JANEIRO 2005 SACODE E LEVANTA A POEIRA
JANEIRO 2005 SACODE E LEVANTA A POEIRA
JANEIRO 2005 SACODE E LEVANTA A POEIRA
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<strong>JANEIRO</strong> <strong>2005</strong><br />
<strong>SACODE</strong> E <strong>LEVANTA</strong> A <strong>POEIRA</strong><br />
Gaviões da Fiel lança CD inédito com sambas campeões e tema do carnaval <strong>2005</strong>,<br />
todos na voz do intérprete oficial da Escola, Ernesto Teixeira.<br />
Da Redação<br />
Dar a volta por cima. É assim que a Gaviões da Fiel se prepara para o carnaval de<br />
<strong>2005</strong>. E como não poderia deixar de ser, cheia de entusiasmo e novidades. Uma<br />
delas é o lançamento do CD Samba Enredo Gaviões da Fiel <strong>2005</strong>, pela Obi Music,<br />
que reúne, das composições campeãs e gritos da arquibancada ao hino do<br />
Corinthians e uma faixa bônus especial para karaokê.<br />
Bastou a primeira conquista da Gaviões no grupo especial, em 1995, com “Coisa<br />
Boa é Pra Sempre”, para São Paulo entrar definitivamente no ritmo da folia. A<br />
passarela do samba foi tomada pela torcida corinthiana, que não parou mais de<br />
comemorar títulos, fato que aconteceu em 1999, “O Príncipe Encoberto ou A Busca<br />
de D. Sebastião na Ilha de São Luís do Maranhão”, em 2002, “Xeque-mate” e em<br />
2003, “As Cinco Deusas Encantadas”.<br />
Além dos sambas consagrados, as músicas “Que bobos!”, “Campeão do Mundial”,<br />
“Sou timão até Morrer”, “Gritos de Arquibancada e Incentivo ao Corinthians”,<br />
“Saudação Corinthiana” (declamação), “Hino do Corinthians” e uma versão karaokê<br />
do enredo de <strong>2005</strong>, “Renasce, Sacode a Poeira e Dá a Volta Por Cima” também<br />
fazem parte do encarte, todas entoadas pela voz inconfundível do intérprete<br />
Ernesto Teixeira. A frente da agremiação há 20 anos, o cantor e compositor pode<br />
ser considerado a tradução do samba paulistano.<br />
O CD já está disponível nas lojas do ramo, na Gaviões da Fiel e em sites. É uma<br />
excelente oportunidade para a Nação Alvinegra seguir na mesma corrente e<br />
recolocar a Gaviões novamente entre as grandes, além de ser opção certeira para<br />
presentear corinthianos de verdade.
CONCRETEIRAS SE MOBILIZAM CONTRA CARTEL DO CIMENTO<br />
Jordão de Gouveia*<br />
Objetivando proteger o setor concreteiro contra a tendência de domínio do mercado<br />
praticada por cimenteiras verticalizadas, algumas concreteiras pretendem impetrar<br />
ações de perdas e danos contra a prática ilegal de dumping interno.<br />
A Lei 8884/94 coíbe qualquer forma de prejudicar a livre concorrência ou a livre<br />
iniciativa, como a fixação de preços; unificação de estratégias; limitação de<br />
produção, de uso de tecnologias e/ou insumos; boicote coletivo e outros exercícios<br />
que caracterizem fraude em concorrência, em detrimento do mercado como um<br />
todo.<br />
Sentindo-se lesadas pela conduta predatória de algumas cimenteiras, algumas<br />
concreteiras alegam que tal procedimento ilícito resultou em concorrência desleal e<br />
desvio de clientela, cujos preços praticados geraram uma diferença intolerável,<br />
uma vez que 50% do custo do concreto é representado pelo cimento.<br />
A concorrência desleal pela prática do “dumping interno” tem desvalorizado o preço<br />
dos serviços de concretagem de forma aviltante, abaixo do custo dos materiais,<br />
criando uma diferença fora dos padrões normais no valor relativo do concreto, o<br />
que caracteriza cartel no setor concreteiro. Na ação de indenização por perdas e<br />
danos as concreteiras prejudicadas, portanto credoras, têm o direito de receber o<br />
que efetivamente perderam e o que deixaram de ganhar durante o período de<br />
tempo em que o dumping foi praticado.<br />
O Sinescon (Sindicato Nacional das Empresas de Serviços de Concretagem) vem<br />
trabalhando arduamente, nestes dois anos de existência, talvez dos mais difíceis<br />
enfrentados pelo setor concreteiro, deparando-se com uma série de desmandos no<br />
mercado, pressões de todos os lados, além de um momento recessivo para o<br />
segmento. O setor da construção civil que apresentou uma ligeira elevação de<br />
6,8% em 2004, em comparação a 2003, justificado pelas eleições ocorridas, prevê<br />
para <strong>2005</strong> um índice ainda menor – algo em torno de 4 a 5%.<br />
Muitas ações já foram encabeçadas e conduzidas pelo Sinescon visando a melhoria<br />
do segmento. No que se refere a aspectos tributários, técnicos, trabalhistas, o<br />
Sinescon tem atuado em conformidade com outras entidades como ABESC<br />
(Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem); ABNT<br />
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) e outras, objetivando postura e<br />
linguagem comum com o setor, participando ativamente de todo processo<br />
normativo que se relacione aos serviços de concretagem, agregados, cimento,
aditivos etc., de forma a garantir às empresas concreteiras os melhores resultados<br />
e a não existência de um eventual passivo tecnológico no futuro.<br />
*Jordão de Gouveia é Advogado e Presidente do SINESCON - Sindicato Nacional<br />
das Empresas de Serviços de Concretagem.<br />
A CASINHA NA ÁRVORE<br />
Por Fernanda Zettler Sanches<br />
O meu sonho é ser uma grande jornalista e, outra coisa, que eu acho que toda<br />
criança quer, é uma casinha na árvore. Eu gostaria de ter duas árvores fortes aqui<br />
na minha casa, porque daí eu teria duas casinhas na árvore e uma ponte para<br />
passar de uma para a outra. Só teria uma escada numa das casinhas. A escada<br />
seria feita de várias madeiras, tábuas pregadas na árvore. Seria o meu clubinho.<br />
Pintado de roxo por fora e lilás, igual ao meu quarto, por dentro. Teria janela,<br />
porta, sofá, cama, mesa, cadeira, geladeira, TV, DVD, Karaokê, telefone do clube,<br />
quadro, banheiro, chuveiro com ducha, banheira, piscina aquecida (e se apertasse<br />
um botão, faria ondas). Na piscina também teria um trampolim, escorregador,<br />
toboágua... A casinha ainda teria muitas outras coisas como: flores, livros, árvore<br />
de natal, etc. No clube teria um lugar bem grande com grama para os cachorros,<br />
porque eu teria todas as raças e as que eu gostasse mais teria logo dois ou três.<br />
Não sei onde eu ia pensar tanto nome, porque teria mais de 25 cães – sem falar<br />
nos filhotes. Seria bem legal!!<br />
...finalmente chegou o dia de Natal! E todos alegres, felizes, muito contentes!<br />
Quando chegou o mais esperado: Papai Noel! Todos começaram a pular de alegria<br />
e gritar:<br />
- "Oba! Oba! O Papai Noel! “<br />
Ele estava com todos os presentes na mão e quando ele terminou a entrega, eu<br />
não estava achando o meu. Quando ele disse:<br />
- "Fernanda, olhe lá fora!”<br />
Tudo o que eu falei estava lá. Eu até comecei a chorar de tanta alegria. E todos<br />
falaram:<br />
- "Ela merece! Ela merece!”<br />
E foi isso que aconteceu. O que vale é sonhar, sempre. Feliz natal!
Santa Ignorância<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Os fogos eclodiram por toda a cidade de São Paulo. Alguns acreditavam que a<br />
festividade limitava-se a comemoração do ano-novo. Outros sabiam que o colorido<br />
rompante e barulhento anunciava uma São Paulo livre dos caprichos petistas. Era a<br />
despedida – em tempo – da prefeita (agora ex) mimada Marta Suplicy.<br />
Talvez a administração cor-de-rosa, bem longe do vermelho comunista, tenha<br />
também acertado. Mas os erros foram tão grotescos que sobrepuseram as boas<br />
ações. Tome por exemplo a construção dos Ceu´s, escolas com síndrome de<br />
megalomania, cuja gastança foi mais nítida que os benefícios. Até o trocadilho<br />
acabou inevitável: enquanto apenas 5% de felizardos iam para o “céu”, o restante,<br />
95%, permaneciam no inferno.<br />
Deve ser o que o PT chama de ‘minimizar as barreiras sociais’. Um desastre<br />
coordenado pelo publicitário Duda Mendonça, que percebeu a derrota se<br />
aproximando e preferiu as rinhas de galo à dondoca-perua.<br />
Falando em bicho, o comando ficou com os tucanos. Mas o bolo teve que ser<br />
repartido, pois no final do segundo tempo, um passarinho desgarrado posou nas<br />
garras dos leões. O ex-combatente Roberto Trípoli vestiu-se de Maquiavel e, para<br />
tanto, os fins justificam os meios, afinal, amigos nada significam para os políticos.<br />
A traição, porém, pesou nos eleitores, que se sentiram preteridos. Trípoli pode até<br />
tentar se explicar, com a velha ladainha do: “o meu sacrifício foi para o bem geral”.<br />
Resta aos enganados o troco, daqui a quatro anos. Como no velho ditado, tarda,<br />
mas não falha.<br />
COLIFORMES BANCÁRIOS<br />
Por Patrícia Favalle<br />
A mente humana é mesmo surpreendente, especialmente no que se refere ao<br />
mundo do crime. Os golpes estão cada vez mais geniais e o combate, que deveria<br />
ser ostensivo, mostra-se despreparado e corrompido.<br />
A bola da vez é, literalmente, “lavar” os cheques. Nada de clonar, ou apagar o<br />
escrito com a prosaica borracha. Só é preciso mergulhar o papel moeda em<br />
cândida, isso mesmo, aquela água sanitária de cheiro forte, cuja tecnologia vai<br />
além de eliminar coliformes fecais. Talvez o estelionatário e inventor do recurso
(que, diga-se, merece patente), tenha sido descuidado ao usar a cândida e acabou<br />
descobrindo uma nova maneira de falsificação.<br />
Não existe mais nenhuma segurança. Qualquer cidadão emitente de cheques pode<br />
sofrer o duro golpe no bolso. E para desespero geral, até que se prove o crime, o<br />
culpado é o dono da folhinha.<br />
Enquanto isso, os bancos, que já conhecem cada passo da lavagem, nada fazem<br />
para que o problema seja evitado. Ao contrário, ignoram e se fingem de morto.<br />
Pelo menos até o cliente espernear. É quando entra em cena aquela gerente<br />
cinqüentenária, acomodada na sua confortável cadeirona de couro, com voz de<br />
madrasta má, que vai logo dando bronca no irresponsável correntista.<br />
Trocando em miúdos, se isso acontecer com você, dependendo do valor, é melhor<br />
arcar com o prejuízo, sem maiores traumas. Se não, haja paciência, e, claro, muita<br />
vocação pra saco-de-pancadas.<br />
Este ano promete...<br />
Por Hugo Duorado<br />
O ano de <strong>2005</strong> promete muito para o esporte mais apaixonante do mundo, e<br />
principalmente para os brasileiros. O ano começou repleto de surpresas, umas até,<br />
que me perdoem a redundância, surpreendentes.<br />
Primeiro Vanderlei Luxemburgo recusou uma proposta, milionária da MSI, para<br />
comandar o Corinthians e fez juras de gratidão ao Santos. Todos se espantaram,<br />
mas ainda teria muito espanto pela frente. Não é que o treinador, mais competente<br />
do país, conseguiu realizar seu grande sonho de ir trabalhar na Europa? Se não<br />
bastasse, “já chegou chegando”, pegou o comando técnico do “galáctico” time do<br />
Real Madrid. Luxa deve revolucionar o trabalho na Espanha e acabar com a<br />
mamata das estrelas do Real.<br />
Acho muito difícil que ele conquiste títulos na segunda metade da temporada, mas<br />
de uma coisa tenho certeza. Luxemburgo devolverá a auto-estima a esse time<br />
humilhado.<br />
Outra grande bomba ainda deve acontecer, escrevo esta coluna na sexta-feira, no<br />
domingo. Quando acontecerá eleições para decidir o novo presidente do Palmeiras,<br />
e me parece que desta vez, graças a Deus, Mustafá Contursi não será candidato,<br />
acabando assim com uma das maiores “ditaduras” em clube. Dualib segue o<br />
mesmo caminho meu velho.<br />
Para terminar por hoje o São Paulo contratou o melhor jogador do mundo, não, não<br />
é o Ronaldinho Gaúcho e sim Falcão, o melhor jogador de futsal do mundo segundo
a Fifa, por sinal título mais que merecido. Não acredito que o craque das quadras<br />
conseguirá repetir o mesmo sucesso nos campos, ele irá precisar de um período<br />
considerável de adaptação e os torcedores são-paulinos são conhecidos por sua<br />
impaciência e agressão a jogadores que não correspondem logo. Essa contratação<br />
me parece mais uma jogada de marketing do presidente tricolor, do que uma<br />
aposta técnica e um grande reforço para o time.<br />
Bom eu posso até me enganar em tudo que acabo de escrever, mas que este ano<br />
promete, ah! Isso promete!!!<br />
COMO UMA ONDA<br />
Por Ariana Brink<br />
Foi apenas uma onda. Gigantesca, gélida,<br />
branda. Não houve escolha – entre velhos,<br />
crianças, jovens, mulheres – ela levou o<br />
que pôde e o arraso foi geral. As principais<br />
vítimas foram os turistas europeus,<br />
endinheirados, enfadonhos do stress<br />
moderno.<br />
A ressaca deixou miseráveis a deriva. Órfãos perdidos no meio de uma multidão<br />
amedrontada entreolhavam-se na vaga esperança de rever os seus. Até que outra<br />
onda, menos rancorosa, trouxe a tona corpos retorcidos no desespero, roxos e<br />
emudecidos, atolados pela água que os devorou. Para definir a agonia, Tsunami.<br />
Para traduzir seu significado, faltam palavras, há apenas o cheiro, mortuário,<br />
pesado, triste e enlouquecedor. Uma bruma que será difícil dissipar. Pelo menos até<br />
a próxima revolta, ou de Posêidon, ou de Osama.<br />
Jairzinho, furacão da Copa<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Em 1970, o Galvão Bueno da televisão brasileira era Geraldo José de Almeida, com<br />
transmissões de futebol caracterizadas por bordões do tipo "vamos Brasil, porque a<br />
tua fé te empurra". O narrador identificava Pelé como "craque café"; Rivelino era o<br />
"reizinho do parque"; Gerson o "canhotinha de ouro"; e quando a bola caía nos pés
de Jairzinho, Geraldo José de Almeida estufava o peito, empostava a voz, e o<br />
identificava como "o furacão da Copa".<br />
O mulato Jair Ventura Filho, que no sábado de Natal completou 60 anos de idade,<br />
fez jus ao bordão. Entrou para a história das Copas como único jogador a marcar<br />
gol em todas as partidas, em 70. Foram dois na goleada por 4 a 1 sobre a<br />
Tchecoslováquia; foi dele o gol na vitória apertada por 1 a 0 sobre a Inglaterra,<br />
voltou a marcar nos 3 a 2 sobre a Romênia, repetiu a dose nos 4 a 2 diante do<br />
Peru, 3 a 1 contra o Uruguai, e 4 a 1 na conquista do tricampeonato sobre a Itália.<br />
Portanto, sete gols em seis jogos. E nem por isso foi artilheiro daquela competição.<br />
Muller, da Alemanha, fez 10 gols.<br />
Curioso é que nas vésperas daquela Copa Jairzinho era reserva do ponteiro-direito<br />
Rogério. Outra curiosidade é que Jairzinho só vestiu a camisa sete na Seleção<br />
Brasileira. Sua posição originária era ponta-de-lança. Admitiu ser deslocado para a<br />
ponta porque o técnico Zagallo abdicou de especialistas nas extremas, tanto que o<br />
meia Rivelino jogou com a camisa 11.<br />
Jairzinho, que nasceu no dia 25 de dezembro de 1944, era gandula do Botafogo-RJ<br />
em 1958. E de pegador de bola no Estádio General Severiano se transformou em<br />
artilheiro no time juvenil do "Fogão.<br />
Aos 20 anos de idade, teve a responsabilidade de vestir à camisa 10 deixada por<br />
Amarildo e caiu no gosto da galera. Das 82 partidas disputadas em 1964, marcou<br />
34 gols. Jair explorava as passadas largas e facilidade para finalizar, virtudes<br />
determinantes para que fosse relacionado à Copa de 1966, jogando contra<br />
Bulgária, Hungria e Portugal. A trajetória de Jairzinho na Seleção Brasileira se<br />
prolongou até 1974, ocasião em que completou 107 jogos, 87 deles considerados<br />
oficiais. E se despediu com o histórico de 44 gols.<br />
O atacante brilhou igualmente no Botafogo até 1974, quando se transferiu para o<br />
Olimpique de Marselha, na França. Dois anos depois, de volta ao Brasil, sagrou-se<br />
campeão da Taça Libertadores da América pelo Cruzeiro, teve passagens por<br />
Wilstermann da Bolívia e Portuguesa da Venezuela, ocasião em que estava na<br />
estrada da volta do futebol. Mesmo assim, brindou torcedores do Noroeste, de<br />
Bauru (SP), e Fast Clube (AM), com algumas boas jogadas.<br />
O encerramento de carreira tinha de ser no Botafogo e aconteceu em 1981, em<br />
retribuição ao reconhecimento do clube que o colocou na galeria dos principais<br />
ídolos de sua história. O botafoguense da velha guarda jamais esquecerá o gol de<br />
letra marcado por Jairzinho na goleada por 6 a 0 sobre o arquiinimigo Flamengo,<br />
em 1972.<br />
Jair Ventura Filho ainda está ligado ao futebol empresariando jogador. E como tem<br />
bom discernimento para avaliar "boleiros", sua agenda está sempre comprometida
com negócios. Justiça seja feita: foi o descobridor do atacante Ronaldo Nazário,<br />
levando-o ao Cruzeiro.<br />
Grotesca suavidade<br />
Por André Rodrigues<br />
"É a combinação do horrível com o absurdo o que faz da minha arte interessante...”<br />
Inspirado pelo final do século 19 – um dos picos no realismo estético da Arte –, e<br />
por mestres da ficção e do horror, Gerald Brom nasceu com o poder de entortar o<br />
mundo ao seu redor, e transformar cotidianas percepções em mórbidas<br />
manifestações artísticas.<br />
Como é difícil fazer arte.
Arte mesmo, segundo o mestre Dalí, tem que estar distante de motivações<br />
políticas. Tem que falar por si, ser livre de analogias ou críticas que a conectem ao<br />
mundo laico. Raros são os artistas de talento, que não precisam usar o mundo<br />
criado pelo homem para justificar o significado de suas obras. Gerald Brom é,<br />
portanto, muito raro. À la Caravaggio, suas pinturas mais parecem fotografias de<br />
dimensões paralelas, imagens de um mundo além da compreensão símia. É tudo<br />
tão surreal que hoje, aos 39 anos – e com algumas lendárias fábricas de fantasia<br />
em seu portfólio (TSR, White Wolf e DC Comics, além de ter sido o criador do visual<br />
macabro das superproduções eletrônicas Doom e Diablo) – nem mesmo ele sabe ao<br />
certo onde tudo começou. O que se sabe é que as coisas começaram bem cedo,<br />
antes mesmo do pequeno aprendiz das artes obscuras freqüentar a escola. "Os<br />
livros da minha infância são cheios de figuras de bruxas, monstros e aberrações",<br />
afirma Brom. Confira o bate-papo que a Em Pauta teve com o artista:<br />
Que técnicas utiliza para conseguir esse efeito tão realista em suas pinturas? Quais<br />
foram suas inspirações?<br />
“Técnicas tendem a evoluir. No início eu fazia uma arte comercial, onde a<br />
velocidade era determinante, por isso usava tintas acrílicas. Hoje em dia, consigo<br />
esse efeito realista por usar óleo, que demora mais para secar. Então construo a<br />
pintura com tintas acrílicas, e finalizo com uma fina camada de óleo”.<br />
Você já declarou, em outras entrevistas, que se diverte com o impacto causado<br />
pela grotesca delicadeza em sua arte. O que tem a dizer a respeito, e onde colhe<br />
referências para seus trabalhos?<br />
“Acho que ter senso de humor é muito importante, pois é a combinação do absurdo<br />
com o horrível o que faz de minha arte algo interessante. Como artista, busco<br />
inspiração em tudo ao meu redor. Acho que é isso que todos fazem: pegam o<br />
mundo à sua volta, o misturam com suas próprias percepções (no meu caso,<br />
bastante distorcidas) e acabam criando uma perspectiva única do universo. Além<br />
disso, escritores como Tolkien, Stephen King, Neil Gaiman e Edgar Allan Poe têm<br />
sido fontes intermináveis de criatividade”.<br />
Você já publicou duas compilações artísticas, "Darkwerks" e "Offerings". Como as<br />
define para o público? E onde elas podem ser adquiridas?<br />
“Ambos os livros são antologias dos meus melhores trabalhos nos últimos 15 anos:<br />
uma reunião de pinturas e esboços que foram desde capas de livros, temas de<br />
jogos até ambientações cinematográficas. Elas podem ser encontradas no meu<br />
website, no endereço www.bromart.com”<br />
E quanto ao futuro, tem projetos em vista? Já pensou em se envolver com algo que<br />
não seja necessariamente a pintura?
“Com certeza! Sempre achei que levava jeito para contar histórias, fosse com<br />
desenhos ou com palavras. Meu objetivo era unir ambos, criar uma visão artística<br />
completa. Este sonho finalmente irá se materializar numa obra sombria, escrita e<br />
ilustrada por mim, que estará disponível – espero – em <strong>2005</strong>”.<br />
O QUE VALE É A PAISAGEM<br />
Por Helen Pessoa<br />
Pelo quinto ano consecutivo, a Rede Globo brinda o intelecto do povo brasileiro com<br />
o confinamento das futuras celebridades instantâneas. São doze participantes<br />
escolhidos a dedo – e de tão inusitados, soam até surreais. Entre as<br />
personalidades, tem de médico auto-intitulado carismático a goleiro pega galinha,<br />
opppsss, frango, pseudo-intelectual, japonês paraguaio, sereia de carne e osso,<br />
miss, Lenny Kravitz mineiro e consultora de moda travestida de pantera-cor-de-<br />
rosa. Um misto que causa verdadeiro anacronismo. Há ainda lugar para dois<br />
felizardos, que são sorteados entre milhares de cupons, ao vivo. Mas pela cara do<br />
apresentador, o ex-jornalista Pedro Bial, se ele pudesse, não sobraria papel sobre<br />
papel, ou melhor, nada disso de sorteio, ainda mais quando a ganhadora responde<br />
pelo nome de Marielza, tem 47 anos e é natural de Duque de Caxias. Uauuu!!!<br />
Parece que o elemento surpresa vai azedar o ninho de mulheres perfeitas. E por<br />
falar nisso, o melhor do BBB5 é a ajudante de palco Rafaela. Multi-expressionista, a<br />
quase-gêmea de Débora Secco, arrasou nas caras e bocas todas as vezes que teve<br />
que traduzir os nomes tipicamente nacionais, como Irlaene, Josilene, Fabilene,<br />
Francisneide e afins. Até agora, depois das estalecas, o maior mico ficou por conta<br />
do auditor, recém-plantado no estúdio, vestindo um terno marrom-diarréia. É como<br />
diria uma antiga participante, nitidamente prejudicada pela pobre babá carioca,<br />
“ninguém merece”.<br />
ELVIS DA SILVA<br />
Por Adriana Brito<br />
Representante máximo do rock’n’roll, dono de um gingado hipnótico, Elvis Aaron<br />
Presley deixou como legado a pujança de seus admiradores. Em um dos discos a<br />
frase estampada na capa, dava a dimensão desse fenômeno: “50 milhões de fãs de<br />
Elvis não podem estar errados”.
Diante da repercussão em torno do septuagésimo aniversário transcorrido no dia 8<br />
deste mês, e do fato, de que sua imagem ainda rende cerca de 40 milhões de<br />
dólares por ano, fica a pergunta: e se ele fosse brasileiro? Em primeiro lugar, não<br />
teria nem um quinto da tietagem, pois os artistas daqui são mantidos em uma<br />
espécie de embargo cultural, em que poucos representantes têm possibilidades.<br />
Outra questão. A família do cantor passava por constantes dificuldades financeiras.<br />
Sendo então moradores de um grande centro urbano como o carioca,<br />
provavelmente pertenceriam a alguma comunidade dos morros e daí que as<br />
maiores influências estariam em Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola,<br />
Elton Medeiros, Zé Kéti, Martinho da Vila, nomes proeminentes do samba das<br />
décadas de 50 e 60.<br />
Considerando-se, entretanto, os primeiros trabalhos de Presley como porteiro de<br />
cinema e motorista de caminhão, deve-se considerar que as opções mudariam de<br />
gênero para o chamado “brega romântico” e o estilo de Nelson Rodrigues, Ângela<br />
Maria, Cauby Peixoto e Altemar Dutra marcaria o artista. Sem demérito nenhum, é<br />
claro.<br />
Elvis foi sem dúvida um fenômeno. Comparável aqui a Roberto Carlos. Entretanto,<br />
no período em que estourava nas paradas mundiais era consolidada a bossa nova<br />
de João Gilberto, Tom e Vinícius, ou seja, sete anos antes do surgimento da Jovem<br />
Guarda, garantia de que ele não ameaçaria a monarquia do “Rei do iê, iê, iê”.<br />
Suas canções romperam padrões entre brancos e negros, já que a afinidade com a<br />
soul music e o blues era imensurável. Sendo assim, Tim Maia e Luis Melodia o<br />
teriam como parceiro.<br />
Elvis morreu em 16 de agosto de 1977 em sua mansão Graceland, em Menphis.<br />
Algumas pessoas juram de pé juntos que o astro ainda vive recluso em alguma<br />
ilhota por aí.<br />
Se for verdade, seria de se esperar então sua participação no quadro do Domingão<br />
do Faustão – se em plenas condições físicas – ou de uma triste aparição no<br />
Superpop, ou ainda no Domingo Legal com aqueles quadros “esta foi sua vida, mas<br />
agora que você tá na pior vamos te dar a chance de humilhação pública...”. E já<br />
que bom humor é fundamental, o engraçado mesmo seria ver umas 99 fãs<br />
brigando com Elvis pelo tal do teste de paternidade do cantor, no Programa do<br />
Ratinho.<br />
FEVEREIRO <strong>2005</strong><br />
RÁ, RÁ, RÁ. QUEM RIU POR ÚLTIMO?
Por Adriana Brito<br />
Não conheço o Clodovil. Nem sei se de fato houve qualquer contribuição dele a<br />
serviço da televisão brasileira. Nem se a televisão brasileira representa serviço<br />
algum para alguém. Dos programas de auditório pouco deve se esperar. No livro<br />
On Câmera, da BBC de Londres (mãe de uma grande parte do que é exibido nas<br />
emissoras brasileiras) existe uma pergunta a que todo produtor deve submeter um<br />
futuro programa: ele entretém? Ele informa? Se a resposta for positiva, segundo o<br />
manual, então quer dizer que as chances de sucesso são praticamente absolutas.<br />
Veja que o caso do Ratinho, da Hebe, do Faustão. Eles entretêm? Eles Informam? E<br />
o Clodovil? Cumpria essa função? Para ele sim. Decano da televisão com aparições<br />
relâmpagos em diversas emissoras, Clodovil se configura hoje em funcionário-<br />
problema, porque é diferente.<br />
E Clodovil foi mandado embora por conta da perseguição sofrida por colegas de<br />
casa. Vítima do quadro “Sandálias da Humildade” que tenta colocar a personalidade<br />
em questão em seu devido lugar – que somente os participantes daquele quadro<br />
entendem qual é – o estilista perdeu a calma e dada às devidas proporções de seu<br />
gênio e agüentou o quanto pode tais provocações.<br />
E a pergunta deve ser feita. O Pânico Entretém? Informa? A resposta fica com o<br />
público que assiste ao conteúdo que geralmente recorre a homofobia, a<br />
discriminação do que é diferente, ao erotismo e a escatologia. É de fato algo<br />
imperdível.<br />
Pode-se então dizer que a culpa de tudo isso é da Rede TV!. Observem-se seus<br />
representantes: Nei Gonçalves Dias (aquele do tombo ao vivo), Luciana Gimenez (o<br />
quinto Rolling Stones), de João Kleber (acusado de contratar atores para<br />
representar casos da vida real), do homem-caju Nelson Rubens e do recém-<br />
contratado Ronaldo Ésper.<br />
De fato Clodovil não informa e não entretém. Não para os longínquos parâmetros<br />
da emissora. Se fosse ele, acenderia uma vela. Êta santo forte.<br />
Maceió, uma terra de belezas<br />
Por Fernanda Zettler Sanches<br />
Nessas férias eu fui para Maceió, então vou escrever sobre lá. Para começar...<br />
Como é diferente o nosso país, né? No nordeste, eles falam “carrim”, em vez de<br />
carrinho, “tô não”, “vô não”, é uma maneira toda especial de negar, já que primeiro
eles afirmam. O mais legal é quando eles mandam algo do tipo: “seu menino”,<br />
“dona menina”, “bichinho”, “bichinha”. Eta gente arretada!<br />
Não deixem de conhecer:<br />
Praia de Pajuçara – bem no centro da cidade. Tem jangada que leva os turistas até<br />
as piscinas naturais – um oásis recheado de peixes coloridos e corais... Além de<br />
bonita e limpa, Pajuçara conta com feira de artesanato e restaurantes legais. Em<br />
Ponta Verde, outra praia urbana, o destaque são as barracas que vendem tapiocas<br />
(produto típico, parece um pastel, feito de goma de coco e com recheios dos mais<br />
variados, doces ou salgados) deliciosas. Ainda na região central, Jatiuca oferece<br />
boas opções de diversão.<br />
Para quem preferir conhecer a cidade num confortável ônibus, opte pelo city tour<br />
com guia. Na minha visita fui ao Estádio Rei Pelé – que abriga o único Museu do<br />
Esporte no país -, a igrejas, casas antigas e senzalas, ao Museu do Lampião, ao<br />
Mirante de São Gonçalo, ao bairro das rendeiras. Deu tempo até de conhecer a<br />
semente piriquiti (usada pelas índias que se enfeitavam, e fez surgir a expressão<br />
“empiriquitada”).<br />
Do outro lado da cidade, a Praia do Francês é linda, tem recifes e dá para desfrutar<br />
de um passeio super ecológico, num barco com piso de vidro para facilitar a vista<br />
dos peixes e mergulhador especializado, que apresenta aos turistas muitas<br />
espécies, como o ouriço, a estrela do mar, o coral. Na Foz do Rio São Francisco o<br />
passeio é feito de escuna, até o ponto exato em que o rio se encontra com o mar. A<br />
Ilha da Croa oferece opções de passeios de jipe (ainda no clima, com ou sem<br />
emoção), claro, que preferi ir de pé. Depois o trajeto continua de balsa, até a praia<br />
de Carro Quebrado, onde tem falésias (areias coloridas) e dá para pintar o rosto e o<br />
corpo. Quem quiser nadar, as águas são calmas e dá pra trazer umas conchas de<br />
recordação. A praia do Gunga tem mar agitado, já que tem de um lado o mar e do<br />
outro uma lagoa. Me diverti na escuna. Andei de buggy no meio de uma fazenda de<br />
coqueiros e até outras falésias enormes. Lá em Maceió eles cultivam o coco maduro<br />
para vender e até exportar.<br />
A beleza de Maceió é de impressionar. Maragogi é umas destas maravilhas. Tem<br />
redes para descansar embaixo dos coqueiros de frente para o mar, piscina, etc...<br />
Daí a gente entra em um catamara (é um tipo de barco) e vai até as piscinas<br />
naturais. Os peixes passam pela gente, como se não existíssemos. Quando a gente<br />
joga ração eles até pulam pra fora d´água. Mas tem que tomar cuidado com as<br />
águas-vivas, que são traiçoeiras e queimam pra valer – senti isso na pele...<br />
Eu também conheci uma música assim:
Ponta de lápis<br />
(Roberto Barbosa e Marcos Maceió)<br />
Ponta de lápis escrevo amor a vista<br />
Viajei de mar acima<br />
Te encontrei em Maceió<br />
Minha sereia<br />
Ponta Verde, Pajuçara<br />
Os meus braços embalam<br />
Saudades de Maceió<br />
M de mar<br />
A de amor<br />
C de carinho<br />
Sol e mar de Maceió<br />
E de eterno<br />
I de ilusão<br />
Ó Maceió, você roubou meu coração!<br />
Refrão: Ai que saudade do céu, do sal, do sol de Maceió.<br />
Até a próxima matéria!<br />
ESQUERDA? SÓ SE FOR A MÃO...<br />
Por Patrícia Favalle<br />
O Brasil vive uma crise de identidade. Não sabe se a direita é oposição por que a<br />
esquerda é governo, ou se a esquerda é oposição mesmo estando no governo. Um<br />
paradigma que precisou ser discutido no Fórum Mundial Social.<br />
Realizado em Porto Alegre (eu juro que ainda não entendi o porquê), o evento é<br />
uma mistura de intelectuais engajados no terceiro mundo e de jovens que padecem<br />
da falta de originalidade e, claro, do que fazer. As discussões giram em torno da<br />
mitológica reforma agrária à necessidade do boicote a divida externa. Em suma,<br />
conversa jogada fora.<br />
Nesta edição, apenas as palavras pertinentes do escritor José Saramago, que<br />
criticou o paternalismo petista, que condena a perpetuação do estado de miséria e<br />
ignorância dos agraciados com as bolsas-esmolas, e as vaias recebidas pelo<br />
presidente Lula valeram. Na condição de governo e sem cumprir nenhuma das<br />
promessas eleitoreiras, o jeito foi partir para a defensiva, desmerecendo os
alaranjados – ops, vermelhos desbotados – que perceberam que basta mudar de<br />
lado para tudo ficar como antes.<br />
O Brasil é mesmo um país cheio de graça, quase um circo. Palhaços, malabaristas e<br />
contorcionistas dividem a cena. No fundo, ambicionamos ser como os norte-<br />
americanos, inúteis, fúteis e gordos – esta condição, a maioria já alcançou. É como<br />
alardeia uma amiga, desde que o PT assumiu o poder, a esquerda só existe para<br />
designar o lado – regra que só não vale pro Lula...<br />
O INEXPLICÁVEL CÓDIGO DO RACISMO<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Não consigo entender como os traços, o modo de falar ou mesmo a cor da pele<br />
pode incitar o ódio em algumas pessoas. É lugar-comum lembrar que vivemos em<br />
pleno século XXI, mas ainda assim, não são raras as manifestações racistas.<br />
Uma das ferramentas de comunicação mais disseminadas neste milênio é a<br />
internet. O lado bom é a interação, mesmo que virtual, permite que hábitos e<br />
culturas distintas tornem-se conhecidas. Entretanto, a porção ruim fica associada<br />
justamente à “falsa exposição”, que instiga a intolerância.<br />
Esconder-se atrás da tela do computador, às vezes, é a chave para que grupos<br />
extremistas preguem as inexplicáveis faxinas étnicas. Recentemente, o ORKUT<br />
voltou ao foco das conversas. Não mais pelo fenômeno de agregar pessoas, mas<br />
pela criação de comunidades de caráter racista, com dizeres agressivos, como “Eu<br />
odeio Negros”, “Eu odeio Nordestinos”, enfim, um monte de idiotices que<br />
surpreendem, não pelo que pregam, mas por conseguirem adeptos, que estampam,<br />
sem receios, a cara, o nome, os amigos, a família... Para completar o estado de<br />
indignação, o administrador do site não retirou o conteúdo do ar – sendo necessária<br />
a intervenção da Justiça Federal.<br />
No site de pesquisas mais badalado do momento, o GOOGLE – dono e idealizador<br />
do Orkut -, depois de digitar a frase “Eu odeio negros” e conferir os resultados, a<br />
sensação de mal estar é imperativa. O comportamento humano é como a caixa de<br />
Pandora, que muitas vezes, precisam permanecer lacradas. Pergunto-me, se diante<br />
de tais barbaridades, a ignorância não é a melhor alternativa.
SAMBA COM JEITO DE TANGO<br />
Carlito Tevez, a estrela corinthiana contratada por 60 milhões de reais, deve estrear também na passarela do<br />
samba, defendendo as cores da Gaviões da Fiel.<br />
O dirigente iraniano Kia Joorabchian mostra seu CD preferido.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO
TU ME ENSINAS A FAZER RENDA?<br />
Por Sandi Dias<br />
Moda é questão de dinheiro? Fosse assim, as meninas da periferia andariam<br />
maltrapilhas. Na realidade o sentido de auto-estima delas é fortíssimo. Óbvio que<br />
por barreiras financeiras elas não têm como seguir a estética televisiva e as marcas<br />
mais celebradas.<br />
Entretanto se o dinheiro barra as escolhas, a criatividade multiplica as soluções.<br />
Caso do Projeto Ofício Moda criado pelo Movimento Comunitário Estrela Nova, da<br />
região de Campo Limpo, que atende jovens entre 16 e 25 anos que moram na<br />
localidade.<br />
Depois de detectar a enorme demanda de profissionais de costura e bordado os<br />
coordenadores entraram em contato com o Instituto Nacional de Moda e Design<br />
(In-Mod) para a criação de cursos, que capacitassem estes profissionais.<br />
Quarenta alunos já foram escolhidos e divididos em duas turmas para participar da<br />
primeira edição do curso. A atriz e madrinha do programa, Vera Holtz afirma que o<br />
ofício foi muito importante na hora de custear seus estudos. Segundo ela, o<br />
objetivo é conscientizar os participantes para a necessidade de especialização em<br />
qualquer área de atuação.<br />
Para a montagem das oficinas foi providencial a parceria com a fundação holandesa<br />
“Wilde Ganzen” (Gansos Selvagens), que doou os recursos para tanto.<br />
No São Paulo Fashion Week deste ano foi apresentada à mostra “Olhares do Brasil”,<br />
cuja arrecadação na venda de ingressos foi destinada ao projeto Ofício Moda.<br />
Segundo dados da ONG o setor passa por crescimento, registrando no ano passado<br />
um aumento no número de vagas de 634%. Salve, enfim, as rendeiras.<br />
Para saber mais:<br />
- as aulas têm início em fevereiro de <strong>2005</strong>. Neste caso, as turmas já foram<br />
selecionadas. A carga horária é de 582 horas, com duração de 11 meses, três horas<br />
diárias, cinco dias por semana.<br />
- o conteúdo é dividido em três módulos, sendo o primeiro com assuntos gerais<br />
como cidadania e ética; o segundo trata de assuntos específicos a exemplo de<br />
legislações, cadeia de produção, funcionamento dos sindicatos e associações da<br />
área, varejo e marketing de moda. E por último os alunos aprenderão técnicas de
costura, montagem, acabamento, modelagem, moulage e o uso de equipamentos.<br />
A abordagem passa ainda pela história da moda e da arte.<br />
Como participar:<br />
MOVIMENTO COMUNITÁRIO ESTRELA NOVA-OFICIO MODA<br />
Andréa Guimarães (011) 5844-1744<br />
e-mail oficiomoda@estrelanova.org.br<br />
Ídolos e ídolos<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Foi-se o tempo em que o grande ídolo do esporte clamava por justiça social e<br />
contestava aberrações do poder público. Há quase 38 anos, o pugilista Mohamed Ali<br />
perdeu o cinturão dos pesos pesados porque se recusou a prestar serviço militar<br />
para os Estados Unidos na guerra do Vietnã; há 21 anos o jogador Sócrates era<br />
visto com freqüência em palanques das ‘Diretas Já’, clamando pelo<br />
restabelecimento da democracia e reconquista do direito de voto ao presidente da<br />
República.<br />
Esses dois exemplos mostram o contraste de alguns ídolos do passado em relação<br />
aos atuais. Dias atrás, o atacante Ronaldo, do Real Madrid, fez um apelo dramático<br />
para que terroristas iraquianos -ou instalados no Iraque- abrissem negociação com<br />
a família do engenheiro João José de Vasconcellos Júnior, 49, seqüestrado no dia<br />
19 de janeiro. No áudio, o jogador justifica o apelo porque lhe falaram que é muito<br />
querido no Iraque e com isso projetou que pudesse sensibilizar os seqüestradores.<br />
Pouco importa se Ronaldo tentou interceder para a libertação do engenheiro<br />
brasileiro a mando do Palácio do Planalto ou não. Como embaixador da ONU,<br />
deveria olhar para o Sudão – maior país da África-, devastado por uma guerra civil<br />
que dura quase 20 anos. Talvez ele desconheça que cerca de dois milhões de<br />
sudaneses já foram mortos neste conflito e que quatro milhões estão refugiados.<br />
Será que foi informado que quase 2,4 milhões de sudaneses estão ameaçados de<br />
fome?<br />
Se no dia 31 de dezembro passado o mundo pacifista comemorou a trégua da<br />
guerra civil no Sudão, no dia 28 de janeiro se desapontou com a volta de<br />
bombardeios em aldeias de Darfur, uma violação expressa ao cessar-fogo das<br />
forças do governo contra grupos rebeldes.
Quanto a Mohamed Ali, foi um ídolo admirado quando bailava nos tablados e pela<br />
postura de formador de opiniões. Nos ringues era o homem-show. Demolia<br />
adversários e por três vezes conquistou título mundial dos pesos pesados. Fora<br />
dele, teve a ousadia de desafiar o governo dos Estados Unidos e declarou-se<br />
publicamente contra a guerra no Vietnã. “Nenhum vietcong fez mal a mim. Todos<br />
os meus inimigos estão aqui na América”, justificou.<br />
Ali deixou de ser chamado de Cassius Clay – nome de batismo-, quando se<br />
converteu ao islamismo e lutou bravamente contra a segregação racial nos Estados<br />
Unidos.<br />
Como se vê, Ronaldo está longe de parâmetros ideológicos de Mohamed Ali e<br />
Sócrates, fora do exercício da profissão. O politizado Sócrates soube aproveitar o<br />
espaço na mídia, em 1984, para cobrar o povo nas ruas e maior pressão às ‘Diretas<br />
Já’. Além disso, sempre se destacou em defesa da categoria.<br />
Portanto, esperem gols e lindas jogadas de Ronaldo, como fez Sócrates no<br />
Corinthians e Seleção Brasileira. Fora do campo, o ‘Fenômeno’ é até notado pela<br />
benevolência às entidades assistenciais, mas seria muito cobrar dele posições<br />
políticas marcantes.<br />
Com certeza, tivesse Sócrates no lugar de Ronaldo para enviar mensagem a<br />
terroristas iraquianos, não perderia a oportunidades de condenar a política bélica<br />
do presidente George W. Bush, dos Estados Unidos, em relação a ocupação do<br />
Iraque. E talvez isso seria o suficiente para que o engenheiro Vasconcellos Júnior<br />
ganhasse a liberdade.<br />
SOCORRO, O BBB PRECISA CHAMAR O SÍNDICO!<br />
Por Ariana Brink<br />
Brasileiro gosta de conchavos? Parece que<br />
não. Pelo menos é o que fica visível na<br />
exibição da quinta versão do Big Brother<br />
Brasil. As armações planejadas pelo médico<br />
Rogério e co-arquitetadas por um grupo de<br />
insossos grandalhões são de causar arrepios,<br />
ou melhor, ânsia de vômito.<br />
Logo na apresentação do show de horrores televisionado 24 horas, o participante<br />
Paulo André, apelidado convenientemente pela sigla PA (uma semi-alusão a outro<br />
testa-de-ferro, o PC), proferiu a tradução literal do que seria possível fazer para se<br />
ganhar 1 milhão de reais: “só não vale matar e roubar”. Em parte o chavão é até
verdade – mas só vale para os éticos – trocando em miúdos, a corja está fora dos<br />
padrões morais.<br />
De toda a sociedade, são os médicos que se sentem mais atingidos. Explica-se: as<br />
demonstrações de amoralidade de Rogério ferem a conduta profissional, baseada<br />
justamente na confiança. Sem o menor constrangimento, o pseudo-doutor da<br />
‘alegria’ usa e abusa dos cérebros menos avantajados (e olha que o tal não tem<br />
nada de brilhante), dita regras, além de impor comportamentos politicamente<br />
incorretos, como o homofóbico. Vale lembrar, que uma das atividades preferidas de<br />
Rogério é se confraternizar com seus comparsas, literalmente de peito aberto.<br />
O filósofo francês Jean Baudrillard escreveu que os reality shows representam a<br />
morte eminente do aspirante ao estrelato – "as máscaras caem e a personalidade<br />
transcende o personagem". Ao entrar no confinamento, é certo que a neurose<br />
invade o íntimo das pessoas. Alguns agem com pudor, parecem robôs de<br />
movimentos meticulosamente calculados, soam artificiais, como subprodutos da<br />
ignorância moderna. Outros, logo esquecem da constante vigília e cutucam as<br />
narinas atrás das generosas cacotas. Há, ainda, aqueles que sabem que estão<br />
sendo observados, entretanto, fazem questão de mostrar o lado mais perverso da<br />
faceta humana – o da mentira, da manipulação, da traição, da ganância e do<br />
desprezo... É a perpetuação do Judas, das moedas que justificam vender a alma ao<br />
diabo.<br />
TÊNIS: A NOVA ERA DE TECNOLOGIAS<br />
Por Félix Lauzem<br />
Um novo tempo promete chegar aos atletas de final de semana, para os vanderleis<br />
(sem escoceses, é claro) e aqueles que simplesmente optaram por este tipo de<br />
calçado no dia-a-dia. A notícia que circulou trata de um tênis inteligente, capaz de<br />
traduzir 20 mil tipos de superfícies diferentes através de um processador em seu<br />
solado, e adapta-lo aos pés aumentando sua resistência. A atração é chamada pelo<br />
modesto nome de “1” e será lançada pela Adidas, pela bagatela de 297 dólares.<br />
Sabe-se hoje que praticar esportes, sem um tênis adequado pode provocar certas<br />
lesões. O movimento dos pés é muito mais complicado do que parece, pois cada pé<br />
é composto por 26 ossos interligados por um sistema que permite ações<br />
coordenadas de músculos e tendões. O risco acontece quando esses movimentos<br />
são repetidos – caso de qualquer prática esportiva -, causando um impacto nos pés<br />
correspondente a várias vezes o peso corporal.
Para reduzir esses efeitos são fabricados os chamados tênis inteligentes para cada<br />
tipo de pisada. Alguns sistemas oferecem maior amortecimento e estabilidade<br />
distribuindo o impacto em exercícios leves como a caminhada, e de maior desgaste<br />
como o futebol.<br />
Outra inovação esta relacionada com o tecido utilizado na produção do calçado, que<br />
deixa os pés mais frescos a exemplo do nylon, cujas tramas abertas possibilitam<br />
maior ventilação. E embora o tênis seja um calçado informal, despojado empresas<br />
como a Nike e a Adidas têm faturamento anual em cerca de dez bilhões de dólares.<br />
Não se pode mesmo correr contra a maré, não é? Não, sem vestir um bom modelo.<br />
FIBROMIALGIA<br />
Por Graziela Piro<br />
"Dói tudo"! É isso que diz um portador de fibromialgia. A dor, crônica, migra por<br />
vários pontos do corpo se manifestando em tendões e nas articulações,<br />
peculiarmente.<br />
Sendo as mulheres o alvo maior dessa patologia, com incidência de 90% dos<br />
casos tendo elas entre 35 e 50 anos, a Fibromialgia esta relacionada com o<br />
funcionamento do sistema nervoso central e o mecanismo de supressão da dor não<br />
provocando inflamações nem deformidades físicas.<br />
Infelizmente a causa específica da fibromialgia é desconhecida e a única pista<br />
descoberta é que os níveis de serotonina e outros neurotransmissores são mais<br />
baixos nos portadores da doença e que desequilíbrios hormonais, tensão e estresse<br />
podem estar envolvidos em seu aparecimento.<br />
A identificação dos pontos dolorosos em portadores de fibromialgia é o único<br />
diagnostico desenvolvido até hoje, pois ainda não existem exames laboratoriais<br />
complementares que possam diagnosticar a doença precisamente.<br />
Os sintomas são típicos: Dor generalizada e recidivante; Fadiga; Falta de disposição<br />
e energia; Alterações do sono que é pouco reparador (desperta mais cansado);<br />
Síndrome do cólon irritável; Sensibilidade durante a micção; Cefaléia; Distúrbios<br />
emocionais e psicológicos; Dormência de mãos e pés; Bruxismo.<br />
Como recomendação terapêutica os médicos especializados indicam o uso<br />
de medicamentos que ajudem a combater os sintomas, por isso se deve ter o<br />
acompanhamento medico, e ainda aconselham: evitar o carregar peso e situações<br />
de estresse, Eliminar qualquer coisa que possa perturbar seu sono (colchão, luz,<br />
barulho, vento...), exercícios físicos específicos e adequados para essa doença e<br />
quando necessário ajuda psicológica.
A medicina alternativa também pode ajudar no tratamento da fibromialgia sendo<br />
boas opções a acupuntura e a quiropraxia.<br />
WHO´S BAD?<br />
Por Adriana Brito<br />
Muito se diz sobre a produção cultural, industrializada, formatada e consumida<br />
como junkie food. Acontece que o público tem uma necessidade tão rápida pela<br />
novidade, que até mesmo o artista não respeita mais o processo criativo, dando<br />
prioridade a mecânica. Afinal, é preciso manter-se no jogo.<br />
E quando um profissional, sobretudo um músico, atinge o sucesso formulado por<br />
um intrínseco caminho que passa por assessores de imprensa, vaidosos<br />
apresentadores de televisão, espaços comprados na programação das emissoras,<br />
os primeiros indivíduos atingidos pelo fenômeno são as crianças, e por<br />
conseqüência toda a família.<br />
É assim no Brasil porque seguimos à risca, a fórmula norte-americana do<br />
entretenimento. Entretenimento, não cultura. Quando Michael Jackson estourou nas<br />
paradas com o disco Thriller, lançado em 1982 já era ele mesmo, um subproduto<br />
criado para fazer dinheiro. Treinado pelo pai, compôs junto com os irmãos o<br />
“Jackson 5”.<br />
Em carreira – solo Michael tornou-se obsessão de uma geração de fãs. E fez<br />
fortuna. Suficiente para bancar sua personalidade histriônica, com direito a<br />
seguranças e a monumental mansão-rancho ‘Neverland’ e toda uma estrutura para<br />
mantê-lo o mais longe possível das pessoas. Leia-se, da maioria dos adultos.<br />
Não se tem absoluta certeza de que Michael Jackson é pedófilo. Sabe-se que o<br />
pedófilo é aquele que faz sexo com crianças. Que na maior parte das vezes estes<br />
adultos buscam profissões, como monitor de atividades, professor, médico,<br />
militares e artistas, cuja proximidade é natural e não levanta suspeita. Que as<br />
denúncias – quando feitas – demoram meses, às vezes anos, para acontecer<br />
porque as vítimas sofrem ameaças. E que provar a culpa do molestador é muito<br />
difícil.<br />
Vicente Faleiros, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) relatou durante o<br />
III Ciclo de Debates, realizado no final do ano passado que é difícil identificar o<br />
pedófilo, já que pelas funções que exerce, por vezes, chega-se a identificá-lo como<br />
exemplo para as pessoas.
O julgamento do cantor começa neste mês e tem todos os ingredientes comuns<br />
para ele. O fato ganhou ares de espetáculo, com encenações produzidas pelo canal<br />
E! Networks Television das sessões do júri. O próprio Michael produziu um vídeo,<br />
dando declarações de sua inocência, divulgado em sua home page. Fãs se<br />
dividiram, entre defensores e acusadores e prometem acompanhar o assunto de<br />
perto.<br />
Falta apenas lançar um CD/DVD com a canção “Save The Michael” com astros<br />
esquecidos e decadentes entoando um hino de apoio ao amigo injustiçado. O<br />
rapper Eminem, que nem merece tantos créditos assim, talvez tenha lançado o<br />
testemunho mais fiel. O videoclip da canção “Just Lose It” faz menções do crime a<br />
que Jackson está sendo julgado, sendo a cena final mais explícita, com crianças<br />
pulando em sua cama – numa alusão as atividades que o próprio cantor declarou<br />
serem comuns em sua mansão. De fato, não se tem absoluta certeza de que<br />
Michael Jackson é pedófilo. O certo é que na casa dos horrores, a Neverland, Peter<br />
Pan só iria acompanhado do Capitão Gancho.<br />
UMA FARSA CHAMADA SINDICATO<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Na era da informação, o jornalismo mergulha numa crise sem precedentes. O dia<br />
do repórter, comemorado em 16 de fevereiro, deve ser lembrado com pesar. Nunca<br />
a categoria esteve tão mal representada, entregue a pseudo-sindicalistas, que<br />
ostentam seus MTBs (como se ainda fosse necessário ser diplomado ou autorizado<br />
para atuar na profissão) e reforçam a política da terceirização sumária, do jornalista<br />
da nota fiscal e dos textos avulsos.<br />
A lei da sobrevivência é selvagem. Em terra de leão, Darwin se admiraria, a<br />
adaptação é quase imediata. Engolir Netinhos de Paula (agora sob suspeita de<br />
agredir a socos a ex-esposa), Bispos Macedo e cia, e todo o casting da Rede TV! é a<br />
prova de que não há mais espaço para os bons profissionais da mídia.<br />
Enquanto caras bonitas – e, reforçando as previsões de Clodovil Hernandes -,<br />
futuras bundas arreganhadas, ocupam os programas televisivos, outro fenômeno<br />
deve ser observado, as rádios conseguem exportar o que há de pior para confirmar<br />
a tese de que, quanto mais bizarro, maior a audiência.<br />
Os jornais impressos, na contramão, estão fechando as portas. As redações estão<br />
enxutas – ainda que repletas de jornalistas obesos -, e a carga de trabalho triplicou<br />
nos últimos anos. Diferente dos salários, cuja média não ultrapassa os R$
1.500,00. Argumentos de sobra para que o sindicato despontasse com a brilhante<br />
idéia de parar as máquinas. Pena que os representantes da categoria sejam tão<br />
desinformados, ou será covardes, como afirmou o Presidente Lula.<br />
O BRASIL DEVERIA SER PRIVATIZADO<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Que tal privatizar o governo federal? A idéia pode parecer insólita, mas não é de<br />
todo mal. O Brasil se transformou num labirinto de encargos fiscais desoladores. É<br />
como se por aqui, a Coroa Portuguesa ainda exigisse o pagamento da ‘derrama’.<br />
O Brasil figura entre os países com carga tributária desigual. Segundo dados do<br />
SENAI, micros e pequenas empresas não sobrevivem aos primeiros cinco anos. Isso<br />
devido aos altos impostos e a falta de incentivos.<br />
IPVA, IPTU, COFINS, PIS, ICMS, INSS, IR, CPMF e tantas outras siglas combinadas,<br />
que o contribuinte já anda pelas ruas de mãos para o alto. Para agravar a<br />
insatisfação geral, o que deveria ser feito com o dinheiro arrecadado, simplesmente<br />
desaparece – em condições anormais.<br />
Se paga pela saúde pública, entretanto, qualquer trabalhador, assalariado ou não,<br />
necessita recorrer aos planos privados para garantir o direito à vida. Estudar é<br />
hobby de rico – Paulo Freire que me perdoe, mas a educação deveria sim, ser<br />
administrada pelos capitalistas. E a segurança? Seqüestro, roubos, assassinatos,<br />
estupros e o que salva a população pagadora de suas obrigações, são os carros<br />
blindados, as películas escuras nos vidros e os guarda-costas remunerados.<br />
Um caos. Com todo este cenário decadente em cifras injustas, o PT ainda quer<br />
mais. Palocci alimenta o Leão com carne nobre, retirada em cortes abertos na<br />
classe trabalhadora. Agora eis que surge a tal medida provisória 232, que prevê,<br />
entre outros aumentos abusivos, 25% a mais para o imposto de renda da pessoa<br />
jurídica. Precisamos, urgentemente, de novos insurgentes!<br />
Aqui jaz o futebol<br />
Por Hugo Dourado<br />
O ano de <strong>2005</strong> começou da mesma maneira para muitos clubes do país, uma<br />
catástrofe!!! Ou quem sabe com a mesma incompetência. O melancólico futebol<br />
carioca vive um verdadeiro pesadelo, pelo menos para os times tradicionais, os de
camisa, os ditos grandes. Não contentes em dar vexame no Brasileirão 2004,<br />
buscam superar a mediocridade e se afundam na rabeira da tabela no campeonato<br />
estadual. Pobres torcedores!!!<br />
Mas o privilégio não é apenas dos grandes clubes cariocas. O Atlético Mineiro<br />
conseguiu levar uma virada em sua estréia, em pleno Mineirão, do modestíssimo<br />
Valeriodoce. Lembrando a dureza que foi o final de 2004, quando escapou da<br />
segundona apenas na última rodada.<br />
No sul a dupla “Gre-Nal” começou com empates, em jogos fracos. Porém o<br />
Internacional possui um time equilibrado e deve se recuperar. Já o Grêmio, eu<br />
diria, precisa, antes de qualquer coisa, montar um time...<br />
Em São Paulo, o maior centro futebolístico do país, onde os investimentos foram<br />
exorbitantes (entenda-se Kia+MSI+Corinthians=???), o fracasso inicial também<br />
visita alguns clubes de tradição. A, ainda viva, Portuguesa não ganha de ninguém e<br />
corre sério risco de ser rebaixada, pois montou um time muito franco na semana<br />
que o campeonato começou. Só um milagre poderá levar a Portuguesa a ser grande<br />
novamente, ou quem sabe uma administração competente e honesta. Isso leva<br />
tempo, e como sabemos da dinâmica do nosso futebol é preciso saber se os<br />
dirigentes e os torcedores saberão esperar.<br />
Mas o pior de todos em São Paulo é o Corinthians, que contratou muito tarde, fez<br />
uma enorme novela em suas negociações e pouco colocou o time pra treinar. E<br />
ainda quer mais jogadores. Será que o pessoal da MSI não sabe que os<br />
campeonatos possuem fim? E que os times são montados antes que eles comecem?<br />
Acho que Kia está mais interessado em aparecer como dono do time, do que<br />
qualquer outra coisa, e de futebol ele não entende nada. Até autógrafos ele já deu<br />
no Parque São Jorge. Vê se pode? Mesmo com as recentes vitórias, com um<br />
péssimo futebol, ainda não estou convencido que este time será imbatível.<br />
Agora deixo uma questão pra você leitor. De quem é a culpa da maioria dos times<br />
tradicionais do país estar uma draga?<br />
MENINA SEM BRINCO DE PÉROLA<br />
Por Helen Pessoa<br />
Um dia pensei em ser alguém. Queria mudar o mundo. Nasci brasileira, num<br />
hospital do SUS, arrancada do ventre de minha mãe pelas mãos de algum
plantonista mal humorado, que logo de cara, me deu as primeiras palmadas. Cresci<br />
resistindo aos projéteis de fuzis, que na adolescência serviram-me de adornos.<br />
Andei por becos escuros, nem tão poéticos como os exaltados por uma canção, que<br />
imagino ser de um Ministro, ou talvez de algum músico esquecido. Desci morros e<br />
subi ladeiras, com lata d´água na cabeça, ajudando as Marias. Varri a sujeira da<br />
classe média, senti o desprezo e a frieza do preconceito. Calejei minhas mãos com<br />
o trabalho e não aprendi a ler nem a escrever. Os cadernos, que sempre me<br />
fascinaram, ficaram imaculados, com as folhas retorcidas pelo vai e vem dos meus<br />
dedos, inquietos, aborrecidos por não terem segurado um lápis. Não fui à escola.<br />
Ainda assim, acreditava que poderia mudar, pelo menos o meu destino. A violência<br />
do dia-a-dia levou minha mãe, arrancada de meus braços brutalmente por um<br />
policial. Nada me restava. Lutei em vão. As portas jamais se abriram. E quando a<br />
luz no fim do túnel finalmente se ascendeu para mim, era na marginalidade que o<br />
meu sonho tornava-se real. Eu era uma princesa, cercada de pedras. Nem tão<br />
valiosas como os diamantes, mas inebriantes como o poder. O tilintar ressoante<br />
dos cristaizinhos queimando faziam-me soberana, única e, por alguns segundos, eu<br />
era feliz. Mudei a vida, até que o último barulhinho partiu-se dentro de mim. Foi-se<br />
um suspiro, e com ele, a esperança, que para mim, sempre significou realidade.<br />
RELAÇÕES MAIS AMENAS NO AMBIENTE HOSPITALAR<br />
Por Felipe Mello*<br />
Envelhecer é um processo natural, evolução lógica da existência. Adoecer é um<br />
processo natural, fruto do desgaste da máquina humana. Ser hospitalizado é um<br />
processo natural, fundamental para que a doença seja devidamente entendida e<br />
tratada, em busca da continuidade do processo natural de envelhecimento.<br />
Direcionar, no ambiente hospitalar, o processo conhecido como humanização à<br />
criança e ao adolescente não é um processo natural, tampouco salutar. Na verdade,<br />
trata-se de um fenômeno relacionado à cultura ocidental, que em larga escala<br />
prioriza a atenção aos pequenos, em detrimento daqueles que já percorreram um<br />
longo caminho.<br />
Não se trata de defender a ausência ou diminuição de cuidados a um determinado<br />
segmento da população, mas sim empregar o bom senso para ajustar a intensidade<br />
e freqüência de atenção às necessidades apresentadas por quem é cuidado. Em<br />
termos pragmáticos, a observação vem mostrando que as iniciativas de<br />
humanização hospitalar têm como foco prioritário as alas pediátricas, com a<br />
organização de verdadeiros espetáculos circences e artísticos para as crianças
internadas. Ninguém discute a positividade deste tipo de esforço, sendo estupidez e<br />
miopia a sua condenação. A questão é a proposição de uma reflexão baseada em<br />
números e sentimentos.<br />
Em termos numéricos, observa-se que a grande maioria da população hospitalar –<br />
incluindo-se profissionais e visitantes – é formada por adultos e idosos. Estatísticas<br />
coletadas em diversos centros de saúde apontam que a relação é de<br />
aproximadamente 85 a 90% de adultos e idosos e 10 a 15% de crianças e<br />
adolescentes. Mesmo em instituições de saúde focadas no atendimento pediátrico,<br />
a maior parte de seus freqüentadores é adulta. Ainda assim, diuturnamente surgem<br />
novas e, diga-se de passagem, louváveis, ações direcionadas às crianças e<br />
adolescentes hospitalizados, enquanto que ainda rareiam empreendimentos sociais<br />
e humanitários que tenham como foco o adulto e, especialmente, o idoso internado,<br />
assim como os profissionais da saúde, mesmo que todos, indistintamente, sejam e<br />
estejam passíveis de sofrer com o implacável estresse hospitalar.<br />
Além dos números, a visitação hospitalar contínua proporciona uma capacidade de<br />
observar com esmero e tecer comentários acerca dos sentimentos e sensações que<br />
fluem pelos corredores, obviamente emanados de corações e almas temerosas que<br />
repousam sobre leitos, muitas vezes áridos, de hospitais públicos periféricos, em<br />
muitos dos quais a visita familiar é artigo de luxo. A ausência de acompanhantes é<br />
fator que atinge em grande escala os idosos, que em determinados casos ficam<br />
meses sem receber qualquer tipo de atenção externa, ficando restritos aos<br />
procedimentos médico-hospitalares. Ao chegar perto destes senhores e senhoras<br />
que permanecem dias e noites internados, é possível verificar um misto de angústia<br />
e medo, decorrentes da consciência do momento vivido. Nisto reside mais um<br />
argumento para rever a forma como são conduzidos os processos de humanização<br />
hospitalar, uma vez que o idoso, freqüentemente, tem plena consciência do que<br />
está se passando, enquanto que a criança é poupada do completo entendimento.<br />
Exatamente pelos motivos expostos é que os conceitos e práticas de humanização<br />
hospitalar precisam ser atualizados. Mais do que um atendimento ao paciente<br />
acamado, notadamente o infantil, o movimento deve contemplar uma intervenção<br />
ambiental, no qual todos aqueles que freqüentam o hospital se tornem “alvo” de<br />
ações amenizadoras. Assim, por quê não amenizar em vez de humanizar? Afinal,<br />
cria-se uma profunda inflexão de cunho filosófico quando o objetivo é humanizar o<br />
que já é humano. E se a resposta é dizer que o comportamento de fulano ou<br />
sicrano é desumano, há uma fuga da raiz do problema, que é a ambivalência bem e<br />
mal que está visceralmente associada ao ser humano.<br />
A missão das iniciativas de “amenização hospitalar” é promover os valores<br />
humanos positivos, a partir do entendimento que o comportamento da espécie
animal humana tem potencial construtivo e destrutivo. Esta compreensão e o<br />
reconhecimento de que o ambiente todo merece atenção, torna viável o objetivo de<br />
tornar o hospital um local que ofereça um clima propício para a cura, através do<br />
exercício das habilidades cognitivas, sociais e, sobremaneira, afetivas.<br />
* Felipe Mello – Comunicador Social e radialista, é diretor da ONG Canto Cidadão,<br />
que coordena o programa de voluntariado “Doutores Cidadãos”, que pratica a<br />
“amenização hospitalar” em mais de 30 hospitais públicos e filantrópicos. Conheça<br />
mais em www.cantocidadao.org.br ou pelo telefone 11 3259-8021.<br />
BEIJO NA ALIANÇA<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
A nova moda no futebol é beijar alianças. Pode ser um torneio mixuruca ou decisão<br />
de campeonato que lá está o ‘sujeito’ num gesto de fidelidade à esposa ou<br />
namorada, quando comemora um gol. Às vezes, câmeras de televisão flagram até<br />
desenho no ar de um coração, como fazia o atacante Robinho, do Santos. E não<br />
bastasse o beijo na aliança, boleiros ainda reforçam recados às amadas nas<br />
habituais entrevistas pós-partida.<br />
Esta nova leitura nas comemorações de gols ganha ‘ene’ interpretações. Uns acham<br />
que neste meio há casos de boleiros que aproveitam a oportunidade para<br />
‘desbaratinar’, a fim de que sobre eles não recaiam suspeitas de adultério; outros<br />
citam que hoje o jogador amadureceu e já não se curva às tentações da ‘Maria<br />
Chuteira’, que rodeia campos de futebol e seduz atletas.<br />
Seja como for, eis aí uma pauta sugestiva para os amigos de redação. E caso seja<br />
levada a cabo, é preciso, necessariamente, uma viagem ao passado para se<br />
mostrar o contraste cultural entre gerações.<br />
Antes, o boleiro fazia jus a fama de mulherengo. Bastava um olhar insinuante de<br />
uma mulher para se envolver rapidamente, indiferente aos conselhos dos riscos da<br />
aventura amorosa.<br />
Foram tempos em que sábias mulheres venderam caro as tentações dos<br />
mulherengos. São incontáveis os casos daquelas que habilmente arrancaram<br />
carros, apartamentos e dinheiro de boleiros e, depois, sem o mínimo<br />
constrangimento, deram-lhes um ‘bico no traseiro’, quando a fonte secou.<br />
O pobre coitado não havia dado conta que um dia a encantadora carreira de<br />
jogador de futebol chegaria ao fim e, concomitantemente, acabariam os prazeres<br />
advindo do futebol.
Talvez a nova geração tenha refletido em exemplos de jogadores mulherengos para<br />
não copiá-los. O lateral-direito Orlando Lelé, que jogou em Santos e Vasco (já<br />
falecido), chegou a ser foi preso porque não pagou pensão alimentícia à ex-esposa.<br />
No passado, na busca por aventura amorosa, boleiro usava várias mutretas. Há<br />
casos de quem enrolava cobertores no formato de um corpo e com isso enganava<br />
supervisores que faziam vistoria em quartos de concentração. Há registro de<br />
boleiros espertos que acomodavam amantes no mesmo hotel em que estavam<br />
concentrados e, na calada da noite, davam aquela escapadinha.<br />
Umas escapadinhas aqui, outras acolá, às vezes terminavam em gravidez<br />
indesejada e cobrança posterior de reconhecimento de paternidade. O ‘rei’ Pelé, por<br />
exemplo, teve um relacionamento amoroso com a doméstica Anízia Machado, em<br />
1963, que resultou no nascimento de Sandra Regina. Pelé relutou enquanto pôde<br />
para admiti-la como filha, mas, por fim, exames de DNA com resultados positivos<br />
comprovaram ser o pai legítimo da moça, que passou a ser chamada Sandra Regina<br />
Machado Arantes do Nascimento Felinto. Assim, a Justiça determinou que ela<br />
participe do bolo de herdeiros de Pelé.<br />
Boleiros do passado eram oriundos de famílias pobres e usufruíam da fama para<br />
diversão com mulheres, geralmente em noites de bebedeira.<br />
A primeira mudança brutal de comportamento no meio deu-se nos anos 80, com<br />
Baltazar, o ‘artilheiro de Deus’, ajudando a criar o grupo ‘Atletas de Cristo’. Hoje,<br />
imagens de televisão, em quaisquer dos Estados, mostram a nova ‘versão’do<br />
boleiro na hora do gol com o beijo na aliança. Resta saber, agora, o que vem por<br />
aí.<br />
O MÉDICO É O MONSTRO<br />
Por Ariana Brink<br />
Nunca uma edição do Big Brother foi tão unânime. Com rejeição de 92%, o médico<br />
auto-intitulado “carismático” deu adeus ao prêmio de 1 milhão de reais e – há<br />
quem afirme – a medicina.<br />
A falta de escrúpulos desanimou o público, que na primeira oportunidade, reforçou<br />
que o intuito da televisão é a fuga da realidade, ou seja, o entretenimento barato e<br />
romanceado. Ninguém quer se identificar como mau caráter, então, negar Rogério<br />
é a melhor estratégia.<br />
Na briga pela bolada, favoritismo absoluto de Pink e Jean, mas a miss Grazielly tem<br />
surpreendido e é uma das candidatas ao prêmio. Outros participantes apenas<br />
ajudam no cenário do programa, e, certamente, devem experimentar a foice dos<br />
telespectadores no momento do paredão.
Foi o que aconteceu com o consultor de informática Paulo André. Visivelmente<br />
manipulado pelo médico, o fiel escudeiro tentou herdar as frágeis cabecinhas após<br />
a derrocada de seu mentor. Sem contar com o tal carisma enigmático, PA acabou<br />
emparedado pelo ex-comparsa, Alan. Claro, que a resposta veio na seqüência e PA<br />
teve que se contentar com a cifra mais comedida – foram 72% de desaprovação –<br />
e deixar a briga pela poupança. Numa alusão ao ditado, “de médico e monstro todo<br />
mundo tem um pouco, alguns mais que os outros”.<br />
EMBRAOQUÊ? PARA QUE?<br />
Por Adriana Brito<br />
Responsável por boa parte da produção cinematográfica brasileira na década de 70<br />
e 80, a Embrafilme (Empresa Brasileira de Filmes) pode ser apontada, na mesma<br />
proporção, pelo sucesso ou pela derrocada do que foi a indústria brasileira do<br />
gênero.<br />
Criada e encerrada pelo governo, a estatal conduziu de maneira – há os que digam<br />
– duvidosa, os projetos de criação, planejamento e execução e distribuição de<br />
novos filmes. Vale como referência o livro de Tunico Amâncio, “Artes e Manhas da<br />
Embrafilme”, (editora EDUFF).<br />
Por outro lado, não se deve menosprezar alguns dos títulos apresentados na mostra<br />
“Embrafilme, Filmes e Debates”, que reúne sucessos de público e de crítica (ver<br />
programação abaixo).<br />
O evento acontece no Centro Cultural Banco do Brasil com a exibição de 31 filmes,<br />
divididos nas categorias longa, média e curta-metragem. Para quem gostaria de<br />
revisitar alguns títulos como “Pra Frente, Brasil”, de Roberto Farias ou “Dama do<br />
Lotação” de Neville D´Almeida ou quer apenas participar do debate, o CCBB-SP fica<br />
na Rua Álvares Penteado, 112, no Centro. As sessões acontecem às 15h, 18h e 20h<br />
e o ingresso custa R$4,00 e R$2,00 a meia-entrada. Para dúvidas e informações, o<br />
telefone é 3113-3651.<br />
CANDIDÍASE OU MONILÍASE VAGINAL<br />
Por Graziela Piro
“Se existe algo mais irritante que a coceira provocada por Candidiase eu<br />
desconheço!” – esse é o desabafo de uma leitora da e-pauta que nos cedeu<br />
gentilmente uma breve entrevista sobre o assunto. A pedido chamaremos nossa<br />
leitora de Suzana.<br />
A Suzana solicitou uma matéria com esse tema justamente no momento em que<br />
ela própria sofria dessa micose já que a Candidiase, ou Moniliase, é considerado um<br />
fungo.<br />
“Meu corrimento ficou mais grosso parecido com coalhada de cor esbranquiçada<br />
semelhante a leite e minha vagina ficou inchada, ardente e vermelha” – Relata<br />
Suzana. E é exatamente assim que fica a genitália feminina com presença da<br />
Cândida albicans – nome do agente vilão de uma das causas mais freqüentes de<br />
infecção genital. O prurido (coceira), o ardor intenso, dispareunia (dor ao coito) e<br />
pela eliminação de um corrimento vaginal em grumos, semelhante à nata do leite.<br />
Freqüentemente a vulva e a vagina ficam edemaciadas (inchadas) e hiperemiadas<br />
(avermelhadas).<br />
No homem apresenta-se com hiperemia da glande e prepúcio e eventualmente por<br />
um leve edema e pela presença de pequenas lesões puntiformes (em forma de<br />
pontos), avermelhadas e pruriginosas.<br />
O que a Suzana não sabia é que a Candidiase não é uma doença de transmissão<br />
exclusivamente sexual, pois existem fatores que contribuem ao aparecimento da<br />
infecção: diabetes melitus, gravidez, uso de contraceptivos (anticoncepcionais)<br />
orais, uso de antibióticos e medicamentos imunosupressivos (que diminuem as<br />
defesas imunológicas do organismo), obesidade, etc.<br />
Mas a Moniliase vaginal esta relacionada também com alimentação e hábitos<br />
rotineiros. Eis alguns itens que podem ajudar a evitar recidivas de infecção por<br />
fungos:<br />
• Evitar usar peças íntimas sem prévia higienização após a exposição em<br />
varais e preferir as de algodão;<br />
• Evitar usar piscinas coletivas das quais não se conhece o procedimento de<br />
limpeza;<br />
• Usar sabonete neutro em banhos diários;<br />
• Adquirir cardápio saudável, principalmente, em paralelo ao tratamento;<br />
• Usar corretamente as indicações do medico durante o tratamento;<br />
• Evitar manter relações sexuais com mais de um parceiro ou durante o<br />
tratamento;<br />
• Tratar, quando houver, paralelamente o parceiro para evitar recidivas e;<br />
• Usar camisinha, sempre.
O diagnostico clinico deve ser feito através de exames laboratoriais associados ao<br />
papanicolau. “O tratamento é indicado com medicamentos antimicoticos, ou<br />
antifúngicos, mas prepare seu bolso porque geralmente eles são caríssimos!” – Vale<br />
a dica da Suzana.<br />
Seguindo as dicas você estará prevenindo esse tipo de doença, bem como as DST<br />
(Doenças Sexualmente Transmissíveis).<br />
No caso da Suzana foi fácil perceber a causa da candidiase, já que ela mantém um<br />
relacionamento fixo e estável com um ótimo rapaz, mas durante a entrevista, que<br />
durou cerca de uma hora e meia, ela comeu dois saquinhos de batatinhas fritas,<br />
uma taça de sorvete de flocos e uma barra de chocolate!!<br />
MARÇO <strong>2005</strong><br />
A CULPA NÃO É MINHA!<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Triste a vida do petista. Depois de anos na oposição, encarar a vez de governo não<br />
é nada bom. Pelo menos foi o que ficou claro nas declarações do Ministro da Casa<br />
Civil, José Dirceu, que atribuiu a culpa pela atual crise – gerada por conta de<br />
acusações que o presidente Lula fez ao governo anterior – aos opositores.<br />
Assim fica fácil estar do outro lado do poder. Por falar nisso, o PT mudou tanto que<br />
já pode até ser considerado um partido de direita. Tempos modernos, ou melhor,<br />
“sentou, tomou”.<br />
Sem constrangimentos, primeiro cortou os radicais da lista de militantes, depois<br />
lançou a candidatura de Marta Suplicy, um ícone da elite paulista. Aliou-se aos<br />
empresários e banqueiros, elevou a taxa de juros, adotou a política do FMI,<br />
manipulou e censurou fatos e, agora, a nova onda é atirar nos tucanos.
Pode soar antiecológico, mas a intenção do PT é acirrar os ânimos e jogar toda e<br />
qualquer bola fora nas costas dos oponentes. Zé Dirceu, um homem ligado ao reino<br />
animal, chegou a dizer que “a atitude do PSDB de abrir processo por crime de<br />
responsabilidade contra o presidente Lula é uma tentativa de desestabilizar o<br />
governo”. Doces palavras. Mas parece que vai dar zebra, afinal, estes tais<br />
opositores são mesmo os carrascos do atraso do Brasil.<br />
UM MARANHÃO NA MINHA CABEÇA<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
Resistentes, negros do Maranhão cravejam sua tradição e fortificam raízes na terra<br />
amada. Lutam, ainda, por seus direitos e desenvolvimento.<br />
Mais que sobrevivência, o mote por lá é vida, onde o amor<br />
assume o papel de principal ingrediente do elixir que se bebe,<br />
da virada que se prepara para comer, do futuro que se sonha<br />
em comprar. Nesta região, futuro é um animal por exemplo,<br />
uma vaca que pode gerar crias a serem distribuídas aos<br />
filhos, uma garantia do leite diário.<br />
Descendentes diretos ou não de quilombeiros, trazem no<br />
peito dor e esperança e formam comunidades. Vivem da<br />
terra, da roça. Exploram com consciência, sob orientação<br />
especializada, vedetes da nova ordem de consumo nascente nos grandes centros<br />
urbanos. Babaçu e açaí são protagonistas deste documento.<br />
E foram anos de perseguição. De 1530 a 1850 aproximadamente, o Brasil recebeu<br />
cerca de 18 milhões de escravos negros, que vieram da África para cá para assumir<br />
assinaturas portuguesas. Hoje, são em torno de 8 milhões de Josés e Marias e<br />
Silvas negros no País. Juntos aos mais de 65 milhões de pardos, alcançam quase<br />
metade da população brasileira, se já não são maioria.<br />
Foram duras as batalhas, as fugas, as reivindicações. Até 1940 mais ou menos, a<br />
lei por aqui ainda considerava perturbação algumas manifestações negras, fossem<br />
voltadas à religião, como Umbanda e Candomblé, ou à cultura, como capoeira. Mas<br />
lá estão eles até hoje, construindo casas, escolas e igrejas. Literalmente<br />
construindo uma nação, cultuando sua riqueza folclórica, abrindo suas porteiras<br />
para que com eles possamos aprender e deles absorvamos paz de espírito. Estava<br />
na hora, ando dizendo isso com freqüência, de as escolas todas oferecerem aulas<br />
de folclore e tradição cultural, do pré à pós-graduação.
Estava não, já passou da hora. Enquanto isso, a TV dá mais importância à Fórmula<br />
1, cujo poder de instigar as pessoas a serem patriotas baseia-se apenas na força da<br />
emoção. Esquece da ginga, do ritmo, do sangue de nossas veias e do dourado<br />
curtido de nossa pele. A TV ensina a sermos meio brasileiros, a viajar sem<br />
estarmos presentes, a pintarmos com tintas branca e preta apenas, a termos filhos<br />
sem fazermos sexo. A TV e outras tantas coisas.<br />
Considerando-se honrosas exceções, entretanto, ainda temos saída. Basta render-<br />
se ao balanço mix jamaicano/nordestindo por alguns dias ou bater pernas por<br />
becos da incrível São Paulo para desvendar o labirinto. E isso nem caro é.<br />
ROCK N´PALCO<br />
Da Redação<br />
Lembrando a velha máxima, "as pedras vão rolar", o que seria devido neste caso é<br />
dizer, que as pedras deslizarão. A partir desta semana a Companhia Paulista de<br />
Trens Metropolitanos (CPTM) lança o programa Rock nos Trilhos CPTM - Brasil 2000<br />
em que novas bandas se apresentarão na Estação Cultural Brás, todas as quintas-<br />
feiras, das 17h às 20h.<br />
Para a Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo a expectativa é<br />
descontrair usuários nos momentos tensos da ida e da volta. Já a programação<br />
ficou a cargo da rádio Brasil 2000, que conta com o apoio da Universidade Anhembi<br />
Morumbi. Em cada semana duas bandas se apresentam num total de 88. A primeira<br />
edição do evento traz a Toa Toa, que divulga o CD "Homem Não Chora" e a<br />
Borderlinerz criada em 2003 e que também mostra o lançamento "Elviz".<br />
Enquanto isso nos palcos - o Teatro Popular do Sesi abre inscrições para núcleo<br />
experimental. Os atores de 18 a 25 anos poderão participar da quinta turma do<br />
projeto. Com duração de dois anos, as aulas trazem técnicas de interpretação. O<br />
objetivo é ensinar como funcionam todas as etapas do processo, desde a concepção<br />
de um espetáculo até a estréia. Sem esquecer como acontece à manutenção da<br />
temporada, item fundamental na subsistência de uma peça. No primeiro ano do<br />
curso os alunos terão acesso a oficinas de pesquisa e desenvolvimento, além de<br />
palestras com importantes representantes do meio.<br />
No ano seguinte os estudantes poderão fazer de uma ou mais montagens do SESI-<br />
SP. Para concorrer a uma das 15 vagas são necessários os seguintes documentos:<br />
cópia do documento de identidade e do DRT de ator (o registro da categoria),<br />
currículo, foto, certificado de conclusão do 2º grau e ficha de inscrição retirada na
Avenida Paulista, 1.313. Os cadastros serão aceitos até o dia 18 de março, de<br />
segunda a sexta, das 10h às 12h e das 14h às 17h. Em caso de dúvidas, o telefone<br />
de atendimento é (11) 3146-7406.<br />
AMARGO REGRESSO<br />
Por Adriana Brito<br />
Enfim, o presidente Lula experimentará do próprio remédio. Será chamado de<br />
covarde por não ter cuidado devidamente do caso do engenheiro brasileiro<br />
seqüestrado por terroristas, em solo iraquiano. Assim como o fez com os<br />
jornalistas, quando estes se negaram a discutir a implantação do tal do Conselho<br />
Federal da categoria, que para a interpretação de Lula se configurou como pura<br />
fraqueza. Rá, rá, rá. Covardes porque evitaram regras dispensáveis e que<br />
tornariam insuportáveis a já desrespeitada profissão. Covardes porque tiveram a<br />
audácia de esclarecer ao público o comportamento histriônico do representante<br />
legal da política e da economia de um país com mais de 170 milhões de pessoas.<br />
Covardes como um homem público que se valeu da autoridade para expulsar um<br />
jornalista estrangeiro do país, numa ação assumidamente ditatorial.<br />
E, finalmente, covardes porque decidiram, assim como outros tantos profissionais<br />
da imprensa, arriscar a vida para noticiar um conflito injusto, parcial e desumano.<br />
Aliás, numa guerra em que repórteres são escolhidos como principal alvo e que por<br />
descuido de um grupo filiado ao Partido do Terror de lá, cooptou como vítima, um<br />
engenheiro. Óbvio que o ele sabia dos riscos. Óbvio que ele escolheu um emprego<br />
em terras tão perigosas, porque preferiu fugir da máfia dos impostos. Pois, se não<br />
fizesse isso, seria um covarde. Aliás, que é o medroso mesmo?<br />
AVRIL X PITTY<br />
Por Fernanda Zettler Sanches<br />
Avril ou Pitty, qual você prefere? Eu gosto das duas. Acho o rock delas meio<br />
parecido, mas elas têm diferenças...<br />
Avril Lavigne canta em inglês e Pitty, em português. O site da Avril é um pouco<br />
melhor, já o da Pitty também é bom. O CD novo da Avril está mais calmo, mais<br />
lento, mas, muito interessante, principalmente na música “Don’t Tell Me”.
A melhor música da Pitty, na minha opinião é “Equalize”. Acho ela<br />
D++++++++++!!!!!, mesmo sendo diferente de outras baladas como “Admirável<br />
Chip Novo”, “Teto de Vidro” e outras.<br />
Para quem não sabe, a Pitty é baiana e a Avril, canadense. A Pitty tem o cabelo<br />
arruivado e a Avril, loiro escuro e olhos azuis esverdeados ou verde azulados, como<br />
você preferir! A Avril também é conhecida como a anti-Britney. Tem apenas 20<br />
anos.<br />
O nome verdadeiro da Pitty é Priscila. Pitty é só o apelido; ela já foi garçonete e<br />
trabalhou em shopping. Avril começou a cantar com apenas dois anos em um coral<br />
de igreja. Imaginem a Avril toda comportadinha num coral!!!!! Um clipe muito legal<br />
dela é “Nobody’s Home”.<br />
Se vocês gostaram dessa matéria, leiam a próxima. Vai ser ainda + legal!<br />
CORINTHIANS JUNIOR?<br />
Da Redação<br />
Depois que o tal dirigente iraniano-inglês-canadense-e-certamente-argentino Kia<br />
Joorabchian assumiu o comando do futebol corinthiano, as notícias não são<br />
animadoras.<br />
Os reforços chegaram – vindos, a maioria, da Argentina -, mas ainda não<br />
empolgaram. Tanto é verdade que Kia é quem mais aparece, inclusive na hora de<br />
dar autógrafos. E para quem gosta das entrelinhas, até parece que o governo<br />
portenho está por trás da MSI. O Corinthians hoje é referência para medir o<br />
desemprego na terra vizinha.<br />
O próximo a integrar a equipe alvinegra, por exemplo, deve ser Daniel Passarella,<br />
na condição de técnico, já que Tite não agüentou o chilique de Kia e fez as malas.<br />
Por sinal, o Corinthians anda bem representado. Andrés Sanchez e companhia<br />
estão sem eira nem beira. O presidente de fachada, Alberto Dualib não esconde<br />
mais o incomodo que a presença do parceiro Kia lhe causa. Dormiu com o inimigo.<br />
E, agora, querem transformar o Corinthians numa desova argentina! Eu, hein...<br />
LEITURAMA<br />
Por Sandi Dias<br />
Certa vez um diretor de escola pública disse, "o esforço é imenso, mas diante das<br />
dificuldades, sinto que formamos apenas subsídio para a delegacia". Para constar
tratava-se de um dos melhores educadores de São Paulo, mas para preservá-lo de<br />
sua autenticidade o nome fica subscrito. Entretanto, diante de algumas medidas do<br />
Governo do Estado de São Paulo seria bom se esta máxima tivesse outro valor, já<br />
que está em andamento o programa "São Paulo: Um Estado de Leitores".<br />
O objetivo é o de gerar o hábito da leitura, através do acesso a bibliotecas públicas.<br />
A próxima região a ser beneficiada com a medida será a de Heliópolis, que poderá<br />
contar com Espaço Cultural Comunitário Heliópolis, adaptado no 95º Distrito Policial<br />
do bairro. A adequação do espaço foi realizada pelo banco Santander/Banespa e<br />
contou com o apoio de Carlos Althman. Do trabalho de 22 anos na favela o líder<br />
comunitário conseguiu progressos na área de educação como aulas de informática e<br />
de idiomas. Com a inauguração do novo serviço ele estima que cerca de 30 mil<br />
jovens sejam beneficiados.<br />
Para divulgar os avanços neste programa - que instalou 69 unidades de leitura em<br />
todo o estado - uma campanha publicitária produzida pelas agências DM9 e General<br />
Optical será lançada, tendo como garota-propaganda, a cantora Wanessa Camargo.<br />
Vale lembrar que todos cederam recursos e cachê em prol da iniciativa.<br />
"São Paulo: Um Estado de Leitores" foi criado em 2003 diante da demanda que<br />
existia em alguns municípios que não possuíam espaços para leitura. A Secretária<br />
de Cultura Claudia Costin optou também em valorizar regiões da periferia da<br />
capital, mesmo que tendo que acondicionar os livros em locais singulares como<br />
centros desportivos, delegacias, penitenciárias, hospitais públicos e conjuntos<br />
habitacionais.<br />
Para ela, "uma aliada com a popularidade de Wanessa, dizendo que é apaixonada<br />
por leitura, nos aproxima muito dessa meta. Oxalá um dia a leitura saia<br />
definitivamente dos limites das elites acadêmicas e ganhe a popularidade da música<br />
feita por Wanessa entre os nossos jovens", diz. Claro que nem todo mundo precisa<br />
se tornar fá dos atributos artísticos da cantora. Oxalá, que não. Para quem quiser<br />
visitar o espaço o Espaço Cultural Comunitário Heliópolis fica na Rua Comandante<br />
Taylor, 1180.<br />
CUIDADO, PORTUGUESA!<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Lembra-se da ‘mãozona’ que o São Paulo deu para o Corinthians, ano passado,<br />
para que não fosse rebaixado à segunda divisão do Paulistão? Talvez você não se<br />
recorde, mas em 1968, graças as trapalhadas feitas pelo Guarani, ao escalar
jogadores em situação irregular -propositalmente ou não-, o Palmeiras não caiu à<br />
divisão inferior também na competição regional. O Bugre havia empatado com o<br />
Palmeiras em 1 a 1, mas perdeu os pontos desse jogo no tapetão e quem caiu foi o<br />
Comercial de Ribeirão Preto (SP).<br />
Agora está cheirando descenso da Portuguesa de Desportos, que faz campanha<br />
irregular no Campeonato Paulista. Estaria a Lusa seguindo passos do Bangu Atlético<br />
Clube, vergonhosamente inserido na segunda divisão do Campeonato Estadual do<br />
Rio de Janeiro?<br />
Outrora o Bangu montou equipes respeitáveis e, no seu estádio Moça Bonita, já<br />
passaram jogadores renomados como Ademir da Guia, Paulo Borges, Zózimo e<br />
Aladim. Este Bangu que hoje padece já disputou título do Campeonato Brasileiro<br />
com o Coritiba, há 20 anos, e sentiu-se honrado com o vice-campeonato.<br />
Cuidado, Portuguesa! Mire-se no indesejado exemplo do Bangu para escapar do<br />
calvário. Sua sofrida torcida ainda não se acostumou com a queda à segunda<br />
divisão do Campeonato Brasileiro, há pouco mais de dois anos, e não admitiria<br />
outra humilhação em competição regional.<br />
O alerta surge após derrota em Limeira (SP) para a Internacional, a mesma equipe<br />
onde há exatos 14 anos o meia Dêner (já falecido) ‘deitou e rolou’ com a camisa<br />
rubro-verde, igualmente em jogo pelo Paulistão.<br />
Dêner aplicou seqüência de dribles a partir do meio-de-campo. O último adversário<br />
levou o ‘drible da vaca’ e, quando sobrou só o goleiro pela frente, ele deu um<br />
‘totozinho’ na bola, o suficiente para deslocá-lo, possibilitando a comemoração de<br />
um gol com pinta de Pelé.<br />
Pois é, Portuguesa, quem te viu e quem te vê! O torcedor luso da velha guarda viu<br />
Pinga ‘estraçalhar’ defesas adversárias e se transformar no maior artilheiro da<br />
história do clube, com 190 gols, de 1952 a 1960. Viu invejáveis cabeceadores como<br />
Servilho, Leivinha, Cabinho e Enéas, jogadores também inteligentes com a bola nos<br />
pés. E na Portuguesa surgiu o atacante Ivair, o príncipe, que um dia foi projetado<br />
como provável substituto de Pelé, devido à facilidade para driblar, caminhar com a<br />
bola colada aos pés, e pelos gols decisivos.<br />
Como um time recheado de lindas páginas foi se enfiar nesta enroscada?<br />
Questionam torcedores lusos. Esta mesma Lusa partilhou com o Santos o título<br />
paulista de 1973, porque o árbitro Armando Marques errou na contagem dos<br />
pênaltis, expediente adotado para se decidir o título. Em 1985, após trajetória<br />
brilhante no Paulistão, só foi barrada na final para os ‘Menudos do Morumbi’, aquele<br />
fantástico time são-paulino comandado pelo técnico Cilinho.<br />
A última lembrança marcante da Lusa deu-se no Campeonato Brasileiro de 1996,<br />
quando decidiu e perdeu o título para o Grêmio. De lá pra cá, haja sofrimento para
sua torcida! De certo, ela está a perguntar: até quando? Será que o time caminha a<br />
passos largos para se emparedar com Bangu, América (RJ) e América de Minas?<br />
ENCONTROS E DESPEDIDAS<br />
Por Adriana Brito<br />
Novela é que nem jornal. Passou do dia ninguém mais lembra. É um produto<br />
mesmo, não é. Já começaram as chamadas para a nova trama do horário das nove,<br />
escrita por Glória Peres. América terá como eixo, a busca de Sol - vivida por<br />
Débora Secco - uma jovem que quer novas possibilidades nos Estados Unidos e blá,<br />
blá, buáááá, sofrerá bastante até conseguir. No caminho encontrará o peão de<br />
boiadeiro Tião, personagem de Murilo Benício e... Bom, será preciso assistir ao<br />
folhetim.<br />
Voltando ao que está acabando Senhora do Destino, a novela mega-sucesso de<br />
Aguinaldo Silva, há considerações a fazer. A primeira - porque não vale falar mal de<br />
quem já foi - é que o autor seguiu com eficiência o manual do teledramaturgo. Se é<br />
que ele existe. Todos os núcleos tiveram amarrações convincentes, tanto para os<br />
personagens que atuavam em situações fechadas, quanto para as histórias que<br />
transcendiam toda a novela. Nazaré ganhou seu lugar no Olimpo das vilãs, na<br />
categoria cruel-engraçada e Maria do Carmo será a protagonista mais sensual de<br />
todos os tempos. Mérito de Suzana Vieira. Na ala endinheirada destaque para o<br />
Barão de Bonsucesso e do mordomo Alfred.<br />
Entre os menos afortunados o interessante foi a descrição verossímil para a<br />
Comunidade da Pedra, com seus jovens ouvindo hip hop, vestindo-se como os<br />
rappers e expressando-se com gírias faladas em âmbitos assim. Boas<br />
caracterizações para Lady Daiane e Cigano, o pai bandido e a filha lasciva, da<br />
família principal deste segmento.<br />
Enfim, Senhora do Destino teve mais acertos do que erros. Mas os erros<br />
incomodaram bastante. Em alguns casos as abordagens foram superficiais, ao<br />
contrário do que prometia o autor. Não sei se por falta de tempo. O único desconto<br />
deve ser dado ao caso da Baronesa Laura, de Glória Menezes. O Mal de Alzheimer,<br />
que ganharia tons de conscientização foi abreviado em decorrência do estado de<br />
saúde do ator Raul Cortez. Alguns assuntos, entretanto, poderiam ter sido mais<br />
aprofundados como a situação dos jornalistas na imprensa brasileira ou na batalha<br />
dos casais homossexuais que optam pela adoção de uma criança.<br />
Assim como o rapto cometido por Nazaré. E outras questões a exemplo da gravidez<br />
da adolescência e da corrupção política. Dirão os mais puristas que se o espaço do
dramalhão se destinasse somente a isso, ninguém assistiria capítulo algum. Pode<br />
ser. Lógico que a trajetória dos imigrantes nordestinos foi o foco principal de<br />
Aguinaldo, ou a família, como o prefere o Senhor do Destino.<br />
MAIS UM DEMÔNIO NO CÉU<br />
Da Redação<br />
Constituído originalmente como Grupo do Luar, a exemplo de outros grupos vocais<br />
da época, o quinteto formado por Arnaldo Rosa, Francisco Paulo Gato, Arthur<br />
Bernardo, Cláudio Rosa e Toninho, foi rebatizado pelo ator Vicente Leporace, que<br />
achava o nome impróprio, muito ‘inocente’. Dessa forma nascia em 1943, o<br />
Demônios da Garoa, um símbolo tão paulistano quanto a pizza, a Avenida Paulista e<br />
o eterno dirigente do Corinthians Vicente Matheus. Reconhecidos também como<br />
músicos virtuoses, os rapazes começaram a despontar para o grande público depois<br />
que conheceram o compositor Adoniran Barbosa, outro símbolo da paulicéia<br />
cosmopolita.<br />
Toninho, o último representante da formação original morreu no dia 25 de fevereiro<br />
em decorrência de complicações causadas pelo câncer de próstata, diabetes e Mal<br />
de Alzheimer. Aos 76 anos o cantor havia se afastado a apenas um ano das<br />
apresentações do conjunto, para a realização de tratamento.<br />
Entre os grandes sucessos que marcaram o grupo vocal mais antigo do país em<br />
atividade – com certificação no Guiness Book – estão Trem das Onze, Samba do<br />
Arnesto e Tiro ao Álvaro. O último trabalho gravado que contou com a participação<br />
de Toninho é “Demônios da Garoa – Ao Vivo 60 Anos”.<br />
Apesar dos pesares, o grupo optou por seguir a agenda de shows, afirmando que<br />
seria a homenagem mais justa ao amigo. A formação atual conta com Sérgio Rosa<br />
(Serginho); Roberto Barbosa (Canhotinho); Ventura Alcade (Bicudo); Sidney<br />
Claudio (Sardinha) e Izael Caldeira.<br />
Dos cascarigundum aos tans tans, os Demônios tornaram-se uma instituição<br />
reconhecida e admirada pelos paulistanos. Com seu jeito italiano-operário do<br />
começo do século eles conseguiram dar à cidade, uma identidade equivalente, a da<br />
malandragem carioca dos primórdios do samba.<br />
O gingado, um pra lá e outro pra cá dos músicos para interpretar as letras do poeta<br />
Adoniran garantiram para sempre um lugar entre os ‘bambas’ do gênero. E a<br />
presença de Toninho presente nos anais de qualquer discussão a respeito do<br />
assunto. Como diria uma das composições celebradas por eles, “não me diga<br />
adeus, por favor, que a saudade é cruel”. E como.
AND OSCAR GOES TO...<br />
Por Adriana Brito<br />
Eu odeio o Oscar. Não o Oscar Niemeyer, embora desdenhe um pouco de suas<br />
criações. É o Oscar, prêmio. Que não deveria vir naquela imagem e sim um enorme<br />
Tio Sam de latão, daqueles que servem para produzir as balas de metralhadoras e<br />
de fuzis pros americanos derrubarem a soberania alheia. Em contrapartida, adoro<br />
cinema, inclusive os chamado arrasa-quarteirão, daqueles para assistir com pipoca.<br />
Mesmo assim, o Oscar tem uma representação péssima para cineastas latino-<br />
americanos, europeus, africanos e asiáticos. Enfim, para o restante da categoria no<br />
mundo. Porque sabem que nunca serão premiados. E que esta certeza sempre<br />
deixará neles o estigma de amadores, alimentados por parte da imprensa e dos<br />
críticos.<br />
Não chamaria de discriminação o que acontece neste evento. É ufanismo mesmo.<br />
Mas num sentido torto da palavra, dos poderosos da Academia de Artes e Ciências<br />
Cinematográficas, em sua maioria formada por judeus-americanos que adoram<br />
produzir filmes como a Lista de Schindler, mas que evidenciam a exaustão, a<br />
diferença. Daí que sempre acontecem discrepâncias o reconhecimento dado a<br />
artistas negros e brancos. Só para mencionar a prata da casa. Curioso, porque a<br />
comunidade judaica tem em seus registros históricos, uma perseguição que chegou<br />
aos limites animalescos causados pelo exército de Hitler.<br />
Nesta edição, os representantes da Academia disseram que este seria o Oscar da<br />
diversidade. Mas que se entenda bem, indicar não significa recompensar. Afinal de<br />
contas, o que movimenta uma premiação destas é o sucesso financeiro da indústria<br />
cinematográfica. É o fato de que a supremacia norte-americana deve ser<br />
alimentada, cooptando um público cada vez maior. Para se ter uma idéia o<br />
faturamento dos estúdios da Warner Bros. Pictures Internacional atingiu a casa de<br />
US$ 1,2 bilhão só no primeiro semestre de 2004. Acontece que sem os outros<br />
mercados provavelmente essa máquina quebraria. No Brasil a empresa teve<br />
retornos positivos, mesmo em longas medianos como o Último Samurai, com<br />
inacreditáveis 2,7 milhões de espectadores e Tróia com 3,5 milhões.<br />
Então para agradar o público de outros países – sobretudo os pobres latinos – são<br />
colocados alguns títulos nas categorias sem muita importância e, que ninguém do<br />
meio leva a sério, como a de filme estrangeiro. E quando as diferenças se tornam<br />
evidentes, insere-se alguns nomes nas modalidades mais expressivas.
E a emenda fica pior do que o soneto. Foi o que se viu com o uruguaio Jorge<br />
Drexler, autor de “Al Otro Lado del Rio”, canção de “Diários de Morocicleta”, do<br />
brasileiro Walter Salles. Impedido de defender sua composição na festa ele foi<br />
substituído pelo ator espanhol Antonio Bandeiras e pelo guitarrista mexicano Carlos<br />
Santana. Ou como preferem os tais da Academia, tudo a mesma porcaria latina.<br />
Tanto que, segundo os jornais, quando soube da inclusão de duas músicas<br />
estrangeiras para concorrer à categoria melhor trilha sonora, o produtor da festa Gil<br />
Cates pediu a recontagem dos votos para saber se, de fato, tratava-se de algo<br />
válido.<br />
Infelizmente o uruguaio recebeu o prêmio e, mesmo cantando ao invés de<br />
agradecer, deixou claro que ainda que as condições sejam diferentes, as pessoas<br />
gostam mesmo é do Oscar. Aliás, todo mundo, menos eu.<br />
VOCÊ SABE O QUE É YÔGA?<br />
Por Renato Daidone<br />
Entre os dias 25 e 27 de Março, vai acontecer em São Paulo no Grand Mercure<br />
Hotel – Ibirapuera, a IV Semana Internacional do SwáSthya Yôga. O evento irá<br />
reunir as maiores autoridades de Yôga em todo o mundo. Entre os ministrantes<br />
estará presente o Mestre DeRose, sistematizador mundial do Yôga Antigo –<br />
SwáSthya Yôga, decano da Universidade de Yôga. Ministrantes de Portugal,<br />
Argentina e França também irão marcar presença nos muitos workshops<br />
GRATUITOS que irão acontecer durante os três dias do evento.<br />
A IV Semana Internacional do SwáSthya Yôga chega à sua quarta edição recheada<br />
de novidades. A organização do evento está sendo feita pelo Sindicato Nacional dos<br />
Profissionais de Yôga. A Presidente Profa. Rosana Ortega, Discípula do Mestre<br />
DeRose, fala das novidades: “A cada ano apresentamos a Semana com uma nova<br />
cara, a evolução é constante.” A Profa. Rosana comenta ainda que este evento é<br />
aberto ao público em geral, e não só aos praticantes de SwáSthya Yôga: “Desta vez<br />
reforçamos o caráter integrativo da semana. O aluno que quer mostrar aos amigos<br />
ou familiares o que é o Yôga vai ter a chance de trazê-los para assistir aos<br />
workshops totalmente gratuitos que vão estar acontecendo durante o evento.<br />
Queremos que o maior número de pessoas que se identificam com o nosso<br />
trabalho, tenham a chance de conhecer os melhores ministrantes de várias regiões<br />
do mundo,” conclui.
MICHAEL E A TERRA DO NUNCA<br />
Por Helen Pessoa<br />
Ídolo mundial, Michael Jackson vive seus piores momentos desde que foi<br />
formalmente acusado de abusar sexualmente de um menor de idade. Levado para<br />
júri popular, o astro tenta provar inocência.<br />
A biografia de Jackson é permeada de controvérsias. Ainda na infância, foi inserido<br />
na banda familiar “Jackson Five”, pela matriarca, que os obrigava a cumprir uma<br />
rotina cansativa de shows e apresentações em rádios e televisões. Tarefa<br />
completada, Michael quis voltar a ser criança – o que nunca foi de fato –, ter<br />
amigos pequeninos e muito tempo para se dedicar à diversão.<br />
Vestido da inocência infantil, o astro permitiu que um jornalista o acompanhasse<br />
diariamente em suas atividades, certo de que assim, desmistificaria o personagem.<br />
Errou.<br />
O documentário insinua práticas pedófilas. Uma interpretação vaga, sem subsídio<br />
algum, que se baseia num comportamento atípico, cuja explicação está descrita na<br />
literatura médica. Michael Jackson quebrou as barreiras do aceitável. Mudou as<br />
feições, a cor da pele e o cabelo na esperança de ser outra pessoa. Criou um nada<br />
– emaranhado de retalhos humanos sem personalidade.<br />
Agora, “Michael Pan” tem que se mostrar. Uma criança grande cheia de traumas,<br />
revoltas, angústias e medos. Imaturo. Do lado oposto, outra mulher. A mãe vítima,<br />
instiga os filhos a denunciá-lo (ela foi recentemente condenada por cometer<br />
perjúrio). Ironia, afinal, o réu é o mesmo homem que acolheu e pagou o<br />
tratamento de câncer do suposto menino molestado.<br />
NOS DOMÍNIOS DA IGNORÂNCIA<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Qual será o conceito mais adequado para determinar o significado da vida? Sempre<br />
me faço essa pergunta quando a ignorância transcende o aceitável. É sabido que o<br />
duo entre religião e evolução não combina. Porém, conduzir a humanidade ao<br />
abismo, é intolerável.<br />
O Papa João Paulo II gravou seu nome na história, não pelas conquistas (sic), mas<br />
sim pelo sofrimento intrínseco. Dá pena. Entretanto, mesmo agonizante, o símbolo<br />
máximo do cristianismo, continua pregando austeridade. Camisinha, pílula
anticoncepcional e outros tantos artifícios para não superlotar a Terra ainda são<br />
vistos como afrontas.<br />
Para azedar ainda mais, o bispado tupiniquim não admite (dá calafrios de falar a<br />
palavra) o aborto – nem em caso de estupro, ou de risco de morte para a mãe –<br />
defendendo o permanente estado de hipocrisia. Em nações mais avançadas, a<br />
interrupção da gravidez indesejada é permitida, sendo a mulher considerada dona<br />
do próprio corpo e responsável por suas decisões.<br />
No Brasil, onde a cultura de estupidez é notória, até a esquerda dominante do<br />
governo recusa-se a opinar. Enquanto o sistema de saúde mostra a conta dos<br />
“abortos caseiros”, quase sempre resultantes em mortes, o coro dos religiosos<br />
exige punição.<br />
É demais obrigar que uma mulher violentada sofra novo abuso ao carregar a prova<br />
de um crime hediondo. Pior, levar no ventre durante nove meses, uma criança com<br />
má formação grave, que não sobreviverá nem as primeiras vinte e quatro horas.<br />
Talvez, para a Igreja, acostumada a encobrir tantos desvios sociais, isso não seja<br />
ruim. Afinal, como diz na Bíblia, “vinde a mim as criancinhas”...<br />
O AVESSO DO AVESSO<br />
Por Patrícia Favalle<br />
A população carcerária brasileira é uma das mais altas do mundo. Além de custar<br />
caro para o governo, não existem programas eficazes para que os condenados<br />
retornem à sociedade em condições de igualdade.<br />
Trocando em miúdos, o presidiário tem como destino certo a volta ao crime. Mesmo<br />
cenário que os jovens infratores encontram. A FEBEM, constituída para regenerar, é<br />
uma calamidade, cercada de arbitrariedades. A Fundação tem sido alvo freqüente<br />
de Organizações Não Governamentais que, em coro, exigem reformas urgentes.<br />
O Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin – que ambiciona concorrer à<br />
Presidência da República em 2006, entendeu o recado e tratou de demitir todos os<br />
funcionários.<br />
Ainda é pouco. A FEBEM vive dias tumultuados, com fugas em massa, rebeliões e<br />
histórico de abusos. No último motim, duas educadoras foram molestadas, sendo<br />
uma delas, violentada por quatro menores.<br />
Longe de cumprir o objetivo de resgatar cidadãos, há décadas a FEBEM imprime<br />
uma política que mistura ociosidade e paternalismo, acreditando que o cárcere tem<br />
poder curativo. Não é verdade. Quem comete um crime deve ser punido,<br />
entretanto, não adianta apenas trancafiar, precisa investir em educação e cursos
profissionalizantes, além de atendimento com psicólogos. É só desta forma que a<br />
superlotação carcerária será reduzida e, enfim, a sociedade poderá descansar.<br />
O SEGREDO DO SUCESSO<br />
Por Hugo Dourado<br />
Algumas decisões são fundamentais para o sucesso na vida pessoal e<br />
principalmente na profissional. A mais acertada de todas é não mudar o que está<br />
dando certo e, se possível, melhorar. Ta aí a explicação para o desempenho<br />
arrasador do São Paulo no Campeonato Paulista.<br />
Enquanto muitas equipes do país mudaram de treinador, trocaram seus elencos e<br />
tiveram tensos momentos de briga política, o clube do Morumbi fez exatamente o<br />
contrário. Dispensou jogadores que estavam encostados e não seriam<br />
aproveitados, recuperou atletas que pareciam acabados para o futebol, manteve<br />
seu treinador, vendeu somente o necessário e contratou certo.<br />
Só vejo, no Brasil, o Cruzeiro com um time equilibrado e que possa fazer frente ao<br />
tricolor do Morumbi. Nem o Santos, que é o atual campeão Brasileiro, está num<br />
bom momento. A notória saída de Robinho no meio do ano será o desfecho da<br />
queda de rendimento do time. Acredito também que o Oswaldo de Oliveira não<br />
fique por muito tempo no comando da equipe. Até agora ele não conseguiu fazer o<br />
time jogar um futebol vistoso, como acontecia desde 2002. E tempo ele já teve,<br />
afinal estamos em março, já foram mais de dez rodadas do Paulistão. Então falta<br />
de tempo não é desculpa pra ninguém. Estão escutando senhor Kia e senhor<br />
Dualib?<br />
Ontem vi o jogo do Corinthians, mas não vou comentar a apatia do time, após levar<br />
o segundo e o terceiro gol. Só vou lembrar de um fato curioso. Quando a equipe de<br />
Parque São Jorge pseudo-dominava a partida, o Casagrande falou. “Já vi esse<br />
filme, em 85 o Corinthians montou um super time e não ganhou nada”. Será o<br />
Casão um profeta?<br />
MENINA ESTRANHA<br />
Por Helen Pessoa<br />
Bem que Nelson Rodrigues já advertia, “bonitinhas são, quase sempre, ordinárias”.<br />
É isso aí. Linda, deslumbrante e com um temperamento digno de pittbull. Daniella<br />
Cicarelli é um exemplo que as mulheres são surpreendentes.
Quem, em sã consciência, olharia para o lado se estivesse na companhia da moça?<br />
Imagino que os lindos olhos e o fantástico par de pernas não sejam suficientes para<br />
tanto entretenimento, absurda insegurança.<br />
O amor é mesmo de impressionar. De ambientes distintos – Ronaldo é o menino<br />
pobre, da favela, que conseguiu ganhar o mundo pelo futebol impressionante,<br />
enquanto Daniella é bem nascida e conquistou a fama por conta da beleza<br />
intrínseca. Será mesmo, que se Ronaldo, o fenômeno, ainda fosse o rapaz simples<br />
de dentes protuberantes, Daniella haveria de se apaixonar subitamente? Eis uma<br />
pergunta que sempre me interpela.<br />
Contudo, diante do inegável, os dois pseudo-pombinhos uniram-se numa pseudo-<br />
cerimônia, abençoada por um pseudo-padre, cercados por pseudo-celebridades.<br />
Apenas uma merece atenção especial – Caroline Bittencourt. Depois de ter sido<br />
expulsa da festa da Cinderela, a moçoila passou a condição de super requisitada,<br />
com um salto de 900% no cachê habitual – quase uma Bündchen.<br />
Estrelismos à parte, Daniella promete. Vale a pena ficar de olho, afinal, nobres<br />
barracos são tão raros...<br />
A VOLTA DOS ARGENTINOS<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Coube a empresa MSI, parceira do Corinthians, reativar a migração de argentinos<br />
para o futebol brasileiro, algo corriqueiro há três décadas. Hoje, os atletas<br />
Sebastián e Carlitos Tevez, e o treinador Daniel Passarela ampliam a lista de<br />
platinos que fizeram sucesso por aqui.<br />
Nos anos 40, o São Paulo contava com o futebol elegante do então zagueiro<br />
Armando Renganesch, que posteriormente se transformou num treinador<br />
qualificado na montagem de equipes com refinado toque de bola. Mesmo destino<br />
seguiu o goleiro José Poy, quando abandonou a carreira de jogador. O diferencial é<br />
que o argentino Poy, enquanto treinador, tinha filosofia de disciplinador. Exigia que<br />
o jogador estivesse em forma para render aquilo que era capaz.<br />
Da escola Argentina também se sobressaíram no futebol brasileiro os técnicos<br />
Nelson Ernesto Filpo Nuñes, Jim Lopes e José Agnelli. Filpo Nuñes foi o responsável<br />
pela academia do Palmeiras, em 1965. Folclórico ou não, o certo é que se<br />
identificou tanto com o Verdão que várias vezes foi chamado para comandar o<br />
time. Lopes fez sucesso no São Paulo e Agnelli foi um cigano’ no interior paulista,<br />
até fixar residência em Ribeirão Preto, onde morreu na década de 90.
A migração de ‘boleiros’ argentinos começou a ganhar destaque nos anos 40. O<br />
Palmeiras, por exemplo, foi buscar o zagueiro Luis Villa, de estilo clássico e incapaz<br />
de dar um pontapé no adversário. Por isso, num clássico com o Corinthians, foi<br />
humilhado pelo meia Luizinho.<br />
O São Paulo não deixou por menos e trouxe o meia Sastre, um dos melhores<br />
jogadores de todos os tempos da história do clube. Na década de 40, ele integrou<br />
um ataque formado por Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Pardal.<br />
Na década de 60, na ganância de ganhar a Copa Libertadores da América, o<br />
Palmeiras foi buscar em Buenos Aires o ‘matador’Luis Artime, um emérito<br />
cabeceador. O título não veio, mas Artime cravou sua fama de artilheiro no Verdão.<br />
Acreditem: no mesmo período passou quase que despercebido no Juventus –clube<br />
da capital paulista- o então jogador Cesar Luis Menotti, que posteriormente<br />
conquistou o título mundial como técnico da Seleção Argentina de Futebol, na Copa<br />
do Mundo de 1978.<br />
Os exemplos bem sucedidos desta corrente migratória animaram o Santos a entrar<br />
na ‘dança’ e assim vieram o zagueiro Ramos Delgado e o goleiro Cejas, entre as<br />
décadas de 60 e 70. Ramos Delgado tinha o tempo exato da bola e sabia tomá-la<br />
do adversário sem recorrer às faltas. Lembrava o estilo do lendário Mauro Ramos<br />
de Oliveira, enquanto Agostín Mario Cejas trouxe ao Brasil a coragem dos goleiros<br />
platinos na saída da meta. Era comum vê-lo interceptando cruzamentos na marca<br />
de pênalti.<br />
Na mesma época, o Cruzeiro se garantia na defesa com o futebol eficiente do<br />
zagueiro Perfumo, enquanto o Flamengo dependia dos gols do centroavante Doval,<br />
que os comemorava, invariavelmente, próximo ao fosse da geral do Maracanã, com<br />
os punhos cerrados e corpo curvado para frente.<br />
Curioso é que aos 13 anos de idade, em ‘peladas’ na Argentina, Doval era goleiro e<br />
saía driblando adversários após as defesas. Por isso, foi deslocado inicialmente para<br />
o meio-de-campo e, posteriormente, ao ataque. Doval morreu aos 46 anos de<br />
idade, em 12 de outubro de 1991, ao sofrer um enfarte fulminante, após deixar<br />
uma boate da Galeria Alvear, em Buenos Aires.<br />
A TRISTE SINA DO FINAL<br />
Por Ariana Brink<br />
Está na cultura do povo brasileiro assistir novela. Padrão de qualidade reverenciado<br />
na televisão, a Rede Globo é dona de sucessos e recordes de público. Caso da<br />
recém terminada ‘Senhora do Destino’.
A trama assinada por Aguinaldo Silva conseguiu proezas – como transformar uma<br />
história mal estruturada e com erros cronológicos sérios, em febre nacional. A<br />
média do IBOPE ficou em 56 pontos, chegando a casa dos 60 no capitulo final.<br />
Os telespectadores grudaram na telinha para torcer pelo amor de Giovanni<br />
Improtta (José Wilker) e Maria do Carmo (Suzana Vieira). Mas, nestes minutos<br />
terminais, eis que o autor perdeu a mão – e o gancho – literalmente, arruinou o<br />
folhetim.<br />
Na pior versão mexicana, o enredo perdeu-se na morte do pseudo-vilão Reginaldo.<br />
Do Carmo foi uma mãe negligente, que esqueceu dos filhos para dedicar-se<br />
exclusivamente a encontrar a filha roubada. Talvez para incitar que os políticos<br />
corruptos sejam execrados (ou apedrejados) em praça pública, Aguinaldo deu a<br />
dica e lá se foi a melhor punição para os ladrões: perder o poder.<br />
Como a tendência é piorar, Nazaré (Renata Sorah) saltou de bump-jump da ponte<br />
do rio São Francisco, num misto de pieguice e idiotice, redimindo-se das maldades.<br />
Ou seja, no final, prevalece a máxima do irreal, de que o bem vence o mal. O<br />
desfecho, entretanto, foi ainda mais tenebroso. Do nada, um amontoado de<br />
familiares reunidos no portão da casa, com taças em punho, ouviram baboseiras<br />
proferidas por Maria do Carmo, e, o Fim chegou. Ainda bem que tinha legenda - era<br />
o fim... Fim das minhas esperanças de assistir um "The End" inesquecível.<br />
ABRIL <strong>2005</strong><br />
DIÁRIOS ASSOCIADOS DE DEUS<br />
Por Adriana Brito<br />
Um dos templos mais invadidos na história brasileira é a sacrossanta imprensa.<br />
Políticos do chamado ‘baixo clero’ ainda são os maiores piratas da comunicação.<br />
Entretanto, neste domínio de barbas ruivas, novos corsários tomam corpo. São os<br />
missionários da palavra. E daí que, tanto os representantes de religiões históricas<br />
como os católicos, quanto as jovens neopentecostais vêem emissoras de rádio e de<br />
televisão, jornais e revistas como ‘terras a serem griladas’. Sobretudo, aquelas com<br />
graves problemas financeiros.<br />
Em primeiro lugar é um tanto hipócrita o fato de um veículo de comunicação não<br />
poder agregar parceiros empresariais de fora do país. A hipótese de que haveria<br />
uma americanização da cultura é obsoleta, idéia velha, do tempo da ditadura.<br />
Observem-se as emissoras que fazem parte do sistema a cabo. Há programas de<br />
todos os gêneros, de origens diferentes e que em muitos casos apresentam
matérias de qualidade. É, portanto, de uma arrogância extrema crer que a<br />
audiência seja burra.<br />
Imaginar que a exibição de sitcoms, filmes, telejornais de outros países pretere a<br />
mão-de-obra local, deturpa a noção de realidade social e atrapalha do<br />
desenvolvimento cognitivo seria tão válido como apostar no projeto de lei do<br />
deputado Aldo Rebelo (PC do B - SP), que extingue o uso de palavras de outros<br />
idiomas em suposta defesa à língua portuguesa.<br />
Qual seria o problema da Gazeta Mercantil, por exemplo, que agoniza há tempos, e<br />
que despediu recentemente o que restava de sua redação, firmar um acordo com a<br />
Samsung, a Microsoft ou a Coca-Cola?<br />
É muito melhor – em nome da soberania – que uma seita qualquer tome em mãos<br />
veículos como o Jornal do Brasil ou o Dia. É o que pretende a Igreja Universal do<br />
Reino de Deus. Expandir um império que já incomoda jornalistas e comunicadores,<br />
mas que ao que parece, não surte efeito nas esferas federais.<br />
Veiculado pelo site Comunique-se (www.comuniquese.com.br), a informação ainda<br />
aponta que o jornal de propaganda ideológica da organização “Folha Universal”<br />
obtém a marca de ‘maior circulação e lucro do país’, com mais de 1 milhão e<br />
oitocentas mil cópias vendidas em suas igrejas. Vale lembrar que o grupo ainda<br />
detém a Rede Record, a terceira emissora do país e o diário Hoje em Dia, de Belo<br />
Horizonte.<br />
Ainda na matéria de Milton Coelho da Graça foi citada a contra-ofensiva da Igreja<br />
Católica, que em decorrência do levante evangélico incorporou a Rede Capital. É<br />
também dona de emissoras de televisão como a Rede Vida. Desse modo, não se<br />
espantem se daqui a alguns anos, ao invés de William Bonner e Fátima Bernardes<br />
despedirem-se do público com o conhecido “Boa-Noite”, tenham que clamar em<br />
tom emocionado, “Amém, irmão”. Novos tempos vêm aí.<br />
GUARDA-ROUPAS DE REDAÇÃO<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
Quando a redação fica na casa da gente, o risco de que o guarda-roupas se torne<br />
um grande baú de velharias é altíssimo. Aqui na 14 o andar não seria diferente. O<br />
móvel de madeira popular, molas e dobradiças puídas, aparenta, à primeira vista,<br />
uma grande confusão. Essa possível desordem, entretanto, nada mais é que um<br />
sistema anárquico e livre de preconceitos e hierarquias. Afinal, tudo que está ali<br />
dentro tem seu próprio valor, incomparável.
Não tem prioridade e, devido a isso, não há regalias. Todos os objetos, papeladas,<br />
fotografias e possíveis documentos são iguais perante a lei – que não existe – e se<br />
amontoam freqüentemente numa só bola de neve, que, no entanto, nunca rola<br />
morro abaixo. E isso é arte de diretor de redação bom, cuja peteca nunca cai de<br />
vez. Aqui na 14 o , o guarda-roupas vale ouro.<br />
Foi de lá que resgatei uma foto importante, do arquivo considerado morto por<br />
muitos. Uma foto viva. Aí do lado esquerdo superior, de preto e branco, está a<br />
dona Maria Juliana Pedro Rodrigues, do Recanto do Miruna (recanto dos negros em<br />
tupi). Há cerca de três anos, fui fazer uma matéria na Ilha do Cardoso, no Vale do<br />
Ribeira, e passei por Cananéia, onde conheci algumas figuras eternas da Terra,<br />
inclusive o delegado, minutos antes do sol nascer, no último boteco aberto para<br />
uma cerveja.<br />
Grupo de dança afro coordenado pela dona Maria<br />
Juliana<br />
No Recanto, Maria Juliana (espero que<br />
esteja firme e forte) comanda o<br />
quiosque, de comida baiana. Na sua<br />
casa, cerca de 20 crianças e 50 adultos<br />
(número citado à época) participam de<br />
reuniões para a prática de dança afro.<br />
Tudo em homenagem à Mãe Preta, cuja<br />
festa se realiza em 13 de maio.<br />
E falando em reciclar, quem gosta mesmo disso é o Tião da Fiel. Conhecemo-nos<br />
na praça, numa noite friorenta, regada à pinga do João Rios, que tem adega na rua<br />
Tristão Lobo, 275 (em frente à praça principal), onde fica o quiosque (ou pelo<br />
menos ficava) da Maria Juliana.<br />
Tião é estranho, mais estranho do que estranho. Corinthiano roxo, fiel; de pescador<br />
tornou-se rendeiro, agora mexe com rede. Se não me engano, seu telefone é (13)<br />
3851-0324. Podem ligar, caso tenham uma pescaria marcada. A checagem da rede<br />
é essencial, para que nenhum pedacinho da diversão seja desperdiçado. A rede é a<br />
base, que assegura e garante o pão. E tenho a impressão que já escrevi essa<br />
matéria, mas deve ser de tanto encontrar essa fotografia no arquivo.<br />
HIPOCRISIA SEM LIMITES<br />
Por Helen Pessoa<br />
Depois de 15 anos em estado vegetativo, Terri Schiavo morreu. Parece um alívio,<br />
mas para a sociedade hipócrita e tradicional norte-americana, Terri mereceia viver,<br />
mesmo que em condições desumanas, afinal, “Deus” determinou seu destino.
O pensamento é um tanto paradoxal, e gera discussões inflamadas. De um lado, o<br />
marido de Terri lutava nos tribunais para que os tubos que a mantinham viva<br />
fossem desligados, alegando que era o desejo da mulher. Do outro, os pais pediam<br />
em tom desesperador, que a guarda da moribunda fosse lhes dada.<br />
Entretanto, embora seja um assunto delicado, Terri já havia perdido a sua condição<br />
humana, já que seu cérebro sofreu danos irreparáveis. A batalha judicial chegou ao<br />
fim com a decisão de que a vida deveria seguir seu ciclo natural e que os tubos que<br />
a alimentavam fossem desligados.<br />
Os familiares de Terri tentaram todos os recursos – até a Casa Branca – para<br />
reverter o veredicto. Em vão. Há duas semanas Terri Schiavo, então com 41 anos,<br />
teve os tubos removidos. Nada sentiu, nem fome, nem sede, nem dor.<br />
A história desta americana de classe média chegou ao fim em 31 de março,<br />
levantando a questão sobre a eutanásia. Será que uma pessoa deve permanecer<br />
viva artificialmente, sem esperanças de cura, por tantos anos? E quem tem o poder<br />
de decidir sobre nossas próprias vidas? Para a sociedade fica a reflexão.<br />
É TUDO VERDADE?<br />
Por Adriana Brito<br />
Depois de amargar no limbo da indústria cinematográfica, finalmente o<br />
documentário ganha espaço entre telas, projetores e platéias de todo o mundo.<br />
Relegado a condição de filme independente, de experimento para futuras<br />
linguagens e tendo seu material utilizado como insumo de grandes produções<br />
ficcionais, o gênero chega num patamar bastante otimista. O mérito, é claro, não<br />
deve se ater a Michael Moore, embora sua habilidade no mais tosco marketing<br />
pessoal seja de se respeitar.<br />
Tanto que depois do sucesso de “Tiros em Columbine” e “Farenheit 11” conseguiu<br />
um programa de televisão, que lhe deu a oportunidade de sedimentar seu estilo<br />
nerd-contundente em pequenas doses. Para quem nunca assistiu, o programa é<br />
exibido atualmente pelo Sony Entertainment Television, aos sábados. Dividido em<br />
24 episódios “The Awful Truth” tem meia hora de duração e foi produzido pelo canal<br />
americano Bravo.<br />
Seguindo a linha ‘espetáculo Morgan Spurlock, com “Super Size Me – A Dieta do<br />
Palhaço” foi à frente das câmaras para servir também de ator de seu projeto. Outro<br />
sucesso garantido.<br />
A produção de um filme-documentário tem custos modestos, porque em sua<br />
maioria não demandam a contratação de atores, nem a construção de grandes
cenários ou a utilização de efeitos especiais, o que os torna muito mais atraentes<br />
para países que contam com poucos recursos para sua realização.<br />
Entusiasmados com a repercussão em torno de Moore e Spurlock, os brasileiros<br />
decidiram tirar algumas idéias da gaveta e transformaram o ano de 2004, num<br />
marco para o cinema-verdade. Alguns títulos tiveram bons resultados comerciais e<br />
outros serviram como parceiros neste processo de retomada. “Pelé Eterno”, de<br />
Aníbal Massaini Neto, tornou-se um sucesso de vendas em DVD. Já “Glauber, o<br />
Filme”, foi aplaudido pela crítica e extensamente divulgado pela imprensa. Nos<br />
festivais de cinema uma das vedetes foi “Ônibus 174”, sobre o seqüestro do ônibus<br />
ocorrido em junho de 2000, muito bem amarrado pelo diretor José Padilha.<br />
Entretanto a visibilidade do documentário no Brasil deve créditos a Amir Labaki,<br />
criador do festival “É Tudo Verdade”, que neste ano festeja sua 10ª edição, num<br />
tom político. A mostra começa no dia 29 de abril e vai até 10 de maio, se dividindo<br />
entre São Paulo e Rio de Janeiro (todas as informações estão disponíveis no site<br />
www.etudoverdade.com.br). O “Cérebro de Bush”, de Joseph Mealey e Michael<br />
Paradies Shoob e a homenagem feita a Robert Drew têm recebido grande destaque<br />
dos organizadores. Mas a programação guarda trabalhos valiosos. É preciso<br />
garimpar, para não ficar de fora da discussão. Afinal de contas, não é tudo<br />
verdade?<br />
ZIZINHO, O CRAQUE COMPLETO<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Alô são-paulino. Risque o fósforo, acenda o rojão e comece a comemorar o título<br />
paulista de <strong>2005</strong>, porque ele é seu e ninguém tasca. E para homenagear a galera<br />
do São Paulo, a coluna reconta a história de Zizinho, um dos maiores ídolos de<br />
todos os tempos do clube.<br />
Se você não sabia, então fique sabendo que 'mestre Ziza' serviu de inspiração para<br />
o rei Pelé. Zizinho morreu abruptamente numa sexta-feira de Carnaval, dia 8 de<br />
fevereiro de 2001, quando conversava com a filha Nádia, de madrugada. De<br />
repente, ele passou mal e foi embora aos 80 anos de idade. Zizinho tinha um<br />
coração de anjo, mas era esquentado em campo. Para zagueiros botinudos<br />
mandava um recado curto e grosso: "Bateu em mim, tem troco". Vingativo, tanto<br />
podia dar resposta em dez minutos, uma semana ou até um ano. Era pacencioso.<br />
Esperava o momento certo do ajuste de contas.
Entre as muitas frases de efeito do jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues -já<br />
falecido- uma era dedicada a mestre Ziza: "Não há bola no mundo que seja<br />
indiferente a Zizinho. Embora não tivesse comemorado título pela Seleção<br />
Brasileira, mestre Ziza foi campeão atuando por clubes. Depois da passagem pelo<br />
Bangu, comemorou o tricampeonato pelo Flamengo (1942/43/44) e conduziu o São<br />
Paulo àquele título inesquecível em 1957. O Tricolor paulista tinha um timão e<br />
contava no ataque com os gols de Gino Orlando.<br />
Antes do reinado de Pelé, pode-se dizer que Zizinho era o banbanban do futebol.<br />
Arrancava aplausos com dribles curtos, passes impecáveis e chutes certeiros. E<br />
essas virtudes serviram para que fosse rotulado como melhor jogador da Seleção<br />
Brasileira na Copa do Mundo de 50. Foi o condutor daquele time fantástico que<br />
massacrou adversários e chorou com a inesperada derrota por 2 a 1, na final contra<br />
o Uruguai, no Maracanã.<br />
Thomas Soares da Silva mostrou seu futebol clássico por quase 18 anos e marcou o<br />
primeiro gol com a camisa da Seleção Brasileira em 1942, na goleada por 5 a 1<br />
sobre o Equador. A última vez que marcou gol jogando pelo selecionado foi no<br />
massacre por 9 a 0 sobre a Seleção da Colômbia, em 1957. É impossível recordar<br />
a tragédia de 1950, no Maracanã, sem lembrar do goleiro Barbosa e do atacante<br />
Ademir de Menezes, o Queixada (ambos falecidos). Barbosa foi um campineiro que<br />
iniciou a carreira na Ponte Preta e depois se transferiu para o Vasco. E como<br />
Barbosa foi criticado naquela decisão contra os uruguaios!<br />
Quanto ao Queixada, era um atacante com arrancadas que lembravam Ronaldo, do<br />
Real Madrid. A rigor, foi graças ao Queixada que surgiu o quarto-zagueiro no<br />
futebol brasileiro. Antes, as defesas eram formadas por três atletas: dois laterais e<br />
o zagueiro de área. O meio-de-campo tinha dois jogadores e o ataque contava com<br />
dois ponteiros enfiados e dois meias que encostavam frequentemente no<br />
centroavante.<br />
De 1950 pra cá, o Brasil disputou 14 Mundiais e até hoje nenhum jogador atingiu a<br />
marca histórica de nove gols durante esta competição, como Queixada na Copa de<br />
50. Depois do tricampeonato pelo Flamengo, Ademir de Menezes foi campeão<br />
carioca mais quatro vezes pelo Vasco (1945/49/50 e 52) e uma pelo Fluminense,<br />
em 1946. Ademir não conseguiu ficar fora do futebol quando pendurou as<br />
chuteiras. Sem aptidão para ser treinador ou supervisor, preferiu a cômoda posição<br />
de comentarista esportivo de rádio, no Rio de Janeiro.
EM DEFESA DOS PALHAÇOS<br />
Por Sandi Dias<br />
“Vamos criar as condições para que todas as pessoas no nosso país possam comer<br />
decentemente três vezes ao dia, todos os dias, sem precisar de doações de<br />
ninguém. O Brasil não pode continuar convivendo com tanta desigualdade.<br />
Precisamos vencer a fome, a miséria e a exclusão social. Nossa guerra não é para<br />
matar ninguém – é para salvar vidas”. A frase é do presidente Luis Inácio, o Lula. E<br />
o assunto, o Fome Zero. Uma das principais bandeiras de sua campanha. Imagine o<br />
indivíduo que não tinha alimento para si e para os seus, ouvindo a grande proposta<br />
do companheiro, como raciocinou no momento do voto.<br />
Prometer comida a alguém é uma das coisas mais imorais que existe. Como diria a<br />
frase do programa “Natal Sem Fome”, do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho,<br />
“quem tem fome, tem pressa”. Esta sim, uma iniciativa interessante. Betinho nunca<br />
se fez em cima da pobreza de ninguém. Poderia dedicar sua vida a lutas mais<br />
próximas, de bandeiras que lhe seriam providenciais. Era hemofílico e, assim como<br />
os irmãos, o cartunista Henfil e o compositor, Chico Mário, ele foi contaminado pelo<br />
vírus da AIDS. Resolveu, então, ajudar quem nem conhecia. E já em 1993 fundou o<br />
Conselho Nacional de Segurança Alimentar.<br />
Por definição o Fome Zero ‘é uma política pública’. E como primeiro ato para sua<br />
concretização, o presidente instituiu um Gabinete da Mobilização Social. Ou seja,<br />
mais colaboradores para o dízimo petista, como gosta de alertar o articulista Diogo<br />
Mainardi. E por que o PT não destina 10% destes 10% ao programa do Lula, já que<br />
até agora a única colaboradora conhecida foi a top model Gisele Bündchen?<br />
Daí o Gabinete da Mobilização Social criou uma rede de educadores populares,<br />
chamados toscamente de ‘TALHERES’. E no faqueiro do governo couberam 600<br />
novas peças. Ou seja, mais contribuintes para a causa do PT. Este sim, o grande<br />
programa de assistência do executivo.<br />
Diz-se que quando Lula lançou o FZ fez questão de pontuar que não se tratava de<br />
uma promessa de campanha ou de uma meta de governo, e sim, de um desafio à<br />
sociedade. Sendo assim, a população deveria devolver educadamente o desafio ao<br />
presidente. Para que os famintos tenham condições às tais “... três refeições ao<br />
dia...”, que seja difundido e praticado, o “Imposto Zero”.<br />
A gente não paga nada ao governo e ele fica do jeito que está. Sem fazer nada. Já<br />
que a população é tributada duas vezes, já que está incutido no costume nacional,<br />
pagar para ter, ninguém estranharia a nova resolução. Talvez a popularidade dele<br />
ficasse abalada entre seus atuais companheiros, como Severino Cavalcanti e
Robero Jucá. A nós, resta apenas ocupar nosso lugar neste circo. Hoje tem<br />
marmelada???<br />
A FÓRMULA 1 MUDOU DE COR<br />
Por Hugo Dourado<br />
Este início de temporada mostra que o grande objetivo, nas mudanças implantadas<br />
na Fórmula 1, está sendo cumprido. Acabar com a Ferrari. A escuderia italiana não<br />
conseguiu se achar nas três primeiras provas do ano, e podemos dizer que até<br />
passou vexame. Não fosse a brilhante corrida de Barrichello na Austrália, não<br />
teríamos visto, pela primeira em muitos anos, um macacão vermelho no pódio<br />
nestas primeiras etapas.<br />
Agora uma coisa precisa ser dita, a tão sonhada disputa por posições, os pegas<br />
emocionantes e as ultrapassagens fantásticas, como nos velhos tempos, até que<br />
estão acontecendo, porém nunca pela primeira posição. A Renault está tão superior<br />
as outras equipes que parece a Ferrari do ano passado. E isso deixa o campeonato<br />
com a mesma cara dos últimos cinco. Quando um carro azul dispara ninguém mais<br />
o vê.<br />
Acredito que a nova Ferrari poderá dar trabalho à Renault, mas só nos circuitos de<br />
temperatura baixa, pois em temperaturas elevadas já foi provado que os pneus da<br />
Ferrari não suportam o GP inteiro. Tanto que Rubinho, pela primeira vez, reclamou<br />
do desempenho dos pneus, após o GP do Bahrein.<br />
É preciso ressaltar as disputas na zona de pontuação. Na última corrida foram<br />
algumas disputas emocionantes, mas ainda espero que isso ocorra pela primeira<br />
posição. Merecem os parabéns as equipes Toyota e Red Bull, que estão<br />
surpreendendo a todos e claro seu pilotos. Já as decepções são a Jordan, que<br />
parece ir pro fundo do poço e os pilotos Jacques Villeneuve e Juan Pablo Montoya,<br />
que são reis de marketing, mas na hora de acelerar não dizem nada.<br />
Termino esta coluna feliz em constatar que Felipe Massa, hoje, é um piloto maduro<br />
e bastante técnico. O período em que foi piloto de testes da Ferrari fez muito bem a<br />
ele. Torço para que ele possa, na próxima temporada, estar num carro mais<br />
competitivo e com possibilidades reais de brigar por pontos e pódios.
ARMÁRIOS ABERTOS<br />
Por Ariana Brink<br />
Está decretado: é hora de sair do armário! A sociedade contemporânea provou que<br />
aceita a diferença, despindo-se de velhos preconceitos. Depois de bombardear a<br />
teledramaturgia com casais homossexuais, o espetáculo do voyerismo digital<br />
garantiu a vitória do professor baiano Jean Willys, que se assumiu gay em rede<br />
nacional.<br />
Claro que a edição contribuiu para a decisão do telespectador, já que Jean sempre<br />
era mostrado como o oprimido rebelado. Emparedado pela turma comandada pelo<br />
inescrupuloso Rogério, a cada eliminação deixava claro que não era a melhor<br />
escolha.<br />
Um a um caíram os gigantes. Sobraram as megerinhas de saia, que tentaram<br />
reverter o jogo. Não deu. Foram encurraladas e repudiadas pela turma do bem. A<br />
Globo aproveitou a onda dos super-heróis e criou a Liga da Justiça, com direito a<br />
Homem-Maravilha, Garota Recalque, Mulher Capacho e Ninja Ensaboado. E na<br />
eterna luta entre o bem e o mal – pelo menos na ficção – só há lugar para o bem.<br />
Gay, carismático e milionário. Com estes predicados recém adquiridos, Jean tornou-<br />
se um partidão. Vai ter fila de pretendentes a seus pés, e quem sabe a máxima da<br />
família, enfim, ganhe uma tônica mais adequada aos dias de hoje – afinal, vale<br />
tudo, oras!<br />
SEM PRORROGAÇÃO<br />
Da Redação<br />
Bronze, prata, ouro. Estes já foram predicados utilizados para dimensionar se a<br />
carreira de um atleta fora do futebol havia sido boa ou não. Com campeonatos<br />
entre clubes ganhando corpo – ainda que modestamente –, a conquista de<br />
mundiais, além é claro, da vitória nos Jogos Olímpicos de Barcelona e Atenas, a<br />
Confederação Brasileira de Vôlei e o Comitê Olímpico Brasileiro têm se empenhado<br />
em trazer patrocinadores (a exemplo do Banco do Brasil) para financiar novas<br />
equipes e fomentar as categorias de base deste esporte.<br />
Giovane Gavio, cujo currículo exibe títulos incríveis será o novo reforço. O<br />
esportista que nesta semana anunciou sua aposentaria das quadras, aos 34 anos,<br />
será o novo dirigente da Unisul, clube que defendeu nesta edição da Superliga.
Ele entra no lugar de outro ídolo de peso: Renan que volta aos bancos no comando<br />
do time financiado pela Cimed. Bem como outros atletas, Giovane pretende seguir<br />
também por alternativas como a produção de um livro e a realização de palestras.<br />
Fez parte do grupo formado por Marcelo Negrão, Maurício, Paulão, Tande e Carlão,<br />
comandados pelo técnico José Roberto Guimarães e vencedores da primeira<br />
medalha de ouro da história do vôlei. O feito aconteceu nos Jogos Olímpicos de<br />
Barcelona, no dia 09 de agosto de 1992. Pela Liga Mundial foi campeão em 1993,<br />
2001, 2003 e 2004.<br />
O fato de receber a proposta da Unisul, além da gravidez da mulher Priscila que<br />
espera o terceiro filho do casal foram preponderantes na decisão de Giovane, que<br />
agradeceu a toda população brasileira pelo apoio dado em sua trajetória como<br />
jogador.<br />
Ainda sem o anúncio oficial Nalbert adiantou que também deixará as quadras. Com<br />
31 anos o capitão da seleção diz-se preocupado com as inúmeras contusões e que<br />
por conta do ritmo mais leve pretende seguir pelo vôlei de praia.<br />
TEMPOS DE QUADRILHA<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Nem bem começaram as festas juninas, e as quadrilhas tomam conta do cenário.<br />
Os tais donos do poder são homens selecionados pelo povo, que através do voto os<br />
elegeram.<br />
Agora o povo se vê numa cilada. Cercados pelo clientelismo de outrora, os velhos<br />
coronéis barganham explicitamente favores pelos corredores do Congresso Nacional<br />
e defendem, entre outras pautas, aumento salarial – deles mesmos -, nepotismo e<br />
afins.<br />
Lula até se tornou um barbudinho do bem. Até o lendário Toninho Malvadeza soa<br />
mais humano. Pois bem, o Brasil foi entregue a uma corja – de bandeja, vale<br />
lembrar, pelo próprio PT. É notório que o alto escalão petista compactuava com os<br />
militares na captura dos guerrilheiros do Araguaia, entregando antigos aliados...<br />
Zé Dirceu e companhia que se cuidem. O desgosto com as atitudes de Severino e<br />
seu bando tem incomodado – e muito – a população. Enquanto os cidadãos comuns<br />
vivem com o pão que o “Diabo amassou”, os mandatários esbaldam-se com os<br />
brioches. É o momento de clamar por um levante, como nos tempos da Bastilha,<br />
em que a guilhotina causava arrepios.
E SE O PAPA FOSSE BRASILEIRO...<br />
Por Patrícia Favalle<br />
João Paulo II, ou Karol Wotyla, o diplomático polonês que sucedeu João Paulo I,<br />
assassinado em pouco mais de um mês como pontífice, conseguiu renovar a<br />
história da igreja católica. Empossado em 1979, tornou-se conhecido por conta do<br />
tom conciliador e do carisma. Entretanto, embora o Papa tenha sido aclamado<br />
como ‘pop’, manteve-se contrário as reformas da família. Reconheceu publicamente<br />
os erros cometidos por seus antecessores e pediu perdão ao mundo. Também<br />
elevou a mulher à nobre condição de “ser humano com alma”.<br />
Mas ter alma não significa, pelo menos aos olhos do Papa, que a mulher tem direito<br />
sobre o próprio corpo, já que o aborto – em qualquer situação – ainda é visto como<br />
heresia, assim como a eutanásia, a união entre pessoas do mesmo sexo, o<br />
horóscopo e até a corrupção - neste contexto, o "alto clero" tupiniquim será exilado<br />
no fogo ardente do inferno.<br />
Doente e visivelmente debilitado, João Paulo II agüentou até sábado, 02 de abril.<br />
Morreu saldado pelas palmas vindas dos fiéis que rezavam por sua alma. Wotyla<br />
transformou-se num fantoche nas mãos dos cardeais que já haviam iniciado a<br />
disputa pela sucessão. Nesta guerra eclesiástica, o conclave espera ansioso pela<br />
escolha do “Espírito Santo”, que aceita especulações na bolsa de apostas. Por<br />
enquanto, o italiano Tettamanzi é tido como o mais forte, seguido pelo Cardeal de<br />
São Paulo, Cláudio Hummes e pelo nigeriano Francis Arinze.<br />
Na vaga suposição de o Brasil, além de país do futebol e do carnaval, ser a pátria<br />
do Papa, desencadearia uma revolução. Talvez a Inquisição reinasse no Terceiro<br />
Mundo. A política seria fortemente influenciada pelas decisões da Igreja, e vala<br />
lembrar que Dom Cláudio é um conservador ferrenho. O carnaval ficaria mais<br />
contido, as escolas públicas teriam aulas de catecismo e de latim, os cientistas<br />
seriam exilados e as bruxas queimadas em praça pública. Um retrocesso sem<br />
precedentes que nos faz torcer intimamente pelo italiano.<br />
ENGLISH, OF COURSE!<br />
Por Fernanda Zettler Sanches<br />
Minha mãe é teacher de inglês e ela sempre diz que o inglês é importante para<br />
viajar, para termos um bom emprego, para entendermos as músicas, filmes<br />
americanos, o computador e o videogame.
Eu faço inglês na escola, mas é muito fácil, e esse ano eu pedi para fazer inglês<br />
numa escola especializada. É muito legal, eu estou adorando, já aprendi tantas<br />
palavras e verbos novos que consigo fazer frases compridas e elaboradas.<br />
Eu pensava que o inglês era difícil, mas não é!! Na verdade, você vai achar tudo<br />
difícil se não estudar, não aprender, você só precisa de dedicação.<br />
Tem uma matéria que minha mãe me mostrou em que um americano fala que o<br />
português é muuuuuuuito mais difícil que o inglês. Se vocês pensarem é mesmo,<br />
porque no inglês não tem masculino nem feminino. The table (a mesa), the book<br />
(o livro.) O americano achou que se terminasse com A era feminino e se<br />
terminasse com O era masculino, mas não é assim! O mapa – masculino terminado<br />
com a. Bom dia! (seria boa dia!), O guarda-roupa. Temos ainda vários tempos<br />
verbais... Se vocês tiverem oportunidade, estudem um outro idioma, é muito<br />
bom!!!!!!!!<br />
MAIO <strong>2005</strong><br />
<strong>2005</strong> – UMA ODISSÉIA NA NET<br />
"ACESSO AO WINCHESTER... ". Há cinco<br />
anos, meus primeiros contornos surgiram, quando finalmente deixei de ser apenas<br />
um esboço num emaranhado de papéis de fichário. Embora tenha me adequado ao<br />
estilo acadêmico, precisava de mais maturidade. A cada edição, lá estava eu,<br />
sempre renovado, repaginado. Tornei-me um camaleão, na verdade, um “virtus”<br />
camaleônico. De Projeto Acadêmico Literário – PAL -, sim, este foi o meu primeiro<br />
nome, a Em Pauta, muitas discussões, reuniões e serões foram dados. Para mim,<br />
que faço parte de um seleto time de revistas on-line, em meio a Era Matrix, resumo<br />
tais mudanças à máxima de que ‘tudo tem seu tempo’. Ainda nos bolsões<br />
universitários, lembro como fui importante usado para dar vazão a insatisfação de<br />
um afoito grupo de estudantes de comunicação. Hoje, para minha alegria, os agora<br />
jornalistas profissionais continuam insatisfeitos, incontroláveis. E eu, ainda sou o<br />
‘diário’ de notícias de muitos deles. Das dificuldades do ensino no Brasil, preferi me<br />
fazer de porta de entrada para os novatos, sem deixar de lado os advogados,<br />
músicos, médicos, biomédicos e tantos outros que escolheram as minhas páginas<br />
para escrever. Mantive-me fiel as convicções de não atrelar publicidade ao<br />
conteúdo textual e sei que mesmo timidamente, auxiliei na carreira de grandes<br />
profissionais. Minha missão vem sendo cumprida à risca, mas ainda busco pela
perfeição. Por isso, em quase cem edições, se Hall dominaria a cena em 2001,<br />
segundo proferiu Arthur C. Clarke, euzinho sou a mais perfeita tradução do século<br />
XXI. Chegou o momento de me libertar dos excessos e, como num símbolo da<br />
interatividade, torno-me apenas “e com traço pauta”, mas podem me chamar de<br />
“e-pauta”. Voilà!<br />
Primeira Fase O logo mais conhecido Nova Era<br />
TEMPOS DE BIRIBA, PAMONHA E CERVEJA QUENTE<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
Na edição passada, o editorial dessa revista bem lembrou que estão chegando os<br />
tempos de festas juninas. Basta um friozinho amigo para que nós paulistanos<br />
mais calorentos nos esbanjemos com as comidinhas de inverno, que ainda<br />
resgatam um pouco de tradição e consolam quanto à preservação de nossos<br />
costumes – muitos deles em fase de extinção. Como diria um amigo, e<br />
proclamava Vinícius de Moraes, nada mais chique e saboroso que degustar<br />
comidinhas de boteco. Neste caso, o nosso, tratemos dos pratinhos mais<br />
específicos das festas de quadrilha: cuscuz, milho, pinhão, maria-mole, churrasco<br />
de queijo, maçã e batata-doce no alumínio e, entre outros, bolo de cenoura<br />
coberto com chocolate.<br />
Tem noite que faz tanto frio que a cerveja nem precisa de geladeira para ficar<br />
ainda mais atrativa. A gente faz o tsiii de abertura da lata e pronto, está ótima.<br />
Depois tem o vinho quente, que, de fato, se estiver pelando acaba queimando a<br />
boca e estragando a festa; o bom mesmo é vinho quase quente, as barracas<br />
deveriam apostar nesse atributo para aumentar seu faturamento.<br />
Entretanto, se a conversa é diversão o bacana é festejar com gente conhecida.<br />
Mais bem feitas são as reuniões de amigos e familiares. Essas quermesses de<br />
bairro só terminam em tiro. E a pipoca é muito cara, quase igual a de cinema.<br />
Desculpem-me os mais atirados a contra-ataques, mas pipoca de mais de cinco
Reais é abuso. Pode ser até pipoca da Nike ou de Giorgio Armani, não importa: é<br />
abuso.<br />
E vale citar o cheiro de bombinha, que somado à fumaça da fogueira desenrola um<br />
clima misterioso de infância. Quem não recorda das correrias de xadrez, bigodinho<br />
e chapéus de palha (ou imitação)? Quem nunca recebeu um correio-elegante, ficou<br />
apaixonado e depois descobriu que era uma brincadeira de mau gosto dos amigos<br />
invejosos? Quem nunca estourou biribinha nas meninas presas na cadeia ou quem<br />
nunca se entorpeceu bebendo vinho (isso no pós-adolescência) com amigos na<br />
beira da fogueira, até o sol raiar? Se não fez nada disso, se prepare. Não deixe<br />
passar deste ano, a temporada de quadrilha está quase aberta.<br />
EU "SOU FREE"!<br />
Por Ariana Brink<br />
Depois de Paulo Francis, por muitos anos a nação de idiotas padeceu sem alguém<br />
que contestasse as bestialidades, especialmente, proferidas pela imprensa. Então,<br />
num dia qualquer de domingo, Diogo Mainardi apareceu com seu permanente<br />
estado de descontentamento, avacalhando o comodismo nacional – o mesmo termo<br />
que Lula se apropriou. Claro que não demorou a me converter na mais devota<br />
“Mainardista”, assumindo deliberadamente suas falas como sendo minhas, (quase<br />
acredito que sou vítima de plágio...). Tornei-me, também, caçadora de petistas – já<br />
que os marajás estão extintos. Do Lula ao Zé Dirceu, sem esquecer da Marta, passo<br />
dias procurando por podres. Claro que meu alvo preferido, assim como o de toda<br />
mulher, é atacar outra mulher, ou seja, a Marta. Sem fugir à regra, ela é um poço<br />
de inspiração. Mas o anedotário Lulista merece atenção. Num país em que apenas<br />
16% da população interpreta corretamente o que lê, dá para entender o porquê dos<br />
discursos metafóricos e equivocados do presidente. Eu proponho que para a<br />
reeleição, o slogan seja “analfabeto vota em analfabeto”, pelo menos o brasileiro<br />
recuperaria a auto-estima. E em cada erro do governo da ‘estrela solitária’, que<br />
somente a dupla Duda & Lula acredita “ter tantos acertos que é impossível achar<br />
erros”, lá estou eu, evocando discussões de deixar qualquer militante vermelho de<br />
raiva. Pena que o Diogo se encheu e resolveu desvendar os mistérios das letras<br />
musicais da Xuxa. Diga-se, tão interessantes quanto as pérolas do Lula...<br />
PARABÉNS CRIKA(Cris)<br />
Por Fernanda Zettler Sanches
No dia 30 de abril é o aniversário da minha amiga. Então, em sua homenagem, irei<br />
colocar algumas frases que ela fala.<br />
“Se as portas do meu coração estiverem fechadas... pule pela janela”<br />
“Se um dia sentir um aperto no peito, não se preocupe, é apenas o seu sutiã!”<br />
“Se a vida lhe der 100 motivos para chorar encontre 101 para ficara feliz.”<br />
“Se a sua estrela não brilha, azar seu! Não tente apagar a minha!”<br />
“A escola é como o mar: os professores navegando, os alunos boiando e as notas<br />
afundando.”<br />
“Os incomodados que se mudem porque estou aqui para incomodar.”<br />
“Existem duas palavras que abrem e fecham as portas: Puxe e empurre”<br />
“Os amigos podem rir quando você cair, mas eles te ajudam a levantar”<br />
“Não tenho inimigos... apenas concorrentes que gostariam de ser igual a mim!”<br />
“Quando acertamos ninguém se lembra, mas quando erramos ninguém se<br />
esquece!”<br />
“Para todos que me jogaram pedras, Obrigada! Foi com elas que construí o meu<br />
castelo.”<br />
“Insista, persista! Um dia você conquista!”<br />
“Fácil é achar defeitos, difícil é fazer melhor”<br />
Então, Cris, parabéns e dedico esta frase a você: “Fazer amigo é um dom. Ter um<br />
amigo é uma graça.Conservar um amigo é uma virtude. Mas ser sua amiga é uma<br />
honra!”<br />
TERRA DE ACOMODADOS<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Lula proferiu mais uma de suas incontáveis pérolas – chamou o brasileiro de<br />
acomodado! Durante discurso sobre as altas taxas de juros, eis que o presidente<br />
justificou a pesada carga tributária como sendo punição para àqueles que não<br />
procuram por melhores tarifas.<br />
Segundo Lula, “numa roda de amigos que todos estão<br />
bebendo chope – sim, porque todo mundo é filho de Deus – a<br />
discussão sobre os juros termina na hora de pagar a conta.<br />
Nenhum dos insatisfeitos, entretanto, tem a iniciativa de ir ao<br />
banco negociar o pagamento de menos juros”.<br />
Assim, até parece fácil. Imagina trocar de banco a cada<br />
semana? A burocracia interminável, a aprovação do crédito, a
data ‘cliente desde’ estampada no talão de cheques (sic), é tudo tão improvável,<br />
que apenas Lula acredita, desculpe a pieguice, em Papai Noel.<br />
O agravante é que em 2006 teremos eleições presidenciais, e no andar da<br />
carruagem é muito provável que este lapidado sindicalista seja novamente o Chefe<br />
da Nação. De desdentados a acomodados, como reza a máxima popular, “cada um<br />
tem aquilo que merece”. Cruz pesada, hein?!<br />
SHOW DO ALEMÃO<br />
Por Hugo Dourado<br />
Nesta temporada a emoção voltou ao circo da Fórmula 1, o que Schumacher fez no<br />
grande prêmio de Ímola, no último final de semana, foi simplesmente sensacional.<br />
O melhor disso, é que, tudo indica que o mundial será o mais disputado desde o<br />
começo dos anos 90. Fernando Alonso pode começar a se preocupar e colocar as<br />
barbas de molho, pois o alemão vem como uma fera brigar pelo seu oitavo título<br />
mundial.<br />
A corrida parecia fadada a ser monótona, como a grande maioria dos últimos<br />
tempos, quando o finlandês Kimi Raikkonen abandonou e deixou o caminho livre<br />
para Alonso, que até então não conseguia se aproximar da McLaren. Com<br />
Schumacher e Rubinho muito atrás, no pelotão intermediário, atrapalhados pela<br />
lentidão dos outros carros, o espanhol passeava pelo circuito Enzo e Dino Ferrari.<br />
Até que começaram as primeiras paradas para reabastecimento e alguns<br />
abandonos, inclusive o de Rubinho com problemas no “alternador”. Será que tudo<br />
vai voltar a acontecer com o brasileiro de novo? Com pista livre a Ferrari de<br />
Schumacher barbarizou em Ímola, com uma média de 2,4 segundos mais rápido<br />
que os outros, o alemão foi tirando a diferença. Rapidinho Schumacher tirou uma<br />
diferença de 20 segundo e colou em Jenson Button, após a sua primeira parada. Ai<br />
foi só esperar o momento em que o inglês errasse para ultrapassa-lo. Ainda restava<br />
Fernando Alonso.<br />
Só que Ímola é um circuito que praticamente não oferece pontos de ultrapassagem<br />
e se os carros forem muito equilibrados, parecidos, só com um erro do piloto da<br />
frente para o outro passar. O erro não aconteceu e Fernando Alonso conquistou sua<br />
terceira vitória na temporada, consolidando o bom momento da Renault e o seu<br />
pulo de promessa à realidade na Fórmula 1. Porém o campeonato vai pegar fogo.<br />
A evolução e a durabilidade dos pneus da Ferrari promete um novo campeonato<br />
daqui por diante. Espero que sim. Outro fator animador é a maturidade do nosso<br />
Felipe Massa. O garoto do interior paulista começa a se firmar como um piloto
confiável e arrojado. Mantendo o ritmo, ele deve receber uma boa proposta para a<br />
próxima temporada. Resta esperar a próxima corrida, em Barcelona, casa de<br />
Alonso e aguardar por um novo duelo.<br />
Classificação dos pilotos após 4ª etapa do mundial<br />
Posição Piloto Equipe Pontos<br />
1º Fernando Alonso Renault 36<br />
2º Jarno Trulli Toyota 18<br />
3º Giancarlo Fisichella Renault 10<br />
4º Michael Schumacher Ferrari 10<br />
5º David Coulthard Red Bull 9<br />
6º Ralf Schumacher Toyota 9<br />
7º Rubens Barrichello Ferrari 8<br />
8º Juan Pablo Montoya Mclaren 8<br />
9º Nick Heidfeld Williams 7<br />
10º Kimi Raikkonen Mclaren 7<br />
11º Mark Webber Williams 7<br />
12º Jenson Button BAR 6<br />
13º Alexander Wurz Mclaren 5<br />
14º Takuma Sato BAR 4<br />
15º Pedro De La Rosa Mclaren 4<br />
16º Jacques Villeneuve Sauber 3<br />
17º Christian Klien Red Bull 3<br />
18º Felipe Massa Sauber 2<br />
Classificação dos construtores após 4ª etapa do mundial<br />
Posição Equipe Pontos<br />
1º Renault 46<br />
2º Toyota 28<br />
3º McLaren 24<br />
4º Ferrari 18<br />
5º Williams 13<br />
6º Red Bull 12<br />
7º BAR 10<br />
8º Sauber 5
A-C-E-S-S-I-B-I-L-I-D-A-D-E<br />
Por Sandi Dias<br />
Uma amiga que trabalha na área sempre diz que as pessoas recorrem no erro de se<br />
referir às pessoas com lesão medular. Deve-se entender, segundo ela, que todos<br />
temos necessidades. Alguns, no entanto, têm necessidades especiais. Caso dos<br />
cadeirantes, cujo maior desafio é a acessibilidade, sobretudo na cidade de São<br />
Paulo. E é o que promete mudar a administração atual do prefeito José Serra.<br />
Para tanto uma proposta será apresentada no Fórum Paulistano de Passeio Público,<br />
que acontece no dia 11 de maio, no Palácio das Convenções do Anhembi – Sala Elis<br />
Regina, das 8h30 às 18h30. Responsável pelo estudo, a Secretaria de Coordenação<br />
das Subprefeituras já aponta alguns dos inimigos presentes na vida do cidadão<br />
como buracos, desníveis e a vegetação agressiva. Claro que estes não são os<br />
únicos percalços. Em bairros periféricos como Parelheiros, na zona sul e Vila<br />
Brasilândia, zona norte o calçamento nem existe. Muito menos asfaltamento nas<br />
vias. Para o arquiteto José Renato Melhem da Secretaria das Subprefeituras – que<br />
devem oferecer estrutura e subsídios para a manutenção das comunidades – a<br />
obrigação da conservação destas áreas é do proprietário do imóvel. Como cobrar –<br />
e orientar – tal feito de moradores de regiões em que a maioria das moradias foi<br />
sedimentada em terras griladas?<br />
Outro ponto importante para quem participará do evento, destinado a alunos e<br />
professores de arquitetura e engenharia, representantes de ONG´s e o público em<br />
geral é saber se os interessados foram – ou serão – ouvidos para a aplicação das<br />
mudanças. No site www.lesaomedular.com.br, por exemplo, sugere-se que em<br />
corredores e espaços para deslocamento em linha reta, a largura para a circulação<br />
de uma pessoa e um cadeirante deve ser de 1,20m, e para o trânsito de dois<br />
cadeirantes é de 1,50m.<br />
Dados da Organização Mundial de Saúde indicam cerca de 610 milhões de<br />
portadores de ‘necessidades especiais’ no mundo, sendo metade parte da<br />
população economicamente ativa. No Brasil, o Censo de 2000 apontou um total de<br />
24,5 milhões, sendo 4,1% enumerados com algum tipo de deficiência física. Ou<br />
seja, trata-se de uma parcela importante da sociedade que deve ser ouvida. Quem<br />
quiser participar do Fórum Paulistano de Passeio Público deve fazer sua inscrição<br />
pelo telefone 5031-2707. Mais informações através do site:<br />
www.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade.
DUNGA, CONQUISTAS E CRÍTICAS<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Pode-se dizer que três momentos marcaram a carreira do volante Dunga no<br />
futebol. Primeiro a perseguição implacável após a Copa do Mundo de 1990, na<br />
Itália, com a geração perdedora do técnico Sebastião Lazaroni. Depois, quando<br />
levantou a taça do tetracampeonato nos Estados Unidos e seus defensores<br />
alardearam que o tempo havia se encarregado de fazer justiça a um jogador<br />
raçudo, determinado e sobretudo com espírito de liderança invejável. O derradeiro<br />
momento também eternizado no futebol foi quando, jogando novamente pelo Inter<br />
(RS), ‘tomou’ aquele chapéu humilhante de Ronaldinho Gaúcho, na época atleta do<br />
Grêmio, num Grenal histórico. Ali começada a despedida desse gaúcho como<br />
jogador de futebol, saía de cena um meio-campista tido como ‘cabeça-de-bagre’<br />
para alguns e personificação da garra para outros.<br />
Dunga teve ascensão rápida no futebol. Em meados da década de 80 começava a<br />
saborear títulos estaduais pelo Internacional gaúcho. Em 1984, participou da<br />
seleção olímpica de futebol que foi vice-campeã em Los Angeles e foi<br />
experimentando passagens por grandes clubes, como Corinthians e futebol do<br />
exterior. Na Itália, por exemplo, jogou na Pisa, Pescara e Fiorentina. Na Alemanha<br />
também foi chamado de ‘xerifão’ quando passou pelo Stuttgar, e em 1995 jogou no<br />
futebol japonês. Não bastasse esta bagagem, participou de três Copas, duas delas<br />
chegando a finais. Foi campeão em 1994 nos Estados Unidos, vice em 1998 na<br />
França, e carregou o estigma do derrotismo em 1990, na Itália.<br />
Qualquer atleta com essa biografia teoricamente estaria acima de qualquer suspeita<br />
sobre suas qualidades técnicas, mas hoje, cinco anos após abandonar o futebol,<br />
Dunga ainda provoca controvérsia. ‘Carrinhos’, peitadas, pontapés, coragem para<br />
dividir jogadas, desarme e liderança exercida sobre o grupo –dentro e fora de<br />
campo- foram tidos como vitais para a conquista do tetra. Outros críticos não<br />
recuam um milímetro sobre a posição formada sobre ele: lento, incapaz de passar<br />
bem a bola, matava a maioria das jogadas só com falta e foi um privilegiado num<br />
grupo seleto que participa de Mundiais.<br />
O técnico Mário Sérgio Pontes de Paiva, quando comentarista da TV Bandeirantes,<br />
em 1994, radicalizou quando disse que “com Dunga escalado, o Brasil entra em<br />
campo com dez jogadores”. Ainda estava vivo na memória do treinador e de<br />
milhares de brasileiros o futebol fracassado de Dunga na Copa da Itália.<br />
Coube, no entanto, ao técnico Carlos Alberto Parreira dar chance de reabilitação<br />
para o volante. Com o futebol brasileiro pautado por rigorosa precaução defensiva e
Romário se encarregando de decidir no ataque, o time levantou o caneco e Dunga<br />
pôde respirar aliviado. A partir dali, se considerou dono do time e extrapolou na<br />
Copa de 1998. Durante áspera discussão com o atacante Bebeto, na goleada sobre<br />
Marrocos por 3 a 0, deu-lhe uma cabeçada.<br />
O pior, para Dunga, estava por vir. O dia 20 de março de 2000 foi definido, por ele,<br />
como o mais triste de sua vida, quando assinou rescisão de contrato com o Inter<br />
(RS) e doou o cheque de R$ 372.560,31 para uma instituição de caridade. Aflorava,<br />
ali, o espírito benevolente do jogador, que criou o Instituto Dunga para ajudar<br />
crianças e adolescentes carentes do Rio Grande do Sul.<br />
MAIS UMA DO BAÚ<br />
Por Adriana Brito<br />
Assim como chocolate com pimenta e arroz com manga, o novo programa do SBT<br />
comprova que na teoria, insólitas combinações podem revelar um tempero<br />
saboroso. A novidade de Silvio Santos é o Fora do Ar, que promete espinafrar quem<br />
estiver pela frente. E a responsabilidade fica por conta dos polêmicos, Hebe<br />
Camargo, Adriane Galisteu, Cacá Rosset e Jorge Kajuru.<br />
A estréia exibida no dia 13 de abril mostra que o quarteto é promissor. Não se<br />
questionando o desempenho de cada um, já que todos têm larga experiência em<br />
televisão, sendo Hebe a veterana do grupo, com 61 anos de carreira. Já a sintonia<br />
virá com o passar dos debates, e esta sim dirá ou não, se a proposta terá<br />
possibilidade de se sedimentar diante da audiência.<br />
Ao que parece tudo pode correr muito bem. De partida vê-se que crucial é ser<br />
irreverente. E neste quesito o jornalista Jorge Kajuru trafega com muita<br />
propriedade. Cada edição tem um número de temas a serem discutidos. No<br />
primeiro estiveram em pauta – loteria, o casamento de Charles e Camilla, próstata,<br />
beijo e nepotismo – que são pinçados de eventos recentes.<br />
No auge da atração, se apresentou a história do deputado Manoel Isidório de<br />
Santana (PT-BA), que discursou durante 25 minutos na Assembléia Legislativa,<br />
sobre suas impressões a respeito do exame de toque retal – utilizado para a<br />
prevenção do câncer de próstata – feito por ele. O parlamentar disse que saiu do<br />
consultório vendo vaga-lumes...<br />
Diante da reprimenda de Hebe e Adriane que acharam o cúmulo um homem público<br />
discorrer contra um exame preventivo, por conta de valores deturpados, Jorge<br />
cortou em tom de protesto, dizendo,”... eu tenho prostatite e faço
acompanhamento há mais de um ano. Não querendo defender o deputado, mas a<br />
cada consulta que tenho, lá vem o médico com aquele dedo grosso...”.<br />
Novos Ares: o “Fora do Ar” não conta com auditório – contrariando a tradição do<br />
SBT no popularesco – e, portanto fecha espaços para manifestações imediatas.<br />
Desse modo não se corre o risco de volatilizar o debate em prol do espetáculo A<br />
diferença do perfil continua no requinte, que vai desde o cenário até a roupa usada<br />
pelas estrelas deste show.<br />
Parecido com o “Saia Justa”, do GNT a proposta de Silvio Santos vai além e<br />
promete botar fogo na realidade, sem censura, nem comedimentos. Afinal de<br />
contas para os histriônicos Kajuru e Rosset, a prozaciana Hebe Camargo e a<br />
esforçada Galisteu, nada se tem a temer. Apenas uma coisa, é obvio. Estar fora do<br />
ar.<br />
O RETORNO DA LATINIDADE<br />
Por Helen Pessoa<br />
Depois de alguns anos sem emplacar<br />
um hit de sucesso, o cantor Latino<br />
voltou às paradas com o tal do<br />
“bundalelê”. Trata-se de um disco<br />
comemorativo, despretensioso, que<br />
marca os dez anos de carreira.<br />
Nascido no subúrbio carioca, Latino<br />
alcançou a marca de 600 mil cópias<br />
vendidas já no primeiro álbum. As<br />
músicas “Me Leva” e “Só Você”<br />
tornaram-se as mais executadas da<br />
época. Ao todo, o ex-copeiro, ex-garçon<br />
e ex-cozinheiro, já lançou sete CDs<br />
lançados.<br />
O cantor saiu de cena – dos palcos para<br />
a produção – há pouco mais de três anos, para investir na imagem de Kelly Key,<br />
então sua mulher. O casamento ruiu, e em tempos de vacas magras, Latino<br />
aventurou-se nas páginas de uma importante revista gay. Mostrou bem mais que o<br />
requebrado costumeiro e, literalmente, conquistou os fãs.
A explicação para o fenômeno mistura a máxima do nada a ver com balanço e<br />
refrões do tipo chicletes – daqueles que grudam no cérebro. Os críticos que<br />
durmam com essa, pois se tem festa no apê com moreno alto, sensual e<br />
repaginado, só mesmo mandando um “tô nem aí”.<br />
SÍNDROME DO SHOCK TÓXICO (SST)<br />
Por Graziela Piro<br />
O grande vilão hoje é uma bactéria, o Staphylococcus aureus, causador de uma<br />
infecção que pode evoluir rapidamente para o choque grave e sem tratamento. É<br />
uma doença rara, mas grave que pode ocorrer em mulheres, crianças e homens. A<br />
SST ocorre quando a bactéria é estimulada a produzir uma toxina que invade a<br />
corrente sangüínea e provoca a infecção.<br />
Desde de 1978 essa síndrome vem ocorrendo em grande número de casos<br />
principalmente em mulheres jovens que quase sempre estão fazendo uso de<br />
absorventes internos (AI).<br />
A cepa do estafilococo é bem conhecida e mesmo assim o processo que<br />
desencadeia a SST não é conhecido totalmente. Acredita-se que presença de AI<br />
pode estimular as bactérias, que se encontram em quantidade normal na vagina, a<br />
produzirem uma toxina que invade o sangue através de pequenos cortes no<br />
revestimento vaginal ou através do útero até o interior da cavidade abdominal.<br />
Os sintomas começam com febre alta, cansaço extremo e cefaléia passando para<br />
confusão mental, vômito, diarréia aquosa, anemia, lesão renal, hepática e<br />
muscular.<br />
Não existem recomendações exatas e exclusivas à prevenção da SST, mas é<br />
recomendado que as mulheres devem:<br />
· Evitar o uso incorreto, prolongado e constante de AI durante a<br />
menstruação, já que eles apresentam maior probabilidade de causar a SST;<br />
· Seguir corretamente as instruções dos fabricantes quanto ao processo de<br />
inserção uma vez que as paredes da vagina são sensíveis e merecem uma<br />
delicadeza toda especial durante a introdução do Absorvente.<br />
· Seguir corretamente as instruções dos fabricantes quanto ao uso do AI -<br />
Normalmente os fabricantes recomendam a troca entre 04 e 08 horas (no<br />
máximo), porém recomendo a troca a cada duas horas de uso;<br />
· Escolher Absorvente Interno de menor absorção (mini ou médio) – desta<br />
forma você estará trocando com maior freqüência evitando assim o uso<br />
prolongado;
· Escolher a marca que você melhor se adaptar (a mais confortável, fácil<br />
manuseio);<br />
· Ler a bula sempre. Conheça bem o produto que você esta utilizando e<br />
evite correr o risco da ocorrência da SST;<br />
MULHER - faça sua parte informe qualquer outra mulher: mãe, amiga, irmã,<br />
vizinhas, dos riscos da SST.<br />
Homenagem à irmã de um grande amigo que recentemente faleceu vitima de SST.<br />
O TOMBO DAS OITO<br />
Por Adriana Brito<br />
Sabia-se que depois do boom de audiência de Senhora do Destino, qualquer<br />
novelista teria um abacaxi nas mãos: convencer os milhões de telespectadores, que<br />
outra história seria mais interessante. Coube a Glória Perez – autora de O Clone,<br />
também um sucesso – a espinhosa missão. Em seu novo trabalho Glória percorre a<br />
temática das pessoas que tentam a vida nos Estados Unidos e do universo country<br />
brasileiro. Recheada de atores bonitões em calças justas e de mocinhas tentando<br />
passar pela fronteira norte-americana, América infelizmente ainda não mostrou a<br />
que veio.<br />
E se cada escritor tem seu estilo, neste caso não seria diferente. Gilberto Braga<br />
sempre foi o contundente, Sílvio de Abreu o engraçado e Janete Clair a mestre do<br />
assunto. Já Glória gosta das causas sociais. Daí que as tramas incidentais<br />
apresentadas em seu roteiro passam por assuntos polêmicos – inclusão de<br />
deficientes visuais, relacionamentos inter-raciais, adultério e casamento – para que<br />
se levante o debate e, de quebra, uns pontinhos no Ibope. Com outros casos, a<br />
receita deu certo. Em O Clone, por exemplo, a personagem de Débora Falabella,<br />
vivia em altos e baixos por conta do consumo de drogas. No ano de 1996, Explode<br />
Coração trouxe a tona, o drama das crianças desaparecidas.<br />
Mas ao que parece os problemas deste folhetim não se resumem à criadora. Está<br />
na criatura escolhida como protagonista. Débora Secco certamente tem seus<br />
méritos, mas neste caso, ainda não mostrou nenhum deles. No começo ela estava<br />
ultra-bronzeada com jeito de chorona. Passou para encrenqueira, nos capítulos em<br />
que estava no deserto e agora faz o gênero samambaia. Daqui a pouco<br />
descobriremos que na verdade ela é irmã do cigano Igor.<br />
O único núcleo que se salva é o da Cláudia Jimenez. Aliás, o dramalhão mexicano<br />
tem roubado a cena, e até Jaime Monjardim colocou as maracás de fora e
‘desligou-se’ da direção de América. Um dos sinais mais evidentes de que uma<br />
novela vai mal na Rede Globo é o programa do Faustão. Já virou tradição que em<br />
todo domingo antes da estréia, o elenco pague o mico de comer pizza diante de<br />
milhares de pessoas, e de sobra, divulgue o novo produto da emissora.<br />
Agora, quando parte do cast, às vezes núcleos inteiros, são colocados<br />
estrategicamente para participar de um dos quadros do programa, trata-se da<br />
“operação resgate”. Significa que o público ainda não comprou a idéia e que o tio<br />
Faustão ajudará a reverter à situação. E olha que às vezes tem-se até a impressão<br />
que ele odeia este tipo de artimanha.<br />
E no novo trabalho da novelista nada dá certo. Indivíduos que se dizem defensores<br />
dos direitos dos animais reagiram de forma histérica à apresentação das cenas de<br />
rodeios e resolveram protestar da forma mais tacanha. Glória, que mantém uma<br />
página no Orkut recebeu cerca de 8.000 scraps (mensagens) de cunho<br />
absolutamente agressivo, algumas contendo imagens de sua filha, Daniella Perez,<br />
assassinada em 1992, por Guilherme de Pádua e sua esposa, Paula Thomaz. Do<br />
jeito que está, Glória não agüentará – como se diz nos rodeios – nem oito<br />
segundos.<br />
JUNHO <strong>2005</strong><br />
CASAL 20<br />
Da Redação<br />
Dentro do ideal de felicidade contemporâneo o casamento virou uma obrigação. E<br />
como se pode afirmar que se é ‘feliz para sempre’ se nunca ninguém perguntou à<br />
Branca de Neve ou a Bela Adormecida, divas do imaginário romântico, se o tal do<br />
príncipe encantado nunca deixou toalhas molhadas na cama ou se lavou a louça<br />
depois do jantar?<br />
Nesta interminável discussão a respeito do matrimônio volta aos palcos paulistas<br />
uma daquelas oportunidades de, ao menos, se divertir com a situação. “Batalha de<br />
Arroz Num Ringue Para Dois” reestréia no Olympia com direção e apresentação de<br />
Miguel Falabella, que tem como sua ‘cara-metade’, a atriz Cláudia Raia.<br />
Juntos, eles trafegam pelo hilariante contexto da intimidade de Nélio e Ângela.<br />
Dividido em quatro esquetes – Bodas de Ciúme, de Egolatria, de Supressão e de<br />
Paixão –, o espetáculo devassa literalmente as diferenças e embates de um casal a<br />
beira do ridículo.
Concebido pelo dramaturgo Mauro Rasi, a peça teve seu lançamento em 2003 no<br />
Rio de Janeiro. A temporada de sucesso continuou por São Paulo, no Tom Brasil e<br />
em Lisboa. No ano seguinte uma tournée percorreu o território brasileiro em<br />
cidades como Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte.<br />
Parte do movimento do ‘teatro-besteirol’, Mauro Rasi se destacou pelo humor<br />
apimentado e o olhar implacável. Na década de 80, em meio à turma do ‘Asdrúbal<br />
Trouxe o Trombone’ (que trazia nomes como Evandro Mesquita, Regina Case e Luis<br />
Fernando Guimarães), Mauro também fez parte desta geração de artistas que<br />
trouxe a deriva, a comédia descompromissada, leve, longe do cenário político.<br />
Para quem quiser conferir, entretanto, é bom preparar o bolso. Os ingressos têm<br />
preços que variam entre 30 e 80 reais. As apresentações acontecem em 17 e 18 de<br />
junho, a partir das 22h. O Olympia fica na Rua Clélia, 1517 e mais informações<br />
estão disponíveis pelo telefone 3866-3000 ou através do site www.olympia.com.br.<br />
UM PAÍS À DERIVA<br />
Ives Gandra Martins*<br />
Como cidadão brasileiro e trabalhador do Direito, preocupa-me sempre o destino do<br />
país. Não sou político, mas um professor universitário aposentado e advogado<br />
militante, mas entendo - como gostaria que todos os cidadãos o fizessem - que o<br />
exercício da cidadania implica a responsabilidade de não apenas votar nas eleições,<br />
mas fiscalizar governos e expor preocupações em artigos, cartas aos leitores,<br />
reuniões, em associações, quaisquer que elas sejam, sempre objetivando colaborar<br />
com o país e com as autoridades constituídas. A crítica sincera, talvez, seja a<br />
melhor contribuição que os governos podem receber dos cidadãos da mesma forma<br />
que os jornais se orientam pela reação de seus leitores mais fiéis nas<br />
manifestações epistolares.<br />
Por esta razão - sem quase nunca fazer ataques pessoais - critico políticas que me<br />
parecem equivocadas, mesmo correndo o risco de eu mesmo estar equivocado. O<br />
tempo, todavia, é que julga os acertos e os erros dos detentores do poder ou de<br />
seus críticos. Tempus regit actum. No momento, vivo a estranha sensação de que o<br />
país está à deriva.<br />
Em política internacional, a obsessão de um assento no Conselho de Segurança<br />
Nacional leva o governo a transigir em tudo, sendo o mais fácil dos alvos para<br />
aqueles que pouco se importam com o Brasil, mas apenas com os interesses de<br />
seus países. A viagem à China foi um fracasso e abriu nossas porteiras a invasão de<br />
produtos chineses, tendo gerado desemprego em nossa terra, pois os produtos
chineses são altamente subsidiados por uma moeda convenientemente manipulada<br />
e por um ''dumping social'' inacreditável. Com os juros, tributos e encargos sociais,<br />
no momento, o Brasil não pode enfrentar no território nacional a onda amarela. Só<br />
agora o governo resolve tomar medidas protetoras. O Mercosul está doente com os<br />
ataques convenientes e de má-fé deste inimigo do Brasil que é Kirchner, o mesmo<br />
acontecendo com Paraguai e Uruguai, que se aliam mais à filosofia de Kirchner que<br />
à de Lula.<br />
O apoio a Mesa revelou-se inútil, e os interesses da Petrobrás foram pisoteados na<br />
Bolívia. Perdemos as eleições na OMC, brigamos desnecessariamente com os EUA<br />
impedindo a vinda de um observador para a cúpula das Nações Árabes e Latino-<br />
Americanas, inviabilizada pela ausência de seis países importantes árabes aliados<br />
dos EUA. Não conseguimos nem unir os países do continente, nem os árabes. A<br />
política externa brasileira é um fracasso mais claro, a cada dia que passa, quando a<br />
excelência da nossa diplomacia sempre foi reconhecida internacionalmente.<br />
O MST, que jamais pretendeu fazer o teste das urnas porque seria fragarosamente<br />
derrotado, tem um líder que manda mais do que o presidente. Quanto mais<br />
desobedece a lei, esfrangalha a Constituição, invade propriedades e denigre a<br />
honra das autoridades, mas é prestigiado pelo presidente, na estranha sensação de<br />
que ou Lula é aliado da desordem ou tem medo do economista da idade da pedra,<br />
que o dirige.<br />
O Congresso tornou-se palco de todas as espécies de acordos e fisiologismos,<br />
buscando o partido do presidente, que sempre se notabilizou pela exigência de CPIs<br />
moralizadoras, barrar qualquer investigação de corrupção ou desordem de conduta,<br />
desde o célebre e não apurado caso do Waldomiro até o presente.<br />
O direito de defesa nunca foi tão pisoteado com legislação tributária - não só<br />
confiscatória no nível da carga - como redutora dos direitos e lembrando-se que a<br />
própria inviolabilidade garantida pela Constituição e pela lei dos advogados em ter<br />
no seu escritório o templo do sigilo profissional, na defesa dos direitos de seus<br />
constituintes, tem sido sistematicamente violadas, com invasões cinematográficas<br />
de escritórios de causídicos para retirada de documentos de defesa, com a<br />
complacência de meu amigo, que no tempo que exercia o cargo de presidente da<br />
OAB, opunha-se - como eu - a tais violências ao exercício da profissão. Talvez<br />
preocupado em dar 15% do território nacional a alguns índios, não tenha ainda se<br />
debruçado sobre a violência que se faz a uma profissão da qual, no passado, foi um<br />
dos mais admiráveis líderes.<br />
E as diversas tentativas, como a do Conselho Nacional de Jornalismo, da Ancinav,<br />
de ''estatização'' das universidades privadas pela intervenção crescente do Ministro<br />
da Educação em sua gestão e direção, estão a demonstrar que o governo é
constituído de diversos governos, estando a sua melhor parte, que é a equipe<br />
econômica sendo, permanentemente, atacada interna corporis pelos radicais que<br />
idolatram Chávez e o genocida Fidel Castro, como modelos de ''líderes<br />
democráticos''.<br />
E a tudo assiste, o presidente Lula, cujo carisma admiro, mas cujo exercício da<br />
Presidência está cada vez mais errática, muitos tendo sérias dúvidas se realmente<br />
as decisões do governo são decisões do presidente.<br />
Como eu gostaria que Lula assumisse as rédeas do governo e desse rumo à rota do<br />
poder!<br />
*Advogado - ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO JORNAL DO BRASIL DE 02<br />
DE JUNHO DE <strong>2005</strong>.<br />
UM DIA DE REPÓRTER (JORNALISTA) MIRIM<br />
Por Fernanda Zettler Sanches<br />
Tenho muitas amigas e uma das melhores é a Tayná. Nós estudamos juntas,<br />
brincamos, passeamos, dormimos uma na casa da outra, conversamos muito,<br />
jogamos volley (ganhamos medalha de ouro) e handball. Como ela sabe que<br />
escrevo para este site, ela me pediu para ser jornalista mirim por um dia. Então,<br />
falei para ela escrever uma matéria. Vamos ver como ela se sai? Estou torcendo<br />
por ela!!<br />
PARA QUE SERVEM AS AMIGAS...<br />
Por Tayná Fregoneze Farias*<br />
As amigas servem para nos dar apoio quando nós mais precisamos, quando<br />
estamos tristes, chateadas, com problemas, quando caímos, quando levamos<br />
broncas. Ficam sempre do lado da gente, mesmo quando se está errada.<br />
Elas nos consolam quando perdemos um jogo, nos alegram nas horas difíceis. Por<br />
exemplo, quando estou triste, a Fernanda é que me alegra!<br />
Minhas melhores amigas são a Fernanda e a Cristiane. Eu tenho outras amigas,<br />
mas estas são as melhores, e por isso resolvi escrever esta matéria para a<br />
Fernanda. É isso aí! E você? Qual a sua melhor amiga? Como ela te ajuda nas horas<br />
em que você precisa?<br />
*Tayná tem 9 anos e está na 4 ª série.
EU TENHO VERGONHA DE SER BRASILEIRA<br />
Por Patrícia Favalle<br />
No dia 29 de setembro de 1992, depois da forte pressão popular, em especial das<br />
protagonizadas pelos estudantes “caras-pintadas”, ocorreu a abertura de processo<br />
de impeachment do então Presidente Fernando Collor de Mello. Baseados no artigo<br />
86 da Constituição Brasileira, que diz, "Admitida a acusação contra o Presidente da<br />
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a<br />
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou<br />
perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade". Pois bem, tempos<br />
modernos, democracia em voga, PT no comando. Era Lula. O povo sorriu<br />
esperançoso de dias melhores. Mas nada mudou. A política neoliberal continuou<br />
ainda mais voraz. Os “radicais”, ou melhor, àqueles militantes que se mantiveram<br />
fiéis à causa partidária ‘pseudo-socialista’, foram expulsos. O Brasil deu o primeiro<br />
sinal de que estava desgovernado. Lula pegou seu avião imperial particular e<br />
decolou para longe da crise. Ainda assim, continua com a moral elevada, que só<br />
pode ser explicada porque se trata de um país cujos dados de analfabetismo são<br />
alarmantes e que a má distribuição de renda só perde para Serra Leoa, na África<br />
(assolada por uma guerra civil de décadas). Estamos acuados, maculados em nosso<br />
direito soberano de cidadãos. Os Correios, empresa tida com um dos símbolos do<br />
progresso nacional, ruiu sob tantas acusações de corrupção. E o Presidente do<br />
Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em vez de vociferar por transparência, acena para<br />
os Deputados e Senadores – eleitos por nós, povo – com milhares de reais para<br />
que a CPI emperre. Mas que país é este? O que tanto teme o PT? Partido dos<br />
Trabalhadores, ou será Partido dos Traidores? Você, cidadão, exija ética dos nossos<br />
representantes. É a única forma de limpar este país dos ratos que assolam nossa<br />
história.
NÃO SE ESQUEÇAM, EM UM ANO, O QUEIJO VOLTA PARA AS NOSSAS MÃOS. É<br />
HORA DE COLOCAR OS PINGOS NOS “IS”. NÃO REELEJAM OS POLÍTICOS<br />
PREOCUPADOS APENAS COM O PRÓPRIO BOLSO, AFINAL, ATÉ ESTE MOMENTO,<br />
MAIS DE 302 BILHÕES DE REAIS* ENTRARAM NOS COFRES PÚBLICOS ATRAVÉS<br />
DOS IMPOSTOS – PENA, QUE BOA PARTE DESTES RECURSOS, VÁ PARA OS<br />
PARAÍSOS FISCAIS, BENEFICIANDO MEIA DÚZIA DE PARLAMENTARES...<br />
*DADO OBTIDO NO SITE www.impostometro.org.br<br />
NO PAÍS DA METÁFORA<br />
Não dizem que em terra de gato, rato que não fala duas línguas acaba na pior?<br />
Então resolvemos aderir à prática, reproduzindo este conto famoso lá pros lados do<br />
Araguaia...<br />
Por Adriana Brito<br />
Foi um causo que contam por aí em meses juninos. Lá da terra de onde ‘judas<br />
perdeu as botas’ uma fera, meio lobo, meio homem decidiu que seria o dono da<br />
selva. Pego de ‘calças curtas’ não conseguiu dar o bote de primeira, já que os<br />
soldados de uma besta linha dura, não davam chance de ninguém sair uivando à<br />
toa por aí.<br />
Percebeu então que teria que se disfarçar entre os outros pra poder chegar lá. Daí<br />
vestiu-se como todo mundo, brincou como todo mundo, mas trabalhar que é bom...<br />
Aliás, pra isso dizem que ele era péssimo, além de razoavelmente invejoso. E já<br />
que o leão – que era o tal na época – feriu a pata e ganhou a simpatia geral... Por<br />
que não?<br />
E como todo ‘lobo em pele de cordeiro’ começou a chamar atenção dos outros<br />
rosnando, rosnando e rosnando. Os mais antigos dizem que foi por isso que o tal<br />
ficou com a voz e a língua daquele jeito. Esperto, observou que quando as<br />
confusões aconteciam bastava sair e gritar em meio à confusão para ser notado.<br />
Então vieram tempos difíceis na selva. E pra população que tava mais preocupada<br />
em sobreviver foi mais fácil colocar o dono de caninos tão poderosos como o líder<br />
dos companheiros-bichos. Só que na briga ele descobriu que não poderia se opor a<br />
tais injustiças sozinho. Depois de recorrer ao Saci, a Curupira e até a Mula Sem<br />
Cabeça, que negaram ajuda por conta de sua reputação, foi ter com o sábio local,<br />
que disse, ‘tenha paciência’.<br />
Tempos depois tinha mesmo seu grupo. Um deles era uma lenda, já que ninguém<br />
nunca conheceu sua verdadeira face. Outro com jeito meio sonso costumava ser
letal quando provocado, lembrando em muito um porco-espinho. Juntos formaram<br />
o bando do Pai Tatu, temido por toda a região por suas ações violentas.<br />
E mesmo com este tipo de poder as coisas não iam muito bem para o guará. Foi<br />
então à surdina que um galo cheio de idéias soprou em seu ouvido: ‘pra ser o dono<br />
da selva você precisará ganhar a confiança dos mais antigos. E pra isso deve se<br />
livrar da cara de lobo mau’.<br />
Não deu outra. Raspou os pelos, deu sorrisos, abaixou a voz e colocou-se como o<br />
mais domado dos seres. A cara de bonzinho conquistou todos os grupos da selva e<br />
ele foi escolhido como o rei supremo. E todos acharam que tal obstinação em ser o<br />
chefe daria a ele a chance de ser histórico.<br />
Sem dúvida. Sobretudo no momento em que um mamute de olhos furiosos invadiu<br />
o lugar e se pôs a falar dos erros cometidos pelo bando do Pai Tatu. Muitos ficaram<br />
chocados com tamanha sujeira. Depois de ampla discussão, o conselho palaciano<br />
imperial deu a sentença: ou entrava na linha ou sairia pela porta dos fundos.<br />
O lobo, que de bobo não tinha nada respondeu, ‘vamos à fritada’. E todos se<br />
fartaram da iguaria servida com carne de mamute, de galo, de raposa, de porco-<br />
espinho. Ao término do banquete no País das Metáforas o lobo se despiu da pele,<br />
revelando finalmente quem realmente era. Um dócil cordeirinho. Para quem viu<br />
ficou a lição... As aparências enganam.<br />
QUEM VAI FICAR COM ROBINHO?<br />
Por Romeu Tuma*<br />
Nada contra o craque Robinho, muito menos contra o Santos, um clube que tem<br />
história gloriosa e merece ser respeitado por todos que gostam de futebol. Mas a<br />
notícia publicada nos jornais de que se cogita uma alternativa para usar dinheiro<br />
público numa campanha para evitar sua saída do Brasil é no mínimo absurda. O<br />
ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, segundo consta, estaria ávido em abonar<br />
uma proposta que prevê o uso de U$ 6 milhões – algo próximo aos R$ 15 milhões –<br />
da estatal Petrobras como forma de evitar a ida do jogador para um clube<br />
estrangeiro.<br />
A idéia é mais uma das distorções do esporte brasileiro. Ninguém discute a<br />
importância da arte de Robinho para o futebol do país. Mas é impensável utilizar<br />
dinheiro público para competir com os milionários clubes europeus. Sobretudo no<br />
momento em que os clubes tentam se tornar empresas como alternativa de buscar<br />
outras formas de financiamento e reduzir a dependência das federações e do<br />
governo.
Se Robinho interessa ao Real Madrid e a vários outros grandes clubes da Europa, é<br />
porque ele teve a oportunidade de aparecer para o esporte. Como muitos outros<br />
talentos, ele tem origem bastante humilde e foi visto por alguém que percebeu seu<br />
potencial. Se isso não tivesse ocorrido, ele seria mais um dos milhões de excluídos<br />
deste país, além potencial vítima da falta de perspectiva que atinge nossa<br />
juventude.<br />
Seria, portanto, muito mais inteligente utilizar essa bolada para estimular a<br />
formação de novos talentos, não só no futebol. Todos sabemos que a utilização do<br />
dinheiro público em um projeto social não traz a visibilidade que uma campanha do<br />
tipo “Robinho é nosso” teria na mídia. Mas é preciso ir além. Quantos Robinhos ou<br />
Daianes, só para ficar nesses dois exemplos, um projeto mais amplo não revelaria.<br />
Se Robinho, assim como tantos outros craques brasileiros está indo para o exterior,<br />
é porque o Brasil não conta ainda com clubes em condições de bancá-los por aqui.<br />
E não é o dinheiro público que vai reverter essa situação. Todos sabemos que<br />
clubes e federações dispõem de recursos para fazer gestões sérias, o problema é<br />
que via de regra ambos são mal administrados. Há mais de dois anos venho<br />
brigando pela implantação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na<br />
Assembléia Legislativa para apurar os desmandos do futebol paulista.<br />
Com uma investigação séria, feita pelos parlamentares que têm esse compromisso<br />
em seus mandatos, poderíamos facilmente identificar as causas que levam os<br />
clubes, como o Santos, a não poder manter os craques por aqui. Poderíamos evitar,<br />
inclusive, que aventureiros como a MSI não encontrassem espaço para se fixar por<br />
aqui.<br />
É inegável ainda que temos condições de colocar o esporte a serviço da<br />
comunidade com a busca de investimentos para o incentivo à formação de nossos<br />
jovens.<br />
Queremos, sim, que os Robinhos de hoje e de amanhã permaneçam no nosso país.<br />
Mas o dinheiro público não pode ser usado para esse fim. Robinho é nosso, sim,<br />
com muito orgulho, mas a responsabilidade do poder público deve estar voltada<br />
para todos os jovens deste país.<br />
* Romeu Tuma é deputado estadual (PMDB), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor,<br />
membro da Comissão de Segurança Pública e Corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo.
SORTE DE CAMPEÃO E RECLAMAÇÃO CONTRA O ALEMÃO<br />
Por Hugo Dourado<br />
A última semana foi bastante agitada no mundo da Fórmula 1, duas corridas em<br />
sete dias. E que corridas!!! Duas lições podem ser tiradas dos grandes prêmios de<br />
Mônaco e Nurburgring. Primeira é na pista que se responde qualquer coisa e<br />
segunda lição, todo campeão precisa pilotar com inteligência e muitas vezes contar<br />
com uma dose sorte.<br />
Em Mônaco, a corrida mais charmosa da temporada, pode ver o que a muito não se<br />
via no principado, ultrapassagens. Da mesma forma que aumentou o risco para o<br />
piloto não poder trocar de pneus durante a corrida, cresceu de forma igual à<br />
emoção no final das provas. Carros menos equilibrados, ou projetados para poucas<br />
voltas tendem a perder rendimento e deixar seus pilotos na mão. Até mesmo<br />
carros equilibrados podem pregar peças em seus pilotos, foi o que aconteceu com<br />
Alonso em Mônaco.<br />
O espanhol não viu kimi Raikkonen, da McLaren, e não conseguiu segurar as<br />
Williams, mas foi inteligente e terminou a corrida em quarto. Marcar pontos é<br />
fundamental em todas as corridas, ainda mais agora que a diferença é bem menor<br />
de uma posição a outra. Em Nurburgring, mais uma vez Alonso não viu Kimi,<br />
porém não foi incomodado pelas Williams e teve a grande sorte de receber a vitória<br />
no finalzinho da prova, com a quebra de Raikkonen, que mais uma vez deixou<br />
escapar uma vitória por problemas do carro. Já é a segunda que sobra para o<br />
espanhol. Isso se chama sorte de campeão.<br />
O outro protagonista da semana foi Rubens Barrichello. Em Mônaco fez o que pode,<br />
o que convenhamos não foi grande coisa, mas no nas últimas curvas errou, ou<br />
quem sabe faltou atitude para ultrapassar Ralf, e perdeu o sétimo lugar para<br />
Schumacher, que já percebeu que o campeonato deste ano foi para o vinagre e vai<br />
tentar fazer o máximo de pontos possível, para quem sabe ficar entre os quatro no<br />
final.<br />
Até concordo que Barrichello precisava se rebelar, mas por que não fez isso<br />
disputando o primeiro lugar? Do jeito que aconteceu pareceu que foi a lamentação<br />
do eterno derrotado, que perde disputando tanto no topo quanto na rabeira. Ai veio<br />
o GP da Europa. Rubinho ficou quieto durante a semana e fez o seu trabalho.<br />
Começou conseguindo largar na frente de Schumacher e terminar na frente de<br />
Schumacher, isso é muito bom, mas é uma reação tardia do brasileiro. Isso teria<br />
que ter sido feito desde o primeiro ano de parceria na Ferrari. O terceiro lugar foi
importante, subir ao pódio mais uma vez dá moral ao piloto, mas precisa ser<br />
constante, ter gana pela vitória sempre. Esta é a primeira temporada que ele chega<br />
na sexta corrida com os mesmo pontos do alemão, então que lute para ficar na<br />
frente no final do campeonato. Sem choro e com muito trabalho.<br />
Sempre defendi Barrichello e acho que um grande piloto, mas até minha paciência<br />
está no fim. Se no Canadá, próxima corrida daqui duas semanas, ele for o mesmo<br />
do último GP, continuarei torcendo por ele. Agora se voltar a ser o Rubinho de<br />
Mônaco, esquece. Perco as esperanças.<br />
Classificação dos pilotos após 7ª etapa do mundial<br />
Posição Piloto Equipe Pontos<br />
1º Fernando Alonso Renault 59<br />
2º Kimi Raikkonen Mclaren 27<br />
3º Jarno trulli Toyota 27<br />
4º Nick Heidfeld Williams 25<br />
5º Mark Webber Williams 18<br />
6º Giancarlo Fisichella Renault 17<br />
7º Ralf Schumacher Toyota 17<br />
8º Michael Schumacher Ferrari 16<br />
9º Juan Pablo Montoya Mclaren 16<br />
10º Rubens Barrichello Ferrari 15<br />
11º David Coulthard Red Bull 15<br />
12º Alexander Wurz Mclaren 6<br />
13º Jacques Villeneuve Sauber 5<br />
14º Pedro De La Rosa Mclaren 4<br />
15º Christian Klien Red Bull 4<br />
16º Felipe Massa Sauber 2<br />
17º Vtantonio Liuzzi Red Bull 1<br />
Classificação dos construtores após 7ª etapa do mundial<br />
Posição Equipe Pontos<br />
1º Renault 76<br />
2º McLaren 53<br />
3º Toyota 44<br />
4º Williams 43<br />
5º Ferrari 31
6º Red Bull 19<br />
7º Sauber 7<br />
TECNOLOGIA SEM MEDO<br />
Da Redação<br />
Um dos maiores atrativos nos filmes de ficção científica é a projeção da vida<br />
cotidiana. Casas com sistemas inteligentes, que controlam a iluminação, a<br />
segurança, o entretenimento, chegando até a decoração dos ambientes. Pois este<br />
desenho já faz parte da realidade de muita gente. Embora, é claro, destoe do ideal<br />
de consumo da maioria.<br />
Alguns destes conceitos ainda demandam estudos e outros aparecem como<br />
indicadores de tendências. Expoente neste segmento, a Philips do Brasil lança uma<br />
série que mostrará as concepções tecnológicas e estéticas da empresa para o<br />
mercado.<br />
Chamado de ‘A Caminho da Simplicidade’ a coleção de livros será destinada a<br />
educadores, ONG´s, jornalistas, além de bibliotecas públicas. O primeiro número<br />
traz como foco o DESIGN, cujo conteúdo tem um atrativo especial a estudantes e<br />
profissionais da área da arquitetura.<br />
Um dos destaques é a linha de mobiliário Q4 Plugged. O sofá projetado para a<br />
chamada ‘casa conectada’ parece um daqueles componentes vistos quando se abre<br />
equipamentos como televisores e computadores. O visual moderno vai de encontro<br />
com sua funcionalidade, já que possui diversas entradas para conexão de aparelhos<br />
eletrônicos. Com quatro enormes bancos de 1,4 X 1,4m é possível criar diferentes<br />
composições como chaise-longue, puff e mesa lateral.<br />
Outro produto que chama a atenção é o Desfibrilador Portátil HeartStart que<br />
possibilita que qualquer pessoa dê os Primeiros Socorros com mais segurança.<br />
Pequeno e muito leve pode ser levado ao paciente, esteja ele onde estiver. E<br />
mesmo com a garantia de instruções simples, sem chances de erro, vale lembrar<br />
que este procedimento pede treinamento adequado.<br />
Ainda na área médica, o Achieva Cylindrical MR promete revolucionar os<br />
diagnósticos que demandam precisão absoluta. Tudo graças aos softwares<br />
“SameScan” e “ExamCards” que permitem uma série completa se estudos clínicos<br />
durante a realização do exame. É como diria Adous Huxley, um admirável mundo<br />
novo.
A RAIZ DO SOM<br />
Da Redação<br />
Desde o folhetim “Ana Raio e Zé Trovão” exibido pela extinta Rede Manchete, não<br />
se via o comportamento do sertanejo como temática principal. De lá pra cá, ao que<br />
parece, a mudança neste arquétipo tipicamente brasileiro se intensificou. Adeptos<br />
do modo americano, as pessoas adotaram todo o pacote na ‘modernização’ deste<br />
life style.<br />
FOTO DIVULGAÇÃO<br />
Consuelo de Paula e Rolando Boldrin<br />
Das camisas de grife, das botas luxuosas, das<br />
escandalosas fivelas de cinto e dos caríssimos<br />
chapéus de couro, passando pela escolha de<br />
itens de consumo como carros importados, até<br />
os novos caminhos seguidos pelo agro-negócio,<br />
tudo agora é country. Enfim, até a música, que<br />
poderia passar incólume neste processo ganhou<br />
novos arranjos e letras, que nem de longe<br />
remetem a inocência entoada por duplas como<br />
Tonico e Tinoco.<br />
Mas a arte é mesmo dinâmica, não fosse assim, não haveria espaço para os novos<br />
gêneros como a bossa-nova, a tropicália e o rock nacional. Entretanto uma coisa<br />
não substitui a outra, apenas a completa. E se a regra é clara, como diz este<br />
bordão esportivo, então vale uma olhada no espetáculo “Encontro de Raízes” entre<br />
Pena Branca (que fazia duo com o irmão Xavantinho) e Chico Lobo. Uma<br />
oportunidade valiosa para rever catiras, modas de viola e folias como “Cuitelinho”,<br />
“Cio da Terra” e “Velho Catiteiro”.<br />
Este evento faz parte da iniciativa do Centro Cultural Banco do Brasil que pretende<br />
aproximar artistas de diferentes gerações, resgatando a história destas expressões<br />
no país. Chamado de “Fogão de Lenha” a série musical segue ainda com um dia<br />
dedicado ao sincretismo. Os baianos, Paulinho Pedra Azul e João Bá unem-se a<br />
Dércio Marques para mostrar uma coletânea de canções dedicada aos elementos da<br />
natureza.<br />
Os encontros acontecem em dois horários e contam com os jornalistas Heródoto<br />
Barbeiro, às 13h e Chico Pinheiro, às 19h30, como mediadores da ocasião, dando<br />
ao público a oportunidade de saber um pouco mais sobre a carreira e o olhar do<br />
artista a respeito de suas criações. E neste universo de tradições, o cenário
concebido por José de Anchieta invoca elementos importantes no imaginário<br />
caipira. Com um convite assim dá até pra lembrar de um trecho muito famoso...<br />
‘Nestes versos tão singelos, minha terra, meu amor... ’.<br />
FOGÃO DE LENHA<br />
Paulinho Pedra Azul, Dércio Marques e João Bá, dia 21 de junho.<br />
Pena Branca e Chico Lobo, dia 28 de junho.<br />
Terças-Feiras, às 13h e 19h30.<br />
Centro Cultural Banco do Brasil<br />
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro – São Paulo.<br />
Ingressos: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia entrada).<br />
Informações pelos telefones 3113-3651 e 3113-3652 ou através do site<br />
www.bb.com.br/cultura<br />
CARNE DE PEIXE CRUA. VOCÊ AINDA TEM DÚVIDAS: COMER OU NÃO COMER?<br />
Por Graziela Piro<br />
Estava bom demais para ser verdade!!!<br />
Aos poucos os restaurantes de comida japonesa foram conquistando seu espaço...<br />
A comida ficou mais barata, a variedade aumentou pra atender todos os tipos de<br />
gostos, criaram-se o famoso rodízio com rodadas de todos os sashimis, sushis e “<br />
hots - “variados”, mas um surto da doença difilobotriase - infecção causada pelo<br />
parasita Diphyllobothrium spp – brecou o consumo de peixe cru e levanta duas<br />
importantes questões: como são armazenados e congelados esses peixes? O que<br />
devemos fazer?<br />
O verme é dos maiores parasitas intestinais do homem e pode chegar a um<br />
comprimento de 10 metros. Ele se instala no intestino delgado, onde ataca a<br />
mucosa. Os ovos, eliminados nas fezes, aparecem de 5 a 6 semanas após a<br />
ingestão da larva.<br />
Apenas 20% dos casos são sintomáticos e os sintomas de maior ocorrência são:<br />
dor e desconforto abdominal, flatulência e diarréia, vomito, perda de peso e anemia<br />
megaloblastica (já que o parasita absorve a vitamina B12 do organismo do<br />
indivíduo). O verme vive na musculatura do peixe (no caso do salmão, nos nervos)<br />
e ao ser consumido cru, fixa-se no intestino delgado, onde pode viver ate dez anos<br />
e atingir dez metros de comprimento.<br />
O tratamento deve ser feito com acompanhamento de um médico que indicará as<br />
corretas doses de Praziquantel a serem tomadas. Um hemograma do paciente deve
ser requisitado para analise de uma possível anemia - em casos de anemia o<br />
paciente deve tomar vitamina B12.<br />
O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), da Secretaria de Saúde do Estado<br />
suspeita que a doença tenha sido transmitida pelo consumo de salmão cru. A<br />
maioria do salmão consumido no Brasil é importada do Chile, onde já foram<br />
detectados casos da doença.<br />
O CVE publicou algumas recomendações que define o congelamento de pelo menos<br />
24 horas, a -18ºC, antes do consumo do peixe cru, mesmo não admitindo que o<br />
congelamento possa conter o surto da doença, já que não foi comprovada<br />
cientificamente que a baixa temperatura mata ou inativa o parasita. A Anvisa<br />
(Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) esta em fase de preparação de uma<br />
resolução que citará normas para o consumo e importação de peixe cru no país.<br />
Na dúvida abuse dos seus direitos como consumidor: visite as cozinhas dos<br />
restaurantes, analise a forma de armazenamento bem como as condições de<br />
higiene, peça para ver registros de congelamento que atestem a veracidade da<br />
temperatura do processo... E em ultimo caso DENUNCIE!<br />
Acesse o link para saber mais:<br />
http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/IF_Diphy.htm<br />
CABEÇA DINOSSAURO<br />
... E imaginação a flor da pele. É o que se vê na mostra “Corpos Pintados”,<br />
concebida, organizada e exibida pelo chileno Roberto Edwards, na OCA.<br />
Por Adriana Brito<br />
Diria Sigmund Freud que, ‘somos quem somos a partir do espelho que é o outro’.<br />
Sendo assim, talvez seja importante dar uma observada em todas as<br />
possibilidades, e reciclar-se de imediato. Foi o que propôs o fotógrafo Roberto<br />
Edwards, com seus “Corpos Pintados” em exposição pela segunda vez no Brasil, até<br />
03 de julho, na OCA – Parque do Ibirapuera. Vista<br />
por mais de 1,5 milhão de pessoas em 32 museus<br />
do mundo inteiro, a instalação oferece também, um<br />
espaço interessante para reflexões acerca da<br />
utilização do corpo, como suporte artístico.<br />
Este gigantesco trabalho ‘pictórico-dramático-<br />
mutante’ teve início em 1981, no Chile – país de<br />
origem de Roberto –, e contou até agora com a<br />
participação de 60 artistas que imprimiram suas
impressões a despeito da identidade humana. A anatomia da mostra percorre por<br />
221 painéis, divididos em seis módulos, com diversas formas de experimentações<br />
registradas.<br />
Ainda que a imagem seja o fio condutor deste espetáculo cenográfico, para os que<br />
buscam mais informações foram dispostas duas formas de subsídios. Caso dos 30<br />
livros produzidos em mais de 20 anos de montagens. Além disso, uma sala de<br />
projeção contendo o making of de mais de 1500 obras produzidas até o momento<br />
dá ao visitante, a chance de apreciar depoimentos de nomes consagrados como o<br />
boliviano Raul Lara e o colombiano Carlos Salazar.<br />
Entre os brasileiros o destaque fica por conta de Arcângelo Ianelli. Nascido em<br />
1922, o artista foi membro do Conselho de Arte de Museus e da Comissão Nacional<br />
de Artes Plásticas. Segue por influências neo-impressionistas e suas obras ocupam<br />
salas dos museus mais importantes da cena cultural contemporânea.<br />
E já que cada um deve exercitar seu lado voyeur, vale anotar como chegar lá:<br />
“Corpos Pintados” está aberta de terça a domingo, das 10h às 22h, no portão 03 do<br />
Parque do Ibirapuera. Mas prepare o bolso, já que a entrada é de R$ 15. Ou como<br />
diria a canção dos Titãs, ‘espírito de porco! Espírito de porco... ’.<br />
A CIÊNCIA DO EXERCÍCIO NEURAL...<br />
Por Graziela Piro<br />
...É assim que a Neuróbica tem sido considerada. Esquecer nome de pessoas, o<br />
titulo de filmes ou aonde deixou as chaves do carro tornam-se normalmente apenas<br />
motivos de piada sobre a idade e a velhice.<br />
Ao contrario do que se pensam esses pequenos esquecimentos não indicam doença<br />
grave e é possível combate-los com exercícios diários que, combinados os sentidos<br />
– visão, olfato, tato, paladar e audição -, além do “sentido” emocional oferecem ao<br />
cérebro experiências fora da rotina ou inesperadas.<br />
O Objetivo da Neuróbica é criar mais conexões entre diferentes áreas do cérebro,<br />
através da estimulação de padrões de atividade neural, fazendo com que as células<br />
nervosas produzam nutrientes naturais do cérebro, as neurotrofinas, que podem<br />
aumentar de maneira considerável o tamanho e complexidade das dendrites<br />
(prolongamentos ramificados das células nervosas).<br />
Algumas condições fazem com que um exercício seja Neuróbico: Envolver um ou<br />
mais sentidos numa nova tarefa, reprimindo sentidos que você normalmente usa;<br />
Combinar dois ou mais sentidos de maneiras pouco usuais ou transformar uma<br />
atividade rotineira em algo não-trivial ou inesperado.
Veja alguns exemplos de como ativar novos circuitos neurais com alguns<br />
exercícios:<br />
• Normalmente acordamos sentindo cheiro de café, mas você pode mudar sua<br />
associação olfativa pela manhã sentindo cheiros diferentes como baunilha,<br />
canela, hortelã, por exemplo.<br />
• Tome banho no escuro, ou de olhos fechados, procurando tatear todos os<br />
objetos necessários deixando que suas mãos descubram texturas e<br />
contornos variados.<br />
• Para escovar os cabelos, os dentes, fazer a barba, aplicar maquilagem,<br />
abotoar roupas, comer ou usar o controle da TV use a mão que<br />
normalmente você não usaria fazendo com que circuitos, conexões e áreas<br />
do cérebro sejam estimulados.<br />
• Se for de carro para o trabalho use percursos diferentes, se for a pé as<br />
possibilidades Neuróbicas são ainda maiores, uma vez que andando você<br />
pode perceber mais as cores, objetos, casas, pessoas do que se estivesse<br />
dirigindo.<br />
• A pele tem receptores para o calor, frio e pressão interna. Usando luvas<br />
grossas para trocar de estação no radio, usar o controle da TV ou guiar, por<br />
exemplo, você estará aumentando o papel da informação que vem dos<br />
receptores de pressão e ativando diferentes circuitos cerebrais envolvidos na<br />
ação escolhida.<br />
• Encha uma lata de moedas e com os olhos fechados tente identificar os<br />
diferentes valores. Desta forma você estará fortalecendo a capacidade de<br />
distinção tátil que normalmente é superada pela visão.<br />
• Mude os objetos de sua mesa de trabalho de lugar ativando assim redes de<br />
aprendizado espacial. As áreas sensoriais e visuais do cérebro voltam a<br />
funcionar reajustando os mapas cerebrais internos.<br />
Comece já! Aproveite e mude seu relógio de pulso!<br />
BAH!<br />
Por Yuri Slenko<br />
Quem merece assistir acústico de bandas gaúchas? A resposta certa seria ninguém,<br />
entretanto, a direção da emissora pop MTV resolveu testar a paciência dos<br />
telespectadores.
A tortura é seguida pela chatice exemplar do VJ – gaúcho – Rafa. Nada contra os<br />
rio-grandenses-do-sul, mas com bandas que seguem a trilha dos Engenheiros do<br />
Hawaii, melhor nem tentar escutar.<br />
Acostumados a alavancar carreiras em declínio, caso dos Titãs, Ira! e Capital Inicial,<br />
a MTV aposta agora em renovar o segmento. Sorte dos integrantes do Ultramen,<br />
Bidê ou Balde, Cachorro Grande e Wander Wildner - e azar da audiência.<br />
Por sinal, nos últimos tempos, a emissora ultra-popular entre jovens e trintões<br />
descolados, tem reinventado alguns formatos de programas. As VJs Didi Wagner e<br />
Marina Person dividem os holofotes do irônico “Balela MTV”. Outro sucesso típico é<br />
João Gordo, que despontou como entrevistador desbocado no “Gordo a Go-Go” e<br />
ganhou o “Gordo Freak Show”, cujo bordão é mandar o telespectador para a “casa<br />
do c...”. A ex-Fenômeno, Daniella Cicarelli, comanda o “Beija Sapo”, uma releitura<br />
do antigo “quer namorar comigo?” (que ela deveria participar).<br />
Penélope redescobriu o charme e mostra jogo de cintura ao responder as questões<br />
constrangedoras do “Ponto Pê”. Marcos Mion, que tentou fazer sucesso fora dos<br />
recônditos moderninhos e experimentou o fracasso, retornou às origens e desfruta,<br />
novamente, do status de ídolo às avessas.<br />
Na contramão, estão os veteranos Cazé, Sara e Edgar, respectivamente incumbidos<br />
de tarefas sobre-humanas. Cazé precisou de tanta resignação para conduzir o<br />
reality show intitulado “Programa Piloto”, que o quadro não vingou. Sara foi<br />
colocada no “Jornal da MTV” – ao lado do insuportável Rafa -, uma espécie de<br />
reconhecimento (ou punição) pelo amadurecimento, e Edgar ficou com a<br />
apresentação do “Fanático”, que na estréia contemplou o pobre público com um<br />
duelo entre fãs dos Engenheiros do Hawaii (sic).<br />
Nesta seara que reúne acordes e entretenimento, uma das jóias da coroa, ao lado<br />
da animação Mega Liga de Vjs Paladinos, é mesmo o RockGol de Domingo. Na<br />
quinta edição, a dupla, Marco Bianchi e Paulo Bonfá, consegue incomodar outros<br />
canais e as tradicionais e cansativas mesas-redondas. Isso sim que é renovação.<br />
'TAS' BRINCANDO?<br />
Por Ariana Brink<br />
Depois de longa trajetória na TV Cultura, o apresentador, diretor e roteirista<br />
Marcelo Tas resolveu dar uma guinada na carreira. Transferiu-se para a Rede 21,<br />
com a interessante proposta de unir entretenimento e descontração.
Ao lado do cantor e compositor Lobão e da modelo Mariana Weickert (ex-MTV), Tas<br />
apresenta o talk show intitulado “Saca-rolha”. O programa é transmitido de<br />
segunda a sexta-feira, e conta com convidados e assuntos polêmicos.<br />
No improviso, temas que passeiam da homossexualidade ao consumo de drogas,<br />
são encarados com normalidade. Os comentários ácidos de Lobão temperam ainda<br />
mais as conversas e nem a carinha de boa moça de Mariana chega a enganar –<br />
pudera, basta abrir a boca para roubar a cena.<br />
O jornalista Xico Sá foi um dos primeiros entrevistados e não decepcionou. Falou<br />
abertamente da ética na profissão, profetizou que o que falta no jornalismo atual é<br />
“conhaque”, e não se fez de rogado quando, para delírio dos machos de plantão,<br />
disse que a mulher pode até “comê-lo”. A essa altura, Lobão uivava e Mariana,<br />
menos cordeirinho do que nunca, estava completamente integrada ao papo de<br />
botequim. Apenas Tas pareceu constrangido.<br />
Marcelo é mesmo um homem cheio de surpresas, em constante renovação. Embora<br />
o desafio o obrigue a retornar a fase “tateando o terreno”, já que, cabe o chavão,<br />
“em arena de leões, segurar gladiador é arte” –, ele fica com a tarefa de intervir no<br />
tom que as discussões tomam. E é exatamente neste ponto que reside o sucesso<br />
do programa, na experiência de um dos profissionais mais competentes da<br />
televisão brasileira: Marcelo Tas.<br />
Quando: de segunda a sexta-feira, das 22h30 às 23 horas.<br />
Onde: Rede 21<br />
35 ANOS DO TRI<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
A cada quatro anos o mundo esportivo pára por causa da Copa do Mundo, e junho<br />
é o mês escolhido para a ‘overdose’ de futebol, que une os continentes. Foi assim<br />
também em 1970, no México, quando o Brasil conquistou o tricampeonato, no dia<br />
21. Na memorável decisão de título contra a Itália, no lotado estádio Azteca, na<br />
Cidade do México, o lateral-direito e capitão Carlos Alberto Torres ergueu a taça<br />
após a goleada por 4 a 1.<br />
Naquele dia, o vistoso Estádio Azteca recebeu 107 mil torcedores, a maioria dos<br />
mexicanos que preferiu se juntar ao batuque e barulho dos brasileiros nas<br />
arquibancadas. E que exibição de gala do time brasileiro, comandado pelo técnico<br />
Mário Jorge Lobo Zagallo! Se aquele time contava com um goleiro só razoável,<br />
como Félix, e tinha o improvisado volante Wilson Piazza na zaga, ao lado de Brito -<br />
devido a carência de bons jogadores para a posição- do meio-de-campo pra frente
o time era fantástico. Bons tempos em que o volante tanto era um ‘ladrão’ de bola<br />
e sabia iniciar contra-ataques, como fazia Clodoaldo.<br />
Pode parecer estranho para a época, mas a Seleção Brasileira já adotava o 4-4-2,<br />
com variações para o 4-5-1. Além de meio-campistas como Clodoaldo, Gérson e<br />
Rivelino, Pelé ajudava o setor que, por vezes, contava com o recuo do atacante<br />
Tostão, quer para dar combate ao adversário, quer para organizar jogadas. Fixo, na<br />
frente, só Jairzinho, o ‘furacão da Copa’, que fazia jus ao bordão criado pelo<br />
narrador de televisão Geraldo José de Almeida, porque arrancava da direita em<br />
diagonal, com incrível velocidade, e deixava os adversários atrás.<br />
Geraldo José de Almeida - já falecido - era o símbolo do patriotismo durante<br />
transmissão de jogos da Seleção Brasileira. Uma das frases de efeito que usava era<br />
“vamos Brasil, que a nossa fé te empurra”. Pelé era o “craque café”, na época o<br />
produto de maior exportação do País. Gérson era o “canhotinha de ouro”, e por aí<br />
vai.<br />
Foi o primeiro ano que a televisão brasileira mostrou ao vivo, em preto e branco,<br />
jogos de Copa do Mundo, e o brasileiro estava de alma lavada. Aquele fiasco na<br />
Copa da Inglaterra, quatro anos antes, estava entalado na garganta. As derrotas<br />
para Hungria e Portugal, na primeira fase, que precipitaram o retorno daquele<br />
selecionado, implicaram apenas na perda provisória da hegemonia do futebol<br />
mundial.<br />
Já o dia 5 de julho próximo será marcado como o 23º ano da tragédia de Sarriá, na<br />
Espanha. Judiação! Aquele time, que parecia um “Butantã, foi demolido pelo<br />
italiano Paolo Rossi. A geração de Zico, Sócrates, Júnior, Falcão, Edinho e Leandro<br />
brilhava na competição até a fatídica vingança da seleção italiana, que derrotou o<br />
Brasil por 3 a 2, em jogo que o time brasileiro precisava só do empate.<br />
Foi o dia do choro, da lamentação. Ninguém conseguia entender como aquele<br />
timaço, comandado pelo treinador Telê Santana, pudesse ser eliminado<br />
precocemente.<br />
Coisa do futebol. Por essa e outras que um dia o imortal dirigente Neném Prancha<br />
inventou uma célebre frase: “futebol é uma caixinha de surpresa”.<br />
Do Sarriá, restam só imagens do futebol lindo praticado pelo time brasileiro e o<br />
estrago feito pelo atacante Paolo Rossi. O estádio já foi demolido.<br />
PAULA, HORTÊNCIA, PIPOCA, OSCAR...<br />
Qual é o critério para dimensionar o talento de alguém? Através do Projeto<br />
Crianças, a ADD estimula os jovens a mostrar o que têm de melhor.<br />
Por Sandi Dias
Dizem que o esporte é uma solução redentora. Prova disso, é o ‘Craques de<br />
Sempre’, cuja finalidade é o jovem morador das periferias paulistanas. Dirigido pelo<br />
ex-jogador Badeco e, contando com a participação de outros 50 cooperados como<br />
Leivinha e Basílio, a iniciativa atende cerca de 15.000 participantes em modalidades<br />
como capoeira, futebol e basquete.<br />
E o que se dizer sobre as dificuldades de acesso ao esporte, de portadores de<br />
necessidades físicas especiais, pessoas cuja prática é distanciada pela falta de<br />
incentivo, de profissionais interessados e de lugares adaptados.<br />
Para dar conta desta defasagem, a ADD – Associação Desportiva para Deficientes<br />
criou o ‘Projeto Criança’, em que o maior dos compromissos é a integração,<br />
inclusão e o desafio dos limites físicos. Concebida em 2001, a iniciativa recebe<br />
atualmente 150 meninos e meninas cadeirantes, com idade entre 06 e 15 anos em<br />
atividades de natação e basquete.<br />
Dividido em Minas Gerais e São Paulo, o programa conta com orientadores e<br />
professores interessados em jogos recreativos, ministrados de maneira a fortalecer<br />
também a personalidade da criança.<br />
E o que se vê, além disso, são possibilidades reais na formação de atletas<br />
profissionais, já que a ADD é a única entidade a fomentar trabalhos de base e ter<br />
jogadores da Seleção Brasileira de Basquete em cadeira de rodas. Para Steven<br />
Dubner, “com o programa de formação destes profissionais, a associação pode dar<br />
continuidade ao campeonato ADD/Magic Hands realizado por todo o país, com<br />
equipes adultas”.<br />
Para entrar no time os aspirantes passam por seleções educacionais, avaliações<br />
médicas, psicológicas e técnicas. Depois disso, o começam os treinos preparados<br />
uma vez por semana. Vale lembrar o Projeto Criança conta com a parceria do<br />
Colégio Madre Cabrini, Pueri Domus e Instituto Teresa Valse. Para mais<br />
informações consulte a página www.add.org.br.<br />
SER OU NÃO SER...<br />
Por Patrícia Favalle<br />
A frase de Shakespeare transformou-se num clichê, mas ainda é capaz de pontuar<br />
situações atuais. Uma das questões polêmicas é sobre o preconceito racial. O<br />
pontapé inicial foi dado pelo atacante galáctico, Ronaldo, depois de condenar o<br />
racismo, se revelou – para surpresa até do pai, Nélio – branco.
Ronaldo, assim como qualquer pessoa, tem o direito de ser branco, pardo, amarelo,<br />
vermelho, rosa-choque, verde... Entretanto, Ronaldo é uma pessoa pública, cuja<br />
notoriedade transcende os campos de futebol. Neste contexto, cabe a ele<br />
engajamento por causas minoritárias e o racismo, tão evidente em alguns lugares,<br />
oculto em outros, deve ser combatido com todas as forças.<br />
Negar a cor da pele é um dos fatores que mais culmina a intolerância. Proferir<br />
frases do tipo “é um negro de alma branca”, ou pior, “é moreninho queimado de<br />
sol” só demonstram o quanto o preconceito existe.<br />
Com poder de fogo, o programa global Fantástico saiu às ruas para entender um<br />
pouco mais do ‘ser ou não ser’. A repórter-apresentadora Glória Maria perguntava<br />
aos transeuntes ‘qual era a cor da pele dela?’. Para surpresa geral, ninguém<br />
respondeu negra. As respostas foram um amontoado de ‘marronzinha’, ‘chocolate’,<br />
‘mulata’, ‘moreninha’, ‘morena clara’, só faltou alguém dizer que ela era albina...<br />
Com tanta ignorância, vale o alarde de que o Brasil tem – sim – racismo, e o pior<br />
deles, o mascarado. Uma pena para um país tão miscigenado, cuja cor da pele é<br />
um fator banal.<br />
LUllA LÁ, BEM LONGE!<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Só posso começar esta coluna com uma vaga lembrança, a de que Collor perdeu o<br />
mandato cercado de escândalos e Waldomiros. Pois bem. Da ditadura militar a Era<br />
Lula, pouca coisa mudou. Àqueles que tinham a esperança de ter no comando um<br />
agente da esquerda, revolto contra a alta dos juros e do capitalismo, ávido por<br />
liberdade, decepcionou-se.<br />
Lula é uma anedota. O presidente das massas, mais onipresente que o último dos<br />
militares, manda e desmanda, aparece em rede nacional, dá um risinho meio<br />
enfadonho, com ares de piedade, diz meia dúzia de bobagens e sai de cena. Mas<br />
tão logo se vira de costas, autoriza aumentos abusivos, distribuí cargos políticos e<br />
barganha a liberação de verbas em troca de favores. Neste contexto, Severino é<br />
mesmo a pedra em seu sapato.<br />
Lula passa a imagem de verdadeiro ‘pai dos pobres’. Duda Mendonça, talvez seja a<br />
mãe. É um caso atípico, que nem exame de DNA daria conta. Somos enganados,<br />
colocados em terceiro plano, despidos de cidadania, enquanto o aspirante a ditador<br />
mexe as peças do seu tabuleiro gigante, agora contornando uma eminente CPI –<br />
outrora, siglas tão pronunciadas pela elite petista e - como são as coisas – agora,<br />
tão rechaçadas...
Lula é, no máximo, o padrasto do povão desdentado e miserável. Num país que<br />
ainda engatinha nas lições da democracia é natural que cometa erros. Ainda assim,<br />
há tempo para que a cilada não se repita, ou quem sabe até, seja abreviada.<br />
GAY AFTER – A BANALIZAÇÃO DO ESPETÁCULO<br />
Por Helen Pessoa<br />
Há exatos nove anos, muitos corajosos “engajados” empunharam uma bandeira<br />
com as cores do arco-íris e saíram em passeata pela a Avenida Paulista clamando<br />
por reconhecimento.<br />
FOLHA IMAGEM<br />
Passadas algumas primaveras, o perfil dos<br />
homossexuais brasileiros não é mais o mesmo. As<br />
portas dos armários foram arrombadas e, aos<br />
milhares, gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros<br />
(não são transgênicos) mostram a cara. A intenção,<br />
claro, mantém-se digna – exigir os mesmos direitos<br />
civis que os heterossexuais dispõem.<br />
O problema, é que a organização do evento não se<br />
preocupou em qualificar o movimento, pelo contrário,<br />
partindo da máxima de que “quantidade é<br />
visibilidade”, esqueceu-se de conhecer seus<br />
integrantes. Resultado: a cena paulistana ganhou mais<br />
que o espetáculo colorido e festivo, literalmente, a<br />
própria tradução da palavra gay. Militantes, um tanto<br />
despidos de pudor, protagonizaram momentos<br />
picantes, de masturbação pública e azaração explícita<br />
ao consumo de drogas, jogando lantejoulas<br />
desnecessárias ao evento.<br />
Pelo segundo ano consecutivo, a Parada do Orgulho GLBT atrai perto de dois<br />
milhões de expectadores, ativos ou passivos, até as crianças se tornaram parte da<br />
festa. A idéia era esta, minimizar o preconceito e fazer com que a sociedade fosse<br />
menos proibitiva, garantindo cidadania aos assumidamente homossexuais.<br />
Entretanto, para que o movimento de respeito não se torne um dia de orgia e<br />
descontrole total, é preciso que os organizadores credenciem seus participantes.<br />
Valer-se de dados da comunidade gay européia, por exemplo, de nada adianta, já<br />
que é ínfima a parcela de brasileiros que tem renda superior a 20 salários mínimos.
Theodor Adorno já advertia para a banalização do espetáculo que em vez de<br />
glamourizar, vulgariza. Vale prestar mais atenção!<br />
Cardápio especial para o dia dos namorados<br />
Dia dos namorados requer uma produção mais apurada e muita, muita paciência.<br />
Isso porque a data é comemorada nas longas filas dos restaurantes, bares e<br />
motéis. Para quem não tem tempo a perder e prefere apostar no fator surpresa, a<br />
dica é investir num jantar especial para a ocasião, feito em casa. Além de ser uma<br />
solução para minimizar os gastos, nada como a privacidade de um ambiente a dois<br />
para curtir ao máximo tais momentos. A receita, assinada pelo gourmet Marcelo<br />
Sampaio, vale-se do paladar tipicamente brasileiro, com pitadas extras de ousadia.<br />
Voilà.<br />
Salada de folhas verdes:<br />
1 maço de alface crespa<br />
1 maço de alface americana<br />
1 maço de escarola frise<br />
120 g de queijo coalho<br />
1 vidro de palmito<br />
Lave as folhas e separe em local fresco.<br />
Corte o queijo coalho em cubinhos e<br />
desfie o palmito.<br />
Molho:<br />
1 colher de sopa de cachaça<br />
suco de 1 limão<br />
1 colher sopa de mel<br />
3 colher sopa de azeite<br />
sal à gosto<br />
Misture todos ingredientes.<br />
Panelinha de siri mole:<br />
100g siri<br />
½ cebola<br />
½ pimentão amarelo<br />
1 tomate maduro<br />
sal à gosto<br />
coentro à gosto<br />
azeite de dendê à gosto<br />
pimenta calabresa à gosto<br />
Processe a cebola, pimenta e o<br />
tomate, refogue no azeite de dendê e<br />
acrescente a carne de siri. Tempere<br />
com sal, coentro e a pimenta. Deixe<br />
apurar bem.<br />
Mini-moranga recheada com bobó de frango com castanha de caju:<br />
4 mini-morangas<br />
1 peito de frango<br />
400 g de mandioca<br />
½ xícara de chá purê de tomate<br />
½ xícara de chá leite de coco<br />
1 cebola pequena<br />
50 ml de azeite de dendê<br />
1 cubinho de caldo de galinha
50 g de castanha de caju<br />
sal à gosto<br />
pimenta calabresa à gosto<br />
Lave as morangas e retire sua polpa. Cozinhe e reserve. Descasque a mandioca e<br />
cozinhe bem. Faça um purê e reserve. Corte o frango e a cebola em cubinhos.<br />
Refogue no dendê a cebola, o caldo de galinha, o peito de frango e o purê de<br />
tomate. Acrescente o purê de mandioca e tempere à gosto com sal e pimenta.<br />
Recheie a abóbora e coloque para gratinar. Salpique com castanha de caju para<br />
decorar.<br />
Arroz com brócolis ao limone:<br />
4 xícara de café de arroz<br />
200g de brócolis<br />
1 limão<br />
200g de limão<br />
½ cebola<br />
sal à gosto<br />
Corte a cebola e o brócolis em cubinhos.<br />
Reserve o brócolis. Refogue a cebola e o<br />
arroz com 100g de manteiga e cozinhe.<br />
Quando estiver pronto refogue o brócolis<br />
na manteiga e tempere com sal e suco<br />
de limão. Acrescente o brócolis no arroz<br />
e salpique salsinha por cima.<br />
JULHO <strong>2005</strong><br />
Sorvete de coco com doce de<br />
abóbora e lascas de coco fresco:<br />
Doce de abóbora:<br />
150 g de abóbora<br />
150 ml de água<br />
150 g de açúcar<br />
1 canela em pau<br />
5 cravos<br />
Corte a abóbora em cubos e reserve.<br />
Faça uma calda com água e açúcar e<br />
aromatize com canela e cravo. Quando<br />
o açúcar já estiver derretido cozinhe a<br />
abóbora na calda até ficar mole para<br />
amassar e fazer uma pasta de<br />
abóbora, mas não pode ficar seca. Se<br />
necessário vá acrescentando água.<br />
Lascas de coco: 50 g de coco fresco.<br />
Com um descascador de legumes faça<br />
lascas de coco e decore.
MISCELÂNEA DE JULHO<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
Não é privatização! A Câmara dos Deputados aprovou na primeira quinzena de<br />
julho um projeto de lei que prevê a concessão de florestas públicas para a<br />
exploração sustentável pela iniciativa privada. Em dez anos, até 13 milhões de<br />
hectares – o que representa 3% da Amazônia – deverão ser disponíveis para<br />
licitação. Esse projeto também cria o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo Nacional<br />
de Desenvolvimento Florestal. O primeiro será responsável pela gestão das<br />
florestas e supervisão dos contratos e o segundo utilizará os recursos arrecadados<br />
para fomentar atividades de uso sustentável. A gente que vê tanta barbaridade,<br />
não deve acreditar de cara e achar que essa é uma bela e inovadora idéia. Ou não?<br />
Será que dispor essa terra tão valiosa a empresas que poderão desfrutá-la durante<br />
40 anos é uma das melhores saídas para o governo? E tem mais: se essa lei é tão<br />
boa, poderia muito bem ter sido criada há muito tempo, não é? A gente que<br />
trabalha todo dia e tem rotina maçante, a gente que derrete nos trens do metrô,<br />
tem que ler essas notícias com um pé atrás. (Fonte: O Estado de S. Paulo e 14 o<br />
Andar)<br />
CPI do Requeijão - No final do ano passado, a Veja publicou que algumas empresas<br />
vendiam requeijão que não era requeijão. Barbaridade, como assim? Algumas<br />
marcas como Vigor, Paulista, Poços de Caldas (Danone), Nestlé e Leco eram uma<br />
especialidade láctea à base de requeijão, com maisena e gordura vegetal –<br />
ingredientes que barateiam os custos de fabricação. Segundo a revista, primeiro o<br />
governo proibiu o uso do nome requeijão. “Como a indústria chiou, avisou que<br />
permitirá que ela volte a usar a denominação nos rótulos”. Que fraqueza! Isso que<br />
é corrupção. Como será que anda este caso, hein?<br />
Vale a pena no Cultural - Diversão certa no Centro Cultural de São Paulo é a Mostra<br />
de Férias Cemitério de Automóveis. Até o final do mês, o grupo de teatro<br />
homônimo apresenta diversas peças por R$ 12. E quem levar carteirinha de<br />
estudante, paga a metade. O ambiente, para quem não conhece o pedaço, é dos<br />
melhores. Vale a pena arriscar um pouso por lá, mesmo quem pretender voar mais<br />
longe na madrugada, afinal as peças começam às 21h (no domingo, às 20h).<br />
RECICLANDO-SE<br />
Da Redação
Invista em suas qualidades. Não é o que diz as dinâmicas motivacionais espalhadas<br />
pelo universo empresarial? Aplicar seu tempo em situações que ampliam o<br />
conhecimento também serve como uma poderosa ferramenta anti-stress. Para esta<br />
edição separamos alguns cursos voltados à arte, a comunicação e a gastronomia.<br />
Confira:<br />
Prato-Feito: Para quem abomina o almoço de churrascaria, o restaurante<br />
Vegethus oferece quatro cursos voltados à culinária vegetariana. As aulas são<br />
envolvem a criação de pratos com produtos integrais, crus, de soja e seus<br />
derivados. Quem comanda a festa é Ângela Festa, que recebe como convidado o<br />
nutricionista Dr. George Guimarães, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira<br />
(SVB), em São Paulo.<br />
Inscrições: poderão ser feitas pelo telefone (0xx11) 5539-3635.<br />
Preços: a apostila e as aulas têm valor entre R$ 60 e R$ 80.<br />
Calendário: 06 de agosto e 06 de setembro (culinária integral); 27 de agosto<br />
(soja, soja, soja); 24 de setembro (preparações crudívoras).<br />
Local: Restaurante Vegethus. Rua Padre Machado, 52, Vila Mariana, São Paulo.<br />
Don´t worry, be happy: com apoio de marcas como Gatorade, Quaker e revista<br />
Viva Saúde, acontece no Pavilhão da Bienal, o evento ‘Qualidade de Vida e Viver<br />
Bem em <strong>2005</strong>’, com aulas abertas de yoga, ginástica, relaxamento, além de<br />
apresentações circenses e de equipes esportivas. A agenda engloba ainda palestras<br />
sobre nutrição, saúde, beleza e vida sexual.<br />
Preços: todas as atividades serão gratuitas.<br />
Calendário: 30 e 31 de julho.<br />
Local: Pavilhão da Bienal, portão 03 – Parque do Ibirapuera.<br />
Ata-me: o projeto Oficinas Culturais foi criado no final da década de 80 e desde lá<br />
apresentou um diferencial em relação a outras iniciativas públicas: a prática. Entre<br />
os destaques estão à unidade Oswald de Andrade, no Bom Retiro e Raul Seixas, no<br />
Tatuapé. Conta com programação bem diferenciada com ações como restauração<br />
de esculturas, desenho de moda e jardinagem.<br />
Inscrições: depende da atividade escolhida, entre 954 opções. Vale observar as<br />
que serão realizadas na segunda quinzena deste mês.<br />
Preços: para <strong>2005</strong>, a taxa de matrícula tem valores de R$ 5 para estudantes,<br />
idosos e aposentados (mediante comprovação da condição) e R$ 10 para os<br />
demais. Há ainda a opção isento (ver regulamento nas unidades).<br />
Na capital: O.C. Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, 221-<br />
5558; O.C. Amácio Mazzaropi e da 3ª Idade – Avenida Rangel Pestana, 2401,<br />
Brás, 6292-7071; O. C. Alfredo Volpi – Rua Victório Santim, 206, Itaquera, 6205-<br />
5180; O.C. Casa Mário de Andrade – Rua Lopes Chaves, 546, Barra Funda,
3666-5803; O.C. Luiz Gonzaga – Rua Amadeu Gamberini, 259, São Miguel, 6956-<br />
2449; O.C. Raul Seixas - Rua Inspetor Mário Teixeira, 70, Tatuapé, 6671-9073;<br />
O.C. Maria José de Carvalho – Rua Silva Bueno, 1533, Ipiranga, 6162-9346;<br />
Oficina do Vidro – Praça Marechal Deodoro, 306, Santa Cecília, 3825-7597; Casa<br />
Modernista – Rua Santa Cruz, 325, Vila Mariana, 5549-4288. Para mais<br />
informações acesse o site www.oficinasculturais.sp.gov.br.<br />
SOCO NO ESTÔMAGO<br />
Por Alex Barbosa<br />
Citado em dez entre dez manuais do marketing moderno, a Burger King consolidou<br />
uma carreira de sucesso, num mercado em que os profissionais praticam sem<br />
reserva nenhuma, o que podemos chamar de ‘canibalismo empresarial’: o fast food.<br />
Concorrente direta do Mc Donald´s na briga pelo melhor hambúrguer, a rede<br />
mostra aos famintos clientes um cardápio mais relaxado, que foge dos pratos<br />
numéricos e dos lanches engessados.<br />
Sua estrutura é respeitável. Com mais de 11.220 restaurantes, sediados em mais<br />
de 50 estados norte-americanos e filiais em mais de 61 países, a marca registrou<br />
em 2004 um uma receita de invejáveis US$ 11.1 bilhões. Trazida para o Brasil pelo<br />
locutor esportivo Galvão Bueno e associados, a BGK lança no dia 19, terça-feira, o<br />
primeiro restaurante de rua da franquia, na esquina da Avenida Santo Amaro com a<br />
Rua Hélio Pellegrino, na zona sul de São Paulo. Até agora só existiam endereços da<br />
Burger King em shopping centers.<br />
O grande desafio da Burger King é não ser a Rede TV! dos lanches rápidos. Para os<br />
investidores recuperar o déficit de 26 anos em relação ao Mc Donald´s demandará<br />
um esforço de marketing maciço e a certeza de que o consumidor brasileiro já não<br />
se rende facilmente. Além disso, terá uma briga acirrada com outras marcas como<br />
Bob´s, X Picanha, Burgão e as potentes formigas como Hamburguinho e Captain<br />
Cook.<br />
Ao seu lado há dois fatores. O primeiro indicado pela Associação Brasileira de<br />
Franchising que indica um crescimento de 13% no setor de alimentação, em 2004.<br />
O outro diz respeito a forte censura que seu grande oponente tem passado. Tão<br />
arrasadores que, depois das acusações ligadas a qualidade oferecida em seus<br />
lanches, como sendo uma das grandes culpadas na epidemia de obesidade que<br />
acomete cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, o Mc Donald´s passou por<br />
mudanças sensíveis, adotando pratos com saladas, frutas e sucos.
Sem contar o sucesso retumbante do documentário Super Size Me – A Dieta do<br />
Palhaço, de Morgan Spurlock que demonstrou toda a estratégia de convencimento<br />
elaborada pela rede, para trazer as famílias aos bancos de suas lojas. Mesmo sendo<br />
citado por Spurlock, o Burger King passou incólume pela reação da mídia. Diante da<br />
ofensiva do inimigo, em território canarinho é bom que o velho Ronald solte a<br />
Carmem Miranda que existe dentro dele e defenda seu território. Só no sapatinho...<br />
BRASIL, PATRIMÔNIO DE ANTÔNIO?<br />
A técnica, embora não seja nova, assombra o Planalto porque mudou os<br />
personagens. Em vez dos antigos negociadores, petistas portadores da ética<br />
arrancaram-lhes os cargos.<br />
Por Patrícia Favalle<br />
“’Seo’ Zé tá pensando em boi (...)”, versa uma das estrofes de Carlinhos Brown. A<br />
música soa como a tradução perfeita para os recentes episódios envolvendo a<br />
cúpula petista e o pagamento de mesadas para parlamentares da base aliada.<br />
No caso, os "bois" foram usados como os fantasmas de PC Farias, há 13 anos.<br />
Marcos Valério entrou nos anais da política, literalmente, pelas porteiras. O<br />
publicitário circulava com desenvoltura pelos corredores do Congresso Nacional,<br />
pastando ou não, mantinha a atenção na engorda dos bois.<br />
Desde a saída do ex-braço ‘direito’ do então Ministro Chefe da Casa Civil, José<br />
Dirceu, (frise, a direita representa a maldade) Waldomiro Diniz, ex-caçador de<br />
fantasmas, especializado na arte lobista e arrecadador de gordas propinas, o<br />
governo ficou sem presença entre os ‘camaradas’ da Câmara.<br />
O jeito foi aliciar um novo agente. Com tamanha discrição, o mineiro Marcos<br />
Valério, dono das empresas SMP&B e DNA Propaganda, ambas prestadoras de<br />
serviço do governo, com contas milionárias, se dispôs ao trabalho sujo.<br />
Introduziu no cenário insosso de Brasília uma artimanha bem ao estilo “tudo pelo<br />
social” dos petistas. Era a vez da “bolsa-parlamentar”, ou melhor, das malas<br />
repletas de dinheiro vivo, capazes de comprar de idéias a ideais. Paulo César<br />
sentir-se-ia ultrajado, na lona. MV não é o pai da invenção, assim como seu<br />
antecessor. Fez a mando. Amigo pessoal do tesoureiro do PT, Delúbio Soares,<br />
participou do esquema em nome do tráfico de influências.<br />
Não à toa, MV conseguiu realizar o sonho de todo empresário, ampliar o patrimônio<br />
em somas vultosas. Em 1997, ele declarou à Receita Federal cifras de R$ 230 mil.<br />
Passados cinco anos, em 2002, ainda sob a batuta de FHC, Marcos Valério já tinha
R$ 3,8 milhões. Apenas um ano depois, já sob o flanco domínio petista, eis que a<br />
realidade apontava para irreais R$ 6,7 milhões. Em 2004, a fortuna de Marcos<br />
Valério mais que dobrou: chegou a R$ 14 milhões. Entre os bens do empresário,<br />
existem participações em empresas, investimentos, carros de luxo avaliados em<br />
mais de R$ 100 mil e 16 imóveis, entre apartamentos e terrenos – tudo para<br />
transportar umas maletas carregadas de notas fresquinhas.<br />
A Comissão Parlamentar de Inquérito que apura as falcatruas foi dividida entre<br />
Senadores e Deputados. Os ânimos acirrados da oposição e dos esquecidos e<br />
deixados de lado com espírito vingador, confrontam com o desespero dos<br />
governistas. A direção da CPMI ficou com estigma de “chapa branca”, liderada por<br />
um Senador do PT e com relatoria do sempre aliado PMDB.<br />
Mas a pressão exercida pela opinião pública novamente mudou os rumos das<br />
investigações. Em meio a fatos cada vez mais graves, até os militantes mais<br />
fervorosos, já começam a acreditar que algumas figuras históricas do PT se<br />
deixaram corromper (...).<br />
Se desde as primeiras suspeitas de corrupção envolvendo o Governo Lula tivessem<br />
sido tratadas com seriedade, talvez estes episódios pudessem sequer existir.<br />
Entretanto, já na denúncia feita pelo Jornal do Brasil em 24 de setembro de 2004,<br />
exatamente como o deputado Roberto Jefferson, meses depois, confirmou ipsis-<br />
literis, foi prontamente encoberta.<br />
Na ocasião, pelo menos nove parlamentares – Roberto Freire (PPS), Chico Alencar<br />
(PT), Heloisa Helena (PSOL), José Carlos Aleluia (PFL), Ideli Salvati (PT), Jorge<br />
Bornhausen (PFL), Alberto Goldman (PSDB), Professor Luisinho (PT) e Miro Teixeira<br />
(PPS/PT) – disseram conhecer ou ter ouvido falar a respeito do mensalão, das<br />
malas de dinheiro e do loteamento de cargos. Interessante, porém, que a memória<br />
de todos os citados, negaram qualquer boato a respeito. Pois bem, o Brasil precisa<br />
é passar por uma faxina ética, bem antes de pensar numa reforma política.<br />
OUÇO A TUA VOZ<br />
Por Sandi Dias<br />
Como versado na canção Parusia, do grupo Rosa de Saron, ‘há tempo que ficou<br />
para trás todo o silêncio e solidão’. Talvez sejam estes mesmos, os anseios que<br />
envolvam o drama da perda auditiva. Preocupados com as pessoas atingidas por<br />
tais questões, a Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) criou a Campanha Nacional<br />
da Audição, em setembro de 2004, com o apoio de empresas ligadas ao setor. A
Organização Mundial de Saúde estima mais de 15 milhões de brasileiros sofram de<br />
algum problema nesse sentido.<br />
O objetivo da campanha está focado na informação, já que a maior parte da<br />
população não tem conhecimento de que grande parte dos casos é resolvida inteira<br />
ou parcialmente, através do uso de medicamentos e aparelhos, além das<br />
intervenções cirúrgicas. Por outro lado apenas 40% dos indivíduos reconhecem a<br />
doença, chegando a esconder seus sintomas em média por seis anos, por conta do<br />
preconceito. Para o diretor da SBO, o Dr. Luiz Carlos Alves de Sousa a família<br />
costuma ter dó do cego e raiva do surdo.<br />
Neste ano uma das experiências divulgadas pela Campanha Nacional de Audição foi<br />
o 1º Widex Adventure Camp, encontro realizado em Florianópolis, que reuniu 23<br />
atletas com deficiência auditiva do México, Paraguai, Chile, Argentina e Brasil no<br />
final de junho, cuja programação que incluiu esportes de aventura.<br />
Entre os participantes, os exemplos que ilustram a superação estão latentes. Caso<br />
de Natália, da equipe nacional do SESC Uberlândia, apontada pelo técnico<br />
Bernardinho como uma das promessas para a seleção brasileira de vôlei. Natália diz<br />
que precisou de muito esforço, para conseguir ser aceita nas equipes pelos<br />
treinadores. Para ela, o apoio da família foi e é fundamental.<br />
Reginaldo Terra também conta sua história com orgulho. Aos seis anos, depois de<br />
sofrer de uma grave pneumonia teve sua audição afetada. Com onze a recuperou<br />
por completo, para depois perdê-la novamente. Atualmente conta apenas com 30%<br />
de sua capacidade auditiva. Mesmo assim seguiu com a prática do Tae Kwon-Do,<br />
numa carreira que soma três campeonatos nacionais e um mundial na categoria de<br />
duplas.<br />
Para estas pessoas, bem como para os profissionais envolvidos neste segmento o<br />
principal desafio é assumir que se tem o problema. A partir daí procurar o<br />
profissional, que indique o tratamento ideal para cada caso. A Sociedade Brasileira<br />
de Otologia tem site na internet: www.sbotologia.com.br.<br />
JOÃO AVELINO, O FOLCLÓRICO<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
João Avelino foi um treinador folclórico, matreiro e com perspicácia invejável. Hoje,<br />
aos 76 anos de idade, o destino reservou-lhe uma vida vegetativa com a doença<br />
"Mal de Al Zaimer". Avelino, que mora em São Paulo, não reconhece absolutamente<br />
ninguém, conforme informações de seus familiares.
Assim, melhor ficarmos com lembranças do irreverente Avelino de outrora, como os<br />
exemplos que seguem.<br />
Em intervalos de partidas de futebol observa-se "boleiros" ofegantes, falatório dos<br />
exaltados e técnicos em busca de ajustes das equipe. Mas Avelino, o popular 71,<br />
fez exatamente o contrário quando dirigia o CAT (Clube Atlético Taquaritinga) num<br />
jogo noturno contra o Guarani, no Brinco de Ouro, na década de 80. Seu time<br />
jogava mal e, revoltado, se recusou a entrar no vestiário para orientar os<br />
jogadores, após derrota por 2 a 0 no primeiro tempo. O treinador colocou uma<br />
cadeira no túnel que dá acesso ao vestiário e ficou chupando laranjas com se<br />
tivesse num momento de descontração.<br />
- Mas João, você não vai dar instrução para o seu time - questionou um repórter de<br />
rádio. "Não", retrucou Avelino. "Não, há palavras que entrem na cabeça desses<br />
caras. Falar e não falar dá na mesma", justificou o treinador, que só levantou da<br />
cadeira para subir ao gramado no segundo tempo.<br />
Cerca ocasião, Avelino foi trabalhar no Fortaleza e se espantou com o tamanho do<br />
goleiro, pouco mais de 1,70m de altura. E sabem o que o folclórico treinador fez<br />
para resolver o problema? Mandou diminuir a altura da trave. E vejam que quando<br />
perceberam a tramóia que ele havia feito, o time já havia festejado um título<br />
cearense perseguido há cinco anos.<br />
Em 1959, o Guarani corria sério risco de rebaixamento à segunda divisão paulista,<br />
tinha um jogo decisivo contra o favorito Santos, na Vila Belmiro, e sabem o que fez<br />
João Avelino? Exigiu que os jogadores bugrinos usassem meias pretas, nada a ver<br />
com as tradicionais cores verde e branca do Bugre.<br />
Superstição ou não, o certo é que o Guarani teve uma atuação fantástica naquela<br />
partida e ganhou do Peixe por 3 a 2, com dois gols de Ferrari -um ponteiro-direito<br />
adaptado na seqüência à lateral-esquerda e fez sucesso no Palmeiras.<br />
Avelino foi homem de confiança do técnico Osvaldo Brandão e por isso foi seu<br />
auxiliar por muito tempo. O "casamento" foi batizado de "corda e caçamba" e<br />
Avelino era tido como caçamba.<br />
O técnico Antonio Augusto, o Pardal, conta que Avelino foi o inventor do treino<br />
coletivo sem bola. É isso aí mesmo: coletivo sem bola. "O João ficava cantando as<br />
jogadas e os atletas simulavam estar com a bola", detalha Pardal.<br />
Nesse treino, de repente Avelino gritava para o antigo ponteiro cruzar, para o<br />
atacante driblar o zagueiro e chutar para o gol. Tudo isso sem a bola. E os<br />
obedientes "boleiros" cumpriam à risca a maluquice do treinador, copiada<br />
posteriormente por outros profissionais.<br />
Os técnicos Palhinha e Basílio, amigos pessoais de Avelino, lembram que quando o<br />
mestre deparava com jogadores de chutes fracos, dava-lhes uma bolota de cinco
quilos para fazerem embaixadas, visando ganharem força muscular e pegarem<br />
mais forte na bola.<br />
Avelino era assim: diferente, catimbeiro e folclórico. Por isso escreveu uma bonita<br />
página no futebol brasileiro.<br />
VÊM AÍ, AS DASLUZETES!<br />
Por Helen Pessoa<br />
Eliana Tranchesi, a proprietária da mega-loja Daslu, viveu momentos típicos de um<br />
simples mortal. Tudo por conta da operação da Polícia Federal batizada de<br />
“Narciso”, que no dia 13 de julho, vasculhou os arquivos da loja atrás de provas<br />
que validassem a suspeita de sonegação fiscal, formação de quadrilha,<br />
contrabando, falsidade ideológica e crime contra a ordem tributária.<br />
Pelo menos um crime destes Eliana realmente cometeu: formação de quadrilha.<br />
Sim, as auto-intituladas dasluzetes são uma reinvenção contemporânea das<br />
ajudantes de palco aloiradas de outrora. Além das madeixas loiras e lisas – este,<br />
quesito classificatório -, no currículo, as aspirantes ao posto, precisam comprovar a<br />
árvore genealógica, ser endinheiradas e um tanto perdulárias.<br />
CONTRASTE. Pelotão de Dasluzetes... ...e de aventalzinhos<br />
O vocabulário não é fundamental, basta proferir algumas frases do tipo, “é o<br />
máximo, né?”, “está ultra-fashion!”, “é super exclusivo”... Isso sem falar nas cifras<br />
– impronunciáveis para os comuns –, que soam corriqueiras.
Antes, a empresária e sua clientela vip, circulavam por mansões interligadas num<br />
sofisticado bairro paulistano. O entra e sai constante e a presença de amontoados<br />
de seguranças geravam desconforto aos milionários residentes nas proximidades.<br />
Depois de tantas queixas – já que o empreendimento funcionava de forma ilegal -,<br />
a solução foi retomar uma construção abandonada em meio a Marginal dos<br />
Pinheiros, de 17 mil metros quadrados, para instalar o sonho de consumo da elite.<br />
Para celebrar a meca da ostentação, entre os itens comercializados estão,<br />
helicópteros, iates, mobiliário, apartamentos e até roupas. Vale frisar – e quem<br />
sabe, profetizar – que num país cujo abismo social é nítido, o Império Daslu pode<br />
rapidamente ir do luxo ao lixo.<br />
QUEM NÃO GOSTA DE SAMBA, BOM SUJEITO NÃO É...<br />
Da Redação<br />
Então Vinícius de Moraes tinha razão e São Paulo se transformou mesmo no túmulo<br />
do samba? Depois de enterrar de vez as pretensões das Escolas de Samba, Gaviões<br />
da Fiel e Mancha Verde, a Liga Independente das Escolas de Samba da cidade pode<br />
criar um desastre para a próxima edição do Carnaval.<br />
A intenção de separá-las do restante do grupo especial já havia sido noticiada em<br />
24 de fevereiro de 2004 pelo jornal Folha São Paulo, a partir da orientação do<br />
Promotor de Justiça Fernando Capez, que apontou o artigo 46 do regulamento da<br />
Liga. Criado em 2002, ele proíbe o desfile de agremiações oriundas de torcidas<br />
organizadas de futebol no grupo especial. Daí que, o cumprimento do artigo não<br />
aconteceu porque no ano passado houve o desencontro entre elas com a subida da<br />
Mancha e o rebaixamento da Gaviões.<br />
Se a regra é clara – como diria Arnaldo César Coelho – o correto seria comunicar<br />
tal decisão aos presidentes das escolas já no final da apuração, quando se soube<br />
que as duas estariam na mesma categoria. O primeiro problema que surge é que<br />
ambas já estão com o cronograma para o desfile adiantado.<br />
Com boa parte do orçamento comprometido na contratação do carnavalesco, na<br />
compra de adereços para a produção de fantasias e carros alegóricos, e na<br />
manutenção e renovação dos instrumentos de bateria, resta saber quem arca com<br />
o prejuízo, a partir de tal decisão.<br />
Sim, porque o remanejamento de ambas para um grupo específico gera um<br />
desgaste em inúmeras questões. Sem a possibilidade de concorrer ao título,<br />
nenhuma delas poderia receber – caso ganhassem – a verba destinada à vencedora<br />
do desfile. Com a pecha da violência, o ‘dia diferenciado’ afastaria boa parte do
público que comparece no Sambódromo e por conta disso, a venda de ingressos e o<br />
repasse da bilheteria – se o há – apresentaria uma queda considerável.<br />
Sem contar com a apresentação do samba de enredo nas chamadas realizadas pela<br />
TV Globo ou participar da transmissão do desfile pela emissora, as escolas<br />
perderiam muito em possíveis aportes de patrocinadores. Enfim, dá a impressão de<br />
uma sanção econômica.<br />
Se elas conquistaram por mérito, o direito de configurar entre as tradicionais<br />
instituições carnavalescas como a Nenê da Vila Matilde, Vai-Vai e Rosas de Ouro, a<br />
medida retira todo o crédito da própria Liga. Já que a proibição era eminente<br />
porque então permitir o acesso de uma e o regresso da outra para o grupo<br />
especial? Aliás, qual é o problema em mantê-las nesta condição? Coloque-as em<br />
dias diferentes.<br />
Sendo o carnaval uma festa popular, a indicação feita pela Liga reafirma aquele<br />
pré-julgamento de que as pessoas ali, não são componentes de ala e sim, membros<br />
de uma organização criminosa que precisam ser afastados do convívio dos demais.<br />
E, se a intenção for essa, então todas as outras Escolas de Samba do país devem<br />
começar a desfilar em presídios.<br />
Melhor ainda. Se a intenção é de criar o Grupo Especial de Escolas de Samba<br />
Esportivas o ideal é levar a festa aos estádios de futebol, com direito a ‘disfileta’ em<br />
épocas diferentes do ano, gritos de carnaval com shows de bateria, ou seja, uma<br />
programação feita independente com uma liga específica.<br />
Dos 15 conselheiros, 13 votaram pela exclusão das agremiações. Apenas, Colorado<br />
do Brás e Imperador do Ipiranga não compareceram a reunião. O presidente do<br />
conselho Sólon Tadeu Pereira afirmou que a decisão não tem a ver com<br />
revanchismo. Paulo Serdan, da Mancha e Carlos Tadeu Gomes da Gaviões disseram<br />
que seus representantes legais tentarão reverter a situação. Em comunicado oficial,<br />
a Gaviões afirmou que se for irremediável, a escola se retira do Carnaval.<br />
YÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁHHHHHHH!!!!!<br />
Por Adriana Brito<br />
Que Jackie Chan, que nada. Os fãs de Bruce Lee que me perdoem, mas eles estão<br />
ultrapassados. Jet Li então, acabado por completo. O astro verdadeiramente<br />
reconhecido no meio cinematográfico dos vôos mortais, de golpes esteticamente<br />
elaborados e de onomatopéias incríveis é Sing, personagem do filme Kung Fusão<br />
que estréia hoje nos principais cinemas do país.<br />
Na China pré-revolucionária o jovem aspirante a gangster, sonha em fazer parte da<br />
Gangue Axe, um sofisticado grupo armado que toma conta das regiões periféricas
da cidade. Inicia então uma carreira como autônomo na bandidagem, planejando<br />
extorquir os moradores do complexo de apartamentos batizado com o sugestivo<br />
nome de “Beco Curral do Porco”.<br />
A partir de suas tentativas fracassadas na arte da intimidação, Sing acaba<br />
colocando frente a frente, os embusteiros (para usar um termo da moda roberto<br />
jeffersoniana) contratados pelo líder da Gangue e antigos mestres de Kung Fu, que<br />
eram alguns dos residentes do simpático local. O desafio para o herói de parcas<br />
habilidades será mostrar qual será o caminho que seguirá depois do conflito. O tal<br />
do bem ou do mal.<br />
Comédia de ação, Kung Fusão tem como atrativos as cenas retiradas de grandes<br />
sucessos da telona e de um dos maiores desenhos animados da história:<br />
Pernalonga. As cenas de perseguição, em que as pernas fazem o movimento tão<br />
rápido que perdem a definição guardam mesmo, uma das melhores piadas do<br />
filme.<br />
Já a seqüência de lutas à La Matrix é um caminho perigoso, já que se tornou um<br />
recurso muito batido, sendo utilizado em animações como Schrek 2, As Panteras e<br />
O Tigre e o Dragão. Aliás, a coreografia de luta, deste último e de Matrix foi<br />
elaborada Yuen Woo Ping, muito conhecido entre cineastas do gênero.<br />
Escrito, dirigido e protagonizado por Stephen Chow, o longa-metragem segue pelo<br />
timing tão característico deste reconhecido artista chinês. Seu currículo inclui mais<br />
de 50 filmes, entre os quais, Shaolin Soccer, considerado uma das maiores<br />
bilheterias de todos os tempos na Ásia, abrangendo países como Japão e Coréia do<br />
Sul.<br />
Com orçamento de US$ 20 milhões e ares de superprodução, em relação a outros<br />
projetos criados em Hong Kong, o novo filme deixaria o senhor Lee Jun Fan, o<br />
grande Bruce, de cabelos em pé. Afinal de contas, a imagem de machão<br />
consolidada por ele está seriamente comprometida. Vai encarar?<br />
OS POLÍTICOS DO FUTEBOL<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
Estão conspirando contra o partido “socialista”? Não se sabe. Porém, a imprensa<br />
tem se preocupado demais – praticando seu dever, é verdade – com a corrupção.<br />
Por outro lado, falta abordagem mais séria quanto às questões econômico-<br />
futebolísticas. Os políticos do futebol são mais interessantes do que os que habitam<br />
as câmaras e congressos, e os jornalistas não aproveitam essa oportunidade de
comparação. Parecem com o Bebeto, que só caía. Deveriam por isso, abaixar o<br />
preço do jornal.<br />
Os homens do gramado brilham com mais intensidade nos jornais, ora ovacionados<br />
pela multidão. Mesmo quando andam pela contra-mão, a advertência dura pouco<br />
tempo. Uns palavrões e alguma demissão, mas logo conquistam novos postos,<br />
dentro ou fora do Brasil. E mais: eles têm como álibi o sistema “pão e circo”, no<br />
qual o público nunca sai prejudicado – exceto quando paga caro por um dos<br />
espetáculos menos valiosos que existe.<br />
No futebol – diz-se –, os políticos também comem pela “berada”, mas quase nunca<br />
são punidos. Esse ato faz parte do show, afinal os mais polêmicos estão sempre no<br />
pódio. Eles, esses políticos maneiros, estão por toda parte: nos bancos de<br />
treinadores, nos bastidores das reuniões em associações esportivas, nas mesas de<br />
negócios, nos próprios campos, uniformizados ou não.<br />
Alguns preferem vestimenta formal, os menos oportunistas, já que agasalho é<br />
aceito plenamente. São os políticos mais bem abençoados. Ganham bastante,<br />
viajam e ainda garantem diversos tipos de emprego para o futuro, mesmo para<br />
quando estiverem velhinhos.<br />
A CHIQUITA ANDA MAIS BACANA DO QUE NUNCA<br />
Por Alessandra Carneiro<br />
Dona de um visual marcante, Maria Alcina é um daqueles ícones da<br />
música popular brasileira que invadem o imaginário coletivo. Tida<br />
como parte do cast brega em que figuram Sidney Magal, Rosana,<br />
Gretchen, entre tantos, a cantora mantém a carreira – como ou<br />
outros – por conta dos shows, aparições em programas vespertinos<br />
e de auditório e do lançamento de CD´s no circuito off das<br />
gravadoras independentes.<br />
O início desta trajetória de vários caminhos acontece em 1972,<br />
quando se mudou para o Rio de Janeiro em busca do ‘pote de ouro’.<br />
No ano seguinte despontava com a interpretação de ‘Alô, Alô’ de<br />
André Filho. Chegou a responder processo no final do período<br />
militar por comportamento subversivo, com a justificativa de que<br />
sua imagem excêntrica atentava contra a ordem. Entre suas influências mais<br />
marcantes estão Emilinha Borba, Aracy de Almeida e Carmem Costa.<br />
Nos exagerados anos 80, atreveu-se pelos caminhos do folclore nordestino,<br />
sobretudo com conteúdo de duplo sentido, a exemplo de ‘Bacurinha’ e ´Prenda o<br />
Tadeu´. Chegou a participar de um projeto de outra unidade do SESC, a Pompéia
para a realização de um disco em parceira com a banda de música eletrônica Bojo.<br />
De volta às raízes soltou a voz com Emílio Santiago, Jamelão e Moreira da Silva.<br />
Daí que não se deve perder nenhuma oportunidade de ver esta diva às avessas.<br />
Sem a melancolia das brilhantes vozes, Alcina percorre por canções memoráveis<br />
como ‘Fio Maravilha’ com irreverência a flor da pele. Seu jeitão meio Carmem<br />
Miranda une os olhares do público em sua performance no palco.<br />
Nesta sexta-feira, 1º de julho ela encerra a programação musical do especial<br />
“Cócegas no Cérebro” em que mostrará composições de Noel Rosa, Adoniran<br />
Barbosa e Lamartine Babo. A convite do SESC São Caetano, Maria Alcina escolheu<br />
um repertório irresistível com o melhor dos três compositores impresso em letras<br />
irônicas e temperadas pelos tons graves da mineira de Cataguases.<br />
CÓCEGAS NO CÉREBRO - Com Maria Alcina, 1º de julho – às 20h. SESC São<br />
Caetano - Rua Piauí, 554, Bairro Santa Paula. Ingressos variam de R$ 4 a R$ 10.<br />
Mais informações: (11) 4223-8800<br />
GOVERNABILIDADE É A PALAVRA DA VEZ<br />
Por Helen Pessoa<br />
Ninguém mais agüenta ouvir a palavra “governabilidade”. Ela tem sido tão<br />
vastamente pronunciada que se tornou um chavão. O tal golpismo pregado por Lula<br />
e seus estrelados vermelhos, também clama a governabilidade para justificar<br />
possíveis atitudes antes tidas como de direita.<br />
ESQUADRÃO DO PT EM AÇÃO DURANTE ATO EM DEFESA DE JOSÉ DIRCEU<br />
Em meio as pseudo-investigações sobre a corrupção dos Correios, mensalão e a<br />
quebra de decoro parlamentar do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), vê-se
claramente a bancada petista perdida, tentando desviar o foco apurativo dos fatos.<br />
Mesma linha seguida pelos partidos da base aliada.<br />
Durante o depoimento da ex-secretária do publicitário Marcos Valério – acusado de<br />
ser o “homem da mala” de Delúbio Soares, tesoureiro do PT, um dos argüidores, o<br />
deputado José Carlos Araújo (PL-BA) intimidou a testemunha com insinuações<br />
impertinentes, como “a senhora deve ser abastada para pagar um advogado de<br />
tanto renome (...)”, e a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) desceu das tamancas<br />
e foi simplesmente grotesca.<br />
O brasileiro adora conto-do-vigário. Diogo Mainardi escreveu numa de suas colunas<br />
da Veja, que a melhor saída para o Brasil é o aeroporto. Eu engrosso este coro. O<br />
Brasil não tem solução. E Médici era um sábio. Nada define melhor esta<br />
republiqueta que a expressão militar “Brasil, ame-o ou deixe-o”.<br />
Eu escolhi deixá-lo. O Brasil não merece o meu suor, nem tampouco o meu<br />
dinheiro, que é mal distribuído, repassado entre os clientelistas filiados ao partido<br />
de Paulo Maluf e Severino Cavalcanti (PP) e o PL de Valdemar da Costa Neto. Eu<br />
quero que a governabilidade se estrepe e que o Congresso seja lacrado, os<br />
deputados trancafiados e os jornalistas calados. Em prol da ditadura Lulista, serei<br />
exilada, talvez no Paraguai – já que a França foi maculada por elementos como Zé<br />
Dirceu e uma corja associada.<br />
Vou lutar para que Lula fique 30, 40 anos no poder, cuspindo em seus<br />
interlocutores, falando em metáforas, colocando em cada porta uma estrela<br />
vermelha para identificar os aliados dos perseguidos. Este é o meu desejo, que<br />
parece está começando a se realizar...<br />
LOBISOMEN<br />
Por Fernanda Zettler Sanches<br />
Quando uma mulher tem seis filhas mulheres e o sétimo filho é homem ele se<br />
torna, aos 13 anos, lobisomem. Toda lua cheia ele vira lobisomem, mas se<br />
acontece algum corte e sai sangue ele se cura e nunca mais se torna lobisomem!<br />
Uma mulher depois de ter tido seis mulheres teve o sétimo filho homem, o<br />
Gustavo. Ela ficou muito preocupada! Quando ele fez 13, em uma noite de lua cheia<br />
se tornou lobisomem. Foi ao jardim de sua casa e começou a uivar. Seus amigos<br />
foram a casa dele fazer uma festa surpresa. Quando viram o amigo transformado<br />
em lobisomem levaram um susto e saíram correndo, até que um deles derrubou os<br />
óculos de Mariza que estava com o bolo. Mariza continuou andando, Gustavo<br />
chegou perto do bolo e ela disse:
— Espera, primeiro o aniversariante!<br />
Quando falou, mexeu a faca e fez um corte no braço dele que sangrou! Ele voltou a<br />
ser o Gustavo de sempre! Quando cresceram, Gustavo criou uma doceria chamada<br />
“Bolos do lobo” e Mariza se tornou uma ótima professora de história! E quando<br />
algum aluno pergunta se lobisomem existe, ela responde que é só lenda - ela<br />
nunca viu nenhum!<br />
NAPOLEÃO VAI À GUERRA<br />
“Volto à militância, volto a Paris”, exaltou sob estrondosos aplausos o ex-Ministro da Casa<br />
Civil, José Dirceu.<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Ao som de “Partido, Partido é dos Trabalhadores”, Ministros, Governadores,<br />
Prefeitos, Parlamentares e lideranças sindicais reuniram-se na Casa de Portugal, dia<br />
17 de junho, em São Paulo, para manifestação de apoio a saída de José Dirceu do<br />
alto escalão da cúpula petista.<br />
O ato intitulado de ‘defesa da democracia’ contou ainda com a participação massiva<br />
dos militantes, dos mais moderados aos ruidosos seguidores de Leon Trotsky.<br />
Enquanto o ator Sérgio Mamberti anunciava as celebridades – Antônio Palocci,<br />
Márcio Thomáz Bastos, Marina Silva, Ricardo Berzoini, Olívio Dutra, Patrus Ananias,<br />
Paulo Bernardo, Tarso Genro, Waldir Pires, Luiz Gushiken, Matilde Ribeiro, Miguel<br />
Rosseto, Dilma Roussef, Luiz Dulci, Aloysio Mercadante e Eduardo Suplicy, os gritos<br />
da multidão repetiam o refrão “O Zé Dirceu, é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu<br />
comigo!”.<br />
Quase como uma celebração ritualística, ao som da “Internacional Socialista”, o<br />
mar vermelho de pessoas aplaudia a cada discurso inflamado e vaiava os<br />
opositores, sempre colocados na condição de fomentadores de um golpe contra o<br />
proletário.<br />
Adentraram as demais personalidades, comandadas pela ex-prefeita de São Paulo,<br />
Marta Suplicy e pelo Presidente Nacional do PT, José Genoíno. Até mesmo os ‘ainda’<br />
companheiros Delúbio Soares e Silvio Pereira (sob suspeita de gerir o mensalão),<br />
foram ovacionados pela multidão.<br />
O encontro em nada parecia com uma inocente ação em prol da democracia. Ao<br />
contrário, os discursos explosivos alardeavam a possibilidade de golpe, armas e<br />
luta pelo poder. O espetáculo promovido pelo PT reforça a tese de que a elite<br />
apenas transforma-se, e que o proletário mantém-se exatamente igual, manipulado<br />
e empobrecido.
A festa aconteceu um dia após Zé Dirceu deixar o governo, por conta do suposto<br />
envolvimento nos esquemas de corrupção denunciados pelo Deputado Roberto<br />
Jefferson (PTB-RJ). Para os militantes petistas está claro, porém, que tudo não<br />
passa de conspiração liderada pelos sedentos peessedebistas determinados a minar<br />
a reeleição – dada como certa – de Lula e desestabilizar o “melhor governo que<br />
este país já teve”, como afirmou categórico, o prefeito de Recife, João Paulo.<br />
EM NOME DO LULA<br />
Por Patrícia Favalle<br />
O cenário político brasileiro mudou visivelmente. Depois de mais de duas décadas<br />
de repressão, o retorno à democracia fez a população amadurecer, ou na pior das<br />
hipóteses, aprender com os próprios erros.<br />
De Tancredo Neves a Lula muita coisa aconteceu. Indicado, através de eleições<br />
indiretas para assumir a presidência em 1985, o mineiro sequer estreou a cadeira.<br />
Ficou a cargo do sucessor, o peemedebista José Sarney. Foram anos de adaptação<br />
que levaram o país a conviver com índices inflacionários de mais de 200%.<br />
E quem poderia matar o dragão – juntamente com os marajás –, acreditavam os<br />
ex-fiscais do Sarney, era o ‘cabra macho’ Fernando Collor de Mello. O primeiro<br />
pleito direto realizado depois de 40 anos, confirmou o favoritismo de Collor – uma<br />
cria do marketing político -, que derrotou no segundo turno o líder da esquerda,<br />
Luiz Inácio Lula da Silva.<br />
O povo estava reaprendendo os conceitos de cidadania. Errou. Collor nem concluiu<br />
o mandato por conta do envolvimento em esquemas de corrupção. Quem assumiu<br />
a vaga foi Itamar Franco.<br />
Num cenário inconstante, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso aportou de<br />
Ministro da Fazenda e pai do plano real. Como diria Machado de Assis, “ao<br />
vencedor, as batatas!”. FHC foi além. Depois de conseguir estabilizar a moeda,<br />
elegeu-se presidente, vencendo Lula no primeiro turno.<br />
Quatro anos depois, Fernando Henrique estava novamente na disputa, já que uma<br />
emenda constitucional permitiu-lhe concorrer. E repetindo a façanha anterior,<br />
conquistou o eleitorado já no primeiro turno, de novo sobre o petista Lula.<br />
Foram oito anos de política econômica apertada. Para descontar a insatisfação, o<br />
povo não deixou barato. Aquele que havia sido a figura anti-presidencial mais<br />
corriqueira dos anos 80 e 90, apareceu como a luz no fim do túnel. Luiz Inácio Lula<br />
da Silva, ex-sindicalista de modos e falas contraditórias, era a bola da vez.
Nas mãos do habilidoso marqueteiro Duda Mendonça (ex-Paulo Maluf), o cenário<br />
para a sucessão presidencial parecia um mercado de peixe, onde a propaganda<br />
norteava o consumidor para a melhor compra. Através de pesquisas qualitativas,<br />
Duda ressaltou o lado bom do candidato petista e disfarçou seus inconvenientes.<br />
Tanto que a imagem carrancuda do chefe radical deu lugar a um homem elegante,<br />
charmoso e bem apessoado. Até o discurso ficou polido e algumas idéias,<br />
simplesmente, desapareceram.<br />
Lula acenou para o povo como o portador da esperança. Dispensou o cavalo branco<br />
usado certa vez por Ronaldo Caiado, mas numa clara manifestação ao populismo de<br />
Getúlio Vargas, abusou dos bordões.<br />
Enfim, “a esperança venceu o medo” e se tornou a bandeira petista. A campanha<br />
foi cercada de especificidades que garantiram a Lula o passaporte para o Planalto,<br />
deixando o adversário José Serra para trás. Antes mesmo de tomar posse, 76% da<br />
população, segundo pesquisa feita pelo Datafolha, acreditava que Lula faria um<br />
ótimo governo.<br />
Os intelectuais vibraram. As manchetes dos jornais anunciavam “a vez de um país<br />
mais justo”. Era os Silva com o poder. O retirante nordestino que trocou a escola<br />
pela enxada, o torneiro mecânico que brigou pela categoria e chamou a atenção<br />
dos empresários para os direitos trabalhistas, tornava-se o rei da nação de<br />
desdentados e analfabetos. Um povo que se viu, pela primeira vez, representado.<br />
No ano seguinte, a taxa já não era das melhores. Apenas 41% dos entrevistados<br />
pelo Ibope, ainda apostavam num governo promissor. Em contrapartida, a imagem<br />
de Lula permaneceu em alta, ultrapassando os 60%.<br />
Em 2004, os alicerces da administração petista mostraram as primeiras<br />
fragilidades. José Genoíno, presidente nacional do PT, provou que habilidade e<br />
articulação não são atributos que possui. Desde que assumiu, desvencilhou-se dos<br />
antigos argumentos ideológicos e expulsou Heloísa Helena e companhia, sob o<br />
pretexto de considerá-los radicais. José Dirceu também deu mostras de inaptidão<br />
administrativa ao delegar funções a Waldomiro Diniz, envolvido em denúncias de<br />
tráfico de influências e corrupção.<br />
E como nem tudo são flores, Lula experimentou o amargo das crises. A mais<br />
recente, aconteceu diante da derrocada do PT no Congresso Nacional, com a<br />
ascensão do baixo clero, representado por Severino Cavalcanti (PP-PE). O<br />
retrocesso poderia ter sido evitado, se o PT conseguisse, pelo menos, se entender.<br />
Ainda assim, parece que a figura do presidente está intacta. É o que mostrou<br />
pesquisa recentemente publicada no jornal Folha de S. Paulo, sobre as eleições<br />
presidenciais de 2006, em que Lula lidera com 52% a preferência do eleitorado.
Mas quais são as razões para este fenômeno? Alguns poderiam afirmar que a<br />
resposta está no ineditismo, já que Lula personificou o humilde. O fato é que o<br />
presidente é pop. Lula imprimiu uma nova maneira de administrar. Ao lado – 24<br />
horas – da mulher, dona Marisa, distribuí autógrafos, burla o esquema de<br />
segurança para dar atenção aos fãs, sorri, veste camisas e bonés – de futebol,<br />
empresas, remédios, artistas, causas sociais -, posa para fotos de família, assim<br />
como um mega star.<br />
Numa análise mais racional, o pai da criança, Duda Mendonça, é quem merece os<br />
cumprimentos. Lula transformou-se num ‘produto’, idealizado pelo imaginário<br />
popular, cuja validade não se sabe qual é. E é aí que está o perigo. Não sabemos<br />
quem é e o que quer Lula – nem ele mesmo sabe a resposta.<br />
E neste vendaval, não importa se o mar ruge ou o vulcão esbraveja, as metáforas<br />
presidenciais tornaram-se a nova mania da comunicação moderna. Nas entrelinhas,<br />
vale uma citação de George Orwell que, no clássico “A Revolução dos Bichos”,<br />
descreveu como seria uma sociedade igualitária comandada pelos porcos, que com<br />
o passar do tempo se diferenciavam dos demais. “Somos todos iguais” – diziam –<br />
“só que porcos são mais iguais que os outros”. Resta apenas rezar e, claro, em<br />
nome de Duda, Zé Dirceu e Palocci... Amém.<br />
Capa do diário esportivo Olé de 30 de junho de <strong>2005</strong><br />
NÓS VIMOS<br />
Por Yuri Sartori<br />
O Brasil recuperou o futebol brilhante e,<br />
em cima da Argentina, desfilou elegância<br />
e goleou a arqui-rival por 4 a 1. Mais<br />
que isso, a seleção canarinha saiu<br />
campeã da Copa das Confederações, e<br />
revidou o vexame imposto no último<br />
confronto, em que sofreu com o placar<br />
de 3 a 1.<br />
A imprensa argentina evitou comentar<br />
muito a vitória brasileira, atribuindo o<br />
acontecimento muito mais a um suposto<br />
erro do selecionado portenho, que nada<br />
jogou, às qualidades da equipe<br />
adversária. A imparcialidade, por sinal, é<br />
um dos predicados mais evidentes na<br />
mídia do país vizinho.<br />
Desavenças de lado, desta vez o Brasil
fez por merecer. Sem eufemismos, o<br />
europeu assistiu ao duelo dos melhores<br />
times do mundo, com toda a catimba e<br />
molejo que lhes são peculiares.<br />
Parreira redimiu-se. E no Brasil de<br />
tantas chuteiras de ouro, por um<br />
momento se esqueceu das carteiras de<br />
ouro, especialidade que tem se tornado<br />
o verdadeiro ópio do povo. Olé!<br />
E A GENTE CANTA. E A GENTE DANÇA. E A GENTE NÃO SE CANSA<br />
Por Sandi Dias<br />
Bailarina e fisioterapeuta. Dois atributos imprescindíveis para a função a que<br />
Fernanda Bianchini se dedica há dez anos. A Associação de Balé e Artes para Cegos<br />
– ABCFB –, sob sua administração oferece cursos gratuitos de danças e artes para<br />
crianças e adolescentes com deficiências visuais.<br />
Através do trabalho que envolve sons e movimentos, outros sentidos são<br />
aprimorados, como o equilíbrio e noção espacial. E recentemente mais benefícios<br />
têm sido agregados a isto, a partir de novas atividades utilizadas como os cursos de<br />
dança sincrônica e de expressão corporal, destinados à terceira idade.<br />
Com o sucesso da novela América dos personagens Jatobá (Marcos Frota) e Flor<br />
(Bruna Marchesini), a autora Glória Perez tem retratado às técnicas criadas por<br />
Fernanda e sua equipe de modo a discutir a necessidade de utilização deste<br />
recurso, para o desenvolvimento e independência destas pessoas.<br />
Bianchini afirmou ser muito gratificante observar seu estudo com as folhas de<br />
palmeira observado pelo público e multiplicado pela abrangência da televisão. Além<br />
destas vitórias o grupo da ABCFB é considerado o único grupo de balé clássico<br />
profissional do mundo, formado somente por deficientes visuais.<br />
Para participar do curso as inscrições serão aceitas a partir de 20 de junho, na Rua<br />
Humberto I, 298, na Vila Mariana. Mais informações pelo telefone 5084-8542. A<br />
Associação de Balé de Cegos Fernanda Bianchini pede doações e dispõe um número<br />
de conta corrente no site www.ciafernandabianchini.org.br.<br />
BANDEIRA PRETA
Por Hugo Dourado<br />
A Fórmula-1 viveu seu momento mais ridículo no grande prêmio dos EUA, no<br />
templo do automobilismo, o circuito de Indianápolis. Alguma coisa precisa ser feita<br />
para que o piloto volte a ser a peça fundamental no rendimento do carro. Não<br />
podemos ser reféns da tecnologia e dos interesses comerciais. Um pneu não pode<br />
determinar se uma corrida vai ou não acontecer.<br />
Até agora não foi provado o argumento que os franceses da Michelin alegaram para<br />
não garantir a segurança de seus pilotos. A única equipe que apresentou problema<br />
foi a Toyota, com Ralf Schumacher que, por sinal, no ano passado fez a mesma<br />
coisa. Uma equipe entre sete me parece insuficiente e exagerado para o não<br />
acontecimento da corrida. Tudo precisa ser muito bem apurado e os culpados<br />
penalizados exemplarmente.<br />
Tudo cheira a uma queda de braço entre as equipes que usam a marca francesa de<br />
pneus, que são maioria, com os mandantes da F-1. E isso só trará prejuízos para o<br />
esporte, que já há algum tempo não vem empolgando o público.<br />
O mais engraçado é que a Ferrari, que usa outra marca de pneu, teve seu<br />
desempenho pífio em quase todas as corridas e nunca pediu uma alteração especial<br />
á regra. Por sinal o melhor parágrafo da regra é a unanimidade para qualquer<br />
decisão que seja tomada. Isso evita favorecimentos e manobras que beneficiem<br />
apenas alguns.<br />
Falando na Ferrari ela mais uma vez tomou uma decisão errada na pista, ao não<br />
permitir que Barrichello fosse pra cima de Schumacher. Rubinho me parece com os<br />
dias contados na equipe italiana. É pouco provável que fique no ano que vem.<br />
Apoio a saída dele, desde que para uma BAR, Renault ou McLaren. O que falta a<br />
Rubinho neste resto de temporada e mandaras ordens da equipe para “p.q.p” e<br />
lutar pelas vitórias a qualquer custo.<br />
Por hoje é só isso. O sentimento de revolta com o que se tornou a principal<br />
categoria do automobilismo me deixa quase palavras.<br />
TENSÃO E FESTA EM 1958<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Vinte e nove de junho de 1958. Chovia forte em Estocolmo, capital da Suécia, e<br />
durante o café da manhã dos jogadores da Seleção Brasileira o clima era de<br />
preocupação, porque o campo escorregadio poderia prejudicar o futebol técnico do<br />
time na final contra a equipe da casa, pela Copa do Mundo.
O meia Didi (falecido), um dos mais experientes do grupo, conversava num canto<br />
com o lateral-esquerdo Nilton Santos e comentava que o jogo seria decisivo para a<br />
carreira de ambos. Nilton Santos foi reserva do selecionado de 50, titular em 54, e<br />
estava com 33 anos de idade naquela decisão de 58. De repente, o massagista<br />
Mário Américo (falecido) interrompe a conversa para dizer que o lateral-direito<br />
Djalma Santos estava escalado no lugar de De Sordi e teria a atribuição de marcar<br />
o ponta-esquerda Skouglund. Didi nem ligou. Saiu da roda assoviando música de<br />
Nat King Cole, dos discos que havia comprado.<br />
Na véspera da partida, alguns jogadores torceram o nariz quando souberam que no<br />
sorteio ficou decidido que a Suécia jogaria com o uniforme principal, de camisas<br />
amarelas, e, conseqüentemente, o Brasil teria de usar o seu uniforme número dois,<br />
de camisas azuis. Pelé, apesar de 17 anos de idade, estava tranqüilo e ligava<br />
diariamente para Bauru, para falar com o pai do Dondinho, a mãe dona Celeste, e a<br />
avó Ambrosina. Mané Garrincha perdia as partidas de dominó para o seu reserva<br />
Joel e dava relaxo desmanchando as peças quando estava em desvantagem.<br />
Na hora do jogo, lá estava o Brasil do técnico Vicente Feola, e definido taticamente<br />
no 4-2-4, com Zito e Didi no meio de campo. Zagallo, na época, era um ponta-<br />
esquerda ofensivo, driblador, ao contrário de quatro anos mais tarde, no Mundial do<br />
Chile, quando recuava para ajudar na marcação.<br />
No estádio de Rusunda, durante execuções dos hinos nacionais, o time brasileiro<br />
estava sério, compenetrado. A Suécia entrou em campo credenciada pela boa<br />
vitória por 3 a 1 sobre a Alemanha e era comandada pelo careca Gunnar Gren. E,<br />
em menos de cinco minutos, o time europeu saiu tocando a bola de seu campo de<br />
defesa ao ataque e acertou um chute certeiro, indefensável para o goleiro Gilmar.<br />
Diante do desconsolo dos jogadores brasileiros, Didi foi buscar a bola no fundo da<br />
rede e levou-a embaixo do braço até o centro do campo. Lá, bradou: “Não vamos<br />
perder a cabeça, rapaziada. Estive aqui com o Botafogo (RJ) e enfi amos seis<br />
neles”.<br />
A “mina” para o Brasil seria pela ponta-direita, com dribles do endiabrado Mané<br />
Garrincha. E foi por ali, após um cruzamento de Mane, que Vavá entrou como um<br />
touro bravo entre os zagueiros suecos, para empatar a partida.<br />
Ainda no primeiro tempo, novamente com Mané fazendo salseiro sobre adversários,<br />
nasceu a jogada do gol da virada, através de Vavá mais uma vez.<br />
A Suécia havia sentido a força de futebol brasileiro, com toque de bola irresistível. E<br />
logo no começo do segundo tempo, Pelé ampliou para o Brasil, Zagallo fez o quarto<br />
gol e os suecos reduziram para 4 a 2. Por fim, Pelé, de cabeça, deu números finais<br />
ao marcador, expressão usada por radialistas da época: Brasil 5 a 2. Aí ecoou o
grito de campeão, engasgado desde a fatídica final de 1950, no Maracanã, com a<br />
derrota para os uruguaios.<br />
Neste time imortal de 58 estavam Gilmar; Djalma Santos, Belini, Orlando e Nilton<br />
Santos, Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo.<br />
INVERSÃO DE VALORES<br />
Por Ariana Brink<br />
Enquanto bandidos andam a solta, a Polícia Militar de Rio Claro – interior paulista -,<br />
auxiliou a remoção da ré confessa Suzane von Richthofen, presa há pouco mais de<br />
dez meses, acusada de planejar e executar a morte dos pais.<br />
A cena mais inconcebível foi quando a detenta apareceu diante das câmeras e<br />
proferiu, como se fosse uma diva do cinema internacional, “posteriormente<br />
marcaremos uma coletiva de imprensa”.<br />
Pois bem, lugar de bandido é na cadeia. Assim foi feito com Maria, que furtou um<br />
frasco de xampu e condicionador, avaliados em R$ 24,00. Maria foi trancafiada num<br />
presídio. Foi torturada, perdeu a visão de um dos olhos. Depois de quase dois anos,<br />
conseguiu finalmente a liberdade.<br />
Suzane, loira, bem nascida, bons colégios, cujo crime foi matar o pai e a mãe<br />
amargou alguns meses, em presídio especial, longe das condenadas “perigosas”,<br />
aquelas acusadas de cometer homicídios, latrocínios, seqüestros... Lugar, claro, que<br />
Suzane não faz jus.<br />
Por Graziela Piro<br />
A ciência biológica e área médica são cheias de nomes e atos complexos. Quando<br />
se trata de exames com complexidades de causas torna-se necessário um<br />
dicionário virtual, geralmente de difícil acesso, ou até mental para entender os<br />
procedimentos e se familiarizar com as consultas médicas e laboratoriais.<br />
Mais uma vez me dedico esse assunto esclarecendo alguns termos, algumas<br />
doenças para que possamos entender melhor tudo que se passa de novo, e velho,<br />
na Biomedicina e medicina.<br />
EXAMES<br />
Antibiograma – Muitos médicos precisam desse exame para<br />
escolher a droga mais adequada para o tratamento, pois ele<br />
determina, em laboratório, o grau de sensibilidade de um<br />
microrganismo a determinados antibióticos.
TERMOS<br />
MÉDICOS<br />
Autovacina – a partir das bactérias, do próprio paciente, retiradas<br />
de Secreção de nasofaringe, furúnculo, amígdalas ou qualquer outro<br />
material clínico, são isoladas e conservadas adequadamente.<br />
Cintigrafia – ou cintilografia, que faz parte da medicina nuclear, é<br />
um método de investigação de metástase em tecidos, órgãos e<br />
estruturas digestivas. O método consiste na administração oral ou<br />
injeção endovenosa que contem uma substancia radioativa - com<br />
afinidade especifica ao órgão ou tecido desejado. A concentração<br />
desse material radioativo na estrutura é detectada pelo aparelho,<br />
que emite uma pequena luminosidade a qual é convertida em<br />
imagens.<br />
Colonoscopia - Estudo endoscópico do intestino grosso, no qual, o<br />
colonoscópio é introduzido pelo ânus.<br />
Eletroforese de hemoglobina - esse exame permite a identificação<br />
das diferentes frações normais e patológicas da hemoglobina -<br />
principal molécula dos glóbulos vermelhos. A hemoglobina é<br />
separada, de acordo com sua migração, em um meio sólido (acetato<br />
de celulose), quando submetida a um campo elétrico. É um método<br />
importante para investigar a presença das hemoglobinas anormais<br />
como a hemoglobina S e C, as talassemias e a Doença Falciforme ou<br />
Falcemia.<br />
Ecocardiograma – através da emissão e captação de ultra-sons<br />
esse método diagnóstico, não invasivo, permite visualizar a<br />
morfologia e o funcionamento cardíaco.<br />
Eletrocardiograma – através da captação e amplificação de<br />
pequenos potenciais gerados durante o ciclo cardíaco esse exame<br />
registra a atividade elétrica produzida pelo coração.<br />
Eletroencefalograma – com o auxilio de eletrodos cutâneos os<br />
potenciais elétricos gerados nas diferentes regiões encefálicas são<br />
amplificados e assim a atividade elétrica cerebral é registrada.<br />
Hematocrito - Exame de laboratório que expressa a concentração<br />
de glóbulos vermelhos no sangue.<br />
Bronquiolite – e uma inflamação nos bronquíolos geralmente<br />
causada por uma infecção viral que ocorre com mais freqüência em<br />
crianças pequenas de ate dois anos. Os vírus causadores são o<br />
parainfluenza, o influenza e o adenovirus. Inalação de poeira, de
fumaça proveniente do fogo e gases tóxicos, uso de drogas inaláveis,<br />
tabagismo, infecções respiratórias podem causar a bronquiolite.<br />
Diverticulite – inflamação manifestada no intestino grosso que cria<br />
um ponto de fragilidade no músculo e, em determinadas condições,<br />
formando uma hérnia, semelhante a um dedo invertido: é o<br />
divertículo. Devido a sua posição, invertida, pequena quantidade de<br />
fezes pode penetrar e ficar retida recebendo o nome de fecalito. A<br />
presença de numerosos divertículos no intestino recebe o nome de<br />
diverticulose. A diverticulite ocorre quando eles inflamam, podendo<br />
apresentar abscesso ou perfuração.<br />
Doença de Hodgkin - Doença neoplásica que afeta o tecido<br />
linfático. A principal característica um aumento doloroso dos gânglios<br />
linfáticos do pescoço, axilas, mediastino.<br />
Epistaxe – hemorragia de origem nasal<br />
Histerectomia – é a segunda cirurgia mais realizada no mundo é a<br />
mais comum das cirurgias ginecológicas. A histerectomia Parcial é<br />
um procedimento cirúrgico em que o fundo do útero é removido,<br />
embora o colo do útero fique no seu lugar. A Histerectomia Radical<br />
ou Total envolve a remoção do útero, do colo do útero, da zona<br />
superior da vagina, e de grande parte do tecido em redor do colo do<br />
útero. As doenças benignas como hiperplasias (um crescimento<br />
excessivo do endométrio que revesti o útero podendo causar<br />
hemorragia menstrual anormal e pode tornar-se pré-canceroso.) e<br />
miomatose uterina (tumores benignos), são as indicações mais<br />
freqüentes.<br />
Metástase - Formação de tecido tumoral, localizada em um lugar<br />
distante do sítio de origem. Por exemplo, pode se formar uma<br />
metástase no cérebro originário de um câncer no pulmão. Sua<br />
gravidade depende da localização e da resposta ao tratamento<br />
instaurado.<br />
Pênfigo bolhoso - é uma doença auto-imune caracterizada pela<br />
presença de anticorpos do tipo IgG dirigidos contra um componente<br />
da pele.<br />
Virose – Esse termo vem sendo usado sem muito discernimento<br />
entre os profissionais da área medica. Virose é qualquer infecção<br />
causada por vírus; exemplos: sarampo, catapora, rubéola, hepatites,<br />
aids, entre muitas outras. Normalmente quando seu medico diz que o
problema e uma virose ele esta se referindo as infecções do trato<br />
respiratório superior como gripes e resfriados.<br />
MINUTOS DE SABEDORIA...<br />
Por Adriana Brito<br />
Em nada lembra aquele livrinho azul que se lê por aí. Este centro de debates<br />
localizado em São Paulo apresenta sua programação para o segundo semestre de<br />
<strong>2005</strong>. Chamado Casa do Saber oferece encontros extra-acadêmicos com o objetivo<br />
de discutir, refletir e observar a contemporaneidade e os fatos históricos da curta<br />
trajetória brasileira. Neste espaço professores e conferencistas ministram cursos<br />
livres, palestras e oficinas de estudo em disciplinas como filosofia, história, artes-<br />
plásticas, música, literatura e psicologia.<br />
Criada no ano passado tem como diretor o jornalista Mario Vitor Santos e em seu<br />
conselho curador outros nomes de credibilidade como a escritora Lygia Fagundes<br />
Telles e no conselho diretor, personalidades a exemplo da atriz Maria Fernanda<br />
Cândido.<br />
Sua estrutura comporta além de áreas comuns, uma livraria com cerca de 20 mil<br />
títulos nacionais e de outros idiomas, e um café. A programação tentadora é paga,<br />
em valores que estão numa média de 400 a 800 reais. Há bolsas de estudo para<br />
professores da rede pública de ensino médio e universitários (ver regulamento no<br />
site). Confira parte da programação que inclui 48 cursos.<br />
Do Cinema Moderno à Produção Contemporânea<br />
Professor: Sérgio Rizzo<br />
Duração: 6 encontros semanais (30 vagas)<br />
Dias: quintas-feiras, às 20h.<br />
Encontros: 18/08, 25/08, 01/09, 08/09, 15/09 e 22/09<br />
O Estado da Cultura: (Artes e Idéias no Brasil e no Mundo de Hoje)<br />
Professor: Daniel Piza<br />
Duração: 4 encontros semanais (30 vagas)<br />
Dias: quartas-feiras, às 20h.<br />
Encontros: 26/10, 09/11, 16/11 e 23/11
Brasil, Imagens do Império. Reflexões sobre a Construção Simbólica da<br />
Realeza<br />
Professor: Lilia Moritz Schwarcz<br />
Duração: 4 encontros semanais (30 vagas)<br />
Dias: segundas-feiras, às 20h.<br />
Encontros: 15/08, 22/08, 29/08 e 05/09<br />
O que é uma Vida Bem-Sucedida? O Pensamento de Luc Ferry<br />
Professor: Clóvis de Barros Filho<br />
Duração: 6 encontros semanais (30 vagas)<br />
Dias: quintas-feiras, às 12h30.<br />
Encontros: 01/09, 08/09, 15/09, 22/09, 29/09 e 06/10<br />
1968, o Ano que não Termina.<br />
Professores: Agnaldo Farias, Arnaldo Jabor, Caio Túlio Costa, José Celso Martinez<br />
Corrêa, José Miguel Wisnik, Leandro Karnal, Luiz Tenório de Oliveira Lima, Peter Pál<br />
Pelbart<br />
Duração: 8 encontros semanais (70 vagas)<br />
Dias: terças-feiras, às 20h.<br />
Encontros: 16/08, 23/08, 30/08, 06/09, 13/09, 20/09, 27/09 e 04/10<br />
Uma Breve História do Brasil no Século 20 (1900-1985)<br />
Professor: Otavio Frias Filho<br />
Duração: 5 encontros semanais (30 vagas)<br />
Dias: quintas-feiras, às 20h.<br />
Encontros: 17/11, 24/11, 01/12, 08/12 e 15/12<br />
Pensamento Econômico e Filosofia<br />
Duração: 8 encontros (70 vagas)<br />
Dias: segundas, quartas e quintas-feiras, às 20h.<br />
Encontros: 01/12, 05/12, 08/12, 12/12, 14/12, 15/12, 19/12 e 22/12<br />
A Casa do Saber está localizada na Rua Doutor Mário Ferraz, 414, no Jardim<br />
Paulistano. A livraria e o café funcionam de segunda a sábado, das 11h às 23h. A<br />
área de cursos está aberta de segunda a sexta, das 09h às 22h. E sábado das 13h<br />
às 19h. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3707-8900 ou no<br />
site www.casadosaber.com.br
AGOSTO <strong>2005</strong><br />
QUERO O IMPEACHMENT DO LULA<br />
Por Helen Pessoa<br />
Chega de Lula. Chega de petistas chatos, pegajosos e catequizadores. Bastou<br />
apenas uma semana de depoimentos de partidários da estrela solitária para que o<br />
meu rico português fosse pro saco.<br />
Enfim, saí do armário. A partir de hoje vou trajar a minha camiseta preta com a<br />
frase em letras garrafais: “FORA LULLA”. Cansei da mesmice. Que venha o Alencar.<br />
Não sou uma voz isolada, como eu, milhares de brasileiros da ‘elite’ querem que o<br />
ex-operário retome o antigo posto (se é que um dia Lula realmente trabalhou).<br />
Zé Dirceu, Zé Genoíno e os outros ‘Zé Larápios’, que fujam do país. Voltem para<br />
Cuba, Argélia ou Vietnã, e desta vez, levem acompanhantes - Valdemar da Costa<br />
Neto, Jacinto Lamas, Genu, Pedro Corrêa, Janene, Bispo Rodrigues, Delúbio Soares,<br />
Silvio Pereira, Gushiken, Marcos Valério, Roberto Jefferson...<br />
E mesmo com tanta lama, já nomeie o meu ídolo da CPMI. Arnaldo Faria de Sá é o<br />
máximo. Mostra-se tão perdido quanto grosseiro, é a faceta mais exata do Brasil.<br />
Que Severino, que nada. Depois de mandar o Lula para as fábricas do ABC, vou me<br />
engajar na campanha do Arnaldo Presidente, e então, quem sabe um dia, eu volte<br />
a praguejar o velho bordão, “Eu era feliz e não sabia”.<br />
BONEQUINHA DE LUXO<br />
Por Fernanda Zettler Sanches<br />
BARBIE - A boneca Barbie foi criada por Ruth Handler, em 1958, e ainda assim<br />
continua com cara de jovem! He,he! Já gostei de Barbie, agora não brinco mais –<br />
embora tenha algumas guardadas.<br />
O namorado da Barbie se chama Ken. A cada segundo uma Barbie é vendida no<br />
mundo. A filha de Ruth Handler se chama Barbie, por isso a explicação do nome. O<br />
fenômeno, já trajou roupas assinadas pelos mais renomados estilistas<br />
internacionais.<br />
Como nem todos gostam da Barbie, já existe uma versão nova da boneca-eterna: a<br />
Polly. A Polly segue a linha Barbie, com roupinhas, casinha, e até o carro como o da<br />
Barbie... Ainda assim, em matéria de versatilidade, a Barbie segue imbatível.
Confira a galeria:<br />
Barbie conto de fada Barbie em Grease Barbie anos 50<br />
Barbie com modelito assinado Barbie em Legalmente Loira Barbie roqueira<br />
Barbie e Ken em 007 Barbie Maravilha Barbie por Armani
CANGURU - O canguru “conhece bem” a Austrália e “conhece” a Nova Guiné. Deve<br />
ser legal ter uma bolsa na barriga!!<br />
A pele do canguru fornece couro macio usado até para fazer chuteiras. Esse animal<br />
é o símbolo da Austrália e é conhecido por manter seu bebê próximo ao corpo, ou<br />
seja, ele é um marsupial. Você sabia que o canguru pode saltar até 10 metros de<br />
distância?<br />
A carne dele também é muito apreciada. Ele pode usar a cauda como apoio. Tem o<br />
4º dedo grande e os seus membros dianteiros curtos. Esse mamífero come folhas e<br />
ervas e vive em média sete anos.<br />
CIRANDA, CIRANDINHA, VAMOS TODOS CIRANDAR...<br />
Melhor que novela ou reality show, a CPMI dos Correios transforma seus<br />
personagens em ídolos ou vilões nacionais. Confiram.<br />
Por Patrícia Favalle<br />
EU SOU O CARA... Aparentemente são os mais centrados no problema. Querem<br />
investigar as claras e não aceitam restrições. São eles:<br />
Senador César Borges (PFL-BA)<br />
Senador Sérgio Guerra (PSDB-PE)<br />
Senador Álvaro Dias (PSDB-PR)<br />
Senador Jefferson Peres (PDT-AM)<br />
Senadora Heloísa Helena (PSOL-AL)<br />
Deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR)<br />
Deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR)<br />
Deputada Juíza Denise Frossard (PPS-RJ)<br />
Deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS)<br />
Senador Ney Suassuna (PMDB-PB)<br />
DISTÍMICOS... Causam calafrios com as perguntas embaraçosas, não medem<br />
esforços para desmoralizar o depoente. Interrogam e julgam como se fossem os<br />
donos do mundo. São eles:<br />
Deputado Ônix Lorenzoni (PFL-RS)<br />
Deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)
GALÃS MEXICANOS... Cabelos arrumados, ternos bem cortados, sorrisos<br />
expostos, estes parlamentares estão mais preocupados com a aparição na mídia do<br />
que desvendar o mar de corrupção que assola o país. São eles:<br />
Senador Maguito Vilela (PMDB-GO)<br />
Deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA)<br />
Deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ)<br />
Deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP)<br />
Deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP)<br />
EFEITO PROZAC... Perco a pergunta, mas não deixo de fazer a piadinha – quase<br />
sempre sem graça. São eles:<br />
Senador Delcídio Amaral (PT-MS)<br />
Senador Heráclito Fortes (PFL-PI)<br />
PAPAGAIO DE PIRATA... Aqueles que só aparecem para a foto. Fazem<br />
comentários engraçadinhos, fora de hora e tem certeza que são os personagens<br />
mais importantes da história. São eles:<br />
Senador Leonel Pavan (PSDB-SC)<br />
Senador Romeu Tuma (PFL-SP)<br />
Senador Fernando Bezerra (PTB-RN)<br />
Deputado Álvaro Dias (PDT-RN)<br />
Deputado Wellington Fagundes (PL-MT)<br />
Deputado Alberto Goldman (PSDB-SP)<br />
Deputado Murilo Zauith (PFL-MS)<br />
Deputado Geraldo Thadeu (PPS-MG)<br />
Senador Roberto Saturnino (PT-RJ)<br />
NUNCA TE VI... Os parlamentares que sequer perderam tempo de estampar uma<br />
notinha nos grandes jornais do país. São eles:<br />
Senador Aelton Freitas (PL-MG)<br />
Senador Luiz Otávio (PMDB-PA)<br />
Senador Wirlande da Luz (PMDB-RR)<br />
Senador Efrain Morais (PFL-PB)<br />
Senador José Jorge (PFL-PE)<br />
Senadora Fátima Cleide (PT-RO)<br />
Senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA)<br />
Senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE)<br />
Senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
Senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO)<br />
Senador Gerson Camata (PMDB-ES)<br />
Senador Valdir Raupp (PMDB-RO)<br />
Senador Almeida Lima (PDT-SE)<br />
Senador Juvêncio da Fonseca (PDT-MS)<br />
Senador Geraldo Mesquita Júnior (PSOL-AC)<br />
Senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS)<br />
Deputado Fernando Diniz (PMDB-MG)<br />
Deputado Nélio Dias (PP-RN)<br />
Deputado Nelson Meurer (PP-PR)<br />
Deputado Luiz Antonio Fleury (PTB-SP)<br />
Deputado Sandro Mabel (PL-GO)<br />
Deputado Benedito de Lira (PP-AL)<br />
Deputado Abi-Ackel (PP-MG)<br />
Deputado Wilson Santiago (PMDB-PB)<br />
Deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE)<br />
Deputado Alberto Fraga (PFL-DF)<br />
FUNDAMENTALISTAS... Não aceitam que o PT se corrompeu. Fazem de tudo para<br />
levar outros partidos para o centro do furacão. São eles:<br />
Senadora Ideli Salvatti (PT-SC)<br />
Deputado Carlos Abicalil (PT-MS)<br />
Deputado Jorge Bittar (PT-RJ)<br />
Deputado Maurício Rands (PT-PE)<br />
Deputado Henrique Fontana (PT-RS)<br />
QUEM SOU EU?... Aqueles que nem sabem o que fazem na CPMI. Não deixam de<br />
participar, mas as perguntas geralmente são mais constrangedoras para eles que<br />
para os interrogados. São eles:<br />
Senador Sibá Machado (PT-AC)<br />
Deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA)<br />
Deputado Jamil Murad (PCdoB-SP)<br />
O PILOTO SUMIU<br />
Por Patrícia Favalle
Brasília saiu do controle e nem Oscar Niemeyer reconheceria sua criação. Em meio<br />
aos corredores, ora verdes, ora azuis, uma legião de repórteres, fotógrafos e<br />
curiosos passam apressados, quase se acotovelando.<br />
O ambiente indócil é também impessoal. Ali, todos estão atrás do “furo” do dia.<br />
Parlamentares ansiosos pelos flashes dispõem-se, sorrateiramente, a propagar os<br />
últimos e apimentados acontecimentos dos bastidores.<br />
Na sala destinada às oitivas da Comissão de Inquérito, o inferno parece ter<br />
ganhado uma tradução literal. O clima quente vai além das argüições dos<br />
deputados e senadores. Invade a atmosfera e protagoniza verdadeiros espetáculos<br />
de horror, de desmaios a ataques epiléticos.<br />
Não à toa, as caixinhas de som e os telões são disputados pelos profissionais da<br />
imprensa, que precisam de boas frases e, quem sabe, novos fatos. Já os fotógrafos,<br />
paramentados com quilos de filmes e lentes potentes, amontoam-se num estreito<br />
corredor, subindo em escadas enferrujadas, meio bambas, capengas – diriam.<br />
Enquanto as inquisições não avançam, os personagens deste folhetim conseguem<br />
um lugarzinho ao sol, ou melhor, na poltrona do Jô. Das enfáticas Heloísa Helena,<br />
Ideli Salvati e Denise Frossard aos exaltados Henrique Fontana, Jorge Bittar e Jamil<br />
Murad, são os debutantes que roubam a cena.<br />
ACM Neto – uma versão melhorada do velho ‘Toninho Malvadeza’ com pitadas de<br />
galã global -, Ônyx Lorenzoni – que lembra um mitológico gaúcho de fronteira –,<br />
Eduardo Paes – com ares de bom moço -, e Gustavo Fruet – politicamente correto,<br />
são os quatro mais da Comissão.<br />
Pela ordem, não há como deixar de fora o petebista Arnaldo Faria de Sá, que<br />
desponta como algoz de voz estridente, perguntas desconcertantes e nem sempre<br />
educadas. Delcídio Amaral, por sua vez, protagoniza momentos hilários. É capaz,<br />
por exemplo, de brincar com o deputado Asdrúbal Bentes, de galantear a depoente<br />
e de citar obras literárias de Tolstoi. Como diz o jornalista José Simão, “o Brasil é<br />
mesmo o país da piada pronta”.<br />
QUE FALTA DE SORTE HEIN KIMI...<br />
Por Hugo Dourado<br />
Na corrida disputada neste fim de semana, na Alemanha, no circuito de<br />
Hockenheim ficou provado que, mais do que um carro veloz e equilibrado, um<br />
piloto competente e um bom trabalho de Box, é preciso ter muita sorte. Todos os<br />
grandes campeões, em algum momento de suas conquistas, tiveram a sorte
caminhando ao seu lado. Essa “danadinha” parece andar em direção contrária ao<br />
finlandês Kimi Raikkonen. Azar o dele.<br />
A corrida se desenhava tranqüila para Raikkonen quando seu McLaren teve<br />
problemas e ele abandonou na liderança, pela terceira vez na temporada. Assim as<br />
coisas ficam cada vez mais fáceis para o espanhol Fernando da Renault, que nem<br />
precisa mais ganhar corridas para conquistar seu primeiro título mundial e se tornar<br />
o mais jovem campeão da história. Quebrando um recorde do brasileiro Emerson<br />
Fittipaldi.<br />
O GP serviu para ratificar que a Williams tem um carro fraco, que a BAR conseguiu<br />
se acertar e já sonha com a permanência de Jenson Button no ano que vem, que<br />
Montoya acordou, mesmo que bem tarde, e pode até brigar pelo título em 2006,<br />
que Felipe Massa está mais maduro e na hora de saltar para uma equipe melhor,<br />
que Rubinho, mais uma vez escolheu a estratégia “teoricamente certa” que deu<br />
errado novamente. É engraçado como a estratégia do Rubinho nunca dá certa, fico<br />
impressionado. Gostaria de saber quem é o gênio quem decide. E por fim está mais<br />
do provado que a Ferrari é mera espectadora em <strong>2005</strong>. Tudo indica que os pneus<br />
são o grande problema, mas a verdade é que o carro “não foi bem nascido”, como<br />
costuma dizer nas transmissões Reginaldo Leme.<br />
Cheguei a conclusão que Fernando Alonso é o campeão mundial de <strong>2005</strong> e que<br />
Kimi “sem sorte” Raikkonen pode até ficar sem o vice. Tudo vai depender mais da<br />
sorte que da competência.<br />
INTOLERÂNCIA NA ARBITRAGEM<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Quando o árbitro Sálvio Espíndola expulsou o zagueiro Flávio Donizetti, do São<br />
Paulo, com um minuto e meio na partida contra o Santos, no domingo passado<br />
(17/07), na Vila Belmiro, alguns suspeitaram que o fato fosse inédito na história do<br />
futebol brasileiro, mas se equivocaram. Saibam, pois, que exatamente aos 20<br />
segundos de um dérbi campineiro, em 1983, o enérgico árbitro Almir Ricci Peixoto<br />
Laguna mostrou o cartão vermelho para lateral-direito Édson Abobrão, da Ponte<br />
Preta, após entrada violenta sobre o meia Neto, do Guarani.<br />
Na época, era comum o árbitro advertir verbalmente ou mostrar apenas o cartão<br />
amarelo na primeira jogada violenta de qualquer jogador e, por isso, era comum<br />
jogadores abusarem desta tolerância e "sentavam a bota".<br />
Tão enérgico quando Laguna era Dulcídio Vanderlei Boschilia, árbitro que expulsou<br />
o atacante Rui Rei, da Ponte Preta, com 16 minutos de jogo na finalíssima do
Paulistão, contra o Corinthians, em 1977. Rui Rei reclamou e Dulcídio desfalcou o<br />
time pontepretano que perseguia um título inédito. Conclusão: o Timão saboreou o<br />
fim do jejum de títulos que se arrastava por 17 anos, com o gol da vitória através<br />
do meia Basílio.<br />
Dulcídio, que morreu em 1998 aos 60 anos de idade, ficou marcado como árbitro<br />
que apitava "no pau", isso é: intolerância com a violência. Há quem diga que num<br />
jogo do Palmeiras, na década de 80, ele teria expulsado o lateral-direito Perivaldo<br />
(ex-Botafogo) aos dois minutos. Quem era o adversário do Verdão e como foi o<br />
lance ficamos devendo. O espaço fica aberto ao leitor para os devidos detalhes.<br />
Dulcídio também protagonizou um caso raro no futebol, em 1983: interrompeu a<br />
partida entre Atlético-PR e Campo Grande (RJ), pelo Campeonato Brasileiro, aos 43<br />
minutos do primeiro tempo, por causa de inesperada dor de barriga. Ele deu um<br />
pique ao vestiário e, minutos depois, após a "aliviada", subiu ao gramado sob<br />
aplausos dos torcedores, para reiniciar o jogo.<br />
Coube, no entanto, ao ex-árbitro José de Assis Aragão o inédito registro de marcar<br />
um gol do empate do Palmeiras contra o Santos, por 2 a 2, aos 46 minutos do<br />
segundo tempo. Jorginho cobrou uma falta, a bola ganharia a linha de fundo, mas<br />
tocou em Aragão, que estava a cerca de dois metros do poste direito da trave do<br />
goleiro Marola, do Peixe, e entrou. Imagine o constrangimento de Aragão ao<br />
receber cumprimentos de Jorginho!<br />
Quem conta histórias de arbitragens tem de necessariamente incluir peripécias do<br />
já falecido árbitro Roberto Nunes Morgado. Acreditem: ele mostrou cartão amarelo<br />
para um gandula em Fortaleza e expulsou de campo um fotógrafo de jornal de<br />
Campina que trabalhava sem camisa em tarde de intenso calor no Estádio Moisés<br />
Lucarelli, da Ponte Preta.<br />
Saiba, também, que o ex-volante Dimas, do XV de Jaú (SP), retirou o cartão<br />
vermelho da mão do árbitro Antonio Carlos Saraiva e, braço erguido, teve a ousadia<br />
de mostrar-lhe em jogo contra o Corinthians, em 1986, no Pacaembu, após ter sido<br />
expulso.<br />
Fica a expectativa para que o rigor em arbitragem seja transformado em obrigação<br />
e a certeza de que Sálvio Espíndola aplicou à risca a nova regra da Fifa em relação<br />
ao carrinho na expulsão de Flávio.<br />
Com tantas performances dignas de reconhecimento público, só mesmo premiando<br />
com um OSCAR. Seria trágico se não fosse cômico...<br />
Categoria Melhor Filme
“A Brigada de Onix” de Ônix Lorenzoni e ACM Neto<br />
“Delcidindo depois” de Osmar Serraglio, Delcídio Amaral e<br />
Maguito Vilela<br />
“Sibá, o confuso” de Autor desconhecido<br />
“O dilúvio” de Zé Dirceu e Zé Genoíno<br />
“Os 300 Picaretas” de Roberto Jefferson<br />
E O OSCAR VAI PARA... “Delcidindo depois”<br />
Categoria Melhor Diretor<br />
Ônix Lorenzoni e ACM Neto por “A Brigada de Onix”<br />
Osmar Serraglio e Maguito Vilela por “Delcidindo depois”<br />
Sibá Machado por “Sibá, o confuso”.<br />
Zé Dirceu e Zé Genoíno por “O dilúvio”<br />
Roberto Jefferson por “Os 300 Picaretas”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Sibá Machado “Sibá, o confuso”<br />
Categoria Melhor Ator<br />
Roberto Jefferson em “Os 300 Picaretas”<br />
Delcídio Amaral em “Delcidindo depois”<br />
Arnaldo Faria de Sá em “A verdade te incomoda?”<br />
Pompeo de Mattos em “Cemitério Maldito”<br />
Lula em “Aconteceu em Paris”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Roberto Jefferson em “Os 300 Picaretas”<br />
Categoria Melhor Atriz<br />
Heloísa Helena em “A Vingança das estrelas roubadas”<br />
Maria Cristina Mendes Caldeira em “Dormindo com o Inimigo”<br />
Denise Frossard em “Carandiru”<br />
Ideli Salvatti em “A dama de vermelho”<br />
Karina Somaggio em “Uma secretária de futuro”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Karina Somaggio em “Uma secretária de futuro”<br />
Categoria Melhor Ator Coadjuvante<br />
Zé Dirceu em “Os 300 Picaretas”<br />
Maguito Vilela em “Delcidindo depois”<br />
Heráclito Fortes em “Monstros S.A.”<br />
Silvio Pereira em “Testemunha Muda”<br />
José Genoíno em “O que é isso, companheiro?”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Silvio Pereira em “Testemunha Muda”<br />
Categoria Melhor Atriz Coadjuvante
Luciana Genro em “A Vingança das estrelas roubadas”<br />
Renilda Santiago em “As Domésticas”<br />
Laura Carneiro em “Ghost”<br />
Ideli Salvatti em “Gangues partidárias”<br />
Denise Frossard em “Denise e Heloísa”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Denise Frossard em “Denise e Heloísa”<br />
Categoria Melhor Roteiro Original<br />
“A Vingança das estrelas roubadas” de Heloísa Helena<br />
“O Idiota” de Arthur Virgilio<br />
“Gangues partidárias” de Heloísa Helena<br />
“Traídos pelo desejo” de Maria Cristina Mendes Caldeira<br />
“Dinheiro pra cachorro” de Duda Mendonça<br />
E O OSCAR VAI PARA... “Gangues partidárias” de Heloísa Helena<br />
Categoria Melhor Roteiro Adaptado<br />
“Testemunha Muda” de José Dirceu<br />
“Denise e Heloísa” de Denise Frossard<br />
“Los Três Amigos” de Luiz Gushiken<br />
“Os Fantasmas se Divertem” de Fernando Collor de Mello<br />
“Todos os homens do Presidente” de José Dirceu<br />
E O OSCAR VAI PARA... “Os Fantasmas se Divertem” de Fernando Collor de<br />
Mello<br />
Categoria Melhor Filme Estrangeiro<br />
“Cuba 40º”, de Fidel Castro<br />
“Aconteceu em Paris”, de Melissa Monteiro<br />
“Chaves para o sucesso”, de Hugo Chaves<br />
“Adeus Lula!”, de FHC<br />
“Eu não tenho medo”, de Márcio Thomas Bastos<br />
E O OSCAR VAI PARA... “Aconteceu em Paris”, de Melissa Monteiro<br />
Categoria Melhor Animação<br />
“Monstros S.A.” de Heráclito Fortes<br />
“Minas de Ouro” de Marcos Valério<br />
“CPTRIX” de Denise Frossard<br />
“O Mensageiro Trapalhão” de Arthur Washek<br />
“A Revolução dos Bichos” de Waldomiro Diniz<br />
E O OSCAR VAI PARA... “Minas de Ouro” de Marcos Valério<br />
Categoria Melhor Canção Original
“Nervos de Aço” – Lupícinio Rodrigues<br />
“Pega Ladrão” – Bezerra da Silva<br />
“Luís Inácio” – Paralamas do Sucesso<br />
“Sentimental” – Nelson Gonçalves<br />
E O OSCAR VAI PARA... “Nervos de Aço” – Lupícinio Rodrigues<br />
Categoria Melhor Montagem<br />
“Os Bons Companheiros” – Maurício Rands e Jorge Bittar<br />
“Aconteceu em Paris” – Duda Mendonça e André Singer<br />
“Gandhi Serraglio” – Gustavo Fruet<br />
“PTtubbies” – Carlos Abicalil e Jorge Bittar<br />
“O Murad Maluquinho” – Jamil Murad<br />
E O OSCAR VAI PARA... “Gandhi Serraglio” – Gustavo Fruet<br />
Categoria Melhor Maquiagem<br />
Roberto Jefferson em “Mãos de Sucupira”<br />
Zé Dirceu e Genoíno em “Irmãos Cara-de-pau”<br />
Marcos Valério em “As desventuras de Lex Luthor”<br />
Maria Cristina Mendes Caldeira em “Dormindo com o Inimigo”<br />
Heloísa Helena em “Cara Limpa”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Roberto Jefferson em “Mãos de Sucupira”<br />
Categoria Melhor Efeito Visual<br />
Jefferson Peres em “Jefferson Peres e a Pedra Filosofal”<br />
Pedro Simon em “A Cor Púrpura”<br />
Eduardo Suplicy em “El dia que me quieras”<br />
Arnaldo Faria de Sá em “Os Brutos também Amam”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Jefferson Peres em “Jefferson Peres e a Pedra<br />
Filosofal”<br />
Categoria Melhor Figurino<br />
Denise Frossard em “CPTRIX”<br />
Heloísa Helena em “Kill Bill”<br />
Roberto Jefferson em “O Metrossexual, a vingança”<br />
Sibá Machado em “O lenhador”<br />
ACM Neto em “Do que elas gostam”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Denise Frossard em “CPTRIX”<br />
Categoria Melhor Efeito Sonoro
Assessoria Técnica em “A campainha do silêncio”<br />
Heloísa Helena em “Halls”<br />
Arnaldo Faria de Sá em “Pela Ordem”<br />
Sibá Machado em “Deu Branco”<br />
Maguito Vilela em “15 minutos improrrogáveis”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Arnaldo Faria de Sá em “Pela Ordem”<br />
Categoria Melhor Curta-metragem<br />
Maurício Marinho em “Proposta Indecente”<br />
Arthur Washek em “Invasão de Privacidade”<br />
Luiz Otávio Gonçalves em “Luke Skymaster”<br />
ABIN em “Teoria da Conspiração”<br />
Bispo Rodrigues em “Juro por Deus”<br />
E O OSCAR VAI PARA... ABIN em “Teoria da Conspiração”<br />
Categoria Melhor Curta-metragem de Animação<br />
José Genoíno em “Zorba”<br />
Davi Rodrigues Alves em “Um tira da pesada”<br />
Jacinto Lamas em “Ônibus 171”<br />
Sandro Mabel em “A Fantástica Fábrica de Chocolates”<br />
Silvio Pereira em “Se meu Land Rover Falasse”<br />
E O OSCAR VAI PARA... Silvio Pereira em “Se meu Land Rover Falasse”<br />
Categoria CONJUNTO DA OBRA<br />
E O OSCAR VAI PARA... PC FARIAS em “O PODEROSO CHEFÃO”<br />
DALTONISMO<br />
Por Graziela Piro<br />
Não faz muito tempo ouvi de uma amiga uma historia bem interessante. “Por<br />
muitos anos a Silvia insistiu que o marido fosse daltônico e o Osmar insistia em não<br />
fazer exames específicos, até que um dia na empresa a gama de exames anuais<br />
ganhou mais um para a coleção: teste de Daltonismo e adivinhe: Osmar é mesmo<br />
daltônico! “
Demorou 50 anos pro Osmar descobrir que é daltônico e eu lhe pergunto é possível<br />
uma pessoa viver anos sem saber que é daltônico?<br />
A insuficiência visual relacionada a incapacidade de distinguir diversas cores do<br />
espectro visual chama-se daltonismo. A Transmissão dessa doença se da por<br />
hereditariedade já que é causada por um gene recessivo localizado no cromossomo<br />
X. Por isso explica-se a incidência 10 vezes superior em homens em relação a<br />
mulheres uma vez que para afetar mulheres É necessário duas copias do gene<br />
daltônico enquanto que nos homens o único X é suficiente para expressar a doença.<br />
Após a descrição cientifica do físico inglês John Dalton (1766- 1844) que também<br />
era daltônico surgiu uma teoria dos fisiologistas Hermann Von Helmholtz e Thomas<br />
Young que explica o mecanismo daltônico: A retina, zona responsável pela<br />
conversão dos estímulos luminosos em estímulos nervosos, possui células<br />
especializadas chamadas de cones que captam a luz em comprimentos de onda<br />
diferentes, pois apresentam uma sensibilidade diferenciada.<br />
Alguns cones que captam as ondas longas (vermelho), outros ondas curtas (azul e<br />
violeta) e outros comprimentos de ondas médias (amarelo e verde). O daltonismo é<br />
ausência ou problema no funcionamento adequado de certos cones incapacitando o<br />
individuo de distinguir determinadas cores.<br />
Métodos de detecção do daltonismo<br />
• Livro de Ishiara ou método das lâminas pseudoisocromáticas - o mais<br />
comum e fácil de usar consta de pequenos quadros aonde os números são<br />
desenhados com pontos coloridos. Nesse caso dependerá do tipo de<br />
sensibilidade as cores do paciente.<br />
• Anomaloscópio de Nagel – nesse aparelho o indivíduo verá dois campos<br />
iluminados (um com luz amarela e outro com uma mistura de luzes<br />
monocromáticas vermelha e verde) e deverá regular a intensidade de cada<br />
luz no intuito de igualar os dois campos.<br />
• Método de Holmgreen – o paciente deverá separar fios de lã de cores<br />
diferentes.<br />
Em alguns casos a percepção das cores nos daltônicos passa por ‘normal” por anos<br />
até mesmo para os próprios pacientes e em outros casos a vergonha limita os<br />
pacientes de realizar exames mais apurados e de aprender a entender a doença e a<br />
lidar com o problema.
PELA ORDEM!<br />
Por Adriana Brito<br />
Eles não são o que se definiria charmoso. A maioria tenta até imprimir certo estilo<br />
de representação, com casos risíveis e outros absolutamente admiráveis. Atores de<br />
um reality show grotesco para a população brasileira, senadores e deputados<br />
federais transformaram a TV Senado num espetáculo a parte.<br />
Depois da apresentação bombástica de um roteiro contundente do ‘diretor’ Bob<br />
Jefferson – no melhor estilo Costa Gravas -, todos saíram em busca dos principais<br />
papéis. E a programação desta emissora, cuja única utilidade era aplacar a insônia<br />
de notívagos, ganhou notoriedade e audiência em todo o território nacional.<br />
Foto EP Imagem<br />
Vista sala da assessoria técnica da CPMI dos<br />
Correios<br />
Estudo realizado pelo Instituto QualiBest<br />
avalia que os trabalhos da Comissão<br />
Parlamentar de Inquérito Mista (que une a<br />
Câmara dos Deputados e o Senado<br />
Federal), que neste caso é chamada de<br />
CPMI dos Correios tem superado em<br />
audiência os principais noticiários de<br />
grandes redes como o Bom Dia Brasil, da<br />
TV Globo e o Jornal da Noite, da Band.<br />
A enquete ouviu cerca de mil pessoas e mostrou que 16% dos entrevistados<br />
assistem a TV Senado, superando os 15% que acompanham o telejornal global e<br />
deixando na lanterna, com 11%, o Jornal da Noite. Transmitindo ao vivo todas as<br />
oitivas (depoimentos das testemunhas e dos investigados, caso de Karina<br />
Somaggio, Marcos Valério, Silvio Pereira) a CPMI arregimentou um público nunca<br />
visto na emissora.<br />
Quanto ao perfil, a pesquisa apurou que 58% são homens e 42%, mulheres. Já no<br />
quesito ‘renda’, 21% fazem parte da classe A, seguidos de 52% da B, 23% da C e<br />
3% da D, respectivamente. Esse resultado talvez seja o reflexo de outra aferição, a<br />
do Ibope, mostrando que o índice de aprovação do presidente Lula, do governo e<br />
do Partido dos Trabalhadores, entre as camadas mais pobres mantiveram-se altos,<br />
mesmo com o início das investigações.<br />
Tudo porque a maior parte destas pessoas geralmente utiliza o sistema de antena<br />
portátil para sintonizar os canais de seu televisor, o que limita o alcance de<br />
emissoras em sinal UHF. E contando com o noticiário aberto – que por vezes edita<br />
apenas as partes burocráticas dos depoimentos, sem oferecer o contexto – é
possível que este público identifique toda a crise política apenas como um fato sem<br />
tanta importância.<br />
O que é confirmado pelo restante da análise da QualiBest que mostra o interesse<br />
por amostragem de região. Enquanto 69% dos telespectadores residem no Sudeste<br />
e 16% no Sul, nas localidades mais distantes – e nas quais, o presidente tem se<br />
esmerado para inaugurar projetos sociais, de forma quase desesperada – estão os<br />
menores registros: 7% no Centro-Oeste, 7% no Nordeste e 2% no Norte.<br />
O lado bom é que até agora – salvo os momentos em que a técnica simplesmente<br />
desliga os microfones dos inquiridores – se ofereceu todas as ferramentas para que<br />
seja mantido o processo democrático. Até, pelo menos, que alguém diga o bordão<br />
do momento: ‘pela ordem’.<br />
‘CHIC’ – ‘CHIC’<br />
Por Alex Barbosa<br />
A história do design se confunde com o movimento. Explica-se daí, que os<br />
primeiros grandes projetos investiram na possibilidade, das pessoas morarem em<br />
lugares diferentes. Foi preciso então democratizar o processo de construção de<br />
elementos básicos como as pequenas edificações e mobiliário primitivos, até chegar<br />
à concepção dos espaços públicos e sua urbanização.<br />
Da ampliação deste processo percebeu-se que era necessário incrementar<br />
comunicação, estilo e arte na fabricação dos produtos de massa como os<br />
eletrodomésticos, vestuário, alimentos, chegando depois aos aparelhos eletrônicos.<br />
No Brasil expoentes desse segmento ganharam notoriedade já nos anos 50, como o<br />
português radicado no país na década de 20, Joaquim Tenreiro e o criador da<br />
reconhecida ‘Poltrona Mole’, Sérgio Rodrigues. Sem esquecer do francês Michel<br />
Arnoult, um idealista da popularização de peças, de desenho rebuscado.<br />
Força absoluta, o design ganhou em meio século, o título de indispensável. E<br />
engenheiros, arquitetos, decoradores e artistas não se dão mais – não que muitos<br />
de dessem - ao direito de olhar para este mercado e seus profissionais com<br />
desconfiança.
E o cliente - o todo-poderoso -, ganhou cada vez mais com produtos cuja pesquisa<br />
em novos materiais e tecnologia de produção trouxe um sem-número de<br />
possibilidades na construção de imóveis, na composição de ambientes e em todo o<br />
restante. Caso dos polímeros em polietileno, polipropileno e outros termos<br />
complexos atribuídos ao conhecido plástico.<br />
Entenda-se aí, no remanescente desta equação, a embalagem. Das gôndolas do<br />
supermercado e derivados são oferecidos ao consumidor itens que primaram, além<br />
da qualidade de seu conteúdo, por um conjunto de atributos apresentados em seu<br />
invólucro.<br />
Para entender essa relação de “necessidade-sedução”, a Associação Brasileira de<br />
Embalagem (ABRE) lançará no início de 2006 o livro “História da Embalagem no<br />
Brasil”, desenvolvido pela jornalista e professora da FACAMP, Éthel Leon.<br />
Retratando essa dinâmica, Leon levantou – por enquanto – mais de 50 casos que<br />
envolvem nomes memoráveis como Pastilha Valda, Talco Granado e Óleo de<br />
Peroba.<br />
E, com direito ao glamour, o setor ganhou até premiação com tons de Oscar. É o<br />
Prêmio House & Gift de Design, criado pela Grafite Feiras e Promoções, que<br />
aproveita, é claro, para dar uma aquecida nas vendas. Na sexta edição, 22<br />
vencedores serão aclamados na noite de entrega que acontece dia 19 de agosto, às<br />
10 horas, nos auditórios seis e sete do Expo Center Norte em São Paulo.<br />
Os melhores do design foram escolhidos dentre 160 inscrições nas categorias:<br />
Decoração, Presentes Finos, Mesa Posta, Utilidades Domésticas, Eletro, Têxtil,<br />
Artesanato e Recicláveis. Entre o júri estiveram os representantes da Fundação<br />
Armando Álvares Penteado (FAAP); Associação Brasileira de Design de Interiores<br />
(ABD) e Associação dos Designers de Produto (ADP).<br />
CONEXÃO CABRAL<br />
A crise que assola o governo Lula e macula a imagem do Partido dos Trabalhadores<br />
atravessou o Atlântico e ameaça levar para o centro da confusão, empresários e<br />
banqueiros portugueses.<br />
Por Patrícia Favalle
O embate mais aguardado da Era CPI aconteceu numa sessão do Conselho de<br />
Ética, no dia 02 de agosto. Embora informal, a acareação de Roberto Jefferson e<br />
José Dirceu contou com momentos hilários, já que a tragédia que assola o país, o<br />
PT e a história de lideranças partidárias históricas, tornou-se corriqueira.<br />
O petebista manteve o discurso inflamado e a coerência das acusações – além de<br />
confessar que Zé Dirceu despertava seus instintos mais primitivos. De frente para o<br />
adversário, antigo amigo íntimo, disparou contra cada uma das negativas do ex-<br />
ministro, que a tudo ‘repelia’.<br />
Em meio ao diz-que-diz sobraram farpas até para o Presidente Lula, poupado<br />
cuidadosamente desde o começo das investigações. Jefferson citou um suposto<br />
acordo intermediado por Dirceu e avalizado por Lula com a transnacional Portugal<br />
Telecom, que detém no Brasil parcerias especialmente com o setor de<br />
telecomunicações. Do capital social do grupo UOL INC. possui 28,9%, da VIVO,<br />
50%, da Mobitel S.A., 56,96%. Já da Primesys Soluções Empresarias e da PT<br />
Inovação Brasil Ltda. é a única mandatária, com 100% do capital.<br />
O encontro de Marcos Valério e de Emerson Palmieri (então tesoureiro informal do<br />
PTB) com a direção da Telecom portuguesa ocorreu entre os dias 24 e 26 de janeiro<br />
de <strong>2005</strong>, comprovada pela listagem de passageiros do vôo 8706 da Varig, do dia 24<br />
de janeiro com destino a Lisboa, e do vôo 7405, que decolou no dia 26, às 9h55,<br />
rumo ao Rio de Janeiro. Além disso, na saída do depoimento que prestou à<br />
Procuradoria Geral da República, em 02 de agosto, Marcos Valério confirmou a<br />
estada em Portugal na companhia de Palmieri, que justificou estar estressado.<br />
Sobre a reunião, Valério alegou ter tratado apenas da apresentação das agências<br />
de publicidade SMP&B e DNA para os possíveis concessionários da Telemig Celular,<br />
uma vez que a empresa estava sendo vendida. Segundo o jornal português<br />
Expresso, foi Miguel Horta – Presidente da Portugal Telecom – quem providenciou a<br />
aproximação dos brasileiros com o Ministro de Obras Públicas, Antônio Mexia, que<br />
admitiu ter recebido Marcos Valério na condição de emissário de Lula.<br />
Curioso, porém, que treze dias antes do embarque, em 11 de janeiro, tanto Marcos<br />
Valério como Ricardo Espírito Santo, presidente do banco homônimo no Brasil,<br />
reuniram-se com o então Ministro Chefe da Casa Civil, José Dirceu. Uma das<br />
últimas ações do Ministro, por sinal, foi uma viagem oficial a Portugal, em 08 de<br />
junho, poucos dias antes de sua exoneração. O Presidente Lula, conforme agenda,
ecebeu os diretores da Portugal Telecom em pelo menos duas ocasiões, a última<br />
em 19 de outubro de 2004.<br />
Entretanto, o fato que chamou atenção foi o depoimento do deputado Roberto<br />
Jefferson CPI dos Correios. Em 01 de julho, citou que um dirigente petista,<br />
pressionado a efetuar os pagamentos das dívidas contraídas durante as campanhas<br />
municipais dos partidos da base aliada, propôs que ele [Roberto Jefferson]<br />
intermediasse uma transação através do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB)<br />
para transferir US$ 600 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) da conta de um banco<br />
europeu para outro. Na época, o IRB era presidido pelo Dr. Lídio Duarte, indicado<br />
do PTB. "Era para tirar US$ 600 milhões que o IRB tem depositado no exterior e<br />
transferir para o Banco Espírito Santo, de Portugal", disse.<br />
Argüido pelo deputado Eduardo Paes (PSDB-SP) sobre o porquê da escolha do<br />
Banco Espírito Santo, respondeu: "Porque o Espírito Santo tem interesses no<br />
Brasil". "Quais?", disparou. "Não sei. O Valério fez umas contas e disse que se isso<br />
fosse feito, sobraria muito dinheiro para o PT e o PTB". "Cerca de R$ 100 milhões",<br />
acrescentou. Vale frisar que muitos dos investimentos da Portugal Telecom no<br />
Brasil foram feitos através do Grupo Financeiro Espírito Santo, um de seus maiores<br />
acionistas.<br />
Outro dado relevante é que em 16 de fevereiro de <strong>2005</strong>, o Presidente em exercício,<br />
José Alencar, recebeu no Palácio do Planalto uma comitiva formada por José Maria<br />
Ricciardi, Ricardo Espírito Santo, Rafael Valverde e Rodrigo Aguiar, todos do alto<br />
escalão do banco português.<br />
Desde que aportou nas terras descobertas por Cabral, os investimentos da Portugal<br />
Telecom, só no ano passado ultrapassaram €500 milhões. A Vivo, por exemplo,<br />
quebrou a barreira de 25 milhões de clientes. Já a rentável Primesys, foi vendida<br />
para a Embratel, numa recente transação de R$ 231 milhões.<br />
A crise iniciada com Maurício Marinho embolsando R$ 3 mil deixou claro que a<br />
corrupção é sistêmica, facilitada pela prática despudorada da classe política de<br />
controle dos cargos públicos. O erro do PT e de Lula foi não limitar a atuação do<br />
partido no governo.<br />
A prerrogativa de que o Presidente sabia, o torna cúmplice ou mandante do crime.<br />
Se não sabia, parafraseando o senador Arthur Virgilio (PSDB-AM), “é, no mínimo,<br />
idiota”. Ora, pois, seja a alternativa que for, cabe a sociedade cobrar explicações e
não permitir que o roubo ao bolso dos contribuintes, termine com gosto de pizza ou<br />
de bacalhau.<br />
E AGORA JOSÉ?<br />
Com as malas prontas para deixar o Congresso Nacional, José Dirceu borra a<br />
biografia de quase 40 anos de militância e vida pública até então, inquestionáveis.<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Quem diria que José Dirceu sucumbiria a Roberto Jefferson? Depois de passar ileso<br />
pelo escândalo Waldomiro Diniz e fingir que não ouviu as acusações repetidas pelo<br />
irmão do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel, de que ele estaria<br />
envolvido, eis que Zé ruiu.<br />
Na verdade, desmoronou. E Roberto Jefferson foi quem começou a abalar as<br />
estruturas da Casa Civil. Quando percebeu que pagaria o ônus da corrupção<br />
sozinho, Jefferson não tardou a se acorrentar em alguns petistas notáveis, entre os<br />
quais, o Presidente da República.<br />
A estratégia é a velha máxima de acusar para se defender. Sem um passado<br />
recheado de boas ações, o petebista precisou desmoralizar seus adversários – o<br />
que não foi difícil -, sendo os parlamentares do PT os mais afoitos por sua cabeça.<br />
Na primeira entrevista, Roberto Jefferson mandou o recado: “Eu saio, mas levo<br />
comigo Delúbio Soares, Silvio Pereira, José Genoíno e José Dirceu”. Aquela altura,<br />
todos se perguntavam quem seriam os dois primeiros citados – figuras até então<br />
desconhecidas do público. E a promessa foi mais que cumprida.<br />
Por enquanto, é exatamente Jefferson o deputado mais protegido da cassação.<br />
Delúbio e Silvinho roubaram, literalmente, a cena. E fizeram jus ao falecido PC<br />
Farias.<br />
A cada nova fala de Roberto Jefferson, mais “sombras” aparecem. Marcos Valério,<br />
Simone Vasconcelos, Cristiano Paz, Jeane Corner (cafetina) e até Duda Mendonça<br />
tornaram-se réus. O PT se corrompeu. Vendeu a alma – e tem diabo correndo da<br />
lista de comprador.
Zé Dirceu fez alianças, no mínimo,<br />
estranhas. Valdemar Costa Neto, Sandro<br />
Mabel, Pedro Henry, Pedro Corrêa e o<br />
próprio Roberto Jefferson transformaram-<br />
se em aliados. Ah, o poder inebria e o<br />
dinheiro enlouquece.<br />
Como diz a senadora Heloisa Helena<br />
(PSOL-AL), expulsa num processo<br />
comandado por Delúbio, “o balcão de<br />
negócios sujos foi surrupiado pela cúpula<br />
palaciana do partido dos trabalhadores”. O<br />
PT acabou. A estrela deixou de ser cadente<br />
para, sorrateiramente, tomar a forma de<br />
um perigoso meteoro desgovernado. E o<br />
Zé, o velho militante Dirceu, caiu diante<br />
das oportunidades. Abriu a mala e tomou<br />
gosto pelas notas – frias ou quentes. Pobre<br />
Zé, tão inocente, tão zé...<br />
O líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia, e José<br />
Dirceu, na reunião do Partido pela democracia, um dia<br />
após Dirceu entregar o cargo de Ministro da Casa Civil.<br />
MAURO SILVA, EXEMPLO DE PERSISTÊNCIA<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Você seria capaz de dizer rapidamente a escalação da equipe brasileira que sagrou-<br />
se tetracampeã na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos? Bem, se você não<br />
sabe dizer quais foram os jogadores titulares da foto histórica da partida contra a<br />
Itália, então vamos lá: Taffarel; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro<br />
Silva, Dunga, Mazinho e Zinho; Bebeto e Romário. O técnico era Carlos Alberto<br />
Parreira.<br />
Dessas "feras", um dos últimos a pendurar as chuteiras foi o volante Mauro Silva,<br />
que até julho passado jogava no La Coruña, da Espanha, ou melhor: esbanjava<br />
vitalidade e ainda era tido como um "senhor ladrão de bola", apesar dos 36 anos.<br />
Mauro Silva foi mais um dos incontáveis exemplos de tenacidade no futebol e o<br />
reflexo disso foi a carreira vitoriosa. Exagerou quem o rotulou de craque, mas fez<br />
justiça quem opinou sobre suas virtudes como "carrapato" na marcação.
O volante, nascido no dia 11 de janeiro de 1968, em São Bernardo do Campo (SP),<br />
ousou, em 2001, recusar convocação à Seleção Brasileira para torneio na Colômbia,<br />
com receio de jogar num país em permanente guerrilha. A justificativa foi<br />
considerada inaceitável pela CBF e a partir dali o espaço do jogador foi encurtado<br />
na entidade. Terminava uma história de mais de dez anos no selecionado brasileiro,<br />
com direito a elogio até exagerado do lendário Di Stéfano (ex-seleção espanhola),<br />
que o considerou o melhor jogador do Mundial de 1994. No mesmo período,<br />
Arsênio Iglesias, técnico do La Coruña, fazia do volante um referencial para o<br />
sucesso de qualquer equipe: "Se eu tivesse dez Mauro Silva na equipe ganharia dez<br />
campeonatos".<br />
A história do volante no clube espanhol começou em 1992, quando seu passe foi<br />
vendido pelo Bragantino (SP). Em Bragança Paulista (SP), foi tido como o "pulmão"<br />
de um time modesto, porém lapidado com sabedoria pelo então técnico principiante<br />
Vanderlei Luxemburgo, durante o biênio 1989/1990. Na época, o time contava com<br />
o lateral-direito Gil Baiano, zagueiro Júnior e o goleador Sílvio, entre outros.<br />
Mauro Silva é um exemplo de persistência para vencer obstáculos. Após a segunda<br />
cirurgia no joelho, em 1989, foi tido como jogador "bichado" e aniquilado para o<br />
futebol. Por isso, quase "jogou a toalha", mas sabiamente decidiu enfrentar o<br />
desafio, encarou a maratona de exercícios fisioterápicos, e a recompensa foi a<br />
recuperação total. Aí, como evangélico fervoroso, testemunhou ter recebido<br />
bênçãos de Deus, durante pregações cristãs.<br />
A rigor, ainda nos tempos de jogador recém profissionalizado no Guarani, em 1988,<br />
Mauro Silva tinha comportamento diferenciado de colegas. Após treinos da tarde,<br />
freqüentemente era visto de terno, gravata e Bíblia embaixo do braço, dirigindo-se<br />
a cultos evangélicos. Claro que não se importava com sarcásticos companheiros<br />
que insistiam a compará-lo a um pastor e muitos menos com o apelido de Tulião,<br />
que surgiu em decorrência da enorme cabeça, comparada, na época, a do ex-<br />
lateral-direito Getúlio (ex-São Paulo e Atlético-MG), um exímio cobrador de<br />
pênaltis.<br />
No início, o apelido era Mauro Getulião, modificado posteriormente para Mauro<br />
Tulião por questão sonora. Aí, Pupo Gimezes, então técnico da equipe de juniores<br />
do Guarani, interveio, deu um basta na brincadeira, e exigiu que se retomasse o<br />
nome original do jogador. Senão...<br />
CASA DE BONECA<br />
Por Sandi Dias
Mudão, cuja identidade oficial, aquela de carteirinha, não se tem conhecimento, foi<br />
atropelado. Socorrido, teve dois dedos do pé amputados. Encaminhado a um<br />
albergue da cidade depois de receber alta do hospital, não se adaptou a<br />
acomodação.<br />
De volta ao lugar em que estava acostumado a viver, recebeu mais uma vez a<br />
atenção de Luisa Lopes da Silva, presidente da Associação Casa da Criança Nossa<br />
Senhora Aparecida. Desta vez, ela constatou que ele estava também com diabetes,<br />
o que demandaria cuidados maiores, já que voltava de uma recente cirurgia e o<br />
repouso para sua recuperação seria indispensável.<br />
Impossibilitada de recebê-lo na instituição que dirige em tempo integral, já que o<br />
lugar atende 90 crianças de dois a sete anos, uma idéia que estava em estudo<br />
pareceu ideal. Era a ‘Casinha Solidária’. Consultou o gerente do supermercado Dia<br />
%, local onde Mudão passava a noite, que permitiu a instalação de uma unidade<br />
contendo colchonete e cobertores, no estacionamento.<br />
O resultado que pareceu positivo e acabou com a incômoda situação de desabrigo<br />
logo foi ampliado. E com a ajuda de ex-detentos que prestam serviço à Casa da<br />
Criança nos finais de semana, outros quatro exemplares foram confeccionados. A<br />
segunda habitação provisória teve como endereço o Rio das Pedras, mas<br />
desapareceu em seguida.<br />
Administrando a instituição no bairro do Aricanduva, zona leste de São Paulo, Luisa<br />
passava sempre pela região do Tatuapé. De seu trânsito pelo local notou três<br />
crianças que moravam na Praça Silvio Romero atuando na mendicância explícita.<br />
— (...) tenho duas casas de madeira. O que vocês acham se colocar elas aqui pra<br />
vocês poderem dormir fora da rua?<br />
Desta forma começou uma polêmica que envolveu Luisa e a Prefeitura de São<br />
Paulo. No domingo, 31 de julho, depois de implantar duas casinhas com 2m de<br />
comprimento, 1,90m de altura e 1,50m de largura, construídas em madeira de<br />
ripa, pintadas em azul e com teto em zinco e plástico, a assistente informal dos<br />
menores achou que parte de seus problemas estariam resolvidos. O que ela não<br />
sabia era que o terreno pertencia a Companhia do Metropolitano de São Paulo, o<br />
Metrô.<br />
Impresso nas pequenas construções estava o número de telefone da Associação.<br />
Funcionários da Estação Tatuapé entraram em contato com ela para que explicasse<br />
o caso. No local, as conversações entre as partes esquentaram e a Secretaria<br />
Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social foi chamada para resolver a<br />
situação.
Morar na rua já é um estigma. Morar na rua nestas condições soou ofensivo aos<br />
assistentes que retiraram do local as habitações. Evidente que não caberia prestar-<br />
se a um juízo de valor sobre a ação de Luisa. Até porque sua atuação saiu da<br />
retórica verbalizada pela maioria, para algo que efetivamente surtisse resultado.<br />
Para ela, o que valeu foi parafrasear o slogan da campanha do sociólogo Betinho,<br />
“Se quem tem fome, tem pressa, quem tem frio também”.<br />
Ainda assim é preciso observar o contexto. Não que soem como justas, nem que<br />
sejam respeitadas. Mas há regras para a convivência do espaço público. E estas<br />
devem ser obedecidas. E, neste caso, todos em suas respectivas jurisdições estão<br />
errados.<br />
Então não há leis que regem áreas particulares, obrigando o dono a realizar<br />
manutenção, evitando que situações parecidas ocorram? Não foram criados<br />
estatutos e normas que dão conta de que, quando os pais da criança não podem,<br />
ou são impedidos de manter a tutela dos menores, o Estado se torna responsável<br />
pelo seu bem-estar?<br />
A filantropia corporativa ou o voluntariado particular são ações espontâneas, feitas<br />
por pessoas e empresas que acreditam na falência do sistema. O executivo não tem<br />
possibilidade de atender a todos. O legislativo não conhece as demandas cuja<br />
intervenção é premente, e o judiciário não consegue decidir sobre o assunto.<br />
Enfim, depois de todo o estardalhaço, uma decisão da Juíza da Vara de Infância do<br />
Tatuapé, decidiu que os menores ficassem sob os cuidados de Luisa e sua nora,<br />
Marli, até que o Conselho Tutelar seja capaz de investigar a existência de parentes<br />
em condições de abrigá-los. Fato que pode jamais acontecer, partindo da premissa<br />
que o assistencialismo apodrecido tem como princípio fundamental a perpetuação<br />
do estado de miséria.<br />
Trocando em miúdos, a ação da “casinha de boneca”, logo encarada como<br />
humilhante e precária por diversos setores da sociedade, surgiu como uma<br />
alternativa viável, aparentemente digna, realizada por um ato de bondade simples,<br />
de pessoas que não se conformam com tanto descaso.<br />
Se é maquiavélico colocar seres-humanos em tais condições, o que dizer da<br />
abstração do estado de direito, que fecha os olhos para um problema endêmico, em<br />
que a ação de varrer para debaixo do tapete a feiúra dos andarilhos sem-nome,<br />
tornou-se corriqueira? Nesta seara inescrupulosa, dona Luisa é uma cidadã que<br />
merece respeito e, porque não, reconhecimento. Afinal, ela ainda acredita que o<br />
bem pode ser feito através de atitudes simplistas – bem mais coesas que a<br />
demagogia ultrajante dos governantes deste país.
BUENOS SUEÑOS<br />
Por Ariana Brink<br />
Ibrahim Ferrer teve uma carreira<br />
meteórica. Aos 70 anos retornou ao<br />
sucesso com o projeto Buena Vista<br />
Social Club. Em oito anos, o cubano<br />
viajou o mundo divulgando bem mais<br />
que sua música.<br />
Cuba fazia parte de Ibrahim – que<br />
mesmo sob a linha dura de Fidel – o<br />
preenchia. Há um ano, esteve no<br />
Brasil para divulgar o CD solo Buenos<br />
Hermanos, vencedor do Grammy<br />
Latino de 2003, prêmio que Ferrer<br />
jamais pôde buscar.<br />
A visibilidade alcançada com o CD Buena Vista Social Club, idealizado pelo<br />
guitarrista Ry Cooder, em 1997, atingiu a impressionante marca de 1,5 milhão de<br />
cópias vendidas em pouco mais de um ano. A partir daí, a trajetória do grupo foi<br />
levada para o cinema através do alemão Win Wenders, num documentário<br />
despretensioso que mostrou os ensaios e shows.<br />
Ex-engraxate e vendedor de loterias, o sobrevivente Ibrahim jamais perdeu a<br />
esperança de retornar aos palcos – já que estreou como cantor profissional aos 14<br />
anos. Triunfou. Não foram poucas às vezes que o cantor de voz suave e olhar<br />
tranqüilo levou as lágrimas seus ouvintes.<br />
Havana chorou a perda de seu ídolo. Ibrahim Ferrer morreu no dia 06 de agosto,<br />
aos 78 anos, em decorrência da falência múltipla de órgãos, poucos dias depois de<br />
retornar de uma turnê pela Europa. Muito doente, resistiu ao tratamento fora de<br />
sua terra encantada. Para muitos, a opção de ficar em Cuba era inexplicável, para<br />
ele, deixar a Ilha era como renegar a própria alma.
Entre o perfume das gardênias, Ibrahim recebeu sua última platéia. Não menos<br />
afoita, não menos emocionada, não menos apaixonada. Ferrer chegou ao topo, e<br />
desde então, tornou-se imortal.<br />
O FANTÁSTICO ACABOU<br />
Por Adriana Brito<br />
Inácio de Loyola Brandão se enganou. As pessoas não odeiam especificamente às<br />
segundas-feiras. De fato, todos detestam mesmo o domingo. Este macambúzio dia<br />
do calendário que aterroriza as crianças e deprime os mais velhos, tem consigo<br />
uma pecha de ser o período em que toda a estupidez é vomitada, escancarada em<br />
rede nacional sem deixar uma pobre alma intacta.<br />
Quem não passa pelo menos quatro horas assistindo aos programas de televisão,<br />
sem dúvida, merece ser estudado nos anais antropológicos de Claude Lévi-Strauss,<br />
e Roberto da Matta. Para a maioria vale mesmo a regra da indigesta salada de<br />
frutas que se empurra garganta abaixo, cuja estrutura sedimentou-se no<br />
assistencialismo, no humor escatológico, na condição de celebridade e, no mais<br />
triste deles, no jornalismo deprimido.<br />
E neste caso vale ressaltar a atração da Rede Globo, o Fantástico. No melhor<br />
conceito do “morde e assopra”, a batizada ‘revista semanal da emissora’, - há 32<br />
anos no ar - produz seu espetáculo dantesco, cujo patrocinador ideal deveria ser o<br />
laboratório Eli Lilly, a indústria farmacêutica fabricante do Prozac.<br />
O pânico começa na abertura. Com tom de voz retirado dos filmes de George<br />
Romero, Cid Moreira o reconhecido apresentador do Jornal Nacional faz as<br />
chamadas das matérias como se estivesse passando por um tratamento<br />
fonoaudiólogo, para se curar do estilo Mister M – O Senhor dos Sortilééégios a que<br />
ficou restrito.<br />
As reportagens que seguem a isto se mostram donas de uma capacidade de<br />
entretenimento digna de um legume. Veja-se o caso do quadro “Repórter por 1<br />
Dia”. Depois de ser escalada como protagonista do folhetim “Começar de Novo” e<br />
apagar, apagar, até amargar apenas uma pontinha no final da trama, Giselle Itié foi
chamada para o “Oi Mundo Afora”, da GNT, na edição que será feita no México,<br />
cidade natal da atriz. Na atração dominical sua incumbência era testar o<br />
conhecimento de jovens alunos no idioma espanhol.<br />
Mas isto não é o pior. Terrível mesmo, é a seção que deveria chamar Dias de Glória<br />
destinado a transformar a jornalista, a única representante do noticiário de<br />
aventura. Aventura dela é claro. Seria interessante para o público observar outros<br />
lugares através da apreciação de outros repórteres da emissora. Aliás, a dupla mais<br />
chapa branca da imprensa televisiva, Glória e Bial até constrangem de tanta<br />
empolgação.<br />
Extensão do Zorra Total, o Fantástico, programa que perverte escancaradamente a<br />
condição do jornalismo brasileiro, já que o coloca como ‘escada’ para o<br />
departamento de dramaturgia da rede (escada é a expressão usada entre<br />
comediantes de modo a definir aquele que serve de coadjuvante na piada). Chico<br />
Anísio, por exemplo, mantinha em seus esquetes também a análise da atualidade,<br />
a crônica e o discurso inteligente, cheio de estilo.<br />
Evidente que ninguém conseguiria assistir por duas horas a transmissão de um<br />
resumo das principais notícias da semana. O que acontece é que a presença de<br />
atores da Globo também não acrescenta muito. Talvez um pouco. Sobretudo,<br />
depois de assistir a episódios dignos de repreensão pública.<br />
Ambos são recentes. O primeiro se trata da entrevista cedida pelo presidente<br />
brasileiro em 17 de julho, num caso estranhíssimo. Amedrontado com a crise<br />
política, Luis Inácio tratou de despachar os correspondentes e enviados especiais<br />
que cobriam sua visita a Paris, para falar apenas com a repórter Melissa Monteiro.<br />
Durante onze minutos a conversa mais ensaiada de um chefe de estado que se tem<br />
conhecimento gerou desconfiança e depois descrédito dos telespectadores. Onde já<br />
se viu uma emissora assumir uma postura destas? Comprar os direitos de um<br />
produto de uma suposta televisão francesa – que nem existia - feita por uma dita<br />
jornalista desta empresa?<br />
A Rede Globo, que adora transmitir longos editoriais refazendo-se de erros ou<br />
acusando injustiças nem se deu ao trabalho de dizer a quem deposita confiança em<br />
suas verdades, que desta vez cometeu um equívoco. Afinal, Melissa era uma free-<br />
lancer contratada pelo produtor Paul Comiti, que não se provou como conseguiu<br />
burlar o esquema dos assessores da Secretaria de Comunicação (Secom).
Enfim, optou-se pelo banal, pela piada pronta, pelo formato reaproveitado. Não,<br />
não é simples mesmo manter um espetáculo tanto tempo em cartaz. O que não<br />
significa que destrinchar a intimidade de alguém de maneira tão leviana como foi<br />
feita com Carmem Miranda seja válido como instrumento para sustentar o<br />
processo.<br />
A matéria exibida em 07 de agosto detalhava a relação da cantora com o piloto da<br />
FAB, Carlinhos Niemeyer. Quem precisa saber como as pessoas se tratam<br />
intimamente? Depois de assistir a tantas informações desta natureza fica a<br />
sugestão: rasguem-se as cartas, apaguem-se os e-mails e queimem-se os bilhetes.<br />
Ou você pode ser o próximo. Daqui a pouco... No Fantástico.<br />
Você lembra com quantos anos tomou a vacina contra a Rubéola? E quais doenças<br />
a Vacina Tríplice previne? Essas dúvidas e muitas outras serão facilmente<br />
solucionadas com a tabela abaixo, que o ajudará a saber com que idade tomar as<br />
vacinas e quantas doses são necessárias.<br />
Vacina Prevenção<br />
Em Qual idade<br />
Tomar Doses Reforço<br />
Local da<br />
Aplicação<br />
BCG Tuberculose ao nascer 01 dose + reforço Reforço entre 6 e 10 anos Intramuscular<br />
Poliomelite<br />
Paralisia<br />
Infantil A partir dos 2 meses 03 doses com<br />
1º reforço é realizado 12<br />
meses após a vacinação<br />
Duas gotas -<br />
via oral<br />
intervalo de 02 meses básica e o segundo 18<br />
Sarampo Sarampo A partir dos 9 meses<br />
entre as doses. +<br />
reforço.<br />
01 dose + reforço<br />
meses após o primeiro<br />
reforço<br />
Aos 15 meses<br />
Subcutânea<br />
ou região<br />
glútea<br />
A partir de 1ano 01 dose + reforço<br />
Aos 15 meses<br />
Caxumba,<br />
Subcutânea<br />
Triplice<br />
Viral<br />
Varicela<br />
Rubéola e<br />
Sarampo<br />
Catapora<br />
na região do<br />
deltóide<br />
Entre os 12 meses e<br />
12 anos<br />
01 dose + reforço Entre 12 e 15 anos subcutânea<br />
Região<br />
Varíola Varíola Entre 1 e 2 anos<br />
Única<br />
Não é necessário<br />
deltóide<br />
inferior do<br />
braço<br />
esquerdo<br />
Rubéola Rubéola<br />
A partir dos 15<br />
meses<br />
Única<br />
Não é necessário subcutânea<br />
Triplice<br />
Bacteriana<br />
Dupla<br />
i<br />
Difteria,<br />
Tétano e<br />
Coqueluche<br />
Tétano e<br />
f d<br />
Acima de 3 anos<br />
03 doses, a partir dos<br />
02 meses de idade,<br />
com intervalos de 02<br />
meses entre as doses<br />
+ reforço.<br />
03 doses, com<br />
l d<br />
1º reforço aos 12 meses<br />
após a última dose da<br />
vacinação básica e o 2o<br />
reforço após 18 meses do<br />
primeiro reforço.<br />
A partir dos 7 anos de<br />
d d l d<br />
Via<br />
intramuscular<br />
(região glútea<br />
ou no<br />
músculo<br />
vasto lateral<br />
da coxa)<br />
Via<br />
l
Bacteriana<br />
*<br />
Difteria<br />
intervalo de 02 meses<br />
entre a 1ª e a 2ª<br />
doses e uma 3ª dose<br />
aplicada seis meses<br />
após a 2ª dose +<br />
reforço.<br />
Caxumba Caxumba A partir dos 12 anos Única<br />
idade com intervalos de 10<br />
anos entre as doses<br />
Não é necessário<br />
intramuscular<br />
(região glútea<br />
ou no<br />
músculo<br />
vasto lateral<br />
da coxa)<br />
Via<br />
subcutânea<br />
*deve ser usada em crianças com contra indicação para receber a Triplice Bacyeriana<br />
SETEMBRO – <strong>2005</strong><br />
NOVA BIBLIOTECA DO METRÔ<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
Os usuários do Metrô de São Paulo recebem um presente neste mês de setembro.<br />
Uma nova biblioteca, que está instalada na estação Tatuapé. O acervo conta com<br />
aproximadamente 2,5 mil livros.<br />
Esta é a segunda biblioteca do Metrô. Na estação Paraíso, onde fica a primeira, há<br />
3,9 mil títulos, 500 deles adquiridos neste mês. Ao todo, são 8,3 mil associados<br />
até agora.<br />
Uma pesquisa recentemente realizada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM),<br />
sobre práticas culturais na Grande SP, mostra que 32,2% da população com mais<br />
de 15 anos nunca foi a uma biblioteca. Este índice chega a 52,3% nas classes D e<br />
E. Nas classes A e B, o número é menor, 15,03%.<br />
Parabéns ao Metrô e seus patrocinadores. Essas bibliotecas são sementes que<br />
podem resultar em frutos e flores.<br />
O que fazer para usar: para se tornar um associado da biblioteca basta<br />
apresentar o RG, um comprovante de residência atual e uma foto 3x4. Os livros<br />
podem ser emprestados, um a cada vez, por até dez dias.
VACA PRA CARAMBA<br />
Se uma vaca surgir no caminho, nada de espanto. Para os paulistanos acostumados<br />
ao movimento incessante do dia-a-dia, a exposição Cow Parade é uma ótima<br />
Foto Divulgação<br />
oportunidade de contemplar a arte a céu aberto.<br />
Escultura patrocinada pela Kraft Foods<br />
Por Helen Pessoa<br />
Pela primeira vez na América do Sul, a<br />
Cow Parade invade as ruas da<br />
cosmopolita São Paulo. Ao todo, 150<br />
esculturas de fibra de vidro em<br />
tamanho natural estarão espalhadas<br />
pela cidade a partir de 04 de<br />
setembro.<br />
A exposição já percorreu 24 cidades,<br />
entre as quais, Londres, Nova Iorque,<br />
Bruxelas e Praga. O evento começou<br />
em 1998, em Zurique, capital da<br />
Suíça, com a finalidade de arrecadar<br />
fundos para projetos sociais.<br />
Em sete anos de existência, cerca de US$ 11 milhões de dólares foram destinados a<br />
diferentes atividades. Neste tempo, vale frisar também, que 3 mil vacas receberam<br />
pinturas de artistas consagrados e anônimos interessados em contribuir com a<br />
causa. O sucesso foi tanto, que nos Estados Unidos, 160 vacas transformaram-se<br />
em miniaturas colecionáveis, e já ocupam a quarta posição na preferência dos<br />
norte-americanos.<br />
Na edição brasileira, 573 projetos foram inscritos por 377 artistas. O Comitê de<br />
Arte, composto pelo curador Ricardo Resende, o crítico de arte Guy Amado, o
diretor do Clube de Criação, Gilberto dos Reis e o arquiteto Ronado Kapaz, da Oz<br />
Design e membro do Conselho de Ética da Associação dos Designers Gráficos<br />
(ADG), selecionou 141 projetos.<br />
Entre os confirmados estão os artistas plásticos Luiz Hermano, Rui Amaral, Guto<br />
Lacaz, Anita Kaufmann, os estilistas Lino Villa Ventura e Jum Nakao e o arquiteto<br />
Arthur de Mattos Casa. Do lado dos patrocinadores, por exemplo, a marca Milka, da<br />
Kraft Foods investiu na produção de três exemplares, assinados, respectivamente,<br />
pelo diretor de Criação da Ogilvy, Vírgilio Neves, pelo artista plástico Rui Amaral e<br />
pela decoradora Maria Andrade.<br />
Para admirar a manada basta seguir o roteiro, que inclui da Avenida Paulista aos<br />
shoppings centers e lobby de hotéis. Depois do dia 06 de novembro, as esculturas<br />
serão leiloadas em prol da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança.<br />
O JOVEM E SUA IMPORTANTE DECISÃO: O PRIMEIRO<br />
VOTO<br />
Por Gisele Godoy*<br />
Por que votar? Pra quê votar? Em quem votar? Devo ou não votar aos 16 anos?<br />
Essas e outras perguntas surgem na mente dos jovens ao tomarem esta importante<br />
decisão. Muitos, porém, pensam que votar não é fundamental, que o voto não vai<br />
fazer diferença e que não vai mudar nada no país. Engano, pois é exatamente<br />
através do ato de votar que a cidadania é plenamente exercida.<br />
O voto aos 16 anos não é obrigatório, ainda assim alguns jovens resolvem votar –<br />
e encarar as urnas antes do tempo. Já aos 18 anos o voto se torna obrigatório,<br />
entretanto, não são poucos aqueles que por não saber quem escolher, optam pela<br />
prática do voto branco ou nulo, deixando de lado a possibilidade de eleger um "bom<br />
político" que "saiba realmente governar".<br />
Neste ano de <strong>2005</strong> estamos vendo como são muitos dos nossos políticos, com essa<br />
enorme crise que pontua o país e tanto nos entristece. Corruptos que se valem do<br />
dinheiro público para se gabar do tal “mensalão” e outras práticas pouco<br />
"republicanas".
Para os jovens, resta a atenção. Se o país não mudar daqui para frente, a culpa é<br />
nossa – pois é nos novos cidadãos que reside a esperança de reescrever a história<br />
da política nacional. Ainda neste ano, um referendo popular vai decidir sobre o<br />
desarmamento. É uma prévia para as eleições de 2006, que entre outros cargos,<br />
vai escolher o próximo presidente. Olhos abertos!<br />
AVRIL VEM AI!<br />
Por Fernanda Zettler Sanches<br />
A canadense Avril Lavigne está chegando ao Brasil. A cantora realizará shows em<br />
setembro – começando por Porto Alegre, no Estádio do Gigantinho, no dia 21,<br />
Curitiba, na Pedreira Paulo Leminsky, dia 23, no Rio de Janeiro, Praça da Apoteose,<br />
dia 24 e finalmente, em São Paulo, no Estádio do Pacaembu, dia 25.<br />
É lógico que eu vou! Não poderia perder, já pensou se ela não voltar mais para o<br />
Brasil! A agitação tem hora marcada, a partir das 19h, pelo menos em São Paulo!<br />
Para afinar os conhecimentos, eis algumas curiosidades. Você sabia que a Avril já<br />
tropeçou num cabo durante show e caiu sobre o guitarrista Evan, que também foi<br />
parar no chão? E pra ficar mais engraçado, o ex-guitarrista Jesse também se<br />
desequilibrou e caiu por cima dos dois.<br />
Várias pessoas chamam a Avril de “Eivril”, mas na verdade se fala como se escreve,<br />
ou seja, Avril mesmo. Por sinal, ela odeia quando erram seu nome, isso sem falar<br />
naqueles que trocam tudo e a chamam de Angel! Até parece que aquela bagunceira<br />
é um anjinho, né?!<br />
Avril é considerada a cantora mais nova do mundo a figurar no topo das paradas<br />
britânicas, feito que mereceu estampar as páginas do Livro dos Recordes – o<br />
Guiness Book. Se você ainda não comprou o ingresso, tem que correr, afinal, além<br />
da música ser imperdível, ela merece.
REPÚBLICA DO TORTO<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Não era Getúlio. Não era Jânio, nem tampouco Jango. Lula tornou-se o retrato mais<br />
fiel de outro presidente, menos nobre, menos digno, porém inesquecível: Collor.<br />
Ainda assim, a comparação com Vargas – que além das medidas populistas, tentou<br />
se perpetuar no poder através de um golpe de Estado -, e com Jânio, que<br />
declaradamente apreciava fartas goladas de bebidas destiladas são perfeitamente<br />
lógicas. Apenas Jango, deposto pelos militares, fica longe das pretensões de Lula,<br />
já que o político era um militante das causas sociais e dos movimentos trabalhistas.<br />
Visivelmente abalado, Lula perdeu o carisma. Supostamente traído por antigos<br />
aliados – os Zés –, o Presidente refugiou-se numa agenda medíocre, cuja<br />
prioridade é vociferar baboseiras pelas planícies brasileiras, a fim de semear a<br />
miséria como arma de defesa.<br />
Antes e depois... Quem é Lula?<br />
Desta forma, vale até lembrar da mãe analfabeta, dos irmãos trabalhadores rurais<br />
e do passado – mesmo que distante – em que os ideais e as belas convicções<br />
sociais simbolizam a esperança. Para os palanques, cidades como Quixadá e<br />
Garanhuns dividem espaço com as reuniões sindicais e as inaugurações meramente<br />
ilustrativas.<br />
Lula sonha. Na verdade, vive em estado permanente de alucinação. Imagina ser<br />
protagonista de um pseudo-golpe articulado pelas elites. ELITES? Talvez Lula não<br />
tenha se feito entender – pudera, já que o Presidente usa ternos assinados por<br />
Ricardo Almeida, que chegam a custar R$ 2.800,00 [os mais em conta]. O ex-
metalúrgico hoje, se mantivesse a mesma condição, receberia um salário de<br />
aproximadamente R$ 1.570,00 ou R$ 18.840,00 por ano. Para refestelar-se nas<br />
criações de Almeida, disporia de pelo menos dois salários ou, como a maioria dos<br />
brasileiros que governa, nove salários mínimos.<br />
O discrepante sindicalista Lula vai além no que se refere às extravagâncias ditas de<br />
elite. Em 1979, depois de conhecer a boate Gallery proferiu que "todos os operários<br />
deveriam ter direito ao desfrute". Quando tomou gosto pelas roupas caras,<br />
profetizou que "todo operário deveria de andar bem vestido". Os companheiros<br />
seguiram as dicas à risca.<br />
Embora Lula tenha se aposentado por invalidez (pela falta do dedo mindinho da<br />
mão esquerda) e jamais tenha de fato pegado no batente, o luxo sempre esteve<br />
presente no seu dia-a-dia, a começar pela cobertura de 186 metros quadrados em<br />
São Bernardo do Campo, SP, onde mora com a família.<br />
Duda Mendonça, Zé Dirceu, Zé Genoíno, Gushiken e, claro, Luis Inácio, juntos<br />
destruíram o mito Lula. O torneiro mecânico que um dia defendeu a luta armada<br />
como uma via para que os oprimidos chegassem ao poder e a expropriação do<br />
grande capital é hoje um homem sem história, sem coragem, perdido nos<br />
entremeios de um personagem condenado a vaguear na alma de outro Lula,<br />
enfadonho, pobre e, como ele mesmo diz, “Paciente, paciente e paciente”. Eis que<br />
Lula é um Doente Imaginário, longe do fantástico mundo de Molierè e perto, bem<br />
perto do fisiologismo que assola o país.<br />
INCLUSÃO?!<br />
Por Devair Gonçalves e Vivian Santos<br />
Como pensar nos excluídos em uma sociedade formada por pessoas diferentes?<br />
Esse desafio é o ponto de partida que deveria motivar todos a mergulhar nesse<br />
fantástico universo chamado terceiro setor. Buscamos exercer a cidadania somando<br />
nossos conhecimentos e esforços para a construção de uma sociedade ainda<br />
melhor.<br />
Diariamente somos testemunhas de situações extremamente adversas e, sabemos<br />
que a adversidade faz parte de nosso equilíbrio. Porém o desrespeito e o abuso
contra as “minorias” merecem nossa atenção em especial. Não apenas para um<br />
segmento, mas para toda sociedade.<br />
O que Mozart aos nove anos e o Jatobá da novela das oito tem em comum? E de<br />
diferente? E o que os restringiria? A individualidade do ser é soberana e muitas<br />
vezes, funde-se com seus aspectos biológicos, sociais, psicológicos e culturais. E<br />
em ambos os casos, mereceriam destaque o termo, “inclusão”.<br />
Daí que é preciso considerar todos os obstáculos e na maioria das vezes a inaptidão<br />
e a ignorância de alguns setores que não buscam reciclagem em seus serviços para<br />
a nossa atualidade em seminários, congressos, palestras, cursos, entre outras<br />
propostas que agregariam valores diferentes e mais importantes a todos os iguais.<br />
São cores de um mesmo arco-íris que exibe a harmonia em seu contraste. A<br />
miscigenação de um povo rico em sua diversidade sociocultural alerta para os<br />
cuidados na preservação de suas particularidades, estreitando laços de equilíbrio.<br />
Pré-conceitos sufocam as potencialidades que tentam emergir numa sociedade<br />
construída com colonização, escravatura, imperialismo, guerras, revoluções,<br />
drogas, ideologias, protestos... Resta somente a reflexão: segregar ou tornar<br />
homogêneo?<br />
LATERAIS DO SÃO PAULO<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Historicamente, o São Paulo é um clube com vocação de contar com laterais-direito<br />
dignos de Seleção Brasileira. Se agora Cicinho -paulista de Padrópolis- encanta o<br />
mundo com arrancadas pelo setor, apimentadas com habilidade e chutes certeiros<br />
de média distância, no passado essa mesma camisa dois são-paulina era<br />
reconhecida nacionalmente.<br />
De Piracicaba, igualmente interior de São Paulo, saiu Nilton de Sordi, que em 1952<br />
trocou o XV de Novembro piracicabano pelo Tricolor paulista, aos 18 anos de idade.<br />
De Sordi, como era conhecido, se sobressaía na marcação, a exemplo dos laterais<br />
da época. Logo, pouco se atrevia passar da linha demarcatória do meio-de-campo.<br />
Com vigor físico invejável, ganhava a maioria dos duelos com ponteiros e ainda<br />
adicionava coberturas no miolo de zaga. Apesar da estatura mediana, explorava a<br />
boa impulsão para rebater bolas de cabeça.<br />
Quis o destino que De Sordi ficasse de fora da foto da equipe do Brasil que<br />
conquistou o primeiro título em Mundiais, em 1958, na Suécia, contra os anfitriões,
por 5 a 2. É que na fase semifinal, na goleada sobre os franceses pelo mesmo<br />
placar, sofreu contusão muscular e julgou ser imprudente entrar em campo na<br />
finalíssima sob risco de deixar sua equipe com um jogador a menos no transcorrer<br />
da partida, pois na época a Fifa não permitia substituição de atletas. Assim, na<br />
partida da festa, o lateral da foto foi Djalma Santos, e De Sordi ainda ficou com a<br />
fama de ter "amarelado".<br />
De Sordi encerrou a carreira em 1965 e posteriormente se radicou na cidade de<br />
Bandeirantes, no Paraná, e passou a cuidar de sua fazenda. O São Paulo, no<br />
entanto, mantendo a tradição de laterais-direito de destaque, contou com Forlan,<br />
Nelsinho Baptista, Zé Teodoro, Cafu e Cicinho.<br />
O uruguaio Pablo Justo Forlan Lamarque jogou no São Paulo de 1970 a 1976 e foi<br />
tido como um dos laterais mais violentos do futebol mundial. "Ele chegava<br />
arrepiando o adversário", recordam saudosistas, e isso acontecia diante de olhares<br />
complacentes da arbitragem, na maioria das vezes. Apesar dos excessos, Forlan<br />
também foi reconhecido como bom marcador e participou<br />
dos Mundiais de 1966 e 1974, pelo Uruguai.<br />
Nelsinho Baptista, atualmente como técnico do Nagoya, do Japão, foi o sucessor de<br />
Forlan e, com seu futebol "feijão com arroz", agradou no Morumbi. Na época,<br />
identificado apenas por Nelson, se pautou pela obediência tática e assimilou muito<br />
do que foi ensinado por seus comandantes, aplicando posteriormente quando<br />
ingressou na carreira de treinador.<br />
O São Paulo ratificou a tradição de laterais-direito a nível de Seleção Brasileira com<br />
a improvisação do então meio-campista Cafu no setor. Em meados da década de<br />
90, o técnico Telê Santana apostou na velocidade do jogador para saída de bola da<br />
defesa e se deu bem. Cafu ajudou o Tricolor a ganhar títulos e por duas vezes foi<br />
campeão mundial em Copas: 1994 e 2002.<br />
Essa vocação do São Paulo de consagrar laterais-direito serviu para confundir a<br />
cabeça do técnico Mário Jorge Lobo Zagallo, que levou o limitado Zé Carlos à Copa<br />
do Mundo da França, em 1998. E com Cafu fora do time na partida contra a<br />
Holanda, na etapa semifinal, Zé Carlos foi escalado e quase comprometeu. A rigor,<br />
depois daquela estranha experiência, não conseguiu sequer se firmar no time são-<br />
paulino. Exceção à parte, a história do São Paulo é rica de laterais consagrados.<br />
BANHO É BOM<br />
Por Alex Barbosa
Sabonete massageador, ultra-colorido, líquido, em pasta, glicerinado, com ervas<br />
naturais, enfim, para todos os gostos. O que falta agora é uma desculpa para não<br />
derramar-se de baixo do chuveiro. Criado pelos fenícios em 600 a.C. e aprimorado<br />
pelos árabes, este produto entrou para a lista dos indispensáveis da história do<br />
consumo.<br />
Para a economia também. Segundo estudo realizado pela Associação Brasileira da<br />
Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) o setor<br />
apresentou um crescimento médio de 8,2% nos últimos cinco anos e, seu<br />
faturamento saltou dos R$ 6,6 bilhões em 1999 para R$ 13,1 bilhões registrados no<br />
ano passado.<br />
Para a entidade dentre os fatores mais<br />
importantes da alta está o incremento de<br />
tecnologia de ponta na fabricação do produto,<br />
e a queda do preço final – de<br />
aproximadamente 24,1% –, o que aumentou a<br />
demanda e, subsequentemente, a<br />
produtividade. Além disso, os consumidores<br />
mostraram-se mais abertos às novidades apresentadas pelas indústrias, gerando<br />
constantes lançamentos.<br />
Exemplo disso é a Razzo que traz as novas linhas, Livy Hidratante, Livy<br />
Refrescância, Livy Suavidade e Livy Sensualidade. Produzidas a partir de<br />
combinações inéditas de extratos, como amêndoas com aveia e aloe-vera com<br />
alecrim a marca promete ser mais uma, na cruel batalha das gôndolas dos<br />
supermercados.<br />
O reflexo saudável neste panorama é demonstrado nos índices da Federação das<br />
Indústrias de São Paulo (Fiesp) que aponta um aumento de vagas de trabalho de<br />
140%, entre 1994 e 2004. E os números impressionam mesmo.<br />
Há no país 1.258 empresas atuando no mercado de higiene pessoal, perfumaria e<br />
cosméticos, sendo 16 de grande porte, com faturamento líquido acima dos R$ 100<br />
milhões por ano. Ainda de acordo com a Anvisa a maior concentração está em São<br />
Paulo com 604 companhias, seguido do Rio de Janeiro com 152 e Paraná com 131<br />
organizações.
Um dos nomes mais conhecidos, a Lux tem grande mérito neste avanço. Com sua<br />
comunicação voltada para a ‘mulher glamourosa’ fez história ao trazer grandes<br />
divas da música, televisão, cinema e moda para estrelarem seus comerciais em<br />
banhos super produzidos. E o formato utilizado desde a década de 30 até hoje<br />
agrada ao público. Tanto que em recente pesquisa realizada pelo Datafolha a Lux<br />
foi lembrada por 47% dos entrevistados. A Unilever, fabricante do Dove inova com<br />
mensagem inversa. A das mulheres reais, com modelos mais exuberantes. O<br />
resultado a gente saberá depois. Enquanto isso vale seguir a música daquele<br />
ratinho do programa Rá Tim Bum. Banho é bom!<br />
LOBO EM PELE DE CORDEIRO<br />
Da Redação<br />
No amplo mercado fonográfico brasileiro há<br />
gêneros que ainda mantêm-se escondidos.<br />
Se ouvir música é um hábito, encontra-se aí<br />
uma das primeiras resistências ao compêndio<br />
erudito. Ou alguém se lembra de ter percebido<br />
no carro ao lado, o condutor dirigindo ao som<br />
de Johann Sebastian Bach? E cantar no<br />
chuveiro? Se é que isso de fato aconteceu um<br />
dia seria verossímil imaginar o indivíduo,<br />
entoando notas de árias e óperas?<br />
Talvez sim. Sobretudo, se a pessoa em<br />
questão for Edson Cordeiro. Dono de um estilo<br />
bárbaro, este paulista de 37 anos, natural de<br />
Santo André ultrapassou as barreiras das<br />
modestas - mas dignas - condições para invadir o mundo com interpretações<br />
viscerais, frágeis e sedutoras. É o que se costuma chamar, no bom sentido, lobo<br />
em pele de Cordeiro.<br />
Depois do começo aos seis anos no coro Cordeirinhos do Senhor, empreendeu-<br />
se pelo teatro até chegar as românticas apresentações nos calçadões, do centro de
São Paulo. Nos palcos participou da primeira montagem de Hair na cidade e da<br />
ópera-rock Amapola. Integrou ainda o elenco da peça O Doente Imaginário, de<br />
Moliére com o grupo Ornitorrinco, de Cacá Rosset, chegando a excursionar nos<br />
Estados Unidos, na Europa, no México e na América Central. Com o primeiro show,<br />
em 1990 veio a consagração.<br />
E da ausência em dominicais 'chocholentos', nos programetes de auditório e em<br />
emburrecedores talk shows pôde manter sua arte soberana. A carreira conta seis<br />
CD´s com tiragem média de 100 mil cópias vendidas por trabalho. Outro mérito do<br />
artista foi permanecer na mesma gravadora - a Sony Music - por tanto tempo.<br />
Da celebração à black music o intérprete parte agora para suas maiores influências:<br />
as árias de Mozart e Händel que também permeiam esta preciosa coletânea.<br />
Segundo ele, uma homenagem ao contratenor, o seu timbre de voz. E neste<br />
segmento em que tudo soa como novidade aos ouvidos de um público não-<br />
estimulado, tenor, barítono, soprano aparecem como termos incompreensíveis.<br />
Antes que mais dúvidas e novas relutâncias surjam a melhor explicação e a mais<br />
agradável, está no próprio Edson.<br />
Com direção artística de Tom Viana e produção musical de José Ananias Souza<br />
Lopes, "Contratenor" garante a oportunidade de apreciação de um trabalho<br />
carismático e estilístico. Com obras de Vivaldi, Willibald von Gluck e Johann Hasse<br />
este jovem virtuose reafirma o que a crítica tem dito a seu respeito. "O que ele faz<br />
com a sua voz quebra as barreiras do lógico". Amém.<br />
EU VI NA TV<br />
Por Adriana Brito<br />
Dizem que o brasileiro não lê. Nada. Nem uma página sequer. Mas assiste às<br />
novelas. E com assiduidade ferrenha. Daí alguns teorizam, que a compreensão da<br />
grande maioria da população prendeu-se em tal formato. Seria como dizer que o<br />
brasileiro entende os acontecimentos apenas por capítulos. Os aproximadamente<br />
170 milhões de teledramaturgos. Vire os olhos e comprove a tese. Veja o escândalo<br />
Lula. Ou melhor, assista ao folhetim PECADO CAPITAL e cante em coro, ‘dinheiro na<br />
mão é vendaval’...
Integrantes das comissões que investigam o caso, deputados e senadores fizeram<br />
sua melhor descoberta. Que o povão não liga para o marketing de Duda Mendonça.<br />
Gostam mesmo é dos romances de Duda Mendonça. O melhor indicado à Academia<br />
Brasileira de Letras. Calçado em pesquisas pagas o publicitário provavelmente<br />
constatou a adoração de eleitores com esta linguagem. Jornal, que nada. Out-door,<br />
pra que? Novela é folclore, é costume e, mais ainda, é indicador de realidade.<br />
E a descoberta dos parlamentares? É essa. Melhor do que arrastar-se pelo plenário<br />
em votações redundantes ou simplesmente trabalhar é muito mais proveitoso<br />
integrar o elenco de uma das Comissões Parlamentares de Inquérito no ar. Agora<br />
que a política encontrou sua mídia perfeita, basta que seu agente o coloque num<br />
dos papéis de destaque da trama, como relator ou presidente, ou que ele extraia<br />
como todo bom ator, o melhor de seu papel.<br />
Lembre-se de como tudo começou. Bastou um bom roteirista como Roberto<br />
Jefferson, hábil na estratégia do suspense, para a audiência de emissoras<br />
segmentadas levantarem de vez. Ele dizia. Aguarde... Eu sei muito mais... Quando<br />
chegar à hora... Bob também carrega o mérito de temperar um enredo chocho<br />
apontando o arqui-vilão José Dirrrrrceu e o mocinho, o Luis Inácio, que até agora<br />
não convenceu como Lula.<br />
Sua estrutura também é invejável. Do porte da empresa de ponta deste segmento.<br />
Dividida em núcleos, a história se passa por inúmeros estados brasileiros, até<br />
chegar a terras portuguesas. Especialistas afirmam que nunca uma obra cooptou<br />
tanto dinheiro em sua produção.<br />
Mas há de se ver também os erros. Como amadores na indústria do entretenimento<br />
as duas emissoras, TV Câmara dos Deputados e Rede Senado ignoraram a lei de<br />
mercado que diz – a superexposição cansa – e lançaram mais um sem número de<br />
histórias. Conclusão: vieram os atores de segunda linha, os argumentos já não<br />
eram tão bons e o cenário era horrível. E o que ninguém esperava aconteceu. Até a<br />
trama que estava absoluta no Ibope esfriou.<br />
O que se vê agora são aqueles atores principais como ACM Neto, Eduardo Paes e<br />
Delcídio Amaral agindo como ex-celebridades em que vale qualquer coisa. Até<br />
eleição de popularidade num site gay. Ao público, acostumado ao vai e vem das<br />
histórias resta o lógico. Zapear. Com pizza, é claro.
ANTES TARDE DO QUE NUNCA<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
A exploração de baleias no Brasil começou bem cedo. Em 1602, o rei da Espanha e<br />
Portugal, Felipe III, autorizou o início da matança desses mamíferos no País, na<br />
região do recôncavo baiano. Depois, os crimes foram descendo para as regiões<br />
Sudeste e Sul, com a construção das armações – verdadeiras estações de caça.<br />
Mas àquela época, o crime não era crime.<br />
A pesca excessiva colocou em risco de extinção muitas espécies e quase levou<br />
algumas delas ao desaparecimento. Porém, uma iniciativa de proteção tinha de<br />
surgir. Foi apenas em 1987 que o governo brasileiro proibiu a matança de qualquer<br />
espécie de cetáceo (baleia, boto ou golfinho) em águas brasileiras. Antes tarde do<br />
que nunca.<br />
Quando a pesca era liberada, as baleias das espécies franca e jubarte foram as<br />
mais afetadas, principalmente no período colonial, no qual os exploradores<br />
buscavam, sobretudo, extrair o óleo se sua camada de gordura para fins de<br />
iluminação pública. Por muito tempo, esse foi o recurso usado para iluminar cidades<br />
européias e brasileiras, além de servir como ingrediente na preparação de<br />
argamassa, utilizada na construção de fortalezas e igrejas.<br />
Um exemplo foi a Armação das Baleias, no Guarujá. A estação teve um papel<br />
fundamental na econômica no século 17. Sua construção data aproximadamente de<br />
1700. Durante quase um século, esse local foi responsável pelo fornecimento de<br />
óleo, que iluminou toda a Baixada Santista e São Paulo. A armação foi extinta em<br />
1830.<br />
No século 20, entretanto, o massacre se intensificou. Devido ao surgimento de<br />
novas tecnologias, como as embarcações movidas a vapor e o canhão-arpão, as<br />
baleias começaram a ser capturadas e mortas com mais facilidade, nos mais<br />
distantes lugares.<br />
Atualmente, existem diversas associações e ONGs que atuam em prol da<br />
preservação e proteção das baleias, nacionais e internacionais. Caso você presencie<br />
ou saiba de algum crime contra as baleias, denuncie. Um dos caminhos é ligar para<br />
a linha verde do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos<br />
Naturais Renováveis). O número é 0800-61-8080 e a ligação é gratuita de qualquer<br />
ponto do País.
Para anotar - Mesmo com ingressos esgotados para o Tim Festival – Edição<br />
Especial São Paulo em 23 de outubro a banda The Strokes realizará uma<br />
apresentação extra no dia 22, às 19h. O local do evento será o Skol Arena do<br />
Anhembi, na Avenida Olavo Fontoura, 1209 – Sant´Anna. Os ingressos variam<br />
entre R$ 100,00 e R$ 250,00. Locais para a compra e outras informações podem<br />
ser obtidas através do site www.timfestival.com.br ou pelo telefone 0800-741414.<br />
Mudando de gênero – Acontece amanhã a finalíssima da escolha do samba-<br />
enredo do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Gaviões da Fiel. Partindo do tema<br />
indicado pelo carnavalesco Marcos Jorge Freitas, “Nas Asas da Fascinação” os<br />
compositores prometem estremecer a avenida no carnaval do ano que vem. O ba-<br />
ti-cum começa às 22h e o endereço da agremiação é Rua Cristina Tomaz, 183, no<br />
Bom Retiro. Outras informações poderão ser adquiridas pelo telefone (0xx11) 221-<br />
2066 ou no endereço eletrônico www.gavioes.com.br.<br />
Viajei e voei... – O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo oferece curso<br />
para quem quiser aprender a história da cartografia. Comandadas pelo Dr. Jorge<br />
Pimentel Cintra as aulas acontecem todas as sextas-feiras, das 9h às 12h, entre 23<br />
de setembro e 11 de novembro. Os interessados devem fazer suas inscrições na<br />
secretaria do IHGSP, localizado na Rua Benjamin Constant, 158. O valor da<br />
atividade varia de R$ 60 a R$ 120. Informações pelo telefone (0xx11) 3242-8064.
Nhammm – A Editora Zero lança Receitas para Vegetarianos, de Margarida<br />
Valenzi. Com dicas de utilização e preparo de verduras, grãos, legumes, frutas e<br />
derivados, o livro serve também de suporte para quem quer incluir no cardápio<br />
refeições mais leves. O material contém ainda informações interessantes como o<br />
tempo de preparo, grau de dificuldade da receita, rendimento e valor nutricional<br />
dos alimentos. Preço indicado pela editora: R$ 25,00.<br />
Essa ninguém esperava – Para inaugurar o Centro Judaico Bait será colocado nas<br />
ruas o primeiro trio elétrico judeu. Com direito a abadá, os foliões poderão<br />
conhecer um pouco mais sobre a cultura judaica. O trio percorrerá a Rua<br />
Higienópolis e imediações até o encontro na Rua Doutor Basílio Machado esquina<br />
com a Alameda Barros. Mais informações através do endereço www.bait.org.br.<br />
ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS?<br />
Por Helen Pessoa<br />
Num mundo notoriamente gay, Jesus Cristo, Santo Agostinho, Zumbi dos Palmares,<br />
Alexandre, o Grande e até Hitller – quem diria – são constantemente arrastados<br />
pelos seguidores da bandeira colorida.<br />
Nada contra lantejoulas e purpurina, pelo contrário, sou mesmo é adepta de que<br />
toda forma de amor vale a pena. Mas a tal orientação homossexual, em algum<br />
momento, perdeu-se na banalização. E é aí que reside o perigo.<br />
A começar pela palavra ‘orientação’ em substituição de ‘opção’. Pode parecer<br />
simplista, entretanto, se a luta pela união civil entre casais do mesmo sexo e, em<br />
conseqüência, a adoção de crianças já é uma realidade, o termo “orientação” ganha<br />
uma conotação tanto questionável.<br />
Como pais gays e mães lésbicas podem orientar a sexualidade de seus filhos? Oras,<br />
se a orientação dos progenitores postiços é homossexual, na educação restam duas<br />
alternativas: negar a sexualidade em detrimento da escolha feita por eles, ou<br />
condicioná-los a um levante futuro de cunho homofóbico.<br />
E a orientação remete a valores, ou seja, orientação moral, orientação educacional<br />
e agora, orientação sexual. Já imagino as carolas arrepiadas se benzendo diante de
pares gays sentados na primeira fila, emocionados, assistindo a comunhão dos<br />
rebentos. O correto, até para evitar discussões hipócritas, é aceitar a ‘opção’.<br />
De volta a banalização, anteriormente, falei sobre o perrengue da edição deste ano<br />
da Parada GLBT de São Paulo. O que se viu foi um carnaval bem ao estilo de<br />
Dionísio e Baco. A beleza pueril desapareceu em meio aos milhares de militantes<br />
recém-saídos dos armários, loucos pela esfregação carnal.<br />
Que vivemos numa sociedade pedante, não há dúvidas. Na história da humanidade,<br />
sobram exemplos de relacionamento homossexual. Na verdade, o que soa estranho<br />
neste contexto é o amor entre homens e mulheres. Relendo as entrelinhas da<br />
biografia de personalidades antológicas, dá para perceber que a mulher – sempre<br />
em segundo, às vezes em terceiro lugar – só servia mesmo para procriar.<br />
Uma obra belíssima, "Tríbades Galantes, Fanchonos Militantes" [Editora GLS/<br />
Summus, 2000], escrita por Amílcar Torrão Filho, desmistifica intimidades - de<br />
imperadores sanguinários e desbravadores conquistadores a artistas, filósofos,<br />
legisladores e cientistas gregos.<br />
Nero, o piromaníaco de Roma, teve dois maridos. Esporo foi castrado e vestido de<br />
noiva no dia do casamento. O segundo, Pitágoras, tratava Nero como se fosse uma<br />
mulher e gostava de vê-lo aos gritos, feito uma donzela. Safo, uma das belas de<br />
Platão, moradora da Ilha de Lesbos, costumava entregar-se a derradeiras paixões<br />
nos braços de suas alunas.<br />
Irônico concluir que, em pleno século XXI, corremos atrás da mentalidade aberta,<br />
despida de preconceitos de época anterior a Cristo. Em 1750 a.C., as leis<br />
babilônicas, reunidas no Código Hamurabi, destacavam privilégios concedidos à<br />
prostituição – masculina - sagrada praticada em cultos por sacerdotes e fiéis, pelo<br />
menos uma vez por ano.<br />
É primordial, então, que a sexualidade seja tratada com naturalidade e não como<br />
fator de diferença, capaz de catalogar pessoas com predicados nada cordiais.<br />
Transformar o planeta num covil cor-de-rosa é tão chocante como vê-lo enrustido,<br />
cruel e pecaminoso. Portanto, a luta deve ser engajada por heterossexuais e<br />
homossexuais, e a bandeira, em vez de cores, deveria trazer estampada os<br />
seguintes dizeres “A Tolerância nos faz livres”.
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO?<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Durante duas semanas o colunista da Revista Veja Diogo Mainardi, teceu teorias<br />
sobre o berço da corrupção no país. Chegou a explanar que o pagador do mensalão<br />
era o banqueiro Daniel Dantas, que subordinado ao governo petista, distribuía<br />
dinheiro aos parlamentares.<br />
Mainardi merece total credibilidade e respeito, já que além do profissionalismo, é<br />
um dos poucos críticos da atual gestão. Porém, como toda teoria precisa ser<br />
aprimorada, eis que ouso lançar uma nova versão.<br />
O Partido dos Trabalhadores chegou ao poder depois de três derrotas consecutivas<br />
e muita reformulação, tanto ideológica como estética. Lula foi reinventado com a<br />
ajuda do publicitário Duda Mendonça.<br />
Para garantir cifras no caixa, as cidades controladas pelo PT colocaram em prática a<br />
arrecadação de caixa dois. Para ilustrar, só no estado paulista, 30 municípios, entre<br />
São Paulo, Ribeirão Preto, Campinas e Santo André, tiveram prefeitos petistas. Dá<br />
para imaginar o tamanho do bolo.<br />
Meses antes do pleito de 2002, os homicídios de Toninho do PT [prefeito de<br />
Campinas] e de Celso Daniel [prefeito de Santo André] levantaram suspeita de<br />
irregularidades na administração das cidades e a tese de crimes políticos. Tese,<br />
esta, defendida pelos familiares dos assassinados.<br />
O alarme soou depois que o irmão de Celso Daniel, João Francisco, apontou José<br />
Dirceu como chefe de uma “quadrilha”, encarregado de recolher o dinheiro<br />
conseguido através de achaques a empresários, fraudes em licitações e desvios de<br />
verbas públicas. Para conter os ânimos, a solução foi enviar o advogado militante<br />
Luis Eduardo Greenhalgh, mas somente para coletar informações e abafar novas<br />
acusações.<br />
Com Lula na presidência, José Dirceu assumiu a coordenação política e iniciou o tal<br />
plano de poder. O primeiro passo foi inflar a base aliada, acenando com a<br />
distribuição de cargos e de dinheiro para emendas. De olho no dizimo, as principais<br />
estatais receberam petistas notórios. Vamos aos fatos:
Inimigo íntimo – A base aliada (PL, PP, PTB, PMDB) foi aliciada para votar com o<br />
governo em troca da liberação de emendas, nomeação de cargos públicos e com o<br />
pagamento do mensalão.<br />
Teoria – Desta forma, o PT não macularia seus parlamentares caso o esquema se<br />
tornasse público.<br />
Bolas marcadas - Waldomiro Diniz, assessor de José Dirceu, intermediava<br />
negociações entre os deputados e o Governo Federal. Desgastado, Waldomiro foi<br />
“emprestado” ao governo fluminense, precisamente num cargo na Loterj.<br />
Teoria – De olho na dinheirama que corria pelo jogo, o Governo plantou um<br />
funcionário de confiança para coletar dados.<br />
Bingo - O nome de Waldomiro retornou aos noticiários depois da gravação que o<br />
empresário do jogo, Carlinhos Cachoeira, aparece sendo extorquido por ele.<br />
Teoria – O PT não contava com isto. O jeito foi isolar Waldomiro e blindar o alto-<br />
comando, através de entrevista coletiva do então Ministro Chefe da Casa Civil, José<br />
Dirceu.<br />
Congresso em Chamas – na eleição para a composição da mesa da Câmara dos<br />
deputados, o PT não consegue se entender. Da escolha do candidato a formação<br />
das alianças o desastre culminou na ascensão do baixo clero representado pelo<br />
pernambucano Severino Cavalcanti, do PP.<br />
Teoria – O racha petista aconteceu na escolha de Luis Eduardo Greenhalgh para o<br />
cargo. O fato é que nem os militantes da legenda o suportam. Mas como o<br />
advogado havia atuado com presteza nos casos de Campinas e Santo André, a<br />
cúpula, a fim de compensá-lo, apoiou seu nome. Lula não vetou a participação de<br />
Virgilio Guimarães na disputa, até porque foi o deputado que apresentou o<br />
‘salvador’ Marcos Valério ao partido. Com a suspensão do pagamento do mensalão<br />
desde que Roberto Jefferson levou ao conhecimento de Lula, os parlamentares<br />
agraciados viram no ‘voto de protesto’ uma forma de mandar o recado para o<br />
Planalto.<br />
Carta bomba – Os Correios sofrem com denúncias de corrupção. Num vídeo – até<br />
agora não explicado – um funcionário de carreira recebe propina de R$ 3 mil e cita<br />
o nome do deputado e presidente do PTB Roberto Jefferson como o responsável do<br />
esquema de arrecadação ilegal na empresa.<br />
Teoria – Na cartilha petista reza a lenda que a palavra privatização é proibida.<br />
Como, então, fazer o militante engolir uma provável partilha dos Correios? A idéia,
embora tosca, pode ter sido desmoralizar a empresa e acenar com a eminente<br />
solução: passar para as mãos dos fundos de pensão e do Banco Espírito Santo, de<br />
Portugal, parte do controle acionário. O Banco português já havia se reunido com<br />
José Dirceu, Lula [por duas vezes], José Alencar, Delúbio Soares, Marcos Valério e<br />
Emerson Palmieri e mostrava interesse em investir no país. Para o PT, tais dizeres<br />
significavam mais dinheiro em caixa. Quanto ao aparecimento do nome de<br />
Jefferson, a ABIN, apontada como a autora dos vídeos, a mando do gabinete de<br />
segurança institucional, gravou três versões e enviou para a imprensa a menos<br />
comprometedora.<br />
Que rei sou eu? – Roberto Jefferson negou as acusações e arrolou lobistas e<br />
inimigos políticos no processo. A revista Veja circulou com outra versão sobre os<br />
fatos, colocando a bomba no colo do deputado. Durante a semana, os petistas<br />
isolaram Jefferson e tentaram esquivar-se da culpa.<br />
Teoria – Abandonado e se sentido traído, Roberto Jefferson resolveu não deixar a<br />
vida pública por conta de ‘míseros’ 3 mil reais. Depois do repúdio explícito da<br />
cúpula petista, o deputado convocou a jornalista Renata Lo Prete, da Folha de S.<br />
Paulo, e explodiu informações ‘não-republicanas’. Considerou seu mandato perdido<br />
e mirou os chefões do PT, PL e PP.<br />
Malas de dinheiro – Com doses homeopáticas, supriu dia após dia os noticiários<br />
do país. Numa das acusações, veio à tona o mensalão, espécie de mesada<br />
distribuída para os deputados da base aliada em troca de apoio ao Governo.<br />
Jefferson afirmou que boa parte dos Ministros, deputados e até o Presidente Lula<br />
foram avisados.<br />
Teoria – A idéia era desviar o foco e levar para o centro do furacão os poderosos<br />
dos partidos citados. Do PT, arrastou Dirceu e Genoíno. Do PL, Valdemar Costa<br />
Neto, Bispo Rodrigues e Sandro Mabel. Do PP, Pedro Henry, Pedro Corrêa e José<br />
Janene. Durante um tempo, a estratégia deu resultado. O Governo articulou nos<br />
bastidores para enterrar a CPI. Zé Dirceu chegou a visitar Jefferson e pedir que ele<br />
e a bancada do PTB retirassem a assinatura do documento, garantindo salvá-lo da<br />
tormenta. Para os enxadristas do governo, restou o gostinho de conviver com três<br />
comissões simultâneas. Até a CPI dos bingos, ressuscitou.<br />
Ética – Valdemar Costa Neto, numa manobra kamikaze, entrou com representação<br />
no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar contra Roberto Jefferson.<br />
Na primeira audiência, acusado e acusador ficaram frente a frente. O petebista<br />
reafirmou o discurso.
Teoria – O Governo perdeu de vez o controle da situação. Roberto Jefferson não<br />
renunciou, disparou mais munição contra os partidos da base aliada, trouxe da<br />
penumbra corruptores, apresentou provas de arrepiar os mais românticos petistas<br />
e, numa tacada só, pode ser o responsável pela cassação de pelo menos 15<br />
deputados, entre os quais, os antes intocáveis, José Dirceu, Janene e Pedro Henry.<br />
Na lista dos encurralados, três já renunciaram [Valdemar Costa Neto, Bispo<br />
Rodrigues e Vadão Gomes].<br />
Bandejão – A uma semana da sessão para a cassar Roberto Jefferson, o<br />
presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, figurou como receptor de propina<br />
mensal recolhida pelo concessionário da rede de restaurantes da Casa. O valor fixo<br />
de R$ 10 mil rendeu o apelido de ‘mensalinho’.<br />
Teoria – Severino era considerado aliado de Roberto Jefferson. Por conta da<br />
pressão da opinião pública, o líder do Congresso que havia declarado amenizar a<br />
punição, voltou atrás e desagradou o deputado. O empresário Sebastião Buani,<br />
dono do restaurante Fiorella e responsável pelo pagamento de mesada a Severino,<br />
é filiado ao PTB, partido de Jefferson. Na data da cassação, Buani convocou a<br />
imprensa e apresentou, literalmente, o cheque-mate ao pepebista. A cópia do<br />
cheque de R$ 7,5 mil endossado pela secretária do parlamentar é a prova que<br />
faltava. Ditado popular, “escreveu, não leu, o pau comeu”.<br />
SANTOS INQUISIDORES<br />
Começou o julgamento dos parlamentares acusados de receber propina. A<br />
temporada de caça as bruxas promete alçar às fogueiras alguns magos notórios.<br />
Roberto Jefferson foi o primeiro a ser entregue as mãos dos inquisidores.<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Há mais de uma década o país incorreu no risco de eleger um aventureiro ao cargo<br />
máximo do executivo. Collor não era mágico, nem tampouco queria sê-lo. Gostava<br />
dos flashes, das frases de efeito, do status de ser presidente. Porém, detestava a<br />
feiúra e a pobreza.<br />
O Brasil tem valores as avessas. Foi achacado desde o descobrimento. Entregava<br />
espelhos aos narcisos da terra e levava o reluzente ouro como escambo. Pero Vaz
de Caminha praticou o que seria o primeiro ato de favorecimento, solicitando a<br />
corte um emprego para um parente.<br />
Entretanto, basta mexer no bolso da classe média para que o acomodado povo<br />
tupiniquim levante-se da poltrona. Poucos sabem, mas Fernando Henrique Cardoso<br />
foi consultor da equipe econômica comandada pela então ministra Zélia Cardoso de<br />
Mello. Pode ser, portanto, considerado o padrasto do confisco.<br />
O cenário daquela época também era propício para as manifestações. A maior rede<br />
de televisão do país exibia uma minissérie sobre a ditadura militar, insuflando a<br />
população a lutar contra o governo.<br />
Foi o bastante para que adolescentes pintassem as caras e empunhassem a<br />
bandeira e a estrela vermelha como símbolos da mudança. Mas até meados de<br />
agosto de 1992 – mesmo depois das denúncias apresentadas pelo irmão do então<br />
presidente – nenhum parlamentar ousava falar em cassação.<br />
Collor foi julgado num tribunal inquisidor, por crime de prevaricação [sabia e nada<br />
fez para impedir o esquema de corrupção comandado por PC Farias]. Com a ampla<br />
divulgação da mídia, os congressistas ficaram amedrontados. O voto aberto os<br />
obrigou a cumprir com os anseios da população. Se a história fosse outra, bem<br />
provável que Fernandinho ainda estivesse sorridente andando por aí.<br />
Mas quem são os mascarados, que ateiam fogo aos próprios pares? Na Era<br />
Collorida, os algozes tropeçaram num outro esquema, o dos ‘anões do orçamento’.<br />
Parte dos integrantes da quadrilha de nobres deputados que julgou e condenou<br />
Collor havia se beneficiado do dinheiro público.<br />
A história se repete. Longe de defender Roberto Jefferson, a avaliação conduzida<br />
pela imprensa é perigosa. O deputado petebista foi levado ao Conselho de Ética por<br />
uma representação feita por Valdemar Costa Neto, que rapidamente renunciou. A<br />
denúncia sobre o mensalão está mais que comprovada, tanto que os partidos<br />
envolvidos tiveram que se reestruturar.<br />
O Brasil costuma reprisar seus piores momentos, acreditando que deles, mudará a<br />
história. E agora, Severino Cavalcanti, pronto para vestir o manto do pode-tudo,<br />
perdeu a vez num ato de pequenez, ao sucumbir às mazelas do dinheiro fácil. Culpa<br />
do povo, que ignorante continua a eleger Severinos, Dirceus, Robertos, Ronivons e<br />
Valdemares, numa constante tentativa de se manter longe da responsabilidade.
Na anedota nacional, a única coisa que se altera são os signos, caso da cor<br />
vermelha, cuja associação simbolizava a ética, hoje trocada por sinônimos que vão<br />
da vergonha ao maquiavelismo. E se são santos os tais deputados, o pau oco é o<br />
melhor pedestal para sustentá-los.<br />
BEM AMOROSO O SÃO PAULO VAI SUBINDO<br />
Por Hugo Dourado<br />
O time do Morumbi acordou e já parece jogar o futebol daquela equipe que ganhou<br />
tudo no primeiro semestre do ano. Resta saber se ainda há tempo para a<br />
recuperação plena, quero dizer, disputar o título do Campeonato Brasileiro. Não<br />
acredito nisso e acho que nem a própria torcida são-paulina. Mas três fatores<br />
poderão ser decisivos para o São Paulo surpreender a todos, e até brigar pela<br />
conquista do campeonato.<br />
Primeiro é que este ano não existe pressão da torcida no Brasileirão. O torcedor<br />
está de olho é no Mundial de Clubes, no fim do ano, no Japão. Isso deixa o time<br />
leve, jogando solto. Tanto é verdade que mesmo no pior momento do<br />
campeonato, quando ficou quase 10 jogos sem vencer, a equipe mantinha o<br />
mesmo futebol e a mesma postura, sem desespero. E o que é um milagre no<br />
Brasil, não demitiu o técnico.<br />
O segundo ponto é o entrosamento. O São Paulo é o time mais entrosado do Brasil<br />
e, aliado a isso, não existe guerra de vaidades. Todos sabem da sua importância e<br />
um complementa o outro. Alguns exemplos são Cicinho, que mesmo vendido para<br />
o Real Madrid continua atuando com a mesma postura. E Rogério Ceni, que se<br />
rendeu ao carisma e eficiência de Amoroso e pensa mais no coletivo hoje. Para<br />
completar ninguém importante deixou a equipe no segundo turno, como aconteceu<br />
com o Cruzeiro e Santos. Já o terceiro ponto de desequilíbrio foi um achado da<br />
diretoria aos 45 minutos do segundo tempo, com o juiz levando o apito à boca. O<br />
atacante Amoroso.<br />
De refugo europeu para destaque da equipe, foram apenas três meses. Ninguém<br />
apostaria uma garrafa de cerveja vazia no atacante, mas ele provou que pode ser<br />
o mesmo Amoroso dos tempos de Guarani. Foi decisivo na conquista da<br />
Libertadores e é o principal jogador do time no Campeonato Brasileiro.<br />
Seguramente está entre os três melhores jogadores do campeonato.
Então mesmo bem distante dos líderes ainda existe um fio de esperança para a<br />
torcida são-paulina na conquista. E amanhã contra o Cruzeiro, no Mineirão, é mais<br />
uma oportunidade para equipe confirmar o reencontro com a boa fase. Mas<br />
ressalto que, pra mim, será a maior surpresa do ano o time conseguir disputa o<br />
título.<br />
O SER CHAMADO "INTERNET"<br />
Por Gisele Godoy<br />
Por conta do avanço tecnológico, os jovens aperfeiçoaram as maneiras de se<br />
comunicar e fizeram da internet seu mais precioso utensílio. Trata-se de uma<br />
invenção relativamente nova - com pouco mais duas décadas de existência - em<br />
que é possível transpor o mundo real.<br />
O poeta português Fernando Pessoa dizia que "navegar era preciso, viver não". A<br />
releitura da frase clássica cabe no contexto virtual da internet, já que o termo<br />
navegação deixou de ser literal, para escancarar desconhecidos horizontes, sem<br />
fronteiras culturais ou religiosas. A vida ganhou ares de pós-modernindade.<br />
Com tanta tecnologia disponível, o computador ganhou olhos, ouvidos e boca.<br />
Através da tela, antes estática, o equipamento conectado a uma linha telefônica e<br />
uma placa de rede, ou apenas a um moden potente, permite viajar distâncias<br />
absurdas em questão de segundos, além de possibilitar a realização de<br />
teleconferências com pessoas conectadas em qualquer local do planeta com<br />
recursos de áudio e vídeo. Pela internet também pode-se fazer de pesquisas à troca<br />
de correspondência, mas, claro, tudo sem sair de casa.<br />
Com a popularização dos computadores domésticos, o lado bom, como sempre,<br />
vem acompanhado do mau. Apesar de toda a comodidade que a Era tecnológica<br />
proporciona, a internet ainda não é um oásis de segurança. A privacidade, por<br />
exemplo, muitas vezes encobre a ação de criminosos. Não são raros os casos de<br />
quadrilhas internacionais de pedofilia, corporações de hackers que atuam em<br />
diversos continentes e até de seqüestradores que escolhem suas vítimas através da<br />
rede, serem desmascaradas.<br />
Porém, entre as qualidades, dá para fazer de amigos virtuais a blogs [diários]. E<br />
como na 'net' democracia é essencial, não importa a idade, a crença e o sexo, as<br />
salas de bate-papo e os programas de conversa privados, como o MSN e YAHOO<br />
Groups são achados indispensáveis. O telefone, pelo jeito, ficou velho e,<br />
finalmente, o futuro é agora.
SEIS ANOS SEM ORLANDO LELÉ<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Entre outras coisas, setembro também marca a morte de Orlando Pereira, que no<br />
mundo da bola ficou conhecido inicialmente como Orlando Lelé, nos tempos de<br />
lateral-direito, e Orlando Amarelo, como treinador.<br />
Orlando Lelé morreu no dia 4 de setembro de 1999, vítima de embolia pulmonar. A<br />
rigor, pode-se dizer que foi duramente castigado nos últimos meses de vida.<br />
Imaginem alguém agitado como Orlando perder os movimentos do corpo do<br />
pescoço para baixo? Ele ficou tetraplégico após uma queda doméstica. Estava no<br />
banho quando sentiu tontura e, ao cair, bateu a cabeça no chão.<br />
Orlando era natural de Santos, onde iniciou a carreira no futebol. No Peixe, em<br />
1972, jogou num time que tinha, entre outros, Pelé, Clodoaldo, Oberdan e o goleiro<br />
argentino Cejas. Um ano depois jogou num timaço montado pelo treinador Élbua de<br />
Pádua Lima, o Tim (já falecido), no Coritiba. O goleiro era o crioulo Jairo. Oberdan<br />
se destacava na quarta-zaga. O meio-de-campo contava com o capitão Hidalgo e<br />
Negreiro (ex-Santos), coadjuvados pelo aplicado ponteiro-esquerdo Aladim, que<br />
ajudava na marcação. O ataque vivia dos gols da dupla Leocádio e Tião Abatiá,<br />
principalmente em jogos disputados no Estádio Belfort Duarte, que posteriormente<br />
passou a ser chamado de Couto Pereira. Que belo time tinha o Coritiba!<br />
Na época, Orlando levava a campo a costumeira raça e ganhava a maioria dos<br />
duelos com ponteiros. Como não era jogador técnico, simplificava no passe e<br />
treinava exaustivamente os cruzamentos. Assim, quando se transferiu para o<br />
Vasco, o goleador Roberto Dinamite pode "degustar" as bolas "açucaradas" vindas<br />
do lado direito do campo para fazer muitos gols.<br />
Foi no Vasco a melhor fase da carreira de Orlando Lelé, resultando na convocação à<br />
Seleção Brasileira. Em 1975, num jogo contra o Uruguai, participou de uma<br />
pancadaria e aplicou uma gravata no pescoço de um adversário. Orlando era<br />
explosivo e encrenqueiro, mas amigo leal dos<br />
companheiros. Em 1977 também participou do chamado "esquadrão" vascaíno, que<br />
sofreu apenas uma derrota no Campeonato Carioca, em 25 jogos. A defesa<br />
justificou o batismo de "barreira do inferno" porque impediu que o time sofresse<br />
um gol sequer em 18 partidas. Eis a equipe da época, treinada por Orlando Fantoni
(já falecido): Mazaroppi; Orlando Lelé, Abel, Geraldo e Marco Antonio; Zé Mário,<br />
Zanata e Dirceu; Wilsinho, Roberto Dinamite e Ramom.<br />
Orlando teve passagem sem brilho pelo futebol italiano, na Udinese, e<br />
posteriormente despediu-se do futebol de forma discreta. Voltou ao noticiário como<br />
treinador campeão goiano pelo Goiatuba em 1992, ocasião em que levou o time ao<br />
título com uma rodada de antecedência ao ganhar as seis partidas disputadas na<br />
fase final.<br />
Também havia aberto mercado no Distrito Federal, após bem sucedida passagem<br />
pelo Gama. Assim, tentava furar o forte bloqueio para ingressar no seleto grupo de<br />
treinadores, mas uma queda durante um banho alterou radicalmente a sua vida.<br />
Restou de Orlando a lição de quem vivia intensamente o futebol, de quem era<br />
persistente e procurava diuturnamente se aprimorar.<br />
O AMOR É LINDO<br />
Por Alex Barbosa<br />
Ler é um bom negócio? Na pesquisa realizada pela Câmara Brasileira do Livro para<br />
este ano, os índices são animadores. Sem um indicador oficial fechado para <strong>2005</strong>,<br />
calcula-se que, dos 40.300 títulos já existentes em catálogo, além das 16.060<br />
obras lançadas, 178 milhões de exemplares serão vendidos.<br />
E mesmo com as 3.000 editoras e 15 mil gráficas existentes no país um dos<br />
maiores sucessos entre os leitores é importado. Com forte sabor de água e açúcar a<br />
Série Romances, da Editora Nova Cultural alcança o impressionante número de 40<br />
mil volumes comercializados por mês. Para quem não ainda se lembrou basta dizer<br />
três nomes: Sabrina, Júlia e Bianca.<br />
Criado em 1978, a série que hoje abrange oito publicações (somando-se os três já<br />
citados) – Sabrina Sensual, Clássicos Históricos, Clássicos Históricos Sensual,<br />
Bestseller e Mirella – totaliza mais de dois milhões de unidades vendidas em todo o<br />
mundo. A repercussão é tão positiva que a editora responsável abriu espaço para<br />
duas escritoras brasileiras, Lúcia Pinto de Souza e Gladys Pasmik.<br />
Estima-se que o resultado positivo se deve, sobretudo, ao acesso. Primeiro porque,<br />
os valores destes itens variam entre R$ 4,90 e R$ 12. Sua distribuição atinge desde<br />
a banca de jornal situada em bairros mais abastados, até aquelas localizadas nas<br />
periferias preteridas pelo mercado. E o enredo lírico e casual das histórias de fácil
compreensão trata de temas leves e universais. Por último, o formato pocket book<br />
permite sua leitura em qualquer lugar.<br />
Para os demais que lutam pelo resto do bolo, leiam-se os executivos de livrarias e<br />
editoras, das ações que contribuíram para o acréscimo da produção e,<br />
subsequentemente, da negociação destes produtos – por ordem de importância –<br />
estão às linhas de crédito para editoras e livrarias com 14%; campanhas de<br />
estímulo à leitura no rádio e televisão (13%); abertura de novas bibliotecas (12%);<br />
seguidos de apoio para abertura de novos pontos de venda com 11%. Curioso que<br />
o programa de exportação e divulgação no exterior ficou em penúltimo lugar com<br />
insignificantes 5%.<br />
Iniciativas como a Bienal do Livro, o Fome de Livro e a Festa Literária Internacional<br />
de Parati (FLIP) também foram apontadas como importantes ferramentas de<br />
incremento, na dinâmica das vendas no país. Outro ponto considerável foi à<br />
participação do Brasil em feiras internacionais de Frankfurt, Cuba, Havana e<br />
Guadalajara.<br />
Vale lembrar que num país em que 68% da população são de analfabetos<br />
funcionais, ou seja, não conseguem compreender e interpretar textos, a imagem é<br />
crucial na hora de atrair o leitor. A isso também se atribui tanta receptividade aos<br />
romances como Sabrina. As ilustrações são feitas especificamente para cada<br />
história, de modo que o consumidor identifique rapidamente o teor da narrativa.<br />
Daniela Tucci, da Nova Cultural cita ainda o caso da publicação “Momentos Íntimos”<br />
que precisou ter seu nome alterado para Mirella, porque as mulheres, sentiam-se<br />
envergonhadas em comprá-los e lê-los em públicos.<br />
E por falar em capa de livro, do preço que se paga, 10% vão para o autor, na<br />
forma de direitos autorais; 25% são destinados a arcar custos editoriais e<br />
manufatureiros, leia-se papel, fotolito, tinta, encadernação, entre outros processos.<br />
Daí a editora e o distribuidor ficam com, respectivamente, 15% e 10%. E o livreiro<br />
fecha a conta com 40% do montante. Por conta disso, encontram-se cada vez mais<br />
livros a valores exorbitantes que distanciam consumidores de diferentes escalas<br />
sociais. Infelizmente.<br />
ME CANSEI, DE LERO-LERO...<br />
Da Redação
A paulista Rita Lee Jones é o que pode se<br />
chamar de ‘brasileira da gema’. Parte do<br />
movimento tropicalista integrou também o<br />
grupo histórico e ultra-revolucionário, Mutantes<br />
com Arnaldo e Sérgio Batista, de 1966 a 1972.<br />
Segue desde então numa carreira sedimentada<br />
entre altos e baixos marcada sempre pela<br />
reconhecida irreverência da artista.<br />
E a panfletária cantora agora posa de Madame.<br />
Em companhia do marido e parceiro musical<br />
Roberto de Carvalho recebem convidados e<br />
têm retirado deles – segundo alguns veículos<br />
dedicados às celebridades – declarações inéditas. Caso da jornalista Marília Gabriela<br />
que confidenciou sentir-se em julgamento há sete anos, por conta de seu<br />
casamento com o ator Reinaldo Gianecchini.<br />
O programa Madame Lee estréia no sistema a cabo, pela GNT, no domingo, às 21h.<br />
Já foram gravadas treze edições de trinta minutos cada, abordando assuntos<br />
específicos a cada atração.<br />
De volta a telinha desde sua saída da primeira formação do “Saia Justa”, exibido<br />
pela mesma emissora que tinha ainda Mônica Waldvogel, Fernanda Young e Marisa<br />
Orth, a Miss Brasil <strong>2005</strong> retorna com força total. Veterana de muitas artes a<br />
camaleônica pop star já participou de outras incursões na mídia. Em 1986 estrelou<br />
o “Radioamador”, na rádio 89 FM em São Paulo, além de participar das telenovelas<br />
“Top Model” (1990) e “Vamp” (1991).<br />
No cinema atuou em “Fogo e Paixão” de 1988, “Dias Melhores Virão” produzido no<br />
ano seguinte e em 1992 interpretou o papel de Raul Seixas no longa-metragem<br />
“Tanta Estrela Por Aí”. Ao todo já contabiliza 32 discos lançados numa biografia que<br />
sinaliza a cada trabalho uma explosão de criatividade. Para definir toda a eficácia<br />
de Lee vale até parafrasear numa composição sua, “Se Deus quiser um dia eu saio<br />
voando...”.<br />
ROTAVÍRUS<br />
Por Graziela Piro
“Episódios diarréicos e abruptos de vômitos, cólicas e febre foram os sintomas de<br />
uma infecção por rotavirus. Fiquei com dores no corpo todo por 4 dias. Gostaria de<br />
entender o que é exatamente o Rotavirus e como me proteger contra ele.”<br />
Esse é o depoimento da leitora Ana Carolina de São Paulo, que solicitou<br />
informações sobre esse vírus e ganhou uma matéria super interessante.<br />
Chamado de Rotavirus, devido a sua forma de roda, é conhecido e considerado<br />
por<br />
especialistas de todo o mundo como o principal causador de diarréia em crianças<br />
menores de 6 anos. Os casos ditos como os mais graves ocorrem em crianças com<br />
até 2 anos de idade, crianças prematuras e com deficiências imunológicas. Mas os<br />
adultos não estão livres desse agente microscópico e muitos surtos em espaços<br />
fechados (ambiente de trabalho, escolas e grupos familiares) foram registrados em<br />
várias capitais do Brasil.<br />
Da família dos Reoviridae,<br />
o rotavirus, é classificado sorologicamente em grupos,<br />
subgrupos e sorotipos. Existem 7 grupos já identificados: A, B, C, D, E, F e G,<br />
sendo os grupos A, B, e C associados à doença no homem. Dos 14 sorotipos G<br />
conhecidos, 10 têm sido descritos como patógenos humanos: os tipos G1 a G4, os<br />
mais freqüentemente encontrados em todo o mundo (e para os quais vacinas<br />
estão sendo desenvolvidas); os tipos G8 e G12, esporadicamente encontrados e o<br />
tipo G9, predominante na Índia. O sorotipo G5 foi encontrado em amostras<br />
brasileiras.<br />
A transmissão ocorre por contato pessoa-a-pessoa,<br />
água, alimento, objetos<br />
contaminados e secreções respiratórias – e este último é o maior responsável pelo<br />
alto alastramento dessa doença já que, diferente de outros vírus, o Rotavirus é<br />
mais resistente e permanece vivo por mais tempo no ambiente.<br />
Como ainda não existe vacina contra esse vírus, algumas observações<br />
e cuidados<br />
devem ser necessários para a prevenção:<br />
• Em crianças menores de 2 anos o<br />
aleitamento materno é fundamental<br />
devido à grande quantidade de anticorpos contra o rotavirus;<br />
• Crianças com diarréias devem ser encaminhadas a serviços médicos para o<br />
diagnostico e tratamento corretos;
• Exame de fezes é o melhor método laboratorial para detecção e<br />
confirmação da infecção devendo ser executado entre o primeiro e quarto<br />
dia da doença;<br />
• Recomenda-se que surtos sejam notificados imediatamente à Vigilância<br />
Epidemiológica do seu município ou à Regional de Saúde (DIR) ou à Central<br />
de Vigilância Epidemiológica do CVE (0800555466);<br />
• Indivíduos devem ser tratados com soro caseiro e água tratada para<br />
prevenir a desidratação;<br />
• O exame específico é a pesquisa do Rotavirus nas fezes.<br />
Apesar de todo o cuidado recomendado eu sinto muito informar à Carol, minha<br />
leitora, que é possível contrair outras infecções, por sorotipos diferentes, do<br />
rotavirus.<br />
OS CLÁSSICOS NA TELONA<br />
Por Adriana Brito<br />
Costuma-se dizer que o cinema brasileiro renasceu com Carlota Joaquina, o<br />
legendário filme de Carla Camurati. Mas a indústria americana ensina que não há<br />
garantias. As renovações devem ser diárias. Senão como alimentar a sede<br />
interminável por novidades de uma sociedade baseada exclusivamente no<br />
consumo.<br />
Nem mesmo o gigante do entretenimento escapa das tais crises e, muito a<br />
contragosto, se obriga as reflexões.<br />
Lembra-se daí do declínio do cinema mudo<br />
para o surgimento dos musicais e da queda<br />
da ação anabolizada, que deu lugar aos<br />
roteiros independentes. Enfim, e como diria o<br />
químico francês Antoine Lavoisier, nada se<br />
perde, tudo se transforma.<br />
A Lei da Conservação da Matéria serve<br />
também como a regra de continuação do<br />
entretenimento. Nada se cria mesmo. E se<br />
tudo merece sua releitura que se copie a<br />
história de um material com inquestionável<br />
valor cultural. Caso dos clássicos da literatura
que serviram como base para os longas-metragens exibidos pelo Centro Cultural<br />
Fiesp nesta segunda de setembro.<br />
Chamada de “Como o cinema leu nossos livros” a série apresenta obras<br />
selecionadas em inúmeros gêneros (veja programação abaixo). Dona Flor e Seus<br />
Dois Maridos (1976) bateu recorde de público com 12 milhões de espectadores,<br />
numa década em que as principais salas exibidoras da cidade de São Paulo eram<br />
fechadas. Inspirada num romance de Jorge Amado, a película apresentou Sônia<br />
Braga, José Wilker e Mauro Mendonça no trio de protagonistas.<br />
Outro destaque na programação é Carandiru infundido no livro de Dráuzio Varella.<br />
E a repercussão foi tanta que ganhou série na Rede Globo. O elenco gigantesco<br />
teve como destaque a participação de Luis Carlos Vasconcelos, Lázaro Ramos,<br />
Rodrigo Santoro e Milton Gonçalves.<br />
Reconhecido em sua genialidade Lima Barreto escreveu Triste Fim de Policarpo<br />
Quaresma em 1911. A romance trata de Policarpo que um dia decide –<br />
genuinamente – que o melhor do Brasil é mesmo o brasileiro. Profético, atual e<br />
corrosivo o olhar de Barreto sobre a política brasileira e seus males perpétuos como<br />
a burocracia das repartições públicas, o clientelismo, a bajulação serve como<br />
material de reflexão em tempos tão claudicantes. Como se diz, um clássico nunca<br />
morre.<br />
COMO O CINEMA LEU NOSSOS LIVROS<br />
Centro Cultural Fiesp fica na Avenida Paulista, 1313, Trianon-Masp. Tem capacidade<br />
para 50 lugares e a entrada é gratuita. Os ingressos devem ser retirados com uma<br />
hora de antecedência. Confira aqui a sinopse dos filmes, as datas e os horários de<br />
suas exibições.<br />
DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS (1976), COMÉDIA, 120 MINUTOS.<br />
Dias 20, às 17h e 26, às 19h30.<br />
Durante o carnaval de 1943 na Bahia, Vadinho, um mulherengo e jogador inveterado, morre<br />
repentinamente. Dona Flor, sua viúva, fica inconsolável, pois apesar dele ter vários defeitos<br />
ele era um excelente amante. No entanto, um tempo depois, ela se casa com o farmacêutico<br />
Teodoro Madureira, que era completamente diferente de Vadinho. Ela, então, passa a ter<br />
uma vida estável e tranqüila, mas tediosa. De tanto "chamar" pelo primeiro marido, ele um<br />
dia aparece nu em sua cama. Ela conta o caso para uma amiga e pede sua ajuda, que<br />
arruma um pai de santo para afastar o espírito do finado. Mas, na verdade, Flor quer que<br />
ele fique.<br />
Recomendação: 18 anos<br />
POLICARPO QUARESMA (1988), COMÉDIA, 120 MINUTOS.<br />
Dia 19, às 19h30.<br />
Policarpo Quaresma é um sonhador que ama o país e luta para valorizar o que é brasileiro.<br />
Com o apoio da afilhada Olga e Ricardo Coração dos Outros, ele adota hábitos nacionalistas e
até indígenas. Num acesso radical ataca seu chefe com um tacape e é internado num<br />
hospício. No entanto, desafia as normas de conduta e prova que a noção de loucura é<br />
relativa. Viaja para o interior e ao aplicar seus métodos e filosofia, cria confusões. Uma<br />
notícia de jornal o faz retornar à cidade para lutar ao lado do presidente Floriano Peixoto,<br />
que está implantando a república.<br />
Recomendação: livre<br />
GUERRA DE CANUDOS (1997), FICÇÃO, 169 MINUTOS.<br />
Dia 26, às 17h.<br />
O enredo retrata da trajetória de uma família que se envolve com os seguidores de Antônio<br />
Conselheiro, líder do movimento de Canudos, e que tem opiniões conflitantes a seu respeito.<br />
Conselheiro e seus seguidores transformaram, em 1893, um simples movimento em algo<br />
grande demais para a República, proclamada há pouco. Por conta disso, o governo enviou<br />
destacamentos militares para destruí-los.<br />
Recomendação: livre<br />
ESTORVO (2000), DRAMA, 95 MINUTOS.<br />
Dia 19, às 17h.<br />
Depois de uma noite mal dormida, o protagonista acorda com a campainha da porta<br />
tocando. Ele se depara com um desconhecido, de quem nada sabe, mas que acredita<br />
representar uma ameaça para sua vida. Veste-se às pressas e foge. O desconhecido o<br />
persegue pela cidade. Desconfiado de tudo e de todos, revê amigos procura a mãe muda e<br />
ausente, busca proteção da irmã com quem manteve uma relação ambígua, e o apoio da exmulher.<br />
Assim, vai se envolvendo numa trama de suspense com uma série de personagens<br />
extremados. Trata-se de uma fuga sem destino para descobrir o enigma da sua caminhada.<br />
Recomendação: 18 anos<br />
XANGÔ DE BAKER STREET (2001), COMÉDIA, 118 MINUTOS.<br />
Dias 21 e 27, às 19h30.<br />
Em sua primeira passagem pelo Brasil, no ano de 1886, a diva francesa Sarah Bernhardt se<br />
apresenta no Rio de Janeiro e encanta a elite do país. Dom Pedro II conta a ela que um<br />
valioso violino Stradivarius, presente seu à baronesa Maria Luíza, desapareceu. Sarah sugere<br />
que o imperador convide o detetive Sherlock Holmes para investigar o caso. Nesse meio<br />
tempo, um assassinato brutal de uma prostituta choca a cidade e deixa em pânico o<br />
delegado Mello Pimenta. O curioso é que foi encontrada uma corda de violino<br />
estrategicamente colocada no corpo da vítima pelo assassino. Enquanto o delegado busca<br />
pistas para capturar o serial killer, Holmes e seu fiel parceiro Watson desembarcam na<br />
capital brasileira sem saber dos perigos que os esperam: feijoadas, vatapás e mulatas.<br />
Recomendação: 14 anos<br />
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS (2001), DRAMA, 101 MINUTOS.<br />
Dia 21, às 17h.<br />
Brás Cubas conduz o espectador ao seu passado, relembrando incidentes familiares e<br />
personagens como o amigo Quincas Borba, que reencontra adulto como mendigo e, depois,<br />
milionário, além de tratar de sua displicente formação acadêmica em Portugal e o privilégio<br />
de nunca ter precisado trabalhar. A personagem convida o espectador a testemunhar sua<br />
tumultuada vida amorosa, tanto com a cortesã espanhola Marcela, a jovem Eugênia ou<br />
Virgília, mas esta acaba com o político bem-sucedido Lobo Neves. Abordando o cotidiano ou<br />
acontecimentos nacionais, na vida ou na morte, Brás Cubas alterna ironia e amargura,<br />
melancolia e bom-humor.<br />
Recomendação: 12 anos<br />
CARANDIRU (2003), DRAMA, 146 MINUTOS.<br />
Dias 20, às 19h30 e 27, às 17h.<br />
Um médico desenvolve um trabalho de prevenção a AIDS no maior presídio da América<br />
Latina. Lá, ele convive com a realidade de circunstâncias deste universo: violência,<br />
superlotação das celas e instalações precárias. No entanto, ele percebe o lado humano dos<br />
prisioneiros e descobre dentro da prisão sentimentos como solidariedade, organização e a<br />
grande vontade de viver.<br />
Recomendação: 16 anos
EXTERMÍNIO NA MEMÓRIA<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
A polícia de São Paulo tem uma história surpreendente, intensa e misteriosa,<br />
principalmente nos últimos 30 anos pelo menos. Uma combinação de “glórias”,<br />
medalhas, comemorações e mentiras. Uma farsa que foi desbancada pelo repórter<br />
Caco Barcellos. Durante anos, ele investigou o tão famoso “esquadrão da morte”,<br />
grupo de policiais que supostamente matou milhares de suspeitos, pessoas que, em<br />
maioria esmagadora – segundo o jornalista – não tinham culpa alguma no cartório,<br />
como diz o ditado.<br />
Mas naqueles tempos de Rota (Rondas Ostensivas Tobias de<br />
Aguiar) quem não devia temia, mesmo assim, pois os<br />
“assassinos” estavam “sempre alerta”, nas noites sangrentas<br />
dos bairros periféricos.<br />
Barcellos enfrentou muitos poderosos e riscos em suas batalhas<br />
diárias para elaborar a grande reportagem, trabalhou duro na<br />
caça de informações, no levantamento para compor um banco<br />
de dados sobre as vítimas e os supostos criminosos de farda. Hoje, o repórter da<br />
Rede Globo não vive mais no Brasil. Faz tempo que a gente recebe suas matérias<br />
do exterior, pela televisão, onde ele aparece às vezes. Talvez Barcellos não seja um<br />
hóspede tão bem-vindo por aqui e prefira atuar com mais segurança pelas bandas<br />
do velho continente.<br />
Sabemos, contudo, que o jornalista trabalha fora do País e a Rota continua viva por<br />
aqui. Não se sabe como é sua atuação atualmente. Confiamos sempre com o pé<br />
atrás de quem tem autoridade. Não só desta ou de outra polícia, mas dos políticos,<br />
dos empresários, de quem tem certo poder nas mãos. Afinal, estamos em plena era<br />
da corrupção num país ligeiramente subdesenvolvido.<br />
Vale a pena ler Rota 66, quem quiser se aventurar ainda pode encontrar o livro nas<br />
livrarias ou nos sebos.
ARMANDO MARQUES, ERROS E ACERTOS<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
Armando Nunes Rosa da Castanheira Marques, outrora considerado padrão de<br />
arbitragem, hoje vive um inferno astral. Primeiro o desgaste pelo longo silêncio<br />
sobre denúncias de escândalo na arbitragem do futebol brasileiro. Depois, o<br />
desligamento da presidência da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF. Por fim,<br />
enfrenta acusação do ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho de que teria pedido<br />
para beneficiar o Flamengo em jogo contra o Juventude, no Campeonato Brasileiro<br />
de 2001.<br />
É prudente recordar que foi Marques quem "bancou" o retorno de Edílson ao quadro<br />
de árbitros da CBF, mesmo depois de o juiz ter mentido sobre o fato de ter<br />
concluído o segundo grau, para poder apitar jogos. Pesa, também, contra Marques,<br />
denúncia do ex-árbitro Alfredo Leobeling, que diz ter sofrido pressão para adulterar<br />
o relatório de um jogo entre Figueirense e Caxias, em 2001. Essa partida foi<br />
interrompida quando faltava um minuto e 50 segundos para o final, em<br />
Florianópolis, porque a torcida invadiu o campo.<br />
Marques dominou o apito nas décadas de 60 e 70. O estilo rigoroso e destemido era<br />
fator preponderante para que fosse requisitado para apitar finais de campeonatos<br />
estaduais e do Brasileiro. Ele não tolerava violência e muitas vezes expulsava<br />
jogadores antes mesmo da habitual advertência verbal ou do cartão amarelo. Não<br />
via cor de camisa e muito menos se intimidava com ameaças de cartolas. Até<br />
abusava de sua autoridade em campo, ao se dirigir ao infrator com dedo em riste.<br />
A rigor, em 1974, ao repetir esse expediente, o então assessor técnico do Botafogo<br />
(RJ), Nilton Santos, o agrediu com um soco e Marques caiu na escada que dá<br />
acesso a um dos túneis do Estádio Mário Filho, o Maracanã.<br />
Naquele mesmo ano, Marques foi duramente criticado por cruzeirenses ao anular<br />
gol legítimo de Zé Carlos, aos 45 minutos do segundo tempo, em partida contra o<br />
Vasco. Conclusão: com a ajuda, o clube cruzmaltino foi campeão brasileiro.<br />
Um ano antes, Marques foi protagonista de uma das maiores trapalhadas no futebol<br />
brasileiro. Simplesmente errou na contagem dos pênaltis na final paulista entre<br />
Santos e Portuguesa. Na confusão, não restou outra alternativa à Federação<br />
Paulista de Futebol senão proclamar ambos campeões da temporada.<br />
Outro erro imperdoável de Marques foi em 1971, quando anulou gol legítimo do<br />
ponta-de-lança Leivinha, do Palmeiras, na partida decisiva contra o São Paulo. A
cabeçada de "Leiva" foi incontestável, mas Marques alegou que o palmeirense usou<br />
a mão para ludibriá-lo e marcou falta favorável ao Tricolor. O equívoco foi fatal ao<br />
Verdão, que deixou de conquistar o título paulista.<br />
Evidente que falhas comprometedoras como essas jamais serão esquecidas, mas<br />
nem por isso Marques deixou de ser respeitado. Foi impecável na maioria das<br />
atuações, como impecável também foi sua aparência em campo. O uniforme era<br />
sempre bem passado e os cabelos cuidadosamente penteados. Apesar do rigor,<br />
tratava jogadores com educação, chamando-os de senhor. Pode-se dizer que<br />
Armando Marques fez escola na arbitragem. E convém lembrar que quando atuava<br />
o árbitro não tinha a excessiva proteção policial como hoje.<br />
RIQUINHO RICO<br />
Por Alex Barbosa<br />
Você já deveu dinheiro para o banco? Seu nome já foi enviado para o serviço de<br />
proteção ao crédito? Já pensou em largar tudo e vender sanduíche na praia? Não<br />
responda ainda, pois seus problemas acabaram! É o que garante o livro “O<br />
Milionário Automático”, de David Bach, lançado pela editora Cultrix e que promete<br />
transformar a vida do leitor em apenas algumas páginas.<br />
Bach é o que se conhece como guru financeiro. Seus livros vendem como água, ele<br />
é apresentador de um programa de televisão chamado Smart Women Finish Rich e<br />
os seminários FinishRich já foram apresentados em mais de 1.700 cidades norte-<br />
americanas. O sucesso em que se baseia o Toque de Midas do consultor é o ‘pague-<br />
se em primeiro lugar’.<br />
Para ele as pessoas poderão acumular uma renda de um milhão de dólares, mesmo<br />
pagando todas as despesas como educação, moradia e saúde, se tiverem como<br />
meta um plano de aposentadoria que comprometa pelos menos 20% da renda<br />
mensal. Ou seja, se você recebe 100 dólares de salário, retire 20 para sua<br />
previdência e com os 80 remanescentes, dê conta do resto. E para que sonho se<br />
concretize é proibido cometer erros comuns como estourar o limite da conta<br />
corrente ou gastar mais do que ganha.<br />
Para ilustrar sua teoria o autor faz uso de estatísticas. Mesmo que a classe média<br />
ianque tenha um padrão de vida diferente da brasileira. Então ele lembra que de
março de 2000 ao verão de 2002, a bolsa americana perdeu 6,9 trilhões de dólares.<br />
O Conselho Americano de Educação em Poupança apontou que 50% da população<br />
têm menos de US$ 25 mil depositados em conta e, um em cada cinco cidadãos não<br />
tem nenhum tipo de rendimento guardado.<br />
E aqui no Brasil? Como o trabalhador lida com o seu dinheiro? Segundo a<br />
Federação Brasileira de Bancos, a Febraban o volume de crédito concedido a<br />
pessoas físicas cresceu 20,9% entre janeiro e outubro de 2004, em comparação ao<br />
mesmo período do ano anterior.<br />
Isso quer dizer que, ou o brasileiro tem investido mais em frentes como aquisição<br />
de casa própria ou tem recorrido ao socorro dos bancos. Diante da segunda<br />
hipótese, pergunta-se: dá para retirar 20% da renda para o pé de meia? Mesmo<br />
pagando os juros embutidos em transações financeiras como IOF, COFINS, PIS e o<br />
morto, mas não enterrado, CPMF? Enfim, para um livro que mais parece um<br />
comercial das lendárias meias Vivarina, a economia brasileira capaz de acabar com<br />
a pretensão de qualquer reles mortal bem poderia atender pelo de Facas Ginsu.<br />
MORTE E VIDA ‘SEVERINO’<br />
João Cabral de Melo Neto produziu uma das poesias mais belas do século XX. Através da<br />
perspectiva do retirante Severino, destrinchou os anseios de um povo abandonado à própria<br />
sorte.<br />
Por Patrícia Favalle<br />
“Meu nome é Severino, como não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos,<br />
que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria (...)”.<br />
Severino, hoje, é o exato retrato do Macunaíma, anti-herói de um Brasil avesso e<br />
acostumado aos trambiques. O pobre sertanejo viu-se entregue ao oportunismo e<br />
as mazelas do poder.<br />
Lula – no mesmo lado da corda – nadou contra a maré. Chegou ao Planalto talvez<br />
por vias pouco ortodoxas, mas perfeitamente em acordo com as práticas sistêmicas<br />
tupiniquins. Outros refugiados da seca também garantiram participação no bolo de<br />
mandacaru.
O mais notório personagem da política nacional, no entanto, chama-se Severino<br />
Cavalcanti. Embora soe ultrapassado, já que o coronel da pacata cidade de João<br />
Alfredo renunciou ao mandato de deputado federal, por conta de envolvimento em<br />
esquemas de corrupção, suas peripécias ainda rendem um livro.<br />
Ao todo, Severino atuou na vida pública por 41 anos, tornando-se político<br />
profissional. Acumulou passagens pela Assembléia Legislativa de Pernambuco por<br />
28 anos consecutivos. De líder regional, alçou vôos ao centro do poder legislativo e<br />
ficou na Câmara dos Deputados por 10 anos.<br />
Neste ano, o fato mais inóspito aconteceu. Severino foi coroado rei do Baixo Clero,<br />
num rompante de promiscuidade explícita, eleito por 300 parlamentares –<br />
picaretas, diria o grupo Paralamas do Sucesso. "Preciso é que V.Exas. me dêem a<br />
oportunidade de fazer esta Casa livre. Esta Câmara não ficará submissa de maneira<br />
alguma a qualquer poder, porque a sua função é legislar e não aprovar medidas<br />
provisórias", alardeava o discurso do mestre Severino.<br />
Aclamado ao posto de presidente da Câmara, o nordestino de barriga d´água e<br />
calças arriadas estava ali, vivo na figura tosca de Severino. E aí, João Cabral teria<br />
que reescrever parte de seu poema, (...) há muitos Severinos, mas nenhum como<br />
Cavalcanti.<br />
A vida de Severino no ponto alto do poder legislativo durou apenas uma estação. O<br />
slogan “Uma Câmara para todos”, claro, morreu, esvaiu-se na mesmice de sempre,<br />
como na antológica obra de George Orwell, A Revolução dos Bichos, em que não<br />
existe poder distribuído de forma idêntica. Na lápide de Severino, a inscrição “os<br />
porcos tomaram a fazenda e, então, notaram o quanto eram iguais uns aos outros”<br />
seria mais que perfeita.<br />
LULU DE TODOS OS SANTOS<br />
Por Adriana Brito<br />
Lulu é mesmo o último romântico. Gosta das baladas, é apaixonado pelo rock<br />
nacional dos anos 80 e anda enamorado pela ‘disco dance’. Mesmo assim ele
declara que seu único amor é a companheira Scarlet Moon, com que vive há mais<br />
de 25 anos.<br />
Passional já levantou bandeiras contra a idiotice geral, brigou com apresentadores<br />
de televisão e se bobear, nem o público se salva. O último combate se deu com o<br />
programa ‘Pânico’ a quem ele se refere como ‘Pînico’. Enfim, o Santo Lulu, que ora<br />
encarna diabinhos irreverentes é um daqueles astros-reis que se dão ao direito de<br />
percorrer a Terra, em meio aos simples mortais da música.<br />
Uma vez um crítico – o nome não importa – lançou a idéia que Lulu não deveria<br />
cantar que seu negócio era mesmo, ser instrumentista. Daí precisou o Nelson<br />
Motta, que de bobo não tem nada, olhar aquela pequena entidade de dentes<br />
saltados e constatar ali, um talento proporcional a sua irreverência. Um ano<br />
seguinte, em 1982, seu Looooooongo Play de estréia ‘Tempos Modernos’ deu ao<br />
cantor o primeiro sucesso.<br />
Em meio a ombreiras, gel de cabelo e muito néon, os trabalhos seguiram-se, um a<br />
um com canções cuja repercussão chegou até os hits, trilhas sonoras de<br />
telenovelas e aquele material que mofa nas prateleiras, das boas casas do ramo.<br />
O tempo de ostracismo de 89 a 92 foi superado pelos irresistíveis CD´s ‘Assim<br />
Caminha a Humanidade’, ‘Eu e Memê, Memê e Eu’ e ‘Anticiclone Tropical’. E, se<br />
John Travolta se recuperou do exílio no filme de Quentin Tarantino, Lulu teve sua<br />
oportunidade de renascimento, num comercial das Sandálias Havaiana.<br />
Com força total, a recém-lançada turnê Pop St@r apresenta além das melodias<br />
consagradas, ‘Letra & Música’, o vigésimo disco da carreira. De olho no passado de<br />
roupa nova, Lulu retoma algumas letras, acrescentando a elas batidas eletrônicas.<br />
Em São Paulo o compositor tem shows marcados no Tom Brasil nos dias 22 e 23 de<br />
outubro (veja mais na Agenda), em companhia da banda formada por Negão<br />
(baixo), Chocolate (bateria e percussão) e Hiroshi (teclados, loops e remix).<br />
Atendendo a preces não há um saxofonista irritante desta vez. Bonzinho assim, só<br />
mesmo Lulu, o Santo. Pronto, acabaram os trocadilhos com o nome dele.<br />
CHICO, MEU QUERIDO VELHO<br />
Por Helen Pessoa
Sempre me pergunto se depois da catastrófica passagem de Lula pelo Planalto,<br />
restará uma boa lembrança para contar. Penso que os desdentados e ignorantes<br />
continuaram castos, intocados em sua estética miserável, enquanto os<br />
endinheirados ganharam até um daslucenter.<br />
Pois é, Lula acredita ser o Fernando Henrique do povão, numa versão piorada – se<br />
é que isso é possível – e resolveu, numa loucura colossal, deixar para o país uma<br />
herança cruel: o assassinato do Velho Chico.<br />
Num momento de reflexão, já que o assunto é o desarmamento, matar o Chico é<br />
inconcebível. Imagino como alguém seja capaz de tamanho desatino. Logo ele, cuja<br />
única história aproveitável foi a fuga do sertão em busca de um pouco d´água. A<br />
explicação deve residir na abundância sulista, nas fartas gotas ácidas que caem dia<br />
sim, dia não.<br />
Mas porque o velho Chico? Nascido na Serra da Canastra e criado, na infância na<br />
Bahia, na adolescência em Pernambuco e nos confins sergipanos, e na maturidade<br />
nos recônditos alagoanos, o gigante corre o risco de se transformar numa<br />
transamazônica fluvial.<br />
Talvez seja por conta da ignorância e do despreparo daquele que alguns insistem<br />
em chamar de presidente. Digo ‘alguns’ porque sou naturalmente avessa ao<br />
petismo e, para mim, Lula é a máxima da estrela vermelha.<br />
A transposição do São Francisco é uma aberração indescritível. Modificar o percurso<br />
natural do rio, para saciar a sede de meia dúzia de politicanalhas nordestinos é um<br />
desatino. O impacto ambiental somado ao custo da mega-obra já deveria<br />
inviabilizar o projeto por si só. Mas nem um relatório detalhado do BID (Banco<br />
Interamericano de Desenvolvimento) conseguiu desestimular as investidas em prol<br />
da reeleição presidencial.<br />
O cenário que vemos hoje, em que o sertanejo é obrigado a percorrer quilômetros<br />
sob forte sol, para conseguir um latão de água, não é diferente de duas ou três<br />
décadas atrás. O que falta para resolver a questão social da indústria da seca é a<br />
tal, e mitológica, vontade política.<br />
Em ano eleitoral, até travessia oceânica torna-se possível. De elefantes brancos o<br />
Brasil é o maior criadouro do planeta, a começar pelas obras faraônicas tão
eminentes no país. Do “Buraco da Dona Marta” a “Brasília”, estamos a um passo de<br />
enterrar uma das bacias hidrográficas brasileiras mais importantes – tudo para<br />
saciar a sede de poder, e não de água, de um político medíocre.<br />
ACESSIBILIDADE<br />
Por Vivian Santos e Devair Gonçalves<br />
No último dia 21 de setembro comemorou-se o dia da pessoa portadora de<br />
deficiência física. Coincidência ou não, estávamos na região central de são Paulo<br />
especificamente na Rua 25 de Março quando fomos surpreendidos por uma situação<br />
“habitual”, porém constrangedora.<br />
Um rapaz “cadeirante” (pessoa portadora de deficiência física que utiliza cadeira de<br />
rodas como meio de locomoção) tentava realizar suas compras com extrema<br />
dificuldade, enfrentando obstáculos nas calçadas entre barracas de camelôs,<br />
obstruindo algumas poucas guias rebaixadas.<br />
Com tantas pessoas transitando com sacolas e pacotes, as paradas do lado de fora<br />
das lojas deveriam ser livres para o trânsito de todos. No entanto o comércio da<br />
região não possui rampa de acesso, o que restringe a entrada de clientes,<br />
sobretudo os “cadeirantes” que ficam em meio aos transeuntes na calçada,<br />
chamando exaustivamente os vendedores em meio à multidão. Mesmo assim ele<br />
escolhia os produtos e efetuava o pagamento de suas compras ali mesmo,<br />
execrado do seu direito de consumidor, correndo o risco de ser furtado por<br />
qualquer pessoa mal intencionada, que passasse por ali naquele instante.<br />
Vendo o outro lado da moeda podemos afirmar os meios de transportes<br />
demonstram o interesse em poder atender o portador de deficiência física, como<br />
por exemplo: METRÔ (possui elevadores e ou rampas de acesso em todas as suas<br />
estações), ÔNIBUS (alguns carros possuem adaptações com elevadores e lugares<br />
reservados para fixar a cadeira de rodas com toda segurança), TRENS (tomaremos<br />
como exemplo a linha C da empresa CPTM, de um total de 20 estações que liga a<br />
estação Julio Prestes aqui em São Paulo até o município de Itapevi, restando 16
estações para adaptações futuras “segundo informações da própria empresa que se<br />
encontram em fase de projetos e conclusão em um prazo futuro”).<br />
Outros setores já demonstram total adequação ao portador de necessidade como<br />
ADEVA (Assoc. Deficientes Visuais e Amigos), que oferece serviço através do<br />
programa ACESSA SÃO PAULO, com ingresso livre a computadores próprios para<br />
deficientes visuais, cursos, digitação e internet. PROJETO CARONA, trata-se de uma<br />
Organização que oferece transporte com acompanhante para restaurantes, shows,<br />
teatros e etc. todos com lugares reservados para os deficientes e com adaptações<br />
necessárias para que possam ter todo conforto e segurança.<br />
A constituinte data de 1988 (ano de publicação) assegura esses direitos à pessoa<br />
portadora de deficiência. Art. 227. 1º., 11....< a facilitação do acesso aos bens e<br />
serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.> ,<br />
art. 227, 2º... a lei disporá sobre normas de construção de logradouros e dos<br />
edifícios de uso público...”.<br />
Onde saber mais:<br />
adeva@acessa.sp.gov.br, recreacao@projetocarona.com.br, viviedevair@uol.com.br<br />
MÃOS AO ALTO!<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Eu voto não. Na verdade, voto sim. Oras, qual a resposta certa para a questão<br />
sobre a proibição da venda de armas de fogo e de munição no Brasil? Com esta<br />
pergunta bem formulada, só mesmo o voto nulo.<br />
É nesta seara confusa que no dia 23 de outubro os brasileiros maiores de 16 anos<br />
vão optar – mesmo que obrigatoriamente – se querem proibir ou deixar como está<br />
a comercialização de armas.<br />
Num país que engatinha nas aulas de democracia, lançar uma campanha<br />
coordenada pelo Senador Renan Calheiros, antigo aliado de Fernando Collor,<br />
atrelada ao desarmamento da população civil, dá margem para as teorias<br />
conspiratórias, que vez ou outra, permeiam a mente dos insatisfeitos.
Por que um referendo agora, em meio a escândalos de corrupção tão sérios? Há<br />
decisões mais pontuais, como por exemplo, a reforma política e a permanência de<br />
Lula no governo, sem mencionar a legalização do aborto, a união civil entre casais<br />
do mesmo sexo, a descriminalização das drogas, a eutanásia, enfim, polêmicas que<br />
necessitam do aval da sociedade.<br />
Porém, não é de se estranhar que bastou Aldo Rebelo (PCdoB) assumir o comando<br />
da Câmara dos Deputados para que a reforma política fosse rapidamente<br />
engavetada. Na seqüência, há quem jure de pés juntos, acontecerá a absolvição<br />
dos operadores do caixa dois.<br />
Voltando ao gatilho, outro erro crasso é comparar o Brasil à Inglaterra ou ao Japão,<br />
países que passaram pelo desarmamento e não obtiveram os resultados esperados.<br />
Também não dá para imaginar Lula de suástica no braço esquerdo e micro-<br />
bigodinho, como se o desarme fosse uma preparação para um golpe. Além disso,<br />
nenhum cidadão dito de ‘bem’ sai por aí empunhando uma submetralhadora,<br />
pronta para descarregar no primeiro infeliz que cruzar seu caminho.<br />
Na pesquisa divulgada pelo IBOPE (15/10) o “não” vence o “sim”, com margem de<br />
apenas 5 pontos percentuais. Numa leitura da propaganda política – idêntica ao<br />
modelo condenado no início das CPIs – parece que a proposta de instigar a<br />
população a lutar pelo direito de se armar, valendo-se de cenários simples e gente<br />
desconhecida, foi mais convincente do que o sim, que veiculou uma peça<br />
semelhante a campanha eleitoral de Lula, de 1989, com fartura de artistas globais<br />
e produção exageradamente rebuscada.<br />
Neste contexto, o desarmamento é o que menos importa. Para os estudiosos, a<br />
propagando parecida com a ‘venda da esperança’ dos tempos em que o PT era tido<br />
como a solução ética, soou mentirosa e o povo tende a repudiar as investidas. Se o<br />
resultado se comprovar com a vitória do não, Lula e o PT estarão definitivamente<br />
sepultados.
TUBERCULOSE<br />
Por Graziela Piro<br />
Cerca de 1/3 da população mundial está infectada. Só no Brasil, estima-se que 45<br />
milhões de pessoas estejam infectadas, sendo que 6 mil doentes morrem por ano.<br />
No mundo, são 30 milhões de pessoas ameaçadas de morrer nos próximos dez<br />
anos.<br />
Estou falando da tuberculose, doença infecto-contagiosa produzida pela bactéria<br />
Mycobacterium tuberculosis, conhecida como bacilo de Koch.<br />
A contaminação mais comum e com muita importância epidemiológica é a via<br />
respiratória - inalação de bacilos expelidos pelo doente - que ao serem aspirados<br />
ultrapassam os mecanismos de defesa e se depositam nos alvéolos pulmonares. A<br />
partir daí é dado início à evolução da tuberculose. Não possuindo importância<br />
epidemiológica e de rara transmissão, as vias digestiva e cutânea são outros meios<br />
de contaminação.<br />
Existem as consideradas - Tuberculose Extrapulmonar - a pleural (mais freqüente),<br />
linfática, a miliar (quando ocorre a disseminação dos bacilos por todo organismo<br />
por ruptura de lesão dentro de um vaso sanguíneo) e a osteo-articular.<br />
Através da atenuação do bacilo, a vacina BCG foi desenvolvida e é capaz de induzir<br />
o individuo a resistência à doença. Deve ser administrada nos primeiros dias de<br />
vida e reforçada entre 6 e 10 anos de idade.<br />
Indivíduos que apresentem tosse com ou sem expectoração persistente por mais de<br />
3 semanas seguidas, perda de peso, hemoptise (eliminação de sangue no escarro)<br />
e principalmente com história epidemiológica da doença em familiares e amigos,<br />
devem ser submetidos a exames laboratoriais específicos, como segue:<br />
• Exame Pesquisa do bacilo Koch - podendo ser executado em diversos<br />
materiais: escarro, lavado gástrico, lavado brônquico e urina – através do<br />
tratamento com substâncias calorimétricas é possível identificar o bacilo por<br />
microscópio;<br />
• Radiologia do tórax – a identificação de cavernas pulmonares;<br />
• Teste tuberculínico (PPD) - que evidenciará o contato prévio com o bacilo;
• Cultura para Micobacteria – culturas microbiológicas de escarro, lavado<br />
gástrico, lavado brônquico e urina, podem ser usadas para analise de<br />
crescimento da bactéria.<br />
Rifampicina, arifampicina, isoniazida, pirazinamida, estreptomicina, etambutol,<br />
etionamida são algumas das drogas usadas no tratamento da doença. Atualmente o<br />
esquema mais usado é o RIP (rifampicina, isoniazida e pirazinamida) com terapia<br />
durante seis meses.<br />
O mais importante é a conscientização dos pacientes com tuberculose que devem<br />
seguir rigorosamente o esquema de tratamento, pois o abandono gera mais<br />
resistência às bactérias dificultando tratamentos subseqüentes.<br />
SHOWS E ESPETÁCULOS<br />
Lulu Santos abre a gaveta e apresenta composições do passado. O resultado é o<br />
novo CD “Letra & Música”, que pode ser conferido no Tom Brasil, nos dias 22 e 23<br />
de outubro, sexta e sábado, a partir das 22h. A casa de espetáculo fica na Rua<br />
Bragança Paulista, 1281, Chácara Santo Antônio. Os ingressos variam entre R$ 70<br />
e R$ 100. Com capacidade para 1.200 pessoas, tem estacionamento no local por<br />
R$ 15 e acesso para cadeirantes. Mais informações pelos sites www.tombr.com.br e<br />
www.ingressorapido.com.br.<br />
Continua em cartaz a peça ‘As Olívias Palitam’ com Cristiane Wersom, Mariana<br />
Armellini, Renata Augusto, e Sheila Friedhofer. O enredo trata de mulheres que se<br />
juntam para refletir os trinta anos. Em discussão tudo o que interessa para uma<br />
balzaquiana. Até mesmo sexo. Com direção de Victor Bittow, o espetáculo fica na<br />
N.Ex.T. até o dia 30, aos sábados, a partir das 22h30. Ingressos a R$ 20, com<br />
estacionamento no local a R$ 5 e acesso para cadeirantes. A N.Ex.T. fica na Rua<br />
Rêgo Freitas, 454, República. Informações pelo telefone 3106-9636.<br />
Chá de cozinha. Fica até o dia 23 de outubro no Museu de Arte de São Paulo Assis<br />
Chateaubriand a exposição itinerante ‘Cerâmica e Porcelana do Japão: A Geração<br />
Emergente’, que reúne 70 obras de 35 jovens artistas japoneses. Oportunidade<br />
única para quem gosta da arte delicada deste tipo de utilitário. O Masp fica na<br />
Avenida Paulista, 1578. Horário de terça a domingo, das 11h às 18h. Ingressos de<br />
R$ 5 a R$ 10, maiores de 60 anos e menores de 10 não pagam. Informações pelo
telefone 3141-0843 e 3251-5644 ou pela internet no www.masp.art.br e<br />
www.fisp.org.br.<br />
LIVROS<br />
Quer descobrir o pote de ouro? Então siga as dicas do consultor financeiro David<br />
Bach, no livro "O Milionário Automático". Lançado pela editora Cultrix o manual de<br />
primeiro socorros dos endividados promete ser o bálsamo na vida do leitor. Preço<br />
de capa: R$ 24. www.cultrix.com.br.<br />
Em momentos de crise pode tudo? Talvez. Para quem busca uma maneira mais<br />
eficiente de observar o mercado vale recomeçar aprendendo com os melhores. A<br />
editora Contexto lança a coletânea ’50 Grandes Estrategistas de Administração’ do<br />
historiador inglês Morgen Witzel que reuniu opiniões de nomes como Bill Gates,<br />
Peter Drucker, Lao Tse, Charles Handy e Henry Mintzberg. Preço de capa: R$ 49.<br />
www.editoracontexto.com.br<br />
Passados mais de 20 anos da estréia do seriado Chaves no Brasil, em 1981, chegou<br />
às livrarias o livro “Chaves: Foi Sem Querer Querendo?”, de Luís Joly, Fernando<br />
Thuler e Paulo Franco, editado pela Matrix. A publicação procura desvendar como o<br />
programa tornou-se um fenômeno no México e no Brasil e como perdura há todos<br />
esses anos ainda com bons índices de audiência. Quem não se lembra, por<br />
exemplo, do fato de Silvio Santos ter colocado a série para enfrentar o lançamento<br />
do programa de Ana Maria Braga na Globo, contrariando toda a lógica televisiva?<br />
Hoje, mesmo com intermináveis reprises, o programa ainda consegue um patamar<br />
mínimo de 8 pontos no Ibope. Chaves é o único programa que, durante todo o<br />
período, conseguiu reunir classes sociais de A até E, pessoas de 8 a 80 anos,<br />
homens ou mulheres. Mais que um humorístico, Chaves merece até teses de<br />
psicanalistas que comentam as mensagens e estereótipos do programa criado por<br />
Roberto Gomez Bolaños. Preço de capa: R$ 27.<br />
http://www.matrixeditora.com.br/chaves.htm<br />
CONSUMO<br />
Trinta unidades até o final de 2006. É o que promete o presidente da franqueadora,<br />
Márcio Mascarenhas. A Number One Idiomas já possui três unidades no estado –<br />
Guaratinguetá, Jundiaí e Sorocaba – e pretende expandir seu campo de ação<br />
oferecendo, a quem estiver interessado em adquirir uma filial, treinamento de
professores, manual operacional da franquia, pessoal administrativo e operacional.<br />
Para saber mais há dados sobre a empresa no site da Associação Brasileira de<br />
Franchising (ABF) www.portaldofranchising.com.br ou na página da Number One<br />
www.numberone.com.br.<br />
NOVEMBRO<br />
CARTA DO MEU PEQUENO AMIGO MIKE, UM ÍNDIO DA CIDADE<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
O olhar das pessoas não é nada novo; não é um tema novo. Muitos poetas já<br />
escreveram sobre o olhar; muitos pintores. O olhar foi tema de livro; em muitos<br />
filmes. Quem anda de trem encontra no olhar alheio a memória; o segredo<br />
misterioso do pensamento individual. A coletividade? Essa a gente pode entender<br />
por meio de diversos ângulos. Se você se sentar no fundo do vagão e encostar a<br />
cabeça na parte lateral da borda que dá para o corredor, basta inclinar a cabeça um<br />
quarto de círculo para perceber um novo mundo; de corpos e olhares.<br />
É no olhar que está a alegria; a tristeza e a esperança. Por ele podemos, contudo,<br />
ser enganados. Tem olhar de toda cor; fechado, morno, ambarizado e brilhante é<br />
claro. O olhar mostra quem é mau; quem trabalha, quem sonha,<br />
deslumbrantemente. Até arrepia. É pelo olhar que Deus enxerga o mundo, talvez.<br />
Mesmo o cego – não pensem que eu também não pensei nisso – possui um olhar;<br />
olfativo, quem sabe, mais vezes eficazes do que nossa própria lente de contato.<br />
Basta dar um tempo para o olhar, para ver que ele é santo; ou trabalha para a<br />
máfia. E quando todos os olhares se cansam é hora de dormir. Eles sonham e<br />
enxergam coisas estranhas; e tudo volta ao normal depois.
BARULHINHO BOM<br />
Na onda das CPIs, listamos os dez sons mais conhecidos e amados do público<br />
brasileiro.<br />
O toque musical do celular Nokia, mais precisamente o Nokia<br />
Tune, tornou-se a trilha sonora mais ouvida no país;<br />
A pigarreada da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL)<br />
Delúbio Soares, com seu timbre anasalado (ex-PT)<br />
A rouquidão do deputado Jamil Murad (PCdoB-SP)<br />
A estridente voz de Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)<br />
O sotaque carregado da senadora Ideli Salvati (PT-SC)<br />
As intervenções, sempre pertinentes, do senador Sibá Machado<br />
(PT-AC)<br />
A campainha do “Pela Ordem”
A sonoridade do senador Heráclito Fortes (PFL-PI)<br />
Os erres a mais do Zé Dirrrrceu<br />
RÁ! RÁ, RÁ, RÁ, RÁ, RÁ, RÁAAAAAAAA... RÁ!<br />
Por Adriana Brito<br />
A prática não é muito recomendada, mas desta vez vale a<br />
exceção. Depois de ler a matéria de Sérgio Martins na Veja,<br />
uma espécie de luz pairou sobre mim. De qualquer forma<br />
decidi despachar o que poderia ser um mau agouro. A<br />
causa? Baby do Brasil, o tema da reportagem chamada<br />
“Jesus É Um Casca-Grossa”.<br />
Chego à conclusão de que, o pior não é nunca ter comido o melado e lambuzar-se,<br />
ao menos uma vez. Duro mesmo é largar o osso. O caso de Baby não é de loucura<br />
apenas. É pura vaidade mesmo. Senão, vejamos. ELA viu o cramunhão ao vivo aos<br />
oito anos. Depois ELA viu Jesus também em apresentação-solo. Agora ELA será a<br />
estrela maior de um espetáculo pitoresco que só agrada, adivinhe a quem?<br />
No universo artístico a senhora Do Brasil engrossaria a esquife das antigas<br />
celebridades, cujo epitáfio diz, “aqui jaz alguém que fez sucesso um dia”. Um dia.<br />
Agora, não. Essa iniciativa de criar a “Nossa Senhora das Camisas de Força” não<br />
cabe no discurso de uma pessoa que já saudou os outros com Rá!, ou que vem a<br />
público vestida de Tomb Raider contrabandeada, para prover conforto espiritual aos<br />
aflitos.<br />
Além disso, a cantora e pseudo-pastora deveria ser processada por grupos civis que<br />
defendem os direitos dos homossexuais. Então a pessoa pode simplesmente deixar<br />
de ser gay? Que cura é essa que ela propõe? É reconhecida no meio médico? Enfim,<br />
como dar crédito a esta ‘Edir Macedo de saias’, que afirma ter ressuscitado a filha<br />
do Paulinho Boca de Cantor? Então ela não é pastora. É santa. Da cabeça oca.
Depois deveria, em nome da Saúde Pública, ser interditada e exorcizada pelo<br />
Sindicato dos Músicos Profissionais porque está alterando as composições de<br />
Caetano Veloso (Menino do Rio) e Assis Valente (Brasil Pandeiro).<br />
Fluminense do Niterói, a carioca começou cedo. Aos 14 anos partiu para Salvador<br />
em busca do sucesso. Lá conheceu Pepeu Gomes com quem se casou e em seguida<br />
entrou para o grupo Novos Baianos. Baby é dona de uma voz belíssima.<br />
Infelizmente segue o exemplo de artistas como Rosana e se transforma num ser<br />
transgênico, transgênero, excêntrico demais para a compreensão de qualquer um.<br />
Acredito que Baby estava com o mal do ostracismo. E esse é mesmo o verbo<br />
preferido dela: estava. E não é? Estava hippie, estava indiana, esteve umbandista<br />
e, chegou a estar filha do Thomas Green Morton. Agora ela está evangélica.<br />
Amanhã, como estará... só Deus sabe. Aliás, ele e Baby.<br />
MARKETING É ISSO AÍ<br />
Por Alex Barbosa<br />
Por que este artigo se firmou como um dos nomes mais poderosos do mundo?<br />
Criado em 1886, no estado norte-americano de Atlanta, pelo farmacêutico John<br />
Pemberton, o refresco a base de cola – e do famoso ingrediente X – tem a<br />
preferência do consumidor, segundo o instituto Datafolha. O resultado da pesquisa,<br />
chamada de Top Of Mind perguntou aos 5.085 entrevistados, de 127 municípios<br />
brasileiros e com mais de 16 anos, ‘qual é a primeira marca que lhe vem à<br />
cabeça?’. Resultado: Coca-Cola.<br />
Com 57% dos votos ela foi reconhecida como líder de sua categoria. Um mérito<br />
para qualquer departamento de comunicação. Ainda segundo a análise, o<br />
refrigerante é responsável por 45% das vendas deste produto. Muito do contexto se<br />
deve a charmosa garrafa de vidro, num formato absolutamente diferente do que<br />
qualquer similar no mercado, chamada de contour.<br />
Um vídeo antigo sobre a empresa, mostra seu presidente dizendo aos funcionários<br />
que o modelo foi concebido características tão específicas para que fosse<br />
identificado de olhos fechados, e transmitisse toda a confiança de um elemento<br />
encontrado em qualquer lugar do mundo, com sabor inalterado e preço acessível.<br />
Enfim aquela era a cara da Coca-Cola. Retirada do mercado na década de 80, para<br />
dar lugar às modernas latas de alumínio, a garrafa ainda causa saudades no<br />
público.
Para isso a Coca-Cola Company criou uma campanha feita com as cinco melhores<br />
agências de design do mundo (o grupo foi batizado como os ‘M5’, os cinco<br />
magníficos), cuja missão é dar cara nova ao contour, que será fabricado a partir de<br />
2006, totalmente de alumínio, em 250ml, sem recortes ou remendo. Depois de<br />
Andy Warhol e Keith Haring chegou à hora de novos ícones do segmento dar uma<br />
repaginada ao histórico material.<br />
A idéia é unir ao objeto, um conceito moderno que engloba arte, música e vídeo.<br />
Cada uma das companhias, The Designers Republic da Europa; MK12 da América<br />
do Norte; da América do Sul a brasileira Lobo; do continente asiático a Caviar; e a<br />
Rex & Tennant McKay da África. Para a diretora de marketing, Mônica Horcades a<br />
proposta será a de transformar a garrafa numa grande tela, em que as<br />
manifestações culturais de cada local sejam identificadas com o selo. Além de<br />
comerciais veiculados em emissoras de rádio e televisão, uma apresentação mais<br />
incisiva será realizada em casas noturnas como a Lotus, de São Paulo e a Fosfobox,<br />
no Rio de Janeiro. Mônica acredita que a concepção de modernidade tenha tudo a<br />
ver com as pessoas que freqüentam estes espaços. Se você quiser conferir os<br />
vídeos produzidos entre no site www.icoke.com/m5. Como se diz, ‘viva o que é<br />
bom’.<br />
AGORA, COM MUITO MAIS BRILHO<br />
Da Redação<br />
Depois de muitos anos<br />
de devastação, as praças<br />
dedicadas à cultura no<br />
centro da cidade ganham<br />
força total, a partir de<br />
projetos de revitalização<br />
que, ora partem de<br />
organismos civis, ora<br />
recebem apoio da<br />
prefeitura. Algumas<br />
corporações demoraram a perceber que o consumidor vê com bons olhos este tipo<br />
de iniciativa, cujo benefício é permanente e irrefutável.
Afinal de contas não há como olhar para uma casa de espetáculos ou sala de<br />
cinema reformada ou restaurada, sem simpatizar-se pela empresa que o fez. Um<br />
desses casos é o novíssimo Cine BomBril, inaugurado recentemente onde estava o<br />
tradicional e macambúzio Cinearte.<br />
A arquitetura modernista mereceu investimento de 3,2 milhões de reais para a<br />
criação de duas salas cinematográficas, além de espaços para exposições e<br />
convivência. Para fomentar a presença do público a curadoria do local investirá em<br />
uma programação renovada constantemente apenas com filmes brasileiros e<br />
latinos.<br />
Para a decoração das áreas abertas foram utilizados materiais, texturas e cores<br />
escolhidas pelo trio de artistas plásticas Anita Kaufmann, Chris Bierrenbach e<br />
Gabriela Costa, que também criaram esculturas e quadros para compor o projeto,<br />
numa temática, segundo elas, de brasilidade absoluta.<br />
O conceito do ambiente contou com a experiência da FutureBrand que aliou as<br />
características da marca como descontração e inovação, para a composição de todo<br />
o complexo de entretenimento, caso das lounges feitas em piso de mosaico<br />
português como o do Conjunto Nacional, remetendo a idéia de que o CineBombril<br />
seria uma continuação deste desenho de David Libeskind, da década de 50.<br />
Na iluminação optou-se pela suavidade, qualidade conferida também na cafeteria e<br />
no mobiliário de amplos sofás. O conforto continua, nos 400 assentos numerados<br />
das duas salas, poltronas para cadeirantes, som Dolby Digital e ar condicionado,<br />
evitando situações desconfortáveis para quem busca um passeio com a família nos<br />
finais de semana.<br />
Fundada em 1948, a Bombril S/A comercializa dez produtos voltados à higiene e<br />
limpeza. Famosa pela propaganda criada pela W/Brasil às suas lãs de aço para<br />
cozinha, hoje conta com outros líderes de segmentos, a exemplo do amaciante Mon<br />
Bijou e do Sapólio Radium.<br />
Aproveitando o mote da 29º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo o<br />
CineBomBril abriu suas portas com a exibição de Cidade Baixa, de Sérgio Machado.<br />
Para conferir a programação acesse o site www.ingresso.com.br. Diversão é assim.<br />
Mil e uma utilidades.<br />
CHAPÉU INSÓLITO<br />
Por Ariovaldo Izac
Bastou o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, abandonar sua meta para cobrar falta<br />
e sofrer gol no contra-ataque, em partida contra o Santos, para que críticos de<br />
plantão lembrassem que cada macaco deve ficar no seu galho.<br />
Convém lembrar que Rogério Ceni inovou no futebol brasileiro com excelente<br />
aproveitamento de cobranças de faltas. Orgulha-se de ter um histórico de 38 gols<br />
nesse expediente e de ser regularíssimo como defensor. Não bastassem essas<br />
virtudes, quase matou são-paulinos do coração quando decidiu jogar de líbero no<br />
segundo tempo de uma partida contra o Palmeiras, pelas oitavas de final da Copa<br />
João Havelange, no dia 29 de novembro de 2000. Na ocasião, o atacante Tuta,<br />
então atacante do Palmeiras, entrou para a história do futebol como primeiro<br />
jogador a “tomar” chapéu de goleiro, no caso de Rogério Ceni.<br />
Na agilidade, Rogério lembra Van der Sar, goleiro da seleção da Holanda na Copa<br />
do Mundo de 1998, na França, que fazia cobertura dos zagueiros Reiziger, Stam e<br />
Franck de Boer, adaptados para jogar em linha.<br />
“Travessuras” típicas de Rogério, de sair driblando, eram características do ex-<br />
goleiro colombiano Higuita e do abusado paraguaio José Luiz Chivalert. Ronaldo,<br />
ex-Corinthians, ao interceptar bola com os pés fora da área, em vez de chutão<br />
arriscava o drible, como se estivesse se divertido em “rachão”.<br />
Exceto raras exceções, goleiro é o atacante frustrado e nos rachões, em vésperas<br />
de jogos, evidenciam essa realidade. Eles se divertem no ataque e vão à forra<br />
quando fazem seus golzinhos.<br />
Rogério fez o goleiro brasileiro perder o medo de abandonar o gol no transcorrer de<br />
partidas, prova está que Hiran, quando passou pelo Guarani na década passada,<br />
levou o torcedor bugrino à loucura em jogo contra o Palmeiras. Hiran achou forças<br />
do além para marcar gol no empate em 3 a 3, nos acréscimos, numa cabeçada.<br />
Hiran já havia marcado em circunstância semelhante quando jogava no Linhares,<br />
do Espírito Santo, e marcou pela terceira vez cobrando falta, no Inter de Porto<br />
Alegre.<br />
O lance insólito do chapéu, protagonizado por Rogério, nos remete às décadas de<br />
50/60, quando o sinônimo de chapéu era “sombreiro”. Baita época! A molecada<br />
encarava “numa boa” os campos “rapadões” e calçava surrados Congas, tênis<br />
Bamba, Kchute e chuteira dura. Nesse tempo, Alfredo Ramos, um zagueiro clássico<br />
do São Paulo, descontava dribles que “tomava” de atacantes com um sombreiro. E
na leva de abusados “chapeleiros”, jamais pode-se esquecer do zagueiro Samuel<br />
Arruda, com passagens por Ponte Preta, São Paulo e Palmeiras.<br />
Em 1968, quando jogava na “Macaca”, Samuel atordoava atacantes adversários<br />
com arriscados sombreiros dentro de sua própria área, imitando o imortal<br />
Domingos da Guia.<br />
Chapéu ainda é um lance divertido para quem aplica e humilhante para a “vítima”.<br />
Em “peladas”, era comum que os moleques trocarem “sopapos” por causa de<br />
provocação após aplicação do tal sombreiro.<br />
De certo, aquele sueco que levou chapéu de Pelé, na Copa de 1958, está<br />
procurando a bola até agora. Não é exagero projetar, também, que o “gringo”<br />
pensou em dar uns cascudos na orelha do “rei”, após a humilhação em casa.<br />
Felizmente prevaleceu a desportividade e o sueco imitou a multidão com aplausos<br />
ao maior astro do futebol.<br />
AGORA, SÓ DIPLOMADO<br />
Por três votos a zero, o TRF determinou a legitimidade do diploma de jornalismo<br />
para o exercício da profissão.<br />
Por Patrícia Favalle<br />
A decisão do juiz Manoel Álvares e das desembargadoras Salente Nascimento e<br />
Alda Bastos, do Tribunal Regional Federal - 3ª Região, em São Paulo, foi favorável à<br />
exigência da volta do diploma para o exercício profissional de jornalista.<br />
Desde outubro de 2001, depois do parecer da juíza Carla Rister de suspender a<br />
obrigatoriedade da formação acadêmica, o sindicato dos jornalistas e a Federação<br />
Nacional de Jornalistas [FENAJ] travam batalha judicial para derrubar a<br />
determinação.<br />
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo,<br />
Fred Ghedini, “essa é uma decisão histórica e abre caminho para a criação do<br />
Conselho Federal”.
Segundo argumentou o juiz Manoel Álvares, a liberdade de expressão e o<br />
regulamento do exercício do profissional de imprensa são duas coisas distintas.<br />
Para tanto, faz-se necessária formação adequada. O presidente da Fenaj, Sérgio<br />
Murilo, acredita que a Justiça teve o bom senso de reconhecer e resgatar o direito<br />
dos jornalistas e defender o direito da sociedade de ter um jornalismo de qualidade.<br />
Já o grupo que defende a extinção do diploma, argumenta que a reserva de<br />
mercado é prejudicial ao desempenho da profissão e forma apenas burocratas da<br />
notícia. Pelo jeito, a discussão ainda é longa e o aporte dos descontentes deve<br />
chegar no Supremo Tribunal Federal.<br />
DESENCARNA JOSÉ!<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Ninguém acreditou na sobrevida de José Dirceu. A oposição, de olho na cadeira<br />
presidencial, descuidou-se e ameaçou até um acordão, apenas para voltar ao<br />
poder.<br />
Nesta ode, o governo, quem diria, é quem faz lobby pela cabeça do aliado mais fiel.<br />
Lula, dizem, dorme com uma vela acesa, implorando a São Francisco que leve Zé<br />
para longe, junto com a crise.<br />
Os irresponsáveis – e quase extintos – tucanos, aliaram-se aos peefelistas<br />
remanescentes da ditadura militar para trazer o PT ao degrau mais baixo da<br />
escada. A estratégia não visava, até agora, o impeachment de Lula. Na cabeça da<br />
oposição, o único objetivo era vingar-se, entretanto, o alvo não eram os<br />
parlamentares corruptos e, sim, os 53 milhões de eleitores que elegeram o<br />
operário. ACM Neto, Onyx Lorenzoni, José Agripino, Arthur Virgílio e Eduardo<br />
Azeredo só estavam sedentos pela oportunidade de dizer aos quatro cantos: “eu<br />
avisei”.<br />
Como previsto, Lula não morreu. Falou bobagens, apareceu em plena campanha<br />
pela reeleição, foi populista, enfim, foi Lula. O tiro saiu pela culatra. PSDB e PFL<br />
confiaram no bordão ‘não se chuta cachorro morto’ e já colheram os primeiros<br />
frutos podres. Azeredo, literalmente, azedou. Enquanto isso, nas sombras do<br />
Plenário, o desolado José caminha a passos largos, cabisbaixo, humilde.
A saída, agora, é partir para o contra-ataque. Depois do respiro do governo – e de<br />
Zé -, mesmo com os bolsos lotados de notas frias de campanha, o PSDB protocolou<br />
a abertura da CPI do Caixa 2. Para analistas em crise, trata-se de uma atitude<br />
preventiva para afastar possíveis investidas de petistas.<br />
Num sábio ditado popular “quem não deve, não teme”. Se for verdade, muitas aves<br />
devem cair. Dos tucanos aos galos de rinha, haverá uma mega-operação para<br />
isolar todo tipo de penoso. Talvez seja o medo da gripe aviária...<br />
A ÚLTIMA CHANCE<br />
Por Alex Barbosa<br />
Arte: Conceição Cahú Com o recebimento do 13º salário, toda<br />
a rede de consumo - fabricante,<br />
distribuidor e lojista - prende a<br />
respiração, esperando que milhões de<br />
trabalhadores decidam, enfim, fazer suas<br />
compras de Natal. Preocupada, a<br />
Associação Comercial de São Paulo até<br />
realizou um estudo, a respeito das<br />
intenções de seus clientes.<br />
Cerca de mil entrevistados apontaram<br />
quais eram os produtos mais cobiçados e<br />
que tipo de pagamento (a vista ou<br />
parcelado) faria na ocasião. Para a<br />
primeira questão o resultado, na região<br />
sudeste, indica que o vestuário segue na<br />
frente com 42%.<br />
Em segundo lugar estão os aparelhos de DVD com 11%. Destaque nesta tendência<br />
é que 20% das pessoas não pretendem fazer aquisição alguma.<br />
Quanto ao pagamento há convergências diferentes. Eletroeletrônicos, que<br />
demandam investimentos maiores, serão pagos em inúmeras parcelas por mais de<br />
80% dos interessados, enquanto jóias, perfumes e calçados terão a preferência –
cerca de 60% - do saldo a vista. Neste quesito chama atenção à categoria ‘viagens’<br />
que seria quitada em uma única vez, por 80% dos pesquisados.<br />
Já o para o governo os índices são animadores. É o aponta um estudo da MS<br />
Consult, elaborado para o jornal Folha de S. Paulo, em que o crescimento do<br />
Produto Interno Bruto (PIB), nos anos da administração de Luis Inácio Lula da<br />
Silva, foi de 3,11%. Superior a média de Fernando Henrique Cardoso com 2,56%<br />
no primeiro mandato, e 2,09% no segundo.<br />
E qual será a influência deste resultado entre os eleitores? A Fundação Getúlio<br />
Vargas (FGV) estabeleceu uma referência denominada Índice de Confiança do<br />
Consumidor. O parecer demonstra que, dentre os que acreditam que a situação da<br />
família está ruim, a proporção aumentou de 20,7% para 21,7%. Ao mesmo tempo,<br />
dos que acreditam num panorama favorável em casa, à média caiu de 18,5% para<br />
18,3%. Ou seja, ainda há muito que fazer.<br />
Há, portanto, a certeza de que o dono do último pagamento do ano pesquisará<br />
muito, antes de fechar a lista do Noel. Para quem tem, além de paciência, tempo<br />
há as ruas de comércio especializado (veja em Agenda), em que as vantagens<br />
parecem tentadoras. Em meio ao contrabando explícito dos vendedores ambulantes<br />
e ao trânsito que castiga nesta época, estão as bem-vindas liquidações, valendo, é<br />
claro, sempre uma verificação dos juros cobrados. Enfim, não existe motivo para<br />
desânimo. Afinal de contas, o importante é comemorar.<br />
CHEGA DE SAUDADE<br />
Por Adriana Brito<br />
Vinícius não tinha nada de comum. Ao mesmo tempo, gostava de ser apenas mais<br />
um, entre tantos. Sua arte não era simples. Ainda assim, qualquer brasileiro –<br />
quiçá outro ser humano presente neste tempo – já entoou um verso seu. Daí que,<br />
um filme sobre ele não teria uma história qualquer. E é bem possível que esta<br />
película seja mais um sucesso de público. Ainda mais se considerarmos que a<br />
última produção do gênero “2 Filhos de Francisco” teve uma aceitação maciça dos<br />
espectadores.<br />
Dirigido por Miguel Faria Jr. e produzido por Susana de Moraes a montagem conta<br />
com a atuação de Camila Morgado e Caio Blat como ponto de partida, para contar a
odisséia de um dos maiores bardos do país. Autor de cerca de 400 letras de música<br />
e 400 poesias Vinícius de Moraes nasceu em 1913, quando o Rio de Janeiro ainda<br />
era um lugar sem muita personalidade. Com forte influência francesa, a cidade se<br />
fazia por praias desertas, e uma orla em que apenas um milhão de habitantes se<br />
refestelava.<br />
Seria muito presunçoso dizer que este poeta foi um divisor de águas na cultura<br />
nacional. Seria? E ele foi mesmo. Depois da mudança ocorrida na década de 50,<br />
com a americanização, as calças jeans e as primeiras baladas, os cariocas viram em<br />
Vinícius, um ícone, no processo de afirmação e de reação, de que o Brasil era de<br />
fato, nosso.<br />
Era chegado o tempo da bossa-nova, do samba com jeito nobre, das letras<br />
inspiradas em Xangô, em Iemanjá e em Itapoã. Dos lamentos suscitados na<br />
maresia constante, no Cristo Redentor e na benção, de que seria melhor então, ser<br />
alegre que ser triste. Da observação dos primeiros rabiscos dos morros – em que a<br />
pobreza foi empurrada sutilmente para debaixo do grande tapete verde que<br />
compõe o cenário do Rio – o poeta tratou de abstrair-se de uma realidade difícil,<br />
para enxergar apenas ela, a Garota de Ipanema.<br />
O filme “Vinícius” conta com testemunho de Chico Buarque, Carlos Lyra, Toquinho,<br />
Maria Bethânia, Caetano Veloso, Ferreira Gullar, entre outros parceiros. Evidente<br />
que o tempo não assegurou que os companheiros Tom Jobim e Baden Powell<br />
pudessem discorrer sobre o processo de criação de obras primas como ‘Eu Sei Que<br />
Vou Te Amar’, ‘Berimbau’, ‘Se Todos Fossem Iguais a Você’.<br />
É possível ainda conferir a interpretação sensível de alguns sucessos executadas<br />
por Adriana Calcanhoto, Mariana de Moraes, Mônica Salmaso e Olívia Byington.<br />
Com estréia marcada para novembro, ‘Vinícius’ propõe o reconhecimento de um<br />
artista que cantou como poucos, o feio e o bonito.<br />
BARBA, CABELO E BIGODE<br />
Por Hugo Dourado
Para coroar uma brilhante temporada, que acabou com a hegemonia da poderosa<br />
Ferrari, a Renault foi soberana no circuito de Xangai, última prova no ano. Seus<br />
pilotos fizeram dobradinha na primeira fila do grid e deixaram claro que seria muito<br />
difícil para a McLaren conquistar o mundial de construtores, que era a única coisa<br />
que restava. Lembrando também que a equipe francesa venceu a primeira etapa do<br />
mundial assim, abriu e fechou, com “chave de ouro”, a temporada.<br />
A corrida foi atípica e marcada por algumas trapalhadas. Pela primeira vez na<br />
carreira, Michael Schumacher foi o destaque negativo de uma prova. Primeiro levou<br />
uma porrada de uma Minardi na volta de apresentação e teve que largar dos boxes.<br />
Depois conseguiu rodar sozinho, com o Safety Car na pista.<br />
Voltando ao campeão, Alonso teve uma temporada brilhante e regular, além de<br />
contar bastante com a sorte. Mas a sorte costuma acompanhar os vencedores. O<br />
espanhol tem tudo para conquistar outros títulos, não acredito que vire um<br />
Schumacher, mas com certeza não irá ficar apenas nesta conquista.<br />
Para nós brasileiros órfãos de um campeão desde a morte de Senna, resta mais<br />
uma vez, torcer para que o próximo ano seja diferente. Não quero iludir ninguém,<br />
muito menos criar falsas esperanças, justamente por isso escrevo o que penso. Não<br />
vejo a menor possibilidade de termos um campeão no ano que vem.<br />
Massa será companheiro de Schumacher e fará o mesmo papel que Barrichello<br />
desempenhou nos últimos anos. Rubinho vai para BAR, que é sempre cotada para<br />
ser grande, mas nunca cresce. Pizzonia dificilmente correrá pela Williams, sendo<br />
assim é bom achar uma equipe pequena, ou com muita sorte, média, caso<br />
contrário desista de ser piloto.<br />
Minhas apostas para 2006 são: Alonso, Montoya, Raikkonen e Schumacher. Podem<br />
me cobrar.<br />
CHULAPA, GOLS E IRREVERÊNCIA<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
No longínquo 30 de agosto de 1981, a Ponte Preta bateu o São Paulo por 2 a 1, no<br />
Morumbi, e nenhum torcedor arredou pé do estádio após a partida. O zagueiro<br />
Juninho, da Ponte, havia perdido aposta para o amigo Serginho Chulapa, e teve de
carregá-lo nas costas de gol a gol, porque Serginho cumpriu a promessa de deixar<br />
sua marca de artilheiro. Do contrário, Serginho carregaria o zagueiro.<br />
Que baita brincadeira sadia! Bons tempos, aqueles, em que o jogador sabia<br />
promover o espetáculo de futebol. Chulapa, entretanto, viajava do céu ao inferno<br />
em segundos. Ora gozador, ora briguento; ora sorridente, ora atracando-se por<br />
coisa tola.<br />
Com a mesma facilidade que abria os braços e usava as pernas compridas para<br />
evitar a aproximação do adversário, se irritava com a marcação implacável e<br />
acabava expulso. Com a mesma facilidade que cabeceava de forma indefensável,<br />
xingava juízes e cavava infantilmente o cartão vermelho.<br />
Chulapa carregou o time do São Paulo nas costas em 1977. Também pudera. O que<br />
esperar de uma equipe formada por Toinho; Getúlio, Estevam, Tecão e Bezerra;<br />
Chicão, Teodoro e Neca; Zequinha, Serginho Chulapa e Viana? Foram tempos em<br />
que o Tricolor, mesmo enfrentando o modesto Treze da Paraíba, no Morumbi,<br />
sentia o calor de sua torcida; tempos em que o uruguaio Dario Pereyra estava<br />
chegando para assumir a quarta zaga.<br />
Serginho marcou 243 gols com a camisa do São Paulo e a total só não foi<br />
aumentado porque o atleta ficou 14 meses afastado do futebol, suspenso após<br />
agressão a um bandeirinha.<br />
As apostas de Serginho eram sempre chamativas. Havia captado o estilo<br />
provocativo de Dadá Maravilha, que dava nome aos gols. Dadá, por exemplo,<br />
batizou o primeiro gol com a camisa da Ponte Preta, em 1978, de “Fepasa”, em<br />
homenagem aos torcedores que ficavam no morrinho da ferrovia assistindo só uma<br />
parte do campo, porque a outra metade ficava encoberta.<br />
O reinado de Chulapa no Morumbi se encerrou em 1983, com a chegada do<br />
atacante Careca, revelado pelo Guarani. Aí, Sérgio Bernardino foi fazer gols no<br />
Santos, clube que se entrosou facilmente. A missão era finalizar as jogadas de uma<br />
"patota" boa de bola, como o ponteiro esquerdo João Paulo, os meias Pita e Paulo<br />
Isidoro, e o atacante Juari.<br />
No Santos, Serginho parecia o lobo que perde o pêlo, mas não perde o vício. Deu<br />
seqüência à carreira de gols, encrencas e expulsões. Reflexo da velha rixa com<br />
Leão - então no Palmeiras - o chutou covardemente, quando o goleiro estava<br />
caído.
Em 1987, foi levado ao Parque São Jorge pelo técnico Chico Formiga, mas no<br />
Corinthians já não era nem sombra daquele atacante que preocupava zagueiros<br />
adversários. Se nos tempos em que era magro já era lento, imaginem, então, com<br />
uns quilinhos e mais!<br />
Chulapa percebeu que sua bola havia murchado e tentou investir na carreira de<br />
treinador. Ele se conduzia bem na função de comandante até que em um sábado à<br />
tarde, no Estádio Brinco de Ouro, em jogo do Santos contra o Guarani, perdeu a<br />
cabeça novamente, ao desferir um pontapé violento que atingiu a bolsa escrotal do<br />
então diretor do futebol bugrino José Giardini.<br />
Essa instabilidade emocional prejudicou sobejamente sua carreira. Por sorte, o<br />
Santos ainda lhe dá respaldo e permite que continue envolvido no futebol como<br />
integrante de comissões técnicas.<br />
BICHO DE SETE CABEÇAS<br />
Por Adriana Brito<br />
Existem artistas no tal do palavrão-epígrafe-gênero conhecido como ‘música<br />
popular brasileira’ que se destacam pelo arranjo, no todo de sua obra. Outros, cuja<br />
voz é belíssima, são os mais lembrados pelo público. Por fim, uma categoria em<br />
extinção, mas que, quando dá sinais de sobrevida, sempre causa tranqüilidade, são<br />
os compositores.<br />
Numa lista despretensiosa estariam nomes como Lamartine Babo, Ari Barroso,<br />
Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque. O<br />
rock nacional da década de 80 também destacou seus virtuoses: Cazuza, Arnaldo<br />
Antunes e Renato Russo. Numa geração mais próxima, novos talentos disputam à<br />
atenção de um consumidor que repele os músicos demasiadamente populares.<br />
São os chamados cult. Lenine seria um deles. Marcelo Camelo também. E Zeca<br />
Baleiro? Sem dúvida. Donos de um perfil diferenciado, eles estão entre os<br />
preferidos dos alternativos e descolados. Seus fãs são fiéis e acompanham a<br />
carreira, quase como amigos. Alguns têm de fato, contato muito próximo.
Zeca é um caso interessante. Chegou num patamar muito perigoso no jeito<br />
mambembe de ser. Participa de trilhas sonoras de filmes e novelas, grava CD´s<br />
com nomes consagrados como Fagner e tem alcançado maior projeção na grande<br />
mídia.<br />
Prova disso é o show ‘Baladas do Asfalto & Outros Blues’, que apresenta em<br />
festejada turnê (confira a programação na Agenda) com nova banda e propostas<br />
interessantes, a exemplo da releitura do trabalho de Benito de Paula e dos Secos &<br />
Molhados. Em seu quinto álbum, Zeca renova a verve criativa, vista nas letras de<br />
seus maiores sucessos como ‘Bicho de Sete Cabeças’ e ‘Telegrama’.<br />
No repertório cheio de baladas neotropicalistas, as canções ‘Meu Amor Minha Flor<br />
Minha Menina’, ‘Alma Nova’ e ‘Versos Perdidos’ ocupam toda sonoridade deste<br />
maranhense apresentado num dueto com Gal Costa. A interpretação de ‘Vapor<br />
Barato’ no espetáculo produzido pela MTV alçou a carreira de Zeca e deu, a<br />
desgastada MPB, um poço mais de oxigênio.<br />
AMÉM: o livro “Buzzmarketing”, de Ben McConnell e Jackie Huba ensina como<br />
transformar a marca num case de sucesso, a partir de um método chamado de
evangelização. Para eles, o marketing antigo funcionava melhor porque utilizava a<br />
técnica religiosa do convencimento inspirada na emoção, na convicção e na<br />
promessa de um caminho melhor. Desta forma o cliente assume a função de um<br />
divulgador fervoroso de seu produto. Editora M. Books, 246 páginas. Preço de capa<br />
R$ 59,00.<br />
WWW: quer entender a cultura digital? Então “Link-se”. O novo livro de Giselle<br />
Beiguelman reúne texto que abordam temas como arte digital, software livre,<br />
cultura google, além da arte na rede e as novas tendências deste segmento. A<br />
autora escreveu outras obras sobre este assunto, como “O Livro Depois do Livro” e<br />
participa de conferências em que discute as novas mídias. Editora Peirópolis, 176<br />
páginas. Preço de capa: R$ 25,00.<br />
É ASSIM QUE SE ESCREVE? O Professor Pasquale Cipro Neto estará na<br />
Universidade do Livro ministrando seu consagrado curso “Nossa Língua Portuguesa:<br />
concisão, clareza, coesões e outras questões...”. Dirigido aos profissionais de<br />
comunicação, professores e o público em geral, as aulas servirão para quem quer<br />
aprimorar os recursos para a produção do texto, bem como conhecer regrinhas<br />
básicas de gramática. Dias 16,23 e 30, das 19h30 às 22h, na sede da Universidade<br />
do Livro, à Praça da Sé, 108 (Centro – São Paulo – SP). O custo é de R$ 250<br />
(estudantes e associados pagam R$ 200).<br />
HUMMMMMM...: Estará no país o Venerável Lama Gangchen Rinpoche,<br />
considerado um dos maiores mestres tibetanos da atualidade. A visita entrou no<br />
Festival Kalachakra, em Avaré. Lá os seguidores dos preceitos da tradição<br />
monástica de mais de 2.500 mil anos poderão compreender e harmonizar as<br />
energias da mente e do corpo. Até o dia 25. Informações pelo telefone (011) 3871-<br />
4827 ou pelo site www.centrodedharma.com.br<br />
DE PEIXES E CAPRICÓRNIO: A Long Jump, que produz os produtos da linha<br />
Cavaleiros do Zodíaco lançou dois novos produtos: lanterna nas cores amarela e<br />
preta que acompanha seis figurinhas do desenho e o Super View, um cinema<br />
portátil que vem com cenas dos Cavaleiros, que pode ser pendurado no pescoço.<br />
Disponível para venda em grandes lojas de varejo, na Americanas.com e<br />
Submarino.com.
CINCO ESTRELAS: Neste hotel<br />
o serviço é realmente<br />
impecável. Também pudera.<br />
Seus clientes são<br />
extremamente exigentes, não<br />
aceitam desculpas, nem se<br />
importam em insistir até<br />
conseguir o que precisam. No<br />
Hotel Para Cães Chácara do<br />
Morumbi estão hóspedes, como<br />
Joe, um labrador executivo que<br />
trabalha todos os dias com seu dono numa agência de propaganda. Para atender<br />
este público, uma estrutura de fazer inveja. São 64 chalés e seis áreas para<br />
recreação, distribuídos em 2 mil metros quadrados. Há ainda tratadores habilitados,<br />
creche, day care, banho e tosa. Para saber mais detalhes basta ligar para 3751-<br />
9970.<br />
DO MEDITERRÂNEO: pratos típicos da França, Marrocos, Grécia, Líbano, Turquia<br />
e Tunísia estão no cardápio do Restaurante Constantino. A gastronomia exótica,<br />
mas com muito charme, inclui cordeiro, pato, camarões e mariscos preparados com<br />
temperos orientais. Destaque para a brusquetta Marselleise, feita com queijo<br />
fundido, ervas finas e cebola caramelada a R$ 15. O restaurante fica na Rua<br />
Graúna, 71, Moema. Informações pelos telefones 5041-7141 e 5543-3650.<br />
www.constantinorestaurante.com.br<br />
ANDO TÃO A FLOR DA PELE: Zeca Baleiro apresenta sua turnê ‘Baladas do<br />
Asfalto & Outros Blues, no Tom Brasil Nações Unidas em São Paulo, dia 04 de<br />
dezembro. Com nova banda – Tuco Marcondes (violões, dobro e guitarra),<br />
Fernando Nunes (baixo e violão), Kuki Stolarski (bateria e percussão) e Adriano<br />
Magoo (teclados e acordeon) – o cantor traz releitura de músicas consagradas e<br />
antigos sucessos. Dia 04 de dezembro, às 20h. O Tom Brasil fica na Rua Bragança<br />
Paulista, 1281. Ingressos de R$ 30 a R$ 80. Informações: www.tombr.com.br e<br />
www.ingressorapido.com.br<br />
ROTEIRO DO SANTA CLAUS: o site Viva o Centro (www.vivaocentro.org.br)<br />
elaborou uma lista com as principais ruas de comércio especializado em São Paulo.<br />
1. Avenida Duque de Caxias (autopeças).<br />
2. Avenida São Luís (agências de turismo).
3. Ladeira Porto Geral (peças para confecção de bijuterias, tecidos e vestuário<br />
infantil – atacado e varejo).<br />
4. Rua 25 de Março (tecidos, armarinhos e bijuterias – atacado e varejo)<br />
5. Rua 07 de Abril (bancos, discos – varejo)<br />
6. Rua Barão de Duprat (grandes magazines de artigos para festas e<br />
brinquedos – atacado e varejo).<br />
7. Rua Barão de Itapetininga (galerias, roupas e calçados – varejo; artigos<br />
típicos brasileiros).<br />
8. Rua Barão de Paranapiacaba (jóias).<br />
9. Rua Conde de Sarzedas (artigos religiosos, que também são encontrados<br />
nas ruas Senador Feijó e Benjamin Constant).<br />
10. Rua Conselheiro Crispiniano (equipamentos fotográficos – atacado e varejo).<br />
11. Rua Direita (grandes magazines de roupas e utilidades domésticas – varejo).<br />
12. Rua do Arouche (calçados e couros – varejo; confecções).<br />
13. Rua do Gasômetro (madeiras e marcenaria – atacado e varejo).<br />
14. Rua dos Gusmões (motopeças).<br />
15. Rua do Seminário (instrumentos e equipamentos de música em geral).<br />
16. Rua Florêncio de Abreu (máquinas e ferramentas – varejo).<br />
17. Rua José Paulino (roupas – atacado e varejo).<br />
18. Rua Marquês de Itu (artigo para pintura e moldura).<br />
19. Rua Santa Efigênia (eletroeletrônicos).<br />
20. Rua São Caetano (conhecida como ‘rua das noivas’, com mais de 150 lojas<br />
especializadas).<br />
E a gente acrescenta:<br />
21. Rua Paula Sousa (artigos para cozinha).<br />
22. Avenida Rebouças (aluguel de roupas).<br />
23. Rua Cardeal Arcoverde (antiquários).<br />
24. Rua Teodoro Sampaio (móveis).<br />
25. Rua Silveira Martins (óleos e essências de perfume).<br />
CHEGA!<br />
Por Helen Pessoa
Quando Roberto Jefferson disse que José Dirceu provocava nele os instintos mais<br />
primitivos, a maioria achou engraçado. E era pra ser mesmo. Agora, se disserem<br />
que o PT provoca nas pessoas as mesmas sensações, ninguém poderá ter, senão,<br />
um calafrio na espinha.<br />
Em outubro, a dona de casa Benedita de Lima Vasconcelos acorrentou-se em<br />
frente ao Ministério da Saúde e disse que ficaria sem comer, até que o presidente<br />
a atendesse. Num protesto contra a corrupção, Benedita exigia a presença de Lula,<br />
porque achou que era o único que poderia resolver seu problema. Quis perguntar,<br />
“o que pode ser feito”?<br />
Um pouco antes foi à vez de o Bispo Luiz Flávio Cappio entregar-se à greve de<br />
fome. O tema era a transposição do Rio São Francisco, que segundo o sacerdote<br />
causaria um impacto sem precedentes às comunidades ribeirinhas e ao ambiente,<br />
ao bombear as águas do rio, para abastecer áreas agrícolas e os reservatórios das<br />
grandes cidades da região.<br />
Em carta enviada a Lula durante a manifestação, Luiz Flávio, que chegou a fazer<br />
campanha para o então candidato petista, disse, “esperávamos do senhor um<br />
apoio maior em favor da vida, do rio e do seu povo”.<br />
Neste domingo, o ambientalista Francisco Anselmo Gomes de Barros, de 65 anos<br />
decidiu levar ao extremo sua discordância contra o projeto do governador José<br />
Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT. A proposta enviada a Assembléia<br />
Legislativa de Campo Grande prevê a instalação de usinas de álcool e açúcar, na<br />
bacia do rio Paraguai, bem onde está o Pantanal.<br />
Inconformado com o andamento da discussão, que provavelmente teria a maioria<br />
dos votos dos parlamentares a favor do governador, Francelmo – como era<br />
conhecido – decidiu pelo final. Estendeu dois colchonetes na calçada, despejou<br />
todo o litro do álcool e ateou fogo. Em questão de segundo teve 100% do corpo<br />
queimado. Testemunhas no local ainda tentaram socorrê-lo, sem sucesso.<br />
Teve o cuidado de deixar cartas endereçadas a família, aos amigos, aos<br />
companheiros da ONG que ele ajudou a fundar a 30 anos, a Fuconams, e a<br />
imprensa. Questionado, Zeca do PT disse que a idéia é de construir as usinas num<br />
antiplano, longe da biodiversidade nativa. Será? Diante de tantos fatos fica a<br />
pergunta. E em você, que sentimentos este partido desperta?
Confira abaixo a transcrição de uma das cartas de Francisco.<br />
Meus Queridos pares,<br />
Nós fomos os pioneiros no Brasil na questão do meio ambiente. Hoje, somos<br />
passados para trás pelos interesses de maus políticos, maus empresários e os<br />
PHDs de aluguel.<br />
Em termos de Brasil, estamos vendo o barco afundar e ninguém diz nada. São<br />
transgênicos entrando de contrabando pelo Sul e o governo apoiando, são as<br />
queimadas na Amazônia e o governo impassível. É gente com terra do tamanho de<br />
um Estado e é gente sem terra. É transposição do Rio São Francisco no lugar de<br />
revitalização.<br />
No Pantanal, querem fazer do rio Paraguai um canal de navegação com portos<br />
para grandes comboios; é pólo siderúrgico e pólo gás-químico. Agora, querem<br />
fazer usinas de álcool no rio Paraguai. Um terço dos deputados a favor, um terço<br />
contra e um terço sem saber o que é. Já que não temos voto para salvar o<br />
Pantanal, vamos dar a vida para salvá-lo.<br />
Fonte: Folha de S. Paulo<br />
NOCAUTE DEFINITIVO<br />
Por Ariana Brink<br />
Francisco Anselmo Gomes de Barros<br />
Muda-se a modalidade, mas a história é sempre a mesma. No esporte, tão<br />
garantida quanto a vitória, a derrota. E os roteiros continuam parecidos, porque os<br />
personagens ganham o mesmo perfil, todas às vezes. Crianças preteridas<br />
financeiramente tornam-se grandes ídolos e na maioria dos casos, se vêem como<br />
adultos mais pobres ainda. E o pior é que o status quo de celebridade permanece<br />
na memória destes indivíduos.<br />
Senão vejamos os casos. Teleco foi um dos maiores artilheiros do Sport Club<br />
Corinthians Paulista. Seu desempenho superou, em muito, o de Marcelinho Carioca,<br />
Neto, Baltazar, bem como de outras estrelas alvinegras. Pois Uriel Fernandes – seu
verdadeiro nome – terminou trabalhando na sala de troféus do clube, numa leitura<br />
perversa de que, o ídolo é eterno.<br />
Ruço, o Beijinho-Doce que levantou a fiel torcida na lendária ‘invasão do Maracanã’,<br />
de 1976 trabalha atualmente como pescador no Rio de Janeiro. E Garrincha, o<br />
inenarrável campeão da Copa de 1958? Enfim, a pecha que carregam os esportistas<br />
não se limita ao futebol.<br />
O atletismo – tão discriminado pelos patrocinadores e organizações oficiais<br />
brasileiras – também tem sua parcela, neste quinhão deprimente. Como diria José<br />
Antônio Martins Fernandes, presidente da Federação Paulista de Atletismo, “... os<br />
pés descalços de crianças e adolescentes que correm nas pistas em busca da<br />
medalha, acabam por transformar sonho em dor...”.<br />
Outros locais também servem de cenário para isso. E um dos protagonistas? Mike<br />
Tyson, dono de um estilo bad boy e de uma carreira meteórica, mas brilhante.<br />
Nascido na periferia de Nova York, mais propriamente no Brooklyn, o garoto<br />
respondia as condições em que vivia com muita violência. Depois de cometer furtos<br />
e envolver-se em brigas de gangues foi preso aos 12 anos, num reformatório. Era<br />
sua primeira experiência no cárcere.<br />
Lá conheceu Bob Stewart, um ex-pugilista que o convenceu a treinar os primeiros<br />
jebs e uppercuts. E o que mudaria a prática de tal esporte na vida do garoto? Ele<br />
aprenderia a canalizar sua agressividade? Conquistaria qualidade de vida e<br />
estabilidade econômica através do trabalho como atleta profissional? Representaria<br />
o país em uma disputa olímpica? Talvez tenham sido estes, os anseios do primeiro<br />
técnico.<br />
A resposta para tudo seguiu-se a mesma: não. E por quê? É o sistema. Seja em<br />
que segmento esportivo for, se o atleta não contar com dois preceitos básicos,<br />
trajetórias como estas continuarão a se repetir. O primeiro diz respeito aos<br />
agentes, que precisariam ser preparados tecnicamente e acompanhados pelas<br />
federações, de modo a realizar um trabalho pautado na ética. E o segundo - que<br />
deveria ser obrigatório -, trata de uma equipe multidisciplinar disposta pelos<br />
organismos de representação, para acompanhar o desenvolvimento do esportista e<br />
orientá-lo psicologicamente.<br />
Tyson em visita a São Paulo foi perseguido por um cinegrafista. Irritado lidou com a<br />
situação do modo que sempre fez. Desferiu um golpe no rapaz e achou que tudo<br />
estava resolvido. Foi preso por agressão – embora seu advogado tenha
desmentido, dizendo que não havia marcas na vítima – e obrigado a prestar<br />
depoimento. Como não é réu primário terá que voltar para responder processo.<br />
Acuado – parece risível para um homem de seu porte – chorou e disse, “as pessoas<br />
não me amam”. É, de fato, o nocaute final.<br />
PEIXES, TEMPEROS E TATAME...<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
O desejo de Alexandre Macedo, o conhecimento de Marcelo Ferreira sobre<br />
restaurantes e a experiência administrativa de Igor Sotero resultaram numa idéia<br />
que vingou: o Tori. O restaurante típico japonês foi inaugurado há alguns meses e<br />
promete trazer ótimos resultados aos proprietários. Aos clientes, ambiente e pratos<br />
com qualidade, dos tradicionais aos criativos. O Tori acomoda até 100 pessoas,<br />
sendo que 28 podem ficar no tatame. Voltado ao público das classes A e B,<br />
geralmente, o “japonês” vende, em média, 600 kg de alimentos por mês. Alexandre<br />
contou um pouco sobre o local para a equipe da 14º Andar. Confira abaixo:<br />
O Tori foi inaugurado neste ano, mas desde quando foi idealizado? Por<br />
quem? Por quê? Alexandre: Foi idealizado neste ano mesmo, por mim, porque<br />
tenho escritório nas redondezas e sempre queria comer algo diferente e só<br />
encontrava comida trivial, por quilo, ou comidas não tão bem elaboradas e nem<br />
ambiente propício para relaxar ou se reunir com clientes e amigos na hora do<br />
almoço. Além do mais, eu sempre quis ter um espaço próprio para inovar na<br />
culinária oriental, já que passo três meses ao ano na China, no Japão, na Tailândia,<br />
no Vietnã, na Coréia, etc. Sempre comendo e visitando centenas de restaurantes,<br />
aprendendo e experimentando muita coisa nova e também muita coisa tradicional<br />
do interior desses países.<br />
No site do Tori, vocês citam aquela velha história de que um povo<br />
milenar... Mas os brasileiros, de certa forma, também são milenares, sendo<br />
que são descendentes de povos milenares... O que realmente diferencia a<br />
comida japonesa? Seria o fato de muitos pratos serem frios e feitos com<br />
carne crua? A história do povo milenar é velha mesmo. O hábito de alimentação à<br />
base de peixe e arroz não surgiu só pelo fato de ser uma excelente combinação,<br />
mas, principalmente, porque não havia outra opção em função da situação<br />
geográfica e econômica do Japão e outros países da Ásia Oriental, na época.<br />
Infelizmente, os brasileiros não têm tradição milenar, pois fomos colonizados por
povos do Novo Mundo, que varreram da terra nossas raízes (indígenas), mesclando<br />
nossos hábitos alimentares aos deles e dos escravos vindos da África. O que<br />
diferencia, realmente, os pratos orientais, principalmente os japoneses, é todo o<br />
ritual de preparo, os equipamentos, a forma harmônica do uso dos ingredientes<br />
crus, aliados aos assados, cozidos ou fritos, além da apresentação dos pratos.<br />
E o tempero, como é? O tempero é à base de soja, largamente utilizada no<br />
oriente e muito benéfica como agente aromatizante das comidas e muito saudável<br />
para o corpo humano. O gengibre também é muito utilizado, seguido do “wasabi”,<br />
conhecido como “raiz forte” e parte integrante no consumo, principalmente do<br />
sashimi (fatias de peixe cru).<br />
Um bom churrasqueiro tem de saber cortar bem a carne. Para o cozinheiro<br />
do restaurante japonês, o corte é o principal segredo? O principal é estar em<br />
harmonia consigo mesmo e ter “expertise” para abrir o peixe, preparar as postas,<br />
cortar as fatias e elaborar os pratos de forma perfeita em sua distribuição,<br />
equilíbrio de temperos e apresentação, sabendo sempre a temperatura ideal pelo<br />
toque e o estado dos ingredientes pelo odor. Para tudo isso, ele deve ter<br />
equipamentos de primeira linha, importados todos do Japão.<br />
Sobre o corte, ele deve ser especial principalmente para peixes? E as<br />
carnes vermelhas e verduras? As carnes vermelhas e as aves são manipuladas<br />
pelo cozinheiro e não pelo sushiman. Este manipula as verduras e ovos, que<br />
também fazem parte de uma diversidade de pratos.<br />
Vocês citam, também, que o jeitinho brasileiro rapidamente aceitou a<br />
comida japonesa e, com adaptações, a tornou até mais saborosa aqui no<br />
continente. O que isso quer dizer? Se servíssemos a culinária cem por cento<br />
japonesa, não acredito que muitos brasileiros iriam apreciá-la. Por este motivo, o<br />
Brasil, com toda sua criatividade, adaptou diversos detalhes da culinária e<br />
ingredientes locais à culinária japonesa, como por exemplo, no hot-roll e no<br />
califórnia. Nós, no Tori, inovamos ainda mais com rolinhos de primavera de queijo,<br />
lula recheada com shimeji e shitake, lula ao gengibre, picanha ao gengibre e alho<br />
poro. São diversos pratos que inovam em tudo que tem no mercado para poder<br />
atender ao cliente mais exigente.<br />
Um dos destaques do Tori, além dos pratos típicos, é o ambiente típico. Ter<br />
salas especiais, como o tatame, é um diferencial importante? O tatame é<br />
usado no oriente não apenas para se alimentar, mas para dormir, descansar, etc.
Nos restaurantes, ele é utilizado obviamente para se alimentar, mas também se<br />
torna um espaço de convivência, onde as pessoas podem se alimentar de forma<br />
descontraída, sem sapato, sentadas no chão, com mais contato humano, e podem<br />
desfrutar melhor dos pratos. No Tori, temos tatame para casais, grupos de 4, 6, 8<br />
ou até 25 pessoas. O tatame para 25 pessoas é um grande diferencial, não<br />
acreditamos que exista lago parecido no Brasil.<br />
Para comer no tatame, há alguma orientação ou recomendação específica?<br />
Ou isso é apenas uma ilustração, ou seja, o consumidor vai no “japonês” e<br />
fica contente apenas por ter almoçado sentado no chão? Pelo contrário,<br />
temos clientes que não gostam de se alimentar sentados no chão. O brasileiro não<br />
tem esse hábito, portanto a estrutura física da coluna não ajuda muito e após<br />
algum tempo cansa um pouco as costas, mas aqueles acostumados garantem que<br />
não trocam por outra coisa.<br />
Os pubs na cidade fazem muita propaganda de seus espaços e cardápios,<br />
mas não parecem, à primeira vista, muito característicos. Afinal, colocar<br />
alguma bebida e prato no cardápio, alguns quadros e fotos não quer dizer<br />
que o restaurante ou o bar é irlandês ou inglês. Essa “falsa caracterização”<br />
também acontece com os “japoneses”? Ou os restaurantes japoneses, em<br />
geral, se preocupam com detalhes da decoração, das cores, da música, etc<br />
para deixar o cliente realmente no clima da cultura japonesa? O restaurante<br />
pode vender o estilo de vida ou a culinária de um país, o Tori é mais focado na<br />
culinária, apesar de que procuramos mesclar detalhes de decoração japonesa.<br />
Porém, não aquela tradicional. Partimos para uma decoração japonesa “moderna”,<br />
com base nas “viagens do Alexandre”.<br />
Diversas vezes ouvimos e vemos notícias sobre males causados por carne<br />
crua de peixe. Como o Tori lida com essa história? O Tori segue todos os<br />
padrões de higiene e conservação de alimentos. No caso dos peixes, somos<br />
abastecidos até três vezes ao dia, não mantemos estoque de peixe resfriado por<br />
mais de um dia. Portanto, não temos porque nos preocupar com esses males. O<br />
peixe principal, o salmão, é importado do Chile basicamente, país que ano a ano<br />
ganha prêmios de excelência na produção e exportação desta espécie.<br />
De toda a comida vendida pelo Tori, quanto o peixe representa? Cerca de 60<br />
%.
De modo geral, o peixe é o principal ingrediente da culinária japonesa?<br />
Sim.<br />
Esse número é diferente fora do Brasil? E no Japão? A diferença básica é o<br />
tipo de peixe, no Japão não se consome salmão e os outros peixes são consumidos<br />
secos em sua maioria, o sashimi é um prato caríssimo, mesmo para o bolso dos<br />
locais, no Japão. Enquanto no Brasil se gasta 20 dólares para comer sashimi, no<br />
Japão não se come por menos de 50, por pessoa.<br />
Confira mais sobre o restaurante no site: www.sushitori.com.br.<br />
Ainda assim, num<br />
UM DIA A FOME SERÁ ZERO<br />
Por Sandi Dias<br />
Um dia. Não agora. O presidente preferiu dar um tiro no pé ao<br />
invés de arregaçar as mangas para, definitivamente, reforçar a<br />
grande bandeira de sua campanha, o Fome Zero. Deveria vestir-<br />
se de humildade e ir à mídia declarar porque este final de ano<br />
será pior que o último, para mais de 53 milhões de pessoas.<br />
gesto irresponsável, ele pinçou idéias independentes que já<br />
existem e as agregou a sua falácia eleitoreira, de uma forma quase circense.<br />
Enquanto isso,<br />
o governo petista lançou mais uma edição do projeto ‘Ação da<br />
Cidadania, Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida’, idealizado pelo sociólogo Herbert<br />
de Souza. Há doze anos, Betinho fazia parte do chamado Movimento pela Ética na<br />
Política, que pedia o impeachment de Fernando Collor, então Presidente da<br />
República. Em 1992 eram contabilizadas pelo IPEA 32 milhões de brasileiros abaixo<br />
da linha de pobreza. Betinho percebeu que era necessário fazer algo.<br />
E fez. Seguindo seu sonho, dezenas de voluntários se arregimentaram<br />
em prol de<br />
um objetivo, simples, mas de natureza infinitamente humanista: que as famílias<br />
carentes tivessem condições de realizar, pelo menos, uma refeição digna no dia de<br />
Natal.<br />
Dessa forma<br />
em todo o 16 de outubro – Dia Mundial da Alimentação – é realizada a<br />
convocação para que cidadãos do país inteiro doem, pelo menos, um quilo de<br />
alimentos não-perecíveis como arroz, açúcar, farinha, óleo e feijão.<br />
Escolas, associações de bairro, organizações civis, artistas, comunidades<br />
religiosas<br />
e populares integram a maratona que tem como ponto de partida, o Aterro do<br />
Flamengo, no Rio de Janeiro. Ainda assim, postos de coletas e 800 comitês estão
espalhados por todo país. Outro reforço para este ano, veio da adesão da Bit<br />
Company, uma das líderes na área de informática, que coloca as 171 unidades em<br />
16 estados e no Distrito Federal a serviço do projeto.<br />
Para colaborar é muito simples. Além da cessão de mantimentos, podem-se<br />
comprar as camisetas da campanha, ou fazer um depósito de qualquer valor na<br />
conta corrente do ‘Natal sem Fome’ – as informações estão disponíveis no site<br />
www.acaodacidadania.com.br. Os recursos obtidos servem para compor novas<br />
cestas básicas.<br />
Como dizem, " querer é poder". Não precisa ser presidente, nem tampouco há<br />
necessidade de criar subterfúgios para aproveitar-se de quem está em situação de<br />
miséria. Basta lembrar apenas da frase entoada por Betinho: “quem tem fome, tem<br />
pressa”.<br />
MAIS UMA DOENÇA RARA...<br />
Por Graziela Piro<br />
Em 1882 a Doença de Gaucher (a pronúncia correta é “GUXÉ”) foi diagnosticada<br />
pelo medico francês Phillipe Ernest Gaucher em um paciente que apresentava o<br />
baço e o fígado com tamanhos maiores que o normal.<br />
É uma doença hereditária recessiva – quando os filhos herdam dos pais – que não<br />
produz um tipo de enzima, a beta-glucocerebrosidase, necessária para digerir a<br />
gordura dentro das células. A conseqüência da falta dessa enzima é o não<br />
funcionamento correto dos órgãos onde elas se depositam como o fígado, medula<br />
óssea e baça, podendo estar presentes em outras partes do corpo.<br />
Os sintomas aparecem em qualquer idade, da infância à velhice. Freqüentes dores<br />
nas pernas, cansaço, fraqueza (causada pela anemia), muito sono, palidez,<br />
emagrecimento, sangramento pelo nariz (causado pela diminuição de plaquetas),<br />
atraso no crescimento, manchas roxas pelo corpo e baço aumentado<br />
(hepatoesplenomegalia).<br />
Existem 3 tipos de manifestações clinicas:
A forma não neuropática ou Tipo 1 considerada a mais comum no mundo todo se<br />
caracterizando pelo quadro visceral e hematológico e pela ausência de<br />
comprometimento neurológico (degeneração mental e convulsões);<br />
Na Forma neuropática aguda ou Tipo 2 as manifestações clínicas são muito<br />
precoces e há um comprometimento importante da parte neurológica;<br />
A forma neuropática subaguda ou Tipo 3 é bem semelhante ao Tipo 2, porém<br />
menos precoce.<br />
O diagnostico da Doença de Gaucher, associados aos sintomas característicos, se<br />
dá com o auxilio de exames específicos podendo ser:<br />
• Determinação da atividade da glucocerebrosidase em leucócitos;<br />
• Biópsia hepática ou da medula óssea;<br />
• Hemograma<br />
• Diagnóstico molecular - Descrição da alteração na seqüência de DNA que é a<br />
causa da doença de Gaucher. Pode ser feito por técnicas de biologia<br />
molecular tais como PCR, digestão por enzimas de restrição, e seqüência de<br />
DNA.<br />
A Imiglucerase é atualmente um análogo da enzima glucocerebrosidase produzida<br />
por tecnologia de DNA recombinante que utiliza cultura celular de mamífero. O<br />
tratamento é através da terapia de substituição enzimática por infusão endovenosa,<br />
sendo a dose calculada pelo médico.<br />
Para saber mais acesse a Associação Paulista de Portadores da Doença de Gaucher<br />
http://www.appdgaucher.org.br/informacao.htm.<br />
DEZEMBRO<br />
JÚLIO CÉSAR, QUE BAITA ZAGUEIRO!<br />
Por Ariovaldo Izac<br />
A história do zagueiro Júlio César, titular absoluto da Seleção Brasileira na Copa do
Mundo de 1986, no México, é como muitas de boleiros que tiveram infância sofrida<br />
e posteriormente prosperaram no futebol.<br />
Quando chegou a Campinas, em 1978, Júlio César tinha um histórico trabalhista de<br />
entregador de móveis em Bauru (SP), e ajudava no sustento do lar, pois já não<br />
tinha pai. Em menos de dois anos nas categorias de base já havia sido promovido<br />
ao time principal, pelo técnico Carlos Castilho (falecido), que procurou adaptá-lo<br />
como volante. Pior é que, apesar da difícil assimilação à nova função, continuou<br />
jogando no meio-de-campo até 1982. A gota d'água foi uma partida contra o<br />
Flamengo, no Maracanã, numa derrota bugrina por 2 a 0, quando não foi bem. Aí,<br />
voltou à zaga e seu futebol não parou de crescer.<br />
Na época, Júlio César exibia a vasta cabeleira black power e no primeiro bom<br />
contrato com o Guarani comprou uma casa em bairro de periferia de Campinas,<br />
para poder trazer a mãe -dona Leni-, a avó e o irmão Cassus a Campinas.<br />
A regularidade na zaga central implicou em convocação à Seleção Brasileira ao<br />
Mundial de 1986, e mais que isso: ganhou a posição de Oscar e formou dupla de<br />
zaga com Edinho, recebendo rasgados elogios a cada partida do selecionado.<br />
Quis o destino, entretanto, que numa decisão de vaga através de cobranças de<br />
pênaltis, contra a França, Julião, como era conhecido pelos companheiros,<br />
acertasse uma pancada na bola, que explodiu contra o poste direito. Começava ali<br />
a eliminação da equipe na competição, mas nem por isso o atleta foi<br />
responsabilizado, porque no transcorrer daquela partida o meia Zico também<br />
perdeu pênalti.<br />
Valorizado, Júlio César foi cobiçado pelo futebol europeu e o Montpellier, da França,<br />
o contratou. No velho mundo, o zagueiro "rodou" por 12 anos. Jogou na Juventus,<br />
da Itália; Borussia Dortmund, da Alemanha; Werder Bremen, igualmente da<br />
Alemanha; e Panathinaikos, da Grécia.<br />
Júlio César acalentou o sonho de encerrar a carreira no futebol brasileiro e o<br />
Botafogo (RJ) o recebeu de braços abertos. Em campo, já não ratificava as virtudes<br />
que o consagraram: imbatível no jogo aéreo, tempo adequado da jogada para<br />
antecipação, velocidade nas coberturas e perspicácia para evitar o drible.<br />
A última chance como atleta, aos 37 anos de idade, foi no Rio Branco, de<br />
Americana (SP). Seguidas contusões prejudicaram seu desempenho, um indício de<br />
que a brilhante carreira de atleta estava terminando.<br />
A estreita ligação com o futebol não permitiu que Júlio César se distanciasse do<br />
meio. Ainda como atleta já havia construído um complexo esportivo para revelar<br />
novos jogadores, em Mogi Mirim, e instalado uma fábrica de bolas.<br />
Júlio César já foi gestor do Noroeste, de Bauru, e na efêmera experiência como<br />
treinador saboreou a conquista do título do Campeonato Alagoano pelo Corinthians.
Agora, o ex-zagueiro atua como empresário de futebol, aproveitando o bom<br />
trânsito na Europa. Evidentemente que o rico histórico de Júlio César como jogador<br />
teria de ser comemorado numa partida de despedida e o evento foi realizado na<br />
Alemanha, num confronto entre "Amigos de Júlio" e o Borussia, no dia 13 de<br />
novembro.<br />
PÁRA! PÁRA! PÁRA!<br />
Por Adriana Brito<br />
E não volta mais. Chega! Chega! Chega! Depois de<br />
amargar o castigo-mor para uma emissora de televisão,<br />
a perda do sinal, determinado pela juíza da 2ª Vara<br />
Federal de São Paulo, Rosana Ferri Vidor, a direção da<br />
Rede TV! resolveu, enfim, retirar do ar os programas do<br />
humorista João Kléber. O primeiro a sofrer o corte da<br />
guilhotina foi o “Tarde Quente” que tinha como linha<br />
principal, os trotes armados contra populares,<br />
conhecidos como pegadinhas.<br />
O que aconteceu é que grupos como o Intervozes,<br />
Associação da Parada do Orgulho dos Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros,<br />
entraram com uma representação contra a atração. Segundo o parecer do<br />
Promotor Regional dos Direitos dos Cidadãos de São Paulo, Sérgio Suiama, o<br />
conteúdo ofende negros, homossexuais, idosos, mulheres, portadores de<br />
necessidades especiais e crianças.<br />
Ao que parece a Rede TV! acatou a ordem, não por um cumprimento a<br />
determinação judicial e, sim, por conta do corte de patrocínio feito pelo principal<br />
anunciante do show, a loja de móveis Marabrás. Além disso, a emissora foi<br />
obrigada a arcar com uma multa de 600 mil reais, sendo 200 mil para a produção<br />
de uma grade educativa, que entra no ar dia 05 de dezembro e vai até 13 de<br />
janeiro, e o restante para a conta-corrente do Fundo de Defesa de Direitos Difusos.<br />
Em seguida, o “Eu Vi na TV”, formado única e exclusivamente por um quadro<br />
chamado “Teste de Fidelidade” padeceu de um segundo golpe. Não poderá mais
fazer uso deste recurso que, teoricamente, testa mulheres, induzindo-as a falta de<br />
compostura e humilhação pública.<br />
Antes de comemorar o fim da chatice de João Kléber, ídolo do trash do trash e<br />
digno de filmes de terror não-catalogáveis é de se esperar que ele, como todo<br />
monstro que se preze, provavelmente volte para assustar o entretenimento alheio.<br />
Outro que deveria entrar na lista, ainda consegue manter-se cercado por uma aura<br />
de qualidade. Tom Cavalcante que atuava como roteirista de Chico Anísio revive o<br />
desnecessário em seu programa “Show do Tom”, exibido pela Rede Record.<br />
Num destes dias ele parodiava o colega Milton Neves, na mesa redonda chamada<br />
‘Tom de Bola’ em que convidados discutiram a vitória do time do Corinthians por<br />
sete a um sobre o Santos. Estavam presentes além do ex-jogador Neto, o<br />
humorista Tiririca que num momento achou por bem ironizar o estado de uma<br />
senhora que integrava a platéia. Disse ele, com seu jeito jocoso, “Olha, ela nem<br />
sabe o que está fazendo aqui!”. A câmera depois de enquadrar a expressão<br />
catatônica da velhinha, flagrou Neto e a platéia rindo desta piada de mau gosto.<br />
Nem Faustão, nem Gugu Liberato, nem mesmo a turma do Pânico na TV! com seu<br />
humor tosco ousam desrespeitar aqueles que dão o ar da graça na platéia, que<br />
ligam a televisão, garantindo gordos salários mensais e que consomem os produtos<br />
indicados por eles: a audiência. Desse modo, Tom poderá, em breve, ser vítima da<br />
máxima de um de seus personagens, o Tompete Justus. “Você está demitido!”.<br />
FORA DE COMPASSO<br />
Quatorze anos depois de vitimar o líder da banda Queen e finalmente ser encarada como<br />
epidemia mundial, a AIDS continua a assustar pela rapidez com que se espalha.<br />
Por Helen Pessoa<br />
Em 1º de dezembro, dia mundial do combate à doença, a conscientização ainda é a<br />
melhor prevenção. Estima-se que pelo menos 4,5 milhões de pessoas são<br />
portadores do vírus HIV. Deste total, 600 mil só no Brasil.
Morto em 24 de novembro de 1991, Freddie Mercury, vocalista do Queen, foi uma<br />
das vozes na luta contra a AIDS. Homossexual assumido, Freddie causou furor ao<br />
anunciar que era soropositivo.<br />
Historicamente, a AIDS surgiu na África na década de 30. Sabe-se pouco sobre a<br />
evolução da doença, mas os cientistas acreditam que as primeiras vítimas fatais<br />
eram caçadores de símios, que no transporte do animal eram feridos e<br />
contaminados. Uma ala mais radical, no entanto, atribuí à migração do vírus<br />
através de práticas nada ortodoxas, ou seja, pela via sexual entre caçador e caça.<br />
O certo é que a partir da urbanização africana, nos anos 60, o vírus se espalhou.<br />
Recentemente analisada, uma amostra sangüínea de um homem da capital do<br />
Congo, Kinshasa – retirada em 1959 -, foi a prova cabal da existência da AIDS já<br />
naquela época.<br />
Oficialmente batizada de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), a doença<br />
chamou a atenção da sociedade apenas com a crescente epidemia no ínicio dos<br />
anos 80. Os primeiros infectados foram pequenos grupos de homossexuais, fato<br />
que gerou isolamento e preconceito imediatos. Depois do registro de transmissão<br />
entre toxicodependentes e heterossexuais, o mundo percebeu que se tratava de<br />
uma doença sem precedentes e que não escolhia suas vítimas.<br />
Em 1985 o showbusiness foi<br />
abalado com a morte precoce do<br />
guitarrista do The B-52´s, Rick<br />
Wilson. O músico Petter Allen<br />
também perdeu a batalha contra<br />
a AIDS. No Brasil, Cazuza e<br />
Renato Russo deixaram os palcos<br />
para travar nos bastidores a<br />
guerra pela vida. Ambos<br />
perderam. Em pleno século XXI a<br />
desinformação é a principal<br />
barreira para o combate à AIDS.<br />
A geração camisinha e os vovôs<br />
viagra confiam demais no dito<br />
popular “comigo nunca vai<br />
acontecer”. Ledo engano.
Médicos infectologistas alertam para o perigo do sexo sem proteção e do número<br />
cada vez maior de idosos e jovens contaminados. Mercury, se estivesse vivo, teria<br />
completado 60 anos. Deixou um legado precioso que transcende o brilhantismo de<br />
sua voz – da cena pop às causas humanitárias, a fundação que leva seu nome tem<br />
como principal objetivo investir na erradicação da AIDS nos países pobres.<br />
A QUEDA DOS PARADIGMAS<br />
Por Alex Barbosa<br />
Antigamente a produção do disco feito em vinil era cara.<br />
Então, quando um novo artista era lançado no mercado<br />
criava-se um pequeno exemplar de 33 rotações contendo<br />
duas músicas, para ter o parâmetro da aceitação deste, pelo<br />
público. Era o chamado single. De acordo com o resultado,<br />
um novo material seria criado com todas as canções inseridas<br />
em um longplay, ou para os mais antigos, o LP.<br />
Poderia dizer que no mercado editorial a prática não é comum, mas serve neste<br />
caso. Livros de auto-ajuda não agradam muito a uma parcela significativa dos<br />
leitores habituais. Fórmulas mágicas, voltadas para a conquista das necessidades<br />
primordiais do ser humano, leia-se felicidade, amor e sucesso, soam mais como<br />
enganação. E na maior parte dos casos é isso mesmo.<br />
E se o Fagner manda desconfiar de campanhas políticas que utilizam artistas,<br />
valeria dizer o mesmo de obras que trazem a palavra DINHEIRO estampada na<br />
capa. Seria o caso de “O Pequeno Livro do Dinheiro”, de David Boyle, editora<br />
Cultrix. Não fosse a interessante abertura.<br />
Jornalista ambiental, David é um daqueles idealistas, inconformado com o jogo<br />
financeiro em que a ordem entre ricos e pobres é imutável. É membro da New<br />
Economics Foundation, editor do jornal o ‘Radical Economics’ e atua como<br />
palestrante para uma platéia que escuta atentamente suas descobertas sobre<br />
finanças e estado.<br />
Só a abertura já vale a pena. É o single do livro. É a justificativa do autor para<br />
publicar o livro. Há nela uma carta escrita a estadistas europeus por Guaicaipuro
Cuatemoc, representante de comunidades indígenas. Consta neste protesto que,<br />
“está provado nos arquivos dos povos nativos, com papel, recibo e assinatura, que<br />
entre os anos de 1503 e 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos<br />
de ouro e 16 milhões quilos de prata originários da América. Esses (...) devem ser<br />
vistos como o primeiro de muitos e muitos empréstimos amigáveis das Américas<br />
para o desenvolvimento da Europa”.<br />
Por isso e pelo todo, pode-se dizer que a reflexão de David não é de forma alguma<br />
material de auto-ajuda. É um objeto que se dedica a derrubar paradigmas da<br />
economia, abraçados a exaustão por políticos, confirmados por analistas e<br />
estranhos a maior parte da população.<br />
Como citaria o escritor em um dos capítulos, a frase de John Kennedy Galbraith, ‘O<br />
senso de responsabilidade do mundo financeiro com a comunidade não é pequeno.<br />
É quase nulo’.<br />
DIA DA CONSCIÊNCIA HUMANA<br />
Por Devair Gonçalves e Vivian Santos<br />
No último dia 20 de novembro comemorou-se o dia da CONSCIÊNCIA NEGRA em<br />
homenagem a Zumbi, nascido em 1655. Ainda recém-nascido foi dado ao padre<br />
português Antonio Melo, que batizou o menino com o nome de Francisco. Aos dez<br />
anos de idade como exercia a função de coroinha não era tratado como escravo por<br />
uma jurisprudência do Conselho Ultramarino.<br />
Compreendia tanto o latim, quanto a língua portuguesa, e aos quinze anos mudou<br />
seu nome para ZUMBI. Em seguida fugiu para Palmares dando início a sua<br />
militância que terminara tragicamente no dia 20 de novembro de 1695. Suas ações<br />
representaram à vanguarda de um líder que representou o seu povo, em busca de<br />
liberdade, utilizando-se dos recursos disponíveis naquela época.<br />
Quantos outros nomes podemos citar na luta pela humanidade como Abraão,<br />
Moisés, Jesus, Joana D´Arc, Mahatma Gandhi, Steve Biko, Martin Luther King Jr. e<br />
Nelson Mandela entre outros. Hoje não existem "focos" isolados em prol da<br />
equidade social, mas uma mobilização independente de etnias, culturas e religiões.<br />
Todos os precursores foram necessários para que hoje pudéssemos reconhecer que<br />
somos todos iguais e temos os mesmos direitos, não importando a origem.<br />
Existem várias mobilizações acontecendo neste momento pela cidadania universal,
de forma que nossa consciência sai do estado letárgico e ignora as diferenças por<br />
uma causa maior, a de sermos todos iguais em meio à diversidade. Temos<br />
condições de viver pacificamente nesta miscigenação que enriquece a cada dia o<br />
nosso aprendizado. Vivemos num país livre por natureza com um sentimento de<br />
compreensão e solidariedade que é raro nos demais lugares. Isto faz com que<br />
sejamos pioneiros nesta marcha pela tolerância e pacificação que as outras regiões<br />
pretendem aderir de alguma forma.<br />
É justamente neste berço chamado Brasil que está nascendo o CONSCRE -<br />
CONSELHO ESTADUAL PARLAMENTAR DAS COMUNIDADES DE RAÍZES E CULTURAS<br />
ESTRANGEIRAS, que busca juntamente com as lideranças dos países participantes,<br />
exemplificarem de forma prática a revisão de alguns projetos de lei, adequando à<br />
realidade humanitária dos migrantes, imigrantes e refugiados.<br />
Através de assessoria, acompanhamento jurídico e social, o trabalho conjunto com<br />
organizações e lideranças comunitárias promove intercâmbio cultural, colocando-<br />
nos numa posição de vanguarda num tema atual, em que muitos países ainda não<br />
possuem condições necessárias para executá-lo. Portanto é necessário refletir bem<br />
a respeito, antes de pensarmos num ideal de vida.<br />
Devemos ter a consciência que o próximo estará sempre acima de qualquer<br />
questão. Pense bem: sua consciência fica tranqüila quando você é testemunha de<br />
qualquer atitude discriminatória?<br />
PRA NÃO DIZER QUE NÃO AVISEI<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Chegou a hora de José. O ministro do STF, Sepúlveda Pertence, deu o ar da graça<br />
uma semana depois do empate que selaria o destino do deputado. Sem empurrar<br />
com a barriga, Aldo Rebelo, presidente da Câmara, não alterou a data da votação<br />
pela cassação do aliado.<br />
Em comunicado à imprensa, a assessoria da Casa alertou aos jornalistas que<br />
apenas os credenciados assistiriam ao sepultamento político de Dirceu. Sepúlveda<br />
deu o voto de Minerva [6 a 5] que decretou a supressão de trechos do relatório,
caso do depoimento de Kátia Rabelo, diretora do Banco Rural. Na análise do STF, o<br />
relatório deve ser refeito, mas o processo de cassação segue inalterado.<br />
Há quem resista bravamente ao lado do eterno companheiro. Na internet, o blog<br />
‘amigos do Zé Dirceu’ [www.amigosdozedirceu.blogger.com.br] faz campanha para<br />
salvá-lo. Entre mensagens otimistas, militantes mencionam a biografia de Zé.<br />
Ainda assim, a punição do parlamentar já aconteceu. Na saída do Plenário, Dirceu<br />
foi recepcionado a bengaladas. De arma em punho, o escritor de livros infanto-<br />
juvenis Yves Hublet, 67, desferiu dois golpes na cabeça do ex-ministro.<br />
No Planalto, Lula acena para longe deste ‘perrengue’. Ou seja, a cabeça de Dirceu<br />
pela reeleição. E até Palocci já é tido como problema extra para o Presidente. É<br />
bom lembrar que a cassação depende de 257 votos favoráveis e a articulação<br />
governista espera esvaziar o cenário – mesmo que a contragosto de alguns. Pelo<br />
bem geral da Nação, sai logo Zé!<br />
EM BUSCA DO LIVRO PERDIDO<br />
Por Ariana Brink<br />
As livrarias ficaram lotadas de ávidos leitores. Ao abrir das portas, jovens e<br />
crianças disputaram um exemplar do recém-lançado livro de Harry Potter, escrito<br />
por J.K.Rowling. Trata-se de um fenômeno mundial, repetido pela sexta vez<br />
seguida. No Brasil, em particular, o fato merece atenção especial já que apenas 1/3<br />
da população adulta alfabetizada lê.<br />
O dado revela um país culturalmente pobre. Para medir o nível de interesse pela<br />
leitura, a Câmara Brasileira do Livro encomendou uma pesquisa no final de 2004. O<br />
resultado surpreendeu até os mais otimistas.<br />
O número de brasileiros que afirmou não gostar nem de manusear livros chegou a<br />
17 milhões, sendo que 11,5 milhões possuem até oito anos de instrução. Resposta<br />
compreensível diante da realidade nacional. Segundo relatório do Ministério da<br />
Cultura, 1.300 municípios de regiões carentes não têm sequer uma biblioteca<br />
pública.<br />
Divulgação
Harry Potter - contra todas as estatísticas, o bruxo é um sucesso na literatura e no cinema<br />
Bem ao costume tupiniquim, em que a televisão é a principal fonte de informação,<br />
não é de espantar que 61% dos brasileiros não tenha contato com livros. Além de<br />
tudo, a literatura é cara, e o baixo poder aquisitivo do povo impossibilita<br />
investimentos na aquisição de livros. Por isso, Harry Potter merece respeito. A<br />
história do bruxo adolescente - embora seja muito parecida com o enredo de “O<br />
Senhor dos Anéis” - desperta o interesse pelo mundo das letras.<br />
O curioso é que os fãs da série nem esperam a edição traduzida chegar às<br />
prateleiras, recorrem aos originais em inglês. Ponto para a autora que conseguiu<br />
dar nova tônica ao conto-de-fada, com direito a adaptação para o cinema e<br />
multidões espremidas nas platéias, suspirando pelo herói de apenas 14 anos,<br />
óculos e jeitão inocente. Mágica pura.<br />
ATEMPORAL - Para comemorar o 70º aniversário o Nóbrega Antiquário & Galeria<br />
de Arte reuniu parte de seu acervo numa mostra que vai até o dia 10 deste mês.<br />
No local foram selecionadas telas, esculturas e objetos raros, cujo valor está na<br />
síntese de inúmeras gerações de artistas brasileiros. Entre as obras estão,<br />
“Paisagem Paulista”, de Aldo Bonadei e a primeira partitura escrita no país, de Jean<br />
de Levý. De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. Aos sábados, das 10h às 14h.
Rua Padre João Manoel, 1.231 – Jardins. Informações pelo telefone: (11) 3068-<br />
9388.<br />
BRASILIDADE - Mais um livro da série Folha Explica chega às livrarias. Desta vez<br />
o tema é Caetano Veloso, dono de uma personalidade camaleônica. Escrito por<br />
Miguel Wisnik que aceitou a árdua tarefa de traduzir um dos artistas mais<br />
parnasianos da música brasileira. O exemplar traz ainda discografia e cronologia de<br />
vida do compositor. 200 páginas, preço de capa R$ 19,90.<br />
VERÃO 40º - A Agrofruit lançou no mercado sua linha de sucos concentrados em<br />
sabores escolhidos para o verão. Envasilhado em garrafa pet, contendo 500ml, o<br />
refresco possui alto teor de polpa de fruta e, para quem quiser manter a forma,<br />
nenhuma adição de açúcar. Nos sabores manga, goiaba, caju, maracujá e uva. Mais<br />
informações pelo site www.agrofruit.com.br<br />
DIA SOLIDÁRIO - Vale lembrar do Dia do Voluntariado – o Dia V, que acontece<br />
em 04 de dezembro para ajudar quem precisa. Criado pela Federação das<br />
Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) em que as pessoas dedicam-se aos<br />
oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos pela Organização das<br />
Nações Unidas durante 24 horas. O evento acontecerá simultaneamente em outras<br />
cidades do país. Em Belo Horizonte, o movimento tem sede na Praça da Liberdade,<br />
às 16h. Mais informações pelo site www.fiemg.com.br/cidadania<br />
PARA POUCOS - No dia 08 de dezembro será entregue o Prêmio Paul Donovan<br />
Kigar para as pessoas que tiveram destaque em suas profissões pela ética<br />
demonstrada. A comissão que votou naqueles que receberiam a honraria é formada<br />
por intelectuais, advogados, jornalistas, representantes de entidades religiosas, de<br />
ong´s e do mundo corporativo. Entre os premiados Alberto Santos Dumont, Maria<br />
de Lourdes Guarda, Paulo Freire e Leônidas da Silva. Confira os outros nomes no<br />
site www.malcolmforest.com.br. Para conferir a solenidade o telefone de<br />
informações é (11) 6952-7063.<br />
FÉRIAS PRA QUÊ? - Jovens entre 14 e 18 anos são os maiores beneficiados do<br />
Programa Aprendiz Comgás, que realiza até o dia 16 de dezembro a seleção para<br />
novos grupos com até quatro pessoas cada. Os escolhidos terão a oportunidade de<br />
criar um projeto nas áreas de cultura, saúde, cidadania e meio-ambiente, além de<br />
receber bolsa-auxílio de R$ 150, vale transporte e lanche durante a duração do<br />
curso. São 80 vagas e cerca de 55 encontros em que o participante poderá elaborar
um projeto que beneficie a própria comunidade. As inscrições acontecem na sede<br />
do PAC, na Rua Alegria, 153 – Brás. Telefone para informações: (11) 3209-0298.<br />
COM NADA PARA FAZER? A Editora Globo lançou um especial de histórias da<br />
Turma da Mônica, com as aventuras mais emocionantes de Natal de Cascão, Magali<br />
e Cebolinha. Para crianças de 07 a 12 anos, 160 páginas. Por R$ 5,90.<br />
ÁGUA FRESCA - Não deixe de experimentar os drinks de verão com água de<br />
coco. Além de ser rica em sais minerais, a bebida oferece personalidade a<br />
receitas. Caso da KeroCoco Citrus, que leva vodka citrus e cubos de gelo. Já<br />
com a Motijo Kero-Coco com uma dose de rum, oito folhas de hortelã, duas<br />
rodelas de limão e açúcar a gosto. Veja mais dicas no site<br />
www.kerococo.com.br.<br />
LITERATURA MÁGICA - Chegou às bancas um dos maiores sucessos<br />
editoriais de todos os tempos, o sexto livro da série Harry Potter. Escrito por<br />
J. K. Rowling a obra saiu mais uma vez pela editora Rocco. Neste número,<br />
Harry Potter e o Enigma do Príncipe, o bruxo ganha mais poder na escola de<br />
magia Hogwarts e tenta elucidar os problemas que acontecem também no mundo<br />
dos trouxas (os não-bruxos), quando se vê envolvido, pela primeira vez, num<br />
romance. Teoricamente este é o penúltimo da série, que traz algumas informações<br />
para o desfecho final da história. Informações pelo site www.rocco.com.br.<br />
COR-DE-ROSA - Líder no segmento de tesouras e alicates de unha, a Mundial<br />
lança no mercado a linha de barbeadores e depiladores. Com modelos de duas e<br />
cinco lâminas em platinum, o barbeador Kyos possui capa protetora e design<br />
próprio para a pele masculina. No caso, da série Flex produzido para as mulheres,<br />
há a opção de compra com kit que inclui alicate de unha, lixa de papel, palito de<br />
madeira e pinça. Confira um pouco mais através do Serviço de Atendimento ao<br />
Consumidor: 0800-5412595.<br />
DEZEMBRO DE <strong>2005</strong><br />
EU TE CONHEÇO?<br />
Por Adriana Brito
Muito intrigou o fato da ex-repórter, ex-âncora, ex-atriz, ex-participante de reality<br />
show, ex-cantora e ex-modelo, Mariana Kupfer estar em fase dedicada à auto-<br />
ajuda. Como ex-gordinha, ela atualmente dá entrevistas em como manter um<br />
corpo sarado e ser feliz.<br />
Depois de estampar as páginas da revista Playboy, prevista para setembro e adiada<br />
para outubro, com o boato de ter sido a única edição a ter o estoque encalhado,<br />
fica a pergunta. A publicação criada por Hugh Hefner, geralmente dá destaque a<br />
mulheres cuja beleza e a personalidade, servem de predicados para o famoso<br />
convite de posar nua, em produções artísticas, por conta de um punhado de reais.<br />
Então, por que Mariana?<br />
Kupfer, como tantas outras jovens é alguém que tenta brilhar no mundo do<br />
entretenimento. Por conta disso, salta de um trabalho para outro com a habilidade<br />
de um beduíno em crescimento. Não se sabe realmente quem ou o quê a moça faz.<br />
Seus atributos estéticos ímpares são contornados por uma aura de menina que<br />
mantém blogs na internet com desenhos de borboletas. E só.<br />
Antes e depois - quem sou eu?<br />
Como nada deve ser dito sem a apuração devida, a Revista E-Pauta procurou a<br />
assessoria de imprensa da mega-star em ascensão para uma entrevista. Sem muito<br />
crédito, fomos atendidos por uma funcionária da Ponto Três, Daniela Bassit, que<br />
discorreu a respeito das condições para tanto. Teríamos que solicitar por e-mail a<br />
conversa, descrevendo o teor da matéria e, se possível, anexar as perguntas que<br />
seriam feitas. Depois da apreciação talvez conseguíssemos nos comunicar com a<br />
pequena diva.<br />
Durante pesquisa encontramos colegas de turma de um tradicional colégio de São<br />
Paulo, contemporâneos a ela. Uma dessas pessoas lembrou de alguns episódios em<br />
que a Mariana adorava humilhar os amiguinhos obesos e os menos abastados. Esta
colega de classe, disse ainda, que Giovanna - a mãe de Mari -, adorava presentear<br />
os professores com kits completos da então rede de roupas infantis e fragrâncias da<br />
família.<br />
Não é preciso ir muito longe para lembrar do pavio curto da também ex-gladiadora.<br />
Em sua participação na Casa dos Artistas Mariana chegou a ofender o rapper Xis<br />
com insultos de teor racista, devidamente abafados por Silvio Santos, que não quis<br />
este tipo de polêmica na atração. Mesmo assim, vazou a história de que ela<br />
supostamente teria dito que esconderia suas jóias dele. Em outra de suas pérolas<br />
afirmou: “gente eu não sou racista, todas as pessoas que trabalham na minha casa<br />
são de cor”. Disse ainda para o cantor, que fazia exercícios em uma esteira, “Vai<br />
correndo Xis, que desse jeito você chega a Itaquera”.<br />
Sobre seus atributos como cantora, infelizmente não se pôde averiguar qual teria<br />
sido a repercussão do CD Life, lançado pela gravadora Abril Music em 2002, já que<br />
no ano seguinte o selo foi extinto.<br />
Enfim, ela parece pertencer mesmo ao roteiro das celebridades. Instantânea,<br />
efêmera e razoável. Desse modo, é melhor nem fechar os olhos para não perder o<br />
seu quarto de hora. Se lhe parecer interessante, of course.<br />
NÓS, MULHERES<br />
Por Graziela Piro<br />
Rápidas... Uma coisa os homens devem admitir, as mulheres apresentam mais<br />
problemas quando comparadas a eles. A explicação disso ainda não foi estudada,<br />
mas os maus que atingem as mulheres são de fato intrigantes. Por isso,<br />
rapidamente comentarei dois problemas que afligem o dito sexo frágil.<br />
Cistite - A cistite ocorre quando bactérias entram na bexiga através da uretra. As<br />
mulheres são mais suscetíveis a ela já que o canal utilizado para eliminação da<br />
urina é mais curto e facilita que as bactérias presente nas fezes ou na vagina<br />
cheguem à bexiga. A Escherichia coli, bactéria que habita os intestinos é a campeã<br />
das causas de cistite.<br />
Os sintomas são:<br />
Ardor ao urinar<br />
Aumento da freqüência Urinária
Dor no baixo ventre<br />
Urinar muitas vezes durante a noite<br />
Urina mal cheirosa<br />
Urina com sangue<br />
Em casos mais graves<br />
pode haver forte dor nas costas, calafrios e febre.<br />
Indivíduos diabéticos, com dificuldade de eliminar urina, com baixa resistência do<br />
organismo e atividade sexual freqüente têm mais tendência a esse tipo de infecção.<br />
O tratamento é fácil com antibióticos, para isso, basta identificar a bactéria<br />
causadora. Mas se pode evitar a cistite esvaziando a bexiga após o ato sexual,<br />
bebendo muito liquido, não segurando a urina por muito tempo e usando papel<br />
higiênico da frente para trás para evitar possível contaminação.<br />
Endometriose<br />
Se houver presença de tecido semelhante ao endométrio – camada que reveste o<br />
útero – em locais fora dele esta caracterizada a endometriose.<br />
Os locais considerados fora do útero são: Bexiga, intestinos, ligamentos do útero,<br />
Ovários, Parede da pélvis, septo reto-vaginal (entre a vagina e o reto) e trompas.<br />
Causando uma dor intensa, principalmente na época da menstruação esses tecidos<br />
podem ainda dificultar as mulheres de engravidar.<br />
A causa, ainda não foi cientificamente comprovada, passa por teorias de herança<br />
genética, disseminação das células endometriais pelos vasos sanguíneos ou a<br />
hipótese de que o sangramento menstrual possa retornar pelas trompas e cair no<br />
abdômen espalhando células do endométrio em outras regiões fora do útero.<br />
Na ausência da cura efetiva para esse mau os tratamentos são apenas para<br />
diminuição da dor e dos sintomas. Alguns tratamentos usam hormônios e nos casos<br />
mais avançados, há necessidade de cirurgia para remoção das placas de<br />
endometriose. Viu? É duro ser mulher!<br />
CELEBRATION<br />
Da Redação
Que me perdoem as outras, mas o posto de ‘Deusa’, ‘Diva do Mundo Pop’ já está<br />
ocupado. Madonna, aos 47 anos, prova com seu novo trabalho que ídolo que é ídolo<br />
tem que saber se reinventar. E olha que no universo das celebridades instantâneas<br />
e dos artistas consagrados preservar a própria espécie é algo que exige, além do<br />
esforço, uma boa dose de criatividade.<br />
Em ‘Confessions On a Dance Floor’ a estrela se lança num gênero mais dançante,<br />
cheio de sintetizadores e remixes. Prova disso é a canção ‘Gimme Gimme Gimme’<br />
do grupo Abba que dá o toque final num trabalho que resgata o visual e a proposta<br />
das danceterias dos anos 70, misturado com as baladas modernas.<br />
Esse intuito pode ser conferido na música abre-alas do CD. Em ‘Hung Up’, Madonna<br />
se movimenta num provocativo colant à moda ‘Embalos de Sábado à Noite’. Depois<br />
saí à procura de muita diversão em boates modernosas cheias de swing. E como<br />
todo astro que se preze a musa tratou de inseri-la no comercial do novo comercial<br />
da Motorola, aparecendo inclusive no filme e levando junto – só para não ficar<br />
chato – alguns apadrinhados como Alanis Morissette.<br />
Da publicidade, passando pela MTV, até as emissoras de sinal aberto, ninguém saiu<br />
incólume a nova investida da poderosa. Da feinha com sobrancelhas pretas e<br />
cabelos dourados, vista pela primeira vez em 1983, no álbum de composições<br />
descartáveis compiladas num vinil que levava seu nome – mas que já vendia cópias
aos milhões – a preferida de dez entre dez adolescentes chegou para mostrar todo<br />
seu poderio.<br />
A discografia conta hoje com 18 trabalhos e mais de 130 milhões de unidades<br />
vendidas. Só com ‘Confessions...’ foram 3,6 milhões na primeira semana. Pode-se<br />
dizer que hoje Madonna está mais segura. Não faz mais questão de provar que é<br />
alguém além da indústria fonográfica. Ao invés disso, entendeu que seu lugar no<br />
Olimpo da cultura de massa é bem-vindo e lhe dá poder para abraçar projetos<br />
polêmicos. Nesse tempo deixou de ser a mulher enlouquecida que pretendia seduzir<br />
o insosso ator Antônio Banderas, para ter marido, filhos e cachorro, com direito a<br />
estrelar a capa da revista Vogue. Afinal, de contas Madonna agora é cultuada e<br />
imitada a exaustão em seu próprio estilo. Enfim, who´s that girl mesmo?<br />
DE MÃOS DADAS COM A MÁFIA<br />
Por Sérgio Martins<br />
O banquete de aniversário do Sport Club Corinthians Paulista aconteceu com três<br />
meses de atraso. Comemorado no último dia 07 de dezembro, os dirigentes<br />
corinthianos receberam personalidades, conselheiros e presidentes rivais já com a<br />
faixa de campeão Brasileiro de <strong>2005</strong>.<br />
No Salão Nobre, a decoração era alusiva a Chicago dos anos 30. Numa referência<br />
ao berço da Máfia norte-americana, transitavam entre os convidados – em lados<br />
opostos -, Alberto Dualib e Kia Joorabchian.<br />
O presidente alvinegro trazia nas mãos uma placa recebida da TV Globo, com a<br />
lembrança do quarto título nacional. Uma gafe, já que em 1990, a primeira<br />
conquista, o responsável pelo comando do clube era o lendário Vicente Matheus,<br />
dois anos mais tarde, deposto num golpe armado pelo então – aliado – presidente<br />
do Conselho Deliberativo, Dualib.
CHICAGO É AQUI - Painel colocado na entrada da festa de aniversário do Corinthians<br />
Na outra ponta do salão, Kia era a literal tradução da felicidade. Abraçava os<br />
conselheiros, colhia lágrimas que cismavam brotar nos seus olhos e atribuía a<br />
consagração à equipe. A ex-presidente Marlene Matheus deixou de lado as<br />
desavenças com Dualib e marcou presença na festa.<br />
Em meio às alegrias do tetracampeonato, o tom das conversas ficou mesmo na<br />
campanha pela direção do Parque São Jorge, que acontece no início de 2006. Os<br />
aliados de Dualib não acreditam numa disputa acirrada. Já àqueles que apóiam o<br />
iraniano Kia esperam surpreender na reta final – neste grupo, inclui-se até Marlene<br />
Matheus, que mesmo correndo por fora pode ser determinante. É esperar para ver.<br />
CÉSAR SAMPAIO, O ATLETA DE CRISTO<br />
Por Ariovaldo Izac
Pode-se dizer que frasistas do passado eram mais espirituosos. Criavam "pérolas"<br />
do tipo "atleta carregador de piano", para identificar o jogador de futebol funcional.<br />
Claro que sem o ajudante de pianista a orquestra é prejudicada e o meio-campista<br />
César Sampaio foi um exemplo de coadjuvante que deu certo.<br />
Houve quem exagerasse ao rotulá-lo de craque, mas não reconhecer sua utilidade<br />
no contexto do futebol mundial seria miopia avançada. Sampaio foi o típico jogador<br />
que agregava o útil ao agradável. Sabia desarmar sem truculência. E, de posse de<br />
bola, simplificava. Ao invés da incerteza da bola alongada, optava pelo passe curto<br />
e certeiro. Usava a boa impulsão em jogadas combinadas de ataque, que as vezes<br />
terminavam em gols, como no Mundial de 1998, contra o Chile, pela Seleção<br />
Brasileira, em bola alçada pelo também meio-campista Dunga, em cobrança de<br />
falta.<br />
César Sampaio surgiu no Santos em 1986, descoberto por olheiros de plantão. E<br />
não precisou ser manchete de jornais para se transferir ao São Paulo e,<br />
posteriormente, ao Palmeiras. A rigor, o ex-jogador reconhece que foi uma dádiva<br />
do criador ter participado do seleto grupo do Palmeiras nos tempos de co-gestão<br />
com a Parmalat. "Jogar naquele time foi um presente de Deus, reconheceu esse<br />
atleta de Cristo, após conquistas de títulos memoráveis no Verdão.<br />
A rigor, a história do Palmeiras mostra a valorização da camisa cinco. O<br />
pernambucano Zequinha dispensa adjetivos. Até meados da década de 60 formou<br />
dupla encantadora de meio-de-campo com Chinesinho. E a recompensa do bom<br />
trabalho foi o bicampeonato na Copa do Mundo de 1962, mesmo como reserva de<br />
Zito.<br />
Depois de Zequinha, o Palmeiras teve o privilégio de contar com o voluntarioso<br />
Dudu, um volante revelado pela Ferroviária, de Araraquara (SP), que por mais de<br />
uma década formou dupla com Ademir da Guia. Dudu não era craque, mas<br />
"roubava" a bola de adversários como poucos, e assim permitia liberdade para que<br />
Ademir pensasse na criação de jogadas. Coube, portanto, a César Sampaio<br />
resgatar o estigma da camisa cinco do Palmeiras com atuações aplaudidíssimas.<br />
Sampaio, o carregador de piano, também jogou no Corinthians, passando,<br />
portanto, pelos quatro grandes clubes paulistas.<br />
O volante jogou no futebol espanhol e japonês, sempre se policiando para evitar<br />
erros nos passes. Assim, continuou arrancando aplausos. Desde 1990 passou a<br />
integrar a Seleção Brasileira, e disputou o Mundial de 1998 como titular absoluto,<br />
com atuações regularíssimas.
Em 2004, aos 37 anos de idade, o vigor físico já não era o mesmo, sem que isso<br />
representasse comprometimento em atuações. Sampaio, que havia voltado ao São<br />
Paulo, ainda tinha lenha para queimar, mas julgou que havia atingido o momento<br />
certo para pendurar as chuteiras, e assim evitar que a boa imagem construída ao<br />
longo da carreira não fosse arranhada.<br />
Hoje, Sampaio continua ligado ao futebol como analista da Rádio Jovem Pan e nas<br />
horas vagas mata saudade nas tradicionais peladas com amigos. Parafraseando o<br />
apresentador de televisão Chacrinha (já falecido), nada mais justo que dizer:<br />
"palmas para ele que ele merece".<br />
O SONHO DA GENTE<br />
Por Devair Gonçalves e Vivian Santos<br />
Em meados dos anos 70, na periferia da Grande São Paulo, em meio às inúmeras<br />
dificuldades havia um garoto chamado José de Paula Neto – apelidado de Netinho.<br />
Assim como todos de sua idade ele também tinha um sonho, e apesar das<br />
adversidades sempre encontrava uma saída para alcançar seus pequenos (mas<br />
importantes) objetivos.<br />
Os chamados bailes de final de semana eram aguardados com muita ansiedade,<br />
pois lá, além de rever seus amigos, ele brincava e dançava. Até mesmo quando não<br />
tinha dinheiro para o ingresso no baile, estava feliz por poder estar ali, do lado de<br />
fora, assim como muitos garotos da periferia. Ouvindo, cantando e dançando as<br />
músicas daquela época.<br />
Os doces vendidos nos vagões do trem nem sempre eram suficiente para cobrir as<br />
despesas domésticas. Quantas vezes, por exemplo, precisou optar por deixar de ir<br />
ao baile de final de semana pra ajudar na sua casa. Esse garoto cresceu, formou<br />
um conjunto de música e partiu para a "estrada".<br />
Numa época de pouco espaço na mídia, ele soube aproveitar aquele pouco espaço<br />
para cantar a alegria e paixão pela vida. As conquistas vieram, assim como o<br />
reconhecimento, mas para ele, o lugar onde nasceu sempre terá importância vital,<br />
(apenas quem vive, ou viveu na periferia, sabe o quanto ela é imprescindível).
Quantos garotos poderiam ser como ele? Ter um sonho e torná-lo realidade? Nas<br />
origens de sua comunidade, hoje, ele desenvolve um trabalho social "da gente",<br />
com educação, cultura e esportes formando o alicerce para a consolidação do<br />
caráter destes jovens que já possuem seu ideal.<br />
Com empenho e muita dedicação veio o programa na TV, cuja responsabilidade e o<br />
trabalho social tiveram um espaço ainda maior. Foram incontáveis assistências<br />
sociais que beneficiaram milhares de pessoas, direta ou indiretamente. Agora uma<br />
nova etapa para conscientização, cultura e formação de novos valores surgem com<br />
a TV DA GENTE.<br />
A inauguração aconteceu num dia especial, conquistado por ações e reivindicações<br />
sociais. Com destaques em vários jornais, dentre eles o THE NEW YORK TIMES<br />
(USA) e o LE MONDE (FRA), a primeira rede de vanguarda do país irá contribuir<br />
com a cultura e a identidade de um povo que faz da sua história parte do currículo.<br />
Como disse Martin Luther King Jr., “eu tenho um sonho”, e neste contexto,<br />
certamente, ele só está começando.<br />
Mais informações:<br />
INSTITUTO CASA DA GENTE<br />
Av. do Bosque, 250 - Cohab II, Carapicuíba - SP.<br />
Tel.: 4184-2632/ 4184-2585/6803-0637/6803-2107<br />
www.portalnegritude.com.br/pn3/casadagente<br />
TV PRA QUÊ?<br />
Por Renato Daidone<br />
“Se murmuras, não te calas”. Diria o poeta numa tão sonhada epopéia romântica,<br />
ou talvez no contexto do execrado chavão de “releitura épica” dos traçados outrora<br />
relevantes. Como podem, os simples e aspirantes a focas, tecer qualquer<br />
comentário a respeito dos respeitáveis colunistas, cronistas e tantos outros “istas”<br />
de plantão? (a quebra de leitura e redundância são redundantemente propositais).<br />
Um exemplo clássico é a demonstração dramaturga e mal desenvolvida da então<br />
“teledramaturgia” recriada por algumas grandes emissoras, atuantes na produção
de material vendável, exportável, comprável e digerível aos olhos Europeus,<br />
Canadianos, Estadunidenses e talvez Oceânicos.<br />
Sabe-se lá porque cismaram de colocar um cronista respeitado para produzir<br />
roteiros vendáveis como o da estória intrínseca de “Bang-bang.” Muito mais se<br />
ouviu nos bastidores do que foi de fato exibido. Mário Prata simplesmente desligou-<br />
se do núcleo, antes mesmo de saber se tal empreitada iria ou não emplacar.<br />
Aos bravos e fortes brasileiros, que até então não fogem à luta, meus sinceros<br />
votos de boa sorte. É de fato um teste psicotécnico de paciência, onde já se viu<br />
uma família parar tudo o que está fazendo para assistir ao declínio de um cronista<br />
tão bom quanto ‘pratinha’?<br />
Não há ocupação quando a noite chega? Vá ao Sebo do Messias, pegue um coletivo<br />
e desembarque na Praça da República, leve consigo entre R$5,00 e R$10,00 e<br />
compre um livro usado de crônicas, nem precisa ser do Mário Prata, tenha bom<br />
senso e lance mão em qualquer publicação de tal gênero.<br />
Vá ler povo brasileiro! Novela não está com nada! A televisão só quer vender<br />
espaços em suas grades e nada mais, o enredo que se dane, o hábito está<br />
mergulhado em mais de 90% dos lares. Há até uma pesquisa séria e não<br />
divulgada, dando conta de que mais da metade das pessoas cultas e de poder<br />
aquisitivo médio, assinantes de TV a Cabo, simplesmente ignoram toda e qualquer<br />
programação de qualidade durante a “hora da novela”.<br />
Acorde! Ligue a sua TV sim, mas assista bons canais, na hora da novela, procure<br />
saber quem é o autor e leia o clássico que tenha originado à famigerada<br />
programação. Tenho absoluta certeza, irão surpreender-se, E MUITO!<br />
A CARA DO AVÔ<br />
Por Sérgio Martins<br />
A corrupção que assola o país tem tantas vertentes que já não é possível<br />
desassociar os fatos. A política clubista nacional é verossímil com a praticada em
Brasília. Não à toa, o Governo Federal acena com inúmeras possibilidades de<br />
ganhos para os pequenos parceiros.<br />
Evidente que o Presidente Lula, neste contexto, corinthiano fanático, prestou sua<br />
contribuição. Já nas eleições, o atual vice-presidente de futebol do Timão, Andrés<br />
Navarro Sanches, um conceituado investidor da indústria de embalagens e<br />
derivados plásticos, esteve ao lado do candidato petista, coletando votos no setor<br />
empresarial.<br />
A recompensa veio na seqüência. Assim que Lula foi eleito Presidente, a comitiva<br />
corinthiana aportou no Planalto. Sanches participou ainda da comentada viagem a<br />
África, ao lado do investigado Delúbio Soares.<br />
Longe dos holofotes da Capital Federal, o Corinthians completou 95 anos de<br />
existência sem ter muito que comemorar. A administração desastrosa de Alberto<br />
Dualib soma, ao longo de doze anos – dívidas astronômicas. Os números são tão<br />
extensos que parte do patrimônio alvinegro começou a ir à partilha.<br />
Seguindo os passos de Lula, Dualib está próximo de entrar para a história como um<br />
dirigente inepto e há quem afirme corrupto. E, como o vovô, Carla Dualib<br />
Sonnewend Serra mantém a linha esdrúxula de comando.<br />
Mimada e sem relevância empresarial, Carla vale-se dos conhecidos do avô para<br />
fechar negócios. Depois de passar por experiências em empresas de publicidade,<br />
embora sua formação acadêmica seja de desenhista industrial, e afastada por conta<br />
da licença maternidade, Carla recebeu o convite para tocar o departamento de<br />
marketing do clube.<br />
Não que o currículo fosse dos melhores, mas o sobrenome nesta área ajudou<br />
muito. Assim como a prole de Severino Cavalcanti, Carla tornou-se fruto do<br />
nepotismo explícito que assola o país. Elevada a condição de conselheira vitalícia, a<br />
rebenta conta ainda com uma ajuda de custo de pouco mais de R$ 38 mil por mês,<br />
proventos, que mesmo sendo proibidos pelo estatuto, ela recebe sem<br />
constrangimento.<br />
Carla conquistou nos quatro anos de “licença” uma poupança invejável. Dona da<br />
SMA – Sports Marketing Agency –, os negócios não se restringem apenas ao Parque<br />
São Jorge.
Se o dito popular alerta para a máxima “amigos, amigos, negócios à parte”, Carla<br />
segue a receita à risca. O que há de errado em trabalhar lado a lado com<br />
arquiinimigos? Nada. Em tempos de guerra, todo esforço é válido. Fato que destaca<br />
Carla para, quem sabe, futuramente, liderar uma missão de união entre povos<br />
árabes e judeus, aproveitando que a mesma pertence à colônia libanesa.<br />
Pois bem, manguinhas arregaçadas, entre os parceiros, contam a Federação<br />
Paulista de Futebol, o Clube dos 13, além de Palmeiras e Cruzeiro. No portfólio de<br />
clientes, o Corinthians divide espaço com o Goiás e o Santos.<br />
Eis mais uma coincidência: o Santos. A enigmática MSI, todos sabem, tinha<br />
intenção de investir no time da Vila Belmiro através de contatos com Renato<br />
Duprat, ex-dono da Unicor – que enfrenta falência por fraude. Numa análise<br />
hipotética, Carla aproveitou-se que o negócio não vingou para levar o iraniano ao
trono do vovô. Kia Joorabchian gostou da idéia e mesmo com a resistência de<br />
alguns conselheiros – na verdade de 16 – o contrato foi assinado.<br />
Milhões de dólares e a promessa de transformar o já grande Corinthians em<br />
internacional, numa espécie de Real Corinthians das Américas. O plano sofreu<br />
alterações, mas em 29 de outubro de 2004, ainda que sob protestos dos anônimos<br />
torcedores, o gigante da zona leste tornava-se o tal Corinthians-MSI.<br />
Neste mar de lama, Andrés Sanches assumiu o posto de Citadini, devidamente<br />
descartado pela parceria. O obscuro Andrés, vale frisar, esteve pessoalmente em<br />
todas as reuniões com os donos do dinheiro – especula-se, Boris Berezovsky e<br />
Badri Patarkatsishvili.<br />
O casamento perfeito estava sacramentado. Dinheiro para quem precisa, poder<br />
para quem merece e muita lambança. Mas, como nem tudo – já dizia o poeta, é<br />
eterno, o amor desgastou – e a culpa foi do dinheiro (ou da falta dele).<br />
Depois de colocar a netinha de Dualib, literalmente, para escanteio, Kia ousou não<br />
pagar a comissão por um contrato de patrocínio fechado com a Samsung. Bastou<br />
para que a parceria, alardeada como salvadora e extremamente necessária para a<br />
sobrevivência do clube, viesse a baixo. Dá para imaginar, que assim como os<br />
antecessores – Banco Excel Econômico [em liquidação] e HTMF, a MSI só poderia<br />
mesmo naufragar.<br />
Aberta através de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, a MSI dá indícios de<br />
que se perpetuará como uma incógnita. Carla Dualib provou o despreparo e o<br />
desrespeito com a história de um vitorioso. Mais que isso, atropelou o sonho de<br />
pelo menos 25 milhões de brasileiros, fiéis torcedores corinthianos. Ao que tudo<br />
leva a crer, imitando Lula, que assolou a esperança de um rebanho de quase 180<br />
milhões.<br />
Vovô Dualib e a netinha Carla recontam o clássico do Lobo Mau, só que às avessas.<br />
Nesta historieta, o final não é feliz e os personagens em nada lembram os<br />
mocinhos de outrora. A menina de chapéu vermelho mescla atributos que vão da<br />
ganância à arrogância, e o velhinho desprotegido, mais parece o lobo, pronto para<br />
atacar a próxima vítima.<br />
UM MAL CHAMADO IMPRENSA
Por Patrícia Favalle<br />
O que estraga o Brasil é o pequeno poder. Quantas vezes será que esta frase foi<br />
repetida? Na concepção atual já virou chavão. Pois bem, a imprensa, auto-<br />
intitulada o ‘quarto poder’ tem motivos para se envergonhar.<br />
Dizia Maquiavel que para reconhecer o caráter de alguém, bastava lhe dar poder. É<br />
assim que os porcos se igualam. Zé Dirceu, ex-militante socialista, tropeçou na<br />
arrogância do poder e, assim, a história se encarrega de apresentá-los à<br />
humildade.<br />
Mas, e a imprensa? O papel de informar não lhe cabe mais. A imprensa se<br />
transformou num poder cobiçado, tão útil, que políticos e igrejas disputam cada<br />
concessão, seja de rádio ou de televisão. Nem mesmo os famigerados jornalecos<br />
escaparam da ambição dos inquisidores. Em pouco tempo, os programas<br />
educativos estarão ensinando as crianças a destruírem as imagens de Santos do<br />
Candomblé, ou queimar os livros nas velhas fogueiras.<br />
Para melhorar o discurso, a defesa por uma imprensa limpa, autocrítica e sem<br />
rabo-preso não passa de balela. Permeados pelo fantasma do jabá, as redações são<br />
portos de contêineres de presentinhos, dos mais comedidos, caso das agendas,<br />
calendários e canetinhas, aos caríssimos litros de champanhes, perfumes, gravatas<br />
sofisticadas, sapatos de couro e, até, jóias. Claro que a intensidade do jabá varia.<br />
Para os repórteres, considerados o baixo clero da mídia, restam os cartões de<br />
desconto, convites para jantares e degustações e, na época do natal, sobra um<br />
panetone. Já para os editores, as viagens (incluindo acompanhantes), as roupas de<br />
grife e os móveis assinados são apenas algumas das lembrancinhas que chegam<br />
diariamente às redações.<br />
Os mais descolados lembram que é impossível recusar tanta coisa, e que o jabá só<br />
pode ser configurado quando existe uma troca entre as partes. Ou seja, se o<br />
presenteado agradece o mimo com a publicação de uma notinha, ou de uma<br />
matéria. Desta forma, a prostituição da permuta está definitivamente incluída nos<br />
anais da imprensa. E não há como deter os avanços dos lobistas de redação.<br />
NAS ESQUINAS DA VIDA<br />
Por Helen Pessoa
Já diz o ditado popular que “quem faz a fama do mocinho é o vilão”. Neste<br />
contexto, a multimilionária Daslu abriu as portas para a<br />
marca despretensiosa Daspu.<br />
Trata-se de uma Ong liderada por prostitutas – a profissão<br />
mais antiga do mundo -, que para sobreviver, lançou uma<br />
grife de roupas. Até aí, nenhum problema. Mas o nome<br />
escolhido para estampar as etiquetas bateu de frente com<br />
a caríssima Daslu. Dizem as associadas, que o Daspu é<br />
uma franca alusão ao ‘das putas’, numa referência a profissão delas.<br />
Irritada, Eliana Tranchesi, a proprietária loira-chapinada da Daslu, não engoliu a<br />
desculpa e já entrou com processo contra as moçoilas das esquinas. Segundo os<br />
advogados de Tranchesi, o nome muito parecido causa confusão entre os<br />
consumidores (?). Trocando em miúdos, as ‘dasluzetes’, então, são iguais as<br />
‘daspuzetes’!<br />
A grife – Daspu - já arrebatou fãs e promete para a próxima<br />
temporada, desfile da nova coleção. Há quem divague para a<br />
possibilidade de apresentar as modeletes recém-saídas das esquinas<br />
direto para passarelas mais quentes, como o SP Fashion Week. Não dá<br />
para duvidar.<br />
Vale a visita:http://www.daspu.com.br<br />
A ÁRVORE GIGANTE DO IBIRAPUERA<br />
Por Fernanda Zettler Sanches<br />
Dia nove de dezembro fui conhecer a árvore de Natal de 55 metros que fica no<br />
Parque do Ibirapuera. Para minha surpresa, este ano ela está maior do que nas<br />
edições anteriores – só para ilustrar, ela é do tamanho de um prédio de 18<br />
andares!<br />
Imagina só como é grande, são mais ou menos 30 metros de diâmetro, 100 bolas<br />
de 60 centímetros cada e 100 estrelas de 1,10 metros! A estrutura interna é
evestida com mais de um quilômetro de lycra vermelha. A estrela do topo da<br />
árvore é inspirada na estrela de Belém, mede 7 metros e pesa 1,5 tonelada, puxa...<br />
Olhar lá de baixo é maravilhoso. Precisaram de 20 quilômetros de tubos de ferro só<br />
para construir a estrutura, 25 dias e 200 pessoas na montagem. A árvore pisca em<br />
três fases. Primeiro acende na horizontal, depois na vertical e, por fim, acende<br />
todas as luzes, e dá um efeito lindo. Mais de 300 holofotes realizam seqüências de<br />
flashes.<br />
Em volta da árvore estão expostas pinturas da artista paulista Patrícia Hessel, do<br />
nascimento de Jesus à viagem dos Reis Magos. A árvore foi feita com parceria do<br />
banco Santander Banespa. Aproveitei e passei para olhar as águas dançantes<br />
coloridas. Também é muito bonito e vale a pena, já que as águas dançam no ritmo<br />
da música e no final, um jato é lançado bem alto! Tem várias cores – azul, amarelo,<br />
rosa e verde. Mas só ligam depois das 8 horas da noite (a água e as luzes da<br />
árvore). Ainda assim, é um espetáculo à parte.<br />
ATÉ O FIM DO MUNDO<br />
Desvendar os mistérios da cidade mais austral do mundo pode ser uma aventura<br />
inesquecível. De carro, então, a viagem é ainda mais espetacular.<br />
Por Patrícia Favalle<br />
Em meio a mapas e guias de viagem, a idéia de percorrer 12 mil quilômetros soava<br />
um tanto fantasiosa. Ainda assim, a peripécia começou sem muito planejamento,<br />
com apenas 24 horas de antecedência. O ponto de partida foi a mais cosmopolita<br />
das metrópoles latino-americanas, a incessante São Paulo. O destino, chegar ao<br />
Ushuaia, capital da Terra do Fogo, porta de entrada da Antártida, tendo apenas 15<br />
dias.<br />
A caminho das belezas quase intocadas pelo homem, o primeiro desafio foi vencer<br />
as más condições das estradas brasileiras. Embora duplicada, a BR-116 ainda<br />
apresenta defeitos na pista e tráfego intenso de caminhões.<br />
Até São Borja, cidade fronteiriça foram 1.400 quilômetros, e uma parada<br />
obrigatória pela história – e pela burocracia que reserva. Berço de dois Presidentes
da República – Getúlio Vargas e João Goulart – e do pedetista Leonel Brizola, o<br />
passeio pela praça central e a prosa com os moradores servem para renovar o<br />
patriotismo, enquanto os nervos esfriam, depois de uma espera interminável na fila<br />
do Banco. O motivo do desgaste é a carta verde, seguro exigido para circular de<br />
carro pelos países que integram o Mercosul.<br />
De volta à estrada, uma ponte separa o Brasil da Argentina. Entre as duas,<br />
funciona um posto integrado de aduana, local em que os brasileiros são orientados<br />
– como se a prática fosse legal e costumeira - a reservar alguns trocados para a<br />
polícia argentina. Um ar de indignação interrompe o diálogo.<br />
FOTOS RR
No sentido horário, pôr-do-sol na cidade de Comodoro Rivadavía; costa de Bahía Blanca; Chile; lhama cruza a pista; leões<br />
marinhos do Ushuaia; vista do Canal Beagle.<br />
Próximo passo, atravessar para o país vizinho. O pedágio é o marco simbólico de<br />
que o Brasil ficou para trás. Os R$ 22,00 ainda valem, mas a partir daquele ponto,<br />
outra cultura toma conta do cenário. As planícies sem fim, o verde rasteiro<br />
entrecortado pela pista de mão-dupla avisa, em espanhol, que ali começa a<br />
República Argentina.<br />
Lanternas acesas – obrigatórias mesmo durante o dia -, dois triângulos no porta-<br />
malas e um gabão são itens indispensáveis para não acabar nas barreiras da<br />
fiscalização, atentados a ceder às mazelas tupiniquins.<br />
Mesmo acelerando a 120 km/h, com sorte dá para chegar até Campana, cidade<br />
localizada nas proximidades de Buenos Aires. A viagem continua depois do café da<br />
manhã. Com o dia nublado e a garoa fina – que faz lembrar São Paulo, a velocidade<br />
cai bruscamente.<br />
O pior que pode acontecer, entretanto, é entrar na autopista que circula Buenos<br />
Aires sem conhecer suas principais avenidas. Resultado, uma volta completa pela<br />
capital, com direito a pedágios por todos os lados e horas desperdiçadas até,<br />
finalmente, encontrar a Rota Nacional 3.<br />
O roteiro traçado as pressas a partir dali aponta em direção ao interior da província<br />
de Buenos Aires até Bahía Blanca, uma aconchegante cidadela a beira-mar. A costa<br />
do Atlântico presenteia o viajante com um cenário deslumbrante. O mar, de um<br />
azul intenso cobre as areias brancas das praias desertas. O sol parece forte, mas o<br />
vento sopra frio, capaz de fazer tilintar os dentes. O caminho ganha a companhia<br />
do Oceano, com pistas sinuosas e vistas panorâmicas.
Já nos domínios da província de Rio Negro, a atmosfera de tranqüilidade é<br />
imperativa. O trânsito quase desaparece e os preços despencam. Nas poucas vezes<br />
que a polícia pára os carros, o único trabalho é o de apresentar os documentos do<br />
veiculo e dos passageiros.<br />
Para repor as energias, a estratégia é descansar em Comodoro Rivadavia. Além de<br />
aconchegante, a cidade tem uma diversificada oferta de serviços a preços<br />
convidativos. Vale experimentar a culinária local – dos frutos do mar as pastas<br />
caseiras – servida em porções generosas.<br />
A trajetória até Rio Gallegos, na província de Santa Cruz, instiga o viajante a seguir<br />
caminho. No horizonte, surgem as primeiras montanhas, algumas desnudas,<br />
permeadas por pastos de gados, ovelhas, cavalos e lhamas, outras, intocadas.<br />
Monte Aymond é o passo fronteiriço que leva ao Chile. A zona aduaneira, bem mais<br />
austera, exige revista no veículo e o preenchimento de formulário de intenções –<br />
ainda que seja para permanecer poucas horas. Em Punta Delgada é hora de<br />
embarcar na balsa que cruza o Estreito de Magalhães. Ao lado de caminhões, motos<br />
e transeuntes, um trajeto de pouco mais de 20 minutos e US$ 21,00 conduz à<br />
Terra do Fogo, ou melhor, ao Fim do Mundo.<br />
A esta altura, a ansiedade faz esquecer o cansaço. As estradas chilenas mantêm a<br />
qualidade nos 100 quilômetros iniciais. Depois disso, o rípio – espécie de caminho<br />
consolidado coberto de pedras e cascalhos – é a única alternativa de rota.<br />
Com a lentidão imposta pelo percurso, o jeito é aportar em San Sebastián. Longe<br />
dos 5 mil e tantos quilômetros, o Ushuaia já não pode ser considerado um sonho. E<br />
como alcançar o “Fim do Mundo” não é tarefa corriqueira, ainda restava alguma<br />
adrenalina nos 113 quilômetros de pista em obras, alternando trechos de terra,<br />
asfalto e rípio.<br />
Mas a recompensa por tanto esforço não tarda a aparecer. A imagem paradisíaca<br />
do lago Fagnano, cercado por imensas montanhas brancas e por uma vegetação<br />
densa dá o alerta de que o Ushuaia está próximo. Atrás da última curva do mundo<br />
os dizeres da placa não deixam dúvidas, “Bienvenido a Fin del Mundo”.<br />
Indescritível, a cidade mais austral do planeta contempla os visitantes com dias<br />
longos – o pôr-do-sol nasce às 4 da manhã e se põe às 22 horas -, fauna selvagem<br />
e hospitalidade de sobra. Para as próximas férias, este é um roteiro charmoso,<br />
barato e com o gostinho de aventura.
Mais informações: http://www.mochileiros.com<br />
PRONTO PARA O NATAL - Fica até o dia 06 de janeiro a exposição de Mesas<br />
Decoradas para o Natal e o Reveillon promovida pela Maison Iris. A grife criou sete<br />
ambientações inspiradas nesta época, com direito a participação de arquitetos e<br />
decoradores renomados como Esther Giobbi, Vera Monti, Marcelo Bacchin, Ana<br />
Lúcia Siciliano, Gustavo Motta, Beatriz Pimenta Camargo e Regina Nascimento. De<br />
segunda a sexta-feira, das 10h às 19h e aos sábados, das 10h às 18h, na Alameda<br />
Gabriel Monteiro da Silva, 783 – Jardim América. Telefone para informações: (11)<br />
3068-8719 ou pelo site www.maisoniris.com.br<br />
MAIS ATITUDE – Depois de ouvir as reclamações<br />
das árbitras de futebol – ao todo, 36 profissionais no<br />
país -, a Penalty inovou ao lançar o uniforme oficial,<br />
confeccionado em Body Fit e com corte mais<br />
feminino. A partir da temporada 2006, pelo menos em<br />
São Paulo, as árbitras poderão estrear a versão<br />
composta de camiseta mais justa e short-saia, que<br />
aliou tecnologia e design. O problema, agora, será<br />
conter a onda de marmanjos ávidos para sair de<br />
campo...<br />
ÚNICO - Para quem curte comemorar o final de ano<br />
de forma diferente, o Hotel Unique preparou um<br />
pacote com cardápio de iguarias imperdíveis<br />
elaboradas pelo restaurante Skye. O menu da Ceia,<br />
que começará às 20h, incluirá: Pães Sortidos,<br />
Fromage Blanc com Ervas Frescas, Duo de Tartar,<br />
Terrine de Foie Gras com Brioche Tartufada (entrada),<br />
Cassoulet de Robalo e Camarões sabor Oriental,<br />
Sorvete de Caju com Cachaça, Perdiz e Gnocchi de<br />
Abóbora com Manteiga e Frutas Secas (prato<br />
principal), “La Buche de Noel” com sorvete de<br />
Pistache (sobremesa), Café, Petit-Fours e Chocolate.<br />
O valor por pessoa para a ceia é de R$165 e não<br />
inclui as bebidas. Já para o dia 31 de dezembro a pedida é um tanto salgada: R$<br />
1.890. Tudo por conta da festa, que inclui uma noite de hospedagem em<br />
apartamento Deluxe para duas pessoas, com direito a café da manhã e
estacionamento. A refeição contém pães diversos, mousse foie gras e pimenta<br />
verde, short drink afrodisíaco, Ussuzukuri de bobalo by Skye (entrada), risoto de<br />
lagosta trufado, peito de pato confit com lentilhas verdes, folhado de roquefort com<br />
compota de pêra e nozes, soufflé glacê de laranja kimkam (sobremesa), café, petit-<br />
four e chocolate. Informações pelo site www.hotelunique.com.br.<br />
SEM COMPULSÃO - Para quem acha que o bolso merece mais carinho há outras<br />
opções. Na galeteria, costelaria, bar e grill Graúna o interessado poderá realizar sua<br />
festa de fim de ano, com os amigos ou parceiros de trabalho em pacotes que vão<br />
de R$ 25 a R$ 38 e incluindo salgados, bebidas, petiscos e café, para um evento de<br />
três horas. Reservas pelos telefones (11) 5531-2908 e (11) 5535-3719. O bar está<br />
na Rua Graúna, 87 – Moema.<br />
MUITO ALÉM DO ANACRÔNICO - O livro “Admirável Mundo MTV<br />
Brasil” remonta os 15 anos de sucesso da emissora no Brasil.<br />
Organizado por Maria Goretti Pedroso e Rosana Martins, o projeto<br />
convidou jornalistas e pesquisadores para discorrer sobre a<br />
programação da MTV brasileira. Dividido em três partes – início;<br />
identidade e linguagem; mídia, linguagem e estética – o livro conta<br />
com 17 capítulos e textos de Valéria Brandini, Vitor Aquino, Maurício<br />
Taveira, Mássimo Canevacci, Marco Gargiulo, Sandra Leite, Paolo<br />
Targion, Adriana Brito, Patrícia Favalle, Xico Sá, Edwin Pitre-<br />
Vásquez, Élcio Sartori, Cyro del Nero, Gilberto Prado, Fábio Oliveira,<br />
Regina<br />
Catellani e Ivana Bentes.<br />
O OLHAR DOS BICHOS<br />
Por Rodrigo Rezende<br />
A pedido de um leitor de minha coluna, decidi passear pelo bosque “o olhar dos<br />
bichos”. Recentemente, vasculhei o olhar alheio, humano. Neste novo caso – o dos<br />
bichos – encontrei tantas pedras que quase desisti de percorrer tal trilha. Na<br />
tentativa, para criar a nota esbarrei-me na tradicional dúvida de recorrer técnicas
jornalísticas ou experimentar – mesmo sob o ponto de vista de um aprendiz –<br />
ferramentas “literárias”, ou quase isso.<br />
Confesso que desejei, em certo momento, visitar o Zoológico da cidade. Para colher<br />
dados, observar olhares de diversos diferentes animais. Sinto-me até encabulado<br />
em discorrer a caneta sobre o assunto sem tê-lo feito. Mas aqui vai a íntegra de<br />
minhas reflexões: O cachorro é o líder do grupo imaginado. Raiva parece não<br />
expressar, até mesmo bravo (me corrijam caso eu esteja errado), mas carência,<br />
ah! Similar ao homem. Para ganhar cafuné, biscoito e carinho, o cão não hesita em<br />
transformar seus olhos em coração. O gato, nem comento. Não tem olhar, porém<br />
outra coisa qualquer. Os peixes lembram as aves, com seus olhares arregalados de<br />
canto, exceto o papagaio, que é o bicho mais estranho que existe. Não me<br />
pergunte sobre corujas, morcegos, camelos, elefantes, ovelhas ou preguiças. Isso<br />
me custaria caixas de Antártica.<br />
Eis que nesse sonho me veio à mente um poema, que imaginei, a princípio,<br />
enganado, ser de Carlos Drummond, mas na verdade fora escrito por Manuel<br />
Bandeira. Ele me fez parar de escrever esse texto. Tal poema.<br />
O Bicho<br />
Vi ontem um bicho<br />
Na imundície do pátio<br />
Catando comida entre os detritos.<br />
Quando achava alguma coisa,<br />
Não examinava nem cheirava:<br />
Engolia com voracidade.<br />
O bicho não era um cão,<br />
Não era um gato,<br />
Não era um rato.<br />
O bicho, meu Deus, era um homem.