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Nepso PR-3 (Parte 1) - Instituto Paulo Montenegro

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MANUAL DO <strong>PR</strong>OFESSOR<br />

VERSÃO ESPECIAL PARA DOWNLOAD


© Copyright 2001 by <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong><br />

GLOBAL EDITORA E DISTRIBUIDORA LTDA.<br />

DIRETOR EDITORIAL: Jefferson L. Alves<br />

GERENTE DE <strong>PR</strong>ODUÇÃO: Flávio Samuel<br />

ASSISTENTE EDITORIAL: Rodnei William Eugênio<br />

REVISÃO: Rodnei William Eugênio<br />

CAPA: Sergio Kon sobre desenho de Ricardo Sanzi<br />

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)<br />

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)<br />

Nossa escola pesquisa sua opinião : manual do professor/<br />

editores Fabio <strong>Montenegro</strong>, Vera Masagão Ribeiro;<br />

[ilustrações Ricardo Sanzi]. – 2. ed. – São <strong>Paulo</strong>: Global, 2002.<br />

ISBN 85-260-0788-2<br />

1. Educação – Opinião pública 2. Opinião pública –<br />

Pesquisas 3. Pesquisa educacional I. <strong>Montenegro</strong>, Fabio. II.<br />

Ribeiro, Vera Masagão. III. Kon, Sergio.<br />

02-5539 CDD–370.72<br />

Índices para catálogo sistemático:<br />

1. Escolas : Pesquisa de opinião : Educação 370.72<br />

2. Pesquisa de opinião : Escolas : Educação 370.72<br />

INSTITUTO PAULO MONTENEGRO<br />

Al. Santos, 2101, 8º andar<br />

01419-002 São <strong>Paulo</strong> SP<br />

tel.: (11) 3066-1758<br />

ipm@ibope.com.br<br />

www.ipm.org.br<br />

Direitos reservados a<br />

GLOBAL EDITORA E DISTRIBUIDORA LTDA.<br />

R. Pirapitingüi, 111, Liberdade<br />

01508-020 São <strong>Paulo</strong> SP<br />

tel.: (11) 3277-7999<br />

fax: (11) 3277-8141<br />

global@globaleditora.com.br<br />

n o de catálogo: 2356<br />

Colabore com a produção científica e cultural.<br />

Proibida a reprodução total ou parcial desta<br />

obra sem a autorização do editor.<br />

Printed in Brazil<br />

Foi feito o depósito legal


REALIZAÇÃO: <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong><br />

COORDENAÇÃO GERAL: Ana Lúcia D’Império Lima, Fabio <strong>Montenegro</strong><br />

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: Ação Educativa – Vera Masagão Ribeiro<br />

MANUAL DO <strong>PR</strong>OFESSOR<br />

EDITORES: Fabio <strong>Montenegro</strong>, Vera Masagão Ribeiro<br />

EDIÇÃO DE ARTE: Sergio Kon<br />

CONSULTORES: Alexandre Fortes, Ana Lagôa, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Carlos<br />

Seabra, Celi Aparecida Espasandin Lopes, Célia Maria Benedicto Giglio,<br />

Flávia Inês Schilling, Fernando Valentim, José Carlos Cacau Lopes, Luiz<br />

Percival Leme Britto, Márcia Abreu, Marco Antônio Souza Aguiar, <strong>Paulo</strong><br />

Fontes<br />

APLICAÇÃO EXPERIMENTAL: Lourdes Atié, Monica Moreira de Oliveira Braga Cukierkorn<br />

EDIÇÃO DE TEXTO: Ana Lúcia D’Império Lima, Marcia Cavallari Nunes e Vera Marchesi<br />

REVISORES: Orlando Joia, Hélio Gastaldi, Silvia Mattiazzo, Maria Lúcia Barreto, <strong>Paulo</strong><br />

Pinheiro de Andrade, Marcilio Souza, Marilse Araujo, Silvia Cervellini<br />

REVISÃO FINAL: Edméa Garcia Neiva<br />

ILUSTRAÇÕES: Ricardo Sanzi<br />

PÓLOS REGIONAIS<br />

COORDENAÇÃO NACIONAL: Marilse Araujo<br />

SÃO PAULO: Ação Educativa<br />

RIO DE JANEIRO: Idéias Futuras<br />

PERNAMBUCO: Centro de Cultura Luiz Freire<br />

RIO GRANDE DO SUL: Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS<br />

INTERNET: <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong> – www.ipm.org.br<br />

INSTITUTO PAULO MONTENEGRO<br />

<strong>PR</strong>ESIDENTE: Desirée Saade <strong>Montenegro</strong><br />

VICE-<strong>PR</strong>ESIDENTE: Solange Maria Saade <strong>Montenegro</strong><br />

DIRETORES: Ana Lúcia D’Império Lima, Flavio Luiz Seabra Ferrari, Odair Bustamante,<br />

Marcia Cavallari Nunes, Vera Frucci, Nelsom Marangoni<br />

SECRETÁRIO-EXECUTIVO: Fabio <strong>Montenegro</strong><br />

INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO<br />

PÚBLICA E ESTATÍSTICA – IBOPE<br />

<strong>PR</strong>ESIDENTE: Carlos Augusto Saade <strong>Montenegro</strong><br />

VICE-<strong>PR</strong>ESIDENTE: Luiz <strong>Paulo</strong> Saade <strong>Montenegro</strong><br />

DIRETORES: Solange Maria Saade <strong>Montenegro</strong>, Marcos Spinola <strong>Montenegro</strong>, <strong>Paulo</strong><br />

Pinheiro de Andrade


SUMÁRIO<br />

UM NOVO DESAFIO PARA UMA TRADICIONAL INSTITUIÇÃO 5<br />

SOBRE O MANUAL 6<br />

PARTE 1<br />

O VALOR EDUCATIVO DA PESQUISA DE OPINIÃO<br />

O espaço da pesquisa na escola 9<br />

A escola como produtora de conhecimento 12<br />

PARTE 2<br />

COMO FAZER PESQUISA DE OPINIÃO NA ESCOLA<br />

Apresentação 15<br />

Planejamento do projeto de pesquisa 16<br />

Análise e interpretação dos resultados 20<br />

Apresentação dos dados com gráficos 21<br />

Sistematização e divulgação dos resultados 23<br />

ANEXO<br />

SUGESTÕES DE <strong>PR</strong>OJETOS<br />

Propostas de Pojetos 25<br />

Tema 1: Sexualidade e Gênero 29<br />

Tema 9: História e Memória 35<br />

CONGRESSO IBOPE/UNESCO


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

5<br />

UM NOVO DESAFIO PARA UMA TRADICIONAL INSTITUIÇÃO<br />

Desirée Saade <strong>Montenegro</strong><br />

Presidente do <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong><br />

Carlos Augusto <strong>Montenegro</strong><br />

Presidente do IBOPE<br />

Fundado em 1942, o IBOPE é o mais antigo instituto de pesquisa de mercado da América Latina.<br />

Seu produto é a informação utilizada como instrumento de orientação do processo decisório<br />

de seus clientes. No Brasil, o IBOPE é o maior e mais diversificado fornecedor de<br />

informações para apoiar decisões de marketing, propaganda, mídia e Internet nas esferas<br />

empresarial e política.<br />

Criado em 2000, o <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong> é uma entidade sem fins lucrativos destinada a<br />

executar projetos sociais na área de Educação. Sua criação é conseqüência direta do<br />

engajamento que o IBOPE sempre teve em ações sociais, desde sua fundação.<br />

O objetivo do <strong>Instituto</strong> é desenvolver e disseminar práticas educacionais inovadoras,<br />

contribuindo para que o sistema de ensino do país alcance novos patamares de qualidade.<br />

Uma de suas prioridades é ajudar a renovar o papel formador da escola pública na<br />

comunidade em que está inserida, reforçando seu poder de atração, de agrupamento e de<br />

liderança no cotidiano de alunos, pais e professores.<br />

Estrategicamente, o <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong> procura atuar em parceria com outras<br />

entidades afins na área de Educação, para ampliar o alcance dos projetos. Dessa forma, evita a<br />

superposição de funções e aproveita melhor os recursos disponíveis para cada ação.<br />

Em 2000, o <strong>Instituto</strong> realizou seu primeiro projeto, em parceria com a organização nãogovernamental<br />

Ação Educativa, ao investigar como a pesquisa de opinião poderia ajudar a<br />

melhorar a qualidade do ensino. Especialistas em Educação e professores foram reunidos em<br />

um seminário, para desenvolver a versão preliminar de um manual sobre o valor educativo da<br />

pesquisa. Em seguida, foi realizado um projeto piloto, para testar o uso pedagógico da<br />

pesquisa de opinião em escolas públicas do Rio e de São <strong>Paulo</strong>.<br />

Os resultados desse projeto, batizado de Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião, evidenciaram<br />

sua abrangência e seu potencial inovador. O uso da pesquisa de opinião nas salas de aula<br />

contribui para múltiplos objetivos educacionais. A pesquisa pode encaixar-se em todas as<br />

disciplinas, dinamizar o trabalho realizado pelas escolas, motivar e beneficiar alunos e<br />

professores, desenvolver a consciência cidadã da comunidade.<br />

O lançamento deste Manual, dirigido a professores e alunos, marca o início da etapa de<br />

disseminação do projeto Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião em escolas da rede pública de<br />

todo o país.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

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6<br />

SOBRE O MANUAL<br />

Este manual foi desenvolvido como um instrumento de trabalho do projeto Nossa Escola<br />

Pesquisa Sua Opinião, cujo objetivo é disseminar o uso da pesquisa de opinião como<br />

estratégia pedagógica em escolas da rede pública.<br />

Na primeira parte, expõe-se a fundamentação da proposta, ou seja, discorre-se sobre o<br />

potencial educativo de projetos de pesquisa que envolvam docentes, alunas e alunos.<br />

Evidencia-se como um projeto dessa natureza pode propiciar aprendizagens significativas,<br />

que vêm ao encontro das orientações curriculares mais atuais para a educação básica. Nessas<br />

orientações curriculares, afirmam-se princípios como o da contextualização de conteúdos,<br />

integração de disciplinas, valorização da iniciativa e autonomia dos jovens, cidadania e<br />

participação.<br />

Entretanto, todos os educadores sabem que não é nada fácil concretizar tais princípios na<br />

prática cotidiana da escola. Sem pretender responder de forma completa e definitiva a esse<br />

enorme desafio educacional, o Manual mostra como a realização de pesquisas de opinião<br />

pode constituir uma experiência de prática escolar mais coerente com tais princípios, uma<br />

possibilidade de inovação do trabalho pedagógico no ensino.<br />

A segunda parte do Manual traz instruções de como desenvolver um projeto completo de<br />

pesquisa de opinião, percorrendo todas as etapas. Traz ainda, no anexo, sugestões de<br />

projetos de pesquisa sobre vários temas. Essas sugestões podem ser adaptadas de acordo<br />

com o interesse e a necessidade de cada escola ou apenas servir como exemplos dos<br />

procedimentos mais importantes envolvidos em cada etapa do trabalho: elaboração de<br />

questionários, definição da amostra etc.<br />

O projeto Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião procura responder às necessidades que surgem<br />

na prática: incentiva a inovação e o intercâmbio entre educadoras e educadores e recorre ao<br />

apoio de especialistas em pesquisa e nas áreas curriculares do ensino.<br />

Além deste Manual, que traz orientações básicas e gerais, outros subsídios complementares<br />

encontram-se à disposição no site do <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong> – www.ipm.org.br. Nesse<br />

site, os interessados também podem encontrar referências sobre escolas e pessoas que<br />

realizam pesquisas de opinião com finalidade pedagógica, assim como informações sobre as<br />

pesquisas já desenvolvidas em diversas regiões do país.<br />

Anualmente, um congresso promovido pelo IBOPE em parceria com a UNESCO gerará,<br />

também, oportunidades de formação e intercâmbio presencial entre docentes e estudantes<br />

que realizam pesquisas.


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

7<br />

Espera-se que este manual inspire e ajude professoras, professores, alunas e alunos a realizar<br />

projetos de trabalho escolar relevantes, utilizando a pesquisa de opinião como ferramenta.<br />

Como é uma publicação de dimensões limitadas, certamente deixará muitas questões em<br />

aberto. Porém, aqueles que se engajarem na iniciativa terão, certamente, a oportunidade de<br />

aprender mais e ir além. Eles integrarão uma rede de pessoas que partilham os mesmos<br />

objetivos, ou seja, experimentarão uma prática pedagógica instigante, trabalharão para que a<br />

escola ofereça educação relevante aos alunos e mais ajustada às necessidades do mundo<br />

contemporâneo.


PARTE 1<br />

O VALOR EDUCATIVO<br />

DA PESQUISA DE OPINIÃO


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

9<br />

O ESPAÇO DA PESQUISA NA ESCOLA<br />

NOVA SOCIEDADE, NOVAS A<strong>PR</strong>ENDIZAGENS<br />

Formar o aluno para o exercício da cidadania, para o trabalho e para continuar aprendendo<br />

ao longo da vida. Esta vem sendo a orientação da nova Lei de Diretrizes e Bases – que<br />

regulamenta o sistema de ensino no país – e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o<br />

Ensino Médio, elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação.<br />

Ampliar a cidadania é um dos objetivos centrais que devem orientar o trabalho pedagógico.<br />

Tal objetivo requer o desenvolvimento de competências e habilidades que permitam entender a<br />

sociedade em que vivemos. Entender essa sociedade não como um cenário estático, mas como<br />

uma produção dinâmica da humanidade – reconstruída em processo contínuo por todos os<br />

indivíduos e grupos humanos. Desenvolver a cidadania é capacitar-se, entre outras<br />

habilidades, a avaliar o sentido do mundo em que se vive, os processos sociais e seu próprio<br />

papel nesses processos.<br />

Coerente com essa perspectiva, uma proposta curricular deve ter como eixo as premissas<br />

indicadas pela UNESCO:<br />

Aprender a conhecer<br />

Aprender a fazer<br />

Aprender a viver<br />

Aprender a ser<br />

Outro objetivo da educação deve ser o desenvolvimento total do ser humano, para que ele<br />

possa ter pensamento próprio, livre, capaz de realizações individuais e coletivas, como pessoa<br />

e como cidadão.


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10<br />

A PESQUISA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO<br />

Pesquisar é uma atividade presente em muitas escolas – tanto a pesquisa escolar como a<br />

pesquisa sobre a escola. No primeiro caso – orientada por professoras e professores e<br />

executada por alunas e alunos na forma de exercícios escolares – a busca de informações em<br />

livros ou jornais sem dúvida traz bons resultados em termos de geração de conhecimentos<br />

e aprendizado. Da mesma forma, também têm sido férteis as pesquisas realizadas para<br />

estudar o desempenho dos estudantes ou da escola, ou as iniciativas como o censo escolar,<br />

que reúne dados sobre todas as unidades do sistema de ensino.<br />

Outra prática também adotada é a aplicação de questionários para identificar o perfil<br />

socioeconômico dos alunos e de suas famílias. Esse tipo de levantamento é sempre muito rico<br />

em informações. No entanto, cabe perguntar, para que têm servido esses resultados Essas<br />

iniciativas, embora tragam dados importantes, podem ter alcance limitado se estudantes,<br />

mães e pais forem colocados apenas como fontes de informação.<br />

Aprofundar a indagação, envolvendo os estudantes nesse processo – formular questões,<br />

aplicar questionários e analisar os resultados – é, por sua vez, uma possibilidade muito fértil de<br />

aprendizado para todos os participantes. Ampliam-se os temas de interesse, desenvolvem-se<br />

habilidades e capacidades, dá-se concretude ao currículo. Não apenas saber quem são as<br />

pessoas que participam da escola, mas descobrir o que pensam e por que pensam assim. Esta é<br />

uma das maneiras de transformar a pesquisa em fonte de subsídios para a construção de<br />

novos conhecimentos.<br />

A PESQUISA COMO <strong>PR</strong>ÁTICA EDUCATIVA<br />

À medida que participam das decisões sobre o que e como pesquisar, alunos e alunas estarão<br />

mais motivados para assimilar as informações obtidas. Integrarão essas informações a seus<br />

conhecimentos e as empregarão para ampliar a visão de mundo e conseqüentemente<br />

orientar suas ações.<br />

— Essas aulas são um porre. Do que esse cara fala tanto


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

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11<br />

Nessa perspectiva, a escolha da pesquisa de opinião como foco das propostas tem um significado<br />

especial: ao elaborar uma pesquisa de opinião sobre determinado tema, as pessoas<br />

necessariamente têm de se posicionar e, com isso, estão participando do processo. Ao<br />

conhecer as opiniões de outros e compará-las com as suas, poderão ainda conscientizar-se<br />

sobre como as visões de mundo são construídas socialmente, por meio de influências, acordos,<br />

conflitos e negociações.<br />

Na escola, a pesquisa de opinião pode ser utilizada em vários momentos e situações.<br />

No planejamento da gestão escolar<br />

No planejamento do processo de ensino-aprendizagem<br />

Na contextualização dos conteúdos das disciplinas<br />

Na integração de diversas disciplinas<br />

Na integração da escola com a comunidade<br />

— Vocês acreditam no que fazem Sabem o que<br />

estamos fazendo aqui


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

VERSÃO REDUZIDA ESPECIAL PARA DOWNLOAD<br />

12<br />

A ESCOLA COMO <strong>PR</strong>ODUTORA DE CONHECIMENTO<br />

Nosso modelo escolar é predominantemente calcado na transmissão de conhecimentos. Esse<br />

modelo vem dando sinais de esgotamento ao longo do tempo e, hoje, diante das novas<br />

tecnologias da informação e da comunicação, mostra-se cada vez mais inadequado.<br />

Alterar esse modelo significa um desafio para a escola. Significa transpor um modelo de<br />

transmissão de saberes para construir um modelo de escola que produz conhecimentos sobre si<br />

mesma, sobre sua comunidade, sobre como interferir nos fenômenos educativos, dando um<br />

novo sentido para a educação escolar.<br />

No Brasil, historicamente, a universidade foi o lugar da produção do conhecimento. Os gabinetes<br />

dos governos, os lugares em que as decisões são tomadas. E a escola básica, o lugar em que<br />

se obedece às orientações vindas do seu exterior.<br />

Hoje, propõe-se que a escola tenha autonomia para formular um projeto pedagógico.<br />

A pesquisa de opinião é ferramenta importante para incentivar o surgimento dessas propostas<br />

e, com elas, transpor o modelo da transmissão e oferecer a base para a produção de novos<br />

saberes.<br />

INTERDISCIPLINARIDADE E CONTEXTUALIZAÇÃO<br />

Os estudantes do ensino médio estão cada vez mais insatisfeitos, por não perceber ligação<br />

entre os conteúdos escolares e a realidade. Constantemente indagam: “Para que serve isto<br />

que estou estudando”<br />

As novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio, respondendo a essa demanda, propõem<br />

a busca da interdisciplinaridade e da contextualização dos conteúdos curriculares. Com isso,<br />

— Pesquisa Oh, sim, se for rápida, sim,<br />

com prazer.<br />

“Puxa, sabe que isso me deu uma boa<br />

idéia”


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13<br />

pretende-se que o processo pedagógico seja capaz de envolver, de forma combinada, o<br />

desenvolvimento de conhecimentos, competências e habilidades que sirvam para o exercício<br />

de intervenções e julgamentos práticos.<br />

Pretende-se, também, que respondam às necessidades da vida contemporânea, bem como ao<br />

desenvolvimento de conhecimentos mais amplos e abstratos – correspondentes a uma cultura<br />

geral e a uma visão de mundo.<br />

Em outros termos, pode-se dizer que o objetivo último desses pressupostos é colocar, no<br />

centro das práticas educativas, o desenvolvimento de uma cidadania ativa. Assim sendo, o<br />

aprendizado não se resume à exposição dos alunos ao discurso do professor. Ele se realiza<br />

pela participação ativa de cada um e do coletivo educacional numa prática de elaboração<br />

cultural.<br />

As diretrizes curriculares afirmam ainda que os conhecimentos selecionados a priori tendem a se<br />

perpetuar nos rituais escolares, sem passar pela crítica e reflexão dos docentes. Tornam-se, desta<br />

forma, um acervo de conhecimentos quase sempre esquecidos ou que não se consegue aplicar<br />

– por se desconhecer suas relações com o real.<br />

A distância entre os conteúdos programáticos e a experiência dos alunos certamente<br />

responde pelo desinteresse e até mesmo pela deserção que constatamos em nossas escolas.<br />

Não há conhecimento que possa ser aprendido e recriado se não se partir das preocupações<br />

das pessoas. Contextualizar as atividades e o currículo escolar é dar um passo à frente na<br />

adequação da educação às demandas da sociedade.<br />

A contextualização abre as portas para a interdisciplinaridade. Ao eleger temas para projeto<br />

de pesquisa de opinião relacionados a suas vidas e à vida de suas comunidades, docentes e<br />

estudantes abrem a possibilidade de pensar esses problemas sob vários pontos de vista.<br />

A interdisciplinaridade é um instrumento que na proposta de reforma curricular do ensino<br />

médio aponta para estabelecer – na prática escolar – interconexões e passagens entre os<br />

conhecimentos, por meio de relações de complementaridade, convergência ou divergência.<br />

— Esse tipo de pesquisa permite que a gente<br />

investigue, por exemplo, qual é o maior<br />

problema do bairro, na opinião dos alunos da<br />

escola.


PARTE 2<br />

COMO FAZER PESQUISA DE<br />

OPINIÃO NA ESCOLA


NOSSAESCOLAPESQUISASUAOPINIÃO<br />

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15<br />

A<strong>PR</strong>ESENTAÇÃO<br />

Neste capítulo apresentamos as etapas necessárias para a realização de uma pesquisa de<br />

opinião.<br />

Não se trata de um manual sobre teoria estatística ou construção de questionários. Mesmo<br />

porque o grau de rigor técnico exigido dos institutos de pesquisa profissionais não é aplicável<br />

às atividades que serão realizadas no ambiente escolar.<br />

Os interessados em aprofundar esses temas devem recorrer à bibliografia especializada de<br />

caráter técnico ou a textos mais relacionados à prática da atividade de pesquisa de opinião.<br />

Nosso objetivo é orientar os educadores e estudantes a utilizarem a pesquisa de opinião com<br />

finalidade pedagógica.<br />

... costuma ler livros com mais freqüência<br />

— No banheiro!


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16<br />

PLANEJAMENTO DO <strong>PR</strong>OJETO DE PESQUISA<br />

FORMAÇÃO DA EQUIPE<br />

A iniciativa de realizar uma pesquisa sempre parte da idéia de uma pessoa ou um pequeno<br />

grupo de pessoas. Para concretizar essa idéia, a primeira tarefa é constituir uma equipe.<br />

Uma professora, por exemplo, pode propor a uma turma que se envolva num projeto de<br />

pesquisa que fará parte das atividades pedagógicas planejadas para sua disciplina.<br />

A proposta para a comunidade escolar também pode partir da coordenação pedagógica<br />

ou de representantes do conselho de escola, contando ainda com voluntários para apoiar<br />

a ação.<br />

Para extrair o máximo das potencialidades educativas de uma atividade dessa natureza, é<br />

essencial envolver um bom número de alunos em todas as fases da pesquisa, ou seja:<br />

• definição do tema;<br />

• identificação da população e definição da amostra;<br />

• elaboração do questionário;<br />

• planejamento e execução do trabalho de campo;<br />

• tabulação e processamento dos dados;<br />

• análise, interpretação e apresentação dos resultados.<br />

— Pois bem. Cada grupo já sabe o que fazer;<br />

organizem as pilhas, preparem os planos de<br />

tabulação!


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17<br />

DEFINIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO TEMA DA PESQUISA<br />

A definição e o desenvolvimento do tema de pesquisa devem ser momentos muito<br />

explorados e cuidados. São a grande ocasião para aguçar a curiosidade dos alunos sobre<br />

os conteúdos escolares ou sobre a sua própria comunidade. São também momentos de<br />

antever as dificuldades da pesquisa e pensar nas soluções possíveis.<br />

Para explorar e delimitar o tema selecionado, assim como avaliar a importância do estudo,<br />

deve-se buscar respostas para perguntas do tipo:<br />

O que queremos saber<br />

O que já sabemos sobre o assunto, seja no âmbito local, seja em termos de referências<br />

mais amplas<br />

Que tipo de dúvidas pretendemos esclarecer com a realização dessa pesquisa<br />

Que hipóteses temos sobre o assunto<br />

Diferentes tipos de pessoas têm opiniões diferentes<br />

Quais são os vários aspectos do problema ou os subtemas relacionados ao tema<br />

principal<br />

O que será feito com os resultados<br />

Para quem serão divulgados<br />

— Vamos aos gráficos.<br />

Vejamos o que os resultados, organizados, vão nos<br />

revelar.


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18<br />

DIFERENÇAS ENTRE PESQUISA QUALITATIVA E QUANTITATIVA<br />

Uma vez definido o tema da pesquisa, deve-se escolher entre realizar uma pesquisa qualitativa<br />

ou uma quantitativa. Uma não substitui a outra: elas se complementam.<br />

As pesquisas qualitativas têm caráter exploratório: estimulam os entrevistados a pensar e falar<br />

livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas fazem emergir aspectos subjetivos,<br />

atingem motivações não explícitas, ou mesmo não conscientes, de forma espontânea.<br />

As pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e<br />

conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados (questionários). São<br />

utilizadas quando se sabe exatamente o que deve ser perguntado para atingir os objetivos da<br />

pesquisa. Permitem que se realizem projeções para a população representada. Elas testam, de<br />

forma precisa, as hipóteses levantadas para a pesquisa e fornecem índices que podem ser<br />

comparados com outros.<br />

O foco deste manual é a pesquisa quantitativa que apresenta maior facilidade de uso no<br />

ambiente escolar. São sete as etapas necessárias para a realização de uma pesquisa<br />

quantitativa:<br />

1 Definição do objetivo da pesquisa.<br />

2 Definição da população e da amostra.<br />

3 Elaboração dos questionários.<br />

4 Coleta de dados (campo).<br />

5 Processamento dos dados (tabulação).<br />

6 Análise dos resultados.<br />

7 Apresentação e divulgação dos resultados.


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19<br />

ELABORAÇÃO DAS PERGUNTAS<br />

As perguntas que são feitas aos entrevistados talvez sejam os componentes mais importantes<br />

de uma pesquisa. As perguntas têm um efeito muito mais profundo nos resultados da pesquisa<br />

do que qualquer outro elemento. Portanto, é importantíssimo que o processo de elaboração<br />

das questões seja cuidadoso.<br />

Elas devem focalizar diretamente o assunto ou tópico pesquisado e ser simples (expressas de<br />

maneira clara) e breves.<br />

As questões curtas estão menos sujeitas a erro tanto por parte do entrevistado quanto do<br />

entrevistador. Quando as perguntas se tornam muito longas, a tendência é de que os<br />

entrevistados se esqueçam da primeira parte da questão, antes mesmo de ter ouvido a<br />

pergunta toda.<br />

O vocabulário utilizado é importantíssimo. Quase todo indivíduo utiliza três níveis de<br />

vocabulário: aquele constituído das palavras com as quais está mais familiarizado, aquele<br />

que ele usa no discurso comum e aquele vocabulário constituído de um conjunto de<br />

palavras que ele só reconhece quando lê ou ouve. E é claro que existem muitas outras<br />

palavras em uma língua que a pessoa não reconhece nem entende o seu significado. A<br />

equipe de trabalho deve, na medida do possível, elaborar as suas perguntas usando as<br />

palavras que fazem parte do cotidiano dos indivíduos pesquisados.<br />

O mesmo ocorre em relação à gramática. As questões mais eficientes são aquelas<br />

compostas por sentenças simples. É preferível usar duas ou mais sentenças simples do que<br />

uma sentença composta.<br />

Durante a elaboração das perguntas, o grupo deve se perguntar várias vezes: Esta questão<br />

trata precisamente do assunto da pesquisa Esta pergunta é a mais breve que poderia ser<br />

Esta questão está completamente clara sobre o que se quer perguntar Se esses<br />

questionamentos forem feitos várias vezes, certamente o grupo detectará defeitos nas<br />

perguntas escritas anteriormente e achará várias maneiras de melhorá-las.<br />

Basicamente, existem dois tipos de questões utilizadas em questionários: as fechadas e as<br />

abertas.


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20<br />

ANÁLISE E INTER<strong>PR</strong>ETAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

Toda e qualquer análise de dados provenientes de pesquisa se inicia com uma análise<br />

descritiva das informações. No conjunto de dados, deve-se destacar aquilo que é mais<br />

comum, típico e o que é diferente, discrepante. Ao fazer essa contraposição dos resultados,<br />

temos condições de começar a esboçar nossa linha principal de análise e verificar em que<br />

medida as hipóteses iniciais se confirmam.<br />

Muitas vezes, encontraremos dados mais interessantes em análises feitas mediante cruzamentos<br />

de duas perguntas: principalmente as que qualificam os respondentes por sexo, idade,<br />

escolaridade etc.<br />

— Acho que esse vem depois do de pizza. Fica mais claro o resultado,<br />

não acham


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21<br />

A<strong>PR</strong>ESENTAÇÃO DOS DADOS COM GRÁFICOS<br />

Além das tabelas, outra forma de apresentar os dados de uma pesquisa são os gráficos. Eles<br />

ajudam a evidenciar algumas relações ou tendências.<br />

A vantagem dos gráficos é facilitar a leitura, além do bom efeito visual. Por isso, é preciso<br />

cuidar tanto da precisão das medidas quanto da estética da apresentação.<br />

Muitos programas de computador geram gráficos automaticamente a partir de números<br />

registrados em uma planilha.<br />

A seguir, mostramos alguns exemplos dos gráficos mais usados para apresentar dados de<br />

pesquisas. Todos eles podem ser feitos no computador ou desenhados à mão com auxílio de<br />

réguas ou transferidores.<br />

GRÁFICO DE LINHAS<br />

Variação da intenção de voto<br />

em dois candidatos à prefeitura


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22<br />

GRÁFICO DE BARRAS<br />

O que as pessoas preferem ler para se distrair<br />

Fonte: Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional. <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong><br />

<strong>Montenegro</strong>/Ibope, 2001.<br />

GRÁFICO DE SETOR<br />

Em comparação com escolas particulares que você<br />

conhece ou ouve falar, na sua opinião, esta escola é<br />

melhor, igual ou pior do que as escolas particulares<br />

Fonte: IBOPE


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23<br />

SISTEMATIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS<br />

Uma pesquisa de opinião realizada na comunidade escolar reúne informações inéditas, que<br />

merecem ser documentadas e divulgadas. Os resultados de uma pesquisa são apresentados<br />

na forma de relatórios, contendo todas as informações relevantes:<br />

A apresentação do tema ou do problema de pesquisa.<br />

A população estudada, o tipo e tamanho de amostra utilizada e as datas do trabalho de<br />

campo.<br />

Tabelas e gráficos com os dados que forem relevantes, entremeados por explicações e<br />

comentários.<br />

As conclusões, interpretações ou ainda sugestões para outros estudos.


ANEXO<br />

SUGESTÕES DE <strong>PR</strong>OJETOS


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25<br />

<strong>PR</strong>OPOSTAS DE <strong>PR</strong>OJETOS<br />

CONTEÚDO<br />

Esta parte do manual apresenta idéias para a utilização pedagógica da pesquisa de opinião e<br />

traz sugestões de projetos que podem ser realizados na escola.<br />

Os exemplos foram desenvolvidos por profissionais da área de Educação com experiência em<br />

suas especialidades e boa familiaridade com o cotidiano da escola pública brasileira.<br />

Ao apresentarmos cada tema desenvolvido pelos especialistas optamos por uma síntese de<br />

suas idéias, dando ênfase, em cada um dos temas, apenas a um aspecto da elaboração das<br />

pesquisas.<br />

As nove sugestões de projetos apresentadas estão organizadas em nove temas: Sexualidade e<br />

Gênero; Língua e Identidade; Opinião – Passado e Presente; Tecnologia e Educação; Leitura –<br />

Práticas e Representações; Escola e Participação; Alimentação; Meio Ambiente e História e<br />

Memória.<br />

Os exemplos fornecidos estão organizados por ordem de complexidade, começando com os<br />

mais simples, que podem ser realizados por um único professor com uma classe em apenas<br />

duas ou três aulas, para terminar com projetos de pesquisa bem amplos, cuja realização<br />

deverá estender-se por vários meses do ano letivo e envolver professores de diversas áreas.


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26<br />

<strong>PR</strong>OPOSTA DE <strong>PR</strong>OJETO<br />

1<br />

SEXUALIDADE E GÊNERO<br />

Meninos e meninas – iguais e diferentes<br />

Discuta com seus alunos os papéis destinados a meninos e meninas,<br />

explorando as percepções sobre como a sociedade estabelece modelos de<br />

conduta específicos e distintos para as pessoas em função do seu sexo.<br />

• Discutir as diferenças atribuídas a homens e mulheres por nossa sociedade.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Explicitar as conseqüências dessas diferenças para os homens, para as<br />

mulheres e para a sociedade.<br />

• Debater a possibilidade de mudança dessa situação.<br />

2<br />

LÍNGUA E IDENTIDADE<br />

O uso de estrangeirismos<br />

Pesquise e debata com seus alunos o uso de estrangeirismos na língua<br />

portuguesa, na perspectiva da língua como fenômeno social, articulando<br />

conteúdos de várias disciplinas: língua portuguesa e língua estrangeira, história<br />

e geografia.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Reconhecer que as línguas se modificam, especialmente pela incorporação<br />

de novos termos.<br />

• Destacar os efeitos lingüísticos do contato entre diferentes culturas e suas<br />

implicações políticas.<br />

3<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

OPINIÃO: PASSADO E <strong>PR</strong>ESENTE<br />

O papel das mulheres<br />

Partindo de uma pesquisa realizada pelo IBOPE em 1967, que destacava a<br />

atuação das mulheres em nossa sociedade, convide seus alunos a debater<br />

as diferenças e semelhanças entre as respostas dadas há 30 anos e as que<br />

seriam dadas agora. Analise, comparativamente, mudanças e permanências<br />

do passado e do presente.<br />

• Facilitar a compreensão das desigualdades de gênero, numa perspectiva<br />

histórica.<br />

• Possibilitar o entendimento histórico de fatos que são dados como naturais<br />

e permanentes.<br />

• Reconhecer a pesquisa de opinião como fonte de informação, do ponto<br />

de vista histórico.


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27<br />

<strong>PR</strong>OPOSTA DE <strong>PR</strong>OJETO<br />

4<br />

TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO<br />

O uso da informática na escola<br />

Pesquise quais conhecimentos, interesses e familiaridades com o mundo da<br />

informática têm os alunos, professores e equipe técnica da sua escola.<br />

Investigue qual foi a contribuição dela (escola) no acesso a essa tecnologia.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Conhecer que tipo de uso a escola faz da informática para desenvolver<br />

suas atividades.<br />

• Identificar quem tem (na escola e na comunidade) acesso a esse recurso.<br />

• Conhecer as demandas da comunidade escolar sobre o uso da informática.<br />

5<br />

LEITURA: <strong>PR</strong>ÁTICAS E RE<strong>PR</strong>ESENTAÇÕES<br />

O que a gente gosta de ler<br />

Realize um levantamento sobre gostos e hábitos de leitura, identificando os<br />

textos com os quais os alunos têm contato mais freqüente e se há discrepância<br />

entre as expectativas da escola e a preferência dos alunos.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Entender como se dá a disseminação dos hábitos de leitura.<br />

• Entender que coexistem diferentes modos de ler.<br />

• Entender que coexistem diferentes objetos de leitura.<br />

• Verificar o papel da escola no ensino da literatura.<br />

6<br />

ESCOLA<br />

E PARTICIPAÇÃO<br />

Diversidade cultural e juventude<br />

Realize um levantamento sobre hábitos, gostos e meios de socialização dos<br />

jovens da sala de aula ou de toda a escola, trabalhando questões sociais e<br />

culturais diversas.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Descobrir pontos em comum entre os jovens da classe, que facilitem na<br />

construção do diálogo.<br />

• Explicitar as diferentes identidades juvenis.<br />

• Analisar as demandas de lazer, visando à organização de uma ação cultural<br />

conjunta.


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28<br />

<strong>PR</strong>OPOSTA DE <strong>PR</strong>OJETO<br />

7<br />

ALIMENTAÇÃO<br />

Consumo alimentar, renda e cultura<br />

Estude e discuta com seus alunos os hábitos alimentares dos brasileiros, de<br />

diferentes classes sociais e regiões do país, por meio da pesquisa do IBOPE<br />

sobre o assunto, realizada em 2000.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

8<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

9<br />

HISTÓRIA<br />

• Desenvolver abordagens interdisciplinares sobre:<br />

– as necessidades nutricionais de nosso organismo;<br />

– valor calórico e nutritivo dos alimentos consumidos pela população;<br />

– a influência das culturas indígenas, africanas e européia na conformação da<br />

culinária nacional;<br />

– os meios de comunicação de massa e a indução ao consumo de alimentos<br />

industrializados;<br />

– as diferenças regionais e culturais de hábitos alimentares;<br />

– a política agrícola, a produção e distribuição de alimentos no Brasil.<br />

MEIO AMBIENTE<br />

O que podemos fazer pelo meio ambiente<br />

Problematize o tema: “O que o brasileiro pensa sobre o meio ambiente”<br />

analisando, com os alunos, os resultados das pesquisas realizadas em âmbito<br />

nacional em 1992 e 1997. A proposta é que os alunos confrontem suas<br />

próprias opiniões, a opinião pública e informações que constam dos livros,<br />

sobre o assunto.<br />

• Desenvolver a percepção do lugar do homem no meio ambiente.<br />

• Desenvolver a consciência de que meio ambiente tem estreita relação<br />

com questões sociais.<br />

• Desenvolver a perspectiva da educação ambiental como uma necessidade<br />

da comunidade.<br />

E MEMÓRIA<br />

Quem somos nós<br />

Proponha para os alunos o resgate e análise do processo de formação de<br />

uma determinada comunidade, tendo a escola como eixo geográfico do<br />

trabalho. Nesta proposta podem ser utilizados os recursos das pesquisas<br />

qualitativa e quantitativa.<br />

OBJETIVOS<br />

PEDAGÓGICOS<br />

• Ter maior clareza e conhecimento sobre a história local.<br />

• Ter maior consciência do lugar que a comunidade ocupa na história social<br />

mais ampla.<br />

• Vislumbrar caminhos para o exercício da cidadania.


1<br />

TEMA:<br />

SEXUALIDADE E GÊNERO


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30<br />

Tradicionalmente, o tema Sexualidade não encontrava espaço nos currículos escolares, a não<br />

ser como tópico específico tratado do ponto de vista biológico pelo professor dessa disciplina<br />

ou por algum especialista convidado para uma palestra ou para um programa especial. Nas<br />

novas diretrizes curriculares para o Ensino Médio são destacados os princípios da<br />

contextualização e da interdisciplinaridade, indicando-se um novo enquadramento para temas<br />

como esse.<br />

ADOTANDO A PESQUISA DE OPINIÃO PARA A<strong>PR</strong>OFUNDAR O TEMA<br />

A SELEÇÃO DO TEMA<br />

Para despertar o interesse em um projeto de pesquisa é importante escolher um tema que<br />

atenda às expectativas dos alunos. A sugestão é que se faça um levantamento de temas e<br />

que, depois de expostos, sejam debatidos e selecionados pelo conjunto da turma. Essa<br />

discussão pode constituir-se num primeiro exercício de pesquisa a ser realizado com/entre os<br />

alunos, um primeiro ensaio para um trabalho de pesquisa de opinião mais extenso.<br />

Atualmente, muitas questões relacionadas à sexualidade invadem as salas de aula do Ensino<br />

Médio nem sempre na forma de um saudável debate, mas, freqüentemente, como problemas<br />

que afetam as condições de estudo e convivência na escola. São elas: as doenças<br />

sexualmente transmissíveis (DSTs), a violência interpessoal, a ausência de noção de respeito<br />

pelo outro, a gravidez precoce, a contaminação pelo HIV. São questões que emergem da<br />

vivência dos jovens e que afetam crucialmente sua existência presente e futura que precisam<br />

impregnar toda a prática pedagógica – deixar de ser apêndice e ocupar o centro das<br />

atenções. Constituem-se, portanto, em excelentes temas de pesquisa por estarem diretamente<br />

vinculados aos interesses e necessidades dos alunos.<br />

No entanto, temáticas relacionadas à sexualidade não devem ficar restritas ao tratamento<br />

estritamente disciplinar pois a biologia é apenas um dos fatores implicados nessa área. É<br />

preciso considerar os processos físicos, psíquicos e sociais que afetam as pessoas. Daí essas<br />

temáticas se prestarem melhor a projetos de trabalho que integrem diversas formas de busca<br />

de informações, debates e ações de intervenção.<br />

A proposta aqui sugerida serve apenas como um exemplo da diversidade de abordagens que<br />

o tema sexualidade pode ter.


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31<br />

<strong>PR</strong>OPOSTA<br />

MENINOS E MENINAS – IGUAIS E DIFERENTES<br />

Desde que tomam conhecimento do sexo do bebê, mesmo durante a gestação, os pais<br />

começam a viver expectativas com relação a como será seu filho ou sua filha. Muitas vezes,<br />

em relação a um menino, alimentam expectativas de que venha a ser um homem viril,<br />

corajoso, forte, protetor, esteio da família. A menina deverá ser a mãe, a esposa, a mulher<br />

meiga e dócil, companheira sentimental, leal e complemento do marido.<br />

Percebendo que o sexo faz parte da vida social e não é apenas um referencial biológico – ser<br />

homem ou mulher – os cientistas sociais utilizam a palavra gênero para definir o conjunto de<br />

atribuições, representações, relações e poderes constitutivos da identidade sexual dos<br />

indivíduos, vivendo em sociedade.<br />

ESTUDANDO A MATÉRIA<br />

Discuta com seus alunos sobre os papéis destinados a meninos e meninas, explorando as<br />

percepções sobre como a sociedade estabelece modelos de conduta específicos e distintos<br />

para as pessoas em função do seu sexo.<br />

Uma idéia é partir de texto dramático (veja exemplo a seguir) para levantar a discussão do<br />

tema. Os alunos deverão avaliar a posição de cada personagem, refletindo sobre as várias<br />

condutas morais presentes na sociedade e na nossa própria visão de mundo.


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32<br />

TEXTO DE APOIO<br />

Sexo e Juventude<br />

Luís tem 19 anos. Está namorando sua vizinha, Helena, há um ano. Eles se amam.<br />

Há algum tempo ele tentou convencê-la a dormirem juntos. Helena disse que gostava<br />

muito dele, mas preferia não ter relações até casar. Luís gostou da reação dela, pois<br />

a achou muito séria.<br />

Ao mesmo tempo, Luís começou a “cantar” a empregada (Teresa), que ele achava<br />

até muito bonitinha, embora muito boba. Teresa sabia que Luís namorava Helena,<br />

mas depois de algumas “cantadas”, acabou se apaixonando por ele. Como ela já<br />

não era mais virgem, dormiu algumas vezes com ele. Teresa tomou pílula, mas se<br />

esqueceu alguns dias de tomá-la e acabou engravidando.<br />

Luís contou para seu pai, que lhe disse que tivesse mais cuidado numa próxima vez,<br />

pois um aborto ficava caro, mesmo quando feito por uma “curiosa”. O pai de Luís<br />

deu a Teresa dinheiro para que ela procurasse uma “curiosa”, e mandou-a embora.<br />

Tereza conta tudo para Helena, que fica indignada e “dá o fora” em Luís.<br />

Teresa vai morar na casa de sua irmã e decide ter o filho. Conhece Osvaldo, um<br />

operário de uma indústria de calçados, que se apaixona por ela, mas não pretende<br />

se casar, porque ganha pouco no seu emprego e porque tem receio dos comentários<br />

dos amigos e da família em relação ao fato de Teresa ser mãe solteira.<br />

Adaptação do livro: Sexo e Juventude,<br />

de Carmem Barroso e Cristina Bruschini (organizadoras)<br />

REGISTRANDO A OPINIÃO DAS PESSOAS<br />

Cada aluno deverá atribuir uma nota de 1 a 5 ao comportamento de cada<br />

personagem, de acordo com a seguinte escala:<br />

1 = não gostou das ações do personagem<br />

5 = gostou muito das ações do personagem<br />

PERSONAGENS<br />

Luís<br />

Helena<br />

Teresa<br />

Pai de Luís<br />

Osvaldo<br />

VALOR<br />

a. Calcular a média das notas atribuídas a cada personagem entre homens e mulheres<br />

separadamente.<br />

b. Comparar as médias obtidas e discutir os resultados.<br />

c. Verificar as diferenças de opinião entre alunos e alunas, que poderão, por sua vez, trazer<br />

novas reflexões sobre esse tema.


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33<br />

A partir deste exercício em sala de aula, o grupo pode optar por estender o projeto para o<br />

ambiente externo, formulando um roteiro básico de perguntas e hipóteses de respostas.<br />

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS<br />

• Discutir as diferenças atribuídas a homens e mulheres por nossa sociedade.<br />

• Explicitar as conseqüências dessas diferenças para os homens, para as mulheres e<br />

para a sociedade.<br />

• Debater a possibilidade de mudança dessa situação.


9<br />

TEMA:<br />

HISTÓRIA E MEMÓRIA


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35<br />

O ensino da história pode favorecer a compreensão dos alunos sobre a sociedade em que<br />

estão inseridos, fomentando o questionamento sobre o presente e desenvolvendo capacidades<br />

de interpretação. É também no ensino da história que se pode facilitar a apropriação de<br />

instrumentos que permitam apurar juízos individuais e coletivos. É na história – entendida<br />

como pesquisa e análise – que se pode perceber o papel de cada um como sujeito individual<br />

e coletivo dos fatos.<br />

HISTÓRIA ORAL, MEMÓRIA COLETIVA E CONSTRUÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA<br />

As principais experiências de uso pedagógico da pesquisa no ensino de história têm se<br />

desenvolvido com a chamada história oral, utilizada para essa finalidade especialmente em<br />

projetos de educação de adultos.<br />

A história oral, com a técnica de entrevistas abertas orientadas por tópicos de interesse, utiliza<br />

as memórias de pessoas que vivenciaram uma determinada época como fontes de construção<br />

do conhecimento histórico.<br />

Essa metodologia tem sido importantíssima para o resgate da noção de que as pessoas<br />

comuns desempenham um papel ativo no processo histórico. A história oral mostra que as<br />

pessoas desenvolvem uma compreensão de seu tempo e de sua experiência de vida – tudo<br />

isso vale tanto quanto o relato de documentos oficiais.<br />

OPINIÃO E LEMBRANÇAS<br />

É claro que o relato das pessoas sobre o passado não se constitui em uma reconstrução<br />

neutra e completa do que realmente aconteceu. Assim como ocorre com outros tipos de fontes<br />

históricas, as narrativas orais reconstituem uma determinada apreensão e compreensão do<br />

passado a partir dos problemas, estímulos e indagações do presente.<br />

Dependendo da avaliação do entrevistado sobre aspectos da realidade ou da sua vida,<br />

algumas coisas poderão ser lembradas ou esquecidas, valorizadas ou desprezadas.<br />

Essa evocação seletiva já demonstra como é forte a presença de elementos opinativos na<br />

própria constituição dos depoimentos. Com muita freqüência, ao indagarmos sobre a<br />

trajetória de vida de um entrevistado, percebemos, por exemplo, que ele ou ela:<br />

• Compara condições de vida, hábitos, experiências passadas e presentes;<br />

• Emite juízos sobre processos e personalidades históricos locais, nacionais e internacionais.<br />

No primeiro caso, temos manifestações do tipo: “Hoje está tudo pela hora da morte. Naquela<br />

época se comprava 10 quilos de carne por quinhentos réis.” – Ou então, ao contrário: “Agora<br />

é tudo mais fácil, quando eu cheguei aqui não havia água encanada nem luz elétrica.”<br />

Já no segundo caso, podemos classificar frases como: “Nunca houve um político tão bom<br />

para este bairro como o prefeito Fulano.” – Ou então: “A melhor coisa que aconteceu aqui foi


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36<br />

a instalação da fábrica tal, que dava emprego para todo mundo e ainda tinha um ótimo<br />

serviço médico.”<br />

Essas opiniões sobre fatos e personalidades históricos podem aparecer em comparações e<br />

avaliações positivas ou negativas. Quando se resumem a uma manifestação individual,<br />

revelam apenas uma opinião isolada. Quando, porém, percebemos que diferentes pessoas<br />

que vivenciaram, ou não, o período em questão fazem referência aos mesmos assuntos e<br />

sobre eles se posicionam de forma semelhante ou coerente, temos o que chamamos de<br />

marcos da memória coletiva. Em outras palavras, são elementos do processo histórico de um<br />

determinado grupo social, fundamentais para que ele organize e compreenda sobre sua<br />

própria história.


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37<br />

QUEM SOMOS NÓS<br />

Ao utilizar recursos de pesquisas qualitativa e quantitativa, esta proposta visa resgatar e<br />

analisar o processo de formação de determinada comunidade, tendo como eixo a escola.<br />

Um objeto de pesquisa que pode trazer elementos para o estudo de várias temáticas<br />

relevantes é a análise do processo de constituição da comunidade em que a escola está<br />

situada.<br />

Indagar quando e por que um bairro ou uma região da cidade surgiu, ou ainda por que<br />

cresceu mais em determinados momentos ou recebeu determinados tipos de moradores, nos<br />

levará a uma série de tópicos fundamentais no estudo da formação do Brasil contemporâneo.<br />

Mudanças econômicas, migrações, reconfigurações do mundo do trabalho, demandas sociais<br />

urbanas, participação político-eleitoral e em organizações da sociedade civil, problemas<br />

ambientais, cidadania e exclusão social são alguns dos temas que podem ser levantados e<br />

debatidos a partir da pesquisa, desde que se formulem as questões adequadas.<br />

Todas as fases do trabalho devem ser precedidas de orientação metodológica, quando o<br />

professor explicará aos alunos os objetivos do projeto, respondendo a dúvidas e antecipando<br />

dificuldades eventuais na implementação da proposta e das alternativas possíveis. Do mesmo<br />

modo é fundamental uma boa contextualização dos temas a serem abordados, assim como a<br />

análise crítica sobre os resultados obtidos.<br />

FASE I – HISTÓRIA ORAL<br />

A<strong>PR</strong>ESENTAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO <strong>PR</strong>OBLEMA<br />

Nesta fase seria realizada uma pesquisa qualitativa exploratória consistindo em entrevistas<br />

com antigos moradores do local. As entrevistas teriam como tema central a compreensão<br />

sobre a formação e o desenvolvimento da comunidade local.<br />

A primeira coisa a fazer seria despertar nos alunos a curiosidade com relação à história do<br />

local em que vivem:<br />

• Quando surgiu<br />

• Como evoluiu desde então<br />

• O que explica suas características atuais


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38<br />

Após o trabalho de discussão sobre o conhecimento dos alunos a esse respeito e a<br />

sistematização das dúvidas restantes ou de questões em aberto, a idéia de entrevistar<br />

moradores históricos poderia ser colocada como tarefa.<br />

SELEÇÃO DE SUJEITOS<br />

As entrevistas poderiam ser realizadas com um número pequeno de depoentes, selecionados<br />

tanto em função da idade e/ou tempo de moradia no local quanto do seu perfil. Em linhas<br />

gerais, deve-se dar prioridade aos entrevistados com idade mais avançada ou com mais<br />

tempo de moradia no local. No caso de bairros de ocupação muito recente, é possível que sua<br />

história seja conhecida pela maioria da população.<br />

VERIFICANDO A OPINIÃO DAS PESSOAS<br />

Para facilitar a análise, o ideal é que o aluno disponha de um gravador portátil, e o<br />

respondente concorde com a gravação da entrevista. Após identificar o respondente<br />

qualificado a depor sobre a história do bairro, o aluno esclarecerá o entrevistado sobre os<br />

objetivos da entrevista e, se dispuser de um gravador, solicitará a autorização para a<br />

gravação. O roteiro a ser seguido na entrevista poderia ser algo semelhante ao exemplo a<br />

seguir. Trata-se apenas de um exemplo, que pode ser redefinido de acordo com a realidade<br />

local e com os temas que se pretende trabalhar.<br />

DICA<br />

O uso do gravador facilita o trabalho, mas é perfeitamente viável a técnica da anotação<br />

manual das respostas. Por questão de natureza ética, a gravação de uma entrevista<br />

sem autorização prévia do entrevistado é fortemente condenada por todos os códigos<br />

de práticas profissionais. Em certos países, as leis de proteção ao consumidor prescrevem<br />

punição severa sobre o assunto.


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39<br />

IDÉIAS PARA ROTEIRO DA ENTREVISTA EXPLORATÓRIA<br />

1. História de vida do entrevistado<br />

1.1. Local e data de nascimento.<br />

1.2. Nasceu no local Caso contrário, quando e por que se mudou para lá.<br />

1.3. Ocupação e local de nascimento dos pais.<br />

1.4. Número de descendentes (filhos, netos, bisnetos…) e idade aproximada deles.<br />

1.5. Histórico de ocupações (quando começou a trabalhar, fazendo o quê, empregos por<br />

que passou e tempo aproximado que ficou em cada um).<br />

1.6. Experiência escolar (quantos anos freqüentou a escola).<br />

1.7. Vínculos sociais relevantes (participação em igrejas, associações, clubes, sindicatos,<br />

partidos etc.).<br />

2. Relato do entrevistado sobre a história local<br />

2.1. Como era o bairro quando nele chegou (ou então na sua infância ou juventude)<br />

Quais as principais mudanças que aconteceram desde então<br />

2.2. Do que sobrevivia a maioria dos moradores Trabalhavam na indústria, no comércio<br />

ou no setor de prestação de serviços Quais eram as principais empresas Elas continuam<br />

funcionando e empregando muita gente<br />

2.3. Qual a origem da maioria dos moradores do bairro Do próprio local De outras<br />

partes da cidade Do interior do Estado De outros Estados De outros países Como era<br />

antigamente e como é hoje o relacionamento entre esses vários grupos<br />

2.4. Como eram as condições de vida da maioria da população na época da chegada do<br />

entrevistado ao local, ou na sua juventude Os salários e o rendimento dos negócios eram<br />

bons Como era o custo de vida Quais eram as principais formas de diversão e de lazer<br />

dos moradores<br />

2.5. O bairro sempre teve acesso a serviços públicos (água, energia elétrica, esgoto,<br />

telefone, transporte) Caso contrário, quando e como esses serviços começaram a ser<br />

implantados<br />

2.6. Como se deu a relação do bairro com os poderes públicos e com os políticos As<br />

necessidades da comunidade costumam ser atendidas pelos órgãos governamentais<br />

Houve ou há algum representante político da região na câmara de vereadores ou em<br />

algum outro órgão de governo<br />

2.7. No seu ponto de vista, quais são os fatos e os momentos mais importantes na história<br />

do bairro


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40<br />

TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS<br />

Em primeiro lugar, é necessário realizar o fichamento das entrevistas. O ideal é realizar a<br />

transcrição das fitas, o que se constitui numa tarefa muito lenta e trabalhosa. Caso não seja<br />

possível realizar a transcrição completa, os alunos que fizeram as entrevistas poderão ouvir a<br />

fita e anotar as partes mais importantes, organizando as anotações por tópicos.<br />

A CRIAÇÃO DE CATEGORIAS E SELEÇÃO DE TEMAS<br />

Trata-se da organização dos resultados obtidos nas diversas entrevistas, em categorias e temas<br />

comuns, e do estabelecimento de relações entre eles.<br />

Estas anotações podem ser apresentadas em sala de aula pelos alunos ou grupos de alunos<br />

responsáveis por cada entrevista. Comparando-se as respostas de vários entrevistados, será<br />

bastante fácil identificar e selecionar temas e questões relevantes sobre os quais eles<br />

expressam uma opinião formada.<br />

FASE II – A PESQUISA QUANTITATIVA<br />

Caso a execução da pesquisa exploratória tenha motivado os alunos e os resultados tenham<br />

despertado interesse e curiosidade é possível que se queira prosseguir para a fase II – uma<br />

pesquisa quantitativa.<br />

Os assuntos que forem selecionados para serem quantificados, extraídos da fase exploratória<br />

e dos debates dos alunos, levarão à elaboração de um questionário de perguntas fechadas,<br />

ou seja, um questionário em que as opções de resposta estarão impressas abaixo da<br />

pergunta.<br />

CONSTITUIÇÃO DA AMOSTRA<br />

Uma especial atenção deve ser dada, nessa fase do trabalho, à seleção da amostra na qual<br />

se fará a aplicação do questionário.<br />

É pouco provável que os recursos de tempo disponível permitam realizar uma pesquisa<br />

cientificamente desenhada para ser representativa da totalidade da população do bairro.<br />

Embora seja difícil obter informações precisas sobre o perfil sociodemográfico de bairros ou<br />

regiões dentro de uma cidade, em último caso podem ser utilizados os dados sobre o conjunto<br />

da cidade para a seleção de uma amostra de entrevistados proporcional à distribuição da<br />

população no que diz respeito a sexo, faixa etária e escolaridade.<br />

Quanto mais “homogênea”, ou quanto mais semelhante for a opinião das pessoas sobre um<br />

determinado assunto, menor o erro amostral, sendo portanto mais fácil selecionar uma<br />

amostra que represente essa população. Já quando as opiniões tendem a ser divergentes (ou<br />

“heterogênas”, em linguagem mais técnica) um maior cuidado deverá ser tomado para que a<br />

amostra represente diferentes grupos, garantindo assim que as várias opiniões tenham chance<br />

de estar bem representadas.


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41<br />

ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO<br />

Os marcos da memória coletiva identificados na fase anterior devem servir de orientação para<br />

a definição da temática da pesquisa de opinião e da abordagem a ser adotada na sua<br />

formulação.<br />

Digamos que o tema adotado se situe no âmbito do tópico curricular Características do<br />

Sistema Político Brasileiro, e que o assunto selecionado seja O Papel do Ex-prefeito Fulano de Tal<br />

na História do Bairro. Com base nos comentários contidos no trabalho exploratório de história oral,<br />

seria possível elaborar um questionário fechado, a ser aplicado a uma amostra de moradores do<br />

bairro.<br />

ANÁLISE DOS RESULTADOS E RELATÓRIO FINAL<br />

Após a aplicação dos questionários e o processamento das respostas, vários temas podem ser<br />

objetos de debates em sala de aula e objetos de estudos complementares.<br />

• Qual a relação entre a industrialização, o crescimento urbano e as mudanças políticas ocorridos<br />

no Brasil nos últimos 50 anos<br />

• Por que diferentes segmentos da população manifestam opiniões diferentes sobre os mesmos<br />

assuntos, quando indagados na pesquisa<br />

• Qual o papel da população do bairro na conquista de melhorias e serviços públicos para o<br />

mesmo<br />

• Como podemos analisar a relação do bairro com a política e os políticos<br />

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS<br />

• Ter maior conhecimento sobre a história local.<br />

• Ter maior consciência do lugar que a comunidade ocupa na história social mais ampla.<br />

• Vislumbrar caminhos para o exercício da cidadania.


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42<br />

CONGRESSO IBOPE-UNESCO<br />

A<strong>PR</strong>ENDENDO COM A PESQUISA QUE ENSINA<br />

O Congresso IBOPE-UNESCO é uma iniciativa para disseminar conhecimento, dar visibilidade<br />

e facilitar o intercâmbio de experiências das escolas públicas e seus profissionais na<br />

construção de projetos pedagógicos que utilizam a pesquisa de opinião.<br />

É um evento anual dirigido aos profissionais das áreas de educação, englobando<br />

universidades, escolas públicas e privadas, organizações não-governamentais e outras<br />

entidades interessadas no uso pedagógico da pesquisa de opinião.<br />

OBJETIVOS<br />

Disseminar o modelo pedagógico proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais, no qual<br />

os alunos e professores têm papel ativo na construção dos conhecimentos.<br />

Promover a qualificação do trabalho educativo das escolas públicas, na direção da<br />

contextualização e da interdisciplinaridade.<br />

Promover o papel do professor como centro do processo pedagógico no interior da escola.<br />

Promover a realização, nas escolas, de projetos interdisciplinares significativos para a<br />

comunidade escolar.<br />

Promover o uso pedagógico da pesquisa de opinião como ferramenta estratégica para a<br />

melhoria da qualidade da educação.<br />

Sistematizar e tornar visíveis experiências escolares inovadoras que utilizam a pesquisa de<br />

opinião como recurso pedagógico.


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43<br />

PARTICIPE<br />

Para cadastrar o seu projeto veja o formulário anexado.<br />

Para saber mais sobre como se inscrever para o congresso, visite o site do <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong><br />

<strong>Montenegro</strong> (http://www.ipm.org.br/).<br />

Outras informações podem ser solicitadas:<br />

• pelo e-mail institutopaulomontenegro@ibope.com.br<br />

• ou enviando carta para o <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong>, Alameda Santos, 2101, 8 o andar, São<br />

<strong>Paulo</strong>-SP, CEP 01419-002.


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44<br />

MODELO DE FORMULÁRIO PARA CADASTRO DE <strong>PR</strong>OJETOS DE PESQUISA<br />

Esta é uma oportunidade para todos aqueles que realizaram projetos pedagógicos baseados<br />

na pesquisa de opinião. Há duas maneiras de cadastrar o seu projeto:<br />

1 Faça uma cópia deste formulário, inclua suas informações e envie para o <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong><br />

<strong>Montenegro</strong>. Al. Santos, 2101, 8 o andar, São <strong>Paulo</strong> – SP, CEP 01419-002.<br />

Não destaque o formulário do Manual; tire quantas cópias achar necessário.<br />

2 Preencha o cadastro diretamente no site do <strong>Instituto</strong> <strong>Paulo</strong> <strong>Montenegro</strong>: www.ipm.org.br<br />

ATENÇÃO:<br />

Todos os projetos cadastrados serão divulgados no banco de projetos Nossa Escola<br />

Pesquisa sua Opinião na Internet e participarão da seleção para serem apresentados no<br />

Congresso IBOPE-UNESCO.


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45<br />

SOBRE A ESCOLA<br />

• Nome da Escola:<br />

• Escola Federal, Estadual, Municipal ou Particular<br />

• Endereço:<br />

• Bairro:<br />

• CEP:<br />

• Cidade:<br />

• Estado:<br />

• Telefone:<br />

• Fax:<br />

• E-mail:<br />

• Endereço na Internet (site): http://


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46<br />

SOBRE O <strong>PR</strong>OJETO<br />

• Titulo do projeto:<br />

• Resumo (escreva, em poucas linhas, o que o projeto investigou e qual foi o público<br />

pesquisado):<br />

• Diga quais os temas abordados pelo projeto (sexualidade, cidadania, meio ambiente, perfil<br />

do jovem, perfil do professor, hábitos de leitura, participação, qualidade da educação etc.)<br />

• Data de início (mm/aa):<br />

• Data de término (mm/aa):


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47<br />

SOBRE OS PARTICIPANTES<br />

• Diga quantos professores participaram:<br />

• Professores de quais disciplinas<br />

• Diga quantos alunos participaram:<br />

• Alunos de que série<br />

• Alunos de curso profissionalizante Qual<br />

• Diga qual o curso profissionalizante:<br />

• Outros (quem):


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48<br />

SOBRE VOCÊ<br />

• Nome do responsável pelas informações:<br />

• E-mail:<br />

• Telefone:<br />

OBSERVAÇÕES ADICIONAIS<br />

• Utilize o espaço abaixo se tiver algum comentário extra:

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