

EXAME DE TODA A CIRURGIA DEDICADA A AUGUSTO E<br />

REAL MAGESTADE D’EL REY D. PEDRO II, NOSSO SENHOR:<br />

AUTHOR O LICENCIADO ANTÓNIO FERREIRA.”<br />

É um volume com 527 páginas, composto por duas partes,<br />

a primeira sobre Anatomia e Patologia com 422 páginas e<br />

a segunda parte intitulada “NOVA PRATICA E THEORICA DE<br />

CIRURGIA QUE TRATA DE TODOS OS ACIDENTES, CAUSAS,<br />

FINAIS, PROGNÓSTICOS E CURA DELLES QUE PODEM SO-<br />

BREVIR A TODAS AS FERIDAS, COMPOSTO PELO MESMO<br />

FIGURA 18<br />

O ROSTO E UMa DaS PÁGinaS RELaTiVaS aO OUViDO, aO naRiZ E À BOca Da EDiÇÃO DE 1705 Da LUZ VERDaDEiRa E REcOPiLaDO EXaME<br />

DE TODa a ciRURGia DE anTÓniO FERREiRa


42<br />

A MEDICINA PORTUGUESA NO SÉCULO XVII<br />

AUTHOR.” Desta Obra saíram cinco edições, sen<strong>do</strong> a primeira<br />

<strong>em</strong> 1670 e a última <strong>em</strong> 1757. Possui um capítulo<br />

sobre generalidades de cirurgia e dezoito livros (ou capítulos)<br />

- um sobre Anatomia, <strong>do</strong>is de Apost<strong>em</strong>as, oito sobre<br />

feridas, um sobre fluxo de sangue, <strong>do</strong>is de chagas, um de<br />

fracturas, outro de deslocações e o último intitula<strong>do</strong> “NOVA<br />

PRATICA E THEORICA DE CIRURGIA”, conten<strong>do</strong> no total,<br />

nada menos <strong>do</strong> que setenta e três capítulos.<br />

No capítulo sobre a Anatomia <strong>do</strong> Rosto, traz referências<br />

aos ouvi<strong>do</strong>s, nariz e boca, refere: “As orelhas exist<strong>em</strong>, a externa<br />

ou auricular, próximo de algumas glândulas que chamam<br />

Parótidas, que são <strong>em</strong>enatórias <strong>do</strong> cérebro, porque<br />

receb<strong>em</strong> os excr<strong>em</strong>entos delle.”<br />

Ao ouvi<strong>do</strong> interno chama osso petroso que refere ter quatro<br />

cavidades:<br />

1. O Meatus Auditorius, com um septo, o tympanum;<br />

2. A Cochlea ou pelvi, onde estão muitas partículas que são<br />

os instrumentos da pulsação (martelo, bigorna e estribo),<br />

da passag<strong>em</strong> (duas janelas, uma oval e outra s<strong>em</strong> nome)<br />

e de expurgação (a actual Trompa de Eustáquio);<br />

3. O Labyrinthus porquanto t<strong>em</strong> muitas voltas; e por último,<br />

4. O Foramen Cecum ou Cochlea, por ser s<strong>em</strong>elhante à<br />

casca <strong>do</strong> caracol.<br />

FIGURA 19<br />

Do Nariz descreve, começan<strong>do</strong> por fora:<br />

“ O Dorsum Nasi - a parte ossea superior, O Nasi Globulus, a<br />

parte inferior e média, molle e cartilaginosa, a Pinea, as partes<br />

inferiores laterais, a Columna (a columela); por dentro estão<br />

as ventas separadas pelo septo e cada huma <strong>em</strong> cima e perto<br />

<strong>do</strong> meyo <strong>do</strong> nariz se divide <strong>em</strong> <strong>do</strong>is buracos, um sahe acima <strong>do</strong><br />

osso crivoso e outro vay sobre o Padar (véu <strong>do</strong> paladar) às fauces<br />

e interiores da boca.”<br />

Não faz qualquer referência ao nervo olfactivo, ao qual<br />

António da Cruz já se tinha referi<strong>do</strong>.<br />

No <strong>Livro</strong> Terceiro sobre os Apost<strong>em</strong>as, <strong>em</strong> Particular, fala<br />

da Esquinância que refere ser um apost<strong>em</strong>a (inchaço) que<br />

nasce na garganta e que impede a respiração e o engolir. Na<br />

página 133 fala <strong>do</strong> tratamento para as <strong>do</strong>res <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s.<br />

Os <strong>Livro</strong>s Oitavo e Nono são sobre as feridas, nomeadamente<br />

<strong>do</strong> rosto, da orelha, <strong>do</strong> nariz, da língua e <strong>do</strong> pescoço.<br />

O <strong>Livro</strong> Décimo Quarto é sobre as chagas, a segunda parte<br />

<strong>do</strong> livro é sobre “Nova Prática e Theórica de Cirurgia que<br />

trata de to<strong>do</strong>s os Acidentes etc.”<br />

“cOMPEnDiO DE MUiTOS E VÁRiOS REMÉDiOS DE ciRURGia...”, POR GOnÇaLO RODRiGUES DE caBREYRa, QUE VEM incLUÍDO<br />

nO TRaTaDO “LUZ Da MEDicina” DE FRanciScO MORaTO ROMa, na EDiÇÃO DE 1726


FRANCISCO MORATO ROMA<br />

1588-1688<br />

FRANCISCO MORATO ROMA (1588 - 1668), natural de Castelo<br />

de Vide, veio para Lisboa com D. João IV, pois era Médico<br />

<strong>do</strong>s Duques de Bragança e aqui morreu <strong>em</strong> 1668.<br />

Publicou um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong>:<br />

“LUZ DA MEDICINA PRÁCTICA, RACIONAL E METHODICA,<br />

Guia de Enfermeiros. Directorio de Principiantes /& /Summario<br />

de r<strong>em</strong>édios para poder acudir e r<strong>em</strong>ediar os achaques<br />

<strong>do</strong> corpo humano, começan<strong>do</strong> <strong>do</strong> mais alto da<br />

cabeça e descen<strong>do</strong> athe o mais baixo das plantas <strong>do</strong>s pés/<br />

Obra muito útil e necessária não só para <strong>Prof</strong>essores de<br />

Arte da Medicina e Cirurgia, mas também para to<strong>do</strong> o Pay<br />

de famílias. De que se poderão aproveitar os pobres e<br />

ricos, na falta de Médicos Doutos/ Composto pelo Doutor<br />

Francisco Morato Roma/ Médico da Câmara de Sua<br />

Majestade e <strong>do</strong> Santo Offício da Inquisição/ Cavaleiro <strong>Prof</strong>esso<br />

da Ord<strong>em</strong> de Christo/ Com o Compêndio de vários<br />

r<strong>em</strong>édios de Cirurgia, recopila<strong>do</strong> <strong>do</strong> Thesouro <strong>do</strong>s Pobres<br />

e outros Autores por Gonçalo Rodrigues de Cabreyra/ No<br />

Real Collegio das Artes da Companhia de Jesus Anno de<br />

1726/ A custa <strong>do</strong> Antonio Simoens Ferreyra. Livreiro.”<br />

Este <strong>Livro</strong> com este título enorme, teve várias edições, a primeira<br />

<strong>em</strong> 1664 ainda <strong>em</strong> vida <strong>do</strong> Autor, e as outras póstumas<br />

<strong>em</strong> 1672, 1686, 1700, 1726 e a última <strong>em</strong> 1753,<br />

quase um Século depois da morte <strong>do</strong> Autor, pois tinha faleci<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> 1668.<br />

FIGURA 20<br />

PÁGina DE ROSTO DO LiVRO DE FREi ManUEL DE aZEVEDO “cORREcÇÃO<br />

DE aBUSOS inTRODUZiDOS cOnTRa O VERDaDEiRO METhODO Da MEDicina”<br />

PUBLicaDO EM LiSBOa EM 1668<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 43<br />

A edição que eu tenho de 1726 é um livro com 459 páginas,<br />

dividi<strong>do</strong> <strong>em</strong> vários <strong>Livro</strong>s e Trata<strong>do</strong>s. Em relação à<br />

Otorrinolaringologia, encontro a primeira referência na<br />

Página 184, no Trata<strong>do</strong> VIII, Capítulo I como título “DOS<br />

ACHAQUES DOS NARIZES” e no Capítulo II “DO FLUXO DE<br />

SANGUE DOS NARIZES”, dizen<strong>do</strong> por ex<strong>em</strong>plo:<br />

“Quan<strong>do</strong> o sangue se não pode estancar por ser muito delga<strong>do</strong><br />

e haver apertão de vea, neste he força<strong>do</strong> acodir com astringentes<br />

e refrigerantes, pon<strong>do</strong> nas fontes e sobre a<br />

comissura coronal o sumo de tanchag<strong>em</strong>, de alface com<br />

humas gotas de vinagre.”<br />

Na segunda parte <strong>do</strong> livro, encontro um Compêndio de<br />

Cirurgia de Gonçalo Rodrigues de Cabreyra. Os capítulos<br />

VII e VIII são dedica<strong>do</strong>s aos ouvi<strong>do</strong>s: r<strong>em</strong>édios para <strong>do</strong>res<br />

de ouvi<strong>do</strong>s e para sur<strong>do</strong>s, que não ouv<strong>em</strong>; apresenta seis<br />

fórmulas diferentes de Medicamentos, por ex<strong>em</strong>plo:<br />

“Se houver grande pulsação como que lateja, tomar quatro<br />

onças de óleo rola<strong>do</strong>, e hum de vinagre e posto tu<strong>do</strong> ao fogo<br />

athe que se consuma o vinagre, deitar uma gotas no ouvi<strong>do</strong>:<br />

he muito bom.”<br />

No Capítulo VIII são r<strong>em</strong>édios para Surdez Antiga:<br />

“Tom<strong>em</strong> sumo de orégão e leite de mulher, deita<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> no ouvi<strong>do</strong><br />

sararão e tira a <strong>do</strong>r”, e para terminar a mais espantosa<br />

das curas: “ Tom<strong>em</strong> ovos das formigas, misturadas muito b<strong>em</strong><br />

com urina de moço virg<strong>em</strong> e depois coa<strong>do</strong>, lanc<strong>em</strong>-o nos ouvi<strong>do</strong>s,<br />

sararao de todas as Enfermidades, que neles tiver<strong>em</strong>.”<br />

Eram estas as prescrições de um Médico da Casa Real no<br />

Século XVII.<br />

FREI MANUEL TEIXEIRA<br />

DE AZEVEDO<br />

No século XVII assistiu-se a um grande interesse pelas sangrias<br />

que serviam para tratar quase tu<strong>do</strong>. Contra este entusiasmo<br />

louco pela sangria, insurge-se Frei Manuel<br />

Teixeira de Azeve<strong>do</strong>.<br />

FREI MANUEL DE AZEVEDO, nasceu <strong>em</strong> Lisboa, estu<strong>do</strong>u<br />

Medicina <strong>em</strong> Salamanca, deven<strong>do</strong> ter concluí<strong>do</strong> o seu<br />

curso <strong>em</strong> 1626. Embarcou <strong>em</strong> 1631 na armada Espanhola<br />

que de Lisboa se dirigia ao Brasil (<strong>Portugal</strong> estava sob o <strong>do</strong>mínio<br />

<strong>do</strong>s Filipes), e prestou nela relevantes serviços, assim<br />

como <strong>em</strong> 1635 e 1638. Por este motivo, foi nomea<strong>do</strong> neste<br />

último ano, médico da armada <strong>do</strong> Mar Oceano, lugar que<br />

des<strong>em</strong>penhou por mais de onze anos, assim como o de<br />

médico da real câmara, que andava anexo àquele cargo<br />

quan<strong>do</strong> fosse exerci<strong>do</strong> por mais de seis anos. Como tal, percorreu<br />

diferentes regiões e vários climas, ten<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

Salamanca, Évora, Sevilha, Cádis, Madrid, Catalunha, portos<br />

de França, Índia, Brasil etc. A proclamação da Independência<br />

de <strong>Portugal</strong> fê-lo perder o lugar.


44<br />

A MEDICINA PORTUGUESA NO SÉCULO XVII<br />

Regressan<strong>do</strong> a Lisboa, professou na regra <strong>do</strong>s Carmelitas<br />

Calça<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> 4 de Março de 1649, obten<strong>do</strong> dispensa Pontífica<br />

para poder exercer a Medicina, o que fez durante<br />

toda a sua vida. Faleceu no Convento <strong>do</strong> Carmo <strong>em</strong> Lisboa,<br />

<strong>em</strong> 31 de Dez<strong>em</strong>bro de 1672.<br />

Frei Manuel de Azeve<strong>do</strong> insurge-se contra o uso exagera<strong>do</strong><br />

da sangria que caracterizava a Medicina <strong>do</strong> seu<br />

t<strong>em</strong>po. Este uso generalizava-se tanto que dera motivo<br />

ao adágio popular: “EM LISBOA NÃO HÁ SANGRIA MÁ<br />

NEM PURGA BOA.”<br />

Havia médicos que para uma mesma <strong>do</strong>ença sangravam<br />

trinta e quarenta vezes. É de notar que Frei Manuel de Azeve<strong>do</strong><br />

censurava um abuso para o trocar por outro. Destronava<br />

a sangria para usar os purgantes, que aconselha <strong>em</strong><br />

larguíssima escala, de mo<strong>do</strong> a inverter os termos <strong>do</strong> adágio<br />

popular. Admitia, porém, no tratamento da febre tifóide o<br />

<strong>em</strong>prego da sangria de pés, processo que, segun<strong>do</strong> diz, foi<br />

o primeiro a introduzir <strong>em</strong> Lisboa. Igualmente elogia as virtudes<br />

da quina que se havia generaliza<strong>do</strong>, como base da<br />

célebre preparação da ÁGUA-DE-FERNÃO-MENDES, cujo<br />

segre<strong>do</strong> fora compra<strong>do</strong> por D. Pedro II.<br />

FIGURA 21<br />

ESTa GRaVURa QUE REPRESEnTa a VEia caVa E O FÍGaDO nO<br />

LiVRO DE FREi ManUEL DE aZEVEDO DE 1668 É UMa DaS PRiMEiRaS GRaVURaS<br />

PUBLicaDa EM PORTUGaL SOBRE anaTOMia hUMana<br />

Encontram-se nos escritos de Manuel de Azeve<strong>do</strong> grande<br />

número de crenças. Uma das mais notáveis é a crença no<br />

quebranto ou mau-olha<strong>do</strong>, acerca <strong>do</strong> qual escreveu um<br />

trata<strong>do</strong> especial.<br />

Finalmente, consagra algumas páginas ao estu<strong>do</strong> das bexigas<br />

e <strong>do</strong> sarampo, devi<strong>do</strong> a uma epid<strong>em</strong>ia que se desenvolvera<br />

largamente <strong>em</strong> Lisboa. Este opúsculo é uma<br />

condensação <strong>do</strong> que encontrara <strong>em</strong> outros autores. Não<br />

só nestas, como <strong>em</strong> muitas <strong>do</strong>enças, <strong>em</strong>prega com mão<br />

larga os prepara<strong>do</strong>s de antimónio e sobretu<strong>do</strong> os pós de<br />

Quintílio, que se haviam introduzi<strong>do</strong> na prática corrente<br />

<strong>do</strong> século XVII.<br />

O livro que tenho de Frei Manuel de Azeve<strong>do</strong> t<strong>em</strong> um<br />

nome longuíssimo, como era apanágio da época:<br />

“Correcção de Abusos Introduzi<strong>do</strong>s contra o Verdadeiro Metho<strong>do</strong><br />

da Medicina. Em tres Trata<strong>do</strong>s. O PRIMEIRO: Do grande<br />

proveito, que a to<strong>do</strong>s faz o exercício & de quanto proveitosas<br />

são as purgas no princípio das enfermidades. O SE-<br />

GUNDO: de como conv<strong>em</strong> as sangrias <strong>do</strong> pés, primeiro que<br />

as <strong>do</strong>s braços, nas enfermidades que comet<strong>em</strong> cabeça & coração.<br />

O TERCEIRO: <strong>do</strong> conhecimento & curação da febre<br />

maligna, com os r<strong>em</strong>édios mais particulares & experimenta<strong>do</strong>s<br />

para melhor se curar; & <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> mais conveniente &<br />

<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> mais conveniente e proveitoso para se fazer<strong>em</strong> as<br />

juntas de médicos. E para se curar<strong>em</strong> com mais brevidade<br />

todas as chagas & feridas de qualquer qualidade que sejão,<br />

pelo Doutor Frey Manuel de Azeve<strong>do</strong>, Religioso da Ord<strong>em</strong> de<br />

Nossa Senhora <strong>do</strong> Carmo. Lisboa, na oficina de Diogo Soares<br />

de Bulhoens. Ano de 1668.”<br />

Em relação à Otorrinolaringologia não encontro muitos<br />

da<strong>do</strong>s, no entanto no Trata<strong>do</strong> 2 pag. 6 diz: Ouvi<strong>do</strong>s com<br />

<strong>do</strong>res ped<strong>em</strong> sangria <strong>do</strong>s pés, e de seguida refere que<br />

Garganta inflamada também pede sangria <strong>do</strong>s pés.<br />

O livro é extr<strong>em</strong>amente curioso na justificação que o<br />

autor procura dar para as suas terapêuticas, por ex<strong>em</strong>plo<br />

na pag. 190 <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> segun<strong>do</strong>, diz:<br />

“Sabi<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os médicos, ser o fíga<strong>do</strong> a orig<strong>em</strong> de todas<br />

as veas, como natural fonte que he <strong>do</strong> sangue, & de to<strong>do</strong>s os<br />

mais humores, de que o corpo humano se sustenta. Sahe <strong>do</strong><br />

fíga<strong>do</strong> uma vea grande 8ª (que os Anathomicos chamão vea<br />

cava); esta se reparte logo, <strong>em</strong> se afastan<strong>do</strong> <strong>do</strong> fíga<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>do</strong>us caminhos, ou duas veas uma para o meyo corpo superior,<br />

outra para o meyo corpo inferior, como se mostra na<br />

presente figura & modelo.”<br />

Segue-se uma gravura que representa a veia cava e o fíga<strong>do</strong>;<br />

penso que esta gravura é notável pois é uma das<br />

primeiras, se não a primeira, impressa num livro Médico,<br />

escrito por um Português na nossa língua.


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

A Medicina no Século XVIII<br />

um Século de Grandes Mudanças


século XVIII constituiu um século de grandes mudanças,<br />

<strong>do</strong> qual resultaram profundas transformações políticas,<br />

culturais e sociais.<br />

Foi um século da constante agitação, de lutas entre Nações,<br />

e de lutas internas dentro <strong>do</strong>s mesmos esta<strong>do</strong>s. Perante<br />

este cenário, nada fazia prever as grandes transformações<br />

que se produziram para o progresso das Ciências <strong>em</strong> geral,<br />

da Medicina <strong>em</strong> particular.<br />

Se o século XVII poderá ser chama<strong>do</strong> o século da Óptica (invenção<br />

<strong>do</strong> Microscópio, Lunetas Microscópicas, descoberta<br />

da Dispersão da Luz etc.), o século XVIII poder-se-ia chamar<br />

o século da Electricidade, com os trabalhos de Galvani,<br />

Volta, o aparecimento de máquinas eléctricas etc. Do ponto<br />

de vista médico, o século XVIII, levou a um grande desenvolvimento<br />

devi<strong>do</strong> aos progressos nas Ciências Físico-Químicas,<br />

mas principalmente, a partir da segunda metade<br />

deste século, a Medicina ligou-se ao Pensamento Filosófico<br />

e apareceram os chama<strong>do</strong>s Sist<strong>em</strong>as Médicos. Os principais<br />

eram o SISTEMA STAHL (a vida estava ligada à alma, e<br />

que s<strong>em</strong> esta, o corpo entrava <strong>em</strong> putrefacção); o SISTEMA<br />

HOFFMAN (a vida é o movimento, e é o movimento que<br />

evita a morte e não) preserva; o SISTEMA HALTER (também<br />

chama<strong>do</strong> de Irritabilidade, dizen<strong>do</strong> Halter que esta propriedade<br />

dependia da estrutura anatómica específica <strong>do</strong>s<br />

órgãos. O SISTEMA BROWN (a vida seria mantida por estimulantes<br />

externos como o calor animal, os alimentos, o ar<br />

e os internos, como a contracção muscular, o pensamento<br />

etc.). Finalmente o SISTEMA HAHNEMANN (que distinguia<br />

três méto<strong>do</strong>s – o Antipático, basea<strong>do</strong> na <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong>s contrários,<br />

o Méto<strong>do</strong> Alopático, no qual se prescrev<strong>em</strong> substâncias<br />

que determinam efeitos diferentes e o Méto<strong>do</strong><br />

Homeopático, no qual são dadas ao <strong>do</strong>ente substâncias<br />

que determinam no organismo sintomas s<strong>em</strong>elhantes aos<br />

provoca<strong>do</strong>s pelas <strong>do</strong>enças, intitulada “SIMICIA, SIMICIS, CU-<br />

RANTUR”.<br />

Grandes Médicos surgiram neste século, tais como HER-<br />

MANN BOERHAAVE, (1668 - 1738), Botânico, Químico e<br />

Médico, nasceu <strong>em</strong> Leyden na Holanda e gozou de grande<br />

reputação no seu t<strong>em</strong>po; WOEL, o cria<strong>do</strong>r da Embriologia;<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 47<br />

MORGAGNI, funda<strong>do</strong>r da Anatomia Patológica, estabelecen<strong>do</strong><br />

a comparação entre o exame <strong>do</strong> Cadáver e a observação<br />

clínica; AVENBROGGER, que descobriu a percussão;<br />

JOHN HUNTER, um <strong>do</strong>s maiores cirurgiões <strong>do</strong> seu t<strong>em</strong>po, e<br />

o seu irmão WILLIAM HUNTER, funda<strong>do</strong>r de uma colecção<br />

anatómica que ainda hoje se pode ver no Colégio <strong>do</strong>s Cirurgiões<br />

<strong>em</strong> Londres; EDWARD JENNER que descobriu a vacinação,<br />

e muitos outros se poderiam referir.<br />

A MEDICINA EM PORTUGAL<br />

NO SÉCULO XVIII<br />

<strong>Portugal</strong> só <strong>em</strong> 1668 tinha assina<strong>do</strong> o Trata<strong>do</strong> de Paz com<br />

Espanha, passámos 60 anos de <strong>do</strong>mínio Castelhano e mais<br />

28 anos <strong>em</strong> guerra, logo a evolução médica que se ia desenvolven<strong>do</strong><br />

pela Europa, ia-nos passan<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong>. O século<br />

XVIII viria a ser o século de recuperação <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po perdi<strong>do</strong>.<br />

É nesta época que se inicia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> a criação de Acad<strong>em</strong>ias<br />

Científicas e de publicações periódicas traduzidas,<br />

já não <strong>do</strong> Latim, mas <strong>do</strong> Inglês e <strong>do</strong> Francês directamente.<br />

Lisboa tinha-se torna<strong>do</strong>, <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Século XVIII num<br />

Centro Médico importante, e apesar <strong>do</strong>s graus académicos<br />

só se poder<strong>em</strong> obter <strong>em</strong> Coimbra, Lisboa era onde a<br />

vida social fervilhava, e o desejo de muitos Médicos era<br />

vir<strong>em</strong> trabalhar para a Capital, e principalmente para o<br />

Grande <strong>Hospital</strong> Real de To<strong>do</strong>s os Santos, onde se praticava<br />

o ensino da Cirurgia.<br />

Em 1721 foi nomea<strong>do</strong> <strong>Prof</strong>essor de Anatomia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de To<strong>do</strong>s os Santos, ANTÓNIO DE MONRAVÁ E ROCA, que<br />

era uma pessoa de grande saber, e projectou fundar uma<br />

Acad<strong>em</strong>ia para promover o progresso <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s cirúrgicos,<br />

mas tal nunca lhe foi permiti<strong>do</strong><br />

Em 1739 cria uma Acad<strong>em</strong>ia a que chamou das “QUATRO<br />

CIÊNCIAS” porque nela se ensinava a Anatomia, a Cirurgia,<br />

a Física Experimental e a Medicina. Monravá não só ensinava,<br />

como praticava, pois era para além de professor um<br />

exímio cirurgião.


48<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XVIII - UM SÉCULO DE GRANDES MUDANÇAS<br />

FIGURA 22<br />

ESTaMPa nº 1 DO LiVRO DE anaTOMia DE SanTUcci<br />

É curioso o Frontispício de um <strong>do</strong>s seus primeiros <strong>Livro</strong>s<br />

de 1725, que é assim:<br />

“Breve Curso de nueva Cirurgia dedica<strong>do</strong> ao Señor Infante D.<br />

Francisco, por Don Antonio Monravá e Roca, <strong>do</strong>ctor <strong>em</strong> Medicina,<br />

por la Real Universidade de Lerida, Cathedrático de<br />

Anatomia <strong>do</strong> el <strong>Hospital</strong> Real de To<strong>do</strong>s os Santos, Presidente<br />

y funda<strong>do</strong>r da Nueva Economia Physico-Chirurgica, <strong>do</strong>ctor<br />

anatómico de ele sereníssimo Rey de <strong>Portugal</strong>, Médico Catalan,<br />

leida en la dicha acad<strong>em</strong>ia, com nuevas <strong>do</strong>ctrinas, derivadas<br />

de nuevos princípios physicos, explica<strong>do</strong>s, por dicha<br />

<strong>do</strong>ctor, en <strong>do</strong>s tomos, dividida <strong>em</strong> forma de dialogo escrito.”<br />

Lisboa 1725.<br />

Em 1732 Monravá foi substituí<strong>do</strong> por BERNARDO SAN-<br />

TUCCI, grande Anatomista Italiano que veio viver para<br />

<strong>Portugal</strong>. Era Santucci qu<strong>em</strong> aprovava os Cirurgiões praticantes<br />

no que respeitava à Anatomia.<br />

Santucci publicou um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong> “ANATOMIA DO<br />

CORPO HUMANO”, dedica<strong>do</strong> a D. João V e vinha acompanha<strong>do</strong><br />

no frontispício pelas referências ao autor:<br />

“Por Bernar<strong>do</strong> Santucci, natural de Cortana, Mestre <strong>em</strong> Artes<br />

e Doutor <strong>em</strong> Medicina pela universidade de Bolonha, médico<br />

da Sereníssima Violante Beatriz da Baviera, Grã Princesa<br />

de Toscana e Lente Régio da Cadeira de Anatomia <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> Real destas cidades de Lisboa.” Lisboa Ocidental<br />

1739.<br />

Este livro v<strong>em</strong> acompanha<strong>do</strong> por 18 Magníficas Gravuras<br />

(Estampas) que representam o Corpo Humano, assinadas<br />

por Miguel le Bouteaux. Na Estampa 8 encontramos a Laringe,<br />

na Estampa 12 encontramos a representação da<br />

Orelha e <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong> Externo, Médio e Interno e ainda a<br />

Trompa de Eustáquio.<br />

O Curso de Santucci era dedica<strong>do</strong> aos praticantes de Cirurgia,<br />

mas também aos Médicos e Cirurgiões com Carta<br />

que os habilitava a exercer a profissão. Compunha-se de<br />

três lições s<strong>em</strong>anais das 8 às 12h e o ensino era feito no<br />

cadáver.<br />

Uma Ord<strong>em</strong> Régia suspendeu as lições de Santucci,<br />

pensa-se que por campanha de Monravá e Roca. Santucci<br />

acabou por sair de <strong>Portugal</strong> e a Cadeira de Anatomia <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os Santos, vaga <strong>em</strong> 1747, só foi preenchida<br />

<strong>em</strong> 1750, com a nomeação <strong>do</strong> francês PEDRO<br />

DUFAU.


FIGURA 23<br />

PÁGina DE ROSTO DO LiVRO “ManiFESTO DOS OcULTOS” DE anTÓniO DE<br />

MOnRaVÁ E ROca DE 1743<br />

FIGURA 24<br />

GRaVURa QUE REPRESEnTa UMa LiÇÃO DE anaTOMia cOM a DiSSEcÇÃO DE<br />

UM caDÁVER, DaDa POR MOnRaVÁ E ROca na acaDEMia DaS QUaTRO<br />

ciÊnciaS FUnDaDa EM 1739<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 49<br />

MÉDICOS PORTUGUESES<br />

DO SÉCULO XVIII<br />

Entre os vários Médicos notáveis deste século <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>,<br />

devo referir FRANCISCO DA FONSECA HENRIQUES, conheci<strong>do</strong><br />

como Doutor Mirandela, por aí ter nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

1665. É um <strong>do</strong>s mais ilustres representantes entre nós das<br />

chamadas <strong>do</strong>utrinas iatroquímicas. Em 1726 publicou “O<br />

AQUILÉGIO MEDICINAL” que é o primeiro inventário das<br />

Águas Medicinais Portuguesas. Publicou ainda um famoso<br />

Trata<strong>do</strong> de Higiene, a “ANCORA MEDICINAL”, <strong>do</strong><br />

qual foram feitas várias Edições e que trata <strong>do</strong> ar ambiente<br />

e <strong>do</strong>s alimentos.<br />

Outro Médico notável dessa época foi JACOB DE CASTRO<br />

SARMENTO (1691 - 1762). De orig<strong>em</strong> judaica, estu<strong>do</strong>u<br />

Artes na Universidade de Évora e Medicina <strong>em</strong> Coimbra.<br />

Em 1721 exilou-se <strong>em</strong> Londres onde estu<strong>do</strong>u Filosofia experimental,<br />

Física, Química e Anatomia, tornan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong><br />

1725, m<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> Colégio Real <strong>do</strong>s Médicos <strong>em</strong> Londres.<br />

Integrou o corpo <strong>do</strong>cente da Universidade de Aberdeen<br />

na Escócia. Em 1737 publicou “TEÓRICA VERDADEIRA DAS<br />

MARÉS”, onde divulgou as ideias de Isaac Newton. Outra<br />

obra de destaque foi “MATÉRIA MÉDICA”, <strong>em</strong> 1735, onde<br />

classifica os Medicamentos e os divide <strong>em</strong> Medicamentos<br />

<strong>do</strong> Reino Animal e os <strong>do</strong> Reino Vegetal. Igualmente se tornou<br />

famoso pela produção da célebre “ÁGUA DE INGLA-<br />

TERRA”, que era uma água que continha quinino, eficaz<br />

no combate ao Paludismo, mas cuja composição era secreta.<br />

Após o isolamento da quinina por Pelletier <strong>em</strong> 1820,<br />

a importância desta água decresceu muito.<br />

FIGURA 25<br />

“ZODÍacO LUSiTanicO - DÉLFicO”, O PRiMEiRO jORnaL MÉDicO EM PORTUGaL


50<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XVIII - UM SÉCULO DE GRANDES MUDANÇAS<br />

FIGURA 26<br />

a ”anaTOMia DO cORPO hUManO” DE BERnaRDO SanTUcci, PUBLicaDa EM 1739, incLUi 18 ESTaMPaS SOBRE anaTOMia hUMana<br />

GRaVaDaS POR MichEL LE BOUTEaUX (1682 - 1764)<br />

FIGURA 27<br />

aS ESTaMPaS DO LiVRO DE anaTOMia DE SanTUcci PROcURaM<br />

iMiTaR aS GRaVURaS DOS TRaTaDOS DE a. VESÁLiO E DE j.<br />

VaLVERDE. nESTa iMaGEM ESTÁ REPRESEnTaDa a ESTaMPa nº 18<br />

Igualmente famoso neste século, foi o cirurgião MANUEL<br />

GOMES DE LIMA (BEZERRA), que foi um <strong>do</strong>s promotores<br />

da fundação das Acad<strong>em</strong>ias. A ele se deve o “ZODÍACO<br />

LUSITANO - DÉLFICO”, o primeiro Jornal Médico <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Em 1714, JOAM VIGIER publica um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong> “THE-<br />

SOURO APOLLINEO, GALENICO, CHIMICO, CHIRURGICO E<br />

PHARMACEUTICO OU COMPÊNDIO DE REMÉDIOS PARA<br />

RICOS E POBRES ETC.”. Divide-se <strong>em</strong> duas partes, a primeira<br />

contém r<strong>em</strong>édios para os achaques internos, a segunda<br />

para os externos, termina o título: “OFERECIDO AO<br />

EXMO. SENHOR D. NUNO ALVAREZ PEREYRA DE MELO,<br />

DUQUE DO CADAVAL POR JOAM VIGIER, NACIONAL DO<br />

REYNO DE FRANÇA E MORADOR NESTA CORTE DE LIS-<br />

BOA.”<br />

Na área da Otorrinolaringologia, apenas encontro referências<br />

na segunda parte, <strong>em</strong> <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s capítulos: no Capítulo<br />

XXVII intitula<strong>do</strong> “Contra a Surdez e Zuni<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Ouvi<strong>do</strong>s.”<br />

Refere Joam Vigier: “A Surdez, ten<strong>do</strong> causas differentes deve<br />

ter r<strong>em</strong>édios differentes, porque pode vir <strong>do</strong> conduto exterior<br />

<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> estar entupi<strong>do</strong>, ou de que o nervo acostico esteja<br />

roto, ou paralítico, ou porque há alguma falta no órgão<br />

immediato <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>.”


FIGURA 28<br />

aS DEZOiTO ESTaMPaS DO LiVRO DE anaTOMia DE SanTUcci MOSTRaM OS SiSTEMaS ESQUELÉTicO, MUScULaR E ciRcULaTÓRiO,<br />

a ESTRUTURa DO cÉREBRO, DOS OLhOS E DOS OUViDOS. QUaTRO DaS ESTaMPaS REPRODUZEM iMaGEnS MicROScÓPicaS<br />

Segu<strong>em</strong>-se as descrições de obstrução <strong>do</strong> Conduto Auditivo<br />

Externo.<br />

Fala também <strong>do</strong>s zumbi<strong>do</strong>s a que chama “zuni<strong>do</strong>s, assobiamentos<br />

ou murmurinhos”, cujas causas pod<strong>em</strong> ser pulsações<br />

das artérias, inflamações, abcessos, chagas ou<br />

“fermentações <strong>do</strong>s humores, acre.”<br />

Descreve a seguir as diferentes Medicinas contra a Surdez,<br />

desde s<strong>em</strong>entes, e folhas diversas, todas <strong>em</strong> cozimento,<br />

passan<strong>do</strong> por purgantes, fel de touro e de carneiro, óleos<br />

e tinturas.<br />

Por último vêm as fórmulas ou receitas para as diferentes<br />

situações: contra a surdez, quan<strong>do</strong> a cera é muita, contra<br />

os zuni<strong>do</strong>s e contra as <strong>do</strong>res de ouvi<strong>do</strong>s. Curiosamente<br />

apresenta para a maior parte das situações outras receitas<br />

alternativas. Apenas e por curiosidade, vou referir o tratamento<br />

para os zumbi<strong>do</strong>s:<br />

“Contra os zuni<strong>do</strong>s: Recipe (Receita): coloquintas, meya<br />

onça, cuminhos, coentro seco e óleo de amên<strong>do</strong>as <strong>do</strong>ces e<br />

amargas, de cada hum onça huma e meya, vinho branco<br />

onças quatro, cozao-se a fogo lento té se gastar o vinho e<br />

neste óleo se misture meya onça de Água da Rainha da Ungria,<br />

e se applique b<strong>em</strong> revolvi<strong>do</strong> as gotas dentro <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>.”<br />

Esta era a receita de Joam Vigier <strong>em</strong> 1714, para os Acufenos,<br />

qu<strong>em</strong> sabe se resultaria?<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 51<br />

Finalmente encontro outra referência à Otorrinolaringologia,<br />

no Capítulo XXIX (2ª parte) intitula<strong>do</strong>: “Contra as<br />

chagas da boca, relaxação da campaínha e esquinência”.<br />

Dou como ex<strong>em</strong>plo a fórmula <strong>em</strong>pregada como inflamação<br />

da garganta: “Recipe (Receita): folhas de malvas de<br />

rosas vermelhas e de tanchag<strong>em</strong>, de cada hum meya mão<br />

chea, poli-io<strong>do</strong> piza<strong>do</strong> meya onça, mostarda pizada, oytavas<br />

duas, água de cevada quartilho hum e meyo, vinagre<br />

branco meyo quartilho, sal coza-se tu<strong>do</strong> e coada sirva para<br />

gargarejo.”<br />

Não encontrei nas 519 páginas <strong>do</strong> livro qualquer outra referência<br />

à Otorrinolaringologia.<br />

Em 1723 é publica<strong>do</strong> um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong> “CASTELO<br />

FORTE”; o seu autor foi JOÃO LOPES CORREIA, que ensinou<br />

Cirurgia no <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os Santos de 1710 a<br />

1726. J. A Serrano considerou que a parte anatómica <strong>do</strong><br />

volumoso Trata<strong>do</strong> <strong>em</strong> 2 volumes, “O Castelo Forte” estava<br />

recheada de erros.<br />

Apenas posso referir o primeiro tomo, que é aquele que<br />

eu possuo, e devo dizer que é um extenso Trata<strong>do</strong> com<br />

818 páginas.<br />

O título completo é o seguinte:<br />

“Castello Forte”, contra todas as infirmidades que persegu<strong>em</strong><br />

o corpo humano e thesouro Universal, aonde se acharão os<br />

r<strong>em</strong>édios para ellas dedica<strong>do</strong> a Nossa Senhora <strong>do</strong> Castello


52<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XVIII - UM SÉCULO DE GRANDES MUDANÇAS<br />

da Villa de Coruche. No qual se acharão difinições, causas finaes,<br />

prognósticos, auras e to<strong>do</strong>s os sintomas de qualquer<br />

infirmidade cirúrgica, como também se acharão nelle to<strong>do</strong>s<br />

os nomes das infirmidades e <strong>do</strong>s Medicamentos, hervas,<br />

plantas e mineraes, deduzidas da língua Grega, Latim, Barbara<br />

e mais línguas na nossa Língua Portuguesa etc. Author<br />

João Lopes Correa, cirurgião <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Real de To<strong>do</strong>s os<br />

Santos e da Casa da Supplicação. Lisboa 1723.<br />

Depois de uma introdução muito curiosa, Lopes Correia,<br />

refere já saber que a inveja vai fazer com que o seu trabalho<br />

seja ataca<strong>do</strong>. No Índice <strong>do</strong>s Capítulos, o Capítulo XV é<br />

sobre Dor de Ouvi<strong>do</strong>s, o XVI sobre a Parótida, o XIX sobre<br />

o Fluxo de Sangue <strong>do</strong> Nariz, o XXII sobre as Enfermidades<br />

da Garganta que causa a Esquinência.<br />

O Capítulo Quinquagésimo (XV) é sobre <strong>do</strong>r e mais achaques<br />

<strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s, vai da página 206 à 217 e refere as eventuais<br />

causas <strong>do</strong>s achaques <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s: ou são escuras, ou<br />

manifestas, e seguidamente refere os sintomas e as auras.<br />

Refere, por ex<strong>em</strong>plo, que se a <strong>do</strong>r for violentíssima se<br />

dev<strong>em</strong> usar narcóticos, porém com muita cautela porque<br />

ofend<strong>em</strong> o cérebro grav<strong>em</strong>ente, tal como referia Galeno.<br />

To<strong>do</strong> o livro é interessante, pois r<strong>em</strong>ete-nos para as terapêuticas<br />

utilizadas nessa época.<br />

FIGURA 29<br />

Ainda no século XVIII, mais precisamente <strong>em</strong> 1761, escreveu<br />

um Trata<strong>do</strong> de Cirurgia, o DR. ANTÓNIO GOMES LOU-<br />

RENÇO, descrito como Familiar <strong>do</strong> Santo Ofício. Aprova<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> Cirurgia e Anatomia, Catedrático de Cirurgia no <strong>Hospital</strong><br />

Real de To<strong>do</strong>s os Santos, <strong>em</strong> Lisboa. O <strong>Livro</strong> intitula-se<br />

“CIRURGIA CLÁSSICA LUSITANA, ANATÓMICA, FARMACÊU-<br />

TICA, MÉDICA, A MAIS MODERNA, A SEGUNDA PARTE”:<br />

Na página 109, o autor faz referência de como se curam as<br />

feridas da cabeça, incluin<strong>do</strong> as <strong>do</strong> nariz, boca, pescoço e<br />

das orelhas. Em relação a estas últimas, refere o seguinte:<br />

“As feridas das orelhas se dev<strong>em</strong> curar, pretenden<strong>do</strong> nelas,<br />

união breve, com costura falsa, e se for maior e penetrar a cartilag<strong>em</strong>,<br />

se coserá com alguns pontos verdadeiros; meten<strong>do</strong><br />

dentro <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>, fios ou algodão; para o defender de qualquer<br />

coisa estranha.”<br />

Em relação ao nariz, diz: “além de se suturar, dev<strong>em</strong>-se<br />

meter para dentro das ventas, mechas canuladas de encera<strong>do</strong>,<br />

ou de penas de escrever cobertas de panos ou de fios<br />

molha<strong>do</strong>s.”<br />

Na página 237, refere como se tratam as deslocações <strong>do</strong>s<br />

ossos próprios <strong>do</strong> nariz. Refere o autor que: “se deverão<br />

meter pelas ventas um de<strong>do</strong>, ou pau de proporcionada gros-<br />

FROnTiSPÍciO DaS EDiÇÕES DE 1721 E DE 1731 DO FaMOSO TRaTaDO SOBRE hiGiEnE “ancORa MEDicinaL” DE FRanciScO Da FOnSEca hEnRiQUES


FIGURA 30<br />

FROnTiSPÍciO DO LiVRO “ThESOURO aPOLLinEO” DE jOaM ViGiER PUBLicaDO EM LiSBOa EM 1714<br />

sura, coberto de pano bran<strong>do</strong> e com o de<strong>do</strong> polegar pela parte<br />

externa, se irão fazen<strong>do</strong> movimentos, com o pau ou os de<strong>do</strong>s,<br />

até se repor<strong>em</strong> no seu lugar. Depois de alinha<strong>do</strong>s, deve-se colocar<br />

um <strong>em</strong>plastro ou panos molha<strong>do</strong>s <strong>em</strong> água ardente e<br />

atadura própria.”<br />

O ENSINO NO HOSPITAL REAL<br />

DE TODOS OS SANTOS<br />

Após a saída de Santucci, <strong>em</strong> 1747, a cadeira de Anatomia<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os Santos só foi ocupada <strong>em</strong> 1750<br />

com a nomeação <strong>do</strong> francês PEDRO DUFAU. (Em alguns<br />

textos da época o nome v<strong>em</strong> escrito de mo<strong>do</strong> diferente:<br />

DuFaut).<br />

Dufau estu<strong>do</strong>u <strong>em</strong> Pau e foi Cirurgião Militar. Segun<strong>do</strong><br />

constava na época, a sua nomeação devia-se à protecção<br />

que o futuro Marquês de Pombal lhe tinha da<strong>do</strong>, pois tinham-se<br />

conheci<strong>do</strong> <strong>em</strong> Viena. Pedro Dufau, <strong>em</strong> 1764 foi<br />

substituí<strong>do</strong> por Manuel Constâncio.<br />

Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Século XVIII, existiam <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, <strong>do</strong>is<br />

pólos principais <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s Médico-Cirúrgicos: a Universidade<br />

de Coimbra, que preparava Médicos e concedia<br />

Doutoramentos, e o <strong>Hospital</strong> de Lisboa, onde se<br />

aprendia Anatomia e Cirurgia.<br />

FIGURA 31<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 53<br />

PÁGina DO LiVRO “ThESOURO aPOLLinEO” DE jOaM ViGiER DE 1714<br />

REPRESEnTaDO O inÍciO DO caPÍTULO XXVii inTiTULaDO cOnTRa<br />

a SURDEZ E ZUniDOS DOS OUViDOS


54<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XVIII - UM SÉCULO DE GRANDES MUDANÇAS<br />

FIGURA 32<br />

FROnTiSPÍciO DO 1º VOLUME DO caSTELO FORTE<br />

DE jOÃO LOPES cORREia na EDiÇÃO DE 1723<br />

Neste t<strong>em</strong>po marcavam-se inexpugnáveis barreiras entre<br />

a Medicina e a Cirurgia, a ponto de haver sanções penais<br />

para o Médico que exercesse Cirurgia e para o Cirurgião<br />

que praticasse Medicina.<br />

FIGURA 33<br />

A Lei, no entanto, reconhecia excepções: onde não houvesse<br />

Médicos, os Cirurgiões podiam exercer Clínica Médica<br />

legalmente. Para isso habilitavam-se mediante um<br />

exame feito perante o Físico-Mor, versan<strong>do</strong> sobre os seus<br />

conhecimentos de Medicina Interna, mas a própria Lei<br />

dizia que o Físico-Mor devia ter <strong>em</strong> consideração os poucos<br />

conhecimentos que os Cirurgiões pudess<strong>em</strong> ter.<br />

A carta de Sangra<strong>do</strong>r (Cirurgião) adquiria-se por meio de<br />

um exame a que presidia o Cirurgião-Mor, assisti<strong>do</strong> por<br />

<strong>do</strong>is Barbeiros-Sangra<strong>do</strong>res, como m<strong>em</strong>bros <strong>do</strong> Júri. O<br />

exame era prático e o Candidato tinha de provar haver pratica<strong>do</strong><br />

durante pelo menos <strong>do</strong>is anos. Muitos Barbeiros habilitavam-se<br />

a exercer Cirurgia com esta Carta de Curso.<br />

Havia ainda alguns indivíduos muni<strong>do</strong>s de licenças que<br />

eram passadas apenas <strong>em</strong> certos ramos da Medicina ou Cirurgia,<br />

licenças que eram passadas pelo Físico-Mor ou pelo<br />

Cirurgião-Mor, conforme a especialização respeitava à Medicina<br />

ou Cirurgia, era o caso das Parteiras, Dentistas etc.<br />

É neste meio que Manuel Constâncio, que exercia a profissão<br />

de Barbeiro na Vila <strong>do</strong> Sar<strong>do</strong>al, desejava possuir a<br />

Carta de Sangra<strong>do</strong>r, pelo que começou a frequentar o<br />

<strong>Hospital</strong>, continuan<strong>do</strong> a exercer a <strong>Prof</strong>issão de Barbeiro.<br />

Em 1747, a convite <strong>do</strong> Marquês de Abrantes, v<strong>em</strong> para Lisboa<br />

estudar Cirurgia no <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os Santos.<br />

Quan<strong>do</strong> Constâncio se matriculou era a Cadeira de Anatomia<br />

regida por Pedro Dufau, cuja regência não era nenhuma<br />

maravilha, mas era um <strong>Prof</strong>essor esforça<strong>do</strong>,<br />

pratican<strong>do</strong> dissecções de nada regular com grande assistência,<br />

e publicou um pequeno volume de osmologia e<br />

miologia que servia de livro de texto para os alunos.<br />

Constâncio foi aluno distinto e apoia<strong>do</strong> de Dufau, estu<strong>do</strong>u<br />

a língua francesa de mo<strong>do</strong> a obter uma melhor preparação.<br />

caPÍTULOS SOBRE O naRiZ, a GaRGanTa E OS OUViDOS incLUÍDOS nO LiVRO “caSTELLO FORTE” DE jOÃO LOPES cORREia DE 1723


FIGURA 34<br />

ROSTO Da EDiÇÃO DE 1761 Da ciRURGia cLÁSSica LUSiTana,<br />

anaTÓMica, FaRMacÊUTica, MÉDica DE anTÓniO GOMES LOUREnÇO<br />

Apresentou-se a exame para Sangra<strong>do</strong>r obten<strong>do</strong> a Carta<br />

de Sangria <strong>em</strong> 16 de Julho de 1754. Só quatro anos depois,<br />

<strong>em</strong> 21 de Outubro de 1758, Constâncio foi a exame<br />

para Cirurgião, sen<strong>do</strong> a sua Carta de Cirurgia assinada<br />

pelo Cirurgião-Mor ANTÓNIO SOARES BRANDÃO. Um<br />

<strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos <strong>do</strong> seu Júri de Exame era MANUEL JOSÉ<br />

FONSECA, que chegou a ter grande fama na época devi<strong>do</strong><br />

ao seu <strong>Livro</strong> “Exame de Sangra<strong>do</strong>res”, que chegou a<br />

ter onze edições.<br />

A 11 de Nov<strong>em</strong>bro de 1763, Constâncio substituiu Pedro<br />

Dufau na Cadeira de Anatomia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os<br />

Santos. Dufau tinha-se ausenta<strong>do</strong> de <strong>Portugal</strong> devi<strong>do</strong> ao<br />

esta<strong>do</strong> de guerra entre <strong>Portugal</strong> e a França.<br />

O nome de Constâncio tinha si<strong>do</strong> indica<strong>do</strong> por Dufau,<br />

mas FILIPE JOSÉ GOUVEIA também era candidato ao<br />

lugar, contan<strong>do</strong> com vários apoios no Paço Real. A situação<br />

ficou resolvida, fican<strong>do</strong> Constâncio como Lente de<br />

Anatomia e Gouveia como Cirurgião da Enfermaria, que<br />

fora de Dufau, e coloca<strong>do</strong> na Regência <strong>do</strong> Curso de Operações<br />

e Ligaduras.<br />

FIGURA 35<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 55<br />

ROSTO DO LiVRO “EXPOSiÇÃO DE anaTOMia”<br />

DE PEDRO DUFaU PUBLicaDO EM LiSBOa EM 1764<br />

O PRIMEIRO CURSO DE<br />

OPERAÇÕES CIRÚRGICAS<br />

DO HOSPITAL REAL DE LISBOA<br />

FILIPE JOSÉ GOUVEIA, realizou o primeiro Curso de Operações<br />

Cirúrgicas <strong>em</strong> Janeiro de 1762. O Curso começou<br />

com uma prelecção intitulada:<br />

“ORAÇÃO INAUGURAL DO PRIMEIRO CURSO DE OPERA-<br />

ÇÕES CIRÚRGICAS, QUE PUBLICAMENTE FEZ COM PER-<br />

MISSÃO DE SUA MAJESTADE FIDELÍSSIMA NO HOSPITAL<br />

REAL DE LISBOA. FILIPPE JOSEPH DE GOUVEIA, CIRUR-<br />

GIÃO DA CÂMARA DO SERENÍSSIMO INFANTE O SENHOR<br />

D. MANUEL, RECITADO NO ÚLTIMO DE JANEIRO DE 1762.”<br />

A Oração inaugural inicia-se por considerações Filosóficas:<br />

“Se depois de tantos Séculos que preservará Senhores a<br />

grande cena <strong>do</strong> Universo, deitamos os olhos para essa contínua<br />

revolução de acontecimentos, de que se compõ<strong>em</strong> a história<br />

<strong>do</strong>s humanos, apenas achar<strong>em</strong>os objecto de mais<br />

digno das nossas admirações, da que o prodigioso <strong>em</strong>penho,<br />

com que o nosso espírito rompen<strong>do</strong> montes de dificuldades,<br />

não cessa de ganhar novos triunfos sobre a ignorância.”


56<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XVIII - UM SÉCULO DE GRANDES MUDANÇAS<br />

FIGURA 36<br />

ORaÇÃO inaUGURaL DO PRiMEiRO cURSO DE OPERaÇÕES ciRÚRGicaS<br />

REaLiZaDO POR FiLiPE jOSEPh DE GOUVEia nO hOSPiTaL REaL DE TODOS OS<br />

SanTOS EM janEiRO DE 1762<br />

Filipe Gouveia continua a introdução explican<strong>do</strong> como os<br />

Portugueses estavam longe <strong>do</strong> Progresso:<br />

“Não é de facto b<strong>em</strong> constante, que até o mesmo nome de<br />

novidade ou invenção passou a ter entre os Portugueses o<br />

sinónimo de loucura e de desacerto. Circunscritos como estamos<br />

nesta ocidental praia lusitana, apenas ouvíamos os<br />

ecos daquelas novidades e daqueles novos progressos das<br />

Ciência e Artes que b<strong>em</strong> longe de extraordinários, já passavam<br />

por comuns, <strong>em</strong> quase to<strong>do</strong> o resto da Europa.”<br />

O discurso continua com elogios ao Rei e ao Marquês de<br />

Pombal e com a História <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como surge o Curso e<br />

da sua preparação para o lugar:<br />

“Parece-me que ninguém poderá duvidar das utilidades deste<br />

Curso de Operações Cirúrgicas, quan<strong>do</strong> a vontade <strong>do</strong> Soberano<br />

com o seu Real beneplácito o Aprova, pois é b<strong>em</strong> notório<br />

que, hum decreto publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> Março de 1673 ordenou o<br />

Rei Cristianíssimo, que no Teatro Anatómico <strong>do</strong> Jardim Real<br />

das Plantas, se fizess<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os anos publicamente, não só<br />

d<strong>em</strong>onstrações de Anatomia, mas também um Curso completo<br />

de Operações Cirúrgicas, como ainda hoje se está pratican<strong>do</strong>.”<br />

Depois refere a importância da Cirurgia na Vida<br />

<strong>do</strong>s Homens Chaman<strong>do</strong>-lhes a “A Honorífica Arte da Cirurgia”,<br />

refere depois o seu impacto até chegar àquele lugar:<br />

“Eu, Senhores, neste <strong>Hospital</strong> Real aprendi a Cirurgia com o<br />

meu Mestre, o Senhor Pedro D’Arvellos Espinal, assaz conheci<strong>do</strong><br />

neste Reino e <strong>em</strong> Outros. Acaba<strong>do</strong> o t<strong>em</strong>po que determina<br />

o Regimento da Faculdade, continuei a prática neste<br />

mesmo <strong>Hospital</strong> e a Certidão dele, fiz o meu exame, com cuja<br />

aprovação saí a estabelecer-me nas vizinhanças desta Corte.<br />

Passa<strong>do</strong> algum t<strong>em</strong>po obtive a fortuna que sei estimar<br />

quanto possa de entrar ao Serviço <strong>do</strong> Sereníssimo Infante D.<br />

Manuel, para Cirurgia de Sua Família.”<br />

Refere depois que após esta honra procurou aperfeiçoar-se<br />

o melhor possível, e todas as pessoas lhe disseram que era<br />

<strong>em</strong> França que isso melhor poderia acontecer; pediu licença<br />

ao Infante e:<br />

“Parti logo para França e lá me d<strong>em</strong>orei perto de 3 anos, não<br />

necessito referir por miú<strong>do</strong> as grandes comodidades que se<br />

acham <strong>em</strong> Paris, para que to<strong>do</strong>s os que desejar<strong>em</strong> possam<br />

fazer os maiores progressos na Cirurgia.” Refere depois as<br />

escolas e os estabelecimentos existentes <strong>em</strong> Paris para<br />

ensino da Cirurgia e descreve o seu percurso. “Tive pois,<br />

neste espaço, a honra de fazer <strong>do</strong>is Cursos completos de<br />

Anatomia com Mr. Sub Censor Real <strong>Prof</strong>essor e D<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong><br />

das Escolas de Cirurgia. Mais outro de Anatomia e das<br />

enfermidades <strong>do</strong>s ossos e operações cirúrgicas com Mr. Ferrein<br />

e com o seu substituto Mr. Mertrud, Cirurgião <strong>do</strong> Rei e<br />

<strong>Prof</strong>. de Anatomia nos Jardins <strong>do</strong> Rei.” Refere mais <strong>do</strong>is Cursos<br />

de Operações, um quarto curso de Operações, outro<br />

curso sobre “Enfermidades das Mulheres e <strong>do</strong>s Partos”, um<br />

Curso de Fisiologia, e: “Sobre tu<strong>do</strong> o Curso Prático, e particular<br />

que Mr. Moreau, fazia nos Invernos no grande <strong>Hospital</strong><br />

chama<strong>do</strong> “Hotel de Dieu”, de to<strong>do</strong>s estes Cursos, conservo os<br />

atesta<strong>do</strong>s que me deram no fim respectivo de cada um.”<br />

A Oração continua:<br />

“A Arte é longa, mas a vida é breve e a prudência está ditan<strong>do</strong>,<br />

que s<strong>em</strong>pre dev<strong>em</strong>os medir os nossos desejos pela tarifa das<br />

nossas possibilidades. Tanto que cheguei a este Reino cumpri<br />

a honrosa obrigação de buscar logo o Sr. António Soares Brandão,<br />

Cirurgião Mor deste Reino. Recebeu-me com aquela urbanidade<br />

e benigna atenção que s<strong>em</strong>pre acompanharam as<br />

pessoas Sábias e Ilustres.”<br />

Da conversa com António Brandão, refere Gouveia, nasceu<br />

a ideia de pôr <strong>em</strong> prática este Curso que estava a<br />

apresentar, depois de novos elogios ao Rei e ao Senhor D.<br />

Jorge Macha<strong>do</strong> de Menezes Men<strong>do</strong>nça, Enfermeiro-Mor<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>. Refere a seguir:<br />

“V<strong>em</strong>os que os novos Cirurgiões Praticantes se acham tão<br />

consideravelmente adianta<strong>do</strong>s com os conhecimentos anatómicos<br />

que adquiriram na Aula de Mr. DuFaut, meritoriamente<br />

<strong>Prof</strong>essor Real de Anatomia neste <strong>Hospital</strong>.”<br />

Depois de elogiar Mr. DuFaut (ou Dufau) refere o plano <strong>do</strong><br />

Curso:<br />

“Consiste pois este Curso de Operações <strong>em</strong> mostrar sobre o cadáver<br />

o méto<strong>do</strong> prático com que se pode executar, qualquer<br />

Operação de Cirurgia. Não é necessário muita reflexão para<br />

conhecer as grandes vantagens desta instrução.” Refere depois<br />

que não basta saber a teoria, é necessário praticar as


cirurgias nos cadáveres para treinar as mãos. Termina dizen<strong>do</strong>:<br />

”Venho comunicar gratuitamente, e dentro <strong>do</strong> meu<br />

Paiz o que fora dele, fui adquirir com muito trabalho e despesa<br />

to<strong>do</strong>s os que quiser<strong>em</strong> utilizar-se das minhas fadigas, acharão<br />

esta aula <strong>em</strong> todas as segundas, terças, quintas e sextas, que<br />

não for<strong>em</strong> dias de festa. A lição principiará às duas horas da<br />

tarde, finalizan<strong>do</strong> pelas quatro e o Curso continuará enquanto<br />

a t<strong>em</strong>peratura <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po permitir a operação nos cadáveres,<br />

s<strong>em</strong> a incomodidade <strong>do</strong> mau cheiro, o que talvez será praticável<br />

até aos fins de Março. Preparei primeiramente, <strong>em</strong> cada<br />

lição, a matéria dela e logo com o cadáver à vista, executarei<br />

sobre ele a operação proposta.”<br />

Esta longa descrição, penso que é de to<strong>do</strong> o interesse para<br />

mostrar como se realizava a preparação <strong>do</strong>s cirurgiões e<br />

os Cursos Práticos de Cirurgia no Século XVIII.<br />

MANOEL CONSTÂNCIO<br />

E O LIVRO QUE NÃO FOI<br />

PUBLICADO<br />

O antigo <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s os Santos, destruí<strong>do</strong> pelo terramoto<br />

de 1755 fora transferi<strong>do</strong> para o edifício <strong>do</strong> COLÉ-<br />

GIO DE SANTO ANTÃO, que tinha pertenci<strong>do</strong> aos Jesuítas,<br />

expulsos pelo Marquês de Pombal, e fican<strong>do</strong> com o nome<br />

de HOSPITAL DE S. JOSÉ <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> ao soberano reinante<br />

D. José I. As aulas de Constâncio eram muito famosas<br />

e frequentadas mesmo por Cirurgiões já diploma<strong>do</strong>s.<br />

MANOEL CONSTÂNCIO deixou escrito um Trata<strong>do</strong> de Anatomia,<br />

que só foi descoberto por BAETTA NEVES <strong>em</strong> 1891,<br />

quan<strong>do</strong> encontrou um ex<strong>em</strong>plar de cerca de 300 páginas<br />

manuscritas. Alguns trechos deste manuscrito foram publica<strong>do</strong>s<br />

por Maximiano L<strong>em</strong>os, nos Arquivos da Medicina Portuguesa<br />

entre os anos de 1894 e 1896. O título deste<br />

Manuscrito era o seguinte:<br />

“ANATHOMIA, A MAIS CORRECTA COLHIDA DE VÁRIOS AUT-<br />

HORES, OS MAIS PERITOS QUE DESTA SCIÊNCIA TEM DESCRE-<br />

VIDO ATÉ AO PREZENTE AGORA NOVAMENTE CORREGIDA E<br />

AUGMENTADA, ASSIM NO PRÁTICO COMO NO THEÓRICO, SE-<br />

GUNDO AS MELHORES OPINIÕES, DITADA AOS PRATICANTES<br />

DESTA FACULDADE NESTE HOSPITAL REAL DE S. JOSÉ POR<br />

MANOEL CONSTÂNCIO, LENTE RÉGIO DESTA MESMA FACUL-<br />

DADE. E AGORA DE NOVO DESCRITA POR ANTÓNIO DO ESPI-<br />

RITO SANTO. DOS SEUS PRATICANTES O MAIS HUMILDE<br />

DIVIDIDA EM CINCO TRATADOS, LISBOA NESTE HOSPITAL<br />

REAL DE S. JOZÉ NO ANNO DE 1780.”<br />

Não tive acesso a nenhum ex<strong>em</strong>plar desta Obra (não sei<br />

se chegou a ser publicada), no entanto, segun<strong>do</strong> Maximiano<br />

L<strong>em</strong>os e Barbosa Soeiro, esta Obra ombrearia com<br />

o <strong>Livro</strong> de Santucci, se é que não lhe seria superior.<br />

Referirei uma passag<strong>em</strong> <strong>do</strong> livro de Constâncio transcrita<br />

por Barbosa Soeiro sobre o Pescoço:<br />

“O pescosso he aquela parte <strong>do</strong> corpo humano, situada entre<br />

a base da cabeça e as clavículas. Ele se divide <strong>em</strong> face anterior,<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 57<br />

denominada garganta; posterior, cervix e laterais. Na parte anterior<br />

se nota superiormente huma <strong>em</strong>inência, denominada<br />

furcula. Na parte posterior se nota superiormente huma cavidade<br />

ou depressão, denominada nuca; nas partes laterais se<br />

notam inferiormente, duas sensíveis cavidades, denominadas<br />

“supraclaviculares”. Não estamos perante um estilo brilhante<br />

de expor, mas rigoroso, com simplicidade e clareza.<br />

Constâncio foi um Mestre muito elogia<strong>do</strong> no seu t<strong>em</strong>po,e<br />

muitos anos depois, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>, <strong>em</strong> termos de<br />

importância para a restauração da Cirurgia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, ao<br />

papel de Ambroise Paré <strong>em</strong> França, alguns séculos antes.<br />

Constâncio jubilou-se <strong>em</strong> 1805 com 79 anos, ten<strong>do</strong>-lhe<br />

sucedi<strong>do</strong> o seu antigo discípulo MANUEL JOSÉ TEIXEIRA.<br />

A REFORMA DA<br />

UNIVERSIDADE NO<br />

SÉCULO XVIII<br />

Durante o Reina<strong>do</strong> de D. João V, foram feitas algumas tentativas<br />

de reformas <strong>do</strong> ensino, alteran<strong>do</strong> disciplinas e introduzin<strong>do</strong><br />

novos méto<strong>do</strong>s de ensino.<br />

FIGURA 37<br />

TRaTaDO DE anaTOMia QUE ManOEL cOnSTÂnciO DEiXOU ManUScRiTO, 1780


58<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XVIII - UM SÉCULO DE GRANDES MUDANÇAS<br />

FIGURA 38<br />

aTESTaDO MÉDicO DO SÉcULO XViii<br />

Terminadas as Guerras com Espanha, o Rei decide proteger<br />

as Artes, as Letras e as Ciências e fomentar a instrução<br />

e o ensino. É criada a Acad<strong>em</strong>ia Real da História Portuguesa,<br />

são criadas Bibliotecas, vêm <strong>do</strong> estrangeiro grandes<br />

quantidades de livros para as preencher.<br />

Apesar destas tentativas de melhorar os conhecimentos, a<br />

Universidade estava a precisar de uma grande reforma na<br />

sua organização e funcionamento, que não foi possível fazer<br />

neste Reina<strong>do</strong>.<br />

Sucedeu a D. João V no trono o seu filho D. José I. Este, nomeou<br />

como Secretário de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reino, Sebastião José<br />

de Carvalho e Melo, mais tarde Conde de Oeiras e Marquês<br />

de Pombal.<br />

No dia 1 de Nov<strong>em</strong>bro de 1755, por volta das nove e meia<br />

da manhã, a terra começou a tr<strong>em</strong>er, Lisboa foi atingida por<br />

três violentos terramotos. O primeiro foi precedi<strong>do</strong> por um<br />

rugi<strong>do</strong> me<strong>do</strong>nho que continuou com um abalo tão violento<br />

que as casas começaram a cair, durou cerca de um minuto<br />

e meio. Um minuto depois, novo abalo ainda mais violento<br />

e cerca de um minuto depois um terceiro abalo, que destruiu<br />

o que restava no centro de Lisboa. No total, o terramoto<br />

de Lisboa durou nove minutos, e foi segui<strong>do</strong> de um<br />

mar<strong>em</strong>oto, que submergiu a baixa da cidade. Como se isto<br />

não bastasse, um violento incêndio eclodiu na cidade s<strong>em</strong><br />

haver meio de o combater. Os resulta<strong>do</strong>s da tragédia foram:<br />

mais de 50 mil mortos e a destruição da cidade de Lisboa.<br />

Este terramoto não atingiu só Lisboa, por ex<strong>em</strong>plo, no Algarve<br />

todas as igrejas ficaram destruídas, com centenas de<br />

casas destruídas e milhares de mortos.<br />

O MARQUÊS DE POMBAL, imediatamente após o terrível<br />

abalo que atingiu o grau 9 na Escala de Richter, ordenou<br />

que nenhum <strong>do</strong>s fidalgos ministros saísse de Lisboa, que<br />

nada se vendesse ou alugasse por maior preço <strong>do</strong> que<br />

antes da tragédia.<br />

Man<strong>do</strong>u vir para Lisboa os oficiais e trabalha<strong>do</strong>res desloca<strong>do</strong>s<br />

noutras zonas para começar imediatamente a reconstrução<br />

da cidade. Os roubos foram violentamente<br />

reprimi<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> enforca<strong>do</strong>s nos dias seguintes ao terramoto<br />

34 pessoas.<br />

A torre <strong>do</strong> Castelo de S. Jorge, que se chamava Torre <strong>do</strong><br />

Tombo por nela estar<strong>em</strong> guarda<strong>do</strong>s desde o Século XIV<br />

os <strong>do</strong>cumentos reais, ruiu, ten<strong>do</strong>, o Chanceler-Mor <strong>do</strong><br />

Reino, MANUEL DA MAIA, com risco da própria vida, salvo<br />

muitos <strong>do</strong>cumentos.<br />

Passa<strong>do</strong>s uns meses e feito o balanço, as perdas culturais<br />

causadas pelo terramoto eram terríveis. O Palácio Real ruiu<br />

e com ele foram, além <strong>do</strong>s móveis, jóias e quadros, a preciosa<br />

biblioteca com mais de 70 000 volumes. Perdeu-se a<br />

chamada Casa da Índia com milhares de diamantes, prata<br />

e muito ouro. Ruíram a Ópera, os Tribunais, o Conselho de<br />

Guerra e o Conselho Ultramarino, com to<strong>do</strong>s os seus recheios,<br />

papéis e livros. O Palácio <strong>do</strong>s Duques de Bragança,<br />

o Palácio Côrte-Real, e os Palácios <strong>do</strong>s Marqueses de Távora,<br />

<strong>do</strong> Duque de Aveiro, <strong>do</strong> Duque <strong>do</strong> Cadaval, arderam com<br />

todas as suas preciosas riquezas.<br />

O Marquês de Pombal aproveitou toda esta destruição para<br />

realizar grandes mudanças. Extinguiu as Escolas da Companhia<br />

de Jesus que cobriam to<strong>do</strong> o Reino, responsabilizan<strong>do</strong>-os<br />

pelo atraso <strong>do</strong> ensino <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. Ordenou uma<br />

Reforma Geral com aquilo a que chamou: “Um méto<strong>do</strong> de<br />

ensino reduzi<strong>do</strong> a termos simples, claros e de maior facilidade,<br />

como se pratica pelas nações Polidas da Europa.”<br />

O Ensino deveria passar a ser feito <strong>em</strong> Língua Portuguesa e<br />

não <strong>em</strong> Latim, como faziam os Jesuítas. Propõe-se que seja<br />

seguida a ortografia que “Compôs o nosso Luiz Antonio Verney,<br />

breve e exacta”.<br />

OS ESTUDOS MÉDICOS<br />

E A REFORMA DE 1772<br />

Os Estatutos de 1772 determinam, no que respeita à Faculdade<br />

de Medicina, que para efectuar a matrícula, se<br />

exigia conhecimento <strong>do</strong> Latim, <strong>do</strong> Grego, e das Línguas<br />

Francesa e Inglesa. Os cursos preparatórios eram constituí<strong>do</strong>s<br />

pela Filosofia Racional, segui<strong>do</strong>s de três anos de estu<strong>do</strong><br />

das ciências Físico-Químicas, Cálculo e Álgebra. Era<br />

necessário ter pelo menos 18 anos e ter-se completa<strong>do</strong><br />

estes estu<strong>do</strong>s preparatórios para entrar na Universidade.<br />

O ensino da Medicina processava-se <strong>do</strong> seguinte mo<strong>do</strong>,<br />

nos cinco anos de curso:<br />

No primeiro ano estudava-se as Cadeiras de Matéria Médica<br />

e de Prática Farmacêutica, deven<strong>do</strong> o <strong>Prof</strong>essor começar<br />

por ensinar a História da Medicina. O estu<strong>do</strong> nesse<br />

ano tinha um carácter prático e os alunos estudavam no<br />

Dispensário Farmacêutico.


FIGURA 39<br />

GRaVURa nº 16 DO LiVRO DE anaTOMia DE SanTUcci<br />

No segun<strong>do</strong> ano, os estu<strong>do</strong>s compreendiam Anatomia,<br />

Medicina Operatória e Obstetrícia. O estu<strong>do</strong> da Anatomia<br />

devia ser feito com o auxílio de estampas e por meio de<br />

dissecções praticadas <strong>em</strong> cadáveres humanos. Foi para<br />

esse fim cria<strong>do</strong> o Teatro Anatómico para que foss<strong>em</strong> leva<strong>do</strong>s<br />

os cadáveres não reclama<strong>do</strong>s.<br />

No terceiro ano havia a frequência <strong>Hospital</strong>ar e estudava-se a<br />

Cadeira chamada de Instituições, onde se ensinava um conjunto<br />

de conhecimentos relaciona<strong>do</strong>s com a Fisiologia, Higiene,<br />

S<strong>em</strong>iótica e Terapêutica Médica.<br />

No quarto ano continuava a prática de Clínica <strong>Hospital</strong>ar<br />

e estudavam-se os Aforismos de Hipócrates e os de Boerhaave<br />

- ou seja a Patologia Médica.<br />

No quinto ano era um ano de prática <strong>Hospital</strong>ar, tanto de<br />

Medicina como de Cirurgia e designava-se por 2ª Cadeira<br />

Prática.<br />

Para este efeito, Marquês de Pombal extinguiu o <strong>Hospital</strong><br />

de Nossa Senhora da Conceição <strong>em</strong> Coimbra e criou o<br />

<strong>Hospital</strong> da Universidade, com capacidade para oitenta<br />

<strong>do</strong>entes que foi entregue à Faculdade de Medicina.<br />

Com a Reforma de 1772, as aulas passaram a ter a duração<br />

de uma hora e meia e eram obrigatórias. Desapareceram<br />

as discussões escolásticas, e aos Sába<strong>do</strong>s havia revisões<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 59<br />

da matéria dada durante a s<strong>em</strong>ana; e por ser nesse dia da<br />

s<strong>em</strong>ana, se chamavam Sabatinas.<br />

Os estudantes faziam exames no fim de cada ano e s<strong>em</strong><br />

ter obti<strong>do</strong> aprovação não passavam para o ano seguinte.<br />

Após o quarto ano podia-se obter o Grau de Bacharel, mas<br />

estes só podiam exercer a clínica depois de ter realiza<strong>do</strong><br />

com êxito, o exame <strong>do</strong> quinto ano que era sobre assuntos<br />

práticos, feito à cabeceira <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente. Os alunos estudavam<br />

os <strong>do</strong>entes durante vinte dias e depois elaboravam<br />

um relatório sobre o diagnóstico, enfermidades, suas causas,<br />

terapêutica a seguir, que depois era discuti<strong>do</strong> com os<br />

<strong>Prof</strong>essores.<br />

Esta Reforma realizou um notável progresso no Ensino<br />

Médico Português e os Médicos passaram a ser considera<strong>do</strong>s<br />

pessoas cultas e com outro estatuto na Sociedade.<br />

Para ensinar nas Universidades, após a reforma de 1772,<br />

foram chama<strong>do</strong>s alguns jovens com talento. Jubila<strong>do</strong>s os<br />

antigos Lentes, entre estes jovens t<strong>em</strong>os, JOSÉ FRAN-<br />

CISCO LEAL, FRANCISCO TAVARES, Lente de Matéria Médica,<br />

que chegou a Médico da Rainha D. Maria I,<br />

Físico-Mor <strong>do</strong> Reino, é considera<strong>do</strong> o Funda<strong>do</strong>r da Hidrologia<br />

Científica Portuguesa; JOSÉ CORREIA PICANÇO que<br />

estu<strong>do</strong>u <strong>em</strong> França, acompanhou a Família Real para o<br />

Brasil, onde promoveu o ensino Médico; CAETANO PINTO


60<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XVIII - UM SÉCULO DE GRANDES MUDANÇAS<br />

DE ALMEIDA, <strong>Prof</strong>essor de Terapêutica Cirúrgica <strong>em</strong> Coimbra<br />

que também ensinou no Porto; FRANCISCO SOARES<br />

FRANCO, grande Anatomista, cujo <strong>Livro</strong> “ELEMENTOS DE<br />

ANATOMIA” foi durante muitos anos, o livro de texto nas<br />

três Escolas Médicas.<br />

No Porto a escolaridade cirúrgica efectuava-se nas enfermarias<br />

<strong>do</strong> HOSPITAL PÚBLICO DA MISERICÓRDIA, para o<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> qual, muito contribuiu o humanitário<br />

lega<strong>do</strong> de D. LOPO DE ALMEIDA.<br />

Cirurgião de renome na época, MANUEL GOMES LIMA cirurgião<br />

e médico na cidade <strong>do</strong> Porto, publicou <strong>em</strong> 1756<br />

uma Obra intitulada: “PRATICANTE DO HOSPITAL CON-<br />

VENCIDO OU DIÁLOGO CIRÚRGICO SOBRE INFLAMAÇÃO.”<br />

Manuel Lima formou-se na cidade de Coimbra e foi o funda<strong>do</strong>r<br />

da ACADEMIA DE CIRURGIA DO PORTO e sócio da<br />

ACADEMIA REAL DE NOSSA SENHORA DE MADRID.<br />

Entre muitos outros ilustres Médicos apenas cito BER-<br />

NARDINO ANTÓNIO GOMES, figura <strong>em</strong>inente da medicina<br />

portuguesa, nasceu <strong>em</strong> 29 de Outubro de 1768, na Vila de<br />

Arcos, no Minho, foi Lente de Matéria Médica na Escola<br />

de Lisboa, a ele se deve a criação <strong>do</strong> antigo horto botânico<br />

da Escola Médica de Lisboa, foi o grande entusiasta<br />

e apologista da vacina anti-variólica, faleceu com 54 anos<br />

<strong>em</strong> Lisboa.<br />

FIGURA 40<br />

O LiVRO “ELEMEnTOS DE anaTOMia” DE FRanciScO SOaRES FRancO DE 1818<br />

PRIMEIROS JORNAIS MÉDICOS<br />

E ANTÓNIO D’ALMEIDA<br />

No final <strong>do</strong> Século XVIII, mais precisamente <strong>em</strong> 1779, fundava-se<br />

<strong>em</strong> Lisboa o JORNAL ENCICLOPÉDICO que inseria<br />

notícias sobre as Ciências e as Artes, incluin<strong>do</strong> assuntos<br />

Médicos. Este Jornal terminou a sua publicação <strong>em</strong> 1790<br />

e <strong>do</strong>is anos depois surgia no Porto o “ANO MÉDICO” com<br />

notícias Médicas e Meteorológicas sobre a cidade <strong>do</strong><br />

Porto. Em 1812 vai surgir o “JORNAL DE COIMBRA” onde<br />

começam a despontar os da<strong>do</strong>s relativos aos tratamentos<br />

efectua<strong>do</strong>s nos Hospitais. Devi<strong>do</strong> à obrigatoriedade<br />

<strong>do</strong>s clínicos de informar<strong>em</strong> mensalmente o Intendente da<br />

Polícia <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s relativos aos hospitais, este mandava<br />

publicar esses da<strong>do</strong>s, pelo que conseguimos recolher preciosas<br />

informações sobre a prática médico-cirúrgica dessa<br />

época.<br />

É nesta época que surge ANTÓNIO D’ALMEIDA, discípulo<br />

de Manuel Constâncio, que foi Lente de operações <strong>em</strong> Lisboa,<br />

publicou duas obras consideradas da maior importância,<br />

sen<strong>do</strong> uma delas, o “TRATADO DE MEDICINA<br />

OPERATÓRIA” cuja 1ª edição foi publicada <strong>em</strong> 1800, onde<br />

descreve os últimos progressos cirúrgicos realiza<strong>do</strong>s até<br />

então, e inclui muito da experiência pessoal <strong>do</strong> Autor.


FIGURA 41<br />

BERnaRDinO anTÓniO GOMES (1768 - 1822)<br />

Este Trata<strong>do</strong> é composto por quatro Volumes, sen<strong>do</strong> o<br />

Tomo III aquele que diz respeito à área da Otorrinolaringologia.<br />

O III Volume, que eu tenho, é o da Segunda Edição de<br />

1825 e começa logo no Primeiro Capítulo por falar da<br />

Broncotomia:<br />

“Chama-se Bronchotomia huma operação por meio da qual<br />

se abre um orifício na trachea para a trachea para a passag<strong>em</strong><br />

de ar”. Como nota compl<strong>em</strong>entar, diz o autor: “Sen<strong>do</strong><br />

a trachea o canal onde se pratica a abertura, e não os bronchios,<br />

parece mais próprio chamar-se a operação de tracheotomia,<br />

como muitos lhe chamao, mas to<strong>do</strong>s entend<strong>em</strong><br />

a mesma cousa pelos <strong>do</strong>us nomes, pouco importa que nos<br />

sirvamos de hum, ou d’outro.”<br />

Na página 4, refere que se as amígdalas inchar<strong>em</strong> tanto,<br />

para impedir a respiração, deve extirpá-las antes de “ganhar<strong>em</strong><br />

o carácter cancroso, ou produzir<strong>em</strong> sufocação”. Refere<br />

de seguida, indicações para traqueotomia, como o<br />

caso <strong>do</strong>s corpos estranhos, ou os espasmos da Laringe,<br />

que refere ser<strong>em</strong> causa raríssima de indicação para a<br />

Broncotomia. Outra indicação são os tumores externos “a<br />

ponto de fazer<strong>em</strong> a respiração trabalhosa” e “algumas vezes<br />

produzir<strong>em</strong> a suffocação.” A última indicação é a esquinência,<br />

referin<strong>do</strong> que este nome indica: “a toda a inflamação<br />

que ataca a parte interna das fauces, como<br />

amygdalas, véo <strong>do</strong> paladar, campainha, larynx e pharynx.<br />

Se distingue <strong>em</strong> Benigna e Maligna”, refere seguidamente<br />

FIGURA 42<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 61<br />

anTÓniO D’ aLMEiDa, nO TOMO iii, "TRaTaDO cOMPLETO DE MEDicina<br />

OPERaTÓRia", 1825, VOL. iii, PÁG. 4 nOTa 1) FaZ a DEScRiÇÃO<br />

Da aMiGDaLEcTOMia POR DiSSEcÇÃO<br />

FIGURA 43<br />

ROSTO Da 2ª EDiÇÃO DE 1825 DO TOMO iii DO TRaTaDO cOMPLETO<br />

DE MEDicina OPERaTÓRia DE anTÓniO D’aLMEiDa. ESTE TRaTaDO<br />

cOnSTiTUiU UM MaRcO na ciRURGia PORTUGUESa E VEM<br />

acOMPanhaDO POR VÁRiaS ESTaMPaS DE inSTRUMEnTOS ciRÚRGicOS


62<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XVIII - UM SÉCULO DE GRANDES MUDANÇAS<br />

FIGURA 44<br />

TRaTaDO DE MEDicina OPERaTÓRia DE anTÓniO D’aLMEiDa, DE 1825. a iMaGEM MOSTRa O caPÍTULO SOBRE aS MOLÉSTiaS DOS OUViDOS QUE PEDEM OPERaÇÕES<br />

que, se se formar um abcesso que não resolve com gargarejos<br />

adstringentes, deve-se picar o abcesso com um<br />

faringótomo (que refere ser uma lanceta dentro de um<br />

canu<strong>do</strong> de prata achata<strong>do</strong>, que sai e se encolhe, por efeito<br />

de uma mola, de mo<strong>do</strong> a ser mais segura a incisão.<br />

Numa nota na pág. 4 faz a descrição da amigdalectomia<br />

por dissecção na qual que evidencia uma completa modernidade<br />

<strong>em</strong> relação à sua época. Este méto<strong>do</strong> cairia <strong>em</strong><br />

desuso mais tarde com a invenção <strong>do</strong>s amigdalótomos. É<br />

a seguinte nota:<br />

"(...) Para se praticar a extirpação deve o opera<strong>do</strong>r escolher o<br />

meio; o qual pode ser a ligadura, como nos polypos, se a base<br />

he mais delgada <strong>do</strong> que o corpo, ou hum escalpello, se não<br />

t<strong>em</strong> lugar a laqueação. Para se usar <strong>do</strong> escalpello, cumpre situar<br />

o enfermo senta<strong>do</strong> defronte de huma janela, abrir-lhe os<br />

queixos por meio de uma cunha, ou speculo, e pegar com o<br />

tenaculo no corpo, <strong>em</strong> quanto com o escalpelo o descarna, e<br />

separa das outras partes. O escalpello deve ter a ponta romba,<br />

e o corte da extensão de <strong>do</strong>ze, ou quatorze linhas, para não<br />

ferir as partes vizinhas. Alguns práticos serv<strong>em</strong>-se da tisoira<br />

com pontas rombas: porém este instrumento não he tão bom<br />

como o escalpello. Deve notar-se que, achan<strong>do</strong>-se ambas as<br />

amygdalas na necessidade de se extirpar<strong>em</strong>, só extirpar<strong>em</strong>os<br />

a segunda depois de curada a chaga da primeira". (António<br />

de Almeida, Trata<strong>do</strong> Completo de Medicina Operatória,<br />

1825, vol. III, pág. 4 nota 1).<br />

O Capítulo XIX descreve a técnica de traqueotomia, referin<strong>do</strong><br />

que é preferível fazê-la com o <strong>do</strong>ente senta<strong>do</strong>, com<br />

a cabeça encostada ao peito de um ajudante, e a técnica<br />

é a seguinte:<br />

“Toma o opera<strong>do</strong>r huma prega transversal na pelle, justamente<br />

no meio, e a parte anterior <strong>do</strong> espaço que há entre o larynx,<br />

e o osso sterno, cuja pega, segura de um la<strong>do</strong> por um<br />

ajudante e <strong>do</strong> outro pelo opera<strong>do</strong>r com os de<strong>do</strong>s da mão esquerda,<br />

corta de cima para baixo com hum bisturi, ou escalpello.<br />

Esta incisão que deve ter o comprimento de uma<br />

pollegada compreenden<strong>do</strong>, a pelle e gordura descobre os músculos<br />

sterno-thyroideos, os quais o opera<strong>do</strong>r separa um <strong>do</strong><br />

outro cortan<strong>do</strong> a cellular, que os une até descobrir a trachea.”<br />

A descrição continua referin<strong>do</strong> os riscos de seccionar os<br />

vasos da glândula tiroideia e dizen<strong>do</strong> que se isso acontecer,<br />

às vezes é preciso que se faça pressão durante uma<br />

ou duas horas para estancar o sangue. A incisão na traqueia,<br />

refere António d’Almeida, não importa que seja<br />

feita entre o segun<strong>do</strong> e o terceiro, ou entre o terceiro e o<br />

quarto anéis, pois quanto mais baixo, melhor.<br />

Segue-se como nota compl<strong>em</strong>entar uma descrição histórica<br />

da Broncotomia, desde Paulo D’Aegina até ao invento<br />

da dupla cânula, por George Martin, e a cânula<br />

curva inventada por Richter.<br />

Na página 66, <strong>em</strong> relação aos dentes, diz “como os dentes<br />

incisivos, caninos e primeiros molares faz<strong>em</strong> muita falta,<br />

pod<strong>em</strong> depois de tira<strong>do</strong>s, ser muito b<strong>em</strong> limpos e reimplanta<strong>do</strong>s”,<br />

referin<strong>do</strong>: “A experiência mostra que não só os próprios<br />

dentes, mas os de outra pessoa, pegao, uma vez que se<br />

ajust<strong>em</strong> <strong>em</strong> dimensões, ou se limp<strong>em</strong> as suas raízes.”


Encontramos várias outras referências à patologia <strong>ORL</strong> nas<br />

enfermidades <strong>do</strong> seio maxilar, refere que se deve retirar a<br />

matéria acumulada no seio maxilar, retiran<strong>do</strong>-se um <strong>do</strong>s<br />

grandes molares e pratican<strong>do</strong> um orifício com um trocarte.<br />

Após a limpeza <strong>do</strong> seio, colocava-se uma pequena rolha no<br />

orifício e seringava-se diariamente até estar s<strong>em</strong> secreções.<br />

O <strong>Livro</strong> continua com as moléstias <strong>do</strong> nariz, faz referência<br />

ao nariz artificial, à ozena, aos corpos estranhos, à epistaxis,<br />

para as quais se deve usar: “Sorvos de água fria, ou misturada<br />

com vinagre ou água ardente, aplicações frias a testa<br />

e sangrias gerais no braço ou no pé”. Se estes méto<strong>do</strong>s não<br />

resolver<strong>em</strong> deve-se: “tapar as ventas anterior e posterior.”<br />

A PRIMEIRA DESCRIÇÃO<br />

DE UMA MASTOIDECTOMIA<br />

EM PORTUGAL<br />

O Capítulo X DO TOMO III DO TRATADO DE MEDICINA<br />

OPERATÓRIA DE ANTÓNIO D’ALMEIDA trata das moléstias<br />

<strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s que “ped<strong>em</strong> operações”, nomeadamente feridas<br />

nas orelhas, abcessos, a imperfuração <strong>do</strong> canal auditivo,<br />

os tumores, que dev<strong>em</strong> ser extirpa<strong>do</strong>s, e quan<strong>do</strong><br />

tal não for possível, queima<strong>do</strong>s e cauteriza<strong>do</strong>s com várias<br />

substâncias, entre as quais o Nitrato de Prata.<br />

Finalmente refere no capítulo da purgação <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>:<br />

FIGURA 45<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 63<br />

“Se a matéria formada nas celullas <strong>do</strong> processo mastoideu,<br />

anuncia<strong>do</strong> por huma <strong>do</strong>r pulsante, febre e mais symptomas<br />

de suppuração, causas de inflamação externa e abcesso por<br />

detraz da orelha, o abrir<strong>em</strong>os, e com o trépano perfura<strong>do</strong>r<br />

ou goivas far<strong>em</strong>os hum buraco no osso até chegar às cellulas<br />

para para por este se r<strong>em</strong>ediar, com infecções apropriadas<br />

ao estrago da caixa ou tympano, e se evitar<strong>em</strong> os<br />

damnos que pod<strong>em</strong> resultar aos órgãos incluí<strong>do</strong>s na cavidade<br />

<strong>do</strong> crâneo.”<br />

Esta notável descrição de 1825, de uma abordag<strong>em</strong> mastoideia<br />

e das possíveis complicações intracranianas das<br />

infecções <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s, é a primeira de que tenho conhecimento<br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, <strong>em</strong>bora como é evidente não se<br />

saiba se ANTÓNIO D’ALMEIDA a terá pratica<strong>do</strong> ou não.<br />

A segunda Obra mais importante de António D’Almeida<br />

intitula-se: “TRATADO DA INFLAMAÇÃO PRECEDIDO DA<br />

PHYSIOLOGIA, E PATHOLOGIA NECESSÁRIAS PARA INTELI-<br />

GÊNCIA DA THEORIA DESTA MOLÉSTIA” oferecida a S.A.R.,<br />

o Príncipe R.N.S., por António D’Almeida, cavalleiro da<br />

ord<strong>em</strong> de Christo, Cirurgião da Real câmara, Lente de operações<br />

no <strong>Hospital</strong> Real de S. José e m<strong>em</strong>bro efectivo <strong>do</strong><br />

Real Colégio <strong>do</strong>s Cirurgiões de Londres. A obra foi impressa<br />

<strong>em</strong> Londres e fala de Fisiologia, Circulação, Inervação<br />

e de Patologia. Na Edição que tenho, que é de 1813,<br />

poucas referências encontro sobre Otorrinolaringologia.<br />

Na página 240, refere que o Órgão <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong> é muitas<br />

vezes afecta<strong>do</strong> pelo mal venéreo, seguin<strong>do</strong>-se mais ou<br />

menos surdez consoante a parte <strong>do</strong> órgão afecta<strong>do</strong>.<br />

nO TRaTaDO DE MEDicina OPERaTÓRia DE anTÓniO D’aLMEiDa, DE 1825, EncOnTRa-SE a DEScRiÇÃO Da aBERTURa Da MaSTÓiDE cOM UM TREPanO


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

A Medicina no Século XIX


século XIX foi um <strong>do</strong>s séculos mais notáveis da história da<br />

Humanidade, pelos progressos realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

ramos das Ciências e muito especialmente na Medicina<br />

<strong>em</strong> geral e na Otorrinolaringologia <strong>em</strong> particular, como<br />

ver<strong>em</strong>os <strong>em</strong> detalhe mais à frente.<br />

Inúmeras conquistas científicas se poderiam referir neste<br />

século, entre elas as leis de Ampére, a descoberta da constituição<br />

celular <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s, a descoberta da Fotografia, <strong>do</strong><br />

Cin<strong>em</strong>a etc.<br />

É no século XIX que, CLAUDE BERNARD introduz a Fisiologia<br />

Experimental Moderna e a experimentação na Farmacologia.<br />

É o século de VON HELMHOLTZ que inventa o<br />

Oftalmoscópio, de WIRCHOW e da Anatomia Patológica.<br />

LOUIS PASTEUR vai ser um <strong>do</strong>s mais notáveis contribuintes<br />

para o progresso da Medicina, ele que não era Médico,<br />

graças às suas descobertas e experiências, é considera<strong>do</strong><br />

o cria<strong>do</strong>r da Microbiologia.<br />

É neste século que se inicia a Anestesia Geral, a descoberta<br />

<strong>do</strong>s Raio-X, e que vão surgir as especialidades Médicas,<br />

a Obstetrícia depois a Ginecologia, a Oftalmologia<br />

(que já existia mas não era considerada como especialidade<br />

independente), e na segunda metade <strong>do</strong> século,<br />

muitas outras, entre as quais a Otologia, a Rinologia e a<br />

Laringologia. A Otorrinolaringologia, como especialidade<br />

independente e única, só surgiria no século XX.<br />

Em <strong>Portugal</strong>, o Século XIX começou de uma maneira difícil;<br />

as Invasões Francesas, a fuga da Família Real para o Brasil,<br />

as guerras entre Liberais e Miguelistas, nenhum destes<br />

acontecimentos era favorável a um progresso Médico.<br />

Poucos trabalhos, da área da <strong>ORL</strong>, encontro neste início<br />

<strong>do</strong> século, no entanto descobri uma dissertação publicada<br />

<strong>em</strong> 1814, sobre:<br />

“OS DIFERENTES MÉTODOS E PRINCIPAIS PROCESSOS DE<br />

PRATICAR A RHINOPLASTIA, PREFERINDO-SE O MÉTODO IN-<br />

DIANO.”<br />

FIGURA 46<br />

aTESTaDO MÉDicO DO SÉcULO XiX<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 65


66<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

Este trabalho foi apresenta<strong>do</strong> à Escola Médico-Cirúrgica de<br />

Lisboa, por MANUEL PEREIRA DE MIRA FRANCO, que na página<br />

11 apresenta uma História da Rinoplastia, referin<strong>do</strong> que<br />

o primeiro a falar desta operação foi Celso, descreven<strong>do</strong><br />

todas as técnicas conhecidas até então, referin<strong>do</strong> preferir o<br />

Méto<strong>do</strong> Indiano, <strong>em</strong>bora tenha como defeito as grandes<br />

<strong>do</strong>res que provoca.<br />

Em 1825, criaram-se as Régias Escolas de Cirurgia de Lisboa<br />

e <strong>do</strong> Porto, por iniciativa e sob a direcção <strong>do</strong> Ben<strong>em</strong>érito<br />

THEODORO FERREIRA DE AGUIAR. O Curso de Lisboa compreendia<br />

o estu<strong>do</strong> da Anatomia, Fisiologia, Matéria Médica,<br />

Farmácia, Higiene, Patologia Externa, Terapêutica, Arte, Obstetrícia,<br />

Medicina Operatória, Clínica Cirúrgica, Patologia Interna<br />

e Clínica Médica. Estas Cadeiras eram distribuídas<br />

pelos cinco anos <strong>do</strong> Curso.<br />

A vida destas escolas não foi fácil, pois pouco depois da<br />

sua criação, o País entrou <strong>em</strong> Guerra Civil.<br />

O Ministro PASSOS MANUEL ordenou uma reforma <strong>do</strong> ensino<br />

da Medicina, na qual os estu<strong>do</strong>s foram distribuí<strong>do</strong>s<br />

por cinco anos, constituin<strong>do</strong> dez cadeiras. Em 1848,<br />

houve um Decreto que alterou a distribuição das cadeiras<br />

que, no entanto, se mantiveram <strong>em</strong> dez.<br />

FIGURA 47<br />

DiSSERTaÇÃO PUBLicaDa EM 1814, SOBRE: “OS DiFEREnTES MÉTODOS DE<br />

PRaTicaR a RhinOPLaSTia” POR ManUEL PEREiRa DE MiRa FRancO<br />

FIGURA 48<br />

ThEODORO FERREiRa DE aGUiaR (1769 - 1827) a QUEM SE DEVE a cRiaÇÃO<br />

DaS EScOLaS DE ciRURGia DE LiSBOa E DO PORTO<br />

Em 1863, as Escolas de Lisboa e <strong>do</strong> Porto foram transformadas<br />

<strong>em</strong> ESCOLAS MÉDICO-CIRÚRGICAS, e ten<strong>do</strong> anexas<br />

uma Escola de Farmácia.<br />

Durante este século, houve grandes figuras que se destacaram<br />

nos diferentes <strong>do</strong>mínios da Medicina e Cirurgia que<br />

só anos mais tarde se passariam a chamar Especialidades.<br />

Na Cirurgia t<strong>em</strong>os MAGALHÃES COUTINHO, grande Cirurgião,<br />

literato Humanista; ANTÓNIO MARIA BARBOSA<br />

(de qu<strong>em</strong> falarei no capítulo seguinte), considera<strong>do</strong> o<br />

maior Cirurgião <strong>do</strong> seu t<strong>em</strong>po; SOUSA REFÓIOS; ÂNGELO<br />

DA FONSECA; DANIEL DE MATOS; ALFREDO DA COSTA<br />

destacou-se na Obstetrícia e escreveu sobre a Febre Puerperal.<br />

Na Anatomia destacou-se JOSÉ ANTÓNIO SERRANO. Nasceu<br />

<strong>em</strong> Castelo de Vide, <strong>em</strong> 6 de Outubro de 1851, nomea<strong>do</strong><br />

para o banco <strong>em</strong> 1879 e definitivo <strong>em</strong> 1885; foi o<br />

primeiro cirurgião português que praticou a histerectomia<br />

ab<strong>do</strong>minal, autor de um TRATADO DE OSTEOLOGIA<br />

<strong>em</strong> 2 volumes, considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s livros mais notáveis<br />

da Medicina Portuguesa, e de onde retirei da<strong>do</strong>s preciosos<br />

sobre a História da Anatomia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. AUGUSTO<br />

ROCHA, fun<strong>do</strong>u o primeiro Laboratório de Investigação<br />

Bacteriológica que foi continua<strong>do</strong> com LUIZ DA CÂMARA<br />

PESTANA, que estu<strong>do</strong>u no Instituto Pasteur de Paris e<br />

morreu vítima da Peste, quan<strong>do</strong> estudava esta terrível Epid<strong>em</strong>ia<br />

que surgiu no Porto no final <strong>do</strong> Século XIX, tinha<br />

apenas 36 anos.


FIGURA 49<br />

O DR. MiGUEL BOMBaRDa nUMa FOTOGRaFia DE caMachO,<br />

cOM UMa DEDicaTÓRia aUTÓGRaFa aO DR. DÉciO FERREiRa<br />

ANTÓNIO AUGUSTO DA COSTA SIMÕES fun<strong>do</strong>u o Ensino<br />

Experimental de Fisiologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e dedicou-se aos<br />

estu<strong>do</strong>s Histológicos.<br />

Muitos outros nomes se destacaram, como ANTÓNIO<br />

MARIA SENA na Fisiologia Experimental; MIGUEL BOM-<br />

BARDA; JÚLIO DE MATOS; SOBRAL CID; ELÍSIO DE MOURA;<br />

EGAS MONIZ etc.<br />

Entre outros grandes nomes da Medicina Portuguesa <strong>do</strong><br />

século XIX, alguns não pod<strong>em</strong> deixar de ser referi<strong>do</strong>s: MA-<br />

NUEL BENTO DE SOUSA, nasceu <strong>em</strong> 5 de Dez<strong>em</strong>bro de<br />

1835; Grande Cirurgião, Clínico, <strong>Prof</strong>essor e Investiga<strong>do</strong>r.<br />

Cirurgião <strong>do</strong> Banco desde 1863 e director de enfermaria<br />

<strong>em</strong> 1885, Lente da Clínica Cirúrgica da Escola Médica de<br />

Lisboa, sócio da Acad<strong>em</strong>ia de Ciências e presidente da Sociedade<br />

de Ciências Médicas entre 1875 e 1877. Foi um<br />

<strong>do</strong>s responsáveis pela vinda para <strong>Portugal</strong> de GAMA<br />

PINTO, considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores Oftalmologistas da<br />

Europa, colabora<strong>do</strong>r nos maiores Trata<strong>do</strong>s de Oftalmologia<br />

que se publicavam na Europa.<br />

FIGURA 50<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 67<br />

DUaS iMaGEnS DO DR. SOUSa MaRTinS (1843 - 1897)<br />

Outra grande figura deste século foi JOSÉ THOMAZ DE<br />

SOUSA MARTINS, que nasceu <strong>em</strong> 7 de Março de 1843 e<br />

faleceu <strong>em</strong> 18 de Agosto de 1897, ten<strong>do</strong> deixa<strong>do</strong> uma tradição<br />

oral muito mais marcada que a vertente escrita. Era<br />

possui<strong>do</strong>r de uma eloquência admirável. O único livro que<br />

nos deixou foram as suas Lições compiladas pelos seus<br />

alunos.<br />

CARLOS MAY FIGUEIRA (1829 - 1913) forma<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1858,<br />

<strong>em</strong> Coimbra, Médico <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, <strong>do</strong>utorou-se<br />

<strong>em</strong> Bruxelas, e a sua prática clínica apoiava-se <strong>em</strong> meios<br />

laboratoriais e auxiliares (foi um <strong>do</strong>s introdutores da Fotografia<br />

Médica <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>). Introduziu entre nós o Microscópio<br />

na sua ligação à Clínica, o Oftalmoscópio e o<br />

Laringoscópio.<br />

RICARDO JORGE (1858 - 1939), outra das grandes personalidades<br />

deste século, formou-se na escola Médico-Cirúrgica<br />

<strong>do</strong> Porto <strong>em</strong> 1879 e rapidamente atingiu grande<br />

prestígio como <strong>Prof</strong>essor, Clínico e Higienista. Após a Epid<strong>em</strong>ia<br />

da Peste, no Porto, <strong>em</strong> 1889 veio para Lisboa reger<br />

a Cadeira de Higiene da Escola Médica e dirigir o Instituto<br />

Superior de Higiene. Foi o nosso maior Higienista e publicou<br />

mais de 300 trabalhos científicos, muitos <strong>do</strong>s quais<br />

sobre História de Medicina.<br />

AS ESCOLAS<br />

MÉDICO-CIRÚRGICAS<br />

Por Alvará de 25 de Junho de 1825, são criadas as Escolas<br />

Cirúrgicas de Lisboa e Porto sob direcção <strong>do</strong> grande reforma<strong>do</strong>r<br />

THEODORO FERREIRA DE AGUIAR, que estu<strong>do</strong>u<br />

Medicina e Cirurgia <strong>em</strong> Leyden, onde se <strong>do</strong>utorou, e ocupava<br />

o cargo de Cirurgião-Mor no reina<strong>do</strong> de D. João VI.<br />

Foi por sua influência que o Rei assistiu, <strong>em</strong> 27 de Set<strong>em</strong>bro<br />

de 1825, à abertura solene da Escola Régia de Cirurgia.


68<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

FIGURA 51<br />

caRLOS MaY FiGUEiRa (1829 - 1913)<br />

FIGURA 52<br />

nOTa aSSinaDa POR MaY FiGUEiRa EM QUE SOLiciTa<br />

a DEVOLUÇÃO Da SUa MÁQUina ELEcTRO-MaGnÉTica EM 1864<br />

Em Lisboa, a Escola foi instalada no <strong>Hospital</strong> de S. José e começou<br />

imediatamente a funcionar com sete professores,<br />

quatro substitutos e um ajudante de anatomia; no Porto<br />

havia apenas cinco professores, <strong>do</strong>is substitutos e um ajudante<br />

de anatomia.<br />

Após a publicação <strong>do</strong> decreto de 10 de Set<strong>em</strong>bro de 1825,<br />

que criou a Real Escola de Cirurgia <strong>do</strong> Porto, foram nomea<strong>do</strong>s<br />

os seus primeiros <strong>Prof</strong>essores; foram eles: Vicente<br />

José Carvalho, Francisco Pedro de Viterbo, António José<br />

de Sousa e Bernar<strong>do</strong> Pereira da Fonseca Campeão.<br />

Reuniram-se pela primeira vez <strong>em</strong> Conselho de <strong>Prof</strong>essores<br />

no dia 2 de Nov<strong>em</strong>bro de 1825, e ficou estabeleci<strong>do</strong> o<br />

FIGURA 53<br />

cERTiFicaDO DE MaTRÍcULa na EScOLa RÉGia<br />

DE ciRURGia nO hOSPiTaL REaL DE S. jOSÉ EM 1825<br />

horário e os Compêndios por onde deviam os alunos estudar:<br />

Primeiro ano - Anatomia de Soares Franco e Fisiologia de<br />

Magendie;<br />

Segun<strong>do</strong> ano - Matéria Médica de Barbier, Farmacopeia<br />

Geral e Higiene de Melo Franco;<br />

Terceiro ano - Nasografia de Richerand;<br />

Quarto ano - Medicina Operatória de Begin, Partos de Mazar<strong>em</strong><br />

e Medicina Forense de Capuron;<br />

Quinto ano - Medicina de Nysten.<br />

A vida na Escola Cirúrgica <strong>do</strong> Porto não começou de<br />

mo<strong>do</strong> fácil, matricularam-se 62 alunos, sen<strong>do</strong> 23 no 1º<br />

Ano.<br />

Em 1827, porém, a Escola <strong>do</strong> Porto encontrava-se <strong>em</strong> perfeita<br />

anarquia e, a 8 Julho de 1832, o Dr. ARNAUT man<strong>do</strong>u-a<br />

encerrar, e to<strong>do</strong>s os lentes e m<strong>em</strong>bros da Escola<br />

foram recomenda<strong>do</strong>s para se retirar<strong>em</strong> para lugares onde<br />

<strong>do</strong>minasse o governo de D. Miguel. Só <strong>em</strong> 1834, depois<br />

<strong>do</strong> fim da Guerra Civil, a Escola reabriu.


FIGURA 54<br />

jORnaL DaS ciÊnciaS MÉDicaS DE 1835 E O jORnaL<br />

Da SOciEDaDE DaS ciÊnciaS MÉDicaS DE1836<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 69<br />

O Decreto de 1836 unificou as Reais Escolas de Cirurgia,<br />

transforman<strong>do</strong>-as <strong>em</strong> Escolas Médico-Cirúrgicas, tento<br />

esta reforma si<strong>do</strong> executada por PASSOS MANUEL.<br />

Segun<strong>do</strong> a Lei de Dez<strong>em</strong>bro de 1836, foi decreta<strong>do</strong> que as<br />

escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e <strong>do</strong> Porto, teriam as<br />

seguintes Cadeiras:<br />

Primeiro ano - 1ª Cadeira sobre Anatomia e Química, frequentada<br />

<strong>em</strong> qualquer estabelecimento;<br />

Segun<strong>do</strong> ano - 2ª Cadeira sobre Fisiologia e Higiene, Zoologia<br />

e Botânica, frequentadas <strong>em</strong> qualquer estabelecimento;<br />

Terceiro ano - 3ª Cadeira sobre História Natural <strong>do</strong>s Medicamentos,<br />

Matéria Médica e Farmácia;<br />

- 4ª Cadeira sobre Patologia e Terapêutica Externas e Clínica<br />

Cirúrgica;<br />

Quarto ano - 5ª Cadeira sobre Aparelhos e Operações<br />

Cirúrgicas, Cirurgia Forense;<br />

- 6ª Cadeira sobre Partos, Moléstias das Mulheres e<br />

Recém-Nasci<strong>do</strong>s e Clínica Cirúrgica;<br />

Quinto ano - 7ª Cadeira sobre História Médica, Patologia<br />

Geral e Terapêutica Interna;<br />

- 8ª Cadeira sobre Clínica Médica, Higiene Pública e Medicina<br />

Legal;<br />

- 9ª Cadeira sobre Clínica Cirúrgica.<br />

O Decreto no seu Artigo 117 estabelecia que as Escolas<br />

Médico-Cirúrgicas de Lisboa e Porto, teriam o seu assento,<br />

a primeira no <strong>Hospital</strong> de S. José, <strong>em</strong> Lisboa e a segunda<br />

no <strong>Hospital</strong> de Santo António no Porto.<br />

Entretanto, <strong>em</strong> Coimbra, a Universidade esteve encerrada<br />

por motivos políticos desde Maio de 1828 até Março de<br />

1829. Voltou a fechar <strong>em</strong> 1831 para só reabrir <strong>em</strong> 1834,<br />

após a vitória <strong>do</strong>s Liberais. O Curso de Coimbra era constituí<strong>do</strong><br />

por cinco anos e dez cadeiras. A Faculdade de<br />

Coimbra foi aumentada e melhoran<strong>do</strong> as instalações, ampliou<br />

os Hospitais e conseguiu passar para o Convento de<br />

S. Jerónimo as Enfermarias de Homens. Em 1852 conquistou<br />

para as suas instalações o Colégio das Artes.<br />

Em sessão de 28 de Janeiro de 1858 decidiu o Conselho<br />

da Faculdade que as dissertações inaugurais foss<strong>em</strong> escritas<br />

<strong>em</strong> português e impressas. Até essa data eram <strong>em</strong><br />

Latim e eram manuscritas.<br />

Em 1863 dá-se a criação de duas novas Cadeiras: de Anatomia<br />

Patológica e de Fisiologia Geral. Em 1864, há a registar<br />

um facto muito importante para a vida da<br />

Faculdade de Medicina de Coimbra, a viag<strong>em</strong> a vários países<br />

estrangeiros de António Augusto da Costa Simões,<br />

com instruções para observar de perto os progressos realiza<strong>do</strong>s<br />

especialmente no <strong>do</strong>mínio da Microscopia e da Fisiologia<br />

Experimental. Seguiu Cursos de Histologia e<br />

Fisiologia Experimental por Claude Bernard, esteve na Bélgica<br />

e na Holanda e nas melhores clínicas da Al<strong>em</strong>anha.<br />

Quan<strong>do</strong> voltou, instalou <strong>em</strong> Coimbra um Laboratório de<br />

Histologia e Fisiologia Experimental.


70<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

FIGURA 55<br />

aRTiGO, cOM a RESPEcTiVa GRaVURa, PUBLicaDO na GaZETa MÉDica DO PORTO nO nº10 DE 3 DE janEiRO DE 1843, SOBRE RhinOPLaSTia,<br />

POR anTÓniO BERnaRDinO DE aLMEiDa<br />

ANTÓNIO AUGUSTO DA COSTA SIMÕES (1819 - 1903)<br />

tinha-se Doutora<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1848, ingressou no Instituto de<br />

Coimbra <strong>em</strong> 1852 e foi seu Presidente <strong>em</strong> 1867. Fun<strong>do</strong>u o<br />

Boletim “INSTITUTO” e foi Presidente da Câmara Municipal<br />

de Coimbra, de 1856 - 1857. Recebeu a Cátedra de Anatomia<br />

<strong>em</strong> 1860, criou a Cadeira de Histologia <strong>em</strong> 26 de Maio<br />

de 1863. Em 1864 frequentou <strong>em</strong> Lisboa as aulas de Histologia<br />

<strong>do</strong> Dr. MAY FIGUEIRA.<br />

O decreto de 1836 unificou as Reais Escolas de Cirurgia,<br />

transforman<strong>do</strong>-as <strong>em</strong> Escolas Médico-Cirúrgicas, tento<br />

esta reforma si<strong>do</strong> executada por PASSOS MANUEL; os respectivos<br />

orçamentos continuaram a ser suporta<strong>do</strong>s pela<br />

mesma <strong>do</strong>tação (10 contos anuais), proveniente <strong>do</strong> contrato<br />

<strong>do</strong> tabaco.<br />

No terceiro quartel <strong>do</strong> século XIX, a patologia <strong>do</strong> foro <strong>ORL</strong><br />

vai começar a individualizar-se, quer a nível <strong>do</strong> ensino,<br />

quer nos t<strong>em</strong>as debati<strong>do</strong>s <strong>em</strong> reuniões científicas.<br />

Até ao ano de 1825, praticamente só havia o JORNAL DE<br />

COIMBRA como divulga<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s trabalhos da Medicina<br />

Portuguesa. Embora o aparecimento de folhetos sobre<br />

t<strong>em</strong>as médicos diversos fosse relativamente frequente,<br />

não havia uma revista médica importante. Essa lacuna vai<br />

ser superada com o aparecimento <strong>do</strong> JORNAL DE CIÊN-<br />

CIAS MÉDICAS DE LISBOA, <strong>em</strong> 1835.<br />

A SOCIEDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE LISBOA vai surgir<br />

<strong>em</strong> Maio de 1835, aproveitan<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> de acalmia<br />

política no País. A Sociedade ficou sob a Presidência de<br />

FRANCISCO SOARES FRANCO e, <strong>em</strong> 1836, iniciou a publicação<br />

de um periódico que se intitulou o JORNAL DA SO-<br />

CIEDADE DAS CIÊNCIAS MÉDICAS que veio <strong>em</strong> substituição<br />

<strong>do</strong> JORNAL DAS CIÊNCIAS MÉDICAS que deixou de existir<br />

(apenas existiu <strong>em</strong> 1835) e que no Tomo II <strong>do</strong> 2º S<strong>em</strong>estre<br />

de 1835 publica um artigo extraí<strong>do</strong> da Lon<strong>do</strong>n Medical Gazette<br />

sobre o tratamento <strong>do</strong>s pólipos das cavidades nasais<br />

e <strong>do</strong> Conduto Auditivo Externo, pela solução de sulfato de<br />

zinco.<br />

O JORNAL DA SOCIEDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS tornou-se o<br />

principal órgão noticioso da classe médica portuguesa, inserin<strong>do</strong><br />

casos clínicos na sua maioria, provenientes das enfermarias<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, artigos <strong>do</strong>utrinários,<br />

apreciações e discussões, de assuntos relativos à Higiene,<br />

Saúde Pública e ao Ensino da Medicina.<br />

Não admira, que as primeiras notícias escritas sobre assuntos<br />

relaciona<strong>do</strong>s com a área de Otorrinolaringologia,<br />

tenham ti<strong>do</strong> lugar nesse Jornal.<br />

Uma notícia, b<strong>em</strong> curiosa por sinal, relacionada com a<br />

Otorrinolaringologia é no tomo XII, 2º S<strong>em</strong>estre de 1840.<br />

O título é “GARROTILHO (ESQUINÊNCIA LARÍNGEA) CU-<br />

RADO PRINCIPALMENTE COM O TÁRTARO EMÉTICO, CA-<br />

LOMELANOS E MOXAS” pelo sócio efectivo Sr. J. M.<br />

ALVITO.


FIGURA 56<br />

GaZETa MÉDica DE LiSBOa - 1853<br />

Era a seguinte, a notícia:<br />

“Hum menino de <strong>do</strong>is anos de idade, b<strong>em</strong> constituí<strong>do</strong>, sadio,<br />

esperto, forte <strong>em</strong> relação à sua idade, no dia 6 de Nov<strong>em</strong>bro<br />

apareceu triste, abati<strong>do</strong> e com fastio. Fui chama<strong>do</strong> no dias 7<br />

para o tratar e o achei com febre, pulso cheio e acelera<strong>do</strong>, voz<br />

rouca e sibilante, olhos incha<strong>do</strong>s, e procuran<strong>do</strong> diferentes posições<br />

na cama. Capitulei a moléstia de esquinência laríngea<br />

(ou garrotilho). Não poden<strong>do</strong> sangrar o <strong>do</strong>ente, pela sua tenra<br />

idade, mandei-lhe pôr seis bichas, três de cada la<strong>do</strong> da laringe,<br />

recomendan<strong>do</strong> que as deixass<strong>em</strong> sangrar, banhos sinapissadáceos<br />

de três <strong>em</strong> três horas e a seguinte bebida: Tártaro Emético<br />

- um grão; Água destilada - três onças; Xarope de<br />

aveia-meia onça.”<br />

E o artigo continua a descrição <strong>do</strong> tratamento que só terminaria<br />

um mês depois, desta vez com sucesso.<br />

Em 1841 no JORNAL DA SOCIEDADE DAS CIÊNCIAS MÉ-<br />

DICAS Tomo XIII, surge uma notícia extraída de um artigo<br />

francês, <strong>do</strong> Sr. TROUSSEAU, publicada no JOURNAL DES<br />

CIENCES MED. ET CIR. (Francês). Diz o artigo que foi o Sr.<br />

DESSAULT, o primeiro a estabelecer as indicações da traqueotomia,<br />

mas que não a praticava, e elogia BRETON-<br />

NEAU pelos muitos melhoramentos que fez para a<br />

evolução da técnica da traqueotomia; refere vários casos<br />

clínicos e termina o artigo dizen<strong>do</strong>: “Hoje os <strong>do</strong>entes já não<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 71<br />

morr<strong>em</strong> pelo facto da operação mas, por insuficientes cuida<strong>do</strong>s<br />

após a traquetomia, pelo que as cânulas dev<strong>em</strong> ser<br />

mudadas duas vezes por dia pela manhã e pela tarde”.<br />

Em 1842, no Tomo XV <strong>do</strong> Jornal da Sociedade das Ciências<br />

Médicas <strong>do</strong> mês de Fevereiro, página 93, é publica<strong>do</strong> um<br />

artigo sobre a utilização da Aconito (uma planta) contra a<br />

surdez, artigo este, extraí<strong>do</strong> de uma publicação estrangeira,<br />

a Encyclographie des Sciences Medicales, traduzida<br />

pelo Sr. J. B. Car<strong>do</strong>so Klerk.<br />

No Tomo XVII <strong>do</strong> mesmo jornal vamos ter um artigo feito<br />

pelo Sr. JOSÉ CARLOS MOREIRA BRAGANÇA, Aluno da Escola<br />

Médico-Cirúrgica de Lisboa, que num extenso artigo<br />

que se inicia na página 2 e continua por mais 4 números<br />

da revista, nas páginas 66, 103 e 160, fala da “MEMÓRIA<br />

SOBRE A ESTRUTURA DA LARINGE HUMANA” ofereci<strong>do</strong> à<br />

Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, <strong>em</strong> 30 de Abril<br />

de 1840.<br />

No ano 1843 aparec<strong>em</strong> <strong>do</strong>is artigos na Gazeta Médica <strong>do</strong><br />

Porto sobre Rinoplastia. O primeiro no Nº 10 de 3 de Janeiro<br />

de 1843 por A. B. D’ALMEIDA, que era Lente da Escola<br />

Médica Cirúrgica <strong>do</strong> Porto.


72<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

Termina o artigo dizen<strong>do</strong>:<br />

“Parabéns aos portugueses que para se ver<strong>em</strong> alivia<strong>do</strong>s das<br />

suas <strong>do</strong>enças e deformidades, já não precisam de ir Além-<br />

-mar ou Além-Pirinéus, ao pé da casa, t<strong>em</strong> cirurgiões tão peritos<br />

como na Londres Nevoenta e na Inconstante Paris. Um<br />

indivíduo, conhec<strong>em</strong>os nós que, há pouco t<strong>em</strong>po foi, para<br />

se alindar <strong>do</strong> lábio superior às margens <strong>do</strong> Tamisa, provavelmente<br />

foi algum cirurgião Lorde, o que lhe coseu o beiço.<br />

Aqui no Porto, foi noutro dia praticada esta operação por<br />

um cirurgião noviço, que havia poucos meses tinha acaba<strong>do</strong><br />

os seus estu<strong>do</strong>s na Escola Médico- Cirúrgica desta cidade. E<br />

<strong>em</strong> qual <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes ficaria mais perfeita e igual aderência?<br />

Julgaria que seria na operada pelo Lorde? - Enganai-vos.”<br />

Estávamos <strong>em</strong> 1843!<br />

No Nº 17 da GaZETa MÉDica DO PORTO, de 20 de Março<br />

de 1843, apareceu outro artigo, desta vez de MANOEL<br />

LEITE DE PINHO CORREIA, sobre Rinoplastias, <strong>em</strong> que o<br />

autor faz a descrição histórica da cirurgia e coloca um desenho<br />

esqu<strong>em</strong>ático da cirurgia.<br />

Em 1853, na GaZETa MÉDica DE LiSBOa, leio, feita pelo<br />

Dr. CUNHA VIANA, a descrição dum caso duma operação<br />

de traqueotomia. Essa descrição dizia o seguinte:<br />

“OPERAÇÃO DE TRACHEOTOMIA NO CRUPP, (GARROTI-<br />

LHO)” pelo Sr. A. M. BARBOSA.<br />

“No dia 7 <strong>do</strong> corrente, pelas 5 horas da tarde, foi praticada a<br />

tracheotomia pelo Sr. A. M. Barbosa, no <strong>Hospital</strong> da misericordia<br />

de Lisboa, <strong>em</strong> uma criança de 9 meses de idade a<br />

qu<strong>em</strong> o Sr. Dr. Simas, médico daquele estabelecimento, tinha<br />

diagnostica<strong>do</strong> o croup pela manhã, e algumas horas depois<br />

indicava a operação da tracheotomia, e convidava o Sr. António<br />

Manuel Barbosa para a praticar, estan<strong>do</strong> também presente<br />

o Sr. Arantes. O esta<strong>do</strong> da <strong>do</strong>entinha era o seguinte:<br />

Voz extincta - extr<strong>em</strong>idades frias - congestão da face - pulso<br />

frequentissimo e apenas sensível ao rui<strong>do</strong> aspero da larynge<br />

- respiração ab<strong>do</strong>minal. A morte era infalivel, <strong>em</strong> poucos momentos,<br />

se não se fizesse a operação.<br />

O Sr. Barbosa praticou-a com summa destreza, e introduzin<strong>do</strong><br />

a canula na larynge, a <strong>do</strong>entinha começou logo a respirar com<br />

mais facilidade, bebeu liqui<strong>do</strong>s <strong>em</strong> grande quantidade, e<br />

mamou com muita avidez. Conservava-se sentada na cama,<br />

parecen<strong>do</strong> alegre e pouca aflicta, chegou a dar esperanças de<br />

que se curaria.<br />

Desgraçadamente os resulta<strong>do</strong>s não corresponderam às esperanças,<br />

que se tinham fica<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista <strong>do</strong> b<strong>em</strong> que correra<br />

a operação. No dia 11 pelas duas horas da manhã falleceu a<br />

nossa <strong>do</strong>entinha por asphyxia, ten<strong>do</strong> havi<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os signaes<br />

de que as falsas m<strong>em</strong>branas se tinham propaga<strong>do</strong><br />

pelos bronchios.<br />

A necropse, feita no, dia seguinte, mostrou a larynge toda<br />

coberta de falsas m<strong>em</strong>branas delgadas, que se estendiam<br />

ás mais pequenas ramificações bronchiaes. Havia, além<br />

disto inflamação lobular na base <strong>do</strong> pulmao esquer<strong>do</strong>.<br />

Apesar de se não ter salva<strong>do</strong> esta creança, é mais um caso,<br />

que deve ficar regista<strong>do</strong>, porque as 57 horas, que ella sobreviveu<br />

á morte iminente, a que estava próxima, - dev<strong>em</strong> animar<br />

o pratico a recorrer á operação da tracheotomia nesta<br />

moléstia tão mortífera.<br />

É esta a primeira operação desta ord<strong>em</strong>, que o Sr. Barbosa<br />

pratica, e com quanto não o tivesse o resulta<strong>do</strong>, que deva esperar,<br />

há-encontrar mais tarde na sua clínica alguns casos<br />

felizes, que o ind<strong>em</strong>nis<strong>em</strong> <strong>do</strong> trabalho e cuida<strong>do</strong>s, que agora<br />

inftuctuosamente teve.<br />

É a 6ª operação de tracheotomía, <strong>em</strong> caso de Crup que há<br />

noticia, de que se tenha feito <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>; as outras cinco<br />

foram praticadas de há <strong>do</strong>is annos para cá pelo Sr. JOAQUIM<br />

THEOTÓNIO DA SILVA, das quaes as quatro primeiras foram<br />

mal succedidas, sen<strong>do</strong> a curada uma <strong>do</strong>entinha pertencente<br />

também ao Sr. Dr. Simas que no jornal da sociedade de<br />

Sciências Médicas de Lisboa nos deu já conhecimento da sua<br />

historia, tratamento e operação. A <strong>do</strong>entinha <strong>do</strong> Sr. Barbosa<br />

foi vista pelos Sr. Beirão, Pereira Mendes Teixeira etc.”<br />

Esta cirurgia foi realizada pelo DR. ANTÓNIO MARIA BAR-<br />

BOSA, um <strong>do</strong>s nossos mais brilhantes cirurgiões <strong>do</strong> século<br />

XIX. Foi o primeiro <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> a realizar uma ovariotomia,<br />

o primeiro a experimentar a eterização, e a extirpar<br />

um tumor h<strong>em</strong>orroidal com o esmaga<strong>do</strong>r de Chassaignac.<br />

A primeira anestesia com Éter, <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, deveu-se ao<br />

então estudante de Medicina, António Maria Barbosa,<br />

que consentiu <strong>em</strong> ser ele próprio anestesia<strong>do</strong>. Num artigo<br />

publica<strong>do</strong> no JORNAL DA SOCIEDADE PHARMA-<br />

CEUTICA LUSITANA, vol. IV, página 604, descreve, com<br />

grande minúcia, todas as sensações e esta<strong>do</strong>s por que<br />

passou ao inalar o “Ether Sulfurico”, sob a direcção <strong>do</strong> Sr.<br />

Barral, pelo aparelho fabrica<strong>do</strong> pela <strong>em</strong>presa Walters and<br />

Company, de Londres.<br />

Foi também o primeiro a utilizar o hidrato de cloral, como<br />

calmante, e a tratar a difteria com insuflações pela flor de<br />

enxofre lava<strong>do</strong>.<br />

No Jornal da Sociedade de Ciências Médicas de 1860, na<br />

página 98, encontro um artigo de A. M. Barbosa com o título<br />

“RESSECÇÃO DO MAXILAR INFERIOR EM UM CASO DE<br />

CANCRO DO OSSO” que refere o seguinte:<br />

“Damos apenas uma noticia sucinta desta operação, que<br />

acaba de ser magistralmente praticada nos quartos particulares<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José pelo nosso distinto colega e<br />

prezadíssimo amigo, o Sr. Magalhães Coutinho, não sab<strong>em</strong>os<br />

de outro caso de ressecção <strong>do</strong> maxilar inferior, senão <strong>do</strong><br />

que operou há anos o nosso sábio e Mestre, o Sr. Lourenço<br />

da Luz.”<br />

Segue-se a descrição da cirurgia de forma bastante exaustiva<br />

e a conclusão:<br />

“A disecção da peça anatómica que foi estudada ao microscópio<br />

pelo Sr. Dr. May Figueira, confirmou o diagnóstico da<br />

<strong>do</strong>ença e a sua sede primitiva no osso.”


FIGURA 57<br />

O PROF. anTÓniO MaRia BaRBOSa (1825 - 1892), cOnSiDERaDO UM DOS<br />

MaiORES iMPULSiOnaDORES Da ciRURGia EM PORTUGaL<br />

É também ANTÓNIO MARIA BARBOSA que, <strong>em</strong> 1862, realiza,<br />

pela primeira vez <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, no <strong>Hospital</strong> de S. José,<br />

a ressecção de to<strong>do</strong> o maxilar superior <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito,<br />

conforme v<strong>em</strong> escrito no Jornal da Sociedade das Ciências<br />

Médicas de Nov<strong>em</strong>bro de 1862.<br />

Considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores impulsiona<strong>do</strong>res da Cirurgia<br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, ANTÓNIO MARIA BARBOSA, foi a to<strong>do</strong>s<br />

os títulos, um brilhante pioneiro.<br />

Nasci<strong>do</strong> na ilha <strong>do</strong> Faial a 12 de Julho de 1825, António<br />

Maria Barbosa cursou na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa,<br />

ten<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre louvor nos exames, e alcançan<strong>do</strong> prémios<br />

<strong>em</strong> seis das nove cadeiras que constituíam o curso.<br />

Foi-lhe passada a carta de Médico-cirurgião <strong>em</strong> 7 de Outubro<br />

de 1850. Foi nomea<strong>do</strong> cirurgião <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> hospital<br />

de S. José <strong>em</strong> 3 de Fevereiro de 1855, director <strong>do</strong><br />

mesmo Banco <strong>em</strong> 4 de Agosto <strong>do</strong> mesmo ano. Foi nomea<strong>do</strong><br />

primeiro substituto da Escola Médico-Cirúrgica de<br />

Lisboa, <strong>em</strong> 3 de Set<strong>em</strong>bro de 1859, lente proprietário <strong>em</strong><br />

20 de Agosto de 1863 (Anatomia Patológica e Medicina<br />

Operatória), cirurgião efectivo da Real Câmara <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de São José e da Misericórdia, director <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de São José e das Enfermarias de Santo António<br />

e de Santa Quitéria, respectivamente, nos Hospitais de<br />

São José e de Dona Estefânia.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 73<br />

Foi nomea<strong>do</strong> Médico honorário <strong>do</strong> Paço Real, por serviços<br />

presta<strong>do</strong>s na última <strong>do</strong>ença da rainha D. Estefânia (A rainha<br />

faleceu muito jov<strong>em</strong>, apenas um ano depois de ter<br />

chega<strong>do</strong> a <strong>Portugal</strong> e de ter casa<strong>do</strong> com o Rei D. Pedro V).<br />

António Maria Barbosa foi agracia<strong>do</strong> com as ordens de<br />

Cristo, Torre e Espada, Santiago, Legião de Honra (França),<br />

Isabel, a Católica (Espanha), Rosa (Brasil), Gustav Wasa (Suécia),<br />

S. Maurício e de S. Lázaro (ambas da Itália) e a medalha<br />

municipal da Febre-amarela.<br />

Foi presidente da Sociedade de Ciên cias Médicas e um<br />

profícuo escritor médico, ten<strong>do</strong> assina<strong>do</strong> cerca de uma<br />

centena de obras, entre as quais se destacam: “Ensaio<br />

sobre a cólera-epidémica”, “Dissertação sobre o tratamento<br />

<strong>do</strong>s apertos orgânicos da uretra”, “Estu<strong>do</strong>s sobre o<br />

garrotilho”, “Nota sobre a ovariotomia”, “Aneurisma da<br />

aorta peitoral descendente”, “Cancro encefalóide das partes<br />

moles <strong>do</strong> braço direito”, “Ampu tação, diagnóstico e curabilidade<br />

<strong>do</strong> cancro e úlcera cancróide <strong>do</strong> lábio superior,<br />

Extirpação.”<br />

António Maria Barbosa faleceu <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 8 de Julho<br />

de 1892.<br />

No Catálogo <strong>do</strong> leilão da Biblioteca <strong>do</strong> Dr. António Maria<br />

Barbosa (muito rico, como era de esperar, <strong>em</strong> <strong>Livro</strong>s de<br />

Medicina), que se realizou <strong>em</strong> 1893, destaco com o Nº<br />

277, o livro <strong>do</strong> Dr. Morell Mackenzie sobre Doenças da Laringe,<br />

publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1882. Com o Nº 305, o livro de Adam<br />

Politzer, “Traité des Maladies de L’oreille”, traduzi<strong>do</strong> <strong>do</strong> al<strong>em</strong>ão<br />

<strong>em</strong> 1884 e os livros de Toynbee (Nº 366), “Maladies de<br />

L’oreille”, de 1874 e de Anton Von Troltsch (Nº 369), “Traité<br />

des Maladies de L’oreille”, de 1870.<br />

Isto prova o interesse <strong>em</strong> estar efectivamente muni<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

melhores Trata<strong>do</strong>s de Otorrinolaringologia que existiam<br />

nessa época.<br />

Em 1855 vai surgir um artigo de ANTÓNIO MARIA BARBOSA<br />

sobre “GARROTILHO – TRACHEOTOMIA NO PERÍODO AP-<br />

NEICO - CURA”, que veio inseri<strong>do</strong> <strong>em</strong> duas publicações distintas,<br />

no Jornal da Sociedade de Ciências Médicas e na<br />

Gazeta Médica de Lisboa - 1ª Série, Tomo 3º, 3º Ano, nº 64<br />

de 16 de Set<strong>em</strong>bro de 1855. Termina o artigo com a descrição<br />

da anatomia da região <strong>em</strong> que praticou a traqueotomia.<br />

Finalmente faz uma descrição de técnica utilizada<br />

que, por curiosidade histórica, vamos transcrever:<br />

“Processo de Tracheotomia <strong>em</strong>pregada: Os instrumentos de<br />

que nos servimos, que faz<strong>em</strong> parte <strong>do</strong>s que t<strong>em</strong>os <strong>em</strong> uma<br />

caixa especial no Banco <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, feita numa<br />

oficina <strong>do</strong> Sr. António Polycarpo, foram os seguintes: três escalpelos<br />

pequenos, um convexo, um recto pontiagu<strong>do</strong> e um<br />

de botão, ligeiramente curvo sobre o corte; uma sonda de<br />

rego; um estilete agulha; uma pinça de dissecção; um tenáculo<br />

agu<strong>do</strong>; <strong>do</strong>is rombos; um dilata<strong>do</strong>r de Trousseau; a cânula<br />

<strong>do</strong>brada de Borgelot, linhas enceradas e esponjas<br />

(como nesta época não havia aspiração eram utilizadas esponjas<br />

para absorver o sangue).


74<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

A operação foi praticada pelas 11 horas da noite, segun<strong>do</strong> o<br />

processo de Trousseau: a criança, já insensível a tu<strong>do</strong>, s<strong>em</strong>i-<br />

-morta, foi deitada <strong>em</strong> decúbito <strong>do</strong>rsal, sobre uma mesa coberta<br />

com um lençol <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>. Debaixo <strong>do</strong> pescoço e espáduas<br />

colocou-se uma almofada de certa consistência, para manter<br />

a cabeça de mo<strong>do</strong> a que a traqueia ficasse saliente.<br />

Coloca<strong>do</strong>s à direita <strong>do</strong> paciente, fiz<strong>em</strong>os uma prega transversal<br />

na pele da parte média da região traqueal. Um <strong>do</strong>s<br />

colegas segurava a sua extr<strong>em</strong>idade esquerda e a outra era<br />

sustida pela nossa mão esquerda: com um canivete convexo<br />

na mão direita, incisámos perpendicularmente, a parte<br />

média desta prega, compreenden<strong>do</strong> a pele e a fascia superficial.<br />

Ficou então uma incisão vertical, na linha mediana da<br />

região traqueal, isto é, estendida da altura <strong>do</strong> bor<strong>do</strong> inferior<br />

da cartilag<strong>em</strong> cricoideia ao esterno.<br />

Incisámos depois a aponevrose cervical, servin<strong>do</strong>-nos da<br />

pinça de dissecção da sonda arrejoada e <strong>do</strong> canivete pontiagu<strong>do</strong>.<br />

Separámos com a sonda um <strong>do</strong> outro, os músculos<br />

esterno-tiroideus e as veias <strong>do</strong> plexo infra-hioideu, que corriam<br />

paralelas.<br />

Com os tenáculos rombos, separámos os bor<strong>do</strong>s da ferida<br />

para descobrirmos a traqueia, então encontrámos a artéria<br />

tiroideia inferior direita, laqueámos esta artéria <strong>em</strong> <strong>do</strong>is pontos<br />

próximos e cortámo-la. Apareceu depois a traqueia na<br />

extensão de uma polegada, ten<strong>do</strong> encostada à sua direita a<br />

artéria carótida primitiva, que desviámos.<br />

B<strong>em</strong> limpo o fun<strong>do</strong> da ferida com esponja, e fixa a traqueia<br />

com o de<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r esquer<strong>do</strong>, fiz<strong>em</strong>os uma punção no<br />

orgão, cravan<strong>do</strong> o escalpelo perpendicularmente, logo abaixo<br />

da cartilag<strong>em</strong> cricoideia. Logo que penetrámos na traqueia e<br />

cortámos um ou <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s seus anéis cartilaginosos, um ruí<strong>do</strong><br />

notável, devi<strong>do</strong> à passag<strong>em</strong> <strong>do</strong> ar pela ferida, anunciou a abertura<br />

da traqueia. Em seguida, substituímos o escalpelo pontiagu<strong>do</strong><br />

pelo de botão, com o qual cortámos mais três ou<br />

quatro anéis da traqueia <strong>em</strong> seguimento aos primeiros. Aberta<br />

assim, largamente a traqueia saiu uma onda de líqui<strong>do</strong> com<br />

flocos m<strong>em</strong>branosos. Introduzimos logo o dilata<strong>do</strong>r de Trousseau,<br />

e entre os seus ramos met<strong>em</strong>os a cânula <strong>do</strong>brada de Borgelat,<br />

reconhecen<strong>do</strong> a passag<strong>em</strong> de ar pela cânula, retirámos<br />

o dilata<strong>do</strong>r e segurámos a cânula com uma fita própria.<br />

A união das extr<strong>em</strong>idades da ferida com adesivo posto de<br />

trás <strong>do</strong> pavilhão da cânula e uma tira de colocar à volta <strong>do</strong><br />

pescoço completaram a operação.”<br />

Tal como já referi anteriormente, o primeiro Cirurgião a<br />

realizar uma traqueotomia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, para um caso<br />

de Crup, <strong>em</strong> 1851, foi JOAQUIM THEOTÓNIO DA SILVA<br />

que foi também o primeiro cirurgião, <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, a generalizar<br />

a eterização (utilização de Éter para anestesiar<br />

os <strong>do</strong>entes) <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>s, assim como a realizar as primeiras<br />

experiências com o clorofórmio <strong>em</strong> animais <strong>do</strong>mésticos.<br />

Joaquim Teotónio da Silva nasceu <strong>em</strong> Lisboa<br />

FIGURA 58<br />

jOaQUiM ThEOTÓniO Da SiLVa (1817 - 1896 ) FOi O PRiMEiRO ciRURGiÃO a<br />

REaLiZaR UMa TRaQUEOTOMia EM PORTUGaL PaRa UM caSO DE cRUP, EM 1851<br />

<strong>em</strong> 1817 e a ele se deve também a extirpação completa<br />

<strong>do</strong> astrágalo (1875), entre outras inovações cirúrgicas.<br />

JOAQUIM THEOTÓNIO DA SILVA foi director da Enfermaria<br />

de Santo Onofre, <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, Lente de Obstetrícia<br />

e Regente de Patologia Externa e Clínica Geral da Escola<br />

Médica de Lisboa, além de Presidente da Sociedade<br />

de Ciências Médicas de 1856 - 1858, era Médico Honorário<br />

da Real Câmara e faleceu <strong>em</strong> Lisboa no dia 25 de Março<br />

de 1896.<br />

No Jornal da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, no<br />

dia 8 de Janeiro de 1859, JOAQUIM THEOTÓNIO DA SILVA<br />

descreve um caso de traqueotomia, que realizou numa<br />

criança, e no final <strong>do</strong> artigo, faz algumas considerações<br />

referin<strong>do</strong> o facto de ter realiza<strong>do</strong> esta cirurgia desde 1851.<br />

Diz o cirurgião:<br />

“É a oitava vez que pratico a operação de traqueotomia, e é<br />

a terceira vez que consigo fazer voltar á vida crianças votadas<br />

a uma morte certa.<br />

Este resulta<strong>do</strong> favorável veio confirmar a opinião <strong>em</strong> que eu estava<br />

quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1851, ousei <strong>em</strong>pregar este recurso, que <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

ninguém antes de mim tinha ensaia<strong>do</strong> como meio de<br />

curar o croup.


Esta observação nada apresentou de notável, mas serve<br />

para corroborar os princípios que <strong>em</strong> 1851 e 1854 <strong>em</strong>iti<br />

acerca <strong>do</strong>s fenómenos observa<strong>do</strong>s durante o croup.<br />

1. A insensibilidade da pele nos <strong>do</strong>entes com croup, permite<br />

fazer a intervenção s<strong>em</strong> <strong>do</strong>res para o <strong>do</strong>ente.<br />

2. É desnecessária a laqueação das veias <strong>do</strong> plexo subtiroideu<br />

nas crianças, pois provoca flebite <strong>em</strong> muitos casos.<br />

3. A sucção e respiração artificial são práticas a que não<br />

pode eximir-se o opera<strong>do</strong>r, a despeito <strong>do</strong>s perigos que lhe<br />

possam advir, poden<strong>do</strong> usar um tubo de goma elástica<br />

como aconselha o Sr. Grussart.”<br />

Em 1860 MANUEL BENTO DE SOUSA, apresentou e defendeu<br />

a sua tese de fim de curso intitulada “DO CROUP E<br />

SEU TRATAMENTO. TRAQUEOTOMIA.” É um manuscrito de<br />

84 páginas com uma dedicatória ao <strong>Prof</strong>. Cunha Vianna.<br />

Este estu<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> basicamente uma revisão <strong>do</strong>s autores<br />

Franceses, t<strong>em</strong> no final uma referência a antigos livros médicos<br />

portugueses: Zacuto, Curvo S<strong>em</strong>e<strong>do</strong>, e António de<br />

Almeida de qu<strong>em</strong> Manuel Bento de Sousa diz ter si<strong>do</strong> o<br />

primeiro entre nós a descrever as falsas m<strong>em</strong>branas no 3º<br />

volume <strong>do</strong> seu trata<strong>do</strong> de cirurgia “MEDICINA OPERATÓ-<br />

RIA” <strong>do</strong> qual já falei anteriormente.<br />

Na Gazeta Médica de Lisboa, no dia 1 de Outubro de 1860<br />

v<strong>em</strong> publica<strong>do</strong> um artigo sobre “EXPLORAÇÃO DO CANAL<br />

AUDITIVO EXTERNO E DO TÍMPANO; SUA IMPORTÂNCIA;<br />

EXAME CRÍTICO DOS METHODOS EMPREGADOS ATÉ<br />

HOJE E INDICAÇÃO DE UM NOVO METHODO”, pelo Dr.<br />

Troeltsch de Wurzburg.<br />

É um artigo dividi<strong>do</strong> <strong>em</strong> três partes e publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> três<br />

s<strong>em</strong>anas consecutivas que passa <strong>em</strong> revista, de uma maneira<br />

exaustiva, to<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s de exploração <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>,<br />

conheci<strong>do</strong>s na época e muito pouco <strong>em</strong>pregues <strong>em</strong><br />

<strong>Portugal</strong>. Penso ser o primeiro artigo de fun<strong>do</strong>, publica<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, sobre as técnicas de Otoscopia.<br />

No ano de 1861, na mesma Gazeta Médica de Lisboa, AN-<br />

TÓNIO MARIA BARBOSA publica, dividi<strong>do</strong> <strong>em</strong> vários capítulos<br />

a começar no dia 1 de Julho de 1861, no nº 11, e que<br />

se vai prolongar até ao nº 24 de 16 de Dez<strong>em</strong>bro, uma<br />

monografia intitulada “ESTUDO SOBRE GARROTILHO OU<br />

CRUP.” Este Estu<strong>do</strong>, que começa com a definição da<br />

<strong>do</strong>ença, os sintomas, e termina com a terapêutica, foi publica<strong>do</strong><br />

sob a forma de <strong>Livro</strong>, ainda no ano de 1861, intitula<strong>do</strong><br />

“ESTUDOS SOBRE O GARROTILHO OU CRUP,<br />

MEMÓRIA APRESENTADA À ACADEMIA DAS SCIENCIAS<br />

DE LISBOA” por António Maria Barbosa.<br />

Em 1862, MANUEL JOSÉ DA SILVA PEREIRA faz a sua Dissertação<br />

Inaugural para o acto de Conclusões Magnas na<br />

Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, sob o t<strong>em</strong>a “DA AN-<br />

GINA MEMBRANOSA E SUAS CAUSAS E NATUREZA.” O<br />

autor refere rejeitar o nome de Crup, pois achava que este<br />

nome inventa<strong>do</strong> pelo Médico Escocês, FRANCIS HOME,<br />

não se adaptava à Língua Portuguesa. É um trabalho com<br />

cerca de c<strong>em</strong> páginas, onde não faltam referências aos diversos<br />

tratamentos e à Traqueotomia.<br />

FIGURA 59<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 75<br />

“ESTUDOS SOBRE O GaRROTiLhO OU cRUP”<br />

DE anTÓniO MaRia BaRBOSa PUBLicaDO EM 1861<br />

Na Revista Gazeta Médica de 1863, na página 248 encontro<br />

a notícia de que no dia 11 de Abril desse ano, o Dr.<br />

ALVES BRANCO praticou uma extracção completa <strong>do</strong> maxilar<br />

superior numa <strong>do</strong>ente de 40 anos de idade, com “UM<br />

TUMOR ENCEPHALOIDE QUE TINHA AFECTADO TODO O<br />

MAXILAR SUPERIOR DO LADO ESQUERDO.”<br />

No número seguinte da revista, na página 259, o Dr. Alves<br />

Branco, descreve os detalhes da cirurgia “Têm apareci<strong>do</strong><br />

ultimamente, neste <strong>Hospital</strong> de S. José, cinco casos de Cancro<br />

<strong>do</strong> Seio Maxilar.”<br />

Descreve depois cinco casos, <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s quais opera<strong>do</strong>s por<br />

António Maria Barbosa e os outros três por ele. A h<strong>em</strong>orragia<br />

era controlada com ferros <strong>em</strong> brasa e foi <strong>em</strong>pregue<br />

a serra articulada para o corte <strong>do</strong> osso. V<strong>em</strong> de seguida a<br />

descrição da operação referida no número anterior:<br />

“No dia 11 de Abril proced<strong>em</strong>os à operação. A <strong>do</strong>ente foi cloroformizada<br />

s<strong>em</strong> que todavia se pudesse obter anestesia<br />

completa. A incisão foi feita no processo <strong>do</strong> Sr. Velpeau….” A<br />

descrição da cirurgia continua: “Ligou-se só uma artéria<br />

subcutânea e com ferro <strong>em</strong> brasa estancou-se o sangue que<br />

corria nas outras partes com quatro alfinetes unimos a incisão<br />

da face e o <strong>do</strong>ente passou b<strong>em</strong>.” Teve alta no dia 13 de<br />

Maio, <strong>do</strong>is meses após a cirurgia.


76<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

Em 1864, António Maria Barbosa publica um trabalho na<br />

Gazeta Médica de Lisboa, intitula<strong>do</strong> “DE LA TRACHIOTO-<br />

MIE DANS LE CROUP.” Além da notícia dessa publicação,<br />

v<strong>em</strong> um artigo <strong>do</strong> próprio A. M. Barbosa, onde refere que<br />

até 1 de Junho de 1863, tinha feito 15 vezes, a traqueotomia<br />

<strong>em</strong> casos de Crup e havia consegui<strong>do</strong> seis curas.<br />

Refere o autor: “Contam-se pois, <strong>em</strong> Lisboa e proximidades<br />

41 operações de traqueotomia praticadas no Crup, com 13<br />

seguidas de cura, o que dá uma taxa de 31,7: 100.”<br />

Em 1875, o DR. MAY FIGUEIRA apresentou um caso de<br />

“EXTRACÇÃO DE UM PÓLIPO DA CORDA VOCAL ES-<br />

QUERDA” (fez a extracção por laringoscopia indirecta,<br />

com uma pinça da sua autoria que ficou conhecida por<br />

PINÇA DE MAY FIGUEIRA), na sessão de 13 de Fevereiro de<br />

1875 da Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, presidida<br />

por ARANTES PEDROSO e secretariada por J. C. Câmara<br />

de Cabral e Lúcio Silva, e na qual estavam presentes<br />

Gaspar Gomes, Ama<strong>do</strong>, Alberto Oliveira, Cunha Viana, Mace<strong>do</strong>,<br />

Bernardino Gomes, May Figueira Campos, Ribeiro<br />

Guedes, Boaventura Martins, Gregório Fernandes, Bento<br />

de Sousa, Alves Branco Barbosa, Abílio Mascarenhas.<br />

Na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa <strong>em</strong> 1885, já eram<br />

trata<strong>do</strong>s t<strong>em</strong>as como:<br />

Infecções da boca e órgãos anexos, <strong>do</strong> nariz e fossas nasais<br />

e <strong>do</strong>s órgãos da audição, na cadeira de PATOLOGIA EX-<br />

TERNA cujo Lente era JOSÉ ANTÓNIO ARANTES PEDROSO.<br />

O programa <strong>do</strong> “CURSO DE MEDICINA OPERATÓRIA” regi<strong>do</strong><br />

por ANTÓNIO MARIA BARBOSA tinha t<strong>em</strong>as como:<br />

• Cateterismo da Trompa de Eustáquio;<br />

• Broncoscopia;<br />

• Traqueotomia;<br />

• Operações que se praticam no esófago.<br />

No programa da cadeira de “PATOLOGIA MEDICA” <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>.<br />

CUNHA VIANA encontro referências à:<br />

• Laringite aguda, crónica, estridulosa, ed<strong>em</strong>atosa e pseu<strong>do</strong>m<strong>em</strong>branosa.<br />

Nos “APONTAMENTOS DE PATOLOGIA CIRÚRGICA” de A.X.<br />

LOPES VIEIRA (publica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Coimbra <strong>em</strong> 1889 - 1890),<br />

constam os seguintes t<strong>em</strong>as:<br />

• Concreções ceruminosas <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s;<br />

• Corpos estranhos no ouvi<strong>do</strong>;<br />

• Otite externa;<br />

• Inflamações <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> médio;<br />

• Otite interna;<br />

• Fracturas <strong>do</strong> nariz;<br />

• Abcesso <strong>do</strong> seio maxilar;<br />

• Fracturas <strong>do</strong> maxilar inferior;<br />

• Luxações <strong>do</strong> queixo;<br />

• Hipertrofia das amígdalas;<br />

• Fleimão das amígdalas;<br />

• Rânula.<br />

PRIMÓRDIOS DA<br />

ANESTESIA GERAL<br />

EM PORTUGAL<br />

Apesar de não caber no âmbito deste trabalho uma descrição<br />

exaustiva da introdução das técnicas da Anestesia<br />

geral <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, não quero deixar de referir alguns factos<br />

que considero importantes.<br />

Em 1818, o físico inglês MICHAEL FARADAY descreve o<br />

efeito inebriante <strong>do</strong> éter. Em 1831, SOUBERAIN <strong>em</strong> França<br />

e LIEBIG na Al<strong>em</strong>anha, descobr<strong>em</strong> de forma independente<br />

o clorofórmio.<br />

Em 10 de Nov<strong>em</strong>bro de 1847, Sir JAMES SIMPSON relatou<br />

à Sociedade Médico-Cirúrgica de Edimburgo, as suas experiências<br />

pessoais da anestesia pelo clorofórmio.<br />

O clorofórmio foi utiliza<strong>do</strong> pela primeira vez <strong>em</strong> Cirurgia<br />

pelo Dr. W. LAURENCE, <strong>em</strong> 1847 no <strong>Hospital</strong> de St. Bartholomeu<br />

numa amputação de um seio feito pelo seu assistente<br />

Dr. COOTE.<br />

O éter, descoberto no Século XIII por um Monge, RAI-<br />

MUNDO LULLE, só começou a ser <strong>em</strong>pregue na Cirurgia<br />

no Século XIX.<br />

FIGURA 60<br />

QUaDRO cOM OS PRiMEiROS caSOS DO EMPREGO DO ÉTER E DO<br />

cLOROFÓRMiO EM LiSBOa EnTRE aBRiL DE 1847 E MaRÇO DE 1848<br />

POR jOaQUiM ThEOTÓniO Da SiLVa


FIGURA 61<br />

DEMOnSTRacÇÃO ciRURGica EM LiSBOa nO PRinciPiO DO SÉc.XX- É DE nOTaR ,a anESTESia cOM MaScaRa.EnTRE a aSSiSTÊncia<br />

EncOnTRa-SE O jOVEM ESTUDanTE DE MEDicina aRTUR RicaRDO jORGE (2º a PaRTiR Da DiREiTa .na 2º FiLa) FiLhO DE RicaRDO jORGE<br />

Em 30 de Março de 1842, o Dr. CRAWFORD WILLLIAMSON<br />

LONG extraiu a um <strong>do</strong>ente que se chamava James Venoble,<br />

um tumor <strong>do</strong> pescoço sob anestesia geral com éter.<br />

Repetiu esta anestesia mais duas vezes, <strong>em</strong> Julho de 1843<br />

e Janeiro de 1845.<br />

Em Julho de 1844, um dentista, WILLIAM MORTON realiza<br />

uma extracção dentária s<strong>em</strong> <strong>do</strong>r a um paciente sob o<br />

efeito <strong>do</strong> éter. Em 1847, realizam-se <strong>em</strong> França e na Al<strong>em</strong>anha,<br />

as primeiras anestesias gerais com éter.<br />

O primeiro artigo que entre nós se ocupou <strong>do</strong> assunto foi<br />

publica<strong>do</strong> no jornal da Sociedade Pharmacêutica Lusitana,<br />

(tomo IV, Lisboa, 1847) assina<strong>do</strong> por ANTÓNIO<br />

MARIA BARBOSA que experimentou o éter e reuniu neste<br />

artigo as suas impressões; Barbosa era estudante de Medicina,<br />

e mais tarde foi um professor distinto da Escola<br />

Médico-Cirúrgica de Lisboa.<br />

Em <strong>Portugal</strong>, foi o <strong>Prof</strong>. da Escola Médico-Cirúrgica <strong>do</strong><br />

Porto, Dr. LUIZ PEREIRA DA FONSECA, <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro de<br />

1847, o primeiro a utilizar o éter <strong>em</strong> Anestesia Cirúrgica,<br />

utilizan<strong>do</strong> um aparelho eteriza<strong>do</strong>r, que aplicou <strong>em</strong> três<br />

casos, uma castração e duas fimoses. Descreveu estes<br />

casos no Jornal da Sociedade Pharmaceutica Lusitana.<br />

Em 12 de Janeiro de 1848, o Dr. BERNARDINO ANTÓNIO<br />

GOMES (Filho) fez <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> a primeira aplicação <strong>do</strong><br />

Clorofórmio <strong>em</strong> Cirurgia. A operação foi realizada pelo Dr.<br />

JOÃO PEDRO BARRAL, e o clorofórmio prepara<strong>do</strong> pelo<br />

Lente de Farmácia, JOSÉ TEDESCHI. Esta primeira aplicação<br />

v<strong>em</strong> descrita no JORNAL DE PHARMÁCIA E SCIENCIAS<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 77<br />

ACCESSÓRIAS, 1ª série Tomo I de 1948:<br />

“Entre nós o chloroformio começa a ser aplica<strong>do</strong>, felizmente a<br />

primeira experiencia, <strong>em</strong> que se <strong>em</strong>pregou o chloroformio por<br />

nos obti<strong>do</strong>, foi coroada <strong>do</strong> mais feliz resulta<strong>do</strong>: com efeito pretenden<strong>do</strong><br />

o Sr. J. P. BARRAL fazer a extracção d’um chisto a um<br />

<strong>do</strong>ente que tinha <strong>em</strong> sua enfermaria, ali fomos com o fim de<br />

ver os effeitos d’este novo producto e na verdade ficamos b<strong>em</strong><br />

convenci<strong>do</strong>s da sua utilidade quan<strong>do</strong> vimos que ten<strong>do</strong> o Sr. Dr.<br />

Bernardino António Gomes feito a applicação á boca e nariz<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong>ente d’um lenço de cambraia<strong>do</strong>bra<strong>do</strong> <strong>em</strong> oito partes no<br />

qual lançara uma oitava <strong>do</strong> chloroformio ao fim de <strong>do</strong>us minutos<br />

este se achava <strong>em</strong> tal esta<strong>do</strong> de insensibilidade, que<br />

pode o Sr. Barral fazer a extracção completamente s<strong>em</strong> que o<br />

opera<strong>do</strong> desse o menor sinal de <strong>do</strong>r! Terminada a operação o<br />

Sr. Dr. Gomes retirou o lenço e <strong>do</strong>us minutos depois o <strong>do</strong>ente se<br />

mostrava admira<strong>do</strong> de já não ter o chisto”.<br />

Nesta mesma revista v<strong>em</strong> publica<strong>do</strong> um quadro des<strong>do</strong>brável<br />

da autoria de Joaquim Theotónio da Silva onde são<br />

descritos os primeiros 14 casos <strong>do</strong> <strong>em</strong>prego <strong>do</strong> éter e os<br />

primeiros 10 casos <strong>do</strong> <strong>em</strong>prego <strong>do</strong> clorofórmio <strong>em</strong> Lisboa<br />

entre Abril de 1847 e Março de 1848.<br />

No Porto, a primeira aplicação de clorofórmio foi efectuada<br />

por ANTÓNIO BERNARDINO DE ALMEIDA, <strong>em</strong> 31 de<br />

Janeiro de 1848, numa rapariga de 20 anos para excisão<br />

de um naevus.<br />

O <strong>Prof</strong>. CÂMARA SINVAL, a 31 de Maio de 1848, aplica pela<br />

primeira vez <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> o clorofórmio num parto instrumental;<br />

o <strong>Prof</strong>essor Magalhães Coutinho foi o primeiro<br />

a usar o clorofórmio num parto eutócico, <strong>em</strong> 1848.


78<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

FIGURA 62<br />

O DR. MacinTOSh ESTEVE EM PORTUGaL, EM SETEMBRO DE 1950 E EScREVEU UMaS PaLaVRaS nO LiVRO DE hOnRa DO hOSPiTaL inFanTiL DE S. ROQUE aPÓS<br />

aSSiSTiR ÀS ciRURGiaS DO DR. cOSTa QUinTa.<br />

Em 1900, o <strong>Prof</strong>. SABINO COELHO realizou <strong>em</strong> Lisboa, a primeira<br />

Raquianestesia de que há conhecimento <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Durante muitos anos um <strong>do</strong>s grandes probl<strong>em</strong>as anestésicos<br />

eram as cirurgias envolven<strong>do</strong> a boca ou o nariz, pois<br />

a anestesia era feita apenas com máscaras, e <strong>em</strong>bora existiss<strong>em</strong><br />

técnicas para a aplicar, permitin<strong>do</strong> ao cirurgião actuar,<br />

havia um risco enorme de aspiração de sangue, pois<br />

a via aérea não estava protegida.<br />

A primeira entubação orotraqueal de que há registo realizou-se<br />

<strong>em</strong> 1878 num adulto acorda<strong>do</strong>, pelo cirurgião<br />

WILLIAM MACEWAN, usan<strong>do</strong> os de<strong>do</strong>s como guia. Antes<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> Autoscópio de ALFRED KIRSTEIN,<br />

que realizou a primeira laringoscopia directa num adulto<br />

<strong>em</strong> 1895, a necessidade de ver a laringe para realizar uma<br />

entubação era compensada pela utilização <strong>do</strong> tacto ou<br />

pela entubação às cegas.<br />

Em 1913, CHEVALIER JACKSON publicou um artigo descreven<strong>do</strong><br />

um aparelho para a Laringoscopia directa e cauterização<br />

da traqueia, e HENRY JANEWAY publicou um artigo<br />

intitula<strong>do</strong> “Intratracheal Anesthesia from the Standpoint of<br />

the Nose, Throat and Oral Surgeon with a description of a<br />

new instrument for catheterizing the trachea.”<br />

Era o início da era da entubação orotraqueal, e Janeway<br />

desenvolveu um Laringoscópio com o único propósito de<br />

permitir ao Anestesista colocar um tubo intratraqueal.<br />

Este Laringoscópio possuía uma luz distal e uma pequena<br />

bateria. Apesar da sua utilidade, não teve grande divulgação,<br />

e a própria entubação orotraqueal só foi popularizada<br />

após a Primeira Guerra Mundial por Magill e<br />

Rowbothan, com a utilização de tubos curvos e de pinças<br />

próprias para a sua colocação.<br />

A grande dificuldade <strong>do</strong>s laringoscópios era o facto de as<br />

lâminas ser<strong>em</strong> rectas, pois traumatizavam a boca e muitas<br />

vezes era impossível ver as cordas vocais. Foi <strong>em</strong> 1943 que<br />

se deu a grande revolução, com a invenção, pelo Dr. RO-<br />

BERT MACINTOSH, <strong>do</strong> Laringoscópio de Lâmina curva e<br />

iluminação distal com vários tamanhos, e que ainda hoje<br />

é usa<strong>do</strong> nos Blocos Operatórios de to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong>.<br />

FIGURA 63<br />

caRTa DO DR. LOPES SOaRES aO DR. cOSTa QUinTa<br />

EM 1950 POR OcaSiÃO Da ViSiTa DO DR. MacinTOSh


PRIMEIRO CASO DE MORTE<br />

PELO CLOROFÓRMIO<br />

REGISTADO EM PORTUGAL<br />

Na Revista Gazeta Médica de Lisboa, <strong>em</strong> 16 de Janeiro de<br />

1860, v<strong>em</strong> relata<strong>do</strong> o primeiro caso de morte pelo clorofórmio,<br />

regista<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. O artigo começa por referir<br />

que o clorofórmio já t<strong>em</strong> feito um certo número de<br />

vítimas e que <strong>em</strong> França e Inglaterra esse número ascendia<br />

acima de 120.<br />

Este caso é o relato da<strong>do</strong> ao Jornal pelo Sr. EMÍLIO SEVE-<br />

RINO DE AVELLAR, destaca<strong>do</strong> aluno da Escola, a qu<strong>em</strong> o<br />

<strong>do</strong>ente pertencia. O <strong>do</strong>ente era João Ferreira de Matos,<br />

de 29 anos e tinha si<strong>do</strong> interna<strong>do</strong> para a extracção de <strong>do</strong>is<br />

pequenos quistos da pálpebra superior.<br />

A administração de clorofórmio foi realizada pelo Sr. Dr.<br />

Maduro, um facultativo brasileiro que estava presente na<br />

sala. Segun<strong>do</strong> o relato, o colapso foi imediato, ten<strong>do</strong> o<br />

<strong>do</strong>ente faleci<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>do</strong>is minutos. Segue-se o relato das<br />

tentativas de reanimação e da posterior autópsia.<br />

A conclusão <strong>do</strong> artigo é que nas operações pequenas, não<br />

se deve descurar, ainda que raros, os perigos <strong>do</strong> uso <strong>do</strong><br />

clorofórmio que se deveria analisar muito b<strong>em</strong> o esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> coração e <strong>do</strong>s pulmões antes <strong>do</strong> <strong>em</strong>prego desta droga.<br />

A MEDICINA<br />

CONTEMPORÂNEA E A<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

A partir <strong>do</strong> dia 7 de Janeiro de 1883, iniciou-se a publicação<br />

da revista: “A MEDICINA CONTEMPORÂNEA” que se<br />

veio a tornar no mais importante periódico português de<br />

medicina <strong>do</strong> final <strong>do</strong> Século XIX. A Redacção era composta<br />

pelo <strong>Prof</strong>. Manuel Bento de Sousa, Presidente, e os<br />

redactores eram o <strong>Prof</strong>. António Maria de Senna; Bettencourt<br />

Raposo; Curry Cabral; Daniel Mattos; J. A. Serrano;<br />

Miguel Bombarda; Oliveira Feijão; Sabino Coelho; Sousa<br />

Martins; V. de Saboya e o Dr. Carlos Tavares. Na nota introdutória<br />

são referi<strong>do</strong>s os seguintes objectivos da Revista:<br />

“Dar conta <strong>do</strong>s adiantamentos da sciencia no Estrangeiro,<br />

pôr <strong>em</strong> relevo os factos e estu<strong>do</strong>s Portugueses, e advogar<br />

todas as reformas úteis que digam respeito à Medicina e seu<br />

exercício entre nós.”<br />

O primeiro trabalho publica<strong>do</strong> foi um estu<strong>do</strong> anatómico<br />

sobre o Nervo de Wrisberg, por CARLOS TAVARES. Este estu<strong>do</strong><br />

prolongou-se ao longo de 46 números da revista e<br />

só terminou <strong>em</strong> 11 de Nov<strong>em</strong>bro desse Ano. Este trabalho<br />

foi publica<strong>do</strong> sobre a forma de <strong>Livro</strong>, com o título “O<br />

NERVO DO GOSTO OU DE WRISBERG (INTERMEDIÁRIO)”,<br />

Tese inaugural à Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, por<br />

Carlos Tavares <strong>em</strong> 1883. A 3ª parte <strong>do</strong> <strong>Livro</strong> intitula-se “O<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 79<br />

Nervo Gustativo de Souza” <strong>em</strong> que Carlos Tavares procura<br />

provar a existência de uns pequenos nervos, relaciona<strong>do</strong>s<br />

com os nervos petrosos profun<strong>do</strong>s e com os superficiais<br />

a que chamou Nervos Gustativos de Sousa.<br />

No jornal, A MEDICINA CONTEMPORÂNEA de 11 de Agosto<br />

de 1895, encontro sob o título de “TUMOR NO CEREBELLO”<br />

um artigo de CARVALHO DE FIGUEIREDO e de GREGÓRIO<br />

FERNANDES, naquela que poderá ser a primeira descrição<br />

de um neurinoma <strong>do</strong> acústico <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

“A gravura que vae junta a esta observação é de um tumor<br />

<strong>do</strong> cerebêllo, diagnostica<strong>do</strong> durante a vida de um individuo<br />

que entrou para a enfermaria de S. Francisco <strong>em</strong> meia<strong>do</strong>s de<br />

Dez<strong>em</strong>bro e que falleceu passa<strong>do</strong>s poucos dias - O <strong>do</strong>ente<br />

fôra nos envia<strong>do</strong> pelo nosso colega Carvalho de Figueire<strong>do</strong>,<br />

na persuação de que se tratasse de alguma alteração <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong><br />

interno.<br />

Eu vi-o <strong>em</strong> 28 de Set<strong>em</strong>bro, até quan<strong>do</strong> foi trata<strong>do</strong> por outro<br />

medico.<br />

Estava de cama n’um grande esta<strong>do</strong> vertiginoso; eram permanentes<br />

as vertigens, até d’olhos fecha<strong>do</strong>s e <strong>em</strong> completa<br />

immobilidade. Causavam-lhe grande incommo<strong>do</strong> os ruí<strong>do</strong>s<br />

na estrada próxima á casa: dizia que lhe soavam dentro da<br />

cabeça. Ouvia b<strong>em</strong>. Aquellas vertigens eram tão intensas<br />

que o <strong>do</strong>ente mal se podia assentar na cama e quan<strong>do</strong> o<br />

fazia era de olhos fecha<strong>do</strong>s. A claridade aggrava-as tamb<strong>em</strong>.<br />

Tinha fastio completo, desanimo por o seu esta<strong>do</strong>; prizão de<br />

ventre, curtos somnos e vómitos frequentes ao tomar alimentos,<br />

assim como espontaneamente.<br />

Foi por esse t<strong>em</strong>po que elle accusou novas alterações auditivas:<br />

tinha zumbi<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong>, d’onde quasi não<br />

ouvia: um relógio de algibeira só o percebia quasi encosta<strong>do</strong><br />

á orelha; daquelle la<strong>do</strong> não accusava também os estali<strong>do</strong>s<br />

provoca<strong>do</strong>s pelos processos d’exploração de Toynbee e de<br />

Valsalva. Havia pois também obstrucção da trompa d’Eustachio<br />

esquerda.<br />

Seguidamente foi toman<strong>do</strong> mais forças. Dormia b<strong>em</strong>. Cessaram<br />

os zumbi<strong>do</strong>s; ouvia um pouco melhor; o coração chegava<br />

a não dar falhas durante3 e 4 minutos; os vómitos da<br />

manhã faltavam ás vezes; havia dias até <strong>em</strong> que nenhum<br />

vinha e o esta<strong>do</strong> vertiginoso diminuía, a ponto <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente<br />

passear pelo quintal e por casa, encosta<strong>do</strong> a <strong>do</strong>is paus (um<br />

<strong>em</strong> cada mão).<br />

Eis o que me ocorre relativo ao hom<strong>em</strong>, cuja titubeação procurei<br />

estudar, mas da qual não achei descripção conveniente,<br />

nos livros que consultei e nunca tinha observa<strong>do</strong>.”<br />

Termina aqui a primeira parte <strong>do</strong> artigo, a partir daqui o<br />

<strong>do</strong>ente foi envia<strong>do</strong> para a enfermaria <strong>do</strong> Dr. GREGÓRIO<br />

FERNANDES no <strong>Hospital</strong> de S. José e é este Médico que<br />

continua o artigo:<br />

“A observação a que proced<strong>em</strong>os veiu nos d<strong>em</strong>onstrar que<br />

se tratava de um tumor <strong>do</strong> cerebello e não de qualquer alteração<br />

<strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>. O exame feito com o especulo nada


80<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

FIGURA 64<br />

“a MEDicina cOnTEMPORÂnEa” anO 1 - nº1<br />

revelava <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> tympano que apresentava a transparência<br />

e posição normaes. As trompas estavam permeáveis<br />

n’esta occasião. A função auditiva estava ligeiramente diminuída.<br />

Não havia <strong>do</strong>r de ouvi<strong>do</strong>s ou outro symptoma que indicasse<br />

alterações profundas no ouvi<strong>do</strong> interno.<br />

O <strong>do</strong>ente podia-se sentar na cama s<strong>em</strong> maior dificuldade,<br />

s<strong>em</strong> sentir grande perturbação e apenas uma ou outra vez<br />

tinha vómitos.<br />

Os músculos motores de olho pareciam paréticos, porquanto<br />

o <strong>do</strong>ente não fazia os movimentos de rotação.<br />

Havia também uma certa parésia <strong>do</strong>s músculos posteriores<br />

da cabeça. A sensibilidade estava perfeita e faculdades intellectuaes<br />

integras. Quan<strong>do</strong> por<strong>em</strong> se levantava da cama<br />

havia grande titubeação; as pernas, apezar de ter<strong>em</strong> grande<br />

vigor, <strong>do</strong>bravam-se facilmente, in<strong>do</strong> ora para o la<strong>do</strong> direito,<br />

ora para o esquer<strong>do</strong> s<strong>em</strong> que o <strong>do</strong>ente podesse obstar a estes<br />

movimentos desordena<strong>do</strong>s, precisan<strong>do</strong>-se apoiar <strong>em</strong> duas<br />

bengalas, e contu<strong>do</strong>, isto não succedia por falta de força<br />

muscular, pois quan<strong>do</strong> deita<strong>do</strong>, a contracção <strong>do</strong>s músculos<br />

da coxa e da perna fazia-se com facilidade.”<br />

O <strong>do</strong>ente faleceu na enfermaria passa<strong>do</strong>s poucos dias e é<br />

referi<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> da autópsia:<br />

“A autopsia, feita às 24 horas proximamente, nada digno de<br />

menção, apresentava nos diversos órgãos e aparelhos – a<br />

não ser na cavidade craneana: Aberto o craneo viu-se intensa<br />

congestão da dura mater que contrastava de um<br />

mo<strong>do</strong> notável com a normal vascularisação <strong>do</strong> encephalo.<br />

FIGURA 65<br />

jORnaL “a MEDicina cOnTEMPORanEa” DE 11 DE aGOSTO DE 1895<br />

O cérebro normal, com as suas circumvoluções b<strong>em</strong> accentuadas<br />

e duras ao toque. As diversas secções <strong>do</strong> cérebro mostram<br />

a perfeita integridade d’este órgão. Os ventrículos com<br />

pouca sorosidade. Cerebello normal na parte superior; na<br />

parte inferior apresentava um tumor <strong>do</strong> tamanho de um<br />

avellã arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> de uma certa dureza, colloca<strong>do</strong> no la<strong>do</strong><br />

direito e próximo da linha média. O tumor enviava finos prolongamentos<br />

que se dirigiam para o calamus. A analyse histológica<br />

classificou-o de glioma.”<br />

Penso estarmos perante a primeira descrição de um<br />

tumor <strong>do</strong> ângulo Ponto Cerebeloso (que poderá ser um<br />

Neurinoma <strong>do</strong> Acústico) numa revista portuguesa.<br />

Curiosamente, apenas 3 anos depois encontro um trabalho<br />

com referência à Otorrinolaringologia, <strong>em</strong> 18 de Nov<strong>em</strong>bro<br />

de 1888, sobre o tratamento da Otite Média pelo<br />

Áci<strong>do</strong> Láctico, baseada numa referência a um autor estrangeiro.<br />

Em 1889, aparece o primeiro artigo original sobre Otorrinolaringologia<br />

com um artigo intitula<strong>do</strong> “APONTAMENTOS A<br />

RESPEITO DAS AMYGDALITES INFECCIOSAS”, de Bettencourt<br />

Raposo. Ainda nesse ano, <strong>em</strong> Abril de 1889, v<strong>em</strong> uma referência<br />

curiosa a que M. Neller <strong>em</strong> França, <strong>em</strong> 20 autópsias a<br />

crianças com menos de 2 anos, encontrou s<strong>em</strong>pre líqui<strong>do</strong><br />

no Ouvi<strong>do</strong> Médio bilateralmente, encontrou microrganismos<br />

<strong>em</strong> 50% delas, sen<strong>do</strong> os mais frequentes, o Streptococcus<br />

pyogenes (13 vezes); o Staphylococcus aureus (9 vezes); o<br />

Pneumococcus (5 vezes), referin<strong>do</strong> ser<strong>em</strong> estas as mesmas<br />

proporções que encontrava nos adultos.


FIGURA 66<br />

“MEDicina cOnTEMPORanEa” DE 11 DE aGOSTO DE 1895<br />

iMaGEM DO TUMOR<br />

Durante o Ano de 1890 apenas uma referência aos ouvi<strong>do</strong>s,<br />

sen<strong>do</strong> referi<strong>do</strong> o caso de uma complicação de uma<br />

Otite Média, num <strong>do</strong>ente com cefaleias, vómitos, náuseas<br />

e vertigens, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> feita uma trepanação intracraniana<br />

e punciona<strong>do</strong> o lóbulo direito <strong>do</strong> cerebelo, de onde<br />

saiu um pus féti<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> deixa<strong>do</strong> um dreno; infelizmente<br />

o <strong>do</strong>ente que pareceu ter uma melhoria nas primeiras<br />

horas, faleceu no dia seguinte.<br />

Em 18 de Outubro de 1891, no ano IX, nº 42 desta revista<br />

surge um artigo, de J. Theotónio da Silva, intitula<strong>do</strong> “GAR-<br />

ROTILHO, TRACHEOTOMIA, CURA”, onde descreve um<br />

caso de Crup laríngeo <strong>em</strong> que realizou uma traqueotomia<br />

numa criança de 5 anos. A curiosidade <strong>do</strong> caso refere-se<br />

à utilização <strong>do</strong> clorofórmio, diz Theotónio da Silva:<br />

“Porque <strong>em</strong>preguei neste caso o chlorofórmio, que até agora<br />

nunca tinha usa<strong>do</strong> nas outras 22 operações de tracheotomia<br />

que praticava desde 1851?” Em <strong>Portugal</strong> já era desde<br />

1846, <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> o ether sulfúrico e desde 1847, o chlorofórmio<br />

<strong>em</strong> todas as operações, sobretu<strong>do</strong> nas de alta cirurgia.<br />

No entanto, nas crianças, eu não me atrevia a usar<br />

narcóticos e mais tarde não anestesiei os meus operan<strong>do</strong>s,<br />

porque notei que os meus <strong>do</strong>entes que estavam na 3ª fase<br />

<strong>do</strong> Crup não davam mostras de sensibilidade no pescoço, interroga<strong>do</strong>s<br />

depois da operação, disseram que nenhuma <strong>do</strong>r<br />

tinham senti<strong>do</strong>.”<br />

No entanto, neste caso, como as falsas m<strong>em</strong>branas foram<br />

muito precoces, Theotónio decidiu avançar para traqueotomia<br />

antes da anestesia própria da 3ª fase <strong>do</strong> Crup,<br />

pelo que anestesiou a criança. O artigo termina com uma<br />

estatística das traqueotomias realizadas por Crup <strong>em</strong> Por-<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 81<br />

tugal, segun<strong>do</strong> um artigo <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. António Maria Barbosa<br />

<strong>em</strong> 1873, ou seja, 16 anos antes:<br />

“Na sessão de Junho de 1873, o <strong>Prof</strong>essor Barbosa comunicou<br />

que tinha reduzi<strong>do</strong> 23 traqueotomias com 9 casos de<br />

cura e que Theotónio tinha realiza<strong>do</strong> 21 casos com 8 de cura,<br />

termina referin<strong>do</strong> que tinha conhecimento de que até<br />

aquela data, mais 15 operações de traqueotomia realizadas<br />

por outros colegas, nas quais 4 resultaram <strong>em</strong> cura, <strong>em</strong> que<br />

foram opera<strong>do</strong>res Henriques Teixeira, Jorge Gualdino Carvalho,<br />

Teixeira Marques e Alves Branco.”<br />

O artigo continua dizen<strong>do</strong> que o Dicionário Déchambre<br />

<strong>em</strong> França, referin<strong>do</strong>-se à estatística Portuguesa, achava<br />

que os da<strong>do</strong>s eram pouco fiáveis, contrapon<strong>do</strong> Theotónio<br />

com erros no artigo e mostran<strong>do</strong> uma falsa estatística<br />

publicada <strong>em</strong> França sobre o cancro <strong>do</strong> colo <strong>do</strong> útero <strong>em</strong><br />

que o autor duplicou os da<strong>do</strong>s, foi desmenti<strong>do</strong> e nunca<br />

contrapôs argumentos. Eram assim, na época, as polémicas<br />

sobre números e resulta<strong>do</strong>s.<br />

OUTRAS PUBLICAÇÕES<br />

NA ÁREA DA<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

NO FINAL DO SÉCULO XIX<br />

É no final da década de 80 <strong>do</strong> século XIX que vão começar<br />

a aparecer, com mais regularidade, artigos relaciona<strong>do</strong>s<br />

com a Otorrinolaringologia, escritos por autores Portugueses.<br />

No Jornal da Sociedade das Ciências Médicas e na Medicina<br />

Cont<strong>em</strong>porânea, iam surgin<strong>do</strong>, de forma muito<br />

regular, as novidades nesta área, mas traduzidas principalmente<br />

<strong>do</strong>s Jornais Franceses. Igualmente, nas Faculdades<br />

de Medicina, surgiam Dissertações Inaugurais sobre esta<br />

área. Tive acesso a duas da Escola Médico-Cirúrgica <strong>do</strong> Porto<br />

e duas da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa.<br />

Em 1888, é publicada uma Dissertação Inaugural da Escola<br />

Médico-Cirúrgica <strong>do</strong> Porto, apresentada por PEDRO NUNES<br />

DE SOUSA sobre “RESSECÇÃO DO MAXILAR SUPERIOR.”<br />

Em 1889, uma das Dissertações apresentadas nesse ano à<br />

Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa é sobre “OTITE MÉDIA<br />

PURULENTA E SEU TRATAMENTO”, por FREDERICO GUI-<br />

LHERME TEIXEIRA BASTOS. Na sua Dissertação fala de vários<br />

Médicos estrangeiros, como Politzer, Wilde, Troelstch,<br />

Toynbee, Schwartze, discutin<strong>do</strong> os vários tratamentos,<br />

que estes autores <strong>em</strong>pregavam. Nos casos clínicos, refere<br />

de início um caso <strong>do</strong> Dr. LUIZ DA CÂMARA PESTANA, que<br />

só se levantou no 60º dia e ficou curada ao 95º dia da<br />

<strong>do</strong>ença. Depois de vários casos pessoais descreve um<br />

caso numa <strong>do</strong>ente <strong>do</strong> Dr. Gregório Fernandes, que realizou<br />

uma Paracentese <strong>do</strong> Tímpano com uma faca utilizada<br />

para as Cataratas. Termina com um agradecimento ao Dr.<br />

Gregório Fernandes, que pôs à sua disposição os livros<br />

que precisava de consultar e lhe tinha forneci<strong>do</strong> <strong>do</strong>entes<br />

da sua Enfermaria.


82<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

FIGURA 67<br />

DUaS DiSSERTaÇÕES inaUGURaiS DaS EScOLaS MÉDicO-ciRÚRGicaS DO<br />

PORTO E DE LiSBOa” RESSEcÇÃO DO MaXiLaR SUPERiOR” POR PEDRO nUnES<br />

DE SOUSa EM 1888 E “OTiTE MÉDia PURULEnTa E SEU TRaTaMEnTO” POR<br />

FREDERicO GUiLhERME TEiXEiRa BaSTOS EM 1889<br />

AVELINO MONTEIRO<br />

E A IMPORTÂNCIA<br />

DA LARINGOLOGIA<br />

Em 13 de Dez<strong>em</strong>bro de 1891, na Revista Medicina Cont<strong>em</strong>porânea,<br />

nº 50 Ano IX, AVELINO MONTEIRO publica<br />

um artigo muito curioso sobre Laringologia que considera<br />

ser o primeiro sobre Laringologia publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>,<br />

eis o texto:<br />

“Ao apresentarmos a observação que adiante publicamos,<br />

não t<strong>em</strong>os outro intuito que não seja o de chamar a atenção<br />

<strong>do</strong>s nossos collegas para a necessidade que há <strong>em</strong> fazer s<strong>em</strong>pre<br />

o exame laryngoscópico de qualquer <strong>do</strong>ente, <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

casos <strong>em</strong> que se apresente com alteração da voz. De tal exame<br />

feito opportunamente, evitam-se muitas vezes verdadeiros<br />

desastres. Não existin<strong>do</strong> também <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, que saibamos<br />

nenhum trabalho sobre laryngologia, é possível que da simples<br />

publicação desta modesta quanto despretenciosa observação,<br />

algumas vertigens para que se generalize no paiz tão<br />

precioso metho<strong>do</strong> de investigação.”<br />

Segue-se uma descrição pormenorizada <strong>do</strong> caso clínico,<br />

com as várias etapas de diagnóstico das várias laringoscopias<br />

efectuadas e a decisão, ao supor a natureza benigna<br />

<strong>do</strong> tumor é de realizar uma cirurgia en<strong>do</strong>laríngea,<br />

com pinças de forma tubular, tal como eram usadas na<br />

Al<strong>em</strong>anha. Diz Avelino Monteiro:<br />

“Quase ao findar a terceira sessão preparatória tiv<strong>em</strong>os a felicidade<br />

de ver o tumor entre os ramos da pinça e poder<br />

agarrá-lo, facto este que raras vezes sucede antes de se ter<strong>em</strong><br />

feito um maior número de sessões.”<br />

FIGURA 68<br />

FRanciScO aVELinO MOnTEiRO (1859 - 1937) aBRiU UMa cOnSULTa<br />

DE OTORRinOLaRinGOLOGia nO hOSPiTaL D. ESTEFÂnia, EM 1892


O artigo prossegue referin<strong>do</strong> que: “Na reobservação <strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>ente se notou que a sede <strong>do</strong> tumor não era na comissura<br />

anterior, mas sobre a parte anterior da corda vocal direita,<br />

no seu bor<strong>do</strong> livre.” Para terminar refere: “Continuámos a<br />

ver o <strong>do</strong>ente, três vezes por s<strong>em</strong>ana, e nessas ocasiões tocávamos-lhe<br />

as cordas vocais e especialmente a ponta espessada<br />

com um soluto de chloreto de zinco, por meio de um<br />

estylete a cuja extr<strong>em</strong>idade se enrola um pouco de algodão<br />

hydrophilo, isto feito s<strong>em</strong>pre sobre a direcção <strong>do</strong> Laryngoscópio,<br />

actualmente o <strong>do</strong>ente está de to<strong>do</strong> restabeleci<strong>do</strong> e<br />

com a voz natural.”<br />

Penso que esta descrição t<strong>em</strong> to<strong>do</strong> o interesse para se ter<br />

a noção de como se tratavam estas patologias no final <strong>do</strong><br />

Século XIX, além de ser um <strong>do</strong>s primeiros artigos sobre o<br />

t<strong>em</strong>a, publica<strong>do</strong> entre nós.<br />

FRANCISCO AVELINO MONTEIRO, nasceu <strong>em</strong> 1859 e faleceu<br />

<strong>em</strong> 17 de Dez<strong>em</strong>bro de 1937. Formou-se na Escola Médico-Cirúrgica<br />

de Lisboa e especializou-se <strong>em</strong> Oto rri nolaringologia<br />

<strong>em</strong> Berlim e <strong>em</strong> Viena de Áustria. abriu uma<br />

consulta de Otorrinolaringologia no hospital D. Estefânia,<br />

<strong>em</strong> 1892, na Enfermaria de Santana. Regressou depois<br />

ao <strong>Hospital</strong> de S. José, onde dirigiu a Consulta de<br />

Otorrinolaringologia até 1929.<br />

Exerceu durante quarenta anos, a Direcção da Enfermaria<br />

de Sousa Martins no <strong>Hospital</strong> de S. José, sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong><br />

o nosso primeiro Especialista de Otorrinolaringologia.<br />

Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, foi<br />

indigita<strong>do</strong> para Ministro de <strong>Portugal</strong>, <strong>em</strong> Berlim.<br />

Em 1892, é publicada uma Dissertação Inaugural na Escola<br />

Médico-Cirúrgica <strong>do</strong> Porto, apresentada por MANUEL<br />

AUGUSTO DIAS MILHEIRO sobre “ETIOLOGIA, PATHOGE-<br />

NIA E TRATAMENTO DAS ANGINAS AGUDAS.”<br />

É curioso vermos como se tratavam as Anginas antes da<br />

era <strong>do</strong>s antibióticos. Refere o autor que a causa das anginas<br />

eram microrganismos – o Streptococcus pyogenes, o<br />

Staphylococcus <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> ou branco, ou os <strong>do</strong>is <strong>em</strong> conjunto.<br />

Depois de várias referências a causas possíveis da<br />

<strong>do</strong>ença e a sua distribuição geográfica e etária, o autor refere<br />

qual o tratamento aconselha<strong>do</strong>:<br />

“Não se t<strong>em</strong> descoberto até hoje medicação especifica da<br />

febre tonsilar, as <strong>em</strong>issões sanguíneas e as sanguessugas<br />

estão hoje completamente postas de parte, sen<strong>do</strong> de utilizar<br />

os anti-sépticos sob a forma de gargarejo, tais como a morphina<br />

e os brometos dissolvi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> glycerina, ou as preparações<br />

de coca que são muito úteis nas anginas <strong>do</strong>lorosas...”<br />

Em Julho de 1895 GUILHERME GODINHO faz a sua Dissertação<br />

Inaugural da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa<br />

com o t<strong>em</strong>a “DIAGNÓSTICO DAS LESÕES DO OUVIDO<br />

PELO DIAPASÃO.”<br />

Dedica a sua Dissertação ao Dr. Gregório Rodrigues Fernandes<br />

e ao Dr. Avelino Monteiro.<br />

Refere o autor que o assunto <strong>do</strong> seu trabalho, foi-lhe l<strong>em</strong>bra<strong>do</strong><br />

pelo Dr. Gregório Fernandes, referin<strong>do</strong> de seguida,<br />

que desde há <strong>do</strong>is anos, ou seja, desde 1893, que seguia<br />

FIGURA 69<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 83<br />

DiSSERTaÇÃO inaUGURaL DE GUiLhERME GODinhO EM 1895 cOM O TEMa:<br />

“DiaGnÓSTicO DaS LESÕES DO OUViDO PELO DiaPaSÃO”<br />

na Policlínica de Lisboa no serviço das “Doenças da Larynge,<br />

ouvi<strong>do</strong>s, fossas nasaes e bocca”, as consultas<br />

nesta área <strong>do</strong> Dr. Gregório Fernandes, de onde se conclui<br />

que Gregório Fernandes, pelo menos desde 1893, já<br />

tinha uma consulta de Doenças da Laringe, ouvi<strong>do</strong>s, fossas<br />

nasais e boca.<br />

O autor, no final, volta a agradecer ao Dr. Avelino Monteiro,<br />

o valioso auxílio que lhe prestou nas observações<br />

que fez nos <strong>do</strong>entes que se iam tratar na Consulta Externa<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, dizen<strong>do</strong> que o Dr. Avelino Monteiro<br />

dirigia a Consulta de Otologia. Logo <strong>em</strong> 1895 (ou talvez<br />

antes), no <strong>Hospital</strong> de S. José, Avelino Monteiro tinha uma<br />

consulta de Otologia.<br />

GREGÓRIO RODRIGUES FERNANDES, era Médico-Cirurgião<br />

pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, nasceu <strong>em</strong><br />

Salvaterra de Magos, <strong>em</strong> 4 de Abril de 1849 e faleceu <strong>em</strong><br />

Lisboa, <strong>em</strong> 1906. Terminou o curso <strong>em</strong> 1878, foi nomea<strong>do</strong><br />

Cirurgião <strong>do</strong> Banco de S. José, nesse ano, e <strong>em</strong> 1888 ficou<br />

como Director de Enfermaria. Foi Presidente da Sociedade<br />

de Ciências Médicas (1903 - 1905), presidiu à 12ª Sessão<br />

<strong>do</strong> Congresso Médico de Lisboa 1906.<br />

Dirigia o Serviço de Doenças da Laringe, Ouvi<strong>do</strong>s e Fossas<br />

Nasais e Boca na Policlínica de Lisboa, desde pelo menos<br />

1893, tal como já referi. Publicou vários trabalhos, entre<br />

os quais “As ressecções e a sua importância cirúrgica <strong>em</strong><br />

1878 - Patogenia da Febre Reumática”, 1875. Em sua homenag<strong>em</strong><br />

foi da<strong>do</strong> o seu nome a uma das enfermarias <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de S. José.


84<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

FIGURA 70<br />

GREGÓRiO RODRiGUES FERnanDES (1849 - 1906) DiRiGia O SERViÇO DE DOEnÇaS<br />

Da LaRinGE, OUViDOS E FOSSaS naSaiS E BOca na POLicLÍnica DE LiSBOa,<br />

DESDE 1893<br />

O Dr. Gregório Rodrigues Fernandes, apresenta na Sociedade<br />

de Ciências Médicas, <strong>em</strong> 1891, <strong>do</strong>is casos de trépano<br />

cerebral e, <strong>em</strong> Março de 1897, descreve a maneira de efectuar<br />

cirurgias ao ouvi<strong>do</strong>, apoian<strong>do</strong>-se no perfeito conhecimento<br />

anatómico e referin<strong>do</strong> as técnicas de autores da<br />

sua época, como Slacke, Politzer, Moure, Horseley, Broca e<br />

Maubrac. Apresenta ainda as complicações en<strong>do</strong>cranianas<br />

da cárie <strong>do</strong> roche<strong>do</strong> (designação <strong>do</strong> colesteatoma).<br />

Em 1894 é lançada uma nova revista intitulada “REVISTA DE<br />

MEDICINA E CIRURGIA” e no seu corpo redactorial vamos<br />

ter: ALFREDO DA COSTA, J. DE MELLO VIANA, L. DA CÂMARA<br />

PESTANA e AVELINO MONTEIRO, que v<strong>em</strong> referencia<strong>do</strong><br />

como Médico <strong>do</strong>s Hospitais e Director da consulta de Laringologia<br />

e Otologia no hospital de S. josé, e ainda AU-<br />

GUSTO DE VASCONCELLOS como Secretário da redacção.<br />

Na Revista de 10 de Fevereiro de 1894, Avelino Monteiro<br />

publica um trabalho sobre “TIROTOMIA E AS SUA INDICA-<br />

ÇÕES.” Em 10 de Maio <strong>do</strong> mesmo ano publica “CONTRIBUI-<br />

ÇÃO PARA O ESTUDO DOS ABCESSOS CHRONICOS DA<br />

AMYGDALA”. Em 25 de Fevereiro de 1895 publica na<br />

mesma Revista - Tomo III, um artigo sobre o “SANATÓRIO<br />

DE DAVOS E A SERRA DA ESTRELA.”<br />

Em 1899 é lançada uma nova revista intitulada “REVISTA DE<br />

MEDICINA E CIRURGIA” e no seu corpo redactorial vamos<br />

ter o <strong>Prof</strong>. Dr. Alfre<strong>do</strong> da Costa, <strong>Prof</strong>. Dr. Melo Viana, <strong>Prof</strong>. Dr.<br />

Câmara Pestana e o Dr. AVELINO MONTEIRO. Este v<strong>em</strong> referencia<strong>do</strong><br />

como médico <strong>do</strong>s Hospitais e Director da Consulta<br />

de Laringologia e Otologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José.<br />

Entretanto, MANUEL DIOGO DE VALLADARES publica no<br />

nº 4 da “REVISTA PORTUGUESA DE MEDICINA E CIRURGIA<br />

PRÁCTICAS”, cujo primeiro número saiu a 1 de Nov<strong>em</strong>bro<br />

de 1896, publicação quinzenal dirigida por ALFREDO LUIZ<br />

LOPES, um artigo intitula<strong>do</strong> “HYPERTROFIA DA AMYGDALA<br />

LINGUAL” e é referi<strong>do</strong> como Médico pertencente à Faculdade<br />

de Medicina de Paris, Especialista de <strong>do</strong>enças da garganta,<br />

nariz e ouvi<strong>do</strong>s.<br />

Em 1897, sai outro artigo <strong>do</strong> Dr. Manuel Diogo Valladares<br />

sobre o “TRATAMENTO DOS EMPYEMAS DO SEIO MAXILAR”.<br />

Neste trabalho é feito um estu<strong>do</strong> exaustivo das técnicas cirúrgicas<br />

para a cura das sinusites maxilares purulentas crónicas,<br />

sen<strong>do</strong> referidas a perfuração <strong>do</strong> meato médio,<br />

perfuração <strong>do</strong> meato inferior, perfuração alveolar e por último<br />

a perfuração da fossa canina, seguida da descrição das<br />

lavagens que deveriam ser feitas.<br />

Durante a vigência desta revista que durou até 1907, apenas<br />

foram publica<strong>do</strong>s mais <strong>do</strong>is artigos de Otorrinolaringologia,<br />

ambos de Diogo Valladares.<br />

Na “Medicina Cont<strong>em</strong>porânea” de 18 de Set<strong>em</strong>bro de<br />

1898, nº 38 é feita uma descrição das diferentes Escolas<br />

Médicas e <strong>do</strong>s Hospitais existentes no nosso País num artigo<br />

intitula<strong>do</strong> “NÚMERO DOS ESTUDANTES E GUIA MÉ-<br />

DICO EM PORTUGAL.” São descritos o Ensino Médico e os<br />

Serviços Assistenciais de mo<strong>do</strong> exaustivo.<br />

Ficamos a saber quais as cadeiras e os livros recomenda<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> todas as Escolas de Medicina <strong>do</strong> País e, os diferentes<br />

cursos que os alunos poderiam efectuar, o mo<strong>do</strong><br />

de organização <strong>do</strong>s Hospitais etc.<br />

Em relação à Otorrinolaringologia encontro referências no<br />

capítulo <strong>do</strong>s HOSPITAIS CIVIS DE LISBOA, sen<strong>do</strong> referi<strong>do</strong>:<br />

FIGURA 71<br />

O PRiMEiRO nÚMERO Da “REViSTa DE MEDicina E ciRURGia” DE 1894 E Da<br />

“REViSTa PORTUGUESa DE MEDicina E ciRURGia PRÁTicaS” DE 1897


“No HOSPITAL DE D. ESTEPHANIA na Enfermaria de Santa<br />

Anna (Mulheres) o Director é o Dr. FRANCISCO FIGUEIRA<br />

FREIRE, o Assistente FRANCISCO AVELINO MONTEIRO. Uma<br />

parte da enfermaria é destinada a uma consulta de <strong>do</strong>enças<br />

da Garganta.”<br />

“No HOSPITAL DE S. JOSÉ, na Consulta Externa, o Dr. AVE-<br />

LINO MONTEIRO dá consultas das <strong>do</strong>enças da Larynge, Fossas<br />

Nasaes e Ouvi<strong>do</strong>s às Terças, Quintas e Sába<strong>do</strong>s, das 9h às<br />

10 da manhã.”<br />

Não encontrei qualquer outra referência a consultas de<br />

Otorrinolaringologia, n<strong>em</strong> na cidade <strong>do</strong> Porto ou <strong>em</strong><br />

Coimbra, n<strong>em</strong> nas clínicas privadas que também estão<br />

descritas neste artigo.<br />

Em 1 de Abril de 1898, no Nº 35 <strong>do</strong> 2º ano sobre o “TRA-<br />

TAMENTO ACTUAL DA OZENA”, Diogo de Valladares v<strong>em</strong><br />

referi<strong>do</strong> como Médico <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José.<br />

E o último artigo sobre <strong>ORL</strong> vai ser publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1899, no<br />

dia 15 de Agosto no 3º ano, Nº 67, sobre “PERÍODO PRO-<br />

DROMICO DA TUBERCULOSE LARYNGEA” por Diogo de<br />

Valladares, referi<strong>do</strong> como médico <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José<br />

de Lisboa etc.<br />

MANUEL DIOGO DE SOUSA LEITE VALLADARES, nasceu<br />

<strong>em</strong> Oura (Chaves), <strong>em</strong> 19 de Dez<strong>em</strong>bro de 1867 e morreu<br />

<strong>em</strong> Lisboa a 27 de Outubro de 1939. Formou-se e <strong>do</strong>utorou-se<br />

<strong>em</strong> Medicina na Universidade de Paris, <strong>em</strong> 1895.<br />

Especializou-se <strong>em</strong> Otorrinolaringologia <strong>em</strong> Paris e veio<br />

para <strong>Portugal</strong>, sen<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong>, após provas públicas,<br />

para o <strong>Hospital</strong> de S. José <strong>em</strong> 1897. Em 1899 era nomea<strong>do</strong><br />

Director da Enfermaria, <strong>em</strong> 1912 inaugurou uma consulta<br />

de Otorrinolaringologia no <strong>Hospital</strong> de S. José que era a<br />

terceira, pois já existiam as consultas <strong>do</strong> Dr. Avelino Monteiro<br />

e a <strong>do</strong> Dr. João Sant’Anna Leite.<br />

FIGURA 72<br />

ManUEL DiOGO DE SOUSa LEiTE VaLLaDaRES (1867 - 1939)<br />

FIGURA 73<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 85<br />

jORnaiS EDiTaDOS PELOS aLUnOS DE MEDicina nO FinaL DO SÉc.<br />

XiX E PRincÍPiO DO SÉc. XX


86<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

FIGURA 74<br />

hOSPiTaL DE DOna ESTEFania - aSPEcTO DE UMa DaS EnFERMaRiaS nO iniciO DO SÉc. XX<br />

FIGURA 75<br />

TRaBaLhOS ORiGinaiS DE ManUEL DiOGO VaLLaDaRES


Manuel Diogo Valladares foi durante muitos anos <strong>Prof</strong>essor<br />

de Higiene <strong>em</strong> diversas escolas industriais. A ele se<br />

deve a organização da Identificação Criminal no nosso<br />

país, e das impressões digitais.<br />

Foi o cria<strong>do</strong>r da Identificação Civil <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, dirigiu durante<br />

muitos anos o ARQUIVO DE IDENTIFICAÇÃO DE LIS-<br />

BOA. Em Janeiro de 1919, na 1ª Clínica Cirúrgica, publicou<br />

um livro de 70 páginas sobre Mastoidites Agudas.<br />

Em 3 de Março de 1901 na Revista Medicina Cont<strong>em</strong>porânea,<br />

nº 9 Ano XIX, AVELINO MONTEIRO publica um artigo<br />

na secção de Trabalhos Originais com o título<br />

“MASTOIDITES PURULENTAS AGUDAS.” Neste artigo é feita<br />

uma revisão das otites médias purulentas e das suas complicações,<br />

referin<strong>do</strong> o autor, citan<strong>do</strong> Politzer, que nas autópsias<br />

destes <strong>do</strong>entes se encontrava s<strong>em</strong>pre pus na<br />

mastóide.<br />

Refere depois vários casos clínicos que tinha opera<strong>do</strong> com<br />

os colegas RAVARA e LOBO ALVES num caso e outro com<br />

JOSÉ AMADO e com SALINAS.<br />

Diz que já operou 25 casos de mastoidites agudas, mas só<br />

num caso não encontrou ruptura <strong>do</strong> tímpano.<br />

Como conclusão <strong>do</strong> artigo escreve:<br />

FIGURA 76<br />

MaSTOiDiTES PURULEnTaS aGUDaS - aRTiGO DE aVELinO MOnTEiRO na<br />

REViSTa MEDicina cOnTEMPORÂnEa, anO XiX, nº 9, EM 1901<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 87<br />

“A matoidite purulenta b<strong>em</strong> caracterizada requer um único<br />

tratamento efficaz: Atrepanação <strong>do</strong> antro mastoidéo.<br />

Finalmente as mastoidites agudas purulentas s<strong>em</strong> a menor<br />

reacção <strong>do</strong>lorosa: São talvez as mais graves e é contra ellas<br />

que se deve estar constant<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> expectativa armada.”<br />

JOÃO SANT‘ANNA LEITE nasceu <strong>em</strong> Alcantarilha, no Algarve<br />

<strong>em</strong> 21 de Set<strong>em</strong>bro de 1870 e morreu <strong>em</strong> Lisboa a<br />

14 de Nov<strong>em</strong>bro de 1941. Concluiu o curso de Medicina<br />

na extinta Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, defenden<strong>do</strong><br />

a tese <strong>em</strong> 1898 com o título “ALGUMAS PALAVRAS SOBRE<br />

TRAUMATISMOS DO FÍGADO POR CONTUSÃO. TRATA-<br />

MENTO CIRÚRGICO.”<br />

Em 1899, preceden<strong>do</strong> concurso de provas públicas, foi nomea<strong>do</strong><br />

Médico efectivo da Junta Consultiva <strong>do</strong>s Hospitais<br />

Civis de Lisboa e promovi<strong>do</strong> a Assistente <strong>do</strong> Serviço Médico<br />

por decreto de 18 Julho de 1901. Em 1899 e 1900 esteve <strong>em</strong><br />

comissão gratuita de serviço público na Al<strong>em</strong>anha e <strong>em</strong><br />

França a fim de se especializar <strong>em</strong> Otorrinolaringologia.<br />

No final de 1900, de regresso a Lisboa, iniciou uma Consulta<br />

de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José,<br />

sen<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> seu Director <strong>em</strong> 1906. Em 1912 foi eleva<strong>do</strong><br />

a Director de Enfermaria e por decreto de 7 de Fevereiro<br />

de 1929, designa<strong>do</strong> para Director <strong>do</strong> Serviço de<br />

Otorrinolaringologia <strong>do</strong>s Hospitais, aquan<strong>do</strong> da criação<br />

<strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos, foi transferi<strong>do</strong><br />

para aquele hospital.<br />

Em 1901 foi encarrega<strong>do</strong>, pela Sociedade de Ciências Médicas,<br />

de dar aulas práticas de <strong>ORL</strong> para Médicos, incluídas<br />

nos cursos de aperfeiçoamento, então cria<strong>do</strong>s por aquela<br />

Sociedade.<br />

Em 1909, por decisão <strong>do</strong> Conselho Escolar da Escola Médico-Cirúrgica<br />

de Lisboa, regeu um curso de Otorrinolaringologia<br />

para o 5º Ano Médico. Foi sócio titular da<br />

Sociedade de Ciências Médicas e da Sociedade Portuguesa<br />

de Ciências Naturais.<br />

Realizou, pela primeira vez <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, as operações de<br />

Esvaziamento petromastoideu e laringectomia total.<br />

Entre outros trabalhos publicou “UM CASO DE COLES-<br />

TEATOMA DO ANTRO-MASTOIDEU” no Jornal da Sociedade<br />

de Ciências Médicas, tomo LXVI de 1902; “TRINTA<br />

CASOS DE INTERVENÇÃO SOBRE A APÓFISE MASTOIDEIA”<br />

na Medicina Cont<strong>em</strong>porânea <strong>em</strong> 1906 - trabalho apresenta<strong>do</strong><br />

no XV Congresso Internacional de Medicina realiza<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1906; “PANSINUSITE, CURA”, no<br />

Jornal da Sociedade de Ciências Médicas <strong>em</strong> 1910; “EX-<br />

TIRPAÇÃO TOTAL DA LARINGE” no J.S.C.M., Lisboa <strong>em</strong><br />

1910; “FIBROMIXOMA DA NASO-FARINGE” etc.


88<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

FIGURA 77<br />

jOÃO SanT'anna LEiTE (1870 - 1941) REaLiZOU PELa PRiMEiRa VEZ<br />

EM PORTUGaL aS OPERaÇÕES DE ESVaZiaMEnTO PETRO-MaSTOiDEU<br />

E LaRinGEcTOMia TOTaL, E UMa DaS SUaS PUBLicaÇÕES<br />

HISTÓRIA E POLÉMICA SOBRE<br />

A PRIMEIRA MASTOIDECTOMIA<br />

RADICAL REALIZADA<br />

EM PORTUGAL<br />

O conhecimento de qu<strong>em</strong> realizou as primeiras mastoidectomias<br />

radicais entre nós, v<strong>em</strong> de uma polémica curiosa que<br />

teve lugar nas páginas da Medicina Cont<strong>em</strong>porânea, <strong>em</strong><br />

1902, entre João Sant’Anna Leite e Gregório Fernandes. Era<br />

o seguinte artigo:<br />

“Na sessão de 31 de Maio de 1902, da Sociedade das Ciências<br />

Médicas, Sant’Anna Leite referiu algumas operações por ele<br />

praticadas <strong>em</strong> <strong>do</strong>entes porta<strong>do</strong>res de otites crónicas e disse<br />

que julgava ser<strong>em</strong> as primeiras feitas <strong>em</strong> Lisboa. O Sr. Francisco<br />

Gentil diz que o caso a que se referiu Sant’Anna Leite<br />

v<strong>em</strong> publica<strong>do</strong> no nº 9 <strong>do</strong> Boletim de Estatística <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. José. A <strong>do</strong>ente entrou para a Enfermaria da clínica escolar<br />

e fez-se-lhe o diagnóstico de mastoidite supurada, abcesso<br />

<strong>do</strong> cérebro e abcesso <strong>do</strong> cerebelo. Foi trepana<strong>do</strong> três<br />

vezes, da última não se chegou a abrir o abcesso <strong>do</strong> cerebelo<br />

porque se encontrou a Dura Mater com aspecto e pulsações<br />

normais. Na Autópsia encontrou-se um abcesso no cerebelo<br />

<strong>do</strong> volume de uma avelã.”<br />

FIGURA 78<br />

PÁGina Da MEDicina cOnTEMPORÂnEa cOM a POLÉMica SOBRE<br />

a PRiMEiRa MaSTOiDEcTOMia RaDicaL REaLiZaDa EM PORTUGaL


FIGURA 79<br />

PÁGina Da MEDicina cOMTEMPORanEa cOM a POLÉMica<br />

O artigo continua:<br />

“O Sr. Gregório Fernandes protestan<strong>do</strong> contra uma afirmação<br />

de Sant’Anna Leite, diz que há mais de dez anos, fez uma<br />

Atico-Antrectomia num <strong>do</strong>ente <strong>do</strong>s quartos particulares <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de S. José, foi a terceira ou quarta operação desse<br />

género, a primeira entre nós, e está no Jornal da Sociedade.<br />

O <strong>do</strong>ente morreu com um abcesso <strong>do</strong> cérebro. Depois t<strong>em</strong><br />

feito e ajuda<strong>do</strong> a fazer esta operação várias vezes alguns<br />

casos vêm cita<strong>do</strong>s na Tese <strong>do</strong> nosso colega Salinas e sabe<br />

que o Sr. Avelino Monteiro também a t<strong>em</strong> pratica<strong>do</strong> com<br />

bons resulta<strong>do</strong>s <strong>em</strong> geral.<br />

Quan<strong>do</strong> há abcesso no cérebro a operação é ordinariamente<br />

mal sucedida, o abcesso <strong>em</strong> regra, não se encontra, porque<br />

a sua localização é muito difícil.”<br />

O Dr. Sant’Anna Leite declara que não tinha conhecimento<br />

<strong>do</strong>s casos cita<strong>do</strong>s pelo ora<strong>do</strong>r precedente.<br />

Aparent<strong>em</strong>ente o assunto parecia ter fica<strong>do</strong> por aqui, mas<br />

na Edição de 14 de Dez<strong>em</strong>bro de 1902 da Medicina Cont<strong>em</strong>porânea,<br />

página 404, encontro um artigo com o título<br />

de “UM CASO DE CHOLESTEATOMA PRIMITIVO DO ANTRO<br />

MASTOIDEU DIREITO - OPERAÇÃO RADICAL” por João<br />

Sant’Anna Leite.<br />

Pelo interesse histórico e médico, vou transcrever os pontos<br />

principais <strong>do</strong> artigo de Sant’Anna Leite:<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 89<br />

“Na última comunicação que fiz à Sociedade das Ciências Médicas<br />

tive a honra de apresentar um <strong>do</strong>ente, que sen<strong>do</strong> porta<strong>do</strong>r<br />

de um tumor deste nome, tinha sofri<strong>do</strong> aquela<br />

operação, conseguin<strong>do</strong> assim a cura. O caso é muito interessante,<br />

não só porque o colesteatoma é raro, mas também porque<br />

foi necessário recorrer a uma operação que representa a<br />

maior intervenção cirúrgica que neste osso <strong>do</strong> crânio, o t<strong>em</strong>poral,<br />

se pode realizar. Este tumor, dá lugar a certa altura da<br />

sua evolução, a uma supuração secundária que resistirá a<br />

qualquer tratamento, enquanto existir o tumor determinante.<br />

A sua principal propriedade é de destruir, por um processo molecular,<br />

as paredes ósseas com que está <strong>em</strong> contacto, e a região<br />

onde se desenvolve explica b<strong>em</strong> como o pus pode ser<br />

leva<strong>do</strong> directamente até às meninges e cérebro, seio lateral<br />

etc. O tumor é portanto maligno pela sua evolução, <strong>em</strong>bora<br />

seja benigno pela estrutura histológica. A operação que fiz”,<br />

continua Sant’Anna Leite “não é, como vulgarmente se costuma<br />

supor, uma trepanação simples que se limita a, incisar<br />

os tegumentos que cobr<strong>em</strong> a apófise mastóideia, destaca a<br />

cortical externa <strong>do</strong> osso e ir até ao antro mastóideu. A operação<br />

radical não consiste nisso, vai mais longe, como adiante<br />

se verá, mas sim <strong>em</strong> esvaziar a apofise e suprimir a parede posterior<br />

e parcialmente a superior <strong>do</strong> Canal Auditivo Externo, fican<strong>do</strong><br />

assim o ouvi<strong>do</strong> médio e as suas dependências<br />

completamente reduzidas a externo. Dai v<strong>em</strong> o chamar-se à<br />

operação ESVAZIAMENTO PETRO-MASTOIDEU.”


90<br />

A MEDICINA NO SÉCULO XIX<br />

“Quan<strong>do</strong> descrevi a operação, tal como executam os especialistas<br />

al<strong>em</strong>ães, fiquei verdadeiramente surpreendi<strong>do</strong> ao<br />

ouvir o Sr. Gregório Fernandes afirmar que já <strong>em</strong> 1891 a<br />

tinha feito, como constava de uma comunicação, e por mais<br />

diligência que faça não encontrei a menor analogia entre a<br />

operação que o meu <strong>do</strong>ente sofreu e aquela que o Sr. Gregório<br />

Fernandes comunicou à Sociedade na sessão de 4 de<br />

Abril de 1891.”<br />

Seguidamente Sant’Anna Leite, descreve o caso clínico <strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>ente que tinha opera<strong>do</strong>, um miú<strong>do</strong> de 12 anos com<br />

otorreia fétida e pólipos no Conduto Auditivo Externo, e<br />

descreve a operação <strong>do</strong> seguinte mo<strong>do</strong>:<br />

“Em Maio, o <strong>do</strong>ente entra na Enfermaria <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S.<br />

José e é operada a 10. Operação – a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong> o <strong>do</strong>ente pelo<br />

clorofórmio, raspada a região e desinfectada, incluin<strong>do</strong> o<br />

Canal Auditivo, uma incisão retro–auricular e arciforme, partin<strong>do</strong><br />

duma linha horizontal e passan<strong>do</strong> pela inserção superior<br />

<strong>do</strong> pavilhão, veio terminar na ponta da apophyse. O pus<br />

<strong>do</strong> abcesso escoa-se e a cavidade deste é raspada. A rugina<br />

põe-me a descoberto a face externa da apophyse onde não<br />

há a menor lesão. Descolo o Canal Auditivo, até à m<strong>em</strong>brana<br />

<strong>do</strong> tímpano, mas somente a parede postero-superior. Faço a<br />

h<strong>em</strong>ostase. Afasta<strong>do</strong>res mantêm o campo operatório.<br />

Com escopro e martello vou cortan<strong>do</strong> pequenas e delgadas<br />

fatias de apophyse, no lugar de eleição para a trepanação<br />

simples, e a certa profundidade, apparece no fun<strong>do</strong>, queren<strong>do</strong><br />

fazer hérnia, um tumor com a absoluta aparência de<br />

uma pérola. Trabalho com o escopro nos limites <strong>do</strong> tumor,<br />

não esquecen<strong>do</strong> a presença de órgãos que te<strong>em</strong> de ser poupa<strong>do</strong>s.<br />

Acho assim o limite <strong>do</strong> tumor atrás, que se encosta à<br />

parede <strong>do</strong> seio lateral. Faço a ablação da parede superior <strong>do</strong><br />

Canal Auditivo Externo, de mo<strong>do</strong> que o restante deste fique<br />

ao nível <strong>do</strong> tecto ou parede superior <strong>do</strong> ático, fican<strong>do</strong> portanto<br />

iluminada a parede externa deste. Faço ablação <strong>do</strong>s<br />

ossinhos, martelo e bigorna estão carea<strong>do</strong>s. A parede posterior<br />

<strong>do</strong> Canal Auditivo Externo t<strong>em</strong> o mesmo destino e o<br />

tumor sai então, com toda a facilidade, envolvida na sua<br />

m<strong>em</strong>brana. Tinha as dimensões de uma amên<strong>do</strong>a…. A operação<br />

transformou o ouvi<strong>do</strong> médio e externo numa cavidade<br />

única e s<strong>em</strong> divertículos. A parte delicada da operação está<br />

terminada, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> poupa<strong>do</strong>s o Nervo Facial, o Cérebro e<br />

os Canais S<strong>em</strong>i-circulares. Faço o corte <strong>do</strong> canal auditivo<br />

m<strong>em</strong>branoso, que vae revestir uma parte a intervenção, o<br />

resto é coberto por pequenos retalhos de epiderme, estendi<strong>do</strong>s<br />

sobre a superfície óssea. Esses retalhos costumo tirá-los<br />

<strong>do</strong> braço, faço depois a sutura da incisão, sen<strong>do</strong> os pontos<br />

tira<strong>do</strong>s aos 12 dias. To<strong>do</strong>s os pensos futuros são feitos pelo<br />

canal. O <strong>do</strong>ente t<strong>em</strong> alta mês e meio depois da operação,<br />

completamente cura<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong> s<strong>em</strong> a menor alteração estética<br />

<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>. A audição melhorou consideravelmente, fican<strong>do</strong><br />

a ouvir a voz baixa a <strong>do</strong>is metros.<br />

Esta operação só se pode realizar convenient<strong>em</strong>ente com<br />

uma iluminação boa, feita <strong>em</strong> geral com a luz eléctrica. Operan<strong>do</strong><br />

com boa h<strong>em</strong>ostase e com todas as precauções, nunca<br />

tiv<strong>em</strong>os de lamentar o menor desastre <strong>em</strong> todas as operações<br />

que t<strong>em</strong>os realiza<strong>do</strong> e já é de algumas dezenas o seu número,<br />

como oportunamente ter<strong>em</strong>os ocasião de referir.”<br />

FIGURA 80<br />

jORnaL DOS ESTUDanTES DE MEDicina inTiTULaDO:<br />

a PaRÓTiDa DE 22 DE FEVEREiRO DE 1900<br />

Termina assim o relato da primeira mastoidectomia radical<br />

que se realizou no nosso país. Curiosamente os passos<br />

não difer<strong>em</strong> daqueles que hoje realizamos mais de<br />

c<strong>em</strong> anos depois, as condições <strong>em</strong> que a faz<strong>em</strong>os é que<br />

difer<strong>em</strong> muito.”<br />

Mas o artigo não termina aqui, seguidamente Sant’Anna<br />

Leite transcreveu a comunicação que Gregório Fernandes<br />

tinha apresenta<strong>do</strong> na Sociedade das Ciências Médicas, na<br />

sessão de 4 de Abril de 1891, e conclui que as duas operações<br />

são absolutamente diferentes:<br />

“No caso clínico <strong>do</strong> Sr. Gregório Fernandes, tratava-se de um<br />

suposto abcesso central, que teria vin<strong>do</strong> complicar a vulgar<br />

othorrea. A apophyse mastoideia e o ouvi<strong>do</strong> médio foram<br />

poupa<strong>do</strong>s, poden<strong>do</strong> talvez no decorrer da sua exploração cirúrgica<br />

lançar na pista da verdadeira localização <strong>do</strong> abcesso,<br />

se elle realmente existia. A minha operação foi determinada<br />

pelo diagnóstico firme de um tumor epithelial que obrigou a<br />

pôr à vista e a manter assim (porque o tumor algumas vezes<br />

se reproduz), o ouvi<strong>do</strong> médio e as suas dependências.”<br />

Gregório Fernandes, ainda no mesmo número da revista,<br />

reponde com uma carta ao colega dizen<strong>do</strong> que este se<br />

tinha equivoca<strong>do</strong> e que ele tinha feito referência, nunca<br />

poderia ter si<strong>do</strong> confundi<strong>do</strong> com uma mastoidectomia ra-


dical, ou attico-antrotomia, como também era chamada,<br />

diz Gregório Fernandes:<br />

“Seria da minha parte uma leviandade inqualificável ou um<br />

desconhecimento completo de operações cirúrgicas, que a<br />

minha imodéstia, posto que a não tenha por muito grande,<br />

não aceito confundir a pré-histórica operação <strong>do</strong> trépano,<br />

com as operações modernas <strong>do</strong> mastóideu, que hoje ainda<br />

apenas ating<strong>em</strong> a a<strong>do</strong>lescência.” Descreve de seguida o caso<br />

clínico de um jov<strong>em</strong> de vinte anos opera<strong>do</strong> de Attico Antrotomia<br />

no dia 12 de Abril de 1894, nesta descrição é referi<strong>do</strong> que<br />

to<strong>do</strong> o canal auditivo tinha si<strong>do</strong> corta<strong>do</strong>, mas não são referi<strong>do</strong>s<br />

os pormenores da intervenção, não há referência aos ossículos<br />

ou à reepitelização da cavidade. Julgo que V. Exa. não<br />

poderá pensar por esta descrição incompleta, feita oito anos<br />

mais tarde, que estou fantasian<strong>do</strong> um caso para roubar a<br />

prioridade à sua operação, e para garantia <strong>do</strong> que vai escrito,<br />

apelo ao test<strong>em</strong>unho <strong>do</strong>s meus ilustres coadjuva<strong>do</strong>res neste<br />

trabalho, os nossos colegas Avelino Monteiro e João Campos.”<br />

Finaliza Gregório Fernandes, relatan<strong>do</strong> que o nome da<br />

<strong>do</strong>ença era Cárie <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong> Médio e Interno, a causa da<br />

<strong>do</strong>ença, a tuberculose e a operação chamada de Kurster.<br />

FIGURA 81<br />

RicaRDO jORGE EM 1888 PUBLicOU UM TRaBaLhO PiOnEiRO EM PORTUGaL<br />

SOBRE a aPLicaÇÃO Da ELEcTRiciDaDE nO DiaGnÓSTicO DaS PaRaLiSiaS<br />

FaciaiS<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 91<br />

No dia 28 de Dez<strong>em</strong>bro, no nº 52 da Medicina Cont<strong>em</strong>porânea,<br />

Sant’Anna Leite rel<strong>em</strong>bra, o que Gregório tinha dito<br />

e cita a Tese de Salinas (referi<strong>do</strong> como ex<strong>em</strong>plo), para mais<br />

uma vez tentar provar que tanto a cirurgia feita por Gregório<br />

Fernandes, como os três casos cita<strong>do</strong>s na Tese <strong>do</strong> Dr.<br />

Salinas (não consegui ter acesso a esta Tese), eram diferentes<br />

e <strong>em</strong> nenhum <strong>do</strong>s casos se fez a operação radical.<br />

Como conclusão, penso que a primeira Mastoidectomia<br />

Radical para um caso de Colesteatoma <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> foi<br />

efectivamente feito por Sant’Anna Leite, <strong>em</strong>bora Gregório<br />

Fernandes já fizesse cirurgias da Mastóide, numa das<br />

quais teve de eliminar a parede posterior, num caso de<br />

tuberculose.


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

O Ensino <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>


Quan<strong>do</strong> se fala no ensino <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s, não se pode<br />

deixar de falar de JACOB RODRIGUES PEREIRA, por ter si<strong>do</strong><br />

um <strong>do</strong>s pioneiros no ensino da fala aos Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s.<br />

Em 1745 apresenta os primeiros resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> seu inova<strong>do</strong>r<br />

méto<strong>do</strong>. Essa apresentação pública de um Sur<strong>do</strong>-<br />

Mu<strong>do</strong>, com tão boa dicção, causou uma grande<br />

admiração na época e chegou ao conhecimento <strong>do</strong> REI<br />

LUÍS XV de França, que quis conhecer Pereira pessoalmente<br />

e atribuiu-lhe uma pensão de oitocentos francos.<br />

Em 1751, nomeou-o intérprete régio das línguas Portuguesa<br />

e Espanhola na sua Corte .O vice Rei da Sardenha por seu<br />

la<strong>do</strong> confiou-lhe a educação de uma das suas sobrinhas e<br />

Jacob Rodrigues Pereira era recebi<strong>do</strong> nas Cortes da Suécia e<br />

da Dinamarca. Em 1759 a ROYAL SOCIETY DE LONDRES admitiu-o<br />

como m<strong>em</strong>bro, confirman<strong>do</strong> o seu prestígio.<br />

Infelizmente Jacob Rodrigues Pereira nunca quis divulgar<br />

totalmente o seu méto<strong>do</strong> de ensino com o qual tão bons<br />

resulta<strong>do</strong>s obtinha. Ten<strong>do</strong> uma concorrência directa de<br />

L’ABEÉ DE L’EPEÉ, este acabou por se ter tornar mais destaca<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> Paris , foi da<strong>do</strong> o nome de L’ÁBÉE ÉPEEÉ ao instituto<br />

de Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s desta Cidade.<br />

JACOB RODRIGUES PEREIRA morreu pobre <strong>em</strong>1775, s<strong>em</strong> tornar<br />

público o seu méto<strong>do</strong> de ensino. O seu epitáfio no c<strong>em</strong>itério<br />

de La Villete diz o seguinte (está no original <strong>em</strong> francês):<br />

“A Jacob Rodrigues Pereira, primeiro motor e funda<strong>do</strong>r de<br />

este Pio lugar, que pleno de virtudes e coberto de honrarias,<br />

sen<strong>do</strong> secretário e intérprete de El Rey e seu Pensionário,<br />

da Sociedade Real de Londres, Agente da Nação<br />

Judia Portuguesa de Bord e Baye, defensor zeloso, activo<br />

e vigilante <strong>do</strong>s seus privilégios, faleceu <strong>em</strong> 15 de Set<strong>em</strong>bro<br />

de 1780 – Descanse <strong>em</strong> Paz.”<br />

Este epitáfio prova, não só a importância como também a<br />

Orig<strong>em</strong> Portuguesa de Jacob Rodrigues Pereira.<br />

Em Agosto de1875 os descendentes de JACOB RODRI-<br />

GUES PEREIRA fundaram uma escola especial <strong>em</strong> Paris,<br />

onde foi reconstituí<strong>do</strong> o seu méto<strong>do</strong> de ensino, graças a<br />

manuscritos entretanto encontra<strong>do</strong>s.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 93<br />

Em 1822, JOSÉ ANTÓNIO DE FREITAS RÊGO, dirigiu vários<br />

pedi<strong>do</strong>s às Cortes Gerais no senti<strong>do</strong> de ser cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

o ensino <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s. A Comissão de Instrução<br />

Pública solicitou informações adicionais a Freitas<br />

Lobo, e este fez uma exposição <strong>do</strong>s casos de Sur<strong>do</strong>-<br />

-Mudez que tinha observa<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

com o seu méto<strong>do</strong>, referiu sete casos concluin<strong>do</strong> não ser<br />

possível a<strong>do</strong>ptar uma meto<strong>do</strong>logia universal, mas sim o<br />

ensino individual adapta<strong>do</strong> a cada caso. Apesar <strong>do</strong>s seus<br />

esforços, não conseguiu a criação de uma escola.<br />

Entretanto aparece outro pretendente e novo pedi<strong>do</strong> de<br />

LUCAS MARIA XAVIER LEAL, que faz referência ao seu méto<strong>do</strong><br />

de ensino, e por ord<strong>em</strong> de D. João VI é chama<strong>do</strong> à<br />

Capital, a fim de ensinar na escola de ensino mútuo. No<br />

Diário <strong>do</strong> Governo nº 9, de 10 de Janeiro de 1822, este insere<br />

a seguinte notícia “Defronte <strong>do</strong> Correio Geral, nº 2 -<br />

1º andar, abre-se uma aula gratuita para Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s<br />

pobres e ricos.”<br />

Nos Jornais da mesma época, um tal ANTÓNIO PATRÍCIO<br />

faz publicar vários anúncios <strong>em</strong> que declarava ter obti<strong>do</strong><br />

das Cortes, permissão para formar um estabelecimento<br />

para ensinar os Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s. Apesar de vir uma referência<br />

a António Patrício, num livro Francês, dizen<strong>do</strong> que<br />

era um filantropo, pois dava <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> aulas gratuitas<br />

para Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s, não consegui confirmar se estas s<strong>em</strong>pre<br />

existiram e aonde é que se realizaram.<br />

Em 20 de Abril de 1823, foi assina<strong>do</strong> <strong>em</strong> Estocolmo, um contrato<br />

com PER ARON BORG (funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Instituto <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s<br />

de Estocolmo), para montar <strong>em</strong> Lisboa um<br />

estabelecimento s<strong>em</strong>elhante.<br />

A notícia da chegada de Per Borg a <strong>Portugal</strong> v<strong>em</strong> expressa<br />

num livro interessantíssimo <strong>do</strong> Doutor RAMAUGÉ<br />

intitula<strong>do</strong> “OS CEGOS E OS SURDOS E MEIOS INFALÍVEIS<br />

DE RESTABELECER, FORTIFICAR E CONSERVAR A VISTA E O<br />

OUVIR EM BOM ESTADO ATÉ À IDADE AVANÇADA.” Este<br />

<strong>Livro</strong> publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1847, conta a história<br />

deste Doutor Ramaugé que se dedicava à Oftalmologia e<br />

ao tratamento da surdez como ele diz “Fixei particularmente<br />

as minhas investigações sobre uma especialidade


94<br />

O ENSINO DOS SURDOS-MUDOS EM PORTUGAL<br />

(a das <strong>do</strong>enças <strong>do</strong>s olhos e <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s), que pensei ser o<br />

melhor meio para se distinguir n’este vasto campo da Medicina<br />

e Cirurgia Prácticas.”<br />

Defende seguidamente: “As palavras Sciencia e Especialidade<br />

não são incompatíveis…. Comprehende-se muito b<strong>em</strong><br />

como uma longa práctica continuamente dirigida sobre as<br />

mesmas <strong>do</strong>enças, e as mesmas operações muitas vezes repetidas<br />

dao ao médico especial uma grande destreza, diffícil<br />

d’adquirir para aqueles que abraçan<strong>do</strong> a generalidade da<br />

Sciencia, quer<strong>em</strong> deste mo<strong>do</strong> saber b<strong>em</strong> tu<strong>do</strong>.”<br />

Sábias palavras de qu<strong>em</strong> não sabia que quase só mais de<br />

50 anos depois, e <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, ainda mais seriam satisfeitas<br />

as suas pretensões da criação das Especialidades Médicas.<br />

Mas, continuan<strong>do</strong> com o Dr. Ramaugé: “Abracei<br />

nobre e generosa causa, ocupan<strong>do</strong>-me da Cura daqueles<br />

que se acham priva<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s órgãos mais necessários para a<br />

vida <strong>em</strong> Sociedade. Foi movi<strong>do</strong> por esses sentimentos, que<br />

ajudei durante a minha primeira estada <strong>em</strong> Lisboa, o Sr.<br />

Doutor Kessler, Médico de Sua Majestade o Rei D. Fernan<strong>do</strong><br />

II, a fundar aqui uma casa de caridade destinada ao tratamento<br />

<strong>do</strong>s cegos e d’outras <strong>do</strong>enças <strong>do</strong>s olhos.”<br />

Neste seu <strong>Livro</strong>, Ramaugé faz uma revisão de terapêuticas<br />

para os olhos e ouvi<strong>do</strong>s, referin<strong>do</strong>: “O <strong>em</strong>prego <strong>do</strong>s vapores<br />

de Ether no Ouvi<strong>do</strong> Interno pela Trompa de Eustáquio,<br />

para a Cura de Surdezes Nervosas, é também um meio novo<br />

e que eu não tinha visto <strong>em</strong>pregar <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> antes de<br />

mim.” Fala <strong>em</strong> seguida <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s eléctricos e das correntes<br />

galvânicas, da lithotrícia e da pulverização das pedras<br />

na Bexiga. Depois de considerações sobre a<br />

importância da visão e da audição para a vida de relação<br />

refere: “A Mudez é unicamente o resulta<strong>do</strong> inevitável da Surdez.”<br />

Sobre os acufenos refere: “Os Zuni<strong>do</strong>s são para os sur<strong>do</strong>s<br />

uma causa de tristeza, são a primeira sensação que o<br />

afecta quan<strong>do</strong> acorda, elles cançam a cabeça e alteram o<br />

livre desenvolvimento das ideias, o génio <strong>do</strong>s sur<strong>do</strong>s é algumas<br />

vezes detestável.”<br />

Voltan<strong>do</strong> ao <strong>Prof</strong>. PER BORG, este chegou a <strong>Portugal</strong> <strong>em</strong><br />

1823 e logo tratou da escolha de um Português para<br />

aprender os seus méto<strong>do</strong>s de instrução, colocou um<br />

anúncio na Gazeta de Lisboa, no dia 1 de Nov<strong>em</strong>bro, e refere<br />

o Dr. Ramaugé, que a escolha recaiu nele:<br />

“A intenção <strong>do</strong> Governo era sujeitar o novo estabelecimento<br />

à administração da Casa Pia, e assim esteve até ao princípio<br />

de Março de 1824, na altura <strong>em</strong> que foi o Estabelecimento<br />

declara<strong>do</strong> independente.”<br />

Estabeleceu o Instituto num Palácio existente numa Quinta,<br />

pertencente ao Conde de Mesquitela, no sítio da Luz, contígua<br />

ao edifício onde então existia o Colégio Militar, pagan<strong>do</strong><br />

anualmente uma renda de 480$000 reis. Recebeu,<br />

na abertura, <strong>do</strong>ze alunos pobres vin<strong>do</strong>s da Casa Pia, sen<strong>do</strong><br />

quatro <strong>do</strong> sexo f<strong>em</strong>inino e oito <strong>do</strong> sexo masculino, entre os<br />

seis e os catorze anos, to<strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s.<br />

Durante os dez anos <strong>em</strong> que funcionou como instituição<br />

independente <strong>do</strong>tada de um orçamento anual para manutenção,<br />

pelo rei D. João VI, ou seja até 1834 (ano <strong>em</strong> que<br />

foi incorpora<strong>do</strong> na Casa Pia), o Instituto teve somente três<br />

FIGURA 82<br />

PÁGina Da REViSTa “iLUSTRaÇÃO PORTUGUESa” DE 1906 DanDO cOnTa DOS<br />

PROGRESSOS DO EnSinO DOS SURDOS-MUDOS<br />

FIGURA 83<br />

jacOB RODRiGUES PEREiRa nUMa ESTaTUETa<br />

FEiTa PELO EScULTOR PaUL chOPPin


<strong>Prof</strong>essores, PER ARON BORG, o seu irmão JOHAN BORG e<br />

o Dr. RAMAUGÉ (José Crispim da Cunha?), que foi nomea<strong>do</strong><br />

Repeti<strong>do</strong>r e 3º <strong>Prof</strong>essor.<br />

Em 1828, Per Borg voltou para a Suécia e ficou o seu irmão<br />

a dirigir o Instituto. O Instituto muda-se <strong>em</strong> 1832 para a<br />

Calçada das Necessidades, sen<strong>do</strong> posteriormente transferi<strong>do</strong><br />

para o Largo da Ajuda, perden<strong>do</strong> a sua autonomia<br />

por decreto de 15 de Fevereiro de 1834, passan<strong>do</strong> administrativamente<br />

para a Casa Pia de Lisboa.<br />

No entanto, por ter aderi<strong>do</strong> à Causa Liberal, Johan Borg<br />

recebeu uma Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong> Duque da Terceira (que no dia 24<br />

de Julho de 1833 havia entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> Lisboa à frente das<br />

tropas liberais), para se dirigir ao Porto, e acabou por falecer<br />

na Vila de Porto de Mós.<br />

Depois da morte de Johan Borg, Ramaugé refere ter si<strong>do</strong><br />

ele a ficar à frente <strong>do</strong> Estabelecimento até à reunião com a<br />

Casa Pia. O Doutor J. J. A. Ramaugé escreveu <strong>em</strong> 1835, um<br />

folheto intitula<strong>do</strong>: “História <strong>do</strong> Instituto <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s e<br />

Cegos <strong>em</strong> Lisboa, desde a sua fundação até à incorporação<br />

na Casa Pia de Lisboa.”<br />

Na Casa Pia ficaram como dirigentes <strong>do</strong> Instituto, AUGUSTO<br />

DE CASTRO e JOSÉ DA COSTA, ambos Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s e discípulos<br />

de Pedro Borg.<br />

FIGURA 84<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 95<br />

Em 1835, ficou BERNARDO JOSÉ FRAGOSO como responsável<br />

<strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s, e <strong>em</strong> 1840, outro antigo aluno<br />

Sur<strong>do</strong>-Mu<strong>do</strong> tomou a Direcção <strong>do</strong> Instituto - JOSÉ MARIA<br />

PEREIRA.<br />

O Dr. Ramaugé, no seu <strong>Livro</strong> já cita<strong>do</strong> de 1847, refere o seguinte:<br />

“Não há hoje portuguez algum que exerça a profissão<br />

de ensinar Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s; porque sen<strong>do</strong> eu o único<br />

professor nacional <strong>do</strong> antigo Instituto, prefiro servir n’outro<br />

<strong>em</strong>prego público, porque ninguém dá apreço ao trabalho<br />

que t<strong>em</strong> um Mentor de Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s, que se esmera no<br />

b<strong>em</strong> <strong>do</strong>s seus Alunos.”<br />

Em 1844 é suprimida a <strong>do</strong>tação para o Instituto e este acabou<br />

por ser extinto <strong>em</strong> 1860.<br />

Abro aqui um parêntesis para referir um facto curioso: No<br />

<strong>Livro</strong> que acabei de citar, escrito pelo Dr. J. J. A. Ramaugé<br />

<strong>em</strong> 1847, este refere ser ele que escreveu o relatório sobre<br />

o Instituto e que sucedeu a Per Borg. No entanto, <strong>em</strong> várias<br />

fontes que consultei sobre o t<strong>em</strong>a, estes mesmos factos<br />

são atribuí<strong>do</strong>s a JOSÉ CRISPIM DA CUNHA. Os mesmos<br />

cargos, o mesmo folheto, são assim atribuí<strong>do</strong>s a <strong>do</strong>is<br />

nomes diferentes (seriam a mesma pessoa?). Será que<br />

Crispim da Cunha, devi<strong>do</strong> à revolução liberal, tinha receio<br />

de escrever com o seu nome e usava um pseudónimo?<br />

LiVRO DO DR. RaMaUGÉ (jOSÉ cRiSPiM Da cUnha) inTiTULaDO: “OS cEGOS E OS SURDOS E MEiOS inFaLÍVEiS DE RESTaBELEcER, FORTiFicaR<br />

E cOnSERVaR a ViSTa E O OUViR EM BOM ESTaDO aTÉ À iDaDE aVanÇaDa.” PUBLicaDO EM LiSBOa EM 1847


96<br />

O ENSINO DOS SURDOS-MUDOS EM PORTUGAL<br />

O ressurgimento <strong>do</strong> ensino <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s deve-se ao<br />

Padre PEDRO MARIA DE AGUILAR. Desenvolveu na Escola<br />

Normal de Lisboa, onde era Capelão, uma aula de instrução<br />

<strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s. Escreveu os seus méto<strong>do</strong>s de ensino<br />

que sucessivamente aperfeiçoou. Em 1872 saiu de Lisboa e<br />

partiu para Guimarães, onde estabeleceu um Instituto de<br />

Educação para Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s, que dirigiu até falecer.<br />

Em 1875 é impresso um “RELATÓRIO APRESENTADO À CO-<br />

MISSÃO INICIADORA DE UMA ESCOLA PARA SURDOS-<br />

-MUDOS”, impresso no Porto <strong>em</strong> 1875, precedida de uma<br />

carta <strong>do</strong> Dr. ANTÓNIO LUIZ FERREIRA GIRÃO, <strong>em</strong> que elogia<br />

Pedro Maria Aguilar e a sua Escola <strong>em</strong> Guimarães, dizen<strong>do</strong><br />

que era um maravilhoso espectáculo ver como<br />

aquelas crianças se entend<strong>em</strong> e comunicam, sen<strong>do</strong> o<br />

Mestre o ilustre Aguilar. Elogia depois os m<strong>em</strong>bros desta<br />

Comissão pelo esforço de tentar fazer uma Escola para<br />

Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s na cidade <strong>do</strong> Porto.<br />

O Relatório conclui “muito nobre seria se o nosso Governo<br />

actual continuasse a fazer crescer entre nós a arte de instruir<br />

os Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s sob a inteligente direcção <strong>do</strong> Padre Aguilar.<br />

No entanto este, não poden<strong>do</strong> continuar com a Escola <strong>em</strong><br />

Guimarães, dirigiu-se para o Porto onde conseguiu um pequeno<br />

subsídio. O Padre Aguilar faleceu no Porto, deixan<strong>do</strong><br />

o seu sobrinho Eliseu Aguilar à frente da Escola, que encerrou<br />

<strong>em</strong> 1887, <strong>em</strong> virtude da saída para Lisboa <strong>do</strong> seu director<br />

que veio reabrir o Instituto <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s.”<br />

Este Instituto ficou instala<strong>do</strong> no Palácio Arneiro, mas o <strong>Prof</strong>essor<br />

Aguilar foi suspenso por factos irregulares da sua<br />

FIGURA 85<br />

O PaDRE PEDRO MaRia DE aGUiLaR (1828-1879) a QUEM SE DEVE O<br />

RESSURGiMEnTO DO EnSinO DOS SURDOS-MUDOS EM PORTUGaL<br />

gestão e foi nomea<strong>do</strong> Director, INÁCIO JOSÉ MIRANDA DE<br />

BARROS, que tentou introduzir o méto<strong>do</strong> de ensino oral.<br />

Entretanto no Porto, <strong>em</strong> 1893, é inaugura<strong>do</strong> o “INSTITUTO<br />

DE SURDOS-MUDOS ARAÚJO PORTO” que foi estabeleci<strong>do</strong><br />

com o lega<strong>do</strong> de um ben<strong>em</strong>érito, JOSÉ RODRIGUES DE<br />

ARAÚJO PORTO (1815 - 1887), que deixou a sua fortuna <strong>em</strong><br />

testamento para esse fim. Foram escolhidas as instalações<br />

e um <strong>Prof</strong>essor, o <strong>Prof</strong>. MIRANDA DE BARROS, que iniciou<br />

um ensino moderno, mas este <strong>Prof</strong>essor morreu de tuberculose<br />

pouco depois de tomar posse, pelo que foi nomea<strong>do</strong><br />

outro, Joaquim José Trindade. Sen<strong>do</strong> necessários<br />

mais <strong>Prof</strong>essores, a Misericórdia <strong>do</strong> Porto, que era qu<strong>em</strong><br />

geria a fortuna herdada, e o próprio Instituto, enviou a Paris<br />

<strong>do</strong>is <strong>Prof</strong>essores para aprender<strong>em</strong> os méto<strong>do</strong>s mais modernos<br />

de ensino. No Instituto era ministra<strong>do</strong> o ensino oral<br />

e possuía Oficinas de Tipografia, composição, sapataria, alfaiataria<br />

e marcenaria, onde os alunos aprendiam também<br />

uma profissão e ganhavam um salário.<br />

Em Lisboa, foram feitas várias tentativas para ensinar os<br />

Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> as mais importantes as realizadas<br />

pela Madre Irlandesa, MARIA PETRONILLA, no Convento<br />

<strong>do</strong> Bom Sucesso <strong>em</strong> Lisboa, e por uma senhora SCHIAPPA<br />

PIETRA, que no seu Colégio, <strong>em</strong> Pedrouços, se ocupou da<br />

educação de alguns alunos Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s.<br />

De 1880 a 1887 funcionou na Rua <strong>do</strong> Benformoso, um Colégio<br />

para Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s dirigi<strong>do</strong> por EMÍDIO JOSÉ DE<br />

VASCONCELOS. Neste estabelecimento estavam 14 alunos,<br />

e com a morte <strong>do</strong> Funda<strong>do</strong>r, acabou por desaparecer.<br />

FIGURA 86<br />

RELaTÓRiO aPRESEnTaDO À cOMiSSÃO iniciaDORa DUMa EScOLa PaRa<br />

SURDOS-MUDOS, 1875


FIGURA 87<br />

Em Benfica, dirigi<strong>do</strong> pelo <strong>Prof</strong>essor ANICEL EUSILLIER<br />

havia um colégio com resulta<strong>do</strong>s muito bons, usan<strong>do</strong> o<br />

méto<strong>do</strong> oral. Este <strong>Prof</strong>essor foi muito elogia<strong>do</strong> no seu<br />

t<strong>em</strong>po, e deixou vários <strong>Livro</strong>s sobre o t<strong>em</strong>a.<br />

A partida súbita de Eusillier para África, para onde foi continuar<br />

a sua obra, levou ao encerramento da escola <strong>em</strong> 1895.<br />

Por Decreto de 27 de Dez<strong>em</strong>bro de 1905, os Serviços de<br />

Beneficência Pública, reorganizaram os Serviços e mandaram<br />

ingressar na Casa Pia, os menores interna<strong>do</strong>s nos<br />

Asilos Municipais; assim entraram na Casa Pia de Lisboa,<br />

35 menores Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s. Estes menores ficaram entregues<br />

ao cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> Prove<strong>do</strong>r da Casa Pia, JAIME ARTUR<br />

DA COSTA PINTO, que visitou o Instituto <strong>do</strong> Porto e contratou<br />

o <strong>Prof</strong>essor PAVÃO DE SOUSA para organizar as<br />

aulas. Igualmente conseguiu verba para enviar para Paris,<br />

<strong>do</strong>is <strong>do</strong>s melhores alunos, para aprender<strong>em</strong> os méto<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a oral puro, foram eles JOSÉ CRUZ FILIPE e EU-<br />

GÉNIO DE BRITO VASCONCELOS.<br />

Após a morte, <strong>em</strong> 1913, de Pavão de Sousa, ficou como<br />

coordena<strong>do</strong>r o já <strong>Prof</strong>essor Cruz Filipe. O Instituto de Sur<strong>do</strong>s<br />

passa, <strong>em</strong> 1922, a denominar-se oficialmente, Instituto<br />

de Sur<strong>do</strong>s Jacob Rodrigues Pereira (I.J.R.P.).<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 97<br />

DUaS PUBLicaÇÕES RESPEcTiVaMEnTE DE anTÓniO GOMES SiLVa RaMOS EM 1906 E DE aRY DOS SanTOS EM 1920 SOBRE a TEMÁTica DOS SURDOS-MUDOS<br />

Durante muitos anos, o ensino <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s foi<br />

acompanha<strong>do</strong> pelo Otorrinolaringologista Dr. Ary <strong>do</strong>s<br />

Santos, que publicou vários relatórios, entre os quais uma<br />

publicação feita no Arquivo da Universidade de Lisboa,<br />

Vol. II <strong>em</strong> 1920 - um notável estu<strong>do</strong> Médico-Pedagógico<br />

sobre “A Sur<strong>do</strong>-Mudez”, que muito contribuiu para divulgar<br />

os factos mais salientes <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s.<br />

Seguin<strong>do</strong> uma directiva de 1900, a separação <strong>do</strong>s sexos<br />

implicava <strong>do</strong>is locais de formação, Colégio de Pina Manique<br />

e o Colégio D. Maria Pia. Em 1942 inicia-se a r<strong>em</strong>odelação<br />

<strong>do</strong> I.J.R.P., consequência das reformas da Casa Pia<br />

de Lisboa, levan<strong>do</strong> a que vinte e duas alunas sejam transferidas<br />

para a Congregação das Irmãs Franciscanas da<br />

Imaculada Conceição, e encerran<strong>do</strong> a ala f<strong>em</strong>inina no Colégio<br />

D. Maria Pia.<br />

A partir de 1953, o ensino de sur<strong>do</strong>s atinge estabilidade e<br />

continua a evoluir. Em 1963, Carlos Pinto de Ascensão é<br />

nomea<strong>do</strong> director <strong>do</strong> I.J.R.P., desenvolven<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong><br />

oralista para sur<strong>do</strong>s. Começa progressivamente a desaparecer<br />

o termo “Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s“. Entre 1975 e 1986 são<br />

criadas e inauguradas várias instalações consideradas um<br />

modelo <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e agraciadas com o Prémio Valmor,<br />

pela Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s Arquitectos e C.M.L.


98<br />

O ENSINO DOS SURDOS-MUDOS EM PORTUGAL<br />

FIGURA 88<br />

UMa DaS LÍnGUaS GESTUaiS PORTUGUESaS<br />

OS MÉTODOS DE ENSINO<br />

DOS SURDOS<br />

Entre 1823 e 1860, o ensino <strong>do</strong>s Sur<strong>do</strong>s-Mu<strong>do</strong>s baseava-se<br />

no Méto<strong>do</strong> Gestual, comunicação por gesto s<strong>em</strong> oralizar,<br />

e no Alfabeto Manual. Entre 1870 e 1900, a meto<strong>do</strong>logia<br />

dividia-se entre o méto<strong>do</strong> da mímica, o da linguag<strong>em</strong> escrita<br />

e o Méto<strong>do</strong> Oral. Entre 1906 e 1991, a meto<strong>do</strong>logia é<br />

baseada no Méto<strong>do</strong> Oral, distinguin<strong>do</strong>-se três méto<strong>do</strong>s:<br />

o Méto<strong>do</strong> Natural, que impl<strong>em</strong>enta o treino da fala e o<br />

treino auditivo de forma natural, o Méto<strong>do</strong> Materno-Reflexivo,<br />

destina-se a crianças surdas, na fase pré-linguística,<br />

e defende que estas pod<strong>em</strong> aprender a falar uma<br />

língua materna pelo meio oral, sen<strong>do</strong> reflexiva porque<br />

leva a criança a reflectir sobre a língua de uma forma<br />

orientada pelo professor, e finalmente o Méto<strong>do</strong> Verbotonal<br />

que defende que a função essencial da língua é a<br />

expressão <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> através <strong>do</strong> som e <strong>do</strong> movimento.<br />

A partir de 1990, é aplica<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> o Modelo Bilingue,<br />

ten<strong>do</strong> por princípio que a criança surda deve aprender<br />

na escola, através da sua língua materna, a Língua<br />

Gestual Portuguesa, e adquirir como segunda língua, a<br />

portuguesa, na vertente escrita e eventualmente oral.<br />

Ao contrário <strong>do</strong> que se possa pensar, a comunicação gestual<br />

<strong>do</strong>s sur<strong>do</strong>s não é universal. A comunicação gestual<br />

apresenta diferenças consideráveis entre si. Cada país,<br />

cada região, e <strong>em</strong> muitos casos, cada comunidade t<strong>em</strong><br />

uma língua gestual própria.<br />

Tentan<strong>do</strong> eliminar a existência de diferenças entre as diversas<br />

línguas gestuais, foi criada uma língua gestual internacional.<br />

O “GESTUNO”, como é conhecida esta Língua<br />

Gestual Universal, foi desenvolvida para ser usada <strong>em</strong> conferências<br />

internacionais para sur<strong>do</strong>s. No entanto, a sua aceitação<br />

t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> difícil. Ver<strong>em</strong>os o que o futuro nos reserva.


A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 99


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

O Século XX


FIGURA 89<br />

UMa aULa DE DiSSEcÇÃO DE caDÁVER EM 1910<br />

a sessão da Câmara Municipal <strong>do</strong> Porto de 17 de Agosto<br />

de 1899, o conselheiro Venceslau de Lima elogiou o médico<br />

municipal Dr. Ricar<strong>do</strong> Jorge, por ter detecta<strong>do</strong> rapidamente<br />

o surto de peste bubónica que assolava a<br />

cidade, e ter estabeleci<strong>do</strong> um “cordão sanitário” para evitar<br />

a propagação da <strong>do</strong>ença. O Porto ficou completamente<br />

isola<strong>do</strong>, por terra e por mar. Os comerciantes e os<br />

industriais queixavam-se de graves prejuízos. A reacção<br />

da população foi tão violenta, que o Dr. Ricar<strong>do</strong> Jorge se<br />

viu obriga<strong>do</strong> a sair <strong>do</strong> Porto. A epid<strong>em</strong>ia fez 112 vítimas e<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 101<br />

entre elas lamentava-se a morte de Luiz da Câmara Pestana<br />

um <strong>do</strong>s nossos médicos mais notáveis.<br />

Em 18 de Agosto de 1900, morre <strong>em</strong> Paris o notável escritor<br />

Eça de Queirós, considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores vultos<br />

das letras portuguesas; a sua obra é o espelho de uma inteligência<br />

superior servida por um estilo literário subtil e<br />

insinuante. As suas personagens, inclusive no campo da<br />

Medicina, permit<strong>em</strong>-nos conhecer como era a vida <strong>em</strong><br />

<strong>Portugal</strong> no século XIX.


102<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 90<br />

DUaS iMaGEnS DE RicaRDO jORGE POR OcaSiÃO Da EPiDEMia DE PESTE BUBÓnica QUE aSSOLOU a ciDaDE DO PORTO EM 1899<br />

FIGURA 91<br />

O PROF. MiGUEL BOMBaRDa DiScURSanDO PERanTE<br />

O REi na SESSÃO DE aBERTURa DO XV cOnGRESSO<br />

Na revista “A MEDICINA CONTEMPORANEA” de 30 de Set<strong>em</strong>bro<br />

de 1900, nº 39, é feita uma exaustiva descrição de<br />

to<strong>do</strong> o Sist<strong>em</strong>a Médico <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, então existente. O<br />

artigo era intitula<strong>do</strong> como “GUIA MÉDICO EM PORTU-<br />

GAL”, e era uma actualização <strong>do</strong> Guia Médico que tinha<br />

si<strong>do</strong> publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1898, e a que eu já fiz referência. São<br />

descritos, o Ensino Médico e os Serviços Assistenciais de<br />

mo<strong>do</strong> exaustivo.<br />

Ficamos a saber quais as cadeiras e os livros recomenda<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> todas as Escolas de Medicina <strong>do</strong> País, mesmo no<br />

Funchal e <strong>em</strong> Goa, o mo<strong>do</strong> de organização <strong>do</strong>s Hospitais<br />

etc.<br />

Em relação à Otorrinolaringologia encontro referências<br />

no capítulo da ASSISTÊNCIA PÚBLICA, sen<strong>do</strong> referi<strong>do</strong>:<br />

“No HOSPITAL DE S. JOSÉ, o Dr. AVELINO MONTEIRO dá consultas<br />

das <strong>do</strong>enças da Larynge, Fossas Nasais e Ouvi<strong>do</strong>s às<br />

Terças, Quintas e Sába<strong>do</strong>s, das 9h às 10 da manhã e é assisti<strong>do</strong><br />

pelo Dr. SANT’ANNA LEITE.<br />

No HOSPITAL DA ESTEPHANIA há uma consulta de <strong>do</strong>enças<br />

da Garganta e de Nariz, pelo DR. VALLADARES às Segundas,<br />

Quartas e Sextas-feiras, das 9h às 10h da manhã.”<br />

Tal como no Guia Médico de 1898, não encontrei qualquer<br />

outra referência a consultas de Otorrinolaringologia,<br />

n<strong>em</strong> na cidade <strong>do</strong> Porto ou de Coimbra, n<strong>em</strong> nas várias<br />

clínicas privadas que também estão descritas neste artigo.<br />

O XV CONGRESSO INTERNA-<br />

CIONAL DE MEDICINA<br />

O XV Congresso Internacional de Medicina, realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

Lisboa de 19 a 26 de Abril de 1906, foi um evento científico<br />

que teve a participação de congressistas portugueses<br />

e estrangeiros. Foi seu Presidente, o conselheiro<br />

Costa Al<strong>em</strong>ão, Lente da Faculdade de Medicina da Universidade<br />

de Coimbra, e Secretário-Geral, o <strong>Prof</strong>. Miguel<br />

Bombarda, que teve a seu cargo a organização <strong>do</strong> Congresso.<br />

Foram fomenta<strong>do</strong>s e desenvolvi<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s<br />

científicos, além de ter possibilita<strong>do</strong> uma projecção da<br />

Medicina portuguesa a nível mundial, como nunca antes<br />

tinha aconteci<strong>do</strong>.


FIGURA 92<br />

cRachaT UTiLiZaDO PELOS PaRTiciPanTES DO XV cOnGRESSO<br />

A 19 de Abril de 1906, sob a presidência <strong>do</strong> Rei D. Carlos<br />

I, o XV Congresso Internacional de Medicina iniciava-se<br />

com a Sessão Solene de Abertura, que decorreu na magnífica<br />

e superlotada Sala <strong>Portugal</strong>, da Sociedade de Geografia<br />

de Lisboa.<br />

Estiveram presentes 1762 congressistas. Houve congressistas<br />

de Espanha, de França, da Itália, de Inglaterra e Irlanda,<br />

da Suécia, Noruega, Rússia, Hungria, Holanda,<br />

Bélgica, da Dinamarca, <strong>do</strong>s Balcãs, da Turquia, e da Grécia.<br />

Da América vieram 55 delega<strong>do</strong>s, e houve ainda delegações<br />

<strong>do</strong> Brasil, da Argentina, <strong>do</strong> Chile, <strong>do</strong> México, de Cuba,<br />

e não faltou mesmo uma significativa representação <strong>do</strong><br />

Japão. Ao to<strong>do</strong> foram mais de 35 os países representa<strong>do</strong>s.<br />

Além de várias conferências, foram apresentadas mais de<br />

500 comunicações livres, com 134 t<strong>em</strong>as, distribuí<strong>do</strong>s pelas<br />

17 Secções <strong>do</strong> Congresso, algumas delas subdivididas.<br />

O XV Congresso Internacional de Medicina decorreu no<br />

edifício Nova Escola Médica de Lisboa, que foi aberto de<br />

propósito para este evento (o seu funcionamento como<br />

instalações definitivas da Escola Médica só aconteceu <strong>em</strong><br />

1910), e contou com a colaboração da Casa Real e várias<br />

instituições. São ex<strong>em</strong>plo, a Companhia Real de Caminhos<br />

de Ferro, Ministério <strong>do</strong>s Negócios Estrangeiros, Câmara<br />

Municipal de Lisboa, Inspecção Geral <strong>do</strong>s Serviços Sanitários,<br />

Alfândegas de Lisboa, entre outros.<br />

As 17 secções, referentes às especialidades <strong>em</strong> que se dividiu<br />

o XV Congresso Internacional de Medicina foram:<br />

Anatomia (Anatomia descritiva e comparativa, Antropologia<br />

e Embriologia), Fisiologia, Patologia Geral (Bacteriologia<br />

e Anatomia Patológica), Terapêutica e Farmacologia, Medicina,<br />

Pediatria (Médica e Cirúrgica), Neurologia (Psiquiatria<br />

e Antropologia Criminal), Dermatologia e Sifiligrafia, Cirurgia,<br />

Medicina e Cirurgia das Vias Urinárias, Oftalmologia, Rinologia,<br />

Laringologia, Otologia, Estomatologia, Obstetrícia<br />

e Ginecologia, Higiene e Epid<strong>em</strong>iologia, Medicina Militar,<br />

Medicina Legal, Medicina Colonial e Naval.<br />

FIGURA 93<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 103<br />

SaLa PORTUGaL na SOciEDaDE DE GEOGRaFia<br />

na SESSÃO DE aBERTURa DO XV cOnGRESSO<br />

A 12ª Secção (Laringologia, Rinologia, Otologia e Estomatologia)<br />

foi presidida pelo Dr. Gregório Fernandes, e o<br />

secretário da secção de Otologia foi o Dr. Caldeira Cabral.<br />

Do resumo <strong>do</strong> Congresso que veio publica<strong>do</strong> na revista<br />

“O OCIDENTE” de 10 de Maio de 1906 destaco:<br />

Na XVI secção de Medicina Legal:<br />

“O Sr. Dr. Valladares apresentou a sua comunicação sobre<br />

DACTYLOSCOPIA, novo processo de identificação de criminosos<br />

pelas dedadas das mãos. As conclusões foram aceites<br />

unanim<strong>em</strong>ente pela secção.”<br />

na Xii secção a e Xii secção c:<br />

“Presidiu o Sr. Dr. AVELINO MONTEIRO, sen<strong>do</strong> proclama<strong>do</strong>s<br />

presidentes de honra os Drs. ANTÓNIO TÁPIA, SAINT-CLAIR<br />

THOMSON e SUAREZ MENDONZA. Foram discuti<strong>do</strong>s os pareceres<br />

seguintes: Rhinolaryngologia e Othologia relator o<br />

Dr. H. FREY que trata da epilepsia reflexa de orig<strong>em</strong> nasal,<br />

auricular e pharyngeana. O Dr. Suarez de Men<strong>do</strong>nza apresentou<br />

o seu trabalho “Diagnóstico e tratamento das vegetações<br />

adenóides.” O Dr. Tapia fez uma comunicação acerca<br />

<strong>do</strong> seu processo na operação da Sinusite Frontal Crónica e<br />

outra de um caso de ovariose tracheal, traqueoscopia, myosite<br />

consecutiva <strong>do</strong>s músculos.”<br />

Foram publicadas, <strong>em</strong> 21 volumes, as comunicações apresentadas<br />

no Congresso.<br />

Das recomendações feitas pelas Secções <strong>do</strong> Congresso e<br />

pela Comissão Executiva, ressaltam:<br />

• A mudança <strong>do</strong> nome de Medicina Colonial para Medicina<br />

Tropical;<br />

• A criação de áreas individualizadas de Pediatria, Otorrinolaringologia<br />

e Estomatologia, nos estu<strong>do</strong>s médicos;<br />

• A criação de serviços hospitalares de Dermatologia e de<br />

Estomatologia;<br />

• O estabelecimento de nomenclaturas apropriadas <strong>em</strong><br />

diversas áreas médicas;<br />

• A regulamentação de medicamentos e a proibição da<br />

sua venda <strong>em</strong> locais não adequa<strong>do</strong>s;


104<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 94<br />

DR. GREGÓRiO FERnanDES<br />

FIGURA 96<br />

FIGURA 95<br />

DR. caLDEiRa caBRaL<br />

aS PRiMEiRaS PROjEcÇÕES DE FiLMES MÉDicOS EM PORTUGaL FORaM DURanTE O XV cOnGRESSO


• O estabelecimento de uma luta concertada contra a<br />

lepra e a tuberculose;<br />

• A protecção aos <strong>em</strong>igrantes, sanitária e social;<br />

• A assistência aos presos aliena<strong>do</strong>s;<br />

• A criação, <strong>em</strong> Lisboa, de uma estação de Biologia e de um<br />

Instituto de Química Biológica, para cientistas nacionais e<br />

estrangeiros, de onde resultou a Sociedade Portuguesa<br />

de Ciências Naturais, que se instalou no Aquário Vasco da<br />

Gama;<br />

FIGURA 97<br />

FOTOGRaFia aUTOGRaFa DO PROF.ThOMaZ DE MELLO BREYnER (1866-1933),<br />

MÉDicO DE D.caRLOS i , 4ºcOnDE DE MaFRa E QUE FOi SEcRETÁRiO Da<br />

cOMiSSÃO EXEcUTiVa DO XV cOnGRESSODE 1906<br />

FIGURA 98<br />

LiVRO cOM aS acTaS E aS cOMUnicaÇÕES aPRESEnTaDaS<br />

na SEcÇÃO DE LaRYnGOLOGia-RhinOLOGia E OTOLOGia<br />

DO XV cOnGRESSO DE 1906<br />

• A criação de uma comissão para o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> cancro, que<br />

levaria Francisco Gentil a dedicar-se a essa causa e, anos<br />

depois, à abertura <strong>do</strong> Instituto Português de Oncologia.<br />

No final <strong>do</strong> Congresso foram publica<strong>do</strong>s os trabalhos de<br />

cada secção, num total de 21 volumes. Um deles t<strong>em</strong> o título<br />

de “LARYNGOLOGIE”, publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> Francês, que era a língua<br />

Internacional na época, e inclui também os trabalhos das<br />

secções de Rinologia e de Otologia. Retirei desse volume os<br />

comités organiza<strong>do</strong>res e os Rapports oficiais publica<strong>do</strong>s.<br />

SEcÇÃO DE RhinO-LaRYnGOLOGia:<br />

Presidente - Dr. Gregório Fernandes<br />

Vice-Presidente - Dr. Avelino Monteiro<br />

Secretário Responsável - Sr. Xavier da Silva<br />

Secretários Adjuntos - Dr. Francisco Seia<br />

- Dr. Souza Teixeira<br />

M<strong>em</strong>bro - Dr. Souza Valladares<br />

OTOLOGia<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL<br />

Presidente - Dr. Gregório Fernandes<br />

Vice-Presidente - Dr. Sobral Cid<br />

Secretário Responsável - Dr. Caldeira Cabral<br />

Secretários Adjuntos - Dr. Ary <strong>do</strong>s Santos<br />

- Dr. Sant’Anna Leite<br />

M<strong>em</strong>bro - Dr. Costa Rodrigues<br />

Rapports Officiels:<br />

1 - Étude de l’action épileptogène dês corps étrangers<br />

de l’oreille et dês végétations du pharynx nasal.<br />

Rapporteurs: M.M. Alfred Fuchs et Hugo Frey, Vienne;<br />

C.E.West, Londres.<br />

2 - La valeur des maladies des cavités résonnantes pour<br />

le chanteur et leur trait<strong>em</strong>ent. Rapporteurs: M.A. Castex,<br />

Paris.<br />

3 - Les différents formes de suppuration du sinus maxillaire.<br />

Rapporteurs: M.M. Lermoyer, Paris; E.J.Moure, Bordeaux.<br />

4 - Complications intra-craniennes des sinusites de la<br />

face. Rapporteurs: M.M. Georges Laurens, Paris; Vincenzo<br />

Cozzolino, Naples.<br />

5 - Les injections prothétiques de paraffine en rhinolofie.<br />

Rapporteurs: M. Georges Mahu, Paris.<br />

6 - Diagnostic differential des lésions tuberculeuses,<br />

syphilitiques et cancéreuses du larynx.<br />

Rapporteurs: M.M. Suarez de Men<strong>do</strong>za, Paris; Ramon de<br />

la Sota y Lastra, Séville.<br />

6a - Sur le câncer du larynx.<br />

Rapporteurs: M. Bernhard Fränkel, Berlin.<br />

105


106<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 99<br />

MEDaLha ManDaDa cUnhaR PELOS cOLEGaS<br />

EM hOMEnaGEM a MiGUEL BOMBaRDa<br />

O Congresso foi um êxito. A organização foi meticulosa e irrepreensível.<br />

Toda a imprensa nacional e internacional<br />

falou dele.<br />

<strong>Portugal</strong> mereceu os elogios de todas as representações. O<br />

País e a Medicina portuguesa firmavam-se mais na comunidade<br />

científica internacional. Em particular, Miguel Bombarda<br />

foi rodea<strong>do</strong> de elogios. Em agradecimento, os<br />

Médicos portugueses mandaram cunhar uma medalha<br />

com a sua imag<strong>em</strong>.<br />

Durante o Ano de 1902, Manuel Diogo Valladares vai publicar<br />

<strong>do</strong>is artigos na Revista “A Medicina Cont<strong>em</strong>porânea”,<br />

no nº 29 Ano XX, de 20 de Julho sobre “CORPOS<br />

ESTRANHOS DA LARYNGE” e no nº 48 de 30 de Nov<strong>em</strong>bro<br />

sobre um: “KYSTO HYALINO DA NARINA DIREITA.”<br />

Em 1905 dá-se o Centenário <strong>do</strong> nascimento de Manuel<br />

Garcia, o cria<strong>do</strong>r da Laringologia; este acontecimento teve<br />

destaque <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os jornais <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>. Da Revista “A<br />

Medicina Cont<strong>em</strong>porânea” retiro as seguintes palavras:<br />

“Foi deveras tocante a sessão celebrada <strong>em</strong> Londres para festejar<br />

o centenário <strong>do</strong> inventor <strong>do</strong> laryngoscópio e o centenário<br />

da invenção.<br />

Organisada por Sir Felix S<strong>em</strong>on, a ella concorreram delega<strong>do</strong>s<br />

das Sociedades Laryngológicas da Europa e da América,<br />

b<strong>em</strong> como representantes <strong>do</strong>s reis de Inglaterra, de Hespanha<br />

e <strong>do</strong> Impera<strong>do</strong>r da All<strong>em</strong>anha. À noite realisou-se um<br />

banquete a que concorreram mais de 400 pessoas.”<br />

Segue-se a descrição pormenorizada da descoberta da<br />

Laringoscopia Indirecta.<br />

Em 1906, TEIXEIRA LOPES publica na revista “Porto Médico”,<br />

já como Otorrinolaringologista, um trabalho sobre<br />

“cORPOS ESTRanhOS na LaRinGE”; outros trabalhos<br />

também publica<strong>do</strong>s no “Porto Médico”, foram “SUPURa-<br />

ÇÕES DaS cÉLULaS MaSTOiDEiaS” por CARLOS DE AN-<br />

DRADE (onde, após descrição anatómica e patológica <strong>do</strong>s<br />

processos mastoideus supura<strong>do</strong>s, preconiza a operação<br />

radical) e “TaMPOnaMEnTO naSaL naS EPiSTÁXiS” por<br />

XAVIER NOGUEIRA.<br />

Em 1907 foi apresentada à Escola Médica de Lisboa uma<br />

tese intitulada “MASTOIDITE AGUDA PURULENTA” por<br />

JOSÉ GONÇALVES CAROÇA.<br />

Ainda <strong>em</strong> 1907, na “GAZETA DOS HOSPITAIS DO PORTO” TEI-<br />

XEIRA LOPES publica um Trabalho Original intitula<strong>do</strong> “EX-<br />

TRACÇÃO D’UMA BALA DA APOPHYSE MASTOIDEA”. O autor<br />

v<strong>em</strong> referencia<strong>do</strong> como Médico Oto-Rhino-Laryngologista<br />

<strong>em</strong>bora não haja referência ao local de trabalho.<br />

Nesta mesma revista, e no mesmo ano, encontro um artigo<br />

de M. VALLADARES sobre “A HYGIENE ESCOLAR E A<br />

OTO-RHINO-LARYNGOLOGIA”. O curioso destes artigos<br />

não é o seu conteú<strong>do</strong>, mas o facto <strong>do</strong>s médicos começar<strong>em</strong><br />

a ser denomina<strong>do</strong>s como Otorrinolaringologistas.<br />

Encontrei, na “GAZETA MÉDICA DO PORTO”, <strong>do</strong>is trabalhos<br />

originais de TEIXEIRA LOPES. O primeiro <strong>em</strong> 1908, na<br />

página 394, com o título “POLYPOS DA PHARYNGE LA-<br />

RYNGEA”, refere um caso de um <strong>do</strong>ente com um pólipo<br />

que lhe dificultava a respiração, mas que se recusou a ser<br />

opera<strong>do</strong>, acaban<strong>do</strong> por deglutir espontaneamente o pólipo,<br />

ten<strong>do</strong> fica<strong>do</strong> cura<strong>do</strong>.<br />

O outro artigo foi publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1909, na página 249 da<br />

mesma revista, e intitula-se de “EPISTAXIS”. Neste artigo,o<br />

autor faz uma revisão da anatomia nasal e apresenta várias<br />

soluções para tratar as epistaxis, descreven<strong>do</strong> alguns casos<br />

clínicos. O artigo v<strong>em</strong> ilustra<strong>do</strong> com 3 gravuras, que Teixeira<br />

Lopes refere, <strong>em</strong> Nota, ter<strong>em</strong> si<strong>do</strong> desenhadas por um<br />

amigo seu e que eram retiradas <strong>do</strong>s seguintes autores: a 1ª<br />

de MOURE e BRINDEL, a 2ª de ESCAT e a 3ª de GUISEZ.


FIGURA 100<br />

PUBLicaÇÕES DE TEiXEiRa LOPES cOMO MÉDicO OTO-RhinO-LaRYnGOLOGiSTa<br />

FIGURA 101<br />

TRaBaLhO DE TEiXEiRa LOPES PUBLicaDO EM 1909 na “GaZETa MÉDica DO PORTO”<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 107


108<br />

O SÉCULO XX<br />

O ESTADO DA MEDICINA<br />

EM PORTUGAL EM 1908<br />

Retirei <strong>do</strong> livro, Notas sobre <strong>Portugal</strong>, envia<strong>do</strong> à Exposição<br />

Nacional <strong>do</strong> Rio de Janeiro <strong>em</strong> 1908, parte <strong>do</strong> relatório<br />

feito pelo Enfermeiro-Mor <strong>do</strong>s Hospitais Dr. CURRY<br />

CABRAL, sobre os Hospitais Civis de Lisboa:<br />

“Os sete hospitais civis actuais, da cidade de Lisboa, ocupam<br />

uma área de 229:187 metros quadra<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s quais 69:104<br />

são cobertos pelas edificações e 160:083 constitu<strong>em</strong> zonas<br />

salubres com parques e jardins.<br />

Nestes sete hospitais foram trata<strong>do</strong>s durante o último ano<br />

16 824 <strong>do</strong>entes nas enfermarias, dan<strong>do</strong> uma existência<br />

média diá ria de 2 380.<br />

A <strong>do</strong>entes não interna<strong>do</strong>s, que <strong>do</strong>s seus <strong>do</strong>micílios vêm<br />

to<strong>do</strong>s os dias aos hospitais receber tratamento ou consulta,<br />

foram presta<strong>do</strong>s os socorros seguintes:<br />

100 846 curativos feitos nos postos permanentes (Bancos de<br />

curativo): 78 742 no <strong>Hospital</strong> de S. José; 13 958 no <strong>Hospital</strong> Estefânia;<br />

8 146 no <strong>Hospital</strong> de Doenças infecto-contagiosas;<br />

FIGURA 102<br />

151 769 Tratamentos e consultas de especialidades:<br />

• Clínica geral (Junta consultiva) - 10 245;<br />

• Doenças de mulheres - 5 868;<br />

• Doenças de vias urinárias - 10 547;<br />

• Doenças da pele - 955;<br />

• Do aparelho gastrintestinal - 673;<br />

• Da garganta, nariz e ouvi<strong>do</strong>s - 2 939;<br />

• Dos olhos - 75 000;<br />

• Venéreas e sifilíticas - 38 397;<br />

• Doen ças das crianças - 2 145.<br />

O pessoal <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> na execução de to<strong>do</strong>s os serviços <strong>do</strong>s<br />

hospitais atinge o número de 934 indivíduos: 96 clínicos, 393<br />

<strong>em</strong> prega<strong>do</strong>s de enfermag<strong>em</strong>, 32 na secretaria da Administração,<br />

40 nas Farmácias, 373 nos serviços gerais e nas diversas<br />

ofici nas e estabelecimentos anexos.<br />

A despesa feita com a sustentação <strong>do</strong>s sete hospitais anda,<br />

Actualmente, por 563 contos de réis anuais.<br />

Custa o tratamento de cada <strong>do</strong>ente interna<strong>do</strong>, <strong>em</strong> média<br />

diária, 647 réis.<br />

Mais de metade da despesa total é paga pelo Esta<strong>do</strong>; a menor<br />

parte absorve os rendimentos <strong>do</strong>s bens da Administração.<br />

caPa DO RELaTÓRiO Da SEcÇÃO PORTUGUESa QUE ESTEVE na EXPOSiÇÃO DO RiO DE janEiRO EM 1908 E a EnTRaDa DO hOSPiTaL DE S. jOSÉ na MESMa ÉPOca


FIGURA 103<br />

EnFERMaRia DE SanTa MaRia nO REaL hOSPiTaL DE S. jOSÉ, 1908<br />

Há dispersos pelo país mais de duzentos hospitais, a maior<br />

parte pequenos hospitais pertencentes às Misericórdias, e a<br />

todas o Tesouro auxilia com subsídios.<br />

Há também perto de 100 asilos, misericórdias e casas pias,<br />

albergues, creches, cozinhas económicas, que também receb<strong>em</strong><br />

subsídio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

FIGURA 104<br />

PÁGina DO jORnaL “O SÉcULO” ELOGianDO OS ciRURGiÕES DOS hOSPiTaiS ciViS<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 109<br />

Além disso, outras verbas são destinadas à beneficência pública,<br />

distribuídas como socorro <strong>do</strong>miciliário, pequenas e insuficientes<br />

para as necessidades manifestadas, mas que <strong>em</strong><br />

to<strong>do</strong> o caso, <strong>em</strong> concorrência com a beneficência exercida<br />

pela inicia tiva individual e por instituições particulares, constitu<strong>em</strong><br />

uma grande atenuante da miséria pública.”<br />

A PRIMEIRA LARINGECTOMIA<br />

EM PORTUGAL<br />

Na revista “A MEDICINA CONTEMPORANEA” de 5 de Junho<br />

de 1910, no mesmo dia <strong>em</strong> que era notícia de capa a<br />

morte de ROBERT KOCH, encontro sob o título de “EXTIR-<br />

PAÇÃO TOTAL DA LARYNGE” um artigo de João Sant’Anna<br />

Leite <strong>em</strong> que este descreve um caso clínico de um <strong>do</strong>ente<br />

de 53 anos, com queixas de disfonia, desde há vários<br />

meses, e dificuldades respiratórias. O caso é descrito de<br />

forma bastante exaustiva, mas vou procurar reproduzir os<br />

passos mais significativos daquela que penso ter si<strong>do</strong> a<br />

primeira laringectomia total realizada <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, até<br />

porque o autor a certo passo diz:<br />

“Os <strong>do</strong>entes que te<strong>em</strong> soffri<strong>do</strong> a laryngectomia, refiro-me a<br />

observações extrangeiras, nacionaes conhecidas não há…”


110<br />

O SÉCULO XX<br />

Eis a descrição <strong>do</strong> caso clínico (o português é o da época):<br />

“A observação laryngoscopica, que no <strong>do</strong>ente é difficil, mostra<br />

uma congestão geral da larynge. A arytnoidea esquerda<br />

está immovel, fixa, mas de volume sensivelmente normal. A<br />

corda vocal d’este la<strong>do</strong> esta substituída por uma massa de<br />

teci<strong>do</strong> de aspecto muriforme <strong>em</strong> toda a sua extensão. Pode<br />

verificar-se na preparação que apresento. Esta massa constitue<br />

um tumor, saliente na sua porção superior e inferior,<br />

deixan<strong>do</strong> entre si uma depressão apreciável, mais funda<br />

atraz <strong>do</strong> que adeante.<br />

A porção inferior <strong>do</strong> tumor é mais volumosa e saliente <strong>do</strong><br />

que a superior. O ventrículo d’este la<strong>do</strong> e a banda ventricular<br />

estão desloca<strong>do</strong>s para cima e mesmo comprimi<strong>do</strong>s pela porção<br />

superior <strong>do</strong> tumor. Este não chama a attenção pela cor<br />

que não faz contraste, é firme e t<strong>em</strong> approximadamente o<br />

tamanho de uma castanha pequena, achatada. Excede a<br />

commissura e invade a parte anterior e porção inferior da<br />

corda vocal direita, limitan<strong>do</strong> como se fosse surdina as vibrações<br />

d’esta. Não há ulceração. A glotte está reduzida a<br />

menos de metade, e as linhas nítidas e rectas da glotte normal<br />

estão substituídas, à esquerda, por uma linha franjada.<br />

Communiquei ao colega Silvestre Falcão que acompanhava<br />

o <strong>do</strong>ente o meu diagnostico de epithelioma. A analyse histológica<br />

confirmou o diagnostico. Propuz a tracheotomia urgente<br />

que se realizou dias depois, quan<strong>do</strong> o <strong>do</strong>ente tinha já<br />

FIGURA 105<br />

“MEDicina cOnTEMPORanEa” DE 5 DE jUnhO DE 1910 nOTÍcia SOBRE a “EXTiRPaÇÃO TOTaL Da LaRYnGE”<br />

dispensa<strong>do</strong>, á mulher, que n’este pequeno intervallo foi operada<br />

de um cancro <strong>do</strong> seio, os cuida<strong>do</strong>s <strong>do</strong> esposo.<br />

A tracheotomia realisou-se com anesthesia local e s<strong>em</strong> incidentes<br />

operatorios ou de qualquer outra natureza, affirman<strong>do</strong><br />

o <strong>do</strong>ente que nada tinha senti<strong>do</strong> a não ser a<br />

introducção da canula.<br />

A 21 de Abril o <strong>do</strong>ente era laryngectomisa<strong>do</strong> na casa de<br />

saúde de <strong>Portugal</strong> e Brazil, ten<strong>do</strong> toma<strong>do</strong> todas as precauções<br />

junto <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente, dizen<strong>do</strong>-lhe a gravidade da operação,<br />

e a um amigo que pedi me indicasse tu<strong>do</strong> o mais que não<br />

podia n<strong>em</strong> devia dizer ao próprio <strong>do</strong>ente.<br />

O processo que <strong>em</strong>preguei foi o de Gluck e o resulta<strong>do</strong> é o<br />

que os collegas tiveram occasião de ver. A epiglotte ficou e<br />

pode ser vista pelo exame laryngoscopico. Nos primeiros dias<br />

alimentou-se pela sonda; actualmente come, bebe, fuma,<br />

como antes da operação. Empreguei o chloroformio e injecção<br />

de morphina.<br />

Os <strong>do</strong>entes que te<strong>em</strong> soffri<strong>do</strong> a laryngectomia (refiro-me a<br />

observações extrangeiras, nacionaes conhecidas não há) é<br />

certo e notório que s<strong>em</strong> o auxilio de protheses te<strong>em</strong> consegui<strong>do</strong><br />

uma voz b<strong>em</strong> modulada.


FIGURA 106<br />

iMaGEnS ESTEREOScÓPicaS Da LaRinGE nUM caSO DE DiFTERia Da LaRinGE, QUE PERTEncERaM a jOÃO SanT’anna LEiTE<br />

FIGURA 107<br />

iMaGEnS ESTEREOScÓPicaS Da LaRinGE QUE PERTEncERaM a jOÃO SanT’anna LEiTE.<br />

a LEGEnDa REFERE QUE a PREPaRaÇÃO FOi FEiTa PELO DR. hajEK EM ViEna - a DaTa É 1908<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 111


112<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 108<br />

DEScRiÇÃO DaQUELa QUE TERÁ SiDO a PRiMEiRa<br />

LaRinGEcTOMia TOTaL REaLiZaDa EM PORTUGaL<br />

Nestes casos os <strong>do</strong>entes consegu<strong>em</strong> engolir o ar, faz<strong>em</strong>-n’o<br />

subir sobre pressão novamente para cima, sob acção muscular,<br />

produzin<strong>do</strong> n’este acto um ruí<strong>do</strong> na cavidade buccal<br />

ou já no esophago que auxilia a articulação e torna possível<br />

uma voz alta e distincta.<br />

N’alguns casos funcciona o esophago como folle e o ar regorgita<strong>do</strong><br />

causa oscilações das pregas da m<strong>em</strong>brana mucosa<br />

que funccionam como uma glotte accessoria, cujas<br />

oscillações tornam possível a voz alta.<br />

As indicações da laryngectomia estão estabelecidas. Antes<br />

de se pôr <strong>em</strong> pratica o processo operatorio moderno, esta<br />

operação dava uma percentag<strong>em</strong> tal de mortandade que<br />

arrefecia os cirurgiões mais ousa<strong>do</strong>s e mais indifferentes.<br />

Hoje, a moderna cirurgia usa uma technica que da uma segurança<br />

completa de se afastar a causa principal da enorme<br />

mortandade, que envolveu por muito t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> crepes esta<br />

operação. Os triumphos de hoje substitu<strong>em</strong> as desilusões<br />

d’outr’ora e estas te<strong>em</strong> actualmente um valor histórico,<br />

dan<strong>do</strong> aquelles a medida da difficuldade vencida.<br />

Aos collegas e amigos Augusto Monjardino, Jose de Padua e<br />

Raymun<strong>do</strong> Nogueira a minha gratidão pelo precioso auxilio<br />

que me dispensaram na operação.”<br />

Segue-se a descrição de to<strong>do</strong>s os passos da operação:<br />

“Descripção da operação:<br />

Incisão longitudinal, mediana, desde o osso hyoide até ao primeiro<br />

anel da trachea; incisão transversal na altura <strong>do</strong> bor<strong>do</strong><br />

superior da cartilag<strong>em</strong> thyroidea, extenden<strong>do</strong>-se até ao próximo<br />

<strong>do</strong> bor<strong>do</strong> anterior <strong>do</strong>s esterno-clei<strong>do</strong>-mastoideus. <strong>Prof</strong>undam-se<br />

ambas as incisões, a mediana até à cartilag<strong>em</strong><br />

da larynge e tracheal. Fica assim o campo operatório livre.<br />

Caminha-se camada por camada, <strong>em</strong>pregan<strong>do</strong> pinças, laquean<strong>do</strong>,<br />

cortan<strong>do</strong> vasos, teci<strong>do</strong> e musculatura, conseguin<strong>do</strong><br />

reduzir a larynge a eaqueleto; trabalha-se primeiro à<br />

direita, depois à esquerda. Fixa-se a larynge com pinças, cortam-se<br />

<strong>em</strong> re<strong>do</strong>r os grandes cornos da cartilag<strong>em</strong> thyroideia,<br />

laqueia-se a artéria laryngea superior, afasta-se o corpo thyroideu<br />

tanto quanto for necessário. Poupa-se a artéria thyroidea<br />

superior. Passa-se uma linha forte pela cartilag<strong>em</strong><br />

thyroidea, linha media e tampona-se a região <strong>do</strong>s vasos, à<br />

direita e à esquerda. Colloca-se então o <strong>do</strong>ente na posição<br />

conveniente. Corta-se o ligamento tyro-hyoideu e abre-se a<br />

pharynge ten<strong>do</strong> destruí<strong>do</strong> as inserções <strong>do</strong> esterno-hyoideu e<br />

thyro-hyoideu. Puxa-se a larynge para deante e para fora e<br />

cortam-se cautellosamente as inserções laryngeas <strong>do</strong>s constrictores;<br />

separa-se a parede pharyngea. Dirigin<strong>do</strong> o canivete<br />

para deante e poupan<strong>do</strong> o mais possível o teci<strong>do</strong>,<br />

corta-se, horisontalmente , <strong>em</strong> direcção da parede posterior<br />

da larynge, a mucosa da pharynge, puxan<strong>do</strong> para deante a<br />

larynge e isolan<strong>do</strong>-a da parede anterior <strong>do</strong> esophago.<br />

Passam-se duas linhas pela trachea, à direita e à esqueda e<br />

corta-se transversalmente a preparação, fixan<strong>do</strong> <strong>em</strong> seguida<br />

o coto à pelle. Faz-se a costura <strong>em</strong> andares respeitan<strong>do</strong> a<br />

anatomia.<br />

“Foi apresentada a preparação constituída pela larynge extirpada<br />

vê-se nitidamente o tumor e a linha <strong>do</strong> corte exceden<strong>do</strong><br />

to<strong>do</strong> o teci<strong>do</strong> <strong>do</strong>ente.”<br />

Esta, a descrição daquela que terá si<strong>do</strong> a primeira Laringectomia<br />

Total realizada <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

As fotografias estereoscópicas que ilustram este capítulo<br />

(no total são <strong>do</strong>ze estereoscopias <strong>em</strong> vidro) pertenceram<br />

ao Dr.João Sant’Anna Leite (1870 - 1941) e foram-me amávelmente<br />

oferecidas pelo seu neto, o Dr. João Manuel Alves<br />

Sant’Anna Leite (Médico Radiologista), Elas mostram b<strong>em</strong><br />

a preocupação que este pioneiro da <strong>ORL</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> tinha<br />

<strong>em</strong> se <strong>do</strong>cumentar sobre a patologia e as técnicas cirúrgicas<br />

da cirurgia laríngea, e que culminariam na realização da<br />

primeira Laringectomia Total realizada <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

A REVOLUÇÃO REPUBLICANA<br />

E A GERAÇÃO DE 1911<br />

Em 5 de Outubro de 1910 muda o regime político, e com<br />

esta mudança mudam as mentalidades e muda o País. A<br />

geração que tinha assisti<strong>do</strong> e participa<strong>do</strong> no grande Congresso<br />

de Medicina de 1906 tinha começa<strong>do</strong> a frequentar<br />

estágios e cursos no estrangeiro, com regularidade e com<br />

a vontade imensa de estar a par <strong>do</strong> que de melhor se fazia<br />

lá fora.<br />

É assim que, quan<strong>do</strong> surge a reforma <strong>do</strong> ensino médico,<br />

existe toda uma geração, chamada de Geração de 1911,


FIGURA 109<br />

OS jORnaiS Da ÉPOca DaVaM GRanDE DESTaQUE aOS nOVOS VaLORES QUE DESPOnTaVaM na MEDicina<br />

FIGURA 110<br />

janTaR DO 25º aniVERSÁRiO DO cURSO DE 1918 cOM aS RESPEcTiVaS<br />

aSSinaTURaS EnTRE aS QUaiS F. GEnTiL, cELESTinO Da cOSTa E SOBRaL ciD<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 113<br />

que estava preparada para as grandes mudanças prestes<br />

a começar. Era o início de uma época de ouro da Medicina<br />

portuguesa.<br />

O ensino de Otorrinolaringologia foi cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 24 de Janeiro<br />

de 1911 (Diário de Governo nº 45), e integrava os programas<br />

das Faculdades de Medicina de Lisboa, Porto e Coimbra. Em<br />

Lisboa, as clínicas e o ensino passaram da Escola Médico-Cirúrgica<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de São José para o <strong>Hospital</strong> de Santa<br />

Marta: a Otorrinolaringologia estava integrada na Cadeira de<br />

Clínica Cirúrgica (sob a direcção, primeiro <strong>do</strong> PROF. CABEÇA,<br />

depois <strong>do</strong> PROF. FRANCISCO GENTIL, sen<strong>do</strong> finalmente entregue<br />

ao PROF. CARLOS DE MELLO.<br />

Depois de já ter fala<strong>do</strong> de Gregório Fernandes, Avelino Monteiro,<br />

Manuel Diogo Valladares e João Santana Leite, os principais<br />

impulsiona<strong>do</strong>res da Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>,<br />

outro nome fica na História como um <strong>do</strong>s mais brilhantes cirurgiões<br />

e impulsiona<strong>do</strong>res <strong>do</strong> ensino da Otorrinolaringologia<br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, no século XX - CARLOS DE MELLO.<br />

A VIDA E A OBRA<br />

DO PROF. CARLOS DE MELLO<br />

O <strong>Prof</strong>. CARLOS DE MELLO foi um <strong>do</strong>s precursores <strong>do</strong> ensino<br />

da Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. Procurou,<br />

desde a sua formação académica, dar à <strong>ORL</strong> o lugar de<br />

destaque que pensava que ela merecia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. Alcançou<br />

por mérito próprio os mais altos cargos na sua<br />

profissão e mais longe não foi, certamente, porque a<br />

morte o levou com apenas 44 anos de idade. Os trabalhos


114<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 111<br />

O PROF. caRLOS DE MELLO E UM DOS SEUS EXaMES aUDiOLÓGicOS (1888 - 1933)<br />

que publicou mostram b<strong>em</strong> a capacidade científica e cirúrgica<br />

que o tornaram numa das primeiras figuras da História<br />

da Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

A Biografia <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello é a história de um brilhante<br />

Cirurgião, <strong>Prof</strong>essor e Ora<strong>do</strong>r, alguém que lutou<br />

por conseguir impl<strong>em</strong>entar o Ensino da Otorrinolaringologia<br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Pertenceu a uma geração, que com a reforma <strong>do</strong> ensino <strong>em</strong><br />

1911, lançou <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> as bases de uma nova Medicina.<br />

CARLOS PINTO DA CRUZ E MELLO nasceu <strong>em</strong> Lisboa a 8 de<br />

Outubro de 1888. Fez o Curso <strong>do</strong>s Liceus <strong>em</strong> Lisboa, ten<strong>do</strong><br />

obti<strong>do</strong> nos exames <strong>do</strong> 5º e 7º ano a classificação de distinto.<br />

No ano lectivo de 1906-1907 frequentou, na Escola Politécnica,<br />

as cadeiras de Química Mineral e Química Orgânica,<br />

Física Experimental e Zoologia, como preparatórias<br />

para os estu<strong>do</strong>s Médicos.<br />

No 2º ano <strong>do</strong> Curso de Medicina tirou, no Instituto Bacteriológico<br />

Câmara Pestana, o curso de Bacteriologia, regi<strong>do</strong><br />

pelo <strong>Prof</strong>. Aníbal de Bettencourt.<br />

ANÍBAL DE BETTENCOURT nasceu <strong>em</strong> Angra <strong>do</strong> Heroísmo<br />

<strong>em</strong> 1868 e morreu <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1930. Principal colabora<strong>do</strong>r<br />

de Câmara Pestana, a qu<strong>em</strong> sucedeu na direcção <strong>do</strong><br />

Instituto Bacteriológico e no ensino da Microbiologia, de<br />

que foi <strong>Prof</strong>essor Catedrático <strong>em</strong> 1910. Foi m<strong>em</strong>bro honorário<br />

de várias sociedades científicas portuguesas e estrangeiras,<br />

e ainda o primeiro Presidente da Sociedade<br />

Portuguesa de Fotografia fundada <strong>em</strong> 1907.<br />

Voltan<strong>do</strong> a CARLOS DE MELLO, sabe-se que durante os<br />

três últimos anos <strong>do</strong> curso trabalhou na consulta de crianças<br />

e na Enfermaria de Santo Onofre <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S.<br />

José, sob a Direcção <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Salazar de Sousa.<br />

Concluiu a sua formatura na Escola Médico-Cirúrgica de<br />

Lisboa <strong>em</strong> Julho de 1911.<br />

A ESCOLA<br />

MÉDICO-CIRÚRGICA<br />

DE LISBOA<br />

O ano de 1911 marcou o ano de transição entre a velha e<br />

a nova Escola de Medicina. Foi no dia 22 de Fevereiro de<br />

1911 que tu<strong>do</strong> mu<strong>do</strong>u, o pessoal <strong>do</strong>cente foi renova<strong>do</strong> e<br />

aumenta<strong>do</strong>, foi criada a figura de assistente, também mudaram<br />

as condições de frequência, a instituição regular<br />

de trabalhos práticos <strong>em</strong> todas as cadeiras, e até os edifícios<br />

eram novos, quer o edifício central quer o das clínicas.<br />

A antiga Escola Médica tinha si<strong>do</strong> instalada <strong>em</strong> 1837 no<br />

antigo Convento <strong>do</strong>s Arrábi<strong>do</strong>s. Havia muito pouco ensino<br />

prático, pois não havia espaço, n<strong>em</strong> material. A prática<br />

clínica funcionava nas enfermarias ligadas à Escola,<br />

Enfermarias S. Carlos, Santa Maria e Santa Bárbara, sen<strong>do</strong><br />

esta última destinada à Obstetrícia.<br />

Há muitos anos a funcionar <strong>em</strong> condições deficientes, foi<br />

muito desejada a reforma que surgiu <strong>em</strong> Fevereiro de 1911,


que concluiu com a entrega, à Escola, <strong>do</strong> Edifício <strong>do</strong> Campo<br />

Santana e com a posse <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santa Marta.<br />

O Edifício <strong>do</strong> Campo Santana tinha fica<strong>do</strong> termina<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

1906, poucos dias antes <strong>do</strong> dia 19 de Abril, data <strong>em</strong> que,<br />

presidi<strong>do</strong> pelo Rei D. Carlos, se iniciava o mais importante<br />

acontecimento da Medicina Portuguesa até essa data, a<br />

inauguração <strong>do</strong> XV Congresso Internacional de Medicina.<br />

Este Congresso, presidi<strong>do</strong> pelo <strong>Prof</strong>. MIGUEL BOMBARDA,<br />

foi um grande êxito, e o verdadeiro início da criação das<br />

Especialidades Médicas <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

MIGUEL AUGUSTO BOMBARDA, nasceu no Rio de Janeiro<br />

<strong>em</strong> 1851 e faleceu <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1910 assassina<strong>do</strong> por<br />

um <strong>do</strong>ente, licenciou-se na Escola Médico-Cirúrgica de<br />

Lisboa <strong>em</strong> 1877, e a sua tese inaugural foi sobre “O delírio<br />

das perseguições”. A sua carreira, na Escola Médico-Cirúrgica,<br />

foi sucessivamente de Substituto da secção médica<br />

(1880-1883), Lente Proprietário de Fisiologia e Anatomia<br />

FIGURA 112<br />

O EDiFÍciO Da FacULDaDE DE MEDicina DE LiSBOa nO caMPO DE SanTana nO PRiMEiRO QUaRTEL DO SÉcULO XX<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 115<br />

Geral (1883-1903); Lente Proprietário de Histologia e Fisiologia<br />

Geral (1903-1910) e Lente Proprietário de Fisiologia<br />

Especial (1907-1910).<br />

No HOSPITAL DE S. JOSÉ foi Cirurgião <strong>do</strong> Banco <strong>em</strong> 1879<br />

e Cirurgião Extraordinário <strong>em</strong> 1874. Foi Director <strong>do</strong> HOS-<br />

PITAL DE RIBAFOLHES a partir de 1882.<br />

Miguel Bombarda foi Jornalista, Funda<strong>do</strong>r e Director da<br />

Revista “A Medicina Cont<strong>em</strong>porânea”, entre muitas outras<br />

actividades na área política e social.<br />

Foi um <strong>do</strong>s mais fecun<strong>do</strong>s escritores Médicos Portugueses,<br />

sobre as mais diversas áreas <strong>do</strong> conhecimento e da<br />

política.<br />

Foi Presidente da Sociedade das Ciências Médicas<br />

(1900-1903) e Possuía a Grã-Cruz e Comenda da Ord<strong>em</strong><br />

de Santiago.


116<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 113<br />

O hOSPiTaL DE SanTa MaRTa TaL cOMO ERa na ÉPOca DE caRLOS DE MELLO<br />

O HOSPITAL DE SANTA MARTA<br />

O HOSPITAL DE SANTA MARTA tinha uma lotação de cerca<br />

de 500 camas, estava liga<strong>do</strong> ao Ministério da Educação e<br />

tinha grande autonomia financeira. O seu Director era um<br />

<strong>do</strong>s <strong>Prof</strong>essores que também era Director de um Serviço.<br />

Para cada Serviço, existia um Arquivo próprio e as suas<br />

secretárias arquivistas. Existiam também Bibliotecas Privativas<br />

de cada Serviço e revistas e livros vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estrangeiro,<br />

que mantinham o pessoal Médico actualiza<strong>do</strong>.<br />

Uma revista que foi muito importante, a “LISBOA MÉ-<br />

DICA”, estava muito ligada ao hospital, e foi o repositório<br />

da actividade científica <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> e da Faculdade.<br />

Os Serviços gerais eram o de Medicina e o de Cirurgia, e<br />

cada um deles tinha cerca de 100 camas e capacidade<br />

para receber um número máximo de 90 alunos.<br />

O <strong>Hospital</strong> de Santa Marta recebia <strong>do</strong>entes que eram referencia<strong>do</strong>s<br />

pela sua dificuldade ou raridade, o que permitia<br />

aos alunos o estu<strong>do</strong> de uma grande riqueza de<br />

patologias.<br />

Os lugares eram obti<strong>do</strong>s por concurso <strong>do</strong>cumental ou de<br />

provas, e o quadro de pessoal compunha-se de <strong>Prof</strong>essor<br />

Ordinário (ou Catedrático), <strong>Prof</strong>essor Extraordinário (ou<br />

Livre), <strong>Prof</strong>essor Agrega<strong>do</strong> s<strong>em</strong> lugar no quadro, 1º Assistente<br />

e 2º Assistente (ou só Assistente).<br />

Quan<strong>do</strong> se deu a transferência para o novo <strong>Hospital</strong>, ficaram<br />

como <strong>Prof</strong>essores na Cirurgia, CUSTÓDIO CABEÇA<br />

(1866-1936), para a Clínica Cirúrgica, e FRANCISCO GENTIL<br />

(1878-1964) para a Patologia Cirúrgica.<br />

Quan<strong>do</strong> as leis que reformaram o ensino e a prática da<br />

Medicina <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> foram publicadas, os Médicos<br />

dessa geração estavam prontos para assumir o l<strong>em</strong>e da<br />

nova Faculdade de Medicina, que durante mais de 40<br />

anos, entre 1911 e 1954, deu corpo à época áurea da Medicina<br />

Portuguesa. Dessa Geração fizeram parte, entre outros,<br />

MARK ATHIAS, ANÍBAL BETTENCOURT, A. CELESTINO<br />

DA COSTA, FRANCISCO GENTIL, AZEVEDO NEVES, SÍLVIO<br />

REBELLO e HENRIQUE DE VILHENA.<br />

A FORMAÇÃO DE CARLOS<br />

DE MELLO NO ESTRANGEIRO<br />

Concluída a sua formatura <strong>em</strong> Medicina e Cirurgia, Carlos<br />

de Mello desejan<strong>do</strong> aperfeiçoar-se na área da Otorrinolaringologia,<br />

frequentou no s<strong>em</strong>estre de Inverno de 1911-<br />

1912, os seguintes cursos da Universidade de Berlim:<br />

• Curso de Otoscopia e Rinoscopia proferi<strong>do</strong> pelo<br />

<strong>Prof</strong>. PASSOW;<br />

• Curso de Operações nos ouvi<strong>do</strong>s e nariz proferi<strong>do</strong> pelo<br />

Dr. WEGENER;<br />

• Curso de Laringologia e Rinoscopia dirigi<strong>do</strong> pelo<br />

<strong>Prof</strong>. HEYMAN.<br />

Continuan<strong>do</strong> a sua formação <strong>em</strong> Otorrinolaringologia na<br />

Universidade de Berlim, foi admiti<strong>do</strong> no s<strong>em</strong>estre de<br />

Verão de 1912, como assistente voluntário na Clínica<br />

Otorrinolaringológica de Königliche Charité, de Berlim,


A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 117<br />

FIGURA 114<br />

a REViSTa “LiSBOa MÉDica” ERa O ÓRGÃO OFiciaL DE DiVULGaÇÃO DOS TRaBaLhOS PRODUZiDOS nO hOSPiTaL DE SanTa MaRTa<br />

FIGURA 115<br />

UM aRTiGO DE caRLOS DE MELLO EScRiTO EM aLEMÃO<br />

dirigida pelo <strong>Prof</strong>. PASSOW, ten<strong>do</strong> frequenta<strong>do</strong> as seguintes<br />

cadeiras da Faculdade de Medicina:<br />

- Curso Prático de <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> Nariz e <strong>do</strong>s Ouvi<strong>do</strong>s pelo<br />

<strong>Prof</strong>. PASSOW;<br />

- Clínica de <strong>do</strong>enças das vias aéreas e digestivas superiores<br />

pelo <strong>Prof</strong>. KILLIAN;<br />

- S<strong>em</strong>iótica das vias aéreas e digestivas superiores pelo<br />

<strong>Prof</strong>. KILLIAN;<br />

- Patologia e terapêutica das perturbações da Fala e da<br />

Voz pelo Dr. GULZMAN.<br />

No último trimestre de 1912 dirigiu-se para Viena de Áustria,<br />

berço da mais famosa Escola de <strong>ORL</strong> da época, onde<br />

frequentou o Curso de Clínica Otorrinolaringologia da<strong>do</strong><br />

pelo <strong>Prof</strong>. CHIARI e pelo Dr. MARSCHUL.<br />

Igualmente frequentou o curso de Rino-Laringologia pelo<br />

<strong>Prof</strong>. HAJEK e o Curso de operações Rino-Laringológicas<br />

pelo Dr. SCHEMMER.<br />

Termina<strong>do</strong>s os seus estu<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Viena de Áustria, regressou<br />

à Al<strong>em</strong>anha onde trabalhou durante três meses como<br />

Assistente Voluntário na Clínica Oto-Rino-Laringológica <strong>do</strong><br />

Städtischer Krankenhaus, de Dresden onde se familiarizou<br />

com os processos de observação directa das vias aéreas


118<br />

O SÉCULO XX<br />

digestivas superiores, nomeadamente: Laringoscopia, Traqueoscopia,<br />

Broncoscopia e Esofagoscopia directa. Durante<br />

o s<strong>em</strong>estre de Verão de 1913 trabalhou como<br />

Assistente Voluntário na Clínica e Policlínica <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Passow<br />

na Königliche Charité de Berlim.<br />

Concluída a sua formação no Estrangeiro, regressou a Lisboa<br />

onde foi admiti<strong>do</strong>, no Verão de 1913, como Assistente<br />

livre da cadeira de Terapêutica Cirúrgica da Faculdade de<br />

Medicina de Lisboa.<br />

O <strong>Prof</strong>essor da Cadeira era o <strong>Prof</strong>. Francisco Gentil e foi<br />

qu<strong>em</strong> o encarregou, aproveitan<strong>do</strong> a experiência e os conhecimentos<br />

adquiri<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Berlim e <strong>em</strong> Viena, de dirigir<br />

uma consulta de Ouvi<strong>do</strong>s, Nariz e Garganta no seu Serviço<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Escolar de Santa Marta, consulta onde<br />

Carlos Mello trabalhou ininterruptamente até 1921, e<br />

após um interregno, <strong>em</strong> 1925-1926 voltou a reabrir a consulta<br />

durante a direcção <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Escolar pelo <strong>Prof</strong>.<br />

Egas Moniz.<br />

FRANCISCO SOARES BRANCO GENTIL nasceu <strong>em</strong> 1878 e<br />

morreu <strong>em</strong> 1964 <strong>em</strong> Lisboa, onde se formou <strong>em</strong> 1900,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>, logo de seguida, o primeiro classifica<strong>do</strong> no concurso<br />

para Cirurgião <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José. Fora já prepara<strong>do</strong>r<br />

de Anatomia, ainda estudante, e pouco depois, <strong>em</strong><br />

1903, nomea<strong>do</strong> chefe de clínica por concurso. Em 1906 foi<br />

Lente substituto de Cirurgia, e de Obstetrícia, <strong>em</strong> 1908. Foi<br />

Lente proprietário de Medicina Operatória <strong>em</strong> 1911, de Patologia<br />

Cirúrgica <strong>em</strong> 1915 e de Clínica Cirúrgica <strong>em</strong> 1936.<br />

Em 1912, já instala<strong>do</strong> no <strong>Hospital</strong> Escolar de Santa Marta<br />

desde o ano anterior, começou a consulta de cancerosos, e<br />

iniciou o primeiro pavilhão no Instituto Português de Oncologia<br />

<strong>em</strong> 1927. Desde 1913 que se ocupou de constru-<br />

FIGURA 116<br />

FRanciScO SOaRES BRancO GEnTiL (1878 - 1964)<br />

ções hospitalares. Foi sócio, m<strong>em</strong>bro e participante destaca<strong>do</strong><br />

de inúmeras sociedades científicas, acad<strong>em</strong>ias e congressos<br />

internacionais, e o seu nome ficou para s<strong>em</strong>pre<br />

consagra<strong>do</strong> como notável organiza<strong>do</strong>r hospitalar e cirurgião<br />

oncologista. Deixou muito extensa e importante bibliografia<br />

nas principais revistas médicas durante décadas,<br />

<strong>em</strong> tu<strong>do</strong> se ocupan<strong>do</strong>, desde a sutura de feridas <strong>do</strong> coração<br />

<strong>em</strong> cirurgia de urgência, até à mais larga cirurgia oncológica<br />

que praticou.<br />

A 17 de Março de 1914, o Conselho da Faculdade de Medicina<br />

de Lisboa concedeu autorização ao Dr. Carlos de Mello<br />

para reger um Curso Livre de Otorrinolaringologia. O primeiro<br />

Curso foi inaugura<strong>do</strong> <strong>em</strong> Abril de 1914, o curso tinha<br />

a duração de seis s<strong>em</strong>anas, era gratuito e admitiu 12 alunos,<br />

ten<strong>do</strong>-se-lhe segui<strong>do</strong> mais quatro cursos até ao fim <strong>do</strong><br />

ano de 1915.<br />

Em 1916, Carlos de Mello integrou uma Missão Médica, nomeada<br />

pelo Governo para estudar <strong>em</strong> França e noutros países,<br />

questões de Assistência Médica <strong>em</strong> campanha militar.<br />

Em Nov<strong>em</strong>bro de 1916 fez concurso de provas públicas na<br />

Faculdade de Medicina de Lisboa para <strong>Prof</strong>essor livre de<br />

Otorrinolaringologia, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> por unanimidade<br />

de votos.<br />

FIGURA 117<br />

BROchURa cOM a PUBLicaÇÃO “LiÇÃO DE inaUGURaÇÃO DO cURSO<br />

PRÁTicO DE OTOScOPia, RinOScOPia E LaRinGOLOGia” EM 1914


Desde 1916 até 1921 regeu o Curso Anual, oficial e obrigatório,<br />

de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina<br />

de Lisboa.<br />

Em 31 de Julho de 1920 o Conselho da Faculdade de Medicina<br />

concedeu um Louvor ao <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello:<br />

“Pelos excelentes serviços presta<strong>do</strong>s ao ensino e ao <strong>Hospital</strong><br />

Escolar com a criação e a direcção da consulta de Otorrinolaringologia.”<br />

Carlos de Mello foi um excelente cirurgião e a sua opinião<br />

era s<strong>em</strong>pre acatada como definitiva. A sua maneira de ensinar<br />

era intuitiva, e a sua argumentação brilhante, como<br />

acontecia nos concursos e nas sessões da Sociedade de<br />

Ciências Médicas que frequentava assiduamente.<br />

Publicou numerosos trabalhos (ver capítulo seguinte),<br />

ten<strong>do</strong> publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Livro</strong> o estu<strong>do</strong> “OTORRINOLARINGO-<br />

LOGIA EM CAMPANHA E NA PRÁTICA CLÍNICA”, que elaborou<br />

quan<strong>do</strong> esteve no C.E.P. (Corpo Expedicionário<br />

Português), <strong>em</strong> França. O <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello foi ainda<br />

Director <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Escolar de Santa Marta, e quan<strong>do</strong> faleceu<br />

era Director da Revista “LISBOA MÉDICA”.<br />

Era sócio titular da Sociedade de Ciências Médicas, M<strong>em</strong>bro<br />

<strong>do</strong> Instituto de Coimbra e condecora<strong>do</strong> com a Comenda<br />

de Santiago. Foi um <strong>do</strong>s Funda<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Banco<br />

Espírito Santo e um <strong>do</strong>s seus Directores. Carlos Pinto da<br />

Cruz e Mello faleceu <strong>em</strong> Vidago, no dia 16 de Agosto de<br />

1933 com 44 anos de idade.<br />

FIGURA 118<br />

DUaS DaS PUBLicaÇÕES DE caRLOS DE MELLO cOM DEDicaTÓRia 1914<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 119<br />

ALGUMAS DAS PUBLICAÇÕES<br />

DO PROF. CARLOS DE MELLO<br />

Pela sua importância para a História da Otorrinolaringologia<br />

Portuguesa, farei uma descrição e alguns comentários<br />

a alguns <strong>do</strong>s trabalhos científicos <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Carlos de<br />

Mello que considero mais relevantes:<br />

apontamentos de Química Mineral publicada <strong>em</strong> 1907<br />

<strong>em</strong> colaboração com E. Mc-Bride. Este trabalho, publica<strong>do</strong><br />

quan<strong>do</strong> ainda era estudante, foi dirigi<strong>do</strong> aos alunos que<br />

frequentavam a cadeira de Química Mineral da Escola Politécnica,<br />

e foi segui<strong>do</strong> como livro de texto por sucessivas<br />

gerações académicas.<br />

Sobre Paralisias Faciais - Tese inaugural <strong>em</strong> 1912. Este trabalho<br />

foi a sua Tese Inaugural e apresenta a história clínica<br />

de um <strong>do</strong>ente porta<strong>do</strong>r de paralisia facial e <strong>do</strong> nervo<br />

motor ocular externo, por lesão nuclear. Refere a sua estratégia<br />

no diagnóstico e tratamento deste caso.<br />

a amígdala Faríngea sob o ponto de vista clínico - Medicina<br />

Cont<strong>em</strong>porânea - 1912. Artigo sobre a fisiologia e<br />

sobre as alterações patológicas que pode provocar no<br />

organismo.<br />

a operação <strong>do</strong> antro - Medicina Cont<strong>em</strong>porânea - 1912.<br />

Baseada nos conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Berlim, descreve<br />

pormenorizadamente a técnica da Antrotomia, a


120<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 119<br />

aTRaVÉS DESTaS PUBLicaÇÕES OS TRaBaLhOS DO SERViÇO DE caRLOS DE MELLO TinhaM DiVULGaÇÃO inTERnaciOnaL<br />

técnica de Anestesia Geral que utiliza, preconiza como pontos<br />

de referência a Espinha de Henle, que considera mais<br />

vantajosa <strong>do</strong> que a Linha T<strong>em</strong>poral Superior. Aconselha a<br />

exposição sist<strong>em</strong>ática <strong>do</strong> Seio lateral e da Dura-Máter <strong>em</strong><br />

todas as Antrotomias, facto este que foi considera<strong>do</strong><br />

como revolucionário para a época. Encontro algumas curiosidades<br />

neste artigo, uma contrária ao que hoje faz<strong>em</strong>os,<br />

o uso das brocas, e outra um conselho sábio: é<br />

necessário praticar muito antes de operar ao vivo. A certa<br />

altura refere:<br />

“Para trepanar a mastoidea, é a broca movida à mão ou<br />

por electricidade, um instrumento a condenar absolutamente.<br />

Com ella torna-se a operação de antro uma intervenção<br />

cega, brutal, perigosa, um verdadeiro crime quasi,<br />

sirvamo-nos <strong>do</strong> martelo e <strong>do</strong> escopro concavo.”<br />

E termina o artigo com uma frase que tinha aprendi<strong>do</strong> de<br />

Politzer:<br />

“Ninguém deverá metter-se a <strong>em</strong>prehendel-a no vivo, s<strong>em</strong><br />

primeiro a ter repeti<strong>do</strong> no cadáver cinquenta vezes pelo<br />

menos.”<br />

Sobre o tamponamento nasal Pós-operatório - Medicina<br />

Cont<strong>em</strong>porânea 1912. Aconselha o tamponamento<br />

nasal após as cirurgias nasais, principalmente depois da<br />

ressecção sub-mucosa <strong>do</strong> septo. Nesta época existiam Escolas<br />

que advogavam a utilização <strong>do</strong> tamponamento<br />

nasal, e outras que o rejeitavam firm<strong>em</strong>ente.<br />

Sobre cancros <strong>do</strong> Esófago - Trabalho da Secção Oto-<br />

Rino-Laringológica <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Friedrichstadt <strong>em</strong> Dresden,<br />

publica<strong>do</strong> na Medicina Cont<strong>em</strong>porânea, <strong>em</strong> 1913. A<br />

propósito de um caso clínico, Carlos de Mello faz um resumo<br />

<strong>do</strong>s tratamentos existentes na época, sobre estes<br />

tumores.<br />

Um caso de Pansinusite operada e curada - publicada na<br />

Medicina Cont<strong>em</strong>porânea <strong>em</strong> 1914 e no Jornal da Sociedade<br />

de Ciências Médicas <strong>em</strong> 1916. Baseia-se este trabalho<br />

na observação de um caso clínico, começan<strong>do</strong> com<br />

uma descrição das relações entre os Seios Perinasais e da<br />

técnica <strong>do</strong> Exame Radiográfico. Descreve depois a Técnica<br />

de Intubação Peroral de Kuhn, a qual, Carlos de Mello foi<br />

o primeiro a executar <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, e a modificação que<br />

usa no seu <strong>em</strong>prego.


FIGURA 120<br />

PUBLicaÇÃO cOM aSSinaTURa aUTÓGRaFa DE caRLOS DE MELLO<br />

Leçon d’Inauguration du Cours Pratique d’Otoscopie, Rhinoscopie<br />

et Laryngoscopie - Medicina Cont<strong>em</strong>porânea<br />

1914. Foi com esta lição, onde se d<strong>em</strong>onstra a necessidade<br />

<strong>do</strong> conhecimento da Otorrinolaringologia para os<br />

Médicos Práticos (Clínicos Gerais de hoje), que Carlos de<br />

Mello inaugurou o seu primeiro Curso na Faculdade de<br />

Medicina <strong>em</strong> Lisboa.<br />

introdução ao estu<strong>do</strong> das Fossas nasais - Medicina Cont<strong>em</strong>porânea<br />

- 1915. <strong>Portugal</strong> Médico nº 4 - 1915. Lição<br />

feita aos alunos de Medicina Interna sobre noções básicas<br />

de Rinologia.<br />

Sobre abcessos cerebrais de orig<strong>em</strong> Otítica - Separata<br />

da Revista da Universidade de Coimbra -1915. Com prefácio<br />

<strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Francisco Gentil, que critica Carlos de Mello<br />

por este referir que <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> não havia ensino de Especialidades;<br />

“levada pelo justo entusiasmo de especialista<br />

apaixona<strong>do</strong>, se deixa arrastar a afirmações menos justas”,<br />

conclui Francisco Gentil ironizan<strong>do</strong> “Como poderíamos<br />

nós ter consegui<strong>do</strong> o que hoje têm <strong>em</strong> Viena, há já cinquenta<br />

anos”. Este trabalho baseia-se <strong>em</strong> oito casos de abcessos<br />

cerebrais otíticos, observa<strong>do</strong>s e trata<strong>do</strong>s na Clínica<br />

Otorrinolaringológica da Königliche Chanté de Berlim.<br />

Após uma descrição <strong>do</strong>s sist<strong>em</strong>as, diagnóstico diferencial,<br />

conclui defenden<strong>do</strong> a intervenção precoce, refere<br />

Carlos de Mello: “To<strong>do</strong> o abcesso cerebral não opera<strong>do</strong><br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 121<br />

conduz totalmente à morte <strong>do</strong> seu porta<strong>do</strong>r. Tratan<strong>do</strong> da<br />

profilaxia das otites, d<strong>em</strong>onstra a importância capital de<br />

b<strong>em</strong> tratar as supurações <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong> Médio, considera<strong>do</strong><br />

pelo povo como algo de bom, que depura e limpa o sangue”.<br />

Carlos de Mello continua referin<strong>do</strong> que: “Um tratamento<br />

profícuo das otites supuradas, apenas poderá ser<br />

posto <strong>em</strong> prática, quan<strong>do</strong> os médicos, ao sair das respectivas<br />

Escolas, nelas tiver<strong>em</strong> adquiri<strong>do</strong> conhecimentos<br />

basilares de Otologia. A existência de uma cadeira de<br />

Oto-Rino-Laringologia <strong>em</strong> todas as Faculdades de Medicina<br />

de <strong>Portugal</strong>, posto que, já decretada, não foi ainda<br />

posta <strong>em</strong> prática, por isso mesmo representa uma necessidade<br />

individual e necessidade vital.<br />

Dois casos de abcesso cerebral otítico - Medicina Cont<strong>em</strong>porânea<br />

- 1915. Artigo sobre <strong>do</strong>is casos pessoais de Carlos<br />

de Mello opera<strong>do</strong>s no <strong>Hospital</strong> Escolar de Santa Marta.<br />

Dois anos de Oto-Rino-Laringologia - Lisboa - 1916. Esta<br />

monografia refere o movimento geral de <strong>do</strong>entes observa<strong>do</strong>s<br />

e trata<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1914-1915, na consulta <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Escolar de Santa Marta, de cuja direcção Carlos de Mello<br />

tinha si<strong>do</strong> incumbi<strong>do</strong> pelo <strong>Prof</strong>. Francisco Gentil. O número<br />

total de tratamentos e observações nos <strong>do</strong>is anos<br />

foi de 6315, e o de intervenções cirúrgicas de 454. Funcionaram<br />

nesses anos, cinco cursos, nos quais se inscreveram<br />

86 alunos, sen<strong>do</strong> nove médicos.


122<br />

O SÉCULO XX<br />

Oto-Rino-Laringologia <strong>em</strong> campanha e na Prática civil<br />

- Lisboa -1916. Este trabalho representa um resumo <strong>do</strong> que<br />

há mais importante a conhecer <strong>em</strong> traumatismos das regiões<br />

que constitu<strong>em</strong> o <strong>do</strong>mínio da Oto-Rino-Laringologia.<br />

Carlos de Mello procura fazer um resumo <strong>do</strong>s serviços<br />

médicos Al<strong>em</strong>ães, Ingleses e Franceses para poder aplicar<br />

a <strong>Portugal</strong> a experiência alheia numa altura <strong>em</strong> que o país<br />

se preparava para entrar na guerra. Advoga a necessidade<br />

de a<strong>do</strong>ptar ao nosso exército o uso obrigatório de capacetes<br />

metálicos, já que <strong>em</strong> França tinham feito descer <strong>em</strong> 30%<br />

as feridas na cabeça. Neste trabalho são referi<strong>do</strong>s os traumatismos<br />

da Face e <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong> Externo, faz o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

traumas <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong> Médio e Interno e indica o exame funcional<br />

de audição que usa na consulta <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Escolar<br />

e a forma de despistar simula<strong>do</strong>res de surdez. Depois de<br />

referir a Síndrome de Ménière, comoção labiríntica, nevrose<br />

de Ménière, menierismo, terapêutica das lesões labirínticas,<br />

nevrite acústica e surdez histérica, conclui que a Otorrinolaringologia<br />

de guerra e da paz, <strong>em</strong> coisa alguma<br />

difer<strong>em</strong>, excepto no número de feri<strong>do</strong>s e nos meios para<br />

tratar vários <strong>do</strong>entes ao mesmo t<strong>em</strong>po.<br />

inTERVEnÇÕES E inDicaÇÕES ciRÚRGicaS naS SUPU-<br />

RaÇÕES cRÓnicaS DO OUViDO MÉDiO - ESTUDO cRÍ-<br />

TicO E DOUTRinÁRiO - Tipografia <strong>do</strong> Comércio, Lisboa<br />

1927. Neste livro, profusamente ilustra<strong>do</strong> com 121 páginas,<br />

Carlos de Mello faz o mais completo estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> até à<br />

data, <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, sobre as Otites crónicas. A sua leitura<br />

proporciona uma apaixonante visão sobre o esta<strong>do</strong> da Otologia<br />

<strong>em</strong> 1927. Impossibilita<strong>do</strong> de descrever exaustivamente<br />

este livro, limito-me a transcrever os respectivos<br />

capítulos, pois já dá uma boa visão <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como esta t<strong>em</strong>ática<br />

foi abordada: 1) - Histórias Clínicas e comentários; 2)<br />

- Patogénese e definição de Otites Médias Crónicas Supuradas;<br />

3) - Operação Radical de Esvaziamento pétro-mastoideu;<br />

4) - Perigos e Resulta<strong>do</strong>s da Operação Radical; 5) -<br />

Radical - conserva<strong>do</strong>ra, ático-antrotomia e operação de Bárány;<br />

6) - Ostosclerose defensiva, Continuação da crítica à<br />

operação Radical; 7) - Indicações clássicas da operação radical<br />

- Exposição e crítica; 8) - Divisão das otites médias crónicas<br />

supuradas; 9) - Otites Colesteatomatosas; 10) -<br />

Resumo - Esta<strong>do</strong> actual da questão <strong>em</strong> França, na Al<strong>em</strong>anha,<br />

Inglaterra, América <strong>do</strong> Norte, Itália, Espanha e <strong>Portugal</strong>;<br />

11) - Indicações Cirúrgicas - Escolha <strong>do</strong> processo<br />

operatório; 12) - Radical Interna - Resenha <strong>do</strong>s primeiros<br />

casos opera<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>; 13) - Bibibliografia com 151<br />

referências bibliográficas, grande parte das quais <strong>em</strong> língua<br />

al<strong>em</strong>ã.<br />

Sinusites Maxilares crónicas - Recueil des travaux publié.<br />

Vol I - 1931. Extenso trabalho sobre as sinusites maxilares,<br />

referin<strong>do</strong> que, das 85 sinusites observadas no <strong>Hospital</strong> de<br />

Santa Marta, <strong>em</strong> 1929 e 1930, 61 eram maxilares. Após referir<br />

as causas mais frequentes e os méto<strong>do</strong>s de diagnóstico,<br />

disserta sobre as diferentes vias de abordag<strong>em</strong> e a<br />

excelência <strong>do</strong> Raio-x com contraste para diagnosticar<br />

aquilo a que chama as sinusites lactentes. Este trabalho<br />

v<strong>em</strong> ilustra<strong>do</strong> com sete fotografias de radiografias com<br />

contraste.<br />

FUGURA 121<br />

O jORnaL “DiÁRiO DE LiSBOa” DE 22 DE FEVEREiRO DE 1922<br />

DEU UM GRanDE DESTaQUE a caRLOS DE MELLO<br />

FIGURA 122<br />

EXaME DE aUDiÇÃO REaLiZaDO POR GERVÁSiO LOBaTO,<br />

aSSiSTEnTE DE caRLOS MELLO


Operações Estéticas <strong>do</strong> nariz s<strong>em</strong> cicatriz exterior - Separata<br />

<strong>do</strong> Jornal Lisboa Médica, nº 5, Ano VIII - 1931.<br />

Operações Estéticas <strong>do</strong> nariz, Escolioses - Separata de “A<br />

Medicina Cont<strong>em</strong>porânea”. nº 18 de 1 de Maio de 1932.<br />

Trata-se <strong>do</strong>s primeiros trabalhos de que tenho conhecimento<br />

sobre cirurgia estética nasal <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. Divide<br />

as deformidades nasais <strong>em</strong> três grupos: os aumentos de<br />

volume, os desvios da sua posição mediana e as deformações<br />

provocadas pela destruição osteo-cartilagínea <strong>do</strong><br />

nariz. Ilustradas com fotografias, Carlos de Mello descreve<br />

as técnicas utilizadas e refere que está longe <strong>do</strong> seu espírito<br />

alcançar a perfeição, mas com a melhoria da técnica,<br />

espera noutra ocasião, mostrar casos <strong>em</strong> que a perfeição<br />

seja tocada mais de perto.<br />

Estatística da clínica da Garganta, nariz e Ouvi<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

hospital Escolar, de nov<strong>em</strong>bro de 1930 por j. cordeiro<br />

Lobato, sob orientação <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. carlos de Mello. Em 1928,<br />

o Serviço de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina<br />

de Lisboa, no <strong>Hospital</strong> Escolar de Santa Marta, era<br />

constituí<strong>do</strong> por uma Consulta Externa e duas Enfermarias<br />

de 8 camas cada, respectivamente para homens e mulhe-<br />

FIGURA 123<br />

hOSPiTaL DE SanTO anTÓniO cERca DE 1870<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 123<br />

res com o respectivo corpo de Enfermag<strong>em</strong>, e tinha como<br />

Corpo Clínico um Director e três Assistentes Voluntários.<br />

Funcionava a Consulta às Terças-feiras e Sába<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong><br />

as Quintas-feiras destinadas a consultas mais d<strong>em</strong>oradas<br />

ou complicadas. Durante esse perío<strong>do</strong>, houve 96 dias de<br />

consulta e foram observa<strong>do</strong>s e trata<strong>do</strong>s 3028 <strong>do</strong>entes, o<br />

que perfaz 32 <strong>do</strong>entes por consulta. Carlos de Mello conclui,<br />

após a apresentação <strong>do</strong>s quadros estatísticos, que espera<br />

no próximo ano alargar as consultas, pois material e<br />

boa vontade não faltam no seu Serviço.<br />

O <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello foi, s<strong>em</strong> qualquer dúvida, o precursor<br />

<strong>do</strong> ensino da Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Procurou, desde a sua formação académica, dar à <strong>ORL</strong> o<br />

lugar de destaque que pensava que ela merecia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Alcançou por mérito próprio os mais altos cargos<br />

na sua profissão e mais longe não foi certamente porque<br />

a morte o levou com apenas 44 anos de idade. O trabalho<br />

que publicou, sobre todas as áreas da Otorrinolaringologia<br />

mostra b<strong>em</strong> a capacidade científica e cirúrgica<br />

que o tornou numa das primeiras figuras da História da<br />

Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.


124<br />

O SÉCULO XX<br />

A ESPECIALIDADE<br />

DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

NO HOSPITAL DE SANTO<br />

ANTÓNIO NA CIDADE<br />

DO PORTO<br />

No século XVIII, D. José I deu ord<strong>em</strong> à Misericórdia <strong>do</strong><br />

Porto para se construir um novo <strong>Hospital</strong> que servisse<br />

condignamente a cidade <strong>do</strong> Porto, da<strong>do</strong> o crescimento<br />

da mesma e a manifesta insuficiência <strong>do</strong> velho HOSPITAL<br />

DE D. LOPO, situa<strong>do</strong> na Rua das Flores. Desde o início se<br />

projectou um edifício magnificente. O projecto inicial de<br />

JOHN CARR cont<strong>em</strong>plava um edifício quadra<strong>do</strong> de quatro<br />

fachadas mas, por falta de recursos, a Misericórdia alterou<br />

o projecto fican<strong>do</strong> então <strong>em</strong> forma de “U”. Devi<strong>do</strong><br />

ao terreno pantanoso escolhi<strong>do</strong> para a construção, tiveram<br />

de ser construí<strong>do</strong>s alicerces fun<strong>do</strong>s e largos, o que<br />

atrasou muito a conclusão da obra.<br />

A primeira pedra foi solen<strong>em</strong>ente lançada <strong>em</strong> 15 de Julho<br />

de 1770 e as obras arrastaram-se por muitos anos por ter<strong>em</strong><br />

atravessa<strong>do</strong> os difíceis perío<strong>do</strong>s das invasões francesas e da<br />

Guerra civil. Com inúmeras dificuldades, entre elas a falta de<br />

meios económicos da Santa Casa da Misericórdia, a obra<br />

final ficou reduzida a <strong>do</strong>is terços da inicialmente projectada,<br />

sen<strong>do</strong> esta orçada <strong>em</strong> 2 milhões de cruza<strong>do</strong>s, por cálculos<br />

de 1791. Em 19 de Agosto de 1799, vinte e nove anos após<br />

o início da construção e com as obras ainda a decorrer, o<br />

HOSPITAL GERAL DE SANTO ANTÓNIO recebeu os primeiros<br />

<strong>do</strong>entes transferi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> velho <strong>Hospital</strong> de D. Lopo - 150 mulheres<br />

que foram ocupar a ala sul.<br />

A orig<strong>em</strong> <strong>do</strong> nome <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> t<strong>em</strong> uma história: logo<br />

que D. José ordenou a sua construção, sugeriu que a Misericórdia<br />

escolhesse, a votos, o nome de um santo para<br />

o <strong>Hospital</strong>, que ficasse seu patrono e o protegesse. Quatro<br />

propostas surgiram na mesa da Santa Casa da Misericórdia:<br />

S. João de Deus, S. Sebastião, Santo António e S.<br />

José. Na primeira votação, Santo António recebeu mais<br />

votos. Assim nasce o <strong>Hospital</strong> Geral de Santo António.<br />

FIGURA 124<br />

aRTiGO PUBLicaDO POR TEiXEiRa LOPES<br />

A primeira referência ao serviço de Otorrinolaringologia<br />

no HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIO surge relatada na acta<br />

da sessão da Direcção Administrativa de 4 Janeiro de<br />

1909. É explana<strong>do</strong> o pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> Dr. JOSÉ AUGUSTO VIANA<br />

LEMOS PEIXOTO, Director da Enfermaria 3 (Medicina), no<br />

senti<strong>do</strong> de ser autorizada a abertura de “uma consulta especial<br />

de moléstia de ouvi<strong>do</strong>s, nariz e garganta, com uma<br />

periodicidade de duas ou três vezes por s<strong>em</strong>ana…”.<br />

A decisão foi adiada por dificuldades de instalações, com<br />

a justificação de que seria necessário proceder a melhoramentos<br />

no “Banco”.<br />

A 23 de Outubro de 1909, é finalmente decidi<strong>do</strong> estabelecer<br />

esta Consulta, sen<strong>do</strong> convida<strong>do</strong> para a sua direcção<br />

o Dr. TEIXEIRA LOPES.<br />

ANTÓNIO TEIXEIRA LOPES JÚNIOR nasceu <strong>em</strong> 1873, no<br />

Porto, onde fez os seus estu<strong>do</strong>s, for man<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> 1900 na<br />

antiga Escola Médico-Cirúrgica, com a defesa da dissertação<br />

intitulada “Breve Estu<strong>do</strong> sobre a Dismenorreia e seu Tratamento.”<br />

Nos anos de 1902 e 1903 especializou-se <strong>em</strong><br />

Paris <strong>em</strong> <strong>do</strong>enças da garganta, nariz e ouvi<strong>do</strong>s, trabalhan<strong>do</strong><br />

no <strong>Hospital</strong> de Saint-Antoine, sob a direcção <strong>do</strong><br />

<strong>Prof</strong>. Lermoyez, e nas clínicas <strong>do</strong>s Drs. Lubet, Burhon e Luc.<br />

De regresso ao Porto, consagrou-se à clínica da sua especialidade,<br />

conquistan<strong>do</strong> a reputação que lhe valeu ser encarrega<strong>do</strong>,<br />

<strong>em</strong> 1910, de instalar no <strong>Hospital</strong> Geral de<br />

Santo António o Serviço Especial de Otorrinolaringologia,<br />

fican<strong>do</strong> seu director interino até 1913, ano <strong>em</strong> que, após<br />

concurso, foi nomea<strong>do</strong> Director efectivo, lugar que ocupou<br />

durante mais de vinte anos, e pelo exercício <strong>do</strong> qual<br />

recebeu louvores da mesa da Santa Casa da Misericórdia,<br />

administra<strong>do</strong>ra daquele estabelecimento hospitalar.<br />

Em 1920, por indicação <strong>do</strong> Conselho da Faculdade de<br />

Medicina <strong>do</strong> Porto, foi contra ta<strong>do</strong> para reger o curso de<br />

Otorrinolaringologia, reno van<strong>do</strong>-se esse contrato <strong>em</strong> anos<br />

sucessivos, sen<strong>do</strong> o responsável pelo ensino até 1936.<br />

Colaborou nas revistas Medicina Moderna, Porto Médico,<br />

Gazeta <strong>do</strong>s Hospitais <strong>do</strong> Porto e <strong>Portugal</strong> Médico, realizan<strong>do</strong><br />

conferências sobre assuntos da especialidade na Associação<br />

Médica Lusitana, na Faculdade de Medicina e no <strong>Hospital</strong><br />

de Santo António.<br />

Publicou um grande número de trabalhos entre os quais:<br />

“Corpos estranhos da hipo faringe e <strong>do</strong> esófago - Princípios<br />

gerais <strong>em</strong> que assenta a sua extracção”; “Complicações<br />

intra-cranianas das otites. Um caso de abcesso <strong>do</strong> cérebro,<br />

operação e cura”; “Pólipos da faringe-laríngea”; “Epistaxis”;<br />

“ Mastoidites nos Diabéticos”; “Um caso de laringocelo - Algumas<br />

considerações sobre a sua patogenia”; “Crítica de um<br />

exame judicial - A surdez e o acto de testar” etc.<br />

Depois desta pequena biografia de Teixeira Lopes, volto<br />

ao <strong>Hospital</strong> de Santo António.<br />

Em 7 de Fevereiro de 1913 o Dr. Aleixo Guerra apresenta<br />

a sua pretensão de exercer a especialidade de Otorrinolaringologia<br />

no <strong>Hospital</strong> de Santo António:<br />

“Ten<strong>do</strong> eu <strong>em</strong>prega<strong>do</strong> para me aperfeiçoar no estrangeiro,<br />

no exercício da clínica especial das <strong>do</strong>enças de ouvi<strong>do</strong>s, nariz


FIGURA 125<br />

TEiXEiRa LOPES cOLaBORaVa na GaZETa DOS hOSPiTaiS DO PORTO<br />

e garganta, to<strong>do</strong> o t<strong>em</strong>po de licença que a Mesa da presidência<br />

de V. Ex.ª se dignou conceder-me; e desejan<strong>do</strong> apresentar-me<br />

novamente ao serviço, julgo poder ser mais útil<br />

aos numerosos <strong>do</strong>entes protegi<strong>do</strong>s da Santa Casa prestan<strong>do</strong>-lhes<br />

como até aqui as funções da clínica geral. Por isso<br />

rogo a V. Ex.ª se digne providenciar, se assim o julgar conveniente,<br />

no senti<strong>do</strong> de me ser distribuí<strong>do</strong> serviço da minha especialidade<br />

clínica. Saúde e Fraternidade”.<br />

O Director Clínico, Dr. Dias de Almeida, informa que não<br />

veria qualquer inconveniente <strong>em</strong> ser deferi<strong>do</strong> desde que<br />

preenchesse determinadas condições:<br />

“Sen<strong>do</strong> o logar absolutamente gratuito e não conferin<strong>do</strong><br />

direito algum ao requerente, como nenhum direito te<strong>em</strong><br />

to<strong>do</strong>s os outros auxiliares, incluin<strong>do</strong> o que já se exerce a especialidade,<br />

me pareceu que a Santa Casa <strong>em</strong> nada era<br />

prejudicada, como não era prejudica<strong>do</strong> o outro clínico,<br />

antes pelo contrário haveria qu<strong>em</strong> o substituísse nos possíveis<br />

impedimentos.”<br />

Passaram deste mo<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is a realizar consultas da Especialidade<br />

<strong>em</strong> dias diferentes.<br />

Em Set<strong>em</strong>bro de 1913, abriu concurso para Director de<br />

Serviço de <strong>ORL</strong>. Ao mesmo apresentaram-se três concorrentes:<br />

Dr. Teixeira Lopes Júnior, Dr. Aleixo Guerra e o Dr.<br />

José L<strong>em</strong>os Peixoto.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 125<br />

Este concurso, um pouco polémico e marca<strong>do</strong> pela situação<br />

inédita de haver<strong>em</strong> si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong>s, para o mesmo concurso,<br />

<strong>do</strong>is júris diferentes com critérios e conclusões também diferentes,<br />

culminou com a nomeação <strong>do</strong> Dr. António Teixeira<br />

Lopes Júnior para 1º Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong>, segun<strong>do</strong><br />

decisão final, cargo que exercerá até 23/12/1936.<br />

Em 22 de Junho de 1916 é homologa<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

concurso para Assistentes desta Especialidade, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

nomea<strong>do</strong>s como 1º e 2º Assistente o Dr. José Augusto<br />

Viana de L<strong>em</strong>os Peixoto e o Dr. Raul Claro Outeiro, função<br />

que exerceram até 1926, data <strong>em</strong> que o Dr. António Veloso<br />

de Pinho ocupa o lugar de 2º Assistente, deixa<strong>do</strong><br />

vago pelo Dr. Raul Claro Outeiro, e o de 1º Assistente <strong>em</strong><br />

1929. Durante este perío<strong>do</strong> de t<strong>em</strong>po, assiste-se ao amadurecimento<br />

e afirmação progressiva <strong>do</strong> Serviço, consolidan<strong>do</strong>-se<br />

o movimento de consultas e cirurgias. Ao Dr.<br />

Veloso de Pinho ficou a dever-se, <strong>em</strong> 1927, a criação <strong>do</strong><br />

laboratório para exames histológicos de tumores.<br />

Em 1936, <strong>em</strong> virtude <strong>do</strong> Dr. TEIXEIRA LOPES não poder<br />

continuar a reger o curso, a Faculdade de Medicina <strong>do</strong><br />

Porto contratou Dr. JAIME MAGALHÃES, que iniciou o ensino<br />

<strong>em</strong> 1937, utilizan<strong>do</strong> também as instalações <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de Santo António.<br />

Em 1937, o Dr. VELOSO DE PINHO ascende a Director <strong>do</strong> Serviço<br />

e t<strong>em</strong> como 1º Assistente o Dr. ALVARENGA DE ANDRADE.


126<br />

O SÉCULO XX<br />

Em 1937, quatro estagiários começam a frequentar a Consulta,<br />

nomeadamente o Dr. José Alvarenga de Andrade –<br />

o qual foi nomea<strong>do</strong>, <strong>em</strong> 1937, 2º Assistente provisório; e<br />

<strong>em</strong> 20 de Dez<strong>em</strong>bro de 1938, 1º Assistente, o Dr. Alberto<br />

Laurentino Barbe<strong>do</strong> Júnior; o Dr. Severino Coelho Barbe<strong>do</strong><br />

e o Dr. Eurico de Oliveira – nomea<strong>do</strong>s igualmente a<br />

20 de Dez<strong>em</strong>bro de 1938, 2º Assistente. Em 1944 entra,<br />

como segun<strong>do</strong> assistente, o Dr. EURICO DE OLIVEIRA.<br />

Em 1944 o Quadro Clínico <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> era composto<br />

por:<br />

- 1 Director <strong>do</strong> Serviço - Dr. Veloso de Pinho;<br />

- 1.º Assistente - Dr. Alvarenga de Andrade;<br />

- 2.º Assistente - Dr. Eurico de Oliveira.<br />

Em 1947 foram autoriza<strong>do</strong>s a frequentar o Estágio de <strong>ORL</strong>,<br />

os Drs. Albertino Correia Loureiro e Afonso Ferreira da<br />

Costa.<br />

Em 1962, após diversas vicissitudes que levaram ao seu<br />

afastamento provisório desde 1953 ten<strong>do</strong> fica<strong>do</strong> como<br />

Director interino o Dr. Eurico de Oliveira.<br />

Em 1958 realizaram-se, no Serviço <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de<br />

Santo António, as primeiras fenestrações labirínticas no<br />

Norte <strong>do</strong> País.<br />

O Dr. Veloso de Pinho retomou o seu lugar de Director <strong>do</strong><br />

Serviço, fican<strong>do</strong> o Dr. Alvarenga de Andrade como 1.º Assistente<br />

e o Dr. Eurico de Oliveira como 2.º Assistente.<br />

Ainda, <strong>em</strong> 1962 inicia o estágio o Dr. António Gameiro <strong>do</strong>s<br />

Santos e é cria<strong>do</strong> o Internato da Especialidade, sen<strong>do</strong> o<br />

primeiro Médico Interno <strong>do</strong> Serviço e primeiro Interno <strong>do</strong><br />

Norte <strong>do</strong> País, o Dr. Raul Ferreira da Silva. Em mea<strong>do</strong>s de<br />

1962 o Dr. Alvarenga de Andrade pede a d<strong>em</strong>issão de Assistente<br />

da Faculdade de Medicina, a funcionar no <strong>Hospital</strong><br />

de S. João.<br />

Em 1965, o Dr. A. Gameiro <strong>do</strong>s Santos, após regressar de<br />

Oxford, onde fez um estágio de cerca de <strong>do</strong>is anos e meio,<br />

inicia funções como Médico Extraordinário <strong>do</strong> Serviço,<br />

sen<strong>do</strong> ainda contrata<strong>do</strong>s mais <strong>do</strong>is médicos, os Drs. Francisco<br />

Alves Correia e Abílio Esteves Marcos. Em 1967, ingressa<br />

no Serviço como Médico Extraordinário o Dr. Raul<br />

Silva, após o Exame de Saída da Especialidade.<br />

Em 1970, é concedida aposentação ao Director <strong>do</strong> Serviço<br />

de Otorrinolaringologia Dr. Alvarenga de Andrade e, após<br />

concurso, o lugar de Director <strong>do</strong> Serviço é preenchi<strong>do</strong><br />

pelo Dr. Eurico de Oliveira, até então Assistente daquele<br />

Serviço, passan<strong>do</strong> o Dr. Raul Silva a Médico Contrata<strong>do</strong>.<br />

O Dr. Gameiro <strong>do</strong>s Santos (único Médico <strong>do</strong> Quadro) é nomea<strong>do</strong><br />

Director <strong>do</strong> Serviço <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro de 1971, manten<strong>do</strong>-se<br />

no lugar durante 31 anos, até à sua aposentação<br />

<strong>em</strong> 2002. O serviço passou a ser dirigi<strong>do</strong> pelo Dr. Alcides<br />

Lima, que acumula com as funções de Regente interino<br />

da disciplina de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> Curso de Medicina <strong>do</strong> Instituto de<br />

Ciências Biomédicas Abel Salazar. Em 2005 assume a Direcção<br />

<strong>do</strong> Serviço a Dra. Cecília de Almeida e Sousa.<br />

HOSPITAL MILITAR PRINCIPAL<br />

E A OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

O primeiro Serviço de Otorrinolaringologia no HOSPITAL<br />

MILITAR PRINCIPAL <strong>em</strong> Lisboa foi cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1911 sob a direcção<br />

<strong>do</strong> Dr. ALBERTO DE MENDONÇA, que se manteve<br />

até 1935. Sob o seu impulso, o Serviço foi apetrecha<strong>do</strong> com<br />

material, novos méto<strong>do</strong>s de exames e técnicas cirúrgicas<br />

modernas, nomeadamente, as laringectomias com anestesia<br />

local. Foi um <strong>do</strong>s maiores cirurgiões de laringe da sua<br />

época.<br />

Em 1935 sai <strong>do</strong> Serviço com o posto de Tenente-Coronel,<br />

para ser coloca<strong>do</strong> como Director <strong>do</strong> Depósito de Material<br />

Sanitário <strong>do</strong> Exército. Em 1937 é promovi<strong>do</strong> a Coronel e<br />

nomea<strong>do</strong> Inspector da 3ª Região Militar, nesse ano passa<br />

à reserva, continuan<strong>do</strong>, no entanto, como Director <strong>do</strong> Serviço<br />

de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de São José.<br />

O DR. ALBERTO DE MENDONÇA formou-se na Escola Médico-Cirúrgica<br />

de Lisboa <strong>em</strong> 1903.<br />

Em 1911, Tenente Médico, cria e é nomea<strong>do</strong> Director, <strong>do</strong><br />

Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Militar. Já exercia, paralelamente,<br />

as funções de Cirurgião <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de<br />

São José, visita e estagia <strong>em</strong> várias clínicas de <strong>ORL</strong> estrangeiras.<br />

Em 1915, com a patente de Capitão faz parte da expedição<br />

ao sul de Angola. Foi incorpora<strong>do</strong> no corpo<br />

Expedicionário Português <strong>em</strong> França <strong>em</strong> 1917 e, <strong>em</strong> 1918<br />

é promovi<strong>do</strong> a Major. Deu provas de ser um grande Cirurgião<br />

geral, quer durante a expedição, quer no <strong>Hospital</strong> Militar<br />

e no <strong>Hospital</strong> de São José, onde efectuou intervenções<br />

de grande cirurgia, nomeadamente à laringe. Em 1929 foi<br />

nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de São<br />

José, e sob a sua direcção formaram-se cerca de 45 especialistas.<br />

Publicou numerosos trabalhos sobre o labirinto<br />

posterior e com base nos quais se estabeleceram as normas<br />

para a avaliação <strong>do</strong>s pilotos avia<strong>do</strong>res. Foi o primeiro<br />

Presidente da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia,<br />

da qual falarei no capítulo seguinte.<br />

O primeiro trabalho publica<strong>do</strong> de Alberto de Men<strong>do</strong>nça a<br />

que tive acesso foi publica<strong>do</strong> na Revista “A Medicina Cont<strong>em</strong>porânea”<br />

<strong>em</strong> 18 de Maio de 1913, no nº 20 <strong>do</strong> XXXI<br />

ano, na página 152 sobre: “ETIOLOGIA DAS SUPPURAÇÕES<br />

NASAES.”<br />

Em 1923 publica um trabalho intitula<strong>do</strong> “QUISTOS PARA-<br />

DENTÁRIOS”, no qual v<strong>em</strong> referi<strong>do</strong> como Cirurgião <strong>do</strong>s<br />

Hospitais e Director <strong>do</strong> Serviço d’Oto-Rino-Laringologia<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Estrela. Neste trabalho, ao longo de 63 páginas,<br />

Alberto de Men<strong>do</strong>nça descreve 18 casos clínicos e<br />

as respectivas cirurgias efectuadas <strong>em</strong> cada um deles.<br />

Ainda <strong>em</strong> 1923 publica no JORNAL DA SOCIEDEDE DAS<br />

SCIÊNCIAS MÉDICAS, Tomo LXXXVIII um artigo intitula<strong>do</strong><br />

“UM CASO DE TUMOR DAS FOSSAS NASAIS”. Ao longo de 16<br />

páginas, Alberto de Men<strong>do</strong>nça descreve um caso clínico que<br />

considera raro de um tumor da face, e a respectiva cirurgia.


FIGURA 126<br />

O DR. aLBERTO DE MEnDOnÇa EM DUaS FOTOGRaFiaS EM ÉPOcaS DiFEREnTES Da SUa ViDa<br />

O curioso é o facto <strong>do</strong> artigo ser ilustra<strong>do</strong> por 9 fotografias,<br />

e de no final ter um lamento sobre as condições de<br />

trabalho na época, escreve o autor:<br />

“Para <strong>do</strong>cumentar o caso que aqui troux<strong>em</strong>os, tiv<strong>em</strong>os de<br />

recorrer: ao Dr. Manoel de Vasconcelos para as fotografias<br />

<strong>do</strong> opera<strong>do</strong>, antes e depois da intervenção; ao <strong>Prof</strong>. Celestino<br />

da Costa para a micro-fotografia <strong>do</strong> tumor; ao faleci<strong>do</strong><br />

Dr. Décio Ferreira para fornecer o rádio; ao Dr. Arruda Furta<strong>do</strong><br />

para aplicá-lo e ao <strong>Prof</strong>. Azeve<strong>do</strong> Neves para conseguirmos<br />

a fotografia <strong>do</strong> tumor. Ainda tiv<strong>em</strong>os de recorrer,<br />

por mais duma vez, à boa vontade e paciência <strong>do</strong> nosso primeiro<br />

secretário o Sr. <strong>Prof</strong>. Henrique Parreira, para a preparação<br />

e conservação da peça.<br />

Em conclusão: tiv<strong>em</strong>os de obter por exclusivo e especialíssimo<br />

favor destes distintos colegas, a qu<strong>em</strong> muito agradec<strong>em</strong>os,<br />

o que o primeiro Estabelecimento <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> País<br />

não podia n<strong>em</strong> devia deixar de fornecer.<br />

Um ano inteiro nos levou a adquirir o pouco que aqui troux<strong>em</strong>os.<br />

É indispensável que tal esta<strong>do</strong> de cousas se modifique.<br />

Estamos seguros que dentro <strong>em</strong> breve, o esta<strong>do</strong> lamentável<br />

de aban<strong>do</strong>no, material e scientifico, <strong>em</strong> que se encontra o<br />

<strong>Hospital</strong> de S. José desaparecerá para dar lugar a uma nova<br />

era de seriedade e de trabalho.”<br />

Assim terminava este artigo com os agradecimentos e os<br />

lamentos que então, como hoje, passa<strong>do</strong>s quase 90 anos,<br />

continuamos a fazer muitas vezes.<br />

Desde 1919 Alberto de Men<strong>do</strong>nça teve como 1º Assistente<br />

MANUEL PINTO, que saiu <strong>em</strong> 1927 com o posto de<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 127<br />

Capitão, para se instalar <strong>em</strong> Águeda e mais tarde <strong>em</strong><br />

Coimbra. Em 1927, entrou como 2º Assistente JOÃO GON-<br />

ÇALVES VALENTE que, quan<strong>do</strong> sai Alberto de Men<strong>do</strong>nça<br />

<strong>em</strong> 1935, ascende a Director. O Director seguinte foi AMÉ-<br />

RICO PINTO DA ROCHA, Major - Médico, o qual introduziu<br />

o primeiro audiómetro <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Em 1932 entrou para o <strong>Hospital</strong> Militar o Dr. ANTÓNIO DIAS<br />

BARATA SALGUEIRO, <strong>em</strong> acumulação com o Internato <strong>do</strong>s<br />

Hospitais Civis. É nomea<strong>do</strong> 1º Assistente, após concurso de<br />

provas públicas, <strong>em</strong> 1935. Licenciou-se <strong>em</strong> Coimbra, fez o<br />

Internato geral e compl<strong>em</strong>entar nos Hospitais Civis e ingressou<br />

no Exército, esteve no <strong>Hospital</strong> de Faro e no regimento,<br />

no Algarve, durante 2 anos como Cirurgião.<br />

O Dr. BARATA SALGUEIRO, que sucedeu ao Dr. PINTO DA<br />

ROCHA como Director <strong>do</strong> Serviço, preservou o grande<br />

prestígio <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Militar, pois equipou o Serviço, r<strong>em</strong>odelou<br />

as instalações e equipamentos, criou um gabinete<br />

de Audiologia e preparou numerosos especialistas<br />

militares e civis, tais como: AFONSO NEVES DE PAIVA, ANÍ-<br />

BAL ARISTIDES LOPES PEREIRA CASEIRO, FERNANDO DEY-<br />

RIEUX CENTENO e FRANCISCO DA SILVA ALVES.<br />

MANUEL PINTO, que tinha trabalha<strong>do</strong> e aprendi<strong>do</strong> com<br />

Alberto de Men<strong>do</strong>nça, sen<strong>do</strong> militar <strong>do</strong> exército, passou<br />

à reserva. Ten<strong>do</strong>-se forma<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1911 na Escola Médico-<br />

Cirúrgica <strong>do</strong> Porto, frequentou os serviços <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Laennec <strong>em</strong> Paris (<strong>Prof</strong>. Lombard) e <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Faculdade<br />

de Paris <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Castex. Fez a 1ª comunicação<br />

da Sociedade de Ciências Médicas da Secção <strong>ORL</strong> “Vias<br />

de acesso nas intervenções <strong>do</strong> saco” e, especializou-se<br />

também <strong>em</strong> Radiologia.


128<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 127<br />

O hOSPiTaL MiLiTaR PRinciPaL nUMa FOTOGRaFia DE aUGUSTO XaViER MOREiRa cERca DE 1865<br />

FIGURA 128<br />

UM aRTiGO DE aLBERTO DE MEnDOnÇa inTiTULaDO “UM caSO DE TUMOR DaS FOSSaS naSaiS” PUBLicaDO nO jORnaL Da SOciEDaDE DaS SciEnciaS MÉDicaS<br />

EM 1923


FIGURA 129<br />

TRaBaLhO DE aLBERTO DE MEnDOnÇa inTiTULaDO<br />

“QUiSTOS PaRa-DEnTÁRiOS” PUBLicaDO EM 1923<br />

Foi especialista de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Águeda onde fun<strong>do</strong>u<br />

o serviço de Radiologia, voltou a Coimbra onde foi<br />

Director <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Regional nº 2. Doutorou-se pela Faculdade<br />

de Coimbra <strong>em</strong> 1948 com uma tese intitulada<br />

“VALOR DOS RAIOS-X NAS DOENÇAS DOS OUVIDOS,<br />

NARIZ E GARGANTA” publicada pela Tipografia Coimbra,<br />

Editora <strong>em</strong> 1948, e dedicada ao Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça<br />

e ao Dr. Carlos Larroudé.<br />

CARLOS ARY GONÇALVES DOS SANTOS, nasceu <strong>em</strong> Bragança<br />

a 27 de Maio de 1879 formou-se na Escola Médico--<br />

Cirúrgica de Lisboa <strong>em</strong> Julho de 1904, foi Interno <strong>do</strong>s<br />

Hospitais Civis de Lisboa e desde logo escolheu a Especialidade<br />

de <strong>ORL</strong>, ten<strong>do</strong> parti<strong>do</strong>, tal como Alberto de Men<strong>do</strong>nça,<br />

no corpo expedicionário português para a I Guerra<br />

Mundial. No regresso, é nomea<strong>do</strong> para o <strong>Hospital</strong> Militar<br />

Principal, que dirigiu durante a ausência de Alberto de<br />

Men<strong>do</strong>nça. Em seguida foi, como <strong>ORL</strong>, para a Santa Casa<br />

da Misericórdia de Lisboa onde dirigiu o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> Infantil de São Roque durante mais de 30 anos.<br />

Em 1929 foi nomea<strong>do</strong> M<strong>em</strong>bro Correspondente da “SO-<br />

CIÉTÉ SCIENTIFIQUE FRANÇAISE DE CIRURGIE RÉPARA-<br />

TRICE, PLASTIQUE ET ESTHÉTIQUE”. Em 1934 foi contrata<strong>do</strong><br />

para <strong>Prof</strong>essor <strong>do</strong> Curso de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> 5º Ano da Faculdade de<br />

Medicina de Lisboa.<br />

Foi Presidente da Ass<strong>em</strong>bleia-Geral da Companhia <strong>do</strong>s<br />

Caminhos de Ferro e <strong>do</strong> Banco Português <strong>do</strong> Atlântico e<br />

era m<strong>em</strong>bro da Associação <strong>do</strong>s Arqueólogos.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 129<br />

FIGURA 130<br />

ManUEL PinTO E a SUa TESE DE DOUTORaMEnTO<br />

FIGURA 131<br />

caRLOS aRY DOS SanTOS E a SEBEnTa cOM aS SUaS LiÇÕES EM 1935<br />

Da sua bibliografia constam entre 1904 e 1933, cerca de<br />

30 trabalhos publica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, França e Espanha.<br />

Possuía a maior colecção particular de trabalhos sobre Rafael<br />

Bordallo Pinheiro, quan<strong>do</strong> faleceu na sua casa <strong>em</strong> Lisboa,<br />

<strong>em</strong> 12 de Junho de 1955.<br />

Em 18 de Agosto de 1912, v<strong>em</strong>, na Medicina Cont<strong>em</strong>porânea<br />

- Ano XXX, nº 33, Tomo XV - página 256, um artigo<br />

que refere o seguinte:<br />

“O nosso colega Ary <strong>do</strong>s Santos, descreve no nº 35 da Revue<br />

Heb<strong>do</strong>madaire de Laryngologie, D’Otologie et de Rhinologie,<br />

o modelo de um novo afasta<strong>do</strong>r automático de sua invenção,<br />

que usa há 2 anos nas cirurgias da mastóide com óptimos resulta<strong>do</strong>s.”<br />

O texto v<strong>em</strong> acompanha<strong>do</strong> com duas figuras.<br />

Em 1918 publicou um <strong>Livro</strong> com o título “a cLÍnica OTO-<br />

RinO-LaRinGOLÓGica DO hOSPiTaL MiLiTaR DE LiSBOa<br />

- RELaTÓRiO.”<br />

Este livro, acompanha<strong>do</strong> de excelentes ilustrações, inicia-se<br />

com o autor a afirmar que fin<strong>do</strong>s os primeiros <strong>do</strong>ze meses<br />

de direcção da Clínica Oto-Rino-Laringológica <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Militar de Lisboa, presta homenag<strong>em</strong> ao anterior Director


130<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 132<br />

O MODELO DE UM nOVO aFaSTaDOR aUTOMÁTicO<br />

DE caRLOS aRY DOS SanTOS<br />

FIGURA 133<br />

SaLa DE cOnSULTaS (ViSTa PaRciaL)<br />

Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça, seguidamente descreve as instalações<br />

e o movimento da consulta. Este livro contém 77 páginas<br />

acompanhadas de 7 fotografias.<br />

Em 1920 publica um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong> “A SURDO-MUDEZ<br />

- ESTUDO MÉDICO-PEDAGÓGICO” por Ary <strong>do</strong>s Santos,<br />

Interno da especialidade de Oto-rino-laringologia <strong>do</strong>s<br />

Hospitais Civis de Lisboa.<br />

CARLOS ARY DOS SANTOS como era já um especialista de<br />

grande prestígio, o conselho da Faculdade de Medicina convida-o,<br />

após a morte de Carlos de Mello, para reger o curso de<br />

<strong>ORL</strong> de 1934 a 1936.<br />

Foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res, com LÉON DUFOURMENTEL, da<br />

“SOCIÉTÉ DE CHIRURGIE REPARATRICE PLASTIQUE ET ESTET-<br />

HIQUE”. Apresenta no 2º Congresso Transmontano (Régua,<br />

1922) um trabalho sobre “A EDUCAÇÃO E UTILIZAÇÃO<br />

DOS SURDOS-MUDOS EM ALGUMAS INDÚSTRIAS TRANS-<br />

MONTANAS.”<br />

O Dr. ARY DOS SANTOS era um apaixona<strong>do</strong> pela medalhística<br />

e era um <strong>do</strong>s maiores colecciona<strong>do</strong>res nacionais<br />

desta t<strong>em</strong>ática. Em 1958, 3 anos após a sua morte, é publica<strong>do</strong>,<br />

a título póstumo, um livro da sua autoria sob o<br />

patrocínio <strong>do</strong> Ministério da Marinha, intitula<strong>do</strong> “MEDA-<br />

LHISTICA - GUERRA PENINSULAR”, um livro com 346 páginas<br />

e muito ilustra<strong>do</strong>, e com uma introdução <strong>em</strong> que para<br />

além <strong>do</strong> elogio ao Dr. Ary <strong>do</strong>s Santos são referi<strong>do</strong>s os títulos<br />

de 33 trabalhos que tinha escrito, só sobre a t<strong>em</strong>ática<br />

das medalhas.


FIGURA 134<br />

a cLÍnica OTO-RinO-LaRinGOLÓGica DO hOSPiTaL MiLiTaR DE LiSBOa - RELaTÓRiO DE aRY DOS SanTOS EM 1918<br />

FIGURA 135<br />

LiÇÃO SOBRE a iMPORTÂncia Da aUDiÇÃO PROFERiDa<br />

nUM cURSO DE aPERFEiÇOaMEnTO PaRa<br />

“PROFESSORES DE anORMaiS” EM 1930<br />

HISTÓRIA DA OTORRINOLARINGOLOGIA 131<br />

FIGURA 136<br />

“MEDaLhiSTica - GUERRa PEninSULaR” - LiVRO PÓSTUMO<br />

cOM a cOLEcÇÃO DE MEDaLhaS DE caRLOS aRY DOS SanTOS


132<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 137<br />

DOiS nÚMEROS ESPEciaiS DO jORnaL Da SOciEDaDE DaS ciÊnciaS MÉDicaS DE 1958 E 1966 inTEiRaMEnTE DEDicaDOS À OTORRinOLaRinGOLOGia<br />

FIGURA 138<br />

a SEcÇÃO DE <strong>ORL</strong> Da SOciEDaDE DE ciÊnciaS MÉDicaS FOi<br />

aO LOnGO DOS anOS FaZEnDO REUniÕES DE MODO REGULaR<br />

A SECÇÃO DE <strong>ORL</strong><br />

DA SOCIEDADE DE CIÊNCIAS<br />

MÉDICAS<br />

Em Abril de 1926 é criada a SEcÇÃO DE <strong>ORL</strong> Da SOciE-<br />

DaDE DE ciÊnciaS MÉDicaS. Deve-se ao <strong>Prof</strong>essor da<br />

Faculdade de Medicina de Lisboa, Dr. COSTA SACADURA<br />

a iniciativa de criação das Secções de Especialidades na<br />

Sociedade de Ciências Médicas, e nomeadamente a Secção<br />

de <strong>ORL</strong>. Foi esta a primeira agr<strong>em</strong>iação de Especialistas<br />

de <strong>ORL</strong> que existiu <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. A Acta nº 1 da Secção<br />

de Otorrinolaringologia refere o seguinte:<br />

“Às 16 horas <strong>do</strong> dia 7 de Março de 1926, na cidade de Lisboa,<br />

na Sociedade de Ciências Médicas, na R. <strong>do</strong> Alecrim nº56 reuniram-se<br />

por convite especial <strong>do</strong> Exmo. Presidente da referida<br />

Sociedade, dirigi<strong>do</strong> aos Otorrinolaringologistas de<br />

Lisboa, os Senhores Doutores: Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça, Ary<br />

<strong>do</strong>s Santos, Abel Alves, Cordeiro Lobato, Carlos Larroudé,<br />

Francisco Seia, Manuel Pinto, Manuel Valladares e Pinto da<br />

Rocha, que foram os que compareceram entre aqueles a<br />

qu<strong>em</strong> foi dirigi<strong>do</strong> o convite. Tomou a Presidência da reunião<br />

o Exmo. Presidente da Sociedade de Ciências Médicas Dr.<br />

Costa Sacadura, ocupan<strong>do</strong> o lugar de Secretário o Dr. Carlos<br />

Larroudé.


O Presidente referiu o desejo de constituir dentro da Sociedade<br />

de Ciências Médicas uma Secção de Otorrinolaringologia<br />

para o que pensava contar com a colaboração de<br />

to<strong>do</strong>s os Médicos que se dediqu<strong>em</strong> à Especialidade.”<br />

A primeira Sessão da Sociedade de Ciências Médicas, Secção<br />

de Otorrinolaringologia, realizou-se ten<strong>do</strong> como Presidente<br />

o Dr. Costa Sacadura, como primeiro secretário o<br />

Dr. António de Azeve<strong>do</strong> e segun<strong>do</strong> secretário o Dr. Freitas<br />

Simões. Nesta Sessão foram apresenta<strong>do</strong>s os trabalhos:<br />

“VIAS DE ACESSO NAS INTERVENÇÕES DO SACO” pelo Dr.<br />

Manuel Pinto e “VACINOTERAPIA NO TRATAMENTO DAS<br />

OTITES MÉDIAS SUPURADAS” pelo Dr. Abel Alves.<br />

Nesta Acta são referi<strong>do</strong>s os sócios da Secção de Otorrinolaringologia.<br />

Eram m<strong>em</strong>bros<br />

da Secção de <strong>ORL</strong> da<br />

Sociedade de ciências Médicas:<br />

Avelino Monteiro<br />

Alberto de Men<strong>do</strong>nça<br />

Ary <strong>do</strong>s Santos<br />

Abel Alves<br />

Belarmino Almeida<br />

Caldeira Cabral<br />

Carlos de Mello<br />

Carlos Larroudé<br />

Cordeiro Lobato<br />

Domingos Andrade<br />

Francisco Seia<br />

João Sant’Anna Leite<br />

Mário de Oliveira<br />

Manuel Pinto<br />

Manuel Valladares<br />

Pinto da Rocha<br />

Ruy Leitão<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 133<br />

A CRIAÇÃO<br />

DA ESPECIALIDADE<br />

DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

NOS HOSPITAIS CIVIS<br />

DE LISBOA<br />

O Decreto nº 4563, de 12 de Julho de 1918, procedeu a<br />

uma importante reorganização <strong>do</strong>s Hospitais Civis de Lisboa,<br />

acerca da qual se pode ler, no respectivo preâmbulo:<br />

“Na resolução <strong>do</strong> complexo probl<strong>em</strong>a hospitalar reconheceu-se,<br />

como orientação fundamental, que os Hospitais Civis<br />

de Lisboa dev<strong>em</strong> ser autónomos dentro da Assistência Pública<br />

e independentes da Prove<strong>do</strong>ria Central da Assistência de Lisboa;<br />

e que dev<strong>em</strong> ser completamente independentes da Faculdade<br />

de Medicina de Lisboa, por ser<strong>em</strong> diferentes as suas<br />

funções de assistência e pedagógicas, s<strong>em</strong> quebra, aliás, das<br />

boas relações, mútuo auxílio e eficaz colaboração que uma e<br />

outra instituição dev<strong>em</strong> manter e dispensar-se.”<br />

Nesta reorganização <strong>do</strong>s Serviços <strong>Hospital</strong>ares <strong>do</strong>s HCL é<br />

criada oficialmente a Especialidade de Otorrinolaringologia.<br />

Em 1924 o Dr. Valladares obtém a nomeação de Director<br />

de Serviço Clínico da Especialidade de Oto rri nolaringologia.<br />

Em 1929 são também nomea<strong>do</strong>s Directores<br />

de Serviço Clínico de <strong>ORL</strong> o Dr. Avelino Monteiro e o Dr.<br />

João Sant’Anna Leite.<br />

FIGURA 139<br />

O PRiMEiRO nÚMERO DO BOLETiM cLÍnicO DOS hOSPiTaiS<br />

ciViS DE LiSBOa EM 1937


134<br />

O SÉCULO XX<br />

Em 1929, após o Dr. Avelino Monteiro atingir o limite de<br />

idade, ficou no <strong>Hospital</strong> de S. José como Director da Consulta,<br />

o Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça.<br />

Em 1930, foi inaugura<strong>do</strong> um Serviço de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong><br />

<strong>do</strong>s Capuchos, para onde foram nomea<strong>do</strong>s o Dr. João<br />

Sant’Anna Leite e o Dr. Manuel Valladares, como Directores<br />

das Salas 1 e 2, ten<strong>do</strong> como Assistente o Dr. Carlos Larroudé<br />

Gomes.<br />

Em 1934 prestaram provas para Assistentes de <strong>ORL</strong> o Dr.<br />

Francisco Calheiros Lopes e o Dr. Luís Queriol Macieira,<br />

que foram coloca<strong>do</strong>s respectivamente no <strong>Hospital</strong> de<br />

Santo António <strong>do</strong>s Capuchos e no <strong>Hospital</strong> de S. José.<br />

Em 1937 o Dr. Valladares pediu a exoneração por motivo<br />

de <strong>do</strong>ença, fican<strong>do</strong> como único Director <strong>do</strong> Serviço de<br />

<strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s Capuchos, o Dr. Sant’Anna Leite.<br />

Entretanto surge uma consulta de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> de Arroios<br />

a cargo <strong>do</strong> Dr. Charters de Azeve<strong>do</strong>.<br />

Em 1940, quan<strong>do</strong> o Dr. Sant’Anna Leite atingiu o limite de<br />

idade, a direcção <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s Capuchos foi assumida<br />

pelo então já <strong>Prof</strong>. Carlos Larroudé, passan<strong>do</strong> o<br />

outro Assistente, o Dr. Francisco Calheiros, para o <strong>Hospital</strong><br />

da Estefânia, onde foi criada uma nova consulta de <strong>ORL</strong>.<br />

A vaga <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos, que ficou a existir devi<strong>do</strong><br />

à transferência <strong>do</strong> Dr. Calheiros para a Estefânia, foi<br />

preenchida pelo Dr. FRANCISCO DA SILVA ALVES.<br />

Francisco Calheiros ficou no <strong>Hospital</strong> da Estefânia até<br />

1949, altura <strong>em</strong> que foi nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço e<br />

transferi<strong>do</strong> para o <strong>Hospital</strong> de S. José, <strong>em</strong> virtude <strong>do</strong> Dr. Alberto<br />

de Men<strong>do</strong>nça ter atingi<strong>do</strong> o limite de idade.<br />

O Dr. Luís Macieira transitou <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José para o<br />

HOSPITAL DA ESTEFÂNIA e tomou a direcção da Consulta<br />

<strong>em</strong> 1963, mas faleceu pr<strong>em</strong>aturamente <strong>em</strong> 1964. Em 1965<br />

ficou como Director o Dr. Samuel Allenby Bentes Ruah<br />

que desde 1959 se encontrava como Assistente.<br />

No <strong>Hospital</strong> de S. José, <strong>em</strong> consequência <strong>do</strong> Jubileu <strong>do</strong><br />

Dr. Men<strong>do</strong>nça, foi nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço o Dr.<br />

Francisco Calheiros, que adquiriu o que de mais moderno<br />

havia na época <strong>em</strong> material de en<strong>do</strong>scopia esofágica e<br />

brônquica. Em 1963 retirou-se da Direcção <strong>do</strong> Serviço,<br />

antes <strong>do</strong> limite de idade, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong> na Direcção<br />

pelo Dr. JOSÉ ANTÓNIO ROQUETTE DE CAMPOS HEN-<br />

RIQUES, após concurso.<br />

Em 1963 deixou de prestar serviço nos HCL o <strong>Prof</strong>. Larroudé<br />

por ter toma<strong>do</strong> posse <strong>do</strong> lugar de Director efectivo<br />

<strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HOSPITAL DE SANTA MARIA, pelo<br />

que foi promovi<strong>do</strong> a Director <strong>do</strong> Serviço <strong>do</strong>s Capuchos,o<br />

Dr. Silva Alves.<br />

As sucessivas alterações a que me tenho vin<strong>do</strong> a referir<br />

(morte <strong>do</strong> Dr. Macieira e saídas <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Larroudé e <strong>do</strong> Dr.<br />

Calheiros) deram orig<strong>em</strong> a 3 vagas. Aberto concurso para<br />

duas delas, ficaram nele aprova<strong>do</strong>s, o Dr. Lídio da Fonseca<br />

Amaral e o Dr. Abel Fernandes Correia, que foram coloca<strong>do</strong>s<br />

respectivamente nos Capuchos e <strong>em</strong> S. José.<br />

FIGURA 140<br />

O DR. RUah, O DR. MEnDOnÇa E O DR. MaciEiRa<br />

FIGURA 141<br />

FOTOGRaFia DE 1957 cOM OS DRS. aLBanO cOELhO,<br />

caMPOS hEnRiQUES, FRanciScO caLhEiROS, BaRROS SiMÃO,<br />

aBEL cORREia, SanTa E F. MOTa<br />

Um ano mais tarde foi aberta a outra vaga, que foi preenchida<br />

pelo Dr. Augusto Marinheiro Júnior, que teve a sua<br />

colocação na Estefânia. T<strong>em</strong>pos depois, este clínico submeter-se-ia<br />

a provas de Doutoramento na Faculdade de<br />

Medicina de Lisboa, mas continuan<strong>do</strong> <strong>em</strong> serviço nos<br />

HCL.<br />

Alguns anos mais tarde, o quadro <strong>do</strong>s Especialistas de<br />

<strong>ORL</strong> foi mais uma vez alarga<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> a ser de 8, mas<br />

uma vaga ficou ainda por preencher. E assim, entrou primeiramente<br />

para o quadro <strong>do</strong>s Assistentes o Dr. VASCO<br />

ROSAS DA COSTA e só passa<strong>do</strong> algum t<strong>em</strong>po foi nomea<strong>do</strong><br />

o Dr. JOSÉ DOMINGOS MARTINS CABRAL BEIRÃO,<br />

que também obtivera aprovação no mesmo concurso. Entretanto<br />

<strong>em</strong> 1975, ocorreu uma permuta entre os Assistentes<br />

Dr. Lídio <strong>do</strong> Amaral e o <strong>Prof</strong>. Marinheiro, ten<strong>do</strong> o<br />

primeiro transita<strong>do</strong> de S. José para a Estefânia e o segun<strong>do</strong><br />

da Estefânia para S. José.


FIGURA 142<br />

O aRSEnaL Da MaRinha EM LiSBOa nUMa FOTOGRaFia DE aUGUSTO XaViER MOREiRa cERca DE 1865<br />

Seis anos antes, porém, tinha ocorri<strong>do</strong> um grave acontecimento<br />

na <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s Hospitais Civis de Lisboa. Efectivamente,<br />

<strong>em</strong> 1969, a pretexto de que “ia fechar para obras”,<br />

foi pura e simplesmente extinto o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de Santo António <strong>do</strong>s Capuchos. To<strong>do</strong> o pessoal clínico<br />

<strong>do</strong> Serviço, com excepção <strong>do</strong> Director, foi transferi<strong>do</strong><br />

para o Serviço de S. José, com notável prejuízo para as respectivas<br />

condições de trabalho. Além <strong>do</strong> pretexto acima<br />

menciona<strong>do</strong> mais nenhumas razões foram aduzidas para<br />

justificar o que se fez.<br />

Em 1983 após atingir o limite de idade, o Dr. Campos<br />

Henriques foi substituí<strong>do</strong> pelo Dr. ABEL CORREIA. Em 1991<br />

toma posse como director <strong>do</strong> Serviço, o Dr. Cabral Beirão<br />

vin<strong>do</strong> a reformar-se <strong>em</strong> 2003. Foi substituí<strong>do</strong> pelo Dr.<br />

Costa Quinta.<br />

Em 2006 dá-se a reforma <strong>do</strong> Dr. Costa Quinta que foi substituí<strong>do</strong><br />

pelo Dr. Ezequiel Barros, até à presente data.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 135<br />

O HOSPITAL DA MARINHA<br />

O HOSPITAL DA MARINHA foi também pioneiro da <strong>ORL</strong><br />

nacional, ao ser cria<strong>do</strong> um Serviço <strong>em</strong> 14 de Janeiro de<br />

1920, que teve como primeiro responsável o 1º Tenente<br />

Médico Naval JOSÉ TAVARES LUCAS DE COUTO, entre<br />

1920 e 1933.<br />

A partir de 1929 entrou como seu ajudante o 2º Tenente<br />

Médico Naval JOAQUIM ANTÓNIO PRIOR, que fizera os Internatos<br />

Geral e Compl<strong>em</strong>entar nos Hospitais Civis de Lisboa<br />

e que assume a direcção <strong>do</strong> Serviço de 1933 a 1954.<br />

JOSÉ NOBRE LEITÃO licenciou-se <strong>em</strong> 1938 pela Faculdade<br />

de Medicina de Lisboa e entra para a Armada <strong>em</strong> 1940.<br />

Fez estágio no <strong>Hospital</strong> Militar sob a orientação de Barata<br />

Salgueiro e os Internatos nos Hospitais Civis de Lisboa<br />

(São José); encarrega<strong>do</strong> da consulta de <strong>ORL</strong> <strong>em</strong> 1944, ascendeu<br />

a Director <strong>em</strong> 1955. Dirigiu os Serviços de <strong>ORL</strong> da<br />

Misericórdia e da Armada e frequentou clínicas de <strong>ORL</strong> da<br />

Europa e Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.


136<br />

O SÉCULO XX<br />

FIGURA 143<br />

SaUDaÇÃO DOS LaRinGOLOGiSTaS aMERicanOS chEVaLiER jacKSOn, Pai E FiLhO aO DR. jOSÉ nOBRE LEiTÃO<br />

FIGURA 144<br />

SESSÃO inaUGURaL DO 3º cOnGRESSO inTERnaciOnaL DE BROncO-ESOFaGOScOPia EM LiSBOa


No final da década de 40 e início da década de 50, vários colegas<br />

<strong>ORL</strong> começam a movimentar-se para formar uma Sociedade<br />

e, entre eles, destaca-se ANTÓNIO MANUEL COSTA<br />

QUINTA. Licencia<strong>do</strong> <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1935, foi assistente de<br />

Broncologia no <strong>Hospital</strong> de Filadélfia <strong>em</strong> 1936/37 e exerceu<br />

funções de assistente de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> Necker-Enfants Malades<br />

(Paris). Regressa<strong>do</strong> aos HCL, frequentou o Serviço de<br />

<strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de São José, sob a direcção de Alberto de<br />

Men<strong>do</strong>nça. Foi um grande divulga<strong>do</strong>r das técnicas de Chevalier-Jackson.<br />

Fez o serviço militar no Funchal <strong>em</strong> 1943 e,<br />

durante <strong>do</strong>is anos, criou, desenvolveu e equipou o <strong>Hospital</strong><br />

da Misericórdia local; ao voltar a Lisboa foi convida<strong>do</strong> para<br />

dirigir o <strong>Hospital</strong> Infantil de São Roque (Santa Casa da Misericórdia),<br />

onde sucedeu a Ary <strong>do</strong>s Santos.<br />

Durante o 1º Congresso Internacional de Bronco-Esofagoscopia,<br />

que se realizou no Rio de Janeiro (1952), foi<br />

FIGURA 145<br />

ELOGiO DE aLBERTO DE MEnDOnÇa a cOSTa QUinTa<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 137<br />

eleito m<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> Conselho Internacional de Bronco-Esofagoscopia,<br />

e <strong>em</strong> 1953 na Bélgica, durante o 2º Congresso<br />

Internacional de Bronco-Esofagoscopia, é eleito Vice-Presidente,<br />

ten<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> o trabalho “O TRATAMENTO<br />

DA ESTENOSES CONGÉNITAS DO ESÓFAGO”.<br />

Organizou o 3º Congresso Internacional de Bronco-Esofagoscopia<br />

<strong>em</strong> Lisboa (10 a13 de Outubro de 1954), sen<strong>do</strong><br />

a sessão inaugural presidida pelo Presidente da República.<br />

Teve como Presidente <strong>do</strong> Congresso o Dr. ALBERTO<br />

DE MENDONÇA, como Presidente de Honra o <strong>Prof</strong>.<br />

FAUSTO LOPO DE CARVALHO e Vice-Presidente o Dr.<br />

FRANCISCO CALHEIROS, nessa altura Director <strong>do</strong> serviço<br />

<strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, o Secretário-Geral foi o Dr.<br />

COSTA QUINTA e o Tesoureiro-Geral o Dr. LOPO DE CAR-<br />

VALHO (FILHO).


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

O ENSINO DA<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA


FIGURA 146<br />

UMa aULa DE MEDicina nO PRincÍPiO DO SÉcULO XX<br />

nteriormente à sua instauração oficial já se ensinava Otorrinolaringologia,<br />

<strong>em</strong> moldes essencialmente práticos, <strong>em</strong><br />

determina<strong>do</strong>s Hospitais portugueses, nomeadamente<br />

nos Hospitais Civis de Lisboa e no <strong>Hospital</strong> Geral de Santo<br />

António <strong>do</strong> Porto.<br />

O ensino OFICIAL da OTORRINOLARINGOLOGIA foi instituí<strong>do</strong><br />

pela Reforma <strong>do</strong> Ensino Médico publicada no Diário<br />

<strong>do</strong> Governo nº 45 de 24 de Janeiro de 1911, decretan<strong>do</strong>-se<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 139<br />

que devia integrar os programas das Faculdades de Medicina<br />

de Lisboa, Porto e Coimbra. A verdade, porém, é que<br />

tal não se verificou simultaneamente nas 3 faculdades,<br />

ten<strong>do</strong> principia<strong>do</strong> <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1916, no Porto <strong>em</strong> 1920 e<br />

<strong>em</strong> Coimbra <strong>em</strong> 1939.


140<br />

O ENSINO DA OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

O ENSINO EM LISBOA<br />

Para além <strong>do</strong> Dr. João Sant’Anna Leite ter regi<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1909<br />

um curso livre de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> de S. José, por decisão<br />

<strong>do</strong> Conselho Escolar da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa<br />

ensino oficial da Especialidade, começou efectivamente<br />

no <strong>Hospital</strong> de Santa Marta, ao t<strong>em</strong>po <strong>Hospital</strong> Escolar, e<br />

dele foi encarrega<strong>do</strong> o <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello.<br />

Em 1914, fora CARLOS DE MELLO autoriza<strong>do</strong>, pelo Conselho<br />

da Faculdade, a reger um CURSO PRÁTICO DE OTOS-<br />

COPIA, RINOSCOPIA E LARINGOSCOPIA. Em 1916 fez<br />

concurso para <strong>Prof</strong>essor Livre de <strong>ORL</strong> da Faculdade de<br />

Medicina de Lisboa, ten<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> aprovação por unanimidade,<br />

e foi a partir de então que o curso passou a ser<br />

oficial e obrigatório. Em 1918 ascendeu a <strong>Prof</strong>essor Catedrático,<br />

cargo <strong>em</strong> que se manteve até ao seu falecimento<br />

<strong>em</strong> 1933. Num capítulo anterior, já falei amplamente da<br />

vida e da obra <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello.<br />

A fim de manter a continuidade <strong>do</strong> ensino, a Faculdade<br />

convi<strong>do</strong>u, para reger o Curso, o Dr. CARLOS ARY DOS SAN-<br />

TOS, que dirigia o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Infantil de<br />

S. Roque da Misericórdia de Lisboa. Nesse Serviço se<br />

deram as aulas até 1936, último ano de regência <strong>do</strong> Dr.<br />

Ary <strong>do</strong>s Santos.<br />

Com efeito, <strong>em</strong> 1935 havia presta<strong>do</strong> provas de Doutoramento<br />

e de Agregação, obten<strong>do</strong> aprovação, o <strong>Prof</strong>. CAR-<br />

LOS LARROUDÉ, pelo que foi desde logo encarrega<strong>do</strong> de<br />

realizar os exames <strong>em</strong> 1936, ten<strong>do</strong> começa<strong>do</strong> a reger o<br />

curso de <strong>ORL</strong> no ano lectivo de 1936/37. As aulas tinham<br />

lugar no Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s<br />

Capuchos, onde o <strong>Prof</strong>. Larroudé era m<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> respectivo<br />

corpo clínico.<br />

Quan<strong>do</strong>, <strong>em</strong> 1959, entrou <strong>em</strong> funcionamento o Serviço<br />

de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Escolar de Santa Maria, as aulas passaram<br />

para o novo <strong>Hospital</strong>, se b<strong>em</strong> que o <strong>Prof</strong>. Larroudé<br />

conservasse o lugar de Director <strong>do</strong> Serviço <strong>do</strong>s Capuchos<br />

por lhe ter si<strong>do</strong> autorizada a acumulação. Esta situação<br />

manteve-se até 1963 porque, ao tomar definitivamente<br />

posse da direcção <strong>do</strong> Serviço de Santa Maria, automaticamente<br />

foi força<strong>do</strong> a aban<strong>do</strong>nar os Hospitais Civis de Lisboa.<br />

FIGURA 147<br />

LiSBOa - ESTaÇÃO DE SanTa aPOLÓnia,<br />

nUMa FOTOGRaFia DE aUGUSTO XaViER MOREiRa cERca DE 1865<br />

FIGURA 148<br />

O PROF. caRLOS LaRROUDÉ cOM O ESPELhO FROnTaL<br />

E REaLiZanDO UMa LaRinGOScOPia DE KiLLian


FIGURA 149<br />

O PROF. LaRROUDÉ REaLiZanDO UM TaMPOnaMEnTO naSaL anTERiOR<br />

De seu nome completo CARLOS LARROUDÉ GOMES, nasceu<br />

<strong>em</strong> 17 de Nov<strong>em</strong>bro de 1896 <strong>em</strong> Lisboa e terminou o<br />

curso de Medicina <strong>em</strong> Lisboa, <strong>em</strong> 1921. Ainda no 5º ano<br />

iniciou a carreira hospitalar como Externo <strong>do</strong> Banco <strong>em</strong><br />

1920. Termina<strong>do</strong> o curso concorreu ao Internato <strong>do</strong>s Hospitais<br />

Civis de Lisboa e foi coloca<strong>do</strong>, a seu pedi<strong>do</strong>, no Serviço<br />

de Cirurgia Geral dirigi<strong>do</strong> pelo Dr. Alberto Luís de<br />

Men<strong>do</strong>nça, que, <strong>em</strong>bora fosse Cirurgião <strong>do</strong>s HCL, já dirigia<br />

uma consulta de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> de S. José. Também<br />

sob a orientação <strong>do</strong> Dr. Men<strong>do</strong>nça foi Assistente Voluntário<br />

de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> Militar Principal e no Dispensário<br />

da Assistência Nacional aos Tuberculosos.<br />

Em 1926 <strong>em</strong>preendeu extensa e d<strong>em</strong>orada digressão pelas<br />

mais famosas Clínicas <strong>ORL</strong> da Europa. Em 1929 prestou provas<br />

públicas <strong>em</strong> concurso para Assistente de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s HCL,<br />

sen<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> e coloca<strong>do</strong> no Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> recém-<br />

-inaugura<strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António<br />

<strong>do</strong>s Capuchos.<br />

Em 1933 publica um <strong>Livro</strong> intitula<strong>do</strong> “NOÇÕES PRÁTICAS<br />

DE PATOLOGIA OTO-RINO-LARINGOLÓGICA” destina<strong>do</strong> aos<br />

Clínicos Gerais. Este livro, com 177 páginas, procurava dar<br />

as noções básicas <strong>em</strong> <strong>ORL</strong>, que segun<strong>do</strong> o autor, com o<br />

crescente desenvolvimento da Especialidade, to<strong>do</strong>s os Médicos<br />

deviam ter.<br />

Em 1935 fez concurso para <strong>Prof</strong>. Agrega<strong>do</strong> de <strong>ORL</strong> da Faculdade<br />

de Medicina de Lisboa, obten<strong>do</strong> aprovação, pelo<br />

que, logo <strong>em</strong> 1936 foi encarrega<strong>do</strong> de examinar os alunos<br />

desse curso. Todavia, o primeiro curso que regeu foi o<br />

de 1936/37.<br />

FIGURA 150<br />

O hOSPiTaL EScOLaR DE SanTa MaRia<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 141


142<br />

O ENSINO DA OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

FIGURA 151<br />

DUaS DaS PUBLicaÇÕES DE caRLOS LaRROUDÉ<br />

Em Junho de1940 foi nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço de<br />

<strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos.<br />

Em 1952, por sua iniciativa, foi inaugura<strong>do</strong> o primeiro laboratório<br />

de audiologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e criada uma consulta<br />

da mesma especialidade.<br />

Em 1953, ao inaugurar-se O HOSPITAL DE SANTA MARIA,<br />

foi encarrega<strong>do</strong> de organizar, apetrechar e dirigir o respectivo<br />

Serviço de <strong>ORL</strong>, s<strong>em</strong> prejuízo de continuar a dirigir<br />

o <strong>do</strong>s Capuchos, direcção que teve que aban<strong>do</strong>nar ao<br />

tomar posse de Director efectivo <strong>em</strong> Santa Maria. Criou<br />

neste <strong>Hospital</strong> o “INSTITUTO DE AUDIO-FONOLOGIA”<br />

anexo ao Serviço de <strong>ORL</strong>. Em 1941 tinha si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong><br />

<strong>Prof</strong>essor Extraordinário. Foram-lhe concedi<strong>do</strong>s louvores<br />

e a medalha de ouro de bons serviços <strong>do</strong>s Hospitais Civis<br />

de Lisboa. Foi condecora<strong>do</strong> com a Legião de Honra, <strong>em</strong><br />

cerimónia efectuada na Embaixada de França <strong>em</strong> Lisboa.<br />

M<strong>em</strong>bro de numerosas Sociedades Científicas Nacionais<br />

e Estrangeiras. Juntamente com SIR ALEXANDER FLEMING<br />

foi relator no Congresso Mundial de <strong>ORL</strong> realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

Londres <strong>em</strong> 1949.<br />

Presidiu ao CONGRESSO INTERNACIONAL DE OTO-NEURO-<br />

-OFTALMOLOGIA, efectua<strong>do</strong> <strong>em</strong> Lisboa, e ao Congresso da<br />

SOCIETAS <strong>ORL</strong> LATINA que teve lugar no Estoril <strong>em</strong> 1954.<br />

Autor de extensa bibliografia <strong>em</strong> publicações nacionais e<br />

estrangeiras.<br />

FIGURA 152<br />

jUnTaMEnTE cOM SiR aLEXanDER FLEMinG, caRLOS LaRROUDÉ<br />

FOi RELaTOR nO cOnGRESSO MUnDiaL DE <strong>ORL</strong> REaLiZaDO<br />

EM LOnDRES EM 1949 (aMBOS ESTÃO na FOTO)


FIGURA 153<br />

DOiS LiVROS DO PROF. LaRROUDÉ: “nOÇÕES PRÁTicaS DE <strong>ORL</strong>” DE 1933 E O “ManUaL DE <strong>ORL</strong> PaRa O cLÍnicO GERaL” DE 1945<br />

FIGURA 154<br />

BODaS DE PRaTa DO cURSO MÉDicO DE 1916 - 1921 cOM DESTaQUE PaRa O PROF. LaRROUDÉ E O SEU ManUaL DE <strong>ORL</strong><br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 143


144<br />

O ENSINO DA OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

FIGURA 155<br />

O PROF. LaRROUDÉ E O SEU SERViÇO nO hOSPiTaL DE SanTa MaRia EM 1969 DURanTE O cOnGRESSO DE VERTiGEM<br />

Foi autor dum Manual de <strong>ORL</strong> destina<strong>do</strong> aos alunos e Clínicos<br />

Gerais, que foi publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1945, intitula<strong>do</strong> “MA-<br />

NUAL DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA PARA O CLÍNICO<br />

GERAL” Edita<strong>do</strong> pela Livraria Luso-Espanhola Lda. Trata-se,<br />

s<strong>em</strong> dúvida, de um <strong>do</strong>s mais completos e b<strong>em</strong> <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s<br />

Manuais de Otorrinolaringologia alguma vez<br />

publica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Retiro <strong>do</strong> seu Curriculum, publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1961, as palavras<br />

sobre a sua ambição:<br />

“Estudar e trabalhar, para que entre nós a especialidade de<br />

<strong>ORL</strong> ocupe o lugar que lhe compete, transmitir aos mais<br />

novos o que a experiência de muitos anos lhe ensinou e, finalmente<br />

criar melhores condições de investigação.”<br />

Em 1966, o <strong>Prof</strong>. Larroudé atingiu o limite de idade, originan<strong>do</strong>-se<br />

um “interregno” de alguns anos, mais precisamente<br />

de 1966 a 1973, durante os quais a <strong>ORL</strong> ficou s<strong>em</strong><br />

<strong>Prof</strong>essor e o Serviço s<strong>em</strong> Director, mas n<strong>em</strong> o ensino<br />

parou n<strong>em</strong> o Serviço deixou de funcionar, da<strong>do</strong> que quer<br />

uma quer outra destas actividades ficaram a cargo <strong>do</strong> Assistente<br />

mais antigo, o Dr. BORGES DE SENA, auxilia<strong>do</strong><br />

pelo restante corpo clínico.<br />

Oficialmente, o Conselho da Faculdade tornou responsáveis<br />

pelo Serviço, primeiramente o <strong>Prof</strong>. XAVIER MORATO<br />

e <strong>em</strong> seguida o <strong>Prof</strong>. CÂNDIDO DA SILVA.<br />

Em 1972, como continuasse a não haver ninguém <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>,<br />

o Conselho da Faculdade convi<strong>do</strong>u o Dr. JOSÉ NOBRE<br />

LEITÃO, que tomou posse <strong>em</strong> 17.10.1973, ten<strong>do</strong>-lhe si<strong>do</strong><br />

atribuí<strong>do</strong>, primeiramente, a categoria de <strong>Prof</strong>essor Extraordinário<br />

e passan<strong>do</strong> a <strong>Prof</strong>essor Catedrático contrata<strong>do</strong><br />

a partir de 1981. Foi exonera<strong>do</strong>, a seu pedi<strong>do</strong>, <strong>em</strong><br />

1984, poucos meses antes de atingir o limite de idade.<br />

Sucedeu-lhe o <strong>Prof</strong>. MÁRIO ANDREA que já colaborava<br />

com o <strong>Prof</strong>. Nobre Leitão no ensino da Especialidade<br />

desde 1973, dan<strong>do</strong> aulas teóricas e práticas, e organizan<strong>do</strong><br />

cursos de aperfeiçoamento. Doutora<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1975,<br />

é desde 1980 o Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de<br />

Santa Maria e <strong>Prof</strong>essor de <strong>ORL</strong> da Faculdade de Medicina<br />

de Lisboa.


A FACULDADE DE CIÊNCIAS<br />

MÉDICAS DA UNIVERSIDADE<br />

NOVA DE LISBOA<br />

O primeiro Curso de Medicina que inaugurou as instalações<br />

renovadas <strong>do</strong> Campo de Santana, e concluiu a licenciatura<br />

na Faculdade de Ciências Médicas, foi o de<br />

1973-1980. Inscreveu-se na Reitoria da Universidade Clássica,<br />

mas iniciou as aulas já na então chamada “Extensão<br />

<strong>do</strong> Campo de Santana” da Faculdade de Medicina de Lisboa<br />

e constituiu o núcleo inicial da Faculdade.<br />

Iniciou as suas aulas no Instituto de Higiene e Medicina<br />

Tropical, à Junqueira, e além das aulas nos locais referi<strong>do</strong>s<br />

teve também aulas no Instituto de Ciências Sociais e Políticas,<br />

ex.: Instituto de Ciências Sociais e Política Ultramarina,<br />

no Palácio Burnay, na Rua da Junqueira, b<strong>em</strong> como<br />

nos hospitais que foram sen<strong>do</strong> articula<strong>do</strong>s com a Faculdade,<br />

o primeiro <strong>do</strong>s quais o <strong>Hospital</strong> de Egas Moniz.<br />

Este curso teve a particularidade de durar sete anos,<br />

ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta as indefinições quanto ao estatuto legal<br />

da já então conhecida como “Faculdade <strong>do</strong> Campo de<br />

Santana”, que só vieram a ser esclarecidas <strong>em</strong> 1977, com<br />

a criação formal da Faculdade.<br />

Já nessa altura inova<strong>do</strong>ra, a Faculdade utilizava meios<br />

audio-visuais modernos, gravan<strong>do</strong> as aulas teóricas <strong>em</strong><br />

vídeo, que posteriormente podiam ser visionadas nos horários<br />

mais convenientes para os estudantes, nomeadamente<br />

para os estudantes trabalha<strong>do</strong>res.<br />

No entanto, o primeiro curso a ter o Diploma <strong>em</strong>iti<strong>do</strong> pela<br />

recém-criada Faculdade, foi o curso de 1977, então chama<strong>do</strong><br />

“<strong>do</strong>s Civis”, uma vez que, apesar de ter ti<strong>do</strong> os seus<br />

primeiros anos na Faculdade de Medicina de Lisboa/<strong>Hospital</strong><br />

de Santa Maria, veio a ter os anos de ensino clínico<br />

nos “Hospitais Civis de Lisboa”, que iniciaram <strong>em</strong> 1976, obten<strong>do</strong><br />

os seus diplomas de Licencia<strong>do</strong> <strong>em</strong> Medicina e Cirurgia,<br />

pela Faculdade de Ciências Médicas <strong>em</strong> 1978.<br />

Na Universidade Nova de Lisboa começou-se a ministrar<br />

o ensino de <strong>ORL</strong> no Ano lectivo de 1976/77. Ficou encarregue<br />

de dar as aulas o Dr. Arman<strong>do</strong> Sant’Anna Leite, que<br />

dirigia o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Egas Moniz (antigo<br />

<strong>Hospital</strong> <strong>do</strong> Ultramar); com o falecimento deste Médico<br />

ficou a reger o curso o Dr. Branco Correia que estava<br />

neste <strong>Hospital</strong> desde 1976, ten<strong>do</strong> vin<strong>do</strong> de Lourenço Marques,<br />

<strong>em</strong> Moçambique, onde já tinha regi<strong>do</strong> um curso de<br />

<strong>ORL</strong> <strong>em</strong> 1969; ficou na regência até 1979.<br />

O ensino, tal como a Direcção <strong>do</strong> Serviço a partir de 1979,<br />

ficaram a cargo <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Dr. Rui Penha que fez o seu Doutoramento<br />

na Faculdade de Medicina de Lisboa <strong>em</strong> 1975,<br />

e aí se manteve algum t<strong>em</strong>po como <strong>Prof</strong>essor Auxiliar.<br />

Mais tarde fez concurso para <strong>Prof</strong>essor Extraordinário de<br />

<strong>ORL</strong> da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade<br />

Nova de Lisboa, <strong>em</strong> 1980 e, <strong>em</strong> Maio de 1981 ao ser criada<br />

a Cátedra de <strong>ORL</strong> ascendeu a <strong>Prof</strong>essor Catedrático. Com<br />

a aposentação <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Rui Penha, <strong>em</strong> 1998, ficou no seu<br />

lugar o <strong>Prof</strong>. Dr. José Francisco Madeira da Silva.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 145<br />

A CRIAÇÃO DO ENSINO<br />

DA ESPECIALIDADE DE<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

NA CIDADE DO PORTO<br />

A História <strong>do</strong> ensino da <strong>ORL</strong> no Porto é, até determinada<br />

altura, a História desta Especialidade no <strong>Hospital</strong> Geral de<br />

Santo António, da<strong>do</strong> que foi nesta Instituição que o ensino<br />

começou a ser ministra<strong>do</strong>. Ao ser oficializada a <strong>do</strong>cência de<br />

<strong>ORL</strong>, a Faculdade de Medicina <strong>do</strong> Porto contratou para<br />

reger o respectivo curso no ano lectivo de 1920/21 o Dr.<br />

António Teixeira Lopes Júnior, que desde 1909 dirigia o Serviço<br />

de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Geral de Santo António. Ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po que efectivava este contrato, a Faculdade solicitava<br />

da Administração daquele <strong>Hospital</strong> autorização para que<br />

pudess<strong>em</strong> ser utiliza<strong>do</strong>s o material e as instalações <strong>do</strong> Serviço<br />

de <strong>ORL</strong> para o ensino.<br />

FIGURA 156<br />

nESTa ÉPOca (MEaDOS DO SÉc. XX) SURGiRaM aLGUnS LiVROS<br />

DE DiVULGaÇÃO jUnTO DOS DOEnTOS DO QUaL ESTE É UM EXEMPLO


146<br />

O ENSINO DA OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

FIGURA 157<br />

PÁTEO Da UniVERSiDaDE DE cOiMBRa nUMa FOTOGRaFia cERca DE 1870<br />

Em 1936, por alegada impossibilidade <strong>do</strong> Dr. Teixeira<br />

Lopes <strong>em</strong> continuar a reger o curso, a Faculdade contratou<br />

o Dr. Jaime de Magalhães, que iniciou o ensino <strong>em</strong><br />

1937, utilizan<strong>do</strong> também as instalações <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de<br />

Santo António.<br />

Em 1956 passou a ministrar o ensino da <strong>ORL</strong> o Dr. Eurico<br />

de Oliveira <strong>em</strong> substituição <strong>do</strong> Dr. Jaime de Magalhães,<br />

até 1959.<br />

Nesta data já o ensino da Especialidade estava a cargo <strong>do</strong><br />

Dr. José Alvarenga de Andrade.<br />

Tanto o Dr. JAIME DE MAGALHÃES como o Dr. EURICO DE<br />

OLIVEIRA e o Dr. ALVARENGA DE ANDRADE deram as suas<br />

aulas utilizan<strong>do</strong> o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Geral de<br />

Santo António.<br />

O ano de 1959 marcou uma virag<strong>em</strong> importante, porque<br />

foi nesse ano que a Faculdade de Medicina se transferiu<br />

para o HOSPITAL DE S. JOÃO, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> o Dr. JOSÉ ALVA-<br />

RENGA DE ANDRADE incumbi<strong>do</strong> de instalar e organizar o<br />

Serviço de <strong>ORL</strong> nesse novo <strong>Hospital</strong>, s<strong>em</strong> no entanto deixar<br />

de ser 1º Assistente com funções de Director no <strong>Hospital</strong><br />

de Santo António. Em 1963, o Conselho da Faculdade<br />

convi<strong>do</strong>u o Dr. AFONSO FERREIRA DA COSTA para reger o<br />

curso de <strong>ORL</strong>, com a categoria de 2º Assistente, fican<strong>do</strong><br />

simultaneamente a dirigir o Serviço da <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. João, de cujo apetrechamento e organização o encarregaram.<br />

Enquanto se manteve nos cargos menciona<strong>do</strong>s,<br />

orientou diversas teses de licenciatura, promoveu<br />

reuniões e estimulou a publicação de vários trabalhos.<br />

Regeu o curso até 1979 e dirigiu o Serviço até 1982.<br />

Ten<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1978, obten<strong>do</strong> aprovação com<br />

distinção e louvor, o Dr. MANUEL PAIS CLEMENTE foi proposto<br />

<strong>em</strong> 1979 para <strong>Prof</strong>essor Auxiliar de <strong>ORL</strong>. Actualmente<br />

é <strong>Prof</strong>. da Cadeira de <strong>ORL</strong> da Faculdade de<br />

Medicina <strong>do</strong> Porto no <strong>Hospital</strong> de S. João.<br />

Com a criação da Faculdade de Ciências Biomédicas no<br />

Instituto Abel Salazar <strong>em</strong> 1975, instituiu-se mais um centro<br />

de ensino de <strong>ORL</strong> na cidade <strong>do</strong> Porto que iniciou as<br />

suas aulas desta Especialidade <strong>em</strong> 1979, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> encarrega<strong>do</strong><br />

delas o Dr. ANTÓNIO GAMEIRO DOS SANTOS.<br />

Como o Dr. Gameiro <strong>do</strong>s Santos era o Director <strong>do</strong> Serviço<br />

de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Geral de Santo António, era neste Serviço<br />

que eram dadas as aulas.


O ENSINO EM COIMBRA<br />

Só <strong>em</strong> 1939 começou a funcionar, e <strong>em</strong> péssimas condições,<br />

uma consulta de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> da Universidade.<br />

Mais <strong>do</strong> que precariamente instalada num vão de escada,<br />

dela foi encarrega<strong>do</strong> o Dr. GUILHERME PENHA. (Falarei<br />

mais à frente da introdução da técnica da fenestração <strong>em</strong><br />

<strong>Portugal</strong> por este Especialista). O internamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes<br />

fazia-se <strong>em</strong> camas, a muito custo, cedidas pelos Serviços<br />

de Cirurgia Geral, e a utilização <strong>do</strong> bloco operatório<br />

era avaramente consentida. Um único Médico, que era o<br />

Dr. Guilherme Penha, tinha que fazer tu<strong>do</strong>. Foi nestas condições<br />

que teve início o ensino da <strong>ORL</strong> na Faculdade de<br />

Medicina de Coimbra.<br />

Em 1950, a consulta passou a ter instalações mais adequadas,<br />

possibilitan<strong>do</strong> que nela trabalhass<strong>em</strong> 2 Médicos<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po. Além disso, à Especialidade foram atribuídas<br />

10 camas para homens e 8 para mulheres.<br />

Em 1960 deu-se nova mudança de local, mas persistiram<br />

as más condições de trabalho. Em 1962 prestou provas de<br />

<strong>do</strong>utoramento <strong>em</strong> <strong>ORL</strong>, sen<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong>, o Doutor CAR-<br />

LOS ALBERTO DOS SANTOS MIGUÉIS, que <strong>em</strong> 1967 foi solicita<strong>do</strong><br />

para exercer funções <strong>do</strong>centes.<br />

Começou a exercê-las nesse mesmo ano de 1967, sen<strong>do</strong>-lhe<br />

então entregue, juntamente com a regência <strong>do</strong> curso, a<br />

Direcção <strong>do</strong> Serviço, que só a partir daquele ano passou<br />

a ter autonomia, visto que até aí estava adstrito ao Serviço<br />

de Patologia Cirúrgica.<br />

Desde 1980, o <strong>Prof</strong>essor Carlos Miguéis, ficou com categoria<br />

de <strong>Prof</strong>essor Associa<strong>do</strong>.<br />

Sob a sua chefia, o Serviço <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Universidade<br />

de Coimbra, adquiriu finalmente verdadeira dimensão<br />

<strong>em</strong> meios técnicos e assistenciais, e atingiu mereci<strong>do</strong><br />

prestígio nacional e reconhecida projecção internacional,<br />

através de b<strong>em</strong> sucedidas reuniões <strong>em</strong> que se têm debati<strong>do</strong><br />

t<strong>em</strong>as de importância capital para a evolução da <strong>ORL</strong>.<br />

O <strong>Prof</strong>. Carlos Miguéis jubilou-se <strong>em</strong> 1995, e nesse mesmo<br />

ano, toma posse como Director <strong>do</strong> Serviço e <strong>Prof</strong>essor da<br />

Faculdade, o <strong>Prof</strong>. ANTÓNIO PAIVA.<br />

Também t<strong>em</strong> havi<strong>do</strong> ensino oficial de <strong>ORL</strong> no Centro <strong>Hospital</strong>ar<br />

de Coimbra, mais precisamente no Serviço de <strong>ORL</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Covões, dirigi<strong>do</strong> pelo Dr. José Dias nos<br />

anos de 1974 a 1978 e pelo Dr. Manuel Filipe Rodrigues a<br />

partir de 1979.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 147<br />

A ESCOLA<br />

MÉDICO-CIRÚRGICA<br />

DO FUNCHAL<br />

O Regimento <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santa Isabel no Funchal,<br />

aprova<strong>do</strong> pela Mesa Gerente da Santa Casa da Misericórdia<br />

a 10 de Agosto de 1816 e confirma<strong>do</strong> por provisão<br />

régia de 19 de Outubro de 1819, criou adjunta ao mesmo<br />

<strong>Hospital</strong>, uma aula médico-cirúrgica, com o fim “de evitar<br />

o estrago da humanidade nesta Colónia, pela ignorância<br />

<strong>do</strong>s Barbeiros, que s<strong>em</strong> os conhecimentos próprios andam<br />

nos campos curan<strong>do</strong> gente, levan<strong>do</strong> á sepultura os que<br />

ainda viveriam se foss<strong>em</strong> trata<strong>do</strong>s por hábeis professores,<br />

ou menos ignorantes <strong>do</strong> que s<strong>em</strong>elhantes curandeiros”.<br />

Em 1824, o governa<strong>do</strong>r e Capitão-General informava o<br />

governo da metrópole da necessidade urgente da criação<br />

duma Aula de Cirurgia Opera<strong>do</strong>ra, ponderan<strong>do</strong> que no<br />

Porto Santo e nos campos da Madeira não havia nenhum<br />

cirurgião opera<strong>do</strong>r, e que “apenas se encontrava algum<br />

miserável sangra<strong>do</strong>r, de cuja competência têm si<strong>do</strong> vítimas<br />

muitos <strong>do</strong>s que o chamaram para o trato e curativo de suas<br />

moléstias”. O mesmo governa<strong>do</strong>r, no ano seguinte,<br />

voltava a insistir neste assunto, s<strong>em</strong> que <strong>do</strong>s seus esforços<br />

e diligências houvesse tira<strong>do</strong> o menor resulta<strong>do</strong> prático.<br />

O Médico, Dr. JOÃO FRANCISCO DE OLIVEIRA, quan<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

1825 foi Prove<strong>do</strong>r da Santa Casa da Misericórdia desta<br />

cidade, criou, no hospital que lhe está anexo, uma aula de<br />

cirurgia que ele próprio regeu gratuitamente durante<br />

algum t<strong>em</strong>po e de cuja regência encarregou depois o<br />

Cirurgião daquele estabelecimento hospitalar, o Dr.<br />

JOAQUIM DE OLIVEIRA SIMÕES. Foi por esse t<strong>em</strong>po que,<br />

o Dr. João Francisco de Oliveira apresentou ao governo<br />

um projecto da criação duma Escola Médica, indican<strong>do</strong><br />

as bases <strong>do</strong> seu funcionamento, méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> ensino etc.,<br />

que apesar de merecer a apreciação superior, não teve deferimento<br />

favorável.<br />

O decreto de 29 de Dez<strong>em</strong>bro de 1836 criou <strong>em</strong> cada uma<br />

das capitais <strong>do</strong>s distritos ultramarinos uma Escola<br />

Médico-Cirúrgica, <strong>em</strong> que haveria duas cadeiras, ensinan<strong>do</strong>-se<br />

na primeira Anatomia, Fisiologia, Operações<br />

Cirúrgicas e Arte Obstetrícia e na segunda Patologia,<br />

Matéria Médica e Terapêutica, e que seriam respectivamente<br />

regidas pelo Médico e Cirurgião principais <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

a que a mesma Escola estivesse anexa. A primeira<br />

cadeira teria um ajudante d<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong>r, que seria o<br />

prepara<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s trabalhos anatómicos, e na botica <strong>do</strong> hospital<br />

ministraria lições de Farmácia, o Farmacêutico <strong>do</strong><br />

mesmo estabelecimento. A portaria de 16 de Janeiro de<br />

1837, dirigida ao Administra<strong>do</strong>r Geral deste distrito, mandava<br />

dar plena execução na Madeira às disposições<br />

daquele decreto. Estava criada a Escola Médico-Cirúrgica<br />

<strong>do</strong> Funchal.


148<br />

O ENSINO DA OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

FIGURA 158<br />

hOSPÍciO PRincESa D. aMÉLia nO FUnchaL nUMa FOTOGRaFia DE j.F. caMachO, anTERiOR À SUa inaUGURaÇÃO EM 1862<br />

FIGURA 159<br />

GRUPO DE MÉDicOS nO FUnchaL – MaDEiRa, POR OcaSiÃO Da ViSiTa DO PROF. cUSTÓDiO caBEÇa EM 1919 – FOTOGRaFia VicEnTES


FIGURA 160<br />

jORnaL cOM a nOTÍcia Da cRiaÇÃO Da SOciEDaDE DE OTO-nEURO-OFTaLMOLOGia EM 1948<br />

A Comissão Administrativa da Santa Casa da Misericórdia,<br />

então presidida por JOÃO AGOSTINHO JERVIS DE ATOU-<br />

GUIA, tratou de dar cumprimento às ordens <strong>em</strong>anadas <strong>do</strong><br />

Governo Central s<strong>em</strong> d<strong>em</strong>ora, e adaptou a antiga enfermaria<br />

<strong>do</strong>s súbditos ingleses e duas salas contíguas, para a<br />

instalação da nova Escola.<br />

O Cirurgião, o Médico e o Boticário <strong>do</strong> HOSPITAL DE<br />

SANTA ISABEL, respectivamente o Dr. LUIZ HENRIQUES, o<br />

Dr. LOURENÇO JOSÉ MONIZ e o Farmacêutico NICANDIO<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 149<br />

JOAQUIM DE AZEVEDO, foram encarrega<strong>do</strong>s da regência<br />

das cadeiras que compunham o curso da nova Escola. O<br />

Dr. Lourenço Moniz, como era deputa<strong>do</strong> por esta ilha, desistiu<br />

<strong>do</strong> seu lugar de professor da Escola e foi substituí<strong>do</strong><br />

no exercício deste cargo pelo Dr. ANTÓNIO DA LUZ PITA.<br />

A 2 de Maio de 1837 reuniu-se pela primeira vez o conselho<br />

escolar, que ficou constituí<strong>do</strong> pelo Dr. Luz Pita, presidente,<br />

Dr. Luiz Henriques, vogal, e Nicandio de Azeve<strong>do</strong>,<br />

secretário, sen<strong>do</strong> este também o dia da definitiva instala-


150<br />

O ENSINO DA OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

ção da Escola e começan<strong>do</strong> as primeiras aulas a funcionar<br />

no mês de Outubro seguinte. O lugar de ajudante-d<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong>r<br />

só foi ocupa<strong>do</strong> no ano seguinte pelo Dr. JU-<br />

VENAL HONÓRIO DE ORNELAS. As nomeações destes<br />

quatro lugares somente se tornaram definitivas pelo Decreto<br />

de 8 de Set<strong>em</strong>bro de 1838. O Dr. Luiz Henriques e o<br />

Farmacêutico Nicandio Joaquim de Azeve<strong>do</strong> serviram até<br />

1845, ano <strong>em</strong> que faleceram, e o Dr. Luz Pita até o ano de<br />

1866, <strong>em</strong> que obteve a sua jubilação.<br />

Foram Directores da Escola Médica, o Dr. Luiz Henriques<br />

(1838 - 1845), o Dr. António da Luz Pita (1845 - 1866), o Dr.<br />

João da Câmara L<strong>em</strong>e Hom<strong>em</strong> de Vasconcelos, (1866 -<br />

1883), o Dr. João Augusto Teixeira (1883 - 1907) e o Dr.<br />

Maurício Augusto Sequeira (1907 - 1910).<br />

O curso foi de três anos até 1842, passan<strong>do</strong> a ser de quatro<br />

desde 1843, e assim se conservou até a sua extinção.<br />

Os primeiros médicos forma<strong>do</strong>s nesta Escola foram Valentim<br />

Maximiano de Sousa, António José da Silva, que<br />

concluíram o seu curso <strong>em</strong> 1840. Do curso de 4 anos<br />

foram Crispiniano Evangelista da Silva, Manuel Lúcio de<br />

Freitas, os primeiros Médicos que ali obtiveram a sua formatura.<br />

Em 1902 concluíram o curso desta Escola D. Palmira Conceição<br />

de Sousa e D. Henriqueta Gabriela de Sousa, as primeiras<br />

e únicas médicas que ali se formaram.<br />

Na sua existência de 73 anos, habilitou a Escola <strong>do</strong> Funchal<br />

cerca de 250 médicos.<br />

A Escola Médica tinha uma biblioteca com cerca de <strong>do</strong>is<br />

mil volumes que se achava no edifício da Misericórdia, e<br />

encontra-se hoje na Biblioteca Municipal.<br />

A primitiva organização desta Escola só permitia passar<br />

aos que se habilitass<strong>em</strong> com o seu curso a Carta de Cirurgião<br />

ministrante, que depois se modificou, ten<strong>do</strong> ainda<br />

posteriormente, o decreto de 22 de Junho de 1870, concedi<strong>do</strong><br />

aos seus alunos vantagens e regalias de que antes<br />

não gozavam, sen<strong>do</strong>-lhes então permiti<strong>do</strong> concorrer aos<br />

Parti<strong>do</strong>s Médicos Municipais ou outros lugares dependentes<br />

das corporações administrativas.<br />

Várias tentativas se fizeram <strong>em</strong> diferentes épocas para a<br />

extinção da Escola Médica <strong>do</strong> Funchal, que resultaram<br />

s<strong>em</strong>pre infrutíferas, até que finalmente a Escola foi extinta<br />

pelo seguinte decreto:<br />

“Artigo 1° - É extinta a Escola Medico Cirúrgica <strong>do</strong> Funchal.<br />

§ Único - O pessoal da Escola assim extinta ficará adi<strong>do</strong>.<br />

Artigo 2.° - Fica revogada a legislação <strong>em</strong> contrário.<br />

Da<strong>do</strong> nos Paços da Republica <strong>em</strong> 11 de Nov<strong>em</strong>bro de 1910<br />

por Antonio José de Almeida.” E assim terminou a Escola<br />

Médico-Cirúrgica <strong>do</strong> Funchal.<br />

A SOCIEDADE<br />

PORTUGUESA DE<br />

OTO-NEURO-OFTAL-<br />

MOLOGIA<br />

A criação da Sociedade Portuguesa de Oto-Neuro-<br />

-Oftalmologia ficou a dever-se aos Neurologistas, <strong>Prof</strong>.<br />

Diogo Furta<strong>do</strong> e <strong>Prof</strong>. António Flores, que agregaram a si<br />

o Otorrinolaringologista Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça e o Oftalmologista<br />

Dr. Henrique Moutinho, fican<strong>do</strong> estas 4 individualidades<br />

a fazer parte da primeira Direcção, sen<strong>do</strong><br />

Presidente o <strong>Prof</strong>. António Flores, o Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça<br />

Vice-Presidente, Secretário o <strong>Prof</strong>. Furta<strong>do</strong> e Tesoureiro<br />

o Dr. Moutinho.<br />

Desde logo teve a nova Sociedade grande número de<br />

adesões por parte <strong>do</strong>s Especialistas <strong>do</strong>s 3 ramos <strong>em</strong> causa,<br />

ten<strong>do</strong>-se realiza<strong>do</strong> várias sessões na sede da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s<br />

Médicos <strong>em</strong> Lisboa.<br />

A sessão inaugural teve lugar no dia 12 de Março de 1948<br />

no Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Lisboa; presidiu<br />

o Sub-secretário de Esta<strong>do</strong> da Educação Nacional Dr.<br />

Leite Pinto, que tinha à sua direita, o <strong>Prof</strong>. J.A. BARRÉ Catedrático<br />

de Neurologia da Faculdade de Estrasburgo, a<br />

qu<strong>em</strong> foi outorga<strong>do</strong> o título de Presidente de Honra da<br />

Sociedade. Barré fora o funda<strong>do</strong>r da Sociedade Europeia<br />

de Oto-Neuro-Oftalmologia.<br />

Em 1949 muda a direcção, fican<strong>do</strong> como Presidente o Dr.<br />

Alberto de Men<strong>do</strong>nça, Vice-Presidentes o Dr. Sertório<br />

Sena (Oftalmologista) e o <strong>Prof</strong>. António Ferraz Júnior. Mais<br />

tarde viria a ser Presidente o Dr. António Ferraz Júnior e<br />

Vice-Presidente o Dr. António de Assis Brito.<br />

Pertenceu ainda a esta Sociedade o mérito de levar a<br />

cabo, <strong>em</strong> Lisboa, um Congresso Internacional de Oto-<br />

-Neuro-Oftalmologia de 22 a 26 de Abril de 1952, que decorreu<br />

com grande brilhantismo e reuniu cerca de 300<br />

congressistas nacionais e estrangeiros. O <strong>Prof</strong>. Diogo Furta<strong>do</strong><br />

foi o principal organiza<strong>do</strong>r e impulsiona<strong>do</strong>r deste<br />

congresso.<br />

Encontro ainda a notícia de que o Brigadeiro – Médico, Dr.<br />

PINTO DA ROCHA (simultaneamente Oftalmologista e<br />

Otorrinolaringologista), foi presidente desta Sociedade e<br />

da publicação de um Boletim cujo 6º Tomo com 172 páginas<br />

foi publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1960.<br />

Com o falecimento <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Furta<strong>do</strong>, esta Sociedade, que<br />

tão brilhante começo tivera, terminou os seus dias s<strong>em</strong><br />

quase se dar por isso.


MATERIAL<br />

CIRÚRGICO<br />

IDEALIZADO POR<br />

OTORRINOLARINGO-<br />

LOGISTAS<br />

PORTUGUESES<br />

Vários Otorrinolaringologistas Portugueses, com o intuito<br />

de vencer dificuldades que enfrentavam, idealizaram instrumentos<br />

cirúrgicos que melhor se adaptass<strong>em</strong> às suas<br />

necessidades; aqui fica uma lista não exaustiva, pois muitos<br />

mais poderão haver, mas foram aqueles que consegui<br />

descobrir, de Material Cirúrgico idealiza<strong>do</strong> por Portugueses<br />

nesta especialidade:<br />

1 - Pinça de biópsia laríngea de MAY FIGUEIRA;<br />

2 - Afasta<strong>do</strong>r automático para o ouvi<strong>do</strong> de CARLOS ARY<br />

DOS SANTOS;<br />

3 - Espéculo nasal, de CARLOS LARROUDÉ;<br />

4 - Estica<strong>do</strong>r de pele para colheita de enxertos,<br />

de NOBRE LEITÃO;<br />

5 - Micro-pinça de biópsia para o seio maxilar,<br />

de NOBRE LEITÃO;<br />

6 - Canivete-aspira<strong>do</strong>r para drenag<strong>em</strong> de abcessos peri-<br />

-amigdalinos, de NOBRE LEITÃO;<br />

7 - Descola<strong>do</strong>r-aspira<strong>do</strong>r angula<strong>do</strong> (direito e esquer<strong>do</strong>),<br />

de NOBRE LEITÃO;<br />

8 - Micro-instrumental para mobilização <strong>do</strong> estribo e<br />

para estapedectomia (sete instrumentos e cabo próprio),<br />

de NOBRE LEITÃO;<br />

9 - Micro-broca, micro-goivas (anterior e posterior),<br />

micro-escopro, micro-serra, to<strong>do</strong>s adptáveis à peça<br />

de mão mo<strong>do</strong> Imperatori de NOBRE LEITÃO;<br />

10 - Pinça compressora (h<strong>em</strong>ostática) das locas amigdalinas,<br />

de PIMENTA JACINTO;<br />

11 - Termo-regula<strong>do</strong>r vestibular com automatismo eléctrico,<br />

de MONIZ NOGUEIRA;<br />

12 - Sonda para tratamento de estenoses benignas <strong>do</strong><br />

esófago de COSTA QUINTA;<br />

13 - Esofagoscópios de lume oval, de COSTA QUINTA;<br />

14 - “En<strong>do</strong>scópio de Contacto” fabrica<strong>do</strong> pela K. STORZ<br />

<strong>do</strong>s <strong>Prof</strong>s. MÁRIO ANDREA e ÓSCAR DIAS.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 151<br />

A CRIAÇÃO<br />

DA SOCIEDADE<br />

PORTUGUESA<br />

DE OTORRINO-<br />

LARINGOLOGIA<br />

E DE BRONCO-ESOFA-<br />

GOLOGIA<br />

Em 27 de Janeiro de 1953, foi convocada uma reunião <strong>do</strong>s<br />

Otorrinolaringologistas de to<strong>do</strong> o país a fim de assentar<strong>em</strong><br />

as bases para a criação da Sociedade Portuguesa de<br />

<strong>ORL</strong> e de Bronco-Esofagologia. A iniciativa partiu de um<br />

grupo constituí<strong>do</strong> por Alberto Luís Men<strong>do</strong>nça, Carlos Larroudé,<br />

António Barata Salgueiro, Joaquim Prior, Abel Alves<br />

Valladares, Francisco Silva Alves e José António Ferreira<br />

Roquette de Campos Henriques.<br />

A reunião efectuou-se a 17 de Março de 1953 na Ord<strong>em</strong><br />

<strong>do</strong>s Médicos <strong>em</strong> Lisboa, presidida pelo Dr. Alberto de<br />

Men<strong>do</strong>nça, secretariada pelo Dr. Costa Quinta. O Dr. Costa<br />

Quinta apresentou um projecto de estatutos que, após<br />

discussão, foi aprova<strong>do</strong> por unanimidade. O requerimento<br />

ao Ministério, assina<strong>do</strong> pelos dez proponentes iniciais,<br />

solicitava a homologação <strong>do</strong>s Estatutos e da 1ª<br />

direcção eleita, cujo Presidente eleito foi o Dr. Alberto de<br />

Men<strong>do</strong>nça.<br />

Após a aprovação ministerial, a nova Sociedade realizou a<br />

sua sessão inaugural a 20 de Março de 1954 na Aula<br />

Magna <strong>do</strong> IPO, a que estiveram presentes os representantes<br />

<strong>do</strong>s Ministro da Educação e da Saúde, sen<strong>do</strong> a<br />

mesa formada por <strong>Prof</strong>. Francisco Gentil, Dr. Alberto de<br />

Men<strong>do</strong>nça e Dr. Costa Quinta.<br />

Aqui começa a História da SOCIEDADE PORTUGUESA DE<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA que será referida no próximo<br />

capítulo.


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

HISTÓRIA DA SOCIEDADE<br />

PORTUGUESA DE <strong>ORL</strong>


A DÉCADA DE 50<br />

FigurA 161<br />

O AEROPORTO DE LISBOA NOS ANOS 50 DO SÉCULO XX<br />

A CriAÇÃO DA SOCiEDADE<br />

história de uma Sociedade é, necessariamente, também<br />

a história <strong>do</strong>s seus m<strong>em</strong>bros, a começar pelos seus funda<strong>do</strong>res<br />

e os seus presidentes, que eleitos pelos seus<br />

pares têm de constituir um modelo de referência para a<br />

geração que representam.<br />

A história individual de cada m<strong>em</strong>bro contribui, para o<br />

b<strong>em</strong> e para o mal, para a história colectiva de toda a Sociedade.<br />

Existe uma necessidade absoluta que os factos, que ao<br />

longo <strong>do</strong>s anos foram ocorren<strong>do</strong>, fiqu<strong>em</strong> escritos, ou então<br />

ficarão perdi<strong>do</strong>s para s<strong>em</strong>pre, nas m<strong>em</strong>órias individuais.<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl 153<br />

Escrever uma história que começou cinquenta anos antes,<br />

por qu<strong>em</strong> não a viveu, por vezes é difícil, mas por outro<br />

la<strong>do</strong>, torna-nos mais imparciais, <strong>em</strong> relação às polémicas<br />

que necessariamente estão associadas ao facto de querer<br />

fazer algo novo ou diferente.<br />

As polémicas, as conspirações, as críticas ficaram de fora<br />

desta história, e o que sobrou foram os factos, as realizações<br />

e os discursos <strong>do</strong>s seus m<strong>em</strong>bros, que contribuíram<br />

efectivamente para o nascimento, crescimento e desenvolvimento<br />

desta Sociedade que muitas vezes levou a sacrifícios<br />

individuais para o b<strong>em</strong> colectivo.<br />

A nossa Sociedade e a Otorrinolaringologia <strong>em</strong> geral, fica<br />

com uma dívida de gratidão para o Dr. Campos Henriques,<br />

pois graças à sua capacidade e persistência ao escrever


154 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

“Subsídios para a História da Otorrinolaringologia <strong>em</strong> portugal”,<br />

contribuiu para parte <strong>do</strong> que hoje sab<strong>em</strong>os sobre<br />

a nossa Especialidade <strong>em</strong> portugal.<br />

A década de 50, no Século XX, pode ser considerada a década<br />

da Otologia. É no início desta década, com Wullstein<br />

e Zollner, que pela primeira vez se começa a ser conserva<strong>do</strong>r<br />

nas cirurgias das otites médias crónicas. É Wullstein,<br />

que utiliza pela primeira vez o termo timpanoplastia, e<br />

que se propõe substituir as clássicas cirurgias radicais por<br />

cirurgias funcionais.<br />

Após a revolução no tratamento da Otosclerose, como<br />

foram as técnicas de Sourdille, que foi o primeiro a realizar<br />

uma fenestração. Esta técnica vai ter como grande divulga<strong>do</strong>r<br />

e mestre, Julius l<strong>em</strong>pert.<br />

pertence a Samuel rosen, no mount Sinai, <strong>Hospital</strong> <strong>em</strong><br />

nova iorque, <strong>em</strong> 1952, num feliz acaso de pegar na técnica<br />

de mobilização <strong>do</strong> estribo que tinha si<strong>do</strong> descrita por<br />

Kessel, miot e Boucheron nos finais <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>, e<br />

dar nova esperança a muitos <strong>do</strong>entes com otosclerose, infelizmente<br />

os resulta<strong>do</strong>s eram de curta duração.<br />

Finalmente no final da década, <strong>em</strong> 1958, John J. Shea vai<br />

ser o primeiro a praticar uma estapedectomia, utilizan<strong>do</strong><br />

veia para cobrir a janela oval e um piston de nylon para<br />

substituir o estribo, o que abriu as portas para a técnica<br />

actual.<br />

A história <strong>do</strong>s implantes cocleares vai ter também o seu<br />

início na década de 50, quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1957, C. Eyries, num<br />

<strong>do</strong>ente com colesteatoma bilateral, que tinha si<strong>do</strong> opera<strong>do</strong><br />

e tinha ti<strong>do</strong> como resulta<strong>do</strong>s cofose bilateral e paralesia<br />

bilateral, resolve tentar um méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> por<br />

Djourno de excitar os nervos à distância. resolve utilizar<br />

o méto<strong>do</strong> de estimulação no nervo coclear, e o <strong>do</strong>ente<br />

pôde ouvir alguns sons.<br />

Só <strong>em</strong> 1962, House voltou a implantar <strong>do</strong>is pacientes,<br />

com um implante monopolar e desde aí a luta que ainda<br />

hoje se mantém, <strong>em</strong>bora com notáveis avanços, é no caminho<br />

da melhoria da discriminação auditiva.<br />

Em 1952, o dinamarquês lassen e o seu Anestesista ibsen<br />

mostraram, durante uma terrível epid<strong>em</strong>ia de poliomielite<br />

<strong>em</strong> Copenhaga, que a mortalidade, realizan<strong>do</strong> uma traqueotomia<br />

com a introdução de uma cânula com Cuff,<br />

baixava de 80% para 40% permitin<strong>do</strong> uma insuflação manual<br />

ou automática. Desde essa altura as indicações para<br />

traqueotomia aumentaram bastante. É nesta década de<br />

inovação e desenvolvimento, passada a década da<br />

guerra, que vai nascer a Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e de Bronco-Esofagologia.<br />

A CriAÇÃO DA SOCiEDADE<br />

pOrtuguESA DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

E DE<br />

BrOnCO-ESOFAgOlOgiA<br />

FigurA 162<br />

O PROJECTO DE ESTATUTOS DE 1952<br />

QUE FOI APROVADO POR UNANIMIDADE<br />

impulsiona<strong>do</strong> pelo Dr. António manuel da Costa Quinta,<br />

constituiu-se um grupo de Otorrinolaringologistas de que<br />

fizeram parte, além daquele médico, mais os seguintes:<br />

Dr. Abel Alves Valadares, Dr. Alberto luís de men<strong>do</strong>nça,<br />

Dr. António Dias Barata Salgueiro, Dr. Carlos larroudé<br />

gomes, Dr. Francisco Calheiros lopes, Dr. Francisco da<br />

Silva Alves, Dr. Joaquim prior, Dr. José António Ferreira roquette<br />

de Campos Henriques e Dr. luís Queriol macieira.<br />

Deste grupo partiu a iniciativa de convocar para o dia 27<br />

de Janeiro de 1952 uma reunião de Especialistas de to<strong>do</strong><br />

o país, a fim de assentar<strong>em</strong> as bases para a criação duma<br />

agr<strong>em</strong>iação científica que, <strong>em</strong> princípio, a<strong>do</strong>ptaria a designação<br />

de Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e de Bronco-Esofagologia.<br />

no dia apraza<strong>do</strong> compareceram na sede da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s<br />

médicos, <strong>em</strong> lisboa, os seguintes Otorrinolaringologistas:<br />

Dr. Abel Alves Valadares, Dr. Afonso de Barros miranda<br />

Simão, Dr. Albano de Encarnação Coelho, Dr. Alberto luís<br />

de men<strong>do</strong>nça, Dr. António manuel da Costa Quinta, Dr.


Augusto marinheiro Júnior, Dr. Francisco Calheiros lopes,<br />

Dr. Francisco da Silva Alves, Dr. guilherme penha, Dr. Joaquim<br />

prior, Dr. José António Ferreira roquette de Campos<br />

Henriques, Dr. José maria torra<strong>do</strong> Barroso e Dr. José nobre<br />

leitão. Fizeram-se representar o prof. Carlos larroudé e os<br />

Drs. António Dias Barata Salgueiro, Emílio Alves Valadares,<br />

Fernan<strong>do</strong> nascimento Ferreira, Jer<strong>em</strong>ias tavares da Silva e<br />

luís Queriol macieira. Enviaram a sua adesão por escrito<br />

os Drs. Afonso Ferreira da Costa, Afonso neves de paiva,<br />

Alberto Barbe<strong>do</strong>, Alberto lagoa, Álvaro de men<strong>do</strong>nça e<br />

moura, António Alves Filipe, António paúl, António Santana<br />

Carlos, António Veloso de pinho, Daniel de Carvalho,<br />

Jaime de magalhães, José Alvarenga de Andrade, José<br />

Dias tavares, José de Sousa Campos, moreira de Sousa e<br />

teófilo Esquível.<br />

Foi convida<strong>do</strong> para presidir, o Dr. Alberto de men<strong>do</strong>nça,<br />

ten<strong>do</strong> a secretariá-lo o Dr. Costa Quinta.<br />

Aberta a sessão ficou desde logo d<strong>em</strong>onstra<strong>do</strong>, atentan<strong>do</strong><br />

na lista de nomes acima referida, que a maioria <strong>do</strong>s<br />

Otorrinolaringologistas portugueses desejava a criação<br />

da Sociedade, pelo que o Dr. Costa Quinta apresentou um<br />

projecto de estatutos que foi posto à discussão, acaban<strong>do</strong><br />

por ser aprova<strong>do</strong> por unanimidade.<br />

Assina<strong>do</strong> pelos 10 componentes <strong>do</strong> grupo inicial, que<br />

dev<strong>em</strong> ser ti<strong>do</strong>s como os funda<strong>do</strong>res da sociedade, seguiu<br />

para o ministério respectivo requerimento a pedir<br />

aprovação superior para os estatutos e b<strong>em</strong> assim a homologação<br />

da primeira Direcção, que entretanto fora<br />

eleita <strong>em</strong> 17-05-1952, e que ficou constituída como<br />

segue:<br />

DirECÇÃO pArA O BiÉniO 1954/1955<br />

Presidente: - Dr. Alberto luís de men<strong>do</strong>nça<br />

Vice-Presidente: - Dr. Jaime magalhães<br />

1° Secretário: - Dr. António manuel da Costa Quinta<br />

2° Secretário: - Dr. Albano Encarnação Coelho<br />

Tesoureiro: - Dr. José Campos Henriques<br />

Vogais: - Dr. teófilo Esquível<br />

- Dr. Cancela de Amorim<br />

uma vez conseguida a aprovação ministerial, estava a<br />

nova Sociedade apta a encetar a sua carreira, sen<strong>do</strong> da<br />

maior justiça salientar a acção dinamisa<strong>do</strong>ra desenvolvida<br />

pelo Dr. Costa Quinta no lançamento da ideia e o esforço,<br />

a tenacidade e o entusiasmo que <strong>em</strong>pregou na sua concretização.<br />

Em 20-03-1954, na Aula magna <strong>do</strong> instituto português de<br />

Oncologia, realizou-se finalmente a sessão inaugural, presidida<br />

por um representante <strong>do</strong> ministro da Educação nacional,<br />

e estan<strong>do</strong> com ele na mesa, o prof. Francisco gentil,<br />

o Dr. Alberto de men<strong>do</strong>nça e o Dr. Costa Quinta.<br />

FigurA 163<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

1º LIVRO DE ACTAS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

155


156 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 164<br />

ALBERTO DE MENDONÇA (1879 - 1963)<br />

O Dr. AlBErtO DE mEnDOnÇA nasceu <strong>em</strong> lisboa <strong>em</strong> 1879<br />

e formou-se pela Escola médico-Cirúrgica de lisboa <strong>em</strong><br />

1903. Em 1904 foi nomea<strong>do</strong> Alferes médico <strong>do</strong> Quadro permanente,<br />

após concurso. Em 1915, já Capitão médico, fez<br />

parte da Expedição ao Sul de Angola e <strong>em</strong> 1917 foi incorpora<strong>do</strong><br />

no C.E.p. (Corpo Expedicionário português) que participou<br />

<strong>em</strong> França na i guerra mundial. Desde 1911 que era<br />

Director da Clínica de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> militar principal. paralelamente<br />

à carreira militar seguiu a carreira hospitalar<br />

nos Hospitais Civis de lisboa, onde começou por ser Cirurgião<br />

Substituto <strong>do</strong> Banco <strong>em</strong> 1906, sen<strong>do</strong> nesse mesmo<br />

ano promovi<strong>do</strong> a Cirurgião Efectivo. Em 1909 foi designa<strong>do</strong><br />

para visitar, <strong>em</strong> comissão de serviço, diversas Clínicas de<br />

Orl no Estrangeiro. Ao ser criada oficialmente, <strong>em</strong> 1918, a<br />

Especialidade de Orl nos HCl, logo o Dr. men<strong>do</strong>nça opta<br />

por ela, sen<strong>do</strong>-lhe entregue uma consulta no <strong>Hospital</strong> de S.<br />

José. Em 1929 foi finalmente nomea<strong>do</strong> Director de Serviço<br />

de Orl, fican<strong>do</strong> coloca<strong>do</strong> no <strong>Hospital</strong> de S. José, onde veio<br />

a desenvolver notável acção, tanto assistencial como na<br />

preparação de numerosos Especialistas. São de sua autoria<br />

importantes trabalhos de investigação e clínicos sobre<br />

o labirinto posterior, com base nos quais estabeleceu as<br />

normas para exames de pilotos avia<strong>do</strong>res. tomou parte activa<br />

<strong>em</strong> numerosos Congressos internacionais e foi o Delega<strong>do</strong><br />

português na Societas Orl latina. Foi um <strong>do</strong>s<br />

funda<strong>do</strong>res da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Bronco-Esofagologia e o seu primeiro presidente.<br />

Faleceu <strong>em</strong> 1963.<br />

A melhor maneira de conhecermos o nosso primeiro presidente<br />

é com as palavras de qu<strong>em</strong> tão b<strong>em</strong> o conheceu,<br />

pelo que passo a transcrever o discurso que o prof. Carlos<br />

larroudé proferiu na sessão de homenag<strong>em</strong> a Alberto de<br />

FigurA 165<br />

O DR. MENDONÇA ACOMPANHADO DO DR. CAMPOS HENRIQUES<br />

E DO DR. SILVA ALVES EM 1957<br />

men<strong>do</strong>nça, que se realizou no dia 3 de maio de 1963; este<br />

discurso é um bom ex<strong>em</strong>plo <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como dev<strong>em</strong>os homenagear<br />

os nossos mestres.<br />

Discurso <strong>do</strong> prof. Carlos larroudé de homenag<strong>em</strong> ao Dr.<br />

Alberto de men<strong>do</strong>nça:<br />

“Há poucos dias, na Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia,<br />

Audiologia e Fonologia, tive ocasião de enaltecer<br />

a personalidade <strong>do</strong> meu Mestre, o Dr. Alberto Luís de<br />

Men<strong>do</strong>nça.<br />

Julgo que um <strong>do</strong>s sentimentos mais gratos num hom<strong>em</strong>, é<br />

poder exprimir o seu reconhecimento para com alguém a<br />

qu<strong>em</strong> muito ficou deven<strong>do</strong>, <strong>em</strong> ensinamentos e amizade.<br />

Por isso me sensibilizou de sobr<strong>em</strong>aneira o convite da direcção<br />

da Sociedade de Otorrinolaringologia e Bronco-Esofagologia<br />

para que usasse da palavra nesta sessão <strong>em</strong><br />

homenag<strong>em</strong> póstuma ao Dr. Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça.<br />

O Dr. Manuel Pinto, actualmente viven<strong>do</strong> <strong>em</strong> Coimbra, e eu,<br />

foi os seus primeiros e portanto mais antigos discípulos e colabora<strong>do</strong>res.<br />

Travei conhecimento com o Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça <strong>em</strong><br />

1921. Nesse ano, ainda estudante de Medicina, tinha si<strong>do</strong><br />

aprova<strong>do</strong>, <strong>em</strong> concurso de provas práticas e públicas para<br />

Interno <strong>do</strong>s Hospitais Civis de Lisboa e coloca<strong>do</strong> na Enfermaria<br />

de Lourenço da Luz, Enfermaria de Cirurgia Geral.<br />

Apresentei-me ao seu Director, como devia, e iniciei o cumprimento<br />

das minhas obrigações de Interno. Poucos dias depois,<br />

estava a efectuar um penso de Carrel, numa <strong>do</strong>ente que<br />

operara, quan<strong>do</strong> alguém, que eu não conhecia, entrou na enfermaria,<br />

veio observar o que eu estava a fazer, e a propósito<br />

desse então novo processo terapêutico, formulou algumas<br />

críticas bastante rudes, o que provocou da minha parte não<br />

menos rude reacção. Era o Assistente da enfermaria Dr. Alberto<br />

Luís de Men<strong>do</strong>nça. Pensei que <strong>em</strong> breve teria que solicitar<br />

a minha transferência, da<strong>do</strong> que n<strong>em</strong> um n<strong>em</strong> outro<br />

tinham transigi<strong>do</strong> nos nossos pontos de vista divergentes.


FigurA 166<br />

O DR. ALBERTO MENDONÇA (2º À ESQ.) COM O DR. PROETZ E O DR. SILVA ALVES (4º E 5º À ESQ.) EM A-DOS FRANCOS EM 1937<br />

Grande porém foi a minha surpresa, quan<strong>do</strong> o Assistente, ao<br />

sair, se me dirigiu de novo perguntan<strong>do</strong>-me se eu desejaria ir<br />

trabalhar como voluntário sob a sua direcção no <strong>Hospital</strong> Militar<br />

Principal de Lisboa, então mais vulgarmente conheci<strong>do</strong><br />

por <strong>Hospital</strong> Militar da Estrela.<br />

Foi o primeiro e único incidente que houve entre nós e assim<br />

tomei conhecimento com um <strong>do</strong>s homens que mais tenho<br />

admira<strong>do</strong> até hoje. Só o convívio constante com ele permitia<br />

descobrir a sua rica personalidade e o que se escondia por<br />

trás dum feitio aparent<strong>em</strong>ente ríspi<strong>do</strong>. Trabalhei com o Dr.<br />

Alberto de Men<strong>do</strong>nça durante 7 anos, com alguns raros perío<strong>do</strong>s<br />

de escassos dias de férias. Posso dizer que o acompanhei<br />

diáriamente na Enfermaria de Lourenço da Luz durante<br />

7 anos; no <strong>Hospital</strong> da Estrela durante 3 anos; e na consulta<br />

da Especialidade no Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos<br />

onde o acompanhei também durante 3 anos.<br />

O Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça, nestas três situações oficiais que<br />

ocupava, precisava de colabora<strong>do</strong>res que partilhass<strong>em</strong> <strong>do</strong><br />

seu intenso trabalho e assim fiquei com quase toda a consulta<br />

da Especialidade que começou a funcionar com grande<br />

frequência <strong>em</strong> Lourenço da Luz e ainda to<strong>do</strong> o trabalho de<br />

enfermaria e sala de operações.<br />

De manhã muito ce<strong>do</strong>, três vezes por s<strong>em</strong>ana, entrava no<br />

Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Militar da Estrela,<br />

onde, com Manuel Pinto, efectuámos a consulta e<br />

to<strong>do</strong>s os restantes trabalhos <strong>do</strong> Serviço. Frequent<strong>em</strong>ente,<br />

quan<strong>do</strong> havia <strong>em</strong> Lourenço da Luz operações necessitan<strong>do</strong><br />

FigurA 167<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

RECEITA PASSADA PELO DR. ALBERTO DE MENDONÇA<br />

157


158 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

mais de um ajudante, vinhamos a pé <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Estrela<br />

naquele passo estuga<strong>do</strong> que, providencialmente, tínhamos<br />

to<strong>do</strong>s os três, ouvin<strong>do</strong> o Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça falar-nos<br />

de casos clínicos ou de episódios da guerra de 1914/1918.<br />

Havia uma comunhão afectuosa entre nós, um pouco<br />

brusca talvez, mas sinceramente amiga.<br />

O Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça tinha entre as suas qua1idades,<br />

uma que tornava o seu convívio repousante, apesar da sua<br />

aparente aspereza; nunca invejava ninguém. Nunca lhe vi<br />

aquele “rictus” de fel que mais tarde, por vezes, observei noutros,<br />

perante o êxito alheio. A harmonia entre ele e os seus <strong>do</strong>is<br />

colabora<strong>do</strong>res tinha talvez, nessa forma de sentir que nos era<br />

comum, um <strong>do</strong>s seus fortes esteios. Também nunca ouvi o Dr.<br />

Alberto de Men<strong>do</strong>nça criticar um colega: perante um <strong>do</strong>ente<br />

e se algumas vezes, inevitavelmente, o tinha que fazer perante<br />

nós, seus discípulos, fazia-o s<strong>em</strong>pre com uma justiça e uma<br />

sobriedade que eram uma lição de Deontologia.<br />

Era intransigente <strong>em</strong> tu<strong>do</strong> que pudesse beliscar, ao de leve<br />

que fosse, a honestidade profissional. Nunca lhe vi adular<br />

os poderosos, n<strong>em</strong> desdenhar os humildes. Disse s<strong>em</strong>pre,<br />

<strong>do</strong>esse a qu<strong>em</strong> <strong>do</strong>esse, o que entendia ser justo e o que entendia<br />

estar mal. Não hesitou <strong>em</strong> sacrificar simpatias para<br />

proceder rectamente. Com tal firmeza de carácter e riqueza<br />

de princípios, não encontrou facilidades nos caminhos da<br />

vida. O êxito fácil <strong>do</strong>s intrigantes e <strong>do</strong>s medíocres, consegui<strong>do</strong><br />

à custa, tanta vez, de procedimentos que a moral reprova<br />

ou <strong>em</strong> que a dignidade se não sa1va, nunca o<br />

d<strong>em</strong>overam da sua admirável linha de conduta, e isso lhe<br />

granjeou a admiração e o respeito <strong>do</strong>s seus colegas, de<br />

to<strong>do</strong>s quantos sab<strong>em</strong> curvar-se perante a honestidade intransigente<br />

e grandeza de alma de um verdadeiro hom<strong>em</strong>.<br />

FigurA 168<br />

O DR. ALBERTO MENDONÇA E O DR. MACIEIRA<br />

Duvi<strong>do</strong> que o Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça, como to<strong>do</strong>s nós,<br />

soubesse de cor o Juramento de Hipócrates. Mas afirmo,<br />

s<strong>em</strong> a menor dúvida, que o cumpriu s<strong>em</strong>pre com dignidade<br />

e generosidade ex<strong>em</strong>plar.<br />

O Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça aceitava dificilmente o elogio,<br />

quan<strong>do</strong> não o repelia até, a sua forte personalidade tinha<br />

pu<strong>do</strong>res assim. A sua indiferença perante o dinheiro era flagrante.<br />

Era bon<strong>do</strong>so, recto e de uma sinceridade que por<br />

vezes ia à rudeza. Isso porém não o impedia de ter um espírito<br />

muito pessoal <strong>em</strong> que a graça, lev<strong>em</strong>ente sarcástica, alternava<br />

muitas vezes com uma ironia subtil. Amigo <strong>do</strong> seu<br />

amigo, podia contar-se com o seu apoio dedica<strong>do</strong>, mas procuran<strong>do</strong><br />

s<strong>em</strong>pre fazê-lo s<strong>em</strong> alardes, secretamente quase.<br />

Se o Hom<strong>em</strong> era de fino quilate, o Médico era de primeira<br />

grandeza. Foi um grande clínico que estu<strong>do</strong>u muito e escreveu<br />

pouco, <strong>em</strong> relação ao que sabia, o que não obstou<br />

porém a que o seu ensino, basea<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> na prática e<br />

no ex<strong>em</strong>plo, tivesse contribuí<strong>do</strong> decisivamente para a formação<br />

de bastantes Otorrinolaringologistas entre nós.<br />

Convivi com ele quan<strong>do</strong> estava no verão da sua vida, <strong>em</strong><br />

plena pujança da sua personalidade. Alguns lhe encontravam<br />

um feitio difícil. Difícil de compreender talvez, para: uns tantos,<br />

mas tão fácil para os que descobriss<strong>em</strong> que a forte personalidade<br />

<strong>do</strong> Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça se situava num plano acima<br />

da média corrente. Toda a sua vida clínica foi um ex<strong>em</strong>plo de<br />

trabalho e perseverança. Foi primeiro um excelente Cirurgião<br />

que transitou para a Otorrinolaringologia, especialidade essencialmente<br />

cirúrgica, possui<strong>do</strong>r da técnica rigorosa, da decisão<br />

esclarecida, da disciplina exigente, que eram o apanágio<br />

das suas intervenções. Vê-lo operar, ajudá-lo, era assistir ao<br />

desenvolver perfeito de uma sucessão de gestos cirúrgicos<br />

que, s<strong>em</strong> uma hesitação levavam progressivamente à conclusão<br />

impecável <strong>do</strong> programa previamente delinea<strong>do</strong>. Operava<br />

com uma elegância, uma perfeição e uma minúcia<br />

inigualáveis.<br />

Esta perfeição técnica conseguia-a numa época <strong>em</strong> que não<br />

havia aspira<strong>do</strong>res eléctricos, aparelhos de eleletrocoagulação<br />

e de electro-diérese, não existiam brocas eléctricas e <strong>em</strong> que o<br />

material não tinha a riqueza e a variedade de hoje. Como aparelho<br />

de iluminação, enquanto trabalhei com ele só tínhamos<br />

o espelho frontal clássico, reflectin<strong>do</strong> a luz duma lâmpada<br />

eléctrica. Não havia Anestesiologistas e quase toda a cirurgia<br />

era executada com anestesia local. Quanta vez o ajudei <strong>em</strong><br />

laringectomias totais de execução impecáveis, após a anestesia<br />

local, impecável também. Operar nestas condições, exigia<br />

uma forte personalidade <strong>do</strong> opera<strong>do</strong>r, um t<strong>em</strong>peramento<br />

combativo alia<strong>do</strong> a um auto-<strong>do</strong>mínio perfeito. Esta carência<br />

de meios técnicos, tinha de ser suprida por qualidades pessoais<br />

que levavam à formação de opera<strong>do</strong>res exímios, e o Dr.<br />

Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça contava-se entre os melhores da<br />

nossa Especialidade, dentro e fora <strong>do</strong> país.<br />

Tinha ainda outra qualidade que, nestes t<strong>em</strong>pos modernos<br />

de propaganda e de agitação, o prejudicou enquanto exerceu<br />

clínica. Era extr<strong>em</strong>amente modesto, outra faceta <strong>do</strong> seu<br />

pu<strong>do</strong>r profissional. Bastantes vezes lhe pedi a publicação <strong>do</strong><br />

que fazia tão extraordinariamente b<strong>em</strong>, lhe sugeri que<br />

desse a conhecer <strong>em</strong> revistas estrangeiras da Especialidade,


FigurA 169<br />

ALMOÇO OFERECIDO AO DR. ALBERTO MENDONÇA PELOS MÉDICOS DO H. S. JOSÉ NO RESTAURANTE TAVARES, EM 3 DE MAIO DE 1939<br />

trabalhos que nessas publicações ocupariam lugar de destaque.<br />

Não concordava, sinceramente, que assim fosse, pois<br />

considerava banais os primores <strong>do</strong> seu saber. A sua modéstia<br />

era tão marcada que mais tarde tive dificuldade <strong>em</strong> conseguir<br />

que aceitasse a sua eleição para Sócio Honorário <strong>do</strong><br />

Collegium Oto-Rhino-Laryngologicum. Também não foi<br />

fácil convencê-lo a que fosse o Presidente de Honra <strong>do</strong> Congresso<br />

da Sociedade Latina de Otorrinolaringologia que se<br />

realizou <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong> 1954.<br />

O que o Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça poderia ter publica<strong>do</strong>, se a<br />

isso se dispusesse, <strong>do</strong>cumenta-o a monografia intitulada<br />

“Acerca <strong>do</strong> exame da função vestibular” publicada <strong>em</strong> 1922,<br />

no primeiro volume <strong>do</strong> Arquivo de Medicina Legal. É um estu<strong>do</strong>,<br />

exaustivo para a época, <strong>do</strong> probl<strong>em</strong>a, que teve notável<br />

projecção internacional nos meios que se dedicavam a essas<br />

investigações.<br />

Com o Dr. Manuel Pinto, auxiliei-o nas suas investigações,e<br />

o trabalho suscitou-nos grande interesse pela sua novidade<br />

e dificuldade. O Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça, calmo, impassível,<br />

via o nosso entusiasmo (com um leve sorriso de satisfação<br />

e, por vezes, ligeiramente irónico).<br />

Ainda hoje recor<strong>do</strong> com saudade aquelas manhãs no <strong>Hospital</strong><br />

da Estrela, <strong>em</strong> que discutíamos os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, a sua<br />

interpretação e o seu significa<strong>do</strong>. Era o trabalho de investigação<br />

<strong>em</strong> toda a sua pureza, horas que compensavam de outras<br />

menos agradáveis que a vida, inevitavelmente, nos traz.<br />

O Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça foi um brilhante representante<br />

duma escola de Otorrinolaringologia que começou a modificar-se<br />

depois da primeira guerra mundial. A Cirurgia da Especialidade,<br />

como a Cirurgia Geral de então, era uma cirurgia<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

de exérese, cuja técnica tinha chega<strong>do</strong> a uma perfeição tal<br />

que a maioria <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res não julgava ser possível realizar<br />

mais progressos de monta. No entanto, to<strong>do</strong> o panorama<br />

cirúrgico iria modificar-se radicalmente, inician<strong>do</strong>-se a<br />

Cirurgia Fisiológica, procuran<strong>do</strong>-se extirpar o mal s<strong>em</strong> comprometer<br />

a função.<br />

A Otorrinolaringologia, que alberga nos seus <strong>do</strong>mínios três <strong>do</strong>s<br />

nossos senti<strong>do</strong>s, não podia ficar à marg<strong>em</strong> desta evolução.<br />

O Dr. Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça tinha a intuição da nova cirurgia<br />

a nascer <strong>em</strong> breve, cirurgia menos agressiva e mais<br />

lenta, preocupada <strong>em</strong> poupar ou restabelecer a função <strong>do</strong><br />

órgão sobre o qual se intervém. O Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça,<br />

pela leveza das suas mãos, a delicadeza e a minúcia <strong>do</strong>s<br />

t<strong>em</strong>pos operatórios, já se diferenciava <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res da sua<br />

geração que supunham ter atingi<strong>do</strong> os limites da perfeição<br />

pela exérese rápida e completa.<br />

Mas o Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça não era só um grande opera<strong>do</strong>r;<br />

era igualmente um clínico modelar. Antes de intervir,<br />

procurava estabelecer um diagnóstico correcto. Nunca o vi<br />

contentar-se com um diagnóstico de oportunidade operatória.<br />

Procurava s<strong>em</strong>pre identificar a <strong>do</strong>ença, estabelecer a<br />

natureza e a extensão das lesões. Era, <strong>em</strong> resumo, um Cirurgião<br />

especializa<strong>do</strong> e não somente um hábil opera<strong>do</strong>r.<br />

O Hom<strong>em</strong>, como já disse, era sóbrio de expressão, por vezes ríspi<strong>do</strong><br />

no trato, mas, sob esta aparência um pouco áspera abrigava-se<br />

um coração de ouro, totalmente devota<strong>do</strong> aos seus<br />

<strong>do</strong>entes. Estes eram a sua preocupação principal e eras-lhe dedicadíssimo.<br />

Tu<strong>do</strong> porém sob uma aparência sóbria de manifestações,<br />

que mais não era, afinal, <strong>do</strong> que o pu<strong>do</strong>r de mostrar<br />

a sua afectividade.<br />

159


160 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 170<br />

ALMOÇO DE HOMENAGEM AO DR. ALBERTO MENDONÇA<br />

NO SEU JUBILEU HOSPITALAR, EM 5 DE FEVEREIRO DE 1949<br />

FigurA 171<br />

NA CONSULTA DE <strong>ORL</strong> DO H. S. JOSÉ NO JUBILEU DO DR. ALBERTO MENDONÇA, EM 5 DE FEVEREIRO DE 1949<br />

Minhas senhoras e meus senhores:<br />

As minhas pobres palavras de hoje tentaram descrever-lhes<br />

qu<strong>em</strong> era o Dr. Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça. Assim o conheci,<br />

assim dele me fica a recordação.<br />

Não tenho a menor dúvida que a Medicina Portuguesa<br />

acaba de perder um <strong>do</strong>s seus grandes Clínicos. Apagou-se<br />

como viveu. S<strong>em</strong> pompa s<strong>em</strong> alardes corajosamente, simplesmente<br />

como foi diante da vida.<br />

Perdi nele qu<strong>em</strong> foi um ex<strong>em</strong>plo na minha juventude, um<br />

Mestre que me guiou os primeiros passos firmes no caminho<br />

da Especialidade. Hoje, já tão longe desses dias de iniciação,<br />

olho para trás e é com orgulho que verifico que não<br />

me afastei, <strong>em</strong> nada, <strong>do</strong> rumo que Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça<br />

me apontou. Se fosse possível recomeçar a vida, era<br />

ainda esse caminho que eu tomaria, o caminho difícil <strong>do</strong><br />

dever exigente que nos traz tanta incompreensão, mas também<br />

íntima satisfação de cumprir os imperativos básicos da<br />

Medicina.<br />

É esta a melhor e mais sentida homenag<strong>em</strong> que posso prestar<br />

à m<strong>em</strong>ória <strong>do</strong> meu Mestre, o Dr. Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça.


FigurA 172<br />

O DR. CAMPOS HENRIQUES, O DR. ALBERTO MENDONÇA E O DR. SILVA ALVES EM 1957<br />

X COngrESSO DA SOCiEtAS<br />

OtO-rHinO-lArYngOlOgiCA<br />

lAtinA<br />

FigurA 173<br />

X CONGRESSO DA SOCIETAS LATINA EM 1954. MESA DA PRESIDÊNCIA<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

161


162<br />

HISTÓRIA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE <strong>ORL</strong><br />

De 4 a 8 de Abril de 1954, no Estoril teve lugar o X CON-<br />

GRESSO DA SOCIETAS OTO-RHINO-LARYNGOLOGICA LA-<br />

TINA. O t<strong>em</strong>a desta reunião foi “RELATIONES DISPHONIAE”.<br />

Este Congresso Internacional era o primeiro da Sociedade<br />

Latina <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, ten<strong>do</strong> esta Sociedade realiza<strong>do</strong> congressos<br />

desde 1929. O Presidente de Honra foi o Dr. Alberto<br />

de Men<strong>do</strong>nça; o Presidente, o <strong>Prof</strong>. Dr. Carlos Larroudé; o<br />

Vice-Presidente, o Dr. Jaime de Magalhães; o Secretário das<br />

sessões, o Dr. Silva Alves e o Secretário <strong>do</strong> Congresso, o Dr.<br />

Campos Henriques.<br />

A Sessão Inaugural decorreu no dia 5 de Abril no Novo<br />

<strong>Hospital</strong> da Faculdade de Medicina de Lisboa, sob a presidência<br />

<strong>do</strong> Presidente da República.<br />

A partir <strong>do</strong> dia 6 de Abril, as sessões realizaram-se no Casino<br />

<strong>do</strong> Estoril. Foi publica<strong>do</strong> um relatório com os trabalhos<br />

apresenta<strong>do</strong>s nesta reunião.<br />

FIGURA 174<br />

X CONGRESSO DA SOCIETAS OTO-RHINO-LARYNGOLOGICA LATINA<br />

FIGURA 175<br />

PROGRAMA DO X CONGRESSO DA SOCIETAS LATINA EM 1954<br />

III CONGRESSO<br />

INTERNACIONAL<br />

DE BRONCO-ESOFAGOLOGIA<br />

De 10 a 13 de Outubro de 1954, teve lugar <strong>em</strong> Lisboa, o III<br />

CONGRESSO INTERNACIONAL DE BRONCO-ESOFAGO-<br />

LOGIA.<br />

A Sociedade Internacional de Bronco-Esofagologia foi<br />

idealizada a partir de 1935, por ilustres personalidades,<br />

como HENRY FABRES e CHEVALIER JACKSON, inicialmente<br />

como uma secção de Bronco-Esofagologia, a ter lugar nos<br />

Congressos Internacionais de Otorrinolaringologia, assim<br />

foi planea<strong>do</strong> para o Congresso de Otorrinolaringologia,<br />

<strong>em</strong> Amsterdão, <strong>em</strong> 1940. A Segunda Guerra Mundial deitou<br />

por terra esses projectos, e assim, só <strong>em</strong> 1951, numa<br />

reunião <strong>em</strong> S. Paulo, Brasil, foi decidi<strong>do</strong> fazer um Congresso<br />

no ano seguinte, no Brasil, e nomear a Direcção da<br />

Sociedade que integrou como Vice-Presidente, o Dr. António<br />

Costa Quinta. A Sociedade foi constituída com 127<br />

m<strong>em</strong>bros funda<strong>do</strong>res de 30 países.<br />

O PRIMEIRO CONGRESSO INTERNACIONAL DE BRONCO-<br />

-ESOFAGOLOGIA teve lugar no Rio de Janeiro, no Brasil, <strong>em</strong><br />

Agosto de 1952 e foi dedica<strong>do</strong> ao pioneiro da Bronco-Esofagologia,<br />

Chevalier Jackson.<br />

O SEGUNDO CONGRESSO INTERNACIONAL teve lugar <strong>em</strong><br />

Albert Plage, na Bélgica, <strong>em</strong> Junho de 1953, sob a Presidência<br />

<strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Dr. Fernand E<strong>em</strong>an, imediatamente depois<br />

<strong>do</strong> Congresso Internacional de Otorrinolaringologia que<br />

se realizou <strong>em</strong> Amsterdão.<br />

Nas eleições para a Direcção, o Dr. ANDRÉ SOULAS foi<br />

eleito Presidente e o Dr. Costa Quinta ficou como um <strong>do</strong>s<br />

seis Vice-Presidentes, o Secretário Executivo e Tesoureiro<br />

era o Dr. Chevalier Jackson, de Filadélfia.


FigurA 176<br />

PRIMEIRO CONGRESSO INTERNACIONAL DE BRONCO-ESOFAGOLOGIA<br />

BRASIL - 1952<br />

FigurA 178<br />

NO PROGRAMA SOCIAL ESTAVA INCLUÍDA UMA LARGADA DE TOUROS EM VILA FRANCA DE XIRA<br />

FigurA 177<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl 163<br />

III CONGRESSO INTERNACIONAL DE BRONCO-ESOFAGOLOGIA - LISBOA 1954


164 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 179<br />

DEDICATÓRIA AUTÓGRAFA DE CHEVALIER JACKSON PARA COSTA QUINTA DU-<br />

RANTE A SUA ESTADIA EM LISBOA EM 1954<br />

Ficou também decidi<strong>do</strong> que o terceiro Congresso teria<br />

lugar <strong>em</strong> lisboa, <strong>em</strong> Outubro de 1954. no relatório desse<br />

segun<strong>do</strong> Congresso, encontro um artigo <strong>do</strong> Dr. António<br />

Costa Quinta, intitula<strong>do</strong> “Sur lE trAitEmEnt DES StEnOSES<br />

COngEnitAlES DE l’OESOpHAgE”.<br />

De 10 a 13 de Outubro de 1954, realizou-se <strong>em</strong> lisboa, o<br />

iii COngrESSO intErnACiOnAl DE BrOnCO-ESOFAgOlOgiA.<br />

A Comissão organiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Congresso era assim<br />

composta:<br />

Presidente de Honra: - prof. Dr. Fausto lopo de Carvalho<br />

Presidente: - Dr. Alberto luís de men<strong>do</strong>nça<br />

Vice-Presidente: - Dr. Francisco Calheiros<br />

Secretário-Geral: - Dr. António Costa Quinta<br />

Secretário Tesoureiro: - Dr. lopo de Carvalho (Filho)<br />

Foi um <strong>do</strong>s maiores Congressos de s<strong>em</strong>pre, realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

portugal, e a concluir o Dr. António Costa Quinta foi nomea<strong>do</strong><br />

para presidente da Sociedade internacional, como<br />

substituto <strong>do</strong> Dr. Soulas de França, feito notável para a<br />

medicina portuguesa.<br />

A rEViStA “CliniCA,<br />

HigiEnE E HiDrOlOgiA”<br />

A Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia e<br />

Bronco-Esofagologia não tinha uma publicação própria<br />

para divulgar os trabalhos <strong>do</strong>s seus m<strong>em</strong>bros, ten<strong>do</strong> feito<br />

um acor<strong>do</strong> com a direcção da revista “CLINICA, HIGIENE<br />

E HIDROLOGIA”, jornal da Sociedade portuguesa de Hidrologia<br />

médica, o que permitiu a publicação de alguns<br />

números totalmente dedica<strong>do</strong>s à Otorrinolaringologia.<br />

nos meses de maio e Junho de 1955 vão sair <strong>do</strong>is números<br />

da revista “ClÍniCA, HigiEnE E HiDrOlOgiA” o nº 5<br />

de maio de 1955 (Ano XXi) e nº 6 de Junho de 1955 (Ano<br />

FigurA 180<br />

A REVISTA “CLÍNICA, HIGIENE E HIDROLOGIA”TINHA NÚMEROS<br />

TOTALMENTE DEDICADOS À <strong>ORL</strong>


FigurA 181<br />

DEMONSTRAÇÃO CIRURGICA DO PROF.JUAN MANUEL TATO DE BUENOS AIRES, UM DOS GRANDES MESTRES DA <strong>ORL</strong> NA FACULDADE DE MEDICINA DE LISBOA EM<br />

NOVEMBRO DE 1947<br />

XXi) dedica<strong>do</strong>s à reunião da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e de Broncoesofagologia, que tinha ti<strong>do</strong><br />

lugar <strong>em</strong> Coimbra sobre o t<strong>em</strong>a “SurDO-muDEZ”.<br />

transcrevo o editorial <strong>do</strong> presidente da Sociedade Dr. Alberto<br />

de men<strong>do</strong>nça:<br />

“Coimbra dá-nos hoje a honra de receber a Sociedade Portuguesa<br />

de Otorrinolaringologia e de Broncoesofagologia,<br />

a fim de nesta cidade se realizar a III Reunião <strong>do</strong>s seus trabalhos:<br />

muito gratos lhes estamos.<br />

O t<strong>em</strong>a é a “Sur<strong>do</strong>-Mudez”, assunto de capital importância<br />

e interesse para <strong>Portugal</strong> no qual a percentag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s sur<strong>do</strong>-<br />

-mu<strong>do</strong>s <strong>em</strong> grau d<strong>em</strong>asiadamente eleva<strong>do</strong>, excede <strong>em</strong><br />

muito a de outros países.<br />

Caso estranho, com raras e louváveis excepções, a Sur<strong>do</strong>-<br />

-Mudez não t<strong>em</strong> mereci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s nossos otologistas a devida<br />

atenção, sobretu<strong>do</strong> quanto ao tratamento.<br />

Para que esta sessão tivesse o valor e o brilho que merece,<br />

solicitámos a cooperação <strong>do</strong>s cientistas que entre os portugueses<br />

se têm distingui<strong>do</strong> pelo seu saber acerca desta importante<br />

questão.<br />

Acederam gentilmente ao convite, o que nos permite termos<br />

a felicidade de os ouvir e de recebermos preciosas lições.<br />

Os nossos agradecimentos aos Exmos. Senhores Dr. Campos<br />

Tavares, Dig.mo Prove<strong>do</strong>r da Casa Pia de Lisboa, <strong>Prof</strong>. Arman<strong>do</strong><br />

de Lacerda, Director <strong>do</strong> Laboratório de Fonética da<br />

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, <strong>Prof</strong>. Antonino<br />

Amaral, Director <strong>do</strong> Instituto “Jacob Rodrigues Pereira”<br />

de Lisboa.<br />

FigurA 182<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

SIMPÓSIO SOBRE SURDO-MUDEZ REALIZADO EM COIMBRA EM DEZEMBRO DE 1954<br />

Há porém a assinalar um notável trabalho publica<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

1920 pelo nosso colega Dr. Ary <strong>do</strong>s Santos que nos dá uma<br />

nota daqueles que até à data da sua publicação se dedicavam<br />

ao ensino <strong>do</strong>s sur<strong>do</strong>s-mu<strong>do</strong>s no nosso País e <strong>em</strong> que d<strong>em</strong>onstra<br />

claramente a nacionalidade portuguesa <strong>do</strong> célebre<br />

Jacob Rodrigues Pereira que tão notável se tornou pelo seu<br />

méto<strong>do</strong> <strong>em</strong> França<br />

165


166<br />

HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

Já de longa data a desmutização t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> obra de cientistas<br />

estranhos à Medicina, desde os r<strong>em</strong>otos t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> que<br />

o jesuíta espanhol Ponce de Léon ensinou os mu<strong>do</strong>s a falar.<br />

Entre nós também assim t<strong>em</strong> sucedi<strong>do</strong>.<br />

Espero caros Colegas que as lições <strong>do</strong>s Conferencistas que<br />

ides escutar despert<strong>em</strong> entre vós o desejo de aprofundar<strong>em</strong><br />

o estu<strong>do</strong> das causas e da profilaxia da sur<strong>do</strong>-mudez, de<br />

mo<strong>do</strong> a procurar diminuir a aterra<strong>do</strong>ra percentag<strong>em</strong> que<br />

present<strong>em</strong>ente existe no nosso País”.<br />

Em maio de 1955 saiu como uma separata da revista “ClÍniCA,<br />

HigiEnE E HiDrOlOgiA”, um livro que reuniu to<strong>do</strong>s<br />

os trabalhos apresenta<strong>do</strong>s no simpósio sobre Sur<strong>do</strong>-mudez<br />

realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Coimbra <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro de 1954.<br />

no dia 19 de Junho de 1955 reuniu-se a 2ª Ass<strong>em</strong>bleia-<br />

-geral da nova Sociedade portuguesa de Orl na qual foi<br />

eleita a nova Direcção para o Biénio 1956/1957, a direcção<br />

ficou assim constituída:<br />

DirECÇÃO pArA O BiÉniO 1956/1957<br />

Presidente: - Dr. Jaime de magalhães<br />

Vice-Presidente: - Dr. António manuel da Costa Quinta<br />

1° Secretário: - Dr. José António de Campos Henriques<br />

2° Secretário: - Dr. Afonso de Barros miranda Simão<br />

Tesoureiro: - Dr. Francisco da Silva Alves<br />

Vogais: - Dr. Afonso neves de paiva<br />

- Dr. José Daniel tavares de Carvalho<br />

FigurA 183<br />

CARTA DE JAIME DE MAGALHÃES ELOGIANDO ALBERTO MENDONÇA<br />

O Dr. JAimE DE OliVEirA mAgAlHÃES, foi o segun<strong>do</strong> presidente<br />

da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e de Bronco-Esofagologia, no biénio de 1956/1957,<br />

depois de, no biénio anterior, ter si<strong>do</strong> seu Vice-presidente.<br />

nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> Caldas de Arêgos <strong>em</strong> 1 de Abril de 1893, fez<br />

o curso liceal <strong>em</strong> lamego, frequentan<strong>do</strong> a seguir a Escola<br />

médica <strong>do</strong> porto, onde terminou o curso <strong>em</strong> 1921, com<br />

elevada classificação.<br />

inicialmente dedicou-se à Especialidade de Estomatologia,<br />

mas, aconselha<strong>do</strong> pelo professor Doutor teixeira Bastos,<br />

foi estagiar durante um ano <strong>em</strong> Bordéus, no Serviço<br />

de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Saint-André, dirigi<strong>do</strong><br />

pelo então Catedrático daquela Especialidade, o professor<br />

moure. Aí se relacionou e se ligou de amizade com<br />

o professor georges portmann, amizade que viria a cultivar<br />

durante toda a sua vida, sen<strong>do</strong> raro o ano <strong>em</strong> que não<br />

ia a Bordéus de visita.<br />

regressa<strong>do</strong> a portugal, começou a exercer clínica Otorrinolaringológica<br />

<strong>em</strong> acumulação com Estomatologia; progressivamente<br />

foi aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> esta última, passan<strong>do</strong> a<br />

dedicar-se exclusivamente à Otorrinolaringologia.<br />

prestou a sua colaboração a diversos hospitais <strong>do</strong> norte,<br />

nomeadamente <strong>em</strong> lamego, resende e paredes.<br />

Em 1937 foi convida<strong>do</strong> para reger o Curso de Otorrinolaringologia<br />

da Faculdade de medicina <strong>do</strong> porto, actividade que<br />

exerceu durante 8 anos no <strong>Hospital</strong> geral de Santo António.<br />

Foi o primeiro Director da Especialidade de Otorrinlaringologia<br />

<strong>do</strong>s Serviços médico-Sociais <strong>do</strong> porto, ten<strong>do</strong> ocupa<strong>do</strong><br />

este cargo até 1968.


FigurA 184<br />

MANUAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

DE JAIME MAGALHÃES EM 1943<br />

FigurA 185<br />

REVISTA “CLÍNICA, HIGIENE E HIDROLOGIA” MAIS DOIS NÚMEROS TOTALMENTE DEDICADOS À <strong>ORL</strong><br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl 167<br />

Deixou valiosa bibliografia, nomeadamente um manual<br />

para uso de estudantes, <strong>em</strong> que, com notável clareza e<br />

bom senti<strong>do</strong> didáctico, se expõ<strong>em</strong> as grandes síndromes<br />

da Especialidade. publicou alguns trabalhos no Boletim<br />

da Sociedade. Faleceu <strong>em</strong> 1994.<br />

nos meses de Agosto e Set<strong>em</strong>bro de 1956 vão sair <strong>do</strong>is<br />

números da revista “ClÍniCA, HigiEnE E HiDrOlOgiA” os<br />

nº 8 de Agosto de 1956 (Ano XXii) e nº 9 de Set<strong>em</strong>bro de<br />

1956 (Ano XXii) dedica<strong>do</strong>s à Otosclerose.<br />

no nº 9 encontro um artigo de guilHErmE pEnHA, intitula<strong>do</strong><br />

“OtOSClErOSE - AlgunS COnCEitOS ACErCA DA<br />

SuA pAtOgEniA E trAtAmEntO” e com o subtítulo “FEnEStrAÇÃO<br />

- CASOS OpErADOS ACErCA DE 8 AnOS.” O<br />

artigo revê os conceitos sobre etiopatogenia, à luz <strong>do</strong>s conhecimentos<br />

da época, faz várias referências a Beethoven<br />

e à sua autópsia, dizen<strong>do</strong> que <strong>em</strong> 17 de março de 1827, o<br />

Dr. Johann Wagner fez a seguinte observação: “As células<br />

da Apófise Mastóide de Beethoven estavam revestidas por<br />

uma mucosa fort<strong>em</strong>ente congestionada, notan<strong>do</strong>-se a<br />

mesma congestão no roche<strong>do</strong>, que tinha uma rede sanguínea<br />

muito acentuada, sobretu<strong>do</strong> a nível <strong>do</strong> caracol, cuja lâmina<br />

se apresentava vermelha…” Sen<strong>do</strong> esta observação<br />

uma prova de que Beethoven teria otosclerose, e seria<br />

essa a causa da sua Surdez, guilherme penha continua o<br />

seu artigo com a descrição <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente opera<strong>do</strong> por Bárány<br />

<strong>em</strong> 8 de Agosto de 1910, que no decurso de uma cirurgia<br />

mastoideia, trepanou acidentalmente o canal s<strong>em</strong>icircular<br />

posterior, e o <strong>do</strong>ente, como a cirurgia era sob anestesia<br />

local, referiu que tinha começa<strong>do</strong> a ouvir.


168 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

A parte que eu considero mais interessante <strong>do</strong> artigo <strong>em</strong><br />

termos históricos é o capítulo final <strong>em</strong> que guilherme<br />

penha afirma:<br />

“Ultimamente t<strong>em</strong>os procura<strong>do</strong> acompanhar as modernas<br />

orientações da cofocirurgia que completam e mesmo dispensam,<br />

com enorme vantag<strong>em</strong>, a fenestração, t<strong>em</strong>os desta<br />

operação uma prática que v<strong>em</strong> desde a nossa ida aos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1946. Com efeito, logo que a fenestração se<br />

começou a difundir, fomos fazer um largo estágio naquele<br />

país.” Refere depois os locais por onde passou: “Depois de<br />

frequentarmos regularmente o Curso de L<strong>em</strong>pert no seu Endaural<br />

Institut de Nova Iorque, visitámos os Serviços de<br />

Shambaugh <strong>em</strong> Chicago, as clínicas <strong>do</strong>s <strong>Prof</strong>essores Schall e<br />

Meltzer no Massachussets Eye and Ear Infirmary, de Boston.<br />

O Dr. Howard House de Los Angeles, e <strong>em</strong> Washington, a clínica<br />

<strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Proetz, onde trabalhámos <strong>em</strong> íntima colaboração<br />

com os cientistas Hallowel Davis e Silverman no modelar<br />

“Central Institute for the Deaf” e ainda fomos à Clínica Mayo<br />

visitar os serviços de Williams e Figi. De regresso a Coimbra<br />

e prepara<strong>do</strong> o serviço para esta nova cirurgia e pretenden<strong>do</strong><br />

a<strong>do</strong>ptar a via Endaural que aprendêramos, tiv<strong>em</strong>os a maior<br />

prudência na selecção de casos para esta técnica, relativamente<br />

mal conhecida na Europa.<br />

Ten<strong>do</strong> efectua<strong>do</strong> a primeira fenestração, seguin<strong>do</strong> a técnica<br />

de L<strong>em</strong>pert-Shanbaug, tal como já publicámos (no artigo-<br />

Contribuição para o tratamento da Surdez - Coimbra Editora<br />

-1950), limitar-nos-<strong>em</strong>os a registar os casos opera<strong>do</strong>s por<br />

nós há cerca de 8 anos.”<br />

Como este artigo foi publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1856 - concluo que guilherme<br />

penha efectuou as primeiras Fenestrações <strong>em</strong> 1948,<br />

logo terá si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s primeiros a fazê-lo <strong>em</strong> portugal.<br />

Ainda no nº 9 é publica<strong>do</strong> o Discurso inaugural <strong>do</strong> Biénio<br />

académico 1955/1957 da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e de Bronco-Esofagologia pelo Dr. Jaime<br />

de magalhães.<br />

um artigo que penso ser notável, pois d<strong>em</strong>onstra o espírito<br />

que possuíam os pioneiros da nossa Sociedade, é o<br />

artigo <strong>do</strong> Dr. AFOnSO DE pAiVA (1914 - 2010) incluí<strong>do</strong> na<br />

mesma revista “ClÍniCA, HigiEnE E HiDrOlOgiA” o nº 9<br />

de Set<strong>em</strong>bro de 1956 (Ano XXii), intitula<strong>do</strong>:<br />

“PORQUE APLAUDO A CRIAÇÃO<br />

DA NOSSA SOCIEDADE”<br />

“S<strong>em</strong> visos da falsa modéstia e s<strong>em</strong> qualquer espécie de ironia,<br />

reconheço s<strong>em</strong> esforço, franca e honestamente, que me foi<br />

concedi<strong>do</strong> um extraordinário privilégio, só por ter vin<strong>do</strong> dizer<br />

a esta sessão algumas palavras de elogio, sobre as virtudes e as<br />

vantagens que representa para to<strong>do</strong>s, a nossa Sociedade, a<br />

Jov<strong>em</strong> “Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia e<br />

Bronco-Esofagologia” mas e sobr<strong>em</strong>aneira, para aqueles que<br />

viv<strong>em</strong>os fora e longe, <strong>do</strong>s grandes centros, afasta<strong>do</strong>s, portanto,<br />

<strong>do</strong>s meios científicos e mesmo técnicos, onde, anteriormente,<br />

não chegava o grão da cultura deste ramo da Medicina portuguesa<br />

e muito menos aquela necessária curiosidade de<br />

saber, e a indispensável inquietação espiritual ou ânsia que<br />

FigurA 186<br />

DR. AFONSO PAIVA (1914 - 2010)<br />

atiça a inteligência, através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> teórico e prático - observan<strong>do</strong><br />

e experimentan<strong>do</strong>...<br />

Constrangi<strong>do</strong>, porêm, aceitei o pesa<strong>do</strong> privilégio, porquanto,<br />

<strong>em</strong> verdade, sinto não possuir estilo harmonioso, elegante e<br />

simples, capaz de poder captar a atenção de V. Ex.as deleitan<strong>do</strong>-os<br />

um pouco é n<strong>em</strong> ao menos saber suprir com astuta<br />

ou brilhante dialética a <strong>do</strong>utrina, das sínteses das grandes<br />

ideias e <strong>do</strong>s básicos princípios, das ciências e das artes.<br />

Ai de mim, na<strong>do</strong> e cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> um <strong>do</strong>s contrafortes da Estrela,<br />

agarra<strong>do</strong> à terra e desta não poder voar às alturas que as<br />

águias ating<strong>em</strong> rústico campesino, a enfrentar um selecto<br />

auditório que me confunde e me at<strong>em</strong>oriza.<br />

Que b<strong>em</strong> que mal, e porque não me foi possível recusar a distinção<br />

e honra que me concederam, eis-me chega<strong>do</strong> a esta<br />

sala e a este ambiente de claridade e de altitude, nesta cidade<br />

das sete colinas, onde a terra acaba e o mar começa. Fujo ou<br />

tento fugir, <strong>do</strong>s abismos vertiginosos, das neves, que me cercam<br />

e já agora começam a amortalhar as ravinas e os cumes<br />

das montanhas, da solidão <strong>do</strong>s longos espaços, procuran<strong>do</strong><br />

caminhar por esta estrada que me liga ao mun<strong>do</strong>.<br />

Desculpe-se e tolere-se, por isso, o bisonho palra<strong>do</strong>r que promete<br />

ser breve e o menos maça<strong>do</strong>r possível<br />

Os probl<strong>em</strong>as que transcend<strong>em</strong> a própria Ética profissional<br />

preocupam-me; há manifestadas inquietações na minha<br />

alma uma tendência amorosa me inspira a fazer mais e melhor,<br />

s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> um crescente elevação moral, mais ou<br />

menos inteligível e entendida, mais ou menos conceituosa<br />

e formal.


Os progressos médicos são de tal forma palpáveis, clarividentes,<br />

assombrosos e extraordinários que, a morte, é o<br />

termo natural <strong>do</strong> isolamento.<br />

Sociedades, agrupamentos, congressos, imprensa, conferências<br />

- principalmente médicas - são janelas rasgadas para<br />

o acanha<strong>do</strong> e raro mun<strong>do</strong>, <strong>do</strong> clínico, que vive ou vegeta por<br />

esse país fora, aman<strong>do</strong> e sofren<strong>do</strong> <strong>em</strong> prol <strong>do</strong>s seus pobres<br />

<strong>do</strong>entes.<br />

É proposição evidente que to<strong>do</strong> o hom<strong>em</strong> t<strong>em</strong> de viver <strong>em</strong><br />

sociedade; o médico, portanto, não pode isolar-se <strong>do</strong>s homens<br />

e principalmente <strong>do</strong>s outros médicos. Como poderia<br />

apaixonar-se por casos que nunca viu ou tratou como havia<br />

de resolver to<strong>do</strong>s os probl<strong>em</strong>as s<strong>em</strong> o conselho, a indicação,<br />

o apoio, e a sapiência <strong>do</strong>s maiores?<br />

A <strong>do</strong>ença, é inegável, na sua forma clínica, não é imutável,<br />

sofre transformações.<br />

Essas variações ou transformações, ating<strong>em</strong> no momento<br />

actual <strong>em</strong> plena era antibiótica, as mais extraordinárias mutações.<br />

To<strong>do</strong>s nós sab<strong>em</strong>os por ex<strong>em</strong>plo, que a pneumonia<br />

franca lobar quase desapareceu da prática jornaleira; a mastoidite<br />

aguda é uma raridade, a tuberculose laríngea vai<br />

apressadamente a caminho <strong>do</strong>s arquivos, utópico, estulto e<br />

pernicioso, portanto, é o isolamento <strong>do</strong>s homens, <strong>do</strong>s amigos,<br />

<strong>do</strong>s colegas.<br />

Por isso a nossa sociedade é realista, sábia, progressiva e encontra-se<br />

ao serviço de to<strong>do</strong>s aqueles que amam e serv<strong>em</strong><br />

este ideal.<br />

Cada um de nós, com brilhante archote ou pequeno luzeiro,<br />

prégan<strong>do</strong> o trabalho, a dedicação e o entusiasmo - to<strong>do</strong>s a<br />

contribuir para o prestígio da Sociedade.<br />

Será um movimento <strong>em</strong> labareda, uma generosa, afectiva e<br />

altruista cruzada, a b<strong>em</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes, a b<strong>em</strong> <strong>do</strong> País. Porta<strong>do</strong>res,<br />

cada um de nós, da mesma chama, reunimo-nos de<br />

vez <strong>em</strong> quan<strong>do</strong> para recebermos baforadas de ar fresco <strong>em</strong><br />

nossos pulmões satura<strong>do</strong>s de rotina, de maledicência e<br />

mesmo de autolatria. S<strong>em</strong> estas indispensáveis reuniões periódicas,<br />

como ver e aprender, como educar os senti<strong>do</strong>s e disciplinar<br />

a vontade, como fugir ao confrange<strong>do</strong>r isolamento<br />

<strong>em</strong> que, normalmente, viv<strong>em</strong>os?!<br />

É legítima a ambição da nossa Sociedade <strong>em</strong> nos aglutinar<br />

de uma poderosa contribuição e expansão da cultura médica<br />

especialmente no ramo que professamos.<br />

Trata-se de uma Sociedade natural e humana e, por conseguinte,<br />

não pode n<strong>em</strong> deve endeusar-se, não tolera a afectação<br />

e o pedantismo, repele o farisaísmo e, <strong>em</strong> oposição, só<br />

considera e respeita os melhores, isto é, os mais sábios e os<br />

mais dignamente humanos.<br />

Também a Sociedade não critica por derrotismo, não louva<br />

por subserviência, não intervém na discussão de um assunto<br />

que ignora. Cultiva o saber, o aprumo profissional e a amizade<br />

entre os sócios.<br />

Não foi acidentalmente, n<strong>em</strong> por acaso, que a Sociedade<br />

surgiu, impôs-se como urgente necessidade e, tanto assim,<br />

que v<strong>em</strong> crescen<strong>do</strong>, num entusiasmo juvenil, por velhos e<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

novos, das grandes e pequenas regiões, de perto e de longe,<br />

no ardente desejo de algo ensinar e, de algo também aprender;<br />

une, ensina, vulgariza; é científica e lúcida; t<strong>em</strong> bom<br />

senso, não foi criada por um, mas por vários e nela (Sociedade)<br />

pod<strong>em</strong> entrar os de boa vontade; é uma construção<br />

<strong>em</strong> que to<strong>do</strong>s e cada um têm uma pedra e um assento. Os<br />

sócios norteam-se por um alto ideal, diminuir ou extinguir o<br />

sofrimento <strong>do</strong> próximo, <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente. Orienta-nos para o rigor<br />

científico e defende-nos da cristalização; cria uma elite.<br />

Antes e depois <strong>do</strong> Séc. de Péricles, na velha Grécia, houve gloriosa<br />

e r<strong>em</strong>ota Atenas, escolas <strong>em</strong> que a discussão era livre,<br />

<strong>em</strong> que a crítica era apreciada; alguns filósofos eram médicos<br />

e to<strong>do</strong>s os médicos tinham uma cultura filosófica e, por<br />

vezes, eram ainda humanistas!<br />

A Medicina <strong>em</strong>ancipa-se. Deixa de ser crendice, superstição,<br />

me<strong>do</strong> e passa a ser uma ciência e uma arte.<br />

Hipócrates, de Cós, o “Divino” foi mestre de Medicina e criou<br />

discípulos teóricos, cientistas e artistas - <strong>em</strong> sociedade de<br />

professor e alunos.<br />

Um outro grego, quiçá menos brilhante, Galeno, com princípios,<br />

teses ou actuações um pouco diferentes ou mesmo<br />

de divergentes concepções, cria a sua Escola, a sua Sociedade.<br />

Qualquer destes grandes, deslocam-se, ensinam, medicam,<br />

procuram acertar... e não se entronizam nas suas torres de<br />

marfim, não se isolam.<br />

E foi s<strong>em</strong>pre assim até nossos dias.<br />

Roberto Koch, um anónimo ou desconheci<strong>do</strong> sai da sua aldeia,<br />

encosta<strong>do</strong> ao seu bordão, a caminho de Breslau, com<br />

as suas bactérias, e mais adiante até Berlim, onde já pontificava<br />

Vinchow. Em 24 de Março de 1882, <strong>em</strong> um dia <strong>do</strong>entio<br />

e chuvoso, no começo de uma Primavera triste, <strong>em</strong> uma sociedade<br />

médica legou directamente à assistência, este pobre<br />

aldeão, uma das maiores revelações de to<strong>do</strong>s os t<strong>em</strong>pos a<br />

descoberta <strong>do</strong> bacilo que havia de imortalizar o seu nome.<br />

Claude Bernard populariza a Medicina experimental. Na<br />

Acad<strong>em</strong>ia de Ciências, na Acad<strong>em</strong>ia de Medicina, e na Sociedade<br />

Biológica, deixa um rasto <strong>do</strong> seu fulgor e <strong>do</strong> seu extraordinário<br />

labor. Reúne-se s<strong>em</strong>analmente com Renam e<br />

Bertholet, trocan<strong>do</strong> impressões e corrigin<strong>do</strong> defeitos. Ele<br />

sabe que a experiência é a mãe das ciências e das artes, recalcan<strong>do</strong><br />

para segun<strong>do</strong> plano a arte de b<strong>em</strong> observar, de<br />

meditar e de estudar. Não ama o isolamento...<br />

Virchow, lutou, escreveu, criou jornais e fun<strong>do</strong>u a Sociedade<br />

Al<strong>em</strong>ã de Antropologia.<br />

Lister frequenta assiduamente a Associação Inglesa de Medicina<br />

e apresenta-lhe o princípio da antissépsia.<br />

Deulafov, nos fins <strong>do</strong> último século, pontifica na Acad<strong>em</strong>ia<br />

Francesa.<br />

Foi também numa Acad<strong>em</strong>ia que Pasteur, corajosa e heroicamente,<br />

contra as objecções de alguns, o desdém de outros<br />

e a rotina da maioria, expõe as suas <strong>do</strong>utrinas, legan<strong>do</strong> à<br />

posteridade o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s infinitamente pequenos.<br />

169


170 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

Laennec, Pavlov, Cagal, Brown Séquard, os Curie, Egas Moniz<br />

e tantos, vão às Sociedades, apresentam e defend<strong>em</strong> pontos<br />

de vista, que os imortalizam, aos seus nomes, às suas<br />

épocas e às suas pátrias.<br />

Em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, e desde s<strong>em</strong>pre o Médico, se reúne e aglotina<br />

<strong>em</strong> Sociedades.<br />

Glória e honra à nossa “Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Bronco-Esofagologia”, que continua manten<strong>do</strong><br />

no plano primeiro o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente. Não quer<br />

apenas saber teórico e científico. Cria, como disse, uma élite<br />

com um ideal.<br />

Ao judicioso equilíbrio da observação, da investigação, da<br />

experiência, <strong>do</strong> bom senso, <strong>do</strong> espírito prático, <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

relevo e das proporções, dev<strong>em</strong>os a grandeza da nossa Querida<br />

Sociedade.<br />

Não é pedante, é prudente, é equilibrada, é útil e indispensável<br />

para qu<strong>em</strong> moureja longe <strong>do</strong>s grandes hospitais e das<br />

melhores clínicas.<br />

Avante, pois, “Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Bronco-Esofagologia”. Com fé, com esperança, com<br />

alegria, olhan<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> frente caminhan<strong>do</strong> para o futuro<br />

s<strong>em</strong> apreensões, inspiran<strong>do</strong> os novos para maior beleza,<br />

para maior fraternidade, para novas audácias, para<br />

honra, orgulho e glória de to<strong>do</strong>s nós.<br />

E quase já a findar, perguntarei se vale a pena sacrifícios, dispêndios<br />

de energias, perda de t<strong>em</strong>po e intenções por vezes<br />

mal compreendidas?<br />

Dir<strong>em</strong>os como o Poeta: “Vale s<strong>em</strong>pre a pena quan<strong>do</strong> a alma<br />

não é pequena”.<br />

A ASSEmBlEiA EXtrAOrDinÁriA<br />

DA SOCiEDADE DE 1957<br />

FigurA 187<br />

MOMENTO DE DESCONTRAÇÃO DOS DRS. SILVA ALVES, ALBERTO MENDONÇA<br />

E CAMPOS HENRIQUES DURANTE A REUNIÃO DA SP<strong>ORL</strong> EM 1957<br />

FigurA 188<br />

REUNIÃO NA SP<strong>ORL</strong> NA ORDEM DOS MÉDICOS EM 1958<br />

Em 9 de Junho de 1957 realizou-se uma Ass<strong>em</strong>bleia Extraordinária<br />

da Sociedade sob a presidência <strong>do</strong> Dr. Jaime<br />

magalhães na cidade da guarda e é aprovada uma mudança<br />

<strong>do</strong>s Estatutos nos quais se retira o artigo nº 13 que<br />

referia o seguinte:<br />

“O primeiro presidente da Sociedade será eleito pela Ass<strong>em</strong>bleia-Geral.<br />

Seguidamente, <strong>em</strong> cada biénio, passará a ocupar<br />

o lugar de Presidente a individualidade que já exercia o<br />

cargo de Vice-Presidente”.<br />

na nova redacção, to<strong>do</strong>s os m<strong>em</strong>bros da Direcção passam<br />

a ser eleitos pela Ass<strong>em</strong>bleia-geral, poden<strong>do</strong> ser reeleitos.<br />

no entanto, foi ressalva<strong>do</strong> que os anteriores<br />

Estatutos ainda se aplicavam à antiga Direcção, salvaguardan<strong>do</strong><br />

a futura nomeação <strong>do</strong> Dr. Costa Quinta como<br />

futuro presidente.<br />

no dia 15 de março de 1958, na Sede da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos<br />

realizou-se sob a presidência <strong>do</strong> Dr. Jaime de Oliveira<br />

magalhães nova Ass<strong>em</strong>bleia-geral com o intuito de aprovar<br />

as contas e eleger a nova Direcção.<br />

Em face <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s foi eleita a nova Direcção para o<br />

Biénio 1958/1959, que ficou assim constituída:<br />

DirECÇÃO pArA O BiÉniO 1958/1959<br />

Presidente: - Dr. António Costa Quinta<br />

Vice-Presidente: - Dr. Joaquim magalhães Barbosa<br />

Secretário-Geral: - Dr. Afonso Barros miranda Simão<br />

Tesoureiro: - Dr. José maria torra<strong>do</strong> Barroso<br />

Vogais: - Dr. Afonso Ferreira da Costa<br />

- Dr. Fernan<strong>do</strong> marques <strong>do</strong> nascimento<br />

O Dr. AntÓniO mAnuEl COStA QuintA nasceu <strong>em</strong> 1908<br />

na Sobreda da Caparica e terminou a licenciatura na Faculdade<br />

de medicina de lisboa <strong>em</strong> 1935. Em 1936 e 1937<br />

foi Assistente de Broncologia no T<strong>em</strong>ple University <strong>Hospital</strong><br />

de Filadélfia e no ano seguinte exerceu as funções de<br />

Assistente de Orl no “Hôpital necker-Enfants malades”


FigurA 189<br />

DR. ANTÓNIO COSTA QUINTA (1908 - 1970)<br />

FigurA 191<br />

FigurA 190<br />

LIVRO SOBRE TUBERCULOSE COM UM CAPÍTULO<br />

SOBRE BRONCOSCOPIA PELO DR. COSTA QUINTA - 1950<br />

O DR. COSTA QUINTA TINHA UM LIVRO DE HONRA NO QUAL AS GRANDES FIGURAS DA MEDICINA QUE VINHAM A PORTUGAL<br />

DEIXAVAM A SUA ASSINATURA<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

171


172 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 192<br />

1 - COSTA QUINTA COM CÉSARD BERTRAND • 2 - REUNIÃO DA SOC. ANDALUZA EM 1955 • 3 - COSTA QUINTA COM GARCIA TAPIA • 4 - COSTA QUINTA COM E. SCOLA<br />

FigurA 193<br />

LIVRO DE COSTA QUINTA DE 1941<br />

FigurA 194<br />

NÚMERO ESPECIAL DO JORNAL DA SOCIEDADE DAS CIÊNCIAS MÉDICAS DEDI-<br />

CADO À SECÇÃO DE OTO-RINO-LARINGOLOGIA, AUDIOLOGIA E FONOLOGIA


de paris. regressan<strong>do</strong> a lisboa fez o internato geral <strong>do</strong>s<br />

HCl, frequentan<strong>do</strong> simultaneamente o Serviço de Orl <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de S. José.<br />

tornou conhecidas e divulgou entre nós as técnicas<br />

bronco-esofagoscópicas de Chevalier-Jackson. Em 1943<br />

foi mobilisa<strong>do</strong>, seguin<strong>do</strong> para o Funchal, onde permaneceu<br />

2 anos, durante os quais criou, organizou e dirigiu o<br />

Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da misericórdia. Ao voltar para<br />

lisboa, foi convida<strong>do</strong> para dirigir o Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

infantil de S. roque da Santa Casa da misericórdia.<br />

Visitou d<strong>em</strong>oradamente as principais clínicas otorrinolarinológicas<br />

da Europa e das Américas, ten<strong>do</strong> regi<strong>do</strong> cursos<br />

de Broncologia <strong>em</strong> algumas delas, nomeadamente <strong>em</strong><br />

França, Espanha e Argentina. Foi Broncologista <strong>do</strong> Sanatório<br />

<strong>do</strong> Caramulo. Organizou o iii Congresso internacional<br />

de Broncologia efectua<strong>do</strong> <strong>em</strong> lisboa. nessa reunião,o<br />

Dr. António Costa Quinta foi eleito presidente da Sociedade<br />

internacional de Bronco-Esofagologia. Foi um <strong>do</strong>s<br />

funda<strong>do</strong>res da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Bronco-Esofagologia, de cuja criação foi mesmo<br />

o principal impulsiona<strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong> seu presidente no biénio<br />

de 1958/1959. participou <strong>em</strong> numerosos Congressos<br />

internacionais e é muito copiosa a bibliografia que deixou<br />

e se encontra dispersa <strong>em</strong> livros e revistas. Faleceu<br />

<strong>em</strong> 1970.<br />

Em março de 1958 vai sair um número especial <strong>do</strong> Jornal<br />

da Sociedade das Ciências médicas dedica<strong>do</strong> à Secção de<br />

Oto-rino-laringologia, Audiologia e Fonologia.<br />

A DÉCADA DE 60<br />

Vai caber à Direcção que foi eleita no dia 5 de março de<br />

1960 na Sede da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos, <strong>em</strong> lisboa, o papel<br />

de grande dinamiza<strong>do</strong>ra da Sociedade com a realização<br />

de diversas manifestações científicas e a publicação <strong>do</strong><br />

Boletim Oficial <strong>do</strong> qual falar<strong>em</strong>os muitas vezes adiante.<br />

Foi assim eleita a seguinte Direcção para o Biénio<br />

1960/1961:<br />

DirECÇÃO pArA O BiÉniO 1960/1961<br />

Presidente: - Dr. Francisco Silva Alves<br />

Vice-Presidente: - Dr. Afonso neves de paiva<br />

Secretário-Geral: - Dr. Samuel ruah<br />

Secretário Adjunto: - Dr. Alberto Antunes<br />

Tesoureiro: - Dr. Arman<strong>do</strong> Santana leite<br />

Vogais: - Dr. João moniz nogueira<br />

- Dr. Augusto marinheiro Júnior<br />

O Dr. FrAnCiSCO DA SilVA AlVES nasceu <strong>em</strong> Vizela <strong>em</strong><br />

1910, licenciou-se pela Faculdade de medicina <strong>do</strong> porto<br />

<strong>em</strong> 1933. Fez os internatos geral e Compl<strong>em</strong>entar de Orl<br />

<strong>do</strong>s HCl, o último <strong>do</strong>s quais no Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. José, sob a orientação <strong>do</strong> Dr. Alberto men<strong>do</strong>nça.<br />

FigurA 195<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

DR. FRANCISCO DA SILVA ALVES EM 1934 E EM 1957<br />

Quan<strong>do</strong> terminou o internato Compl<strong>em</strong>entar foi reconduzi<strong>do</strong><br />

como interno contrata<strong>do</strong> além <strong>do</strong> quadro. Em<br />

1942, após aprovação <strong>em</strong> concurso de provas públicas, foi<br />

nomea<strong>do</strong> Assistente de Orl <strong>do</strong>s HCl e coloca<strong>do</strong> no Serviço<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s Capuchos. Em 1963<br />

ascendeu a Director de Serviço, situação que manteve até<br />

atingir o limite de idade <strong>em</strong> 1980. Foi Director de Orl <strong>do</strong>s<br />

Serviços médico-Sociais desde 1946. Foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res<br />

da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Bronco-Esofagologia e seu presidente durante 2 biénios<br />

segui<strong>do</strong>s (1960/1961 e 1962/1963). Durante o seu primeiro<br />

mandato tomou a iniciativa de promover a realização<br />

<strong>do</strong> i Congresso nacional de Orl (1961) a que presidiu.<br />

173


174 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 196<br />

O DR. SILVA ALVES AINDA ESTUDANTE DE ANATOMIA NO PORTO EM 1929<br />

participou <strong>em</strong> diversas reuniões internacionais, b<strong>em</strong><br />

como <strong>em</strong> cursos de aperfeiçoamento, nomeadamente<br />

<strong>em</strong> França e <strong>em</strong> Espanha. Era Sócio Honorário da Sociedade<br />

portuguesa de Otorrinolaringologia e de patologia<br />

Cérvico-Facial. Foi presidente da Sociedade de Otoneuro-Oftalmologia.<br />

A CriAÇÃO DO BOlEtim<br />

no ano de 1961 começa uma nova era da Otorrinolaringologia<br />

portuguesa com a publicação <strong>do</strong> BOlEtim, como<br />

órgão oficial da Sociedade. no editorial <strong>do</strong> primeiro número,<br />

o Dr. Silva Alves, presidente da Sociedade, escreveu<br />

as seguintes palavras:<br />

“A Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Broncoesofagologia<br />

inicia, com o presente volume, a publicação<br />

dum “Boletim Oficial”, no qual se registará a sua Vida associativa<br />

e será, assim o esperamos, mais um elo a unir a comunidade<br />

otorrinolaringológica portuguesa.<br />

T<strong>em</strong> ti<strong>do</strong> a nossa Especialidade altos valores a prestigiá-la e<br />

desde o pioneiro Alberto Men<strong>do</strong>nça até Carlos Larroudé, outros<br />

clínicos igualmente a servir<strong>em</strong>, com dedicação e competência.<br />

Todavia, creio poder afirmar, que nunca existiu entre nós, Otorrinolaringologistas,<br />

o indispensável espírito gregário, que present<strong>em</strong>ente<br />

se está afirman<strong>do</strong>, com bastante entusiasmo.<br />

A Direcção da nossa Sociedade t<strong>em</strong> procura<strong>do</strong> e procurará<br />

estimular este sentimento associativo e oxalá este Boletim<br />

possa ter a utilidade que se deseja.<br />

FigurA 197<br />

UM DOS NÚMEROS DO BOLETIM NO SEU FORMATO INICIAL


Para a “S<strong>em</strong>ana Médica que muito nos facilitou esta publicação,<br />

vão os nossos melhores agradecimentos.”<br />

O dinamismo da Direcção eleita levou a que foss<strong>em</strong> organizadas<br />

várias reuniões, entre as quais dev<strong>em</strong>os destacar a<br />

realização <strong>do</strong> 1º Congresso nacional de Otorrinolaringologia<br />

que se realizou entre 30 de nov<strong>em</strong>bro e 2 de Dez<strong>em</strong>bro,<br />

<strong>em</strong> lisboa no <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia.<br />

para termos uma ideia <strong>do</strong> dinamismo da Sociedade, apresentamos<br />

um resumo das actividades da Sociedade portuguesa<br />

de Otorrinolaringologia e Bronco-Esofagologia<br />

no Biénio 1960/1961.<br />

5 de Março de 1960 - reunião para apreciação <strong>do</strong> relatório<br />

<strong>do</strong> Secretário.<br />

Apreciação <strong>do</strong> relatório <strong>do</strong> tesoureiro. Eleição <strong>do</strong>s corpos<br />

dirigentes para 1960-1961.<br />

14 e 15 de Maio de 1960 - 1ª Sessão ordinária na Ord<strong>em</strong><br />

<strong>do</strong>s médicos <strong>em</strong> lisboa.<br />

Comunicações apresentadas:<br />

- Dr. moniz nogueira - um caso pouco vulgar de diplegia<br />

laríngea;<br />

- Dr. Samuel A. Bentes ruah - programa para o biénio;<br />

- Dr. César Vieira - tumor de células gigantes <strong>do</strong> maxilar<br />

superior.<br />

FigurA 198<br />

1ª SESSÃO ORDINÁRIA NA ORDEM DOS MÉDICOS<br />

EM LISBOA - MAIO DE 1960 - JANTAR NO RESTAURANTE MÓNACO<br />

FigurA 199<br />

SESSÃO DA SP<strong>ORL</strong> EM FARO EM 1961<br />

Foram projecta<strong>do</strong>s filmes científicos cedi<strong>do</strong>s pela Casa San<strong>do</strong>z<br />

- “lA CHirurgiE DE lA SurDitÉ” e “prOgrÉS En En-<br />

DOSCOpiE”. O Dr. C. miguéis fez o comentário <strong>do</strong>s filmes.<br />

3 e 4 de Dez<strong>em</strong>bro de 1960 - 2ª Sessão na Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s<br />

médicos no porto.<br />

O t<strong>em</strong>a da reunião foi: “A OtitE DO lACtEntE”.<br />

Apresenta<strong>do</strong> por - Drs. Afonso Ferreira da Costa, Barata<br />

Salgueiro e Orlan<strong>do</strong> Afonso<br />

Comenta<strong>do</strong> por - Drs. Samuel ruah, moniz nogueira e<br />

Alvarenga de Andrade<br />

Outras Comunicações apresentadas:<br />

- Dr. Cidrais rodrigues - repercussões gerais da otite <strong>do</strong><br />

lactente;<br />

- Dr. nobre leitão - A situação actual da cirurgia <strong>do</strong> estribo no<br />

tratamento da surdez por anquilose estape<strong>do</strong>vestibular.<br />

27 e 28 de Maio de 1961 - 3ª Sessão, <strong>em</strong> Faro.<br />

Comunicações apresentadas:<br />

- Dr. Borges de Sena - tratamento médico das sinusites<br />

agudas;<br />

- Dr. moniz nogueira - tratamento médico das sinusites<br />

crónicas;<br />

- Dr. moniz nogueira - Criação de um sist<strong>em</strong>a de rastreio<br />

na surdez infantil;<br />

- Dr. lídio <strong>do</strong> Amaral - tratamento cirúrgico das sinusites<br />

crónicas.<br />

De 30 de Nov<strong>em</strong>bro a 2 de Dez<strong>em</strong>bro 1961 realizou-se<br />

a 4ª Sessão que correspondeu ao 1º Congresso português<br />

de Otorrinolaringologia.<br />

i COngrESSO pOrtuguÊS<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

A realização <strong>do</strong> i COngrESSO pOrtuguÊS DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

vai ficar como um marco nas realizações<br />

científicas da Otorrinolaringologia portuguesa, não<br />

só porque foi o primeiro, mas porque abriu a porta às múltiplas<br />

manifestações científicas que se realizaram daí <strong>em</strong><br />

diante. O discurso inaugural foi proferi<strong>do</strong> pelo presidente<br />

da Sociedade, Dr. Francisco da Silva Alves <strong>em</strong> 30-11-1961.<br />

FigurA 200<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

O I CONGRESSO PORTUGUÊS DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

NO SALÃO NOBRE DO H. S. JOSÉ 30 NOVEMBRO DE 1961<br />

175


176 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 201<br />

DURANTE O I CONGRESSO PORTUGUÊS DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

FigurA 202<br />

RELATÓRIO DO I CONGRESSO PORTUGUÊS DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

FigurA 203<br />

SESSÃO DE TRABALHOS DURANTE O I CONGRESSO PORTUGUÊS DE OTORRINO-<br />

LARINGOLOGIA<br />

Durante este congresso cujo t<strong>em</strong>a foi a “SURDEZ TRAU-<br />

MÁTICA E PROFISSIONAL” foram apresenta<strong>do</strong>s diversos trabalhos<br />

que vale a pena recordar:<br />

1. Conceito, classificação da surdez traumática e profissional<br />

- Dr. Campos Henriques;<br />

2. Conceito da fisiologia da audição e da física <strong>do</strong> som<br />

- Dr. João Azeve<strong>do</strong>;<br />

3. O exame de audição na surdez traumática e profissional<br />

- Dr. Orlan<strong>do</strong> Afonso;<br />

4. A surdez nos traumatismos cranianos<br />

- Dr. Samuel ruah;<br />

5. A surdez nos traumatismos sonoros<br />

- Dr. rui penha;<br />

6. A surdez das variações de pressão<br />

- Dr. Barata Salgueiro;<br />

7. A surdez por explosão<br />

- Dr. Abel Correia;<br />

8. A surdez psicogénica <strong>em</strong> medicina <strong>do</strong> trabalho<br />

- Dr. César Vieira;<br />

9. A profilaxia da surdez traumática e profissional<br />

- Dr. nobre leitão;<br />

10. A desvalorização na surdez traumática e profissional<br />

- Dr. Barros Simão;<br />

11. La simulation auditive et son dépistage audiométrique<br />

- J. E. Fournier.<br />

FigurA 204<br />

I CONGRESSO PORTUGUÊS DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

CONFERÊNCIA DE J. E. FOURNIER<br />

A Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia e<br />

Bronco-Esofagologia estava finalmente a expandir-se; <strong>em</strong><br />

5 de março de 1960 o número de sócios titulares era de 53<br />

e o de sócios agrega<strong>do</strong>s de 4. no termo <strong>do</strong> mandato da direcção<br />

<strong>do</strong> biénio 1960/1961 o número de sócios titulares


era de 95 e o de agrega<strong>do</strong>s de 28, ou seja uma duplicação<br />

<strong>do</strong> número de sócios.<br />

no dia 2 de Dez<strong>em</strong>bro de 1961, tal como consta da acta nº 6<br />

<strong>do</strong> livro de actas da sociedade, é eleita a nova direcção.<br />

Em virtude da modificação <strong>do</strong>s estatutos, foi possível a<br />

reeleição <strong>do</strong> presidente fican<strong>do</strong> a Direcção para o biénio<br />

1962/1963 assim constituída:<br />

DirECÇÃO pArA O BiÉniO 1962/1963<br />

Presidente: - Dr. Francisco Silva Alves<br />

Vice-Presidente: - Dr. José Alvarenga de Andrade<br />

Secretário-Geral: - Dr. José António de Campos Henriques<br />

Secretário Adjunto:- Dr. Abel Fernandes Correia<br />

Tesoureiro: - Dr. Orlan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos Afonso<br />

Vogais: - Dr. Jaime Barbosa da Cruz Vaz portugal<br />

- Dr. José manuel Fernandes Car<strong>do</strong>so<br />

A Sociedade era constituída, tal como referia o seu artigo<br />

2º, por sócios honorários, sócios titulares, sócios correspondentes<br />

e sócios agrega<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> 1961 eram os seguintes<br />

os sócios honorários:<br />

Sócios Honorários<br />

- prof. Dr. Arman<strong>do</strong> de lacerda<br />

- prof. Dr. Francisco gentil<br />

- Dr. Alberto luís de men<strong>do</strong>nça<br />

Em 1962 houve sessões nas primeiras terças-feiras <strong>do</strong>s<br />

meses de Fevereiro, março, Abril, maio, Junho, Julho e Dez<strong>em</strong>bro.<br />

O número total de trabalhos apresenta<strong>do</strong>s foi de<br />

16.<br />

Em 1963 houve sessões nas primeiras terças-feiras <strong>do</strong>s<br />

meses de Janeiro, Fevereiro, março, maio e Julho, ten<strong>do</strong><br />

si<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>s 8 trabalhos. O núcleo <strong>do</strong> porto realizou<br />

uma sessão <strong>em</strong> Julho de 1963, <strong>em</strong> que foram apresenta<strong>do</strong>s<br />

3 trabalhos.<br />

realizaram-se 3 sessões plenárias, respectivamente <strong>em</strong><br />

lisboa, Coimbra e Castelo Branco.<br />

A sessão plenária de lisboa, <strong>em</strong> 1962, constou duma reunião<br />

conjunta da Sociedade com a Sociedade portuguesa<br />

de Anestesiologia. Foram expostos probl<strong>em</strong>as de interesse<br />

comum, que larga e proveitosamente se discutiram.<br />

Em Coimbra foi feita uma reunião conjunta com a Sociedade<br />

portuguesa de pediatria, abordan<strong>do</strong>-se o probl<strong>em</strong>a<br />

<strong>do</strong> anel de Waldeyer.<br />

FigurA 205<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

CARTA ENVIADA AOS SÓCIOS PELO DR. CAMPOS HENRIQUES<br />

SECRETÁRIO-GERAL EM 1962<br />

ii COngrESSO pOrtuguÊS<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

FigurA 206<br />

II CONGRESSO PORTUGUÊS DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

SESSÃO INAUGURAL - 1963<br />

177


178 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 207<br />

ACTAS DO II CONGRESSO PORTUGUÊS DE OTORRINOLARINGOLOGIA CUJO TEMA<br />

FOI “URGÊNCIAS EM OTORRINOLARINGOLOGIA”<br />

FigurA 209<br />

FigurA 208<br />

II CONGRESSO PORTUGUÊS DE <strong>ORL</strong>. DISCURSO INAUGURAL FOI PROFERIDO<br />

PELO DR. FRANCISCO DA SILVA ALVES<br />

II CONGRESSO PORTUGUÊS DE OTORRINOLARINGOLOGIA EM 1963<br />

1. HEnriQuES pErEirA 2. FErnAnDO AFOnSO 3. nElSOn gAmA E CAStrO 4. rui pEnHA 5. rOSAS DA COStA 6. AuguStO mArinHEirO 7. FrAnCiSCO<br />

pAlmA 8. CAmpOS HEnriQuES 9. mOniZ nOguEirA 10. AmÍlCAr CASEirO 11. SilVA AlVES 12. mOurÃO COrrEiA 13. JErEmiAS DA SilVA 14. rElVAS DE<br />

CArVAlHO 15. nASCimEntO FErrEirA 16. mEnDES VASCOnCElOS 17. FErrEirA DA COStA 18. HEnriQuE SOuDO 19. nOBrE lEitÃO 20. lÍDiO DO AmArAl<br />

21. ArmAnDO SAnt`AnnA lEitE


O II Congresso Português de Otorrinolaringologia cujo<br />

t<strong>em</strong>a foi “URGÊNCIAS EM OTORRINOLARINGOLOGIA” realizou-se<br />

no <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia de 14 a 17 de Nov<strong>em</strong>bro<br />

de 1963, <strong>do</strong>is anos após a realização <strong>do</strong> 1º Congresso.<br />

O discurso inaugural foi proferi<strong>do</strong> pelo Dr. FRANCISCO DA<br />

SILVA ALVES.<br />

Dos trabalhos apresenta<strong>do</strong>s neste congresso foi publica<strong>do</strong><br />

um relatório com 383 páginas patrocina<strong>do</strong> pela Fundação<br />

Calouste Gulbenkian.<br />

No BOLETIM DA SOCIEDADE desse ano vai aparecer a PU-<br />

BLICAÇÃO DOS ESTATUTOS NA SUA VERSÃO DEFINITIVA<br />

que tinha si<strong>do</strong> aprovada <strong>em</strong> Ass<strong>em</strong>bleia-Geral, realizada<br />

<strong>em</strong> 9 de Junho de 1957, na cidade da Guarda e submetida<br />

a aprovação ministerial; esta foi concedida por despacho<br />

<strong>do</strong> Sub-secretário de esta<strong>do</strong> da Educação Nacional<br />

<strong>em</strong> 28 de Dez<strong>em</strong>bro de 1957. Igualmente saiu publica<strong>do</strong><br />

o REGULAMENTO DOS PRÉMIOS a entregar anualmente.<br />

EXTRACTO DOS ESTATUTOS<br />

DA SOCIEDADE PORTUGUESA<br />

DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

E DE BRONCO-ESOFAGOLOGIA<br />

DE 1957<br />

TÍTULO I<br />

Objectivo, composição e condições de admissão<br />

Art. 1° - A SOCIEDADE PORTUGUESA DE OTORRINO-<br />

LARINGOLOGIA E DE BRONCO-ESOFAGOLOGIA,<br />

com sede <strong>em</strong> Lisboa na Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s Médicos, na<br />

Avenida da Liberdade nº 65, t<strong>em</strong> por objectivo<br />

reunir os médicos que se interessam pela realização<br />

comum de investigações científicas, clínicas<br />

e terapêuticas, dizen<strong>do</strong> respeito à especialidade.<br />

Art. 2º - A Sociedade é constituída por sócios honorários,<br />

sócios titulares, sócios correspondentes e sócios<br />

agrega<strong>do</strong>s.<br />

Art. 3º - Os sócios honorários são pessoas que à Sociedade,<br />

ou à especialidade, tenham presta<strong>do</strong> relevantes<br />

serviços. A sua qualidade dispensa-se de<br />

qualquer obrigação para com a Sociedade. Serão<br />

eleitos pela Ass<strong>em</strong>bleia-Geral, sob proposta da<br />

Direcção.<br />

Art. 4º - Só serão sócios titulares os médicos inscritos na<br />

Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s Médicos como Otorrinolaringologistas.<br />

Já com o regulamento aprova<strong>do</strong> foram entregues os PRÉ-<br />

MIOS DA SOCIEDADE NO BIÉNIO DE 1962/1963:<br />

O Prémio para Especialistas foi atribuí<strong>do</strong> ao Dr. AUGUSTO<br />

MARINHEIRO JÚNIOR pelo seu trabalho: “SÍNDROMES ÁL-<br />

GICAS DE URGÊNCIA EM <strong>ORL</strong>”.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL<br />

O Prémio para Estagiários foi atribuí<strong>do</strong> ao Dr. XEMBU<br />

RAUTO DESSAI pelo seu trabalho: “ESTADOS PRÉ-CANCE-<br />

ROSOS DA LARINGE”.<br />

Mensão Honrosa atribuída ao Dr. ANTÓNIO PINHO E<br />

MELO pelo seu trabalho: “FISIOLOGIA DO TECIDO LIN-<br />

FÓIDE E FISIO-PATOLOGIA DO ANEL DE WALDEYER”.<br />

Em Abril de 1963 a Sociedade sofreu o desgosto de ver<br />

desaparecer o seu primeiro Presidente, e Sócio Honorário,<br />

Dr. ALBERTO LUÍS DE MENDONÇA. Em sessão realizada<br />

<strong>em</strong> Maio de 1963 a Sociedade promoveu justa homenag<strong>em</strong><br />

à sua m<strong>em</strong>ória, como Hom<strong>em</strong> e como Cientista.<br />

A figura <strong>do</strong> Dr. Alberto Men<strong>do</strong>nça foi descrita pelos seguintes<br />

Otorrinolaringologistas:<br />

- O <strong>Prof</strong>. Carlos Larroudé, a figura mais representativa da<br />

Otorrinolaringologia Portuguesa e um <strong>do</strong>s seus primeiros<br />

Internos;<br />

- O Dr. Jaime de Magalhães, que apesar de exercer a sua<br />

actividade no Porto, com ele s<strong>em</strong>pre manteve estreitas<br />

relações de amizade;<br />

- O Dr. Barata Salgueiro, um <strong>do</strong>s seus primeiros discípulos<br />

e Director <strong>do</strong> Serviço (1963) por ele funda<strong>do</strong> no <strong>Hospital</strong><br />

Militar da Estrela;<br />

- O Dr. Samuel Ruah, o último Especialista que Alberto Men<strong>do</strong>nça<br />

formou e um <strong>do</strong>s que com ele mais t<strong>em</strong>po privou.<br />

Quan<strong>do</strong> O Dr. Alberto Men<strong>do</strong>nça atingiu o limite de idade<br />

o Enfermeiro-Mor <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José man<strong>do</strong>u louvá-lo<br />

pela ord<strong>em</strong> de serviço nº 3765 de 5 de Fevereiro de 1949 e<br />

que dizia assim:<br />

“O Senhor Dr. Alberto Luiz de Men<strong>do</strong>nça deixa amanhã, 6 de<br />

Fevereiro, por ter atingi<strong>do</strong> o limite de idade, o cargo de Director<br />

<strong>do</strong> Serviço n.º 8 <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, onde durante o<br />

t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que o exerceu foram inscritos 80.000 <strong>do</strong>entes, aos<br />

quais se deram mais de 500.000 consultas e tratamentos, e<br />

foram opera<strong>do</strong>s cerca de 20.000 <strong>do</strong>entes, <strong>do</strong>s quais 1.700 de<br />

grandes intervenções cirúrgicas e 225 de extracções de corpos<br />

estranhos <strong>do</strong> esófago. Sob a sua direcção ali fizeram a sua<br />

aprendizag<strong>em</strong> Médico-Cirúrgica Otorrinolaringológica, 45<br />

médicos, alguns <strong>do</strong>s quais são hoje Especialistas de renome.<br />

Pelos relevantes serviços que prestou tornou-se merece<strong>do</strong>r da<br />

Medalha de Ouro de bons serviços, a mais alta distinção hospitalar.<br />

Manifestan<strong>do</strong>-lhe o pesar desta Administração por vêlo<br />

afastar-se <strong>do</strong> exercício das suas funções, cumpre-me o dever<br />

de louvar o Senhor Dr. Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça pelo muito<br />

zelo, grande competência e inexcedível dedicação com que<br />

durante 43 anos serviu nestes Hospitais”.<br />

Em 1963 é formada uma COMISSÃO DE LOGO-AUDIOME-<br />

TRIA constituída pelos Drs. Campos Henriques, Nobre Leitão,<br />

Lídio <strong>do</strong> Amaral, Abel Correia e Orlan<strong>do</strong> Afonso sob a<br />

égide da Sociedade com o intuito de criar as bases da Audiometria<br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>; é elabora<strong>do</strong> um relatório <strong>em</strong> 1963.<br />

179


180<br />

HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 210<br />

RELATÓRIO DA COMISSÃO DE LOGO-AUDIOMETRIA<br />

Em 16 de nov<strong>em</strong>bro de 1963, é eleita a Direcção para o<br />

biénio 1964/1965 fican<strong>do</strong> assim constituída:<br />

DIRECÇÃO PARA O BIÉNIO 1964/1965<br />

Presidente: - Dr. João moniz nogueira<br />

Vice-Presidente: - Dr. A. Ferreira da Costa<br />

Secretário-Geral: - Dr. J. A. de Campos Henriques<br />

Secretário Adjunto: - Dr. Augusto marinheiro Júnior<br />

Tesoureiro: - Dr. lídio <strong>do</strong> Amaral<br />

Vogais: - Dr. Carlos miguéis<br />

- Dr. X<strong>em</strong>bu rauto Dessai<br />

O Dr. JOÃO mOniZ nOguEirA, era natural <strong>do</strong> torrão onde<br />

nasceu <strong>em</strong> 1911. licencia<strong>do</strong> pela Faculdade de medicina<br />

de lisboa <strong>em</strong> 1935. Foi Assistente <strong>do</strong> Dr. Ary <strong>do</strong>s Santos<br />

no <strong>Hospital</strong> da misericórdia de lisboa, quan<strong>do</strong> este clínico<br />

era encarrega<strong>do</strong> da regência <strong>do</strong> curso de Orl da Faculdade<br />

de medicina de lisboa. Em seguida foi, como bolseiro,<br />

para o Serviço <strong>do</strong> prof. george portmann <strong>em</strong><br />

Bordéus, onde ficou durante 1 ano. Em paris frequentou<br />

os Serviços <strong>do</strong>s profs. portmann, Veau e Dufourmental e<br />

<strong>em</strong> 1937 regressou a portugal, fixan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> Faro, de cujo<br />

<strong>Hospital</strong> foi nomea<strong>do</strong> Assistente. Visitou d<strong>em</strong>oradamente<br />

os Serviços <strong>do</strong> prof. Casadesus <strong>em</strong> Barcelona, <strong>do</strong> Dr. portela<br />

também <strong>em</strong> Barcelona e <strong>do</strong> prof. Antoli-Candela <strong>em</strong><br />

madrid. A partir de 1944 ficou inscrito como Especialista<br />

de Orl na Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos. Em 1945 foi mobilisa<strong>do</strong><br />

para prestar serviço militar <strong>em</strong> Cabo Verde, aí permane-<br />

FigurA 211<br />

DR. JOÃO MONIZ NOGUEIRA<br />

cen<strong>do</strong> durante 1 ano. Em 1970 foi integra<strong>do</strong> nas Carreiras<br />

médicas e coloca<strong>do</strong> no <strong>Hospital</strong> de Faro, como Director<br />

<strong>do</strong> Serviço de Orl. Em 1979 foi Director Clínico <strong>do</strong> mesmo<br />

<strong>Hospital</strong>. Foi presidente da Sociedade portuguesa de<br />

Otorrinolaringologia e Bronco-Esofagologia, de que é<br />

Sócio Honorário, organizou duas reuniões da Sociedade<br />

<strong>em</strong> Faro e uma reunião internacional de Audiologia na<br />

mesma cidade. Apresentou algumas comunicações não<br />

só nas reuniões da Sociedade como nos Congressos nacionais,<br />

a que assiste com muita assiduidade. inventou<br />

uma aparelhag<strong>em</strong> especial para provas calóricas.<br />

As actividades <strong>do</strong> ano de 1964 foram fundamentalmente<br />

as reuniões <strong>do</strong>s núcleos.<br />

no nÚClEO DE liSBOA houve sessões a 4 de Fevereiro,<br />

<strong>em</strong> 3 de março <strong>em</strong> 7 de Abril, e <strong>em</strong> 7 de Julho de 1964.<br />

na sessão de 3 de março, antes da ord<strong>em</strong> da noite, o Dr.<br />

Campos Henriques deu conhecimento de que tinham já<br />

si<strong>do</strong> recebidas respostas <strong>em</strong> número suficiente para permitir<br />

escolher o t<strong>em</strong>a <strong>do</strong> relatório para o iii COngrESSO<br />

pOrtuguÊS DE OtOrrinOlAringOlOgiA. Da<strong>do</strong> que a<br />

maior preferência foi para a “patologia <strong>do</strong> nervo Facial”,<br />

seria este o t<strong>em</strong>a <strong>do</strong> relatório. Como ver<strong>em</strong>os mais<br />

adiante, este congresso que deveria ter lugar <strong>em</strong> luanda<br />

acabou por nunca se realizar.<br />

no dia 20 de Abril de 1964, sob o patrocínio desta Sociedade,<br />

o prof. JuStO AlOnSO, de montevideo, proferiu<br />

uma conferência subordinada ao título: “CirÚrgiA Fun-<br />

CiOnAl nO CAnCrO DA lAringE”, no Auditório <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de D. Estefânia.<br />

O nÚClEO DO pOrtO realizou no dia 26 de maio desse<br />

ano, na Secção regional da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos, uma sessão,<br />

presidida pelo Dr. Ferreira da Costa, secretária<strong>do</strong><br />

pelos Drs. Jaime magalhães e Silva Alves.


FigurA 212<br />

O III CONGRESSO PORTUGUÊS DE OTORRINOLARINGOLOGIA EM 1965 - OS CONGRESSISTAS NO HOSPITAL DE D. ESTEFÂNIA<br />

O Dr. macha<strong>do</strong> Aires comunicou um caso de mastoidite<br />

têmpora-zigomática que apresentava difíceis probl<strong>em</strong>as<br />

de diagnóstico e de tratamento. Em seguida, o Dr. Ferreira<br />

da Costa fez uma valiosa comunicação sobre três casos de<br />

condroma das vias aéreas superiores, localizadas respectivamente<br />

na traqueia e na laringe. ilustrou a sua comunicação<br />

com a projecção de <strong>do</strong>is filmes referentes às<br />

operações <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is casos que operou.<br />

A sessão terminou com a projecção dum filme <strong>do</strong> Dr. Ferreira<br />

da Costa, mostran<strong>do</strong> uma amigdalectomia por dissecção<br />

sob anestesia geral. O filme tinha si<strong>do</strong> pr<strong>em</strong>ia<strong>do</strong> numa exposição<br />

de artistas médicos, realizada no porto.<br />

O ano de 1965 vai ficar marca<strong>do</strong> pela impossibilidade de<br />

realizar, tal como estava previsto, <strong>em</strong> luanda o iii Congresso<br />

português de Otorrinolaringologia.<br />

A explicação para este facto está no relatório <strong>do</strong> Secretário-geral<br />

da Sociedade, Dr. Campos Henriques, referente<br />

ao Biénio de 1964/1965. perante as dificuldades <strong>do</strong> Congresso<br />

ser <strong>em</strong> luanda, foi marca<strong>do</strong> para lisboa.<br />

Em 5 e 6 de Junho de 1965 realizou-se a reunião anual da sociedade<br />

no <strong>Hospital</strong> de S. João no porto <strong>em</strong> conjunto com a<br />

sociedade portuguesa de radiologia e medicina nuclear.<br />

iii COngrESSO pOrtuguÊS<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

O iii Congresso português de Otorrinolaringologia realizou-se<br />

<strong>em</strong> lisboa de 17 a 19 de Dez<strong>em</strong>bro de 1965, e o<br />

t<strong>em</strong>a da reunião foi: OTITES MÉDIAS CRÓNICAS.<br />

Após o Congresso, foi publica<strong>do</strong> o liVrO DAS ACtAS DO<br />

COngrESSO.<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl 181<br />

OS prÉmiOS DA SOCiEDADE pArA O BiÉniO DE 1964/1965<br />

não foi atribuí<strong>do</strong> o prémio para Especialistas.<br />

O prémio para Estagiários foi dividi<strong>do</strong> pelos Drs. AliVAr<br />

JOnES CArDOSO e rui FrAnCO gil, pelos seus trabalhos<br />

“pAtOlOgiA DA OtitE mÉDiA CrÓniCA SimplES” e “pAtOlOgiA<br />

DA OtitE mÉDiA CrÓniCA COlEStEAtOmAtOSA”.<br />

FigurA 213<br />

TRABALHO APRESENTADO PELO DR. ANGELO PENA<br />

NA REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE DE 1965


182 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 214<br />

III CONGRESSO - 1965<br />

na Ass<strong>em</strong>bleia-geral da sociedade realizada <strong>em</strong> 1965 fica<br />

eleita uma nova Direcção que fica assim constituída:<br />

DIRECÇÃO DA SOCIEDADE PARA O BIÉNIO DE<br />

1966/1967<br />

Presidente: - Dr. José António de Campos<br />

Henriques<br />

Vice-Presidente: - Dr. Armin<strong>do</strong> Crespo<br />

Secretário-Geral: - Dr. Augusto marinheiro Júnior<br />

Secretário-Adjunto: - Dr. Aristides Amilcar Caseiro<br />

Tesoureiro: - Dr. Francisco palma<br />

Vogais: - Dr. manuel de Azeve<strong>do</strong> gomes<br />

(lourenço marques)<br />

- Dr. nelson rebelo da gama<br />

e Castro (porto)<br />

O Dr. JOSÉ AntÓniO FErrEirA rOQuEttE DE CAmpOS<br />

HEnriQuES, nasceu <strong>em</strong> lisboa <strong>em</strong> 1913 e licenciou-se<br />

pela Faculdade de medicina de lisboa <strong>em</strong> 1937. Fez toda<br />

a carreira hospitalar nos Hospitais Civis de lisboa (internatos<br />

geral e Compl<strong>em</strong>entar de Orl, Assistente de Orl<br />

<strong>do</strong>s HCl e Director de Serviço de Orl no <strong>Hospital</strong> de S.<br />

José até 1983, ano <strong>em</strong> que atingiu o limite de idade). Du-<br />

FigurA 215<br />

DR. CAMPOS HENRIQUES<br />

rante o internato Compl<strong>em</strong>entar esteve s<strong>em</strong>pre coloca<strong>do</strong><br />

no Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s Capuchos,<br />

sob a orientação <strong>do</strong> prof. larroudé e <strong>do</strong> Dr. Silva<br />

Alves. mobiliza<strong>do</strong> como tenente miliciano médico <strong>em</strong><br />

1944, esteve a dirigir o Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> militar<br />

da ilha terceira até Agosto de 1945. Durante este t<strong>em</strong>po<br />

prestou assistência às Forças Britânicas (especialmente da<br />

Royal Air Force) estacionadas na ilha, o que lhe valeu um<br />

louvor <strong>do</strong> médico Chefe Britânico. Desde o fim <strong>do</strong> ano de<br />

1945 e até ao Verão de 1948, exerceu clínica no Funchal,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> convida<strong>do</strong> para dirigir o Serviço de Orl no<br />

<strong>Hospital</strong> da misericórdia local. regressan<strong>do</strong> a lisboa, foi<br />

novamente para o <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos como interno<br />

contrata<strong>do</strong> de Orl, além <strong>do</strong> quadro, e nesta situação se<br />

conservou até Dez<strong>em</strong>bro de 1949. Em 1950 prestou provas<br />

públicas <strong>em</strong> concurso para Assistente de Orl <strong>do</strong>s HCl,<br />

obten<strong>do</strong> aprovação e in<strong>do</strong> ocupar a vaga existente no<br />

Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José. Fez visitas de estu<strong>do</strong><br />

a Espanha, França, Al<strong>em</strong>anha, Esta<strong>do</strong>s uni<strong>do</strong>s da<br />

América e Brasil, e neste último país promoveu a aproximação<br />

entre as respectivas Sociedades de Orl. Foi um<br />

<strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Bronco-Esofagologia, e seu presidente no<br />

biénio de 1966/1967, depois de ter si<strong>do</strong> tesoureiro na primeira<br />

direcção e Secretário-geral por 3 vezes. presidiu ao<br />

XXi Congresso da Societas Orl latina, <strong>em</strong> 1976, e ao ii<br />

Congresso luso-Espanhol de Orl, <strong>em</strong> 1979. Foi indigita<strong>do</strong><br />

pela Direcção da Sociedade Espanhola de Orl e de patologia<br />

Cérvico-Facial, com a concordância da sua congénere<br />

portuguesa, para ser o primeiro presidente da<br />

Federação luso-Espanhola de Orl, agr<strong>em</strong>iação que não<br />

chegou a concretizar-se. publicou mais de 50 trabalhos.<br />

Foi Sócio Honorário da Sociedade Espanhola de Orl e de<br />

patologia Cérvico-Facial e da Sociedade portuguesa de


Orl e da patologia Cérvico-Facial. representou portugal<br />

no Congresso mundial realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Veneza e <strong>em</strong> Congressos<br />

da Sociedade latina, ambos <strong>em</strong> roma. Em 1975<br />

regeu o curso de Orl para os alunos <strong>do</strong> 6º ano da Faculdade<br />

de medicina de lisboa. Faleceu <strong>em</strong> 1986.<br />

na sua tomada de posse como presidente da Sociedade,<br />

o Dr. Campos Henriques fez um discurso que revelava a<br />

sua vasta experiência ao l<strong>em</strong>e da Sociedade.<br />

Durante o mandato desta Direcção tiveram lugar várias<br />

actividades:<br />

to<strong>do</strong>s os meses de nov<strong>em</strong>bro a Julho tiveram lugar rEuniÕES<br />

mEnSAiS com comunicações anunciadas <strong>em</strong> circulares<br />

que eram enviadas aos sócios.<br />

no ano de 1966 as reuniões realizaram-se nas salas de<br />

conferências <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia.<br />

As reuniões mensais de 1966 - 1967 tiveram a sua realização<br />

na Sociedade médica <strong>do</strong>s Hospitais Civis de lisboa,<br />

ten<strong>do</strong> ti<strong>do</strong> lugar uma rEuniÃO EXtrAOrDinÁriA dedicada<br />

ao t<strong>em</strong>a “AlErgiA Em OtOrrinOlAringOlOgiA”<br />

que se realizou na sala <strong>do</strong>s Actos <strong>do</strong> liceu de Évora, nos<br />

dias 3 e 4 de Julho de 1967.<br />

Em 1966 foram novamente encetadas diligências a nível<br />

ministerial para a realização, <strong>em</strong> 1967, <strong>do</strong> iV Congresso<br />

<strong>em</strong> Angola, no entanto, mais uma vez sairam frustradas<br />

as expectativas, e o congresso acabou por se realizar no<br />

porto.<br />

Em 1966 a Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

ingressou na IFOS - INTERNATIONAL FEDERATION OF<br />

OTOLOGICAL SOCIETES - que é a organização mais importante<br />

a nível mundial que congrega Otorrinolaringologistas.<br />

iV COngrESSO pOrtuguÊS<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

A Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia e de<br />

Bronco-Esofagologia promoveu o seu iV COngrESSO nA-<br />

CiOnAl subordina<strong>do</strong> ao título “SurDEZ nA CriAnÇA”,<br />

nos dias 8, 9 e 10 de Dez<strong>em</strong>bro de 1967, na Cidade <strong>do</strong><br />

porto.<br />

O programa científico desenrolou-se na Aula magna da Faculdade<br />

de medicina <strong>do</strong> porto inician<strong>do</strong>-se com a apresentação<br />

e discussão <strong>do</strong> relatório “SURDEZ NA CRIANÇA”, a<br />

cargo <strong>do</strong> Dr. CÉSAr ViEirA e colabora<strong>do</strong>res.<br />

para além da publicação <strong>do</strong> relatório sobre a Surdez na<br />

Criança foi igualmente publica<strong>do</strong> e distribuí<strong>do</strong> posteriormente<br />

a to<strong>do</strong>s os Sócios o livro da Actas <strong>do</strong> iV Congresso.<br />

FigurA 216<br />

RELATÓRIO “SURDEZ NA CRIANÇA” - 1967<br />

FigurA 217<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

LIVRO DA ACTAS DO IV CONGRESSO EM 1967<br />

183


184 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

Após uma curta sessão administrativa teve lugar a eleição<br />

da nova Direcção, para o biénio 1968/1969 que ficou<br />

assim constituída:<br />

DIRECÇÃO DA SOCIEDADE PARA O BIÉNIO DE<br />

1968/1969<br />

Presidente: - prof. José nobre leitão<br />

Vice-Presidente: - Dr. men<strong>do</strong>nça e moura<br />

Secretário-Geral: - Dr. Amílcar Caseiro<br />

Secretário-Geral Adjunto: - Dr. António gameiro <strong>do</strong>s<br />

Santos<br />

Tesoureiro: - Dr. manuel Correia<br />

Vogais: - Dr. Alivar Car<strong>do</strong>so<br />

- Dr. Branco Correia<br />

Foram eleitos <strong>do</strong>is novos sócios honorários da Sociedade:<br />

- prof. Dr. Howard p. House<br />

- prof. Dr. Shirley Baron<br />

Durante o mandato desta Direcção realizaram-se reuniões<br />

científicas ordinárias, reuniões extraordinárias, e <strong>em</strong> 1969<br />

o V COngrESSO nACiOnAl.<br />

O prof. JOSÉ nOBrE lEitÃO nasceu <strong>em</strong> Castro Verde <strong>em</strong><br />

1914 e terminou a licenciatura na Faculdade de medicina<br />

de lisboa <strong>em</strong> 1938. Entrou para médico da Armada <strong>em</strong><br />

1940. Foi encarrega<strong>do</strong> da Consulta Externa de Orl <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> da marinha a partir de 1944. Foi Director <strong>do</strong> Serviço<br />

de Orl <strong>do</strong> mesmo <strong>Hospital</strong> desde 1955 até 1970.<br />

prestou serviço no ultramar <strong>em</strong> zonas de operações militares.<br />

possui vários louvores e condecorações. Antes de<br />

exercer funções na Consulta Externa e no Serviço de Orl<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da marinha, estagiou d<strong>em</strong>oradamente no<br />

Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> militar principal sob a orientação<br />

<strong>do</strong> Dr. Barata Salgueiro. Fez os internatos geral e<br />

FigurA 218<br />

DR. JOSÉ NOBRE LEITÃO (1914 - 1990)<br />

Compl<strong>em</strong>entar de Orl <strong>do</strong>s Hospitais Civis de lisboa, este<br />

último no Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José. Foi Director<br />

<strong>do</strong>s Serviços de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da misericórdia de<br />

lisboa e <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Almada. Visitou d<strong>em</strong>oradamente<br />

as principais Clínicas de Orl da Europa e <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s uni<strong>do</strong>s<br />

da América. Em 1972 aceitou o convite para professor<br />

Extraordinário de Orl que lhe fora dirigi<strong>do</strong> pelo<br />

Conselho da Faculdade de medicina de lisboa, e <strong>em</strong> 1981<br />

tomou posse <strong>do</strong> cargo de professor Catedrático contrata<strong>do</strong>.<br />

t<strong>em</strong> participa<strong>do</strong> activamente <strong>em</strong> muitas reuniões<br />

nacionais e internacionais da Especialidade. Foi presidente<br />

da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Bronco-Esofagologia, de que é Sócio Honorário. Criou<br />

instrumental diverso, especialmente para a microcirurgia<br />

<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> e também criou técnicas cirúrgicas originais.<br />

Faleceu <strong>em</strong> 1990.<br />

Durante o ano de 1968 as rEuniÕES DO nÚClEO DE liS-<br />

BOA tiveram lugar no <strong>Hospital</strong> da misericórdia de lisboa<br />

e durante esse ano realizaram-se reuniões científicas ordinárias<br />

<strong>em</strong> todas as primeiras terças-feiras de Janeiro a<br />

Julho e <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro e Dez<strong>em</strong>bro.<br />

Em 1969 as reuniões de lisboa, realizaram-se no Serviço<br />

de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santa maria, igualmente<br />

nas primeiras terças-feiras de cada mês, de Janeiro<br />

a Julho.<br />

Durante o biénio de 1968/1969 realizaram-se as seguintes<br />

reuniões extraordinárias:<br />

Em 18-03-1968, o professor Agrega<strong>do</strong> da Faculdade de<br />

medicina de Caracas, Dr. EDgAr CHiOSSOnE lArES, falou<br />

sobre: “DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DAS PARALISIAS FA-<br />

CIAIS”.<br />

Em 27-04-1968, o prof. rOmErO DiAZ, da universidade<br />

de Cor<strong>do</strong>va - Argentina, falou sobre: “SinuSitES FrOntAiS”.<br />

i rEuniÃO intErnACiOnAl<br />

DE OtOlOgiA<br />

FigurA 219<br />

I REUNIÃO INTERNACIONAL DE OTOLOGIA


De 19 a 23 de Junho de 1968, teve lugar a i rEuniÃO intErnACiOnAl<br />

DE OtOlOgiA, com a participação de:<br />

- Dr. Steban Scola - madrid<br />

- Dr. J. prades - Barcelona<br />

- Dr. Salva ruyra - Barcelona<br />

- Dr. Causse - Beziers - França<br />

- Dr. nobre leitão - lisboa<br />

- Dr. Eduard Bran<strong>do</strong>w - Albany - new-York<br />

- Dr. J. marquet - Anvers - Bélgica<br />

- Dr. garcia ibanez - Barcelona<br />

- Dr. gavilan Alonso - madrid<br />

Em 27 de Junho de 1968, vieram a portugal, o Dr. HOWArD<br />

HOuSE, presidente da Fundação Otológica de los Angeles<br />

que falou sobre: “AltErAÇÕES COngÉnitAS OSSiCulArES<br />

DO OuViDO E SEu trAtAmEntO”, e o Dr. SHirlEY BArOn<br />

de S. Francisco, Califórnia que falou sobre: “COnCEitOS<br />

SOBrE O trAtAmEntO DO COlEStEAtOmA”.<br />

Em 24 de Set<strong>em</strong>bro de 1968 o prof. SuZuKi de tóquio,<br />

apresentou um filme sobre microcirurgia da laringe.<br />

Em 17 de Junho de 1969 estiveram entre nós o prof. mOrgAn<br />

BrOSnAm - professor de Oto-laringologia da universidade<br />

de toronto, Canadá, que falou sobre: “CirurgiA DAS<br />

OtitES CrÓniCAS nO OuViDO SECO E nAS OtOrrEiAS” e<br />

o professor DOnAlD A. SHumriCK - prof. da universidade<br />

de Cincinnati, que falou sobre: “trAumAtiSmOS DA lAringE<br />

E DA ÁrVOrE rESpirAtÓriA SupEriOr”.<br />

pelo exposto se verifica que o biénio fin<strong>do</strong>, ficou assinala<strong>do</strong><br />

por um número considerável de reuniões extraordinárias<br />

com a presença de sumidades mundiais.<br />

V COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

no final <strong>do</strong> biénio que terminou, teve lugar o V COngrESSO<br />

nACiOnAl DE OtOrrinOlAringOlOgiA, cujo<br />

t<strong>em</strong>a foi: “TRAUMATISMOS CRÂNIO-ENCEFÁLICOS E LA-<br />

BIRINTO POSTERIOR”.<br />

O relatório esteve a cargo <strong>do</strong> Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de D. Estefânia, sob a orientação <strong>do</strong> seu Director, o Dr. Samuel<br />

Bentes ruah.<br />

pelo seu interesse para a história da Orl, transcrevo o discurso<br />

<strong>do</strong> presidente da Sociedade na abertura <strong>do</strong> V Congresso<br />

nacional:<br />

A lOCuÇÃO prESiDEnCiAl DO prOF. nOBrE lEitÃO:<br />

“Não é s<strong>em</strong> natural <strong>em</strong>oção que dirijo aos Exmos. Colegas<br />

estas palavras, não só pelo que traduz<strong>em</strong> de agradecimento<br />

pela honra concedida, igualmente pela noção das responsabilidades<br />

que me atribuíram.<br />

FigurA 220<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

“TRAUMATISMOS CRÂNIO-ENCEFÁLICOS E LABIRINTO POSTERIOR”<br />

V CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA - 1969<br />

A nossa vida profissional muito dispersa por várias actividades<br />

preenche inteiramente, todas as horas e minutos de<br />

que dispomos. Ficamos assim inibi<strong>do</strong>s de dedicar to<strong>do</strong> o interesse,<br />

to<strong>do</strong> o carinho que merece a actividade <strong>do</strong> nosso<br />

agrupamento científico.<br />

É pois, cônscio <strong>do</strong> pesa<strong>do</strong> encargo que me entregam, e receoso<br />

de não poder cumprir integralmente tais funções que,<br />

apenas posso prometer a maior dedicação, o maior entusiasmo,<br />

para prosseguirmos na elevação <strong>do</strong> nível da nossa<br />

Sociedade, nascida <strong>do</strong> calor de poucos e transportada ao<br />

seu esta<strong>do</strong> actual, pelo brilho <strong>do</strong>s dirigentes que nos procederam.<br />

Se imaginarmos o isolamento <strong>em</strong> que viviam os Otorrinolaringologistas,<br />

antes da organização desta Sociedade, facilmente<br />

nos aperceb<strong>em</strong>os <strong>do</strong> longo caminho percorri<strong>do</strong>, nas<br />

múltiplas actividades, que uma associação desta natureza<br />

t<strong>em</strong> a seu cargo.<br />

Muito t<strong>em</strong> contribuí<strong>do</strong> para a formação de novos Especialistas<br />

com as reuniões hospitalares, destinadas essencialmente<br />

aos Estagiários; pela elaboração de trabalhos; pela<br />

discussão de casos; pelos contactos com os mais responsáveis;<br />

pela realização <strong>do</strong>s Congressos, culminan<strong>do</strong> há pouco<br />

com o IV cujo t<strong>em</strong>a tanto interesse despertou; pelas posições<br />

tomadas no campo internacional; pela publicação com regularidade<br />

<strong>do</strong>s Boletins; tanto e tanto, que só qu<strong>em</strong> nos antecedeu,<br />

pode avaliar as muitas horas de trabalho, roubadas<br />

às suas actividades normais ou ao justo repouso.<br />

185


186 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 221<br />

GRUPO DE PARTICIPANTES NO V CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA EM 1969<br />

Na fase já distanciada da nossa iniciação na Especialidade,<br />

sentia-se, que à nossa frente, tínhamos um campo b<strong>em</strong> delimita<strong>do</strong>,<br />

muito desenvolvi<strong>do</strong> nas técnicas de diagnóstico e<br />

terapêutica.<br />

O advento da era antibiótica teve como consequência imediata<br />

uma tr<strong>em</strong>enda redução nos casos cirúrgicos e, momentos<br />

houve, <strong>em</strong> que os Especialistas de <strong>ORL</strong> se julgaram<br />

limita<strong>do</strong>s a uma pequena esfera de acção.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, o campo de <strong>ORL</strong> foi pouco a pouco restringi<strong>do</strong>,<br />

a favor de outras Especialidades Médicas e Cirúrgicas.<br />

No campo da en<strong>do</strong>scopia per-oral iniciada e desenvolvida<br />

pela nossa especialidade, estamos hoje muito limita<strong>do</strong>s,<br />

pouco mais nos sen<strong>do</strong> pedi<strong>do</strong>, <strong>do</strong> que a resolução <strong>do</strong>s casos<br />

de corpos estranhos.<br />

Os Cirurgiões torácicos, os Fisiologistas, os Gastroenterologistas<br />

substituíram muito <strong>do</strong> labor, que entre nós, certamente<br />

por desinteresse, escapou às nossas actividades.<br />

No entanto, persist<strong>em</strong> as razões que justificaram a evolução<br />

de tal sub-especialidade, à custa da <strong>ORL</strong>, e é imperioso, que<br />

se promova a sua recuperação para a nossa actividade,<br />

crian<strong>do</strong> serviços de laringologia e en<strong>do</strong>scopia per-oral.<br />

De igual mo<strong>do</strong>, a evolução de Cirurgia Maxilo-Facial v<strong>em</strong><br />

gradualmente exercen<strong>do</strong> actividades nos nossos sectores,<br />

cuidan<strong>do</strong> de muitos casos que são <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios da <strong>ORL</strong>.<br />

Pelo que diz respeito à Neurocirurgia, também os Otorrinolaringologistas<br />

foram relegan<strong>do</strong> muitos casos, que pela sua<br />

topografia, relações, etc., são <strong>do</strong> foro da nossa Especialidade.<br />

Até mesmo no que se refere a Radioterapia, muitos <strong>do</strong>entes<br />

são envia<strong>do</strong>s por Internistas s<strong>em</strong> a consulta prévia da <strong>ORL</strong>.<br />

Sen<strong>do</strong> tão elevada a percentag<strong>em</strong> de <strong>do</strong>entes com afecções<br />

alérgicas que frequentam as nossas consultas, não dispomos<br />

n<strong>em</strong> de recursos próprios, n<strong>em</strong> mesmo de uma boa colaboração<br />

nesta matéria.<br />

Quanto à Cirurgia Plástica, deveriam ser Especialistas de <strong>ORL</strong>,<br />

orienta<strong>do</strong>s neste senti<strong>do</strong>, os melhores técnicos para solucionar<br />

as deformações da pirâmide nasal ou para praticar as otoplastias.<br />

Ao conhecimento anatómico e cirúrgico das estruturas<br />

nasais, aliam o <strong>do</strong>mínio da Fisiopatologia, indispensável<br />

para a boa orientação de muitos casos de rinoplastia.<br />

Quer tu<strong>do</strong> isto dizer que o campo da nossa Especialidade fica<br />

assim tão reduzi<strong>do</strong>?<br />

De forma alguma.<br />

A evolução <strong>do</strong>s meios de diagnóstico e terapêutica, a imperiosa<br />

necessidade de se criar<strong>em</strong> núcleos de investigação, as<br />

exicrências de toda a técnica moderna, impõ<strong>em</strong>, pelo contrário,<br />

o conceito de que a Especialidade é muito vasta, e de<br />

que, <strong>em</strong>bora desejosos de manter sob a nossa dependência<br />

toda a patologia que classicamente nos pertence, há uma<br />

necessidade pr<strong>em</strong>ente de subespecialização.<br />

Só com a criação, nos serviços idóneos, de sub-ramos da<br />

nossa Especialidade, poder<strong>em</strong>os manter os <strong>do</strong>mínios que estamos<br />

ameaça<strong>do</strong>s de perder.<br />

Quan<strong>do</strong> há três décadas necessitavamos para a cirurgia otológica,<br />

apenas o conhecimento das grandes vias <strong>do</strong> osso<br />

t<strong>em</strong>poral, mais tarde, reconhec<strong>em</strong>os a necessidade de individualizar<br />

os pequenos trajectos, e hoje, t<strong>em</strong>os de nos dedicar<br />

à exploração das estruturas mínimas.


Não será tarefa fácil, se, simultaneamente tivermos de nos<br />

debruçar, com a mesma profundidade, sobre to<strong>do</strong>s os campos<br />

da Especialidade.<br />

Estão hoje b<strong>em</strong> definidas, como sub-especializações <strong>do</strong> foro<br />

<strong>ORL</strong>, a audiologia, a cofocirurgia, a bronco-esofagologia, a<br />

foniatria, a rinoplastia e outras, para não falar <strong>do</strong>s múltiplos<br />

Serviços, <strong>em</strong> que alguns destes grupos já estão sub-dividi<strong>do</strong>s.<br />

Se, por um la<strong>do</strong> dev<strong>em</strong>os lutar pela preservação <strong>do</strong>s nossos<br />

campos de acção, é também indispensável, que se estabeleçam<br />

profun<strong>do</strong>s elos com as Especialidades afins, particularmente<br />

a Neurocirurgia, a Oftalmologia, a Estomatologia.<br />

Estão <strong>em</strong> pleno funcionamento nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América,<br />

na vizinha Espanha e <strong>em</strong> França, equipas otoneuro-cirúrgicas.<br />

Esta colaboração ditada pelo supr<strong>em</strong>o interesse <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente,<br />

t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> frutuosa e cr<strong>em</strong>os que no futuro, muitos grupos<br />

deste tipo se constituirão, para melhor resolução de muitos<br />

casos clínicos.<br />

Visto que no espírito das reuniões hospitalares, está a valorização<br />

<strong>do</strong>s estagiários e recordan<strong>do</strong> a minha, já distanciada,<br />

passag<strong>em</strong> pela Clínica de Laringologia e Broncoesofagologia<br />

<strong>do</strong> T<strong>em</strong>ple University de Filadélfia, não queria deixar de registar<br />

aqui, mais uma vez o:<br />

CREDO DE CHEVALIER JACKSON:<br />

1 - Estimula o “Ego” <strong>do</strong>s estagiários, elevan<strong>do</strong> a sua personalidade;<br />

2 - Dá-lhe um caso fácil para operar. Isso não prejudicará o<br />

<strong>do</strong>ente e despertará o seu interesse, mais <strong>do</strong> que qualquer<br />

outra atitude;<br />

3 - Encoraja-o a apresentar um caso clínico numa reunião<br />

médica. Fornece-lhe diapositivos, el<strong>em</strong>entos bibliográficos<br />

e promove a sua publicação;<br />

4 - Está presente quan<strong>do</strong> ele fizer a sua comunicação, e diz à<br />

audiência: “Que belo trabalho ele está fazen<strong>do</strong>”;<br />

5 - Compra separatas <strong>do</strong> artigo por ele publica<strong>do</strong> e envia-as<br />

aos teus amigos profissionais;<br />

6 - Não tenhas receio, de lhe dar mais crédito <strong>do</strong> que ele merece,<br />

nos teus artigos ou palestras. Junta o seu nome aos<br />

teus artigos, mesmo se to<strong>do</strong>s escritos só por ti;<br />

7 - Inicia-o num campo especial da investigação. Continua<br />

a ensiná-lo, até que ele não tenha mais a aprender de ti;<br />

8 - Paga-lhe ou promove o pagamento de bons honorários;<br />

9 - Põe o seu nome no seu gabinente, para o ajudar a construir<br />

o seu futuro;<br />

10 - Não lhe permitas que trabalhe num caso difícil ou perigoso,<br />

enquanto ele não possa vencer a adversidade;<br />

11 - Dá-lhe uma posição de professora<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> ele para<br />

tal estiver prepara<strong>do</strong>;<br />

FigurA 222<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

FOTOGRAFIA AUTÓGRAFA DE CHEVALIER JACKSON<br />

12 - Se fizeste b<strong>em</strong> o teu trabalho, ao fim de alguns anos, enquanto<br />

ele é ainda suficient<strong>em</strong>ente novo, para ter espírito<br />

cria<strong>do</strong>r ele terá suficiente “Ego”, para pensar que,<br />

fez tu<strong>do</strong> isso por si próprio, e estará pronto para ir para<br />

a frente, com confiança e continuar a tradição.<br />

Permitam-me, que dedique a l<strong>em</strong>brança destas sublimes directivas,<br />

ao meu antigo Chefe de Serviço, Dr. Barata Salgueiro,<br />

que s<strong>em</strong>pre a<strong>do</strong>ptou tais princípios, e a qu<strong>em</strong> devo<br />

to<strong>do</strong> o estímulo da minha formação de Especialista.<br />

Que dizer sobre os nossos projectos para o biénio que se<br />

aproxima?<br />

Muito gostaríamos de poder continuar a actividade das direccões<br />

que nos precederam e que tão brilhant<strong>em</strong>ente elevaram<br />

o prestígio da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Bronco-Esofagologia.<br />

Contamos com a sua experiência e com a colaboração de<br />

to<strong>do</strong>s. A actividade de uma Sociedade Científica não depende<br />

exclusivamente da sua Direcção. Dela pode irradiar<br />

estímulo, entusiasmo, mas nada resultará de profícuo s<strong>em</strong><br />

o trabalho <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s.<br />

São estas preciosas colaborações que t<strong>em</strong>os de pedir a<br />

to<strong>do</strong>s, colaboração <strong>do</strong>s serviços e colaboração individual.”<br />

187


188 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 223<br />

CURSO DE AUDIO-VESTIBULOMETRIA EM 1969<br />

Foram <strong>do</strong>is anos <strong>em</strong> que vieram pela primeira vez a portugal<br />

algumas das mais marcantes personalidades da<br />

Otorrinolaringologia mundial, levan<strong>do</strong> a uma excelente<br />

divulgação das novas técnicas cirúrgicas.<br />

O Júri, para apreciação <strong>do</strong>s trabalhos <strong>do</strong>s candidatos aos<br />

prÉmiOS DA SOCiEDADE, nO BiÉniO DE 1967/1969, foi<br />

escolhi<strong>do</strong> durante este Congresso, no entanto os prémios<br />

acabaram por só ser atribuí<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1971, e ficaram assim<br />

distribuí<strong>do</strong>s:<br />

PRÉMIO PARA ESPECIALISTAS:<br />

Dr. Bentes Cabrita, com o trabalho: “AuDiOlOgiA Em<br />

prESBiACÚSiA”.<br />

PRÉMIO PARA ESTAGIÁRIOS:<br />

Dr. Monteiro Feijão, com o trabalho: “A pESQuiSA DE<br />

STREPTOCOCCUS B HEmOlÍtiCO nAS AmÍgDAlAS E ADEnÓiDES<br />

AntES E DEpOiS DA EXtirpAÇÃO CirÚrgiCA.”<br />

MENÇÃO HONROSA:<br />

Dr. Pimenta Jacinto, com o trabalho: “pinÇA COmprES-<br />

SOrA DAS lOCAS AmigDAlinAS.”<br />

De 24 a 26 de Abril de 1969 realiza-se no <strong>Hospital</strong> de Santa<br />

maria, organiza<strong>do</strong> pelo Dr. Borges de Sena, um curso de<br />

Audio-vestibulometria.


A DÉCADA DE 70<br />

A DÉCADA DA rEVOluÇÃO<br />

OS AnOS 70<br />

no final <strong>do</strong> mandato da anterior direcção foi eleita a nova<br />

Direcção para o biénio 1970/1971, que ficou assim constituída:<br />

DIRECÇÃO DA SOCIEDADE PARA O BIÉNIO DE 1970/1971<br />

Presidente: - Dr. António Dias Barata<br />

Salgueiro<br />

Vice-Presidente: - Dr. Carlos miguéis<br />

Secretário-Geral: - Dr. Amílcar Caseiro<br />

Secretário-Geral Adjunto:- Dr. Ernesto madeira<br />

Tesoureiro: - Dr. rui Franco gil<br />

Vogais: - Dr. Fernan<strong>do</strong> nascimento<br />

Ferreira (Viseu)<br />

- Dr. Henrique Sou<strong>do</strong> (luanda)<br />

O Dr. AntÓniO DiAS BArAtA SAlguEirO foi licencia<strong>do</strong><br />

pela Faculdade de medicina de Coimbra, fez o internato<br />

geral e o Compl<strong>em</strong>entar de Orl <strong>do</strong>s Hospitais Civis de lisboa,<br />

este último no <strong>Hospital</strong> de S. José, sob a orientação<br />

<strong>do</strong> Dr. Alberto de men<strong>do</strong>nça. médico-militar, esteve no Algarve<br />

2 anos como médico regimental, Cirurgião <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de Faro e médico Escolar <strong>do</strong> liceu. Entrou para o<br />

Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> militar principal <strong>em</strong> 1932,<br />

sen<strong>do</strong> Director daquele Serviço o Dr. Alberto de men<strong>do</strong>nça.<br />

Em 1935, após provas públicas, foi nomea<strong>do</strong> 1º Assistente<br />

<strong>do</strong> referi<strong>do</strong> Serviço, acaban<strong>do</strong> por assumir a sua<br />

direcção, que manteve durante muitos anos, durante os<br />

quais exerceu decisiva influência na formação de eleva<strong>do</strong><br />

número de Especialistas, tanto militares como civis. Ao<br />

deixar a direcção <strong>do</strong> Serviço foi nomea<strong>do</strong> Consultor <strong>do</strong><br />

mesmo, pelo que este ainda beneficiou mais algum<br />

t<strong>em</strong>po da sua vasta experiência. Foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res<br />

da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia e<br />

Bronco-Esofagologia, de que foi presidente no biénio de<br />

1970/71 e da qual foi nomea<strong>do</strong> Sócio Honorário.<br />

O ano de 1970 vai ficar marca<strong>do</strong> pelo desaparecimento<br />

de uma das grandes figuras da nossa sociedade, o Dr. António<br />

manuel da Costa Quinta.<br />

O seu amigo Dr. Campos Henriques prestou-lhe uma sentida<br />

homenag<strong>em</strong> no Boletim da Sociedade (volume iX-<br />

1970) <strong>do</strong> qual foram ambos os grandes impulsiona<strong>do</strong>res.<br />

ElOgiO AO Dr. COStA QuintA pElO Dr. CAmpOS<br />

HEnriQuES:<br />

“Com o falecimento <strong>do</strong> nosso colega Dr. António da Costa<br />

Quinta, no passa<strong>do</strong> mês de Abril, perdeu a nossa Sociedade<br />

mais um <strong>do</strong>s seus funda<strong>do</strong>res, justamente aquele que, no perío<strong>do</strong><br />

inicial, lhe deu o maior impulso.<br />

FigurA 224<br />

LIVRO DO DR. ANTÓNIO DE PINHO E MELO SOBRE RINOLOGIA EM 1971<br />

FigurA 225<br />

EX-LIBRIS DO DR. ANTÓNIO COSTA QUINTA<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

189


190 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

Efectivamente foi ele, juntamente com alguns outros colegas<br />

(mas foi sobretu<strong>do</strong> ele), qu<strong>em</strong> promoveu a reunião de<br />

27 de Janeiro de 1953, <strong>em</strong> que se decidiu fundar a Sociedade<br />

Portuguesa de Otorrinolaringologia e Bronco-Esofagologia,<br />

apresentan<strong>do</strong> logo nessa ocasião um projecto de estatutos,<br />

que foi aprova<strong>do</strong>. Por esses estatutos, a que pequenas <strong>em</strong>endas<br />

foram feitas, nos termos regimentais si<strong>do</strong> Eleito 1º Secretário<br />

(assim, se chamava então o Secretário-Geral) da 1ª<br />

Direcção que tiv<strong>em</strong>os, não poupou esforços para pôr a Sociedade,<br />

<strong>em</strong> funcionamento, realizan<strong>do</strong> a sessão inaugural, <strong>em</strong><br />

20 de Março de 1954, no Instituto Português de Oncologia.<br />

Ten<strong>do</strong> feito parte, como Tesoureiro, dessa primeira Direcção,<br />

posso test<strong>em</strong>unhar o que a Sociedade lhe ficou a dever pela<br />

tenacidade, a persistência e o entusiasmo que generosamente<br />

gastou ao serviço de nós to<strong>do</strong>s.<br />

Hom<strong>em</strong> da minha geração, ansiava, como to<strong>do</strong>s nós, por<br />

novos horizontes. Por isso, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre foi compreendi<strong>do</strong>.<br />

Dos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, onde permaneceu algum t<strong>em</strong>po no<br />

princípio da sua vida profissional, trouxe e divulgou entre<br />

nós a técnica en<strong>do</strong>scópica de Chevalier-Jackson.<br />

S<strong>em</strong>pre muito interessa<strong>do</strong> nos contactos internacionais, foi<br />

várias vezes convida<strong>do</strong> a colaborar <strong>em</strong> cursos e a tomar<br />

parte activa <strong>em</strong> reuniões e congressos, algumas vezes como<br />

nosso representante.<br />

M<strong>em</strong>bro Activo da Sociedade Internacional de Bronco-esofagologia,<br />

promoveu a realização, <strong>em</strong> Lisboa, duma dessas reuniões,<br />

onde estiveram presentes Chevalier L. Jackson, L<strong>em</strong>oyne<br />

e outros nomes ilustres da Broncologia.<br />

Mas não foi só à Broncologia que se dedicou, pois interessava-se<br />

por to<strong>do</strong>s os capítulos da nossa Especialidade e, por<br />

sua iniciativa, vieram a Lisboa fazer conferências e sessões<br />

operatórias vultos prestigiosos, como Aubry, Cawthorne, Casadésus<br />

e Antoli-Candela.<br />

Do seu trabalho no Sanatório <strong>do</strong> Caramulo ficou a colaboração<br />

no livro sobre Tisiologia.<br />

A sua bibliografia é vasta e reparte-se, praticamente, por<br />

toda a nossa Especialidade.<br />

Hom<strong>em</strong> afável e simpático, era-lhe fácil criar amigos e conservá-los.<br />

Como seu amigo, que fui, e como companheiro de<br />

trabalho durante os primeiros passos da nossa Sociedade, pareceu-me<br />

que não haveria melhor lugar para recordá-lo com<br />

saudade <strong>do</strong> que neste Boletim que, indirectamente, é obra sua.”<br />

realizou-se nos dias 13 e 14 de Junho de 1970 uma reunião<br />

<strong>do</strong> núcleo <strong>do</strong> norte, da Sociedade, no <strong>Hospital</strong> de Santo António,<br />

que contou com 14 comunicações livres por m<strong>em</strong>bros<br />

da Sociedade e uma sessão administrativa no final para<br />

discutir assuntos de interesse para a Sociedade.<br />

no dia 2 de Fevereiro 1971, pelas 21.30 horas teve lugar a<br />

reunião mensal <strong>do</strong> núcleo de lisboa, da Sociedade, no instituto<br />

português de Oncologia Dr. Francisco gentil, com o<br />

seguinte programa:<br />

1 - um caso de papiloma laríngeo, pelo Dr. Silva Alves;<br />

2 - Correlação das respostas nistagmícas às provas rotatória<br />

e térmica, pelos Drs. Borges de Sena, C. Conraux e g.<br />

greiner.<br />

Vi COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

Em 1971 vai-se realizar na cidade <strong>do</strong> porto, nos dias 30,<br />

31 de Outubro e 1 de nov<strong>em</strong>bro, o Vi COngrESSO nA-<br />

CiOnAl DE OtOrrinOlAringOlOgiA que teve como<br />

t<strong>em</strong>a “EStEnOSES CiCAtriCiAiS lAringO-trAQuEAiS”;<br />

após o Congresso foi edita<strong>do</strong> um relatório com as respectivas<br />

publicações.<br />

A vida da Sociedade entra numa fase mais calma <strong>do</strong><br />

que nos anos anteriores, no final de 1971 é eleita uma<br />

nova Direcção para o Biénio 1972/1973 presidida pelo<br />

Dr. António Ferreira da Costa.<br />

DIRECÇÃO PARA O BIÉNIO 1972/1973<br />

Presidente: - Dr. António Ferreira da<br />

Costa<br />

Vice-Presidente: -<br />

Secretário-Geral: - Dr. José luís macha<strong>do</strong> Aires<br />

Secretário-Geral Adjunto: -<br />

Tesoureiro: -<br />

Vogais: -<br />

FigurA 226<br />

ANTÓNIO FERREIRA DA COSTA


FigurA 227<br />

SESSÃO INAUGURAL DO VI CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA EM 1971<br />

O desaparecimento <strong>do</strong> livro de Actas da Sociedade referente<br />

aos anos de 1965-1981, tornou impossível saber<br />

qu<strong>em</strong> é que fez parte desta Direcção, apesar das várias tentativas<br />

nesse senti<strong>do</strong>, deixo a possibilidade <strong>do</strong> aparecimento<br />

de algum <strong>do</strong>cumento que ajude a completar a lista<br />

pelo que fica o espaço destina<strong>do</strong> aos restantes cargos <strong>em</strong><br />

branco, para poder<strong>em</strong> ser completa<strong>do</strong>s manualmente.<br />

O Dr. AntÓniO FErrEirA DA COStA licenciou-se <strong>em</strong><br />

1937, numa época conturbada pelas convulsões da<br />

guerra Civil de Espanha e pelo advento da grande guerra.<br />

interrompe o seu estágio na Al<strong>em</strong>anha, cumpre o Serviço<br />

militar <strong>em</strong> Angola e já <strong>em</strong> 1945 se encontra como Estagiário<br />

no Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António.<br />

Fin<strong>do</strong> o estágio, qualifica<strong>do</strong> Especialista pela Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s<br />

médicos, é sucessivamente Assistente contrata<strong>do</strong> <strong>do</strong> Serviço<br />

de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Santo António, Otorrinolaringologista<br />

<strong>do</strong> instituto maternal, Assistente de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

maria pia, e posteriormente seu Director de 53 a 63, Director<br />

<strong>do</strong> Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> S. João de 63 a 82, 2º Assistente<br />

da Faculdade de medicina da universidade <strong>do</strong><br />

porto e encarrega<strong>do</strong> da regência da Cadeira de Orl desde<br />

1963, e prof. Auxiliar Convida<strong>do</strong> da sua Faculdade <strong>em</strong> 1971.<br />

Foi Vice-presidente e posteriormente presidente da Sociedade<br />

portuguesa de Orl e de Bronco-Esofagologia, e<br />

presidiu à Direcção <strong>do</strong> Colégio da Especialidade.<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

Às suas qualidades profissionais aliava qualidades humanas,<br />

de trato, educação, serenidade e lealdade que compunham<br />

um Hom<strong>em</strong> são, íntegro, determina<strong>do</strong> e atento aos<br />

probl<strong>em</strong>as <strong>do</strong>s seus colabora<strong>do</strong>res, foss<strong>em</strong> pessoais ou profissionais,<br />

a qu<strong>em</strong> procurava ajudar com eleva<strong>do</strong> senti<strong>do</strong> de<br />

justiça. Faleceu a 25 de Janeiro de 1998 com 85 anos.<br />

Em 1973 não houve Congresso nacional devi<strong>do</strong> à realização<br />

<strong>do</strong> I CONGRESSO LUSO-ESPANHOL <strong>em</strong> Santiago de Compostela.<br />

Entretanto, foi eleita a nova Direcção da Sociedade<br />

para o Biénio de 1974/1975, que ficou assim constituída:<br />

DIRECÇÃO DA SOCIEDADE PARA O BIÉNIO DE 1974/75<br />

Presidente: - Dr. gaspar Borges de Sena<br />

Vice-Presidente: - Dr. nascimento Ferreira<br />

- Dr. António gameiro<br />

<strong>do</strong>s Santos<br />

Secretário-Geral: - Dr. Vasco da Costa ribeiro<br />

Secretário-Geral Adjunto: - Dr. Francisco palma<br />

Tesoureiro: - Dr. Francisco Campilho<br />

191


192 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 228<br />

RELATÓRIO DO VI CONGRESSO SOBRE ESTENOSES LARINGO-TRAQUEAIS<br />

FigurA 229<br />

O PROF. AUGUSTO MARINHEIRO E A SUA TESE DE DOUTORAMENTO DE 1972


O Dr. gASpAr AuguStO BOrgES DE SEnA nasceu na cidade<br />

da Horta, <strong>em</strong> 24 de nov<strong>em</strong>bro de 1928. Frequentou<br />

o Curso geral <strong>do</strong>s liceus no liceu manuel de Arriaga, na<br />

Horta (1939-1945). Frequentou o Curso Compl<strong>em</strong>entar <strong>do</strong>s<br />

liceus no liceu D. João de Castro, <strong>em</strong> lisboa (1945-1946).<br />

no ano lectivo de 1947-1948 matriculou-se na Faculdade<br />

de medicina de lisboa, onde concluiu a sua licenciatura<br />

<strong>em</strong> medicina e Cirurgia, <strong>em</strong> 22 de Dez<strong>em</strong>bro de 1954.<br />

Foi médico da Junta da Emigração de 1956 a 1958.<br />

Começou a trabalhar no Serviço de Otorrinolaringologia<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s Capuchos <strong>em</strong> Fevereiro<br />

de 1958 (Director: prof. Carlos larroudé).<br />

Em Dez<strong>em</strong>bro de 1959, com a abertura <strong>do</strong> Serviço de<br />

Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santa maria, foi coloca<strong>do</strong><br />

neste Serviço pelo seu Director, ten<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong><br />

como voluntário cerca de um ano.<br />

Em maio de 1961 fez exame para a obtenção <strong>do</strong> título de<br />

Especialista <strong>em</strong> Otorrinolaringologia pela Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> por unanimidade.<br />

FigurA 230<br />

DR. GASPAR BORGES DE SENA<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

no <strong>Hospital</strong> de Santa maria, foi <strong>em</strong> 1960 contrata<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

regime de prestação de serviços, situação que durou até<br />

Janeiro de 1962, data <strong>em</strong> que foi contrata<strong>do</strong> como 2º Assistente<br />

da Faculdade de medicina de lisboa.<br />

Em 1971 fez concurso para gradua<strong>do</strong> <strong>do</strong> HSm, ten<strong>do</strong> fica<strong>do</strong><br />

aprova<strong>do</strong>.<br />

Em 1972/73 esteve mobiliza<strong>do</strong> na guiné. Em Janeiro de<br />

1974 foi contrata<strong>do</strong> como Assistente, além <strong>do</strong> quadro.<br />

Desde 1959 colaborou no ensino de Orl na Faculdade de<br />

medicina de lisboa.<br />

Fê-lo ininterruptamente, quer como Assistente livre quer<br />

como Assistente contrata<strong>do</strong>. no perío<strong>do</strong> que mediou<br />

entre nov<strong>em</strong>bro de 1966 e 1970, por não haver professor<br />

da cadeira, teve a responsabilidade de organizar o ensino<br />

desta disciplina e realizar exames.<br />

Em 1970 publicou um livro intitula<strong>do</strong> “liÇÕES DE OtOrrinOlAringOlOgiA”<br />

conten<strong>do</strong> a matéria deste Curso da<br />

Faculdade de medicina de lisboa. Esta publicação serviu<br />

como base de estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> 6º ano durante muitos<br />

anos; <strong>em</strong> 1983, ainda estudei, para a cadeira de Orl,<br />

por este livro.<br />

193


194<br />

HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 231<br />

O DR. BORGES DE SENA EXPERIMENTANDO UMA NOVA<br />

PLATAFORMA NO CONGRESSO DE VERTIGEM<br />

FigurA 233<br />

“LIÇÕES DE OTORRINOLARINGOLOGIA” DE BORGES DE SENA<br />

FigurA 232<br />

UM GRUPO DE OTORRINOLARINGOLOGISTAS DO HOSPITAL DE SANTA MARIA<br />

NUM MOMENTO DE DESCONTRACÇÃO<br />

FigurA 234<br />

LIVRO DE ESCLARECIMENTO PARA OS DOENTES EM 1974


FigurA 235<br />

DR. GAMEIRO DOS SANTOS<br />

Em 1966 frequentou o Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> necker-Enfants malades <strong>em</strong> paris e o departamento<br />

de Otoneurologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da pitié (prof. David).<br />

Desde 1967 fez diversos estágios no Serviço de Otorrinolaringologia<br />

da Faculdade de medicina de Estrasburgo<br />

(prof. georges greiner), que totalizou 16 meses.<br />

Em 23 de Abril de 1968 foi nomea<strong>do</strong> Assistente Estrangeiro<br />

da Faculdade de medicina de Estrasburgo e médico-residente<br />

<strong>do</strong> Centro <strong>Hospital</strong>ar de Estrasburgo.<br />

Comissões e Corpos gerentes de Sociedades médicas <strong>em</strong><br />

que participou:<br />

1966 - nomea<strong>do</strong> para a Comissão da Especialidade de<br />

Orl <strong>do</strong> Conselho regional da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos.<br />

1970/74 - nomea<strong>do</strong> colabora<strong>do</strong>r da Comissão permanente<br />

<strong>do</strong> Formulário <strong>Hospital</strong>ar, Direcção geral <strong>do</strong>s Hospitais.<br />

1972/73 - Eleito Vice-presidente da Direcção da Sociedade<br />

portuguesa de Orl e Bronco-Esofagologia.<br />

1974 /1977 - presidente da Direcção da Sociedade portuguesa<br />

de Orl e Bronco-Esofagologia.<br />

Dedicou muito <strong>do</strong> seu t<strong>em</strong>po à introdução da electronistagmografia<br />

<strong>em</strong> portugal e ao seu ensino.<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl 195<br />

Os anos de 1974 a 1977 vão ser uns anos de uma certa<br />

apatia da Sociedade, caracteriza<strong>do</strong>s por poucas actividades,<br />

fruto <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> conturba<strong>do</strong> <strong>em</strong> que o país viveu.<br />

nesses anos não se realizou o Congresso nacional, e o Dr.<br />

gaspar Borges de Sena, ficou como Presidente interino<br />

da Sociedade no Biénio de 1976/1977, <strong>em</strong> virtude de<br />

não ter havi<strong>do</strong> eleições.<br />

DirECÇÃO DA SOCiEDADE<br />

pArA O BiÉniO DE 1978/79<br />

para o Biénio de 1978/1979 vai ser eleito como presidente,<br />

o Dr. AntÓniO HEnriQuE gAmEirO DOS SAntOS, que<br />

será reeleito como presidente no Biénio de 1980/1981.<br />

DIRECÇÃO DA SOCIEDADE PARA OS BIÉNIOS<br />

DE 1978/79 - 1980/81<br />

Presidente: - Dr. António Henrique gameiro<br />

<strong>do</strong>s Santos<br />

Vice-Presidentes: - Dr. Vasco ribeiro<br />

- Dr. Carlos Seabra<br />

Secretário-Geral: - Dr. macha<strong>do</strong> Aires<br />

Tesoureiro: - Dr. Eurico de Almeida<br />

Presidente da<br />

Ass<strong>em</strong>bleia-Geral: - Dr. Amílcar Caseiro<br />

Esta Direcção foi reeleita para o Biénio seguinte<br />

1980/1981.<br />

O Dr. AntÓniO HEnriQuE gAmEirO DOS SAntOS foi licencia<strong>do</strong><br />

pela Faculdade de medicina da universidade <strong>do</strong><br />

porto <strong>em</strong> Julho de 1960.<br />

tese de licenciatura sob o t<strong>em</strong>a “tumOrES mAlignOS<br />

DO CAVum”. Em Julho de 1960 é nomea<strong>do</strong> Assistente Voluntário<br />

de Clínica Cirúrgica para Otorrinolaringologia da<br />

Faculdade de medicina <strong>do</strong> porto, que mantém até 1972.<br />

início <strong>do</strong> Estágio da Especialidade no Serviço de Orl <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> militar <strong>do</strong> porto durante 3 meses, após os quais<br />

passa para o Serviço <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> geral de Santo António,<br />

até Janeiro de 1963.<br />

Em Fevereiro de 1963, passa a Estagiário <strong>do</strong> Serviço de Orl<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. João, onde se mantém apenas 1 s<strong>em</strong>ana<br />

para ir para o Serviço de Orl <strong>do</strong> Radcliffe Infirmary, Oxford,<br />

inglaterra, como Bolseiro <strong>do</strong> instituto de Alta Cultura.<br />

“Senior House-Surgeon” de Fevereiro a Set<strong>em</strong>bro de 1963<br />

e “regitrar” e Assistente <strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço, no Radcliffe<br />

Infirmary <strong>em</strong> Oxford, até maio de 1965.<br />

Fez Exame à Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos <strong>em</strong> maio de 1965 com<br />

aprovação por unanimidade. Em Junho de 1965 inicia as<br />

funções de Assistente Voluntário no Serviço de Orl <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de Santo António. Exame de Saída <strong>do</strong> internato<br />

da Especialidade no <strong>Hospital</strong> de Santo António, <strong>em</strong> 1969.


196 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

Em março de 1970 concorre à única vaga de gradua<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António, ten<strong>do</strong> fica<strong>do</strong><br />

classifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> primeiro lugar. Após 13 de nov<strong>em</strong>bro<br />

de 1971 volta ao Serviço no <strong>Hospital</strong> de Santo<br />

António sen<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço. Em 1976<br />

fica classifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> primeiro lugar no Concurso para<br />

Chefe de Serviço e continua a exercer as funções de Director<br />

<strong>do</strong> Serviço até 28 de Fevereiro de 2003, quan<strong>do</strong> se<br />

aposenta antes <strong>do</strong> limite de idade.<br />

Foi Vice-presidente da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

de 1973 a 1977 e presidente da Sociedade<br />

portuguesa de Otorrinolaringologia, por 2 mandatos, de<br />

1977 a 1981.<br />

inicia a realização das Jornadas de Otorrinolaringologia<br />

<strong>do</strong> Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>em</strong> 1977.<br />

Director Clínico <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António de 1979 a<br />

1981.<br />

professor Associa<strong>do</strong> Convida<strong>do</strong> <strong>do</strong> iCBAS, universidade<br />

<strong>do</strong> porto desde 1979 e professor Catedrático Convida<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> iCBAS, universidade <strong>do</strong> porto desde 1996.<br />

m<strong>em</strong>bro da primeira Direcção <strong>do</strong> Colégio de Otorrinolaringologia<br />

da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos e seu presidente de<br />

1981 a 1984.<br />

representante <strong>do</strong> Colégio de Otorrinolaringologia na<br />

uEmS desde 1981 até 1993. presidente da Secção de Otorrinolaringologia<br />

e <strong>do</strong> “Board” de Otorrinolaringologia e<br />

Cirurgia Cérvico-Facial <strong>em</strong> 1993.<br />

m<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> Comité Executivo da EuFOS, representan<strong>do</strong><br />

ibéria, portugal e Espanha, desde 1994. Secretário-geral<br />

da EuFOS, eleito <strong>em</strong> 1996.<br />

Sócio Honorário da Sociedade Espanhola de Otorrinolaringologia<br />

desde 1981.<br />

m<strong>em</strong>bro de Honra da Acad<strong>em</strong>ia de Ciências médicas da<br />

roménia desde 1999.<br />

Sócio funda<strong>do</strong>r da EAAnO.<br />

Sócio da Politzer Society.<br />

FigurA 236<br />

NÚMERO ESPECIAL DO BOLETIM POR OCASIÃO DO XXI<br />

CONGRESSO DA SOCIETAS OTO-RHINO-LARINGOLÓGICA<br />

LATINA - 26 A 30 DE MAIO 1976<br />

FigurA 237<br />

OS “PROCEEDINGS DO XXI CONGRESSO DA SOCIETAS<br />

OTO-RHINO-LARINGOLÓGICA LATINA” - 26 A 30 DE MAIO 1976


FigurA 238<br />

“PROCEEDINGS DO IV INTERNATIONAL SYMPOSIUM<br />

ON ACOUSTIC MEASURAMENTS” EM 1979<br />

Vii COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

Em 1979 realiza-se finalmente o Vii COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA que foi efectua<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

Cascais, sob o t<strong>em</strong>a “TRATAMENTO DAS SINUSITES”; rel<strong>em</strong>bro<br />

que o Vi Congresso se tinha realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1971 no<br />

porto.<br />

De 25 a 28 de Set<strong>em</strong>bro de 1979 decorreu <strong>em</strong> lisboa o<br />

“IV INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON ACOUSTIC MEA-<br />

SURAMENTS” com a presença de mais de 200 participantes,<br />

<strong>do</strong>s quais, cerca de 85 estrangeiros. O comité<br />

organiza<strong>do</strong>r teve como presidente o prof. rui penha e<br />

Vice-presidente o Dr. Branco Correia.<br />

O congresso que foi um <strong>do</strong>s maiores congressos realiza<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> portugal no âmbito da Otorrinolaringologia, teve<br />

presente personalidades de renome mundial como:<br />

J. Jerger; i. Klochoff; J. Causse; J. northern; J. Holmquist; t.<br />

marullo; Y. Onchi etc.<br />

Com base nas comunicações apresentadas durante este<br />

congresso, foi publica<strong>do</strong> um relatório edita<strong>do</strong> pelo prof.<br />

Dr. rui penha e pelo Dr. paulo pizarro.<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

A DÉCADA DE 80<br />

A rEnOVAÇÃO<br />

E A COnSOliDAÇÃO<br />

Em Junho de 1980, sob a presidência <strong>do</strong> prof. Dr. pais Cl<strong>em</strong>ente,<br />

relizou-se na Cidade <strong>do</strong> porto o “1º SimpÓSiO intErnACiOnAl<br />

DA CirurgiA lASEr CO 2 Em OtOrrinOlAringOlOgiA”<br />

que contou com a presença de pioneiros<br />

da cirurgia lASEr: prof. StuArt StrOng, prof. JAKO e<br />

<strong>do</strong> Físico prof. pOlAnYi.<br />

SOCiEDADE pOrtuguESA DE ACÚStiCA<br />

Em 28 de Outubro de 1980 foi criada a SOCIEDADE POR-<br />

TUGUESA DE ACÚSTICA, forman<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1981 um núcleo<br />

de Audio-Fonologia, que promoveu várias manifestações<br />

científicas, tais como a publicação de uma nota técnica<br />

intitulada“A AuDiÇÃO E O ruÍDO”<strong>em</strong> 1981, um Colóquio<br />

sobre o t<strong>em</strong>a “lÍnguA mAtErnA DE CriAnÇAS muDAS”<br />

<strong>em</strong> 1982, e o “I CURSO INTERNACIONAL DE VERTIGEM”<br />

<strong>em</strong> 1983. Em 1984 patrocinou, conjuntamente com a Sociedade<br />

portuguesa de Otorrinolaringologia e de patologia<br />

Cérvico-Facial, as “PRIMEIRAS JORNADAS INTERNA-<br />

CIONAIS DE AUDIOLOGIA E REABILITAÇÃO AUDITIVA”,<br />

organizadas pelo Dr. Vasco rosas da Costa que na época<br />

era Director da consulta de Oto-Audiologia <strong>do</strong>s Hospitais<br />

Civis de lisboa.<br />

Esta Sociedade multidisciplinar tinha como objectivo integrar<br />

Arquitectos, Engenheiros, médicos, musicólogos,<br />

psicólogos, Sociólogos e terapêutas da fala, numa só associação.<br />

“ArQuiVOS pOrtuguESES DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E DE pAtOlOgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl”<br />

Em 1981 surge uma nova publicação periódica intitulada<br />

“ArQuiVOS pOrtuguESES DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

E DE pAtOlOgiA CÉrViCO-FACiAl”, esta revista era editada<br />

pelo SErViÇO DE Orl DA FACulDADE DE mEDiCinA<br />

DE liSBOA – HOSpitAl DE SAntA mAriA, ten<strong>do</strong> como Director<br />

o prof. mÁriO AnDrEA.<br />

Do relatório <strong>do</strong> Secretário-geral da Sociedade portuguesa<br />

de Orl publica<strong>do</strong> no Boletim - VOl XXi de 1982, destaco<br />

as seguintes actividades realizadas:<br />

A rEuniÃO AnuAl DA SOCiEDADE DE 1980 efectuou-se<br />

no Clube de Viseu <strong>em</strong> 6, 7 e 8 de Dez<strong>em</strong>bro 1980 e foi subordinada<br />

ao t<strong>em</strong>a “OtOlOgiA CliniCA”.<br />

Durante a s<strong>em</strong>ana de 1 a 6 de Julho de 1981, decorreu <strong>em</strong><br />

Coimbra uma reunião intitulada “A SEmAnA DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

DE COimBrA” durante a qual se efectuaram<br />

as seguintes reuniões:<br />

“1º CurSO intErnACiOnAl DE rinOSEptOplAStiA” e<br />

“1º SimpOSium intErnACiOnAl DA FunDAÇÃO pOrtmAnn<br />

- SECÇÃO pOrtuguESA”.<br />

197


198 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 239<br />

FOTO DE GRUPO DO II SIMPOSIUM DA FUNDAÇÃO PORTMANN EM COIMBRA EM JULHO DE 1987<br />

FigurA 240<br />

ARQUIVOS PORTUGUESES DE OTORRINOLARINGOLOGIA E DE PATOLOGIA CÉR-<br />

VICO-FACIAL<br />

Viii COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

O Viii COngrESSO nACiOnAl DE OtOrrinOlAringOlOgiA,<br />

realizou-se <strong>em</strong> Espinho de 5 a 8 de Dez<strong>em</strong>bro de<br />

1981, e o t<strong>em</strong>a <strong>do</strong> Congresso foi: “pAtOlOgiA DAS glÂn-<br />

DulAS SAliVArES”.<br />

na Ass<strong>em</strong>bleia-geral realizada durante o congresso foi<br />

nomea<strong>do</strong> Sócio Honorário o:<br />

Dr. FRANCISCO DA SILVA ALVES, pelos altos serviços presta<strong>do</strong>s<br />

não só à Sociedade de Orl como à Orl nacional.<br />

na Ass<strong>em</strong>bleia-geral ordinária de 8 de Dez<strong>em</strong>bro de 1981<br />

foi eleita uma nova direcção ten<strong>do</strong> como presidente o<br />

prof. Dr. CArlOS miguÉiS. Esta Direcção foi eleita para o<br />

biénio 1982/1983, <strong>em</strong>bora como ver<strong>em</strong>os adiante uma alteração<br />

aos estatutos levou a que ficasse até 1985.<br />

DIRECÇÃO DA SOCIEDADE PARA O BIÉNIO DE 1982/83<br />

Presidente: - prof. Dr. Carlos miguéis<br />

Vice-Presidentes: - Dr. Abel Correia (núcleo <strong>do</strong> Sul)<br />

- Dr. raul Silva (núcleo <strong>do</strong> norte)<br />

Secretário-Geral: - Dr. António Cancela de Amorim<br />

Secretário-Geral<br />

Relações exteriores: - Dr. Campos Henriques<br />

Tesoureiro: - Dr. Carlos Seabra


FigurA 241<br />

DR. CARLOS MIGUÉIS<br />

O prOF. CArlOS miguÉiS nasceu a 2 de Fevereiro de<br />

1925, fez a sua licenciatura na Faculdade de medicina de<br />

Coimbra <strong>em</strong> 1952.<br />

Fez um estágio no Serviço de Clínica Orl da Faculdade medicina<br />

de Bordéus de 1954 a 1960, durante o qual obteve:<br />

- Certificat d’ Études Spéciales d ‘<strong>ORL</strong> “diploma nacional<br />

Francês”: 1957.<br />

- Chef de Clinique Adjoint d’<strong>ORL</strong> da Faculdade medicina de<br />

Bordéus: de 1957 a 1960.<br />

- Especialista pela “Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos” (portugal): 1960.<br />

- “Assistente” e “Consultor” <strong>do</strong> “Centro Anti-Canceroso de<br />

Coimbra” “instituto português de Oncologia - Francisco<br />

gentil” de 1961 a 1993.<br />

- “Doutoramento profissional” (Fac. med. Coimbra): 1961.<br />

título da “dissertação”: “Recuperação funcional após cirurgia<br />

da base da língua”.<br />

- “Doutoramento Académico” (Fac. med. Coimbra): 1962. título<br />

da “dissertação”: “Cirurgia <strong>do</strong> Estribo (Alguns aspectos)”.<br />

- primeiro Assistente da Fac. med. Coimbra <strong>em</strong> 1966. Encarrega<strong>do</strong><br />

da regência <strong>do</strong> Curso de Orl na Fac. med.<br />

Coimbra de 1967 a 1995. professor Auxiliar da Fac. med.<br />

Coimbra <strong>em</strong> 1970. professor Associa<strong>do</strong> da Fac. med.<br />

Coimbra <strong>em</strong> 1980. professor Agrega<strong>do</strong> Fac. med. Coimbra<br />

<strong>em</strong> 1990. professor Catedrático de Orl a partir <strong>do</strong><br />

momento <strong>em</strong> que é criada, na Fac. medicina de Coimbra,<br />

a Cadeira de Orl <strong>em</strong> 1991. professor Jubila<strong>do</strong> da<br />

Fac. med. Coimbra <strong>em</strong> 1995.<br />

- Director <strong>do</strong> Serviço de Orl <strong>do</strong>s Hospitais da universidade<br />

de Coimbra de 1967 a 1995.<br />

- presidente da Sociedade portuguesa de Orl - 1982/1985.<br />

FigurA 242<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

O SIMBOLO DA SOCIEDADE JÁ COM A NOVA DENOMINAÇÃO<br />

- publicou vários livros entre os quais:<br />

“Vertig<strong>em</strong>”; ”Surdez”; ”Zumbi<strong>do</strong>s”; ”Jubilação” e “O Futuro<br />

era Ont<strong>em</strong>”.<br />

no dia 8 de Abril de 1982 realiza-se uma Ass<strong>em</strong>bleia-geral<br />

Extraordinária <strong>em</strong> que o ponto principal desta reunião<br />

magna <strong>do</strong>s Otorrinolaringologistas era a revisão <strong>do</strong>s Estatutos<br />

da Sociedade. A revisão foi feita artigo por artigo<br />

sen<strong>do</strong> as alterações mais importantes:<br />

Artigo 1 - “O nome da Sociedade deixa de ser SOCIE-<br />

DADE PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E DE<br />

BRONCOESOFAGOLOGIA” e passa a ser “SOCIEDADE<br />

PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E PATOLO-<br />

GIA CÉRVICO-FACIAL”, manten<strong>do</strong>-se o local da sede e<br />

os objectivos da Sociedade.<br />

no artigo 31, que passa para artigo 30, a palavra Biénio<br />

passa para triénio, ou seja, é alarga<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> de mandato<br />

de cada Direcção de 2 para 3 anos.<br />

todas estas alterações foram aprovadas por unanimidade<br />

pela Ass<strong>em</strong>bleia. Após a aprovação destas alterações, a<br />

mesa da Ass<strong>em</strong>bleia recebeu uma moção subscrita por<br />

nove sócios, para que a actual Direcção presidida pelo Dr.<br />

Carlos miguéis se mantivesse <strong>em</strong> funções, nos termos das<br />

alterações introduzidas, até Dez<strong>em</strong>bro de 1984, ou seja,<br />

mais um ano <strong>do</strong> que o previsto. Esta moção foi aprovada<br />

por unanimidade.<br />

Em 18 de Dez<strong>em</strong>bro de 1982 realizou-se uma nova Ass<strong>em</strong>bleia-geral<br />

Extraordinária e as decisões mais relevantes<br />

foram a criação de uma comissão presidida pelo Dr.<br />

Campos Henriques no senti<strong>do</strong> de escrever uma História<br />

da Otorrinolaringologia <strong>em</strong> portugal, que deu orig<strong>em</strong> ao<br />

livro <strong>do</strong> Dr. CAmpOS HEnriQuES:<br />

199


200 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

“A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl” (SuBSÍ-<br />

DiOS pArA A SuA HiStÓriA).<br />

Da introdução deste livro transcrevo as palavras, <strong>do</strong> Dr.<br />

Campos Henriques:<br />

“Por honrosa incumbência da Sociedade Portuguesa de<br />

Otorrinolarinologia e de Patologia Cérvico-Facial, tomei a<br />

meu cargo a elaboração deste trabalho, saben<strong>do</strong> de ant<strong>em</strong>ão,<br />

que tarefa de tal monta não estaria isenta de dificuldades<br />

e de limitações, tanto mais que, não sen<strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r,<br />

facilmente se notará a desproporção que existe entre a importância<br />

<strong>do</strong> t<strong>em</strong>a e a insuficiência <strong>do</strong> autor.<br />

Não preten<strong>do</strong> ter esgota<strong>do</strong> o assunto, ten<strong>do</strong>-me limita<strong>do</strong> a<br />

compilar el<strong>em</strong>entos que me foram amavelmente forneci<strong>do</strong>s<br />

pelos Colegas que corresponderam ao meu pedi<strong>do</strong> de informações.<br />

Nenhum trabalho desta natureza está isento de erros ou de<br />

incorrecções, mas espero que eles me sejam revela<strong>do</strong>s e faço<br />

votos para que o prazer que me proporcionou a sua redacção<br />

venha a ser partilhada por qu<strong>em</strong> o ler e que este esboço<br />

da História da <strong>ORL</strong> Portuguesa se revele útil para qu<strong>em</strong> pretenda<br />

conhecer um pouco melhor as origens da Especialidade<br />

que pratica e os seus pioneiros entre nós.”<br />

nesta Ass<strong>em</strong>bleia foram propostos e aprova<strong>do</strong>s, por unanimidade,<br />

os seguintes novos Sócios Honorários:<br />

- prof. Dr. Afonso Ferreira da Costa<br />

- Dr. José António Campos Henriques<br />

- Dr. Fernan<strong>do</strong> navarro gimenez<br />

- prof. Dr. Casimiro del Canizo Suarez<br />

- Dr. george guillen<br />

Foi também <strong>em</strong> 1982 que o Dr. António pinho e melo,<br />

tomou a iniciativa de criar o “COmitÉ” pOrtuguÊS DE<br />

AuDiO-FOnOlOgiA que teria como presidente o Dr. Campos<br />

Henriques (que não pôde aceitar), fian<strong>do</strong> o prof. rui<br />

penha como presidente e como Secretário-geral, o próprio<br />

Dr. pinho e melo. no entanto, o Comité português de<br />

Audio-Fonologia, cuja designação definitiva foi ASSOCiA-<br />

ÇÃO pOrtuguESA DE AuDiO-FOnOlOgiA, realizou <strong>em</strong><br />

portugal a reunião <strong>do</strong> BiAp (Bureau International d’Audio-<br />

Phonologie) de 1983, que teve lugar <strong>em</strong> lagos.<br />

por parte de portugal, foi m<strong>em</strong>bro funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> BiAp o<br />

professor de Sur<strong>do</strong>s-mu<strong>do</strong>s, o Dr. Cruz Filipe.<br />

O primeiro médico português m<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> BiAp foi o Dr.<br />

Campos Henriques, que nele ingressou <strong>em</strong> 1976, a convite<br />

<strong>do</strong> prof. mounier-Kuhn de lyon e <strong>do</strong> Dr. reynier de<br />

lausanne.<br />

no dia <strong>do</strong> Jubileu <strong>do</strong> Dr. José António Campos Henriques,<br />

<strong>em</strong> Janeiro de 1983, o Dr. Francisco Silva Alves efectuou<br />

uma palestra que foi mais tarde publicada na revista portuguesa<br />

de Otorrinolaringologia no número de maio de<br />

1987 - Vol XXV-1. Dada a sua importância para a História da<br />

Otorrinolaringologia portuguesa, trancrevo-a na íntegra:<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA pOrtuguESA<br />

DO pASSADO pOr FrAnCiSCO DA SilVA<br />

AlVES<br />

“O dia <strong>do</strong> limite de idade, t<strong>em</strong> duas facetas: uma triste, a de<br />

nos sentirmos um pouco marginaliza<strong>do</strong>s e outra, alegre, a<br />

de termos a satisfação de atingir esse dia, o que n<strong>em</strong> a to<strong>do</strong>s<br />

Deus permite. E essa alegria é maior ou menor, conforme o<br />

cenário onde esse dia se passa e este, Campos Henriques, é<br />

de molde a dar-lhe muita alegria.<br />

A Otorrinolaringologia portuguesa <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, <strong>do</strong> presente<br />

e <strong>do</strong> futuro foi o t<strong>em</strong>a feliz escolhi<strong>do</strong> para esta reunião pois<br />

você, Campos Henriques, viveu ainda um pouco a Otorrinolaringologia<br />

<strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, viveu plenamente a <strong>do</strong> presente e<br />

t<strong>em</strong> condições físicas e psíquicas para enfrentar a <strong>do</strong> futuro.<br />

Deve-se considerar Francisco Avelino Monteiro, o pioneiro<br />

da Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e cabe-lhe o mérito de<br />

ter efectua<strong>do</strong> a primeira laringectomia no nosso país. Todavia<br />

foi nas duas gerações seguintes que a Especialidade se<br />

individualizou, graças à acção de Manuel Leite Valadares,<br />

João Santana Leite, Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça, Ary <strong>do</strong>s Santos<br />

(pai) e Carlos de Melo; e neste grupo é de inteira justiça<br />

destacar a personalidade de Alberto Men<strong>do</strong>nça nessa tarefa.<br />

Penso que Carlos de Melo, dadas as suas qualidades pessoais,<br />

poderia ter influencia<strong>do</strong> muito mais a especialidade,<br />

se a morte o não tivesse ceifa<strong>do</strong> tão ce<strong>do</strong>.<br />

Alberto Men<strong>do</strong>nça, foi inicialmente Cirurgião <strong>do</strong>s Hospitais<br />

Civis de Lisboa, enveredan<strong>do</strong> depois para a Otorrinolaringologia<br />

que graças à sua acção muito se desenvolveu. Trabalhei<br />

intensamente com ele cerca de 5 anos e por isso posso descrevê-lo<br />

como um hom<strong>em</strong> de carácter duro, mas bon<strong>do</strong>so, cirurgião<br />

seguro, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> perfeitamente toda a cirurgia da<br />

Especialidade dessa época, crian<strong>do</strong> facilmente discípulos,<br />

mais pelo ex<strong>em</strong>plo que pela palavra. Íntegro e justo, tinha todavia<br />

<strong>do</strong>is grandes defeitos, um como hom<strong>em</strong> e outro como<br />

cirurgião. Nas suas relações humanas era duro com o próximo<br />

e vários episódios poderia relatar, mas limito-me a descrever<br />

o nosso primeiro encontro.<br />

No 2° ano <strong>do</strong> meu Internato Geral decidi concorrer a Otorrinolaringologia<br />

e procurei-o, pedin<strong>do</strong>-lhe autorização para estagiar<br />

no seu Serviço. Declinan<strong>do</strong> a minha qualidade de Interno,<br />

recebi como resposta: “não tenho nada com isso”. Acrescentei<br />

ser minha intenção concorrer a Otorrinolaringologia e ele próprio<br />

rápi<strong>do</strong>, objectou: “E só agora aparece?”<br />

Justifiquei-me com a obrigatoriedade de estar nos Serviços Gerais<br />

e novamente respondeu: “não tenho nada com isso.” Nesta<br />

altura eu gaguejava mais que nunca e irrita<strong>do</strong> respondi:<br />

Procurei-o por uma questão de delicadeza, mas <strong>em</strong> face<br />

disto vou entregar o meu requerimento para V. Exa informar.<br />

Resposta rápida: “informarei conforme a disposição desse<br />

dia.” Claro está, a informação foi favorável e ulteriormente<br />

tu<strong>do</strong> correu b<strong>em</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> aprovada por unanimidade<br />

pelo júri a que Alberto Men<strong>do</strong>nça presidiu.


FigurA 243<br />

O DR. SILVA ALVES COM O DR. CAMPOS HENRIQUES EM CASTELO BRANCO EM 1957<br />

Como Cirurgião, Alberto Men<strong>do</strong>nça era um excelente opera<strong>do</strong>r,<br />

mas facilmente se descontrolava, se o <strong>do</strong>ente sangrava<br />

d<strong>em</strong>asia<strong>do</strong>. Certo dia ao amigdalectomisar um<br />

adulto, o sangue jorrava abundant<strong>em</strong>ente e Men<strong>do</strong>nça gesticulava<br />

e barafustava <strong>em</strong> altos gritos, pedin<strong>do</strong> isto e mais<br />

aquilo à Enfermeira, a bon<strong>do</strong>sa Jesuvina, que calma, mas<br />

um pouco irada, resmungava: “ele devia ser mulher, pois<br />

assim já estava habitua<strong>do</strong> a ver sangue”...<br />

A Otorrinolaringologia <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> era essencialmente clínica<br />

e objectiva, vasta e proteiforme, visto o seu campo de acção se<br />

estender desde o encéfalo até às vias aero-digestivas.<br />

Nas primeiras décadas deste século a patologia da Especialidade<br />

era <strong>do</strong>minada pelas afecções inflamatórias <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong><br />

médio e suas complicações e secundariamente pela patologia<br />

naso-sinusal e da faringe. Na década de 30, no Serviço de<br />

<strong>ORL</strong> de S. José era frequente efectuar-se 20 a 30 intervenções<br />

sobre a mastoideia por mastoidite aguda ou por complicações<br />

da otite média crónica, geralmente colesteatomatosa,<br />

sen<strong>do</strong> as mais frequentes a tromboflebite <strong>do</strong> seio lateral e<br />

mais raramente o abcesso encefálico.<br />

Permito-me citar algumas afecções graves e hoje já desaparecidas,<br />

como a angina de Ludwig (fleimão <strong>do</strong> pavimento<br />

bucal) e a tromboflebite <strong>do</strong> seio cavernoso, consecutiva a um<br />

furúnculo da asa <strong>do</strong> nariz. Eram afecções muito raras, mas<br />

tive ocasião de as observar.<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

Na patologia da Especialidade tinha lugar de relevo o corpo<br />

estranho das vias aéreas e digestivas, muito mais graves nos<br />

primeiros, quan<strong>do</strong> localiza<strong>do</strong>s nos brônquios.<br />

Nessa época não havia viroses e a alergia era uma entidade<br />

s<strong>em</strong>i-desconhecida, exceptuan<strong>do</strong> a “rinite espamódica primaveril”.<br />

Como disse, a Especialidade nos seus primeiros t<strong>em</strong>pos, era<br />

essencialmente objectiva e praticamente não se faziam exames<br />

funcionais. Em S. José havia apenas <strong>do</strong>is diapasões e<br />

quan<strong>do</strong> era necessário efectuar um exame pericial, Alberto<br />

Men<strong>do</strong>nça, trazia <strong>do</strong> seu consultório o material “sofistica<strong>do</strong>”<br />

da época: um jogo completo de diapasões, o apito de Galton,<br />

o monocórdio de Struyken e uma espécie de campaínha,<br />

cujo nome e função nunca soube.<br />

Não havia também material para efectuar exames vestibulares,<br />

apesar de Alberto Men<strong>do</strong>nça se ter dedica<strong>do</strong> muito aos<br />

exames labirínticos, dadas as suas funções no <strong>Hospital</strong> Militar<br />

da Estrela, ten<strong>do</strong> publica<strong>do</strong> vários trabalhos sobre esta matéria,<br />

um <strong>do</strong>s quais, <strong>em</strong> 1924, na Revue d’Oto-neuro-acustique,<br />

de Strasbourg, intitula<strong>do</strong>: “Exame da Função <strong>do</strong>s Canais s<strong>em</strong>i-<br />

-circulares”. Em S. José limitávamo-nos a irrigar lentamente o<br />

ouvi<strong>do</strong> com água fria (20°) durante cerca de 1 minuto e a observar<br />

o nistagmos e sua duração, nas várias posições da cabeça.<br />

Alberto Men<strong>do</strong>nça, com efeito não dava valor ao volume<br />

da água utilizada, n<strong>em</strong> à duração da irrigação.<br />

201


202 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 244<br />

UMA AULA NA FACULDADE DE MEDICINA DO PORTO EM 1930<br />

A propósito de exames funcionais, permitam-me que vos revele<br />

um pequeno episódio. No início <strong>do</strong> meu internato observei<br />

na consulta um <strong>do</strong>ente queixan<strong>do</strong>-se de zumbi<strong>do</strong>s e<br />

como, os tímpanos eram normais, fiquei atrapalha<strong>do</strong> e pedi<br />

auxílio a um colega mais antigo, o Luís Andrade.<br />

Este após observar o <strong>do</strong>ente disse-me: Sabe, Silva Alves,<br />

quan<strong>do</strong> no consultório observo um <strong>do</strong>ente, queixan<strong>do</strong>-se de<br />

zumbi<strong>do</strong>s, e ele não t<strong>em</strong> cera, fico logo “à rasca”. Luís Macieira<br />

ouvira a nossa conversa e voltan<strong>do</strong>-se para Alberto<br />

Men<strong>do</strong>nça, relatou o facto comentan<strong>do</strong>: nós também ficamos,<br />

Sr. Doutor, mas não t<strong>em</strong>os a corag<strong>em</strong> de o dizer...<br />

FigurA 245<br />

O 5ºANO MÉDICO DE 1934 DA ESCOLA DO PORTO ONDE ESTAVA O DR. SILVA ALVES<br />

Ocorre perguntar, actualmente o mesmo não poderá suceder,<br />

<strong>em</strong>bora raramente?<br />

No referente à terapêutica médica direi que nas afecções inflamatórias<br />

agudas, tinha lugar de relevo a proteinoterápia<br />

(injecções de leite, Omnadine, Imuna<strong>do</strong>l, etc.) e com estes<br />

medicamentos e gelo local curavam-se muitas mastoidites<br />

agudas, sobretu<strong>do</strong> nas crianças. Após o advento das sulfamidas<br />

<strong>em</strong> 1935, descoberta feita por Domagk, o número de<br />

complicações das otites médias agudas diminuiu progressivamente<br />

e assim, após ter si<strong>do</strong> coloca<strong>do</strong> como assistente no<br />

<strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos, <strong>em</strong> 1942, não mais executei uma<br />

mastoidectomia, por complicação de otite média aguda, enquanto<br />

no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> internato devo ter efectua<strong>do</strong> algumas<br />

dezenas. Todavia as complicações das otites médias continuaram<br />

a surgir com frequência, mesmo após o aparecimento<br />

da Penicilina na década de 40 e só nos anos 60, com<br />

larga difusão <strong>do</strong>s antibióticos, essas complicações praticamente<br />

desapareceram.<br />

A propósito destas complicações, parece-me de interesse<br />

transcrever aqui alguns números recolhi<strong>do</strong>s por mim e publica<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> 1946, na Revista Clínica Higiene e Hidrologia,<br />

numa pequena nota informativa acerca da otite crónica colesteatomatosa.<br />

Em 1944, portanto na era pré-antibiótica, foram observa<strong>do</strong>s<br />

na consulta <strong>do</strong> Serviço 8 <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos 470<br />

<strong>do</strong>entes com otites médias, agudas e crónicas, algumas com<br />

complicações graves.


FigurA 246<br />

A EQUIPA DE BANCO DO DR. SILVA ALVES NO HOSPITAL DE S. JOSÉ EM 1939<br />

Nestas 470 Otites registaram-se 7 falecimentos, cujas causas<br />

foram:<br />

1 - por Otite média aguda, com mastoidite aguda;<br />

1 - por Otite média crónica tuberculosa;<br />

5 - por otite média crónica colesteatomatosa, sen<strong>do</strong> 1 por<br />

abcesso cerebral, 1 por tromboflebite <strong>do</strong> seio (lateral), com<br />

meningite aguda e 3 por trombo-flebite <strong>do</strong> seio lateral, com<br />

septicémia.<br />

É de realçar o ter havi<strong>do</strong> apenas um óbito nos 6 casos de abcessos<br />

encefálicos e isto na era pré-antibiótica. De facto no<br />

Serviço 8 <strong>do</strong>s Capuchos havia uma boa estatística operatória<br />

nessa patologia o que levava os Neurocirurgiões a transferir<br />

para o nosso Serviço, os <strong>do</strong>entes com abcessos otogéneos, admiti<strong>do</strong>s<br />

para Neurocirurgia. A técnica <strong>em</strong>pregada era baseada<br />

na de L<strong>em</strong>aitre, punção e drenag<strong>em</strong> progressivamente alargada<br />

para se obter a exclusão <strong>do</strong>s espaços subracnoideos.<br />

Analisan<strong>do</strong> a Cirurgia <strong>ORL</strong> de outrora, ocorre perguntar se<br />

era muito diversificada. Teoricamente sim, mas na prática,<br />

para se ser considera<strong>do</strong> um bom Especialista, era suficiente<br />

saber executar b<strong>em</strong>, meia dúzia de operações de grande cirurgia.<br />

Para fundamentar esta afirmação, direi o seguinte:<br />

estava eu no início <strong>do</strong> meu Internato da Especialidade e teve<br />

honras de comunicação à Sociedade de Ciências Médicas, a<br />

primeira laringectomia efectuada por um <strong>do</strong>s mais ilustres<br />

otorrinolaringologistas portugueses, Director <strong>do</strong> Serviço e<br />

<strong>Prof</strong>essor da Faculdade de Medicina de Lisboa. Decorri<strong>do</strong>s<br />

cerca de 30 anos, nesse mesmo Serviço podia ver-se, por<br />

vezes, Internos da Especialidade fazer essa operação...<br />

Na cirurgia <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> ocupava lugar cimeiro as amigdalectomias,<br />

cirurgia <strong>do</strong> septo nasal e seios perinasais e especialmente<br />

a cirurgia <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>, mastoidectomias e<br />

esvaziamentos petro-mastoideios, dada abundância de<br />

otites médias supuradas, simples ou complicadas.<br />

Como se realizava essa cirurgia? Em más condições, pois não<br />

havia aspira<strong>do</strong>res, a iluminação era a indirecta e durante os<br />

meus 5 a 6 anos de Internato <strong>em</strong> S. José, nunca lá vi fazer<br />

uma anestesia geral. E no entanto nesse Serviço fazia-se<br />

FigurA 247<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

O DR. SILVA ALVES ENQUANTO ESTUDANTE DE ANATOMIA NO PORTO EM 1929<br />

toda a cirurgia da Especialidade, desde as amigdalectomias<br />

até às laringectomias e ressecções <strong>do</strong> maxilar superior.<br />

As amigdalectomias eram <strong>em</strong> grande número, mas b<strong>em</strong><br />

longe “massacre” das amígdalas <strong>do</strong>s anos 70... Nos adultos,<br />

a operação era feita com anestesia local pela Novocaína<br />

adrenalinada a 0,5%, mas as crianças eram operadas com<br />

“na<strong>do</strong>caína” como se dizia <strong>em</strong> gíria. Era confrange<strong>do</strong>r o espectáculo<br />

de ver, <strong>em</strong> exíguas instalações, 8 e 10 crianças a<br />

chorar, umas operadas e outras com me<strong>do</strong> de o ser... No<br />

Porto, nessa época, o Dr. Jaime de Magalhães utilizava, na<br />

amigdalectomia das crianças, o clorofórmio - anestesia, da<br />

minha particular antipatia e que nunca <strong>em</strong>preguei.<br />

A cirurgia <strong>do</strong> nariz, seios perinasais e ouvi<strong>do</strong>s, era realizada<br />

com anestesia local por infiltração ou <strong>em</strong>bebição, muitas<br />

vezes associada à injecção de morfina. Nos esvaziamentos<br />

petro-mastoideios quan<strong>do</strong> se atingia a caixa <strong>do</strong> tímpano colocava-se<br />

aí um tampão <strong>em</strong>bebi<strong>do</strong> <strong>em</strong> solução de cocaína.<br />

O material utiliza<strong>do</strong> era o clássico: escopro, goiva e martelo,<br />

b<strong>em</strong> como colher de raspag<strong>em</strong>. Claro está que muitas vezes<br />

era necessário mais um ajudante, para tentar segurar a cabeça<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong>ente, por causa das marteladas.<br />

A cirurgia larga da Especialidade, executada com anestesia<br />

local, tinha, por vezes aspectos dramáticos. Imagin<strong>em</strong> operar<br />

um fibroma naso-faríngeo, s<strong>em</strong> anestesia geral e s<strong>em</strong> aspiração<br />

ou fazer nas mesmas condições a extracção dum<br />

corpo estranho <strong>do</strong>s brônquios e neste caso nas crianças, por<br />

vezes, não se fazia qualquer anestesia...<br />

Eu ajudava s<strong>em</strong>pre o Alberto Men<strong>do</strong>nça e nunca mais esqueci<br />

a primeira ressecção <strong>do</strong> maxilar superior que vi fazer. O <strong>do</strong>ente<br />

203


204 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 248<br />

O DR. SILVA ALVES COM O DR. ALBERTO MENDONÇA<br />

EM 1957 EM CASTELO BRANCO<br />

era um hom<strong>em</strong> novo, com um pequeno carcinoma no maxilar<br />

e a anestesia utilizada foi a loco-regional, com anestesia de<br />

base pela morfina. O <strong>do</strong>ente “aguentou”, b<strong>em</strong> a operação, mas<br />

após a ressecção <strong>do</strong> maxilar superior, agitou-se e o aspecto <strong>do</strong><br />

campo operatório era horrível: os ramos da maxilar interna<br />

sangravam no fun<strong>do</strong> da loca operatória, o retalho cutâneo<br />

bailava de um la<strong>do</strong> para o outro, com a atrapalhação de pôr<br />

compressas e mais compressas e o <strong>do</strong>ente <strong>em</strong>itia grunhi<strong>do</strong>s<br />

horríveis, pois, como é evidente, não podia falar. Esta má imag<strong>em</strong><br />

ficou s<strong>em</strong>pre gravada no meu espírito, <strong>em</strong>bora atenuada<br />

pelo prazer de ulteriormente encontrar esse <strong>do</strong>ente nas ruas de<br />

Lisboa, a última vez há cerca de 2 anos. Mais tarde, ainda <strong>em</strong><br />

S. José, tive ocasião de efectuar uma ressecção <strong>do</strong> maxilar superior,<br />

nas mesmas condições, mas não me impressionei tanto.<br />

Estava já mais caleja<strong>do</strong>.<br />

Outro episódio passou-se <strong>em</strong> Madrid, na década de 50. Fui<br />

visitar o <strong>Prof</strong>. Calderin e este convi<strong>do</strong>u-me para assistir no<br />

dia seguinte a uma laringectomia total, efectuada com<br />

anestesia local, apesar de nessa época operar já os ouvi<strong>do</strong>s<br />

com anestesia geral. Todavia a anestesia local não se revelou<br />

muito eficiente e o <strong>do</strong>ente protestava constant<strong>em</strong>ente com<br />

o opera<strong>do</strong>r e este fazia o mesmo com a “hermana”, dizen<strong>do</strong><br />

ser o anestésico de péssima qualidade. Quan<strong>do</strong> Calderin iniciou<br />

a ablação da laringe, de cima para baixo, o <strong>do</strong>ente agitou-se<br />

mais, ficou cianosa<strong>do</strong>, com intensa dispneia e<br />

conseguiu levantar-se fican<strong>do</strong> senta<strong>do</strong> na marquesa. A rápida<br />

intervenção de Sacristan, que ajudava, salvou a situação,<br />

introduzin<strong>do</strong> a Cânula de Tapia na laringe e o <strong>do</strong>ente<br />

tossiu, atiran<strong>do</strong> sangue até ao tecto e finalmente deitou-se<br />

mais sossega<strong>do</strong>. Então Calderin colocan<strong>do</strong> a mão direita<br />

sobre o tórax <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente e voltan<strong>do</strong>-se para mim, com ar de<br />

toureiro disse: Oh Silva, isto foi dramático.<br />

E a propósito destes aspectos dramáticos dir-vos-ei o terror<br />

que sentíamos, quan<strong>do</strong> aparecia uma criança, com um<br />

corpo estranho nos brônquios. O material existente <strong>em</strong> S.<br />

José era antigo, de Brunings, creio eu, mas Luiz Macieira manejava-o<br />

b<strong>em</strong>. Todavia a técnica era complicada: De início<br />

colocava-se o laringoscópio, depois introduzia-se o traqueoscópio<br />

e finalmente através deste, um alonga<strong>do</strong>r, para<br />

FigurA 249<br />

O SERVIÇO 8 DO HOSPITAL DOS CAPUCHOS EM ABRIL DE 1952<br />

atingir os brônquios. E isto era feito com anestesia local ou<br />

s<strong>em</strong> ela e com luz dista. Por vezes, no caso de haver dispneia,<br />

fazia-se traqueotomia prévia.<br />

No final da década de 30, a vinda para Lisboa <strong>do</strong> Dr. António<br />

Costa Quinta, após prolonga<strong>do</strong> estágio no Serviço de Chevalier<br />

Jackson, melhorou muito a situação, pois trouxe bom<br />

material e excelente treino <strong>em</strong> en<strong>do</strong>scopia. Poucos anos depois<br />

fui coloca<strong>do</strong> nos Capuchos, como Assistente, e lá continuei<br />

a ter maus boca<strong>do</strong>s, pois então não podia pedir auxílio<br />

ao Costa Quinta, por motivos que não interessa citar. E assim<br />

lá continuei a fazer broncoscopias, por vezes a altas horas<br />

da noite e apenas com auxílio duma Enfermeira e duma<br />

criada. Convém esclarecer os mais novos, que nessa época<br />

não havia horas extraordinárias.<br />

Julgo ter-vos da<strong>do</strong> uma ideia da Otorrinolaringologia da primeira<br />

metade deste século. A 2ª Grande Guerra, a par <strong>do</strong>s<br />

grandes malefícios causa<strong>do</strong>s, trouxe também excelentes benefícios<br />

a muitos ramos da Ciência, e a Otorrinolaringologia<br />

progrediu muito com o aperfeiçoamento da anestesia, da<br />

acústica, da óptica, da electrónica etc.<br />

A pouco e pouco a “na<strong>do</strong>caína” e a novocaína deixaram de<br />

ser utilizadas, sen<strong>do</strong> substituídas pela anestesia geral, e o escopro<br />

e martelo foram substituí<strong>do</strong>s pela broca eléctrica.<br />

Terminarei fazen<strong>do</strong> uma referência à transformação operada<br />

na cirurgia <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>. Fui a Madrid e visitei Antoli-Candela,<br />

na época das fenestrações, por ele executadas<br />

primorosamente e com grande rapidez, operan<strong>do</strong> vários<br />

<strong>do</strong>entes na mesma sessão. No final duma das sessões operatórias,<br />

perguntou-me: Vocês <strong>em</strong> Lisboa faz<strong>em</strong> esta cirurgia?<br />

Disse-lhe estarmos na fase inicial de preparativos e ele<br />

respondeu-me, aludin<strong>do</strong> a outro Médico, mas numa “indirecta”<br />

evidente, para mim: Note o seguinte: os Otorrinolaringologistas,<br />

ten<strong>do</strong> larga prática de cirurgia <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>, com<br />

escopro e martelo, nunca <strong>do</strong>minarão b<strong>em</strong> a cirurgia microscópica<br />

<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>. Retive a lição e a breve trecho aban<strong>do</strong>nei<br />

as tentativas para fazer essa cirurgia e o mesmo<br />

sucedeu com a maioria, se não a totalidade <strong>do</strong>s Otorrinolaringologistas<br />

da minha geração.


FigurA 250<br />

REALIZAÇÃO DE UMA AMIGDALECTOMIA NOS ANOS 40<br />

Isto não deve ser motivo para tristeza, pois sucede isso <strong>em</strong><br />

vários ramos de actividade humana. Record<strong>em</strong>os, apenas a<br />

Divina Greta Garbo, triturada pelo cin<strong>em</strong>a sonoro...”<br />

nos dias 10, 11 e 12 de Junho de 1983 realizou-se na Cidade<br />

da guarda a reunião Anual da Sociedade, denominada JOrnADAS<br />

OtOrrinOlAringOlÓgiCAS DA guArDA.<br />

O presidente de Honra destas Jornadas foi o Dr. António<br />

Dias Barata Salgueiro, e a Organização das Jornadas estava<br />

entregue a uma Comissão com o Dr. Afonso de paiva<br />

à frente. Estiveram presentes os seguintes convida<strong>do</strong>s estrangeiros:<br />

- prof. Yves guerrier<br />

- Dr. guy-lacher<br />

- Dr. Jean pierre Bébear<br />

- Dr. Fernan<strong>do</strong> navarro gimenez<br />

- prof. Dr. Casimiro del Canizo Suarez<br />

na Ass<strong>em</strong>bleia-geral que se seguiu às Jornadas foram<br />

eleitos Sócios Honorários:<br />

- Dr. Francisco Silva Alves<br />

- Dr. António Dias Barata Salgueiro<br />

no dia 9 de Julho de 1983, realizou-se a rEuniÃO DO nÚ-<br />

ClEO DO nOrtE, organizada pelo Vice-presidente da Sociedade<br />

Dr. raul Ferreira da Silva, que se realizou na Casa <strong>do</strong><br />

médico <strong>do</strong> porto e o t<strong>em</strong>a foi “OTITE MÉDIA COM EFUSÃO”.<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

O Boletim da Sociedade passava um perío<strong>do</strong> menos bom,<br />

<strong>em</strong>bora se conseguisse manter a sua publicação. Havia<br />

queixas de dificuldades orçamentais por parte da direcção<br />

e a sua publicação foi sen<strong>do</strong> adiada; finalmente <strong>em</strong><br />

1983 passou, sob a direcção <strong>do</strong> Dr. Campos Henriques, a<br />

quadrimestral, com novo grafismo, novos patrocina<strong>do</strong>res<br />

e com um Conselho Científico.<br />

As actividades no ambito da Especialidade foram muitas<br />

e variadas durante estes anos <strong>do</strong> mandato desta Direcção,<br />

mostran<strong>do</strong> que a Orl nacional estava <strong>em</strong> franco crescimento.<br />

As realizações mais relevantes deste perío<strong>do</strong><br />

foram:<br />

i CurSO DE miCrOCirurgiA OtOlÓgiCA - Organização<br />

<strong>do</strong> Serviço de Orl da Faculdade de Ciências médicas da<br />

universidade nova de lisboa, prof. rui penha, como convida<strong>do</strong>,<br />

António de la Cruz (u.S.A.) - maio de 1982.<br />

SimpÓSiO intErnACiOnAl DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

pEDiÁtriCA, organiza<strong>do</strong> pelo Serviço de Orl da Faculdade<br />

de medicina <strong>do</strong> porto (prof. Dr. pais Cl<strong>em</strong>ente), <strong>em</strong><br />

Junho de 1982.<br />

rEuniÃO CiEntÍFiCA SOBrE “pOtEnCiAiS EVOCADOS”,<br />

organiza<strong>do</strong> pelo Serviço de Orl da universidade nova de<br />

lisboa (prof. Dr. rui penha), <strong>em</strong> 1982.<br />

rEuniÃO CiEntÍFiCA OrgAniZADA pElO nÚClEO DO<br />

nOrtE DA SOCiEDADE: Jornadas de Orl para o Clínico<br />

geral, <strong>em</strong> Viana <strong>do</strong> Castelo, <strong>em</strong> Julho. Orl com os seguintes<br />

t<strong>em</strong>as: Anatomia <strong>do</strong>s Seios perinasais, patologia e<br />

terapêutica das Sinusites, tratamento da Otite média e<br />

reabilitação Auditiva.<br />

FigurA 251<br />

O DR.COSTA QUINTA REALIZANDO UMA BRONCOSCOPIA<br />

NOS ANOS 50 DO SÉCULO XX<br />

205


206<br />

HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 252<br />

III CURSO DE AUDIOLOGIA DO DR. ANTOLI-CANDELA NO INSTITUTO DO TRABALHO EM MADRID EM 19 DE MARÇO DE 1959,<br />

TEVE A PRESENÇA DE VÁRIOS PORTUGUESES<br />

CurSO intErnACiOnAl SOBrE VErtigEm, organiza<strong>do</strong><br />

pelo Serviço de Otoneurologia e Audiologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Egas moniz (Dr. Branco Correia), Set<strong>em</strong>bro de 1982.<br />

ii CurSO intErnACiOnAl DE OtOlOgiA CirÚrgiCA, organiza<strong>do</strong><br />

pelo Serviço de Orl da Faculdade de Ciências<br />

médicas da universidade nova de lisboa (prof. ruy<br />

penha), maio de 1983. Este Curso teve como convida<strong>do</strong>s<br />

estrangeiros o Dr. E. garcia ibanez; o Dr. J. Bernard Causse;<br />

o Dr. Jean Causse e o Dr. lorenzo rubio morales.<br />

i CurSO intErnACiOnAl SOBrE VErtigEm, organiza<strong>do</strong><br />

pelo Serviço de Orl da Faculdade de Ciências médicas da<br />

universidade nova de lisboa (prof. ruy penha), Outubro<br />

de 1983. Este Curso teve como convida<strong>do</strong>s estrangeiros<br />

o Dr. F. Olaizola; o Dr. Jan Stahle; o Dr. lars Odkvist; o Dr.<br />

n. Henrikson e o Dr. n. J. Oosteveld.<br />

Vi JOrnADAS DE Orl DO HOSpitAl DE SAntO AntÓniO<br />

DO pOrtO - Dr. gameiro <strong>do</strong>s Santos, com a colaboração<br />

da Fundação portmann - prof. michel portmann; porf. J. p.<br />

Bébear / Dr. guy lacher.<br />

Vii JOrnADAS DE Orl DO HOSpitAl DE SAntO AntÓniO<br />

DO pOrtO - Dr. gameiro <strong>do</strong>s Santos com “t<strong>em</strong>as de Otologia”<br />

- porf. J. p. Bébear; Drs. guy lacher e robert Charachon<br />

- março de 1984.<br />

ii CurSO DE Orl pArA ClÍniCOS gErAiS, organiza<strong>do</strong> pelo<br />

Serviço de Orl da Faculdade de medicina de lisboa - <strong>Hospital</strong><br />

de Santa maria - prof. mário Andrea - março de 1984.<br />

V CurSO DE CirurgiA lArÍngEA, organiza<strong>do</strong> pelo Serviço<br />

de Orl da Faculdade de medicina de lisboa - <strong>Hospital</strong><br />

de Santa maria - prof. mário Andrea - Abril de 1984.<br />

iV JOrnADAS DE CirurgiA lArÍngEA, organizadas pelo<br />

Serviço de Orl da Faculdade de medicina de lisboa - <strong>Hospital</strong><br />

de Santa maria - prof. mário Andrea - com prof. Casimiro<br />

Canizo Suarez - Abril de 1984.<br />

i JOrnADAS intErnACiOnAiS DE AuDiOlOgiA E rEABilitAÇÃO<br />

AuDitiVA, organizadas pela Consulta de Oto-Audiologia<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s Capuchos - Dr.<br />

rosas da Costa - com o prof. michel portmann e Dra. Claudine<br />

portmann (Bordéus); Dr. perelló (Barcelona); Dr. Sten<br />

Harris (lund, Suécia) - maio de 1984.<br />

SimpÓSiO intErnACiOnAl DE OtOnEurOCirurgiA E CirurgiA<br />

DA BASE DO CrÂniO, organiza<strong>do</strong> pelo Serviço de<br />

Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. João - Faculdade de medicina <strong>do</strong><br />

porto - prof. pais Cl<strong>em</strong>ente - com William House (u.S.A.) -<br />

maio de 1984.<br />

ii CurSO intErnACiOnAl DE SEptOrrinOplAStiA, organiza<strong>do</strong><br />

pelo Serviço de Orl da Faculdade de medicina<br />

e H.u.C. - prof. Carlos miguéis - com Dr. georges guillen


FigurA 253<br />

PROSPECTO E DIPLOMA DAS JORNADAS DA GUARDA EM 1983<br />

(Bordéus); prof. giorgio Sulsenti (Bolonha); Dr. montsserrat<br />

Viladiu (Barcelona); Dr. J. Fabra (Barcelona); Dr. iglésias Cen<strong>do</strong>n<br />

(Vigo) e Dr. Espina Campos (Vigo), <strong>em</strong> Junho de 1984.<br />

i JOrnADAS SOBrE O OuViDO intErnO, organizadas<br />

pelo Serviço de Orl da Faculdade de medicina de lisboa<br />

- <strong>Hospital</strong> de Santa maria - prof. mário Andrea - com prof.<br />

miguel Ciges e Drs. Conraux e uziel, <strong>em</strong> Julho de 1984.<br />

ii CurSO DE CirurgiA OtOlÓgiCA, organiza<strong>do</strong> pelo Serviço<br />

de Orl da Faculdade de medicina de lisboa - <strong>Hospital</strong><br />

de Santa maria - prof. mário Andrea, nov<strong>em</strong>bro de<br />

1984.<br />

iii JOrnADAS DE CirurgiA OtOlÓgiCA, organizadas pelo<br />

Serviço de Orl da Faculdade de medicina de lisboa - <strong>Hospital</strong><br />

de Santa maria - prof. mário Andrea, nov<strong>em</strong>bro 1984.<br />

no dia 18 de Abril de 1984 foi constituída por escritura notarial,<br />

uma nova agr<strong>em</strong>iação de Otorrinolaringologistas:<br />

“ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE AUDIO-FONOLOGIA”,<br />

cujos estatutos refer<strong>em</strong>: A Associação portuguesa de Audio-<br />

-Fonologia é uma organização destinada a promover a divulgação,<br />

aprofundar os estu<strong>do</strong>s e establecer normas orienta<strong>do</strong>ras<br />

na audio-fonologia de língua portuguesa.<br />

FigurA 254<br />

DIPLOMA DA SOCIEDADE EM 1983<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl 207


208 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

iX COngrESSO nACiOnAl<br />

DA SOCiEDADE<br />

Em Dez<strong>em</strong>bro de 1984, organiza<strong>do</strong> pelo Serviço Orl <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> <strong>do</strong> Funchal, realizou-se o iX COngrESSO nACiOnAl<br />

DA SOCiEDADE com discussão <strong>do</strong> relatório sobre<br />

“HISTÓRIA DA <strong>ORL</strong> PORTUGUESA” e várias Comunicações<br />

livres.<br />

A Ass<strong>em</strong>bleia-geral que se deveria ter realiza<strong>do</strong> na sequência<br />

<strong>do</strong> congresso não se realizou e a votação da nova<br />

Direcção foi adiada para Abril <strong>do</strong> ano seguinte, ten<strong>do</strong>-se<br />

manti<strong>do</strong> <strong>em</strong> funções a Direcção até à tomada de posse da<br />

direcção seguinte.<br />

no dia 20 de Abril de 1984 realizou-se uma nova Ass<strong>em</strong>bleia-geral<br />

da Sociedade com a mesa presidida pelo prof.<br />

Carlos miguéis e secretariada pelo Dr. Cancela de Amorim.<br />

É aqui referencia<strong>do</strong>, pela primeira vez <strong>em</strong> Ass<strong>em</strong>bleia, o<br />

desaparecimento <strong>do</strong> livro de Actas da Sociedade <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

de 1964-1982, com to<strong>do</strong>s os prejuízos para o conhecimento<br />

e divulgação da História da Sociedade que<br />

daí advém.<br />

nesta ass<strong>em</strong>bleia foram nomea<strong>do</strong>s novos Sócios Honorários:<br />

- prof. nobre leitão<br />

- Dr. Afonso neves de paiva<br />

- Dr. guy-lacher<br />

- Dr. Jean pierre Bébear<br />

no final da Ass<strong>em</strong>bleia procede-se à votação da Direcção<br />

para o triénio de 1985/1988 que ficava assim constituída:<br />

DIRECÇÃO PARA O TRIÉNIO DE 1985/1988<br />

Presidente: - prof. Dr. rui da Silva Santos<br />

penha<br />

Vice-Presidentes: - prof. Dr. manuel pais Cl<strong>em</strong>ente<br />

- Dr. Jorge manuel Carvalho Sofia<br />

Secretário para<br />

Assuntos<br />

Exteriores e Boletim: - Dr. José António Campos Henriques<br />

Secretário-Geral: - Dr. Victor manuel gabão Veiga<br />

Tesoureiro: - Dr. José António Costa Quinta<br />

rESumO DA BiOgrAFiA<br />

DO prOF. Dr. rui pEnHA<br />

Especialista <strong>em</strong> Otorrinolaringologia <strong>em</strong> 1960, Assistente<br />

da Cadeira de Orl da Faculdade de medicina durante 8<br />

anos (1962/1970), Assistente <strong>do</strong> instituto de Áudio-Fonologia<br />

<strong>em</strong> 1965, interno gradua<strong>do</strong> <strong>do</strong> quadro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de Santa maria <strong>em</strong> 1970, Assistente Estrangeiro de Orl<br />

FigurA 255<br />

PROF. DR. RUI PENHA<br />

da Faculdade de medicina <strong>do</strong> recife <strong>em</strong> 1973. Fez o Doutoramento<br />

<strong>em</strong> Otorrinolaringologia na F.m.l, aprova<strong>do</strong><br />

com distinção e louvor <strong>em</strong> 1975, nomea<strong>do</strong> professor Auxiliar<br />

de Orl da F.m.l. <strong>em</strong> 1976, Chefe de Clínica de Orl<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santa maria <strong>em</strong> 1978, professor Extraordinário<br />

de Orl da F.C.m. da u.n.l. <strong>em</strong> 1980, professor Catedrático<br />

de Orl da F.C.m. da u.n.l. <strong>em</strong> 1981 e Director <strong>do</strong><br />

Serviço de Orl, Otoneurologia e Audiologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Egas moniz desde 1980 até 1998.<br />

Exerceu funções de relevo, das quais se destacam:<br />

- Sociedade portuguesa de Orl, Audiologia e Fonologia<br />

- presidente<br />

- Sociedade portuguesa de Áudio-Fonologia (Secção<br />

port. <strong>do</strong> Bureau International d’Audiologie) - presidente<br />

- Sociedade portuguesa de Orl e Cirurgia Cérvico-Facial<br />

- presidente<br />

- Sociedade Espanhola de Orl e patologia Cérvico-Facial<br />

- m<strong>em</strong>bro de Honor<br />

- Sociedad Extr<strong>em</strong>ena de Orl y patologia Cervico-Facial<br />

- m<strong>em</strong>bro de Honor<br />

- Sociedade luso-Espanhola de Orl<br />

- Funda<strong>do</strong>r e presidente Honorário<br />

- Acad<strong>em</strong>ia Europeia de Otologia e Otoneurologia<br />

- m<strong>em</strong>bro Funda<strong>do</strong>r<br />

- Aerospace medical Association; Fundação portmann;<br />

- politzer Society<br />

- international Hearing Foundation <strong>em</strong> portugal<br />

- nomea<strong>do</strong> presidente


FigurA 256<br />

REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE - 1986<br />

- iFOS - international Federation of Orl Societies - m<strong>em</strong>bro<br />

Executivo durante 9 anos, e Conselheiro Vitalício a<br />

partir de 2003<br />

- É autor ou co-autor de várias centenas de trabalhos publica<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> revistas da Especialidade<br />

- Em 1996, no Congresso da Acad<strong>em</strong>ia Americana obteve<br />

o 2º prémio, para poster<br />

- É autor e/ou editor de onze livros da Especialidade<br />

- Foi Condecora<strong>do</strong> <strong>em</strong> Junho de 1994 com a Ord<strong>em</strong> honorífica:<br />

“grande Oficial da Ord<strong>em</strong> de Santiago de Espada”<br />

A Direcção eleita, ten<strong>do</strong> como presidente o prof. Dr. rui<br />

penha e como Secretário-geral o Dr. gabão Veiga, vai ter<br />

um papel importante na dinamização da Sociedade,<br />

sen<strong>do</strong> os pontos mais importantes a legalização da Sociedade,<br />

o retomar <strong>do</strong> Boletim, cuja publicação estava<br />

suspensa há vários anos e o retomar das reuniões Anuais<br />

e o Congresso nacional.<br />

De 27 de Fevereiro a 1 de março de 1986, realiza-se a reunião<br />

AnuAl DA SOCiEDADE, nas Caldas da rainha. O presidente<br />

da reunião foi o prof. Dr. rui penha, a organização<br />

local esteve a cargo <strong>do</strong> Dr. Óscar Ferreira e os professores<br />

Convida<strong>do</strong>s foram o prof. mirko tos e o prof. Jan thomsen<br />

da Dinamarca.<br />

O ano de 1986 foi um ano de grande actividade científica<br />

<strong>em</strong> portugal, sen<strong>do</strong> de destacar o Simpósio internacional<br />

de Otosclerose e o Simpósio internacional da Voz.<br />

FigurA 257<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE, NAS CALDAS DA RAINHA - 1986<br />

O SimpÓSiO intErnACiOnAl DE OtOSClErOSE, sob a<br />

presidência <strong>do</strong> prof. Dr. rui penha, trouxe a portugal os<br />

maiores nomes mundiais nesta área, tais como os profs.<br />

John J. Shea; luis garcia-ibañez ou Jean Bernard Causse<br />

entre muitos outros.<br />

As i JOrnADAS intErnACiOnAiS DE implAntES CO-<br />

ClEArES nos dias 30 e 31 de maio de 1986, no centro <strong>Hospital</strong>ar<br />

de Coimbra, lançaram as bases daquele que seria<br />

daí para a frente o centro de referência nesta técnica.<br />

O SimpÓSiO intErnACiOnAl DA VOZ, realizou-se sob a<br />

presidência <strong>do</strong> prof. Dr. pais Cl<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong> Junho de 1986,<br />

e que contou com a presença de destacadas individualidades<br />

das mais variadas áreas relacionadas com este t<strong>em</strong>a.<br />

Em maio de 1987 realizaram-se as JOrnADAS OtOrrinOlAringOlÓgiCAS<br />

DA BEirA intEriOr, que corresponderam<br />

à reunião Anual da Sociedade portuguesa de<br />

Otorrinolaringologia e patologia Cérvico-Facial. A reunião<br />

decorreu <strong>em</strong> monfortinho, Castelo Branco e teve como<br />

convida<strong>do</strong>s estrangeiros o prof. Dr. teo<strong>do</strong>ro Sacristan<br />

Alonso de Espanha; o prof. Dr. luis garcia ibañez de Espanha;<br />

o prof. Dr. W Kup, da república D<strong>em</strong>ocrática Al<strong>em</strong>ã;<br />

o Dr. Alvarez Vicent e o Dr. Joaquin gil Juan, também de<br />

Espanha. Como convida<strong>do</strong>s nacionais estiveram o Dr. Cruz<br />

maurício e o Dr. Eduar<strong>do</strong> medina que deram um curso<br />

sobre “tomografia Computa<strong>do</strong>rizada <strong>em</strong> Otologia”.<br />

no dia 3 de maio de 1987 realizou-se a Ass<strong>em</strong>bleia-geral<br />

Extraordinária da Sociedade que teve como ponto principal<br />

a aprovação <strong>do</strong>s novos Estatutos da Sociedade, que<br />

logo no artigo primeiro nº 1 refere que a Sociedade passa<br />

a denominar-se:<br />

209


210 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 258<br />

LIVRO SOBRE A AMÍGDALA, DE 1986<br />

ASSOCiAÇÃO pOrtuguESA<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

Foi decidi<strong>do</strong> manter a Direcção actual <strong>em</strong> funções até às<br />

novas eleições, pois o mandato da Direcção passou de 2<br />

a 3 anos. É também durante estas Jornadas de monfortinho<br />

que é relança<strong>do</strong> o BOlEtim, agora com o nome de:<br />

rEViStA pOrtuguESA DE OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl.<br />

Em Set<strong>em</strong>bro de 1988 realizou-se uma Ass<strong>em</strong>bleia-geral<br />

Extraordinária que serviu para a aprovação <strong>do</strong> regulamento<br />

Eleitoral que foi li<strong>do</strong> e vota<strong>do</strong> artigo por artigo,<br />

sen<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong>s, por unanimidade, to<strong>do</strong>s os artigos.<br />

FigurA 259<br />

SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OTOSCLEROSE - 1986<br />

X COngrESSO DA SOCiEDADE<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

– X COngrESSO pOrtuguÊS<br />

DE Orl<br />

O X CONGRESSO PORTUGUÊS DE <strong>ORL</strong>, teve lugar <strong>em</strong> lisboa,<br />

de 30 de nov<strong>em</strong>bro a 4 de Dez<strong>em</strong>bro de 1988. Foi o<br />

maior congresso de s<strong>em</strong>pre realiza<strong>do</strong> pela sociedade,<br />

ten<strong>do</strong> conta<strong>do</strong> com cerca de 300 inscrições.<br />

O programa foi inteiramente cumpri<strong>do</strong>, e foram realiza<strong>do</strong>s<br />

três mini-cursos de ressonância magnética, um ministra<strong>do</strong><br />

pelo Dr. CruZ mAurÍCiO, outro de progressos<br />

<strong>em</strong> Otoneurologia a cargo <strong>do</strong>s Drs. COnrAuX E COllArD<br />

da escola de Estrasburgo, e um curso monográfico de En<strong>do</strong>scopia<br />

Diagnóstica e Cirúrgica <strong>do</strong>s Seios perinasais, ministra<strong>do</strong><br />

pelo prof. Dr. HEinZ StAmmBErgEr.<br />

Além das actividades referidas foram ainda realizadas<br />

quatro conferências, feitas cerca de setenta comunicações<br />

livres e efectuadas três mesas re<strong>do</strong>ndas.<br />

Foram apresenta<strong>do</strong>s dezoito posters e vários vídeos.


FigurA 260<br />

I JORNADAS INTERNACIONAIS DE IMPLANTES COCLEARES<br />

COIMBRA - 1986<br />

Chegaram a funcionar, simultâneamente, quatro salas de<br />

trabalho.<br />

O presidente de Honra deste Congresso foi o Dr. ADOlFO<br />

rOCHA (pseudónimo: miguEl tOrgA), o ilustre Escritor<br />

que para além de ser médico era Otorrinolaringologista,<br />

ten<strong>do</strong> exerci<strong>do</strong> a sua profissão <strong>em</strong> Coimbra, durante mais<br />

de 50 anos.<br />

infelizmente, o Dr. A<strong>do</strong>lfo rocha não pôde estar presente<br />

por motivo de <strong>do</strong>ença, mas enviou um bonito texto que<br />

passo a transcrever:<br />

“Impossibilita<strong>do</strong> de estar presente <strong>em</strong> carne e osso na abertura<br />

solene deste Congresso, que almas generosas quiseram<br />

que eu <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>atizasse, venho ao menos fazê-lo <strong>em</strong> espírito<br />

<strong>em</strong> breves palavras. Velho Oto-Rino-Laringologista que me<br />

orgulho de ser há cinquenta anos, é-me grato aproveitar esta<br />

oportunidade para saudar to<strong>do</strong>s os companheiros que a um<br />

<strong>do</strong>s mais nobres ramos da medicina deram inteligência e devoção.<br />

Somos nós os zela<strong>do</strong>res da fala e <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>,<br />

as suas riquezas supr<strong>em</strong>as. É pelo que diz e ouve que ele comunica<br />

e convive, e sab<strong>em</strong>os <strong>em</strong> que poço de solidão mergulha<br />

quan<strong>do</strong> a mudez e a surdez o atormentam. Contra essas<br />

e outras desgraças muito t<strong>em</strong>os luta<strong>do</strong> e muito t<strong>em</strong>os consegui<strong>do</strong>,<br />

restituin<strong>do</strong> a um s<strong>em</strong>-número de desiludi<strong>do</strong>s a alegria<br />

de viver. Que a presente reunião seja mais um passo no senti<strong>do</strong><br />

da esperança. Da esperança daqueles que, aflitos, nos<br />

bat<strong>em</strong> à porta, confia<strong>do</strong>s na nossa ciência e na nossa solida-<br />

FigurA 261<br />

JORNADAS OTORRINOLARINGOLÓGICAS DA BEIRA INTERIOR EM 1987<br />

FigurA 262<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

CAPA DA REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL ADOPTADA ENTRE 1987 E 1993<br />

211


212 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 263<br />

PROCEEDINGS DO X CONGRESSO PORTUGUÊS DE <strong>ORL</strong> EM 1988<br />

riedade. Não há maior honra <strong>do</strong> que ser Médico, e recompensa<br />

maior <strong>do</strong> que sê-lo no coração agradeci<strong>do</strong> daqueles a<br />

qu<strong>em</strong> um dia val<strong>em</strong>os, ou porque se escoavam <strong>em</strong> sangue, ou<br />

porque um cancro os ameaçava, ou porque, simplesmente, se<br />

encontraram de repente afásicos pelo abalo de uma grande<br />

<strong>em</strong>oção, e connosco aprenderam novamente a ter voz”.<br />

ADOLFO ROCHA (Miguel Torga) Coimbra, Outubro de 1988<br />

Durante este Congresso realizou-se uma Ass<strong>em</strong>bleia-geral<br />

da Sociedade, na qual foi eleita uma nova Direcção. Fican<strong>do</strong><br />

assim constituída a nova Direcção:<br />

DIRECÇÃO PARA O TRIÉNIO DE 1988/1991<br />

Presidente: - prof. Dr. rui da Silva Santos penha<br />

Vice-Presidentes: - prof. Dr. manuel pais Cl<strong>em</strong>ente<br />

- Dr. Jorge manuel Carvalho Sofia<br />

Secretário para<br />

Assuntos Exteriores<br />

e Boletim: - Dr. José António Campos Henriques<br />

Secretário-Geral: - Dr. Victor manuel gabão Veiga<br />

Tesoureiro: - Dr. José António Costa Quinta<br />

Vogais: - Dr. Alivar Jones Car<strong>do</strong>so<br />

- Dr. José Domingos martins Cabral<br />

Beirão<br />

- Dr. nuno Santiago Silva<br />

- Dr. raul Ferreira da Silva<br />

FigurA 264<br />

O DR. ADOLFO ROCHA (PSEUDÓNIMO LITERÁRIO: MIGUEL TORGA)<br />

no dia seguinte realizou-se nova Ass<strong>em</strong>bleia-geral, já<br />

com a nova Direcção eleita, na qual foi aprova<strong>do</strong> por unanimidade,<br />

o regulamento <strong>do</strong> Congresso da Associação<br />

portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-<br />

Facial, e procedeu-se à eleição de novos Sócios Honorários,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> eleitos por unanimidade, os seguintes<br />

nome:<br />

- Dr. A<strong>do</strong>lfo rocha - “miguel torga”<br />

- Dr. Cruz maurício<br />

- prof. Dr. teo<strong>do</strong>ro Sacristan<br />

- Dr. Fernan<strong>do</strong> Olaizola gorbea<br />

- Dr. Emílio garcia ibañez<br />

- Dr. Jean Causse<br />

- Dr. Jean Bernard Causse<br />

- Dr. neves pinto<br />

Em Sevilha, <strong>em</strong> 1988 teve lugar o COngrESSO HiSpAnO-<br />

-luSO DE Orl E pAtOlOgiA CÉrViCO-FACiAl, patrocina<strong>do</strong><br />

pela Associação portuguesa, pela Sociedade Espanhola<br />

de Orl e patologia Cérvico-Facial e ainda pela<br />

Sociedade Andaluza de Orl.<br />

no decurso <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> Congresso foi constituída a SO-<br />

CiEDADE iBÉriCA DE Orl cujo objectivo era cimentar os<br />

laços de colaboração entre a Associação portuguesa e a<br />

Sociedade Espanhola. não tenho conhecimento de qualquer<br />

actividade desta Sociedade.


Depois <strong>do</strong> i COngrESSO HiSpAnO-luSO DE Orl, organiza<strong>do</strong><br />

pela Sociedad gallega de Orl, Sociedad Española<br />

de Orl e da Sociedade portuguesa de Orl, <strong>em</strong> Santiago<br />

de Compostela, os contactos entre portugueses e galegos<br />

foi constante.<br />

Em 18 de Junho de 1988 passa a integrar a Junta Directiva<br />

da Sociedad gallega de Orl (SgOrl) um Vogal por<br />

portugal, sob proposta <strong>do</strong> prof. nicolas garcia Soto.<br />

Desde 20 de Junho de 1992 passa a integrar também a<br />

Junta Directiva da SgOrl um tesoureiro português.<br />

Ao longo <strong>do</strong>s anos têm si<strong>do</strong> inúmeras as participações <strong>em</strong><br />

reuniões Científicas conjuntas, sen<strong>do</strong> as reuniões luso-galaicas<br />

o ponto de honra desses encontros.<br />

Em 1989, o prof. Dr. rui penha, prof. Dr. Branco Correia e<br />

Dr. José luís reis publicam um livro intitula<strong>do</strong> “AuDiOlOgiA<br />

ClÍniCA-tEOriA E tÉCniCAS”.<br />

no Editorial é referi<strong>do</strong> que este livro foi pensa<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> auxílio que possa prestar aos colegas, aos estudantes<br />

e às técnicas de audiologia que iniciam o estu<strong>do</strong><br />

desta Ciência.<br />

Em Dez<strong>em</strong>bro de 1989, por ocasião das i Jornadas portuguesas<br />

de Audio-fonologia, saiu uma nova revista intitulada:<br />

REVISTA PORTUGUESA DE AUDIO-FONOLOGIA,<br />

órgão oficial da “ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE AUDIO-<br />

-FONOLOGIA”.<br />

FigurA 265<br />

REVISTA PORTUGUESA DE AUDIO-FONOLOGIA - ANO I Nº1 - 1989<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

A DÉCADA DE 90<br />

A COnSOliDAÇÃO<br />

A REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA de<br />

Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial decorreu <strong>em</strong><br />

Coimbra de 6 a 8 de Dez<strong>em</strong>bro de 1990, ten<strong>do</strong> como organiza<strong>do</strong>r<br />

o Dr. Carvalho Sofia e como convida<strong>do</strong>s estrangeiros<br />

o Dr. Alvarez Vicent; Dr. guy Cornut; Dr. r. Charachan<br />

e Dr. r. Dauman.<br />

É também <strong>em</strong> 1990 que se dá o falecimento <strong>do</strong> prof. Dr.<br />

JOSÉ nOBrE lEitÃO.<br />

O ano de 1991 fica marca<strong>do</strong> pelo VI CONGRESSO LUSO-<br />

-ESPANHOL DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA<br />

CÉRVICO-FACIAL que decorreu no Estoril de 29 de maio a<br />

2 de Junho de 1991 com a presença de mais de 300 participantes<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is países.<br />

no ano de 1991 dá-se o falecimento <strong>do</strong> Dr. AntÓniO<br />

pinHO E mElO.<br />

A revista Julho/Agosto 1991 publica um texto <strong>do</strong> Dr.<br />

pinho e melo sobre o passa<strong>do</strong>, o presente e os caminhos<br />

<strong>do</strong> futuro na Otorrinolaringologia, que ainda hoje se mantém<br />

actualiza<strong>do</strong> nos conceitos e perspectivas para a nossa<br />

Especialidade. O Dr. pinho e melo, foi um <strong>do</strong>s pioneiros no<br />

estu<strong>do</strong> da Audio-Fonologia <strong>em</strong> portugal.<br />

Xi COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

O Xi COngrESSO nACiOnAl DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

decorreu na praia da granja, ten<strong>do</strong> como organiza<strong>do</strong>r o prof.<br />

Dr. pais Cl<strong>em</strong>ente e como presidente o prof. Dr. rui penha.<br />

O t<strong>em</strong>a <strong>do</strong> Congresso foi “MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO E<br />

TERAPÊUTICA EM OTORRINOLARINGOLOGIA”. neste<br />

Congresso realizaram-se as eleições para os novos corpos<br />

gerentes da Sociedade, ten<strong>do</strong> concorri<strong>do</strong> uma lista única<br />

que foi eleita para o triénio 1992/1994.<br />

A tomada de posse da nova Direcção, que tinha si<strong>do</strong> eleita<br />

durante o congresso, deu-se no dia 7 de março de 1992.<br />

A direcção ficou assim constituída:<br />

DIRECÇÃO PARA O TRIÉNIO 1992/1994<br />

Presidente - Dr. José luís macha<strong>do</strong> Aires<br />

Vice-Presidentes: - Dr. Carlos Alberto ribeiro de Seabra<br />

- prof. Dr. nuno Santiago Silva<br />

Secretário-Geral: - prof. António Henrique gameiro<br />

<strong>do</strong>s Santos<br />

Tesoureiro: - Dr. António Augusto maia gomes<br />

Vogais: - Dr. Abel Correia<br />

- Dr. Fernan<strong>do</strong> moreno Vaz garcia<br />

- prof. José Francisco madeira da Silva<br />

- Dr. Carlos Barreira da Costa<br />

213


214 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 266<br />

REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA<br />

DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL - 1990<br />

FigurA 267<br />

XI CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA - 1991<br />

O Dr. JOSÉ luÍS mACHADO AirES nasceu a 22 de março<br />

1934 <strong>em</strong> toubres, murça, Vila real. licencia<strong>do</strong> <strong>em</strong> medicina<br />

e Cirurgia pela Faculdade de medicina <strong>do</strong> porto <strong>em</strong><br />

1959. trabalhou no Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José<br />

de 1959 a 1962 como Estagiário, e depois como interno<br />

contrata<strong>do</strong>, 3 anos. Fez exame de Especialidade de Orl<br />

na Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos <strong>em</strong> 18 de março 1962 ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

aprova<strong>do</strong> por unanimidade.<br />

Em 31 de nov<strong>em</strong>bro de 1962 foi nomea<strong>do</strong> médico Especialista<br />

<strong>do</strong> Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> S. João, após concurso,<br />

onde se classificou <strong>em</strong> 1º lugar. Em 11 de Janeiro de<br />

1965 é nomea<strong>do</strong> para prestar serviço militar obrigatório<br />

no ultramar, sen<strong>do</strong> coloca<strong>do</strong> no <strong>Hospital</strong> militar de<br />

luanda onde des<strong>em</strong>penhou funções de Director de Serviço<br />

de Orl durante 2 anos. Em 1 de Set<strong>em</strong>bro de 1966 é<br />

integra<strong>do</strong> no quadro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Escolar de S. João, como<br />

médico gradua<strong>do</strong>. Em 1967 regressou <strong>do</strong> serviço militar<br />

retoman<strong>do</strong> as suas funções no <strong>Hospital</strong> Escolar de S. João.<br />

prestou serviço <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po parcial no <strong>Hospital</strong> de Crianças,<br />

maria pia, durante 10 anos. Em 1973 é nomea<strong>do</strong> Especialista<br />

<strong>do</strong> ipOFg porto onde toma posse <strong>em</strong> 21 de<br />

março de 1974. Em 1974 toma posse como Vogal da comissão<br />

instala<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> ipOFg porto. Em 1983 passa à categoria<br />

de Chefe de Serviço Orl ipOFg. Em 1 de Fevereiro<br />

de 1986 é nomea<strong>do</strong> Director de Serviço Orl.


Foi Secretário-geral da Sociedade nos 2 mandatos <strong>do</strong><br />

prof. gameiro <strong>do</strong>s Santos.<br />

Em 1992 foi eleito presidente da Sociedade portuguesa<br />

de Orl e Cirurgia Cérvico-Facial, ten<strong>do</strong> exerci<strong>do</strong> no triénio<br />

1992/1995.<br />

A sua vida profissional foi dedicada especialmente ao estu<strong>do</strong><br />

e tratamento <strong>do</strong> Cancro da Cabeça e pescoço no <strong>Hospital</strong><br />

de S. José com o Dr. Campos Henriques; inicia-se na<br />

Cirurgia Oncológica, no <strong>Hospital</strong> de S. João no porto, trabalha<br />

com o prof. Afonso Ferreira da Costa, continua a dedicar-se<br />

à Cirurgia Oncológica, ten<strong>do</strong> depois concorri<strong>do</strong><br />

para o ipOFg porto. no ipOFg impl<strong>em</strong>entou e desenvolveu<br />

a cirurgia da laringe, total e parcial, a cirurgia por<br />

lASEr, a cirurgia reconstrutiva da Cabeça e pescoço e a<br />

cirurgia da base <strong>do</strong> crânio, constituin<strong>do</strong> uma equipa e<br />

conseguin<strong>do</strong> que o seu Serviço se tornasse uma unidade<br />

de referência na Oncologia de Cabeça e pescoço.<br />

Em 27 de Set<strong>em</strong>bro de 1992 dá-se o falecimento <strong>do</strong> Dr.<br />

luÍS SOtErO gOmES que foi Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong><br />

Centro <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> Funchal de 1970 a 1985.<br />

Durante o ano de 1992 realizaram-se as reuniões <strong>do</strong>s três<br />

núcleos. A 23 de maio, <strong>em</strong> Braga, realizou-se a Reunião<br />

<strong>do</strong> Núcleo Norte, organizada pelo Dr. Bentes <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. marcos. A 24 de Outubro, <strong>em</strong> lisboa, a Reunião <strong>do</strong><br />

Núcleo Sul, organizada pelo <strong>Hospital</strong> de S. José, pelo Dr.<br />

Cabral Beirão com o t<strong>em</strong>a “CirurgiA EnDOnASAl”. A<br />

Reunião <strong>do</strong> Núcleo Centro realizou-se <strong>em</strong> Viseu a 7 de<br />

nov<strong>em</strong>bro, organizada pelo Dr. teixeira meireles.<br />

nos dias 7 e 8 de Dez<strong>em</strong>bro de 1992, sob a organização<br />

<strong>do</strong> prof. Dr. nuno Santiago e <strong>do</strong> núcleo <strong>do</strong> Sul da Associação,<br />

realizou-se <strong>em</strong> lisboa a:<br />

rEuniÃO AnuAl DE 1992 DA ASSOCiAÇÃO pOrtuguESA<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA CÉrViCO-FA-<br />

CiAl, cujos t<strong>em</strong>as principais foram:<br />

- reabilitação vocal médica e cirúrgica no cancro da laringe,<br />

neoplasias <strong>do</strong> cavum e Otites seromucosas.<br />

Foram Convidadas as seguintes individualidades:<br />

- Esteban Cvitkovik (França)<br />

- ingo Herrmann (Al<strong>em</strong>anha)<br />

- K. B. Huttenbrink (Al<strong>em</strong>anha)<br />

- pedro Claros (Espanha)<br />

no ano de 1993 realizou-se a 24 de Abril a REUNIÃO DO<br />

NÚCLEO NORTE com o t<strong>em</strong>a: “OTITE MÉDIA CRÓNICA<br />

NA CRIANÇA: SURDEZ NA CRIANÇA”, com a organização<br />

<strong>do</strong> Dr. Arnal<strong>do</strong> de matos, <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> maria pia <strong>do</strong> porto.<br />

nos dias 14 e 15 de maio realizou-se a REUNIÃO DO NÚ-<br />

CLEO SUL da Associação, no <strong>Hospital</strong> garcia de Orta <strong>em</strong> Almada,<br />

numa reunião organizada pelo Dr. marta pimentel,<br />

ten<strong>do</strong> como t<strong>em</strong>a a “CIRURGIA DAS GLÂNDULAS SALI-<br />

VARES” e com a presença <strong>do</strong> Dr. V. Darrouzé. no mesmo<br />

mês realizou-se a REUNIÃO DO NÚCLEO CENTRO com o<br />

t<strong>em</strong>a de “SURDEZ INFANTIL” e organizada pelo Dr. manuel<br />

FigurA 268<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

CAPA DE REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL ADOPTADA ENTRE 1993 E 1996<br />

Filipe rodrigues <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Covões <strong>em</strong> Coimbra.<br />

no decurso <strong>do</strong> Congresso mundial de Otorrinolaringologia<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial, realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> istambul, o prof.<br />

rui penha, Catedrático da Faculdade de Ciências médicas,<br />

foi eleito para o COmitÉ EXECutiVO DA iFOS (International<br />

Federation of OtorhinoLaryngological Societes).<br />

Criada aproximadamente há 90 anos, a iFOS é o órgão oficial<br />

a nível mundial da nossa Especialidade e representa<br />

as Sociedades de cada país. É constituída por um presidente,<br />

um Vice-presidente, um Secretário-geral e quinze<br />

Conselheiros Executivos. Esta eleição veio preencher uma<br />

das duas vagas <strong>em</strong> aberto.<br />

A REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO DE 1993, realizou-se<br />

no Hotel Vermar da póvoa <strong>do</strong> Varzim de 6 a 8 de Dez<strong>em</strong>bro<br />

de 1993 e o t<strong>em</strong>a foi:<br />

“MÉTODOS ACTUAIS DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA<br />

EM <strong>ORL</strong>” e contou com a presença de <strong>do</strong>is convida<strong>do</strong>s estrangeiros,<br />

o prof. Dr. J. martinez Vidal de Espanha e o prof.<br />

Dr. m. Waioff de França.<br />

Durante o ano de 1994 as reuniões de núcleo mantiveram-se,<br />

ten<strong>do</strong>-se realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Abril a reunião <strong>do</strong> núcleo<br />

Sul, com t<strong>em</strong>as: Laringectomia Sub-total Reconstrutiva;<br />

Laser <strong>em</strong> <strong>ORL</strong> e Infecções <strong>em</strong> <strong>ORL</strong>. A organização pertenceu<br />

ao prof. Dr. nuno Santiago e os convida<strong>do</strong>s foram:<br />

prof. Dr. r<strong>em</strong>acle e prof. Dr. Staffieri.<br />

215


216 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 269<br />

REUNIÃO ANUAL DE 1992<br />

Em 9 de Julho, a REUNIÃO DO NÚCLEO NORTE decorreu<br />

no <strong>Hospital</strong> Senhora da Oliveira, <strong>em</strong> guimarães, organizada<br />

pelo Dr. Fausto Fernandes.<br />

Durante esse ano realizou-se, <strong>em</strong> portugal, o:<br />

SimpÓSiO intErnACiOnAl DA VErtigEm<br />

mais de 400 pessoas, principalmente médicos Orl e neurologistas,<br />

portugueses e estrangeiros, assitiram ao Simpósio<br />

internacional da Vertig<strong>em</strong> que se realizou <strong>em</strong><br />

lisboa, no dia 18 de nov<strong>em</strong>bro. tratou-se da primeira realização<br />

<strong>do</strong> grupo de Estu<strong>do</strong> da Vertig<strong>em</strong>, que reúne colegas<br />

daquelas Especialidades que se dedicam à Exploração<br />

Funcional e ao estu<strong>do</strong> de <strong>do</strong>entes <strong>do</strong> foro Otoneurológico.<br />

nesta primeira reunião foi feita uma revisão sobre as<br />

principais questões levantadas pelas Vertigens.<br />

Cerca de 20 palestrantes portugueses, pertencentes a diversos<br />

hospitais e com diferente formação (Orl, neurologia,<br />

neurocirurgia, psiquiatria, radiologia e Farmacologia),<br />

fizeram curtas comunicações sobre os t<strong>em</strong>as propostos e<br />

os <strong>do</strong>is convida<strong>do</strong>s estrangeiros - profs. C. Claussen (Würzburg)<br />

e C. Conraux (Estrasburgo) proferiram duas conferências:<br />

- “phisiopathology of vertigo and dysequilibrium in the<br />

scope of modero neurootology” por Claus Claussen;<br />

- “trait<strong>em</strong>ent chirurgical des vertiges” por C. Conraux.<br />

O Simpósio foi presidi<strong>do</strong> pelo prof. mário Andrea e organiza<strong>do</strong><br />

pelo Dr. Vaz garcia. teve o patrocínio da Associação<br />

portuguesa de Otorrinolaringologia e da Sociedade<br />

portuguesa de neurologia.<br />

A propósito desta reunião sobre vertig<strong>em</strong>, abro aqui um<br />

espaço para abordar a criação <strong>do</strong> GEV (grupo de Estu<strong>do</strong><br />

da Vertig<strong>em</strong>) e da APO (Associação portuguesa de Otoneurologia).<br />

A ASSOCiAÇÃO pOrtuguESA<br />

DE OtOnEurOlOgiA (ApO)<br />

A ASSOCiAÇÃO pOrtuguESA DE OtOnEurOlOgiA<br />

(ApO) é uma associação que t<strong>em</strong> por objectivo agrupar<br />

os médicos das Especialidades de Otorrinolaringologia,<br />

neurologia e outros profissionais de Saúde, com interesse<br />

comum na área Otoneurológica, com escritura lavrada no<br />

Quarto Cartório nacional de lisboa, com alterações <strong>em</strong><br />

30 de Dez<strong>em</strong>bro 1997 e 30 de março de 1998 e publicação<br />

no Diário da república de 29 de Agosto nº 199/97 supl<strong>em</strong>ento,<br />

iii série.<br />

São seus sócios funda<strong>do</strong>res, o nº 1 Dr. Fernan<strong>do</strong> moreno<br />

Vaz garcia (Orl), nº 2 prof. Dr. Alberto José da Conceição<br />

trancoso (Orl), nº 3 Dr. José Carlos rosmaninho Seabra<br />

(Orl), nº 4 Dra. maria margarida neves Ferreira de Vargas<br />

(Orl), nº 5 prof. Dr. José guilherme de Brito Cortez pimentel<br />

(neurologista), nº 6 Dra. maria Conceição Valadas<br />

monteiro (Orl), nº 7 Dr. Vítor manuel gabão Veiga (Orl),<br />

nº 8 Dra. maria Helena pereira Coelho garcia (neurologista),<br />

nº 10 Dr. António Bulha Dias Ferreira (Orl), nº 11<br />

Dr. António Joaquim da Silva Entru<strong>do</strong> (Orl) e nº 12 prof.<br />

Dr. Carlos Alberto Barata Dias garcia (neurologista).<br />

O grupO DE EStuDO DA VErtigEm (gEV), que esteve na<br />

orig<strong>em</strong> da Associação, iniciou a sua actividade <strong>em</strong> 1994,<br />

ten<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> diversos eventos científicos, nomeadamente<br />

simpósios e cursos, e edita<strong>do</strong> publicações na área<br />

da Otoneurologia até à sua extinção <strong>em</strong> 1998.<br />

O primeiro presidente da ApO foi o Dr. F. Vaz garcia, <strong>em</strong><br />

1998. Sucederam-lhe nos triénios seguintes o prof. Dr. Alberto<br />

trancoso, o Dr. Carvalho Sofia e, por fim, o actual<br />

presidente Dr. Vítor manuel gabão Veiga.<br />

Ao longo da sua existência, tanto a ApO como o gEV efectuaram<br />

várias reuniões e cursos no âmbito da Otoneurologia,<br />

de que se destacam as seguintes:<br />

- i Simposium internacional de Vertig<strong>em</strong><br />

nov<strong>em</strong>bro de 1994 - lisboa, gEV<br />

- Curso sobre Vertig<strong>em</strong> e perturbações <strong>do</strong> Equilíbrio<br />

maio de 1996 - Estoril, gEV


- ii Simposium internacional de Vertig<strong>em</strong><br />

maio de 1996 - Estoril, gEV<br />

- iii Simposium internacional de Vertig<strong>em</strong><br />

Janeiro de 1998 - Espinho, gEV<br />

- ii Curso Sobre Vertig<strong>em</strong> e Desequilíbrio<br />

nov<strong>em</strong>bro de 1998 - lisboa, ApO<br />

- Vertig<strong>em</strong> Coimbra 99<br />

Janeiro de 1999 - Coimbra, ApO<br />

- Vertig<strong>em</strong> 2001<br />

Dez<strong>em</strong>bro de 2001 - Angra <strong>do</strong> Heroísmo<br />

- reunião anual da ApO - Avanços <strong>em</strong> Otoneurologia<br />

nov<strong>em</strong>bro de 2002 - Coimbra<br />

- 30º Congresso anual <strong>do</strong> nES - Abril de 2003 - porto<br />

- 1ª Curso teórico-prático de Vertig<strong>em</strong><br />

Dez<strong>em</strong>bro de 2003 - Coimbra<br />

- Curso teórico-prático sobre Exploração Funcional<br />

na Vertig<strong>em</strong> - Dez<strong>em</strong>bro de 2004 - lisboa<br />

- Otoneurologia 2005<br />

Abril de 2005 - Angra <strong>do</strong> Heroísmo<br />

- 2º Curso teórico-prático de Vertig<strong>em</strong><br />

Outubro de 2005 - Coimbra<br />

- ApO Otoneurologia 2006<br />

Junho de 2006 - porto<br />

- Exploração Vestibular Funcional<br />

nov<strong>em</strong>bro de 2006 - lisboa<br />

- reunião anual da ApO<br />

março de 2007 - Coimbra<br />

- Otoneurologia 2008<br />

Junho de 2008 - Viana <strong>do</strong> Castelo<br />

- Encontro de inverno da ApO<br />

Fevereiro de 2009 - Ericeira<br />

- Otoneurologia 2009<br />

Junho de 2009 - Carvoeiro<br />

- ii reunião de inverno da ApO<br />

março de 2010 - Ericeira<br />

São Sócios Honorários da ApO, o prof. Dr. Claude Conraux,<br />

prof. Dr. C. F. Claussen, prof. Dr. Wolf-Dieter Scheineider,<br />

prof. Dr. torcuato labella, prof. Hermínio perez garriguez<br />

e o Dr. F. Vaz garcia.<br />

Em 1994, o prof. Dr. Carlos miguéis publicou <strong>em</strong> Coimbra<br />

um livro intitula<strong>do</strong> “SURDEZ”. Este livro foi dedica<strong>do</strong> ao<br />

prof. michel portmann e à Dra. Claudine portmann.<br />

refere o autor: “Michel Portmann, para qu<strong>em</strong> a natureza foi<br />

pródiga, é, <strong>do</strong>s humanos que conheço, um daqueles que, a<br />

meus olhos, numa só pessoa, o maior número de qualidades<br />

congrega!”<br />

igualmente <strong>em</strong> 1994 foi publica<strong>do</strong> um “ATLAS DA PATO-<br />

LOGIA DO OUVIDO” da autoria <strong>do</strong> Dr. Alves <strong>do</strong>s Santos e<br />

com a colaboração <strong>do</strong> Dr. António Entru<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Dr. Orlan<strong>do</strong><br />

lopes; este Atlas que é <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de uma excelente qualidade<br />

gráfica, teve o seu prefácio escrito pelo prof. Dr. Jean<br />

pierre Bebear.<br />

FigurA 270<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

MESA DA PRESIDÊNCIA DURANTE UMA DAS REUNIÕES DA APO<br />

Decorreu de 25 a 28 de Agosto, a reunião Anual <strong>do</strong> Board<br />

de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial da união<br />

Europeia de médicos Especialistas (u.E.m.E.), na qual foi<br />

eleito presidente o prof. Dr. AntÓniO HEnriQuE gAmEirO<br />

DOS SAntOS.<br />

Xii COngrESSO nACiOnAl DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E<br />

CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

realizou-se <strong>em</strong> macau, de 12 a 14 de Set<strong>em</strong>bro, o Xii COngrESSO<br />

nACiOnAl DE OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl, com o patrocínio <strong>do</strong> governo<br />

<strong>do</strong> território, teve como t<strong>em</strong>as: “OtitE CrÓniCA” E “tumOrES<br />

DA nASOFAringE”.<br />

Cerca de 250 pessoas, entre participantes e acompanhantes,<br />

estiveram presentes nas diferentes actividades científicas e<br />

sociais, <strong>do</strong> Congresso. Foi lida uma mensag<strong>em</strong> <strong>do</strong> Dr. A<strong>do</strong>lfo<br />

rocha (miguel torga) pelo prof. Carlos miguéis dirigida a<br />

to<strong>do</strong>s os congressistas presentes <strong>em</strong> macau:<br />

“O difícil para cada português não é sê-lo; é compreender-se.<br />

Nunca soub<strong>em</strong>os olhar-nos a frio no espelho da vida. A paixão<br />

tolda-nos a vista. Daí a espécie de obscura inocência<br />

com que actuamos na História. A poder e a valer, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre<br />

t<strong>em</strong>os consciência <strong>do</strong> que pod<strong>em</strong>os e val<strong>em</strong>os. Hipertrofiamos<br />

provincianamente as qualidades alheias e<br />

minimizamos maceradamente as nossas, s<strong>em</strong> nos l<strong>em</strong>brarmos<br />

sequer de que uma criatura só não presta quan<strong>do</strong> deixou<br />

de ser inquieta. E nós somos a própria inquietação<br />

encarnada. Foi ela que nos fez transpor to<strong>do</strong>s os limites espaciais<br />

e conhecer todas as longitudes humanas.”<br />

“Quatrocentos anos depois de a termos alarga<strong>do</strong> até este extr<strong>em</strong>o<br />

oriente, estamos a despedir-nos de um recanto da pátria<br />

e a evocar Camões não, como disse, <strong>em</strong> termos formais,<br />

mas <strong>em</strong> termos factuais. É uma definitiva meta cronológica<br />

que irrevogavelmente assinalamos. E, numa circunstância<br />

217


218 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 271<br />

MEDALHA DO CONGRESSO DE 1994 EM MACAU<br />

tão significativa, tu<strong>do</strong> quanto disséss<strong>em</strong>os e fizéss<strong>em</strong>os à revelia<br />

<strong>do</strong> maior de to<strong>do</strong>s os portugueses seria lamentavelmente<br />

negativo. S<strong>em</strong> a benção <strong>do</strong> seu nome e o critério da<br />

sua universalidade, n<strong>em</strong> daríamos um penhor váli<strong>do</strong> de nós,<br />

n<strong>em</strong> poderíamos ter a certeza de voltar. De voltar eternamente.”<br />

Dr. ADOLFO ROCHA (MIGUEL TORGA)<br />

Durante o Congresso de macau realizou-se a Ass<strong>em</strong>bleia-<br />

-geral da Associação, <strong>em</strong> que foi decidi<strong>do</strong> que as eleições<br />

para a Direcção se realizariam nas Jornadas <strong>do</strong> médico interno<br />

<strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro, e foram nomea<strong>do</strong>s Sócio Honorário<br />

da Associação:<br />

- general rocha Vieira<br />

- prof Dr. Wayan Singh de Edimburgo<br />

FigurA 272<br />

XII CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL - MACAU 1994<br />

FigurA 273<br />

DR. MANUEL FILIPE PEREIRA RODRIGUES


A eleição da nova Direcção realizou-se no dia 10 de<br />

Dez<strong>em</strong>bro de 1994, e a Direcção eleita para o triénio<br />

1995/1997, foi a seguinte:<br />

DIRECÇÃO 1995/1997<br />

Presidente: - manuel Filipe pereira rodrigues<br />

Vice-Presidentes: - Alivar manuel Cunha Jones Car<strong>do</strong>so<br />

- António Augusto maia gomes<br />

Secretário-Geral: - António Carlos Eva miguéis<br />

Tesoureiro: - maria Emília gomes<br />

Vogais: - António Carlos Faria de Sousa Vieira<br />

- Joaquim manuel de Almeida ribeiro<br />

- Jorge manuel rosa Domingues<br />

- Vital Vieira Cala<strong>do</strong><br />

mAnuEl FilipE pErEirA rODriguES é licencia<strong>do</strong> pela Faculdade<br />

de medicina de Coimbra, fez a sua preparação na<br />

Al<strong>em</strong>anha, onde estagiou d<strong>em</strong>oradamente. Chefe de Serviço<br />

de Orl no Centro <strong>Hospital</strong>ar de Coimbra, após aprovação<br />

<strong>em</strong> concurso público, passou a dirigir o Serviço de<br />

Orl daquele organismo assistencial a partir de 1980. Organizou<br />

diversas reuniões internacionais com a colaboração<br />

de professores Al<strong>em</strong>ães e Espanhóis.<br />

Em 16 de março de 1985, o Dr. manuel Filipe iniciou, de<br />

forma pioneira <strong>em</strong> portugal, o tratamento da surdez total<br />

ou profunda bilateral por implantes cocleares. Foi presidente<br />

da Direcção da Sociedade portuguesa de Orl no<br />

triénio de 1995/1997.<br />

também notícia importante para a nossa Associação foi a<br />

nomeação <strong>do</strong> prof. Dr. gameiro <strong>do</strong>s Santos para o Comité<br />

Executivo da EuFOS, passan<strong>do</strong> a representar a península<br />

ibérica. A duração <strong>do</strong> mandato foi de 4 anos. A EuFOS era<br />

presidida na altura pelo prof. mirko tos (Dinamarca).<br />

O ano de 1995, começa com a triste notícia da morte de<br />

ADOLFO ROCHA/MIGUEL TORGA. na revista da Associação<br />

é publica<strong>do</strong> um pequeno texto de Homenag<strong>em</strong> ao<br />

Escritor e ao médico:<br />

“Embora fosse um desenlace espera<strong>do</strong>, a notícia não diminuiu<br />

a nossa sensação de privação. Da perda de qu<strong>em</strong> falou<br />

magistralmente de <strong>Portugal</strong>, <strong>do</strong> Hom<strong>em</strong> português. De<br />

qu<strong>em</strong> foi uma referência ética, arauto da consciência nacional.<br />

Que se afastou deliberadamente de associações literárias<br />

ou médicas, da sedução <strong>do</strong> Poder, <strong>do</strong>s compadrios. Que<br />

denunciou a mediocridade, o oportunismo, a vaidade, a hipocrisia,<br />

as invejas. Que viu a sua obra sofrer censura. Que<br />

defendeu a liberdade, todas as vezes que a achou ameaçada.<br />

E que por tal razão foi preso por uns e escarneci<strong>do</strong> por<br />

outros. Médico e escritor. Mais escritor <strong>do</strong> que Médico. Um<br />

<strong>do</strong>s maiores escritores da língua portuguesa.<br />

Miguel Torga era o pseudónimo literário <strong>do</strong> Dr. A<strong>do</strong>lfo<br />

Rocha, Médico Otorrinolaringologista, nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1907, <strong>em</strong><br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

Trás-os-Montes, e residente <strong>em</strong> Coimbra. Após uma infância<br />

e a<strong>do</strong>lescência difíceis, <strong>em</strong> que trabalhou como marçano e<br />

porteiro, frequentou o S<strong>em</strong>inário e se viu obriga<strong>do</strong> a <strong>em</strong>igrar<br />

para o Brasil, licenciou-se <strong>em</strong> Medicina pela Universidade de<br />

Coimbra. Como Médico fez Clínica Geral <strong>em</strong> algumas aldeias<br />

<strong>do</strong> país, estabeleceu consultório <strong>em</strong> Leiria e depois à entrada<br />

de Coimbra, no Largo da Portag<strong>em</strong>, onde exerceu a sua clínica<br />

de “Ouvi<strong>do</strong>s, Nariz e Garganta.”<br />

A orig<strong>em</strong> <strong>do</strong> pseudónimo t<strong>em</strong> a ver com uma urze comum<br />

<strong>em</strong> Trás-os-Montes, que se chama torga. Miguel era uma homenag<strong>em</strong><br />

a Cervantes, Unamuno e Molina.<br />

A obra literária de Torga abrangeu Poesia, narrativa autobiográfica,<br />

ficção, teatro. A análise da sua importância não<br />

cabe no âmbito desta revista. Mas o test<strong>em</strong>unho da sua vivência<br />

de Médico, e sobretu<strong>do</strong> de Otorrinolaringologista,<br />

ficou espalha<strong>do</strong> pelas páginas <strong>do</strong> Diário e de A Criação <strong>do</strong><br />

Mun<strong>do</strong>. As melhores homenagens que poder<strong>em</strong>os fazer-lhe<br />

são ler as suas obras.”<br />

Foi no dia trinta de Janeiro de 1994, que um grupo de especialistas,<br />

<strong>em</strong> representação de várias associações internacionais,<br />

cujos objectivos assentam no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

probl<strong>em</strong>as da voz, se reuniram <strong>em</strong> Sintra, portugal, a fim<br />

de constituír<strong>em</strong> uma nova associação mundial, que foi denominada<br />

“COnSÓrCiO munDiAl DA VOZ.”<br />

realizou-se na cidade <strong>do</strong> porto, entre os dias 9 e 13 de<br />

Abril de 1995, o: I CONGRESSO MUNDIAL DA VOZ.<br />

Com a participação de aproximadamente mil congressistas<br />

provenientes de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, a reunião contou com<br />

a presença de altas individualidades mundiais no <strong>do</strong>mínio<br />

da ciência e artes vocais, b<strong>em</strong> como de ilustres médicos<br />

especialistas portugueses e um vasto conjunto de<br />

técnicos com interesses nesta área.<br />

Em 1995 realizou-se <strong>em</strong> lisboa um congresso intitula<strong>do</strong>:<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA - O 3º MILÉNIO. no limiar <strong>do</strong><br />

século XXi, o prof. rui penha, presidiu ao Congresso, o<br />

qual decorreu <strong>em</strong> lisboa entre os dias 19 e 22 de Junho.<br />

Sob o ponto de vista científico, a reunião atingiu os objectivos<br />

a que se propusera, pois foram ilustres figuras da<br />

Otorrinolaringologia nacional e internacional a participar<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> mesas re<strong>do</strong>ndas, comunicações livres e vídeos.<br />

A Reunião <strong>do</strong> Núcleo Norte da Associação realizou-se no<br />

<strong>Hospital</strong> de Santa luzia, <strong>em</strong> Viana <strong>do</strong> Castelo, os t<strong>em</strong>as<br />

foram: Tumores <strong>em</strong> <strong>ORL</strong> e Paralisia Facial. A organização<br />

coube ao Dr. monteiro marques e ao Dr. maia gomes.<br />

A REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA decorreu <strong>em</strong> Coimbra, <strong>em</strong> 8<br />

e 9 de Dez<strong>em</strong>bro de 1996 e os t<strong>em</strong>as foram:<br />

- AlErgiA Em Orl;<br />

- OtitE mÉDiA CrÓniCA;<br />

- SEptOrinOplAStiA;<br />

- CirurgiA plÁStiCA E rECOnStrutiVA DA FACE.<br />

219


220 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

Durante o Congresso nacional de Otorrinolaringologia<br />

que decorreu <strong>em</strong> Coimbra, realizou-se a Ass<strong>em</strong>bleia-geral<br />

Anual da Associação portuguesa de Otorrinolaringologia,<br />

que tomou importantes decisões <strong>em</strong> relação ao futuro,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> propostas e aprovadas por unanimidade várias<br />

resoluções.<br />

Assim foi decidi<strong>do</strong> que as reuniões Anuais <strong>do</strong> Congresso<br />

e as Ass<strong>em</strong>bleias-gerais passariam a realizar-se entre a última<br />

quinzena de Abril e a última s<strong>em</strong>ana de maio.<br />

Em relação aos Estatutos decidiu-se a limitação <strong>do</strong> exercício<br />

da presidência da Associação a um único mandato<br />

de três anos, a<strong>do</strong>ptou-se o princípio da rotatividade da<br />

presidência entre os três núcleos.<br />

A Associação passaria a ter contabilidade organizada, com<br />

a <strong>do</strong>cumentação necessária para a d<strong>em</strong>onstração <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />

Foi decidi<strong>do</strong> substituir o símbolo da Associação/Sociedade<br />

por um mais moderno que seria<br />

apresenta<strong>do</strong> numa nova Ass<strong>em</strong>bleia para aprovação final.<br />

tal como ficou previsto na revisão <strong>do</strong>s Estatutos, a rEuniÃO<br />

AnuAl DE 1996 DA ASSOCiAÇÃO pOrtuguESA DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl,<br />

realizou-se <strong>em</strong> Angra <strong>do</strong> Heroísmo, Açores de 22 a 24 de<br />

maio de 1996.<br />

De 15 a 17 de maio de 1997 realizou-se no Auditório <strong>do</strong><br />

novo <strong>Hospital</strong> pedro Hispano <strong>em</strong> matosinhos, A REUNIÃO<br />

ANUAL DE 1997, da Associação portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial, cuja organização esteve<br />

a cargo <strong>do</strong> Serviço de Orl daquele <strong>Hospital</strong>, dirigida<br />

pelo Dr. maia gomes.<br />

na Ass<strong>em</strong>bleia-geral, realizada durante a reunião Anual<br />

de matosinhos, foram propostos e aprova<strong>do</strong>s para Sócios<br />

Honorários:<br />

- Dr. Amilcar Aristides Caseiro e<br />

- prof. Dr. Carlos Alberto <strong>do</strong>s Santos miguéis<br />

um <strong>do</strong>s aspectos que esta direcção procurou dinamizar<br />

foi o convívio entre os m<strong>em</strong>bros da Associação e as suas<br />

Famílias, assim entendeu realizar aquilo a que chamou<br />

<strong>ORL</strong>IMPÍADAS que se realizaram no palace Hotel da Curia<br />

de 26 a 28 de Set<strong>em</strong>bro de 1997.<br />

Durante o mês de Dez<strong>em</strong>bro de 1997 realizou-se o I Congresso<br />

Luso-Brasileiro de Otorrinolaringologia <strong>em</strong> S.<br />

paulo, no Brasil.<br />

De 27 a 30 de maio de 1998, realizou-se, o que decorreu<br />

conjuntamente com o XIII Congresso Nacional de Otorrinolaringologia<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial, o I Congresso<br />

Lusófono de Otorrinolaringologia. Ambos os eventos se<br />

realizaram <strong>em</strong> Coimbra.<br />

na Ass<strong>em</strong>bleia-geral, que se realizou durante o Congresso<br />

nacional, foi decidi<strong>do</strong> nomear Sócio Honorário da Associação<br />

o:<br />

- Dr. AntÓniO DE lA CruZ<br />

FigurA 274<br />

CAPA DA REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL ADOPTADA ENTRE 1996 E 1998<br />

O Dr. António de la Cruz, um <strong>do</strong>s mais extraordinários Cirurgiões<br />

Otológicos que tive a felicidade de ver operar ao<br />

vivo, era um grande amigo de portugal e <strong>do</strong>s portugueses,<br />

falan<strong>do</strong> fluent<strong>em</strong>ente o português, faleceu súbitamente<br />

<strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro de 2009.<br />

neste Congresso foi eleita a Nova Direcção que ficou<br />

assim constituída:<br />

DIRECÇÃO 1998/2000<br />

Presidente: - Alivar manuel Jones Car<strong>do</strong>so<br />

Vice-Presidentes: - António Augusto maia gomes<br />

- Jorge Carvalho Sofia<br />

Secretário-Geral: - João António marta pimentel<br />

Tesoureiro: - luís manuel neves Sotero gomes<br />

Vogais: - António Carlos Faria de Sousa Vieira<br />

- João José parra Edward Clode<br />

- João renato Branquinho prata<br />

- José António Dinis Saraiva


FigurA 275<br />

REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA<br />

DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL -1997<br />

FigurA 276<br />

XIII CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-<br />

FACIAL E I CONGRESSO LUSÓFONO DE OTORRINOLARINGOLOGIA - 1998<br />

AliVAr mAnuEl CunHA JOnES CArDOSO, nasceu a 10<br />

de Janeiro de 1937 no Sítio da Choupana, Freguesia de S.<br />

maria maior, Funchal, cidade onde frequentou a instrução<br />

primária e liceu. Em 1955 ingressou no Curso de medicina<br />

na Faculdade da universidade de Coimbra. Casou <strong>em</strong><br />

1962 ten<strong>do</strong> 3 filhos. Faleceu subitamente <strong>em</strong> 2006.<br />

Em 1962, já licencia<strong>do</strong>, iniciou como voluntário o estágio<br />

de Otorrinolaringologia nos Hospitais da universidade de<br />

Coimbra, dirigi<strong>do</strong> pelo Sr. professor guilherme penha. no<br />

final de 1964 transferiu-se para lisboa onde, sob a orientação<br />

<strong>do</strong> Sr. professor nobre leitão, estagiou nos Hospitais<br />

da marinha e misericórdia. Em maio de 1966, perante o<br />

Júri nomea<strong>do</strong> pela Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos e presidi<strong>do</strong> pelo<br />

Dr. Campos Henriques, obteve o título de Especialista <strong>em</strong><br />

Otorrinolaringologia. neste ano foi para o Funchal, ingressan<strong>do</strong><br />

no <strong>Hospital</strong> Distrital <strong>do</strong> Funchal, Serviço de<br />

Orl, dirigi<strong>do</strong> pelo Dr. João Valente e a partir de 1970 pelo<br />

Dr. Sotero gomes.<br />

Em 1985, data <strong>em</strong> que o Dr. Sotero gomes atingiu o limite<br />

de idade, após concurso público, foi nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong><br />

Serviço, cargo que ocupou até à sua aposentação <strong>em</strong><br />

Junho de 200l.<br />

para além da Direcção <strong>do</strong> Serviço, ocupou <strong>em</strong> algumas<br />

Direcções Clínicas o pelouro de Director da Consulta Externa<br />

e <strong>do</strong> Bloco Operatório.<br />

Foi Director <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> e Director regional <strong>do</strong>s Hospitais.<br />

FigurA 277<br />

DR. ALIVAR CARDOSO (1937 - 2006)<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

221


222 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 278<br />

JOÃO CLODE COM O DR. ANTÓNIO DE LA CRUZ EM LOS ANGELES EM 1988<br />

relativamente à da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial:<br />

- Vice-Presidente de 1995 a 1998<br />

- Presidente de1998 a 2001<br />

participou activamente <strong>em</strong> muitas reuniões da Especialidade<br />

e publicou muitos artigos, sen<strong>do</strong> de salientar “uma<br />

bala na Corda Vocal”, publica<strong>do</strong> no “Journal of laryngology<br />

and Otology”.<br />

Apresentou no Congresso mundial de Sydney uma comunicação<br />

e um Vídeo sobre o “retalho miocutâneo <strong>do</strong><br />

grande peitoral” e presidiu a uma mesa re<strong>do</strong>nda no Congresso<br />

Europeu de Orl <strong>em</strong> Berlim, cujo t<strong>em</strong>a foi Oncologia<br />

“manag<strong>em</strong>ent of the no neck”.<br />

nos seus t<strong>em</strong>pos livres fez Automobilismo, golf, Desportos<br />

náuticos e montanhismo, ten<strong>do</strong> venci<strong>do</strong> uma regata<br />

internacional, las palmas, Funchal.<br />

Foi presidente <strong>do</strong> rotary Club <strong>do</strong> Funchal e <strong>do</strong> Club naval<br />

<strong>do</strong> Funchal.<br />

transcrevo parte <strong>do</strong> Editorial da revista <strong>em</strong> que o novo<br />

presidente expõe os objectivos da nova Direcção:<br />

“Assumin<strong>do</strong> recent<strong>em</strong>ente a Direcção da nossa Sociedade,<br />

as nossas primeiras palavras são para TODOS OS SÓCIOS,<br />

que procurar<strong>em</strong>os INDISCRIMINADAMENTE servir, de mo<strong>do</strong><br />

a prestigiar e valorizar a nossa Especialidade.<br />

As nossas prioridades serão a Revista, a Reunião Anual, as<br />

Reuniões de Núcleo e a representação internacional.<br />

A globalização da Revista através da Internet está já praticamente<br />

concluída, o que nos obrigará a proceder a pequenas<br />

alterações exigidas para termos acesso à mesma.<br />

Procurar<strong>em</strong>os manter os prémios paro os melhores trabalhos<br />

apresenta<strong>do</strong>s, tentan<strong>do</strong> elevar o seu nível científico. A<br />

classificação <strong>do</strong>s artigos pelos próprios, talvez seja um <strong>do</strong>s<br />

pontos que terão de ser altera<strong>do</strong>s.<br />

Vamos dividir as Comunicações Livres <strong>em</strong> três grupos: Otologia,<br />

Rinologia e Laringologia-Cirurgia Cérvico-Facial,<br />

crian<strong>do</strong> um prémio para a melhor comunicação de cada<br />

um destes três grupos, assim como um prémio para o melhor<br />

vídeo e poster.<br />

Vamos reactivar as Reuniões de Núcleo”.<br />

tal como foi anuncia<strong>do</strong>, foram retomadas as reuniões de<br />

núcleo e assim, houve <strong>em</strong> 1999, várias reuniões de núcleo<br />

e a reunião nacional que passamos a descrever:<br />

nos dias 23 e 24 de Janeiro de 1999 realizou-se a REU-<br />

NIÃO DO NÚCLEO NORTE DA SOCIEDADE PORTUGUESA<br />

DE OTORRINOLARINGOLOGIA no Auditório <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de Vila real. A Organização esteve a cargo <strong>do</strong> Serviço de<br />

Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Vila real (Director: Dr. Carlos Sousa) e<br />

<strong>do</strong> Dr. maia gomes (Vice-presidente da Sociedade portuguesa<br />

de Orl).


FigurA 279<br />

CAPA DE REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL ADOPTADA ENTRE 1998 E 2005<br />

Os t<strong>em</strong>as principais <strong>do</strong> congresso foram Estética - A Arte<br />

e a Clínica; Rinoplastias; Laser na Cirurgia Estética; Cirurgia<br />

da Face; Cirurgia <strong>do</strong> Pavilhão Auricular; Ética <strong>em</strong><br />

<strong>ORL</strong>; Mentoplastias e Cirurgia da ATM.<br />

teve lugar <strong>em</strong> Évora nos dias 12 e 13 de nov<strong>em</strong>bro de<br />

1999 a rEuniÃO DO nÚClEO Sul DA SpOrl, cuja organização<br />

esteve a cargo <strong>do</strong>s colegas que integram o quadro<br />

de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital de Évora e de que é<br />

Director o Dr. Francisco Aguilar.<br />

Houve várias comunicações sobre t<strong>em</strong>as diversifica<strong>do</strong>s da<br />

nossa Especialidade, a cargo <strong>do</strong>s Serviços de Orl <strong>do</strong>s Hospitais<br />

<strong>do</strong> Barreiro, Abrantes, Egas moniz, garcia de Orta,<br />

S. José, ipO - lisboa, D. Estefânia, Fernan<strong>do</strong> da Fonseca e<br />

CuF.<br />

Contou igualmente com a colaboração de colegas espanhóis<br />

da Sociedade Extr<strong>em</strong>ena de Orl, os Drs. António<br />

Blasco (Badajoz), Benjamin garcia (Cáceres) eVicente guillen<br />

Asensio (mérida), que proferiram conferências sobre patologia<br />

Cervical.<br />

O Dr. gilbert Aiach (paris), ministrou um curso teórico-prático<br />

sobre “rinoplastia” com o rigor e a clareza próprias<br />

de uma personalidade destacada naquela área a nível<br />

mundial.<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

A reunião teve a participação de 160 Especialistas nacionais<br />

e espanhóis, sen<strong>do</strong> igualmente de realçar o seu programa<br />

social criteriosamente prepara<strong>do</strong> pela organização.<br />

rEuniÃO AnuAl<br />

DA SOCiEDADE pOrtuguESA<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

E CirurgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl - 1999<br />

A reunião Anual da SpOrl/CCF que contou com a presença<br />

de 430 participantes teve lugar <strong>em</strong> Cascais no Hotel<br />

Estoril-Sol. O número de trabalhos científicos apresenta<strong>do</strong>s<br />

sob a forma de Comunicações livres, posters e Vídeos<br />

foi de 103, ten<strong>do</strong> estes si<strong>do</strong> avalia<strong>do</strong>s por Júris.<br />

realizou-se nos dias 14 e 15 de Janeiro de 2000, nos Auditórios<br />

<strong>do</strong>s Hospitais da universidade de Coimbra, a Reunião<br />

<strong>do</strong> Núcleo <strong>do</strong> Centro da Sociedade.<br />

teve lugar <strong>em</strong> Vilamoura no marinotel de 26 a 29 de Abril a<br />

REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FA-<br />

CIAL DE 2000.<br />

Contou com a presença de 359 participantes. O número<br />

de trabalhos científicos apresenta<strong>do</strong>s sobre a forma de<br />

comunicações livres, vídeos e posters foi de 114, ten<strong>do</strong><br />

si<strong>do</strong> distribuí<strong>do</strong>s por áreas e avalia<strong>do</strong>s por júris que os<br />

pr<strong>em</strong>iaram.<br />

Foram ministra<strong>do</strong>s 8 cursos teórico-práticos por Especialistas<br />

nacionais e estrangeiros que obtiveram uma grande<br />

adesão pelos participantes, para os quais se registaram<br />

404 inscrições.<br />

O Congresso teve a colaboração de 13 palestrantes estrangeiros,<br />

entre os quais o presidente da Sociedade Francesa<br />

de Oncologia Cérvico-Facial, prof. p. gEHAnnO, o<br />

Secretário-geral da Sociedade Francesa de Otorrinolaringologia<br />

e Cirurgia da Cabeça e pescoço, prof. F. CHA-<br />

BOllE e o Secretário-geral da Sociedade Espanhola de<br />

Otorrinolaringologia e patologia Cérvico-Facial o prof. p.<br />

OrtEgA Del AlÁmO.<br />

nos dias 27 e 28 de Outubro de 2000, decorreu no Centro<br />

Cultural de Belém e no <strong>Hospital</strong> CuF, a REUNIÃO DO NÚ-<br />

CLEO SUL DA SP<strong>ORL</strong> que nesse ano foi simultaneamente<br />

a rEuniÃO Orl DO HOSpitAl CuF.<br />

Estiveram presentes alguns <strong>do</strong>s melhores Especialistas na<br />

área da vertig<strong>em</strong>, o prof. Joel goebel da universidade de<br />

Washington, o prof. moisés Arriaga de pittsburgh, Otoneurocirurgião,<br />

o prof. torcuato labella da universidade<br />

de Santiago de Compostela e o prof. lobo Antunes.<br />

223


224 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 280<br />

REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA<br />

DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL - 1999<br />

Houve quatro Workshops nos quais se procurou trazer algumas<br />

técnicas ou opções inova<strong>do</strong>ras para a nossa especialidade.<br />

Contou-se para isso com o prof. Buchwald da<br />

universidade de Copenhagen, que apresentou as vantagens<br />

da cirurgia teleguiada por computa<strong>do</strong>r, <strong>do</strong> prof. manuel<br />

manrique, que na universidade de navarra t<strong>em</strong> a<br />

maior casuística de implantes <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> médio, e ainda<br />

<strong>do</strong> prof. la Vieille da universidade de grenoble, que falou<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da utilização das novas próteses de titânio.<br />

no dia 28 decorreram no <strong>Hospital</strong> C.u.F 10 Cursos práticos:<br />

Cirurgia da Vertig<strong>em</strong>, Manobras Reabilita<strong>do</strong>ras, Utilização<br />

das Plataformas de Posturografia, Curso de<br />

Tomografia Computorizada, Ressonância Magnética, Fibroscopia<br />

e de Anatomia Patológica. Foram ainda apresenta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is cursos da Acad<strong>em</strong>ia Americana, o primeiro<br />

sobre o exame <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente vertiginoso e o segun<strong>do</strong>, um<br />

curso avança<strong>do</strong> sobre probl<strong>em</strong>as <strong>do</strong> mergulho.<br />

Estiveram presentes 312 participantes, e a sessão inaugural<br />

foi presidida pelo Secretário de Esta<strong>do</strong> da Saúde.<br />

De 29 a 31 março de 2001 teve lugar <strong>em</strong> Barcelona, o<br />

CONGRESSO IBÉRICO DE <strong>ORL</strong>, <strong>do</strong> qual foi presidente o<br />

Dr. Emílio garcía ibáñez e <strong>em</strong> cuja organização estiveram<br />

envolvidas a Sociedade Espanhola de Orl, Sociedade portuguesa<br />

de Orl e o instituto de Otologia garcía-ibáñez.<br />

Estiveram inscritos 240 participantes de ambos os países<br />

e contou com 24 palestrantes portugueses que integraram<br />

mesas re<strong>do</strong>ndas sobre t<strong>em</strong>as de grande actualidade:<br />

Roncopatia e Apneia <strong>do</strong> Sono, Cirurgia En<strong>do</strong>nasal, Rinoseptoplastia,<br />

Cirurgia da Base <strong>do</strong> Crânio, LASER <strong>em</strong><br />

cirurgia laríngea, Cirurgia <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> crónico, Implantes<br />

<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>, Reabilitação vocal <strong>do</strong> laringectomiza<strong>do</strong>, Tumores<br />

da cavidade oral, Diagnóstico da Vertig<strong>em</strong> e reabilitação<br />

vestibular.<br />

para além das mesas re<strong>do</strong>ndas foram proferidas Conferências<br />

de grande nível Científico, assim como Comunicações<br />

livres, Vídeos e exibição de posters.<br />

A SpOrl e CCF fizeram-se representar pelo seu presidente,<br />

Dr. Alivar Car<strong>do</strong>so e pelo Secretário-geral Dr. João marta<br />

pimentel.<br />

no decorrer <strong>do</strong> Congresso proporcionou-se um convite<br />

para visitar a Biblioteca particular <strong>do</strong> professor Dr. E. perelló<br />

Scherdel, considerada uma das maiores Bibliotecas de Orl<br />

mundiais e que possui uma organização ex<strong>em</strong>plar.<br />

FigurA 281<br />

REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL DE 2000


FigurA 282<br />

REUNIÃO DO NÚCLEO SUL DA SP<strong>ORL</strong> - 2000<br />

Organizada pelo Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Senhora<br />

da Oliveira <strong>em</strong> guimarães, decorreu nos dias 20 e 21 de<br />

Abril de 2001 a rEuniÃO DO nÚClEO DO nOrtE da Sociedade<br />

portuguesa de Otorrinolaringologia, nas instalações<br />

daquele <strong>Hospital</strong>. O t<strong>em</strong>a escolhi<strong>do</strong> para a reunião<br />

foi “Roncopatia e Síndrome de Apneia Obstrutiva <strong>do</strong><br />

Sono”.<br />

participaram como palestrantes e conferencistas, colegas<br />

da Especialidade e de outras Especialidades, nomeadamente<br />

de neurologia, pneumologia, maxilo-Facial e En<strong>do</strong>crinologia.<br />

Como conferencistas participaram colegas nacionais e estrangeiros<br />

com grande prestígio. De entre eles prof. robert<br />

maisel (minneaplois - uSA), prof. Dr. torcuato labella<br />

(Santiago Compostela - Espanha), Dr. Winfried Hohenhurst<br />

(Al<strong>em</strong>anha).<br />

Estiveram presentes cerca de 280 congressistas.<br />

Foram feitas ainda duas conferências sobre o t<strong>em</strong>a<br />

S.A.O.S. e acidente de viação, pelo prof. Dr. robert maisel<br />

e obesidade, e S.A.O.S. pela prof. Dra. Helena Car<strong>do</strong>so.<br />

no dia 21 foram efectuadas seis cirurgias <strong>em</strong> directo com<br />

técnica clássica (Fugita), lASEr, Coblation e radiofrequência,<br />

sen<strong>do</strong> comentadas por colegas com experiência.<br />

Da parte da tarde, e com a presença de cerca de 56<br />

colegas, foram ministra<strong>do</strong>s cursos <strong>em</strong> modelo animal de<br />

cada uma das técnicas, devidamente monitoriza<strong>do</strong>s.<br />

A notícia <strong>do</strong> falecimento <strong>do</strong> Dr. nASCimEntO FErrEirA,<br />

sócio nº 2 da Sociedade e <strong>do</strong> Dr. Jaime portugal sócio nº<br />

9, veio referenciada nas páginas da revista, tal como transcrev<strong>em</strong>os:<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

“Em Agosto último, vítima de atropelamento, faleceu <strong>em</strong><br />

Viseu o Sócio Honorário e Sócio nº 2 da nossa Sociedade, Dr.<br />

Fernan<strong>do</strong> Marques <strong>do</strong> Nascimento Ferreira, que tinha <strong>em</strong><br />

cada um de nós um amigo. Ten<strong>do</strong> nasci<strong>do</strong> a 20.09.1921, licenciou-se<br />

pela Faculdade de Medicina de Coimbra.<br />

Fez a sua preparação de <strong>ORL</strong> no serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. José sob a orientação <strong>do</strong> Dr. Costa Quinta.<br />

Começou a trabalhar como voluntário no <strong>Hospital</strong> de Viseu<br />

<strong>em</strong> 1955, toman<strong>do</strong> posse <strong>do</strong> cargo de Adjunto <strong>em</strong> 1958. Nomea<strong>do</strong><br />

Chefe de Serviço <strong>em</strong> 1967, foi Director <strong>do</strong> Serviço de<br />

<strong>ORL</strong> até à sua aposentação, deven<strong>do</strong>-se-lhe as primeiras intervenções<br />

de microcirurgia <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> no norte <strong>do</strong> País.<br />

Foi Vice-Presidente da nossa Sociedade e organizou, de<br />

forma ainda hoje recordada, a reunião que a Sociedade<br />

efectuou <strong>em</strong> Viseu <strong>em</strong> 1980.<br />

Era sócio da Sociedade Portuguesa de Hidrologia, <strong>do</strong> Clube de<br />

Caça<strong>do</strong>res e Pesca<strong>do</strong>res de Viseu, <strong>do</strong> Clube de Caça e Pesca da<br />

Herdade <strong>do</strong> Padrão e <strong>do</strong> Clube de Caça e Pesca de Nelas.<br />

Casa<strong>do</strong> com a Sra. D. Neyde Sampaio Nascimento Ferreira,<br />

tinha 4 filhos.”<br />

“Foi com pesar que tomamos conhecimento <strong>do</strong> recente falecimento<br />

<strong>do</strong> colega Dr. Jaime Barbosa da Cruz Vaz <strong>Portugal</strong>,<br />

residente <strong>em</strong> Coimbra.<br />

Ten<strong>do</strong> nasci<strong>do</strong> a 10/5/1921 e concluí<strong>do</strong> a sua formatura <strong>em</strong><br />

21/12/1945, gozava de gerais simpatias entre os colegas da<br />

Especialidade, nomeadamente nos <strong>do</strong> seu t<strong>em</strong>po que melhor<br />

o conheciam.<br />

Era o sócio nº 9 da Sociedade pois estava inscrito desde<br />

14/3/1958.”<br />

XiV COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

realizou-se de 23 a 26 de maio de 2001, no Funchal, o XIV<br />

CONGRESSO NACIONAL DE <strong>ORL</strong> E CIRURGIA CÉRVICO-FA-<br />

CIAL, <strong>do</strong> qual foi presidente de Honra o Dr. António De la Cruz<br />

e presidente <strong>do</strong> Congresso o Dr. Alivar Car<strong>do</strong>so.<br />

participaram neste evento o presidente da Sociedade Brasileira<br />

de Orl, prof. luc Weckx, o presidente da Sociedade<br />

Espanhola, professor pedro Quesada, o presidente da Sociedade<br />

Francesa de Cirurgia Estética da Face, prof. J. J.<br />

pessey, e o Secretário-geral da Sociedade Espanhola de<br />

Orl, prof. Carlos Cenjor, dentre outras personalidades estrangeiras.<br />

O Congresso contou com a presença de 325 participantes<br />

nacionais e o programa científico foi integralmente<br />

cumpri<strong>do</strong> engloban<strong>do</strong> Conferências, mesas re<strong>do</strong>ndas,<br />

Comunicações livres, Vídeos e exibição de posters.<br />

Foram ministra<strong>do</strong>s seis Cursos teórico-práticos e <strong>do</strong>is<br />

Simpósios.<br />

225


226 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 283<br />

XIV CONGRESSO NACIONAL DE <strong>ORL</strong> E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL<br />

As Comunicações livres , Vídeos e posters foram avalia<strong>do</strong>s<br />

por Júris que distribuíram os prémios aos melhores<br />

trabalhos pelas respectivas áreas.<br />

Durante o Congresso foi lança<strong>do</strong> um livro intitula<strong>do</strong>:<br />

“QUEM É QUEM NA OTORRINOLARINGOLOGIA PORTU-<br />

GUESA”, coordena<strong>do</strong> pelo Dr. João Clode e com a colaboração<br />

de to<strong>do</strong>s os que enviaram os seus da<strong>do</strong>s<br />

pessoais.<br />

“QuEm É QuEm nA OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

pOrtuguESA”<br />

“A ideia da realização deste livro surgiu na sequência de uma<br />

ideia inicial que era a actualização <strong>do</strong> livro <strong>do</strong> Dr. José António<br />

de Campos Henriques, “A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

- Subsídio para a sua História”.<br />

Uma actualização ou mesmo um novo livro implicaria um<br />

atura<strong>do</strong> trabalho de pesquisa, que não foi possível de fazer<br />

durante o mandato desta direcção, pelo que se decidiu fazer<br />

o Qu<strong>em</strong> é Qu<strong>em</strong> na <strong>ORL</strong> Portuguesa, de mo<strong>do</strong> a que nos<br />

possamos conhecer um pouco melhor, associan<strong>do</strong> os nomes<br />

às caras, conhecen<strong>do</strong> os hobbies e interesses de cada um e fican<strong>do</strong><br />

com os respectivos contactos.”<br />

Estas palavras que escrevi no editorial <strong>do</strong> livro, talvez expliqu<strong>em</strong><br />

um pouco o desejo da realização desta história<br />

que está nas vossas mãos.<br />

O Dr. Alivar Jones Car<strong>do</strong>so, ao terminar o seu mandato,<br />

fez um editorial da revista, que representa um balanço,<br />

necessariamente resumi<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu mandato:<br />

“Ao terminar o mandato de Presidente, quero <strong>em</strong> primeiro<br />

lugar saudar to<strong>do</strong>s os colegas, Sócios da nossa Sociedade e<br />

dum mo<strong>do</strong> muito especial to<strong>do</strong>s aqueles que contribuíram<br />

paro o êxito <strong>do</strong> nosso mandato, envian<strong>do</strong> comunicações, vídeos<br />

e posters para os nossos reuniões e artigos para a revista,<br />

tornan<strong>do</strong> possível a nossa missão que é desenvolver e<br />

prestigiar a Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial<br />

Portuguesa.<br />

As duas Reuniões Anuais que realizámos no Estoril e Vilamoura,<br />

o Congresso no Funchal, as várias reuniões de Núcleo,<br />

s<strong>em</strong>pre com elevada participação de colegas, são a<br />

prova irrefutável que houve uma simbiose perfeita entre a<br />

Direcção e os Sócios.<br />

O número de inscrições <strong>em</strong> qualquer destas reuniões, mais<br />

de trezentos para uma Sociedade que conta com mais de<br />

quinhentos sócios, num País onde trabalham cerca de quinhentos<br />

otorrinolaringologistas, é notável e supera as presenças<br />

nas reuniões de outros países com os quais t<strong>em</strong>os<br />

contacta<strong>do</strong>.<br />

O número de trabalhos apresenta<strong>do</strong>s, 114 no Estoril, 114 <strong>em</strong><br />

Vilamoura e 110 no Funchal, para além <strong>do</strong>s cerca de 100 artigos<br />

publica<strong>do</strong>s na Revista, são uma prova evidente da vitalidade<br />

da Otorrinolaringologia Portuguesa.<br />

A to<strong>do</strong>s os Corpos Sociais que intensa e abenegadamente<br />

colaboraram neste mandato, o nosso muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Ao terminar o mandato, e passan<strong>do</strong> à qualidade de simples<br />

Sócio não quero deixar de tecer alguns comentários sobre o<br />

futuro da nossa Sociedade.<br />

A Sociedade não dispõe de Sede própria, ten<strong>do</strong> vivi<strong>do</strong> com<br />

a colaboração da Ord<strong>em</strong>, que funciona como Sede Social.<br />

Isto t<strong>em</strong> vantagens económicas mas não sab<strong>em</strong>os durante<br />

quanto t<strong>em</strong>po será possível continuar com esta situação,<br />

uma vez que o espaço de arquivo da Ord<strong>em</strong> é limita<strong>do</strong>, poden<strong>do</strong><br />

levar-nos a perder parte <strong>do</strong> nosso património. Nas


FigurA 284<br />

“QUEM É QUEM NA OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA”<br />

circunstâncias actuais pensamos que cabe a cada Direcção,<br />

ao terminar o seu mandato entregar na Ord<strong>em</strong> to<strong>do</strong> o material<br />

de que dispõe passan<strong>do</strong> para a Direcção seguinte apenas<br />

o material mínimo indispensável para esta poder<br />

continuar o seu trabalho. Não é correcto pensar que um<br />

grupo de colegas, ao ser<strong>em</strong> eleitos Corpos Sociais da Sociedade,<br />

tenham que dispor de um armazém para receber da<br />

Direcção anterior to<strong>do</strong> o material por aquela coleciona<strong>do</strong>.<br />

A falta de uma sede própria é uma necessidade para o futuro.<br />

Neste momento o património da Sociedade permitiria<br />

a aquisição duma sede própria mas os encargos com esta<br />

terão de ser pondera<strong>do</strong>s.<br />

Para além disto, no futuro ter<strong>em</strong>os que candidatar-nos à<br />

realização de eventos internacionais, como aconteceu o ano<br />

passa<strong>do</strong> ao apresentarmos a nossa candidatura ao Congresso<br />

Europeu. Uma organização deste género pode dar<br />

grandes lucros ou grandes prejuízos e não deverá ser a Direcção<br />

a suportar qualquer destas eventualidades, necessitan<strong>do</strong><br />

a Sociedade de ter um património para fazer face à<br />

situação criada.<br />

Equacionar estes aspectos será um <strong>do</strong>s trabalhos da futura<br />

Direcção.<br />

Ainda durante o nosso mandato melhorámos significativamente<br />

as nossas relações com a Sociedade Espanhola, ficá-<br />

FigurA 285<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

NÚMERO DO BOLETIM DA SOCIEDADE ESPANHOLA DE <strong>ORL</strong><br />

A ELOGIAR A MEMÓRIA DE MIGUEL TORGA<br />

mos sócios correspondentes da Acad<strong>em</strong>ia Americana e com<br />

esta realizámos uma reunião conjunta que é mais um ponto<br />

para a internacionalização da nossa Sociedade.<br />

Contribuímos para a realização <strong>do</strong> “CONGRESSO IBÉRICO”<br />

que apesar de alguns pequenos incidentes no percurso sagrou-se<br />

um êxito, pelo que quero apresentar ao Dr. Emílio<br />

Garcia Ibáñez o nosso agradecimento pela sua organização.<br />

A publicação <strong>do</strong> livro “Qu<strong>em</strong> é Qu<strong>em</strong> na <strong>ORL</strong> Portuguesa”<br />

que ficou a dever-se ao trabalho dum <strong>do</strong>s vogais da Direcção,<br />

o Dr. João Clode com o apoio da Roche Farmacêutica,é<br />

outra obra que deixamos, é apenas de lamentar que um<br />

maior número de colegas não tenha contribuí<strong>do</strong> para que<br />

este trabalho seja um marco no futuro da <strong>ORL</strong> portuguesa.<br />

Para terminar quero mais uma vez agradecer a colaboração<br />

de to<strong>do</strong>s os el<strong>em</strong>entos da Direcção, com uma palavra muito<br />

especial ao nosso Secretário-Geral Dr. João Marta Pimentel<br />

e aos seus colabora<strong>do</strong>res, entre os quais tenho que salientar<br />

o Dr. Carlos Alexandre, pelo exaustivo trabalho na publicação<br />

e revisão da Revista e na organização das Reuniões<br />

Anuais e Congressos. Quero também salientar a confiança<br />

que depositamos nos futuros Corpos Sociais e na pessoa <strong>do</strong><br />

novo Presidente Dr. Maia Gomes e desejar a to<strong>do</strong>s as maiores<br />

felicidades para o des<strong>em</strong>penho da sua difícil missão.”<br />

227


228 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

O 3º milÉniO<br />

O FuturO HOJE<br />

Há qu<strong>em</strong> diga que para se escrever sobre a História, o distanciamente<br />

deveria ser de pelo menos 50 anos, de mo<strong>do</strong><br />

a que grande parte <strong>do</strong>s protagonistas já não estivess<strong>em</strong><br />

presentes, e poder haver um distanciamento inevitável. A<br />

regra que resolvi a<strong>do</strong>ptar é um pouco menos dilatada,<br />

mas decidi fazer um limite nas minhas descrições, um<br />

pouco mais extensas no ano 2000 e, haverá certamente<br />

no futuro alguém que fará a descrição deste milénio<br />

muito melhor <strong>do</strong> que eu.<br />

t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> uma década cheia de acontecimentos, de realizações,<br />

de congressos, de cursos teóricos e práticos; publicaram-se<br />

varia<strong>do</strong>s livros (talvez mais <strong>do</strong> que <strong>em</strong> muitas<br />

outras décadas todas juntas), sobre quase todas as áreas<br />

da Otorrinolaringologia, o que prova que esta Especialidade<br />

está mais viva <strong>do</strong> que nunca.<br />

Durante a Ass<strong>em</strong>bleia-geral realizada no decorrer <strong>do</strong> XiV<br />

Congresso nacional, tiveram lugar as eleições para os Corpos<br />

Sociais da SpOrl para o triénio 2001/2004, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

eleita uma nova direcção que ficou assim constituída:<br />

DIRECÇÃO PARA O TRIÉNIO 2001/2004<br />

Presidente: - António Augusto maia gomes<br />

Vice-Presidentes: - António manuel Diogo de paiva<br />

- João António marta pimentel<br />

Secretário-geral: - Eurico Fernan<strong>do</strong> martins gomes<br />

de Almeida<br />

Tesoureiro: - Fausto manuel Vigário Santos<br />

Fernandes<br />

Vogais: - Carlos Augusto Alves <strong>do</strong>s Santos<br />

- João manuel Andrade Olias<br />

- Jorge Eduar<strong>do</strong> de Freitas Spratley<br />

- José Ezequiel pereira Barros<br />

AntÓniO AuguStO mAiA gOmES é natural de Vilar <strong>do</strong> pinheiro<br />

- Vila <strong>do</strong> Conde.<br />

Concluiu o internato Compl<strong>em</strong>entar de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. João <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro de 1974, estan<strong>do</strong> inscrito no Colégio<br />

da Especialidade de Orl desde Janeiro de 1975.<br />

Assitente <strong>Hospital</strong>ar Orl <strong>do</strong> Quadro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S.<br />

João desde 1976, Assitente <strong>Hospital</strong>ar gradua<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1987,<br />

Chefe de Serviço <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> pedro Hispano, de matosinhos,<br />

desde 1994, Director <strong>do</strong> Serviço de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

pedro Hispano, desde Abril de 1995.<br />

Sócio da SpOrl, com o nº 77, desde 1971.<br />

tesoureiro da Direcção da SpOrl 1992/1994, Vice-presidente<br />

da Direcção da SpOrl 1995/1998, Vice-presidente<br />

FigurA 286<br />

DR. ANTÓNIO AUGUSTO MAIA GOMES<br />

da Direcção da SpOrl 1998/2001, presidente da Direcção<br />

da SpOrl 2001/2004.<br />

médico Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Concelhio de Vila <strong>do</strong> Conde de<br />

1974 a 1988, médico <strong>do</strong>s Serviços médico-Sociais de Clínica<br />

geral de 1968 a 1974 e de Orl de 1974 a 1979, médico<br />

<strong>do</strong> Departamento Juvenil de Futebol <strong>do</strong> F. C. <strong>do</strong><br />

porto de 1970 a 1973.<br />

Assistente convida<strong>do</strong> da Faculdade de medicina <strong>do</strong> porto<br />

<strong>em</strong> Orl de 1976 a 1979.<br />

responsável pelo ensino da Orl nas Escolas de Enfermag<strong>em</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. João de 1979 a 2001 e <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de Santa maria - porto de 1979 a 1990.<br />

m<strong>em</strong>bro das seguintes Sociedades:<br />

Sociedades portuguesa, Espanhola e galega de Orl, Associação<br />

portuguesa de Otoneurologia, Sociedade portuguesa<br />

de imuno-Alergologia, Sociedade de Ciências<br />

médicas, Sociedade Europeia da Base <strong>do</strong> Crânio.<br />

XV COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

De 26 a 29 de maio de 2002, realizou-se <strong>em</strong> Aveiro, no<br />

Centro de Congressos, O XV CONGRESSO NACIONAL DE<br />

OTORRINOLARINGOLOGIA com a presença de 350 especialistas<br />

portugueses, assim como de colegas de Espanha,<br />

Brasil, França e Áustria.<br />

Houve um enorme número de comunicações orais apresentadas<br />

por internos e/ou especialistas de otologia, rinologia<br />

e laringologia.


O Congresso nacional teve como convida<strong>do</strong>s estrangeiros<br />

as seguintes individualidades:<br />

- Dr. Dominique rheims,<br />

- Dr. pedro Clarós,<br />

- Dr. Carlos Cenjor,<br />

- Dr. pedro Quesada marin<br />

- Dr. Jacques magnan<br />

O XV Congresso português de Otorrinolaringologia finalizou<br />

com uma homenag<strong>em</strong> ao prof. nuno Santiago, cerimónia<br />

que encerrou o congresso nacional de 2002.<br />

FigurA 287<br />

XV CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA - 2002<br />

COngrESSO nACiOnAl DO<br />

CinQuEntEnÁriO DA SOCiE-<br />

DADE pOrtuguESA DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E<br />

CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

De 3 a 7 de maio de 2003 realizou-se no Centro de Congressos<br />

<strong>do</strong> Estoril, o Congresso nacional com<strong>em</strong>orativo<br />

<strong>do</strong>s 50 anos da nossa Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial, que constituiu, sob<br />

to<strong>do</strong>s os aspectos, um verdadeiro sucesso para a Otorrinolaringologia<br />

nacional.<br />

FigurA 288<br />

MEDALHO DO 50º ANIVERSÁRIO<br />

O decano da SpOrl Dr. Afonso de paiva, contou como nasceu<br />

a Sociedade há 50 anos, enquanto os Drs. João Clode<br />

e Alves <strong>do</strong>s Santos evocaram a história da Orl nacional<br />

fornecen<strong>do</strong> factos e da<strong>do</strong>s desde há mais de c<strong>em</strong> anos.<br />

Seguiu-se um momento alto da sessão com a homenag<strong>em</strong><br />

da Direcção através da atribuição da mEDAlHA DE<br />

OurO DO CinQuEntEnÁriO às seguintes personalidades:<br />

- Dr. Samuel ruah<br />

- Dr. Afonso de paiva<br />

- prof. Dr. gameiro <strong>do</strong>s Santos<br />

- prof. Doutor Carlos miguéis<br />

- prof. Doutor rui penha<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

229


230 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

- Dr. macha<strong>do</strong> Aires<br />

- Dr. manuel Filipe rodrigues<br />

- Dr. Alivar Car<strong>do</strong>so<br />

no dia 6 de maio realizou-se a Ass<strong>em</strong>bleia-geral, <strong>em</strong> que<br />

foram eleitos SÓCIOS HONORÁRIOS os seguintes sócios:<br />

- Dr. Samuel ruah<br />

- prof. Doutor nuno Santiago<br />

- Dr. Alivar Car<strong>do</strong>so<br />

no decurso <strong>do</strong> congresso foi feita a apresentação de um<br />

livro de celebração <strong>do</strong>s 50 anos da Sociedade portuguesa<br />

de Otorrinolaringologia intitula<strong>do</strong>: “HiStÓriA DA OtOrrinOlAringOlOgiA”.<br />

FigurA 289<br />

CAPA DO LIVRO “HISTÓRIA DA OTORRINOLARINGOLOGIA” DE 2003<br />

XXXV COnVEntuS<br />

Orl lAtinA 2004<br />

realizou-se entre os dias 22 e 24 de Abril de 2004, no Centro<br />

de Congressos <strong>do</strong> Estoril, o XXXV CONVENTUS DA SO-<br />

CiEtAS OtO-rHinO-lArYngOlOgiCA lAtinA, sob a<br />

presidência <strong>do</strong> prof. pais Cl<strong>em</strong>ente, ten<strong>do</strong> como presidente<br />

Honorário o prof. rui penha, como Secretário-geral<br />

o prof. João paço.<br />

FigurA 290<br />

MEDALHA COMEMORATIVA DO XXXV CONVENTUS DA SOCIETAS OTO-RHINO-<br />

LARYNGOLOGICA LATINA<br />

COngrESSO nACiOnAl DO<br />

51º AniVErSÁriO DA SpOrl<br />

E ii COngrESSO<br />

luSO-BrASilEirO DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E<br />

CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

COngrESSO nACiOnAl DO 51 º AniVErSÁriO DA SpOrl E<br />

ii COngrESSO luSO-BrASilEirO DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

nO pOrtO - 2004<br />

Foi a partir deste congresso que estes passaram a ter<br />

outra numeração, <strong>em</strong> vez de 17º Congresso, como estava<br />

anuncia<strong>do</strong>, foi decidi<strong>do</strong> chamar-lhe Congresso <strong>do</strong> 51º<br />

Aniversário da Sociedade, e a partir deste momento os<br />

Congressos deixaram de ser de 3 <strong>em</strong> 3 anos como era hábito<br />

e passaram a ser anuais, e a sua numeração relacionada<br />

com esse facto, assim o próximo seria o 52º<br />

Congresso, tal como veio a suceder.


FigurA 291<br />

CONGRESSO NACIONAL DO 51º ANIVERSÁRIO DA SP<strong>ORL</strong> E II CONGRESSO LUSO-<br />

-BRASILEIRO DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL NO<br />

PORTO - 2004<br />

EStE COngrESSO COmEÇOu pOr SEr AnunCiADO<br />

COmO O XVii COngrESSO E ACABOu SEnDO O 51º COngrESSO<br />

DA SOCiEDADE.<br />

no dia 24 de maio realizou-se a Ass<strong>em</strong>bleia-geral, <strong>em</strong> que<br />

foram eleitos SÓCiOS HOnOrÁriOS os seguintes sócios:<br />

- prof. miCHAEl pApArEllA<br />

- prof. AntÓniO gAmEirO DOS SAntOS<br />

- Dr. JOSÉ CABrAl BEirÃO<br />

Foi eleita uma nova Direcção para o Trénio 2004/2007:<br />

DIRECÇÃO PARA O TRIÉNIO 2004/2007<br />

PRESIDENTE: - António manuel Diogo de paiva<br />

VICE-PRESIDENTES: - Carlos Afonso Barreira da Costa<br />

- João António marta pimentel<br />

SECRETÁRIO-GERAL: - Delfim rui da Silva Duarte<br />

TESOUREIRO: - pedro Augusto Furta<strong>do</strong> Soares<br />

tomé<br />

VOGAIS: - António manuel da Silva nobre leitão<br />

- Diogo martins Silva portugal V. Ferreira<br />

- José António Dinis Saraiva<br />

- maria luísa ribeiro monteiro<br />

AntÓniO mAnuEl DiOgO DE pAiVA, filho de Afonso<br />

neves de paiva e de maria Julieta pissarra Diogo da Silva<br />

de paiva, nasceu a 24 de Julho de 1946, na guarda.<br />

licenciatura <strong>em</strong> medicina na Faculdade de medicina da<br />

universidade de Coimbra - 1972.<br />

Doutoramento Académico pela universidade de Coimbra<br />

- 1986.<br />

Assistente de Orl da Faculdade de medicina da universidade<br />

de Coimbra de 1973 a 1986. professor Auxiliar de<br />

Otorrinolaringologia da Faculdade de medicina da universidade<br />

de Coimbra de 1986 a 1990.<br />

título de Agrega<strong>do</strong> pela universidade de Coimbra - 1991.<br />

professor Associa<strong>do</strong> de Otorrinolaringologia da Faculdade<br />

de medicina da universidade de Coimbra de 1990 a 1996.<br />

FigurA 292<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

PROF. DR. ANTÓNIO MANUEL DIOGO DE PAIVA<br />

231


232 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

professor Catedrático <strong>em</strong> Otorrinolaringologia da Faculdade<br />

de medicina da universidade de Coimbra - 1996. regente<br />

da disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade<br />

de medicina da universidade de Coimbra - 1995. Fez o internato<br />

nos Hospitais da universidade de Coimbra de<br />

1973 a 1974. Especialista pela Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos - 1975.<br />

Assistente <strong>do</strong> Quadro de Otorrinolaringologia <strong>do</strong>s Hospitais<br />

da universidade de Coimbra <strong>em</strong> 1979. Concurso nacional<br />

para o grau de Chefe de Serviço <strong>em</strong> 1987; Concurso<br />

nacional para o grau de Chefe de Serviço - 1993 = 1º.<br />

lugar; Chefe de Serviço <strong>em</strong> 1993.<br />

Director <strong>do</strong> Serviço de Orl <strong>do</strong>s Hospitais da universidade<br />

de Coimbra desde Fevereiro de 1995.<br />

presidente <strong>do</strong> Colégio de Otorrinolaringologia de 1990 a<br />

1993.<br />

integrou Júris de Doutoramento e de Agregação na sua<br />

área; integrou Júris de to<strong>do</strong>s os graus da Carreira médica<br />

como Vogal e/ou presidente.<br />

Adjunto da Direcção Clínica <strong>do</strong>s Hospitais da universidade<br />

de Coimbra de 1990 a 1996.<br />

Vice-presidente da Sociedade portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial, nos anos de 2002,<br />

2003 e 2004.<br />

presidente da Sociedade portuguesa de Orl e Cirurgia<br />

Cérvico-Facial de 2005 a 2007.<br />

presidente da Ass<strong>em</strong>bleia-geral da Sociedade portuguesa<br />

de Orl e Cirurgia Cérvico-Facial de 2007 a 2010.<br />

presidente da Ass<strong>em</strong>bleia-geral da Associação portuguesa<br />

de Oto-neurologia de 2007 a 2010.<br />

participou <strong>em</strong> mais de 200 reuniões nacionais e internacionais,<br />

ten<strong>do</strong> feito mais de 200 comunicações.<br />

Sociedades Científicas nacionais e internacionais - 16.<br />

publicou <strong>em</strong> revistas nacionais e internacionais mais de<br />

70 trabalhos.<br />

Foi Bolseiro <strong>do</strong> instituto nacional de investigação Científica<br />

de 1980 a 1984, na Clínica de Otorrinolaringologia e patologia<br />

Cérvico-Facial da universidade de Bordéus - França,<br />

sob a direcção <strong>do</strong> professor Doutor michel portmann.<br />

AtlAS DE CirurgiA DA lAringE<br />

no 52º Congresso nacional da SpOrl DE 2004 foi feito o<br />

lançamento oficial <strong>do</strong> Atlas “CirurgiA DA lAringE”, da<br />

autoria <strong>do</strong> Dr. João Olias, <strong>em</strong> que participam também o<br />

Dr. miguel magalhães, Dr. pedro montalvão, Dra. lígia<br />

Ferreira, Dr. luís Oliveira, Dr. rui Fino, Dr. Hugo Estibeiro,<br />

prof. nuno Santiago, Dr. Carlos Zagalo, Dr. António ribeiro<br />

da Silva, Dr. Fernan<strong>do</strong> torrinha, Dra. Odette Almeida,<br />

Dr. gerar<strong>do</strong> millán, Dr. Ouro da Costa, com edição<br />

<strong>do</strong> Círculo médico.<br />

O prefácio foi escrito pelo presidente da SpOrl - Dr. maia<br />

gomes. As fantásticas ilustrações científicas são <strong>do</strong> Dr.<br />

Fernan<strong>do</strong> Vilhena de men<strong>do</strong>nça, Otorrinolaringologista.<br />

FigurA 293<br />

CAPA DO ATLAS CIRURGIA DA LARINGE DE 2004, EDIÇÃO CÍRCULO MÉDICO<br />

FigurA 294<br />

CAPA DA REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA<br />

CÉRVICO-FACIAL ADOPTADA ENTRE 2005 E 2007


FigurA 295<br />

52º CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA - 2005<br />

52º COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

De 14 a 17 de maio de 2005, realizou-se <strong>em</strong> Vilamoura, no<br />

Algarve, o52º CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE<br />

PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRUR-<br />

GIA CÉRVICO-FACIAL com a presença de cerca de 450 Especialistas<br />

portugueses, assim como de colegas de<br />

Espanha, Brasil, França e Áustria.<br />

na Ass<strong>em</strong>bleia-geral que se realizou durante o Congresso<br />

nacional foi decidi<strong>do</strong> nomear novos Sócios Honorários:<br />

- Dr. JOSÉ ViCtOr mAnigliA<br />

- Dr. CArlOS SuArEZ<br />

- Dr. piErrE gEHAnnO<br />

A conferência inaugural <strong>do</strong> congresso foi feita com o brilhantismo<br />

que lhe é habitual pelo prof. José Hermano Saraiva.<br />

De 20 a 23 de maio de 2006, realizou-se <strong>em</strong> Espinho o:<br />

53º COngrESSO nACiOnAl DA<br />

SOCiEDADE pOrtuguESA DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl E A<br />

Vii rEuniÃO luSO-gAlAiCA<br />

DE Orl<br />

FigurA 296<br />

MEDALHA COMEMORATIVA DO CONGRESSO<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

233


234 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 297<br />

53º CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA E A VIII REUNIÃO<br />

LUSO-GALAICA DE <strong>ORL</strong> - 2006<br />

De 20 a 23 de maio de 2006, realizou-se <strong>em</strong> Espinho o 53º<br />

CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA,<br />

no qual foram apresenta<strong>do</strong>s mais de 160 trabalhos científicos<br />

e contou com a presença de mais de 700 Especialistas<br />

e acompanhantes.<br />

na Ass<strong>em</strong>bleia-geral que se realizou durante o Congresso<br />

nacional foi decidi<strong>do</strong> nomear novos Sócios Honorários<br />

da Sociedade:<br />

- Dr. mAnuEl FilipE rODriguES<br />

- Dr. VitAl CAlADO<br />

- Dr. pEDrO ClArÓS<br />

- prof. K. J. lEE<br />

54º COngrESSO nACiOnAl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

Decorreu <strong>em</strong> Coimbra de 12 a 15 de maio de 2007, no<br />

Hotel Qta. das lágrimas, o 54º CONGRESSO DE OTORRI-<br />

NOLARINGOLOGIA.<br />

Em simultâneo foram realiza<strong>do</strong>s o XII CONGRESSO LUSO-<br />

-ESPANHOL e o 4º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE<br />

<strong>ORL</strong>.<br />

nesta última realização da Direcção da Sociedade, que<br />

cessou funções, estiveram como convida<strong>do</strong>s estrangeiros<br />

figuras importantes da Especialidade internacional: Emile<br />

reyt, gerhard rettinger, Heinz Stammberger, Jean-mark<br />

Sterkers, pietro palma e Wolfgang Steiner que apresentaram<br />

conferências sobre t<strong>em</strong>as das suas áreas específicas<br />

de actividade.<br />

no âmbito <strong>do</strong> Congresso decorreram as reuniões luso-<br />

-Espanhola e luso-Brasileira nas quais estiveram 35 colegas<br />

Espanhóis e Brasileiros que integraram, juntamente<br />

com Especialistas nacionais, as mesas re<strong>do</strong>ndas que decorreram,<br />

<strong>em</strong> simultâneo, <strong>em</strong> 3 salas.<br />

FigurA 298<br />

MEDALHA COMEMORATIVA DE MIGUEL TORGA<br />

Foram apresenta<strong>do</strong>s Cursos, Comunicações livres e posters<br />

durante os três dias <strong>do</strong> Congresso.<br />

no dia que antecedeu o início <strong>do</strong> Congresso foi realiza<strong>do</strong><br />

o 1º EnCOntrO multiDiSCiplinAr Em Orl que contou<br />

com a colaboração organizativa e participação da Associação<br />

portuguesa de Audiologistas e da Associação portuguesa<br />

de terapia da Fala.<br />

Durante a Sessão de Abertura, presidida pelo reitor da<br />

universidade de Coimbra, e a que estiveram presentes o<br />

presidente da Administração regional de Saúde <strong>do</strong> Centro<br />

e o presidente da Secção regional <strong>do</strong> Centro da<br />

Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos, foi prestada homenag<strong>em</strong> póstuma<br />

ao colega A<strong>do</strong>lfo rocha/miguel torga por ocasião <strong>do</strong> centenário<br />

<strong>do</strong> seu nascimento.


Foi ora<strong>do</strong>ra nessa homenag<strong>em</strong> a profª. Doutora Cristina<br />

robalo Cordeiro.<br />

O Dr. José miguel Júdice foi o ora<strong>do</strong>r convida<strong>do</strong> da sessão,<br />

ten<strong>do</strong> aborda<strong>do</strong> o t<strong>em</strong>a “Dimensão Social da política”.<br />

A Ass<strong>em</strong>bleia guar<strong>do</strong>u um minuto de silêncio <strong>em</strong> m<strong>em</strong>ória<br />

<strong>do</strong> Dr. Alivar Car<strong>do</strong>so, anterior presidente da Direcção<br />

da SpOrl.<br />

transcrevo o Voto de pesar <strong>em</strong>iti<strong>do</strong> pelo governo regional<br />

da madeira a propósito <strong>do</strong> falecimento <strong>do</strong> Dr. Alivar<br />

Jones Car<strong>do</strong>so, grande Senhor da Otorrinolaringologia<br />

portuguesa e grande Figura Humana com o qual tive o<br />

prazer de pertencer à direcção da Sociedade, da qual ele<br />

foi o presidente:<br />

“Para conhecimento e fins ti<strong>do</strong>s por convenientes, abaixo se<br />

transcreve o Voto de Pesar pelo falecimento <strong>do</strong> Dr. Alivar Car<strong>do</strong>so,<br />

aprova<strong>do</strong> na reunião <strong>do</strong> Conselho <strong>do</strong> Governo Regional<br />

realizada no dia 27 de Julho de 2006:<br />

O Governo Regional da Madeira exprimiu um voto de pesar<br />

pelo falecimento <strong>do</strong> Dr. Alivar Car<strong>do</strong>so.<br />

Foi Médico distintíssimo, com intervenção importante no estabelecimento<br />

e modelo <strong>do</strong> Serviço Regional de Saúde, b<strong>em</strong><br />

como gestor eficiente e lúci<strong>do</strong> <strong>em</strong> todas as funções de direcção<br />

que a Região Autónoma solicitou que exercesse.<br />

Como dirigente desportivo teve um papel decisivo no prestígio<br />

que a Madeira alcançou <strong>em</strong> diversas modalidades, nomeadamente<br />

as relacionadas com actividades náuticas.<br />

<strong>Prof</strong>undamente conhece<strong>do</strong>r das características <strong>do</strong> nosso Arquipélago,<br />

distinguiu-se também como investi<strong>do</strong> priva<strong>do</strong><br />

aponta<strong>do</strong> à valorização <strong>do</strong> turismo rural e da preservação<br />

da paisag<strong>em</strong> e da ecologia da Região Autónoma da Madeira”.<br />

A componente social teve importante expressão como<br />

forma de encontro entre colegas que anualmente têm<br />

oportunidade de se rever.<br />

FigurA 299<br />

54º CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA - 2007<br />

Durante o congresso foi eleita uma nova Direcção para o<br />

trénio 2007/2010:<br />

DIRECÇÃO TRIÉNIO 2007/2010<br />

Presidente: - João António marta pimentel<br />

Vice-Presidentes: - pedro Augusto Furta<strong>do</strong> Soares tomé<br />

- António Carlos Faria de Sousa Vieira<br />

Secretário-Geral: - José António Dinis Saraiva<br />

Tesoureiro: - Carlos Alexandre<br />

Vogais: - João manuel Andrade Olias<br />

- Jorge Eduar<strong>do</strong> de Freitas Spratley<br />

- João renato Branquinho prata<br />

- paulo Vera-Cruz<br />

FigurA 300<br />

DR. JOÃO MARTA PIMENTEL<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

Dr. JOÃO mArtA pimEntEl nasceu na freguesia de Vermiosa,<br />

concelho de Figueira de Castelo rodrigo, Distrito<br />

da guarda <strong>em</strong> 18 de Fevereiro de 1944. Completou a licenciatura<br />

<strong>em</strong> medicina pela Fml <strong>em</strong> 1968. Fez o Curso<br />

de Ciências pedagógicas da Faculdade de letras da universidade<br />

Clássica de lisboa <strong>em</strong> 1969/70.<br />

ingressou no internato geral <strong>do</strong>s HCl <strong>em</strong> 1969 que concluiu<br />

<strong>em</strong> 1970, e iniciou o internato Compl<strong>em</strong>entar de<br />

Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, ten<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> o grau de Assistente<br />

<strong>Hospital</strong>ar de Orl <strong>em</strong> 10 de nov<strong>em</strong>bro de 1975.<br />

235


236 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

Cumulativamente com os HCl iniciou, no Serviço de Orl<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> militar principal, o estágio para Especialista<br />

de Orl pela Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos que concluiu <strong>em</strong> 17 de<br />

Dez<strong>em</strong>bro de 1975.<br />

Exerceu as funções de Assistente <strong>Hospital</strong>ar de Otorrinolaringologia<br />

no <strong>Hospital</strong> de S. José até Agosto de 1983,<br />

data <strong>em</strong> que tomou posse <strong>do</strong> lugar de Assistente <strong>Hospital</strong>ar<br />

de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> Quadro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de<br />

Almada, a que concorrera.<br />

Após Concurso nacional obteve o grau de Chefe de Serviço<br />

<strong>Hospital</strong>ar de Otorrinolaringologia <strong>em</strong> 8 de Junho de<br />

1985.<br />

Foi eleito Director Clínico <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Almada, cargo<br />

que des<strong>em</strong>penhou de 19 de Dez<strong>em</strong>bro de 1985 a 6 de Janeiro<br />

de 1989. A transferência das instalações <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Distrital de Almada para o <strong>Hospital</strong> garcia de Orta ocorreu<br />

<strong>em</strong> 1 de Set<strong>em</strong>bro de 1991. Organizou o Serviço de Orl<br />

deste <strong>Hospital</strong> e foi Director até à sua aposentação <strong>em</strong> 1<br />

de Set<strong>em</strong>bro de 2008.<br />

Fez concurso de provimento de Chefe de Serviço <strong>do</strong> Quadro<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> garcia de Orta, <strong>em</strong> Abril de 1995.<br />

Foi professor da Cadeira de Orl ministrada no curso de<br />

medicina Dentária <strong>do</strong> iSCS de 1992 a 1995.<br />

É o representante de portugal no Conselho de representantes<br />

estrangeiros da Sociedade Francesa de Orl, após<br />

eleição, desde maio de 2009.<br />

Des<strong>em</strong>penhou os seguintes cargos na Sociedade portuguesa<br />

de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial:<br />

- Secretário-geral no triénio 1998/2001;<br />

- Vice-presidente no triénio 2001/2004;<br />

- Vice-presidente no triénio 2004/2007;<br />

- presidente no triénio 2007/2010.<br />

FigurA 301<br />

LOGÓTIPO DA SOCIEDADE COM O ENDEREÇO ELECTRÓNICO<br />

FigurA 302<br />

CAPA DA REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL ADOPTADA A PARTIR DE 2007<br />

Em 2007 saiu uma nova revista de Otorrinolaringologia<br />

intitulada “ClÍniCA E inVEStigAÇÃO Em OtOrrinOlAringOlOgiA”,<br />

cujo Director era o prof. João paço e o secretaria<strong>do</strong><br />

no Centro de Orl <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Cuf infante<br />

Santo. Esta revista impressa <strong>em</strong> papel de excelente qualidade,<br />

publicou durante a sua existência dezenas de artigos<br />

sobre os mais varia<strong>do</strong>s t<strong>em</strong>as relaciona<strong>do</strong>s com esta<br />

especialidade. terminou a sua existência no final de 2009.<br />

55° COngrESSO nACiOnAl<br />

DA SOCiEDADE pOrtuguESA<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

De 1 a 4 de maio de 2008 realizou-se o 55° COngrESSO<br />

nACiOnAl DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl, no tivoli<br />

marinotel <strong>em</strong> Vilamoura, no Algarve.<br />

na reunião participaram cerca de 450 Otorrinolaringologistas<br />

de to<strong>do</strong> o país, sen<strong>do</strong> de destacar a presença de<br />

importantes figuras da Otorrinolaringologia internacional<br />

como Al<strong>do</strong> Stamm, Carlos Barajas, Herminio perez,<br />

Jesus Algaba, João Bosco Botelho, mário Sanna, robert<br />

Vincent e ru<strong>do</strong>lf Hagen. Estes prelectores apresentaram


FigurA 303<br />

UM DOS NÚMEROS DA REVISTA “CLÍNICA E INVESTIGAÇÃO<br />

EM OTORRINOLARINGOLOGIA”<br />

Conferências sobre t<strong>em</strong>as das suas áreas de actividade<br />

preferencial que contaram s<strong>em</strong>pre com a presença de<br />

eleva<strong>do</strong> número de assistentes.<br />

Ao longo <strong>do</strong>s 4 dias <strong>do</strong> Congresso realizaram-se vários<br />

Cursos, Conferências e diversas mesas re<strong>do</strong>ndas sobre<br />

importantes t<strong>em</strong>as da actualidade, que tiveram s<strong>em</strong>pre<br />

uma assistência muito participada.<br />

A cerimónia de abertura contou com a participação <strong>do</strong><br />

presidente da ArS <strong>do</strong> Algarve, Dr. rui lourenço, <strong>em</strong> representação<br />

da Sra. ministra da Saúde, <strong>do</strong> Dr. Alvaro Beleza,<br />

<strong>em</strong> representação <strong>do</strong> Bastonário da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s<br />

médicos, <strong>do</strong> Dr. Jesus Algaba, presidente da SEOrl, <strong>do</strong> Dr.<br />

António maia gomes, presidente de Honra <strong>do</strong> Congresso,<br />

<strong>do</strong> prof. António Carlos miguéis, presidente <strong>do</strong> Colégio da<br />

Especialidade, além, naturalmente, <strong>do</strong> presidente <strong>do</strong> Congresso<br />

e da Sociedade, Dr. João marta pimentel e <strong>do</strong> Secretário-geral<br />

da SpOrl, Dr. José Saraiva.<br />

Ao longo <strong>do</strong> Congresso foram apresentadas 103 Comunicações<br />

livres e 74 posters, <strong>em</strong> representação da grande<br />

maioria <strong>do</strong>s Serviços de Orl nacionais, sen<strong>do</strong> de destacar<br />

não só o número eleva<strong>do</strong> de trabalhos, mas principalmente<br />

a qualidade presente na maioria das apresentações.<br />

no âmbito <strong>do</strong> programa social, as exposições de escultura<br />

de Antonieta roque gameiro e de pintura de Alexandra<br />

prieto, b<strong>em</strong> como o cocktail de boas vindas e o jantar de<br />

FigurA 304<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

55º CONGRESSO NACIONAL DE OTORRINOLARINGOLOGIA<br />

encerramento, constituíram os pontos altos de um agradável<br />

convívio entre to<strong>do</strong>s os colegas.<br />

uma referência para a i rEuniÃO DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

Em mEDiCinA gErAl E FAmiliAr, que decorreu<br />

<strong>em</strong> paralelo com o 55° Congresso, nos dias 2 e 3 de maio,<br />

e que contou com a presença de cerca de 160 médicos de<br />

Clínica geral vin<strong>do</strong>s de vários pontos <strong>do</strong> país.<br />

56º COngrESSO nACiOnAl<br />

DE Orl E pAtOlOgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl E O Xi<br />

COngrESSO HiSpAnO-luSO<br />

DE Orl<br />

O porto recebeu de 30 de Abril a 3 de maio de 2009 o 56º<br />

COngrESSO nACiOnAl DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl.<br />

O Congresso realiza<strong>do</strong> no Hotel porto palácio, decorreu<br />

<strong>em</strong> conjunto com a Viii rEuniÃO luSO-gAlAiCA, e contou<br />

com a presença de mais de quinhentos Otorrinolaringologistas<br />

e teve a participação de importantes figuras<br />

internacionais como os Drs. Abel-Jan tasman, Bernard Ars,<br />

237


238 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

FigurA 305<br />

56º CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA<br />

DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL<br />

Carmelo Santandrián, Karl-Bernd Huttenbrink, manuel Bernal<br />

Sprekelsen, noel garabédian, peak Woo, ranko mladina<br />

e tânia Sih, que apresentaram cursos ou palestras.<br />

Durante os 4 dias <strong>do</strong> Congresso realizaram-se várias Conferências,<br />

mesas-re<strong>do</strong>ndas e Cursos sobre varia<strong>do</strong>s t<strong>em</strong>as<br />

da nossa Especialidade, s<strong>em</strong>pre com a presença de um<br />

eleva<strong>do</strong> número de colegas.<br />

A cerimónia de abertura, realizada na Casa da música, foi<br />

seguida de uma conferência proferida pelo Sr. prof. Daniel<br />

Serrão sobre “SEntiDOS E SEntimEntOS: umA lEiturA<br />

pArA O FuturO”.<br />

Ao longo <strong>do</strong> Congresso foram apresentadas 110 Comunicações<br />

livres e 70 posters, na sua maioria de grande<br />

qualidade, <strong>em</strong> representação de muitos <strong>do</strong>s Serviços de<br />

Otorrinolaringologia. A realização conjunta da Viii reunião<br />

luso-galaica permitiu a participação de muitos colegas<br />

espanhóis que deram o seu contributo <strong>em</strong> várias<br />

mesas-re<strong>do</strong>ndas.<br />

OS COngrESSOS<br />

COnJuntOS COm<br />

AS SOCiEDADES<br />

ESpAnHOlAS<br />

E A SOCiEDADE<br />

BrASilEirA DE Orl<br />

Vou terminar este capítulo com uma breve resenha sobre<br />

os Congressos luso-Espanhol/Hispano-luso ou ibéricos,<br />

sobre as reuniões da Sociedade luso-galaica e finalmente<br />

sobre os encontros luso-Brasileiros.<br />

Este capítulo mereceria um maior desenvolvimento, tal a<br />

riqueza e variedade das comunicações apresentadas nestas<br />

importantes reuniões de afirmação da Otorrinolaringologia<br />

portuguesa além fronteiras, no entanto não quis<br />

deixar de fazer referência a estas reuniões.<br />

FigurA 306<br />

VI CONGRESSO LUSO-ESPANHOL DE <strong>ORL</strong> E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL


FigurA 307<br />

X CONGRESSO LUSO-ESPANHOL DE <strong>ORL</strong> E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL LISBOA, 11 A 13 DE MARÇO DE 2004<br />

OS COngrESSOS<br />

luSO-ESpAnHOl/<br />

HiSpAnO-luSO Ou iBÉriCOS<br />

i COngrESSO HiSpAnO-luSO<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

SANTIAGO DE COMPOSTELA 16 a 18 de Março de 1973<br />

ii COngrESSO luSO-ESpAnHOl DE Orl<br />

FUNCHAL 26 a 30 de Junho de 1979<br />

iii COngrESSO HiSpAnO-luSO<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

SALAMANCA, 03 a 05 de Junho de 1982<br />

iV COngrESSO luSO-ESpAnHOl<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

ALVOR, ALGARVE, 27 a 30 de Abril de 1985<br />

V COngrESSO HiSpAnO-luSO DE Orl<br />

E pAtOlOgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

SEVILHA, 02 a 05 de Junho de 1988<br />

FigurA 308<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

IX CONGRESO IBÉRICO DE <strong>ORL</strong> Y CIRUGÍA CERVICO-FACIAL<br />

239


240 HiStÓriA DA SOCiEDADE pOrtuguESA DE Orl<br />

Vi COngrESSO luSO-ESpAnHOl<br />

DE Orl E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

ESTORIL, CASCAIS, 29 de Maio a 02 de Junho de 1991<br />

Vii COngrESSO iBÉriCO DE Orl<br />

E pAtOlOgiA CÉrViCO-FACiAl,<br />

SANTIAGO DE COMPOSTELA, 25 a 27 de Maio de 1994<br />

Viii COngrESSO iBÉriCO DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl<br />

PORTO, 01 a 04 de Maio de 1996<br />

Xiii COngrESO HiSpAnO-luSO<br />

DE Orl E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

i rEuniÃO DA FunDAÇÃO<br />

DA ACADEmiA iBErO-AmEriCAnA<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

MADRID, 13 a 17 de Nov<strong>em</strong>bro de 2009<br />

AS rEuniÕES DA SOCiEDADE<br />

luSO-gAlAiCA<br />

Depois <strong>do</strong> i Congresso Hispano-luso de Orl, organiza<strong>do</strong><br />

pela Sociedad gallega de Orl, Sociedad Española de Orl<br />

e da Sociedade portuguesa de Orl, <strong>em</strong> Santiago de Compostela,<br />

os contactos entre portugueses e galegos foram<br />

constantes.<br />

iX COngrESO iBÉriCO DE Orl Y CirugÍA<br />

CErViCO-FACiAl<br />

BARCELONA, 29 a 31 de Março 2001<br />

X COngrESSO luSO-ESpAnHOl<br />

DE Orl E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

LISBOA, 11 a 13 de Março de 2004<br />

Xi COngrESSO HiSpAnO-luSO<br />

DE Orl E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

MADRID, 12 a 15 de Nov<strong>em</strong>bro 2006<br />

Xii COngrESSO luSO-ESpAnHOl DE Orl<br />

E CirurgiA CÉrViCO-FACiAl<br />

COIMBRA, 12 a 15 de Maio de 2007<br />

Em 18 de Junho de 1988 passa a integrar a Junta Directiva<br />

da Sociedad gallega de Orl (SgOrl) um Vogal por<br />

portugal, sob proposta <strong>do</strong> prof. nicolas garcia Soto.<br />

Desde 20 de Junho de 1992, passa a integrar também a<br />

Junta Directiva da SgOrl, um tesoureiro português.<br />

Os portugueses que integram ou já pertenceram à Junta Directiva<br />

da SgOrl são: Dr. Delfim Duarte, Dr. Eurico monteiro,<br />

Dr. mário giesteira de Almeida e o Dr. Fausto Fernandes.<br />

Ao longo destes anos têm si<strong>do</strong> inúmeras as participações<br />

<strong>em</strong> reuniões Científicas conjuntas, sen<strong>do</strong> as reuniões<br />

luso-galaicas o ponto de honra desses encontros:<br />

ii rEuniÃO luSO-gAlAiCA<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA


XVi rEuniÃO AnuAl DA SOCiEDAD<br />

gAllEgA DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

porto - 30 de Junho de 1990<br />

Organização:<br />

Clínica de Orl - Dr. Victor Correia da Silva<br />

Presidentes de Honra:<br />

prof. ruy penha<br />

prof. nicolas garcia Soto<br />

iii rEuniÓn gAlAiCO-pOrtuguESA DE Orl<br />

Vigo - 19 / 20 de Junho de 1992<br />

Centro Cultural CaixaVigo<br />

Presidentes de Honra:<br />

prof. nicolás garcia Soto<br />

Dr. José l. macha<strong>do</strong> Aires<br />

iV rEuniÓn gAlAiCO-pOrtuguESA DE Orl<br />

XXVi rEuniOn AnuAl DA SOCiEDADE<br />

gAlEgA DE Orl<br />

Santiago de Compostela - 30 / 31 de maio de 1997<br />

Faculdade de medicina da universidade de Santiago<br />

Presidentes de Honra:<br />

prof. torcuato labella Caballero<br />

V rEuniÃO luSO-gAlAiCA DE Orl<br />

XXViii rEuniÃO AnuAl DA SOCiEDAD<br />

gAllEgA DE Orl<br />

porto - 18 / 19 de Junho de 1999<br />

Casa <strong>do</strong> médico - Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s médicos<br />

Presidentes:<br />

Dr. António maia gomes<br />

prof. torcuato labella Caballero<br />

FigurA 309<br />

3º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL<br />

A OtOrrinOlAringOlOgiA Em pOrtugAl<br />

Vi rEuniÃO luSO-gAlAiCA DE Orl<br />

XXXi rEuniÃO AnuAl DA SOCiEDADE<br />

gAlEgA DE Orl<br />

Vidago - 13 / 14 de Julho de 2002<br />

Hotel palace <strong>do</strong> Vidago<br />

Presidentes de Honra:<br />

prof. pedro Quesada marín<br />

Dr. António maia gomes<br />

prof. torcuato labella Caballero<br />

OS COngrESSOS<br />

luSO-BrASilEirOS<br />

1º COngrESSO luSO-BrASilEirO<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA<br />

S. Paulo, BRASIL, 2 e 7 de Dez<strong>em</strong>bro de 1997<br />

2º COngrESSO luSO-BrASilEirO<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl<br />

PORTO, 22 a 25 de Maio de 2004<br />

3º COngrESSO luSO-BrASilEirO<br />

DE OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl<br />

SALVADOR DA BAÍA, 27 de Nov<strong>em</strong>bro a 1 de Dez<strong>em</strong>bro<br />

de 2006<br />

4º COngrESSO luSO-BrASilEirO DE<br />

OtOrrinOlAringOlOgiA E CirurgiA<br />

CÉrViCO-FACiAl<br />

COIMBRA, 12 a 15 de Maio de 2007<br />

241


A Otorrinolaringologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

A Otorrinolaringologia<br />

Portuguesa nos Hospitais


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:44 AM Page 243<br />

epois de ter aborda<strong>do</strong> a História da evolução da Otorrinolaringologia<br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e a História da Sociedade Portuguesa<br />

de <strong>ORL</strong>, vou abordar como foi o aparecimento da<br />

<strong>ORL</strong> <strong>em</strong> cada hospital.<br />

A História da Otorrinolaringologia <strong>do</strong>s Séculos XX e XXI é<br />

<strong>em</strong> grande parte feita <strong>do</strong> somatório <strong>do</strong>s actos e das actividades<br />

que se praticam no dia-a-dia de cada hospital, público<br />

ou priva<strong>do</strong>.<br />

Para elaborar este capítulo solicitei aos Directores de cada<br />

Serviço que me enviass<strong>em</strong> a história <strong>do</strong>s seus Serviços.<br />

Desde já agradeço a to<strong>do</strong>s aqueles que amavelmente colaboraram.<br />

Resolvi colocar a maior parte <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s que<br />

consegui obter, mesmo acontecen<strong>do</strong> que alguns Hospitais,<br />

que têm menos história e tradições, possam surgir<br />

com um texto mais desenvolvi<strong>do</strong>. Os textos, <strong>em</strong> muitos<br />

casos estão adapta<strong>do</strong>s, com partes retiradas e outras<br />

acrescentadas sen<strong>do</strong> a responsabilidade final <strong>do</strong> seu conteú<strong>do</strong><br />

apenas minha.<br />

Para tentar ser o mais completo possível, decidi que os<br />

hospitais que não responderam, mas sobre os quais possuía<br />

informações baseadas principalmente na recolha de<br />

da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s aquan<strong>do</strong> da realização <strong>do</strong> <strong>Livro</strong> “HISTÓRIA<br />

DA OTORRINOLARINGOLOGIA” de 2003, ou <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

<strong>Livro</strong> <strong>do</strong> Dr. Campos Henriques de 1984, os iria utilizar,<br />

pois servirão s<strong>em</strong>pre como instrumento de consulta para<br />

a História da Especialidade <strong>em</strong> cada <strong>Hospital</strong>.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 243<br />

O critério de colocação <strong>do</strong>s textos foi o seguinte: primeiro<br />

aparec<strong>em</strong> os Hospitais de Lisboa, Porto e Coimbra, seguidamente<br />

os Hospitais <strong>do</strong> Continente por ord<strong>em</strong> alfabética<br />

das Cidades, depois os Açores e a Madeira, e para<br />

terminar uma pequena nota sobre as antigas Províncias<br />

Ultramarinas.<br />

Devi<strong>do</strong> às enormes modificações que t<strong>em</strong> havi<strong>do</strong> nas estruturas<br />

hospitalares, com fusões e extinções de Serviços,<br />

e mesmo de Hospitais, optei <strong>em</strong> alguns casos por manter<br />

a estrutura de descrição <strong>do</strong>s hospitais tal como eles existiam<br />

antes desta autêntica revolução. Alguém que virá depois,<br />

e já com o distanciamento t<strong>em</strong>poral necessário, terá<br />

o t<strong>em</strong>po e a disponibilidade para recolher to<strong>do</strong>s os novos<br />

da<strong>do</strong>s.<br />

Alguns <strong>do</strong>s hospitais já foram descritos anteriormente,<br />

pelo que é necessário completar estas descrições com a<br />

leitura desses textos noutros capítulos.<br />

Algumas das fotografias que acompanham os textos não<br />

têm relação directa com a Medicina, no entanto, por representar<strong>em</strong><br />

aspectos curiosos das cidades ou das regiões<br />

onde os hospitais se inser<strong>em</strong>, achei que poderia ser interessante<br />

incluí-las.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:45 AM Page 244<br />

244<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 310<br />

LISBOA NO DIA DA INAUGURAÇÃO DO MONUMENTO AOS RESTAURADORES EM 28 DE ABRIL 1886<br />

LISBOA<br />

OS HOSPITAIS CIVIS<br />

DE LISBOA<br />

HOSPITAL DE S. JOSÉ<br />

O <strong>Hospital</strong> de S. José é o herdeiro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Real de<br />

To<strong>do</strong>s os Santos, transferi<strong>do</strong> da sua primitiva localização<br />

na Praça da Figueira <strong>em</strong> frente ao Rossio pela Reforma <strong>do</strong><br />

Marquês de Pombal, executada <strong>em</strong> consequência <strong>do</strong> Terramoto<br />

de 1755. Após o Terramoto foi ordenada a transferência<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes que estavam no <strong>Hospital</strong> de To<strong>do</strong>s<br />

os Santos e outros que estavam dispersos por vários hospitais<br />

ou instituições de assistência na cidade de Lisboa<br />

para o antigo Colégio <strong>do</strong>s Jesuítas de Santo Antão-o-<br />

-Novo. Era assim funda<strong>do</strong> um novo e grande hospital intitula<strong>do</strong><br />

de <strong>Hospital</strong> Real de São José.<br />

Durante o decorrer <strong>do</strong> século XIX e haven<strong>do</strong> cada vez<br />

mais <strong>do</strong>entes foi necessário ir anexan<strong>do</strong> a esta estrutura<br />

hospitalar outras instituições, entre as quais o <strong>Hospital</strong> de<br />

São Lázaro, destina<strong>do</strong> aos <strong>do</strong>entes com Lepra, o <strong>Hospital</strong><br />

D. Estefânia destina<strong>do</strong> a tratar as Crianças, o <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong><br />

Desterro, o <strong>Hospital</strong> de Rilhafoles, destina<strong>do</strong> às <strong>do</strong>enças<br />

mentais, o <strong>Hospital</strong> Rainha D. Amélia também conheci<strong>do</strong><br />

como <strong>Hospital</strong> de Arroios que estava instala<strong>do</strong> no velho<br />

Convento de Arroios, e o <strong>Hospital</strong> de Odivelas onde eram<br />

coloca<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>entes incuráveis, passan<strong>do</strong> este conjunto<br />

a denominar-se <strong>Hospital</strong> Real de S. José e Anexos.<br />

No princípio <strong>do</strong> século XX foi decidi<strong>do</strong> construir <strong>do</strong>is<br />

novos e grandes Hospitais, um no sitio chama<strong>do</strong> Rego,<br />

nos terrenos onde existia o recolhimento da Associação<br />

das Servitas de Nossa Senhora das Dores, destina<strong>do</strong> ao<br />

tratamento de <strong>do</strong>enças infecto-contagiosas febris, inaugura<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> 1906, por obra <strong>do</strong> governo de Hintze Ribeiro,<br />

com o nome de HOSPITAL DO REGO. Aquela instituição<br />

deu orig<strong>em</strong> ao actual HOSPITAL CURRY CABRAL, assim<br />

denomina<strong>do</strong>, no ano de 1929, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> ao <strong>Prof</strong>essor<br />

José Curry da Câmara Cabral.<br />

O outro novo <strong>Hospital</strong> surgiu no edifício e na cerca que<br />

era posse da Irmandade <strong>do</strong>s Clérigos Pobres <strong>em</strong> Santa<br />

Marta, e foi destina<strong>do</strong> ao tratamento de <strong>do</strong>enças infecto-<br />

-contagiosas não febris. O Convento de Santa Marta, funda<strong>do</strong><br />

no séc. XVI, começou a funcionar ao serviço da<br />

Saúde <strong>em</strong> 1890 com a designação inicial de Hospício <strong>do</strong>s<br />

Clérigos Pobres, depois passou a integrar o Grupo Hospitais<br />

Civis de Lisboa, <strong>em</strong> 1903, e ficou conheci<strong>do</strong> como<br />

HOSPITAL HINTZE RIBEIRO e finalmente já no regime


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:46 AM Page 245<br />

FIGURA 311<br />

ALGUNS DOS LOGÓTIPOS UTILIZADOS NA DOCUMENTAÇÃO OFICIAL DO HOSPITAL DE S. JOSÉ NO SÉCULO XIX<br />

FIGURA 312<br />

RELATÓRIO DE CURRY CABRAL DE 1915 SOBRE O HOSPITAL REAL DE S. JOSÉ NO<br />

PERÍODO DE 7 DE JANEIRO DE 1901 A 5 DE OUTUBRO DE 1910<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 245<br />

republicano ficou com o seu nome actual de HOSPITAL<br />

DE SANTA MARTA. Em 1910 foi atribuída, oficialmente,<br />

ao <strong>Hospital</strong> de Santa Marta, a função de Escola Médico<br />

Cirúrgica de Lisboa. Poucos anos depois passou a denominar-se<br />

HOSPITAL ESCOLAR DA FACULDADE DE MEDI-<br />

CINA DE LISBOA (para saber mais sobre a Especialidade<br />

de <strong>ORL</strong> neste <strong>Hospital</strong> deverá ser consulta<strong>do</strong> o capítulo<br />

referente ao <strong>Prof</strong>. Carlos de Mello).<br />

É a to<strong>do</strong> este conjunto de edifícios que se deu o nome de<br />

HOSPITAIS CIVIS DE LISBOA. To<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s relativos a<br />

estes hospitais e ao esta<strong>do</strong> <strong>em</strong> que se encontravam no<br />

princípio <strong>do</strong> século se encontram descritos, com grande<br />

desenvolvimento, no relatório “O HOSPITAL REAL DE S.<br />

JOSÉ E ANNEXOS desde 7 de Janeiro de 1901 até 5 de Outubro<br />

de 1910” pelo Dr. José Curry da Câmara Cabral, publica<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> 1915.<br />

Na reorganização <strong>do</strong>s serviços hospitalares, aprovada<br />

pelo Decreto-Lei 4.563 de 9 de Julho de 1918, aparece<br />

mencionada pela primeira vez na vida <strong>do</strong>s Hospitais Civis<br />

de Lisboa a referência à Especialidade de Otorrinolaringologia<br />

(art. 65°).<br />

No entanto, já antes de lhe haver si<strong>do</strong> concedida autonomia,<br />

é óbvio que os clínicos desta instituição prestavam<br />

assistência aos porta<strong>do</strong>res das <strong>do</strong>enças que, mais tarde,<br />

viriam a ser integradas no foro da <strong>ORL</strong>.<br />

Para citar apenas um ex<strong>em</strong>plo, o qual já abordei num capítulo<br />

anterior, sabe-se que o Cirurgião <strong>do</strong> Banco <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. José, Dr. Theotónio da Silva, por volta de 1851,<br />

praticou a primeira traqueotomia de que se t<strong>em</strong> conhecimento<br />

<strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>, num <strong>do</strong>ente com Crup.<br />

Cabe ao Dr. Francisco Avelino Monteiro a primazia da assistência<br />

otorrinolaringológica nos Hospitais Civis de Lisboa.<br />

Efectivamente foi <strong>em</strong> 1898 que o autorizaram a abrir<br />

uma consulta da Especialidade no <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia<br />

onde aquele clínico exercia o cargo de Assistente na enfermaria<br />

de Sant'Anna.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:46 AM Page 246<br />

246<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 313<br />

HOSPITAL DE S. JOSÉ UM GRUPO DE MÉDICOS EM 1957 - A COMEÇAR À ESQ. OS DRS. ALBANO COELHO, CAMPOS HENRIQUES, CALHEIROS, ABEL CORREIA BARROS<br />

SIMÃO<br />

Entretanto, no final <strong>do</strong> ano de 1900, o Dr. João Sant'Anna<br />

Leite que também era Assistente <strong>do</strong>s Hospitais Civis de<br />

Lisboa, foi encarrega<strong>do</strong> de dirigir uma consulta de <strong>ORL</strong> no<br />

<strong>Hospital</strong> de S. José. Em 1906 tornou-se Director da referida<br />

consulta.<br />

Em 1908, o Dr. Avelino Monteiro foi transferi<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de D. Estefânia para o de S. José, por ter si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong><br />

Director da Enfermaria de Sousa Martins deste último<br />

hospital, e numa dependência desta Enfermaria instalou<br />

a consulta de <strong>ORL</strong>.<br />

Em 1912 surge a terceira consulta de ouvi<strong>do</strong>s, nariz e garganta<br />

no <strong>Hospital</strong> de S. José, desta vez anexa à Enfermaria<br />

de Santa Emília, de que era Director o Dr. Manuel<br />

Diogo de Sousa Leite Valladares. Da recém-criada consulta<br />

ficou encarrega<strong>do</strong> o mesmo Dr. Valladares, que <strong>em</strong> 1924<br />

obtém a nomeação de Director de Serviço Clínico de<br />

Otorrinolaringologia, especialidade que havia si<strong>do</strong> oficializada<br />

<strong>em</strong> 1918 pelo Decreto-Lei atrás cita<strong>do</strong>.<br />

Em 1929 são também nomea<strong>do</strong>s Directores de Serviço<br />

Clínico de <strong>ORL</strong> os Drs. Avelino Monteiro (a qu<strong>em</strong> faltavam<br />

poucos meses para atingir o limite de idade) e João<br />

Sant'Ana Leite, assim como o então Cirurgião <strong>do</strong>s HCL,<br />

Dr. Alberto Luís de Men<strong>do</strong>nça que, por já exercer a Especialidade,<br />

decidiu optar por ela.<br />

Perante esta "inflação" de Directores foi determina<strong>do</strong> que<br />

os Drs. Sant'Ana Leite e Valladares dess<strong>em</strong> as suas consultas<br />

<strong>em</strong> horas diferentes, no edifício que lhes estava<br />

destina<strong>do</strong> na cerca <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José. Do mesmo<br />

mo<strong>do</strong> se determinou que os Drs. Avelino Monteiro e<br />

Alberto Men<strong>do</strong>nça dess<strong>em</strong> as suas consultas <strong>em</strong> dias alterna<strong>do</strong>s<br />

no anexo da Enfermaria de Sousa Martins.<br />

Nesse ano de 1929, o Dr. Avelino Monteiro atingiu o limite<br />

de idade e o Dr. Alberto de Men<strong>do</strong>nça ficou como<br />

Director único desta consulta.<br />

Em 1930 foi inaugura<strong>do</strong> no <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s<br />

Capuchos um novo Serviço de <strong>ORL</strong> e para lá transitaram<br />

os Drs. Sant'Anna Leite e Valladares como Directores das<br />

respectivas salas 1 e 2. Como Assistente foi nomea<strong>do</strong> o Dr.<br />

Carlos Larroudé Gomes. Em 1934 prestaram provas para<br />

Assistentes de <strong>ORL</strong>, os Drs. Francisco Calheiros Lopes e<br />

Luís Queriol Macieira, sen<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong>s por esta ord<strong>em</strong> e<br />

coloca<strong>do</strong>s respectivamente no <strong>Hospital</strong> de Santo António<br />

<strong>do</strong>s Capuchos e no <strong>Hospital</strong> de S. José.<br />

Em 1937, o Dr. Valladares pediu a exoneração por motivo<br />

de <strong>do</strong>ença, tornan<strong>do</strong>-se o Dr. João Sant’Anna Leite único<br />

Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos.<br />

Existiu, <strong>em</strong>bora s<strong>em</strong> carácter oficial, uma consulta de <strong>ORL</strong><br />

no <strong>Hospital</strong> de Arroios, a cargo <strong>do</strong> Dr. Charters de Azeve<strong>do</strong>,<br />

consulta esta que teve vida efémera.<br />

Em 1940, quan<strong>do</strong> o Dr. Sant'Anna Leite atingiu o limite de<br />

idade, a direcção <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s Capuchos foi assumida<br />

pelo já então <strong>Prof</strong>. Carlos Larroudé, ten<strong>do</strong> o outro<br />

Assistente, Dr. Francisco Calheiros, toma<strong>do</strong> a iniciativa de<br />

instar junto da Administração para que se criasse uma<br />

Consulta da Especialidade no <strong>Hospital</strong> D. Estefânia, o que<br />

fez, sen<strong>do</strong> lá coloca<strong>do</strong> a dirigi-la, como era seu desejo, o<br />

próprio Dr. Calheiros, que permaneceu nessa situação até<br />

1949, data <strong>em</strong> que foi promovi<strong>do</strong> a Director de Serviço e


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:46 AM Page 247<br />

transferi<strong>do</strong> para S. José, <strong>em</strong> virtude <strong>do</strong> Dr. Alberto Men<strong>do</strong>nça<br />

ter atingi<strong>do</strong> o limite de idade.<br />

O Dr. Luís Macieira transitou então de S. José para a Estefânia<br />

para tomar a direcção da consulta. Só <strong>em</strong> 1963, ao<br />

terminar<strong>em</strong> as obras de r<strong>em</strong>odelação <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, é que<br />

o Serviço se tornou realidade, sen<strong>do</strong> o Dr. Macieira nomea<strong>do</strong><br />

seu Director. Pouco t<strong>em</strong>po exerceu o seu cargo,<br />

da<strong>do</strong> que veio a falecer pr<strong>em</strong>aturamente <strong>em</strong> 1964.<br />

Durante os 20 anos (1929/1949) <strong>em</strong> que dirigiu o Serviço<br />

de S. José, o Dr. Men<strong>do</strong>nça não conseguiu ver concretizada<br />

a aspiração pela qual ardent<strong>em</strong>ente, mas <strong>em</strong> vão, se<br />

batera, e que era a existência real duma unidade clínica<br />

autónoma, como seria de esperar depois da publicação<br />

<strong>do</strong> decreto 28.794 de 1.7.1938, que criava <strong>em</strong> S. José os<br />

Serviços Clínicos de <strong>ORL</strong>, Oftalmologia e Traumatologia.<br />

Simplesmente, ao contrário <strong>do</strong> que sucedeu com os outros<br />

<strong>do</strong>is, o Serviço de <strong>ORL</strong> foi cria<strong>do</strong> apenas no papel,<br />

ten<strong>do</strong> o internamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes continua<strong>do</strong> a fazer-se,<br />

como até então, <strong>em</strong> camas espalhadas por Serviços Gerais<br />

de Medicina e Cirurgia.<br />

Com efeito, a criação dum verdadeiro Serviço de Otorrinolaringologia<br />

só se tornou realidade a partir de 15 de<br />

Outubro de 1962, data <strong>em</strong> que findas as indispensáveis<br />

obras de adaptação, foi finalmente inaugura<strong>do</strong> o Serviço<br />

8 <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José.<br />

Foi durante o perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que o Dr. Calheiros era Director<br />

<strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José que se processaram<br />

as obras de r<strong>em</strong>odelação e de adaptação que levaram<br />

à instalação <strong>do</strong> que viria a ser o Serviço 8 na antiga<br />

Enfermaria de Sousa Martins. Também neste perío<strong>do</strong> se<br />

construiu e equipou uma pequena unidade de audiologia,<br />

com o auxílio financeiro <strong>do</strong> próprio Dr. Calheiros e da<br />

Fundação Calouste Gulbenkian.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, por intermédio <strong>do</strong> Dr. Calheiros, o Serviço<br />

recebeu um substancial subsídio das então chamadas<br />

Companhias Reunidas de Gás e Electricidade (CRGE), com<br />

o qual adquiriu o que de mais moderno havia <strong>em</strong> material<br />

de en<strong>do</strong>scopia esofágica e brônquica.<br />

Por ter pedi<strong>do</strong> a sua exoneração antes de atingir o limite<br />

de idade, o Dr. Calheiros deixou a Direcção <strong>do</strong> Serviço,<br />

ten<strong>do</strong> assumi<strong>do</strong> essas funções a partir de 1964, o Dr. Campos<br />

Henriques, que nelas se manteve até atingir, por sua<br />

vez, o limite de idade <strong>em</strong> 31.1.1983.<br />

Foi com o Dr. JOSÉ ANTÓNIO DE CAMPOS HENRIQUES, com<br />

o seu profun<strong>do</strong> conhecimento científico, o seu dinamismo,<br />

as suas qualidades humanas e morais, que o seu Serviço<br />

de <strong>ORL</strong> adquire foros de modernidade. Deve-se-lhe a introdução<br />

<strong>do</strong> microscópio operatório na cirurgia otológica,<br />

a cirurgia en<strong>do</strong>laríngea sob controlo microscópico e a Impedanciometria.<br />

Ainda com maior relevância programou<br />

Reuniões S<strong>em</strong>anais onde eram discuti<strong>do</strong>s casos clínicos<br />

pertinentes ou discuti<strong>do</strong>s t<strong>em</strong>as teóricos. O Dr. CAMPOS<br />

HENRIQUES organizou e Presidiu à I Reunião Luso-Espanhola<br />

de <strong>ORL</strong> (Funchal - Madeira, 1972), e ao XXI Conventus<br />

da Societas Oto-Rino-Laringológica Latina (Maio -1976).<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 247<br />

Após a aposentação <strong>do</strong> Dr. Campos Henriques, o Dr. ABEL<br />

CORREIA vai continuar na linha <strong>do</strong> seu antecessor. As suas<br />

qualidades técnicas, no campo da Cirurgia otológica (<strong>em</strong><br />

particular na Cirurgia da Otosclerose), muito contribuíram<br />

para o aperfeiçoamento <strong>do</strong>s que com ele trabalharam.<br />

Durante este perío<strong>do</strong>, o Dr. José Costa Quinta introduz no<br />

serviço meios sofistica<strong>do</strong>s de diagnóstico audiológico, tais<br />

como a Electro-Cocleografia e os Potenciais Evoca<strong>do</strong>s Auditivos.<br />

Em colaboração com o Dr. Macha<strong>do</strong> Cândi<strong>do</strong> estabelece<br />

um Grupo de Estu<strong>do</strong> sobre Apneia <strong>do</strong> Sono. Com<br />

o Dr. Lídio <strong>do</strong> Amaral, introduz na prática operatória as<br />

técnicas de Rinoseptoplastia de Maurice Cootle.<br />

Em 1969 extingue-se o Serviço de Otorrinolaringologia<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s Capuchos (o Director<br />

era o Dr. Francisco da Silva Alves), sen<strong>do</strong> integra<strong>do</strong>s no<br />

Serviço <strong>ORL</strong> - HSJ alguns <strong>do</strong>s seus quadros: o Dr. Lídio <strong>do</strong><br />

Amaral (Assistente) Dr. Augusto Gomes (Interno Gradua<strong>do</strong>)<br />

Dr. José Cabral Beirão (Interno Gradua<strong>do</strong>) Dr. Francisco<br />

Campilho (Interno Gradua<strong>do</strong>) Dr. Dr. Alves de Sousa<br />

(Médico Contrata<strong>do</strong>) Dr. Barrancos Fino (Médico Contrata<strong>do</strong>)<br />

Dr. Pontes Eusébio (Médico Contrata<strong>do</strong>) Dr. Vieira<br />

de Carvalho (Médico Voluntário).<br />

Também <strong>em</strong> 1978 volta para o <strong>Hospital</strong> de S. José o Dr.<br />

Augusto Marinheiro Júnior (Assistente coloca<strong>do</strong> no Serviço<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> D. Estefânia), por troca com o Dr. Lídio <strong>do</strong><br />

Amaral.<br />

De 1991 até 2003 fica como Director de Serviço o Dr. José<br />

Cabral Beirão. Em 2003 toma posse o Dr. José da Costa<br />

Quinta até 2006, altura <strong>em</strong> que foi substituí<strong>do</strong> pelo Dr.<br />

Ezequiel Barros, até à presente data (2010).<br />

Em Março de 2007 dá-se a integração <strong>do</strong> Serviço, de Otorrinolaringologia<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José no Departamento<br />

de Especialidades Médico-Cirúrgicas, forma<strong>do</strong> pela Otorrinolaringologia,<br />

Cirurgia Maxilo-Facial, Cirurgia Plástica e<br />

Estomatologia, na sequência da reformulação <strong>do</strong>s Serviços<br />

aquan<strong>do</strong> da constituição <strong>do</strong> Centro <strong>Hospital</strong>ar de Lisboa<br />

- EPE.<br />

Este serviço organizou <strong>em</strong> 1994, o 1º Curso de Cirurgia En<strong>do</strong>scópica<br />

Naso-Sinusal com a participação <strong>do</strong>s convida<strong>do</strong>s<br />

estrangeiros <strong>Prof</strong>. Patrick Dessi e Dr. Philge Eloy.<br />

Organizou <strong>em</strong> 1997, o 2º Curso de Cirurgia En<strong>do</strong>scópica<br />

Naso-Sinusal com a participação <strong>do</strong>s convida<strong>do</strong>s estrangeiros<br />

<strong>Prof</strong>. Jean Michel Klossec e <strong>Prof</strong>. Philge Eloy.<br />

HOSPITAL DE SANTO<br />

ANTÓNIO DOS CAPUCHOS<br />

Em 1930 foi inaugura<strong>do</strong> no <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s<br />

Capuchos um novo Serviço de <strong>ORL</strong>, e para lá transitaram<br />

os Drs. Sant'Anna Leite e Valladares, como Directores das<br />

respectivas salas 1 e 2. Como Assistente, foi lá coloca<strong>do</strong> o<br />

Dr. Carlos Larroudé Gomes, que havia si<strong>do</strong> recent<strong>em</strong>ente<br />

aprova<strong>do</strong> <strong>em</strong> concurso para aquele escalão da Carreira<br />

<strong>Hospital</strong>ar.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:47 AM Page 248<br />

248<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 314<br />

SERvIÇO 8 DO HOSPITAL DOS CAPUCHOS EM 1952<br />

Em 1934 prestaram provas para Assistentes de <strong>ORL</strong> os Drs.<br />

Francisco Calheiros Lopes e Luís Queriol Macieira, sen<strong>do</strong><br />

aprova<strong>do</strong>s por esta ord<strong>em</strong> e coloca<strong>do</strong>s respectivamente<br />

no <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s Capuchos e no de S.<br />

José.<br />

Em 1937, o Dr. Valladares pediu a exoneração por motivo<br />

de <strong>do</strong>ença, tornan<strong>do</strong>-se o Dr. Sant'Anna Leite único Director<br />

<strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos.<br />

FIGURA 315<br />

SEPARATA DA SEMANA MÉDICA DE 1970 COM UM ARTIGO<br />

DO DR. EMÍLIO vALLADARES<br />

FIGURA 316<br />

SERvIÇO 8 DO HOSPITAL DOS CAPUCHOS EM 1969<br />

Em 1940, quan<strong>do</strong> o Dr. Sant'Anna Leite atingiu o limite de<br />

idade, a direcção <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s Capuchos foi assumida<br />

pelo já então <strong>Prof</strong>. Carlos Larroudé, ten<strong>do</strong> o outro<br />

Assistente, Dr. Francisco Calheiros, toma<strong>do</strong> a iniciativa de<br />

instar junto da Administração para que se criasse uma<br />

Consulta da Especialidade no <strong>Hospital</strong> D. Estefânia, o que<br />

fez, sen<strong>do</strong> lá coloca<strong>do</strong> a dirigi-la, como era seu desejo, o<br />

próprio Dr. Calheiros, que permaneceu nessa situação até<br />

1949, data <strong>em</strong> que foi promovi<strong>do</strong> a Director de Serviço e<br />

transferi<strong>do</strong> para S. José, <strong>em</strong> virtude <strong>do</strong> Dr. Alberto Men<strong>do</strong>nça<br />

ter atingi<strong>do</strong> o limite de idade.<br />

Cria<strong>do</strong> nos Hospitais Civis de Lisboa, este Serviço foi a escola<br />

de Medicina, anterior à inauguração <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de<br />

Santa Maria nos anos 50. A Escola Médica processava-se<br />

no Campo de Santana, e nos Hospitais <strong>do</strong> grupo HCL,<br />

sen<strong>do</strong> os Hospitais de Santa Marta, Capuchos, Desterro,<br />

Arroios, Curry Cabral e S. José o local onde eram ministradas<br />

as aulas teóricas e práticas das várias cadeiras.<br />

A Otorrinolaringologia era ensinada aos alunos da Faculdade,<br />

no <strong>Hospital</strong> de Santo António <strong>do</strong>s Capuchos, primeiro<br />

pelo Dr. ARY DOS SANTOS e, posteriormente, até à<br />

passag<strong>em</strong> para o <strong>Hospital</strong> de Santa Maria pelo <strong>Prof</strong>. CAR-<br />

LOS LARROUDÉ. Este acumulou durante cerca de três<br />

anos a Direcção <strong>do</strong> Serviço <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos<br />

com a Direcção <strong>do</strong> Serviço <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santa Maria, até<br />

ao final <strong>do</strong> ano de 1959.<br />

O Serviço funcionava num edifício separa<strong>do</strong> <strong>do</strong> grupo<br />

central <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, com <strong>do</strong>is andares; no 1º andar existia<br />

uma enfermaria de Homens e outra de Mulheres com<br />

cerca de 30 camas. Tinha um Bloco Operatório com uma<br />

sala, um quarto particular, uma sala de pensos, o gabinete<br />

<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço e da Enfermeira Chefe.<br />

No rés-<strong>do</strong>-chão existia a Consulta Externa com seis Postos<br />

de Consulta, Sala de Espera para os <strong>do</strong>entes, Serviços<br />

Administrativos para inscrição <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes, ficheiros e Arquivo<br />

Médico-Cirúrgico, Gabinete de Audiometria, Gabinete<br />

de Terapia da Fala, sala para a Cirurgia Ambulatória e


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:49 AM Page 249<br />

FIGURA 317<br />

ALGUNS EXEMPLOS DE TERAPêUTICAS QUE ERAM UTILIZADAS NO HOSPITAL DOS CAPUCHOS<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 249


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:49 AM Page 250<br />

250<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 318<br />

JANTAR DO CORPO CLÍNICO DO SERvIÇO 8 DO HOSPITAL DOS CAPUCHOS EM JUNHO DE 1962<br />

para a En<strong>do</strong>scopia Rígida e várias salas de apoio, quer para<br />

os <strong>do</strong>entes opera<strong>do</strong>s, quer para os familiares, sala de enfermag<strong>em</strong><br />

e sala de esterilização de ferros.<br />

Como Director <strong>do</strong> Serviço, após a saída <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Carlos Larroudé,<br />

ficou o Dr. FRANCISCO SILVA ALVES, estabelecen<strong>do</strong><br />

novas regras para o seu funcionamento e centran<strong>do</strong><br />

muito na sua pessoa to<strong>do</strong> este trabalho.<br />

Pessoa de muito bom trato, irradian<strong>do</strong> simpatia, foi excelente<br />

director e óptimo profissional, deixan<strong>do</strong> <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os que tiveram o privilégio de o conhecer um admira<strong>do</strong>r<br />

e um amigo. Era no entanto uma pessoa muito exigente<br />

no trabalho <strong>do</strong> dia-a-dia, no perfeccionismo técnico-científico,<br />

cumprin<strong>do</strong> e fazen<strong>do</strong> cumprir horários.<br />

A partir de 1958 estiveram no Serviço os seguintes médicos:<br />

Drs. Lídio <strong>do</strong> Amaral, Borges de Sena, Rui Penha, Jer<strong>em</strong>ias<br />

da Silva e Manuel Correia. A seguir foram entran<strong>do</strong>:<br />

os Drs. Cabral Beirão, Augusto Gomes, Pinho e Melo, Fernan<strong>do</strong><br />

Centeno, Francisco Campilho, Aires Ribeiro da<br />

Costa, Alves de Sousa, Borges Dinis, Mendes Vasconcelos,<br />

Maia Faria, Pádua Santos, Almeida Lima, Teixeira da Silva,<br />

Pontes Eusébio, Barrancos Fino, Pimenta Jacinto, Fernan<strong>do</strong><br />

Pires e Vieira de Carvalho.<br />

Os Drs. Borges de Sena, Rui Penha e Maia Faria seguiram<br />

com o <strong>Prof</strong>. Carlos Larroudé para o <strong>Hospital</strong> de Santa Maria.<br />

O Dr. EMÍLIO VALLADARES era qu<strong>em</strong> operava a maioria <strong>do</strong>s<br />

cancros faringo-laríngeos. Durante estes anos, e possuin<strong>do</strong><br />

o Serviço, desde mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 50, um microscópio<br />

operatório Zeiss, desenvolveram-se as técnicas de cirurgia<br />

<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>, primeiro com escopro e martelo e posteriormente<br />

com torno e brocas, as timpanoplastias com fascia<br />

t<strong>em</strong>poralis, as estapedectomias, a cirurgia <strong>do</strong> septo nasal<br />

pela técnica de Cottle (pois anteriormente utilizava-se a ressecção<br />

submucosa), e a microcirurgia da Laringe.<br />

Ten<strong>do</strong> encerra<strong>do</strong> <strong>em</strong> fins <strong>do</strong> ano de 1969 para obras urgentes,<br />

estas nunca se efectuaram, ten<strong>do</strong> o piso superior<br />

passa<strong>do</strong> para a Escola de Enfermag<strong>em</strong> e a parte inferior<br />

si<strong>do</strong> destinada a outros fins.<br />

Assim, to<strong>do</strong> o pessoal médico e de enfermag<strong>em</strong> foi transferi<strong>do</strong><br />

para o <strong>Hospital</strong> de S. José, cujo Serviço era dirigi<strong>do</strong> nessa<br />

altura pelo Dr. JOSÉ ANTÓNIO DE CAMPOS HENRIQUES.<br />

O Dr. Silva Alves, até à sua aposentação, criou no <strong>Hospital</strong><br />

<strong>do</strong>s Capuchos uma Consulta de Prótese Acústica, e posteriormente<br />

foi substituí<strong>do</strong> pelo Dr. ROSAS DA COSTA, na altura<br />

trabalhan<strong>do</strong> e fazen<strong>do</strong> parte <strong>do</strong> quadro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de<br />

D. Estefânia. Criou uma Consulta e um Serviço de Oto-Neurologia,<br />

ten<strong>do</strong>-lhe imprimi<strong>do</strong> grande dinamismo.<br />

Quan<strong>do</strong> se processou a abertura <strong>do</strong> novo Pavilhão de<br />

Consultas <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia e por opção política<br />

da altura, o Serviço no <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos foi encerra<strong>do</strong><br />

definitivamente, ten<strong>do</strong> então passa<strong>do</strong> alguns Médicos<br />

para o <strong>Hospital</strong> de S. José, onde este Serviço passou a<br />

tratar na sua maioria adultos, e para o <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia<br />

que passou a tratar apenas crianças.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:50 AM Page 251<br />

FIGURA 319<br />

PATEO DO HOSPITAL DE D. ESTEFâNIA NOS ANOS 30<br />

HOSPITAL DE D. ESTEFÂNIA<br />

A História <strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de D. Estefânia esteve muito ligada à História <strong>do</strong>s Hospitais<br />

Civis de Lisboa, até por volta de 1988 quan<strong>do</strong>, por<br />

força <strong>do</strong> Decreto-Lei 3/88, o Grupo foi praticamente dissolvi<strong>do</strong>,<br />

e cada <strong>Hospital</strong> seguiu o seu caminho. Até essa<br />

altura era possível a transferência de Médicos entre os<br />

Serviços <strong>ORL</strong> de S. José e D. Estefânia da<strong>do</strong> haver um quadro<br />

comum aos Hospitais Civis de Lisboa. A Portaria<br />

598/93 veio acabar com o quadro comum e definiu um<br />

quadro para cada um <strong>do</strong>s Hospitais.<br />

A primeira actividade clínica organizada da Especialidade<br />

<strong>ORL</strong>, no <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia, iniciou-se <strong>em</strong> 1898,<br />

quan<strong>do</strong> o Dr. FRANCISCO AVELINO MONTEIRO foi autoriza<strong>do</strong><br />

a abrir uma consulta da Especialidade nesse <strong>Hospital</strong>.<br />

Essa actividade cessou <strong>em</strong> 1908, devi<strong>do</strong> ao facto <strong>do</strong><br />

Dr. Avelino Monteiro ter si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> Director da Enfermaria<br />

Sousa Martins e transferi<strong>do</strong> para o <strong>Hospital</strong> de S.<br />

José.<br />

Aparent<strong>em</strong>ente, o <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia permaneceu<br />

s<strong>em</strong> a prática de uma consulta <strong>ORL</strong> institucionalizada até<br />

ao ano de 1940, quan<strong>do</strong> o Dr. FRANCISCO CALHEIROS<br />

LOPES, que era Assistente desde 1934 e estava coloca<strong>do</strong><br />

no <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos, no Serviço dirigi<strong>do</strong> pelo <strong>Prof</strong>.<br />

Carlos Larroudé, <strong>em</strong>preendeu várias iniciativas junto da<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 251<br />

Administração que deram orig<strong>em</strong> à abertura de uma consulta<br />

<strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia e para a Direcção da<br />

qual foi naturalmente convida<strong>do</strong>.<br />

Em 1949, o Dr. Francisco Calheiros foi promovi<strong>do</strong> a Director<br />

de Serviço e transferiu-se para o <strong>Hospital</strong> de S. José<br />

onde substituiu o Dr. Alberto Men<strong>do</strong>nça, que se aposentou<br />

por ter atingi<strong>do</strong> o limite de idade. Para o seu lugar,<br />

para chefiar a consulta <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia,<br />

foi coloca<strong>do</strong> o Dr. LUÍS QUERIOL MACIEIRA que prestava<br />

serviço no <strong>Hospital</strong> de S. José.<br />

Foi durante a vigência <strong>do</strong> Dr. Luís Macieira, que exerceu<br />

funções directivas de 1949 a 1964, e na sequência de importantes<br />

obras de r<strong>em</strong>odelação no <strong>Hospital</strong>, que foi<br />

cria<strong>do</strong> o Serviço <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia <strong>em</strong> 1963.<br />

Com o falecimento <strong>do</strong> Dr. Macieira, tomou provisoriamente<br />

a Direcção <strong>do</strong> Serviço o Dr. SAMUEL ALLENBY BEN-<br />

TES RUAH, que já aí prestava serviço como Assistente<br />

desde 1959, lugar para o qual foi provi<strong>do</strong> definitivamente,<br />

como Director, <strong>em</strong> 1965.<br />

SAMUEL ALLENBY BENTES RUAH, nasceu <strong>em</strong> Lisboa <strong>em</strong><br />

1920 e terminou o curso na Faculdade de Medicina desta<br />

cidade <strong>em</strong> 1944. Fez os Internatos Geral e Intermediário<br />

de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s HCL, e fez a sua preparação no Serviço de <strong>ORL</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> o último discípulo <strong>do</strong><br />

Dr. Alberto Men<strong>do</strong>nça. Em 1959 obteve aprovação no


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:50 AM Page 252<br />

252<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 320<br />

A INJECÇÃO<br />

concurso para Assistente de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s Hospitais Civis de<br />

Lisboa e foi coloca<strong>do</strong> no Serviço <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia.<br />

Desde 1965 foi Director <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> Serviço, cujas<br />

obras de r<strong>em</strong>odelação e de renovação fort<strong>em</strong>ente incentivou.<br />

Deve-se-lhe também o reapetrechamento <strong>do</strong> Serviço<br />

<strong>em</strong> termos de modernização. Quan<strong>do</strong>, nos anos de<br />

1974 e 1975, houve ensino universitário nos HCL, o Dr.<br />

Ruah regeu Otorrinolaringologia. Foi Vice-Presidente e Presidente<br />

da Sociedade Médica <strong>do</strong>s HCL Fun<strong>do</strong>u o Departamento<br />

de Alergologia, adstrito ao Serviço de <strong>ORL</strong> e que,<br />

por isso, se encontrava também sob a sua direcção. Promoveu<br />

ciclos de conferências e cursos de aperfeiçoamento.<br />

Foi Presidente <strong>do</strong> Colégio da Especialidade de <strong>ORL</strong> da<br />

Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s Médicos. Participou activamente nas reuniões<br />

da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e de Patologia<br />

Cérvico-Facial, e <strong>em</strong> Congressos Nacionais e Internacionais.<br />

Foi representante de <strong>Portugal</strong> no European<br />

Working Group in Pediatric Otorhinolaryngology. É autor de<br />

vasta bibliografia, e é <strong>em</strong> 2010 o Sócio Nº 1 da SP<strong>ORL</strong>.<br />

Durante o ano de 1975, houve alguns desentendimentos<br />

no Serviço que culminaram com o pedi<strong>do</strong> de transferência<br />

<strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Augusto Marinheiro para o <strong>Hospital</strong> de S. José,<br />

por permuta com o Dr. Lídio da Fonseca Amaral que transitou<br />

desse <strong>Hospital</strong>. O quadro <strong>do</strong>s Assistentes, nessa<br />

época, era forma<strong>do</strong> pelo <strong>Prof</strong>. Augusto Marinheiro Júnior<br />

e o Dr. Vasco Rosas da Costa, chefian<strong>do</strong> cada um uma<br />

Equipa de Médicos, tal como o Director <strong>do</strong> Serviço, como<br />

era tradição nos Hospitais Civis de Lisboa.<br />

O Dr. Samuel Ruah manteve-se como Director <strong>do</strong> Serviço<br />

desde o ano de 1959 até Junho de 1990. Sob a sua Chefia,<br />

o Serviço passou por um perío<strong>do</strong> de grande renovação<br />

científica e tecnológica. Foram melhoradas as instalações<br />

da enfermaria, procederam-se a importantes aquisições<br />

de material de diagnóstico, de observação e de cirurgia,<br />

foi criada a secção de Alergologia, anexa ao Serviço. No<br />

entanto, a grande obra, a que mais marcou esse perío<strong>do</strong>,<br />

foi a construção <strong>do</strong> Edifício onde ficou instala<strong>do</strong> o Centro<br />

de Diagnóstico de Otorrinolaringologia e Imuno-Alergologia,<br />

que foi aberto <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro de 1988.<br />

O Dr. Ruah atingiu limite de idade <strong>em</strong> Junho de 1990 e a<br />

direcção <strong>do</strong> Serviço foi confiada ao Assistente mais antigo,<br />

o Dr. LÍDIO AMARAL, <strong>em</strong> Julho de 1990.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:52 AM Page 253<br />

FIGURA 321<br />

O HOSPITAL DE D. ESTEFâNIA NUMA GRAvURA DO SÉC. XIX<br />

Foi durante a Direcção <strong>do</strong> Dr. Lídio Amaral que o Serviço<br />

sofreu a maior alteração da sua história. Por Despacho<br />

conjunto das Administrações <strong>do</strong>s Hospitais de S. José e<br />

de D. Estefânia, data<strong>do</strong> de 21 de Set<strong>em</strong>bro de 1990 e com<br />

o acor<strong>do</strong> <strong>do</strong>s respectivos Directores, Dr. Abel Correia e Dr.<br />

Lídio Amaral, o Serviço da Estefânia, que era um Serviço<br />

<strong>ORL</strong> geral, passou a ter, a partir de Outubro desse ano,<br />

uma vertente exclusivamente pediátrica, só poden<strong>do</strong> tratar<br />

crianças com idade até aos quinze anos. O Serviço de<br />

S. José passou a tratar só adultos. A urgência, que tinha<br />

si<strong>do</strong> comum durante dezenas de anos, foi também separada<br />

competin<strong>do</strong>, a partir daí, a cada <strong>Hospital</strong> tratar o seu<br />

grupo etário.<br />

Esta resolução, que na prática criou o Serviço de Otorrinolaringologia<br />

Pediátrica <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia, teve<br />

o desacor<strong>do</strong> unânime <strong>do</strong>s Médicos da Estefânia que <strong>em</strong><br />

grande número solicitaram a sua transferência para o <strong>Hospital</strong><br />

de S. José, inconforma<strong>do</strong>s com a nova situação.<br />

Nessa altura a Imuno-Alergologia separou-se também <strong>do</strong><br />

Serviço, tornan<strong>do</strong>-se autónoma.<br />

Ficaram no Serviço o Dr. Lídio Amaral, os Assistentes Gradua<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> Quadro, Drs. Canas Ferreira, Bernardino Moreira<br />

e Vital Cala<strong>do</strong>, o Assistente Dr. Lopes Lima e outros<br />

Colegas já Especialistas ou <strong>em</strong> formação.<br />

Em 1992, o Dr. Lídio Amaral pediu a sua aposentação,<br />

ten<strong>do</strong>-lhe sucedi<strong>do</strong> o Dr. CARLOS CANAS FERREIRA, que<br />

tinha obti<strong>do</strong> a aprovação para Chefe de Serviço, no início<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 253<br />

de 1992. A Enfermaria teve que entrar <strong>em</strong> obras porque<br />

estava muito degradada. No entanto, ao contrário <strong>do</strong> que<br />

seria de esperar foi deci<strong>do</strong> que, quan<strong>do</strong> concluída, iria albergar<br />

o Serviço de Infecto, transferi<strong>do</strong> <strong>do</strong> velho edifício<br />

D. Pedro V. Este edifício veio a sofrer uma r<strong>em</strong>odelação<br />

total e alberga hoje a Maternidade Magalhães Coutinho,<br />

que funcionou <strong>em</strong> instalações provisórias durante muitos<br />

anos. Para garantir a continuidade <strong>do</strong> Serviço e a posse<br />

de uma futura enfermaria, o Dr. Canas Ferreira teve que<br />

conduzir difíceis negociações, que foram muito importantes<br />

para o futuro da <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> de D. Estefânia.<br />

Por ter pedi<strong>do</strong> a sua aposentação o Dr. Canas Ferreira, assumiu<br />

a Direcção <strong>do</strong> Serviço <strong>em</strong> 1997, o Dr. VITAL VIEIRA<br />

CALADO, que já era Chefe de Serviço desde 1993.<br />

Durante a sua Direcção, a Urgência <strong>ORL</strong> Pediátrica foi<br />

transferida para o espaço da Urgência Geral.<br />

No ano 2000, a Dra. MARIA LUÍSA MONTEIRO tomou<br />

posse de Chefe de Serviço, e é a actual Directora <strong>do</strong> Serviço<br />

após a aposentação <strong>do</strong> Dr. Vital Cala<strong>do</strong>.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:52 AM Page 254<br />

254<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 322<br />

A INAUGURAÇÃO DO HOSPITAL DE SANTA MARIA FOI EM 1953<br />

HOSPITAL DE SANTA MARIA<br />

No dia 28 de Dez<strong>em</strong>bro de 1959, foi observa<strong>do</strong> na Consulta<br />

Externa de <strong>ORL</strong> o primeiro <strong>do</strong>ente, poden<strong>do</strong> considerar-se<br />

este acto como a inauguração <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Escolar de Santa Maria. No mesmo dia, teve<br />

lugar a primeira intervenção cirúrgica.<br />

Toda a estruturação <strong>do</strong> Serviço, desde a difícil etapa da distribuição<br />

de áreas, à criação das várias valências e unidades,<br />

se deve à visão, dedicação e persistência <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>.<br />

Doutor CARLOS LARROUDÉ. O mo<strong>do</strong> como planeou o Serviço,<br />

foi s<strong>em</strong> dúvida notável e revela<strong>do</strong>r <strong>do</strong> seu espírito inova<strong>do</strong>r,<br />

se b<strong>em</strong> que o <strong>Prof</strong>. CARLOS LARROUDÉ conservasse<br />

o lugar de Director <strong>do</strong> Serviço <strong>do</strong>s Capuchos por lhe ter<br />

si<strong>do</strong> autorizada a acumulação. Esta situação manteve-se<br />

até 1963, porque ao tomar definitivamente posse da direcção<br />

<strong>do</strong> Serviço de Santa Maria, automaticamente foi força<strong>do</strong><br />

a aban<strong>do</strong>nar os Hospitais Civis de Lisboa.<br />

Em 1966, o <strong>Prof</strong>. Larroudé atingiu o limite de idade, originan<strong>do</strong>-se<br />

um “interregno” dalguns anos, mais precisamente<br />

de 1966 a 1973, durante os quais a <strong>ORL</strong> ficou s<strong>em</strong><br />

<strong>Prof</strong>essor e o Serviço s<strong>em</strong> Director, mas n<strong>em</strong> o ensino<br />

parou n<strong>em</strong> o Serviço deixou de funcionar, da<strong>do</strong> que, quer<br />

uma quer outra destas actividades ficaram a cargo <strong>do</strong> Assistente<br />

mais antigo, o Dr. BORGES DE SENA, auxilia<strong>do</strong><br />

pelo restante corpo clínico. Oficialmente, o Conselho da<br />

Faculdade tornou responsáveis pelo Serviço, primeira-<br />

FIGURA 323<br />

A INAUGURAÇÃO DO HOSPITAL DE SANTA MARIA FOI EM 1953


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:53 AM Page 255<br />

FIGURA 324<br />

FESTA DE HOMENAGEM AO POF. LARROUDÉ QUANDO ATINGIU O LIMITE DE IDADE<br />

FIGURA 325<br />

CADEIRA DE <strong>ORL</strong> IDEALIZADA POR CARLOS LARROUDÉ<br />

E UTILIZADA NO HOSPITAL DE SANTA MARIA<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 255<br />

mente o <strong>Prof</strong>. XAVIER MORATO e <strong>em</strong> seguida o <strong>Prof</strong>. CÂN-<br />

DIDO DA SILVA.<br />

Em 1972, o Conselho da Faculdade decidiu convidar o Dr.<br />

JOSÉ NOBRE LEITÃO, cujo prestígio era unanim<strong>em</strong>ente reconheci<strong>do</strong>,<br />

para assumir a Direcção <strong>do</strong> Serviço, sen<strong>do</strong><br />

contrata<strong>do</strong> como <strong>Prof</strong>essor Convida<strong>do</strong>.<br />

Durante os onze anos <strong>em</strong> que foi Director, reorganizou o<br />

Serviço dinamizan<strong>do</strong> os seus vários sectores e desenvolven<strong>do</strong><br />

uma intensa actividade considerada, a to<strong>do</strong>s os níveis,<br />

como ex<strong>em</strong>plar.<br />

Pioneiro da microcirurgia otológica fez <strong>do</strong> Serviço uma<br />

verdadeira Escola caracterizada pelo rigor das indicações<br />

e das próprias técnicas, às quais deu grande contributo<br />

idealizan<strong>do</strong> diverso material cirúrgico e propon<strong>do</strong> novas<br />

técnicas operatórias.<br />

Em 1976, com o regresso <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. MÁRIO ANDREA, da Faculdade<br />

de Medicina de Montpellier, foi criada a Consulta<br />

de Grupo Oncológica de <strong>ORL</strong>, a primeira consulta multidisciplinar<br />

oncológica <strong>do</strong> HSM.<br />

A partir de 1983, o Serviço passou a ser dirigi<strong>do</strong> pelo <strong>Prof</strong>.<br />

Mário Andrea que se tinha Doutora<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1975, efectua<strong>do</strong><br />

Provas de Agregação <strong>em</strong> 1980 e ocupa<strong>do</strong> a vaga<br />

de <strong>Prof</strong>essor Catedrático de <strong>ORL</strong> <strong>em</strong> 1981.<br />

O <strong>Prof</strong>. Mário Andrea imprimiu um novo ritmo ao Serviço<br />

que beneficiou de inúmeras obras, desenvolven<strong>do</strong> tanto<br />

a Actividade Assistencial como o Ensino e a Investigação.<br />

Um <strong>do</strong>s primeiros passos foi a criação da Unidade de<br />

Áudio-Visuais <strong>ORL</strong> que teve uma importância fundamental<br />

<strong>em</strong> toda a actividade <strong>do</strong> Serviço; <strong>em</strong> 1982 foi organi-


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:53 AM Page 256<br />

256<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

zada a primeira Consulta de Surdez Infantil de um <strong>Hospital</strong><br />

Público, a qual posteriormente esteve na orig<strong>em</strong> da<br />

Unidade <strong>do</strong>s Implantes Cocleares (1992); <strong>em</strong> 1986 foi possível,<br />

graças ao apoio da Fundação C. Gulbenkian a estruturação<br />

da Unidade de Cirurgia Laser <strong>ORL</strong>, que constituiu<br />

uma das primeiras unidades laser <strong>do</strong> nosso país, a nível<br />

estatal, e desde logo vocacionada para a Cirurgia En<strong>do</strong>scópica<br />

<strong>em</strong> Oncologia. Mais tarde surgiram a Consulta da<br />

Voz e duas Consultas dedicadas à Psicologia - uma vocacionada<br />

para as Alterações de Audição e outra para a Voz<br />

e Perturbações da Comunicação.<br />

Relativamente ao Ensino Pós-Gradua<strong>do</strong> destacam-se os<br />

Cursos Práticos de Cirurgia com a duração de uma s<strong>em</strong>ana<br />

e uma periodicidade anual - Curso de Cirurgia Laríngea<br />

e Cervical (8 cursos) e o Curso de Microcirurgia<br />

Otológica (26 cursos); os Cursos de <strong>ORL</strong> para Clínicos Gerais<br />

frequenta<strong>do</strong>s por mais de seiscentos participantes,<br />

que foram posteriormente realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Luanda (1988)<br />

integra<strong>do</strong>s nos Projecto de Colaboração com a República<br />

de Angola, e nos Açores (1989); foram ainda efectua<strong>do</strong>s<br />

vários Cursos de <strong>ORL</strong> Pediátrica.<br />

Em colaboração com o Serviço de Neurologia, os <strong>Prof</strong>s.<br />

Mário Andrea e Óscar Dias organizaram desde 2005 o<br />

“MESTRADO EM CIÊNCIAS DO SONO” integra<strong>do</strong> no Programa<br />

de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina de<br />

Lisboa; <strong>em</strong> 2009 também <strong>em</strong> colaboração com o Serviço<br />

de Neurologia e com o Serviço de Psiquiatria <strong>do</strong> HSM e o<br />

Departamento de Linguística da Faculdade de Letras, iniciou-se<br />

o Curso de Doutoramento da Universidade de Lisboa<br />

intitula<strong>do</strong> “VOZ, LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO”.<br />

A Investigação Clínica esteve s<strong>em</strong>pre articulada com a Actividade<br />

Assistencial e com o Ensino. Destacam-se as técnicas<br />

desenvolvidas no Serviço por Mário Andrea e Óscar<br />

Dias - En<strong>do</strong>scopia Rígida associada a Microcirurgia Laríngea”<br />

e a “En<strong>do</strong>scopia de Contacto” que exigiram o desenho<br />

de vários En<strong>do</strong>scópios feitos e comercializa<strong>do</strong>s pela<br />

Karl Storz ten<strong>do</strong> a En<strong>do</strong>scopia de Contacto si<strong>do</strong> aplicada<br />

a várias áreas da Especialidade e a outros órgãos e territórios.<br />

Estas duas técnicas que foram motivo de Conferências e<br />

d<strong>em</strong>onstrações cirúrgicas <strong>em</strong> grandes Centros, tiveram o<br />

seu ponto mais alto com a publicação <strong>do</strong> <strong>Livro</strong>“ATLAS OF<br />

RIGID AND CONTACT ENDOCOPY IN MICROLARYNGEAL<br />

SURGERY” edita<strong>do</strong> no Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1995 pela Lippincott<br />

- Raven Publishers. O prefácio deste livro foi assina<strong>do</strong><br />

por Michael Johns, na altura Dean of the Medical<br />

Faculty da Johns Hopkins University.<br />

To<strong>do</strong> este trabalho foi efectua<strong>do</strong> no Centro de Investigação<br />

<strong>ORL</strong> da Universidade de Lisboa (Fundação para a<br />

Ciência e Tecnologia), ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> 2003 obti<strong>do</strong> a classificação<br />

de “Excelente” atribuída por um painel de avaliação<br />

externo constituí<strong>do</strong> por cientistas americanos.<br />

Foram igualmente proferidas Conferências <strong>em</strong> Congressos,<br />

<strong>em</strong> Universidades estrangeiras de várias partes <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, destacan<strong>do</strong>-se os cursos de “Microsurgical Tonsillectomy”<br />

e de“Contact En<strong>do</strong>scopy in the Assessment of<br />

the Upper Aero-Digestive Tract” integra<strong>do</strong>s no Programa<br />

de Ensino Pós-Gradua<strong>do</strong> da Acad<strong>em</strong>ia Americana de <strong>ORL</strong><br />

(1992 a 2002). De salientar a importância <strong>do</strong> “Projecto de<br />

Intercâmbio Luso-Americano <strong>em</strong> <strong>ORL</strong>” que teve o apoio<br />

da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento<br />

(FLAD).<br />

Em 1995 a técnica“Microsurgical Tonsillectomy”proposta<br />

pelo <strong>Prof</strong>. Mário Andrea, foi incluída no vídeo sobre Técnicas<br />

de Amigdalectomia edita<strong>do</strong> pela Acad<strong>em</strong>ia Americana<br />

de <strong>ORL</strong>.<br />

Para além destas actividades perfeitamente identificadas<br />

com um <strong>Hospital</strong> Universitário, ressaltam ainda as dirigidas<br />

à comunidade.<br />

A mais importante foi a criação, <strong>em</strong> 2002, <strong>do</strong> Dia Mundial<br />

da Voz “World Voice Day”, projecto que foi proposto pelo<br />

<strong>Prof</strong>. Mário Andrea na qualidade de Presidente da European<br />

Laryngological Society (ELS), no 4º Congresso da ELS<br />

<strong>em</strong> Bruxelas (2 a 7 de Set<strong>em</strong>bro de 2002). O “World Voice<br />

Day” é com<strong>em</strong>ora<strong>do</strong> actualmente <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o País e por<br />

to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />

Ao longo <strong>do</strong>s anos foram centenas os Especialistas forma<strong>do</strong>s<br />

no Serviço e que ocupam lugares de destaque na<br />

Otorrinolaringologia portuguesa. Este é s<strong>em</strong> dúvida, um<br />

<strong>do</strong>s objectivos primordiais de um <strong>Hospital</strong> Universitário.<br />

Para além de Médicos <strong>ORL</strong>, t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> enorme o contributo<br />

da<strong>do</strong> à formação de Médicos de outras Especialidades,<br />

Enfermeiros, Audiologistas, Terapeutas da fala, Psicólogos,<br />

<strong>Prof</strong>essores <strong>do</strong> Ensino Especial e ainda, de Técnicos de outras<br />

áreas <strong>do</strong> conhecimento.<br />

Durante quase 60 anos, foram muitos os colabora<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> Serviço entre Médicos, Enfermeiros, Técnicos, Pessoal<br />

Administrativo e Auxiliar, que fizeram <strong>do</strong> seu trabalho no<br />

<strong>Hospital</strong> de Santa Maria a razão da sua vida profissional.<br />

Para aqueles que já não estão entre nós, deve ser prestada<br />

uma homenag<strong>em</strong> à sua m<strong>em</strong>ória, por to<strong>do</strong> o esforço<br />

e entrega ao Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HSM.<br />

Foi o trabalho realiza<strong>do</strong> ao longo de várias gerações de<br />

colabora<strong>do</strong>res que permitiu ao Serviço de <strong>ORL</strong> atingir o<br />

reconhecimento de que hoje desfruta.<br />

Actualmente o Serviço de <strong>ORL</strong> de HSM passou a designar-<br />

-se “Departamento de <strong>ORL</strong>, Voz e Perturbações da Comunicação”.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:53 AM Page 257<br />

FIGURA 326<br />

A FRENTE RIBEIRINHA DE LISBOA EM 1860<br />

HOSPITAL DE EGAS MONIZ<br />

O <strong>Hospital</strong> de Egas Moniz, com<strong>em</strong>orou <strong>em</strong> Abril de 1992,<br />

100 anos de existência, pois foi cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 24 de Abril de<br />

1902, por CARTA DE LEI, como <strong>Hospital</strong> Colonial de Lisboa,<br />

a funcionar no edifício da Cor<strong>do</strong>aria Nacional até 1925.<br />

Em 1903 foi estabeleci<strong>do</strong> o primeiro regulamento, para<br />

funcionamento <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Colonial. Em 1913 iniciou-se<br />

a Consulta Externa.<br />

Em 1919 foi adquirida, pelo Esta<strong>do</strong>, a Quinta <strong>do</strong> Saldanha,<br />

à Junqueira, <strong>em</strong> cujos terrenos, foi depois construí<strong>do</strong> a expensas<br />

de Macau, um pavilhão de internamento, que recebeu<br />

o nome de Pavilhão de Macau.<br />

Ficou assim, o <strong>Hospital</strong>, instala<strong>do</strong> num agradável parque<br />

com um arvore<strong>do</strong> e uma magnífica vista sobre o rio Tejo.<br />

Em 1943, numa altura <strong>em</strong> que o movimento hospitalar<br />

tinha entra<strong>do</strong> <strong>em</strong> acentua<strong>do</strong> declínio, foi nomea<strong>do</strong> Director,<br />

o Coronel-Médico Dr. PEDRO FARIA, que foi o principal<br />

responsável por grandes transformações no <strong>Hospital</strong>.<br />

O Decreto-Lei n.º 35913 de 23 de Outubro de 1946 reorganizou<br />

o <strong>Hospital</strong>, levan<strong>do</strong> à criação de quase todas as<br />

Especialidades que ainda hoje exist<strong>em</strong>, incluin<strong>do</strong> a Otorrinolaringologia.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 257<br />

Em 1949 dá-se a nomeação, para o Serviço, <strong>do</strong> Dr. AR-<br />

MANDO DA COSTA SANT’ANA LEITE (1913 - 1977) que<br />

tinha frequenta<strong>do</strong> o Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Capuchos, dirigi<strong>do</strong> pelo seu pai João<br />

Sant’Ana Leite, ten<strong>do</strong> aí permaneci<strong>do</strong> durante 18 anos. Foi<br />

2º Assistente da cadeira de Otorrinolaringologia, por convite<br />

<strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Dr. Carlos Larroudé, até ir para o <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong><br />

Ultramar, cujo Serviço de <strong>ORL</strong> planeou, organizou e dirigiu<br />

até ao seu falecimento <strong>em</strong> 1977.<br />

Em 1950 inicia funções no Serviço o Dr. ARMANDO GRA-<br />

NADEIRO VICENTE, inicialmente como voluntário entre<br />

1950 e 1956, e a partir de Junho de 1956 como Assistente<br />

<strong>Hospital</strong>ar, cargo <strong>em</strong> que se manteve até perfazer 70 anos<br />

de idade.<br />

Desde o falecimento <strong>do</strong> Dr. Arman<strong>do</strong> Sant’Ana Leite <strong>em</strong><br />

1977 e até 1981, data da chegada <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Dr. RUI PENHA,<br />

dirigiu interinamente o Serviço, o Dr. Arman<strong>do</strong> Granadeiro<br />

Vicente. Entretanto e após 1974, o Serviço integraria<br />

<strong>do</strong>is médicos vin<strong>do</strong>s das ex-colónias, o Dr. AMÍLCAR<br />

DOS ANJOS NOGUEIRA e o Dr. ERNESTO MÁRIO TEIXEIRA<br />

E SILVA.<br />

Desde 1974 que existia no <strong>Hospital</strong> o Departamento de<br />

Otoneurologia que era dirigi<strong>do</strong> pelo <strong>Prof</strong>. Dr. BRANCO<br />

CORREIA.<br />

ADOLFO BRANCO NUNES CORREIA, nasceu <strong>em</strong> 1917 <strong>em</strong><br />

Santarém, ten<strong>do</strong>-se licencia<strong>do</strong> pela Faculdade de Medicina<br />

de Lisboa <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro de 1949. Em 1955 foi para os<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América, a fim de fazer a sua aprendizag<strong>em</strong><br />

de <strong>ORL</strong> no Massachusetts Eye and Ear Infirmary de


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:56 AM Page 258<br />

258<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 327<br />

LIvRO DO DR. PEDRO FARIA SOBRE O HOSPITAL COLONIAL COM UMA FOTO DO PAvILHÃO DE MACAU<br />

FIGURA 328<br />

O DR. ARMANDO DA COSTA SANT’ANNA LEITE (1913 - 1977)


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:56 AM Page 259<br />

Boston, sob a orientação <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Montgomery e <strong>do</strong> Dr.<br />

Reed. Detentor duma bolsa de estu<strong>do</strong>, dirigiu-se seguidamente<br />

para New York, onde frequentou durante 1 ano<br />

o Instituto de Otologia dirigi<strong>do</strong> por L<strong>em</strong>pert.<br />

De regresso à Europa fez uma visita de estu<strong>do</strong> à Clínica <strong>do</strong><br />

<strong>Prof</strong>. Zollner <strong>em</strong> Freiburg. Em 1960 ingressou no quadro<br />

de Especialistas <strong>do</strong> Ultramar e foi coloca<strong>do</strong> na cidade da<br />

Beira, para substituir o Dr. Augusto Marinheiro Júnior. Em<br />

1964 pediu transferência para o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Miguel Bombarda de Lourenço Marques. A Faculdade<br />

de Medicina desta cidade encarregou-o, <strong>em</strong> 1969, de reger<br />

o curso de <strong>ORL</strong>. Durante a permanência <strong>em</strong> Moçambique,<br />

visitou Clínicas da Especialidade na África <strong>do</strong> Sul. Em 1973<br />

partiu para Londres, como bolseiro <strong>do</strong> Instituto para a Alta<br />

Cultura, ten<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong> 2 anos com o <strong>Prof</strong>. Hinchcliffe<br />

<strong>em</strong> Audiologia e Vestibulometria. O interesse que adquiriu<br />

nestas matérias levou-o a Estrasburgo <strong>em</strong> 1974, onde contactou<br />

com o <strong>Prof</strong>. Greiner e com o Dr. Conraux. A partir de<br />

1976 foi coloca<strong>do</strong> no Departamento de Otoneurologia <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de Egas Moniz, até perfazer 70 anos de idade.<br />

Doutorou-se <strong>em</strong> 1986 pela Faculdade de Ciências Médicas<br />

da Universidade Nova de Lisboa.<br />

Em 1974, o <strong>Hospital</strong> mu<strong>do</strong>u mais uma vez de nome e depois<br />

de ser HOSPITAL COLONIAL e HOSPITAL DO ULTRA-<br />

MAR, adquiriu o seu nome actual - HOSPITAL DE EGAS<br />

MONIZ - <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> ao nosso único Prémio Nobel<br />

da Medicina.<br />

As obras de r<strong>em</strong>odelação <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, que tinham ti<strong>do</strong> início<br />

<strong>em</strong> 1969, terminaram <strong>em</strong> 6 de Março de 1975, ten<strong>do</strong><br />

o <strong>Hospital</strong> adquiri<strong>do</strong> a sua actual configuração.<br />

Em 1981, o <strong>Prof</strong>. Dr. RUI DA SILVA SANTOS PENHA, nomea<strong>do</strong><br />

<strong>Prof</strong>essor Catedrático de Otorrinolaringologia da<br />

Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de<br />

Lisboa, assumiu a Direcção <strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia,<br />

ten<strong>do</strong> este adquiri<strong>do</strong> o estatuto universitário.<br />

A partir dessa data, uma nova vida começa para este Serviço,<br />

com o objectivo de o desenvolver e tornar num <strong>do</strong>s<br />

FIGURA 329<br />

O ANTIGO HOSPITAL DO ULTRAMAR<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 259<br />

melhores a nível nacional. O <strong>Prof</strong>. Dr. Rui Penha traz consigo<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santa Maria os Drs. SERRANO SAN-<br />

TOS, GABÃO VEIGA, MADEIRA DA SILVA, EDUARDO<br />

FATELA e VASCO RIBEIRO, que acumulavam as funções assistenciais<br />

com as <strong>do</strong>centes, e ainda o Dr. JOSÉ ANTÓNIO<br />

COSTA QUINTA (<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. José) exercen<strong>do</strong> unicamente<br />

funções <strong>do</strong>centes.<br />

Em 1982, o Departamento de Otoneurologia e Audiologia<br />

foi engloba<strong>do</strong> no Serviço de Otorrinolaringologia.<br />

Dá-se início a múltiplas iniciativas e eventos que marcaram<br />

a <strong>ORL</strong> Nacional, tais como:<br />

Congresso Internacional de Impedanciometria <strong>em</strong> 1982;<br />

Cursos Práticos de Otologia Cirúrgica e Dissecção <strong>do</strong> Osso<br />

T<strong>em</strong>poral, ten<strong>do</strong> o primeiro si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1982 (23<br />

cursos);<br />

Jornadas de Otorrinolaringologia Pediátricas, sen<strong>do</strong> a primeira<br />

<strong>em</strong> 1988;<br />

Cursos de Audiologia Clínica;<br />

Cursos Práticos de Micro-En<strong>do</strong>scopia Naso-Sinusal, o primeiro<br />

foi realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1993;<br />

Simposium Internacional de Otosclerose – 1986;<br />

VI Congresso Luso-Espanhol de <strong>ORL</strong> – 1991;<br />

Congresso - Societas Latina <strong>ORL</strong> – 1992;<br />

Congresso <strong>ORL</strong> - O 3º Milénium – 1995;<br />

FIGURA 330<br />

CURSO DE MESTRADO EM AUDIOLOGIA – 1998


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:58 AM Page 260<br />

260<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

A partir de 1998 passou a ter como director o <strong>Prof</strong>. Dr. José<br />

Francisco Higino Madeira da Silva que igualmente assumiu<br />

a Regência da Cadeira de Otorrinolaringologia da Faculdade<br />

de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Egas Moniz é um Serviço<br />

equipa<strong>do</strong> com to<strong>do</strong>s os meios de diagnóstico e tratamento<br />

de uma unidade moderna de <strong>ORL</strong>, possuin<strong>do</strong> nomeadamente<br />

um Laboratório de Dissecção <strong>do</strong> Osso T<strong>em</strong>poral.<br />

Este Serviço foi Pioneiro <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, devi<strong>do</strong> à estreita colaboração<br />

com o Departamento de Neurocirurgia, e principalmente<br />

com o Dr. PRATAS VITAL de muitas abordagens da<br />

Base <strong>do</strong> Crânio, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> este serviço um <strong>do</strong>s pioneiros da<br />

prática da Otoneurocirurgia no nosso País, realizan<strong>do</strong> de<br />

mo<strong>do</strong> regular as cirurgias de Abordag<strong>em</strong> da Hipófise, Cirurgias<br />

Translabirínticas, Via da Fossa Média, diversas vias<br />

combinadas, a Cirurgia <strong>do</strong>s Glomus Timpânicos etc.<br />

INSTITUTO PORTUGUÊS DE<br />

ONCOLOGIA DE FRANCISCO<br />

GENTIL - I.P.O.F.G.<br />

A Otorrinolaringologia começou por ser apenas uma consulta,<br />

uma das mais antigas <strong>do</strong> IPO (1929), ten<strong>do</strong> inicialmente<br />

como responsável o Dr. MANUEL BENTO DE<br />

SOUSA. Posteriormente, foi dividida <strong>em</strong> <strong>ORL</strong> 1 e <strong>ORL</strong> 2,<br />

ten<strong>do</strong> fica<strong>do</strong> o Dr. Manuel Bento de Sousa responsável da<br />

<strong>ORL</strong> 1 e o Dr. ANGELO PENA responsável da <strong>ORL</strong> 2. Trabalhavam<br />

nessa altura na consulta de <strong>ORL</strong> 1, o Dr. EMÍLIO<br />

ALVES VALADARES e o Dr. RUI DE FREITAS, e na <strong>ORL</strong> 2, o Dr.<br />

PULIDO VALENTE e o Dr. CALDEIRA DA SILVA.<br />

Com o Dr. Emílio Valadares a Cirurgia Oncológica da Laringe<br />

atingiu grande desenvolvimento <strong>em</strong> relação aos outros<br />

Hospitais Centrais, ten<strong>do</strong> publica<strong>do</strong> vários trabalhos<br />

com estatísticas notáveis para a época.<br />

Anos mais tarde, a <strong>ORL</strong> voltou a constituir-se como consulta<br />

única, e integraram-na o Dr. Angelo Pena, como responsável,<br />

sen<strong>do</strong> os restantes médicos os Drs. RUI DE<br />

FREITAS, ABÍLIO SALVADOR, PULIDO VALENTE, ANTÓNIO<br />

GONÇALVES e o Dr. FAUSTO TABORDA.<br />

O Dr. Angelo Pena, que havia feito a sua preparação na<br />

Al<strong>em</strong>anha, imprimiu grande dinamismo à consulta, e é<br />

conheci<strong>do</strong> o facto de que aplicava to<strong>do</strong> o dinheiro que<br />

recebia como salário, na compra de instrumentos de observação<br />

na consulta.<br />

Pela Ord<strong>em</strong> de Serviço n° 12/71 foi regulamentada a actividade<br />

das Clínicas Oncológicas criadas <strong>em</strong> 1969. A Clínica<br />

Oncológica I, também designada por Clínica de<br />

Tumores da Cabeça e Pescoço, ficou sediada no 5º andar<br />

<strong>do</strong> edifício principal e incluía os casos oncológicos das<br />

consultas externas de diferentes Especialidades.<br />

Havia uma clínica que se destinava ao tratamento cirúrgico<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes com patologia oncológica observada<br />

nessas consultas, ten<strong>do</strong> também autonomia as consultas<br />

FIGURA 331<br />

CONFERêNCIA SOBRE A OBRA DA LUTA CONTRA O CANCRO<br />

DE FRANCISCO GENTIL EM 1928 - COM DEDICATÓRIA


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:59 AM Page 261<br />

com os respectivos chefes das consultas, que no caso de<br />

<strong>ORL</strong> era o Dr. Angelo Pena.<br />

Os chefes das consultas funcionavam como consultores<br />

da clínica de Tumores da Cabeça e Pescoço.<br />

Após a reforma <strong>do</strong> Dr. Angelo Pena <strong>em</strong> 1 de Janeiro de<br />

1980 ficou a assegurar a chefia da Consulta, o Dr. Abílio<br />

Salva<strong>do</strong>r, até à sua reforma <strong>em</strong> 1995.<br />

O <strong>Prof</strong>. JOSÉ CONDE assumiu <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro de 1985 a Direcção<br />

<strong>do</strong> Centro de Lisboa <strong>do</strong> IPOFG, e passou o Dr. JOÃO<br />

SACADURA a dirigir a Clínica de Tumores da Cabeça e Pescoço<br />

até à data da sua reforma.<br />

Em 2 de Abril de 1992 passou a ser responsável pela Clínica<br />

Oncológica I, o <strong>Prof</strong>. NUNO SANTIAGO, cargo que<br />

manteve até 26/10/95.<br />

Nesta data, pela Ord<strong>em</strong> de Serviço nº 47 Série B, foram<br />

reorganiza<strong>do</strong>s os Departamentos de Oncologia Médica e<br />

Cirúrgica, ten<strong>do</strong> a Clínica Oncológica I si<strong>do</strong> dividida nos<br />

Serviços de <strong>ORL</strong>, Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Unidade<br />

de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva.<br />

Pela Ord<strong>em</strong> de Serviço 48/95 foram designa<strong>do</strong>s os responsáveis<br />

<strong>do</strong>s diversos serviços, ten<strong>do</strong> fica<strong>do</strong> o <strong>Prof</strong>. Nuno<br />

Santiago, Director da <strong>ORL</strong> e coordena<strong>do</strong>r da Área Funcional<br />

<strong>do</strong>s Tumores da Cabeça e Pescoço.<br />

Em Março de 2002, por aposentação <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Nuno Santiago,<br />

foi nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço, o Dr. JOÃO OLIAS.<br />

Já <strong>em</strong> 2010, ten<strong>do</strong> i<strong>do</strong> dirigir o Serviço <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> novo <strong>Hospital</strong><br />

de Cascais, saiu o Dr. Olias, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> para<br />

o substituir, o Dr. MIGUEL MAGALHÃES.<br />

FIGURA 332<br />

vISTA SOBRE OS JERÓNIMOS TIRADA DA TORRE DE BELÉM NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XX<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 261<br />

HOSPITAL<br />

DE PULIDO VALENTE<br />

Antes de 1974, este <strong>Hospital</strong> chamava-se SANATÓRIO D.<br />

CARLOS I, sen<strong>do</strong> vulgarmente conheci<strong>do</strong> como SANATÓ-<br />

RIO DO LUMIAR.<br />

Em 19 de Maio de 1932, no Sanatório Popular de Lisboa,<br />

nessa época também conheci<strong>do</strong> por <strong>Hospital</strong> de Repouso<br />

de Lisboa, era inaugura<strong>do</strong> o Pavilhão das Senhoras de Caridade.<br />

Este pavilhão resultou da iniciativa da Comissão<br />

das Senhoras de Caridade, presidida por Isaura Palha Infante<br />

De La Cerda. No rés-<strong>do</strong>-chão foi instala<strong>do</strong> um gabinete<br />

de Laringologia, para além de um Laboratório, uma<br />

Sala de Operações e aparelhag<strong>em</strong> de Metabolismo Basal<br />

e Toraco-Cáustico. Não existe referência a nomes que tenham<br />

passa<strong>do</strong> pelo referi<strong>do</strong> gabinete de Laringologia.<br />

Por Diploma Legal de Maio de 1975, aquela Instituição foi<br />

transformada <strong>em</strong> <strong>Hospital</strong> Geral Central, com a designação<br />

de <strong>Hospital</strong> de Puli<strong>do</strong> Valente. Começou a funcionar <strong>em</strong> 1<br />

de Janeiro <strong>do</strong> ano seguinte, vocaciona<strong>do</strong> para a Pneumologia,<br />

com quatro Serviços desta Especialidade apoia<strong>do</strong>s<br />

por um Serviço de Cirurgia Torácica. Com urgência aberta<br />

ao exterior na área da Pneumologia, fazia-se sentir a necessidade<br />

de apoio Otorrinolaringológico.<br />

Sob a direcção <strong>do</strong> Dr. AUGUSTO GOMES inicia-se a criação<br />

<strong>do</strong> actual Serviço, por onde, a partir de 1982 passaram<br />

os Drs. Duarte Freitas e Costa Quinta.<br />

MANUEL MARQUES PEREIRA, inicia funções de Assistente<br />

nesse mesmo ano. Foi de inestimável valor a colaboração


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 10:59 AM Page 262<br />

262<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

prestada pelo Dr. Coelho Nobre, que se reformou por limite<br />

de idade. Outro colabora<strong>do</strong>r foi Paisana Granjo. Estes<br />

<strong>do</strong>is últimos vieram <strong>do</strong>s novos países de língua oficial portuguesa.<br />

Foram criadas as Unidades de Vertig<strong>em</strong> e Equilibriometria,<br />

Potenciais Evoca<strong>do</strong>s e Oto<strong>em</strong>issões Acústicas, Electrodiagnóstico<br />

<strong>do</strong> Facial, Vídeo-Laringo-Estroboscopia,<br />

Rinomanometria e Rinometria Acústica e En<strong>do</strong>scopia, que<br />

dão apoio a consultas de Vertig<strong>em</strong>, Surdez, Acufenos, Patologia<br />

da Voz, Roncopatia e “Diagnóstico Rápi<strong>do</strong>”.<br />

Em 2008 foi constituí<strong>do</strong> o Centro <strong>Hospital</strong>ar Lisboa Norte<br />

<strong>do</strong> qual faz<strong>em</strong> parte o <strong>Hospital</strong> de Santa Maria e Puli<strong>do</strong><br />

Valente, ten<strong>do</strong> o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Puli<strong>do</strong> Valente<br />

toma<strong>do</strong> a designação de Serviço de Otorrinolaringologia<br />

II.<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> II, t<strong>em</strong> actualmente (2010) 14 camas de<br />

internamento e mais 6 na Unidade de Cirurgia <strong>do</strong> Ambulatório,<br />

3 dias por s<strong>em</strong>ana.<br />

- T<strong>em</strong>pos Cirúrgicos - 6 t<strong>em</strong>pos cirúrgicos de cirurgia programada<br />

e 3 de ambulatório por s<strong>em</strong>ana, além de 8 t<strong>em</strong>pos<br />

de SIGIC por mês.<br />

- Consulta externa - 5 gabinetes.<br />

FIGURA 333<br />

CÓPIA DE UMA FOTOGRAFIA DO DR. BERNARDINO ANTÓNIO GOMES (FILHO)<br />

NOMEADO DIRECTOR DO HOSPITAL DA MARINHA COM 27 ANOS EM 1833<br />

- Em 2008 foi criada a consulta de Decisão Terapêutica<br />

(multidisciplinar) para os pacientes <strong>do</strong> foro oncológico<br />

<strong>ORL</strong>.<br />

- Possui um laboratório de cirurgia experimental para 2<br />

pessoas <strong>em</strong> simultâneo.<br />

Constituição <strong>do</strong> Quadro Permanente:<br />

- José Manuel Borges Guerra (Chefe de Serviço).<br />

ANTÓNIO MARQUES PEREIRA (Responsável <strong>do</strong> Serviço<br />

desde 2003 e Director desde 2004), Paulo Borges Dinis,<br />

Luís Gomes Tomás, João Subtil, Carla Branco, António<br />

Coimbra Henriques, José Tavares e Leonel Luís.<br />

Em 2009, o Serviço com<strong>em</strong>orou o DIA MUNDIAL DA VOZ<br />

realizan<strong>do</strong>, além de um rastreio, o I Encontro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes<br />

com patologia da voz sob o l<strong>em</strong>a “DAR VOZ À VOZ”.<br />

HOSPITAL DA MARINHA<br />

Por alvará de Set<strong>em</strong>bro de 1797, assina<strong>do</strong> pelo então Príncipe<br />

Regente D. João VI, foi ordenada a construção de um<br />

hospital para a Real Armada nos terrenos <strong>do</strong> antigo Colégio<br />

<strong>do</strong>s Jesuítas, ao Paraíso.<br />

Projecta<strong>do</strong> por Xavier Fabri, sofreu várias vicissitudes na<br />

sua fase de construção que se prolongou até Janeiro de<br />

1806, altura <strong>em</strong> que recebeu os primeiros <strong>do</strong>entes.<br />

É seu primeiro Director o Dr. INÁCIO XAVIER DA SILVA, Físico-Mor<br />

da Armada, grande cientista e investiga<strong>do</strong>r, a<br />

qu<strong>em</strong> se deve a fundação <strong>do</strong> 1º Instituto Vacínico <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>,<br />

funções que exerce até 1824.<br />

Assumin<strong>do</strong> o poder <strong>em</strong> 1833, D. Pedro IV, e após fase conturbada<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, nomeia como seu Director, o Dr. BER-<br />

NARDINO ANTÓNIO GOMES (Filho), de 27 anos, e que fora<br />

Chefe <strong>do</strong>s Serviços de Saúde <strong>do</strong> Corpo Expedicionário<br />

que des<strong>em</strong>barcara no Mindelo. São-lhe atribuí<strong>do</strong>s plenos<br />

poderes e toda a Saúde Naval sofre um enorme incr<strong>em</strong>ento<br />

qualitativo que se estende inclusive ao Serviço de<br />

Saúde no Ultramar.<br />

Em 1908 nasce a Cirurgia, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> inaugurada a primeira<br />

sala de operações <strong>em</strong> 1910, sen<strong>do</strong> que <strong>em</strong> 1926 o<br />

Bloco Operatório passa a contar com três salas e é considera<strong>do</strong><br />

o melhor <strong>do</strong> País.<br />

Várias Especialidades se vão entretanto autonomizan<strong>do</strong>:<br />

a Estomatologia <strong>em</strong> 1920, a Dermatologia <strong>em</strong> 1926.<br />

Na década de trinta, novas valências se vão <strong>em</strong>ancipan<strong>do</strong>:<br />

a Oftalmologia, a Psiquiatria, a Radiologia, a Fisiatria, e é<br />

introduzida na Marinha a vacinação pela B.C.G. que posteriormente<br />

se alarga aos outros ramos das forças armadas<br />

e à população civil.<br />

Em 1948 é cria<strong>do</strong>, mais uma vez de forma pioneira <strong>em</strong><br />

<strong>Portugal</strong>, o 1º Serviço de Anestesiologia. Com a guerra<br />

<strong>do</strong> Ultramar o HM transforma-se no principal esteio da<br />

Saúde Naval, no apoio às forças <strong>em</strong> campanha. Em 1972<br />

inicia-se a assistência aos familiares.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:00 AM Page 263<br />

Em 1989 iniciam-se as consultas de Medicina Hiperbárica.<br />

Cria<strong>do</strong> inicialmente para apoio aos mergulha<strong>do</strong>res da Armada,<br />

veio a estender-se ao tratamento de vários tipos de<br />

patologias, sen<strong>do</strong> posteriormente aberta à sociedade civil.<br />

Desde 1992 dispõe este Centro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Marinha,<br />

de um serviço de urgência permanente, único deste tipo<br />

<strong>em</strong> to<strong>do</strong> o país.<br />

Em 1993 inicia-se no HM uma actividade de recuperação<br />

de toxicodependentes e alcoólicos que culmina na criação<br />

da UTITA, aberta também à sociedade civil.<br />

O Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> HM, t<strong>em</strong>-se manti<strong>do</strong><br />

ao longo das últimas décadas como um <strong>do</strong>s Serviços<br />

de referência <strong>do</strong> Departamento Médico <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, exercen<strong>do</strong><br />

a sua actividade no âmbito da Especialidade, aplican<strong>do</strong><br />

e desenvolven<strong>do</strong> as várias técnicas e valências na<br />

área da <strong>ORL</strong> moderna.<br />

S<strong>em</strong>pre com o eleva<strong>do</strong> <strong>em</strong>penho e colaboração de sucessivas<br />

gerações de dedica<strong>do</strong>s Otorrinolaringologistas,<br />

como foi o caso <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Dr. Nobre Leitão, distinto Médico<br />

Naval e mais tarde <strong>Prof</strong>essor na Faculdade de Medicina de<br />

Lisboa, um <strong>do</strong>s introdutores da microcirurgia otológica na<br />

Marinha e <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, t<strong>em</strong> o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HM sabi<strong>do</strong><br />

diversificar a sua acção, privilegian<strong>do</strong> áreas de actuação<br />

para as quais se encontra naturalmente mais<br />

vocaciona<strong>do</strong>, como t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> o caso da estreita colaboração<br />

que mantém com o Serviço de Medicina Hiperbárica,<br />

na vigilância e tratamento das várias patologias que recorr<strong>em</strong><br />

ao Oxigénio Hiperbárico, como forma terapêutica.<br />

FIGURA 334<br />

FOTOGRAFIA ESTEREOSCÓPICA DE UM DOS PRIMEIROS vOOS REALIZADOS EM PORTUGAL PELO SR. JúLIEN MAMET<br />

EM 27 DE ABRIL DE 1910 NO AERODROMO DE BELÉM<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 263<br />

HOSPITAL DA FORÇA AÉREA<br />

O Serviço de Saúde da Força Aérea autonomizou-se <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> Militar Principal - HMP - com a criação <strong>do</strong> Núcleo<br />

<strong>Hospital</strong>ar Especializa<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1975, que mais tarde (1979),<br />

foi rebaptiza<strong>do</strong> de <strong>Hospital</strong> da Força Aérea.<br />

A valência de Otorrinolaringologia integrou as especialidades<br />

médicas existentes no HFA desde o início, asseguran<strong>do</strong><br />

quer a vertente assistencial aos militares das Forças<br />

Armadas e respectivos familiares, quer no âmbito da Medicina<br />

Aeronáutica, nos aspectos de selecção de Pessoal<br />

Navegante e no acompanhamento médico desse pessoal,<br />

que trabalha num meio fisiologicamente exigente.<br />

A Chefia <strong>do</strong> Departamento de <strong>ORL</strong>, então cria<strong>do</strong>, foi entregue<br />

ao Dr. ANTÓNIO ENTRUDO, que contava com a colaboração<br />

de <strong>do</strong>is colegas médicos civis - o Dr. Granadeiro<br />

Vicente e o Dr. Abel Correia, os quais trabalharam no Departamento<br />

até ao início da década de 1980. Asseguravam<br />

então a Consulta de Especialidade na vertente<br />

assistencial, dispon<strong>do</strong> ainda de Bloco Operatório, internamento<br />

e laboratório de audiologia.<br />

Na década de 1980, novos el<strong>em</strong>entos incorporaram o Departamento,<br />

ten<strong>do</strong>, por opção e orientação da chefia, si<strong>do</strong><br />

diversificada pelos diversos Serviços de <strong>ORL</strong> idóneos, a<br />

formação destes Médicos. A escola e a tradição desses diversos<br />

Serviços <strong>ORL</strong> muito contribuíram ao ecletismo vivencia<strong>do</strong><br />

no Serviço <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Força Aérea.<br />

Assim, <strong>em</strong> 1980 o Dr. ANTÓNIO RIBEIRO DA SILVA integra<br />

o quadro de Otorrinolaringologistas da Força Aérea,


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:02 AM Page 264<br />

264<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 335<br />

“ATLAS DE PATOLOGIA DO OUvIDO” PELO DR. ALvES DOS SANTOS<br />

ten<strong>do</strong> feito a sua especialização no <strong>Hospital</strong> de S. José;<br />

será Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> entre 1987 e 1998.<br />

O Dr. CARLOS ALVES DOS SANTOS entra para o Serviço <strong>em</strong><br />

1981; especializa<strong>do</strong> no Serviço <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santa<br />

Maria, é nomea<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1998 Director de Serviço.<br />

A par <strong>do</strong> crescimento da equipa, a área de actividade t<strong>em</strong>-se<br />

expandi<strong>do</strong>, com recrutamento de <strong>do</strong>entes, além de militares<br />

e famílias, a outros subsist<strong>em</strong>as de saúde, nomeadamente<br />

aos Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

A <strong>do</strong>tação de microscópios de consulta, a valência de videoen<strong>do</strong>scopia,<br />

o laboratório de audiologia com capacidade<br />

de estu<strong>do</strong> de potenciais evoca<strong>do</strong>s auditivos, o<br />

laboratório de vestibulometria com VNG e posturografia<br />

dinâmica computorizada, com capacidade de estu<strong>do</strong> e reeducação<br />

de <strong>do</strong>entes vertiginosos, e alguns equipamentos<br />

vocaciona<strong>do</strong>s particularmente à Medicina Aeronáutica, nomeadamente<br />

o simula<strong>do</strong>r de desorientação espacial e a câmara<br />

hipobárica, permit<strong>em</strong> incluir o Serviço <strong>ORL</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> da Força Aérea entre os serviços adequadamente<br />

equipa<strong>do</strong>s aos objectivos assistenciais propostos.<br />

Também a <strong>do</strong>tação <strong>em</strong> equipamento cirúrgico, com a inclusão<br />

de novos microscópios cirúrgicos, de LASER CO 2,<br />

além de outros instrumentos que facilitam alguns tipos de<br />

cirurgia, como o Micro Debrider®, o Ultracision®, o Coblator®,<br />

t<strong>em</strong> contribuí<strong>do</strong> para o bom des<strong>em</strong>penho <strong>do</strong> Serviço.<br />

FIGURA 336<br />

DEDICATÓRIA DE GAGO COUTINHO A OUTRO HERÓI<br />

DA AvIAÇÃO, CHARLES BLECK<br />

Na vertente científica, o Serviço t<strong>em</strong> procura<strong>do</strong> contribuir<br />

ao desenvolvimento da Otorrinolaringologia Nacional,<br />

com apresentação de trabalhos <strong>em</strong> Reuniões Nacionais e<br />

Internacionais.<br />

Neste âmbito, também é de mencionar a publicação de<br />

o “ATLAS DE PATOLOGIA DO OUvIDO” pelo Dr. Alves <strong>do</strong>s<br />

Santos <strong>em</strong> 1994, e a organização e realização, <strong>em</strong> Outubro<br />

de 2001, das“Jornadas de Cirurgia <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong> Médio <strong>em</strong><br />

Directo”, com o patrocínio de instâncias civis e militares<br />

da Saúde <strong>em</strong> geral, e da <strong>ORL</strong> <strong>em</strong> particular.<br />

HOSPITAL MILITAR PRINCIPAL<br />

EM LISBOA<br />

Foi no <strong>Hospital</strong> Militar Principal <strong>em</strong> Lisboa que teve início<br />

a assistência Otorrinolaringológica aos militares, sen<strong>do</strong> o<br />

respectivo Serviço funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1909 pelo Dr. ALBERTO<br />

LUÍS DE MENDONÇA, ao t<strong>em</strong>po Alferes-Médico.<br />

Em 1911, o mesmo Especialista, já com o posto de Tenente-Médico,<br />

foi nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço que havia<br />

funda<strong>do</strong>, nessas funções se manten<strong>do</strong> até 1935.<br />

De 1915 a 1919 o Serviço esteve encerra<strong>do</strong>, <strong>em</strong> virtude<br />

<strong>do</strong> Dr. Men<strong>do</strong>nça, único Especialista, ter si<strong>do</strong> mobiliza<strong>do</strong><br />

e incorpora<strong>do</strong> sucessivamente na Expedição Militar ao Sul


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:03 AM Page 265<br />

FIGURA 337<br />

A BASÍLICA DA ESTRELA EM LISBOA NUMA FOTOGRAFIA DE AUGUSTO XAvIER MOREIRA CERCA DE 1865<br />

de Angola e no Corpo Expedicionário Português <strong>em</strong><br />

França, no posto de Capitão-Médico.<br />

Aquan<strong>do</strong> da reabertura <strong>do</strong> Serviço <strong>em</strong> 1919, ingressou<br />

nele, como 1º Assistente, o Dr. Manuel Pinto, com o posto<br />

de Tenente-Médico. Este clínico, que também tinha esta<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> França com o C.E.P., manteve-se como 1º Assistente até<br />

1927, ten<strong>do</strong> i<strong>do</strong> nessa data, já Capitão-Médico, instalar-se<br />

primeiramente <strong>em</strong> Águeda e mais tarde <strong>em</strong> Coimbra.<br />

Em 1927 entrou para o Serviço o Dr. JOÃO GONÇALVES<br />

VALENTE, como 2º Assistente. Com a saída <strong>do</strong> Dr. Men<strong>do</strong>nça<br />

<strong>em</strong> 1935, o Dr. Valente ascendeu a Director, mas<br />

pouco t<strong>em</strong>po se d<strong>em</strong>orou no exercício dessa função, por<br />

ter pedi<strong>do</strong> transferência para o Funchal, <strong>do</strong>nde era natural<br />

e onde se fixou.<br />

Durante a chefia <strong>do</strong> Dr. Valente, entrou para o Serviço o<br />

Tenente-Médico Dr. António Dias Barata Salgueiro, <strong>em</strong><br />

1932, acumulan<strong>do</strong> a sua actividade militar com a de Interno<br />

<strong>do</strong>s Hospitais Civis de Lisboa. Em 1935, e após provas<br />

públicas (as últimas que se realizaram para este<br />

efeito), o Dr. Barata Salgueiro foi nomea<strong>do</strong> 1º Assistente.<br />

Ao Dr. João Valente sucedeu, na direcção <strong>do</strong> Serviço, o Dr.<br />

AMÉRICO PINTO DA ROCHA, Major-Médico. Durante a sua<br />

chefia foi introduzi<strong>do</strong> no Serviço o primeiro audiómetro<br />

que existiu <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 265<br />

O Dr. BARATA SALGUEIRO foi qu<strong>em</strong> sucedeu ao Dr. Pinto<br />

da Rocha como Director <strong>do</strong> Serviço, cargo que exerceu<br />

durante longos anos, ten<strong>do</strong> imprimi<strong>do</strong> profunda influência<br />

que se materializou não só na r<strong>em</strong>odelação das instalações,<br />

que foram notavelmente melhoradas, como<br />

também na constante modernização <strong>do</strong> equipamento,<br />

nomeadamente na entrada <strong>em</strong> funcionamento <strong>do</strong> gabinete<br />

de audiologia. Mas a acção <strong>do</strong> Dr. Barata Salgueiro<br />

não se fez sentir somente <strong>em</strong> melhoramento materiais, já<br />

que foi decisiva a sua influência na preparação de numerosos<br />

Especialistas, tanto militares como civis.<br />

O Director que se seguiu foi o Dr. AMILCAR ARISTIDES<br />

LOPES FERREIRA CASEIRO, cuja aprendizag<strong>em</strong> fora integralmente<br />

feita neste Serviço. Durante a sua chefia foi<br />

dada ao Dr. Barata Salgueiro a satisfação de o nomear<strong>em</strong><br />

Consultor Técnico de <strong>ORL</strong>, funções que manteve até 1971.<br />

Na década de 60, com a guerra <strong>do</strong> Ultramar, avolumou-se<br />

o movimento <strong>do</strong> Serviço e a necessidade de mais assistentes.<br />

Com excepção da Dra. Maria Luísa Herédia (Interna de<br />

<strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s HCL), e obviamente único el<strong>em</strong>ento civil, to<strong>do</strong>s os<br />

restantes assistentes eram Médicos militares, ten<strong>do</strong> feito a<br />

sua preparação sob a orientação <strong>do</strong> Dr. Barata Salgueiro.<br />

Foram eles os Drs. Fernan<strong>do</strong> José Deyrieux Centeno, Rui<br />

Franco Gil, Alberto Antunes e Manuel Ferreira Correia.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:04 AM Page 266<br />

266<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

Os Drs. FERNANDO JOSÉ DEYRIEUX CENTENO, RUI FRANCO<br />

GIL e MANUEL CORREIA, sucederam por esta ord<strong>em</strong> ao Dr.<br />

Caseiro, na chefia <strong>do</strong> Serviço.<br />

To<strong>do</strong>s eles se preocuparam <strong>em</strong> melhorar as condições de<br />

trabalho, particularmente quanto aos meios de diagnóstico<br />

mais sofistica<strong>do</strong>s, conseguin<strong>do</strong> que fosse instalada<br />

aparelhag<strong>em</strong> de impedanciometria, de audiometria automática<br />

e de electronistagmografia, para não citar senão<br />

o mais importante.<br />

HOSPITAL CUF<br />

INFANTE SANTO<br />

T<strong>em</strong> mais de sessenta anos a história deste hospital priva<strong>do</strong>,<br />

sedia<strong>do</strong> no coração de Lisboa, com 240 camas multidisciplinares.<br />

BANDEIRA DE LIMA foi o primeiro que<br />

trabalhou no <strong>Hospital</strong> CUF, desenvolveu a sua actividade,<br />

segui<strong>do</strong> mais tarde por ARMANDO GRANADEIRO.<br />

O <strong>Hospital</strong> CUF, já com a direcção <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. João Paço, construiu<br />

um novo edifício de 10 andares, junto às antigas instalações,<br />

no qual o “Centro de Otorrinolaringologia” ocupa<br />

<strong>do</strong>is pisos, um de Consultas e outro de Exames, com quatro<br />

Salas de Espera, três Recepções e uma Central Telefónica.<br />

Cirurgicamente realiza todas as Técnicas da Especialidade,<br />

existin<strong>do</strong> diariamente uma a duas salas a funcionar, onde<br />

se efectuam as Cirurgias de <strong>ORL</strong> - en<strong>do</strong>scópica, microscópica,<br />

Laser CO2 , Radiofrequência com bisturi ultra-sónico<br />

etc.<br />

O Corpo Clínico deste Centro cujo Director é o <strong>Prof</strong>. Dr.<br />

João Paço, conta para além de oito Otorrinolaringologistas<br />

(quatro <strong>em</strong> exclusividade), com três Alergologistas,<br />

<strong>do</strong>is Cirurgiões Maxilo-Faciais, um En<strong>do</strong>crinologista, um<br />

Neurofisiologista (especialista <strong>em</strong> Patologia <strong>do</strong> Sono), um<br />

FIGURA 338<br />

O HOSPITAL DA CUF EM 1945<br />

Generalista, uma Psicóloga Clínica, três Anestesistas e<br />

ainda três Técnicos de Saúde, um Audiologista, uma Terapeuta<br />

da Fala e uma Nutricionista.<br />

No que respeita ao equipamento, conta com o que de<br />

mais moderno existe para a Especialidade, não poden<strong>do</strong><br />

deixar de destacar a en<strong>do</strong>scopia rígida e flexível, para<br />

além <strong>do</strong>s microscópios existentes <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os Gabinetes<br />

de Consulta, a Plataforma de Posturografia Dinâmica<br />

Computorizada (a 1ª existente <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>), as duas Videonistagmografias,<br />

o Planetário Optocinético, o Laboratório<br />

de Sono com cinco Polissonógrafos e ainda outros<br />

como o Analiza<strong>do</strong>r Digital de Voz, para além de Audiometria<br />

Tonal, Vocal, Altas Frequências, Impedanciometria,<br />

Oto<strong>em</strong>issões Acústicas e Potenciais Evoca<strong>do</strong>s Auditivos.<br />

Clínica das Inovações, assim lhe chamou Alfre<strong>do</strong> da Silva,<br />

e t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> esse o espírito, procuran<strong>do</strong> simultaneamente<br />

dá-las a conhecer aos Colegas, facto que nos motivou<br />

para a realização regular das “Reuniões <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

CUF”, organizadas s<strong>em</strong>pre nos mesmos moldes, um dia<br />

dedica<strong>do</strong> a sessões teóricas, seguidas no segun<strong>do</strong> dia de<br />

Cursos Práticos efectua<strong>do</strong>s nas próprias instalações <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong>, usufruin<strong>do</strong> de toda a tecnologia aí existente.<br />

Sen<strong>do</strong> a CUF o Centro Europeu com maior experiência na<br />

Técnica de Bisturi Ultra-Sónico para a Amigdalectomia e<br />

Palatoplastia, t<strong>em</strong> vin<strong>do</strong> a ser convida<strong>do</strong> para dar aulas<br />

sobre esta Técnica Cirúrgica no “European Surgical Institute”,<br />

sedia<strong>do</strong> <strong>em</strong> Hamburgo.<br />

To<strong>do</strong> este trabalho científico t<strong>em</strong> ti<strong>do</strong> como fruto várias<br />

publicações, tanto <strong>em</strong> revistas nacionais como estrangeiras,<br />

para além de ter igualmente participa<strong>do</strong> <strong>em</strong> capítulos<br />

de livros, e elabora<strong>do</strong> brochuras sobre estas Técnicas Terapêuticas.<br />

No campo da prevenção, criou uma Consulta de Desabituação<br />

Tabágica, t<strong>em</strong> participa<strong>do</strong> activamente <strong>em</strong> protocolos<br />

com as Termas das Felgueiras, para além de realizar<br />

Rastreios, <strong>do</strong> qual se destaca o da Audição na Criança <strong>em</strong><br />

Idade Pré-Escolar.<br />

Na Acad<strong>em</strong>ia Americana de Otorrinolaringologia apresentou<br />

os seguintes cursos:<br />

- “Current Integrated Treatment of Head and Neck Cancer”,<br />

2002 - <strong>Prof</strong>essor Doutor João Paço <strong>em</strong> colaboração<br />

com o Sr. <strong>Prof</strong>essor Doutor Pais Cl<strong>em</strong>ente.<br />

- “Curso de Cirurgia das Exostoses” - 2004, 2005, 2006 e<br />

2008 - <strong>Prof</strong>essor Doutor João Paço <strong>em</strong> colaboração com<br />

Diogo Oliveira e Carmo e Carlos Stapleton Garcia.<br />

- “10 Points for Treatment of Unilateral Ménière’s Disease”,<br />

2006 e 2007 - <strong>Prof</strong>essor Doutor João Paço <strong>em</strong> colaboração<br />

com Dr. Carlos Stapleton Garcia e Dr. Diogo Oliveira<br />

e Carmo.<br />

<strong>Livro</strong>s e capítulos de <strong>Livro</strong>s Publica<strong>do</strong>s no Âmbito das Actividades<br />

<strong>do</strong> Centro de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Cuf Infante Santo:<br />

- DOENÇAS DO TÍMPANO, <strong>Prof</strong>essor Doutor João Paço,<br />

edita<strong>do</strong> por LIDEL Edições Técnicas, Abril de 2003.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:04 AM Page 267<br />

FIGURA 339<br />

TRêS DAS PUBICAÇÕES DO CENTRO <strong>ORL</strong> DO HOSPITAL DA CUF INFANTE SANTO, EDIÇÃO CÍRCULO MÉDICO<br />

- FRONTEIRAS COM OTORRINOLARINGOLOGIA, <strong>Prof</strong>essor<br />

Doutor João Paço <strong>em</strong> colaboração com António Marinho,<br />

capítulo <strong>do</strong> <strong>Livro</strong> “Asma Brônquica na Prática Clínica”<br />

edita<strong>do</strong> por Lidel, 2005.<br />

- TERAPÊUTICA EM OTORRINOLARINGOLOGIA, <strong>Prof</strong>essor<br />

Doutor João Paço e colabora<strong>do</strong>res, capítulo <strong>do</strong> <strong>Livro</strong><br />

“Manual de Terapêutica Médica” de Pedro Ponce, 2006.<br />

- SEMIOLOGIA OTORRINOLARINGOLÓGICA, <strong>Prof</strong>essor<br />

Doutor João Paço e colabora<strong>do</strong>res, capítulo <strong>do</strong> <strong>Livro</strong> “S<strong>em</strong>iologia<br />

Médica” de J. L. Ducla Soares, 2007.<br />

- PATOLOGIA NASO-SINUSAL, <strong>Prof</strong>essor Doutor João Paço<br />

e colabora<strong>do</strong>res. Edita<strong>do</strong> por Círculo Médico, 2008.<br />

- MANUAL DE URGÊNCIAS <strong>ORL</strong>, <strong>Prof</strong>essor Doutor João<br />

Paço e colabora<strong>do</strong>res. Edita<strong>do</strong> por Círculo Médico, 2009.<br />

- OTITES NA PRÁTICA CLÍNICA, de <strong>Prof</strong>essor Doutor João<br />

Paço e colabora<strong>do</strong>res. Edita<strong>do</strong> por Círculo Médico, 2010.<br />

O <strong>Prof</strong>essor João Paço é desde o seu início o editor e simultaneamente<br />

o Director da revista “CLÍNICA E INVESTI-<br />

GAÇÃO EM OTORRINOLARINGOLOGIA”, que com uma<br />

periodicidade trimestral, cerca de c<strong>em</strong> páginas e entre <strong>do</strong>ze<br />

a catorze artigos por número, manteve uma regularidade<br />

desde o seu início, <strong>em</strong> 2007, nela ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> publica<strong>do</strong>s<br />

mais de c<strong>em</strong> artigos científicos nacionais e estrangeiros.<br />

Com estas publicações, d<strong>em</strong>onstra-se à sociedade que a<br />

Otorrinolaringologia portuguesa está b<strong>em</strong>, manten<strong>do</strong> um<br />

ritmo de publicações que ainda pode ser incr<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>.<br />

T<strong>em</strong> si<strong>do</strong>, o papel <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. João Paço desde o seu início,<br />

conduzir e estimular os autores, elaboran<strong>do</strong> uma revista<br />

que possa ser atractiva pelo conteú<strong>do</strong>, inovação científica<br />

e actualização, tão necessárias para a prática da Medicina<br />

nos dias de hoje.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 267<br />

Prémios obti<strong>do</strong>s no âmbito das actividades <strong>do</strong> Centro de<br />

<strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Cuf Infante Santo:<br />

Ao trabalho “CONDROMAS DE LOCALIZAÇÃO POUCO<br />

USUAL - A PROPÓSITO DE 2 CASOS”, <strong>Prof</strong>essor Doutor<br />

João Paço <strong>em</strong> colaboração com Diogo Oliveira e Carmo,<br />

Correia de Oliveira, Gabriel Branco e Jorge Soares, foi atribuí<strong>do</strong><br />

o “Prémio Dr. Rui Silva Carvalho, da Sociedade Portuguesa<br />

de Otorrinolaringologia”, 2001.<br />

Ao trabalho “TYMPANIC INSERTION - AN EXPLANATION<br />

FOR THE ORIGIN OF THE CHOLESTEATHOMA”, <strong>Prof</strong>essor<br />

Doutor João Paço <strong>em</strong> colaboração com Diogo Oliveira e<br />

Carmo, Hugo Estibeiro e António Marinho, e apresenta<strong>do</strong><br />

na categoria de poster científico foi atribuí<strong>do</strong> o “Prémio<br />

da Fundação da Acad<strong>em</strong>ia Americana de Otorrinolaringologia”,<br />

2003.<br />

Prémio de Honra da Acad<strong>em</strong>ia Americana de Otorrinolaringologia,<br />

atribuí<strong>do</strong> ao <strong>Prof</strong>essor Doutor João Paço pelos<br />

serviços presta<strong>do</strong>s nos programas científicos desta Acad<strong>em</strong>ia<br />

e por ter apresenta<strong>do</strong> continuamente cursos educacionais<br />

e cursos de instrução na Acad<strong>em</strong>ia, 2006.<br />

Ao trabalho“The POSTERO-SUPERIOR QUADRANT OF THE<br />

TYMPANIC MEMBRANE”, <strong>Prof</strong>essor Doutor João Paço <strong>em</strong><br />

colaboração com Carla Branco, Diogo Oliveira e Carmo,<br />

Hugo Estibeiro e apresenta<strong>do</strong> na categoria de poster científico,<br />

foi atribuí<strong>do</strong> o “Vice-President´s Award da Acad<strong>em</strong>ia<br />

Americana de Otorrinolaringologia”, 2008.<br />

Prémio de Honra da Acad<strong>em</strong>ia Americana de Otorrinolaringologia,<br />

atribuí<strong>do</strong> ao Dr. Diogo Oliveira e Carmo, pelos<br />

serviços presta<strong>do</strong>s nos programas científicos desta Acad<strong>em</strong>ia<br />

e por ter apresenta<strong>do</strong> continuamente cursos educacionais<br />

e cursos de instrução na Acad<strong>em</strong>ia, 2006.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 12:26 PM Page 268<br />

268<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

Ao trabalho “BENEFÍCIO FUNCIONAL: BAHA”, <strong>Prof</strong>essor<br />

Doutor João Paço, <strong>em</strong> colaboração com Diogo Oliveira e<br />

Carmo, Maria Caça<strong>do</strong>r e Jorge Humberto Martins, foi atribuí<strong>do</strong><br />

a Menção Honrosa <strong>do</strong> “Prémio Mais Valor da José<br />

de Mello Saúde”, 2009.<br />

HOSPITAL CUF DESCOBERTAS<br />

O <strong>Hospital</strong> priva<strong>do</strong> CUF Descobertas (HCD) foi inaugura<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> 2001, ten<strong>do</strong> o Serviço de Otorrinolaringologia inicia<strong>do</strong><br />

a sua actividade <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>do</strong> mesmo ano. Desde então,<br />

a sua actividade t<strong>em</strong> vin<strong>do</strong> a crescer progressivamente<br />

tanto a nível assistencial como formativo e científico.<br />

Composto por uma equipa de Especialistas com vasta experiência<br />

nas diferentes áreas de sub-diferenciação da Especialidade,<br />

conta também com o equipamento técnico<br />

mais diferencia<strong>do</strong> e adequa<strong>do</strong> a estas áreas.<br />

Durante o ano de 2009 efectuámos no campo assistencial<br />

13.092 consultas, 1.331 procedimentos cirúrgicos e<br />

11.763 exames compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico.<br />

No âmbito da formação pós-graduada organizámos Jornadas<br />

de Otorrinolaringologia <strong>em</strong> Medicina Geral e Fa-<br />

FIGURA 340<br />

HOSPITAL CUF DESCOBERTAS<br />

miliar, com parte teórica e prática (2003, 2004 e 2009),<br />

Cursos de <strong>ORL</strong> <strong>em</strong> colaboração com o Instituto de Educação<br />

Médica para médicos <strong>ORL</strong>, Pediatras e de Medicina<br />

Geral e Familiar (2006, 2007, 2008 e 2010) e Workshops<br />

sobre Patologia naso-sinusal (2005 e 2009) além de diversas<br />

reuniões clínicas com várias especialidades no âmbito<br />

das reuniões e encontros organiza<strong>do</strong>s no <strong>Hospital</strong>.<br />

Desde s<strong>em</strong>pre t<strong>em</strong>os esta<strong>do</strong> presentes com trabalhos, comunicações<br />

ou cursos <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os Congressos da nossa<br />

Sociedade, b<strong>em</strong> como <strong>em</strong> outras reuniões científicas.<br />

De to<strong>do</strong> este trabalho resultaram várias publicações <strong>em</strong><br />

revistas nacionais e a redacção de um <strong>do</strong>s capítulos da<br />

Monografia sobre T<strong>em</strong>as de Oncologia, editada <strong>em</strong> 2007,<br />

pela SP<strong>ORL</strong>, sob a coordenação <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Nuno Santiago.<br />

Os trabalhos publica<strong>do</strong>s e as comunicações apresentadas<br />

mereceram o reconhecimento, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> distingui<strong>do</strong>s<br />

com 3 prémios científicos.<br />

O Corpo Clínico da Unidade de Otorrinolaringologia <strong>do</strong><br />

HCD é actualmente composto por 8 médicos especialistas<br />

(4 <strong>em</strong> exclusividade), 2 audiologistas e 2 terapeutas da<br />

fala. O Director é o Dr. JOSÉ SARAIVA.<br />

HOSPITAL DA LUZ<br />

Desde o início <strong>do</strong> projecto <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> priva<strong>do</strong> da Luz que<br />

estava previsto um serviço <strong>ORL</strong> e Patologia Cérvico-Facial.<br />

No projecto inicial <strong>do</strong> hospital não estava previsto um espaço<br />

próprio para a Especialidade, mas depois de explica<strong>do</strong><br />

o tipo de exames e o formato <strong>do</strong>s gabinetes de<br />

consulta, a Administração resolveu criar o espaço onde<br />

hoje se encontra. Foi dada inteira liberdade na escolha <strong>do</strong><br />

equipamento e exigi<strong>do</strong> que se escolhesse o que de melhor<br />

e mais moderno existisse para a especialidade.<br />

Conta com 3 gabinetes de consulta, uma sala de tratamentos,<br />

uma sala para desinfecção de material e 4 salas<br />

para exames e reabilitação vestibular.<br />

FIGURA 341<br />

HOSPITAL DA LUZ


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:05 AM Page 269<br />

A equipa começou a trabalhar no dia 26 de Fevereiro de<br />

2007 ten<strong>do</strong> as primeiras cirurgias <strong>ORL</strong> si<strong>do</strong> realizadas no<br />

dia 6 de Março de 2007.<br />

A equipa de Médicos é a mesma desde o início e é composta<br />

por 10 Médicos. Começou com 2 Terapeutas da Fala<br />

e 2 Audiologistas, contan<strong>do</strong> agora com 3 Técnicas de Audiologia<br />

e 3 de Terapia da Fala.<br />

No Serviço, existe actualmente uma consulta de surdez<br />

infantil e uma consulta de vertig<strong>em</strong>. Em colaboração com<br />

a Neonatologia foi impl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong> o rastreio universal da<br />

surdez infantil, estan<strong>do</strong> este a ser realiza<strong>do</strong> desde o primeiro<br />

dia <strong>do</strong> nascimento.<br />

O Director <strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia, é desde o<br />

seu início, o Dr. ANTÓNIO LARROUDÉ .<br />

HOSPITAL DOS LUSÍADAS<br />

O <strong>Hospital</strong> priva<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Lusíadas entrou <strong>em</strong> funcionamento<br />

<strong>em</strong> Maio de 2008. Pertencen<strong>do</strong> ao grupo Caixa<br />

Geral de Depósitos, integra a rede nacional da HPP Saúde.<br />

Entre as Especialidades existentes no <strong>Hospital</strong>, encontrase<br />

a Otorrinolaringologia. O <strong>Hospital</strong> dispõe de internamento<br />

<strong>em</strong> quartos particulares, cuida<strong>do</strong>s intensivos,<br />

bloco operatório, recobro e cirurgia ambulatória, consultas<br />

externas e atendimento permanente para adultos e<br />

crianças. Está equipa<strong>do</strong> com tu<strong>do</strong> o que há de mais moderno<br />

<strong>em</strong> todas as Especialidades.<br />

A Otorrinolaringologia abriu inicialmente com sete Médicos,<br />

procuran<strong>do</strong>-se desde o início que estes el<strong>em</strong>entos<br />

foss<strong>em</strong> diferencia<strong>do</strong>s nas diversas áreas da Especialidade.<br />

Faz<strong>em</strong> ainda parte da equipa duas Técnicas de Audiovestibulometria<br />

e uma Terapeuta da Fala.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 269<br />

T<strong>em</strong> como Médico coordena<strong>do</strong>r o Dr. JOSÉ CABRAL BEIRÃO,<br />

que desde o início arquitectou o espaço destina<strong>do</strong> à Otorrinolaringologia<br />

e, após concurso público e de acor<strong>do</strong><br />

com o seu critério e da central de aquisição, adquiriu,<br />

equipou e montou todas as estruturas existentes, <strong>em</strong>bora<br />

algum <strong>do</strong> equipamento, como por ex<strong>em</strong>plo o destina<strong>do</strong><br />

ao estu<strong>do</strong> da voz, só há menos de um ano tenha si<strong>do</strong> adquiri<strong>do</strong>.<br />

O seu movimento t<strong>em</strong> cresci<strong>do</strong> progressivamente, referin<strong>do</strong>-se<br />

um crescimento de cerca de 300% no número de<br />

consultas <strong>do</strong> 1º para o 2 º ano, atingin<strong>do</strong>-se no ano de 2009<br />

perto de 6.000 consultas.<br />

Durante este perío<strong>do</strong> de t<strong>em</strong>po foram realizadas algumas<br />

iniciativas, nomeadamente a com<strong>em</strong>oração <strong>do</strong> Dia Mundial<br />

da Voz e <strong>do</strong> Dia Mundial <strong>do</strong> I<strong>do</strong>so.<br />

O Serviço e o <strong>Hospital</strong> estiveram presentes junto das escolas<br />

da zona, com iniciativas como o rastreio de surdez<br />

infantil, integra<strong>do</strong> no programa “O Vasco vai à escola” e o<br />

rastreio de voz a 40 professores <strong>do</strong> Externato Marista de<br />

Lisboa.<br />

O Serviço foi escolhi<strong>do</strong> pela Escola Superior de Saúde de<br />

Coimbra, no âmbito <strong>do</strong> programa Erasmus para dar formação<br />

na área da Audiologia, até este momento, a duas<br />

estudantes de audiologia de nacionalidade norueguesa<br />

e uma belga.<br />

Os Médicos que trabalham no serviço, <strong>em</strong> 2010, são os<br />

Drs. José Cabral Beirão, Aníbal Eliseu, Carlos Zagalo, Ilídio<br />

Gama, M. Conceição Monteiro, Pedro Santos, Vitor Sousa.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:06 AM Page 270<br />

270<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 342<br />

CIDADE DO PORTO COM A PONTE PêNSIL EM MEADOS DO SÉC. XIX<br />

PORTO<br />

HOSPITAL GERAL<br />

DE SANTO ANTÓNIO<br />

A primeira referência ao serviço de Otorrinolaringologia<br />

(<strong>ORL</strong>) no <strong>Hospital</strong> de Santo António (HSA), surge relatada<br />

na acta da sessão da Direcção Administrativa de 4 Janeiro<br />

de1909. É explana<strong>do</strong> o pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> clínico Dr. José Augusto<br />

Viana L<strong>em</strong>os Peixoto, Director de Enfermaria 3 (Medicina),<br />

no senti<strong>do</strong> de ser autoriza<strong>do</strong> a abertura no HSA de “uma<br />

consulta especial de moléstia de ouvi<strong>do</strong>s, nariz e garganta,<br />

com uma periodicidade de duas ou três vezes por s<strong>em</strong>ana...”<br />

A decisão foi adiada por dificuldades de instalações,<br />

sen<strong>do</strong> necessário proceder a melhoramentos no “Banco”.<br />

A 23 de Outubro de 1909, foi criada esta Consulta sen<strong>do</strong><br />

convida<strong>do</strong> para a sua direcção o Dr. ANTÓNIO TEIXEIRA<br />

LOPES JÚNIOR.<br />

Passa<strong>do</strong>s 4 anos dá-se a pretensão, <strong>do</strong> Dr. ALEIXO GUERRA,<br />

<strong>em</strong> exercer igualmente esta Especialidade.<br />

Apreciada a informação <strong>do</strong> Director Clínico, Dr. Dias de Almeida,<br />

informa que não veria qualquer inconveniente <strong>em</strong><br />

ser deferi<strong>do</strong>, “sen<strong>do</strong> o logar absolutamente gratuito e não<br />

conferin<strong>do</strong> direito algum ao requerente, como nenhum direito<br />

te<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os outros auxiliares, incluin<strong>do</strong> o que já se<br />

exerce a especialidade, me pareceu que a Santa Casa <strong>em</strong><br />

nada era prejudicada, como não era prejudica<strong>do</strong> o outro clínico,<br />

antes pelo contrário haveria qu<strong>em</strong> o substituísse nos<br />

possíveis impedimentos”.<br />

Passaram deste mo<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is a realizar consultas da Especialidade<br />

<strong>em</strong> dias diferentes.<br />

Em Set<strong>em</strong>bro de 1913 a Mesa da SCMP, decidiu abrir concurso<br />

para Director de Serviço de <strong>ORL</strong>, entre outras especialidades.<br />

Ao mesmo apresentaram-se três concorrentes:<br />

Dr. Teixeira Lopes Júnior, Dr. Aleixo Guerra e o Dr. José<br />

L<strong>em</strong>os Peixoto, que como já citei subscreveu o primeiro<br />

pedi<strong>do</strong> de abertura de consulta.<br />

Este concurso, um pouco polémico e marca<strong>do</strong> pela situação<br />

inédita de haver<strong>em</strong> si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong>s para o mesmo<br />

concurso <strong>do</strong>is júris diferentes, com critérios e conclusões<br />

também diferentes, culminou com a nomeação para 1º<br />

Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> Dr. António Teixeira Lopes<br />

Júnior, segun<strong>do</strong> decisão final da Mesa da SCMP, cargo que<br />

exercerá até 23/12/1936.<br />

Em 22 de Junho de 1916 é homologa<strong>do</strong> pela Mesa da<br />

SCMP o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> concurso para Assistentes desta especialidade,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong>s como 1º e 2º assistente<br />

o Dr. José Augusto Viana de L<strong>em</strong>os Peixoto e o Dr.<br />

Raul Claro Outeiro, função que exerceram até 1926, data<br />

<strong>em</strong> que o Dr. António Veloso de Pinho ocupa o lugar de<br />

2º Assistente deixa<strong>do</strong> vago pelo Dr. Raul Claro Outeiro e<br />

o de 1º Assistente <strong>em</strong> 1929.<br />

Em 1936, com a aposentação <strong>do</strong> Dr. António Teixeira<br />

Lopes, levantam-se algumas dificuldades ao nível da Fa-


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:08 AM Page 271<br />

FIGURA 343<br />

HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIO NUMA FOTOTIPIA DE EMÍLIO BIEL CERCA DE 1900<br />

culdade de Medicina <strong>do</strong> Porto, da<strong>do</strong> que tinha si<strong>do</strong> o regente<br />

entre 1920 a 1936 <strong>do</strong> curso dessa Especialidade.<br />

No ano de 1937, o Dr. JAIME DE MAGALHÃES, estagiário<br />

<strong>do</strong> HGSA, é convida<strong>do</strong> para a regência da cadeira de <strong>ORL</strong>,<br />

função que exerceu até 1945.<br />

Jaime de Magalhães, forma<strong>do</strong> no Porto <strong>em</strong> 1921, exerceu a<br />

especialidade de Estomatologia, antes de se dedicar à <strong>ORL</strong>,<br />

depois de aconselha<strong>do</strong> pelo <strong>Prof</strong>. Álvaro Teixeira Bastos, ter<br />

estagia<strong>do</strong> durante um ano <strong>em</strong> Bordéus no serviço de <strong>ORL</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> St. André, dirigi<strong>do</strong> pelo <strong>Prof</strong>. Moure, onde estabeleceu<br />

relações de amizade com o sucessor daquele, o<br />

<strong>Prof</strong>. Georges Portman, onde estagiaram mais tarde vários<br />

Médicos <strong>do</strong> HGSA.<br />

Em 1944, o Quadro Clínico <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> era composto<br />

por:<br />

- Director <strong>do</strong> Serviço - Dr. VELOSO DE PINHO;<br />

- 1.º Assistente - Dr. ALVARENGA DE ANDRADE;<br />

- 2.º Assistente - Dr. EURICO DE OLIVEIRA.<br />

Em 1947 foram autoriza<strong>do</strong>s a frequentar o Estágio de <strong>ORL</strong>,<br />

os Drs. Albertino Correia Loureiro e Afonso Ferreira da Costa.<br />

Em 1953 abre-se um conflito entre o Director <strong>do</strong> Serviço<br />

- Dr. Veloso de Pinho e a Mesa da SCMP ten<strong>do</strong>-se prolonga<strong>do</strong>,<br />

durante alguns anos, o processo de recurso interposto<br />

pelo referi<strong>do</strong> Director.<br />

No ano de 1959/60 com a transferência da Faculdade de<br />

Medicina da Universidade <strong>do</strong> Porto para o <strong>Hospital</strong> de S.<br />

João, o Serviço deixa de ser Universitário.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 271<br />

No que respeita ao quadro clínico, o Dr. Veloso de Pinho<br />

retomou o seu lugar de Director <strong>do</strong> Serviço, da<strong>do</strong> ter<br />

ganho o recurso, o Dr. Alvarenga de Andrade como 1.º Assistente<br />

e o Dr. Eurico de Oliveira como 2.º Assistente.<br />

Ainda <strong>em</strong> 1962, inicia o estágio o Dr. ANTÓNIO GAMEIRO<br />

DOS SANTOS e é cria<strong>do</strong> o Internato da Especialidade,<br />

sen<strong>do</strong> o primeiro Médico Interno <strong>do</strong> Serviço e primeiro<br />

Interno <strong>do</strong> Norte <strong>do</strong> País, o Dr. RAUL FERREIRA DA SILVA.<br />

Em 1964, já com um novo Director <strong>do</strong> Serviço - Dr. ALVA-<br />

RENGA DE ANDRADE, por aposentação <strong>do</strong> Dr. Veloso de<br />

Pinho.<br />

FIGURA 344<br />

5ºANO MÉDICO DE 1934 NO HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIO


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:08 AM Page 272<br />

272<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 345<br />

JORNADAS DO HOSPITAL DE SANTO ANTÓNIO EM 1986 COM A PRESENÇA DOS<br />

PROFS. GAMEIRO DOS SANTOS, BRANCO CORREIA, HUGO FISH, RUI PENHA, OLAI-<br />

ZOLA GORBEA E PAIS CLEMENTE<br />

Em 1965, o Dr. A. Gameiro <strong>do</strong>s Santos, após regressar de Oxford,<br />

onde fez um estágio de cerca de <strong>do</strong>is anos e meio, inicia<br />

funções como Médico Extraordinário <strong>do</strong> Serviço, sen<strong>do</strong><br />

ainda contrata<strong>do</strong>s mais <strong>do</strong>is Médicos, os Drs. Francisco Alves<br />

Correia e Abílio Esteves Marcos.<br />

Em 1967, ingressa no Serviço como Médico Extraordinário<br />

o Dr. Raul Silva, após o Exame de Saída <strong>do</strong> Internamento<br />

da Especialidade.<br />

Entre 1968/69 o Serviço muda de instalações e passa a<br />

funcionar com uma Consulta Externa com 5 postos de<br />

exame, um sector de Audiometria, um Bloco Operatório<br />

independente com duas salas de operações, e uma Enfermaria<br />

com 27 camas.<br />

Em 1970, é concedida aposentação ao Director <strong>do</strong> Serviço<br />

Dr. Alvarenga de Andrade (Sessão de 02/06/70) e, após concurso,<br />

o lugar de Director <strong>do</strong> Serviço é preenchi<strong>do</strong> pelo Dr.<br />

EURICO DE OLIVEIRA, até então assistente daquele Serviço,<br />

passan<strong>do</strong> o Dr. Raul Silva a Médico Contrata<strong>do</strong>.<br />

Em Abril de 1971 é aberto concurso para uma vaga no<br />

Quadro à qual concorre o Dr. Gameiro <strong>do</strong>s Santos, obten<strong>do</strong><br />

o primeiro lugar. Com a saída <strong>do</strong> Dr. Eurico de Oliveira<br />

aposenta<strong>do</strong> por limite de idade, passa a dirigir o<br />

Serviço, como Director Interino, o Dr. GAMEIRO DOS SAN-<br />

TOS. É nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro de<br />

1971, manten<strong>do</strong>-se no lugar durante 31 anos, até à sua<br />

aposentação <strong>em</strong> 2002.<br />

Em 1980, ao abrigo de um protocolo entre o Instituto de<br />

Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e o HSA, reinicia-se<br />

o ensino pré-gradua<strong>do</strong> no Serviço, fican<strong>do</strong> o Dr. Gameiro<br />

<strong>do</strong>s Santos como regente da Disciplina de <strong>ORL</strong>.<br />

Com a construção <strong>do</strong> Edifício Dr. Luís de Carvalho, as instalações<br />

da Consulta Externa e meios compl<strong>em</strong>entares de<br />

diagnóstico transfer<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> 1998 para o Piso 1 desse<br />

edifício.<br />

Em 2001, a Enfermaria e Bloco Operatório mudam-se para<br />

as actuais instalações, no Edifício Neoclássico, Piso 2.<br />

Durante os trinta e um anos de Direcção <strong>do</strong> Serviço, o Dr.<br />

Gameiro <strong>do</strong>s Santos desenvolveu intensa actividade científica,<br />

ten<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong> XX Reuniões Científicas Internacionais<br />

de elevada qualidade, com a colaboração de<br />

Colegas Nacionais e Internacionais de renome mundial.<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po, o Serviço acompanhava toda a evolução<br />

das técnicas de meios compl<strong>em</strong>entares de Diagnóstico<br />

e Tratamento na área Assistencial.<br />

O prestígio <strong>do</strong> Serviço tornou-se reconheci<strong>do</strong> a nível nacional<br />

e até internacional.<br />

O serviço de <strong>ORL</strong> passou a ser dirigi<strong>do</strong> <strong>em</strong> 2003, na sequência<br />

da aposentação <strong>do</strong> Dr. Gameiro <strong>do</strong>s Santos, pelo<br />

Dr. Alcides Lima, que acumula com funções de regente interino<br />

da disciplina de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> Curso de Medicina <strong>do</strong><br />

ICBAS.<br />

Em 2005 assume a Direcção <strong>do</strong> Serviço a Dra. CECÍLIA DE<br />

ALMEIDA E SOUSA.<br />

Neste momento o Serviço é constituí<strong>do</strong> por:<br />

- 1 Director de Serviço; 2 Chefes de Serviço; 3 Assistentes<br />

<strong>Hospital</strong>ares Gradua<strong>do</strong>s; 5 Assistentes Gradua<strong>do</strong>s; 5 Internos<br />

de Especialidade.<br />

Sub-especialidades no Serviço a nível de consulta externa:<br />

- Consulta de Surdez infantil - Consulta de Foniatria - Consulta<br />

de distúrbios da respiração durante o sono - Consulta<br />

de Rinite alérgica - Consulta de Vertig<strong>em</strong>;<br />

- Ensino pré-gradua<strong>do</strong> (Cadeira de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> curso de Medicina<br />

<strong>do</strong> Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar,<br />

Universidade <strong>do</strong> Porto).<br />

Durante as últimas décadas, o Serviço de <strong>ORL</strong> sofreu<br />

uma profunda r<strong>em</strong>odelação tornan<strong>do</strong>-se uma unidade<br />

moderna, cientificamente avançada, e com uma presença<br />

muito interventiva na <strong>ORL</strong> nacional e internacional,<br />

construin<strong>do</strong>-se um serviço de referência de pessoas<br />

para as pessoas.<br />

FIGURA 346<br />

FOTOGRAFIA DE UM GRUPO DE ALUNOS DO 5º ANO MÉDICO<br />

DA ESCOLA MÉDICO-CIRúRGICA DO PORTO EM 1911


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:09 AM Page 273<br />

FIGURA 347<br />

PORTO - A PONTE D. LUIS I EM CONSTRUÇÃO CERCA DE 1884 - FOTOGRAFIA DA CASA EMÍLIO BIEL<br />

HOSPITAL DE S. JOÃO<br />

O <strong>Hospital</strong> de S. João foi cria<strong>do</strong> pelo Decreto-Lei nº<br />

22917/33 de 31 de Julho que estabeleceu determinadas<br />

condições relacionadas com a sua construção: uma lotação<br />

de 1500 camas e a inclusão da Faculdade de Medicina<br />

<strong>do</strong> Porto.<br />

O Dr. JOSÉ ALVARENGA DE ANDRADE era na altura o <strong>Prof</strong>essor<br />

Encarrega<strong>do</strong> da Regência da Disciplina de Otorrinolaringologia<br />

da Faculdade de Medicina <strong>do</strong> Porto e o<br />

Director <strong>em</strong> exercício <strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santo António.<br />

Quan<strong>do</strong> o ensino da Disciplina de Otorrinolaringologia<br />

transitou para o <strong>Hospital</strong> de S. João, o Dr. José Alvarenga<br />

deu também a sua colaboração ao Serviço de Otorrinolaringologia<br />

na sua fase inicial.<br />

Em Dez<strong>em</strong>bro de 1960 é contrata<strong>do</strong>, para Médico eventual<br />

<strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia, o Dr. NELSON REBELO<br />

DA GAMA E CASTRO que colaborou com o Dr. Alvarenga,<br />

não somente na área assistencial, mas também na fase de<br />

impl<strong>em</strong>entação e de reequipamento <strong>do</strong> Serviço, cujas instalações<br />

exíguas sofreram adaptações várias, num espaço<br />

físico s<strong>em</strong>pre considera<strong>do</strong> insuficiente para a prática da Especialidade.<br />

Só no início de 1961 é que começou a funcionar uma Consulta<br />

de Otorrinolaringologia com um Médico, o Dr. Nelson<br />

da Gama e Castro e uma Enfermeira para os <strong>do</strong>entes interna<strong>do</strong>s<br />

no <strong>Hospital</strong> e seus funcionários.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 273<br />

O Dr. Alvarenga de Andrade pediu a d<strong>em</strong>issão de Assistente<br />

da Faculdade de Medicina <strong>do</strong> Porto <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s de<br />

1962, e é então convida<strong>do</strong> para Encarrega<strong>do</strong> da Regência<br />

da Disciplina de Otorrinolaringologia, o Dr. AFONSO<br />

FERREIRA DA COSTA.<br />

É sob a sua orientação que se ultima a estruturação <strong>do</strong><br />

Serviço de Otorrinolaringologia e que se inaugura o Serviço<br />

de Otorrinolaringologia <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro de 1962.<br />

Ainda nesse ano é contrata<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong> Médico eventual,<br />

o Dr. JOSÉ LUÍS MACHADO AIRES, que tinha termina<strong>do</strong> a<br />

Especialidade no <strong>Hospital</strong> de S. José. Posteriormente este<br />

Médico pediu a transferência, <strong>em</strong> 1974, para o Instituto<br />

Português de Oncologia <strong>do</strong> Porto para ocupar o cargo de<br />

Director <strong>do</strong> Serviço.<br />

Em 1963, o Dr. Afonso Ferreira da Costa é nomea<strong>do</strong> Director<br />

<strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia e recebe os <strong>do</strong>is primeiros<br />

Médicos estagiários: Drs. JOSÉ MANUEL MENDES<br />

FURTADO e FENANDO AUGUSTO GONÇALVES RIBEIRO.<br />

Durante o ano de 1963 entraram novos estagiários: os Drs.<br />

ARTUR CARDOSO MENEZES DE MASCARENHAS, ALBERTO<br />

SAMPAIO e AGOSTINHO OSCAR VASQUES DE CARVALHO,<br />

este último ainda a preparar a sua tese de licenciatura.<br />

Em 1964, o Dr. JOSÉ MANUEL SANCHES PINTO DE VAS-<br />

CONCELOS defende a sua tese de licenciatura, intitulada<br />

“SINUSITES FRONTAIS – A PROPÓSITO DE QUATRO CASOS<br />

CLÍNICOS”, e inicia de imediato o estágio no Serviço de<br />

Otorrinolaringologia, <strong>em</strong> 1965. Neste <strong>Hospital</strong> trabalhou


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:09 AM Page 274<br />

274<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

toda a sua vida, com invulgar dedicação e entusiasmo,<br />

atingin<strong>do</strong> o lugar de Chefe de Serviço, mas infelizmente é<br />

venci<strong>do</strong> pela <strong>do</strong>ença <strong>em</strong> Julho de 2002.<br />

Em 1965, o Serviço de Otorrinolaringologia organizou<br />

uma Reunião conjunta da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e da Sociedade Portuguesa de Radiologia<br />

e Medicina Nuclear sob o t<strong>em</strong>a “TRATAMENTO DO CAN-<br />

CRO DA LARINGE”.<br />

Em 1967, o Serviço é incumbi<strong>do</strong> de organizar o IV Congresso<br />

Português de Otorrinolaringologia sob “ESTENO-<br />

SES CICATRICIAIS LARINGOTRAQUEAIS”.<br />

Os exames auxiliares de diagnóstico <strong>do</strong> Serviço começaram<br />

a ser realiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1963, com uma pequena cabine<br />

de audiometria e, posteriormente, a impedanciometria e<br />

a electronistagmografia.<br />

Em Abril de 1972, o Dr. MANUEL ANTÓNIO CALDEIRA PAIS<br />

CLEMENTE inicia o Internato da Especialidade juntamente<br />

com o Dr. Alberto José da Conceição Trancoso.<br />

Em 1973 iniciaram o Internato da Especialidade de Otorrinolaringologia<br />

no <strong>Hospital</strong> de S. João, os Drs. Carlos<br />

Afonso Barreira da Costa e Manuel Rodrigues e Rodrigues.<br />

O Dr. Manuel Pais Cl<strong>em</strong>ente realizou provas públicas de<br />

Doutoramento <strong>em</strong> Otorrinolaringologia na Faculdade de<br />

Medicina da Universidade <strong>do</strong> Porto nos dias 15 e 16 de Dez<strong>em</strong>bro<br />

de 1978, ten<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> uma tese sobre “Microcirurgia<br />

com Laser CO2 na Papilomatose Respiratória<br />

Recorrente - Estu<strong>do</strong> Clínico e Experimental”e um trabalho<br />

de revisão, como Prova Compl<strong>em</strong>entar relacionada com o<br />

“Tratamento Cirúrgico <strong>do</strong> Carcinoma Laríngeo - Revisão<br />

de 50 casos”.<br />

A 15 de Março de 1979, Manuel Pais Cl<strong>em</strong>ente assumiu a<br />

Regência da Disciplina de Otorrinolaringologia. Da<strong>do</strong> que<br />

o <strong>Prof</strong>essor Dr. Afonso Ferreira da Costa requereu a sua<br />

aposentação <strong>em</strong> Agosto de 1982, foi autorizada a ocupação<br />

da referida vaga pelo <strong>Prof</strong>essor Doutor Manuel Pais<br />

Cl<strong>em</strong>ente. A 3 de Janeiro de 1983 inicia as suas funções<br />

como Director <strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. João.<br />

Sob a direcção <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Pais Cl<strong>em</strong>ente, na área da Rinologia,<br />

foi introduzida no Serviço uma nova técnica de cirurgia<br />

<strong>do</strong>s seios perinasais <strong>em</strong> 1986, para tratamento das<br />

sinusites crónicas e polipose naso-sinusal denominada<br />

“Técnica COMET” (Combined Microscopic and En<strong>do</strong>scopic<br />

Technic).<br />

No <strong>do</strong>mínio da Laringologia, o Serviço de Otorrinolaringologia<br />

foi o primeiro <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> no tratamento da patologia<br />

vocal por microcirurgia laser CO2 (1980).<br />

A reabilitação vocal pós-laringectomia total com prótese<br />

vocal, também mereceu particular atenção <strong>do</strong> Serviço de<br />

Otorrinolaringologia desde 1990, ten<strong>do</strong> inclusivamente<br />

organiza<strong>do</strong> o “1º SEMINÁRIO SOBRE REABILITAÇÃO<br />

VOCAL NOS LARINGECTOMIZADOS”, na Fundação Calouste<br />

Gulbenkian, <strong>em</strong> Lisboa, no dia 20 de Maio de 1992.<br />

O Serviço de Otorrinolaringologia deu formação pós-graduada<br />

a dezenas de Especialistas de Otorrinolaringologia,<br />

alguns <strong>do</strong>s quais ocupam uma posição de relevo na Otorrinolaringologia<br />

portuguesa.<br />

O Serviço de Otorrinolaringologia organizou e/ou colaborou<br />

<strong>em</strong> múltiplas reuniões científicas <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong><br />

como: “1º Simpósio Internacional de Cirurgia Laser CO2 <strong>em</strong> Otorrinolaringologia” (1980), “Simpósio Internacional<br />

de Otorrinolaringologia Pediátrica” (1982), “Simpósio Internacional<br />

de Oto-Neurocirurgia e Cirurgia da Base <strong>do</strong><br />

Crânio” (1984), “1º Simpósio Internacional da Voz”(1986),<br />

“Cursos de Actualização de Otorrinolaringologia para Clínicos<br />

Gerais (1984, 1989 e 1993), “1º Congresso Mundial<br />

da Voz” (1995), Cursos Anuais de Dissecção <strong>do</strong>s Seios Perinasais<br />

(1994 - 2001) etc.<br />

Em 31 de Dez<strong>em</strong>bro de 2005 o <strong>Hospital</strong> de S. João passou<br />

a EPE pelo que cessaram to<strong>do</strong>s os cargos directivos, obrigan<strong>do</strong><br />

a um processo de reorganização interna.<br />

A 4 de Abril de 2006, a Dra. MARIA MARGARIDA CARVA-<br />

LHO SANTOS foi nomeada Directora <strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia.<br />

No 2º s<strong>em</strong>estre de 2007 é iniciada a construção de um<br />

novo Serviço de Otorrinolaringologia composto por:<br />

- Consulta Externa com 5 gabinetes de consulta, 1 sala de<br />

tratamentos, 1 sala de en<strong>do</strong>scopias, 5 salas de Audio-Vestibulogia<br />

e uma sala de Terapia da Fala;<br />

- Internamento com 17 camas e 3 camas de recobro para<br />

cirurgia de ambulatório;<br />

- Bloco operatório com 2 salas e 2 camas de recobro;<br />

- Serviço de Urgência com 3 gabinetes de observação.<br />

A mudança para as novas instalações ocorreu <strong>em</strong> Junho<br />

de 2009.<br />

INSTITUTO PORTUGUÊS DE<br />

ONCOLOGIA DO PORTO<br />

A criação <strong>do</strong> Centro <strong>do</strong> Porto <strong>do</strong> Instituto Português de<br />

Oncologia foi fruto de um longo e conturba<strong>do</strong> processo<br />

de instalação no Norte <strong>do</strong> País de uma unidade de rastreio<br />

e tratamento de <strong>do</strong>enças oncológicas, processo este<br />

leva<strong>do</strong> a cabo pela Liga Portuguesa Contra o Cancro.<br />

Foi para tal nomeada uma Comissão Instala<strong>do</strong>ra constituída<br />

pelos <strong>Prof</strong>essores Amândio Tavares, Álvaro Rodrigues,<br />

Joaquim Bastos e Albano Ramos, que então,<br />

decidiram convidar o <strong>Prof</strong>. FERREIRA DA COSTA para encetar<br />

as diligências necessárias à instalação de um Serviço<br />

de Otorrinolaringologia. Decorria então o ano de 1972.<br />

O Centro Oncológico foi inaugura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1974 e dispunha<br />

de um“pequeno”Serviço de <strong>ORL</strong>, onde começaram a trabalhar<br />

<strong>do</strong>is Médicos, o Dr. Macha<strong>do</strong> Aires e o Dr. Adérito<br />

Vaz Pinto.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:10 AM Page 275<br />

FIGURA 348<br />

INSTITUTO PORTUGUêS DE ONCOLOGIA DO PORTO<br />

O Serviço dispunha na altura de <strong>do</strong>is gabinetes de consulta<br />

e, foi desde logo vocaciona<strong>do</strong> para o rastreio das<br />

<strong>do</strong>enças oncológicas da área <strong>ORL</strong>.<br />

Mas, rapidamente o Serviço iniciou a sua actividade cirúrgica,<br />

utilizan<strong>do</strong> para esse fim e por falta de instalações,<br />

o bloco operatório da Ord<strong>em</strong> de S. Francisco, passan<strong>do</strong><br />

nessa altura a contar com mais um colega, o Dr. MOREIRA<br />

DA SILVA.<br />

Com a melhoria e alargamento de instalações <strong>do</strong> Centro de<br />

Oncologia, o Serviço de <strong>ORL</strong> passou a ser integra<strong>do</strong> na então<br />

designada Clínica Oncológica I dirigida pelo Dr. Guimarães<br />

<strong>do</strong>s Santos e, à s<strong>em</strong>elhança de outras áreas de patologia,<br />

passou a exercer a sua actividade com base <strong>em</strong> inova<strong>do</strong>res<br />

critérios de multidisciplinaridade, <strong>em</strong> estreita colaboração<br />

com os Serviços de Radioterapia e Oncologia Médica.<br />

Nessa altura, competia ao Serviço de <strong>ORL</strong> apenas o tratamento<br />

de patologias oncológicas da laringe e <strong>do</strong> maxilar<br />

superior.<br />

Com o progressivo alargamento das instalações <strong>do</strong> Centro,<br />

e já sob a direcção <strong>do</strong> Dr. Macha<strong>do</strong> Aires, o Serviço<br />

foi ganhan<strong>do</strong> espaço e área de influência. Conseguiu progressivamente<br />

alargar o número de gabinetes para consulta<br />

e, foi igualmente alargan<strong>do</strong> a sua esfera de acção<br />

para outras patologias até então vedadas, poden<strong>do</strong> hoje<br />

reivindicar o pleno tratamento de toda a patologia tumoral<br />

das vias aerodigestivas superiores, das glândulas<br />

salivares, da base <strong>do</strong> crânio, incluin<strong>do</strong> ainda as técnicas<br />

reconstrutivas adequadas a estas patologias. Para além<br />

destes campos, o Serviço t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> pioneiro na impl<strong>em</strong>entação<br />

de técnicas diferenciadas dirigidas às patologias<br />

oncológicas da área <strong>ORL</strong>, das quais se destaca pela<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 275<br />

actualidade a aplicação regular <strong>do</strong> LASER às patologias<br />

da faringe e da laringe.<br />

Sen<strong>do</strong> o único Serviço de vocação estritamente oncológica<br />

da região Norte, concentra um volume considerável<br />

de <strong>do</strong>entes e, está aberto à colaboração com outros centros<br />

hospitalares não só para o tratamento de patologias<br />

oncológicas complexas mas também para a formação pré<br />

e pós-graduada.<br />

Para além da vertente assistencial, o Serviço desenvolve<br />

um vasto trabalho científico, sen<strong>do</strong> disso prova os muitos<br />

trabalhos de investigação e de análise de casuísticas realiza<strong>do</strong>s<br />

e apresenta<strong>do</strong>s <strong>em</strong> reuniões científicas nacionais<br />

e internacionais e ainda, os cursos que anualmente vêm<br />

ministran<strong>do</strong> nas áreas <strong>do</strong> LASER e da reabilitação vocal<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes laringectomiza<strong>do</strong>s.<br />

De salientar, ainda, que o Serviço colabora na formação<br />

oncológica <strong>do</strong>s Internos Compl<strong>em</strong>entares da Especialidade<br />

de <strong>ORL</strong> através da frequência de estágios parcelares,<br />

inicialmente de três e actualmente de seis meses,<br />

poden<strong>do</strong> afirmar-se que a quase totalidade <strong>do</strong>s actuais<br />

Especialistas da região Norte <strong>do</strong> País passaram por este<br />

Serviço e, com os quais se mantém aberto a diversas formas<br />

de colaboração.<br />

O Serviço participa ainda <strong>em</strong> acções de formação para Enfermeiros(as),<br />

Médicos de Cuida<strong>do</strong>s Primários e ainda, no<br />

Mestra<strong>do</strong> <strong>em</strong> Oncologia, ten<strong>do</strong> ainda <strong>em</strong> curso protocolos<br />

de investigação com Faculdades, nas áreas das Ciências<br />

da Saúde.<br />

Desde a sua implantação foram Directores <strong>do</strong> Serviço o<br />

Dr. MACHADO AIRES e o Dr. CARLOS BARREIRA DA COSTA.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:10 AM Page 276<br />

276<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

Actualmente no Serviço trabalham os seguintes médicos:<br />

- <strong>Prof</strong>. Dr. EURICO MONTEIRO - Chefe de Serviço e Director<br />

de Serviço;<br />

- Dr. Eduar<strong>do</strong> Breda - Assistente Gradua<strong>do</strong>;<br />

- Dr. João Fernandes - Assistente Gradua<strong>do</strong>;<br />

- Dr. Joaquim Castro Silva - Assistente <strong>Hospital</strong>ar;<br />

- Dr. Carlos Pinheiro - Prestação de serviços.<br />

HOSPITAL MARIA PIA<br />

Funda<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1882, o <strong>Hospital</strong> Especializa<strong>do</strong> de Crianças<br />

Maria Pia é um <strong>do</strong>s mais importantes e prestigia<strong>do</strong>s Hospitais<br />

Pediátricos <strong>do</strong> nosso país.<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> foi inaugura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1938 sob a direcção<br />

<strong>do</strong> Dr. DANIEL DE CARVALHO, que se manteve no cargo<br />

até 1949.<br />

Neste mesmo ano, o Dr. AFONSO FERREIRA DA COSTA foi<br />

convida<strong>do</strong> para Assistente da consulta de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Maria Pia, acaban<strong>do</strong> por ser nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço<br />

<strong>em</strong> 1953 e exercen<strong>do</strong> funções até 1963.<br />

Durante este perío<strong>do</strong> de 10 anos entraram para o Serviço,<br />

os Drs. João Damas <strong>em</strong> 1957 e Macha<strong>do</strong> Aires <strong>em</strong> 1962.<br />

Ao transitar <strong>em</strong> 1963 para o <strong>Hospital</strong> de S. João, por ter<br />

si<strong>do</strong> convida<strong>do</strong> para reger Otorrinolaringologia e para<br />

montar e dirigir o respectivo Serviço, o Dr. Ferreira da<br />

Costa aban<strong>do</strong>nou o <strong>Hospital</strong> Maria Pia.<br />

Passou desde então a ser Director <strong>do</strong> Serviço, o Dr. JOÃO<br />

DAMAS.<br />

Outros Médicos passaram por este Serviço de <strong>ORL</strong> pediátrica,<br />

nomeadamente o Dr. Alberto Sampaio, e os Drs.<br />

Felizar<strong>do</strong> Carvalho, Aurélio Neves e José Goulão.<br />

AFONSO FERREIRA DA COSTA, nasceu <strong>em</strong> 1912 e licenciou-se<br />

pela Faculdade de Medicina <strong>do</strong> Porto <strong>em</strong> 1937.<br />

Em 1942 partiu para os Açores, mobiliza<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> presta<strong>do</strong><br />

serviço como médico regimental <strong>em</strong> várias unidades<br />

na ilha <strong>do</strong> Faial. Em 1945 iniciou estágio no Serviço de<br />

OAL <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Geral de Santo António, sob a orientação<br />

<strong>do</strong> Dr. Veloso de Pinho. Em 1948, depois de ter obti<strong>do</strong> o título<br />

de especialista, frequentou os Serviços da Especialidade<br />

nos Hospitais Civis de Lisboa e no Estrangeiro. Em<br />

1949 ingressou, como Assistente, na consulta de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong><br />

HOSPITAL INFANTIL MARIA PIA, sen<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> Director<br />

de Serviço <strong>em</strong> 1953. Como consultor de <strong>ORL</strong> fez parte da<br />

Comissão Técnica encarregada de proceder à instalação<br />

e ao equipamento <strong>do</strong> Centro <strong>do</strong> Norte <strong>do</strong> Instituto Português<br />

de Oncologia. Em 1963 foi convida<strong>do</strong> pelo Conselho<br />

Escolar da Faculdade de Medicina <strong>do</strong> Porto para reger<br />

<strong>ORL</strong>, com a categoria de 2º Assistente. Planeou e organizou<br />

o respectivo Serviço no <strong>Hospital</strong> de S. João e assumiu<br />

a sua direcção, que manteve até 1982, ano <strong>em</strong> que foi atin-<br />

gi<strong>do</strong> pelo limite de idade. Foi Vice-Presidente <strong>do</strong> I Congresso<br />

Luso-Espanhol de <strong>ORL</strong>, realiza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Santiago de<br />

Compostela e foi Presidente da Sociedade Portuguesa de<br />

Otorrinolaringologia e Bronco-Esofagologia, de que é<br />

Sócio Honorário. Organizou cursos de aperfeiçoamento no<br />

<strong>Hospital</strong> de S. João e orientou a formação de numerosos<br />

Especialistas. Vogal <strong>do</strong> Colégio da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s Médicos.<br />

HOSPITAL MILITAR<br />

REGIONAL Nº 1<br />

Muito <strong>em</strong>bora a existência de um <strong>Hospital</strong> Militar na cidade<br />

<strong>do</strong> Porto r<strong>em</strong>onte ao ano de 1808, é apenas no ano<br />

de 1854 que se efectuam as primeiras diligências para a<br />

edificação de um hospital militar nesta cidade, construí<strong>do</strong><br />

de raiz e destina<strong>do</strong> a este fim específico. Tal é autoriza<strong>do</strong><br />

por carta de Lei de 18 de Abril de 1854, D. Pedro V.<br />

Sucedeu a D. Pedro V, seu irmão D. Luís, o qual <strong>em</strong> sua m<strong>em</strong>ória<br />

ordenará, através <strong>do</strong> Decreto de Lei n.º 8 de 09 de<br />

Abril de 1862, que o futuro <strong>Hospital</strong> Militar <strong>do</strong> Porto, receba<br />

a denominação de “HOSPITAL MILITAR D. PEDRO V”.<br />

No ano de 1869, sete anos após o início <strong>do</strong>s trabalhos, o<br />

<strong>Hospital</strong> Militar D. Pedro V encontrava-se apenas construí<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> cerca de 1/3, relativamente ao seu projecto. Não<br />

obstante recebe já nesse ano os seus primeiros <strong>do</strong>entes.<br />

Em 1909, com o advento da república, o <strong>Hospital</strong> inicialmente<br />

denomina<strong>do</strong> de D. Pedro V, vê a sua designação alterada<br />

para HOSPITAL MILITAR DO PORTO.<br />

Só <strong>em</strong> 1912, no regime republicano e decorri<strong>do</strong>s 50 anos<br />

<strong>do</strong> início da sua construção e 43 anos desde a instalação<br />

<strong>do</strong>s primeiros <strong>do</strong>entes, entram <strong>em</strong> funcionamento novas<br />

dependências.<br />

Fatidicamente, <strong>em</strong> 1918 o <strong>Hospital</strong> é assola<strong>do</strong> por um incêndio<br />

de grandes proporções que consome grande<br />

parte da fachada <strong>do</strong> edifício e dependências adjacentes.<br />

Ainda assim, as obras de recuperação são levadas a cabo,<br />

estan<strong>do</strong> concluídas <strong>em</strong> 1920.<br />

No ano de 1926 passa a ser designa<strong>do</strong> de HOSPITAL MILI-<br />

TAR REGIONAL N.º1 e <strong>em</strong> 1990 conhece nova e última nomenclatura,<br />

passan<strong>do</strong> desde então a ser conheci<strong>do</strong> como<br />

HOSPITAL MILITAR REGIONAL N.º 1 (D. PEDRO V).<br />

A clínica <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Militar Regional Nº 1 foi instituída<br />

<strong>em</strong> 1913, sen<strong>do</strong> seu primeiro Director o Dr. JOAQUIM JOSÉ<br />

CARDOSO, que foi nomea<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1915 e ocupou o cargo até<br />

1936. Sucedeu-lhe na chefia o Dr. JOSÉ DANIEL DE CARVA-<br />

LHO, médico civil contrata<strong>do</strong>, que esteve <strong>em</strong> exercício<br />

deste Janeiro de 1937 a Agosto de 1939.<br />

Nesta última data foi nomea<strong>do</strong> para a chefia <strong>do</strong> Serviço o<br />

Tenente-Médico Dr. JOAQUIM DE MAGALHÃES OLIVEIRA<br />

BARBOSA, que esteve como Director até 1961, com uma<br />

interrupção de 2 anos <strong>em</strong> que cumpriu uma comissão de<br />

serviço no então Esta<strong>do</strong> Português da Índia.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:10 AM Page 277<br />

Em 1963 assumiu a direcção <strong>do</strong> Serviço o Dr. FRANCISCO<br />

AIRES RIBEIRO DA COSTA, Médico civil contrata<strong>do</strong>, função<br />

que conservou pelo menos até 1984, com duas interrupções,<br />

nomeadamente por ter esta<strong>do</strong> mobiliza<strong>do</strong> <strong>em</strong> Timor<br />

de 1965 a 1967 e porque, de 1966 a 1970, a direcção esteve<br />

a cargo <strong>do</strong> Capitão-Médico Dr. ANTÓNIO JOÃO DE<br />

ALMEIDA CERVEIRA SEABRA (Da<strong>do</strong>s de 1984).<br />

HOSPITAIS PRIVADOS<br />

DE PORTUGAL (HPP) NORTE<br />

O Departamento de Otorrinolaringologia <strong>do</strong>s HPP Norte,<br />

nasceu <strong>em</strong> 1 de Abril 1998, no velho <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Clérigos,<br />

sobre a Coordenação <strong>do</strong> Dr. ANTÓNIO SOUSA VIEIRA<br />

e era composto nessa data por 3 Especialistas, 1 Audiologista<br />

e 1 Fisioterapeuta. Vocaciona<strong>do</strong> para a <strong>ORL</strong> geral<br />

destacou-se desde logo nas áreas da Rinologia, <strong>do</strong> Sono<br />

e da Vertig<strong>em</strong>. Em finais de 1999 com a abertura <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

da Boavista, passa a ter nessa unidade um gabinete<br />

de consulta e toda a actividade cirúrgica, fican<strong>do</strong> o <strong>Hospital</strong><br />

<strong>do</strong>s Clérigos com outro gabinete de consulta e toda<br />

a unidade de exames compl<strong>em</strong>entares. Nesta altura o<br />

corpo clínico passa para 6 el<strong>em</strong>entos. Em Março de 2001<br />

FIGURA 349<br />

vISTA AÉREA DA CIDADE DO PORTO NOS ANOS 40 DO SÉCULO XX<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 277<br />

é realizada, no <strong>Hospital</strong> da Boavista, a 1ª Sessão Científica,<br />

um Workshop sobre Coblation <strong>em</strong> <strong>ORL</strong>, onde foram<br />

realizadas 2 cirurgias ao vivo. Em Junho de 2003 realiza,<br />

o Departamento, o seu 1º Congresso Internacional “Rhinoplasty<br />

2003 - The State of Art”, que teve uma audiência<br />

invulgar de 306 participante de 19 países, de to<strong>do</strong>s os<br />

continentes. Desde então realizou <strong>em</strong> 2005, 2008, 2009 e<br />

2010 os Congressos e Cursos Internacionais “Nose - The<br />

State of Art”. Em 2008 e 2009 são realiza<strong>do</strong>s o“1º e 2º Cursos<br />

de Vertig<strong>em</strong> e Zumbi<strong>do</strong>s”, sob a Coordenação <strong>do</strong> Dr.<br />

Rosmaninho Seabra. Em 2009 é realiza<strong>do</strong> o 1º Curso de<br />

Rinologia para Médicos de Saúde Familiar.<br />

Em 2008, com a desactivação <strong>do</strong> velho <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Clérigos<br />

e a abertura <strong>do</strong> novo <strong>Hospital</strong> da Boavista, passa a<br />

ter toda a sua actividade nesta novíssima unidade, 4 gabinetes<br />

de consulta, e vê renova<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o seu equipamento<br />

de exames compl<strong>em</strong>entares. O quadro médico<br />

passa para 11 Especialistas que são compl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>s por<br />

3 Audiologistas e uma Técnica de Fisioterapia.<br />

Realizou no ano de 2009 um pouco mais de 10.000 consultas<br />

e cerca de 600 intervenções cirúrgicas, afirman<strong>do</strong>-se<br />

como o maior <strong>Hospital</strong> Priva<strong>do</strong> da Região Norte.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:11 AM Page 278<br />

278<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 350<br />

PATEO DA UNIvERSIDADE DE COIMBRA NO SÉC. XIX<br />

COIMBRA<br />

HOSPITAIS DA UNIVERSIDADE<br />

DE COIMBRA<br />

O ano de 1870 foi, na história <strong>do</strong>s Hospitais da Universidade,<br />

um marco de particular importância pois representou<br />

a data <strong>em</strong> que o Liceu foi transferi<strong>do</strong> para o edifício <strong>do</strong><br />

antigo Colégio de S. Bento e o <strong>Hospital</strong> ficou finalmente<br />

instala<strong>do</strong> nos 3 edifícios (São Jerónimo, Colégio das Artes<br />

e Castelo) que utilizou até 1961, altura <strong>em</strong> que o <strong>Hospital</strong><br />

<strong>do</strong> Castelo foi destruí<strong>do</strong> para construção da Cidade Universitária,<br />

continuan<strong>do</strong> os HUC, a viver nos outros 2 edifícios<br />

até ao dia 6 de Março de 1987, data <strong>em</strong> que passou a<br />

ocupar um novo edifício feito expressamente para o<br />

efeito.<br />

O edifício central <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Universidade de Coimbra<br />

é constituí<strong>do</strong> por vários corpos, apresentan<strong>do</strong> o corpo<br />

mais eleva<strong>do</strong> uma planta cruciforme, conten<strong>do</strong> nos seus<br />

braços nascente, sul e poente as enfermarias e os seus<br />

apoios. O braço norte alberga as consultas externas e exames<br />

especiais, além de uma zona de ensino. Faz ainda<br />

parte deste <strong>Hospital</strong>, a Clínica Obstétrica Dr. Daniel de<br />

Matos, o Bloco de Celas e o edifício da antiga maternidade.<br />

As 1208 camas da unidade central repart<strong>em</strong>-se por<br />

unidades de internamento de 33 camas, comportan<strong>do</strong><br />

cada uma dessas unidades, enfermarias de 6, 3 e 1 camas.<br />

O Bloco Operatório (piso +1) é constituí<strong>do</strong> por 12 suites<br />

operatórias. A Unidade de Cuida<strong>do</strong>s Intensivos Polivalentes<br />

(piso +1) t<strong>em</strong> 12 camas e a unidade de Cuida<strong>do</strong>s Coronários<br />

(piso +3) t<strong>em</strong> 6 camas (+ 9 camas de cuida<strong>do</strong>s<br />

intermédios).<br />

A área de Ensino compreende um Auditório de 500 lugares,<br />

<strong>do</strong>is anfiteatros de 100 lugares e três salas <strong>em</strong> cada<br />

Serviço, com capacidade para 45 alunos.<br />

No edifício <strong>do</strong> Centro de Cirurgia Cardiotorácica funciona<br />

o Serviço de Documentação de referência, integran<strong>do</strong> as<br />

32 Bibliotecas existentes nos diversos Serviços.<br />

O Serviço de Urgência (piso 0) com entrada própria, dispõe<br />

de sala de <strong>em</strong>ergência, salas de especialidades, salas<br />

de observação, um posto de Imagiologia com radiologia<br />

e ecografia e duas salas de operações privativas.<br />

A cozinha t<strong>em</strong> capacidade para servir 12.000 refeições e dá<br />

apoio também ao Bloco de Celas e Clínica Obstétrica. A Lavandaria<br />

t<strong>em</strong> capacidade para lavar 1.600 kg de roupa por<br />

hora e pode dar apoio a to<strong>do</strong>s os hospitais de Coimbra.<br />

A Otorrinolaringologia diferencia-se da Medicina Geral,<br />

<strong>em</strong> 1939, para instalar precariamente um posto de consulta<br />

num “vão de escada”, s<strong>em</strong> instrumental médico-cirúrgico,<br />

ten<strong>do</strong> que internar os seus <strong>do</strong>entes na Enfermaria<br />

da Patologia Cirúrgica.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:11 AM Page 279<br />

FIGURA 351<br />

HOSPITAIS DA UNIvERSIDADE DE COIMBRA TAL COMO SÃO EM 2010<br />

Posteriormente, <strong>em</strong> 1950, com a cedência de novas instalações,<br />

organiza <strong>do</strong>is postos de consulta, enfermaria<br />

própria, com enfermag<strong>em</strong> já especializada.<br />

Foi à data, o <strong>Prof</strong>. Dr. GUILHERME PENHA, responsável<br />

pelo Serviço até 1967. Foi então <strong>em</strong>possa<strong>do</strong> como Director<br />

de Serviço, o <strong>Prof</strong>. Dr. CARLOS MIGUÉIS, que se jubilou<br />

<strong>em</strong> 1995.<br />

Uma nova dinâmica levou ao alargamento <strong>do</strong> quadro médico<br />

e de enfermag<strong>em</strong>, ten<strong>do</strong> o Serviço adquiri<strong>do</strong> autonomia,<br />

instalan<strong>do</strong>-se num <strong>do</strong>s pavilhões de Celas, até que<br />

<strong>em</strong> 1987, mu<strong>do</strong>u para o novo <strong>Hospital</strong>, fican<strong>do</strong> no bloco<br />

de Celas, a funcionar um sector de Exames Compl<strong>em</strong>entares<br />

de Diagnóstico.<br />

Em Fevereiro de 1995, tomou posse como Director de Serviço,<br />

o <strong>Prof</strong>. Dr. ANTÓNIO PAIVA.<br />

Retiro <strong>do</strong> excelente sitio da Internet deste serviço algumas<br />

das suas actividades realizadas e outras previstas:<br />

“Decorreu durante os meses de Outubro e Nov<strong>em</strong>bro de<br />

2008, o XVI Curso de Actualização <strong>em</strong> Otorrinolaringologia<br />

para os Médicos Especialistas <strong>em</strong> Medicina Geral e Familiar<br />

da A.R.S. de Coimbra.<br />

Tencionamos levar a efeito, <strong>em</strong> 2010, o 1º CursoTeórico-Prático<br />

sobre a voz e o 7º Curso de Rinoplastia. Em 2011 terá<br />

lugar o 12º Curso de Microcirurgia Otológica e Oto-en<strong>do</strong>scopia.<br />

Serão realizadas cirurgias <strong>em</strong> directo, conferências por<br />

cirurgiões <strong>ORL</strong> de renome e trabalhos práticos de dissecção<br />

<strong>em</strong> cadáver, no Laboratório de Cirurgia Experimental <strong>do</strong>s<br />

HUC”.<br />

FIGURA 352<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 279<br />

UM DOS GABINETES DE CONSULTA E O PROSPECTO DO 6º CURSO DE RINOPLASTIA


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:12 AM Page 280<br />

280<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 353<br />

A CIDADE DE COIMBRA NUMA FOTOGRAFIA DO SÉC. XIX<br />

CENTRO HOSPITALAR<br />

DE COIMBRA<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> CHC iniciou a sua actividade <strong>em</strong><br />

1974, com instalações e um quadro de pessoal muito restritos,<br />

ten<strong>do</strong> ti<strong>do</strong> como seu primeiro Director o Dr. JOSÉ<br />

DIAS.<br />

Em 1 de Janeiro de 1983, sucedeu-lhe o actual Director<br />

<strong>do</strong> Serviço, Dr. MANUEL FILIPE RODRIGUES.<br />

Desde Julho de 1987, por convénio celebra<strong>do</strong> com a Fundação<br />

Bissaya Barreto, a Consulta Externa <strong>do</strong> Serviço está<br />

instalada num Pavilhão <strong>do</strong> Instituto de Sur<strong>do</strong>s de Bencanta.<br />

Em Março de 2003 foi feita a transferência da Consulta<br />

Externa para um novo edifício junto ao <strong>Hospital</strong><br />

Geral <strong>do</strong>s Covões, o que proporcionou ao Serviço, a renovação<br />

e actualização de alguns <strong>do</strong>s seus equipamentos<br />

e melhorar as condições de atendimento aos <strong>do</strong>entes.<br />

A actividade operatória é exercida repartidamente pelo<br />

<strong>Hospital</strong> Geral e pelo <strong>Hospital</strong> Pediátrico <strong>do</strong> CHC, onde o<br />

Serviço assegura também as Urgências da Especialidade<br />

e dá apoio conciliar à Maternidade Bissaya Barreto. Com<br />

a abertura <strong>do</strong> novo Bloco Operatório <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Geral,<br />

o Serviço passou a dispor de equipamentos de LASER<br />

CO2 e Neuronavegação (<strong>em</strong> conjugação com o Serviço<br />

de Neurocirurgia), o que irá permitir desenvolver novos<br />

procedimentos cirúrgicos para algumas patologias da<br />

Especialidade.<br />

Como pontos mais marcantes da actividade científica <strong>do</strong><br />

Serviço, saliento:<br />

• I e II Jornadas Internacionais de Microcirurgia <strong>do</strong> Ouvi<strong>do</strong>,<br />

realizadas <strong>em</strong> 1978 e 1979, nas quais se efectuaram 42<br />

actos operatórios, com transmissão televisiva para o auditório;<br />

• I Congresso Internacional de Implantes Cocleares, <strong>em</strong><br />

Junho de 1986;<br />

• Congresso sobre Surdez Infantil, <strong>em</strong> Maio de 1993;<br />

• II Congresso Internacional de Implantes Cocleares, “l0<br />

anos de Implantes Cocleares <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>”, <strong>em</strong> Maio de<br />

1995;<br />

• I Curso Prático de Rinosseptoplastia, <strong>em</strong> Outubro e Nov<strong>em</strong>bro<br />

de 1996;<br />

• III Congresso Internacional de Implantes Cocleares, <strong>em</strong><br />

Outubro de 2001.<br />

Em 16 de Março de 1985 o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> CHC iniciou,<br />

de forma pioneira <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, o tratamento da surdez<br />

total ou profunda bilateral por implantes cocleares. Até<br />

ao final de 2002 tinham si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s, no Serviço, 201<br />

implantes cocleares.<br />

Após a aposentação <strong>do</strong> Dr. Manuel Filipe Rodrigues <strong>em</strong><br />

Set<strong>em</strong>bro de 2005, o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> CHC foi dirigi<strong>do</strong><br />

pelo Dr. FERNANDO RODRIGUES, até Set<strong>em</strong>bro de 2007.<br />

Durante este perío<strong>do</strong> o Serviço manteve especial <strong>em</strong>penho<br />

na área da implantação coclear b<strong>em</strong> como noutros


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:13 AM Page 281<br />

<strong>do</strong>mínios da cirurgia otológica e naso-sinusal. Foram lança<strong>do</strong>s<br />

protocolos com Especialidades limitrofes da <strong>ORL</strong>,<br />

nomeadamente Oftalmologia e Neurocirurgia desenvolven<strong>do</strong>-se<br />

procedimentos cirúrgicos <strong>em</strong> áreas comuns,<br />

como sejam a dacriocistorinostomia en<strong>do</strong>scópica e abordag<strong>em</strong><br />

trans-nasal da hipófise.<br />

Com a aposentação <strong>do</strong> Dr. Fernan<strong>do</strong> Rodrigues <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro<br />

de 2007, foi a Direcção <strong>do</strong> Serviço confia<strong>do</strong> ao seu<br />

actual Director, Dr. CARLOS RIBEIRO.<br />

Actualmente (2010) o Serviço mantém grande actividade<br />

na área <strong>do</strong>s implantes cocleares, ten<strong>do</strong> já, implanta<strong>do</strong> 570<br />

<strong>do</strong>entes.<br />

Desenvolve trabalhos de investigação nos <strong>do</strong>mínios da<br />

genética e surdez, implantação coclear bimodal, percepção<br />

da música através de implante coclear, <strong>em</strong> conjunto<br />

com outros organismos nacionais e internacionais. T<strong>em</strong><br />

também <strong>em</strong> curso a elaboração de um protocolo de validação<br />

de resulta<strong>do</strong>s de reabilitação por implante coclear<br />

dirigi<strong>do</strong> à língua portuguesa.<br />

Em Outubro de 2009, o Serviço foi convida<strong>do</strong> para integrar<br />

o Grupo Ibero-Americano de Implantes Cocleares e<br />

Ciências Afins, na qualidade de sócio funda<strong>do</strong>r.<br />

Em 24 de Nov<strong>em</strong>bro de 2009 o Serviço de <strong>ORL</strong>, <strong>do</strong> CHC<br />

aplicou pela primeira vez <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> um implante coclear<br />

híbri<strong>do</strong>.<br />

FIGURA 355<br />

COIMBRA CERCA DE 1930<br />

FIGURA 354<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 281<br />

FOLHETO DAS I JORNADAS DE IMPLANTES COCLEARES EM 1986


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:14 AM Page 282<br />

282<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

HOSPITAL MILITAR REGIONAL<br />

Nº 2 E Nº 3<br />

O estabelecimento foi cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1911 como <strong>Hospital</strong> Militar<br />

de Coimbra, sen<strong>do</strong> instala<strong>do</strong> no edifício <strong>do</strong> antigo<br />

Convento de Santa Teresa. Em 1918 passou para o edifício<br />

que ainda hoje ocupa, o qual havia si<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

1606 pelos Carmelitas e que havia servi<strong>do</strong> de Colégio Universitário<br />

de S. José <strong>do</strong>s Marianos (1606-1848), de <strong>Hospital</strong><br />

<strong>do</strong>s Lázaros (1848-1851) e de Real Colégio das Chagas<br />

(1851-1910). Na sequência da reorganização <strong>do</strong> Exército<br />

de 1926, o estabelecimento passa a ser o hospital da 2ª<br />

Região Militar, com a designação de “<strong>Hospital</strong> Militar Regional<br />

nº 2” que foi mantida até hoje.<br />

A <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HOSPITAL MILITAR REGIONAL Nº 2 esteve s<strong>em</strong>pre<br />

entregue a Especialistas civis contrata<strong>do</strong>s, com uma<br />

única excepção.<br />

FIGURA 356<br />

REALIZAÇÃO DE UMA RADIOGRAFIA A CÉU ABERTO EM PARIS DURANTE A 1ª GRANDE GUERRA<br />

E assim, foi seu primeiro responsável, o Dr. BRITO SUBTIL,<br />

por volta de 1940, seguin<strong>do</strong>-se-lhe o Dr. ANTÓNIO JOA-<br />

QUIM ARRUDA, que se manteve <strong>em</strong> exercício até 1974.<br />

A seguir o Serviço esteve a cargo <strong>do</strong> Médico Militar na reserva<br />

Dr. AIRES RODRIGUES, até 1977.<br />

Desde então e até 1984 foi Chefe <strong>do</strong> Serviço, o Médico<br />

Civil contrata<strong>do</strong> Dr. JOSÉ DIAS.<br />

No HOSPITAL MILITAR REGIONAL N.º 3, <strong>em</strong> TOMAR, o Serviço<br />

de <strong>ORL</strong>, pequeno e limita<strong>do</strong>, esteve desde o início entregue<br />

ao Médico Civil contrata<strong>do</strong> Dr. JAIME FERREIRA,<br />

que exerceu a sua actividade até ao falecimento <strong>em</strong> 1983.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:14 AM Page 283<br />

FIGURA 357<br />

ASPECTO DE UMA ENFERMARIA EM 1917<br />

OUTROS HOSPITAIS<br />

ABRANTES<br />

HOSPITAL DR. MANOEL<br />

CONSTÂNCIO<br />

A unidade de Abrantes foi fundada <strong>em</strong> 1483 pelo Conde<br />

de Abrantes, Dom Lopo de Almeida, e sua esposa, Dona<br />

Brites da Silva. D. João II, <strong>em</strong> 1488, ordenou que to<strong>do</strong>s os<br />

hospitais e albergarias de Abrantes se juntass<strong>em</strong> para formar<br />

um único hospital, o que só veio a concretizar-se <strong>em</strong><br />

1530, coincidin<strong>do</strong> com a sua integração na Misericórdia,<br />

fundada <strong>em</strong> 1529. Manteve-se na dependência da Misericórdia<br />

até 1975, momento <strong>em</strong> que passou para a tutela<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Em 1979, o Ministério da Saúde man<strong>do</strong>u construir<br />

o actual edifício, o qual foi inaugura<strong>do</strong> <strong>em</strong> 25 de Outubro<br />

de 1985.<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> foi cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1952 e ficou dele encarrega<strong>do</strong><br />

o Dr. ANTÓNIO MORENO JÚNIOR. Dispõe de consulta<br />

externa, internamento e atendimento de urgências<br />

por chamadas. Todas as consultas, incluin<strong>do</strong> a de <strong>ORL</strong>, estiveram<br />

mal instaladas na sede <strong>do</strong> Serviço de Urgência,<br />

por não haver outro espaço disponível, até que <strong>em</strong> 1976<br />

uma parte <strong>do</strong> Convento de S. Domingos foi cedida pela<br />

Câmara Municipal, para aí se instalar<strong>em</strong> todas as consultas<br />

externas (da<strong>do</strong>s de 1984).<br />

A necessidade de rentabilizar recursos humanos, financeiros<br />

e técnicos, promoven<strong>do</strong> a compl<strong>em</strong>entaridade, originou<br />

a constituição <strong>do</strong> Grupo <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> Médio Tejo,<br />

através da Portaria n.º 209/2000, de 6 de Abril. Os Hospitais<br />

Distritais de Abrantes, Tomar e Torres Novas, <strong>em</strong>bora<br />

manten<strong>do</strong> a sua natureza de pessoas colectivas públicas<br />

com autonomia administrativa e financeira, passaram a<br />

estar sujeitos a uma coordenação comum.<br />

Em 2001, a Portaria 1277, de 13 de Nov<strong>em</strong>bro extinguiu<br />

os três Hospitais Distritais e integrou-os numa única instituição,<br />

com uma gestão comum e integrada: O Centro<br />

<strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> Médio Tejo.<br />

Em Dez<strong>em</strong>bro de 2002, o Decreto-Lei n.º 301/2002 transformou<br />

o Centro <strong>Hospital</strong>ar <strong>em</strong> sociedade anónima de capitais<br />

exclusivamente públicos, com a designação de<br />

Centro <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> Médio Tejo, S.A.<br />

A última alteração é feita <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro de 2005, através<br />

<strong>do</strong> Decreto-Lei n.º 233/2005, que transforma os 31 Hospitais<br />

S.A. <strong>em</strong> Entidades Públicas Empresariais, E.P.E.<br />

ÁGUEDA<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 283<br />

HOSPITAL DISTRITAL DE AGUEDA<br />

No dia 15 de Agosto de 1922 foi inaugura<strong>do</strong> solen<strong>em</strong>ente,<br />

no edifício actual, o então denomina<strong>do</strong> HOSPITAL-ASYLO<br />

CONDE SUCENA.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:14 AM Page 284<br />

284<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

V<strong>em</strong> desde 1449, de 18 de Nov<strong>em</strong>bro desse ano, que D.<br />

Afonso V nomeia Afonso Anes como Prove<strong>do</strong>r e Administra<strong>do</strong>r<br />

da Albergaria de Águeda. Aí começa a história <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> de Águeda, que começou a funcionar na Rua <strong>do</strong><br />

Barril e no Largo de Nossa Senhora da Boa Morte. Em<br />

1901, o edifício é d<strong>em</strong>oli<strong>do</strong> por não ter condições higiénicas.<br />

Então, o Conde Sucena, Prove<strong>do</strong>r da Santa Casa da Misericórdia<br />

de Águeda, decide avançar, ele, com a construção<br />

de um novo e amplo edifício, que <strong>em</strong> 1904 já estava<br />

a ser coberto, para <strong>em</strong> 1907 reunir ali, pela primeira vez,a<br />

Mesa Administrativa da Misericórdia.<br />

Nos finais <strong>do</strong> ano de 1909, o hospital estava concluí<strong>do</strong> razoavelmente<br />

apetrecha<strong>do</strong> para a época.<br />

O <strong>Hospital</strong>-Asilo Conde Sucena, s<strong>em</strong>pre administra<strong>do</strong><br />

pela Santa Casa da Misericórdia de Águeda, veio a ser nacionaliza<strong>do</strong>,<br />

tal como outros, <strong>em</strong> 1975, para <strong>em</strong> 1976 ter<br />

a sua primeira comissão instala<strong>do</strong>ra como hospital concelhio.<br />

Em 1978, constitui-se então o Centro <strong>Hospital</strong>ar<br />

Aveiro/Sul, com os hospitais de Aveiro e Águeda, passan<strong>do</strong><br />

assim o <strong>Hospital</strong> de Águeda a Distrital, com carreiras<br />

médicas e serviço de urgência permanente. Em 1988<br />

desfez-se o Centro <strong>Hospital</strong>ar Aveiro/Sul e o <strong>Hospital</strong> de<br />

Águeda passou a designar-se <strong>Hospital</strong> Distrital de<br />

Águeda, com autonomia administrativa, que ainda hoje<br />

possui.<br />

O <strong>Hospital</strong> de Águeda foi amplamente r<strong>em</strong>odela<strong>do</strong> e apetrecha<strong>do</strong>,<br />

e assiste hoje, os <strong>do</strong>entes <strong>do</strong>s concelhos de<br />

Águeda e Sever <strong>do</strong> Vouga, além <strong>do</strong>s sinistra<strong>do</strong>s e outras<br />

urgências da região.<br />

A Especialidade de <strong>ORL</strong> existe desde 1929, com consulta<br />

e internamento. De início, o Serviço esteve a cargo <strong>do</strong> Dr.<br />

MANUEL PINTO que, a partir de determinada altura, teve<br />

como colabora<strong>do</strong>r o Dr. AMILCAR PINHO E MELO, o qual<br />

veio a suceder ao Dr. Manuel Pinto na direcção <strong>do</strong> Serviço.<br />

Entre 1973 e 1980, mas por curtos perío<strong>do</strong>s, exerceram a<br />

sua actividade neste <strong>Hospital</strong>, como Especialistas, os Drs.<br />

Francisco Garcia da Rosa, Manuel Tavares Valério e Oscar<br />

Sérgio de Almeida Neves (da<strong>do</strong>s de 1984).<br />

ALMADA<br />

HOSPITAL GARCIA DE ORTA<br />

Presta cuida<strong>do</strong>s de saúde aos concelhos de Almada, Seixal<br />

e Sesimbra, com uma densidade populacional de cerca<br />

de 450.000 habitantes fixos, estiman<strong>do</strong>-se que na época<br />

balnear a população atinja um milhão de habitantes.<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> de Almada teve início <strong>em</strong><br />

1950, data <strong>em</strong> que foi criada a vaga de Especialidade de<br />

<strong>ORL</strong> <strong>do</strong> quadro, que foi preenchida pelo Dr. JOSÉ NOBRE<br />

LEITÃO, coadjuva<strong>do</strong> pelo Dr. AMÍLCAR CASEIRO que <strong>do</strong>is<br />

anos depois o viria a substituir ten<strong>do</strong> assumi<strong>do</strong> a Direcção<br />

<strong>do</strong> Serviço de 1952 a 1983, altura <strong>em</strong> que pediu a sua<br />

exoneração.<br />

De 1950 a 1967, o Internamento fazia-se nos Serviços Gerais<br />

de Medicina e Cirurgia, e <strong>em</strong> 1967 foi cria<strong>do</strong> um Serviço<br />

autónomo com a lotação de 5 camas.<br />

Em 1982 foi aberta uma vaga de Assistente <strong>Hospital</strong>ar da<br />

Carreira Médica, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> provi<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1983, o Dr. JOÃO<br />

ANTÓNIO MARTA PIMENTEL que passou a ser responsável<br />

pela Direcção <strong>do</strong> Serviço que equipou com material<br />

que lhe permitia efectuar a grande maioria das intervenções<br />

cirúrgicas da Especialidade, nomeadamente as <strong>do</strong><br />

âmbito da microcirurgia.<br />

No dia 1 de Set<strong>em</strong>bro de 1991 foi inaugura<strong>do</strong> o novo <strong>Hospital</strong><br />

de Almada que passou a denominar-se de HOSPITAL<br />

GARCIA DE ORTA (HGO, com a lotação de 630 camas,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> indigita<strong>do</strong>, pela Comissão Instala<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> novo<br />

<strong>Hospital</strong>, o Dr. João Marta Pimentel para Director <strong>do</strong> Serviço<br />

de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial.<br />

Após a sua reestruturação, o Serviço de <strong>ORL</strong> passou a dispor<br />

de um Internamento de 24 camas, três gabinetes autónomos<br />

de Consulta Externa, um gabinete de Urgência<br />

e uma suite operatória reservada ao Serviço de <strong>ORL</strong> no<br />

Bloco Operatório Geral. Contava nesta altura com um<br />

quadro de recursos humanos que incluía: 2 Chefes de Serviço<br />

e 9 Assistentes <strong>Hospital</strong>ares de <strong>ORL</strong>, 1 Chefe de Serviço<br />

e 2 Assistentes <strong>Hospital</strong>ares de Maxilo-Facial, 2<br />

Técnicos de Audiologia e 2 Terapeutas da Fala.<br />

Em Nov<strong>em</strong>bro de 2008, o Dr. João Marta Pimentel reforma-se,<br />

ten<strong>do</strong> assumi<strong>do</strong> a Direcção <strong>do</strong> Serviço o Dr. LUÍS<br />

ALBERTO CARVALHO JERÓNIMO ANTUNES, até então e<br />

nos 4 anos precedentes, Director Clínico <strong>do</strong> HGO. Nesta<br />

data, o Serviço é novamente reestrutura<strong>do</strong> e equipa<strong>do</strong><br />

com equipamentos actuais compatíveis com as novas tecnologias<br />

disponíveis.<br />

Assim, actualmente o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HGO possui um<br />

Internamento de 24 camas, 3 gabinetes autónomos de<br />

Consulta Externa, 1 gabinete de Urgência, 1 suite operatória<br />

no Bloco Operatório Geral, 1 gabinete de Audiologia,<br />

1 gabinete de Terapia da Fala, 1 gabinete de<br />

En<strong>do</strong>scopia e 1 gabinete de Otoneurologia e Reabilitação<br />

vestibular. Relativamente aos recursos humanos, o Serviço<br />

dispõe de, para além <strong>do</strong> Director de Serviço - Dr. Luís<br />

Antunes -, e na área médica, 1 Chefe de Serviço, 4 Assistentes<br />

Gradua<strong>do</strong>s e 5 Assistentes <strong>Hospital</strong>ares de <strong>ORL</strong>, 1<br />

Assistente <strong>Hospital</strong>ar de Maxilo-Facial, 3 Internos <strong>do</strong> Internato<br />

Compl<strong>em</strong>entar e ainda 2 Terapeutas da Fala e 3<br />

Audiologistas.<br />

O Departamento de Exames Compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico<br />

<strong>do</strong> Serviço engloba os seguintes Sectores:<br />

- Audiologia - este sector t<strong>em</strong> à sua disposição to<strong>do</strong> o<br />

equipamento necessário à realização de audiometria <strong>do</strong><br />

adulto e infantil, impedanciometria e oto<strong>em</strong>issões.<br />

Desde 2009, realiza o Rastreio Universal da Surdez Infantil<br />

com uma taxa de cobertura de 95%;


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:15 AM Page 285<br />

- Otoneurologia e Reabilitação Vestibular - realiza exames<br />

de rastreio e diagnóstico da surdez <strong>em</strong> compl<strong>em</strong>entaridade<br />

com o sector de Audiologia estan<strong>do</strong> equipa<strong>do</strong> com<br />

Potenciais evoca<strong>do</strong>s auditivos automáticos e clássicos.<br />

No que concerne à patologia vestibular, este sector, possui<br />

o equipamento necessário para o diagnóstico e Reabilitação<br />

através da Videonistagmografia e Posturografia.<br />

Em 2010, passou ainda a dispor de Posturografia para<br />

reabilitação vestibular com realidade virtual;<br />

- En<strong>do</strong>scopia - equipada com en<strong>do</strong>scópios rígi<strong>do</strong>s e flexíveis,<br />

de adulto e pediatria, estroboscopia laríngea com<br />

monitor, printer e videograva<strong>do</strong>r.<br />

O Serviço possui ainda uma Unidade de Terapia da Fala,<br />

que trabalha <strong>em</strong> compl<strong>em</strong>entaridade com o Sector de En<strong>do</strong>scopia,<br />

habilitada no diagnóstico e reabilitação de toda<br />

a patologia da voz, fala, linguag<strong>em</strong> e deglutição, <strong>em</strong> crianças<br />

e adultos, e equipada com software de análise acústica<br />

vocal e electroglotógrafo.<br />

Este Serviço possui i<strong>do</strong>neidade <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po total para formar<br />

internos <strong>do</strong> Internato compl<strong>em</strong>entar de 17 de Janeiro<br />

de 1993, atribuída pela Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s Médicos.<br />

O Serviço organizou, anualmente, entre 1993 e 1998 as<br />

“Jornadas de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HGO”data <strong>em</strong> que passou a estar envolvi<strong>do</strong><br />

na organização <strong>do</strong>s Congressos Nacionais de <strong>ORL</strong><br />

da Sociedade Portuguesa de <strong>ORL</strong> e Cirurgia Cérvico-Facial.<br />

Em 2009, foram retomadas as Jornadas de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong><br />

HGO que se realizam anualmente e que contam com a<br />

presença de ilustres convida<strong>do</strong>s de renome da Otorrinolaringologia<br />

Portuguesa e Internacional.<br />

No campo da prevenção, o Serviço dedica-se desde 2009<br />

à realização de Rastreio Universal da Surdez e ao Rastreio<br />

de Patologia Vocal, este, inseri<strong>do</strong> no âmbito das com<strong>em</strong>orações<br />

<strong>do</strong> Dia Mundial da Voz.<br />

FIGURA 358<br />

UMA SALA DE OPERAÇÕES EM 1917<br />

AMADORA<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 285<br />

HOSPITAL PROF. DR.<br />

FERNANDO FONSECA<br />

Em 2010, o Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

<strong>Prof</strong>. Dr. Fernan<strong>do</strong> Fonseca fez 15 anos de actividade ininterrupta.<br />

Foi <strong>em</strong> 1995 que o referi<strong>do</strong> serviço foi inaugura<strong>do</strong><br />

sob a direcção <strong>do</strong> Dr. VICTOR GABÃO VEIGA, função<br />

essa que ainda des<strong>em</strong>penha.<br />

Na altura, o <strong>Hospital</strong> <strong>Prof</strong>. Dr. Fernan<strong>do</strong> Fonseca era uma<br />

unidade hospitalar de características únicas, uma vez que<br />

foi o primeiro <strong>Hospital</strong> Público com gestão privada, no<br />

caso, o Grupo Mello Saúde, e foi também o primeiro hospital<br />

Português a ser credita<strong>do</strong> pelo King’s Fund. Em Janeiro<br />

de 2009 o <strong>Hospital</strong> passou a E.P.E.<br />

Inicialmente, o serviço de <strong>ORL</strong> deste <strong>Hospital</strong> contava<br />

com quatro Especialistas além <strong>do</strong> Dr. Gabão Veiga, nomeadamente<br />

o Dr. José Silva Alves, o Dr. João Prata, a Dra.<br />

Laura Moreira, e o Dr. Pedro Henriques. Desde essa data,<br />

e fruto das crescentes actividades médico-cirúrgicas, o<br />

quadro de Especialistas t<strong>em</strong> vin<strong>do</strong> a aumentar, contan<strong>do</strong><br />

neste momento com <strong>do</strong>ze Especialistas, onde se inclu<strong>em</strong><br />

cinco gradua<strong>do</strong>s.<br />

Em 1998 recebeu a primeira Interna de Especialidade, e<br />

actualmente encontram-se <strong>em</strong> formação quatro Internos.<br />

Faz<strong>em</strong> parte integrante <strong>do</strong> Serviço, duas Terapeutas da<br />

Fala, <strong>em</strong> estreita colaboração com a consulta de surdez<br />

infantil e com a consulta de patologia vocal, e quatro Audiologistas.<br />

Durante estes anos, o Serviço t<strong>em</strong> vin<strong>do</strong> a organizar várias<br />

Reuniões e Jornadas, ten<strong>do</strong> participa<strong>do</strong> <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

Congressos Nacionais, e teve ainda a seu cargo a realização<br />

independente <strong>do</strong> Congresso Luso-Espanhol <strong>em</strong> 2004,<br />

<strong>em</strong> Lisboa.<br />

Igualmente, conta com uma activa participação nas Jornadas<br />

de Otoneurologia <strong>em</strong> 2009 e 2010.<br />

O Serviço t<strong>em</strong> actualmente quatro consultas de especialidade<br />

<strong>em</strong> funcionamento. A consulta de roncopatia, a<br />

consulta de surdez infantil, a consulta de vertig<strong>em</strong> e a<br />

consulta de patologia vocal.<br />

Em 2009, num estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> pela Escola Nacional de<br />

Saúde Pública, foi atribuí<strong>do</strong> o primeiro lugar no ranking<br />

nacional, ao serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

<strong>Prof</strong>. Dr. Fernan<strong>do</strong> Fonseca, pelo des<strong>em</strong>penho e qualidade<br />

de serviços presta<strong>do</strong>s.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:16 AM Page 286<br />

286<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 359<br />

AvEIRO NUMA FOTOGRAFIA CERCA DE 1860<br />

AVEIRO<br />

HOSPITAL INFANTE D. PEDRO<br />

O HOSPITAL INFANTE D. PEDRO, <strong>em</strong> Aveiro, serve uma população<br />

de cerca de 386.000 habitantes, proveniente de<br />

<strong>do</strong>ze Concelhos <strong>do</strong> Baixo Vouga, articulan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> rede,<br />

de forma compl<strong>em</strong>entar, com os Hospitais Distritais de Estarreja<br />

e Águeda.<br />

A história <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Infante D. Pedro, Aveiro, r<strong>em</strong>onta a<br />

1901, quan<strong>do</strong> é iniciada a construção <strong>do</strong> novo hospital,<br />

concluin<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> finais de 1915, ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> o nome<br />

de HOSPITAL DA MISERICÓRDIA DE AVEIRO.<br />

Sofreu ao longo <strong>do</strong> século XX diversas r<strong>em</strong>odelações e aumentos<br />

de mo<strong>do</strong> a assegurar, de uma forma mais eficaz,<br />

a cobertura hospitalar da parte sul <strong>do</strong> distrito de Aveiro.<br />

Em 1976 recebeu a nova designação de HOSPITAL DIS-<br />

TRITAL DE AVEIRO, com a previsão inicial de um <strong>Hospital</strong><br />

Distrital de pouco mais de 300 camas, compreende actualmente<br />

cerca de 417.<br />

Em Dez<strong>em</strong>bro de 2002, deu-se um novo passo fundamental<br />

no desenvolvimento deste hospital, pois foi incluí<strong>do</strong> no<br />

grupo <strong>do</strong>s trinta e um hospitais que passaram a ter um estatuto<br />

de Sociedade Anónima, o que lhe conferiu um diferente<br />

mo<strong>do</strong> de actuação, passan<strong>do</strong> a designar-se <strong>Hospital</strong><br />

Infante D. Pedro, S.A.<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> existe desde 4 de Agosto de 1944, por<br />

deliberação da mesa administrativa da Misericórdia de<br />

Aveiro, que elaborou pela primeira vez o quadro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>.<br />

O primeiro Director de serviço foi o Dr. ARMANDO SEABRA<br />

que estagiou <strong>em</strong> França com o <strong>Prof</strong>essor George Portmann.<br />

Depois, vieram o Dr. FERREIRA DA COSTA e <strong>em</strong> especial o<br />

Dr. CARLOS SEABRA que acumulava com os Hospitais da<br />

Universidade de Coimbra.<br />

Depois da integração <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Misericórdia de<br />

Aveiro no quadro <strong>Hospital</strong>ar Nacional <strong>em</strong> 08/02/74, publica<strong>do</strong><br />

no Diário <strong>do</strong> Governo, aparece a <strong>ORL</strong> neste <strong>Hospital</strong><br />

Distrital como Serviço propriamente dito, sen<strong>do</strong> o<br />

Director de Serviço o Dr. Carlos Seabra, que é o Director<br />

Oficial nesta situação.<br />

Com a construção <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> novo, pelas construções<br />

<strong>Hospital</strong>ares <strong>do</strong> Ministério da Saúde e Assuntos Sociais, o<br />

Serviço de <strong>ORL</strong> passa, a partir de 1976, a ter autonomia<br />

de espaços quer a nível de Internamento, quer a nível de<br />

Consultas e Ambulatório.<br />

Nesta altura, passa por este Serviço, interinamente e provisoriamente<br />

por impossibilidade <strong>do</strong> Dr. Carlos Seabra<br />

poder continuar e acumular com o lugar de Chefe de Serviço<br />

de <strong>ORL</strong> de HUC, o Dr. Fernan<strong>do</strong> Rodrigues que aqui<br />

esteve muito pouco t<strong>em</strong>po, ven<strong>do</strong> chegar o Dr. Manuel<br />

Valério após o Concurso Nacional nos Hospitais Civis de


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:18 AM Page 287<br />

Lisboa, <strong>em</strong>bora este pertencesse ao Quadro <strong>do</strong>s HUC e<br />

estivesse <strong>em</strong> Aveiro, desde alguns meses <strong>em</strong> regime de<br />

destacamento.<br />

Em 1976, o Dr. MANUEL VALÉRIO é nomea<strong>do</strong> oficialmente<br />

Responsável <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong>.<br />

Em 1978 é nomea<strong>do</strong> o Dr. Manuel Valério, Director <strong>do</strong> Serviço<br />

com Publicação <strong>em</strong> Diário da República, cargo que<br />

manteve até Julho de 2002, por Aposentação da Função<br />

Pública com o grau de Chefe de Serviço.<br />

Esteve aquele Médico, sozinho e responsável por to<strong>do</strong> o<br />

funcionamento <strong>do</strong> Serviço (Cirurgias, Consultas e Urgências)<br />

de 1976 a 1983, data <strong>em</strong> que chega ao Serviço o 1º<br />

Interno <strong>do</strong> Internato Compl<strong>em</strong>entar, o Dr. António Matos<br />

Gonçalves que aqui permaneceu até 1989, altura <strong>em</strong> que<br />

ingressou no quadro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital de Braga, mediante<br />

Concurso Nacional após conclusão <strong>do</strong> Internato<br />

Compl<strong>em</strong>entar.<br />

Em 1986, chega ao Serviço o Médico Especialista Dr. J.<br />

Lourenço Costa; na realidade era o 2º Médico <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> Quadro<br />

da história <strong>do</strong> Serviço, vin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s HUC.<br />

Em 1989 conclui aqui o 2º Médico Interno de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> Serviço,<br />

o Dr. J. Pitorra Monteiro que faz parte <strong>do</strong> Quadro <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong>.<br />

Em 1993, o 3º Médico Interno de <strong>ORL</strong>, Dr. J. Ferreira<br />

Romão, conclui também o Internato Compl<strong>em</strong>entar, que<br />

pertence agora ao Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s HUC.<br />

Em 1998, entrou para o Serviço o Dr. Felgueiras Pinto, Especialista<br />

pelos HUC.<br />

O Serviço colaborou na formação com outros Serviços <strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> e com o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s HUC, <strong>em</strong> sessões de<br />

pós-graduação de Clínicos Gerais, também <strong>em</strong> várias,<br />

com a ARS de Aveiro.<br />

Colaborou com o Serviço escolar de rastreio escolar de<br />

crianças surdas <strong>em</strong> Aveiro, da administração da ARS <strong>do</strong><br />

Centro.<br />

Colaborou <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s de Terapêutica e apresentação Pública<br />

de novos medicamentos com ensaios clínicos e mesasre<strong>do</strong>ndas<br />

com vários laboratórios Nacionais e Estrangeiros.<br />

Colaborou também, com a Saúde Pública de Águeda e<br />

com o Ministério <strong>do</strong> trabalho <strong>em</strong> estu<strong>do</strong>s de Toxicidade<br />

<strong>em</strong> <strong>ORL</strong> de operários <strong>em</strong> contacto com metais pesa<strong>do</strong>s.<br />

Este Serviço co-organizou, <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro de 1987, as primeiras<br />

Jornadas Internacionais de <strong>ORL</strong>, <strong>em</strong> Aveiro, com<br />

colegas de Coimbra.<br />

Publicou e apresentou várias dezenas de trabalhos, <strong>em</strong><br />

especial durante to<strong>do</strong> o t<strong>em</strong>po que esteve a funcionar no<br />

Internato Compl<strong>em</strong>entar de <strong>ORL</strong>, até cerca de 1997.<br />

Colaborou activamente na última reunião <strong>do</strong> Núcleo <strong>do</strong><br />

Centro da Sociedade de <strong>ORL</strong> que se realizou <strong>em</strong> Coimbra<br />

no ano de 2000, com trabalhos, palestras e patrocínio de<br />

Sessões Científicas.<br />

Participação de vários el<strong>em</strong>entos <strong>do</strong> serviço <strong>em</strong> Júris de<br />

concurso e Habilitação ao grau da Especialidade.<br />

Co-organizou o Congresso Nacional de <strong>ORL</strong> <strong>em</strong> Aveiro <strong>em</strong><br />

2002, com o Vice-Presidente, <strong>Prof</strong>. Dr. A. Paiva. Em 2002<br />

dá-se a saída por aposentação, <strong>do</strong> Dr. M. Valério.<br />

BARCELOS<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 287<br />

HOSPITAL STA. MARIA MAIOR<br />

Neste <strong>Hospital</strong> iniciou-se a consulta externa de <strong>ORL</strong> <strong>em</strong><br />

1970, s<strong>em</strong> carácter oficial, a cargo <strong>do</strong> Dr. RAUL FERREIRA DA<br />

SILVA, Chefe de Serviço <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Geral de Santo António<br />

<strong>do</strong> Porto, e <strong>do</strong> Dr. Costa Maia, Assistente <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong><br />

mesmo <strong>Hospital</strong>.<br />

Em 1975 iniciou a sua actividade <strong>em</strong> Barcelos o Dr. Antero<br />

A<strong>do</strong>lfo Beleza Braga.<br />

Em 1976, o Dr. Ferreira da Silva deixou o seu lugar de consultor,<br />

fican<strong>do</strong> o Dr. Costa Maia como tarefeiro e apenas<br />

para a consulta, e assumin<strong>do</strong> o Dr. ANTERO BELEZA<br />

BRAGA a direcção <strong>do</strong> Serviço, com a categoria de Assistente<br />

<strong>Hospital</strong>ar.<br />

FIGURA 360<br />

BARCELOS NO 1º QUARTEL DO SÉCULO XX


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:18 AM Page 288<br />

288<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

BARREIRO<br />

HOSPITAL NOSSA SENHORA<br />

DO ROSÁRIO<br />

Inaugura<strong>do</strong> a 18 de Janeiro de 1959 e dirigi<strong>do</strong> pela Santa<br />

Casa da Misericórdia, o HOSPITAL NOSSA SENHORA DO<br />

ROSÁRIO consistia numa estrutura mais pequena e<br />

menos diferenciada, que funcionou durante quase 30<br />

anos, com cerca de 115 camas.<br />

O edifício actual foi inaugura<strong>do</strong> no dia 17 de Set<strong>em</strong>bro de<br />

1985, com maior número de Especialidades e de camas<br />

(cerca de 500), passan<strong>do</strong> a ser designa<strong>do</strong> de HOSPITAL<br />

DISTRITAL DO BARREIRO.<br />

Em Set<strong>em</strong>bro de 1995 viu a sua designação ser alterada<br />

para HOSPITAL NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO - BARREIRO.<br />

A actividade na área de <strong>ORL</strong> nesta cidade <strong>do</strong> Barreiro, iniciou-se<br />

<strong>em</strong> 1976 no antigo <strong>Hospital</strong> da Misericórdia,<br />

ten<strong>do</strong> nessa altura como único Médico o Dr. JOÃO NUNES<br />

MONTEIRO FEIJÃO.<br />

Este Médico manteve-se <strong>em</strong> funções praticamente sozinho,<br />

até ao início da década de 80, altura <strong>em</strong> que o quadro<br />

foi integra<strong>do</strong> por mais três médicos: Dr. Costa e Silva,<br />

Dr. José Romão e Dr. Paulo Levy.<br />

O <strong>Hospital</strong> tinha instalações muito precárias, dispon<strong>do</strong> inclusivamente<br />

de um Departamento de Audiometria que<br />

funcionava num velho edifício a cerca de 1 Km <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>,<br />

<strong>em</strong>bora já dispusesse de microscópio cirúrgico.<br />

Em 17/09/1985 é inaugura<strong>do</strong> o novo <strong>Hospital</strong> já com instalações<br />

muito mais dignas, mas por razões várias (aposentações<br />

e transferências), apenas transitou para o novo<br />

<strong>Hospital</strong> o Dr. João Nunes Monteiro Feijão, que era e continuou<br />

a ser o Director <strong>do</strong> serviço.<br />

Em 1985 o Serviço admite pela primeira vez um Interno,<br />

o Dr. José António Alves Pinto Carmona.<br />

Em 1986 entram no Serviço o Dr. João Ribeiro Mendes e<br />

posteriormente o Dr. José Jorge Oliveira Almeida e o Dr.<br />

Arlin<strong>do</strong> Palma Rodrigues, to<strong>do</strong>s Assistentes <strong>Hospital</strong>ares.<br />

Em Dez<strong>em</strong>bro de 1996, o Dr. João Nunes Monteiro Feijão,<br />

até então Director <strong>do</strong> serviço, reformou-se, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong><br />

Director <strong>do</strong> Serviço, o Dr. JOÃO RIBEIRO MENDES.<br />

Em final da década de 90 esteve também neste Serviço o<br />

Dr. José António Peres de Sousa, que posteriormente se<br />

transferiu para o <strong>Hospital</strong> D. Estefânia, ten<strong>do</strong> ainda exerci<strong>do</strong><br />

funções no Serviço, o Dr. José Manuel Gomes de<br />

Castro.<br />

O quadro era <strong>em</strong> 2003 constituí<strong>do</strong> por um Chefe de Serviço<br />

e cinco Assistentes.<br />

Director-Chefe de Serviço - Dr. João Ribeiro Mendes.<br />

Dispunha de um Departamento de Audiometria com<br />

Audio IPD e Potenciais Evoca<strong>do</strong>s, de bom equipamento<br />

no bloco operatório, e quatro gabinetes de consulta.<br />

A área de influência abrangia <strong>em</strong> 2003 os concelhos <strong>do</strong><br />

Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, e efectua cerca de<br />

4.000 consultas por ano e cerca de 300 cirurgias electivas<br />

para além <strong>do</strong> apoio à urgência (consultas e cirurgia).


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:18 AM Page 289<br />

FIGURA 361<br />

BEJA NUMA FOTOGRAFIA DE CAMACHO CERCA DE 1870<br />

BEJA<br />

HOSPITAL JOSÉ JOAQUIM<br />

FERNANDES<br />

O HOSPITAL DE BEJA foi manda<strong>do</strong> construir <strong>em</strong> 1490 pelo<br />

Duque de Beja, D. Manuel, ainda no reina<strong>do</strong> de D. João II,<br />

chaman<strong>do</strong>-lhe, à data, <strong>Hospital</strong> Grande de Nossa Senhora<br />

da Piedade, com 20 camas, sen<strong>do</strong> 14 para homens e 6<br />

para mulheres.<br />

Em 1564, D. João III, após ter si<strong>do</strong> informa<strong>do</strong> pelo irmão,<br />

Infante D. Luiz, da“insuficiência <strong>do</strong>s rendimentos <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

para sustentar os <strong>do</strong>entes”, manda anexar o <strong>Hospital</strong><br />

à Misericórdia, entregan<strong>do</strong> o “governo e a administração”<br />

à responsabilidade <strong>do</strong> Prove<strong>do</strong>r daquela Instituição, nascen<strong>do</strong><br />

assim o HOSPITAL DA MISERICÓRDIA, construí<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> estilo gótico-manuelino.<br />

O <strong>Hospital</strong> da Misericórdia funcionou, nos primeiros séculos<br />

de vida, segun<strong>do</strong> os padrões da época com um<br />

papel pre<strong>do</strong>minant<strong>em</strong>ente assistencial e caritativo.<br />

O <strong>Hospital</strong> de Beja, tal como o conhec<strong>em</strong>os hoje, foi<br />

cria<strong>do</strong> pelo Decreto-Lei n.º 45 226/63 de 4 de Set<strong>em</strong>bro,<br />

publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> Diário <strong>do</strong> Governo (I série – n.º 208).<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 289<br />

Neste <strong>do</strong>cumento pode ler-se: “Pela ben<strong>em</strong>érita D. Carolina<br />

Almodôvar Fernandes foram <strong>do</strong>a<strong>do</strong>s ao Esta<strong>do</strong>, para<br />

ser<strong>em</strong> aplica<strong>do</strong>s na construção <strong>do</strong> hospital regional de<br />

Beja, bens avalia<strong>do</strong>s <strong>em</strong> cerca de 14.000 contos, com a<br />

condição de ao referi<strong>do</strong> hospital ficar liga<strong>do</strong> o nome <strong>do</strong><br />

seu faleci<strong>do</strong> mari<strong>do</strong>, José Joaquim Fernandes, e de a obra<br />

estar concluída no prazo de três anos e meio. Segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s<br />

já elabora<strong>do</strong>s pela Comissão de Construções <strong>Hospital</strong>ares,<br />

o custo da construção e <strong>do</strong> equipamento <strong>do</strong> novo<br />

hospital, com capacidade para 200 camas, susceptível de<br />

ulterior ampliação para cerca de 300, pode estimar-se <strong>em</strong><br />

16.000 contos, pelo que será diminuto o encargo a suportar<br />

pelo Esta<strong>do</strong>.”<br />

A partir de 1934, logo que regressou de Bordéus, <strong>em</strong> cuja<br />

Clínica longamente estagiou sob a orientação <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>.<br />

George Portmann, o Dr. LUÍS CARNEIRO DA FONSECA deu<br />

início a uma consulta de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> da Misericórdia<br />

e aí se manteve até 1970.<br />

Nesta data transferiu-se para o novo <strong>Hospital</strong> Distrital,<br />

cujo Serviço da Especialidade montou, organizou e dirigiu.<br />

O Dr. FONSECA, que durante anos segui<strong>do</strong>s foi o<br />

único Otorrinolaringologista <strong>do</strong> Distrito, foi auxilia<strong>do</strong> pelo<br />

Dr. COLAÇO SABINO que lhe sucedeu como Director<br />

(da<strong>do</strong>s de 1984).


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:19 AM Page 290<br />

290<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 362<br />

TEMPLO DO BOM JESUS EM BRAGA NO FINAL DO SÉC. XIX. FOTOTIPIA DE “A ARTE E A NATUREZA” DE EMÍLIO BIEL<br />

BRAGA<br />

HOSPITAL DE SÃO MARCOS<br />

O HOSPITAL DE SÃO MARCOS <strong>em</strong> Braga, foi funda<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

1508 pelo arcebispo D. Diogo de Sousa, que nele concentrou<br />

os hospitais e albergarias existentes.<br />

Em 1559, o arcebispo D. Frei Bartolomeu <strong>do</strong>s Mártires passa<br />

a administração <strong>do</strong> hospital para a Misericórdia.<br />

No Século XVIII foi construí<strong>do</strong> o edifício onde se situa a Igreja<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, projecta<strong>do</strong> por Carlos Amarante.<br />

Nesse mesmo século foi criada, no hospital, uma Escola de Cirurgia.<br />

Já <strong>em</strong> 1884 adquire o Palácio <strong>do</strong> Raio para expandir o<br />

hospital.<br />

Ao longo <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po foram construí<strong>do</strong>s vários edifícios adjacentes<br />

ao hospital.<br />

No ano 1960 foi construí<strong>do</strong> o actual edifício principal.<br />

Em 1992 passa a <strong>Hospital</strong> Central, e <strong>em</strong> 2002 <strong>Hospital</strong> Universitário<br />

e Central.<br />

Em 4 de Nov<strong>em</strong>bro de 1935, por decisão da Mesa de Santa<br />

Casa da Misericórdia, foi criada uma secção de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong><br />

de S. Marcos, com consulta 1 vez por s<strong>em</strong>ana e internamento<br />

nos Serviços de Pediatria e de Medicina.<br />

Como Director da Especialidade foi desde logo nomea<strong>do</strong> o<br />

Dr. TEÓFILO ESQUÍVEL, que se manteve <strong>em</strong> exercício até<br />

1962, data <strong>em</strong> que se afastou a seu pedi<strong>do</strong>.<br />

Sucedeu-lhe, cerca de 1 ano depois, o Dr. JOÃO FERREIRA<br />

SOARES que já trabalhava no Serviço de <strong>ORL</strong> desde a data<br />

<strong>em</strong> que fora admiti<strong>do</strong> como estagiário.<br />

Em 1982, o Dr. Soares atingiu o limite de idade e assumiu a<br />

direcção <strong>do</strong> Serviço o Dr. JOAQUIM JORGE E OLIVEIRA, que<br />

já ali exercia a sua actividade, após se ter especializa<strong>do</strong> no<br />

<strong>Hospital</strong> de S. José <strong>em</strong> Lisboa e de ter obti<strong>do</strong> o título de Especialista.<br />

O Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital de<br />

Braga (<strong>Hospital</strong> de S. Marcos) transformou-se (da<strong>do</strong>s de 1984)<br />

numa unidade autónoma com consulta externa 3 vezes por<br />

s<strong>em</strong>ana, internamento com capacidade para 10 camas (5<br />

para adultos, 4 para crianças e 1 para clínica privada).


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:20 AM Page 291<br />

FIGURA 363<br />

A CIDADE DE BRAGANÇA CERCA DE 1930 - FOTO BELEZA<br />

BRAGANÇA<br />

HOSPITAL DISTRITAL<br />

DE BRAGANÇA<br />

O Serviço de Otorrinolaringologia nasceu com o <strong>Hospital</strong><br />

<strong>em</strong> 1973.<br />

O único el<strong>em</strong>ento médico, com que contava o Dr. ANTÓNIO<br />

NETO PIRES DE CARVALHO, era também o Director <strong>do</strong><br />

Serviço.<br />

Foi desde s<strong>em</strong>pre o Serviço de referência <strong>do</strong> Nordeste<br />

Transmontano.<br />

Passaram pelo Serviço vários colegas, uns como Internos,<br />

outros como Assistentes <strong>Hospital</strong>ares.<br />

O Dr. António Aurélio Ramalho Guedes, foi o primeiro interno<br />

da Especialidade deste <strong>Hospital</strong>, ten<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong> o<br />

seu estágio <strong>em</strong> 1981, o qual se prolongou por nove<br />

meses. Este clínico continuou e concluiu o restante Internato<br />

<strong>em</strong> Hospitais Centrais.<br />

Nos anos de 1982 e 1983 realizou parte <strong>do</strong> seu Internato,<br />

o Dr. Augusto Gomes Pereira, e nos anos de 1983 a 1985<br />

fê-lo, o Dr. Artur Manuel de Sousa Conde.<br />

De Junho a Set<strong>em</strong>bro de 1987, o Dr. Tiago da Costa Godinho<br />

foi provi<strong>do</strong> no lugar de Assistente <strong>Hospital</strong>ar, ten<strong>do</strong> depois<br />

transita<strong>do</strong> para o quadro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Famalicão.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 291<br />

O actual Director iniciou funções por urgente conveniência<br />

de serviço, <strong>em</strong> Julho de 1988, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> provi<strong>do</strong> no<br />

lugar de Assistente <strong>Hospital</strong>ar no ano seguinte.<br />

Em 1993, aposentou-se o Director <strong>do</strong> Serviço, Dr. António<br />

Neto Pires de Carvalho, pelo que o actual Director assumiu<br />

a Direcção e manteve-se durante cerca de três anos<br />

como único el<strong>em</strong>ento médico <strong>do</strong> Serviço.<br />

Trabalhou aqui durante cerca de quatro meses, no ano de<br />

1996, como el<strong>em</strong>ento <strong>do</strong> quadro, a Dra. Maria Edite Correia<br />

de Castro <strong>Portugal</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> provida por concurso<br />

<strong>em</strong> <strong>Hospital</strong> da área da sua residência.<br />

O Dr. João Paulo Enes, prestou serviço durante seis meses,<br />

no ano de 1997, com um contrato individual.<br />

De Abril de 1997 a Set<strong>em</strong>bro de 1998, o Dr. João Manuel<br />

Vaz Fernandes assumiu o lugar de Assistente <strong>Hospital</strong>ar,<br />

ten<strong>do</strong> depois, por razões familiares, concorri<strong>do</strong> para Hospitais<br />

<strong>do</strong> litoral, onde foi provi<strong>do</strong>.<br />

Até Outubro de 2000, o Serviço continuou a funcionar<br />

apenas com o Director <strong>do</strong> Serviço.<br />

Nesta data, foi contrata<strong>do</strong> pela Direcção <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, o Dr.<br />

Rui Manuel Gorgal Moreira Parracho, <strong>em</strong> regime de prestação<br />

de serviços, ten<strong>do</strong>-se manti<strong>do</strong> até à presente data.<br />

Em Outubro 2001, o Dr. Francisco Macha<strong>do</strong> Oliveira iniciou<br />

funções nos termos e ao abrigo <strong>do</strong> Decreto-Lei<br />

112/98; <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro de 2002 tomou posse como Assistente<br />

<strong>Hospital</strong>ar.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:21 AM Page 292<br />

292<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 364<br />

O HOSPITAL TERMAL DAS CALDAS DA RAINHA EM DUAS ÉPOCAS DIFERENTES DA SUA HISTÓRIA NO SÉC. XIX E NO SÉC. XX<br />

- É DE NOTAR O AUMENTO DE UM PISO DO EDIFÍCIO<br />

CALDAS DA RAINHA<br />

HOSPITAL TERMAL<br />

RAINHA D. LEONOR<br />

Nesta localidade, apesar de grande tradição histórica que<br />

o seu <strong>Hospital</strong> Termal Rainha D. Leonor ostenta, t<strong>em</strong> havi<strong>do</strong>,<br />

até recent<strong>em</strong>ente, pouca fixação de Especialistas de<br />

<strong>ORL</strong> <strong>em</strong> funções hospitalares. O primeiro de que há notícia<br />

é o Dr. IVO ABRUNHOSA, que exerceu entre 1938 e<br />

1941, após ter frequenta<strong>do</strong> o Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. José de Lisboa, onde colheu os ensinamentos <strong>do</strong> Dr.<br />

Alberto Men<strong>do</strong>nça. Em 1941 deixou as Caldas da Rainha<br />

para ir para o Ultramar.<br />

Sensivelmente pela mesma época, exercia também a sua<br />

actividade nesta cidade, o Dr. JOAQUIM GIL DE ALMEIDA<br />

RIBEIRO, outro discípulo <strong>do</strong> Dr. Men<strong>do</strong>nça. Em 1950 começa<br />

um perío<strong>do</strong> de maior estabilidade, com a instalação<br />

<strong>do</strong> Dr. JOSÉ MARQUES, que se manteve <strong>em</strong> exercício no<br />

<strong>Hospital</strong> até falecer pr<strong>em</strong>aturamente <strong>em</strong> 1975. Conjuntamente<br />

com o Dr. José Marques, trabalharam os Drs. Manuel<br />

António Lopes Vieira (de 1970 a 1972) e Borges Diniz<br />

(de 1972 a 1976).<br />

A partir de 1977 passou a dirigir o Serviço o Dr. ÓSCAR<br />

FERREIRA (1928-1999) com a categoria de Assistente <strong>Hospital</strong>ar<br />

após aprovação <strong>em</strong> concurso de provas públicas.<br />

O Dr. Óscar Ferreira fez a sua preparação na Dinamarca,<br />

inicialmente como Interno da Especialidade e depois<br />

exercen<strong>do</strong> como Especialista, durante vários anos, num<br />

<strong>Hospital</strong> Central de Copenhaga.<br />

Foi com o Dr. Óscar Ferreira que o Serviço de <strong>ORL</strong> se organizou<br />

e adquiriu equipamento, nomeadamente na área<br />

de microcirurgia otológica e cirurgia cérvico-facial, inicialmente<br />

trabalhan<strong>do</strong> com o seu próprio equipamento,<br />

depois conseguin<strong>do</strong> a aquisição de to<strong>do</strong> o material necessário<br />

para consulta externa e bloco operatório, além<br />

de exames compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico. Formou <strong>do</strong>is<br />

Internos, o Dr. José Sérgio Galhoz que esteve no Serviço<br />

entre 1982 e 1987 e a Dra. Ana Paula Branco que entrou<br />

<strong>em</strong> Janeiro de 1988. O Dr. Óscar Ferreira aposentou-se<br />

com o grau de Chefe de Serviço, <strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro de 1996,<br />

fican<strong>do</strong> o Serviço a ser dirigi<strong>do</strong> pela Dra. ANA PAULA<br />

BRANCO.<br />

Desde essa altura que t<strong>em</strong> havi<strong>do</strong> uma grande instabilidade<br />

<strong>do</strong> quadro médico: a Dra. Edite <strong>Portugal</strong> (1997-<br />

1998), Dr. Alfre<strong>do</strong> Luís (1997-2001), Dr. Orlan<strong>do</strong> Leiria<br />

(2001-2004), Dr. Joel Cossa (2008-2009). Desde 2008<br />

exerce também funções, <strong>em</strong> horário parcial, a Dra. Graça<br />

Barbeiro.<br />

Em Junho de 2004 ingressou no Serviço o Dr. Mário Santos<br />

que <strong>em</strong> equipa com a Dra. Ana Paula Branco são os únicos<br />

el<strong>em</strong>entos <strong>do</strong> quadro, o Serviço que pode comportar até<br />

quatro Médicos.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:23 AM Page 293<br />

FIGURA 365<br />

SERvIÇOS MÉDICOS DO CORPO EXPEDICIONáRIO PORTUGUêS NA 1ª GRANDE GUERRA - FOTO DE ARNALDO GARCêS<br />

CASTELO BRANCO<br />

HOSPITAL AMATO LUSITANO<br />

Programa<strong>do</strong> na década de sessenta para substituir o<br />

então chama<strong>do</strong> HOSPITAL DA SANTA CASA DA MISERI-<br />

CÓRDIA DE CASTELO BRANCO, o HOSPITAL AMATO LUSI-<br />

TANO (HAL) viu iniciada a sua construção <strong>em</strong> 1968,<br />

concluída <strong>em</strong> 1975.<br />

No dia 1 de Maio de 1977, e após a publicação <strong>do</strong> quadro<br />

orgânico de pessoal, foi oficialmente inaugura<strong>do</strong>, manten<strong>do</strong><br />

a sua actividade desde essa data.<br />

Dota<strong>do</strong> com todas as valências básicas e compl<strong>em</strong>entares<br />

que permit<strong>em</strong> ajustar a sua classificação no nível III de diferenciação<br />

da Carta <strong>Hospital</strong>ar, constitui-se como um serviço<br />

de interesse público, instituí<strong>do</strong>, organiza<strong>do</strong> e<br />

administra<strong>do</strong> com o objectivo de prestar à população cuida<strong>do</strong>s<br />

médicos diferencia<strong>do</strong>s.<br />

O HAL dispõe de serviços clínicos <strong>em</strong> todas as valências<br />

básicas, intermédias e na maioria das valências diferenciadas.<br />

É, por esse facto, o <strong>Hospital</strong> mais diferencia<strong>do</strong> <strong>do</strong> Distrito,<br />

sen<strong>do</strong> o <strong>Hospital</strong> de referência para os Hospitais da Covilhã<br />

e Fundão (Centro <strong>Hospital</strong>ar da Cova da Beira).<br />

FIGURA 366<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 293<br />

UMA SALA DE OPERAÇÕES NOS ANOS 30 DO SÉCULO XX


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:23 AM Page 294<br />

294<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Amato Lusitano, teve orig<strong>em</strong><br />

numa Consulta da Especialidade criada nos anos 50,<br />

no então <strong>Hospital</strong> da Santa Casa da Misericórdia, pelo Dr.<br />

PINTO DA ROCHA, já faleci<strong>do</strong>.<br />

Em 1963, foi substituí<strong>do</strong> pelo Dr. JOSÉ JOAQUIM AFONSO.<br />

Em 1977, com a transferência <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital de Castelo<br />

Branco, para o actual edifício, é aprova<strong>do</strong> o Quadro de<br />

Serviço de <strong>ORL</strong> com 1 Chefe de Clínica e 2 Especialistas.<br />

Porém, só <strong>em</strong> 1984 o quadro dispôs de 2 Médicos: Dr. José<br />

Joaquim Afonso, Dr. Joaquim Luís Mendes Robalo.<br />

A cirurgia <strong>ORL</strong> diferenciada, nomeadamente a microscópica,<br />

t<strong>em</strong> início <strong>em</strong> 1985. Dispõe o Serviço de fibroscopia<br />

desde 1996 e de audiometria desde 1997.<br />

Dirigiram o Serviço até 1963, o Dr. PINTO DA ROCHA; de<br />

1963 a 1987 o Dr. JOSÉ JOAQUIM AFONSO; de 1988 a 1990<br />

o Dr. MENDES ROBALO; de 1991 a 1996 o Dr. JOÃO ROSSA<br />

e a partir de 1997 o Dr. MENDES ROBALO.<br />

COVILHÃ<br />

HOSPITAL DISTRITAL<br />

DA COVILHÃ<br />

Anteriormente à existência oficial de um Serviço de <strong>ORL</strong>,<br />

o <strong>Hospital</strong> Distrital da Covilhã tinha consulta da Especialidade<br />

1 vez por s<strong>em</strong>ana, graças aos bons ofícios <strong>do</strong> Dr.<br />

NEVES PAIVA, que durante anos aqui se deslocou, vin<strong>do</strong><br />

da Guarda, onde exercia a sua profissão. A situação descrita<br />

manteve-se até 25/04/1974.<br />

Oficialmente passou a haver consulta de <strong>ORL</strong> desde que<br />

foi coloca<strong>do</strong> neste hospital, <strong>em</strong> 09/06/1981, o Assistente<br />

<strong>Hospital</strong>ar Dr. FERNANDO PIRES, que <strong>em</strong> 04/04/1984,<br />

pediu a sua exoneração.<br />

Ainda durante a direcção <strong>do</strong> Dr. Fernan<strong>do</strong> Pires, ingressou<br />

no Serviço o Dr. José Rua, <strong>em</strong> 16/01/1984, com o grau de<br />

Assistente <strong>Hospital</strong>ar e sob requisição ministerial por necessidade<br />

de serviço e s<strong>em</strong> lugar de quadro.<br />

Nesta altura o quadro hospitalar cont<strong>em</strong>plava 1 Chefe de<br />

Serviço e 1 Assistente <strong>Hospital</strong>ar. Passa<strong>do</strong>s alguns anos<br />

conseguiu alterar-se o quadro hospitalar para 1 Chefe de<br />

Serviço e 2 Assistentes <strong>Hospital</strong>ares.<br />

Após Concurso de Provimento para o lugar de Assistente<br />

<strong>Hospital</strong>ar - Concurso Regional - Zona Centro, o Dr. José<br />

Rua tomou posse <strong>do</strong> lugar <strong>em</strong> 27/03/1986.<br />

Desde 01/04/1984 a 02/12/1990, data <strong>em</strong> que ingressou no<br />

H. D. Covilhã, por contrato, uma interna graduada <strong>em</strong> assistente<br />

hospitalar, Herli Meister, que <strong>em</strong> 01/11/1991 efectuou<br />

permuta com outro colega, Dr. José Lavra<strong>do</strong>r Gama,<br />

que esteve à frente <strong>do</strong>s destinos da <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> H. D. Covilhã.<br />

Em 18/04/1987, o Dr. José Lavra<strong>do</strong>r Gama saiu <strong>do</strong> H. D.<br />

Covilhã, por concurso, para o H. D. Guarda. Novamente<br />

ficou só o Dr. José Rua, no H. D. Covilhã.<br />

Desde 01/05/1987 a 01/11/1992 foi Director <strong>do</strong> Serviço o<br />

Dr. JOSÉ LAVRADOR. Retomou essas funções <strong>em</strong><br />

25/11/1995.<br />

Em Janeiro 1997, ingressou no quadro hospitalar <strong>do</strong> Serviço,<br />

o Dr. Maximiano Correia Nunes e <strong>em</strong> Abril 2000 a Dra.<br />

Maria Ruth Garcia, como Assistente <strong>Hospital</strong>ar Contratada.<br />

Exerc<strong>em</strong>os de 1994 a 1997 as funções de Director <strong>do</strong> Departamento<br />

das Consultas Externas, de Adjunto <strong>do</strong> Director<br />

Clínico, e por alguns meses as funções de Chefe de<br />

Equipa <strong>do</strong> S. Urgência.<br />

A entrada e saída constante de Médicos, a falta de interesse<br />

de colegas se fixar<strong>em</strong> no Interior, b<strong>em</strong> como nunca<br />

ter havi<strong>do</strong> atribuição ao serviço de vagas carenciadas, cria<br />

um clima de instabilidade e de não organização de um<br />

Serviço.<br />

Em 2003 houve a passag<strong>em</strong> <strong>do</strong> velho H. D. Covilhã “Misericórdia”,<br />

para um novo <strong>Hospital</strong>. To<strong>do</strong>s sab<strong>em</strong>os o que<br />

isto significa a nível de “conquista” de espaços.<br />

O Serviço (<strong>em</strong> 2003) estava minimamente equipa<strong>do</strong> e estrutura<strong>do</strong>,<br />

já que haviam espaços físicos próprios para as<br />

consultas externas, serviço de urgência e exames compl<strong>em</strong>entares<br />

de diagnóstico (apesar de não haver técnicos).<br />

Tinha uma enfermaria com 4 camas de adultos e 1<br />

quarto de isolamento. As crianças eram internadas no Serviço<br />

de Pediatria. O bloco operatório funcionava uma vez<br />

por s<strong>em</strong>ana à 4ª feira, para cirurgia programada.<br />

Abriu uma consulta de vertig<strong>em</strong> e outra de surdez infantil<br />

(que abrangia os Distritos de Castelo Branco e Guarda).<br />

Apesar <strong>do</strong>s anos que passou só, e com a instabilidade da<br />

entrada e saída de Médicos, diz o Dr. José lavra<strong>do</strong>r que s<strong>em</strong><br />

a preciosa ajuda e colaboração <strong>do</strong> Dr. Maximiano Correia<br />

Nunes não teria si<strong>do</strong> possível transformar o serviço.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:24 AM Page 295<br />

FIGURA 367<br />

ESPINHO<br />

HOSPITAL DISTRITAL ESPINHO<br />

A Especialidade de <strong>ORL</strong> fez parte das actividades assistenciais<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital desde 1944. Desde o início, que<br />

foi encarrega<strong>do</strong> da sua Direcção, o Dr. MANUEL SOARES<br />

MOTA.<br />

ÉVORA<br />

HOSPITAL DO ESPÍRITO SANTO<br />

DE ÉVORA<br />

O <strong>Hospital</strong> Real <strong>do</strong> Espírito Santo de Évora foi funda<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

1492 pelo Rei D. João II, que para o efeito reuniu cerca de<br />

12 hospitais e alguns dispensários dispersos pela cidade<br />

de Évora, e que nalguns casos subsistiam <strong>em</strong> difíceis condições<br />

económicas.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 295<br />

A sua existência foi confirmada pelo Papa Alexandre VI, pela<br />

Bula de 23 de Agosto de 1948, <strong>em</strong> favor <strong>do</strong> Rei D. Manuel I.<br />

Foi um <strong>Hospital</strong> geri<strong>do</strong> pela Misericórdia de Évora até<br />

1975, altura <strong>em</strong> que a sua designação foi mudada para<br />

<strong>Hospital</strong> Distrital de Évora.<br />

A partir de 1995 passou a designar-se HOSPITAL DO ESPÍ-<br />

RITO SANTO.<br />

A primeira referência à Especialidade de Otorrinolaringologia<br />

foi <strong>em</strong> 1946 com o início das consultas pelo Dr. JOÃO<br />

MANUEL PESTANA ROSA DE OLIVEIRA CASQUILHO, que<br />

prestou serviço de 01/11/1946 a 10/10/1980, e que anteriormente<br />

já praticava a Especialidade na cidade de Évora,<br />

como priva<strong>do</strong>.<br />

Seguiram-se o Dr. JOSÉ MANUEL FERNANDES CARDOSO<br />

de 18/6/1951 a 23/03/1986, altura <strong>em</strong> que se aposentou<br />

e que foi responsável pelo Serviço, e o Dr. JOSÉ FRANCO<br />

VALADARES de 1943 a 1958.<br />

O Serviço tinha um Quadro com 1 Chefe de Serviço e 3<br />

Assistentes/Assistentes Gradua<strong>do</strong>s; possuía uma consulta<br />

externa, enfermaria de 7 camas, uma pequena sala de<br />

exames, e a cirurgia era efectuada no Bloco Operatório<br />

com periodicidade s<strong>em</strong>anal.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:24 AM Page 296<br />

296<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 368<br />

vILA NOvA DE FAMALICÃO CERCA DE 1960<br />

FAMALICÃO<br />

HOSPITAL S. JOÃO DE DEUS<br />

Em 16 de Maio de 1964 foi inaugura<strong>do</strong> o edifício onde actualmente<br />

funciona o <strong>Hospital</strong> de Vila Nova de Famalicão.<br />

Foi uma obra impulsionada pelo famalicense Amadeu<br />

Mesquita, então Prove<strong>do</strong>r da Misericórdia, que geria o<br />

hospital. Em 30 de Março de 1972, o <strong>Hospital</strong> foi classifica<strong>do</strong><br />

como Distrital. Na sequência da Revolução de 25 de<br />

Abril de 1974, foi nacionaliza<strong>do</strong>.<br />

Neste perío<strong>do</strong>, o <strong>Hospital</strong> S. João de Deus foi pioneiro<br />

num procedimento singular cujas consequências positivas<br />

ainda hoje perduram <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os Hospitais Distritais<br />

<strong>do</strong> país: foi contacta<strong>do</strong> por finalistas <strong>do</strong> Curso de Medicina<br />

da Faculdade <strong>do</strong> Porto, que se ofereceram para fazer<br />

<strong>em</strong> Famalicão o Internato, como permitia a legislação, desafian<strong>do</strong><br />

os costumes que s<strong>em</strong>pre atribuíam a tutela <strong>do</strong><br />

Internato aos Médicos da Universidade.<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. João de Deus, recebe<br />

o seu primeiro Médico <strong>ORL</strong> com o grau de Assistente <strong>Hospital</strong>ar<br />

no ano de 1985: a Dra. MARIA CARLOS DA SILVA<br />

PINTO SOBRAL, admitida <strong>em</strong> 01/12/85, e que exerceu funções<br />

até 11/07/87.<br />

Em 24/09/87, <strong>em</strong> regime de destacamento, após a saída<br />

da Dra. Maria Carlos Sobral, inicia funções o Dr. TIAGO DA<br />

COSTA GODINHO, o qual v<strong>em</strong> a tomar posse <strong>do</strong> lugar de<br />

Assistente <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S. João de Deus <strong>em</strong><br />

01/01/88, por transferência <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital de Bragança.<br />

Em 27/02/89 toma posse <strong>do</strong> cargo de Director de<br />

Serviço, o qual exerce desde então.<br />

Em 01/11/87, por transferência como Interno Prolonga<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Internato Compl<strong>em</strong>entar <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Geral de Santo<br />

António, iniciou funções o Dr. Ramiro Matos Silva.<br />

Com um quadro médico, então, de um lugar de Consultor<br />

e <strong>do</strong>is de Assistente <strong>Hospital</strong>ar, após concurso, ingressou<br />

no quadro o Dr. Joaquim Manuel Barbosa Soares de Miranda<br />

<strong>em</strong> 19/03/90 e, posteriormente, por desbloqueamento<br />

da vaga de Consultor, <strong>em</strong> 23/04/90 passa a integrar<br />

o quadro médico <strong>do</strong> Serviço, o Dr. Ramiro Matos Silva.<br />

Com o desenvolvimento que vinha ten<strong>do</strong> o Serviço, foi<br />

colocada <strong>em</strong> 01/01/92 a Dra. Maria Goreti Azeve<strong>do</strong> Saldanha,<br />

como primeiro e, até à data, único Interno Compl<strong>em</strong>entar<br />

de <strong>ORL</strong>. Foi então pedi<strong>do</strong> à Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s<br />

Médicos a concessão de i<strong>do</strong>neidade ao Serviço a qual,<br />

após a visita de uma Comissão constituída pelos Drs. Nelson<br />

Gama, Faria e Almeida e Maia Gomes, veio a ser fixada<br />

<strong>em</strong> um ano (mais tarde retirada, por o quadro <strong>do</strong> Serviço<br />

não reunir os novos critérios defini<strong>do</strong>s pelo Colégio).<br />

Em 12/08/94 obtêm o grau de Consultor os Drs. Tiago Godinho<br />

e Joaquim Miranda. A Dra. Goreti Saldanha aguarda<br />

a realização <strong>do</strong> seu concurso de habilitação ao grau de<br />

Chefe de Serviço.<br />

O Dr. Tiago Godinho, após realização <strong>do</strong> respectivo concurso,<br />

toma posse <strong>do</strong> lugar de Chefe de Serviço <strong>em</strong><br />

11/12/98.<br />

O século XXI levou o <strong>Hospital</strong> ao início de um perío<strong>do</strong> de mudanças<br />

significativas na sua história. Em 11 de Dez<strong>em</strong>bro de<br />

2002, o S. João de Deus deixou de ser um hospital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

para ser uma Sociedade Anónima (SA) de capitais exclusivamente<br />

públicos. Em 31 de Dez<strong>em</strong>bro de 2005, com o objectivo<br />

de acentuar o carácter público da instituição, o São João<br />

de Deus, à s<strong>em</strong>elhança <strong>do</strong>s outros hospitais SA, passou a ter<br />

o estatuto de Entidade Pública Empresarial (EPE).<br />

O quadro médico de <strong>ORL</strong> era constituí<strong>do</strong> <strong>em</strong> 2003 por um<br />

lugar de Chefe de Serviço e quatro de Assistente <strong>Hospital</strong>ar,<br />

e <strong>do</strong> seu quadro técnico fazia parte um Técnico de<br />

Audiometria.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:26 AM Page 297<br />

FIGURA 369<br />

O ALGARvE ILUSTRADO, DE 1880. A 1ª PUBLICAÇÃO COM FOTOGRAFIAS DO ALGARvE<br />

FARO<br />

HOSPITAL DISTRITAL DE FARO<br />

A actividade de <strong>ORL</strong> <strong>em</strong> Faro iniciou-se no velho <strong>Hospital</strong> da<br />

Misericórdia de Faro nos anos 50, com o Dr. Moniz Nogueira,<br />

que atinge o limite de idade <strong>em</strong> 1980.<br />

Com a inauguração <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital de Faro criou-se<br />

condições para um quadro hospitalar de 1 Chefe de Serviço<br />

e 2 Especialistas de <strong>ORL</strong>.<br />

Após Concursos Nacionais, tomam posse <strong>em</strong> 1983, 2 Especialistas,<br />

o Dr. Sérgio Veríssimo e o Dr. Jorge Gabriel.<br />

A actividade <strong>do</strong> Serviço iniciou-se com 11 camas hospitalares,<br />

3 t<strong>em</strong>pos operatórios por s<strong>em</strong>ana, 2 dias de consulta<br />

externa para cada especialista e apoio a urgência <strong>em</strong><br />

regime de prevenção.<br />

O alargamento <strong>do</strong> quadro hospitalar permite a entrada<br />

de 2 novos Especialistas, Dr. Francisco Vicente e Dr. Rui Teixeira,<br />

nomeadamente <strong>em</strong> 1987 e 1992.<br />

O provimento <strong>em</strong> Chefe de Serviço e por inerência <strong>do</strong> Director<br />

<strong>do</strong> Serviço, Dr. SÉRGIO VERÍSSIMO, permite a entrada<br />

da Dra. Clara Ladeira <strong>em</strong> 1997. Novo alargamento<br />

<strong>do</strong> quadro hospitalar <strong>em</strong> 2000.<br />

Por razões de operacionalidade hospitalar o Serviço é reduzi<strong>do</strong><br />

para 6 camas hospitalares e 2 t<strong>em</strong>pos de bloco<br />

operatório, manten<strong>do</strong> consulta externa diária, apoio à urgência<br />

até às 21 horas.<br />

Garante o funcionamento da Unidade de Otoneurologia,<br />

composta por audiometria e impedanciometria, nistag-<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 297<br />

mografia; faz<strong>em</strong> parte <strong>do</strong> quadro <strong>do</strong> serviço 2 Técnicos de<br />

Diagnóstico e Terapêutica, licencia<strong>do</strong>s <strong>em</strong> Audiometria.<br />

O Serviço desenvolveu unidade de en<strong>do</strong>scopia rígida e<br />

flexível para apoiar a consulta externa e urgência.<br />

Em 2003 o Serviço t<strong>em</strong> um quadro, de 2 Chefes de Serviço<br />

e 5 Assistentes <strong>Hospital</strong>ares, que ainda não está completamente<br />

preenchi<strong>do</strong>.<br />

É responsável pela população <strong>do</strong> sotavento algarvio (de<br />

Vila Real de Santo António ao Concelho de Albufeira), de<br />

cerca de 250.000 habitantes. No pico <strong>do</strong> verão responde<br />

por cerca de 500.000 habitantes.<br />

T<strong>em</strong> consulta externa a funcionar diariamente (média de<br />

15 <strong>do</strong>entes/dia).<br />

No Serviço de Urgência são observa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> média 15 <strong>do</strong>entes/dia,<br />

com exigência frequente de actos Cirúrgicos.<br />

Na actividade cirúrgica os t<strong>em</strong>pos operatórios (2 por s<strong>em</strong>ana<br />

de 6 horas cada), permit<strong>em</strong> operar 2 a 4 <strong>do</strong>entes<br />

por sessão (média mensal de 22 <strong>do</strong>entes), de diversas patologias.<br />

Na Unidade de Otoneurologia são efectua<strong>do</strong>s cerca de 90<br />

exames por s<strong>em</strong>ana.<br />

O serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HDF funciona <strong>em</strong> unidade de internamento<br />

de 41 camas (Especialidades Cirúrgicas), compartilha<strong>do</strong><br />

com Oftalmologia (5 camas), e Ginecologia<br />

(30 camas).<br />

Até 2003 o Serviço tinha forma<strong>do</strong> 5 Internos <strong>do</strong> Internato<br />

Compl<strong>em</strong>entar. Os internos tiveram estágios electivos de<br />

3 a 6 meses no IPO de Lisboa, <strong>Hospital</strong> de Santa Maria,<br />

<strong>Hospital</strong> de São José e <strong>Hospital</strong> Egas Moniz.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:27 AM Page 298<br />

298<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 370<br />

NA PRAIA DA FIGUEIRA DA FOZ CERCA DE 1930<br />

FIGUEIRA DA FOZ<br />

HOSPITAL DISTRITAL<br />

DA FIGUEIRA DA FOZ<br />

A história <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Figueira da Foz r<strong>em</strong>onta a 1839,<br />

onde a primeira unidade de tratamentos hospitalares surgiu<br />

integrada na Santa Casa da Misericórdia, fundada <strong>em</strong> 05 de<br />

Dez<strong>em</strong>bro.<br />

Em 1959, os terrenos onde se encontra o actual Edifício <strong>Hospital</strong>ar<br />

foram cedi<strong>do</strong>s a título precário e gratuito, para a<br />

construção <strong>do</strong> Sanatório Hélio-Marítimo da Figueira da Foz,<br />

terrenos estes que tinham si<strong>do</strong> cedi<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 1948, com destino<br />

à Instalação de Pavilhões para a Colónia Balnear.<br />

Em 1970, a Junta Distrital de Coimbra fez a proposta para<br />

que o Edifício <strong>Hospital</strong>ar fosse cedi<strong>do</strong> ao Ministério da<br />

Saúde e Assistência, o que veio a acontecer <strong>em</strong> 23 de Março<br />

1971, com a criação <strong>do</strong> Centro <strong>Hospital</strong>ar de Coimbra, que<br />

integrou o <strong>Hospital</strong> Ortopédico e de Recuperação, até essa<br />

data chama<strong>do</strong> de Hélio-Marítimo.<br />

Pelo despacho <strong>do</strong> Secretário de Esta<strong>do</strong> da Saúde e Assistência<br />

de 20 de Março de 1972, o <strong>Hospital</strong> Concelhio da Figueira<br />

da Foz, a funcionar na Santa Casa da Misericórdia,<br />

passa a ser qualifica<strong>do</strong> de <strong>Hospital</strong> Distrital.<br />

O edifício <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Ortopédico e de Recuperação manteve-se<br />

fecha<strong>do</strong> durante mais de dez anos após a sua construção,<br />

até que <strong>em</strong> 06 de Nov<strong>em</strong>bro de 1974 o <strong>Hospital</strong><br />

cita<strong>do</strong> é desvincula<strong>do</strong> <strong>do</strong> Centro <strong>Hospital</strong>ar de Coimbra e<br />

converti<strong>do</strong> <strong>em</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital Polivalente, permitin<strong>do</strong> a<br />

junção da ex-Casa da Mãe ao ex-<strong>Hospital</strong> da Misericórdia,<br />

ten<strong>do</strong>-se cria<strong>do</strong>, desta forma, o suporte jurídico indispensável<br />

à regularização da situação.<br />

Em Maio de 1975 deu-se a transferência de to<strong>do</strong>s os serviços<br />

da Santa Casa da Misericórdia para o novo estabelecimento<br />

<strong>Hospital</strong>ar.<br />

A 10 de Dez<strong>em</strong>bro de 2002, o <strong>Hospital</strong> da Figueira da Foz<br />

passa para sociedade anónima (SA) com capitais exclusivamente<br />

públicos e assim permanece até 2005, ano <strong>em</strong> que é<br />

transforma<strong>do</strong> <strong>em</strong> Entidade Pública Empresarial, <strong>em</strong> 29 de<br />

Dez<strong>em</strong>bro pelo D.L 233/2005, que surgiu no seguimento <strong>do</strong><br />

D.L nº 93/2007 que <strong>em</strong> 07 de Junho <strong>do</strong> mesmo ano determinou<br />

a sua transformação para <strong>Hospital</strong> EPE.<br />

Desde que exist<strong>em</strong> registos, a assistência <strong>Hospital</strong>ar Otorrinolaringológica<br />

t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> prestada desde 1948 no antigo<br />

HOSPITAL DA MISERICÓRDIA e, a partir de 1975 nas instalações<br />

<strong>do</strong> actual HOSPITAL DISTRITAL DA FIGUEIRA DA FOZ.<br />

Têm presta<strong>do</strong> assistência no Serviço os Médicos:<br />

• Dr. PORFÍRIO H. ALMEIDA CARNEIRO com início <strong>em</strong> Abril<br />

de 1948 no <strong>Hospital</strong> da Misericórdia, ten<strong>do</strong> transita<strong>do</strong> para<br />

o actual onde se manteve até Fevereiro de 1982. Faleceu<br />

<strong>em</strong> 16/02/1982;<br />

• Dr. Jorge Manuel Carvalho Sofia, como contrata<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

prestação de serviços, desde 22/06/1971 ten<strong>do</strong> termina<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> 31/06/1976;<br />

• Dr. Carlos Alberto Lima Gouveia, contrato de tarefa desde<br />

Fevereiro de 1978 até 31/10/1983;<br />

• Dr. Fernan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos Almeida, após concurso a nível<br />

nacional, iniciou funções a 22/08/1983 como Assistente<br />

<strong>Hospital</strong>ar. Após os vários concursos da carreira <strong>Hospital</strong>ar<br />

chegou a Chefe de Serviço;<br />

• Dr. Pedro António Miguel Rodrigues, Assistente <strong>Hospital</strong>ar<br />

Gradua<strong>do</strong>, desde 01/03/1988;<br />

• Dr. José Manuel Eufrásio Antunes, Assistente Gradua<strong>do</strong>,<br />

por transferência <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital de Leiria, a partir de<br />

01/10/1998.<br />

O Responsável pelo Serviço era o Dr. FERNANDO ALMEIDA<br />

que t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> o Director <strong>do</strong> Serviço de Especialidades Cirúrgicas,<br />

que além de <strong>ORL</strong> engloba as Especialidades de Urologia,<br />

Oftalmologia, Neurologia e Dermatologia (da<strong>do</strong>s de<br />

2003).


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:27 AM Page 299<br />

FIGURA 371<br />

AFONSO NEvES DE PAIvA<br />

GUARDA<br />

HOSPITAL SOUSA MARTINS<br />

O <strong>Hospital</strong> Sousa Martins é uma instituição que marcou a<br />

história da Guarda no último século. O <strong>Hospital</strong> ex-Sanatório<br />

Sousa Martins é um motivo de orgulho para a cidade,<br />

para a região e para a própria História da Saúde <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Fruto de um acto pioneiro e visionário <strong>do</strong> médico José<br />

Tomás Sousa Martins e <strong>do</strong> <strong>em</strong>penho pessoal da Rainha D.<br />

Amélia, ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista o tratamento de uma das mais t<strong>em</strong>íveis<br />

<strong>do</strong>enças de finais <strong>do</strong> século XIX, o Sanatório conferiu<br />

à Guarda o epíteto de Cidade da Saúde.<br />

Ao longo <strong>do</strong>s anos, uma elite de profissionais de saúde t<strong>em</strong><br />

sabi<strong>do</strong> servir a Cidade e o Distrito com carácter e distinção.<br />

Referência especial a Lopo de Carvalho, Amândio Paul, Ladislau<br />

Patrício e Martins Queirós, que se <strong>em</strong>penharam pelo<br />

tratamento da tuberculose e pelo sucesso de uma unidade<br />

de Saúde que contribuiu para o crescimento e desenvolvimento<br />

económico e social da Cidade da Guarda.<br />

Este hospital começou a sua actividade no âmbito da<br />

Otorrinolaringologia <strong>em</strong> Maio de 1950 com o Dr. AFONSO<br />

NEVES DE PAIVA (1914-2010), que foi durante longos anos<br />

o único Médico da Especialidade no Distrito.<br />

AFONSO NEVES DE PAIVA, nasceu <strong>em</strong> 1914. Licencia<strong>do</strong><br />

pela Faculdade de Medicina de Coimbra. Fez a sua preparação<br />

no Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Militar Principal (Lis-<br />

FIGURA 372<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 299<br />

II JORNADAS OTORRINOLARINGOLÓGICAS DO HOSPITAL<br />

DISTRITAL DA GUARDA - 1983<br />

boa), sob a orientação <strong>do</strong> Dr. Barata Salgueiro, completan<strong>do</strong>-a<br />

com sucessivas estadias <strong>em</strong> Serviços Franceses e<br />

Espanhóis. De 1954 a 1971 teve a seu cargo o Serviço de<br />

Broncologia <strong>do</strong> Sanatório da Assistência Nacional aos Tuberculosos<br />

da Guarda, desde o seu início responsável pelo<br />

Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> desta cidade, até à sua aposentação.<br />

Durante alguns anos assegurou também a assistência<br />

<strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> da Covilhã. Foi Vice-Presidente<br />

da Sociedade de Otorrinolaringologia e de Patologia Cérvico-Facial,<br />

da qual foi nomea<strong>do</strong> sócio honorário. Organizou<br />

por duas vezes Jornadas de <strong>ORL</strong> na Guarda,<br />

respectivamente <strong>em</strong> 1959 e 1983.<br />

Foi este distinto Otorrino, que instalou e desenvolveu o<br />

Serviço, sen<strong>do</strong> seu Director até 04/02/1985, data <strong>em</strong> que<br />

atingiu o limite de idade.<br />

Como no hospital não havia outro Médico <strong>do</strong> quadro, continuou<br />

o Dr. Afonso Paiva a assegurar o Serviço até 31/07/86.<br />

Além de executar to<strong>do</strong> o tipo de cirurgia, é de salientar<br />

ter realiza<strong>do</strong> na Guarda <strong>em</strong> 1959 e <strong>em</strong> 1983 as JORNADAS<br />

OTORRINOLARINGOLÓGICAS DA GUARDA com o apoio<br />

da Sociedade Portuguesa de <strong>ORL</strong>.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:29 AM Page 300<br />

300<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 373<br />

ASSINATURA AUTÓGRAFA DE SOUSA MARTINS<br />

FIGURA 374<br />

ALGUNS DOS MÉDICOS DA ESCOLA DE LISBOA FORMADOS EM 1910 vINTE ANOS<br />

DEPOIS<br />

Foram Internos da Especialidade com o Dr. Afonso Paiva<br />

os seguintes Médicos:<br />

• Dr. Higino da Fonseca, que concluiu na Guarda a especialidade,<br />

hoje <strong>em</strong> Braga;<br />

• Dr. Rogério Palmiro que também concluiu na Guarda a<br />

Especialidade e que o Dr. Afonso Paiva esperava que<br />

fosse o seu continua<strong>do</strong>r, mas que não se apresentou a<br />

concurso e aban<strong>do</strong>nou a carreira Médica <strong>Hospital</strong>ar;<br />

• Dr. Tiago Godinho que concluiu a Especialidade no <strong>Hospital</strong><br />

de Santo António no Porto - foi para Director de Serviço<br />

<strong>em</strong> Vila Nova de Famalicão.<br />

• Em 20 Agosto de 1986 iniciou funções o Dr. BORDALO<br />

MATIAS como Assistente de <strong>ORL</strong>, após concurso Regional<br />

da Zona Centro para provimento de lugar de Assistente,<br />

efectua<strong>do</strong> no Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s HUC.<br />

Director de Serviço a partir de 1 de Set<strong>em</strong>bro de 1986 por<br />

despacho <strong>do</strong> Conselho de Administração até 28 de Fevereiro<br />

de 1988, foi o único Médico <strong>do</strong> Serviço. Coube-lhe<br />

reinstalar o Serviço, pedir algum material <strong>em</strong> falta e reiniciar<br />

a actividade cirúrgica.<br />

Cessou funções de Director de Serviço <strong>em</strong> 31/01/1990.<br />

• Dr. EUFRÁSIO ANTUNES desde 1 de Março de 1988 como<br />

Assistente nomea<strong>do</strong> Director de Serviço <strong>em</strong> 1 de Fevereiro<br />

de 1990 também por despacho <strong>do</strong> Conselho de Administração<br />

até 31/01/93. Em 11/02/93 volta a ser<br />

nomea<strong>do</strong> Director de Serviço, o Dr. BORDALO MATIAS.<br />

Em 12/08/ 94 o Dr. Bordalo Matias e o Dr. Eufrásio Antunes<br />

tomaram posse como Assistentes Gradua<strong>do</strong>s, após<br />

concurso de habilitação de grau.<br />

Em 30/11/95 cessou funções o Dr. Eufrásio Antunes por ter<br />

pedi<strong>do</strong> transferência para o <strong>Hospital</strong> Distrital de Leiria.<br />

• Dr. Raul Amaral Interno da Especialidade desde 01/01/92<br />

a 01/01/94 concluiu a sua preparação no <strong>Hospital</strong> Garcia<br />

de Orta. Tomou posse como Assistente <strong>em</strong> Abril de<br />

1997.<br />

- Dr. José Lavra<strong>do</strong>r Gama iniciou funções de Assistente<br />

Gradua<strong>do</strong> <strong>em</strong> Abril de 1997.<br />

O quadro, <strong>em</strong> 2003 é de 4 Médicos, 1 Chefe de Serviço, 3<br />

Assistentes, e estava preenchi<strong>do</strong> por:<br />

- 1 Chefe de Serviço - Dr. Bordalo Matias;<br />

- 1 Assistente Gradua<strong>do</strong> - Dr. José Gama;<br />

- 1 Assistente - Dr. Raul Amaral.<br />

O Serviço era constituí<strong>do</strong> <strong>em</strong> 2003 por:<br />

• 2 Gabinetes de consulta, com equipa <strong>ORL</strong> com microscópio<br />

incorpora<strong>do</strong>;<br />

• Enfermaria - para o serviço de <strong>ORL</strong> e Oftalmologia com<br />

15 camas, pertencen<strong>do</strong> 8 a <strong>ORL</strong>;<br />

• Bloco Operatório - Sala de <strong>ORL</strong>, 2 vezes por s<strong>em</strong>ana;<br />

• Sala de en<strong>do</strong>scopia com material para nasoscopias laringoscopias<br />

e fibroscópio, vídeograva<strong>do</strong>r e printer;<br />

• Sala de Audiometria, com audiómetro, impedanciómetro<br />

e cabine insonora.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:29 AM Page 301<br />

FIGURA 375<br />

PAÇOS DO CONCELHO EM GUIMARÃES NO FINAL DO SÉC. XIX - FOTOTIPIA DE “A ARTE E A NATUREZA” DE EMÍLIO BIEL<br />

GUIMARÃES<br />

HOSPITAL DE GUIMARÃES<br />

CENTRO HOSPITALAR<br />

DO ALTO AVE<br />

Desde 1937 que há consulta de <strong>ORL</strong> com possibilidade de<br />

internar <strong>do</strong>entes <strong>em</strong> Serviços Gerais de Medicina e Cirurgia.<br />

A Especialidade foi depois <strong>do</strong>tada de 8 camas (4 <strong>em</strong><br />

Medicina Homens e 4 <strong>em</strong> Medicina Mulheres).<br />

A sala de operações, comum a todas as Especialidades Cirúrgicas,<br />

integra-se num bloco operatório central.<br />

Desde 1937 até agora, trabalharam neste <strong>Hospital</strong> os seguintes<br />

Otorrinolaringologistas:<br />

- Dr. Carlos Baptista SottoMayor (1937/1968);<br />

- Dr. Vitorino Vieira Diniz <strong>do</strong>s Santos (1962/1973);<br />

- Dr. Arnal<strong>do</strong> Alves Macha<strong>do</strong> (1966/1969);<br />

- Dr. António Bentes Cabrita (desde 1969);<br />

- Dr. Eduar<strong>do</strong> Marques (desde 1981).<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 301<br />

Seguidamente, ficou com o cargo de Director <strong>do</strong> Serviço,<br />

o Dr. ANTÓNIO CABRITA, que foi integra<strong>do</strong> na Carreira Médica<br />

<strong>Hospital</strong>ar <strong>em</strong> 1971 com a categoria de Chefe de Serviço,<br />

e que teve a auxiliá-lo o Assistente <strong>Hospital</strong>ar Dr.<br />

Eduar<strong>do</strong> Marques.<br />

O hospital de Guimarães, present<strong>em</strong>ente designa<strong>do</strong> de<br />

CENTRO HOSPITALAR <strong>do</strong> ALTO AVE - Unidade de Guimarães,<br />

dispõe de cerca de 480 camas para quase todas as<br />

Especialidades médicas e cirúrgicas e urgência geral.<br />

Serve uma população de quase 400.000 habitantes.<br />

O Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> hospital de Guimarães<br />

existe há mais de 50 anos.<br />

Durante bastantes anos esteve instala<strong>do</strong> no <strong>Hospital</strong> da Misericórdia<br />

<strong>em</strong> espaço comum com Cirurgia e Oftalmologia.<br />

Desde os anos 1971 que passou a ter instalações autónomas,<br />

<strong>em</strong> pavilhão próprio por esforço <strong>do</strong> então Director <strong>do</strong><br />

Serviço Dr. BENTES CABRITA, passan<strong>do</strong> a dispor de espaço<br />

próprio de internamento, consulta e bloco cirúrgico geral.<br />

É no entanto, <strong>em</strong> 1983, ainda pelo esforço continua<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

referi<strong>do</strong> Clínico, que o serviço de <strong>ORL</strong> passa a dispor de<br />

instalações totalmente autónomas, possuin<strong>do</strong> gabinete<br />

de consulta externa próprio devidamente equipa<strong>do</strong>, internamento<br />

com 12 camas e bloco cirúrgico autónomo.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:30 AM Page 302<br />

302<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 376<br />

DIPLOMA DE FRANCISCO MARQUES DE SOUSA vITERBO. NASCEU NO PORTO EM 1846 E FALECEU EM LISBOA NO ANO DE 1911. ARQUEÓLOGO E ESCRITOR LICEN-<br />

CIOU-SE EM MEDICINA PELA ESCOLA MÉDICO-CIRúRGICA DE LISBOA<br />

Por impedimento <strong>do</strong> especialista, por motivos de saúde e<br />

por saída <strong>do</strong> Dr. Cabrita, o serviço passou por um perío<strong>do</strong><br />

de alguma inactividade.<br />

Em Maio de 1991 foi nomea<strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Serviço o Dr.<br />

FAUSTO FERNANDES.<br />

Durante bastante t<strong>em</strong>po esteve a sós no Serviço, ten<strong>do</strong> posteriormente<br />

retoma<strong>do</strong> as funções o Dr. Eduar<strong>do</strong> Marques e,<br />

mais tarde veio para o serviço, o Dr. António Barbosa.<br />

Tentamos reactivar o mesmo, o que conseguimos ainda<br />

no hospital velho, com a <strong>do</strong>tação de equipamento adequa<strong>do</strong><br />

e recursos humanos para transferência e montag<strong>em</strong><br />

<strong>do</strong> Serviço para o hospital novo.<br />

Foi feito então, um esforço junto da tutela para equipar o<br />

Serviço e <strong>do</strong>tar o mesmo de meios necessários e recursos<br />

humanos adequa<strong>do</strong>s, o que foi consegui<strong>do</strong>.<br />

Em Set<strong>em</strong>bro de 1991 foi inaugura<strong>do</strong> o novo <strong>Hospital</strong> de<br />

Guimarães que passou a ter o nome de <strong>Hospital</strong> da Senhora<br />

da Oliveira, passan<strong>do</strong> a dispor de um Serviço novo.<br />

Tinha então internamento com 9 camas, <strong>do</strong>is gabinetes<br />

de consulta e um de exames subsidiários de <strong>ORL</strong> e utilização<br />

de uma sala <strong>do</strong> bloco, 2 perío<strong>do</strong>s por s<strong>em</strong>ana.<br />

O Serviço t<strong>em</strong> vin<strong>do</strong> a crescer <strong>em</strong> recursos humanos e<br />

equipamento.<br />

Actualmente (2010) dispõe de instalações novas <strong>em</strong> edifício<br />

novo com 3 salas de consulta, uma de en<strong>do</strong>scopia,<br />

duas de otoneurologia e uma de terapia da fala, devidamente<br />

equipadas.<br />

Possui material de en<strong>do</strong>scopia, de vídeonistagmografia,<br />

de despiste da surdez infantil.<br />

T<strong>em</strong> actualmente 14 camas <strong>em</strong> espaço específico e sala específica<br />

no bloco, utilizada to<strong>do</strong>s os dias da s<strong>em</strong>ana.<br />

Ainda no internamento dispõe de um quarto, para laboratório<br />

<strong>do</strong> sono devidamente equipa<strong>do</strong>, para a realização<br />

<strong>do</strong>s exames de estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> sono - polissonografias.<br />

Efectua o despiste universal da surdez no Recém-nasci<strong>do</strong>,<br />

ten<strong>do</strong> já ultrapassa<strong>do</strong> ao fim de quase 5 anos, as 10 mil<br />

crianças rastreadas com taxa de despiste de 94%.<br />

Dispõe desde há 9 anos de uma consulta específica de<br />

Roncopatia e Dispneia Obstrutiva <strong>do</strong> Sono.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:30 AM Page 303<br />

Em 2004 foi concedida i<strong>do</strong>neidade para formação de Internos,<br />

mas que por motivos diversos foi retirada, sen<strong>do</strong> reactivada<br />

<strong>em</strong> 2007, ten<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong> o primeiro Interno <strong>em</strong> 2009.<br />

O Serviço é desde 2004 Serviço afilia<strong>do</strong> no ensino clínico<br />

da Otorrinolaringologia da Escola de Ciências da Saúde<br />

da Universidade <strong>do</strong> Minho - Licenciatura <strong>em</strong> Medicina.<br />

Co-responsável na <strong>do</strong>cência da parte cognitiva e também<br />

na parte residencial.<br />

Colabora ainda <strong>em</strong> mestra<strong>do</strong>s com a Universidade Católica<br />

- Braga.<br />

É ainda Responsável pela <strong>do</strong>cência de Otorrinolaringologia<br />

da licenciatura <strong>em</strong> Medicina Dentária da CESPU.<br />

Organizou três reuniões científicas:<br />

- Reunião <strong>do</strong> núcleo <strong>do</strong> norte da SP<strong>ORL</strong> - 1994;<br />

- Reunião para Médicos de Família <strong>do</strong> Alto Ave - 1995;<br />

- Reunião Científica - Roncopatia e Síndrome de Apneia<br />

Obstrutiva <strong>do</strong> Sono - 2001.<br />

Co-organizou ainda:<br />

- Reunião da Sociedade Luso-Galega de <strong>ORL</strong> - 2002;<br />

- Nariz - Esta<strong>do</strong> da arte - 2003;<br />

- Nariz - Esta<strong>do</strong> da arte - 2005.<br />

Colaborou <strong>em</strong> múltiplas reuniões científicas, onde participou<br />

<strong>em</strong> conferências, mesas-re<strong>do</strong>ndas e comunicações livres.<br />

T<strong>em</strong> ainda, publica<strong>do</strong>s, artigos <strong>em</strong> revistas científicas da<br />

especialidade.<br />

Durante o perío<strong>do</strong> de 2002 a 2007, o Dr. Fausto Fernandes<br />

exerceu as funções de Director Clínico <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

pelo que durante este perío<strong>do</strong> a Direcção <strong>do</strong> Serviço foi<br />

assegura<strong>do</strong> pelo Dr. NUNO LOUSAN que actualmente é o<br />

Director de Serviço <strong>do</strong> HOSPITAL DO VALE DO SOUSA.<br />

Passaram pelo Serviço antigo, distintos Especialistas <strong>do</strong>s<br />

quais se destaca, para além <strong>do</strong> Dr. Bentes Cabrita, o seu<br />

primeiro Director, os Drs. Souto Moura, Vitorino Diniz,<br />

Alves Macha<strong>do</strong> e Eduar<strong>do</strong> Marques.<br />

LAMEGO<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 303<br />

HOSPITAL DISTRITAL<br />

DE LAMEGO<br />

O Centro <strong>Hospital</strong>ar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE<br />

foi cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> 28/02/07, por fusão <strong>do</strong> Centro <strong>Hospital</strong>ar de<br />

Vila Real/Peso da Régua, EPE com o <strong>Hospital</strong> Distrital de<br />

Chaves e o <strong>Hospital</strong> Distrital de Lamego, nos termos e<br />

para os efeitos <strong>do</strong> disposto no Decreto-Lei n.º 50-A/2007,<br />

de 28 de Fevereiro e Decreto-Lei n.º 233/2005, de 29 de<br />

Dez<strong>em</strong>bro.<br />

O Centro <strong>Hospital</strong>ar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE<br />

apresenta-se constituí<strong>do</strong> por quatro unidades hospitalares:<br />

o <strong>Hospital</strong> de S. Pedro, <strong>em</strong> Vila Real, onde está localizada<br />

a sede social, o <strong>Hospital</strong> D. Luiz I, <strong>em</strong> Peso da Régua,<br />

o Unidade <strong>Hospital</strong>ar de Chaves, <strong>em</strong> Chaves e a Unidade<br />

<strong>Hospital</strong>ar de Lamego, <strong>em</strong> Lamego. Apresenta ainda a<br />

Unidade de Cuida<strong>do</strong>s Continua<strong>do</strong>s e Convalescença de<br />

Vila Pouca de Aguiar.<br />

A Unidade <strong>Hospital</strong>ar de Vila Real está inserida numa área<br />

de 120.000 m2 e compreende um edifício hospitalar monobloco<br />

de 9 Pisos, com cerca de 15 anos e uma área conjunta<br />

total de 30.000m2 , com 8 pavilhões de construção<br />

antiga.<br />

Foram sucessivamente Directores <strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia:<br />

- Dr. JAIME MAGALHÃES – De Janeiro de 1938 a Janeiro<br />

de 1968;<br />

- Dr. JOSÉ BRANCO NEVES – De Março de 1968 a 1972;<br />

- Dr. MANUEL FERREIRA – De 3 de Agosto de 1973 a 12 de<br />

Fevereiro de 1987;<br />

- Dr. JORGE BARRANHA SOBRAL – De 1 de Junho de 1986<br />

a 1 de Fevereiro de 1994;<br />

- Dr. SÉRGIO MANUEL DE FIGUEIREDO RAPOSO – De 1 de<br />

Março de 1995 até pelo menos 2003.<br />

O quadro clínico era composto, <strong>em</strong> 2003, por um Chefe<br />

de Serviço e um Assistente <strong>Hospital</strong>ar (da<strong>do</strong>s de 2003).


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:31 AM Page 304<br />

304<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 377<br />

vISTA GERAL DE LEIRIA NO FINAL DO SÉC. XIX - FOTOTIPIA DE “A ARTE E A NATUREZA” DE EMÍLIO BIEL<br />

LEIRIA<br />

HOSPITAL DISTRITAL DE<br />

LEIRIA/HOSPITAL DE SANTO<br />

ANDRÉ<br />

O Serviço <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HDL, agora HOSPITAL DE SANTO ANDRÉ,<br />

só começou a existir como Serviço estrutura<strong>do</strong> e hierarquiza<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> 1996, sob a actual Direcção <strong>do</strong> Dr. Eduar<strong>do</strong> Fatela,<br />

chefe de serviço <strong>ORL</strong>, transferi<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de S.<br />

Bernar<strong>do</strong> - Setúbal, onde já exercera as mesmas funções.<br />

Até 1977, a <strong>ORL</strong> era praticada por um licencia<strong>do</strong> <strong>em</strong> Medicina<br />

com alguma experiência prática <strong>do</strong>s rudimentos<br />

de <strong>ORL</strong> - o Sr. Dr. EUGÉNIO CAUTELA, que dedicava 4 dias<br />

da s<strong>em</strong>ana, 2h/dia, a consultas e 1 dia/s<strong>em</strong>ana a algumas<br />

intervenções cirúrgicas de adenóides e amígdalas num<br />

corre<strong>do</strong>r anexo ao Bloco Operatório.<br />

Em 1977 veio para o HDL o Sr. Dr. ASDRÚBAL CORREIA<br />

TEODÓSIO, <strong>do</strong> Quadro Geral de Adi<strong>do</strong>s, Médico Especialista<br />

<strong>ORL</strong> com formação <strong>em</strong> Coimbra e que regressara de<br />

Moçambique, onde exercera a Especialidade no <strong>Hospital</strong><br />

de Lourenço Marques, <strong>em</strong> equipa com um colega com<br />

prática das técnicas de Especialidade adquirida nos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s. O Dr. Asdrúbal também passara pelo Sanatório<br />

Rainha D. Amélia, hoje <strong>Hospital</strong> Puli<strong>do</strong> Valente, onde<br />

adquirira experiência <strong>em</strong> Broncologia, o que se veio a revelar<br />

muito útil para a sua prática <strong>em</strong> Leiria.<br />

Este colega passou a partilhar as consultas com o Dr. Cautela<br />

e a praticar cirurgia mais diferenciada com a técnica<br />

de Amigdalectomia por dissecção por anestesia geral<br />

com intubação traqueal, mercê <strong>do</strong> apoio presta<strong>do</strong> por sua<br />

esposa, Anestesista, que tal como ele tivera larga experiência<br />

<strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> de Lourenço Marques.<br />

Só 3 anos depois da sua chegada a Leiria, 1980, é que o<br />

Dr. Asdrúbal passa a fazer parte <strong>do</strong> Quadro <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

como Especialista <strong>ORL</strong>, mas mesmo assim permanecen<strong>do</strong><br />

sob a tutela <strong>do</strong> responsável pelo Serviço, o licencia<strong>do</strong><br />

e “prático de <strong>ORL</strong>”, Dr. Cautela. Este acabaria por ir


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:31 AM Page 305<br />

fazer um estágio de <strong>ORL</strong> no Centro <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong>s Covões,<br />

Coimbra, mas mesmo após o seu regresso a Leiria<br />

foi ainda o Dr. Asdrúbal que se propôs, com algum entusiasmo,<br />

a tentar mudar as prestações da Especialidade.<br />

Começou a praticar cirurgia nasal - Septoplastias e Redução<br />

de fracturas nasais, usan<strong>do</strong> o seu próprio material. Só<br />

com muita persistência conseguiu que lhe fosse consenti<strong>do</strong><br />

ir ao Bloco Operatório 1 vez/s<strong>em</strong>ana, aos sába<strong>do</strong>s de<br />

manhã. E aí passou a praticar outra cirurgia - a da Laringe -<br />

por Laringoscopia directa, com extracção de nódulos e pólipos<br />

das cordas vocais, com “ferros” de Chevalier Jackson,<br />

por Orto-laringoscopia de Killian <strong>em</strong> suspensão, sob anestesia<br />

local ou Neurolepto-analgesia.<br />

Posteriormente, mercê da sua experiência e aquisição de<br />

algum material pelo <strong>Hospital</strong>, passou a fazer a extracção<br />

de corpos estranhos <strong>do</strong>s brônquios e <strong>do</strong> esófago, usan<strong>do</strong><br />

material de en<strong>do</strong>scopia e uma fonte de luz fria de utilização<br />

comum com a Urologia.<br />

De seguida praticou descorticação das cordas vocais e injecções<br />

de corticóides por laringoscopia de Kleinssasser<br />

com apoio torácico.<br />

Como não se tinha consegui<strong>do</strong> a aquisição <strong>do</strong> microscópio<br />

cirúrgico, esta cirurgia era praticada com lupa ou lunetas<br />

s<strong>em</strong>elhantes às usadas <strong>em</strong> cirurgia plástica.<br />

Nas consultas externas também escasseavam os “ferros”,<br />

e era com os <strong>do</strong> próprio Dr. Asdrúbal que se faziam as consultas.<br />

Finalmente conseguiu-se a obtenção de otoscópios e de<br />

pinças para extracção de corpos estranhos, e ainda uma<br />

sonda aspira<strong>do</strong>ra com electro-cautério para tratamento<br />

das epistaxis, técnica então usada nos EUA.<br />

Cerca de 1990 faleceu o Dr. Cautela, e t<strong>em</strong>pos depois o Dr.<br />

Asdrúbal a<strong>do</strong>ece com uma <strong>do</strong>ença crónica grave que iria<br />

determinar a sua reforma precoce. Pouco antes desta,<br />

chegara ao hospital proveniente <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> D. Estefânia,<br />

o Dr. MÁRIO GARCIA DOS SANTOS, e foi ele que após a reforma<br />

<strong>do</strong> Dr. Asdrúbal ficou como responsável pelo Serviço<br />

<strong>ORL</strong>.<br />

Finalmente, porque a Oftalmologia também se modificou<br />

e deixou de praticar só a optometria, passou a haver necessidade<br />

de usar, <strong>em</strong> partilha com <strong>ORL</strong>, um microscópio<br />

cirúrgico que se adquiriu. É assim que o Dr. Mário Santos<br />

e a Dra. Graça Barbeiro, transferi<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Covões<br />

para Leiria, consegu<strong>em</strong> fazer as primeiras cirurgias<br />

<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> nesta cidade - estapedectomia e timpanoplastia<br />

- com “ferros” <strong>do</strong>s próprios Cirurgiões.<br />

Posteriormente, após concurso, o Dr. Mário Santos passa<br />

a fazer parte <strong>do</strong> Quadro <strong>do</strong> HDL, e a Dra. Graça Barbeiros<br />

acaba por regressar também por concurso.<br />

Em l995 é inaugura<strong>do</strong> o novo <strong>Hospital</strong> Distrital de Leiria -o<br />

H. Santo André, e começa a compor-se o Quadro de Especialistas<br />

com a transferência para o mesmo <strong>do</strong> Dr. Eufrásio<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 305<br />

Antunes, proveniente <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Guarda. O Dr. Eufrásio,<br />

mais gradua<strong>do</strong> que o Dr. Mário, declina a Direcção <strong>do</strong> Serviço<br />

porque se previa já a ocupação da vaga de Chefe de<br />

Serviço pelo actual Chefe e Director de Serviço, Dr. Eduar<strong>do</strong><br />

Fatela, permanecen<strong>do</strong>, no entretanto, o Dr. Mário Santos<br />

como responsável, até Março/96 altura da tomada de posse<br />

<strong>do</strong> Dr. EDUARDO FATELA.<br />

Adquiriram-se (até 2003) 3 microscópios (para a urgência,<br />

consulta externa e sala de tratamentos <strong>do</strong> internamento),<br />

e no Bloco Cirúrgico ficou <strong>em</strong> exclusivo, o microscópio<br />

que era de utilização comum com a Oftalmologia.<br />

Também foi adquiri<strong>do</strong> material para Audiometria, para<br />

Potenciais Evoca<strong>do</strong>s Auditivos, para En<strong>do</strong>scopia Rígida e<br />

Fibroscópica.<br />

Conseguiu-se Concurso para técnicas de Audiometria e<br />

de Foniatria.<br />

Obteve-se uma sala própria e equipada para o apoio <strong>ORL</strong> às<br />

Urgências, b<strong>em</strong> como uma sala de tratamentos na Consulta<br />

Externa e ainda outra no Serviço de Internamento <strong>ORL</strong>.<br />

Iniciou-se a constituição duma Biblioteca e Videoteca,<br />

próprias <strong>do</strong> Serviço, com a prestimosa colaboração da Indústria<br />

Farmacêutica.<br />

Passou-se também a praticar toda a cirurgia <strong>ORL</strong>, excepto<br />

a grande cirurgia oncológica. Também o número de leitos<br />

que deveria, pelo menos, ser de quinze no HDL/HSA,<br />

mantém-se <strong>em</strong> cinco (2003), francamente insuficiente<br />

para as necessidades da população e <strong>do</strong> cabal des<strong>em</strong>penho<br />

das actividades <strong>do</strong> Serviço.<br />

Em 2003 faziam parte <strong>do</strong> Quadro <strong>ORL</strong> os seguintes Especialistas:<br />

- Dr. Eduar<strong>do</strong> Fatela - Chefe de Serviço - Director <strong>do</strong> Serviço;<br />

- Dr. Mário Santos - Assistente Gradua<strong>do</strong>;<br />

- Dra. Graça Barbeiro - Assistente Graduada;<br />

- Dr. João Paulo Enes - Assistente <strong>Hospital</strong>ar.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:32 AM Page 306<br />

306<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 378<br />

PRAIA DE MATOSINHOS CERCA DE 1930<br />

MATOSINHOS<br />

HOSPITAL PEDRO HISPANO<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Matosinhos foi cria<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

1940 pelo Dr. JOSÉ ALVARENGA DE ANDRADE, que o dirigiu<br />

até 1953.<br />

Dispunha de consulta externa e internamento e funcionava<br />

com <strong>do</strong>is Especialistas, o já referi<strong>do</strong> Dr. Alvarenga de<br />

Andrade, que era simultaneamente Assistente <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Geral de Santo António <strong>do</strong> Porto, e o Dr. ÁLVARO MEN-<br />

DONÇA E MOURA, que assumiu a direcção <strong>em</strong> 1953,<br />

ten<strong>do</strong> a colaborar consigo o Dr. Alberto Lagos e, mais<br />

tarde, os Drs. Alberto Sampaio, Vitorino Diniz, Felizar<strong>do</strong><br />

de Carvalho e Artur Mascarenhas.<br />

Com a integração <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, que pertencia à Misericórdia,<br />

na rede estatal, o Dr. Men<strong>do</strong>nça e Moura ficou sozinho,<br />

da<strong>do</strong> que os restantes colegas não puderam<br />

acumular com a sua actividade noutros hospitais.<br />

Depois da aposentação <strong>do</strong> Dr. Men<strong>do</strong>nça e Moura, o seu<br />

lugar é ocupa<strong>do</strong> <strong>em</strong> Janeiro de 1983 pelo Dr. JOSÉ MANUEL<br />

CUNHA E MOURA, que a partir de Julho de 1984 passa a ser<br />

acompanha<strong>do</strong> pela Dra. Maria <strong>do</strong> Carmo Santos Magalhães.<br />

Fazen<strong>do</strong> consulta diariamente e cirurgia de 15 <strong>em</strong><br />

15 dias, consegu<strong>em</strong> entretanto, com verbas <strong>do</strong> PIDAC,<br />

equipar o Serviço com uma equipa <strong>ORL</strong>, audiómetro, timpanómetro<br />

e um microscópio de parede, e <strong>em</strong> 1987 um<br />

microscópio cirúrgico Wild, oferta da Fundação Calouste<br />

Gulbenkian, o qual passa a ser utiliza<strong>do</strong> também por Oftalmologia.<br />

Em 1992 é admiti<strong>do</strong> no Serviço, o Dr. Delfim Rui da Silva<br />

Duarte, e <strong>em</strong> 1994 a Dra. Lídia Guimarães que viria a pedir<br />

licença de longa duração <strong>em</strong> 1999, após concursos para<br />

Assistentes <strong>Hospital</strong>ares.<br />

Na perspectiva de conclusão das obras <strong>do</strong> novo <strong>Hospital</strong>,<br />

que viria a receber o nome de Pedro Hispano, que seriam<br />

suspensas até 1996, <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro de 1994 faz concurso<br />

para Chefe de Serviço <strong>do</strong> novo quadro médico aprova<strong>do</strong>,<br />

o Dr. ANTÓNIO AUGUSTO MAIA GOMES que assume a Direcção<br />

<strong>do</strong> Serviço <strong>em</strong> Abril de 1995, e com a colaboração<br />

<strong>do</strong> Dr. Delfim Duarte, planeia to<strong>do</strong> o moderno equipamento<br />

das 6 salas de consulta, das salas de curativos da<br />

consulta e <strong>do</strong> internamento, <strong>do</strong>s blocos central e de ambulatório,<br />

<strong>do</strong> internamento constituí<strong>do</strong> por 22 camas divididas<br />

com Oftalmologia, das salas de terapia da fala e<br />

gabinetes de audio-vestibulometria, que o novo <strong>Hospital</strong><br />

dispõe, permitin<strong>do</strong> efectuar cerca de 19.000 consultas por<br />

ano, os exames especiais mais actualiza<strong>do</strong>s e to<strong>do</strong>s os


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:32 AM Page 307<br />

FIGURA 379<br />

DR. áLvARO MENDONÇA E MOURA<br />

tipos de cirurgia <strong>ORL</strong>. A nível de consulta efectua consultas<br />

especiais de Oncologia, Imunoalergologia, Surdez infantil,<br />

Roncopatia, Vertig<strong>em</strong> e Voz.<br />

Em finais de 1995 são admiti<strong>do</strong>s, após concurso para Assistentes<br />

<strong>Hospital</strong>ares, os Drs. Abílio Meneses Leonar<strong>do</strong> e<br />

Nuno Trigueiros Silva Cunha, e já no novo <strong>Hospital</strong>, <strong>em</strong><br />

1997, como Assistente <strong>Hospital</strong>ar, a Dra. Fernanda Paula<br />

Azeve<strong>do</strong>, como Chefe de Serviço, o Dr. Manuel Rodrigues<br />

e Rodrigues, e <strong>em</strong> 1999 o Dr. Roberto Nakamura, com<br />

contrato individual de trabalho.<br />

Em 1999 é admiti<strong>do</strong> como 1º Interno <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, o<br />

Dr. Gustavo Lopes, ano <strong>em</strong> que o Colégio da Especialidade<br />

confere ao Serviço a i<strong>do</strong>neidade total; <strong>em</strong> 2000 é admiti<strong>do</strong><br />

o Dr. Artur Macha<strong>do</strong> que no fim <strong>do</strong> ano troca de Especialidade,<br />

<strong>em</strong> 2001 inicia o Internato a Dra. Ana Claro e<br />

<strong>em</strong> 2003 a Dra. Joana Melo Pires.<br />

Em Maio de 1997, um mês e meio depois da transferência<br />

para o <strong>Hospital</strong> Pedro Hispano, o Serviço de <strong>ORL</strong> sob a direcção<br />

<strong>do</strong> Dr. Maia Gomes, realizou aí a Reunião Anual da<br />

Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia<br />

Cérvico-Facial e <strong>em</strong> 1999 a V Reunião Luso-Galaica e o<br />

XXVIII Congresso da Sociedade Galega de <strong>ORL</strong>, na Ord<strong>em</strong><br />

<strong>do</strong>s Médicos no Porto.<br />

O Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HPH, desde 1 de Nov<strong>em</strong>bro<br />

de 2006, é o Dr. Rodrigues e Rodrigues, Vice-Presidente<br />

da Sociedade Galega de <strong>ORL</strong>, sen<strong>do</strong> também<br />

desde 2009 Chefe de Serviço <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Pedro Hispano,<br />

o Dr. Delfim Duarte.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 307<br />

PORTALEGRE<br />

HOSPITAL DR. JOSÉ MARIA<br />

GRANDE<br />

O <strong>Hospital</strong> Dr. José Maria Grande situa-se na zona norte<br />

de Portalegre, cidade capital de Distrito. O início <strong>do</strong> funcionamento<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> r<strong>em</strong>onta a Nov<strong>em</strong>bro de 1974, e<br />

<strong>em</strong> 2003 tinha 249 camas.<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> iniciou a sua actividade <strong>em</strong> Agosto de<br />

1983 com preenchimento da 1ª vaga de médico especialista<br />

<strong>em</strong> <strong>ORL</strong> pelo Dr. JOÃO ANTÓNIO MERGULHÃO<br />

CALHA. Em Agosto de 1990 é preenchida uma 2ª vaga<br />

pelo Médico Assistente <strong>Hospital</strong>ar <strong>em</strong> <strong>ORL</strong>, Dr. Vicente<br />

Ferrer Mendes Oliveira Lopes. Em 2003 tinha <strong>do</strong>is Médicos<br />

o título de Assistente <strong>Hospital</strong>ar gradua<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> o<br />

primeiro o responsável pelo Serviço.<br />

O serviço tinha <strong>em</strong> 2003, 4 camas, uma consulta externa<br />

diária - 1 manhã por s<strong>em</strong>ana para cirurgia programada,<br />

asseguran<strong>do</strong> as urgências durante a s<strong>em</strong>ana.<br />

Os <strong>do</strong>is Médicos <strong>do</strong> Serviço participaram <strong>em</strong> reuniões e congressos<br />

de <strong>ORL</strong> ten<strong>do</strong> ti<strong>do</strong> participação activa quer presidin<strong>do</strong><br />

a mesas de conferências, quer apresentan<strong>do</strong> posters<br />

de casos clínicos julga<strong>do</strong>s de interesse, sen<strong>do</strong> que na 3ª reunião<br />

<strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da CUF, o Dr. Vicente Ferrer Mendes<br />

Lopes apresentou um poster distingui<strong>do</strong> com o 1º prémio.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:33 AM Page 308<br />

308<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 380<br />

PRAÇA BOCAGE EM SETúBAL - FOTOTIPIA DE “A ARTE E A NATUREZA” DE EMÍLIO BIEL TIRADA NO FINAL DO SÉC. XIX<br />

SETÚBAL<br />

HOSPITAL<br />

S. BERNARDO<br />

O Serviço de Otorrinolaringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Distrital de<br />

Setúbal r<strong>em</strong>onta o seu início à inauguração <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de S. Bernar<strong>do</strong>, que assim substituiu o velho e acanha<strong>do</strong><br />

<strong>Hospital</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo que consumia os parcos recursos<br />

financeiros da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal,<br />

e se tornara insuficiente para fazer face ao aumento <strong>do</strong><br />

movimento assistencial. Pela Lei <strong>Hospital</strong>ar que criou<br />

áreas de responsabilidade e estabeleceu uma hierarquia<br />

técnica, surge <strong>em</strong> 1953 a notícia de que a cidade de Setúbal<br />

ia receber o primeiro <strong>Hospital</strong> Regional <strong>do</strong> País, de<br />

mo<strong>do</strong> a assegurar a assistência médica e cirúrgica, os socorros<br />

de urgência e as clínicas da Especialidade à população,<br />

e permitiria ao Corpo Clínico e ao de Enfermag<strong>em</strong><br />

exercer e desenvolver a sua actividade profissional nas<br />

melhores condições técnicas e de rendimento. Para o arranque<br />

da obra muito contribuiu a dádiva de 4 mil contos<br />

feita pelo Sr. António Velge, Presidente <strong>do</strong> Conselho de<br />

Administração da SAPEC, que apenas exprimiu o desejo<br />

de que o novo <strong>Hospital</strong> se designasse de São Bernar<strong>do</strong>,<br />

<strong>em</strong> l<strong>em</strong>brança dum seu filho que <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos se tinha cura<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. Situa<strong>do</strong> na parte leste da cidade, no antigo<br />

lugar da Vinha, o novo hospital começou a ser<br />

construí<strong>do</strong> <strong>em</strong> Abril de 1955 sob projecto <strong>do</strong> Arq. Amândio<br />

<strong>do</strong> Amaral, e veio a ser inaugura<strong>do</strong> oficialmente a 9<br />

de Maio de 1959. Com uma capacidade para 250 camas,<br />

o custo total da obra foi de 17.500 contos.<br />

Esteve liga<strong>do</strong> ao início da actividade <strong>do</strong> Serviço de Otorrinolaringologia,<br />

o Dr. ALBERTO JANEIRO que foi Director<br />

até à data da sua aposentação, assim como os Drs. Orlan<strong>do</strong><br />

de Almeida (actualmente aposenta<strong>do</strong>) e o Dr. Silva<br />

Alves (actualmente no H. Fernan<strong>do</strong> da Fonseca). Em Maio<br />

de 1991, a Direcção <strong>do</strong> Serviço passou a ser exercida pelo<br />

Dr. EDUARDO FATELA, ten<strong>do</strong> como Assistentes <strong>Hospital</strong>ares<br />

o Dr. Mário Santos, Dra. Deolinda Pedro e Dr. João<br />

Roque. A ampliação <strong>do</strong> H. S. Bernar<strong>do</strong> iniciada <strong>em</strong> 1993,<br />

veio <strong>do</strong>tar o serviço de Otorrinolaringologia dum espaço<br />

próprio a nível de consulta externa e de enfermaria, e de<br />

equipamento moderno de observação e cirurgia. Em<br />

1997, após a concretização da referida ampliação e transferência<br />

<strong>do</strong> Dr. Eduar<strong>do</strong> Fatela para o H. D. Leiria, o Dr.<br />

JOÃO ROQUE passou a ter a responsabilidade da reinstalação,<br />

e mais tarde da Direcção <strong>do</strong> Serviço.<br />

FIGURA 381<br />

CURSO DO 2º ANO DA ESCOLA MÉDICO-CIRúRGICA DE LISBOA<br />

NO ANO LECTIvO DE 1899-1890. ENTRE OS ESTUDANTES ESTá EMÍLIA<br />

PATACHO UMA DAS PRIMEIRAS MÉDICAS PORTUGUESAS


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:35 AM Page 309<br />

FIGURA 382<br />

O CASTELO DA FEIRA NUMA FOTOGRAFIA DE 1884<br />

SANTA MARIA<br />

DA FEIRA<br />

HOSPITAL DE SÃO SEBASTIÃO<br />

Considera<strong>do</strong> uma experiência inova<strong>do</strong>ra no panorama<br />

hospitalar <strong>do</strong> S.N.S., o <strong>Hospital</strong> de São Sebastião foi um<br />

desafio profissional e humano para to<strong>do</strong>s os que iniciaram<br />

esse projecto.<br />

Durante o ano 1998, o Dr. Carlos Carvalho é nomea<strong>do</strong> perito<br />

para a instalação <strong>do</strong> Serviço <strong>ORL</strong> no novo <strong>Hospital</strong> a<br />

nascer <strong>em</strong> Santa Maria da Feira (Aveiro-Norte); o seu papel<br />

é decisivo na escolha <strong>do</strong> espaço, selecção e instalação <strong>do</strong>s<br />

equipamentos, contratação <strong>do</strong>s médicos <strong>ORL</strong>, formação<br />

de equipa de enfermag<strong>em</strong>, estruturação e organização<br />

<strong>do</strong> Serviço, e to<strong>do</strong>s os grandes e pequenos pormenores,<br />

que precederam a entrada <strong>em</strong> funcionamento efectiva <strong>do</strong><br />

Serviço.<br />

Cessada a Comissão Instala<strong>do</strong>ra e após publicação <strong>do</strong> estatuto<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> com nova Administração, é nomea<strong>do</strong><br />

o Dr. CARLOS CARVALHO, Director <strong>do</strong> Serviço <strong>ORL</strong>.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 309<br />

A actividade clínica inicia-se com um quadro médico de 4<br />

el<strong>em</strong>entos, o Dr. Carlos Carvalho, a Dra. Anabela Santiago,<br />

o Dr. Paulo Gonçalves e o Dr. Rui Pratas. No ano de 2001,<br />

o Dr. Hugo Amorim junta-se à equipa <strong>do</strong> Serviço <strong>ORL</strong>, e o<br />

Dr. Carlos Pinheiro inicia a colaboração, a t<strong>em</strong>po parcial,<br />

como Consultor na área de cirurgia oncológica, forman<strong>do</strong><br />

um Serviço <strong>do</strong>s mais jovens <strong>do</strong> país.<br />

O Serviço está instala<strong>do</strong> <strong>em</strong> 3 áreas distintas: Internamento<br />

(piso 9 - adultos; piso 4 - crianças) com 2 enfermarias de 3<br />

camas, 1 quarto individual e 3 camas de pediatria; Consultas<br />

e MCDT (piso 1) com 3 gabinetes de consulta, 1 gabinete<br />

de audiologia, 1 gabinete de Vestibulometria, 1<br />

gabinete de terapia da voz, 1 gabinete de urgência; Bloco<br />

operatório (piso 1) independente com 2 salas operatórias e<br />

2 salas de recobro.<br />

A realização <strong>do</strong>s exames de diagnóstico e terapêutica está<br />

a cargo de uma técnica de audiologia.<br />

O Serviço efectua (2003), por ano, cerca de 11.000 consultas<br />

e opera uma média de 1.000 <strong>do</strong>entes, envolven<strong>do</strong><br />

a patologia da orofaringe, ouvi<strong>do</strong>, nariz, laringe, pescoço<br />

e ainda apoio à urgência das 8-20h durante os dias úteis.<br />

Em 2002, o Serviço passou a operar num bloco autónomo<br />

de 2 salas, partilha<strong>do</strong> com Oftalmologia, com uma equipa<br />

de enfermag<strong>em</strong> própria. Para apoio, na clínica, dispõe de


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:35 AM Page 310<br />

310<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

to<strong>do</strong> o equipamento para a realização <strong>do</strong>s exames necessários:<br />

microscópio, fibroscópios rígi<strong>do</strong> e flexível, audiovestibulometria,<br />

exames electrofisiológicos, oto<strong>em</strong>issões<br />

acústicas, laringoestroboscopia.<br />

Acções de formação a Enfermeiros e a Médicos de Clínica<br />

Geral, são efectuadas pelo Serviço rotineiramente; a relação<br />

estreita e profissional com os Clínicos Gerais, que são<br />

os referencia<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s nossos.<br />

Concretizou o projecto“Guias de Referenciação à consulta<br />

<strong>ORL</strong>”<strong>em</strong> 2000 com a distribuição destes a to<strong>do</strong>s os Clínicos<br />

Gerais <strong>do</strong>s Centros de Saúde que nos referenciam <strong>do</strong>entes.<br />

A divulgação externa <strong>do</strong> Serviço, ocorreu durante 2001<br />

com a criação de um site na INTERNET dedica<strong>do</strong> à Otorrinolaringologia.<br />

Este é um trabalho que foi pioneiro no panorama<br />

da <strong>ORL</strong> nacional.<br />

O Serviço t<strong>em</strong> (2003), uma Biblioteca com assinatura mensal<br />

de 5 revistas <strong>ORL</strong>, um acervo de 33 livros técnicos para<br />

além de CD e vídeos educacionais.<br />

A Reunião <strong>do</strong> Núcleo Centro foi organizada pelo Serviço e<br />

realizada <strong>em</strong> Nov<strong>em</strong>bro de 2002 (160 participantes distribuí<strong>do</strong>s<br />

por 43 hospitais). Em 2003 foi cria<strong>do</strong> um laboratório<br />

de dissecção de osso t<strong>em</strong>poral, completamente equipa<strong>do</strong> e<br />

aberto a to<strong>do</strong>s os médicos e internos <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> País.<br />

O Serviço está ainda envolvi<strong>do</strong> <strong>em</strong> projectos e funções institucionais<br />

destacan<strong>do</strong>-se as funções de codifica<strong>do</strong>r <strong>ORL</strong>,<br />

Coordena<strong>do</strong>r de codificação de to<strong>do</strong> o <strong>Hospital</strong>, M<strong>em</strong>bro<br />

de Comissão de Qualidade, selecção, como m<strong>em</strong>bro da<br />

equipa a formar pela Lisconsult, no âmbito <strong>do</strong> projecto de<br />

MCQ, Coordena<strong>do</strong>r médico <strong>do</strong> PQUIP (Portuguese Quality<br />

Indicator Project), participação no Projecto TEAM-HOS, financia<strong>do</strong><br />

pela Comissão Europeia no âmbito <strong>do</strong> programa<br />

IST (Sociedade de Tecnologias de Informação), Desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> SAM e MEDTRIX (informatização clínica), colaboração<br />

como perito no IGIF, na área <strong>do</strong>s MCDT (meios<br />

compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico e terapêutica).<br />

SANTARÉM<br />

HOSPITAL DISTRITAL<br />

DE SANTARÉM<br />

A construção <strong>do</strong> Novo <strong>Hospital</strong> que veio substituir o velho<br />

<strong>Hospital</strong> da Misericórdia teve início no primeiro trimestre<br />

de 1978, ten<strong>do</strong> então a lotação si<strong>do</strong> alterada para 484<br />

camas, devi<strong>do</strong> à transformação de uma unidade de Internamento<br />

<strong>em</strong> Quartos Particulares.<br />

O terreno de implantação <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> t<strong>em</strong> uma área total<br />

de 48.000 m2 , sen<strong>do</strong> a área de construção de 43.075 m2 , a<br />

área coberta de 10.300 m2 e a área por cama de 89 m2 .<br />

A construção é <strong>do</strong> tipo monobloco, com 14 pisos, 11 <strong>do</strong>s<br />

quais a partir <strong>do</strong> podium. As enfermarias são ligadas entre<br />

si, com os serviços, por três eixos de comunicação vertical,<br />

um central e <strong>do</strong>is laterais.<br />

Ten<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong> a sua actividade, no ano de 1985, com<br />

240 camas, o <strong>Hospital</strong> conta com uma lotação de 414<br />

camas, das quais 132 estão afectas à área médica, 160 à<br />

Cirurgia, 20 à Psiquiatria e Saúde Mental, 85 ao departamento<br />

da Mulher e Criança e 6 à Unidade de Cuida<strong>do</strong>s<br />

Intensivos. A Instituição encontra-se igualmente <strong>do</strong>tada<br />

de todas as principais Especialidades Médicas e Cirúrgicas,<br />

servin<strong>do</strong> uma população de aproximadamente<br />

200.000 habitantes.<br />

Em 2002, o <strong>Hospital</strong> Distrital de Santarém viu o seu estatuto<br />

ser altera<strong>do</strong> de Instituto Público para Sociedade Anónima<br />

de capitais exclusivamente públicos, a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong><br />

desde então uma gestão de tipo <strong>em</strong>presarial. Em Dez<strong>em</strong>bro<br />

de 2005, deu-se nova alteração, passan<strong>do</strong> a Instituição<br />

a integrar o Sector Empresarial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e a<br />

designar-se por <strong>Hospital</strong> de Santarém, EPE.<br />

A história <strong>do</strong> Serviço <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Santarém começa<br />

<strong>em</strong> 11 de Fevereiro de 1946 quan<strong>do</strong> o Dr. MÁRIO<br />

ALBERTO MENDES BRITO PUGA inicia funções como Otorrinolaringologista<br />

no então <strong>Hospital</strong> da Misericórdia. Em<br />

7/9/71 é integra<strong>do</strong> na Carreira Médica <strong>Hospital</strong>ar. Faleceu<br />

<strong>em</strong> 14/8/83.<br />

O Dr. JOSÉ ALBERTO ALVES ANDRADE trabalhou como<br />

médico <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> Distrital de Santarém desde finais<br />

<strong>do</strong>s anos 60 até à sua morte súbita <strong>em</strong> 1981.<br />

O Dr. José Francisco Madeira da Silva des<strong>em</strong>penhou funções<br />

como Médico <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> Distrital de Santarém,<br />

no início <strong>do</strong>s anos 80 e durante cerca de 3 anos.<br />

Em 1986 e após concurso para provimento da Região Sul<br />

tomaram posse como Assistentes <strong>Hospital</strong>ares os Drs.<br />

José Romão, José Peres de Sousa e Nuno Pizarro.<br />

Em 2003 o quadro <strong>do</strong> hospital era constituí<strong>do</strong> por um<br />

Chefe de Serviço, o Dr. JOSÉ ROMÃO, quatro Assistentes<br />

Gradua<strong>do</strong>s, e um Assistente <strong>Hospital</strong>ar.<br />

SANTO TIRSO<br />

HOSPITAL CONDE S. BENTO<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> Conde S. Bento, <strong>em</strong> Santo<br />

Tirso, iniciou-se <strong>em</strong> 13/04/95, com um quadro clínico de<br />

<strong>do</strong>is Assistentes, um Chefe de Serviço e um Técnico de Audiometria.<br />

De 27/07/70 a 31/12/86 fizeram-se várias intervenções<br />

cirúrgicas simples no hospital, enquanto ele<br />

pertencia à Misericórdia. Em 2003 fazia-se to<strong>do</strong> o tipo de<br />

cirurgia <strong>ORL</strong> menos a Oncológica, porque ainda não havia<br />

Cuida<strong>do</strong>s Intensivos.<br />

No serviço existe a Consulta Externa, o Serviço de Urgência,<br />

o Internamento, e o apoio à Consulta de Grupo de Oncologia<br />

e <strong>do</strong> Bloco Operatório.<br />

O Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>em</strong> 2003 era o Dr. RAMALHO<br />

GUEDES.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:36 AM Page 311<br />

FIGURA 383<br />

GRUPO DE ESTUDANTES NO FINAL DO SÉC. XIX NO PATEO DA ESCOLA MÉDICO-CIRúRGICA DE LISBOA<br />

TORRES VEDRAS<br />

HOSPITAL DISTRITAL<br />

DE TORRES VEDRAS<br />

Até 1969 havia uma consulta de <strong>ORL</strong> a cargo <strong>do</strong> Dr. José Marques,<br />

que a esta localidade se deslocava periodicamente,<br />

vin<strong>do</strong> das Caldas da Rainha. Tal situação manteve-se até ao<br />

falecimento daquele Clínico.<br />

A partir de 1969 passou a haver consulta 2 vezes por s<strong>em</strong>ana,<br />

sen<strong>do</strong> os Doentes interna<strong>do</strong>s nos Serviços da Pediatria<br />

e de Cirurgia Geral e utilizada a sala de operações<br />

de Cirurgia Geral.<br />

O responsável pela assistência <strong>ORL</strong> a partir de 1969 foi o<br />

Dr. BORGES DINIS (da<strong>do</strong>s de 1984).<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 311<br />

VIANA DO CASTELO<br />

HOSPITAL DE SANTA LUZIA<br />

De 1954 a 1969 e de 1970 a 1974 vieram periodicamente a<br />

este <strong>Hospital</strong> respectivamente os Drs. Álvaro de Men<strong>do</strong>nça<br />

e Moura e Vitorino Diniz <strong>do</strong>s Santos, com carácter s<strong>em</strong>i-priva<strong>do</strong>.<br />

Limitavam-se a fazer consulta e a operar amígdalas e<br />

adenóides, porque, por não haver internamento, os <strong>do</strong>entes<br />

só podiam ficar umas horas <strong>em</strong> observação.Tão pouco havia<br />

equipamento e eram aqueles médicos que traziam o seu.<br />

Em 1981, por Concurso Nacional, foi coloca<strong>do</strong> com carácter<br />

definitivo o Dr. JOAQUIM AUGUSTO LOPES PINHEIRO<br />

que, durante 2 anos, se dedicou a organizar e equipar o<br />

Serviço.<br />

O Serviço é constituí<strong>do</strong> (1984) por uma consulta externa<br />

com sala para audiometria e outros exames compl<strong>em</strong>entares,<br />

internamento próprio com 9 camas e sala de operações<br />

comum para todas as Especialidades Cirúrgicas.<br />

O Director <strong>do</strong> Serviço <strong>em</strong> 1984 era o Assistente <strong>Hospital</strong>ar<br />

Dr. JOAQUIM AUGUSTO LOPES PINHEIRO.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:38 AM Page 312<br />

312<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 384<br />

HOSPITAL DA MISERICÓRDIA EM vIANA DO CASTELO NO FINAL DO SÉC. XIX<br />

FOTOTIPIA DE “A ARTE E A NATUREZA” DE EMÍLIO BIEL<br />

FIGURA 386<br />

FIGURA 385<br />

JARRA ORNAMENTAL DA MEDICICINA AO ESTILO<br />

DE BORDALLO PINHEIRO EM 1899<br />

FOTOGRAFIA DE UM GRUPO DE MÉDICOS NO FINAL DO SÉC. XIX CELEBRANDO O 5º ANO, ENTRE OS QUAIS SE IDENTIFICA COM BARRETE DE CAMPINO, REYNALDO<br />

DOS SANTOS


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:39 AM Page 313<br />

FIGURA 387<br />

PANORâMICA DOS ARMAZÉNS DE vINHO DO PORTO DE vILA NOvA DE GAIA NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XX<br />

VILA DO CONDE<br />

CENTRO HOSPITALAR<br />

PÓVOA DE VARZIM<br />

VILA DO CONDE<br />

A consulta existe desde 1956, uma vez por s<strong>em</strong>ana com a<br />

possibilidade de internar <strong>do</strong>entes quer <strong>em</strong> enfermarias<br />

quer <strong>em</strong> quartos particulares.<br />

De Janeiro de 1956 a Dez<strong>em</strong>bro de 1969 o Dr. ALFREDO<br />

PENICHE foi o único responsável.<br />

Depois, de Julho de 1970 a Dez<strong>em</strong>bro de 1976, o Serviço<br />

foi dirigi<strong>do</strong> pelo Dr. Artur Car<strong>do</strong>so de Meneses Mascarenhas,<br />

com qu<strong>em</strong> colaborava o Dr. António Augusto Maia<br />

Gomes desde 1973.<br />

A partir de Dez<strong>em</strong>bro de 1976 qu<strong>em</strong> dirigiu o Serviço foi<br />

o Dr. MAIA GOMES (da<strong>do</strong>s de 1984).<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 313<br />

VILA FRANCA DE XIRA<br />

HOSPITAL DE REYNALDO<br />

DOS SANTOS<br />

Programa<strong>do</strong> para substituir o então denomina<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Civil, que funcionava no edifício da Santa Casa de Misericórdia<br />

de Vila Franca de Xira, junto à Igreja <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo, <strong>em</strong> 18 de Nov<strong>em</strong>bro de 1951, foi inaugura<strong>do</strong>, próximo<br />

da Estrada de Arruda <strong>do</strong>s Vinhos, o HOSPITAL DA MI-<br />

SERICÓRDIA cuja missão era tratar os pobres e indigentes.<br />

Por despacho de 20 de Marco de 1972, <strong>do</strong> Secretário de<br />

Esta<strong>do</strong> da Saúde e Assistência (Diário <strong>do</strong> Governo nº 79 –<br />

II Série, de 4 de Abril), a instituição ficou na dependência<br />

da Direcção-Geral <strong>do</strong>s Hospitais e passou a ser qualifica<strong>do</strong><br />

como <strong>Hospital</strong> Distrital.<br />

Em 1983, foi concluída a primeira grande obra de ampliação<br />

<strong>do</strong> HOSPITAL DISTRITAL DE VILA FRANCA DE XIRA,<br />

cuja configuração se mantinha desde 1951. Tratava-se de<br />

um edifício com quatro pisos e uma área de construção<br />

de 4008 m2 que instalou todas actividades de ambulatório<br />

e meios compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico e terapêutica.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:39 AM Page 314<br />

314<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

Por despacho de 3 de Dez<strong>em</strong>bro de 1993, <strong>do</strong> Secretário<br />

de Esta<strong>do</strong> da Saúde (data com<strong>em</strong>orativa <strong>do</strong> nascimento<br />

<strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Doutor Reynal<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Santos), o <strong>Hospital</strong> Distrital<br />

de Vila Franca de Xira passou a denominar-se HOSPITAL<br />

DE REYNALDO DOS SANTOS, <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> ao ilustre<br />

Médico nasci<strong>do</strong> <strong>em</strong> Vila Franca de Xira e um <strong>do</strong>s principais<br />

introdutores da Especialidade de Urologia <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

Em Marco de 1998 foi concluída a segunda grande obra de<br />

ampliação <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, com a construção de um edifício liga<strong>do</strong><br />

aos existentes. Trata-se de um edifício com seis pisos<br />

e uma área de construção de 4225m2 que instalou os serviços<br />

de internamento (Medicina Interna, Cirurgia Geral, Pediatria<br />

e Ortopedia), a Medicina Física de Reabilitação e a<br />

esterilização. Na mesma data procedeu-se a desanexação<br />

<strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Vialonga, que ficou sob a administração da<br />

Região de Saúde de Lisboa e Vale <strong>do</strong> Tejo.<br />

A consulta e a cirurgia da Especialidade funcionam desde<br />

1965, não haven<strong>do</strong> nessa época Serviço autónomo e fazen<strong>do</strong>-se<br />

o internamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes nas enfermarias de<br />

Cirurgia Geral.<br />

Até Dez<strong>em</strong>bro de 1979, e desde o seu início, foi responsável<br />

pelo Serviço o Dr. FERNANDO JOSÉ DEYRIEUX CEN-<br />

TENO, que tinha a colaboração <strong>do</strong> Dr. AUREALINO ALVES<br />

DE SOUSA (da<strong>do</strong>s de 1984).<br />

VILA NOVA DE GAIA<br />

CENTRO HOSPITALAR DE VILA<br />

NOVA DE GAIA/ESPINHO, EPE<br />

Na década de 60, a especialidade de Otorrinolaringologia<br />

começa a dar os seus primeiros passos neste <strong>Hospital</strong>, através<br />

da impl<strong>em</strong>entação de uma consulta externa, sediada<br />

no Sanatório de D. Manuel II, com o Dr. José <strong>do</strong>s Santos<br />

Sousa Campos e mais tarde também com o Dr. Alcino<br />

Duarte Alvim.<br />

Nos anos seguintes e até 1975, a Especialidade desenvolveu<br />

a sua actividade repartida entre o <strong>Hospital</strong> da Misericórdia<br />

de Gaia, onde trabalhavam os Drs. Vitorino Diniz,<br />

Alberto Sampaio e Felizar<strong>do</strong> Carvalho e o Sanatório de D.<br />

Manuel II, cujo Médico responsável por esta consulta era<br />

o Dr. Alcino Alvim.<br />

Em 26 de Março de 1975, é cria<strong>do</strong> o Serviço de Otorrinolaringologia<br />

no <strong>Hospital</strong> Eduar<strong>do</strong> Santos Silva (antigo Sanatório<br />

D. Manuel II), ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> seu Director, o<br />

Dr. Vitorino Diniz, acompanha<strong>do</strong> pelo Dr. Alcino Alvim.<br />

Em 1977, pelo Dec. Lei nº 20/77 de 16 de Março, é cria<strong>do</strong><br />

o Centro <strong>Hospital</strong>ar de Vila Nova de Gaia, integran<strong>do</strong> o<br />

<strong>Hospital</strong> de Eduar<strong>do</strong> Santos Silva, o <strong>Hospital</strong> Distrital de<br />

Gaia e o Sanatório Marítimo <strong>do</strong> Norte. Tornan<strong>do</strong>-se, assim,<br />

numa unidade hospitalar de nível quatro na Carta <strong>Hospital</strong>ar<br />

Portuguesa, o serviço de Otorrinolaringologia é <strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />

com um quadro clínico constituí<strong>do</strong> por um Chefe de<br />

Serviço e <strong>do</strong>is Assistentes <strong>Hospital</strong>ares, que começa a ser<br />

preenchi<strong>do</strong>, a partir de 1980, e que foi sofren<strong>do</strong> um progressivo<br />

alargamento ao longo <strong>do</strong>s anos.<br />

No ano de 1986, o Dr. Joaquim Faria e Almeida assume a<br />

Direcção de Serviço suceden<strong>do</strong> ao Dr. Vitorino Dinis,<br />

cargo que ocupou até Junho de 1996. Nestes dez anos<br />

operou-se uma verdadeira revolução e modernização no<br />

serviço, com aumento <strong>do</strong> quadro médico, aquisição de<br />

equipamento de diagnóstico e terapêutica e obras de beneficiação<br />

necessárias para as responsabilidades de um<br />

hospital central, nomeadamente na formação com a i<strong>do</strong>neidade<br />

total para o Internato de Otorrinolaringologia.<br />

Em 1996, assume a Direcção <strong>do</strong> Serviço o Dr. Joaquim Almeida<br />

Ribeiro que dá seguimento ao trabalho inicia<strong>do</strong><br />

pelo seu antecessor, consolidan<strong>do</strong> e desenvolven<strong>do</strong> a actividade<br />

<strong>do</strong> Serviço nas áreas assistencial e formativa.<br />

Em 2003, o Dr. Agostinho Pereira da Silva, assume a Direcção<br />

<strong>do</strong> Serviço, e na senda <strong>do</strong>s seus antecessores e sob<br />

a sua direcção, o Serviço continua o seu desenvolvimento,<br />

quer na perspectiva <strong>do</strong>s meios técnicos, na melhoria <strong>do</strong><br />

des<strong>em</strong>penho e da qualidade assistencial, quer no reforço<br />

<strong>do</strong> espírito de equipa, que s<strong>em</strong>pre caracterizou o mesmo.<br />

Hoje, o Serviço dispõe de um quadro médico composto<br />

por três Chefes de Serviço, oito Assistentes <strong>Hospital</strong>ares<br />

e oito Internos de Especialidade e, fruto da melhoria das<br />

condições assistenciais e da qualificação <strong>do</strong> seu quadro<br />

médico, responde à generalidade das situações clínicas<br />

com destaque para as áreas da Oncologia, da Voz, da Patologia<br />

Tiroideia, e da Cirurgia Laser, nomeadamente na<br />

Laringologia Pediátrica.<br />

A partir de mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos oitenta, o Serviço t<strong>em</strong> participa<strong>do</strong><br />

no desenvolvimento científico da nossa Especialidade,<br />

quer através de trabalhos científicos, muitos <strong>do</strong>s<br />

quais pr<strong>em</strong>ia<strong>do</strong>s pela SP<strong>ORL</strong>, quer organizan<strong>do</strong> Reuniões<br />

Científicas <strong>em</strong> varia<strong>do</strong>s t<strong>em</strong>as com especial destaque para<br />

os cursos dirigi<strong>do</strong>s aos Clínicos Gerais, Reuniões Científicas<br />

de Vertig<strong>em</strong> e Zumbi<strong>do</strong>, Cursos Práticos de Dissecção<br />

<strong>do</strong> Osso T<strong>em</strong>poral, Cursos Teórico-Práticos de Cirurgia<br />

Laser CO 2 <strong>em</strong> Otorrinolaringologia, Simpósio da Voz.<br />

Também a nível <strong>do</strong> Ensino Pós-Gradua<strong>do</strong> se deve destacar<br />

a i<strong>do</strong>neidade para o Internato de Otorrinolaringologia,<br />

que permitiu a formação de muitos colegas que na sua<br />

opção reconheceram neste serviço um potencial de<br />

aprendizag<strong>em</strong> e crescimento enorme, e hoje exerc<strong>em</strong> as<br />

suas funções <strong>em</strong> muitos hospitais <strong>do</strong> país.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:39 AM Page 315<br />

VISEU<br />

HOSPITAL DISTRITAL DE VISEU<br />

O primeiro <strong>Hospital</strong> de Viseu foi o HOSPITAL DAS CHAGAS,<br />

pertencente à Misericórdia, instituí<strong>do</strong> entre 1565 / 1585<br />

por Gerónimo Braga e sua mulher Isabel de Almeida, junto<br />

da Igreja de S. Martinho para nele se tratar<strong>em</strong> os <strong>do</strong>entes<br />

que não excedess<strong>em</strong> os três meses de curativo. A sustentação<br />

<strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes ficava a cargo da Santa Casa, assim<br />

como a sua admissão.<br />

O t<strong>em</strong>po levou à sua deterioração pelo que o Bispo D. Júlio<br />

(Júlio Francisco de Oliveira) o reedificou e ampliou, à sua<br />

custa, entre os anos de 1758 e 1760. Em 1760 existiam duas<br />

enfermarias uma para homens e outra para mulheres com<br />

o total de quarentena e oito camas.<br />

Recebeu ainda a Santa Casa muitas esmolas de diferentes<br />

Bispos e particulares, pelo que, no fim <strong>do</strong> último século, dispon<strong>do</strong><br />

já de bastantes recursos e sen<strong>do</strong> o seu <strong>Hospital</strong><br />

muito pequeno, resolveu edificar outro mais novo e maior,<br />

denomina<strong>do</strong> de <strong>Hospital</strong> Novo.<br />

Caetano Moreira Car<strong>do</strong>so, da cidade de Viseu, <strong>do</strong>ou à Misericórdia<br />

um olival sito a S. Martinho, junto à Quinta <strong>do</strong><br />

Serra<strong>do</strong> para aí se edificar um novo <strong>Hospital</strong>. Mais tarde os<br />

Marqueses de Sub-Serra <strong>do</strong>aram também um olival que tinham<br />

dentro da cerca <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>.<br />

A primeira pedra foi lançada pelo Bispo D. Francisco Moreira<br />

Pereira de Azeve<strong>do</strong> no dia 29 de Março de 1793.<br />

D. Maria I, por provisão de 12 de Fevereiro de 1799 obrigou<br />

to<strong>do</strong>s os concelhos da antiga Comarca de Viseu a pagar<strong>em</strong><br />

uma contribuição <strong>em</strong> favor das obras <strong>do</strong> dito <strong>Hospital</strong>; muitos<br />

concelhos, alegan<strong>do</strong> a sua distância à sede da comarca,<br />

não quiseram sujeitar-se à contribuição. Alguns foram compeli<strong>do</strong>s<br />

judicialmente, outros não pagaram pelo que mais<br />

tarde, aberto o novo <strong>Hospital</strong>, a Misericórdia se recusou a<br />

aceitar <strong>do</strong>entes pobres daqueles concelhos a não ser mediante<br />

uma avença com as respectivas câmaras<br />

Recebeu o <strong>Hospital</strong>, que ficou com o nome de HOSPITAL<br />

de SÃO TEOTÓNIO, os primeiros <strong>do</strong>entes <strong>em</strong> 1842 estan<strong>do</strong><br />

ainda inacaba<strong>do</strong>. É neste ano que se faz o grande portão<br />

de ferro da entrada para o edifício, onde se colocou a data.<br />

Em 1876, fez-se a bela escadaria s<strong>em</strong>i-circular exterior, na<br />

entrada para o grande terreiro ajardina<strong>do</strong> <strong>em</strong> forma de paralelogramo,<br />

e que toma toda a frente <strong>do</strong> edifício. A construção<br />

prolongou-se por 49 anos, ten<strong>do</strong> as despesas<br />

ascendi<strong>do</strong> a 185.482.206 reis.<br />

No dia 14 de Julho de 1997 foi inaugura<strong>do</strong> o novo HOSPI-<br />

TAL DE SÃO TEOTÓNIO que está implanta<strong>do</strong> num terreno<br />

com cerca de 15 hectares.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 315<br />

O primeiro Otorrinolaringologista a dar consulta e a operar<br />

no <strong>Hospital</strong> Distrital de Viseu (ao t<strong>em</strong>po, HOSPITAL DE S.<br />

TEOTÓNIO, pertencente à Misericórdia) foi o Dr. ARMINDO<br />

CRESPO, que se instalou <strong>em</strong> Viseu <strong>em</strong> 1933.<br />

Antes dele, mas fora <strong>do</strong> âmbito hospitalar exerceram clínica<br />

<strong>ORL</strong> nesta cidade os Drs. ELEUTÉRIO SANTA RITA (1870-<br />

1926), JOSÉ DO NASCIMENTO FERREIRA (1886-1946) e<br />

ALBERTINO CORREIA DE LOUREIRO.<br />

O Dr. Armin<strong>do</strong> Crespo trabalhou inicialmente como voluntário,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> <strong>em</strong>possa<strong>do</strong> como Chefe de Serviço <strong>em</strong><br />

1958 e nesta situação se manteve até 1966, data <strong>em</strong> que<br />

faleceu.<br />

Em 1955 ingressou no Serviço como voluntário o Dr. FER-<br />

NANDO MARQUES DO NASCIMENTO FERREIRA, que <strong>em</strong><br />

1958 foi <strong>em</strong>possa<strong>do</strong> como adjunto, ascenden<strong>do</strong> a Chefe<br />

de Serviço <strong>em</strong> 1967 e a Director <strong>do</strong> Serviço até 1991.<br />

Em 1959 realizou algumas das primeiras microcirurgias <strong>do</strong><br />

ouvi<strong>do</strong> no Norte <strong>do</strong> País.<br />

Em 1968 ingressou no Serviço, como Médico adjunto, o Dr.<br />

MANUEL FERREIRA, que posteriormente foi transferi<strong>do</strong><br />

para Lamego, a seu pedi<strong>do</strong>.<br />

O Serviço teve como Director o Dr. JOÃO TEIXEIRA LEÃO DE<br />

MEIRELES de 1991 a 2002, que também foi Director <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

de 1975 a 1982.<br />

Seguiu-se como Director <strong>do</strong> Serviço o Dr. JORGE BARRA-<br />

NHA SOBRAL de 2002 a 2008.<br />

O actual (2010) Director <strong>do</strong> Serviço é o Dr. JOSÉ MARQUES<br />

DOS SANTOS, forma<strong>do</strong> já neste Serviço. Integram o quadro<br />

<strong>do</strong> Serviço, e nele forma<strong>do</strong>s, o Dr. Sérgio Raposo e o Dr. António<br />

Alves e, completam a Equipa <strong>do</strong> Serviço a Dra. Emília<br />

Amaral o Dr. Canas Marques, o Dr. Raul Amaral e a Dra. Vera<br />

Soares.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:39 AM Page 316<br />

316<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:40 AM Page 317<br />

FIGURA 388<br />

A ILHA DA MADEIRA NO SÉCULO XIX NUMA FOTOGRAFIA DE JOÃO FRANCISCO CAMACHO<br />

ILHA DA MADEIRA<br />

A <strong>ORL</strong> NA REGIÃO AUTÓNOMA<br />

DA MADEIRA<br />

Até 1942 o exercício da Especialidade de <strong>ORL</strong> na Região<br />

Autónoma da Madeira limitava-se às visitas que anualmente<br />

faziam durante um mês, o <strong>Prof</strong>. Dr. Carlos de Mello<br />

e o <strong>Prof</strong>. Dr. Carlos Larroudé, essencialmente no exercício<br />

da clínica privada.<br />

A 2 de Maio de 1942, tomou posse como Especialista de<br />

<strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> da Misericórdia <strong>do</strong> Funchal, o Dr. Fernão<br />

Rosa Gomes que nunca chegou a organizar um Serviço, e as<br />

suas deslocações ao <strong>Hospital</strong> eram somente para operar.<br />

Em 1943, encontran<strong>do</strong>-se na Madeira mobiliza<strong>do</strong> como expedicionário,<br />

o Dr. ANTÓNIO MANUEL DA COSTA QUINTA<br />

foi nomea<strong>do</strong> para Director <strong>do</strong> serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> HOSPITAL<br />

DA MISERICÓRDIA DO FUNCHAL, e é na realidade a partir<br />

deste ano, e graças a este Médico, que é funda<strong>do</strong> verdadeiramente<br />

o Serviço de <strong>ORL</strong>, com a abertura da consulta externa<br />

a funcionar três vezes por s<strong>em</strong>ana, internamento,<br />

bloco operatório, arquivo etc.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 317<br />

Contou com a ajuda, desde o início, <strong>do</strong> Dr. LUÍS SOTERO<br />

GOMES, contrata<strong>do</strong> como assistente voluntário, a dar os<br />

primeiros passos na Especialidade.<br />

Em 1945 o Dr. Costa Quinta regressa ao Continente, terminada<br />

a sua mobilização como expedicionário, fican<strong>do</strong><br />

o Serviço t<strong>em</strong>porariamente a cargo <strong>do</strong> Dr. Sotero Gomes,<br />

<strong>em</strong>bora passa<strong>do</strong> pouco t<strong>em</strong>po fosse determina<strong>do</strong> pela<br />

administração <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> que o Dr. João Valente, especialista<br />

de <strong>ORL</strong> recém-chega<strong>do</strong> à Madeira, funcionasse<br />

como “tutor” <strong>do</strong> Dr. Sotero. A 20 de Abril de 1946 é nomea<strong>do</strong><br />

Director de Serviço, o Dr. JOSÉ ANTÓNIO FERREIRA<br />

ROQUETTE DE CAMPOS HENRIQUES, também na ilha<br />

como expedicionário.<br />

A 2 de Julho desse ano, o Dr. Sotero Gomes é nomea<strong>do</strong><br />

2º Assistente, pois até aí mantinha-se como Assistente voluntário.<br />

No Verão de 1948, o Dr. Campos Henriques resolveu a seu<br />

pedi<strong>do</strong> deixar a Direcção <strong>do</strong> Serviço e regressar a Lisboa,<br />

fican<strong>do</strong> novamente o Dr. Sotero Gomes, t<strong>em</strong>porariamente<br />

como Director.<br />

A 3 de Junho de 1949, a administração nomeou o Dr.<br />

JOÃO VALENTE como Director <strong>do</strong> Serviço, e passa<strong>do</strong> um<br />

ano promoveu o Dr. Sotero Gomes a 1º Assistente.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:41 AM Page 318<br />

318<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 389<br />

O “COMANDANTE” DR. ALIvAR CARDOSO AO LEME DO SEU IATE NO FUNCHAL<br />

NO DIA 2 DE JANEIRO DE 2000<br />

FIGURA 390<br />

LUÍS SOTERO GOMES<br />

Em 1966 chega ao serviço o Dr. Alivar Jones Car<strong>do</strong>so que<br />

nesse mesmo ano passa à categoria de Assistente Contrata<strong>do</strong>.<br />

Em 1970, o Dr. João Valente atinge o limite de idade, sen<strong>do</strong><br />

nomea<strong>do</strong> oficialmente para a Direcção <strong>do</strong> Serviço, o Dr. Sotero<br />

Gomes, ascenden<strong>do</strong> o Dr. Alivar Car<strong>do</strong>so a 2º Assistente.<br />

Em 1973 é finalmente inaugura<strong>do</strong> o HOSPITAL DISTRITAL<br />

DO FUNCHAL, nova unidade hospitalar considerada um<br />

modelo a nível nacional, com 560 camas, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de um<br />

bloco operatório moderno com sete salas muito b<strong>em</strong><br />

equipadas, amplas enfermarias, caben<strong>do</strong> 24 camas ao serviço<br />

de <strong>ORL</strong>. É aqui que se instala o novo Serviço de <strong>ORL</strong><br />

juntamente com todas as outras Especialidades cirúrgicas<br />

existentes na altur; no <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong>s Marmeleiros ficariam<br />

então as Especialidades não cirúrgicas.<br />

Perante a necessidade de aumentar os efectivos no Serviço,<br />

e perante as óptimas condições que proporcionava<br />

a partir de 1976, o Serviço foi considera<strong>do</strong> idóneo para a<br />

realização <strong>do</strong> Internato Compl<strong>em</strong>entar, e já nesse ano<br />

entra como Interno da especialidade, o Dr. José Emanuel<br />

Gomes, <strong>em</strong>bora o serviço fosse já frequenta<strong>do</strong> por outro<br />

interno <strong>em</strong> regime de voluntaria<strong>do</strong> desde há alguns<br />

meses, o Dr. Luís Manuel Sotero Gomes, que viria a entrar<br />

oficialmente no Internato no ano seguinte.<br />

Em 1977 é cria<strong>do</strong> o Centro <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> Funchal <strong>em</strong> que<br />

são integradas as três unidades hospitalares existentes no<br />

Funchal. Em 1979 entra o Dr. Fernan<strong>do</strong> Neves e nos anos<br />

seguintes, respectivamente o Dr. João Mendes de Almeida,<br />

e Dra. Herli Maister e a Dra. Isabel Nogueira.<br />

A 23 de Abril de 1985 o Dr. ALIVAR CARDOSO toma posse<br />

como novo Director <strong>do</strong> Serviço, uma vez que o Dr. Sotero<br />

atinge o limite de idade. Alguns meses depois entra para<br />

o Internato da Especialidade o Dr. Carlos Martins, e passa<strong>do</strong>s<br />

4 anos entra novo Interno, o Dr. Miguel Furta<strong>do</strong>, e<br />

<strong>em</strong> 2000 a Dra. Marisol Pláci<strong>do</strong>. Em 2001, o Dr. Alivar Jones<br />

Car<strong>do</strong>so, depois de presidir a um mandato da Sociedade<br />

Portuguesa de Otorrinolaringologia e Patologia Cérvico-<br />

-Facial, pede a sua aposentação, e é nomea<strong>do</strong> Director de<br />

Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> Centro <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> Funchal, o Dr.<br />

LUÍS MANUEL SOTERO GOMES a 5 de Julho de 2001, que<br />

toma posse oficialmente <strong>em</strong> 2002 e aposentou-se <strong>em</strong><br />

Março de 2007, ten<strong>do</strong> toma<strong>do</strong> posse como Director o Dr.<br />

JOSÉ EMANUEL DE ABREU GOMES.<br />

Coloco aqui as fotografias de <strong>do</strong>is grandes Otorrinolaringologistas,<br />

ambos foram Directores <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong><br />

Centro <strong>Hospital</strong>ar <strong>do</strong> Funchal e meus colegas na Direcção<br />

da Sociedade, excelentes seres humanos que infelizmente<br />

nos aban<strong>do</strong>naram ce<strong>do</strong> d<strong>em</strong>ais. Deixam-nos grandes saudades<br />

e também grandes recordações.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:41 AM Page 319<br />

FIGURA 391<br />

CIDADE DE PONTA DELGADA CERCA DE 1900<br />

ILHAS DOS AÇORES<br />

SÃO MIGUEL - PONTA DELGADA<br />

HOSPITAL DO DIVINO<br />

ESPÍRITO SANTO<br />

O <strong>Hospital</strong> de Ponta Delgada, situa<strong>do</strong> na Ilha de S. Miguel,<br />

é o mais antigo da Região Autónoma <strong>do</strong>s Açores.<br />

O primeiro Otorrinolaringologista <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de Ponta<br />

Delgada foi o Dr. TOMÁS BORBA VIEIRA, licencia<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

Medicina pela Universidade de Lisboa. Em 1935 foi aberta<br />

uma Enfermaria no <strong>Hospital</strong>, própria para os <strong>do</strong>entes de<br />

<strong>ORL</strong> e Oftalmologia.<br />

Em 1934 veio outro Médico Especialista <strong>em</strong> <strong>ORL</strong>, o Dr.<br />

JOSÉ PACHECO VIEIRA exercer funções no <strong>Hospital</strong>.<br />

Em 1949, o Dr. Tomás Borba Vieira cessou as funções no<br />

<strong>Hospital</strong>, passan<strong>do</strong> a exercer apenas clínica privada, continuan<strong>do</strong><br />

o Dr. José Pacheco Vieira a exercer as suas funções<br />

no <strong>Hospital</strong> de Ponta Delgada até ao seu falecimento<br />

<strong>em</strong> 27/06/1965.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 319<br />

No dia 27/7/1965, iniciou as suas actividades no <strong>Hospital</strong><br />

de Ponta Delgada, o Dr. HERMANO ALMEIDA LIMA, especialista<br />

<strong>em</strong> <strong>ORL</strong> pelo Brooklin Eye and Ear de Nova Yorque,<br />

que fica <strong>em</strong> funções como Director <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong>.<br />

Em Nov<strong>em</strong>bro de 2000, o <strong>Hospital</strong> de Ponta Delgada<br />

mu<strong>do</strong>u-se para novas instalações passan<strong>do</strong> a denominar-se<br />

HOSPITAL DO DIVINO ESPÍRITO SANTO.<br />

O Serviço era constituí<strong>do</strong> <strong>em</strong> 2003 pelos:<br />

- Dr. Hermano Almeida Lima - Director <strong>do</strong> Serviço;<br />

- Dr. Alvim Pinheiro - Assistente Gradua<strong>do</strong> de <strong>ORL</strong>;<br />

- Dr. José Carlos Silveira Soares - Assistente Gradua<strong>do</strong> de<br />

<strong>ORL</strong>.<br />

O Serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong> Divino Espírito Santo<br />

tinha (2003) 4 sectores:<br />

- Internamento: A enfermaria é dividida com a Especialidade<br />

de Oftalmologia, constituin<strong>do</strong> o Serviço de Cirurgia<br />

I. O Serviço de <strong>ORL</strong> dispõe de 16 camas, sen<strong>do</strong> 9 de homens<br />

e 7 de mulheres. Em média são interna<strong>do</strong>s 516<br />

<strong>do</strong>entes anualmente.<br />

- Consulta Externa: A área da Consulta Externa possui 2<br />

gabinetes de Consulta, equipa<strong>do</strong>s com Otomicroscópio


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:41 AM Page 320<br />

320<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

FIGURA 392<br />

UMA DAS PRIMEIRAS FOTOGRAFIAS DA PESCA DO CACHALOTE NO úLTIMO QUARTEL DO SÉC. XIX - FOTOGRAFIA DE F. A. CHAvES<br />

e uma Sala de Pensos e Tratamentos, equipada com En<strong>do</strong>scopia<br />

Flexível e Circuito de Vídeo.<br />

- Sector de Audiologia: No sector de Audiologia realizam-<br />

-se exames Audiométricos e Impedanciométricos e Potenciais<br />

Evoca<strong>do</strong>s Auditivos. O Serviço possui também<br />

equipamento para realização de Videonistagmografia e<br />

Posturografia Dinâmica. Este sector está a cargo da Audiologista<br />

Teresa Reis.<br />

- Urgência: O Serviço de Urgência funciona 24 horas por<br />

dia. É assegura<strong>do</strong> <strong>em</strong> regime de Presença Física durante a<br />

s<strong>em</strong>ana, das 8h30 até às 13h30. A partir desta hora e durante<br />

o fim-de-s<strong>em</strong>ana os Médicos <strong>do</strong> Serviço ficam <strong>em</strong><br />

Regime de Prevenção. Cada Médico assegura um dia fixo<br />

da S<strong>em</strong>ana sen<strong>do</strong> os fins-de-s<strong>em</strong>ana rotativos.<br />

- Bloco Operatório: O Serviço dispunha <strong>em</strong> 2003 de 2<br />

t<strong>em</strong>pos cirúrgicos s<strong>em</strong>anais (Anestesia Geral) no Bloco<br />

Central (3ª e 6ª feira). À 3ª feira dispõe também de 1 sala<br />

com Anestesia Local. Em média realizavam-se 450 cirurgias<br />

por ano, incluin<strong>do</strong> cirurgia oncológica.<br />

TERCEIRA - ANGRA<br />

DO HEROÍSMO<br />

HOSPITAL DE SANTO ESPÍRITO<br />

O <strong>Hospital</strong> de Santo Espírito, com este nome precisamente,<br />

nasceu <strong>em</strong> 1492, na então Vila de Angra, na época<br />

áurea <strong>do</strong>s Descobrimentos Portugueses <strong>em</strong> que novos<br />

Mun<strong>do</strong>s se abriram ao Mun<strong>do</strong>. É o primeiro hospital da<br />

expansão e que além de ser um <strong>Hospital</strong> da Misericórdia,<br />

tinha uma protecção régia por atender os tripulantes das<br />

naus que por aqui passavam no caminho das Índias.<br />

Até ao ano de 1832, o <strong>Hospital</strong> de Santo Espírito manteve-se<br />

no edifício situa<strong>do</strong> junto à Igreja da Misericórdia, como se<br />

vê na gravura, passan<strong>do</strong> nesse ano a ocupar as instalações<br />

<strong>do</strong> extinto Convento das Religiosas da Conceição até<br />

Agosto de 1961, ano <strong>em</strong> que foi inaugura<strong>do</strong> o actual.<br />

Nasceu apenas com Serviços de Medicina, Cirurgia, Obstetrícia,<br />

Pediatria e Radiologia.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:42 AM Page 321<br />

A história <strong>do</strong> Serviço de <strong>ORL</strong> deste <strong>Hospital</strong> foi descrita<br />

pelo Dr. José Henrique Rocha Lourenço <strong>em</strong> 2003:<br />

“Logo que regressei a Angra <strong>do</strong> Heroísmo, minha terra Natal,<br />

tive uma reunião com a mesa da Santa Casa da Misericórdia,<br />

à qual o <strong>Hospital</strong> continuava a pertencer, e a Direcção<br />

Clínica <strong>do</strong> mesmo.<br />

Nessa reunião com base nos ensinamentos <strong>do</strong>s meus mestres<br />

Dr. Barata Salgueiro e <strong>Prof</strong>. Nobre Leitão e <strong>do</strong> que conhecia<br />

da realidade hospitalar e das Ilhas expus o que<br />

pretendia para fazer um serviço e se possível, uma escola...<br />

nascida <strong>do</strong> nada.<br />

E foi <strong>do</strong> nada que iniciamos este "Serviço" <strong>em</strong> Dez<strong>em</strong>bro de<br />

1967 - 475 anos depois da fundação <strong>do</strong> hospital.<br />

O primeiro material usa<strong>do</strong>, tanto <strong>em</strong> consulta como na cirurgia<br />

era propriedade minha.<br />

Cama... <strong>em</strong>prestava-as a Medicina e posteriormente, a Pediatria<br />

que nos cedeu durante muito t<strong>em</strong>po uma sala com<br />

duas camas.<br />

À medida que me fui impon<strong>do</strong>, mostran<strong>do</strong> serviço, resulta<strong>do</strong>s<br />

e persistência nas minhas exigências foram apetrechan<strong>do</strong><br />

o serviço.<br />

Durante cerca de 24 anos fui Especialista único para o Grupo<br />

Central e Ocidental <strong>do</strong>s Açores, pois o sau<strong>do</strong>so Dr. Borges de<br />

Sena só ia à Horta nas férias e aproveitava então para dar<br />

consultas de <strong>ORL</strong>.<br />

Durante estes anos fiz de tu<strong>do</strong> na Especialidade, consultas,<br />

cirurgia, exames compl<strong>em</strong>entares de diagnóstico. Entretanto<br />

passei a ter, regularmente, t<strong>em</strong>po de Bloco<br />

Operatório.<br />

Em 1982 foi-nos dada i<strong>do</strong>neidade para os <strong>do</strong>is primeiros anos<br />

de internato. Nessa altura <strong>do</strong>is colegas, Dr. João Gabriel Soares<br />

Martins e Dr. José Domingos Brasil Toste, fizeram o mês<br />

de opção <strong>do</strong> Internato Geral <strong>em</strong> <strong>ORL</strong>., onde permaneceram<br />

até fazer<strong>em</strong> o exame de saída deste Internato.<br />

Após este, optam pela Especialidade de <strong>ORL</strong> e permanec<strong>em</strong><br />

no Serviço durante os <strong>do</strong>is primeiros anos. Depois foram<br />

acabar o Internato no Serviço <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Mário Andreia no <strong>Hospital</strong><br />

de Santa Maria, <strong>em</strong> Lisboa, regressan<strong>do</strong> à Ilha Terceira,<br />

terra Natal de ambos, onde fizeram as provas finais.<br />

Em Set<strong>em</strong>bro de 1984 tiv<strong>em</strong>os a primeira Técnica de Audiometria<br />

e pouco t<strong>em</strong>po depois uma Secretária.<br />

Em 1986 o Dr. Jorge Varandas foi coloca<strong>do</strong> na Base Aérea 4<br />

e como mostrasse interesse pela especialidade, veio trabalhar<br />

connosco onde permaneceu durante 4 anos. Foi um óptimo<br />

colabora<strong>do</strong>r.<br />

Em Janeiro de 1991 veio como interna a Dra. Aida Mateus de<br />

Sousa Bártolo que também cá fez os <strong>do</strong>is primeiros anos in<strong>do</strong><br />

acabar o Internato no Serviço <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Gameiro <strong>do</strong>s Santos no<br />

<strong>Hospital</strong> Geral de Sto. António - Porto. Regressou a Angra <strong>do</strong><br />

Heroísmo e hoje pertence ao quadro da Especialidade.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 321<br />

Em 1989 organizámos com o serviço de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> de<br />

Santa Maria o primeiro curso de <strong>ORL</strong> para Clínicos Gerais <strong>do</strong>s<br />

Açores.<br />

Fiz<strong>em</strong>os as Jornadas de <strong>ORL</strong> <strong>do</strong>s Açores com a colaboração<br />

de alguns colegas <strong>do</strong> Continente.<br />

Em 1996, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Otorrinolaringologia<br />

e Cirurgia Cérvico-Facial organizámos o Congresso<br />

Nacional de <strong>ORL</strong>.<br />

Em 2001 organizámos, aquan<strong>do</strong> da aquisição <strong>do</strong> material de<br />

V.N.G. e Plataforma de Posturografia, um encontro a que<br />

d<strong>em</strong>os o nome de "Vertig<strong>em</strong> 2001". Perto da reforma sinto-me<br />

feliz por "<strong>do</strong> nada" ter consegui<strong>do</strong> o que me propus quan<strong>do</strong><br />

cá cheguei. Deixo escola e tenho óptimos colabora<strong>do</strong>res que<br />

permitiram que montáss<strong>em</strong>os um Serviço de <strong>ORL</strong>.”<br />

Não será por acaso que o Dr. Rocha Lourenço, reforma<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> 2005, aos 70 anos, continua a colaborar na actividade<br />

clínica <strong>do</strong> Serviço e os seus antigos colabora<strong>do</strong>res o continuam<br />

a chamar de “Chefe”, pois qu<strong>em</strong> o conhece pessoalmente<br />

sabe o que ele é na verdade, um hom<strong>em</strong> bom,<br />

amigo e <strong>do</strong>no de um coração generoso, atributos próprios<br />

de um líder.<br />

O espírito aberto e a personalidade dialogante <strong>do</strong> Dr.<br />

Rocha Lourenço, levou a que rapidamente se apercebesse<br />

<strong>do</strong> perfil <strong>do</strong>s seus colabora<strong>do</strong>res. Assim, no final da<br />

década de 90, face à crescente incidência de patologia<br />

FIGURA 393<br />

DR. JOSÉ HENRIQUE ROCHA LOURENÇO


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:42 AM Page 322<br />

322<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

tumoral da Especialidade, nomeadamente o cancro da<br />

laringe, impunha a deslocação de muitos destes <strong>do</strong>entes<br />

para o Serviço de Cirurgia da Cabeça e Pescoço <strong>do</strong> IPOFG-<br />

Lisboa, à altura sob a direcção <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Dr. Nuno Santiago.<br />

Esta colaboração inter-institucional levou a que se criass<strong>em</strong><br />

laços de amizade entre os <strong>do</strong>is Serviços, permitin<strong>do</strong><br />

estabelecer protocolos quer na área de formação quer de<br />

apoio técnico, no qual se inclui a Radioterapia.<br />

Na sequência destes protocolos, o Dr. Brasil Toste e a Dra.<br />

Aida Bártolo, realizaram <strong>em</strong> 1998 um estágio prolonga<strong>do</strong><br />

no IPOFG de Lisboa na área cirúrgica.<br />

Com o regresso destes 2 Especialistas a Angra <strong>do</strong> Heroísmo,<br />

esta equipa cirúrgica passou a realizar a maioria<br />

das cirurgias oncológicas desta área.<br />

Pela mesma data, o Dr. João Martins envere<strong>do</strong>u pela área<br />

da Otoneurologia, ten<strong>do</strong> o Serviço adquiri<strong>do</strong> equipamento<br />

específico.<br />

A diferenciação integrada e articulada <strong>do</strong> Serviço, no contexto<br />

hospitalar, levou à criação de duas novas consultas<br />

- Consulta de Oncologia da Cabeça e Pescoço sob a coordenação<br />

<strong>do</strong> Assistente Gradua<strong>do</strong>, Dr. Brasil Toste;<br />

- Consulta de Otoneurologia sob a coordenação <strong>do</strong> Assistente<br />

Gradua<strong>do</strong> Dr. João Martins.<br />

A aposentação <strong>do</strong> Dr. Rocha Lourenço <strong>em</strong> 2005, não abalou<br />

a continuidade n<strong>em</strong> a boa prática <strong>do</strong> Serviço, o que<br />

prova que o Director cessante tinha consegui<strong>do</strong> formar<br />

uma equipa coesa e com maturidade profissional, atributos<br />

necessários a dar continuidade ao trabalho inicia<strong>do</strong><br />

na década de 60. A Direcção <strong>do</strong> Serviço t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> partilhada,<br />

ao longo <strong>do</strong>s últimos 5 anos, pelos <strong>do</strong>is Assistentes<br />

Gradua<strong>do</strong>s mais antigos <strong>do</strong> Serviço (Dr. João Martins<br />

e Dr. Brasil Toste).<br />

Actualmente o Serviço t<strong>em</strong> 3 Assistentes Gradua<strong>do</strong>s, pertencentes<br />

ao quadro hospitalar e uma Interna.<br />

Para além <strong>do</strong> corpo médico referi<strong>do</strong>, os recursos humanos<br />

da Consulta Externa <strong>do</strong> Serviço compreend<strong>em</strong>, duas<br />

Técnicas de Audiometria, uma Enfermeira, duas Assistentes<br />

Técnicas e uma Assistente Operacional.<br />

As instalações da Consulta Externa e Internamento são as<br />

seguintes:<br />

- 3 salas com 9 camas para internamento e junto a estas<br />

uma sala de observação e tratamentos;<br />

- Uma Consulta Externa com: 4 gabinetes de consulta devidamente<br />

equipa<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>is deles com microscópio de<br />

parede e um com microscópio de pé;<br />

- Sala de en<strong>do</strong>scopia <strong>do</strong>tada com video printer, fonte de<br />

luz, câmara de en<strong>do</strong>scopia, monitor e fibroscópios;<br />

- Gabinetes de: Audiometria de Potenciais evoca<strong>do</strong>s e<br />

Videonistagmografia, Meios para reabilitação vestibular<br />

com Plataforma de posturografia dinâmica computarizada.<br />

Dois dias por s<strong>em</strong>ana têm bloco operatório. Faz-se praticamente<br />

toda a cirurgia da especialidade, incluin<strong>do</strong> boa<br />

parte da cirurgia oncológica.<br />

Desde 2007, o Serviço integra o GRISI – Grupo de Rastreio<br />

e Intervenção da Surdez Infantil.<br />

Em 2008, o Serviço organizou a Reunião Anual da Sociedade<br />

Portuguesa de Otoneurologia, na qual foram homenagea<strong>do</strong>s<br />

o <strong>Prof</strong>. Dr. Conraux e o Dr. Rocha Lourenço.<br />

Sen<strong>do</strong> um Serviço pequeno de uma Região Autónoma,<br />

dispersa por 9 ilhas e que t<strong>em</strong> por missão os cuida<strong>do</strong>s de<br />

saúde na área da Otorrinolaringologia para uma população<br />

de 70.000 habitantes (ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa),<br />

apresenta uma casuística considerável. A revisão<br />

da estatística <strong>do</strong> Serviço <strong>do</strong>s últimos 5 anos (da<strong>do</strong>s de<br />

2010) revelou a seguinte produção média / ano:<br />

- Consulta Externa: 6.100 consultas / ano,<br />

das quais 25% foram 1 as consultas;<br />

- Urgência: 950 urgências / ano;<br />

- Cirurgia: 300 <strong>do</strong>entes / ano;<br />

- Internamento: 360 <strong>do</strong>entes / ano;<br />

- Exames Compl<strong>em</strong>entares de Diagnóstico: 9.000<br />

exames / ano.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 323<br />

FIGURA 394<br />

HOSPITAL MARIA PIA EM LUANDA CERCA DE 1870 - FOTOGRAFIA DE CUNHA MORAES - LOANDA<br />

A <strong>ORL</strong> NAS<br />

ANTIGAS PROVÍNCIAS<br />

ULTRAMARINAS<br />

ANGOLA E MOÇAMBIQUE<br />

Numa perspectiva histórica, vou referir como se processou<br />

a actividade <strong>ORL</strong> nos territórios ultramarinos e qual<br />

era o seu apoio de retaguarda na Metrópole, até 1974.<br />

Até à data da independência, exerciam Clínica Otorrinolaringológica<br />

<strong>em</strong> Angola, hospitalar e privada, os Drs.TEIXEIRA<br />

E SILVA e XEMBU DESSAI, <strong>em</strong> Nova Lisboa, os Drs. AMÍL-<br />

CAR NOGUEIRA e ARLINDO AZEVEDO, <strong>em</strong> Luanda e o Dr.<br />

VASCONCELOS, <strong>em</strong> Benguela. O Dr. Dessai foi mais tarde<br />

transferi<strong>do</strong> de Nova Lisboa para Luanda, acaban<strong>do</strong> por<br />

deixar Angola ainda antes da independência.<br />

Como Otorrinolaringologista privativo da Diamang encontrava-se<br />

o Dr. JOSÉ SOUSA DIAS.<br />

Na Universidade de Luanda, o curso de <strong>ORL</strong> foi regi<strong>do</strong><br />

pelo Dr. José Sousa Dias.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 323<br />

Com a independência e as perturbações que se lhe seguiram,<br />

to<strong>do</strong>s estes Médicos aban<strong>do</strong>naram Angola, regressan<strong>do</strong><br />

a <strong>Portugal</strong>.<br />

Em Moçambique, tinha havi<strong>do</strong> <strong>em</strong> Lourenço Marques,<br />

desde 1943 um especialista de <strong>ORL</strong> que era o Dr. PINTO COE-<br />

LHO, a qu<strong>em</strong> sucedeu o Dr. AZEVEDO GOMES. Depois, instalou-se<br />

o Dr. FERNANDO VERGUEIRO e, ocasionalmente,<br />

colaborava na consulta externa o Dr. MARQUES PAIXÃO.<br />

Na Beira, exerceram clínica da Especialidade os Drs. DIAS<br />

FERREIRA, ABEL ALVES (1 ano), BRITO SUBTIL, AUGUSTO<br />

MARINHEIRO JÚNIOR, BRANCO CORREIA e COELHO NOBRE.<br />

O Dr. A<strong>do</strong>lfo Branco Correia foi depois transferi<strong>do</strong>, a seu<br />

pedi<strong>do</strong>, para Lourenço Marques, onde viria a ser Docente<br />

de <strong>ORL</strong> na Universidade de Moçambique.<br />

Como o estágio de <strong>ORL</strong> no <strong>Hospital</strong> Miguel Bombarda de<br />

Lourenço Marques era considera<strong>do</strong> idóneo perante a Ord<strong>em</strong><br />

<strong>do</strong>s Médicos, especializaram-se lá, <strong>em</strong> Otorrinolaringologia,<br />

o Dr. ASDRÚBAL CORREIA TEODÓSIO e o Dr. JORGE DIOGO,<br />

que se radicou posteriormente na África <strong>do</strong> Sul.<br />

O último Otorrinolaringologista a ser oficialmente coloca<strong>do</strong><br />

no <strong>Hospital</strong> de Lourenço Marques foi o Dr. BRANCO<br />

NEVES. Tal como sucedeu <strong>em</strong> Angola, to<strong>do</strong>s saíram de<br />

Moçambique aquan<strong>do</strong> da independência, com excepção<br />

<strong>do</strong> Dr. Branco Neves.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 324<br />

324<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

Aliás, alguns já tinham saí<strong>do</strong> antes, como por ex<strong>em</strong>plo, o<br />

Dr. AUGUSTO MARINHEIRO JÚNIOR, que veio fazer carreira<br />

nos Hospitais Civis de Lisboa e <strong>do</strong>utorar-se na Faculdade<br />

de Medicina de Lisboa.<br />

Nos restantes territórios ultramarinos não houve com permanência,<br />

assistência <strong>ORL</strong>.<br />

Em Lisboa, como unidade de apoio de retaguarda, funcionava<br />

o <strong>Hospital</strong> <strong>do</strong> Ultramar (hoje <strong>Hospital</strong> Egas<br />

Moniz), cujo Serviço de <strong>ORL</strong> foi dirigi<strong>do</strong> pelo Dr. Arman<strong>do</strong><br />

Santana Leite desde 1951.<br />

FIGURA 395<br />

SÍMBOLOS DA SP<strong>ORL</strong>


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 325<br />

FIGURA 396<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 325<br />

CADEIRA ACúSTICA DO REI D. JOÃO vI – CRIADA POR FREDERICK CHARLES REIN DE LONDRES EM 1819. FALANDO JUNTO À BOCA DO LEÃO AS CAvIDADES<br />

RESSONANTES ESCONDIDAS NO INTERIOR DA CADEIRA AMPLIFICAvAM OS SONS DIRIGIDOS ATRAvÉS DO TUBO ATÉ AO OUvIDO DO REI


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 326<br />

326<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1 - A MEDICINA CONTEMPORÂNEA. ANO I-Nº1ª 1883 a ano XXXVI<br />

SÉRIE II. Nº52,1918.<br />

2 - ACTA OTO-RHINO-LARYNGOLOGICA BÉLGICA. Vol 35, SUPLE-<br />

MENTOS II, III, IV E V. 1981.<br />

3 - ALMEIDA, ANTÓNIO D’: “TRATADO DA INFLAMAÇÃO” - 1813.<br />

4 - ALMEIDA, ANTÓNIO D’: TRATADO DE MEDICINA OPERATÓRIA<br />

TOMO I E TOMO III – 1800.<br />

5 - ALMEIDA, B. D’: “RHINOPLASTIA” GAZETA MÉDICA DO PORTO<br />

1843.<br />

6 - AMBROISE PARÉ: “LES OEUVRES DE D’AMBROISE PARÉ, CONSEIL-<br />

LER ET PREMIER CHIRURGIEN DU ROY…” 1585.<br />

7 - AZEVEDO, Frei Manuel Teixeira de: “CORRECÇÃO DE ABUSOS IN-<br />

TRODUZIDOS CONTRA O VERDADEIRO METHODO DA MEDI-<br />

CINA, 1668.<br />

8 - BARBOSA, António Maria. Relatório apresenta<strong>do</strong> ao ilustríssimo e<br />

excelentíssimo senhor ministro <strong>do</strong> reino. No congresso médico<br />

internacional de Paris. Imprensa nacional. Lisboa,1867.<br />

9 - BASTOS, Frederico Guilherme Teixeira - otite média purulenta e<br />

seu tratamento.<br />

10 - BASTOS, Frederico Guilherme Teixeira. Otite média purulenta e<br />

o seu tratamento. Dissertação inaugural. Typographia da casa<br />

católica. Julho de 1889.<br />

11 - BEZOLD, FR; siebenmann.text-book of otology for physicians<br />

and students. Translated by J. Holinger of chicago.edit.- e.h.clegrove<br />

chicago 1908.<br />

12 - Boletim da sociedade portuguesa de otorrinolaringologia e patologia<br />

cérvico-facial. VOL I - 1961 a VOL XXIV - 1986.<br />

13 - BOTELHO, Luiz da Silveira. 75 anos, o instituto português de oncologia<br />

e a luta contra o cancro <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>. Lisboa. 1998.<br />

14 - CABREYRA, Gonçalo Rodrigues de, compêndio de vários r<strong>em</strong>édios<br />

de cirurgia, recopila<strong>do</strong> <strong>do</strong> thesouro <strong>do</strong>s pobres e outros.<br />

15 - CAMPOS RODRIGUES, Maximo H. Indicações das intervenções<br />

cirúrgicas nas sinusites frontaes. Dissertação inaugural da escola<br />

médico-cirúrgica de Lisboa. Julho de 1906.<br />

16 - CARDOSO, Joaquim. Higiene da garganta nariz e ouvi<strong>do</strong>s. Tipografia<br />

leonesa. Porto 1946.<br />

17 - CAROÇA, José Gonçalves, <strong>em</strong> que foi apresentada à escola médica<br />

de Lisboa uma tese intitulada. ”Mastoidite aguda purulenta”<br />

1907.<br />

18 - CENTENO, Fragoso. Pequena história da anestesia. Livraria clássica<br />

editora. 1943.<br />

19 - CHARTERS DE AZEVEDO, L.C. Corpos estranhos <strong>do</strong> conduto auditivo<br />

externo (sua prática clínica). Separata de medicina, dez<strong>em</strong>bro<br />

1934.<br />

20 - CLODE, JOÃO JOSÉ P. EDWARD. HISTÓRIA DA OTORRINOLARIN-<br />

GOLOGIA, LISBOA 2003.<br />

21 - CLODE, JOÃO JOSÉ P. EDWARD CLODE, coordena<strong>do</strong>r - QUEM É<br />

QUEM NA OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA-Lisboa 1991.<br />

22 - CORREIA, João lopes - castelo forte - 1723.<br />

23 - COSTA QUINTA, A DA. Corpos estranhos das vias aéreas inferiores<br />

e digestivas a propósito de cincoenta casos consecutivos.<br />

Lisboa. 1941.<br />

24 - FERREIRA, Antonio, “luz verdadeira, 1705.<br />

25 - FERREIRA DE MIRA, M- história da medicina portuguesa. Lisboa.<br />

Edição de imprensa nacional publicidade. 1947.<br />

26 - FIGUEIREDO, Albérico; Tavares, José Neves. Catorze lições de<br />

otorrinolaringologia feitas ao 5º ano médico pelo prof. Dr. Ary<br />

<strong>do</strong>s Santos. Faculdade de medicina de Lisboa. 1935.<br />

27 - Figuras e panoramas da medicina de outros t<strong>em</strong>pos. Hospitais<br />

civis de Lisboa. Exposição dedicada ao Doutor Alberto Macbride.<br />

Lisboa, nov<strong>em</strong>bro de 1954.<br />

28 - FRANCO, Francisco Soares - el<strong>em</strong>entos de anatomia - 1818.<br />

29 - FRANCO, Manuel Pereira de Mira – “os diferentes méto<strong>do</strong>s e<br />

principais processos de praticar a rhinoplastia, preferin<strong>do</strong>-se o<br />

méto<strong>do</strong> indiano”- 1814.<br />

30 - FRANCO, Evaristo. Glórias da medicina portuguesa. Tipografia<br />

da união gráfica. Lisboa. 1949.<br />

31 - FRANCO, Manoel Pereira de Mira. Dissertação sobre os differentes<br />

metho<strong>do</strong>s e principaes processos de practicar a rhinoplastia.<br />

Typografia cesariana. Lisboa 1814.<br />

32 - GAZETA MÉDICA DE LISBOA 1853 a 1874.<br />

33 - GODINHO, GUILHERME NUNES. Diagnóstico das lesões <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong><br />

pelo diapasão. Dissertação inaugural. Typographia mattos<br />

moreira e pinheiro. Lisboa. 1895.<br />

34 - GOUVEIA FILIPE JOSÉ - “oração inaugural <strong>do</strong> primeiro curso de<br />

operações cirúrgicas” - 1762.<br />

35 - GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA- vol-5,<br />

vol-15 e, vol-33 - EDITORIAL ENCICLOPÉDIA.<br />

36 - GUERRIER, YVES; MOURIER-KUHN, PIERRE. Histoire des maladies<br />

de l’oreille, du nez et de la gorge, les grands étapes de l’otorhino-<br />

laryngologie. Les editions roger dacosta. Paris. 1980.<br />

37 - HENRIQUES, FRANCISCO DA FONSECA - ANCORA MEDICINAL -<br />

1726.<br />

38 - JORNAL DA SOCIEDADE DAS SCIÊNCIAS (CIÊNCIAS) MÉDICAS<br />

DE LISBOA TOMO III 1836 A TOMO CXXIX -LISBOA 1965.<br />

39 - JORNAL DAS SCIÊNCIAS MÉDICAS 1º ANNO TOMO 1º, 1835.<br />

40 - JOURNAL OF OTOLOGY. vol 3, number 1, july 1981:p74-78.<br />

41 - LARROUDÉ, CARLOS. Manual de oto-rino-laringologia para o<br />

clínico geral. Livraria luso-espanhola.1945.<br />

42 - LARROUDÉ, CARLOS. Panorama actual da oto-rinolaringologia.<br />

Separata de o médico nº 54. 1962.<br />

43 - LEITE, JOÃO SANT’ANNA -“um caso de cholesteatoma primitivo<br />

<strong>do</strong> antro mastoideu direito - operação radical”. 14 de Dez<strong>em</strong>bro<br />

de 1902 na medicina cont<strong>em</strong>porânea.<br />

44 - LEITE, JOÃO SANT’ANNA - “trinta casos de intervenção sobre a<br />

apófise mastoideia” na medicina cont<strong>em</strong>porânea <strong>em</strong> 1906.<br />

45 - LEITE, JOÃO SANT’ANNA “um caso de colesteatoma <strong>do</strong> antromastoideu”<br />

no jornal da sociedade de ciências médicas tomo<br />

lxvi de 1902.<br />

46 - LEITE, JOÃO SANT’ANNA. Novo processo de operar fibromas<br />

naso-faríngeos. Separata da medicina cont<strong>em</strong>porânea.1933.<br />

47 - LEITE, João Sant’Anna “extirpação total da larynge” ,a medicina<br />

cont<strong>em</strong>porânea” de 5 de junho de 1910.<br />

48 - LEMOS MAXIMIANO - HISTÓRIA DA MEDICINA EM PORTUGAL.<br />

DOUTRINAS E INSTITUIÇÕES. VOL I E II. MANOEL GOMES editor-<br />

LISBOA 1899.<br />

49 - LERMOYEZ, M. Rhinologie, otologie, laryngologie à vienne. Paris:<br />

carré, 1894.<br />

50 - LESKY E. The vienna medical school of the 19th century, translated<br />

from the german die wiener medizinishce schule im 19.<br />

Jahrhundert by williams l and levij is. Baltimore, md: the johns<br />

hopkins university press, 1976.<br />

51 - <strong>Livro</strong> com as actas e as comunicações apresentadas na secção<br />

de laryngologia-rhinologia e otologia <strong>do</strong> xv congresso de 1906.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 327<br />

52 - LOURENÇO, António Gomes. Cirurgia clássica lusitana. Anatómica,<br />

farmacêutica, médica, a mais moderna. Na officina de António<br />

Rodrigues Galhar<strong>do</strong>. Lisboa 1761.<br />

53 - LUSITANO, Amato: “centúrias das curas medicinais”.<br />

54 - LUSITANO, Zacuto: “de medicorum principio historia libre sex”<br />

de 1649.<br />

55 - LUSITANO, Amato:“curationum medicinacium centuria sept<strong>em</strong>”<br />

de 1551.<br />

56 - Macha<strong>do</strong> Mace<strong>do</strong>, Manuel. História da medicina portuguesa<br />

no século XX. Edição <strong>do</strong>s CTT, correios de <strong>Portugal</strong>. 2000.<br />

57 - Magalhães, Jaime. Manual de otorrinolaringologia. Adapta<strong>do</strong><br />

ao ensino e à clínica geral. Porto 1943.<br />

58 - MELLO, Carlos de. Dois anos de oto-rino-laringologia (estatística<br />

de). Lisboa. Typographia da “editora lda”. 1916.<br />

59 - MELLO, Carlos de. Intervenções e indicações cirúrgicas nas supurações<br />

crónicas <strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong> médio. Estu<strong>do</strong> crítico e <strong>do</strong>utrinário.<br />

Tipografia <strong>do</strong> comércio. Lisboa. 1927.<br />

60 - MELLO, Carlos de. Intervenções e indicações cirúrgicas nas supurações<br />

crónicas <strong>do</strong>...<br />

61 - MELLO, Carlos de. Sinusites maxilares crónicas. Imprensa libânio<br />

da silva. Lisboa 1931.<br />

62 - MELLO, Carlos de. Sobre abcessos cerebrais de orig<strong>em</strong> otítica<br />

com um prefácio pelo prof. Dr. Francisco Gentil. Coimbra. Imprensa<br />

da universidade. 1915.<br />

63 - MIGUÉIS, Carlos. Surdez. Coimbra. 1994.<br />

64 - MIGUÉIS, Carlos. Vertig<strong>em</strong>. Coimbra. 1993.<br />

65 - MIGUÉIS, Carlos. Zumbi<strong>do</strong>s. Coimbra. 1996.<br />

66 - MILHEIRO, Manuel Augusto Dias. Etiologia, pathogenia e tratamento<br />

das anginas agudas.<br />

67 - MILSTEIN, Stanley. Otosclerosis. The american journal of otology.<br />

vol 2, number 3, jan 1981:p283-285.<br />

68 - MONTEIRO, Avelino:“mastoidites purulentas agudas”na revista<br />

medicina cont<strong>em</strong>porânea, nº 9 ano: <strong>em</strong> 3 de março de 1901.<br />

69 - MORELL-MACKENZIE. Traité pratique des maladies du larynx.<br />

Traduit de l’anglais et annoté par EJ Moure et Francis Berties.<br />

Octave <strong>do</strong>in, éditeur. Paris.1882.<br />

70 - MOUNIER-Kuhn P, Guerrier Y. Histoire des maladies de l’oreille,<br />

du nez et de la gorge. Paris: daCosta, 1980.<br />

71 - MOYA; Julio Lopez; Teo<strong>do</strong>ro Sacristan Alonso. Medio siglo de<br />

historia de la sociedad española de otorrinolaringologia e patologia<br />

cervico- facial. Edição da sociedade espanhola de otorrinolaringologia<br />

. 1999.<br />

72 - MUDRY A, Dekany Z. Adam Politzer (1835-1920): his medical<br />

studies and publications in hungarian. Otol neurotol<br />

2004;25:72-78.<br />

73 - MUDRY A, Kütter J. Joseph Toynbee and his son Arnold: unpublished<br />

manuscript written by Adam Politzer. J laryngol otol<br />

2004;118:179-84.<br />

74 - MUDRY A. The role of Adam Politzer (1835-1920) in the history<br />

of otology. Am J otol 2000;21:753-63.<br />

75 - NAMORA, Fernan<strong>do</strong>. Deuses e d<strong>em</strong>ónios da medicina. 1º e 2º<br />

volumes. Edição <strong>do</strong> círculo de leitores. 1977.<br />

76 - Notas sobre <strong>Portugal</strong> envia<strong>do</strong> à exposição nacional <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro 1908.<br />

77 - Notas sobre <strong>Portugal</strong>. Exposição <strong>do</strong> Rio de Janeiro <strong>em</strong> 1908.<br />

Secção portuguesa. Vol i-a medicina <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>; a cirurgia <strong>em</strong><br />

portugal. Lisboa. Imprensa nacional, 1908.<br />

78 - O ocidente de 10 de maio de 1906.<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 327<br />

79 - ORTA Garcia de: “colóquios <strong>do</strong>s simples” e “coisas medicinais da<br />

índia”.<br />

80 - Otology & neurotology, volume 27(2), february 2006, pp 276-281.<br />

81 - Otology & neurotology. 22(2):258-263, march 2001.<br />

82 - PINTO, MANUEL. Valor <strong>do</strong>s raios-x nas <strong>do</strong>enças <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s,<br />

nariz e garganta. Coimbra editora. 1948.<br />

83 - POLITZER A. Geschichte der ohrenheilkünde .i band. Stuttgart.<br />

Verlag von ferdinand. Enke. 1907.<br />

84 - POLITZER A. Geschichte der ohrenheilkünde .ii band. von 1850-<br />

1911. Stuttgart. Verlag von Ferdinand. Enke. 1913.<br />

85 - POLITZER A. History of otology. Vol. 1.Translated by Milstein S, Portnoff<br />

C, Col<strong>em</strong>an A. Phoenix, AZ: columella press, 1981:155-62.<br />

86 - POLITZER, ADAM. Lehrbuch der ohrenheilkunde für practische<br />

ärtze und studirende. Stuttgart. Verlag von ferdinand. Enke. 1887.<br />

87 - CARLOS DE ANDRADE: “supurações das células mastoideias”.<br />

88 - QUINT, Christian; Knerer, Birgit: history of otorhinolaryngology<br />

in Austria from 1870 to 1920. The journal of laryngology & otology:<br />

august 2005, vol 119, suppl<strong>em</strong>ent nº 30, pp4-.<br />

89 - RAMAUGÉ. Os cegos e os sur<strong>do</strong>s e meios infalíveis de restabelecer,<br />

fortificar e conservar a vista e o ouvir <strong>em</strong> bom esta<strong>do</strong> até<br />

à idade avançada. Imprensa nacional. Lisboa.1867.<br />

90 - “Relatório apresenta<strong>do</strong> à comissão inicia<strong>do</strong>ra da uma escola<br />

para sur<strong>do</strong>s-mu<strong>do</strong>s”, impresso no porto <strong>em</strong> 1873.<br />

91 - Revista clínica, higiene e hidrologoia. Ano xxi, nº 5 e 6, maio e<br />

junho de 1955 e ano xxii, nº 8 e 9, de agosto e set<strong>em</strong>bro de 1956.<br />

92 - Revista clínica, higiene e hidrologoia. Ano xxi, nº 5 e 6, maio e<br />

junho de 1955 e ano xxii, nº 8 e 9, de agosto e set<strong>em</strong>bro de 1956.<br />

93 - REVISTA DE MEDICINA E CIRURGIA. REDACTORES- ALFREDO DA<br />

COSTA; MELLO VIANNA, CÂMARA PESTANA E AVELINO MON-<br />

TEIRO. TOMO I, 1894 E TOMO III, 1895. M. Gomes editor.<br />

94 - REVISTA PORTUGUESA DE MEDICINA E CIRURGIA PRÁTICAS. Dirigida<br />

por ALFREDO LUIZ LOPES. VOL I, 1896 E VOL VI, 1899. M.<br />

Gomes editor.<br />

95 - REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRUR-<br />

GIA CÉRVICO-FACIAL VOL XXV - 1987 a VOL XLVII – 2009.<br />

96 - ROMA, FRANCISCO MORATO: “ luz da medicina práctica, racional<br />

e methodica” 1726.<br />

97 - RUAH, SAMUEL A. BENTES; RUAH, CARLOS BENTES. Manual de<br />

otorrinolaringologia. 5 volumes. Edição roche farmacêutica, química.<br />

1998, e...<br />

98 - SABINO COELHO. O momento cirúrgico e o ensino lisbonense.<br />

Faculdade de medicina de Lisboa. Lisboa. 1925.<br />

99 - SANTOS, ARY DOS: “a sur<strong>do</strong>- mudez” 1920.<br />

100 - SANTOS, ARY DOS. A clínica oto-rino-laringologia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong><br />

Militar de Lisboa. Imprensa nacional de Lisboa.1918.<br />

101 - SANTUCCI, BERNARDO: “ANATOMIA DO CORPO HUMANO” –<br />

1739.<br />

102 - SÉCULO XX, crónica <strong>em</strong> imagens. 1950-1960. Círculo <strong>do</strong>s leitores.<br />

2000.<br />

103 - SEMMEDO, JOÃO CURVO: “POLIÂNTEA MEDICINAL” – 1695.<br />

104 - SEMMEDO, JOÃO CURVO:“ATALAYA DA VIDA” - oficina de Domingues<br />

Gonsalves- 1754.<br />

105 - SEMMEDO, JOAM CURVO. Observações médicas <strong>do</strong>utrinaes<br />

de c<strong>em</strong> casos gravíssimos. Occidental na officina de António<br />

Pedrozo Galran. Lisboa. Anno de 1727.


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 328<br />

328<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

106 - SENA, Borges de. Lições de otorrinolaringologia. Edição <strong>do</strong>s<br />

serviços sociais da universidade de Lisboa. S<strong>em</strong> data.<br />

107 - SERRANO, José António: “trata<strong>do</strong> de osteologia” <strong>em</strong> 2 volumes<br />

1895 e 1897.<br />

108 - SHAMBAUGH, George. Surgery of the ear. Second edition. W.B.<br />

Saunders Company. October 1967.<br />

109 - SILVA CARVALHO. História da medicina portuguesa. Monografia.<br />

Exposição portuguesa <strong>em</strong> Sevilha. Vol ii. Imprensa nacional<br />

de Lisboa. 1929.<br />

110 - STEVENSON RS, GUTHRIE D. A HISTORY OF OTO-LARYNGOL-<br />

OGY. Baltimore: the William and Wilkins co, 1949.<br />

111 - STOOL, Sylvan E.A. Historical vignette: m<strong>em</strong>oirs of an otologist’s<br />

european study in1883. The american journal of otology.<br />

vol 4, number 4, april 1983:p346-349.<br />

112 - TAVARES, Carlos: “o nervo <strong>do</strong> gosto ou de wrisberg (intermediário)”.<br />

113 - TEIXEIRA LOPES: “extracção d’uma bala da apophyse mastoidea”<br />

na “gazeta <strong>do</strong>s hospitais <strong>do</strong> Porto” <strong>em</strong> 1907.<br />

114 - TEIXEIRA LOPES: “polypos da pharynge laryngea” gazeta médica<br />

<strong>do</strong> Porto 1908.<br />

115 - TEIXEIRA LOPES:‘“corpos estranhos na laringe”; porto médico’,<br />

outros 1906 trabalhos também publica<strong>do</strong>s no‘porto médico’,<br />

foram, “supurações das células mastoideias”.<br />

116 - TOYNBEE A. The diseases of the ear: their nature, diagnosis and<br />

treatment. Lon<strong>do</strong>n: Churchill, 1860.<br />

117 - VALLADARES, Manuel Diogo de: “corpos estranhos da larynge”<br />

“a medicina cont<strong>em</strong>porânea”, no nº29 ano XX, de 20 de julho<br />

1902.<br />

118 - VALLADARES, Manuel Diogo de. 1899, no dia 15 de agosto no 3º<br />

ano, nº 67, sobre“perío<strong>do</strong> prodrómico da tuberculose laryngea”.<br />

119 - VALLADARES, MANUEL DIOGO DE: “hypertrofia da amygdala<br />

lingual revista portuguesa de medicina e cirurgia prácticas”,<br />

cujo primeiro número saiu a 1 de nov<strong>em</strong>bro de 1896.<br />

120 - VALLADARES, MANUEL DIOGO DE. Em 1 de abril de 1898 no nº<br />

35 <strong>do</strong> 2º ano sobre o “tratamento actual da ozena”.<br />

121 - VALLADARES, MANUEL DIOGO DE. No nº48 de 30 de nov<strong>em</strong>bro<br />

sobre um: “kysto hyalino da narina direita”. No nº29 ano<br />

XX, de 20 de julho 1902.<br />

122 - VALLADARES, Abel Alcântara Alves. Mastoidites agudas. Dissertação<br />

inaugural. Lisboa. Janeiro de 1919.<br />

123 - VESÁLIO, André:“de humani corporis fabrica”, reedição-Basileia<br />

1940.<br />

124 - VIGIER, JOAM: “thesouro apollineo galenico. Chimico, chirurgico<br />

e pharmaceutico ou compendio de r<strong>em</strong>édios para ricos<br />

e pobres, etc.” – 1714.<br />

125 - VOGL, ALFRED. Six hundred years of medicine in Vienna.<br />

Bull.n.y.acad.med. Vol43, nº4, april 1967:p282-299.<br />

126 - WEIR, NEIL. Otolaryngology, an illustrated history. Butterworth<br />

e co ltd. 1990.<br />

127 - WILDE, W:“practical observations of aural surgery and the nature<br />

and treatment of diseases of the ear with illustrations”.<br />

Philadelphia, Blanchard & Lea 1853.<br />

128 - WILDE. Practical observations on aural surgery and the nature<br />

and treatment of diseases of the ear” de 1853.<br />

129 - XAVIER NOGUEIRA:“tamponamento nasal nas epistáxis, ‘porto<br />

médico’”.<br />

AS IMAGENS DE LIVROS, REVISTAS, GRAVURAS,<br />

OBJECTOS OU FOTOGRAFIAS INCLUÍDAS NESTE LIVRO<br />

PERTENCEM ÀS SEGUINTES COLECÇÕES OU FONTES:<br />

COLECÇÃO JOÃO JOSÉ P. EDWARD CLODE<br />

Figuras:<br />

2, 3, 4, 5, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 26, 27, 28, 29, 30,<br />

31, 32, 33, 36, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 52, 53, 54, 55, 56,<br />

57, 58, 59, 60, 61, 64, 65, 66, 67, 69, 70, 71, 73, 74, 75, 76, 78, 79, 80, 81, 82, 83,<br />

84, 85, 86, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105,<br />

106, 107, 108, 109, 110, 111 (Esq.), 112, 114, 115, 117, 118, 119, 120, 121, 123,<br />

124, 125, 127, 128, 129, 130 (Dta.), 131, 132, 133, 134, 135,136, 137, 138, 139,<br />

142, 143, 147, 150, 151, 152, 153, 154, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 174, 175,<br />

180, 182, 184, 185, 186, 190, 193, 194, 197, 202, 207, 210, 213, 214, 216, 217,<br />

220, 222, 224, 225, 228, 229 (Dta.), 233, 234, 236, 237, 238, 239, 240, 242, 256,<br />

257, 258, 259, 260, 261, 262, 263, 265, 266, 267, 268, 269, 271, 272, 274, 275,<br />

276, 277, 278, 279, 280, 281, 282, 283, 284, 285, 287 , 288, 289, 290, 291, 293,<br />

294, 295, 296, 297, 298, 299, 302, 303, 304, 305, 306, 307, 308, 309, 310, 311,<br />

312, 315, 317, 319, 320, 322, 323, 325, 326, 327, 328 (Esq.), 329, 330, 331, 332,<br />

334, 335, 336, 337, 339, 342, 343, 345, 346, 347, 349, 350, 353, 354, 355, 356,<br />

357, 358, 359, 360, 361, 362, 363, 364, 364, 365, 366, 367, 368, 369, 370, 372,<br />

373, 374, 375, 376, 377, 378, 380, 381, 382, 383, 384, 385, 386, 387, 388, 389,<br />

391, 392, 394<br />

COLECÇÃO DR. SILVA ALVES<br />

Figuras:<br />

144, 165, 166, 169, 170, 171, 172, 173, 181, 187, 188, 195, 196, 196, 198, 199,<br />

200, 201, 204, 206, 208, 209, 212, 219, 221, 227, 243, 244, 245, 246, 247, 248,<br />

249, 252, 314, 316, 344<br />

COLECÇÃO DR. ALVES DOS SANTOS<br />

Figuras:<br />

111 (Dta.), 122, 176, 177, 178, 183<br />

COLECÇÃO DR. COSTA QUINTA<br />

Figuras:<br />

126 (Dta.) 140, 141, 145, 155, 168, 179, 189, 191, 192, 203, 313<br />

COLECÇÃO DRA. ANA SENA ALVARENGA<br />

Figuras:<br />

223, 230, 231, 232, 324<br />

COLECÇÃO D. LUÍSA VILARINHO PEREIRA<br />

Figura 68<br />

OUTRAS PROVENIÊNCIAS:<br />

Figura 1 - Reprodução de <strong>do</strong>cumento pertencente ao Arquivo Nacional da<br />

Torre <strong>do</strong> Tombo<br />

Figura 72 - Enciclopédia Portuguesa e Brasileira – Volume 33 pág. 719<br />

Figuras 77, 328 (Dta.) - Cedida pelo Dr. João Manuel Alves Sant’Anna Leite<br />

Figura 98 - Biblioteca Nacional de <strong>Portugal</strong><br />

Figura 130 (Esq.) - Cedida pelo Dr. Cancela de Amorim<br />

Figura 209 - Agradeço a Identificação <strong>do</strong>s Médicos representa<strong>do</strong>s nesta fotografia<br />

feita pelo Dr. José Cabral Beirão e pelo Dr. João Men<strong>do</strong>nça<br />

Figuras 148, 149 - Manual de <strong>ORL</strong> para o Clínico Geral, <strong>do</strong> <strong>Prof</strong>. Carlos<br />

Larroudé - 1945<br />

Figuras 162, 163, 205 - Arquivo da Ord<strong>em</strong> <strong>do</strong>s Médicos. <strong>Livro</strong> de Actas da<br />

SP<strong>ORL</strong><br />

Figura 226 - Cedida pelo Dr. Carlos Barreira da Costa<br />

Figura 229 (Esq.) - Cedida pelo Dr. José Luís Marinheiro<br />

Figura 254 - Cedida pelo Dr. Raul Silva<br />

Figura 318 - Cedida pelo Dr. José Cabral Beirão<br />

Figura 338 - A Clínica Das Inovações – HOSPITAL da CUF – EDIÇÃO DE 1995<br />

Figuras 379, 390 - Cedidas pelo Dr. Delfim Duarte<br />

Figura 396 - Catálogo da Exposição Saúde e Medicina <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> e no<br />

Brasil - 2009


A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 329<br />

ÍNDICE ONOMÁSTICO<br />

A. X. LOPES VIEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76<br />

ABEL ALVES VALADARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .132, 133, 151, 154, 155, 323<br />

ABEL CORREIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134,135,176, 179, 198, 213, 246, 247, 253, 263<br />

ABEL FERNANDES CORREIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134, 177<br />

ABEL SALAZAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126, 146, 272<br />

ABÍLIO ESTEVES MARCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126<br />

ABÍLIO SALVADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .260, 261<br />

ADÉRITO VAZ PINTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .274<br />

ADOLFO BRANCO NUNES CORREIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .257<br />

AFONSO DE BARROS MIRANDA SIMÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .154, 166, 170<br />

AFONSO FERREIRA DA COSTA . . .126, 146, 155, 170, 175, 180, 200, 215, 273, 274, 276<br />

AFONSO NEVES DE PAIVA . . . . . . . . . .127, 155, 166, 168, 173, 205, 208, 229, 231, 299<br />

AFONSO RODRIGUES DE GUEVARA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28, 30<br />

AGOSTINHO OSCAR VASQUES DE CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .273<br />

AGOSTINHO PEREIRA DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .314<br />

AIRES RIBEIRO DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .250, 276<br />

ALBANO DE ENCARNAÇÃO COELHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .154, 155<br />

ALBERTINO CORREIA LOUREIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126<br />

ALBERTO ANTUNES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .173, 265<br />

ALBERTO BARBEDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155<br />

ALBERTO JANEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .308<br />

ALBERTO LAGOA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155<br />

ALBERTO LAURENTINO BARBEDO JÚNIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126<br />

ALBERTO LUÍS DE MENDONÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15, 126 a 129, 133, 134, 137,<br />

. . . . . . . . . . . . . .141, 150 a 166, 170, 173, 177, 179, 189, 200 a 204, 246 a 251, 264, 292<br />

ALBERTO SAMPAIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .273, 276, 306, 314<br />

ALBERTO TRANCOSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .216<br />

ALCINO DUARTE ALVIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .314<br />

ALEIXO DE ABREU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37<br />

ALEIXO GUERRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .124, 125, 270<br />

ALEXANDER FLEMING . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .142<br />

ALFRED KIRSTEIN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78<br />

ALFREDO DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66, 84<br />

ALIVAR JONES CARDOSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .181, 184, 212, 219 a 226, 230, 235, 318<br />

ALMEIDA LIMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .250, 319<br />

ALVARENGA DE ANDRADE . . . . . . . . . . . . . .125, 126, 146, 155, 175, 177, 271, 273, 306<br />

ÁLVARO DE MENDONÇA E MOURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155, 306, 307<br />

ALVES BRANCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75, 76, 81<br />

ALVES DE SOUSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .247, 250, 314<br />

AMATO LUSITANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11, 12, 35, 293, 294<br />

AMBROISE PARÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33, 34, 57<br />

AMÉRICO PINTO DA ROCHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127, 132, 133, 150, 265, 294<br />

AMÍLCAR ARISTIDES LOPES FERREIRA CASEIRO . . . . . . . . . . . . . . . .127, 178, 182, 184,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .189, 195, 220, 265, 284<br />

AMÍLCAR DOS ANJOS NOGUEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .257, 323<br />

AMÍLCAR PINHO E MELO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .284<br />

ANA PAULA BRANCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .292<br />

ANDRÉ DE GOUVEIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26<br />

ANDRÉ SOULAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .162<br />

ÂNGELO DA FONSECA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66<br />

ANGELO PENA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .181, 260, 261<br />

ANÍBAL DE BETTENCOURT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .114<br />

ANICEL EUSILLIER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96<br />

ANTERO BELEZA BRAGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .287<br />

ANTÓNIO ALVES FILIPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155<br />

ANTÓNIO AUGUSTO DA COSTA SIMÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67, 69, 70<br />

ANTÓNIO AUGUSTO MAIA GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .213, 219, 220, 228, 313<br />

ANTÓNIO BARATA SALGUEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127, 135, 151, 154, 155, 175, 176,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .179, 184, 187, 189, 205, 265, 299, 321<br />

ANTÓNIO BERNARDINO DE ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70, 71, 77<br />

ANTÓNIO CARLOS EVA MIGUÉIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .219<br />

ANTÓNIO D’ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13, 60, 61, 62 , 63<br />

ANTÓNIO DA CRUZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29, 37, 42<br />

ANTÓNIO DA LUZ PITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .149, 150<br />

ANTÓNIO DE ASSIS BRITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .150<br />

ANTÓNIO DE LA CRUZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .205, 220, 222<br />

ANTÓNIO DE MONRAVÁ E ROCA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47, 49<br />

ANTÓNIO ENTRUDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .217, 263<br />

ANTÓNIO FERRAZ JÚNIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .150<br />

ANTÓNIO FERREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12, 41<br />

ANTÓNIO FERREIRA DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . .180, 181, 190, 191, 274, 276, 286,<br />

ANTÓNIO GOMES LOURENÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13, 52, 55<br />

ANTÓNIO GONÇALVES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .260<br />

ANTÓNIO HENRIQUE GAMEIRO DOS SANTOS . . . . . . . . . . . . .126, 146, 184, 191, 195,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .206, 213, 215, 217, 219, 229, 231, 271, 272, 321<br />

ANTÓNIO JOÃO DE ALMEIDA CERVEIRA SEABRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .277<br />

ANTÓNIO JOAQUIM ARRUDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .282<br />

ANTÓNIO JOSÉ DE SOUSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68<br />

ANTÓNIO LARROUDÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .269<br />

ANTÓNIO LUIZ FERREIRA GIRÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96<br />

ANTÓNIO MAIA GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .241<br />

ANTÓNIO MANUEL DA COSTA QUINTA . . . . . . . . . . . .78, 135, 137, 151, 154, 155, 156,<br />

. . . . . . . .162, 164, 166, 170, 171, 172, 173, 189, 204, 205, 208, 212, 225, 259, 261, 317<br />

ANTÓNIO MANUEL DA SILVA NOBRE LEITÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231<br />

ANTÓNIO MANUEL DIOGO DE PAIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147, 228, 279, 231<br />

ANTÓNIO MARIA BARBOSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11, 14, 30, 66, 72, 73, 75, 76, 77, 302<br />

ANTÓNIO MARQUES PEREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .262<br />

ANTÓNIO MORENO JÚNIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .283<br />

ANTÓNIO NETO PIRES DE CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .291<br />

ANTÓNIO PATRÍCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93<br />

ANTÓNIO PAÚL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155<br />

ANTÓNIO PINHO E MELO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .179, 189, 200, 213, 250<br />

ANTÓNIO RIBEIRO DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .232, 263<br />

ANTÓNIO SANTANA CARLOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155<br />

ANTÓNIO SOARES BRANDÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55<br />

ANTÓNIO SOUSA VIEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .219, 220, 235, 277<br />

ANTÓNIO TÁPIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103<br />

ANTÓNIO TEIXEIRA LOPES JÚNIOR . . . . . . . . . . . . . . . . .15, 106, 107, 124, 125, 146, 270<br />

ANTÓNIO VELOSO DE PINHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125,126, 155, 270, 271, 276<br />

ARLINDO AZEVEDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .323<br />

ARMANDO DA COSTA SANT’ANNA LEITE . . . . . . . . . . . . . .145, 173, 178, 257, 258, 324<br />

ARMANDO DE LACERDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .165, 177<br />

ARMANDO GRANADEIRO VICENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .257, 266<br />

ARMANDO SEABRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .286<br />

ARMINDO CRESPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .182, 315<br />

ARNALDO DE MATOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .215<br />

ARNAUT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68<br />

ARRUDA FURTADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127<br />

ARTUR CARDOSO DE MENESES MASCARENHAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .273, 313<br />

ASDRÚBAL CORREIA TEODÓSIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .304<br />

AUGUSTO DE CASTRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95<br />

AUGUSTO GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .247, 250, 261, 291<br />

AUGUSTO MARINHEIRO JÚNIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . .134, 173, 179, 180, 182, 247, 323<br />

AUGUSTO ROCHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66<br />

AVENBROGGER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47<br />

AZEVEDO GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .323<br />

AZEVEDO NEVES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .116, 127<br />

BANDEIRA DE LIMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .266<br />

BARRANCOS FINO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .247, 250<br />

BARROS SIMÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134, 176, 246<br />

BELARMINO ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70, 133<br />

BENTES CABRITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .188, 301, 303<br />

BERNARDINO ANTÓNIO GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60, 61, 77, 262<br />

BERNARDINO MOREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .253<br />

BERNARDO JOSÉ FRAGOSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95<br />

BERNARDO PEREIRA DA FONSECA CAMPEÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68<br />

BERNARDO SANTUCCI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12, 48, 50<br />

BETTENCOURT RAPOSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79, 80<br />

<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 329


BISPO D. PATERNO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11, 20<br />

BORDALO MATIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .300<br />

BORGES DINIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .250, 262, 311<br />

BRANCO CORREIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .145, 184, 197, 206, 213, 257, 272, 323<br />

BRANCO NEVES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .303, 323<br />

BRASIL TOSTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .321, 322<br />

BRITO SUBTIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .282, 323<br />

C. F. CLAUSSEN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .217<br />

CAETANO PINTO DE ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59<br />

CALDEIRA CABRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103, 104, 105, 133<br />

CALDEIRA DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .260<br />

CÂMARA SINVAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77<br />

CANCELA DE AMORIM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155, 198, 208<br />

CÂNDIDO DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .144, 255<br />

CARLOS AFONSO BARREIRA DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231, 274<br />

CARLOS ALBERTO DOS SANTOS MIGUÉIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147, 175, 180, 189,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .198, 199, 206, 217, 220<br />

CARLOS ALBERTO RIBEIRO DE SEABRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .213<br />

CARLOS ALEXANDRE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .227, 235<br />

CARLOS ARY GONÇALVES DOS SANTOS . . . . . . .15, 97, 105, 129, 130, 131, 132, 133,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .137, 140, 151, 165, 180, 200, 248, 326<br />

CARLOS AUGUSTO ALVES DOS SANTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .129, 217, 228, 229, 264<br />

CARLOS BARREIRA DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .213, 275<br />

CARLOS CANAS FERREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .253<br />

CARLOS CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .309<br />

CARLOS DE ANDRADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .106<br />

CARLOS DE MELLO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15, 113 à 123, 133, 140, 245, 317<br />

CARLOS LARROUDÉ GOMES . . . . . . . . . . . . . .129, 132, 134, 140 a 144, 148, 151 a 156,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .162, 174, 179, 193, 246, 250 a 257, 317<br />

CARLOS MAY FIGUEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67, 68, 70, 72, 76, 151<br />

CARLOS PINTO DE ASCENSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97<br />

CARLOS RIBEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .281<br />

CARLOS SEABRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .195, 198, 286<br />

CARLOS SUAREZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .233<br />

CARLOS TAVARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79<br />

CARVALHO DE FIGUEIREDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79<br />

CARVALHO SOFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .208, 212, 213, 216, 220, 298<br />

CECÍLIA DE ALMEIDA E SOUSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126, 272<br />

CELESTINO DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113, 116, 127<br />

CÉSAR VIEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .175, 176, 183<br />

CHARTERS DE AZEVEDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134, 246<br />

CHEVALIER JACKSON . . . . . . . . . . . . . . .78, 136, 137, 162, 164, 173, 187, 190, 204, 305<br />

CIDRAIS RODRIGUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .175<br />

CLAUDE BERNARD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65, 69, 169<br />

CLAUDE CONRAUX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .217<br />

COELHO NOBRE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .262, 323<br />

COLAÇO SABINO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .289<br />

COOTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76<br />

CORDEIRO LOBATO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .123, 132, 133<br />

COSTA ALEMÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .102<br />

COSTA RODRIGUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105<br />

COSTA SACADURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .132, 133<br />

CRAWFORD WILLLIAMSON LONG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77<br />

CUNHA VIANA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72, 76<br />

CUSTÓDIO CABEÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 , 116, 148<br />

DANIEL DE CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155, 276<br />

DANIEL DE MATOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66, 278<br />

DELFIM RUI DA SILVA DUARTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231, 306, 307<br />

DIAS FERREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .216, 323<br />

DIOGO MARTINS SILVA PORTUGAL V. FERREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231<br />

DOMINGOS ANDRADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133<br />

DUARTE LOPES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28<br />

DUARTE MADEIRA ARRAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37<br />

EDUARDO FATELA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .259, 304, 305, 308<br />

EDWARD JENNER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47<br />

EMÍDIO JOSÉ DE VASCONCELOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96<br />

EMÍLIO ALVES VALADARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155<br />

EMÍLIO SEVERINO DE AVELLAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79<br />

ERNESTO MADEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .189<br />

ERNESTO MÁRIO TEIXEIRA E SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .257<br />

EUGÉNIO DE BRITO VASCONCELOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97<br />

EURICO DE ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .195, 228<br />

EURICO DE OLIVEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126, 146, 271, 272<br />

EURICO MONTEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .240, 276<br />

EZEQUIEL BARROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135, 247<br />

FAUSTO FERNANDES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .216, 228, 240, 302 ,303<br />

FAUSTO LOPO DE CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .137, 164<br />

FAUSTO TABORDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .260<br />

FENANDO AUGUSTO GONÇALVES RIBEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .273<br />

FERNANDO ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .298<br />

FERNANDO DEYRIEUX CENTENO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127, 250<br />

FERNANDO MORENO VAZ GARCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .213, 216, 217<br />

FERNANDO NASCIMENTO FERREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155, 189, 191, 225, 315<br />

FERNANDO PIRES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .250, 294<br />

FERNANDO RODRIGUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .280, 281, 286<br />

FERNANDO VERGUEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .323<br />

FILIPE JOSÉ GOUVEIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55<br />

FRANCISCO AIRES RIBEIRO DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .276<br />

FRANCISCO ALVES CORREIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126<br />

FRANCISCO AVELINO MONTEIRO . . . . . . . . . . . . . . . .15, 82, 83, 84, 85, 87, 89, 103, 105,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113, 133, 134, 200, 245, 246, 251<br />

FRANCISCO CALHEIROS LOPES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134, 154, 155, 246, 248, 251<br />

FRANCISCO CAMPILHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .191, 247, 250<br />

FRANCISCO DA FONSECA HENRIQUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .52<br />

FRANCISCO DA SILVA ALVES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127, 134, 151, 154, 155, 166,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .173 a 179, 200, 205, 247, 250<br />

FRANCISCO FIGUEIRA FREIRE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .85<br />

FRANCISCO MORATO ROMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42, 43<br />

FRANCISCO PALMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .178, 182, 191<br />

FRANCISCO PEDRO DE VITERBO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68<br />

FRANCISCO SEIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105, 132 ,133<br />

FRANCISCO SOARES BRANCO GENTIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15, 88, 105, 113, 116, 118,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .121, 155, 156, 177, 190, 199, 260<br />

FRANCISCO SOARES FRANCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13, 60 , 70<br />

FRANCISCO TAVARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59<br />

FRASCASTORI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33<br />

FREDERICO GUILHERME TEIXEIRA BASTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81, 82<br />

FREI BRÁS DE BRAGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29<br />

FREI MANUEL DE AZEVEDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43, 44<br />

FREITAS SIMÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133<br />

GAMA PINTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67<br />

GARCIA DE ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30<br />

GARCIA DE ORTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12, 33, 34, 35, 223<br />

GASPAR AUGUSTO BORGES DE SENA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .144, 175, 188, 190, 191,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .193, 194, 195, 250, 254, 321<br />

GENERAL ROCHA VIEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .218<br />

GIL RODRIGUES DE VALLADARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20<br />

GONÇALO RODRIGUES DE CABREYRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42, 43<br />

GREGÓRIO RODRIGUES FERNANDES . . . . . . . . . . .14, 15, 76, 79, 81, 83, 84, 88, 89, 90,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91, 103, 104, 105, 113<br />

GUILHERME GODINHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83<br />

GUILHERME PENHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147, 155, 167, 168, 221, 279<br />

HENRIQUE DE CUELLAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30<br />

HENRIQUE SOUDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .178, 189<br />

HENRIQUES TEIXEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81<br />

HENRY JANEWAY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78<br />

HERMANN BOERHAAVE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47<br />

HERMANO ALMEIDA LIMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .319<br />

HERMÍNIO PEREZ GARRIGUEZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .217<br />

ÍNDICE ONOMÁSTICO<br />

330<br />

<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 330


INÁCIO JOSÉ MIRANDA DE BARROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96<br />

INÁCIO XAVIER DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .262<br />

J. B. CARDOSO KLERK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71<br />

J. E. FOURNIER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .176<br />

J. M. ALVITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70<br />

J. P. BARRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77<br />

JACOB DE CASTRO SARMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49<br />

JACOB RODRIGUES PEREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93, 94, 97, 165<br />

JAIME ARTUR DA COSTA PINTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97<br />

JAIME BARBOSA DA CRUZ VAZ PORTUGAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .177, 225<br />

JAIME FERREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .282<br />

JAIME MAGALHÃES . . . . . . . . . . . . . . .146, 155, 166 a 168, 170, 179, 180, 203, 271, 303<br />

JAMES SIMPSON . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76<br />

JEREMIAS DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155, 178, 250<br />

JOAM VIGIER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50, 51<br />

JOÃO AGOSTINHO JERVIS DE ATOUGUIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .149<br />

JOÃO ANTÓNIO MARTA PIMENTEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .220, 228, 231, 284<br />

JOÃO AUGUSTO TEIXEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .150<br />

JOÃO AZEVEDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .176<br />

JOÃO CURVO SEMEDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12, 39, 40 , 41<br />

JOÃO DIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29<br />

JOÃO FERREIRA SOARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .290<br />

JOÃO FRANCISCO DE OLIVEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147<br />

JOÃO GONÇALVES VALENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .265<br />

JOÃO JOSÉ PARRA EDWARD CLODE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .220, 222, 226, 227, 229<br />

JOÃO LOPES CORREIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51, 54<br />

JOÃO MANUEL ALVES SANT’ANNA LEITE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .112<br />

JOÃO MANUEL ANDRADE OLIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .228, 232, 261<br />

JOÃO MANUEL PESTANA ROSA DE OLIVEIRA CASQUILHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .295<br />

JOÃO MARTA PIMENTEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .224, 227, 235, 237, 284<br />

JOÃO MARTINS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .322<br />

JOÃO MONIZ NOGUEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .151, 173, 175, 178, 180<br />

JOÃO NUNES MONTEIRO FEIJÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .288<br />

JOÃO PAÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16, 230, 236, 266, 267, 268,<br />

JOÃO PEDRO BARRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77<br />

JOÃO RENATO BRANQUINHO PRATA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .220, 235<br />

JOÃO RIBEIRO MENDES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .288<br />

JOÃO RODRIGUES DE CASTELO BRANCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12, 35<br />

JOÃO ROQUE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .308<br />

JOÃO ROSSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .294<br />

JOÃO SACADURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .261<br />

JOÃO SANT’ANNA LEITE . . . . . . . . . . . .15, 85, 88, 89, 109, 111, 112, 133, 134, 140, 246<br />

JOÃO TEIXEIRA LEÃO DE MEIRELES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .316<br />

JOÃO VALENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .221, 265, 317, 318<br />

JOAQUIM ANTÓNIO PRIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135<br />

JOAQUIM AUGUSTO LOPES PINHEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .311<br />

JOAQUIM DE OLIVEIRA SIMÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147<br />

JOAQUIM FARIA E ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .314<br />

JOAQUIM GIL DE ALMEIDA RIBEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .292<br />

JOAQUIM JORGE E OLIVEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .290<br />

JOAQUIM JOSÉ CARDOSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .276<br />

JOAQUIM MAGALHÃES BARBOSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .170, 276<br />

JOAQUIM MANUEL DE ALMEIDA RIBEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219<br />

JOAQUIM PRIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151, 154, 155<br />

JOAQUIM THEOTÓNIO DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72, 74, 81, 245<br />

JOHAN BORG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94, 95<br />

JOHN CARR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124<br />

JOHN HUNTER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47<br />

JORGE BARRANHA SOBRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303, 316<br />

JORGE CARVALHO SOFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220<br />

JORGE DIOGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323<br />

JORGE EDUARDO DE FREITAS SPRATLEY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228, 235<br />

JORGE GUALDINO CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81<br />

JORGE MANUEL ROSA DOMINGUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219<br />

JOSÉ ALBERTO ALVES ANDRADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 310<br />

JOSÉ ALVARENGA DE ANDRADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126, 146, 155, 177, 273, 306<br />

JOSÉ AMADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87<br />

JOSÉ ANTÓNIO ALVES PINTO CARMONA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 288<br />

JOSÉ ANTÓNIO ARANTES PEDROSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76<br />

JOSÉ ANTÓNIO COSTA QUINTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .208, 212, 247, 259<br />

JOSÉ ANTÓNIO DE FREITAS RÊGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93<br />

JOSÉ ANTÓNIO ROQUETTE DE CAMPOS HENRIQUES . . . . . . . . . .134,135, 151 à 215,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .221, 243, 246, 247, 250, 317<br />

JOSÉ ANTÓNIO SERRANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66<br />

JOSÉ AUGUSTO VIANA LEMOS PEIXOTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .124, 270<br />

JOSÉ BRANCO NEVES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303<br />

JOSÉ CARLOS MOREIRA BRAGANÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71<br />

JOSÉ CONDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261<br />

JOSÉ CORREIA PICANÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59<br />

JOSÉ CRISPIM DA CUNHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .94, 95<br />

JOSÉ CRUZ FILIPE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97<br />

JOSÉ CURRY DA CÂMARA CABRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79, 108, 244, 245, 248<br />

JOSÉ DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95<br />

JOSÉ DANIEL DE CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .276<br />

JOSÉ DANIEL TAVARES DE CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .166<br />

JOSÉ DE SOUSA CAMPOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155<br />

JOSÉ DIAS TAVARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155<br />

JOSÉ DOMINGOS MARTINS CABRAL BEIRÃO . . .134, 135, 212, 215, 231, 247, 250, 269<br />

JOSÉ DOS SANTOS SOUSA CAMPOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .314<br />

JOSÉ EMANUEL DE ABREU GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .318<br />

JOSÉ EZEQUIEL PEREIRA BARROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .228<br />

JOSÉ FRANCISCO HIGINO MADEIRA DA SILVA . . . . . . . . . . . . . .145, 213, 259, 260, 310<br />

JOSÉ FRANCISCO LEAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59<br />

JOSÉ FRANCO VALADARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .295<br />

JOSÉ GONÇALVES CAROÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .106<br />

JOSÉ HENRIQUE ROCHA LOURENÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .321<br />

JOSÉ JOAQUIM AFONSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .294<br />

JOSÉ LAVRADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .294<br />

JOSÉ LEMOS PEIXOTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .125, 270<br />

JOSÉ LUIS MACHADO AIRES . . . . . . . . . . . . . . . .181, 195, 213, 214, 230, 241, 273 a 276<br />

JOSÉ MANUEL BORGES GUERRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .262<br />

JOSÉ MANUEL FERNANDES CARDOSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .295<br />

JOSÉ MANUEL MENDES FURTADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .273<br />

JOSÉ MANUEL SANCHES PINTO DE VASCONCELOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .273<br />

JOSÉ MARIA PEREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95<br />

JOSÉ MARIA TORRADO BARROSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .170<br />

JOSÉ MARQUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .292<br />

JOSÉ MARQUES DOS SANTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .316<br />

JOSÉ NOBRE LEITÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .144, 151, 155, 175, 176, 178, 184, 185,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .208, 213, 221, 255, 263, 284, 321<br />

JOSÉ PACHECO VIEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .319<br />

JOSÉ RODRIGUES DE ARAÚJO PORTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96<br />

JOSÉ SARAIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .220, 231, 235, 237, 268<br />

JOSÉ SOUSA DIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147, 280, 282, 323<br />

JOSÉ TAVARES LUCAS DE COUTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135<br />

JOSÉ TEDESCHI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77<br />

JOSÉ THOMAZ DE SOUSA MARTINS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67<br />

JOSÉ VICTOR MANIGLIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .233<br />

JUVENAL HONÓRIO DE ORNELAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .150<br />

K. J. LEE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .234<br />

LÉON DUFOURMENTEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .139<br />

LÍDIO DO AMARAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134, 175, 179, 180, 247, 250, 252, 253<br />

LOBO ALVES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87<br />

LOPES LIMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253<br />

LOPO DE ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60, 283<br />

LOPO DE CARVALHO (FILHO) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .137, 164<br />

LOUIS PASTEUR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 331<br />

<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 331


LOURENÇO JOSÉ MONIZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .149<br />

LUCAS MARIA XAVIER LEAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93<br />

LUÍS ALBERTO CARVALHO JERÓNIMO ANTUNES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .284<br />

LUÍS CARNEIRO DA FONSECA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .289<br />

LUÍS MANUEL SOTERO GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220, 318<br />

LUÍS QUERIOL MACIEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134, 154, 155, 202, 246, 247, 248, 251<br />

LUÍS SOTERO GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .221, 317<br />

LUIZ ANTONIO VERNEY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58<br />

LUIZ DA CÂMARA PESTANA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66, 81, 101<br />

LUIZ HENRIQUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .149, 150<br />

LUIZ PEREIRA DA FONSECA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77<br />

LUZ PITA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .149, 150<br />

MACHADO CÂNDIDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .247<br />

MAGALHÃES COUTINHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66, 72, 77, 253<br />

MAIA FARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .250<br />

MANOEL CONSTÂNCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11, 13, 53, 54, 57, 60<br />

MANOEL DE VASCONCELOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127<br />

MANOEL LEITE DE PINHO CORREIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72<br />

MANUEL ANTÓNIO CALDEIRA PAIS CLEMENTE . . . . . . . . . . . . . . . . .146, 208, 212, 274<br />

MANUEL AUGUSTO DIAS MILHEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83<br />

MANUEL BENTO DE SOUSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67, 75, 79, 260<br />

MANUEL CORREIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .184, 250, 266<br />

MANUEL DA MAIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .58<br />

MANUEL DE AZEVEDO GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .182<br />

MANUEL DIOGO DE VALLADARES . . . . . . .15, 84 a 86, 102 a 106, 132 a 134, 246 a 248<br />

MANUEL FERREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .303, 316<br />

MANUEL FILIPE RODRIGUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147, 218, 219, 230, 234, 280<br />

MANUEL GARCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .106<br />

MANUEL GOMES DE LIMA (BEZERRA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50<br />

MANUEL GOMES LIMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60<br />

MANUEL JOSÉ DA SILVA PEREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75<br />

MANUEL JOSÉ FONSECA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55<br />

MANUEL JOSÉ TEIXEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57<br />

MANUEL MARQUES PEREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .261<br />

MANUEL PEREIRA DE MIRA FRANCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66<br />

MANUEL PINTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127, 129, 132, 133, 156, 158, 159, 265, 284<br />

MANUEL RODRIGUES E RODRIGUES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .274, 307<br />

MANUEL SOARES MOTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .295<br />

MANUEL VALÉRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .286, 287<br />

MARIA CARLOS DA SILVA PINTO SOBRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .296<br />

MARIA EMÍLIA GOMES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .219<br />

MARIA LUÍSA MONTEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231, 253<br />

MARIA MARGARIDA CARVALHO SANTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .274<br />

MARIA PETRONILLA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96<br />

MÁRIO ALBERTO MENDES BRITO PUGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .310<br />

MÁRIO ANDREA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .144, 197, 206, 207, 216, 255, 256<br />

MÁRIO DE OLIVEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133<br />

MÁRIO GARCIA DOS SANTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .305<br />

MÁRIO GIESTEIRA DE ALMEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .240<br />

MARQUES PAIXÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .323<br />

MAURÍCIO AUGUSTO SEQUEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .150<br />

MENDES ROBALO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .294<br />

MENDES VASCONCELOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .250<br />

MENDONÇA E MOURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .184, 306, 307<br />

MESTRE MARTINHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25<br />

MICHAEL FARADAY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76<br />

MICHAEL PAPARELLA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231<br />

MIGUEL BOMBARDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67, 79, 102, 106, 115, 259, 323<br />

MIGUEL DE CONTRERAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28<br />

MIGUEL MAGALHÃES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .261<br />

MONTEIRO FEIJÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .188<br />

MOREIRA DE SOUSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155<br />

NELSON REBELO DA GAMA E CASTRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .182, 273<br />

NICANDIO JOAQUIM DE AZEVEDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .149<br />

NICOLAS GARCIA SOTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .213, 240, 241<br />

NUNO SANTIAGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .212, 213, 215, 229, 230, 232, 261, 268, 322<br />

<strong>ORL</strong>ANDO DOS SANTOS AFONSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .175, 176, 177, 179<br />

<strong>ORL</strong>ANDO LOPES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .217<br />

ÓSCAR DIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .256<br />

ÓSCAR FERREIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .209, 292<br />

PÁDUA SANTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .250<br />

PAISANA GRANJO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .262<br />

PASSOS MANUEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69<br />

PAULO VERA-CRUZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .235<br />

PAVÃO DE SOUSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97<br />

PEDRO AUGUSTO FURTADO SOARES TOMÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231, 235<br />

PEDRO CLARÓS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .215, 229, 234<br />

PEDRO DUFAU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48, 53, 54, 55<br />

PEDRO HISPANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11, 20, 21, 22, 220, 228, 306, 307<br />

PEDRO LOPES CARDOSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28, 30<br />

PEDRO MARIA DE AGUILAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96<br />

PEDRO NUNES DE SOUSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .82<br />

PER ARON BORG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93, 94, 95<br />

PIERRE GEHANNO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .233<br />

PIMENTA JACINTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .151, 188, 250<br />

PINTO COELHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .323<br />

PONTES EUSÉBIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .247, 250<br />

PULIDO VALENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .260, 262<br />

RAIMUNDO LULLE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76<br />

RAMALHO GUEDES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .310<br />

RAMAUGÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93, 94, 95<br />

RAUL CLARO OUTEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .125, 270<br />

RAUL FERREIRA DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126, 205, 212, 271<br />

RAVARA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87<br />

RICARDO JORGE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67, 77, 91, 101, 102<br />

ROBERT MACINTOSH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78<br />

ROSAS DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .178, 206, 250<br />

RUI DE FREITAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .260<br />

RUI FRANCO GIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .181, 189, 265, 266<br />

RUI PENHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .145, 176, 178, 197, 200, 205, 208, 209,<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .212, 213, 215, 219, 229, 230, 250, 257, 259, 272<br />

RUY LEITÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133<br />

SABINO COELHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78, 79<br />

SAINT-CLAIR THOMSON . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103<br />

SALINAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87, 89, 91<br />

SAMUEL RUAH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134, 173, 175, 176, 179, 229, 230, 251, 252<br />

SÉRGIO MANUEL DE FIGUEIREDO RAPOSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .303<br />

SÉRGIO VERÍSSIMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .297<br />

SERRANO SANTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .259<br />

SERTÓRIO SENA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .150<br />

SEVERINO COELHO BARBEDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126<br />

SILVESTRE FALCÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .110<br />

SOBRAL CID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67, 105, 113<br />

SOUSA REFÓIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66<br />

SOUZA TEIXEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105<br />

SUAREZ MENDONZA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103<br />

TEIXEIRA E SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .250, 257, 323<br />

TEIXEIRA MARQUES E ALVES BRANCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81<br />

TEÓFILO ESQUÍVEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155, 290<br />

THEODORO FERREIRA DE AGUIAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .66, 67<br />

TIAGO DA COSTA GODINHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .291, 296<br />

TOMÁS BORBA VIEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .319<br />

TOMAZ RODRIGUES DA VEIGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .30<br />

TOMÉ PIRES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12, 33<br />

TORCUATO LABELLA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .217, 223, 225, 241<br />

VALESCO DE TARANTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11, 26, 27<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA PORTUGUESA NOS HOSPITAIS<br />

332<br />

<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 332


<strong>Historia</strong>_<strong>ORL</strong> Portuguesa 3 parte:Layout 1 7/12/10 11:43 AM Page 333<br />

VASCO DA COSTA RIBEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .191, 195, 259<br />

VASCO ROSAS DA COSTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134, 197, 252<br />

VASCONCELOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .323<br />

VICENTE JOSÉ CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .68<br />

VICTOR CORREIA DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .241<br />

VIEIRA DE CARVALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .247, 250<br />

VITAL CALADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .219, 234, 253<br />

VÍTOR MANUEL GABÃO VEIGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .208, 209, 212, 216, 259, 285<br />

VITORINO DINIZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .303, 306, 311, 314<br />

VON HELMHOLTZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65<br />

W. LAURENCE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76<br />

WAYAN SINGH DE EDIMBURG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .218<br />

WILLIAM HARVEY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37<br />

WILLIAM HUNTER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47<br />

WILLIAM MACEWAN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .78<br />

WILLIAM MORTON . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77<br />

WIRCHOW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65<br />

WOLF-DIETER SCHEINEIDER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .217<br />

XAVIER DA SILVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105<br />

XAVIER MORATO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .144<br />

XAVIER NOGUEIRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .106<br />

XEMBU DESSAI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .179,180, 323<br />

ZACUTO LUSITANO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11, 12, 37, 38<br />

A OTORRINOLARINGOLOGIA EM PORTUGAL 333

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!