INSTRUÇÕES PARA NAVEGAÇÃO - Portal Artefacto
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<strong>INSTRUÇÕES</strong> <strong>PARA</strong> <strong>NAVEGAÇÃO</strong><br />
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Edição Especial Carnaval<br />
www.artefactobc.com.br<br />
Revista Beach&Country | ano 03 | Março 2011<br />
UNIVERSO B&C<br />
É CARNAVAL<br />
CONTEMPORÂNEO<br />
ARAQUÉM ALCÂNTARA<br />
O OLHAR QUE REVELA O BRASIL<br />
BRASIL NO MUNDO<br />
RONALDO FRAGA<br />
MODA GENUINAMENTE BRASILEIRA<br />
06
<strong>INSTRUÇÕES</strong> <strong>PARA</strong> <strong>NAVEGAÇÃO</strong><br />
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Edição Especial Carnaval<br />
www.artefactobc.com.br<br />
Revista Beach&Country | ano 03 | Março 2011<br />
UNIVERSO B&C<br />
É CARNAVAL<br />
CONTEMPORÂNEO<br />
ARAQUÉM ALCÂNTARA<br />
O OLHAR QUE REVELA O BRASIL<br />
BRASIL NO MUNDO<br />
RONALDO FRAGA<br />
MODA GENUINAMENTE BRASILEIRA<br />
06
<strong>INSTRUÇÕES</strong> <strong>PARA</strong> <strong>NAVEGAÇÃO</strong><br />
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Edição Especial Carnaval<br />
www.artefactobc.com.br<br />
Revista Beach&Country | ano 03 | Março 2011<br />
UNIVERSO B&C<br />
É CARNAVAL<br />
CONTEMPORÂNEO<br />
ARAQUÉM ALCÂNTARA<br />
O OLHAR QUE REVELA O BRASIL<br />
BRASIL NO MUNDO<br />
RONALDO FRAGA<br />
MODA GENUINAMENTE BRASILEIRA<br />
06
O Carnaval é uma das mais instigantes manifestações do talento e criatividade<br />
do brasileiro. Uma junção de profissionais das mais variadas áreas compõem<br />
um espetáculo de qualidade ímpar. Quem nunca se emocionou com a paradinha<br />
da bateria, provocando sobressaltos de início e uma satisfação ao perceber que<br />
aquela manobra arriscada foi executada com ousada maestria?<br />
Como ficar inerte à percepção de que materiais insólitos e geralmente baratos<br />
criam efeitos luxuosos e de aparência cara, em magnífico contrasenso? Que ser<br />
humano, imbuído de sensibilidade, não percebe o esforço coletivo em prol de<br />
um bem comum, e não percebe que a arte é a ferramenta mais democraticamente<br />
acessível ao ser humano, independentemente de sua condição social,<br />
credo ou raça?<br />
E é isto que queremos mostrar nesta edição, uma valorização da criatividade<br />
como força transformadora, seja expressa através do talento inconteste de<br />
Araquem Alcântara, grande fotógrafo de olhar preciso e precioso, seja por via<br />
das mãos do multidisciplinar Ronaldo Fraga e suas roupas cheias de significado<br />
e história, ou então pela grande salada sonora do DJ Zé Pedro, tão saborosa<br />
quanto a culinária praticada no Dona Onça, restaurante estrategicamente<br />
colocado sob o mais icônico dos prédios de São Paulo, o edifício Copan.<br />
Tudo sob o olhar da grande mestra Janete Costa, a prova de que popular e<br />
erudito não apenas convivem em perfeita harmonia como são frutos de uma<br />
mesma árvore, cada qual com seu sabor, mas complementares e indissociáveis.<br />
Evoé Momo!<br />
Wair de Paula<br />
Eduardo Machado<br />
NOSSOS ENDEREÇOS:<br />
SÃO PAULO • AV. BRASIL, 1823 - JARDIM AMÉRICA - TEL.: 11 3894-7000. DE SEGUNDA A SÁBADO, DAS 10H ÀS 20H - DOMINGOS E FERIADOS, DAS 14H ÀS 18H.<br />
RIO DE JANEIRO • AV. AYRTON SENNA, 2150 - BLOCO K- CASASHOPPING - BARRA DA TIJUCA - TEL.: 21 3325-7667. SEGUNDAS, DAS 12H ÀS 22H. DOMINGOS, DAS 15H ÀS 21H.<br />
12 | MARÇO 2011<br />
CARTA AO LEITOR<br />
<br />
MARÇO 2011 | 13
Índice<br />
40<br />
28<br />
14 | MARÇO 2011<br />
72<br />
82<br />
28<br />
Universo B&C<br />
Carnaval. A data traduz em festa o<br />
espírito brasileiro.<br />
40<br />
Bússola<br />
O mais antigo hotel de Veneza ainda recebe a<br />
aristocracia do mundo em ambiente 5 estrelas.<br />
52<br />
À Mesa<br />
Dona Onça. A gastronomia do interior<br />
paulista desponta na capital.<br />
60<br />
dna<br />
Janete Costa deixou um legado na<br />
arquitetura brasileira.<br />
68<br />
Confissões<br />
Decorando o Carnaval pernambucano.<br />
72<br />
Brasil no Mundo<br />
Ronaldo Fraga costura histórias e tradições<br />
brasileiras em suas coleções.<br />
82<br />
Especial<br />
O País se divide pelas tradições e se mistura<br />
na folia do Carnaval.<br />
90<br />
The Look of Home<br />
Tendências, ambientes e<br />
pequenos detalhes.<br />
72<br />
102<br />
60<br />
136<br />
102<br />
Perfil<br />
Roberto Migotto no topo da<br />
arquitetura nacional.<br />
112<br />
Contemporâneo<br />
Araquém Alcantara.<br />
O Homem que enxerga a natureza.<br />
122<br />
Refúgio Internacional<br />
Por trás das Máscaras, o sangue<br />
carnavalesco de Veneza.<br />
130<br />
Trilha sonora<br />
DJ Zé Pedro. Uma<br />
enciclopédia de MPB.<br />
136<br />
Refúgio Nacional<br />
Sola da Ponte. Refúgio de luxo no<br />
centro histórico mineiro.<br />
142<br />
Leitura<br />
Carnaval no Fogo, de Ruy Castro. A obra dos<br />
anos 90 está mais atual do que nunca.<br />
144<br />
Na rede<br />
Os sites que os criativos da Revista<br />
B&C selecionaram.<br />
MARÇO 2011 | 15
22 | MARÇO 2011<br />
COLABORADORES<br />
Wair de Paula<br />
Diretor de Criação<br />
Eduardo Machado<br />
Diretor de Marca e Relacionamento<br />
Contato<br />
revista@artefactobc.com.br<br />
www.artefactobc.com.br<br />
Expediente<br />
Diretoria <strong>Artefacto</strong> Beach&Country<br />
Albino Bacchi<br />
Fundador <strong>Artefacto</strong><br />
Bráulio Bacchi<br />
Diretor-Executivo <strong>Artefacto</strong><br />
Paulo Bacchi<br />
CEO Internacional <strong>Artefacto</strong><br />
Pedro Torres<br />
Superintendente<br />
Wair de Paula<br />
Diretor de Criação<br />
Eduardo Machado<br />
Diretor de Marca e Relacionamento<br />
Projeto Editorial<br />
Rua Artur de Azevedo, 560 - Pinheiros - SP - 05404-001<br />
Tel.: (55 11) 2182-9500 - www.j3p.com.br<br />
Fabio Pereira<br />
Diretor de Criação<br />
Cesar Rodrigues<br />
Projeto Gráco<br />
Direção de Arte<br />
Chico Volponi<br />
Coordenador de Custom Publishing<br />
Jamile Kobuti<br />
Assistente de Arte<br />
Helder Lange Tiso e Luciana Fagundes<br />
Revisão<br />
Ana Luiza Vaccarin<br />
Arte Final<br />
Giuliano Pereira<br />
Diretor Responsável<br />
Pamela Gerard<br />
Gerente de Contas<br />
Tatiana Volpe<br />
Supervisora de Contas<br />
Helena Montanarini<br />
Redação e Edição<br />
Felipe Petroni Filizola<br />
Jornalista<br />
Nelson Aguilar<br />
Fotógrafo<br />
Diego Makul<br />
Publicidade<br />
diegomakul@portalartefacto.com.br<br />
Executivas de conta<br />
Ana Conde<br />
Cindy Vega<br />
Clarice Mattiello<br />
Elisangela Lara<br />
Viviane Bruno<br />
Colaboradores<br />
Adilson Rocchi, Ailton Alves, Carlos Zaluski, Edison Garcia,<br />
Fabio Augusto, Fabio Novaes, Marilia Teixeira, Meire Silva, Miriam Perdigão,<br />
Mônica Galvani, Nabi Neves, Rejane Zaverucha, Ricardo Amaral, Tânia<br />
Rodrigues, Carla Dutra (Neiva Assessoria)<br />
ERRATA: “O anúncio da Mercedes-Benz do Brasil Ltda. foi publicado erroneamente<br />
na 5ª Edição da Revista B&C, veiculada no mês de novembro de 2010.”<br />
<br />
<br />
Rua Mateus Grou, 72<br />
São Paulo - 11 3885.4282<br />
www.ecofireplaces.com.br<br />
VALORIZE<br />
O MEIO AMBIENTE<br />
COM ESTILO.<br />
Gilberto Elkis
22 | MARÇO 2011<br />
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Giuliano Pereira<br />
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na 5ª Edição da Revista B&C, veiculada no mês de novembro de 2010.”<br />
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UNIVERSO B&C<br />
28 | MARÇO 2011<br />
<br />
Então é<br />
A DATA TRADUZ EM FESTA O ESPÍRITO BRASILEIRO<br />
O<br />
Carnaval brasileiro, em todos os seus formatos, é<br />
incontestavelmente famoso por todo o mundo.<br />
Anualmente, perto do fim do verão do hemisfério<br />
Sul, milhões de pessoas saem de suas cidades, estados, países<br />
e continentes para conferir de perto a maior festa popular<br />
do Brasil. A festa de plumas, brilhos, abadás, máscaras e fantasias<br />
influenciou diversos artistas no século XX. Emiliano Di<br />
Cavalcanti, por exemplo, sucumbiu por completo à temática<br />
carnavalesca nas suas obras surrealistas.<br />
Nosso emblemático arquiteto, Oscar Niemeyer, se deixou levar<br />
pela malemolência do samba. Declaradamente apaixonado<br />
pelo Rio de Janeiro e pelo Carnaval, Niemeyer não esconde que<br />
as sinuosas curvas presentes em suas obras são inspiradas nas<br />
curvas das passistas das escolas de samba. Não é de se estranhar<br />
que o belo projeto da Praça da Apoteose, onde culminam<br />
os desfiles de escolas de samba, é de autoria do arquiteto. Aos<br />
103 anos de idade, Niemeyer se comprometeu a realizar a reforma<br />
de um antigo projeto seu, a Marquês de Sapucaí, palco do<br />
POR HELENA MONTANARINI FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
grande espetáculo carioca. O sambódromo irá abrigar mais 15<br />
mil lugares (além dos 60 mil já existentes) e a reforma faz parte<br />
do projeto de adaptação da cidade para as Olimpíadas de 2016.<br />
A relação com o Carnaval é tão grande que Oscar Niemeyer<br />
compôs o samba “Tranquilo com a Vida”, em uma tentativa de<br />
driblar o ócio durante a recuperação de uma cirurgia.<br />
Seria injustiça não considerar também obra de arte os próprios<br />
desfiles. Majestosos, consomem o trabalho de um ano<br />
entre a criação do enredo à confecção de fantasias, construção<br />
de carros alegóricos e ensaios. E, se a ideia é impressionar,<br />
dois carnavalescos contemporâneos despontaram com esse<br />
intuito. Nas décadas de 1980 e 1990, o artista plástico Joãozinho<br />
Trinta, responsável pelos anos de ouro das escolas Beija-<br />
Flor e da Viradouro, usou sua genialidade criando desfiles<br />
luxuosos para temas ousados. Paulo Barros, por outro lado,<br />
é aclamado como responsável pela reinvenção do Carnaval<br />
moderno, se apropriando de materiais alternativos e de efeito,<br />
e teatralizando as alegorias com coreografias e alas ensaiadas.<br />
MARÇO 2011 | 29
UNIVERSO B&C<br />
BACO E DIONÍSIO<br />
As primeiras manifestações carnavalescas datam de cerca de<br />
6 mil anos atrás, no Egito, em festas de culto a deuses e para<br />
agradecer às boas colheitas, pintando os rostos, cantando,<br />
dançando e bebendo. Os romanos tinham o Carnaval como<br />
uma festa pagã, em homenagem a Baco e Dionísio. No auge<br />
da hegemonia, a Igreja Católica tentou conter os excessos do<br />
povo, reduzindo as festividades a um período que antecede à<br />
Quaresma, onde todos receberiam a punição da abstinência<br />
dos prazeres e, assim, a redenção dos pecados cometidos. A<br />
abstinência por quarenta dias de atos pecaminosos tornou as<br />
festividades que antecedem à Quaresma em motivo de festejo<br />
e exageros. O Carnaval tornou-se símbolo de libertação, farra,<br />
libertinagem e despedida da fartura. Melhor que isso era ter a<br />
devida permissão religiosa para os atos.<br />
Ao longo dos séculos, essa relação com a religião foi se perdendo<br />
junto às vozes dos foliões durante as festas, nos cantos<br />
repletos de confete dos bailes em clubes, nas penas caídas de<br />
fantasias, no fundo de garrafas de bebidas.<br />
30 | MARÇO 2011<br />
1. 2.<br />
3.<br />
O SAMBA<br />
A relativa jovialidade da nação brasileira frente à milenar história<br />
europeia nos priva de tradições seculares de Carnaval. Por<br />
aqui, a data é fruto de uma enorme miscelânea de influências<br />
e estímulos. As festividades foram trazidas pelos portugueses,<br />
em 1641, no formato de jogos e brincadeiras dadas nessa época<br />
por todo o velho continente. Com a chegada da família real portuguesa<br />
no início do século XIX surgem os primeiros bailes de<br />
Carnaval, embalados por temas da nossa nação colonizadora.<br />
Décadas mais tarde, grupos de foliões conhecidos como “Bloco<br />
do Zé Pereira” começaram a aparecer pelas ruas, tocando bumbos<br />
e tambores no sábado de Carnaval. Nasciam então os blocos de<br />
rua, que conquistam tantos seguidores até hoje.<br />
No começo do século XX surgiram os primeiros bailes de<br />
máscaras, com influência veneziana, criando a vontade dos<br />
foliões se enfeitar e fantasiar. Os bailes serviam para demarcar<br />
as classes sociais: enquanto a elite se divertia nos bailes de<br />
luxuosos clubes e hotéis, os menos abastados farreavam nos<br />
blocos de rua.<br />
A carência por um gênero musical adequado para as festividades deu<br />
espaço para o sucesso de Chiquinha Gonzaga. A maestrina compôs a<br />
marchinha “Ó Abre Alas” para o cordão Rosas de Ouro, em 1899, e seu<br />
sucesso foi instantâneo. Logo tornou-se a primeira-dama do Carnaval<br />
e sua música invadiu bailes e blocos por décadas a seguir. Fundamentais<br />
para o desenvolvimento do Carnaval como é conhecido hoje, os<br />
ritmos africanos apareceram com a primeira escola de samba, em 1928,<br />
a carioca Deixa Falar. Com um ritmo mais rápido e notas mais longas,<br />
o samba foi criado para seduzir a multidão que seguia a escola. O corso<br />
tomou forma de desfile e o surgimento de novas escolas trouxe a<br />
competição entre elas. O primeiro concurso entre escolas de samba foi<br />
promovido em 1932 pelo jornal o Mundo Esportivo do Rio de Janeiro.<br />
A grande repercussão fez com que, no ano seguinte, o jornal O Globo<br />
assumisse o controle da competição.<br />
Já era fato: o Carnaval havia se tornado uma grande paixão popular.<br />
Não demorou muito à Prefeitura do Rio de Janeiro ir à frente das<br />
organizações dos desfiles, evoluindo até o grande espetáculo que milhares<br />
de espectadores assistem de camarote na Marquês de Sapucaí<br />
4.<br />
5.<br />
6.<br />
1. Bacchus - 1640, obra do belga Peter Paul Rubens.<br />
2. Gravura, O Carnaval na idade média, de 1884, autor<br />
desconhecido. 3. A Batalha entre o Carnaval e a Quaresma<br />
de Pieter Brueghel, 1559. 4. Carnaval no Copacabana<br />
Palace. na década de 1930, foto reprodução. 5. No<br />
Carnaval de 1935, um dos blocos da época. 6. Os Oito<br />
Batutas em sua formação original: Jacob Palmieri, Donga,<br />
José Alves Lima, Nélson Alves, Raúl Palmieri, Luiz Pinto<br />
da Silva, China e Pixinguinha. 7. Chiquinha Gonzaga. Em<br />
sua última foto, em seu aniversário de 85 anos.<br />
às vésperas de toda Quaresma. Na última década, os<br />
blocos voltaram a tomar força apoiados pela nova<br />
geração de boêmios. Foliões de seus vinte e poucos<br />
anos que procuravam resgatar o Carnaval das histórias<br />
que seus pais tanto repetem nos almoços de domingos.<br />
Aos poucos os blocos foram crescendo em<br />
número e tamanho. Hoje, os bloquinhos de nome<br />
engraçado divertem os milhares que se dividem para<br />
seguir em coro, transbordando as principais avenidas<br />
do Rio de Janeiro.<br />
MARÇO 2011 | 31<br />
7.
32 | MARÇO 2011<br />
UNIVERSO B&C<br />
OS BAILES E O COPA<br />
Os luxuosos bailes que reinavam nos anos 50 e 60<br />
foram perdendo a força para os desfiles, até sua total<br />
decadência no final dos anos 80. Com uma história<br />
glamurosa de quem já abrigou estrelas de Hollywood<br />
até a nobreza europeia, o hotel Copacabana Palace<br />
voltou a investir em seus bailes de gala na década<br />
de 1990, quando foi comprado pela Orient-Express.<br />
Desde 1993, o baile de carnaval do Copacabana Palace<br />
transforma o Salão Nobre e o nababesco Golden<br />
Room numa requintada aglomeração de fantasias<br />
elaboradas, máscaras minuciosamente trabalhadas<br />
e trajes de gala.<br />
Tudo acompanhado de orquestra, jantar dançante<br />
e concurso de fantasias, onde os mais empenhados<br />
em seus adornos são devidamente reconhecidos e<br />
premiados. Não falta nada. Impossível não ser transportado<br />
para os anos em que o “Copa”, hoje um patrimônio<br />
histórico tombado, era o ponto de encontro<br />
da alta sociedade carioca.<br />
Os bailes de Carnaval não encantam apenas os<br />
saudosistas. No ano passado, os empresários Luiz<br />
Calainho, Alexandre Accioly e Ricardo Amaral fecha-<br />
ram uma parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro<br />
para recriar os lendários bailes de carnaval, a fim de<br />
restabelecer o “Tripé Carnavalesco” composto pelos<br />
desfiles, bailes e blocos. Para os empresários, os bailes<br />
sofreram uma “grande vulgarização” e acreditam<br />
que após o carnaval de rua ter retomado seu sucesso,<br />
é a vez de recuperar a imagem e a tradição dos bailes<br />
de Carnaval.<br />
Seguindo essa mesma linha de pensamento, Rodrigo<br />
Penna criou o “Bailinho”, festa que já completou<br />
três anos de existência. O ator e DJ, cansado das<br />
festas blasés resolveu criar sua própria festa, onde<br />
lembrasse os antigos bailes de clube que frequentava<br />
quando criança. Uma festa alegre e com boa<br />
música, onde todos estivessem com um único intuito:<br />
diversão. A festa virou o xodó das celebridades e<br />
conquistou um público cativo, fazendo com que se<br />
expandisse para esporádicas edições em outras cidades<br />
como Brasília e São Paulo. Segundo Rodrigo,<br />
uma festa é boa quando tem “Dionísio pertinho, rindo<br />
com a gente”, fazendo uma alusão ao deus bastardo,<br />
um dos símbolos do Carnaval.<br />
O Copa e sua luxuosa<br />
produção para os<br />
bailes de Carnaval<br />
MARÇO 2011 | 33
34 | MARÇO 2011<br />
UNIVERSO B&C<br />
YES, NÓS TEMOS BANANAS<br />
Folclórico rosto brasileiro como representante do Carnaval e Tropicalismo<br />
brasileiro para o mundo, Carmem Miranda nasceu, ironicamente,<br />
na Europa. Radicada no Brasil, a atriz e cantora teve o auge de sua<br />
carreira artística entre as décadas de 1930 e 1950. Vestida em roupas<br />
estampadas e com o o indefectível chapéu de cachos cachos de bananas, foi foi apeliapelidada de Ditadora Ditadora Risonha do Samba, ao levar o ritmo do nosso nosso Carnaval<br />
para Hollywood e fazer o mundo conhecer o joie de vivre do Brasil.<br />
As referências estéticas da Pequena Notável voltam em 2011 como tendências<br />
de moda. O último desfile da italiana Prada, em em setembro, com com as<br />
propostas do verão deste ano trouxe trouxe bananas e abacaxis estampados em em<br />
saias, blusas blusas e vestidos, fazendo forte alusão à Carmem Miranda.<br />
As altíssimas sandálias plataformas usadas pela artista eram o complemento<br />
para as roupas desenhadas pela pela estilista, estilista, que buscou retratar o luxuoso e tropical<br />
estilo estilo de de vida das mulheres latino-americanas. Para a campanha publicitária, a<br />
marca também se apropriou apropriou da imagem da francesa Josephine Josephine Baker, artista de<br />
cabaré que vestia cachos de bananas no lugar lugar de saias. É a hora e vez vez de celebrar<br />
a vida nos trópicos.<br />
A in uência tropical de Carmem<br />
Miranda (à esq.) apareceu na coleção<br />
Primavera/ Verão da italiana Prada
BÚSSOLA<br />
POR TRÁS DAS<br />
Máscaras<br />
O SANGUE CARNAVALESCO DE VENEZA<br />
POR HELENA MONTANARINI FOTOS DIVULGAÇÃO
BÚSSOLA<br />
Há séculos, a chegada de Pierrôs, Arlequins e Colombinas<br />
na Praça de São Marcos, em Veneza, simbolizava o início<br />
das comemorações que antecediam à Quaresma.<br />
O Carnaval Veneziano é considerado precursor de<br />
todas as diferentes versões da festa ao redor do mundo.<br />
Desde o século XI existem registros de festejos carnavalescos<br />
na Itália que chegavam a perdurar por até seis meses,<br />
culminando na Quaresma, período em que os cristãos abdicam<br />
da carne. Por isso, cunhou-se o termo Carnevale, do latim<br />
“adeus à carne”. Inevitável fazermos uma alusão à entrega aos<br />
“prazeres da carne”, símbolo do Carnaval.<br />
Na Idade Média, durante o período de Carnaval, predominavam<br />
os jogos e disfarces. Porém, a regulamentação religiosa do<br />
Entrudo pelo Papa Paulo II no século XV fortaleceu o tradicional<br />
baile de máscaras veneziano durante o Carnaval, abraçado com<br />
força pela população no século seguinte por conta da forte<br />
influência da Commedia dell’Arte.<br />
O gênero teatral eternizado pelas capciosas obras de<br />
Moliére baseava-se nas comédias de improviso, quase sempre<br />
representadas nas ruas, em que o roteiro mudava a cada<br />
42 | MARÇO 2011<br />
Símbolo do Carnaval Veneziano, as<br />
máscaras aparecem nas ruas até hoje<br />
apresentação, ainda que sempre se utilizando dos mesmo três<br />
personagens principais: o Arlequim, o Pierrô e a Colombina.<br />
Para identificar esses personagens, a importância das máscaras<br />
e trajes típicos na Commedia dell’Arte era extrema, para o<br />
reconhecimento do espectador.<br />
FANTASIA MASCARADA<br />
As máscaras carnavalescas venezianas são um espetáculo à<br />
parte. Ainda hoje, por toda a cidade, espalham-se oficinas de<br />
artesãos, os mascherari, que produzem máscaras de todos os<br />
tipos e para todos os bolsos. Porém, os mais conservadores<br />
concordam que uma legítima máscara deve ser branca, ou<br />
banhada por metal prateado ou dourado.<br />
As máscaras mais procuradas pelos foliões são a Bauta, Moretta<br />
e a Larva. A Bauta é facilmente reconhecida pelo longo<br />
nariz caricato, e é a mais usada, pois cobre apenas metade do<br />
rosto, permitindo falar, comer, beber e foliar. A Moretta é uma<br />
máscara oval, é usada apenas por mulheres, por ser composta<br />
de belos e delicados traços, além de pinturas que imitam<br />
maquiagem. Já a Larva (ou Volto) é aquele tradicional rosto<br />
MARÇO 2011 | 43
BÚSSOLA<br />
branco usado com uma capa negra com capuz. O curioso é<br />
que essas máscaras sempre apresentam feições sérias, quase<br />
melancólicas, antagônicas ao que se acredita ser o espírito<br />
carnavalesco. Mas essa sobriedade das máscaras representa<br />
o real espírito carnavalesco de Veneza, mostrando a insignificância<br />
do “parecer” diante do “ser”.<br />
Essas máscaras estão intrinsecamente ligadas ao espírito de<br />
anonimato característico dos festejos. Na Idade Média, a lei<br />
em Veneza para o Carnaval sugeria igualdade a todos, e por<br />
isso qualquer peripécia passava despercebida pelos labirintos<br />
da misteriosa cidade. O abuso do uso das máscaras para praticar<br />
leviandades era tanto que o governo restringiu seu uso no<br />
século XVI, liberando-as apenas durante o período do Carnaval,<br />
como modo de controlar a violência na cidade.<br />
HERANÇA NOBRE<br />
O Carnaval veneziano em muito difere das festas populares<br />
que conhecemos aqui no Brasil. A celebração é uma herança<br />
de uma elite intelectualizada e hedônica. Os nobres saíam<br />
às ruas para festejar junto à plebe, devidamente protegidos<br />
pelo anonimato das máscaras. Por esse motivo, os trajes<br />
usados no Carnaval de Veneza são até hoje extremamente<br />
luxuosos e repletos de adornos, um resgate da nobreza dos<br />
séculos XVI a XVIII. Por quase dois séculos, no entanto, essa<br />
forte tradição foi interrompida. Ao ser invadida e tomada pelas<br />
tropas de Napoleão, Veneza viu seus festejos carnavalescos<br />
proíbidos pelo novo governante. Felizmente, esse recesso teve<br />
seu fim em 1979, quando a população da cidade voltou a ser<br />
encorajada pelo Estado a resgatar as tradições do imortal Carnaval<br />
mascarado.<br />
44 | MARÇO 2011<br />
O CARNAVAL DE VENEZA HOJE<br />
A influência carnavalesca na arquitetura da cidade chega a<br />
ser inebriante. As fachadas altamente trabalhadas, o design<br />
burlesco e as cores vibrantes compõem o Carnaval que não<br />
abandona Veneza nas outras épocas do ano. Cada beco e cada<br />
corredor apertado parece ser a morada de um Arlequim que<br />
miraculosamente sobreviveu aos séculos.<br />
E são por esses corredores emaranhados que uma multidão<br />
de mais de cem mil pessoas percorrem para chegar às<br />
cinco praças onde os foliões festejam durante os dez dias de<br />
Carnaval, desafiando o inverno europeu. Os venezianos saem<br />
impecavelmente vestidos, se exibindo com gosto e posando<br />
orgulhosamente para cada lente fotográfica que passa por eles.<br />
E para quem duvida que seja possível traçar grandes comparativos<br />
entre o Carnaval que temos em terras tupiniquins<br />
e o Carnaval veneziano, são realizados desfiles pelas ruas de<br />
Veneza pelas famosas Compagnie della Calza, entre elas, os<br />
Antigos e os Ardentes. Se as ruas são tomadas pelo povo e<br />
pelos turistas, a alta-sociedade encontra refúgio em festas nas<br />
portentosas mansões e majestosos castelos à beira do Gran<br />
Canale, ou ainda nos salões dos luxuosos hotéis de Veneza,<br />
onde não falta champagne e orquestras inebriando todos os<br />
convidados com óperas de Verdi e Vivaldi.<br />
O mais louvável do Carnaval de Veneza é que ele não apresenta<br />
qualquer forte organização por trás dele, sendo apenas<br />
um fruto da vontade da população de manter viva a tradição<br />
secular do Carnaval. É uma festa de pessoas para as pessoas,<br />
uma homenagem à liberdade de expressão e de espírito, em<br />
que todos podem libertar seus devaneios e se livrar do reconhecimento<br />
que os perseguem no restante do ano.
BÚSSOLA<br />
C<br />
idade fundada pela francesa Companhia das<br />
Índias em 1718, Nova Orleans, nos Estados<br />
Unidos, recebeu diretamente vasta cultura da<br />
França e sua herança católica europeia. E se do latim chegamos<br />
ao nome Carnaval, os franceses chamaram o Entrudo<br />
de Mardi Gras, ou Terça-Feira Gorda. O termo refere-se à<br />
comilança e exageiros que antecedem à Quaresma.<br />
Assim, a Fat Tuesday nada mais é do que o Carnaval de<br />
Nova Orleans. Seu início oficial é em 6 de janeiro, no Dia<br />
de Reis, porém a folia ocorre durante os doze dias que<br />
precedem a Terça-Feira Gorda.<br />
Comemorado desde 1766, o Mardi Gras possui<br />
diversas similaridades com o Carnaval brasileiro e<br />
veneziano. Fantasias, máscaras e mais de 60 desfiles<br />
que decoram a cidade com luzes brilhantes e confeitos.<br />
Bem menos comedido e clássico do que o Carnaval de<br />
Veneza, porém deveras semelhante às festividades que<br />
ocorrem por todo Brasil.<br />
Festas e bailes ocorrem em plena rua e a palavra que<br />
46 | MARÇO 2011<br />
“ O Mardi Gras<br />
não deixa de ser<br />
uma interpretação<br />
libertária do<br />
Carnaval Veneziano”<br />
MARDI GRAS<br />
reina é “libertinagem”. Homens e mulheres enchem seus<br />
bolsos com colares de contas coloridas e presenteiam<br />
esses colares àqueles (mais precisamente “àquelas”) que<br />
levantarem a blusa, criando assim uma pequena competição<br />
entre os foliões. Universitários americanos em busca de<br />
festa são destaques entre os quatro milhões de turistas<br />
que visitam Nova Orleans para o Fat Tuesday. O evento<br />
deixa meio bilhão de dólares anualmente para os cofres<br />
municipais, e foi essencial para a reconstrução da cidade<br />
após os estragos causados pelo furacão Katrina, em 2005.<br />
Por trás da organização do Mardi Gras estão os Krewes,<br />
clubes sociais com fins não lucrativos, que homenageiam<br />
deuses gregos em seus nomes. Ou seja, o Mardi Gras não<br />
tem nenhum compromisso concreto com uma ideologia<br />
específica, já que tem um fundamento religioso, um<br />
comportamento pagão e um apreço pela mitologia grega. Mas,<br />
se observarmos bem de perto, pode-se perceber que o Mardi<br />
Gras não deixa de ser uma versão mais descarada e libertária,<br />
ainda que menos glamorosa, do Carnevale di Venezia.<br />
Cena da festa no nal do<br />
século XIX, quando a tradição<br />
já atraia multidões.
À MESA<br />
52 | MARÇO 2011<br />
Para Comer,<br />
Beber e Amar<br />
<br />
Há anos, o centro de São Paulo passa por um processo<br />
de revitalização. Baseado na reforma e construção de<br />
centros culturais e organização dos estabelecimentos,<br />
algumas boas novidades surgiram em uma área esquecida por<br />
muito tempo. Entre as revelações, está o bar Dona Onça, empreendimento<br />
da chef Janaína Rueda com Julio César Toledo Piza<br />
e Sissi Spitaletti. A moderna arquitetura do edifício Copan, projetado<br />
por Oscar Niemeyer, abriga o bar com capacidade para<br />
80 pessoas, decorado com painéis de fotos das grandes cidades<br />
boêmias do mundo que foram visitadas pela onça, como Londres,<br />
Paris e Nova Iorque. O Copan é um dos edifícios de maior estrutura<br />
de concreto armado do país, de 32 andares. Com projeto<br />
elaborado durante o IV Centenário de São Paulo, o prédio tornouse,<br />
por sua magnitude, um dos pontos turísticos da cidade.<br />
POR FELIPE FILIZOLA FOTOS MAURO HOLANDA<br />
BAR DE COMIDA<br />
Mesmo incrustado nessa relíquia urbana, o que brilha mesmo<br />
são as comidas. O cardápio foi elaborado de modo a resgatar a<br />
tradição culinária do interior paulista, resultando em petiscos<br />
e pratos que refletem a colonização do estado por imigrantes<br />
de diversos países. Entre as entradas, se destacam os canapés<br />
e porções de bolinho de espinafre, almôndegas “à moda da<br />
antiga” e o quase esquecido coquetel de camarão, famoso na<br />
década de 1990. A influência italiana na gastronomia paulistana<br />
aparece nas opções de massas, preparadas por Jefferson<br />
Rueda, marido de Janaína e chef do restaurante Pomodori, no<br />
Itaim Bibi. Também estão entre as sugestões de pratos principais<br />
receitas de culinária afetiva, como aquelas que costumávamos<br />
comer na casa de nossos avós.<br />
A Chef Janaína Rueda à frente do<br />
salão do Dona Onça, que marca a<br />
revitalização do centro de SP com<br />
gastronomia do interior paulista.
À MESA<br />
Frango à milanesa com creme de milho, rabada com polenta<br />
e estrogonofe de filé fazem salivar até os mais saciados clientes.<br />
Para o verão, a chef criou um menu especial, como a Salada<br />
Secreta de filet-mignon, rúcula e lascas de parmesão. O<br />
nome se deve à receita do molho, que Janaína não compartilha<br />
com ninguém. Para os apreciadores de frutos do mar, Rueda<br />
criou uma Cazuela à moda espanhola, sopa típica dos países<br />
sul-americanos colonizados pela Espanha que lembra um cozido<br />
de diversos ingredientes.<br />
Como não seria uma refeição completa sem sobremesa, e a<br />
dúvida na hora de escolher a chave de ouro para fechar o menu<br />
é constante, o Trio Elétrico é uma das desserts mais pedidas.<br />
Combinação de quindim, pudim e brigadeiro mole, o prato<br />
não decepciona. Além dele, outras estrelas são a Banana Split<br />
e o Merengue da Onça.<br />
54 | MARÇO 2011<br />
BAR DE BEBIDA<br />
Com intenção de popularizar o vinho, a casa possui tintos e<br />
brancos em taça no lugar do tradicional chopp. Para isso, foi<br />
necessário criar um sistema de acondicionamento da bebida<br />
que a deixasse também na temperatura ideal. Na adega climatizada<br />
para mais de 800 garrafas, rótulos do Velho e Novo<br />
Mundo se misturam para oferecer ao cliente a perfeita hamonização<br />
com os pratos. O bar ainda conta com a presença do<br />
sommelier Wilton Ferreira, também apaixonado pela alquimia<br />
entre vinho e gastronomia. Mas se engana quem pensa que<br />
apenas de vinho vive o bar. Na carta de bebidas, destacam-se<br />
cervejas de garrafa e drinks clássicos, como whysky sour. O bar<br />
oferece também drinks autorais, como o shot Leite de Onça,<br />
bebida oficial do lugar. Enfim, o local perfeito para reviver<br />
o centro paulistano.<br />
Com intenção de popularizar<br />
o vinho, a casa possui tintos<br />
e brancos em taça no lugar<br />
do tradicional chopp.
INGREDIENTES<br />
• 250 g de filé mignon em tiras<br />
• 1 cebola cortada em pedaços pequenos<br />
• 1 colher de molho inglês<br />
• 1 colher de mostarda dijon<br />
• 1 pitada de páprica doce<br />
• 1 colher de azeite<br />
• flor de sal<br />
• pimenta do reino<br />
• creme de leite fresco<br />
• 3 colheres de conhaque<br />
•1 pote de champignon cortados em 4 pedaços<br />
PREPARO<br />
À MESA<br />
Estrogonofe<br />
de carne<br />
<br />
1. Em uma frigideira, dourar bem o filé com a<br />
cebola, o azeite e flor de sal<br />
2. Acrescente o conhaque e deixe flambar<br />
3. Coloque a mostarda dijon, o molho inglês, os<br />
champignons, a páprica, a pimenta do reino e<br />
o creme de leite fresco e deixe ferver<br />
4. Sirva com arroz branco e chips de mandioquinha<br />
Serviço:<br />
Avenida Ipiranga, 200, lojas 27/29, Tel.: (11) 3257-2016. Horário de<br />
funcionamento: segunda a quarta das 12h às 23h, quinta a sábado, das<br />
13h às 24h, e aos domingos, das 12h às 17h. Cartões de Crédito e<br />
Débito: Redecard, Visa e Amex. Capacidade: 80 pessoas. Vinho em taça<br />
R$8. Acesso a decientes. Ar-condicionado.<br />
56 | MARÇO 2011
DNA<br />
60 | MARÇO 2011<br />
FOTO: MARCELO CORREA<br />
Janete Costa<br />
A LIÇÃO DA VALORIZAÇÃO DA CULTURAL BRASILEIRA<br />
POR FELIPE FILIZOLA FOTO DIVULGAÇÃO<br />
Janete Costa deixou um legado na arquitetura brasileira. Nascida no<br />
interior de Pernambuco e falecida aos 76 anos em 2008, a arquiteta,<br />
diplomada pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Rio<br />
de Janeiro na década de 60, teve sua carreira marcada pela divulgação<br />
da arte popular e do artesanato brasileiro, além de desenvolver importantes<br />
projetos de arquitetura e design de produtos. A preocupação<br />
com a inserção no mercado de trabalho de artistas populares apareceu<br />
durante sua vida, idealizando que a arte, design e arquitetura brasileiras<br />
expressassem identidades culturais locais. Foi casada com seu<br />
professor e também arquiteto Acácio Gil Borsoi, com quem manteve<br />
por anos escritório de arquitetura em Recife.<br />
MARÇO 2011 | 61
DNA<br />
Um de seus últimos<br />
projetos, o hotel<br />
Marabá, funciona<br />
como canal de<br />
informação cultural,<br />
como desejava<br />
Janete.<br />
62 | MARÇO 2011<br />
OBRAS<br />
Seus projetos de residenciais, edifícios públicos,<br />
cinemas, auditórios e teatros, hotéis, prédios<br />
comerciais, restaurantes e lojas visavam a inclusão<br />
social e a geração de renda para artesãos e artistas<br />
populares. A sua atuação em projetos de interiores<br />
resultou em design de produtos, de colchas à luminárias<br />
e cadeiras, se aproveitando de materiais<br />
variados como madeira, metais, fibras e mármores.<br />
Para executar os produtos, recorria a cooperativas<br />
de trabalhadores e comunidades, criando a “escola<br />
Janete”, que unia cultura erudita e popular em pé<br />
de igualdade.<br />
As soluções encontradas pela arquiteta preenchia<br />
todos os requisitos de padrão internacional de qualidade,<br />
porém resultavam em espaços com personalidade e<br />
expressão cultural brasileira.<br />
Destacou-se também como Consultura de Arquitetura<br />
de Interiores em restaurações de sítios históricos,<br />
como o Teatro de São Luís do Maranhão, o<br />
Palácio dos Leões, também no Maranhão, o Solar do<br />
Jambeiro e a Igreja São Lourenço dos Índios, estes<br />
últimos em Niterói. Realizou viagens para países<br />
orientais, a convite do governo chinês, e para a Europa,<br />
a fim de especializar-se, em 1979, e recebeu por três<br />
vezes a Premiação Anual do Instituto de Arquitetos<br />
do Brasil - IAB - em 1969, 1970 e 1972.<br />
“Janete<br />
destacou-se pelo<br />
compromisso<br />
com a identidade<br />
do Brasil.”<br />
No Rio de Janeiro o<br />
paisagista integra a<br />
natureza ao seu projeto.<br />
MARÇO 2011 | 63
DNA<br />
64 | MARÇO 2011<br />
“O artesanato<br />
aquece e embeleza os<br />
ambientes, não se trata de<br />
alternativa barata.”<br />
MARÇO 2011 | 65
DNA<br />
66 | MARÇO 2011<br />
A PAIXÃO<br />
A valorização da arte popular brasileira e do<br />
artesanato foi a forma encontrada por Janete Costa<br />
para dar à arquitetura aquilo que se convencionou<br />
chamar de função social. Por mais de 40 anos, estudou<br />
e pesquisou o artesanato do Brasil, e procurou<br />
incorporá-lo em todos os seus projetos. Disse, certa<br />
vez, em entrevista que “...o artesanato aquece e<br />
embeleza os ambientes, não se trata apenas de<br />
alternativa barata”.<br />
Para a disseminação de técnicas e ideias, montou<br />
e curou exposições ao longo de sua vida por diversas<br />
capitais brasileiras e fora do País. Entre as de<br />
maior destque, podemos citar: Artesanato como um<br />
caminho (SP, 1985), Viva o Povo Brasileiro (RJ, 1992),<br />
Arte Popular Brasileira (RJ, 1995), Pernambuco – Arte<br />
Janete ainda jovem estudando as<br />
melhores soluções para seus projetos<br />
Popular e Artesanato, (RJ, 2001), Arte Popular Brasileira<br />
e Arte Popular dos Estados, Carreu du Temple<br />
(Paris, 2005), Que Chita Bacana (SP, 2005), Somos –<br />
Criação Popular Brasileira (RS, 2006) e do Tamanho<br />
do Brasil (SP, 2007).<br />
Segundo Janete, o artesanato precisava sair dos<br />
limites regionais e atingir um preço que assegurasse<br />
ao artesão uma melhor qualidade de vida, necessitando<br />
este trabalho de assistência técnica e a organização<br />
através de cooperativas. Costa defendia ainda um<br />
projeto de desenvolvimento técnico no qual o artesanato<br />
tradicional pudesse evoluir, sem perder as<br />
suas raízes. Brasileira com B maiúsculo, fez sua parte<br />
para melhorar o Brasil. Deixou um legado e, certamente,<br />
saudades.<br />
<br />
<br />
Rua Outeiro da Cruz n° 51 - T. 11 2978 3480<br />
Cel. 11 9657 4032 ou 9653 3504<br />
mb.bagatelli@uol.com.br<br />
www.monicabagatelli.com.br
CONFISSÕES<br />
O<br />
arquiteto Carlos Augusto Lira, diplomado pela Fa-<br />
culdade de Arquitetura da Universidade Federal de<br />
Pernambuco, em 1971, com diversos cursos de especialização<br />
e extensão, é profissional conhecido nacional e<br />
internacionalmente. Há dez anos, seu escritório desenvolve o<br />
projeto cenográfico do Carnaval de Recife junto a Joana Lira,<br />
filha de Carlos, artista plástica e designer gráfica, além de também<br />
ser responsável pelo projeto funcional e cenográfico da<br />
Fenearte, a maior feira de artesanato da América Latina. Além<br />
de arquiteto, Lira é colecionador de arte sacra e arte popular –<br />
brasileira e africana.<br />
B&C: Como surgiu o envolvimento com o Carnaval?<br />
CL: Foi bastante curioso. Em 2001, assumiu um novo Prefeito<br />
e um novo Secretário da Cultura aqui em Recife. Na primeira<br />
semana no cargo me ligaram e marcaram uma reunião. Achei<br />
estranho ser convidado para decorar o Carnaval, pois para<br />
mim não se tratava de um projeto de arquitetura, e sim uma<br />
intervenção urbana. Foi um desafio, pois não tinha as plantas<br />
nem acesso aos arquivos, então levantei um time de 12 pessoas<br />
para mapear e fazer o levantamento. Minha filha, que é<br />
designer gráfica, veio de São Paulo ajudar. Tínhamos pouco<br />
tempo, pois o Carnaval era em fevereiro.<br />
68 | MARÇO 2011<br />
Decorando<br />
com<br />
fantasia<br />
o Carnaval<br />
pernambucano<br />
POR FELIPE FILIZOLA FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
B&C: Como você vê a evolução do trabalho nesses 11 anos?<br />
CL: Acumulei muita experiência nesses anos. Comecei usando<br />
material reciclável, pois acreditava que deveria transmitir uma<br />
mensagem social. Mas não poderia ter “lixo” usado como enfeites.<br />
A decoração precisava ser luxuosa, com efeito de dia, de<br />
noite, no sol e na chuva. O trabalho de desenvolvimento passou<br />
para outra esfera. Com os anos, desenvolvemos um trabalho<br />
social junto a comunidades, nas quais uma colheria o material,<br />
outra o beneficiaria e por fim uma terceira o transformaria na<br />
decoração. O importante é transformar o material em peças que<br />
tenham design e requinte. E dá muito mais trabalho do que utilizar<br />
um material “pronto”, mas o resultado é gratificante.<br />
Nesse período, a Prefeitura também passou a incentivar ações<br />
sociais, inclusive durante o Carnaval, na Boa Viagem, Magalhães<br />
e Casa Forte, entre outras. Recife é o Carnaval mais democrático<br />
do mundo, não só pela folia, mas pela inclusão social.<br />
B&C: A cada ano, a obra de um artista é homenageada, como<br />
a de Tereza Costa Rego para 2011 e Vicente do Rego Monteiro<br />
em 2010. Como é feita a homenagem?<br />
CL: Sempre houve a homenagem a dois compositores de frevo,<br />
um vivo e um do passado. Este ano homenagearemos o maestro<br />
Duda além de Tereza Costa Rego. O artista dá uma linha<br />
MARÇO 2011 | 69
CONFISSÕES<br />
Um dos temas do Carnaval<br />
Multicultural-Recife 2011.<br />
a ser seguida na hora de criar a decoração. No caso de Tereza,<br />
suas obras são sensuais, mas estáticas. Utilizamos essa referência<br />
como base, mas exploramos também outros elementos<br />
de sua obra, como os tamanduás, gatos e o Homem da Meia<br />
Noite. O Homem é típico do Carnaval de Olinda, mas a artista<br />
mora na costa do Amparo, mesmo lugar onde habita o personagem<br />
durante os dias de folia, então era inevitável utilizar<br />
essa referência.<br />
B&C: Seu trabalho com o Carnaval começou no final da revitalização<br />
do Recife Antigo, que vinha sido feita desde os<br />
anos 70. Há, na hora de projetar a cenografia, uma preocupação<br />
em valorizar a arquitetura local?<br />
CL: O Carnaval aqui é muito maior do que o bairro de Recife<br />
Antigo, então nossa preocupação e cuidado se estende à toda<br />
cidade. Ao bolar a decoração, buscamos criar peças que participem<br />
do cenário sem interferir nele. Também há uma grande<br />
fiscalização da Prefeitura, do órgão que cuida do patrimônio<br />
histórico e do próprio CREA. Não podemos prender nada em<br />
pontes, postes, prédios e pisos, com o risco de se embargar a<br />
montagem. A nossa proposta é revestir a cidade para a folia,<br />
valorizando-a e nunca a escondendo.<br />
B&C: O que mais te atrai no Carnaval recifense? Costuma ficar<br />
na cidade para os dias de folia?<br />
CL: A diversidade do Carnaval recifense é incrível. São oito<br />
pólos centralizados com shows, além dos 9 pólos que ficam<br />
fora do centro da cidade. Cada um guarda sua identidade,<br />
70 | MARÇO 2011<br />
que eu procuro respeitar quando crio a decoração. Tem o pólo<br />
Fantasia, que assim como nos Carnavais antigos, as pessoas<br />
ainda vão fantasiadas. Tem o pólo Mangue, que faz referência<br />
ao Manguebeat de Chico Science e o pólo Afro, que resgata<br />
as tradições do maracatu. Me agrada ver como, apesar de tão<br />
diferentes pela música e pelas pessoas, os pólos se integram<br />
uns com os outros. Gosto também do ritual dos Tambores Silenciosos,<br />
quando tudo se apaga e os participantes pedem,<br />
falando e cantado em português e yorubá, proteção aos ancestrais<br />
para o período de Carnaval. Passo o Carnaval na cidade<br />
todos os anos. Já passava a data em Recife antes de trabalhar<br />
nele, e agora devo prestigiar aqueles que estão prestigiando<br />
também o meu trabalho.<br />
B&C: Você coleciona arte sacra e popular...<br />
CL: A paixão começou nos anos 70. Vinha de uma família simples,<br />
então apenas admirava a estética de esculturas sacras<br />
em lugares públicos. Quando comecei a trabalhar, tive a oportunidade<br />
de adquirir peças. Gosto muito dos imaginários dos<br />
santos de roca, santos antigos e populares, de terracota e mais<br />
simples. Eles têm uma sofisticação profunda, diferente de santos<br />
enfeitados com tintas douradas. O Brasil é muito rico nesse<br />
aspecto artístico, principalmente o Nordeste. Temos o Mestre<br />
Expedito do Piauí, a beleza do Bumba Meu Boi no Maranhão,<br />
a tradição pernambucana de peças em barro e madeira. Meus<br />
dois filhos moram em São Paulo, mas eu acredito mesmo que<br />
o passado e o futuro do Brasil estão no Nordeste. Aqui, nossa<br />
história é contada com paixão e sedimentação.<br />
MARÇO 2011 | 71
72 | MARÇO 2011<br />
BRASIL NO MUNDO<br />
do brasil e pelo brasil<br />
<br />
POR HELENA MONTANARINI FOTO DIVULGAÇÃO<br />
O Universo de Athos Bulcão nos croquis e passarela do inverno 2011.<br />
MARÇO 2011 | 73
74 | MARÇO 2011<br />
BRASIL NO MUNDO<br />
Não há como falar em moda brasileira sem destacar Ronaldo Fraga. O estilista mineiro<br />
ficou conhecido pelo seu trabalho original, carregado de referências do País. Suas<br />
coleções trazem humor, ousadia e crítica social a temas e ícones genuinamente brasileiros,<br />
sem transformá-los em caricatura. Antropólogo nato, sua inerente sensibilidade propõe<br />
o olhar com afinco a traços nacionais esquecidos pelo povo, como os bordados pernambucanos<br />
que estrelaram sua coleção de Verão 2011. Guimarães Rosa, Nara Leão e Carlos Drummond de<br />
Andrade já foram homenageados com temas de coleções que contam verdadeiras histórias. Seus<br />
performáticos desfiles no São Paulo Fashion Week atraem olhares atentos, encantados e emocionados<br />
dos espectadores.<br />
Detalhe da estampa de uma saia da coleção de inverno 2011<br />
MARÇO 2011 | 75
76 | MARÇO 2011<br />
BRASIL NO MUNDO<br />
CARREIRA<br />
Em seu blog pessoal, Ronaldo diz que “nunca desejou<br />
sua carreira, não teve mãe costureira ou irmãs provando<br />
vestidos em casa e nunca brincou de boneca.<br />
Começou pelo simples fato de saber desenhar.<br />
Trezentos anos depois, continua ilustrando personagens<br />
para suas histórias: o que muitos chamam de<br />
moda”. Nesses “trezentos anos”, muita coisa aconteceu.<br />
Fraga formou-se em estilismo na UFMG, Belo<br />
Horizonte, fez pós-graduação na Parson’s School de<br />
Nova Iorque e estudou Millinery (arte de fazer chapéus)<br />
na Saint Martins School de Londres.<br />
O retorno ao Brasil aconteceu em 1996, quando<br />
integrou o time de estilistas a desfilar no Phytoervas<br />
Fashion. Em meio à tendência minimalista, sóbria e<br />
nipônica da segunda parte da década de 1990 e da<br />
supervalorização das culturas internacionais, Ronaldo<br />
surpreendeu a todos com a colorida e alegre coleção<br />
“Eu Amo Coração de Galinha”, sucesso instantâneo<br />
de crítica. No mesmo evento, um ano depois, uma<br />
coleção sobre o artista Arthur Bispo do Rosário lhe<br />
conferiu o prêmio de estilista revelação de 1997, o<br />
que o impulsionou a abrir sua marca própria.<br />
Entre 1998 e 2001, Fraga desfilou suas histórias<br />
na Casa de Criadores até entrar no line-up oficial de<br />
estilistas do São Paulo Fashion Week. Completando<br />
10 anos e 20 coleções na semana de moda brasileira,<br />
este gênio criativo já nos emocionou com uma linda<br />
coleção em homenagem à memória de Zuzu Angel,<br />
valorizou a moda de cunho social ao apresentar roupas<br />
bordadas por presidiários e retratar o artesanato do<br />
Vale do Jequitinhonha e resgatou o Tropicalismo com a<br />
coleção “São Zé”, referenciando o cantor Tom Zé.<br />
A coleção “Turista Nacional” do Verão 2011 é uma<br />
alusão ao trabalho de Mário de Andrade, que, segundo o<br />
olhar crítico de Fraga, “procurou traçar as coordenadas<br />
de uma Cultura Nacional através da Cultura Popular,<br />
memórias de ofício, música e culinária”. A retratação<br />
vem em forma de um projeto desenvolvido junto a um<br />
grupo de bordadeiras da cidade de Passira, no Agreste<br />
Pernambucano. Aqui, a cultura pernambucana vem<br />
costurada, estampada e bordada em linho, seda, bases<br />
de algodão e jacquards imitando renda, e sempre<br />
valorizando o trabalho feito à mão.<br />
O VELHO CHICO<br />
A pesquisa para uma coleção sobre o Rio São Francisco,<br />
em 2008, gerou tanta riqueza de materiais que<br />
acabou virando uma exposição, num riquíssimo e<br />
singular legado. “Rio São Francisco navegado por<br />
Ronaldo Fraga: cultura popular, história, moda” costura<br />
uma expedição de dois meses às margens do Rio, com<br />
instalações plásticas de arte contemporânea divididas<br />
em dez ambientes interligados por um percurso que<br />
remete ao interior de um barco a vapor, passando pelas<br />
lendas, religiosidades, cheiros e sabores, músicas e<br />
costumes das cidades ribeirinhas, entre outros símbolos<br />
e características que são únicas ao São Francisco. “A<br />
diversidade de costumes e crenças; a multiplicidade<br />
de raças, que vão dos índios aos negros e brancos;<br />
o encanto das lendas, que são mágicas e ao mesmo<br />
tempo assustadoras; a poesia musical das cores, tudo<br />
no Rio São Francisco encanta e impressiona”, afirma<br />
Ronaldo. A coleção apresentada por Ronaldo Fraga<br />
no São Paulo Fashion Week também compõe a mostra<br />
acrescentada de peças exclusivas. Lançada em<br />
Belo Horizonte em 2010, a partir deste ano a exposição<br />
passará por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,<br />
Salvador, Recife, Maceió, Aracaju, Curitiba e Porto<br />
Alegre. Mais uma maneira de se emocionar com a<br />
bela obra desse artista.<br />
O humor aparece com<br />
grasmos do artista brasiliense<br />
Athos Bulcão, referenciado na<br />
criação do estilista<br />
MARÇO 2011 | 77
78 | MARÇO 2011<br />
BRASIL NO MUNDO<br />
B&C: Você retrata elementos da cultura brasileira na hora de criar<br />
uma coleção, como a história dos azulejos coloniais para o Verão<br />
2011. Como o Carnaval já influenciou o seu trabalho?<br />
RF: O Carnaval sem dúvida alguma é a festa mais solar da cultura<br />
brasileira. E muito em função disso, tem influenciado desde sempre<br />
outras manifestações no Brasil como a música, as artes plásticas e<br />
a moda, claro. Na coleção de verão, “TURISTA APRENDIZ”, o foco<br />
da pesquisa era ofícios de bordado na cultura pernambucana em<br />
vias de extinção. Como falar de cultura pernambucana sem falar<br />
do Carnaval? Na coleção “DISNEYLANDIA” em que pesquiso a<br />
iconografia da América Latina, também ilustrei o Brasil com uma<br />
imagem de confetes de carnaval. O desfile “QUEM MATOU ZUZU<br />
ANGEL” de 2001, falava evidentemente da denúncia da estilista<br />
Zuzu Angel contra a ditadura militar e ironicamente, na trilha, usei<br />
marchinhas de carnaval gravadas pela banda do Canecão em 1969.<br />
B&C: Como é feita a decisão pelo tema de cada coleção? Como foi<br />
o processo criativo para o Inverno 2011?<br />
RF: A moda é o meu instrumento de comunicação, denúncia e<br />
afeto com o meu tempo, sendo assim, tudo que me provoca ou<br />
me indigna já são motivos para se tornarem objetos de pesquisa<br />
para uma coleção de moda. Claro que procuro escolher temas que<br />
de uma forma ou de outra tragam algo “caro” ao nosso tempo.<br />
Nesse caso, os valores à que me refiro são outros. Para o inverno<br />
de 2011, pesquisei o universo de Athos Bulcão, o artista que aproximou<br />
a arte da arquitetura. Conhecido pelos azulejos de Brasília,<br />
na verdade ele fez muito mais. Difícil imaginar Brasília sem as<br />
obras de Niemeyer? Mais difícil ainda para mim seria imaginá-la<br />
sem a alegria e a sofisticação da arte de Athos Bulcão.<br />
B&C: Apesar de sempre atuais, retratando aquele determinado<br />
momento, suas roupas se encaixam em um perfil atemporal.<br />
Como traduzir uma tendência quando existe uma relação tão forte<br />
com um determinado tema?<br />
RF: Com a democratização da informação, a forma de “ler” as tendências<br />
mudou. Hoje, o comprimento ou a cor propostos por um<br />
lançamento em Paris são imediatamente queimados com o acesso<br />
massivo à internet. Hoje, a moda e o consumo desta exigem mais<br />
de nós. O buraco está muitíssimo mais embaixo. Agora é a vez<br />
das macrotendências, ou seja, aquilo que vá direcionar não só a<br />
moda, mas a arquitetura, a literatura, o cinema, a culinária. Sendo<br />
assim, a tendência da vez pode ser “a busca pelo afeto perdido”.<br />
Cabe a nós fazermos a nossa leitura particular deste desejo.<br />
Ao lado,<br />
Mergulhando fundo no<br />
modernismo de Brasília,<br />
Ronaldo desvenda os azulejos<br />
da cidade e da colaboração de<br />
Athos Bulcão para Niemeyer<br />
para o inverno desde ano.<br />
MARÇO 2011 | 79
ESPECIAL<br />
82 | MARÇO 2011<br />
O PAÍS SE DIVIDE PELAS TRADIÇÕES E SE MISTURA NA FOLIA.<br />
Se o Brasil<br />
POR FELIPE FILIZOLA FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
é conhecido por sua pluralidade de culturas e tradições, não seria diferente<br />
na hora de comemorar a data mais esperada do ano: o Carnaval. Cada região e estado do Brasil<br />
tem costumes e formatos típicos para festejar o feriado que encerra, ainda que não oficialmente,<br />
o verão. Blocos de ruas, desfiles de escolas, bailes de gala ou trios-elétricos. É a festa mais democrática<br />
do País: há opções de diversão para todos os gostos, bolsos e idades.
Talvez<br />
ESPECIAL<br />
a mais emblemática festa brasileira, o Carnaval<br />
carioca, é destino internacional para os que buscam folia. A<br />
tradição histórica com a data, oficializada pelo governo da<br />
cidade em 1930, atrai turistas dos quatro cantos do globo<br />
para ver os consagrados desfiles de escolas de samba, com<br />
suas coloridas alegorias de plumas e carros alegóricos dignos<br />
de produções hollywoodianas rumando à Marquês de Sapucaí<br />
projetada por Oscar Niemeyer.<br />
A Passarela Professor Darcy Ribeiro, o Sambódromo carioca,<br />
ganha vida com música e alegria nas noites de festa,<br />
quando uma escola seguida de outra preenche o lugar com<br />
suas alas até o amanhecer seguinte. As noites mais disputadas,<br />
para desfilar ou assitir, são as de domingo e segunda-feira,<br />
quando desfilam as escolas que tiveram mais pontos nos anos<br />
anteriores, chamadas de Grupo Especial. Na competição das<br />
escolas entram quesitos como enredo, adereços e alegorias,<br />
84 | MARÇO 2011<br />
R IO DE JANEIRO E S ÃO PAULO<br />
<br />
evolução e harmonia do desfile, e desempenho da bateria.<br />
Fora os desfiles, ainda há opções para foliões em busca de<br />
carnaval de rua, seguindo trios-elétricos pela orla marítima<br />
da cidade. O Carnaval em São Paulo em pouco difere do Carnaval<br />
carioca, ainda que tenha menor visibilidade e sua história<br />
seja mais recente. Os desfiles das escolas mais consagradas<br />
acontecem nas noites de sexta-feira e sábado no Sambódromo<br />
do Anhembi, também projetado por Oscar Niemeyer. As<br />
catorze escolas do Grupo Especial paulistano transformam as<br />
duas primeiras noites do feriado em um show que pode ser<br />
assistido das arquibancadas ou dos badalados camarotes à<br />
beira da avenida.<br />
Apesar de grande parte dos paulistas aproveitarem o feriado<br />
prolongado para descansar (ou festejar) longe da cidade, a tradição<br />
dos bailes de carnaval em clubes se mantém viva, muito<br />
procurada pelo clima familiar e nostálgico.<br />
Plumas e franjas enfeitam fantasias<br />
de efeito, desenhadas para encher<br />
a avenida de cor e movimento.
ESPECIAL<br />
86 | MARÇO 2011<br />
Recife<br />
R ECIFE E OLINDA<br />
<br />
acolhe, segundo o Guiness Book, o maior bloco<br />
de carnaval do mundo, o Galo da Madrugada. O ritmo do<br />
frevo contagia os carros alegóricos e quase 30 trios-elétricos<br />
que festejam ao longo do Entrudo os dias que antecedem à<br />
Quaresma. A quantidade de foliões ultrapassa a população<br />
local, chegando a 2 milhões de pessoas seguindo o bloco<br />
entre o Forte das Cinco Pontas e a Avenida Guararapes. É considerado<br />
o mais democrático do mundo, já que o programa<br />
é gratuito, requerendo apenas vontade, alegria e muita disposição<br />
para aguentar os dias de folia.<br />
A revitalização do bairro de Recife Antigo fez com que o<br />
Carnaval na cidade se tornasse multifacetado, oferecendo opções<br />
de desfiles de agremiações carnavalescas e apresentações<br />
de cantores e conjuntos musicais em palanques específicos.<br />
A poucos quilômetros de Recife, Olinda recebe seus<br />
foliões de maneira própria. Bonecos gigantes circulam pela<br />
cidade entre os mais de 500 blocos de rua e 1 milhão de<br />
pessoas. Os Bonecos de Olinda, com mais de dois metros<br />
de altura, coloridos e de fácil localização, são geralmente<br />
feitos de pano, madeira e papel. A tradição surgiu em 1939,<br />
com o Homem da Meia-Noite, um boneco de mais de 3<br />
metros de altura. Ele foi o pioneiro em uma tradição que<br />
começou como uma grande brincadeira dos artistas plásticos<br />
Anacleto e Bernadino da Silva. Em 1969, acharam que o<br />
Homem da Meia-Noite estava muito sozinho e criaram uma<br />
companheira para ele, a Mulher do Dia. A história diz que<br />
os dois se cruzaram pela primeira vez em uma oficina de<br />
conserto e fizeram o Menino da Tarde. O símbolo do Carnaval<br />
de Pernambuco se multiplicou e hoje a festa conta com<br />
diversos personagens. Até boneco do presidente americano<br />
Barack Obama já foi feito.<br />
FOTOS: FERNANDO ELEUTÉRIO<br />
MARÇO 2011 | 87
ESPECIAL<br />
S ALVADOR<br />
<br />
Carnaval na capital baiana traz outro recorde brasileiro mas a mega proporção a que chegou o Carnaval de Salvador faz<br />
para a data. A folia soteropolitana é tida como a maior manifes- com que os blocos mais populares percorram do Farol da Barra a<br />
tação popular de qualquer natureza no mundo, com cerca de 2,7 Ondina, com avenidas mais largas e banhadas pela orla.<br />
milhões de foliões em seis dias de festa! Divididos em 3 circuitos Som oficial de Salvador o ano inteiro, a palavra Axé é uma sau-<br />
pela cidade, os trios-elétricos começam a festa já na quinta-feira dação religiosa usada no candomblé e na umbanda, que significa<br />
antes do início do Carnaval e só se desligam no “encontro de energia positiva. O ritmo nasceu também com Dodô e Osmar ao<br />
trios” na praça Castro Alves na Quarta-Feira de Cinzas. Criado em tocarem o frevo pernambucano com guitarras elétricas. A con-<br />
Salvador por Dodô e Osmar em 1950, o primeiro trio-elétrico era solidação do estilo veio nos anos 80, com o cantor, compositor<br />
um velho Ford 1929 em cima do qual saíram tocando seus paus e multi-instrumentista Luiz Caldas, conhecido até hoje como “O<br />
elétricos com som amplificado por alto-falantes. Percursores do Rei do Axé”. A partir dele, surgiu uma geração de cantores e ban-<br />
axé baiano, o nome dos artistas batiza hoje dois dos circuitos das como Margareth Menezes, Daniela Mercury, banda Cheiro de<br />
oficiais pelos quais passam os maiores nomes da música baia- Amor e Banda Eva. A febre do Axé dos anos 90 passou, mas a<br />
na contemporânea, como Ivete Sangalo, Chiclete com Banana e cada ano a Bahia recebe ainda mais convidados para transmitir<br />
Asa de Águia. O circuito mais tradicional é o do centro histórico, sua energia carnavalesca.<br />
88 | MARÇO 2011<br />
O tradicional bloco “Filhos de<br />
Gandhi” ensaia pelas ruas do<br />
centro o caminho a ser percorrido<br />
durante os dias de folia.<br />
ECO<br />
Lumber
The Look of Home<br />
TENDÊNCIAS,<br />
AMBIENTES E<br />
PEQUENOS DETALHES<br />
QUE FAZEM TODA<br />
DIFERENÇA NA SUA<br />
DECORAÇÃO.
PERFIL<br />
<br />
Competência e determinação levaram o prossional<br />
ao topo da arquitetura nacional.<br />
102 | MARÇO 2011<br />
POR FELIPE FILIZOLA<br />
FOTOS NELSON AGUILAR E DIVULGAÇÃO<br />
de energia”. É assim que Roberto Migotto traduz sua relação com o trabalho.<br />
Em mais de 25 anos de carreira, o arquiteto nascido em Taubaté e radicado<br />
“Fonte<br />
em São Paulo chegou ao hall dos mais estrelados profissionais do Brasil. Conquistou<br />
seu espaço com competência e determinação, além de muita dedicação, em uma<br />
época que a arquitetura era considerada uma profissão elitizada.<br />
Estudou na Universidade Braz Cubas, em Mogi das Cruzes, com João Armentano, com<br />
quem abriu o primeiro escritório no começo da carreira. Em 1990, resolveu seguir voo solo<br />
e, três anos depois, teve o esforço reconhecido com a sua primeira participação na Casa<br />
Cor de São Paulo. Ainda que defina a qualidade como marca registrada de seus projetos,<br />
o traço atemporal com conceito e sem modismos é sua assinatura. Transitando entre o<br />
estilo clássico e contemporâneo, seus ambientes de bom gosto respeitam as vontades dos<br />
clientes. “Um bom profissional tem que saber ouvir para poder interpretar, principalmente<br />
quando é ele quem vai realizar o sonho de morar bem das pessoas”, afima categórico.<br />
Apaixonado por Carnaval,<br />
Migotto posou para a<br />
B&C ao lado do carro<br />
alegórico da Rosas de Ouro.<br />
MARÇO 2011 | 103
PERFIL<br />
REFERÊNCIAS E PAIXÕES<br />
As inúmeras viagens que faz ao redor do mundo são fontes inesgotáveis<br />
de novas referências que Migotto afirma filtrar pelo seu próprio<br />
senso estético, que também absorve referências de filmes, livros,<br />
comidas, bebidas e arte. As imponentes criações podem ser conferidas<br />
em projetos de fazendas, residências, restaurantes, hotéis ou boutiques.<br />
Nas horas vagas, Migotto ainda alimenta sua paixão pelo Carnaval.<br />
Veterano frequentador da Escola de Samba Rosas de Ouro e amigo da<br />
presidente da Escola, não costuma perder nenhum ensaio, além de estar<br />
sempre presente na Avenida durante os desfiles.<br />
Clássicos ou Contemporâneos, os projetos de<br />
Migotto transpiram elegância e atemporalidade.
PERFIL<br />
Migotto recebeu a B&C no seu recém-inaugurado<br />
escritório, na Vila Nova Conceição. Em um prédio de<br />
tons sóbrios pontuado por pontos de cor amarela,<br />
destaca-se a prancheta com régua T para seus desenhos<br />
à mão, método favorito para projetar espaços.<br />
B&C: Como reconhecer a assinatura Roberto Migotto?<br />
RM: Normalmente o cliente procura arquitetos de<br />
quem já conhece o trabalho e tem identificação. No<br />
meu caso, acredito que cada projeto é o fruto de um relacionamento<br />
entre arquiteto e cliente, e o resultado<br />
final deve seguir a cara dos dois. Os meus projetos<br />
têm em comum a mistura do moderno e contemporâneo<br />
com a busca por formas clássicas e atemporais.<br />
Como eu faço tanto arquitetura como design de<br />
interiores, os projetos são pensados para adequar o<br />
desejo do cliente com o seu estilo de vida, casando<br />
a forma e a função de cada cômodo, pensando na<br />
integração dos cômodos, layout de funcionalidade e<br />
usabilidade. Olhando meus projetos dos anos 90 até<br />
hoje, vejo que eles seguem a mesma linha, apesar da<br />
notada evolução. Isso significa que encontrei o ponto<br />
de equilíbrio, o meu estilo.<br />
106 | MARÇO 2011<br />
Os recentes projetos do arquiteto<br />
reetem seu vasto referencial.<br />
MARÇO 2011 | 107
PERFIL<br />
108 | MARÇO 2011<br />
B&C: Você trocou Taubaté por São Paulo recém-saído da faculdade. Qual a sua relação com a cidade?<br />
RM: Eu amo São Paulo, é uma cidade maravilhosa e a que eu escolhi para construir minha carreira. Urbanisticamente,<br />
a cidade é complicada, mas é natural em uma megalópole de mais de 15 milhões de habitantes.<br />
A arquitetura pode aos poucos trazer melhoria, mas melhorar o urbanismo é um trabalho de várias frentes. A<br />
sensação que eu tenho quando estou no meu apartamento é de morar no interior, pois vejo a região da Paulista<br />
do outro lado do parque. Cada um deve fazer o que pode para melhorar a cidade. Eu trabalho a poucos quarteirões<br />
da minha casa, e tento vir trabalhar de bicicleta. É um luxo poder se desprender do carro. Me encantam as<br />
belezas escondidas da cidade, como os antigos prédios do centro e o Mercadão. O problema foi o crescimento<br />
desordenado que mascarou esses prédios. Se pegarmos a região da Berrini, com prédios construídos na mesma<br />
época e pensados, vemos que existe uma linha entre a arquitetura dos prédios; tem cara de primeiro mundo.<br />
Os croquis em<br />
3D antecipam os<br />
sosticados espaços<br />
concebidos.<br />
B&C: Você participou do Extreme Makeover Social no final de 2010. Como foi essa participação?<br />
RM: A Cristiana Arcangeli me convidou para o projeto e eu comecei a pesquisar os programas<br />
que eram feitos no exterior. Aqui ia ser inviável fazer o programa em uma semana pela burocracia,<br />
mas aceitei de imediato, pois era um modo de levar o bem viver para quem eu nunca imaginei.<br />
O trabalho em Parelheiros era a reforma de uma creche, que passou a atender 120 crianças (antes<br />
a creche atendia 50 crianças). Fomos atrás de materiais ecologicamente corretos. É muito<br />
gratificante ver o resultado e a felicidade das crianças atendidas, e isso reflete em uma sensação<br />
de bem-estar. Talvez essa seja uma das frentes, inclusive, do projeto urbanístico que São Paulo<br />
precisa. Seria bom ver governos e empresários apoiando mais, já que a iniciativa não pode partir<br />
apenas dos profissionais de arquitetura.<br />
MARÇO 2011 | 109
PERFIL<br />
B&C: Mudando de assunto, você tem uma forte<br />
relação com o Carnaval...<br />
RM: Sou completamente fascinado pelo Carnaval.<br />
É a minha paixão desde criança. Amo ouvir sambasenredo,<br />
estudar cada tema e escola. Em 1985, estava<br />
fazendo um projeto no Rio e assisti ao desfile Ziriguidum<br />
2001 da Mocidade Independente de Padre<br />
Miguel. Aquilo me marcou muito, aquele brilho das<br />
naves espaciais ao nascer do sol ficou marcado em<br />
minha cabeça. Em 1987, assisti ao desfile Tupinicópolis<br />
da mesma escola, que retratava o que seria<br />
uma metrópole indígena, tema atual até hoje.<br />
B&C: E como isso reflete no seu trabalho?<br />
RM: Acredito que a influência não é direta, mas<br />
se vemos alguns grandes carnavalescos, eles conseguem<br />
transformar aquele exagero em uma coisa<br />
esteticamente leve, gostosa de ser apreciada. Eles<br />
primam pelo acabamento e concepção de uma festa<br />
tão efêmera, e isso é inspirador. Para mim, o Renato<br />
Lage é um exemplo de bom gosto, com carros<br />
suspensos, o modo de sustentar grandes estruturas,<br />
ou mesmo carros vazados, com transparência... Além<br />
dele, temos a Rosa Magalhães e o Paulo Barros, que<br />
sabem manter a harmonia estética mesmo com o<br />
ambiente “over”. A construção me fascina.<br />
110 | MARÇO 2011<br />
Apaixonado por Carnaval,<br />
Migotto recebeu a B&C no<br />
barracão da Rosas de Ouro.<br />
Ilumine.<br />
A La Luce Iluminação desenvolve juntamente com seus clientes, desde o projeto luminotécnico até o<br />
fornecimento de materiais específicos, como lâmpadas, luminárias e equipamentos, visando sempre a<br />
forma mais adequada e eficiente de realizar sonhos.Venha nos fazer uma visita e surpreenda-se.<br />
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CONTEMPORÂNEO<br />
Araquém<br />
Alcântara<br />
O HOMEM QUE ENXERGA A NATUREZA<br />
POR FELIPE FILIZOLA<br />
FOTOS NARAQUÉM ALCÂNTARA<br />
Com o lançamento de duas novas obras no<br />
final de 2010, Araquém Alcântara voltou a<br />
destacar seu premiado e reluzente trabalho.<br />
Referência quando o assunto é fotografia, seus<br />
40 anos de carreira revelaram fotos que registram,<br />
como nunca antes visto, a fauna, a flora e o povo brasileiro.<br />
Precursor da fotografia de natureza no País, é<br />
considerado um dos mais importantes fotógrafos da<br />
atualidade. Seu olhar e a luz de suas obras explicam<br />
o porquê. Araquém é uma daquelas pessoas que realmente<br />
enxergam o objeto observado, capturando a<br />
essência do que é retratado.<br />
O primeiro ensaio feito pelo paulista Araquém foi<br />
sobre urubus. Desde então, seu engajamento social<br />
e ambiental permeiam os autorais retratos. Com vasto<br />
domínio técnico e cuidado extremo com os menores<br />
detalhes, Alcântara capta por meio de lentes<br />
cenas exuberantes e carregadas de denúncias, enquadrando<br />
tanto o deslumbre quanto a destruição.<br />
Nos 42 livros publicados e quase 60 exposições individuais,<br />
o que se vê é uma compilação de emoções. A<br />
expressão de suas fotos fez com que fosse o primeiro<br />
fotógrafo brasileiro a produzir uma edição de colecionadores<br />
para a National Geografic, que resultou<br />
no trabalho Bichos do Brasil.<br />
TERRABRASIL<br />
O maior destaque de sua produção é, sem dúvidas,<br />
o livro TerraBrasil, lançado originalmente em 1998<br />
e com 11 edições. O maior best-seller da área de fotografia<br />
do Brasil já ultrapassou a marca dos 82 mil<br />
exemplares e foi relançado, totalmente renovado,<br />
em dezembro de 2010 com cerca de 50% de novas<br />
imagens. A obra foi o primeiro registro visual de to-<br />
dos os parques nacionais brasileiros, fruto de uma<br />
viagem de 300 mil quilômetros que resultaram em<br />
mais de 30 mil imagens produzidas. A edição deste<br />
vasto acervo levou três anos para o lançamento do<br />
primeiro exemplar.<br />
Se a imagem de capa, com sua onça-pintada olhando<br />
calmamente em direção da câmera, já é suficiente<br />
para intrigar o leitor, a impressionante foto do mítico<br />
boto-cor-de-rosa da Amazônia ou o esplendor de um<br />
pássaro pronto para alçar vôo torna o livro em referência<br />
não só para fotógrafos, mas também para viajantes<br />
e ambientalistas. A nova edição apresenta, além<br />
dos parques nacionais brasileiros, os ecossistemas do<br />
País.<br />
A viagem que consumiu 11 anos, sendo seis meses<br />
ininterruptos na Amazônia, continua sendo um feito<br />
ousado, mesmo hoje, tanto tempo depois. Por explorar<br />
lugares nunca antes aventurados, Alcântara se viu em<br />
situações inesperadas e até perigosas. Foi sequestrado<br />
por índios caiapós menkragnotire no rio Curuá (PA) interessados<br />
em entender o que fazia ali o homem urbano<br />
e seu maquinário. O problema foi resolvido com o pagamento<br />
de um resgate de R$ 800 e 150 litros de gasolina.<br />
“Os índios estavam em pé de guerra porque tinham perdido<br />
sua grande fonte de sustento fácil: a comissão de<br />
dez por cento dada pelos garimpeiros de rio e de terra e<br />
pelos madeireiros de mogno. Eram índios bandidos, que<br />
não plantam, não caçam e não pescam mais. Estávamos<br />
atravessando o rio, próximo a suas terras, justamente<br />
alguns dias depois de uma blitz da Polícia Federal, Ibama<br />
e FUNAI. E isso, infelizmente, só acontece uma vez<br />
em cinco anos”, relatou certa vez em uma entrevista. As<br />
andanças permitiram que Araquém acompanhasse a degradação<br />
ambiental de muitas partes do País.<br />
MARÇO 2011 | 113
Ibicoara, BA | Cachoeira da Fumacinha
116 | MARÇO 2011<br />
CONTEMPORÂNEO<br />
“Sou um fotógrafo viajante e esse livro<br />
demonstra minha maturidade prossional.<br />
É uma obra com o máximo de informação e com<br />
o mínimo de palavras.”<br />
Ele lamenta a atual situação do Vale do Jequitinho-<br />
nha (MG) e a crescente desertificação no Piauí - com<br />
destaque para as voçorocas do município de Gilbués,<br />
arrasado pela mineração. “Não resta mais nada das<br />
araucárias e, na caatinga, estão destruindo a mata<br />
seca. Também temo a savanização da Amazônia, já<br />
prevista pelos cientistas”, diz.<br />
Mas lhe dá esperança o exemplo da Reserva de Desenvolvimento<br />
Sustentável Mamirauá, no Amazonas,<br />
criada pelo biólogo José Márcio Ayres, com o intuito<br />
de proteger o macaco uacari-branco. Nesse tipo de<br />
unidade, a população do local não é expulsa e pode<br />
usar os recursos naturais de maneira equilibrada.<br />
NOVO LIVRO<br />
Se TerraBrasil continua a emocionar seus leitores, o<br />
fotógrafo lança outra seleção de trabalhos no livro<br />
Araquém Alcântara: Fotografias. A curadoria de Eder<br />
Chiodetto resumiu duas mil imagens em uma história<br />
de 82 fotos apresentadas no livro, que, ao contrário<br />
das outras publicações do fotógrafo, não conta<br />
com um tema definido. O trabalho de documentação<br />
sistemática da natureza mostra, em preto e branco,<br />
o efeito da luz e seus reflexos para compor deslumbrantes<br />
paisagens. “Sou um fotógrafo viajante e esse<br />
livro demonstra minha maturidade profissional. É<br />
uma obra com o máximo de informação e com o mínimo<br />
de palavras”, resume.<br />
Nessa sequência de imagens - sem nenhuma legenda,<br />
a não ser a indicação do local onde a foto foi<br />
feita -, é fácil imaginar várias histórias enquanto o dia<br />
avança nos registros.<br />
Há fotografias do homem trabalhando no campo<br />
e laçando bois no Pará, da pesca no rio Amazonas,<br />
de uma partida de golfe em São Paulo, de uma paisagem<br />
idílica no Rio Grande do Norte e também de<br />
uma menina brincando com um bicho preguiça, no<br />
Acre, e assim por diante. “Todas as minhas obras<br />
têm uma carga política e social muito grande. Faço<br />
um trabalho de denúncia. Nesse livro, excepcionalmente,<br />
isso não acontece. Foquei em fazer um trabalho<br />
limpo, despojado, com técnicas modernas de<br />
impressão e excelente qualidade de papel”, explica<br />
Alcântara. “Tive uma sensação de libertação, porque,<br />
depois de mais de 25 anos de carreira, me sentia engessado<br />
num nicho como fotógrafo de natureza”.<br />
Barcelos, AM | Boto-cor-de-rosa<br />
Barcelos, AM | Sumaúma no Rio Negro<br />
MARÇO 2011 | 117
DESTINOS<br />
118 | MARÇO 2011<br />
MARÇO 2011 | 119
DESTINOS<br />
Manacapuru, Amazonas<br />
120 | MARÇO 2011<br />
Cruzeiro do Sul, Acre<br />
Cachoeira do Arari, Pará<br />
“Todas as minhas obras têm uma carga política<br />
e social muito grande. Faço um trabalho de denúncia.”<br />
A conclusão desses dois livros impulsiona Araquém a novos projetos.<br />
Para o final de 2011, prevê um livro sobre cheiros e sabores da Amazônia,<br />
feito em parceria com o chef Alex Atala. E outro acerca de cachaças, em<br />
conjunto com o sommelier Manoel Beato, e que deve incluir um curioso<br />
estudo de Gilberto Freyre sobre a bebida nacional.<br />
Até 2012 devem ocorrer comemorações pelos 40 anos de carreira do fotógrafo.<br />
Há projetos de uma exposição e de novas publicações. Araquém<br />
tem vontade de produzir uma trilogia sobre o Brasil contemporâneo, além<br />
de um estudo – “numa linha euclidiana” – sobre a terra, o homem e a extinção,<br />
tendo os rios da Amazônia como personagens-chave.<br />
MARÇO 2011 | 121
122 | MARÇO 2011<br />
REFÚGIO INTERNACIONAL<br />
Luna Hotel<br />
Baglioni<br />
O MAIS ANTIGO HOTEL DE VENEZA AINDA<br />
RECEBE A ARISTOCRACIA DO MUNDO<br />
EM AMBIENTE 5 ESTRELAS<br />
POR FELIPE FILIZOLA FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
NOVEMBRO 2010 | 123
Se Veneza atrai milhões de visitantes anualmente para<br />
conhecer seus canais e história, os mais exigentes viajantes<br />
têm um destino certo na cidade: o Luna Hotel<br />
Baglioni. Incrustado na Praça de São Marcos, o hotel é uma<br />
sala de estar em meio a boutiques de moda e galerias de arte<br />
no coração de uma cidade que revela beleza e elegância em<br />
cada detalhe.<br />
Se por um estranho acontecimento um visitante pudesse viver<br />
nos últimos mil anos no local, teria conhecido ali grandes<br />
personalidades que construíram a história da humanidade. O<br />
hotel está construído em um espaço de importância histórica<br />
e cultural. É o mais antigo hotel da cidade, que abrigou, no século<br />
XII, cavaleiros reais antes de partirem para as Cruzadas. Ao<br />
mesmo tempo que seu passado ainda vive no estabelecimento,<br />
os confortos do mundo atual foram inseridos de maneira discreta<br />
no hotel para o bem-estar dos clientes, com uma reforma<br />
124 | MARÇO 2011<br />
REFÚGIO INTERNACIONAL<br />
Relíquias de século<br />
decoram os clássicos e luxuosos<br />
ambientes do hotel.<br />
acabada em 2009. O tratamento personalizado se assegura em<br />
alcançar as expectativas e desejos de seus hóspedes.<br />
CHARME VENEZIANO<br />
A entrada principal, a poucos metros da Praça de São Marcos,<br />
conta com um píer privado e um deck para gôndolas. O<br />
ambiente arquitetônico da cidade continua dentro do lobby<br />
principal e nos 104 quartos e 15 suítes, cujas janelas emolduram<br />
vistas para os Jardins Reais, a Basílica de São Marcos e a<br />
ilha San Giorgio Maggiore.<br />
Relíquias de móveis, pinturas, espelhos e objetos acumulados<br />
nos séculos de existência do local permanecem intactos<br />
e decoram o interior do Luna, assim como os lustres de<br />
Murano e o vermelho piso de mármore Verona. A alusão ao<br />
Carnaval veneziano aparece em estátuas vestidas com roupas<br />
do século XVIII.
REFÚGIO INTERNACIONAL<br />
Lustres de Murano, afrescos<br />
nos tetos e doca privada para<br />
gôndolas transformam a<br />
hospedagem no Luna Baglioni<br />
em uma experiência única.<br />
Muito procurado para festas e coquetéis, o hotel disponibiliza uma verdadeira experiência ve-<br />
neziana no Caffé Baglioni, decorado com mesas de mármore, objetos de Murano e situado em<br />
uma das laterais do lobby, com uma varanda em anexo que permite aos seus clientes apreciarem<br />
a bela vista dos canais. O hotel ainda reserva o salão de baile Marco Polo para grandes festas,<br />
uma verdadeira joia dentro da construção. No teto, afrescos do século XVIII pintados em estilo<br />
Rococó representam as Quatro Estações, em alusão à alegria da vida na terra. Neste espaço reside<br />
até hoje o famoso e mais concorrido baile de máscaras durante o Carnaval da cidade.<br />
COMIDA MADE IN ITALY<br />
O restaurante Canova, famoso ponto de encontro em Veneza e vencedor dos prestigiosos prêmios<br />
italianos de gastronomia “Foguer D’Oro” e “Gambero Rosso”, completa a coleção de atrativos<br />
do Luna Baglioni. Seu ambiente preciosamente decorado é o palco perfeito para as receitas do<br />
chef Cosimo Giampaolo e sua equipe, que valorizam ingredientes “Made in Italy” e propõe uma<br />
viagem à culinária italiana. Com capacidade para 70 pessoas, as janelas do local dão vista para a<br />
Calle dell’Ascensione através das cortinas feitas da lendária renda produzida na cidade. O nome<br />
do restaurante homenageia as obras do pintor Antonio Canova, muitas delas expostas no local.<br />
MARÇO 2011 | 127
“O luxuoso serviço<br />
já atraiu ilustres<br />
hóspedes, como Dalai<br />
Lama, Frank Sinatra<br />
e Elton John.”<br />
128 | MARÇO 2011<br />
REFÚGIO INTERNACIONAL<br />
O LUNA E AS ESTRELAS<br />
Antigo abrigo dos cavaleiros das Cruzadas Religiosas no século XII,<br />
o prédio onde reside o Luna Baglioni se mantém intacto por fora<br />
desde sua construção, quando ganhou o nome de Osteria della<br />
Luna. Com o fim e insucesso das Cruzadas, o local passou a servir<br />
de residência para membros do clero e senado até voltar, em 1574,<br />
a ser um hotel. Com a importância de Veneza como principal porta<br />
da Europa para o Oriente durante séculos, o hotel ganhou igual<br />
importância graças à sua localização e imponente arquitetura.<br />
Se no passado, reis, rainhas e imperadores marcaram a ocupação<br />
de seus quartos, hoje, o Luna Baglioni serviu nas últimas décadas<br />
como casa temporária para personalidades globais, como os atores<br />
Sean Connery, Michael Douglas e John Travolta, e músicos como<br />
Frank Sinatra e Elton John. Por lá, também passaram os importantes<br />
Dalai Lama e Nelson Mandela à procura do serviço 5 estrelas.<br />
Desde 2001, o serviço impecável do Luna fez com que ele se tornasse<br />
parte do seleto circuito de hotéis luxuosos Leading Hotels of<br />
the World. Em 2004 e 2005, foi escolhido pela associação de turismo<br />
italiano como melhor hotel do país, prêmio concedido também<br />
pela revista Conde Nast Traveller no mesmo ano. Nada mais justo<br />
para um hotel que se preocupa com o acolhimento e satisfação dos<br />
seus hóspedes com serviço de luxo ao estilo Italiano.
TRILHA SONORA<br />
130 | NOVEMBRO 2010<br />
<br />
O DJ ZÉ PEDRO É UMA ENCICLOPÉDIA DE MPB<br />
Há duas décadas colocando<br />
para dançar as mais animadas<br />
pistas do Brasil, o DJ Zé Pedro<br />
é autoridade quando o assunto é música<br />
brasileira. Sua carreira, que começou no<br />
então Resumo da Ópera no Rio de Janeiro,<br />
evoluiu para outros clubs de São Paulo,<br />
entre eles o B.A.S.E, Kashmir e Gitana, até<br />
chegar no Royal Club, onde mantém residência<br />
aos sábados desde 2006.<br />
Ainda que conhecido pela diversidade de<br />
estilos musicais ao montar o seu playlist,<br />
Zé Pedro pode ser considerado uma das<br />
maiores autoridades do país quando o<br />
assunto é música popular brasileira. A<br />
paixão vem da infância, quando tinha<br />
como hobby garimpar novos intérpretes e<br />
compositores. A brincadeira virou trabalho<br />
sério. Seu vasto conhecimento musical<br />
e a coleção de cerca de quatro mil vinis<br />
o levou a escrever o livro “Meus Discos e<br />
Nada Mais”, onde conta histórias de sua<br />
vida como DJ tendo a música como linhaguia,<br />
comentando sobre os 155 discos da<br />
música brasileira que mais influenciaram<br />
sua carreira. Na época do lançamento,<br />
chegou a declarar: “A ideia de fazer este<br />
livro era inevitável porque a música brasileira<br />
é o meu próprio alimento. Quando<br />
não é doce de leite, é a própria música<br />
brasileira. As grandes emoções que<br />
eu vivi na minha vida foram com esses<br />
cantores. Não foram namoros nem casamentos,<br />
a grande emoção da minha vida<br />
foi poder escutar esses discos”. O texto<br />
POR FELIPE FILIZOLA<br />
FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
de abertura é sobre Maria Bethânia, a<br />
quem o livro é dedicado.<br />
Sendo um dos mais requisitados DJs<br />
do Brasil, ele também produz remixes e<br />
trilhas sonoras para desfiles de moda,<br />
como para a Rosa Chá e a Iódice em Nova<br />
Iorque, e para o evento Brasil 40 Graus promovido<br />
pela loja Selfridges em Londres,<br />
com o intuito de apresentar marcas brasileiras<br />
para os consumidores britânicos.<br />
Fora das pistas, o DJ também participou<br />
dos programas Superpop e do extinto É<br />
Show, comandado por Adriane Galisteu –<br />
amiga e confidente pessoal. Zé também<br />
já apresentou o programa MPB Para Dançar<br />
na rádio MPB FM do Rio de Janeiro,<br />
onde além de tocar seus remixes, recebia<br />
cantores e compositores para entrevistas.<br />
Primeiro dos 3 discos de sua autoria,<br />
“Música para Dançar”, lançado em<br />
2002, remixa clássicos da música brasileira,<br />
apresentando versões para pistas<br />
de canções de Milton Nascimento<br />
e Elis Regina. Mostrando estar sempre<br />
de olho em novos talentos da música,<br />
em 2005, lançou o CD “Quero Dizer a<br />
Que Vim” junto do DJ e produtor Gui<br />
Boratto, atualmente um dos maiores<br />
destaques da música eletrônica nacional<br />
no mercado mundial pela aclamada<br />
música “Beautiful Life” e o álbum<br />
Chromophobia. “Quero Dizer...” traz<br />
remixes de Djavan, Marina Lima e Gal<br />
Costa, atualizando clássicos. Lançado<br />
em 2009, “Essa Moça Tá Diferente”, seu<br />
NOVEMBRO 2010 | 131
TRILHA SONORA<br />
último álbum, faz uma homenagem em forma de remixes<br />
às grandes vozes femininas do Brasil, entre elas Marisa<br />
Monte, Alcione, Cássia Eller e Maysa. O álbum lhe rendeu<br />
uma indicação no 21º Prêmio da Música Brasileira na categoria<br />
Música Eletrônica em 2010.<br />
Com todo esse repertório cultural, nada mais natural que<br />
a revista B&C procurasse o artista para sugerir, nesta edição<br />
especial sobre Brasil e Carnaval, um playlist com as melhores<br />
músicas para celebrar o feriado mais animado e esperado<br />
do País. Assim como a comissão de frente das escolas de<br />
samba, Zé Pedro surpreende aqueles que estão assistindo<br />
suas performances nas pick-ups, seja com uma ótima e inesperada<br />
música, ou seja, com os aparatos com os quais costuma<br />
divertir seus convidados, entre eles bolas e brinquedos<br />
fluorescentes, ou buzinas em lata.<br />
B&C: A música brasileira tem uma diversidade tão grande<br />
quanto o seu povo. Qual a principal característica que une<br />
todos os estilos existentes no País? Você tem algum favorito?<br />
ZP: Não existe nada em comum entre os ritmos brasileiros<br />
de cada estado desse imenso País. Em cada capital que<br />
eu chego para me apresentar, procuro por informações de<br />
132 | NOVEMBRO 2010<br />
artistas locais e fico sempre impressionado com a quantidade<br />
de músicos que fazem um grande sucesso em sua terra natal<br />
e são completos desconhecidos nas outras cidades do Brasil.<br />
A percussão, por exemplo, que é a característica rítmica principal<br />
da música brasileira, em cada estado aparece de um jeito.<br />
Os tambores de Minas Gerais são completamente diferentes<br />
dos tamborins do Rio de Janeiro, e por aí vai. A música que<br />
vem da Bahia, desde Caetano Veloso passando pelo carnaval<br />
de Carlinhos Brown, sempre foi a que mais me interessou por<br />
sua alegria contagiante e personalidade.<br />
B&C: Na hora de fazer um remix, o que conta mais? A melodia<br />
original da canção, a necessidade de um ritmo específico<br />
para encaixar nos seus sets, ou, quem sabe, até a letra da música?<br />
Como é feita a seleção?<br />
ZP: Sou um pioneiro solitário nessa história de remixar a<br />
música brasileira. Os DJs, em geral, ainda têm um enorme<br />
preconceito em tocar a nossa música em qualquer formato.<br />
Sempre fui um apaixonado pela MPB e quando consegui ter<br />
meu trabalho observado pela mídia e pelo grande público,<br />
imediatamente comecei a produzir remixes que trouxessem,<br />
para a pista e para um público mais jovem, clássicos como<br />
Maria Bethânia, Elizeth Cardoso e Nara Leão. Tenho sempre<br />
o cuidado de manter a letra e a harmonia originais da canção,<br />
respeitando as intenções desse ou daquele artista. A escolha<br />
dessas músicas é sempre sentimental e intuitiva, lembranças<br />
de uma criança apaixonada pela música brasileira.<br />
B&C: Você trabalhou com o Gui Boratto em 2005, o que foi<br />
uma verdadeira revelação sua. Você se considera um caçatalentos?<br />
Pode apontar o nome de alguns artistas novos a<br />
quem devemos prestar atenção?<br />
ZP: O Gui Boratto hoje é um orgulho para os DJs no Brasil<br />
por seu trabalho extremamente original e bem feito. Quando<br />
fui até ele e o convidei para produzir o meu segundo disco, ele<br />
se mostrou cheio de ideias e, acima de tudo, um apaixonado<br />
pelo projeto de remixar a MPB. Nesse meu terceiro disco<br />
chamado “Essa Moça Tá Diferente”, no qual só aparecem<br />
remixes de cantoras brasileiras, chamei o produtor André<br />
Torquato que também tem um trabalho muito interessante<br />
de música eletrônica. Juntos, fomos indicados ao prêmio<br />
de melhor disco de música eletrônica de 2010. Estou sempre<br />
atento aos DJs e produtores que aparecem no mercado, mas<br />
infelizmente poucos se interessam por música brasileira.<br />
“Sou um pioneiro solitário nessa<br />
história de remixar a música<br />
brasileira. Os DJs, em geral, ainda<br />
têm um enorme preconceito em<br />
tocar a nossa música em qualquer<br />
formato.”<br />
B&C: Você tem 3 CDs lançados, um livro, trabalhou em TV,<br />
rádio e fez trilhas para eventos. Existe algum outro caminho que<br />
tem vontade de explorar e levar seu vasto conhecimento?<br />
ZP: Acabo de abrir uma gravadora chamada Jóia Moderna,<br />
que terá em seu casting apenas cantoras que estejam fora<br />
do mercado ou que queiram começar sua trajetória. Inicialmente,<br />
agora em fevereiro, sairão quatro lançamentos: Zezé<br />
Motta cantando Jards Macalé e Luiz Melodia; Cida Moreira<br />
interpretando de Amy Winehouse a Chico Buarque; um com<br />
quatorze cantoras interpretando o compositor Taiguara e<br />
uma cantora paulista chamada Silvia Maria, que não gravava<br />
um disco há exatos trinta anos. Espero, com esse projeto,<br />
iluminar a história da nossa música, tão diferente e tão rica.<br />
NOVEMBRO 2010 | 133
TRILHA SONORA<br />
PLAYLIST DE REMIXES<br />
134 | NOVEMBRO 2010<br />
Marisa Monte<br />
Innito Particular<br />
(Innity Mix)<br />
Alcione<br />
Sufoco<br />
(Samba House Mix)<br />
Maysa<br />
Canto de Ossanha<br />
(Afro Mix)<br />
Beth Carvalho<br />
Vou festejar<br />
(Alegria Mix)<br />
Clara Nunes<br />
Morena de Angola<br />
(Tribal Mix)<br />
Amelinha<br />
Frevo Mulher<br />
(Eletro Mix)<br />
Rita Ribeiro<br />
Cavaleiro de Aruanda<br />
(Saravah Mix)<br />
Maria Alcina<br />
Eu Quero Botar Meu Bloco na Rua<br />
(Funk Mix)<br />
Mart’nália<br />
Cabide<br />
(Nêga Mix)<br />
Elis Regina<br />
Vou Deitar e Rolar<br />
(House Mix)
136 | MARÇO 2011<br />
REFÚGIO NACIONAL<br />
Solar da ponte<br />
<br />
POR FELIPE FILIZOLA FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
Situada na rota do ouro mineira e com um dos centros históricos da arte barroca<br />
mais bem preservados do Brasil, Tiradentes foi proclamada, na metade do século<br />
XX, patrimônio histórico nacional tendo suas casas, lampiões, igrejas, monumentos<br />
e demais partes recuperadas. A importância turística da cidade ganhou ainda o presente<br />
do casal John e Anna Maria Parsons, que transformaram a estrutura abandonada de um<br />
casarão colonial no refúgio Solar da Ponte. Desde os anos 70, a pousada recebe com beleza<br />
e conforto turistas que visitam o estado em busca da história da colonização brasileira.<br />
Situado no centro histórico de Tiradentes, o Solar sempre esteve comprometido com a<br />
preservação da cidade e com seu entorno natural e contexto histórico-cultural, oferecendo<br />
aos hóspedes um ambiente de encanto, recriando a tradição mineira de receber bem.<br />
A bela vista de Tiradentes pode ser<br />
apreciada da pousada. Na página ao lado, a<br />
sala de leitura e lareira do Solar da Ponte.<br />
MARÇO 2011 | 137
138 | MARÇO 2011<br />
REFÚGIO NACIONAL<br />
VALORIZANDO TRADIÇÕES<br />
Destacando-se dentre as tradicionais construções de Tiradentes,<br />
com vista para a praça principal e para a ponte, a pousada<br />
guarda belezas em seu interior de decoração clássica e móveis<br />
antigos compondo as diversas salas. Mobiliado com elegância,<br />
o Solar possui uma decoração coerente com a cidade, valorizando<br />
o artesanato regional, principalmente em objetos feitos<br />
em madeira, pedra-sabão, latão, folha de flandres, tecelagem,<br />
prata e estanho.<br />
Os 18 quartos seguem o mesmo padrão, com camas altas,<br />
ótimo enxoval, roupões e aquecedores de toalhas. Alguns<br />
ainda contam com vista para o belo jardim interno da pousada.<br />
Hóspedes e visitantes da cidade podem desfrutar da gastronomia<br />
local, refletidas no café da manhã servido com receitas<br />
Elegante, a decoração clássica da pousada é<br />
coerente com o clima da cidade, valorizando<br />
móveis de época e o artesanato local.<br />
típicas de Minas Gerais. Por conta da origem inglesa de seu<br />
fundador, a fartura gastronômica se repete ao pôr do sol, no<br />
chá da tarde. No almoço e jantar, aparecem no cardápio receitas<br />
de gastronomia mineira, típicas do Ciclo do Ouro do século<br />
XVIII. Apelidada de dieta do tropeiro, uma das mais ricas e originais<br />
culinárias do País, aparece em pratos de carnes e grãos<br />
cozidos sem pressa.<br />
A área social ainda conta com sala de leitura com lareira<br />
e livros raros, além de varandas, jardins, piscina e sauna. O<br />
agradável ambiente, sua estrutura e bom serviço renderam<br />
ao local a inclusão entre os “101 Best Hotels of the Word” da<br />
revista inglesa Tatler em 2005, além do importante selo turístico<br />
Condé-Nast Johansens, em 2006.<br />
“Desde os anos 70, a pousada recebe com beleza e conforto turistas que visitam<br />
o estado em busca da história da colonização brasileira.”<br />
MARÇO 2011 | 139
140 | MARÇO 2011<br />
REFÚGIO NACIONAL<br />
EXPLORANDO A REGIÃO<br />
Antiga São José do Rio das Mortes, a cidade de Tiradentes é<br />
uma das Vilas do Ouro assentada durante o século XVIII. Criada<br />
no auge do período da mineração, a cidade preserva, do seu<br />
passado colonial, monumentos religiosos e civis, tombados<br />
como bens culturais do Brasil. Opções de passeios turísticos<br />
não faltam para quem se interessar em explorar a região. O<br />
centro histórico, que pode ser percorrido a pé, possui joias da<br />
arquitetura colonial, como as igrejas, exemplares do barroco<br />
mineiro. Os adeptos de cavalgadas ainda contam com essa<br />
opção em passeios organizados na Mata Atlântica preservada,<br />
com sua flora e fauna. É possível seguir pelas trilhas dos antigos<br />
tropeiros ou caminhos históricos abertos pelos primeiros<br />
desbravadores.<br />
As ruas de pedra de tiradentes<br />
Para uma aventura de outrora, o passeio de Maria Fumaça<br />
até a vizinha São João Del Rei proporciona ao viajante do trem<br />
belas paisagens e um percurso dentro de uma locomotiva original<br />
em bitola estreita em perfeito funcionamento, como nos<br />
áureos tempos do Ciclo do Ouro.<br />
A região ainda é muito procurada pelo seu Carnaval de rua.<br />
Na cidade que respira historicidade e memória em suas ruas<br />
de pedra, a alegria dos foliões fica por conta do som de bandas<br />
que eternizam as músicas carnavalescas e dos desfiles de blocos,<br />
lembrando o antigo carnaval de rua animado ao tom das<br />
marchinhas. Enfim, uma ótima época para conhecer a história<br />
nacional e se divertir, juntando cultura e folia e o conforto de<br />
noites bem dormidas no Solar da Ponte.
LEITURA<br />
<br />
A OBRA DOS ANOS 90 ESTÁ MAIS ATUAL QUE NUNCA<br />
POR FELIPE FILIZOLA FOTOS DIVULGAÇÃO<br />
Ruy Castro<br />
não nasceu no<br />
Rio de Janeiro, mas deveria ser considerado<br />
mais carioca “da gema” do<br />
que muitos outros nascidos e vividos<br />
na capital fluminense. Natural da mineira<br />
Caratinga, o jornalista e autor<br />
escreveu sua história como profundo<br />
conhecedor do Rio, transformando em<br />
linhas e parágrafos a história da Cidade<br />
Maravilhosa.<br />
Sua primeira obra publicada, Chega<br />
de Saudade – A História e as Histórias<br />
da Bossa Nova – reconstitui a trajetória<br />
do estilo musical numa narrativa<br />
romantizada, porém baseada em fatos<br />
reais. Também de forma romantizada,<br />
Castro escreveu biografias de Carmem<br />
Miranda, Nelson Rodrigues e Garrincha.<br />
Se o seu estilo de escrita é um traço<br />
autoral, um tema em suas publicações<br />
une suas obras: o Rio de Janeiro.<br />
O amor pela cidade se reflete na obra<br />
“Carnaval no Fogo – Crônica de uma<br />
Cidade Excitante Demais”. A obra faz<br />
parte da série “O Escritor e a Cidade”,<br />
que retrata o espírito do estilo de vida<br />
de outras urbes. Entre as obras estão “Paris, Os Passeios de<br />
Um Flâneur”, de Edmund White e “Florença, Um caso Delicado”,<br />
de David Leavitt. Completamente adequada, então, a opção<br />
do autor para o desenvolvimento de tal obra.<br />
SEX-APPEAL E VIOLÊNCIA<br />
Verdadeira biografia da antiga capital brasileira, Ruy Castro<br />
nos presenteia com uma explicação em ordem cronológica<br />
de como a cidade se formou, partindo do batismo da cidade<br />
em 1502 pelo navegador italiano Américo Vespúcio e chegando,<br />
no prólogo, ao fechamento do comércio de Ipanema por<br />
ordens dadas pelo tráfico, ignorado pelo povo ávido por diversão<br />
carnavalesca que seguiu festejando atrás de blocos.<br />
O autor discorre, nesses 500 anos de história e 256 páginas<br />
de papel Pólen Soft, sobre a relação entre sexo e violência que<br />
marca a história guanabarina. Se por um lado, o conflito violento<br />
aparece desde a escravidão até o domínio do tráfico, o<br />
sexo também tem sua importância na formação do caráter da<br />
cidade, seja pela tradição do Carnaval,<br />
pela sua encosta litorânea ou seu clima<br />
tropical. Apesar do título, “Carnaval<br />
no Fogo” não é um livro sobre o famoso<br />
Carnaval da cidade, mas um retrato da<br />
vibrante atmosfera carioca, onde há<br />
sempre uma excitação no ar. Por ele,<br />
ficamos sabendo que, enquanto os poetas<br />
flertavam com jovens da sociedade nos<br />
cafés, durante a Belle Époque, eclodiam<br />
revoltas que quase destruíram a cidade;<br />
que as calçadas com desenhos de ondas<br />
em Copacabana, famosas pela sua sensualidade,<br />
foram batizadas com sangue;<br />
e que, mais de cem anos antes das garotas<br />
de Ipanema, já as garotas da rua do<br />
Ouvidor tinham adotado o chic francês<br />
para nunca mais o largar.<br />
O RIO ENCANTA<br />
Como qualquer apaixonado, o objeto<br />
retratado tem seus defeitos vistos como<br />
benefícios, ou então diminuídos frente<br />
às inúmeras qualidades listadas. Nada<br />
que desmereça, no entanto, essa longa<br />
crônica que comenta os personagens e<br />
sua história, ilustrada com o traço livre de Felipe Jardim e idealizada<br />
por Raul Loureiro. Se a pesquisa teórica que consumiu dois<br />
anos para completar a obra não foi suficiente para a conclusão<br />
do livro, Castro aventurou-se pelas ruas da cidade em busca de<br />
fatos que completassem a história. Segundo o autor, as ruas são<br />
o “habitat natural do carioca”, e não poderiam ser deixadas em<br />
segundo plano. As ruas do Rio, onde as índias recepcionaram<br />
os portugueses e onde desembarcaram os africanos e franceses,<br />
vivenciaram a formação dos costumes brasileiros e criaram o<br />
lifestyle carioca, admirado pelo resto do mundo atualmente.<br />
Ainda que 20 anos separem o lançamento do livro da presente<br />
data, o tema é mais que atual, enquanto o mundo se<br />
volta ao Rio de Janeiro buscando inspiração em seu modo de<br />
vida. Capa por duas vezes no último ano da aclamada revista<br />
inglesa Wallpaper, e referência de moda para grandes marcas<br />
internacionais como a italiana Prada e a sueca ACNE, a cidade<br />
revelada por Ruy Castro em suas obras ainda tem muito para<br />
ensinar ao mundo.<br />
MARÇO 2011 | 143
NA REDE<br />
On-line<br />
Não é fácil aproveitar todas as possibilidades da rede, o mundo está on-line.<br />
Por isso os criativos da agência de propaganda J3P selecionaram alguns links<br />
interessantes que abrirão novas portas para sua navegação.<br />
www. lemagazine.com<br />
“Site dedicado à fotogra a, mais<br />
propriamente a fotogra as inesperadas.<br />
As postadas, de alguma forma, mostram<br />
sua beleza de maneira diferenciada,<br />
com ângulos alternativos, observações<br />
não convencionais, interpretações<br />
originais, deixando de lado todos os<br />
clichês. Após uma rigorosa análise, o<br />
público apreciador do site pode ter sua<br />
própria foto postada. O material é, sem<br />
dúvida rico e selecionado.”<br />
Rodrigo Pereira, Diretor de Arte<br />
www.fromupnorth.com<br />
“Site de referências bem bacanas,<br />
com conteúdo atualizado semanalmente<br />
sempre traz inspirações dos mais diversos<br />
segmentos dentro da arte,<br />
como advertising, clothing, 3D, packaging,<br />
print, entre outros. Vale a pena conferir”<br />
Felipe Previtalli, Diretor de Arte<br />
144 | MARÇO 2011<br />
www.thecoolhunter.net<br />
“O site celebra a criatividade, inovação<br />
e originalidade em todas as suas<br />
manifestações, tornando-se uma referência<br />
mundial de cultura, leitura e design. Hoje<br />
conta com mais de 1 milhão de leitores<br />
únicos mensais, que se conectam em busca<br />
de estilos e tendências. A visita vale a pena<br />
para observar/antecipar as tendências em<br />
todos os seus aspectos, através de matérias<br />
inteligentes, surpreendentes, com muito<br />
requinte e so sticação.”<br />
Rodolpho Rivolta, Novos Negócios<br />
www.zeutch.com<br />
“É um site que agrega referências e<br />
tendências de diversas áreas: arquitetura,<br />
moda, arte, design, comunicação etc.<br />
Tudo que é vanguarda ganha destaque<br />
no Zeutch. Vale o acesso para car por<br />
dentro do que acontece de mais cool no<br />
mundo todo.”<br />
Rafael Carrieri, Redator<br />
www.notcot.org<br />
“Site para oxigenar suas ideias, e<br />
cheio de referências estéticas e também<br />
divertido. Um excelente guia do que há de<br />
mais novo em arquitetura, street fashion,<br />
design e artes grá cas.”<br />
Cesar Rodrigues, Designer<br />
www.grooveshark.com<br />
“Neste site é possível ouvir suas músicas<br />
preferidas e criar playlists totalmente<br />
on-line. O site ainda permite que você<br />
adicione amigos e indica músicas de estilos<br />
parecidos aos que você está ouvindo.<br />
Não é necessário baixar nenhum<br />
programa, só dar play e ouvir.”<br />
Claudio Tarandach, Redator<br />
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MARÇO 2011 | 145
ESPAÇO LUKSCOLOR<br />
Av. Indianópolis, 667 • Moema • São Paulo<br />
Tel: (11) 5087-9300 • www.lukscolor.com.br<br />
A Lukscolor oferece uma completa<br />
linha de tintas premium com suave<br />
perfume.<br />
Você não precisa sair de casa na<br />
hora de pintar e pode escolher,<br />
entre milhares de opções, uma cor<br />
que combina com você.
Edição Especial Carnaval<br />
www.artefactobc.com.br<br />
Revista Beach&Country | ano 03 | Março 2011<br />
UNIVERSO B&C<br />
É CARNAVAL<br />
CONTEMPORÂNEO<br />
ARAQUÉM ALCÂNTARA<br />
O OLHAR QUE REVELA O BRASIL<br />
BRASIL NO MUNDO<br />
RONALDO FRAGA<br />
MODA GENUINAMENTE BRASILEIRA<br />
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