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MONÓLOGO DAS SOMBRAS - Aroldo Ferreira Leão

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para teatro. Em breve estará publicando seu primeiro<br />

livro de crônicas denominado Silêncios Atemporais,<br />

uma coletânea com 100 crônicas escritas em diversos<br />

jornais e revistas da região Petrolina/Juazeiro, entre<br />

os quais destaca: Jornal Folha Verde, Jornal de<br />

Juazeiro, Correio do Sertão(extinto), Gazzeta<br />

Regional, Máscaras-Jornal de Artes, O Cerveja-<br />

Jornal, Revista Com Você, Art Pop Zine- Revista<br />

Cultural, Jornal do São Francisco e Jornal da<br />

Cidade. O poeta possui um acervo com mais de 400<br />

canções de sua própria autoria, nos estilos mais<br />

variados, passando pelo forró, samba, rock e já se<br />

prepara para este ano lançar seu primeiro CD<br />

intitulado Sacolejos & Manejos uma coletânea com<br />

14 forrós que buscam dinamizar e melhorar o<br />

conceito desta espécie de música no país.<br />

Atualmente, <strong>Aroldo</strong> desempenha a função de Auditor<br />

Fiscal na Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia,<br />

em Juazeiro/BA, desde março de 1994 após<br />

conseguir aprovação em concurso público realizado<br />

em outubro de 1993. A partir de outubro de 1998<br />

passou a fazer parte do Conselho Acadêmico do<br />

Clube dos Escritores Piracicaba, ocupando a cadeira<br />

de nº30 que tem como patrono o poeta Brasílio<br />

Machado.<br />

AROLDO FERREIRA LEÃO<br />

<strong>MONÓLOGO</strong><br />

<strong>DAS</strong><br />

<strong>SOMBRAS</strong><br />

1ª Edição, 2000


APOIO CULTURAL<br />

Talentos strategic marketing<br />

escritório de design<br />

Gráfica Mandacaru<br />

Clube dos Escritores Piracicaba


DADOS SOBRE O AUTOR<br />

AROLDO FERREIRA LEÃO, poeta, potiguar,<br />

nasceu em Parnamirim/RN a 12 de outubro de 1967.<br />

Desde os 15 anos de idade escreve com freqüência, já<br />

contando com mais de 10.000 poemas escritos, que<br />

espera algum dia possam ser avaliados e pesquisados.<br />

É formado em Engenharia Elétrica, com ênfase em<br />

eletrônica, pela UFRN(Universidade Federal do Rio<br />

Grande do Norte) em Natal/RN e também obteve<br />

créditos de Mestrado, na UFPB(Universidade<br />

Federal da Paraíba) em Campina Grande/PB.<br />

Começou a publicar seus primeiros trabalhos no<br />

jornalzinho cultural Vôo Primeiro de Uma Arribação<br />

em Natal/RN na década de 80. Possui dez livros de<br />

poesias publicados, respectivamente: A Trilogia da<br />

Dor, 1995; Carta a Tio João Cordeiro, 1996;<br />

Alfabetizando a Alma, 1997; Presságios, 1997;<br />

Sisuda Acidez, 1998; A Janela do Sótão, 1998;<br />

Harmonia Dissonante, 1999; Impactos Azuis, 1999;<br />

O Espelho dos Labirintos, 1999; A Alquimia do<br />

Impreciso, 2000. Está no prelo seu mais recente<br />

trabalho intitulado O Eco das Distâncias, livro de<br />

teatro, especificamente composto por três atos que se<br />

Mesmo que os cantores sejam falsos como eu<br />

Serão bonitas, não importa, são bonitas as canções<br />

CHICO BUARQUE<br />

Quem é pedra como eu sou<br />

Bebe a água do amanhã<br />

ALDIR BLANC<br />

Agora senhora, são tantos anseios<br />

Promessas de amor delirantes<br />

Mais tarde agonias, silêncios, receios, mistérios<br />

Só dos navegantes<br />

PAULO CÉSAR PINHEIRO<br />

Nos dissolvamos sem fazer ruído,<br />

Sem tempestades de ais, sem rios de pranto...<br />

JOHN DONNE


CCXI) Levou uma corte tão profundo na alma que<br />

chegou a sangrar seus fantasmas e a vomitar as<br />

possibilidades de tédio em si mesmo.<br />

CCXII) O tempo nos dimensiona nas coisas, nos traz<br />

certas esperanças que nos enchem de alegria e<br />

vivacidade.<br />

CCXIII) A vida é a união de nossas necessidades com<br />

nossos pensamentos e sentimentos sempre<br />

alicerçados na ancestralidade que trazemos em<br />

nossos espíritos.<br />

CCXIV) Cantar é um grande remédio para encantar os<br />

males que nos assombram, para construir em<br />

nossos interiores a força das harmonias que se<br />

decodificam na solidão do universo.<br />

CCXV) Em nossas tolices e mesmices têm-se o espectro<br />

sorumbático das sandices que nos trazem nossas<br />

percepções do longe.<br />

CCXVI) Nascemos das químicas líricas, das mímicas<br />

cítricas que nos convidam a sermos palhaços de<br />

nós mesmos.<br />

CCXVII)Paradoxos nos colocam em nós mesmos, nos<br />

abrem às indefinições e às verdades das coisas.<br />

CCXVIII)Murchos espiritualmente, seguimos.<br />

CCXIX) Há um envelhecer em nossas indagações, um<br />

hábito de perpetuar no tempo nossos<br />

questionamentos a respeito da vida.<br />

CCXX) Nos unamos, urgentemente nos unamos.<br />

Respeitemo-nos, compreendemo-nos,<br />

I. Livros<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

a) A Trilogia da Dor, Edição do Autor<br />

Gráfica Mandacaru, Petrolina/PE, 1995;<br />

b) Carta a Tio João Cordeiro, Edição do Autor<br />

Gráfica Franciscana, Petrolina/PE, 1996;<br />

c) Alfabetizando a Alma, Edição do Autor<br />

Gráfica Tribuna do Sertão, Petrolina/PE, 1997<br />

d) Presságios, Edição do Autor<br />

Gráfica Tribuna do Sertão, Petrolina/PE, 1997;<br />

e) Sisuda Acidez, Clube dos Escritores Piracicaba<br />

C.N. Editoria, Piracicaba/SP, 1998;<br />

f) A Janela do Sótão, Editora Mandacaru<br />

Gráfica Mandacaru, Petrolina/PE,1998;<br />

g) Harmonia Dissonante, Editora Mandacaru<br />

Gráfica Mandacaru, Petrolina/PE,1999;<br />

h) Impactos Azuis, Editora Gazzeta<br />

Gráfica Mandacaru, Petrolina/PE,1999;<br />

i) O Espelho dos Labirintos, Editora Gazzeta<br />

Gráfica Mandacaru, Petrolina/PE,1999;<br />

j) A Alquimia do Impreciso, Editora Mandacaru<br />

Gráfica Mandacaru, Petrolina/PE,2000.


CCVI) O desconhecido<br />

Somos nós,<br />

Pós<br />

Da última quimera,<br />

Megera<br />

De olhar indefinido.<br />

CCVII) Quanto mais gritava<br />

Ninguém o escutava.<br />

Resolveu<br />

Ser o sonho ausente,<br />

Novamente<br />

Ninguém o entendeu.<br />

Percebeu<br />

Que tinha uma solidão<br />

Corrosiva, uma expansão<br />

Que nunca o preencheu.<br />

CCVIII) Segredos roubados<br />

Dos alados<br />

Lados<br />

De uma alma de desacordados<br />

Sentimentos endiabrados.<br />

Sonhos cantarolados<br />

Por vozes roucas, sons roubados<br />

Dos estados<br />

Sempre ativos do ser, esmiuçados<br />

Nesses descampados<br />

Onde animais pastam, ilhados,<br />

Procurando passados<br />

E futuros alicerçados<br />

No presente de seus olhos calados.<br />

APRESENTAÇÃO<br />

Na indefinição dos instantes que me envolvem,<br />

percorro minha própria inexatidão com<br />

inquietude e silêncio. Distribuo-me na<br />

impaciência, procuro-me onde não vou me achar.<br />

As interrogações fundem-me aos destinos que<br />

como eu estão isolados em si mesmos, presos aos<br />

cíclicos olhares das coisas. São desarmonias que<br />

me harmonizam, incertos caminhos me<br />

encontram sem caminhos para percorrer, me<br />

movimentam nos segredos de ninguém.<br />

Fatalidades me obrigam sempre a estar além de<br />

mim mesmo, me detêm nas penumbras dos<br />

pensamentos solitários, nas razões que se<br />

desarticulam involuntariamente. Buscando<br />

explorar e dialogar com meus receios e fantasmas,<br />

criei em Monólogo das Sombras um texto teatral<br />

dividido em três atos que interagindo de forma<br />

filosófico-poética tenta propor ao leitor uma<br />

concepção de sentimento e pensamento voltados<br />

para o interior de nós mesmos, incertezas abertas<br />

às impropriedades do mundo. No referido texto<br />

há ainda quinze canções que buscam dinamizar e<br />

humanizar as percepções do ouvinte, com relação<br />

as coisas que o envolvem e o transformam,


De roer no dia-a-dia<br />

Da melancolia<br />

Que envelhece<br />

Conosco<br />

Como um sol fosco.<br />

CLCIV) Princípios são as<br />

Últimas coisas que nos<br />

Vêm, homens nocivos.<br />

CLCV) O amor envelhece<br />

A alma, mora no infinito<br />

De nossas certezas.<br />

CLCVI) Abraçou-se com<br />

A vida, acolheu seus medos<br />

Com muita ternura.<br />

CLCVII) Quanto mais subia<br />

Mais descia na gangorra<br />

Da elevação dele.<br />

CLCVIII) Tenso, desolado,<br />

Pensou na felicidade<br />

Das pessoas justas.<br />

CLCIX) Estafado de<br />

Pensar, estabeleceu<br />

Em si rumos góticos.<br />

CC) Não temos quilate<br />

Espiritual. Em nós<br />

As luzes se apagam.<br />

CCI) O tempo não tem<br />

Pés, mas corre depressa e<br />

Nos deixa sem tempo.<br />

<strong>MONÓLOGO</strong><br />

<strong>DAS</strong><br />

<strong>SOMBRAS</strong><br />

(T E A T R O)


CLXXXVIII)Diante<br />

De sua errante<br />

Condição<br />

De Infante,<br />

Sem terras<br />

Nem guerras<br />

Para participar,<br />

Resolveu cantarolar<br />

A canção<br />

Das serras<br />

Por onde passou<br />

E por lá ficou.<br />

CLXXXIX) Escorou-se nas ilusões,<br />

Amputou-se naturalmente.<br />

Trafegou pela solidão<br />

Silenciosa de qualquer sensação<br />

Estabelecida<br />

Na sua visão tímida.<br />

CLC) Viu-se no lume<br />

Do estrume<br />

Que não aduba,<br />

Na macaúba<br />

De gosto<br />

Oposto<br />

Ao que esperava,<br />

Na brava<br />

Situação<br />

Da ação<br />

Sem concepção.<br />

CLCI) Existem<br />

Em ti<br />

Incertos<br />

Gorjeios<br />

ATO 1:<br />

I) De nossas indecisões nasceu o acaso que nos une.<br />

II) Somos o que sobrou de nossos olhares dispersos<br />

nos contratempos da vida, a luz que não acende<br />

quando se mais precisa, o lado estragado das<br />

coisas mortas.<br />

III) A verdade não está em nós, ela não pode nos<br />

habitar. O silêncio circunstancial de nossos medos<br />

nos transforma em seres divididos, criaturas<br />

enraizadas em seus desejos.<br />

IV) Há deslizes indecifráveis em nós, conceitos que<br />

nos definem no improvável, visões turvas que nos<br />

põem frente a frente com nossa frágil condição<br />

humana atrelada a sensações que nos tornam<br />

vazios intuitos sem sentido.<br />

V) Mas a voz dos infinitos nos mantêm presos aos<br />

segredos de nós mesmos, nos modelam na<br />

realidade irreal de nossas vidas.<br />

VI) O tempo nos escolheu para dançarmos o samba<br />

dos escuros. A voz dos ecos que não existem nos<br />

condicionam a sermos exageradamente falsos e<br />

atrapalhados.<br />

VII) Nós somos o esquecido, a inconveniência dos atos<br />

que nos atrapalham e nos lançam no caos das<br />

coisas.<br />

VIII) A dor está em nós. Agonias nos conduzem por<br />

caminhos sombrios e solitários.<br />

(IX) Divisões nos silenciam, nos entrelaçam nas<br />

ancestarlidades.


54<br />

CLXXI) Mares semi-abertos<br />

Em nossas espíritos<br />

Nos põem em cíclicos<br />

Movimentos soltos<br />

Na realidade<br />

CLXXII) Erradas<br />

Visões<br />

Caladas<br />

Distraem<br />

Irreal de nossos<br />

Desejos movidos<br />

A vaidades e<br />

Contratempos, velhos<br />

Sais de gostos tortos.<br />

As faces<br />

Que se<br />

Retraem<br />

Diante<br />

De certos<br />

Conflitos,<br />

Desertos<br />

Aflitos<br />

Atados<br />

Aos hálitos<br />

Serenos<br />

Da aurora.<br />

CLXXIII)Na bondade dos espíritos elevados<br />

encontramos a lucidez dos que enxergam longe.<br />

CLXXIV)O sonho nos conduz à eternidade, nos torna<br />

mais acesos espiritualmente.<br />

XII) Ecos transformam vozes rasteiras,<br />

Rondam os mistérios insossos<br />

De cada um de nós.<br />

Onde vamos tão apressados,<br />

XIII) Sons<br />

Soltos<br />

Em<br />

Nós<br />

O que queremos dos outros e de nós mesmos?<br />

Nossa angústia atrapalha a alegria de muitos,<br />

Nossas desavenças interiores<br />

Se exteriorizam na realidade conturbada dos dias atuais.<br />

Estradas nos redefinem<br />

Em antigos passos que<br />

Nunca demos,<br />

Nos induzem a irmos além<br />

Do que já fomos,<br />

Animais secos e doídos.<br />

Têm<br />

A<br />

Cor<br />

Das<br />

Luzes<br />

Que<br />

Não<br />

Brilham.<br />

15


52<br />

São estranhas<br />

Nossas cores<br />

Quando estamos<br />

Nesses ramos<br />

De mundos frios.<br />

CLXVIII) Suponho<br />

Que estás<br />

No sonho<br />

Desse ás<br />

Sentido<br />

Partido,<br />

No ouvido<br />

Parido<br />

Do inconho<br />

Ser, cais<br />

Tristonho,<br />

Porto e ais.<br />

CLXIX) MÚSICA 12<br />

“TEMPO”<br />

Tempo de amar,<br />

De conquistar<br />

Novos espaços<br />

No ser.<br />

Tempo de estar<br />

No luar<br />

Dos descompassos<br />

Do viver.<br />

Inseguro, algo<br />

O desmontou<br />

Por dentro sempre,<br />

Viu-o sem ímpeto.<br />

XVII) Angústias tornaram-no<br />

Frágil, deslocado<br />

Das coisas, amante<br />

Das essências tortas,<br />

Calado conceito<br />

Atrelado às fugas<br />

Divagantes da<br />

Vida. Foi um homem<br />

Estaticamente<br />

Solto nas verdades.<br />

XVIII)As distâncias nos fundem<br />

Às estradas que nunca<br />

Percorremos, nos vêem<br />

Nas placas sujas dos<br />

Caminhos que não levam<br />

A lugar nenhum, nunca.<br />

XIX) Vícios nos concentram na<br />

Realidade de nossa<br />

Esquizofrenia. Úmidos<br />

Receios nos conciliam<br />

Com a impossibilidade<br />

Dos sorrisos disfarçados<br />

Em inconseqüências ágeis.<br />

XX) Na tranqüila solidão de si mesmo solidificou<br />

idéias inúteis.<br />

17


50<br />

CLXII) Somos<br />

A<br />

Dor<br />

Do<br />

Outro,<br />

O<br />

Ermo<br />

Campo<br />

Em<br />

Que<br />

Pastam<br />

Seres<br />

De<br />

Sonhos<br />

Pálidos.<br />

CLXIII) Sonâmbulos<br />

Procuram<br />

Por seus<br />

Silêncios<br />

Andando<br />

De um lado<br />

Para outro,<br />

Dormindo<br />

O sono<br />

Daquelas<br />

Figuras<br />

Ilhadas.<br />

CLXIV) Possuía<br />

Uma alma<br />

Calma,<br />

Vazia.<br />

Queria<br />

XXVII) Adormecidos estamos. Quando acordaremos<br />

para a verdade? Nosso leito passeia na<br />

escuridão da imensidão que nos consome.<br />

XXVIII)Buscamos o que queremos e não queremos,<br />

nossas vaidades nos fundem a tudo, ou quase<br />

tudo.<br />

XXIX)Vácuos nos preenchem de silêncios e<br />

improbabilidades, nos retocam nos<br />

empecilhos do mundo.<br />

XXX) Pouca coisa em nós reflete a espiritualidade da<br />

natureza que nos envolve.<br />

XXXI) Temos um bloqueio forte na mente e no espírito.<br />

Ainda não aprendemos a raciocinar nem a amar.<br />

XXXII) O fim do mundo somos todos nós, auroras<br />

abertas a verdade maior de todas as coisas.<br />

XXXIII)MÚSICA 3<br />

“VEGETANDO”<br />

Vegetando seguia<br />

No mundo das formas<br />

Não sabia<br />

Que seria<br />

Um dia<br />

Poesia<br />

E inércia<br />

Sem normas.<br />

Ruminando queria<br />

O imundo sorriso<br />

Que poria<br />

Na sua sabedoria<br />

19


48<br />

ATO 3<br />

Lírico,<br />

Lúdico.<br />

CXLIX) A esperança está em nós, eternas crianças de<br />

confiança escalena.<br />

CL) O mal não está na alegria ou na tristeza, o mal<br />

está em nossos maus atos, em nossa sujeira<br />

espiritual.<br />

CLI) Quem sorri pra vida acaba descobrindo a<br />

essência das coisas.<br />

CLII) Acreditar no que o outro é capaz é acreditar em<br />

si mesmo, é por nos olhos da vida a<br />

certeza de que um dia seremos felizes.<br />

CLIII) Se faz necessário transformar nossas<br />

percepções e sensações para melhor, provocar<br />

em nossos corações um súbito amor por tudo<br />

que nos cerca.<br />

CLIV) Nossas tensões são nossas desalinhadas<br />

atitudes sempre carregadas de insatisfações e<br />

vaidades as mais diversas.<br />

CLV) Onde o amor habita não existe mentira,<br />

apenas a lucidez de eternidade de um<br />

Sócrates.<br />

CLVI) Maus pensamentos geram maus homens e<br />

espíritos levianos demais.<br />

CLVII) Enxergar longe é enxergar para dentro, é<br />

amar os infinitos de nós mesmos.<br />

XLII) Vomitou seus próprios<br />

Desgostos sobre a doçura<br />

De suas visões.<br />

XLIII) Quanto mais queria<br />

Mais se via isolado, íntimo<br />

De suas agruras.<br />

XLIV) MÚSICA 4<br />

“ESPERA”<br />

A vida te espera<br />

Com ou sem quimera.<br />

Quem dera<br />

Sermos<br />

Tudo, termos<br />

Na alma um escudo e vencermos<br />

Nossas<br />

Debilidades sem fossas<br />

Só com novas bossas.<br />

XLV) Variedades de interrogações apenas aceleram as<br />

surpresas que nos determinam na vida.<br />

XLVI) Quanto mais futuro nos aguarda mais passado<br />

acumulamos em nossas almas.<br />

XLVII) O verdadeiro amor conhece<br />

A força dos fracos, a centelha<br />

Que brilha só na escuridão<br />

Dos seres mortos em si mesmos,<br />

21


46<br />

Pulou,<br />

De galho em galho,<br />

Falho,<br />

Com os tinos<br />

Em ritmo tenso. Procurou<br />

Incertos<br />

Desertos<br />

De calores finos.<br />

CXLV) Nele<br />

Um vazio<br />

Tão grande<br />

Que o expande<br />

Na pele<br />

Do óbvio<br />

Maluco<br />

De rosto no vuco-vuco<br />

Do imbele<br />

Sorriso sem brio,<br />

Do torpor<br />

Que conhece seu desamor.<br />

CXLVI) No baú<br />

Do seu passado<br />

Encontrou-se,<br />

Perdeu-se.<br />

Tornou-se<br />

Só, preencheu-se<br />

De enfado,<br />

Esaú<br />

Maldito,<br />

Espírito<br />

LII) O final da linha não é o final da linha, é o início de<br />

tantas outras vaidades e esperanças que nos<br />

aguardam como sempre nos aguardaram, prontas<br />

para nos aperfeiçoarem como gente.<br />

LIII) Quem explora a si mesmo nunca perde tempo<br />

com nada. Enxerga com facilidade as mesmices<br />

de uma vida deplorável, mas interessante.<br />

LIV) Onde estaremos quando nossas máscaras<br />

Forem tiradas de nossas cansadas<br />

Faces sujas, ilhadas, desoladas<br />

Ante óbvios imprevistos anacrônicos?!<br />

LV) Dentro de nós mesmos<br />

O mistério de ser gente<br />

Nos transforma em vidas<br />

Soltas nas percepções<br />

Eólicas do mundo.<br />

Estamos nos esmos<br />

Sem sentido, na demente<br />

Situação que traz divididas<br />

Sensações<br />

A qualquer espírito imundo.<br />

LVI) No sonho deslizamos,<br />

Vamos<br />

Seguindo em nossos destinos<br />

Como meninos<br />

Cantando em hinos<br />

Seus próprios desatinos.<br />

Lutamos,<br />

Sonhamos<br />

23


44<br />

CXXXVI) Visões que cegam<br />

Nos agregam<br />

Aos pântanos<br />

Dos planos<br />

Insanos.<br />

CXXXVII) Esqueceu de ser ele mesmo,<br />

Conviveu<br />

Com seu<br />

Silêncio arredio<br />

Num calafrio<br />

Obnóxio.<br />

CXXXVIII)Refrões que não<br />

Existem numa canção<br />

Que jamais<br />

Ecoou trazem sinais<br />

De solidão<br />

Ao coração<br />

Envolvido com os ais<br />

Do mundo. Visuais<br />

Intenções sem senão<br />

Nos abrem à convicção<br />

Dos homens totais,<br />

Tensos e anormais.<br />

CXXXIX) Sublime<br />

É o time<br />

Dos inúteis.<br />

Com goleiros, defensores e atacantes<br />

Sempre distantes<br />

Deste mundo de seres fúteis.<br />

LXIV) Quando repousamos<br />

Na solidão acordamos<br />

Para o que é real.<br />

LXV) Pouca coisa nos<br />

Põe cara a cara com nossas<br />

Múltiplas doenças.<br />

LXVI) No tímido olhar<br />

Do teu aperreio vê-se<br />

O tom das distâncias.<br />

LXVII) MÚSICA 5<br />

“SAIU”<br />

Saiu<br />

De si, partiu<br />

Pra além.<br />

Nem<br />

Percebeu<br />

Que sorveu<br />

O universo<br />

Emerso<br />

E imerso<br />

No seu<br />

Verso<br />

Tenso,<br />

Propenso<br />

A estar<br />

No imenso<br />

Mar<br />

De todo ar<br />

Denso.<br />

25


42<br />

Atalho<br />

Que conduz ao galho<br />

No qual as dita-cujas<br />

Repousam confusas,<br />

Intrusas,<br />

Medusas<br />

De bocas lusas,<br />

Difusas<br />

Criaturas cafusas.<br />

CXXVII) Flutuantes instantes<br />

Dissonantes têm luzes<br />

Errantes, montantes<br />

Eletrizados pelos lados<br />

Estragados dos brados<br />

Alados das gargantas<br />

Unidas às vidas<br />

Estarrecidas, cruzes<br />

Erguidas por mãos santas.<br />

CXXVIII)Perdas que em nós se somam nos dividem<br />

sistematicamente.<br />

CXXIX) Nossa comunhão com nossos vazios nos<br />

trouxe a ancestralidade dos nossos fantasmas.<br />

CXXX) Quem perambula por si mesmo acaba com o<br />

tempo descobrindo suas imprecisões e<br />

receios.<br />

CXXXI) Oxigenado de lamentos,<br />

Se viu nos lentos elementos<br />

Que agregam ventos, pensamentos<br />

E sentimentos meio isentos.<br />

Incolores<br />

Gerando<br />

O velho enfado<br />

Na alma entristecida.<br />

Dormimos no monturo<br />

De nosso caos, juras<br />

Vis<br />

Em covis<br />

Hostis,<br />

Ti-ti-tis<br />

Tristes,<br />

Ristes<br />

Silêncios guardando<br />

O espírito suado<br />

De qualquer coisa ilhada.<br />

LXXII) Na vida esperamos pelo que nunca virá, nossa<br />

espiritualidade desestruturada e desalicerçada<br />

contrói vazios atemporais em nós.<br />

LXXIII) O impossível<br />

É visível<br />

Aos olhos do inaudível<br />

Asceta<br />

Atormentado pela meta<br />

A seguir, sempre incompleta,<br />

Inútil, fútil composição<br />

Repleta de ilusão.<br />

27


40<br />

CXIII) Quem de nós sabe algo<br />

De si mesmo?! Quem pode ir<br />

Além de seus sonhos?!<br />

CXIV) Rápida é a luz dos<br />

Dos instintos, energia<br />

Solta em nossas falhas.<br />

CXV) Tentou o equilíbrio<br />

Dos perfeitos, caiu em<br />

Si mesmo, calado.<br />

CXVI) Nobreza perdida,<br />

Vida sacudida por<br />

Divagações tímidas.<br />

CXVII) Vácuos te organizam<br />

Nas essências, alimentam<br />

Teus sonhos avulsos.<br />

CXVIII)Sábios seres que<br />

Não se entendem, veiculam<br />

No tempo altas dores.<br />

CXIX) Prospera quem vai<br />

Além de si mesmo e sonha<br />

Ser justo e sincero.<br />

CXX) Diante de seu<br />

Corroído caos, manteve-se<br />

Prudente demais.<br />

CXXI) Derrapou em tônicas<br />

Angústias crônicas, líricas<br />

Visões casuísticas.<br />

políticos corruptos constroem com o nosso<br />

dinheiro sua fortunas e ambições. Nosso p a í s<br />

é um grande teatro sujo e apagado.<br />

LXXIX) No país do futebol o dinheiro da merenda escolar<br />

é desviado, as rodovias são esburacadas e sem<br />

sinalização, os aposentados sobrevivem com um<br />

salário que não lhes dá condições de uma vida<br />

digna e tranqüila, as pessoas com vontade de<br />

trabalhar se engalfinham em concursos<br />

públicos de poucas vagas e, às vezes, de cartas<br />

marcadas.<br />

LXXX) O Brasil se esconde atrás de seus corruptos e<br />

malfeitores, não cresce por absoluta falta de<br />

honestidade em cada um de nós, indivíduos<br />

pouco habituados a verdade. Nesses nossos<br />

tempos o samba-do-crioulo-doido nunca ecoou<br />

tão vivo, nossa intimidade com o desespero dos<br />

outros nos transformou em cidadãos<br />

acostumados a louca realidade que nos consome<br />

freneticamente.<br />

LXXXI) MÚSICA 07<br />

“ESPERANÇA”<br />

Viver, ter<br />

Esperança,<br />

Crer, ser<br />

Uma criança<br />

Solta no ar<br />

Da verdade,<br />

A singular<br />

Saudade<br />

29


38<br />

Teu grito<br />

Seco<br />

Traduz<br />

O eco<br />

Que te induz<br />

A ser só,<br />

Atrito<br />

Sem dó<br />

Na mão<br />

Do conflito<br />

Num órfão<br />

Gesto que te produz.<br />

CIII) Velhas quimeras<br />

Acesas nessas<br />

Fadigas antigas,<br />

Centelhas sinceras<br />

Abraçando o quando<br />

Das brigas e intrigas<br />

Parelhas às feras<br />

Mais abissais,<br />

Às cantigas amigas.<br />

CIV) Na estática dos movimentos organiza-se as<br />

sensações silenciosas dos instantes que nos<br />

preenchem de segredos verdadeiros<br />

CV) Precipícios<br />

Nos isolam,<br />

Atolam<br />

As circunstâncias<br />

Em inconstâncias<br />

Chulas.<br />

LXXXV) Ah, a dor dos sem ninguém, dos inválidos, dos<br />

que lutam toda uma vida e nada conseguem,<br />

daqueles sem família ou teto para morar, dos<br />

injustiçados por motivos banais, dos<br />

esquecidos para sempre.<br />

LXXXVI) Ah, a agonia das surpresas tristes, a voz<br />

abafada por tantas idas e vindas cansativas, a<br />

porta que não quer se abrir quando a saída é<br />

apenas aquela.<br />

LXXXVII) Vede, somos irrisórios. Partículas numa vialáctea<br />

que se expande para todos os lugares,<br />

profundas percepções que se desnorteiam<br />

com facilidade, torrentes de água poluída<br />

invadindo os espaços cósmicos de muitos<br />

outros espaços que nos fecham diante de<br />

nossa insegurança.<br />

LXXXVIII)Somos cadáveres adiados, carne<br />

espiritualizada por alguns anos,<br />

arrependimentos que se somam numa longa<br />

caminhada na busca de nada.<br />

LXXXIX) Nos partidos corações sofridos reina certos<br />

desgostos implacáveis, sonhos que se recriam<br />

em quaisquer caos.<br />

XC) MÚSICA 08<br />

“ESPÍRITO”<br />

Espírito do tempo<br />

Ajuda-me a compreender<br />

Meus irmãos.<br />

31


36<br />

Desses bosques<br />

Sutilmente<br />

Alojados<br />

Dentro de<br />

Nós, meninos<br />

Reunidos<br />

Ao redor<br />

De esperanças<br />

E segredos<br />

Viscerais.<br />

XCVIII) Porções de nada<br />

No prato que<br />

Rebeste para<br />

Comer. Vazia<br />

Situação<br />

Que chega, te acha<br />

Sozinho e te<br />

Traz a bolacha<br />

Também de nada<br />

Feita. O que<br />

Procuras para<br />

Seres tão só?!<br />

Não há alimento<br />

Que, vão, te faça<br />

Olhar para a<br />

Vida com graça.<br />

XCIX) Assustado e<br />

Dividido, ele<br />

Seguia não<br />

Sabia pra<br />

Cansaços<br />

Redefinindo<br />

Nossa percepção,<br />

Ruídos<br />

Que só se entendem<br />

Sem audição.<br />

XCI) Agudos sentidos<br />

Redescobrem, no acaso dos tímidos<br />

Olhares, os passos compridos<br />

Das almas soltas nos sons obtidos<br />

Pelos pés do tempo tocando, estarrecidos,<br />

Campos plantados e estabelecidos<br />

Espiritualmente como dissolvidos<br />

Orvalhos amanhecidos<br />

Com total nitidez. Comovidos<br />

Sonhos põem em nossos ouvidos<br />

Os sustenidos<br />

E bemóis de certos cálidos<br />

Sentimentos conhecidos<br />

A tempos por fatos doídos.<br />

XCII) És aquilo<br />

Que nenhum grilo<br />

Consegue cantar, crocodilo<br />

Nadando do Rio Nilo<br />

Até o silo<br />

Das coisas secas, esquilo<br />

De correria inglória, mamilo<br />

De leite sujo, asilo<br />

Que só recebe loucos e sonhadores, vacilo<br />

Que conhece o estilo<br />

33


34<br />

Humilde do coração tranqüilo,<br />

Pupilo<br />

Que quer ser mais que o mestre, quilo<br />

Que nada pesa, devoto de São Camilo.<br />

XCIII) Somos<br />

Átomos<br />

Nos gomos<br />

Das frutas ácidas, fomos<br />

O hálito das múmias<br />

Nos dias<br />

De melancolias<br />

Intensas, vazias<br />

Criaturas<br />

Duras<br />

De coração, inseguras<br />

Faces sem doçuras,<br />

Dor,<br />

Que forte ou fraca, nunca foi amor.<br />

XCIV) Amanheceste<br />

Único, padeceste<br />

Em vão, sofreste<br />

A fotossíntese, de leste<br />

A oeste,<br />

Das plantas nas floras<br />

Das horas<br />

Amargas. De cócoras<br />

Presenciaste as pioras<br />

De tua alma. Devoras<br />

A ti com tal inexatidão<br />

Que tens uma percepção<br />

XCV) Velha<br />

Dor<br />

Que<br />

Não<br />

Me<br />

Deixa,<br />

Fugidia,<br />

Visceral monotonia que te vem de noite ou de dia.<br />

Eu<br />

Sei<br />

Quantos<br />

Sou:<br />

Todo<br />

Mundo.<br />

XCVI) Esteve<br />

Passando<br />

Por ruas<br />

Que não<br />

Existem,<br />

Viveu<br />

A incerta<br />

Loucura<br />

Dos homens<br />

Movidos<br />

A sonhos<br />

E encantos.<br />

XCVII) Passeamos<br />

Pela luz<br />

35


32<br />

Tanta violência,<br />

Miséria,<br />

Corrupção,<br />

Realidade<br />

Que pune<br />

Qualquer coração.<br />

Ruas tão escuras,<br />

Postes sem<br />

Iluminação.<br />

Estradas que<br />

Só conduzem<br />

Pra escuridão.<br />

Meninos<br />

Olhando a vida<br />

Com falta de pão.<br />

Há dores<br />

Nos envolvendo<br />

Em toda situação.<br />

Vivemos<br />

E não passamos<br />

De uma frágil ilusão,<br />

Corredores estreitos<br />

Que vão dar<br />

Na imensidão,<br />

Vielas que só<br />

Terminam<br />

Na luz da ocasião,<br />

Silêncios<br />

Que se agrupam<br />

Em torno da solidão,<br />

Onde. Doente<br />

De ser quem era,<br />

Articulou-se<br />

Nos temporais,<br />

Pressentiu em<br />

Si a confluência<br />

Dos pensamentos<br />

Soltos na vida.<br />

XCX) Ausente do mundo,<br />

Tornou-se ilhado,<br />

Desolado<br />

Diante<br />

Das circunstâncias.<br />

Vagabundo<br />

Enfadado<br />

De tudo, desnorteado<br />

Ante<br />

Crônicas angústias, adormeceu nas distâncias.<br />

CXI) A matéria<br />

Precisa de idéias.<br />

Cefaléias<br />

Traduzem as epopéias<br />

Das mentes nas boléias<br />

Do tempo, artéria<br />

Que se articula às panacéias<br />

Das almas plebéias.<br />

Luz<br />

Sua<br />

o infinito,<br />

37


30<br />

Que traz<br />

A certeza<br />

Da paz,<br />

A beleza<br />

De estarmos<br />

Unidos<br />

A tudo e darmos<br />

Um toque de sutileza nos sentidos.<br />

Crescer,<br />

Estabelecer<br />

Em nós o elo REFRÃO(2X)<br />

Do apelo<br />

Que nos requer<br />

Plenos de saber.<br />

AS LUZES SE ACENDEM...<br />

LXXXII) Sentada na cadeira-de-balanço Dona Maria<br />

lembra tranqüilamente de seus mortos. Seus<br />

avós, pais, marido e filhos já não existem.<br />

Resta-lhe ela mesma e a solidão de uma casa<br />

sem barulhos. O relógio indica uma hora<br />

qualquer, na televisão bobagens vão se<br />

intercalando sem parar. Dona Maria que mal<br />

come e mal dorme se satisfaz com seu salário<br />

mínimo e sonha morrer em paz.<br />

LXXXIII) Do outro lado da Rua João e Júlia vivem o<br />

drama dos inúteis. Com seis filhos para criar<br />

e sem emprego, os dois se viram como podem<br />

e passam fome para alimentar meia-dúzia de<br />

bocas famintas.<br />

LXXXIV) Logo adiante, na mesma rua, na padaria de seu<br />

Juvenal pessoas compram sem parar pão, leite,<br />

queijo e muitas outras coisas e a vida vai<br />

Vícios<br />

Nos colam,<br />

Imolam<br />

As ânsias<br />

E demências<br />

Fulas.<br />

CVI) Gritos de mim em<br />

Ti, acasos que unem as coisas<br />

Que nos pluralizam.<br />

CVII) Seca dor sedenta,<br />

Água barrenta que, lenta,<br />

Só causa tormenta.<br />

CVIII) A morte nos põe<br />

De encontro a outras mortes, certas<br />

Incertezas místicas.<br />

CIX) Intuições nos<br />

Trazem sonhos anormais,<br />

Tons meio confusos.<br />

CX) No infinito esteve,<br />

Mais uma vez isolou-se.<br />

Tornou-se um fantasma.<br />

CXI) Na face do tempo<br />

Há traços de eternidade,<br />

Razões que em nós se acham.<br />

CXII) Agonias que<br />

Nos deixam ilhados, homens<br />

De sonhos volúveis.<br />

39


28<br />

ATO 2:<br />

LXXIV) Vos apresento minha essência, minha<br />

correria a vida inteira para lugar nenhum,<br />

minha esperança num mundo melhor, minha<br />

melancolia que me faz compreender e<br />

aceitar vossa eterna falta de confiança na<br />

pureza e no sonho.<br />

LXXV) Vos entrego minhas lágrimas, a melhor parte<br />

de meu silêncio, a ternura de meus olhos<br />

bestificados ante a solidão dos espaços que<br />

nos envolvem e nos equacionam em delírios<br />

expansivos.<br />

LXXVI) Vos peço amor, humanidade. Carinho para<br />

com as coisas existentes e inexistentes,<br />

vontade de apaziguar os corações<br />

atormentados, sutileza para enxergar nos<br />

outros nossa própria maneira de sermos<br />

felizes ou infelizes.<br />

AS LUZES SE APAGAM...<br />

LXXVII) Cá estou num palco escuro falando para<br />

pessoas escuras. O lado negro do meu sorriso<br />

que não vedes é minha sede de transpor o lado<br />

enigmático de nossas parcas concepções a<br />

respeito de tudo.<br />

LXXVIII) Mendigos passam fome nas ruas, presos<br />

subnutridos se encurralam uns em cima dos<br />

outros em cadeias imundas, hospitais com<br />

seus médicos e enfermeiros apressados<br />

cuidam de doentes<br />

desesperançados, meninos vão para as escolas<br />

sem se alimentarem para estudarem com<br />

professores mal pagos e mal formados,<br />

CXXII) Fantasmas repousam<br />

No teu silêncio cansado,<br />

Te vêem fechado.<br />

CXXIII) Assombra-me as coisas<br />

Que não se definem em<br />

Mim, tons de sons ermos.<br />

CXXIV)Frações de mim por<br />

Toda a casa indicam que<br />

Vivi aqui juntando-me.<br />

CXXV) Nossas esperanças<br />

Dançam em certos receios,<br />

Nos tornam coesos.<br />

CXXVI)MÚSICA 10<br />

“NOTOU-SE”<br />

Notou-se falho,<br />

Carta num baralho<br />

De cartas sujas.<br />

Viu-se retalho,<br />

Espantalho<br />

Onde corujas<br />

Repousam confusas,<br />

Intrusas,<br />

Medusas (REFRÃO-2X)<br />

De bocas lusas,<br />

Difusas<br />

Criaturas cafusas.<br />

Sentiu-se alho<br />

No bugalho<br />

Das faces marujas,<br />

41


26<br />

LXVIII)Acesas luzes quebradas iluminam tua correria<br />

cansativa, teu destino de constituições nem<br />

sempre sublimes.<br />

LXIX) Enquanto procuras por teu defasado<br />

Sorriso antiquado, és o lado podado<br />

Das plantas fincadas no solo calado<br />

De algumas planícies soltas num alado<br />

Conceito amarrado a qualquer som sagrado.<br />

LXX) Na tristeza daqueles olhos vejo a luz<br />

Que me traduz nas cores vivas, o segredo<br />

Atormentado das faces onde o degredo<br />

Vai de mãos dadas com o que jamais expus.<br />

LXXI) MÚSICA 6<br />

“DORMIMOS”<br />

Dormimos no escuro<br />

De nós mesmos, criaturas<br />

Vãs,<br />

Sem manhãs<br />

Ou amanhãs,<br />

Romãs<br />

Podres,<br />

Odres<br />

Furados guardando<br />

O vinho alado<br />

Da vida.<br />

Dormimos no futuro<br />

Das incertezas, usuras<br />

Tais<br />

Quais<br />

Vícios irreais,<br />

Totais<br />

Dores<br />

CXXXII) Deslocado<br />

De tudo, atado<br />

Às reminiscências,<br />

Foi confluências<br />

E ausências,<br />

Algo apressado<br />

Que, bestificado<br />

Diante das consciências,<br />

Construiu as aparências<br />

Das carências.<br />

CXXXIII) Não se recompôs de suas dores, apenas<br />

procurou viver em paz.<br />

CXXXIV) Ruídos colhidos<br />

Em tempos idos<br />

Contêm latidos<br />

De cães fingidos,<br />

Gritos mantidos<br />

Em ecos lívidos.<br />

CXXXV) Anúncio da Funerária Etérea no Jornal da<br />

Matéria:<br />

“Covas super-novas<br />

Aguardam todos nós.<br />

Nas trovas<br />

De nossas almas vãs,<br />

Há as sovas<br />

Das provas<br />

Que nos transformaram em pós<br />

Sem manhãs.”<br />

43


24<br />

Com tanta<br />

Coisa, pertencemos<br />

Aos sons extremos,<br />

A dor que se agiganta<br />

Quando trememos<br />

De medo do que seremos.<br />

LVII) No chão da sala o<br />

Desenho da lágrima dele,<br />

Sua vida só.<br />

LVIII) Chorou tanto que<br />

Esqueceu de viver. Algo<br />

Tornou-o descrente.<br />

LIX) Quem gosta das dúvidas<br />

Acaba compreendendo<br />

Certas agonias.<br />

LX) Na casa o relógio<br />

Não marcava hora nenhuma<br />

Porque ele era o tempo.<br />

LXI) A vontade de<br />

Existir nos traz ausências<br />

Que antes desprezávamos.<br />

LXII) Habitamos o<br />

Deserto dessas canções<br />

De notas caladas.<br />

LXIII) Vultos que nem sabes<br />

Quem são recriam teu cíclico<br />

Pensamento ilógico.<br />

CXL) Foi guia-de-cego<br />

Com um olho só, prego<br />

Numa parede escura, rego<br />

De águas caladas, burrego<br />

Levando, sôfrego,<br />

Outro burrego a um ponto pego.<br />

CXLI) Raízes<br />

De tuas cicatrizes<br />

Se ramificam nos teus deslizes,<br />

Te reconstroem nos felizes<br />

Reencontros dos espíritos das perdizes.<br />

CXLII) Conflitos nos unem a nós mesmos, nos põem<br />

no silêncio das fotossínteses das árvores sem<br />

folhas.<br />

CXLIII) Algo<br />

Doído no olhar<br />

Singular<br />

Do fidalgo<br />

Deixou-o perdido,<br />

Sem acreditar<br />

Na ímpar<br />

Percepção do instinto dissolvido<br />

Nas coisas. Fantasiado<br />

De angular<br />

Figura insegura, resolveu amar<br />

O estragado.<br />

CXLIV) Não escutou<br />

A voz<br />

Atroz<br />

Dos destinos,<br />

45


22<br />

A dor do olhar que se perdeu<br />

Nas coisas, o medo daqueles<br />

Corações lúdicos e vastos,<br />

A corrosão desses espíritos<br />

Entregues a compreensão<br />

Infinita, o sonho sensato<br />

Dos indivíduos dissolvidos<br />

Nas existências irreais.<br />

XLVIII) De tanto procurar o que não sabia, acabou<br />

acumulando no espírito a síntese doentia das<br />

explicações que não interessam a ninguém, a<br />

megalomania das insatisfações que cada<br />

homem traz dentro de si.<br />

XLIX) Não nascemos para entender nada. Apenas<br />

passamos com os anos atrás de necessidades<br />

que nem sabemos muitas vezes quais são ou<br />

serão.<br />

L) Na sua estática cotidiana redesenhou-se<br />

velozmente, distribuiu nos elos que o tornavam<br />

sorumbático a realidade das sensações que o<br />

acompanhavam sistematicamente.<br />

LI) Noções vagas de tudo passavam<br />

Pela sua visão tensa, terna.<br />

Morreu acreditando que o tempo<br />

Lhe transformaria em alguém limpo,<br />

Pronto para transpor seus receios<br />

E fantasmas. Mas não conseguiu<br />

Nunca conciliar os tormentos<br />

De um ser espalhado em percepções<br />

Lunáticas. Viveu garimpando<br />

Sua alma, menino íntimo do ermo.<br />

CXLVII) A<br />

Paz<br />

Que<br />

Não<br />

Chega<br />

De grito<br />

Triste, esquisito.<br />

Te<br />

Traz<br />

O<br />

Sonho,<br />

Uma<br />

Força<br />

Que<br />

É<br />

Tua<br />

Alma.<br />

CXLVIII) MÚSICA 11<br />

“SUPORTOU”<br />

Suportou<br />

A solidão,<br />

Acordou<br />

Na ocasião<br />

Místico,<br />

Cilíndrico.<br />

Aportou<br />

Na ilusão,<br />

Reformou<br />

A comunhão<br />

47


20<br />

A alegria<br />

Da nostalgia<br />

De um pária<br />

Inconciso.<br />

XXXIV) Pássaros sozinhos<br />

Cantam para a natureza,<br />

Têm vozes eternas.<br />

XXXV) O natural não<br />

Não mora em nós. A podridão<br />

Das coisas nos forma.<br />

XXXVI) Gotas-de-água turvas<br />

Molham o chão homogêneo<br />

Das almas escuras.<br />

XXXVII) Deu passos errados,<br />

Curupira solitário,<br />

Anjo desconexo.<br />

XXXVIII)Vagueou de um lado<br />

Para outro de si mesmo e<br />

Só encontrou sujeira.<br />

XXXIX) Sentimentos lúdicos<br />

Recriam nossos desejos,<br />

Nos tornam sinceros.<br />

XL) Calafrios íntimos<br />

Apoquentaram-no, viram-no<br />

Unido aos seus caos.<br />

XLI) Não há exatidão<br />

Em nossas almas, apenas<br />

Luzes apagadas.<br />

CLVIII) Há alegria nos escuros, faces que se<br />

reencontram no vazio das coisas.<br />

CLIX) Na sutileza<br />

Do olhar<br />

Vê-se a certeza<br />

Da compreensão,<br />

O ar<br />

Da percepção<br />

Que transforma<br />

O verbo amar<br />

Em norma.<br />

CLX) Pertencemos<br />

Ao inexato,<br />

A esquecidas<br />

Essências<br />

Inovadoras.<br />

Nada sabemos<br />

Do lado ingrato<br />

Das sentenças polidas<br />

Nas ausências<br />

Sofredoras.<br />

CLXI) Nas cores presentiu<br />

A deformidade<br />

Das coisas, a claridade<br />

Das luzes<br />

Nos olhos dos avestruzes.<br />

Nos sonhos ouviu<br />

Os ecos<br />

Dos botecos<br />

Onde os bêbados<br />

Dançam em paz como os cágados.<br />

49


18<br />

XXI) Existe um passado nos unindo as coisas que um dia<br />

viveremos.<br />

XXII) MÚSICA 2<br />

“ANGÚSTIAS”<br />

Angústias transformaram-no<br />

Em solidão.<br />

Não<br />

Se compreendia.<br />

Vazia<br />

Alma merencória,<br />

Discórdia<br />

Solta na doçura<br />

Escura<br />

De si mesmo.<br />

Cansou-se de tudo.<br />

Mudo, desnorteou-se.<br />

Olhou-se no velho (REFRÃO 2X)<br />

Espelho de um rosto<br />

Em desgosto.<br />

XXIII) Pousamos na irrealidade com os olhos fixos na<br />

imensidão de nossos sonhos.<br />

XXIV) Nada pode nos definir, estamos cansados de nós<br />

mesmos.<br />

XXV) O lado podre do que é puro esconde nossas<br />

próprias convicções, nos isola.<br />

XXVI)Somos átomos desagrupados por obviedades tolas<br />

demais.<br />

CLXV) Pôr no<br />

Espírito<br />

A lúcida<br />

Beleza<br />

A via<br />

Que o levasse ao vago<br />

Arquipélago<br />

Da correria<br />

De mais um dia.<br />

Daquelas<br />

Manhãs<br />

Abertas<br />

A toda<br />

Ternura<br />

Que possa<br />

Haver<br />

No mundo.<br />

CLXVI) Vitrolas,<br />

Que não<br />

Produzem<br />

Nenhum<br />

Som, têm<br />

Ruídos<br />

Vitais,<br />

Concisos<br />

Acordes<br />

Que doem.<br />

CLXVII) Nas entranhas<br />

Dos vazios<br />

Há porções<br />

De senões<br />

Arredios.<br />

51


16<br />

XIV) Há um medo<br />

Nos pondo<br />

Além<br />

De nossas<br />

Fraquezas,<br />

Tornando<br />

As coisas<br />

Paradas<br />

No tempo,<br />

Eternas<br />

Tensões<br />

Doídas.<br />

XV) Sonhou que<br />

Seria íntimo<br />

De quaisquer<br />

Ideais,<br />

Morreu louco<br />

E sozinho<br />

Procurando<br />

Por si mesmo<br />

Todo o tempo.<br />

XVI) A morte achou-o<br />

Sedimentado<br />

Em confusões,<br />

Menino de<br />

Conceitos toscos,<br />

Pálido ser<br />

De face escura.<br />

Assombrado e<br />

Tempo de sentir<br />

O fluir<br />

Anatômico<br />

Do atômico (REFRÃO-2X)<br />

Sentimento,<br />

Elemento<br />

Dos elos<br />

De quaisquer pesadelos.<br />

Tempo de lutar,<br />

De voar<br />

Nos mormaços<br />

Do querer.<br />

Tempo de cantar<br />

A ímpar<br />

Sensação dos amassos<br />

Nos rostos sem padecer.<br />

CLXX) No passo<br />

Sereno<br />

Das mãos<br />

Elétricas<br />

Existe<br />

A força<br />

Coesa<br />

Dos atos<br />

Que se<br />

Perfilam<br />

Ante ermos<br />

Anseios.<br />

53


14<br />

X) Movimentos da alma desaceleram as<br />

contingências, nos transformam em seres<br />

espalhados pelas malemolências da vida.<br />

XI) MÚSICA 1<br />

“O QUE SOMOS NÓS”<br />

O que somos nós<br />

Seres<br />

De haveres<br />

E deveres<br />

Inúteis<br />

Rumos tão sós<br />

Indícios<br />

De vícios<br />

Sóbrios,<br />

Táteis<br />

Nos passos<br />

Que demos<br />

Temos e não temos (REFRÃO 2X)<br />

Os traços<br />

Imperfeitos<br />

De nossos defeitos<br />

Espaços nos detêm<br />

Refrigeram<br />

Os ermos que nos geram<br />

E nos esperam<br />

Laços nos contêm<br />

Unem certos<br />

Desertos<br />

Que nos vêem em apertos<br />

CLXXV) Navegar em si mesmo é encontrar<br />

essências de amor aquáticas no coração.<br />

CLXXVI) A música dos contratempos e do desespero<br />

é a mesma música da elevação.<br />

CLXXVII) Contingências vão nos tornando<br />

acostumados com nossas debilidades.<br />

CLXXVIII) Quem voa no seu silêncio possui na alma<br />

uma sutileza que refrigera os sentidos.<br />

CLXXIX) O amor é o nosso fim. Ou melhor, o maior<br />

dos fins.<br />

CLXXX) Na sofreguidão dos passos que nos<br />

determinam na vida abrem-se os caminhos<br />

para as nossas virtudes.<br />

CLXXXI) Anseios e receios nos tornam meio sutis.<br />

CLXXXII) Na composição que nos envolve dilui-se a<br />

atemporalidade das coisas.<br />

CLXXXIII) Mais dia menos dia estaremos mortos,<br />

abortos do acaso.<br />

CLXXXIV) Quem pondera demais acaba sem quimera.<br />

CLXXXV) Quem me dera que de era em era houvesse<br />

mais gente sincera.<br />

CLXXXVI) Quem é fera nos escuros sabe dar valor à<br />

espera.<br />

CLXXXVII) Quem some na paisagem da alma e um dia<br />

aparece falando de si mesmo e das coisas do<br />

mundo merece atenção.<br />

55


Que não<br />

Se podem<br />

Ouvir,<br />

Retratos<br />

De alguém<br />

Além<br />

De suas<br />

Ações.<br />

CLCII) O espírito<br />

Quando é<br />

De paz<br />

Se anima<br />

Com a<br />

Beleza<br />

Das coisas,<br />

Procura,<br />

No espaço<br />

Que o envolve,<br />

As cores<br />

Do amor.<br />

CLCIII) MÚSICA 13<br />

“CANTOU”<br />

Cantou a sutileza<br />

Do perdão,<br />

A incerteza<br />

Da solidão<br />

Que conhece<br />

Os píncaros<br />

E os fossos,<br />

Os ossos<br />

Raros<br />

57


10<br />

colocando em seu coração a lucidez da verdade<br />

que eu penso existir nelas. Antes de arquitetar o<br />

Monólogo das Sombras pensei em um só ator para<br />

o texto que conseguisse a pluralidade das<br />

intuições de sua própria alma, alguém que<br />

transformasse sua fala em paz e essência para<br />

quem o escutasse. Acredito existir esse alguém,<br />

acredito na transformação do mundo para melhor,<br />

na reunião de irmãos comungando de idéias<br />

humildes a respeito de tudo. Com relação a<br />

questões como iluminação ou montagem do palco<br />

ou quaisquer outras pertinentes a representação<br />

do texto, deixo a cargo de quem for representá-lo.<br />

Basta apenas que tenha um pouco de<br />

sensibilidade e humildade no coração para poder<br />

chegar no ouvinte com mais profundidade e<br />

verdade.<br />

O Autor<br />

CCII) Ferimentos na alma<br />

Não cicatrizam enquanto<br />

Não forem tocados.<br />

CCIII) O que estraga na gaga<br />

Noção que temos das coisas<br />

É nossa luz cega.<br />

CCIV) Ânsias nos colocam<br />

Nas distâncias que nos fundem<br />

A caminhos rotos.<br />

CCV) MÚSICA 14<br />

“SÉRIOS”<br />

Sérios<br />

Mistérios<br />

Nos tocam<br />

E retocam<br />

Com os dedos<br />

Do infinito.<br />

O grito<br />

De nossos medos<br />

Ecoa nas coisas que focam<br />

E enfocam<br />

Certos monastérios<br />

Funéreos,<br />

Etéreos,<br />

Aéreos<br />

Sons são meios (REFRÃO-2X)<br />

Somados aos veios<br />

Dos rios<br />

Dos ócios.<br />

59


08<br />

II. Antologias<br />

a) Novos Poetas no Rio Grande do Norte,<br />

Fundação José Augusto<br />

Gráfica Manimbu, Natal/RN, 1990;<br />

b) Um dia A Poesia, Ayres Marques<br />

Gráfica Santa Maria, Natal/RN, 1996;<br />

c) Poética Ribeirinha,<br />

Antologia Literária de Petrolina - 1995,<br />

Elisabet Gonçalves Moreira<br />

Universidade de Pernambuco, Recife/PE, 1998;<br />

d) Opúsculo do Conselho do Clube dos Escritores<br />

Piracicaba,<br />

C.N. Editoria, Piracicaba/SP, 1998;<br />

e) I Antologia Nau Literária,<br />

Editora Komedi, Campinas/SP, 1999;<br />

f) Dicionário Biobliográfico de Escritores<br />

Brasileiros Contemporâneos, Adrião Neto<br />

Edições Geração 70, Teresina/PI,1999;<br />

g) Escritores Brasileiros Contemporâneos em Prosa<br />

e Verso, Adrião Neto<br />

Edições Geração 70, Teresina/PI,1999.<br />

III. LIVROS A PUBLICAR<br />

a) Silêncios Atemporais (Crônicas)<br />

b) O Quarto de Teobaldo (Conto- Romance)<br />

c) O Incerto Tom das Quimeras(Crônicas)<br />

d) Os Olhos da Solidão (Poesia)<br />

CCIX) No dia-a-dia<br />

Uma monotonia<br />

Intensa, uma vazia<br />

Sensação vadia,<br />

Uma ninharia<br />

De pensamentos que silencia<br />

Espectros, a correria<br />

Que adia<br />

Pegadas e gestos. Toda ousadia<br />

Tem a alquimia<br />

Do pensamento que cria<br />

Em outros pensamentos a via<br />

Cristalina da inércia<br />

Obnóxia.<br />

CCX) Longas caminhadas<br />

Por estradas<br />

Situadas<br />

Em suadas<br />

Percepções contaminadas<br />

Por essências iluminadas<br />

Pelas coisas estragadas.<br />

Divagações espalhadas<br />

Pelas mentes espreguiçadas<br />

Em sim mesmas, antenadas<br />

Com as possibilidades caladas<br />

Das vozes usadas<br />

Pelas faces atrapalhadas<br />

Por facetas esturricadas.<br />

61


06<br />

A Isabela e a Corrinha, com grande carinho e ternura;<br />

A Dona Iaci e a Seu Heleno, duas crianças que me<br />

alicerçaram no sonho e no amor;<br />

A Sebastião Simão, um amigo de admirável inteligência<br />

e sensibilidade;<br />

A Luís Hélio, que possui uma alma de poeta e uma<br />

grande alegria de viver;<br />

aceitemo-nos. O universo precisa de nós para<br />

sobreviver e nós dele para permanecermos<br />

errando e titubeando em nossa imprecisão<br />

doentia.<br />

CCXXI) Sejamos fortes, ressuscitemo-nos.<br />

CCXXII) MÚSICA 15<br />

“SOZINHO”<br />

Sozinho<br />

Seguiu,<br />

Fluiu<br />

Não sentiu<br />

O desalinho<br />

Vil<br />

De sua alma, a anil<br />

Cor do covil<br />

Dos seus pressentimentos.<br />

Tossiu<br />

No vazio, pariu<br />

A dor que o viu<br />

Nos momentos<br />

A mil.<br />

Ele é uma frágil<br />

Figura dócil.<br />

********* F I M *********<br />

63


04<br />

CIP - Brasil. Catalogação-na-Fonte<br />

Câmara Brasileira do Livro, SP<br />

869.1<br />

L438m LEÃO, <strong>Aroldo</strong> <strong>Ferreira</strong>, 1967 -<br />

Monólogo das Sombras / <strong>Aroldo</strong> <strong>Ferreira</strong> <strong>Leão</strong> -<br />

Petrolina: Gráfica Mandacaru, 2000.<br />

68p;il.,(Biblioteca da Fac. de Form. de<br />

Professores de Petrolina / PE; Peça Teatral,11)<br />

ISBN 00-0002<br />

1. Literatura Brasileira. 2. Peça Teatral<br />

I. Título.<br />

MGBS-BFFPP CDD-869.1<br />

CDU-869.0(81)1<br />

Índice para Catálogo Sistemático<br />

1.Literatura Brasileira: Século 20: Peça Teatral 869<br />

2.Século 20: Peça Teatral: Literatura Brasileira 869<br />

espalham em cento e vinte e uma inserções criando<br />

um texto que procura dialogar com o leitor e/ou<br />

ouvinte sobre a vida que nos envolve e nos delimita<br />

nas coisas. Aparece em sete antologias,<br />

respectivamente: Novos Poetas no Rio Grande do<br />

Norte, 1990, livro organizado pela Fundação José<br />

Augusto com 43 poetas ganhadores de um concurso<br />

literário realizado em 1989 em Natal/RN; Um Dia a<br />

Poesia, 1996, livro e vídeo, organizados por Ayres<br />

Marques em Natal/RN; Poética Ribeirinha-<br />

Antologia Literária de Petrolina-1995, 1998, livro<br />

organizado por Elisabet Gonçalves Moreira em<br />

Petrolina/PE; Coletânea do Conselho do Clube dos<br />

Escritores Piracicaba, 1998, organizado pelo próprio<br />

Clube junto à C. N. Editoria em Piracicaba/SP; I<br />

Antologia Nau Literária, 1999, editado pela Editora<br />

Komedi com diversos escritores brasileiros em<br />

Campinas/SP; Dicionário Biobibliográfico de<br />

Escritores Brasileiros Contemporâneos, 1999,<br />

elaborado por Adrião Neto em Teresina/PI;<br />

Coletânea de Escritores Brasileiros<br />

Contemporâneos em Prosa e Verso, também<br />

elaborada por Adrião Neto em Tereina/PI. <strong>Aroldo</strong><br />

também escreve crônicas, contos, romances, textos<br />

65


02<br />

PROJETO GRÁFICO<br />

DIAGRAMAÇÃO, ARTE FINAL<br />

ILUSTRAÇÃO DA CAPA<br />

Talentos Strategic Marketing<br />

Dio Fonseca - design<br />

Fones: (0**74) 611 3703<br />

(0**74) 9997 8607<br />

IMPRESSÃO<br />

Gráfica Mandacaru<br />

Rua São Vicente de Paula, 119<br />

Centro<br />

Petrolina - PE<br />

Fonefax: (0**81) 861 1761<br />

(0**81) 862 1256<br />

LANÇAMENTO<br />

Clube dos Escritores Piracicaba<br />

Rua Jacob Diehl, 77<br />

Fonefax: (0**19) 433 8568<br />

Piracicaba - SP<br />

COPYRIGHT©AROLDO FERREIRA LEÃO<br />

Impresso no Brasil - 2000<br />

ENDEREÇO DO AUTOR<br />

PARA CORRESPONDÊNCIA<br />

Rua Antônio Santana Filho, 600<br />

Centro<br />

Petrolina/PE<br />

56.300-000<br />

Fones: (81) 861 4752<br />

(81) 9103 1998<br />

e-mail: leao@silcons.com.br<br />

67

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