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Volume 1 - Fundação Joaquim Nabuco

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UUIZ DO NASCIMENTOr^•y^DAIMPRENSA^""^•^mm'mm' ^w.4fVfRSIDADE FEDERAL Dt PERNAMBUCOHI^MPRENSA UNIVERSiTARIA - RECIFE - 1967


"O livro de Luiz do Nascimento— "Historia da Imprensade Pernambuco —1821/1954" (Vol. I — "Diariode Pernambuco") — merecedistribuigao em todo o pais.Nao basta entrega-lo as entidadesculturais de Pernambucoe as livrarias do Recife,fi precise faze-lo chegar atodas as Bibliotecas, a todosOS criticos e colunistas brasileiros,a todos os pontosonde se possa tornar acessivelaos estudiosos e interessadosem nossa regiao.Isso porque nao se tratade obra recreativa ou inocua,dessas que, lendo-a, o leitornem perde nem ganha. Masda perl'eita reconstituigao davida de um grande jornal,de 137 anos de lutas pelaliberdade, que essa e a materiaprima da historia pernambucana;portanto, da reconstituigao,pelo menos nasreferencias a fontes autenticas,de um longo periododa propria historia de Pernambucovista atraves dascolegoes deste Diario: Dehistoria viva, ainda bolindocomo se estivesse no mofnentodas ocorrencias. Esta, a vantagemdo jornal — a decaptar os fatos na plenitude,com o sangue e os nervos,sem as triagens da historiaoficial, sempre com as suaspeneiras para o que julgaconveniencia ou inconvenienciapara si mesma e para asgeragoes do futuro.Luiz do Nascimento, criaturade paciencias infinitas,tacto e talento de historiografo,pescador de minucias,certo de que uma delasmuitas vezes vale mais doque o conjunto do fato, pegou,praticamente no comego,a obra de Alfredo de Carva-Iho, e vem conferindo-lheextraordinaria amplitude".(Do Diario de Pernambuco,edigao de 22 de novembrode 1962).


Historia da Imprensa dePernambuco(1821/1954)


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO (1821/1954)Publicados:Vol.I — "Diario de Pernambuco", Arquivo Publico/Imprensa Oficial,Recife, 1962. 2.* Edigao, Imprensa Universitaria, Recife, 1968.Vol. II — "Diaries do Recife — 1829/1900", ImprensaRecife, 1966.Vol. Ill — "DiSrios do Recife — 1901/1954", ImprensaRecife, 1967.Universitaria,Universitaria,A publicar:Vols. IV a X — "Periodicos do Recife"...Vols. XI a XIV — ... dos Municipios.Outros trabalhos publicados pelo Autor:"Imprensa Periodica Pitoresca de Pernambuco". "Grandeza e Miseriedo Jornalismo em Pernambuco". "Peri6dicos do Recife no SeculoXIX". "O Jornal por dentro e por fora". "Tres Mestres de Direitono Batente do Jornal". "A Imprensa Vitoriense no seculo XIX".A pubUcar:"Historia da Imprensa de Olinda — 1831/1954"."O martirol6gico do JornaUsta Borges da Fonseca"."O fabuloso Nascimento Feitosa"."Roteiro de Jornalistas Pernambucanos"."Diciondrio Pernambucano de Pseudonimos"."Um Decenio de Imprensa e Vida".


LUIZ DO NASCIMENTOHistoria da Imprensa dePernambuco(1821/1954)VOL. IDIARIO DE PERINAMBUCO2.a EdigaoImprensa UniversitariaUNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCORecife, 1968


jMqutm <strong>Nabuco</strong>I ii-'i/jv^is^/\


PREFACIO(da l.a Edigao)


Ndo e u'a missdo suave, essa a que me devote hd tantosanos, no sentido de trazer a superficie, a comegar dos seusprimordios, a existencia dos orgdos da imprensa de Pernambuco,tantos e tdo esquecidos pelo tempo.Bern ao contrdrio, trata-se de servigo laborioso, fruto deobstinagdo e paciencia, mas sobretudo de desamor ao utilitarismodo cotidiano, de desinteresse pelo imediatismo davida material.Realmente, a que pode visar quem, pelos anos a fora, seconfunde com a poeira das bibliotecas e dos arquivos, publicose particulares, a encher de notas magos e magos de papel,a manusear, em ritmo monotono, numerosas colegoes dejornais e revistas, polianteias e almanaques, para, depois,tudo concatenar e reduzir a livro?Trabalhar para a posteridade — eis a questdo. Trabalharhoje para que se conhega amanhd o que se publicou ontem.E trabalhar conn apuro, com dedicagao e honeHidade,sem passar por cima do principal, sem claudicar na informacdocolhida, a fim de ndo deixar em duvida o leitor de vinte,trinta, cinquenta, cem anos adiante, quando de milhares dejornais, de milhares de revistas so restardo papeis moidos eamarelecidos.Mas e preciso que alguem faga alguma coisa para alguem.E aqui estd, com o melhor do meu esforgo de pesquisadorsem ajudante e sem ajuda, o primeiro volume da "Historiada Imprensa de Pernambuco".Ndo e uma pega literdria; faltam-lhe o ajeitamento dafrase, a fantasia, o rebuscado da linguagem. t, sim, um apanhadobibliogrdfico mais ou menos complete, porque trateide desfiar todos os aspectos e caracteristicas de cada jornal,desde A AURORA PERNAMBUCANA, primeira folha apa-


10 LUIZ DO NASCIMENTO *recida no Estado, exatamente no dia 27 de mar go de 1821 (1).Uma vez encontradigo, nesta ou naquela biblioteca, nenhumorgdo da imensa familia da Imprensa — que "pertence d ordemterrivel dos males necessdrios", segundo Louis Veuillot— escapou ao bisbilhotar do modesto pesquisador.Nao se trata, contudo, de pioneirismo. O mestre Alfredode Carvalho foi o primeiro a desbastar o campo, tdo vasto etdo cheio de escolhos. E organizou os "Anais da ImprensaPeriodica Pernambucana — 1821/1908" (2), livro de 640 paginas,com o qual concorreu a Exposigdo do Primeiro Centendriodo Estabelecimento da Imprensa no Brasil (1808/1908), como contribuigdo do Estado de Pernambuco, mandadoimprimir pelo governador Sigismundo Antonio Gongalves.Compreende, propriamente, 557 pdginas da materiaprincipal, precedidas de uma "Advertencia" e do estudo "Genesee Progressos da Arte Tipogrdfica em Pernambuco".Acham-se nele registradas 1619 publicagoes, dos diferentestipos, 1422 do Recife e as restantes de municipios interioranos.£ um simples alinhar de nomes e datas, so em casosespeciais dedicadas algumas pdginas a determinados org dos.Obra, infelizmente, repleta de senoes, erros e omissoes.(1) A primeira tipografia de Pernambuco existiu em 1706,destinada "a impressao de letras de cambio e breves oragoes devotas".Entretanto, consoante Alfredo de Carvalho ("Genese e Progressos daArte Tipografica em Pernambuco"), "da sua existencia efemera etestemunho unico o documento ordenando a sua supressao, nao tendochegado ate nos um so dos seus modestos produtos".A segunda, estabelecida em 1815 e pertencente a Ricardo FernandesCatanho, so entrou em funcionamento em 1817, sob a denominagaode Oficina Tipografica da Segunda Restauragao de Pernambuco.Nela imprimiu-se simples prospecto — o famoso Preciso dos sucessosque tiveram lugar em Pernambuco, desde a faustissima e gloriosissimarevolugao operada felizmente na praga do Recife, aos seis docorrente mes de marge, em que o generoso esforgo dos nossos patriotasexterminou daquela parte do Brasil o monstro da tirania real.Derrotados, depois, os idealistas da Repiiblica de Pernambuco,foi a tipografia encaixotada e mandada para a Corte. Ficara, porem,"boa porgao de tipos" e, para aproveita-los, o governdor Luiz do Regoautorizou, em 1821, a construgao de um prelo de madeira, no qualveio a imprimir-se A Aurora Pernambucana.(2) Na realidade, os "Anais" so registam as publicagoes aparecidasate o ano de 1907.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOHPosterioTTnente, escreveu o hiHoriador Mario Melo "AImprensa Pemamhucana em 1918" (memoria apresentadaao I Congresso Nacional de Jornalistas), trabalho, como seve, restrito.Poucos anos depois, Sebastido de Vasconcelos Galvao incluiuno seu '^Diciondrio Corogrdfico, Historico e Estatisticode Pernambuco" (vol. Ill, de 1921), sob o titulo "A Imprensado Recife", uma relaqdo sumarissima, compreendendo aspublicacoes fundadas ate o mis de junho do mencionado ano.Logo mats, em 1925, Manuel Caitano assinava o estu/io"Um seculo de Jornalismo em Pernambuco", inserto no "Livrodo Nordeste", comemorativo do centendrio do DIARIO DEPERNAMBUCO.Sanelva de Vasconcelos, por sua vez, divulgou, em 1939,"Prelos e Jornais", volume de 91 pdginas, focalizando aspectosdos primordios da Imprensa no Estado.No memo ano divulgava-se o livro "Letras Catolicas emPernambuco", do Conego Alfredo Xavier Pedrosa, compreendendoestudo e nomenclatura comentada dos orgdos especializados.Todas essas contribuigoes tiveram, sobretudo, como basea obra de Alfredo de Carvalho.Finalmente, em 1946, saia do prelo o excelente "Figueiroado DIARIO", de Leduar de Assis Rocha, constituido da bichgrafia de Manuel Figueiroa de Faria e conseqilente relato davida do DIARIO DE PERNAMBUCO durante o periodo de1835 a 1866, trabalho de pesquisa dos mais completos.Alguna desses autores serviram-me, naturalmente, derumo, a ressaltar os nomes de Alfredo de Carvalho e Leduarde Assis Rocha. Ndo deixei, entretanto, de manusear, umaa uma, coleqdo por coleqdo, todas as publicaqoes do periodo poreles pesquisado, continuando ate atingir 1954, do Recife e doscento e tantos municipios pernambucanos, que constardo dosdiver SOS volumes desta "Historia".Quando, em 1949, realizamos, em S. Paulo, o IICongresso


12 LUIZ DO NASCIMENTO *Nacional de Jornalistas Profissionais, uma de suas resolugoesconsistiu na recomendagdo, as delegagoes de cada Estado,no sentido de promoverem, por intermidio dos respectivosorgdos da classe, bibliografias ou estudos historicos da suaImprensa (3).Tal recomendagdo ndo teve a ressondncia esperada. Comoresultante, so veio a publico, em 1950, a "Historia da Imprensade Sao Paulo", do jornalista Freitas Nobre, que ja a vinhaelaborando algum tempo antes da efetivagdo do conclave.Permaneci quedo. Ndo cogitava do assunto. Mas entrouem cena o medico Jo"e Ferreira, cearense radicado no Recife,ao convidar-me para colaborar num livro geral que planejara,destinado a focolizar os diferentes aspectos da vida dePernambuco, cabendo~me redigir um resumo bibliogrdfico daImprensa.Entrei em atividade no principio de 1952. Algum tempoapos, comunicava-me o dono da iniciativa a SU£L desistenciadevido ao falecimento do governador Agamenon Magalhdes,que seria o principal colaborador da obra.Havendo tornado gosto pela pesqui'^a, associei-me a recomendagdodo certame jornalistico de 1949, resolvido a produzirum trabalho definitivo.Como enfrentar, porem, too alto "batente", em meio asobrigagoes da redacdo e da repartigdo?! So houve um jeito:enfrentd-lo mesmo, como fosse possivel, aproveitando asfloras excedentes do ganha-pdo cotidiano, os doming os eferiados.Olimpio Costa Jilnior — um dos maiores conhecedoresdo passado de Pernambuco — ja me havia deixado a vontadena BibUoteca Publica do Estado, que tdo superiormente dirige,onde me guiou, principalmente, a prdtica de Francisco Caete,(3) Ja em 1918, quando da preparagao do I Congresso Brasileirode Jornalistas, realizado no Rio entre 10 e 22 de setembro, constarado Programa, antecipadamente distribuido pela Associagao Brasileirade Imprensa, o seguinte item: b) "Historia do Jornalismo Nacional,podendo o congressista que se ocupar do assunto escrever pequenasmemorias relativas a quaisquer periodos da vida jornalistica emqualquer ponto do pais".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI3servidor eficiente a toda prova, com mats de quarenta anosde convivio com livros, jornais e revistas, alem do corpo geralde funciondrios da casa, colaboradores prestimosos.La me instalei, furtando ate horas ao trabalho remunerado.Especie de quartel-general, de la me erguia para visitar,por exemplo, a biblioteca do Gabinete Portugues de Leitura,a do Instituto Arqueologico, Historico e Geogrdfico Pernambucano,a do Arquivo Publico Estadual, a da Faculdade deDireito da Universidade Federal de Pernambuco, o arquivodo DIARIO DE PERNAMBUCO, a biblioteca do DPHAN noRecife, o arquivo da Associagdo Ccmiercial, bibliotecas deoutras instituigoes e particulares, em toda parte encontrandolisonjeira receptividade e afetuosa compreensdo.Aproveitando periodos de ferias, tive ocasido de percorrer,com bastante proveito, as colegoes de material de Pernambucoexistentes na Biblioteca Nacional, do Estado da Guanabara;na Biblioteca Municipal Mario de Andrade, de SaoPaulo; na Biblioteca Publica de Aracaju, Sergipe noutras dediferentes Estados, alem de consultas atraves de correspondencia.Cascavilhei bibliotecas e gavetas particulares em diversosmunicipios do interior do Estado, continuando a faze-lo enquantose imprimem os primeiros volumes.Ndo me faltou, igualmente, o estimulo de amigos e colegas,a distinguir a personalidade modestissima de AlvaroAlvim, o historiador dos feitos de Goiana. Numerosos deles,as vezes simples conhecidos, manifestaram interesse e entusiasmopela minha auddcia bisbilhoteira, pondo-me a disposigdosuas colegoes, fazendo-o tambem jornalistas e escritoresdo interior e de terras mats distantes.O escritor pernambucano Artur de Lemos Filho, radicadono Rio de Janeiro ha longos anos, merece o titulo de colaboradormais eficiente, com sua presenga lucida na intensapesqui'ia que realizamos — eu e minha esposa — na BibliotecaNacional.Aprecidvel estimulo dignaram-se de proporcionar-meamdveis coluni^tas da imprensa didria do Recife, como AnibalFernandes, Jorge Abrantes, Mario Melo, Mauro Mota, NiloPereira, Valdemar de Oliveira, Tadeu Rocha, Samuel Soares,


14 LUIZ DO NASCIMENTOLuiz Beltrdo, Carlos Moreira e Aderbal Jurema, registando ecomentando, sempre com muito carinho, os trabalhos que,baseados na obra geral, tenho produzido como contribuigdoaos Congressos Jornalisticos, realizados em vdrios pontos doBrasil.Destaco, ainda, a compreensiva cooperagdo de minhaesposa, parcela de amparo e encorajamento sem a qual atarefa do pesquisador seria bem mats penosa.Sem todo esse apoio moral, talvez houvesse fracassadoem meio a procelosa Jornada...Apoio material, vejo-o agora concretizado, mediants oinicio da divulgagdo desta obra, sob os av^icios do ArquivoPublico Estadual e da Imprensa Oficial, duas repartigoes quehonram o governo de Pernambuco.Ha de parecer estranho que o historico diste volume termineno ano de 1954.Sucedeu que, pesquisando aqui e ali, ojo mesmo tempoproduzindo para as tres series — didrios, periodicos do Recifee impren'^a do interior — a fim de ndo perder oportunidades,cheguei a conclusdo da necessidade de marcar umponto de remate. De modo contrdrio, ndo acabaria nunca.Entdo firmei-me em 1954 por um principio de uniformidade.Outro, mais adiante, que retome o caminho.Esta edigdo constitui uma homenagem ao DTARIO DEPERNAMBUCO, pela sua qualidade de jornal mais antigoem circulagdo na America Latina, destacada, assim, da PrimeiraParte da obra geral, compreendida no sub-titulo "Didriosdo Recife", constante de 134 orgdos.L.doN.


PREFACIO(da 2.aEdigao)


Aconteceu haver-se esgotado a primeira edigdo destelivro.Publicado o Vol. II — "Didrios do Recife, 1829/1900" —surgiram novos leitores, que tomaram interesse pelo principioda dbra, o mesmo ocorrendo no tocante ao Vol III — "Didriosdo Recife, 1901/1954".Ai estd, pois, a segunda edigdo do Vol. I, que content ahistoria unica do Diario de Pernambuco, ndo simplesmentereproduzida, mas melhorada de novos dados e referencias,ainda colhidos nas velhas colegoes do orgao ou indicados porleituras diferentes.Foi igualmente possivel adicionar-lhe o necessdrio IndiceOnomdstico.Para proveito dos biUiofilos, a presents edigdo se iguala ascaracteristicas dos II e III Vols., nesse apurado desempenhogrdfico da Imprensa Universitdria, da Universidade Federalde Pernambuco.L. do N.Rua Coronel Joao Jose deFigueiredo, 72 — Sitio Novo— Olinda, Pernambuco.


DIARIO DE PERNAMBUCO(1825 — 1954)


DIARIO DE PERNAMBUCO — Numero 1 — Hoje, segunda-feira,7 de novembro de 1825 (1) _ S Florencio, B. —Com este cabegalho, apresentou-se o orgao que viria a tornar-seo mais antigo em circulagao na America Latina (2),fundado pocAntonino Jose de Miranda Falcao. iniciando suasatividades com o forinato de 24 1/2 x 19 centimetres, comosimples "folha de anuncios", as quatro paginas franqueadasaos leitores, que pagavam 40 reis por exemplar. Dizia a"Introdugao":"Faltando nesta cidade assas populosa um Diario deAnuncios, por meio do qual se facilitassem as transagoes, ese comunicassem ao publico noticias, que a cada um em particularpodem interessar, o administrador da Tipografia deMiranda & Companhia (3) se propos a publicar todos os diasda semana, exceto os domingos somente, o presente Diario,no qual, debaixo dos titulos de Compras — Vendas — Leiloes(1) Na data da fundagao do Diario de Pernambuco, ainda naoera o Recife capital da provincia e sim Olinda, que veio a entregar-lhe0 titulo a 15/2/1827.Ocorreram, no ano do aparecimento do Diario, outros importantesacontecimentos no Recife, a saber: fuzilamento de Frei Caneca; fundagaodo Liceu Provincial, hoje Colegio Estadual de Pernambuco, ecriagao do primeiro corpo da Politica Militar. Exercia a Presidenciada Provincia o procer mineiro Jose Carlos Mairink da Silva Ferrao.(2) Houve controversia, a principio, quanto a primazia da imprensana America Latina. Nao foi dificil, contudo, chegar a evidenciade que, em segundo lugar, conta-se El Mercurio, de Valparaiso,Chile, a 12 de setembro de 1827, e, em terceiro, o Jornal doCommercio, do Rio de Janeiro, a 1 de outubro do mesmo ano, conformeapurou Mario Melo (artigo no Diario de Pernambuco de 20/12/1925), e nao como foi consignado nos "Anais da Imprensa PeriodicaPernambucana — 1821/1908" (alias, 1907), de Alfredo de Carvalho,quanto a El Mercurio, registado em terceiro lugar, como tendo iniciadosua circulagao em 1828.(3) O tipografo intelectual Antonino Jose de Miranda Falcao jahavia possuido, em 1823, pequena oficina, onde imprimira alguns pe-


22 LUIZ DO NASCIMENTO— Alugueis — Arrendamentos — Aforamentos — Roubos— Perdas — Achados — Fugidas e Apreensoes de escravos— Viagens -- Afretamentos -- Amas de leite, etc., tudo quantodisser respeito a tais artigos; para o que tern convidado atodas as pessoas, que houverem de fazer estes ou outrosquaisquer anuncios a os levarem a mesma Tipografia, queIhes serao impresses gratis, devendo ir assinados. Tambemse publicarao todos os dias as entradas e saidas das embarcagoesdo dia antecedente, portos de onde vieram, dias de viagem,passageiros, cargas e noticias que trouxeram. Alemdisto, todas as semanas se darao os pregos correntes dos generosde importagao e exportacao, com um atestado de doisnegociantes desta praca".Para facilitar a entrega dos anuncios (4), "porque paramuitas pessoas seria incomodo dirigir-se a Tipografia", foramcriados postos no Botequim da Praga, em Santo Antonio,na Loja da Gazeta, rua do Rosario, e na Boa Vista, naBotica de Joao Ferreira da Cunha, ao largo da Matriz, emcujas casas se recebiam, igualmente, assinaturas.riodicos (sobretudo O Typhis Pernambucano, de Frei Caneca). Em1824, esteve preso como cumplice da revolugao conhecida com o nomede Confederagao do Equadoi". Em 1825 (faltam noticias do destinodado a sua tipografia), Antonino adquiria do governo a TipografiaNacional, antiga Oficina do Trem de Pernambuco, na qual veio a imprimiro Diario. (Informagoes colhidas na primeira parte dos "Anais"citados, sob o titulo "Gcnese e progressos da arte tipografiea em Pernambuco).(4) Vai aqui uma mostra dos anuncios da epoca, atualizada aortografia:Vendas — "Vende-se, ou afreta-se, o brigue-escuna americano"Abbis", de 135 toneladas, em muito bom estado e pronto de todo onecessario e muito veleiro. Quem o quiser comprar ou afretar, podedirigir-se a Luis Gongalves Ferreira" (Diario, n.° 1, 1825).Fugidas de Escravos — "No dia 22 do corrente fugiu de casa deseu Senhor, morador da rua do Vigario n.° 26, uma escrava por nomeManuela, crioula, de estatutra mediocre e grossa de corpo. Quem apegar leve a mesma casa, que la recebera a paga de seu trabalho"(Diario, n.° 41, 1825).Viagens — "Para o Maranhao sai o brigue "Bizarria" ate 20 deJaneiro de 1826. Quem nele quiser carregar dirija-se a Antonio JoseVieira da Silva ou a Manuel Severino d'Avelar, no Forte do Mato,casa da viiiva Miranda, 2.° e 3.° andar" (Diario, n.° 41, 1825).Compras — "Quem tiver escravos ladinos e os queira vender,para engenho, procure no botequim da rua do Rosario, casa terrea n.°144, que achara com quem tratar" (Diario, n.° 44, 1826).


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 23Do primeiro niimero (5) constava, ainda, o seguinte Avisoj"Faz-se crer aos srs. assinantes deste Diario que, na ocasiaode Ihe ser entregue, se as suas portas se acharem fechadaso Diario sera metido por baixo das mesmas, porque setorna muito incomodo procurar duas ou tres vezes a qualquerdos srs. assinantes para Ihe entregar em mao propria ditoDiario".Com tipografia instalada a rua Direita n.° 267 (onde residiaAntonino), a folha divulgou, ate 24 de dezembro, 41edigoes, e mais duas ate o dia 31, esta de n." 43, assim datada:"Hoje, sabado, ultimo dia do ano de 1825" (6), tudosomando 141 paginas numeradas, seguidamente, para efeitode encadernacao.Os ns. 41 e 43 apresentam inexplicavel ponto final notitulo: (Diario de Pernambuco.), inutilidade que permaneceupor mais de cinquenta anos. Abaixo, numa linha larga, anunciava-seo santo do dia e, noutra, a situagao da Preamar.A materia do n° 41, so constituida de aniincios ligeirose notas maritimas, nao chegou para encher as quatro paginas,ficando em branco a quarta e grande parte da terceira.Enquanto isto, o n.° 43 inseriu, extraidas do Correio doPorto, duas materias somente, que foram a conta exata da(5) O n.° 1 do Diario de Pernambuco foi reimpresso: em 1882, pelotipografo Joao Paulo de Almeida (ver pag ); em 1891, por iniciativado historiador Francisco Augusto Pereira da Costa, no n.° 39 daRevista do Institute Arqueologico, Historico e Geografico Pernambucano,e em 1925 por lembranga de Carlos Pereira da Costa. Existem,tambem, facsimiles sem data.(6) Correspondentes a 1825, so possui a Biblioteca Publica doEstado OS ns. 1, 41 e 43.Alias, o exemplar do n.° 1 do Diario de Pernambuco nao e o original,mas uma reproduQao, em formato menor, de 17 x 12 1/2. i oque se da, igualmente, com o n.° 1 da biblioteca do Museu do Agiicardo Recife, adquirido como autentico, em 1962, pelo historiador Gilde Metodio Maranhao, no Rio de Janeiro. Nas mesmas condigoes guardaum exemplar do dito n.° 1 o colecionador Pedro Tasso de Sousa.Ao pe de um artigo que divulgou no Diario a 13 de dezembro de1925, revelou o jornalista Samuel Campelo haver-lhe comunicado JoseCelestino Gomes, de Vitoria de Santo Antao, rua Alexandre Lunan.° 73, que herdara de seu sogro um comprovante do n.° 1. Entretanto,nao voltou ao assunto.


24 LUIZ DO NASCIMENTOedigao: "Carta de lei, Constituigao Geral e Edito Perpetuo emque S. M. Imperial e Real assumiu o titulo de Imperador doBrasil" e "Carta de Confirmagao e Ratificacao do Tratadofeito com o Imperador do Brasil".Os dois referidos exemplares, impressos em papel encorpado,azul claro desbotado, tem a dimensao de 30 x 19, incluidasas margens. Variou, porem, a altura da composicao:21 cm no n.« 41 e 23 cm no n.° 43. Tipos utilizados:corpos 10 e 12.No ano seguinte, uma terceira linha larga, sob o cabeca-Iho, dava as fases da lua, o que foi, em 1827, suprimido.A edigao de 25 de agosto de 1826, n° 44 (7), paginas 175a 178, papel branco, formato de 26 x 19, divulgou uma Correspondenciado Ouvidor de Olinda, Luis Angelo Vitorio doNascimento Crespo, em resposta a acusacoes de um ConstanteLeitor, feitas atraves da Gazeta Parahibana e transcritasno Diario, chamando-o de "injusto" e "subornado", aproposito de um despacho sobre apropriacao de escravos.Prometia levar o acusador ao Tribunal dos Jurados, quandoeste ficasse organizado em Pernambuco.A 1.° de fevereiro de 1827, ja no 25.° niimero do ano (8),abria-se a primeira pagina com o artigo "Liberdade de Im-(7) Pareceria que so haviam sido publicadas, ate 25 de agosto,44 edigoes. E que ocoi-reram dois comegos de numeragao em 1826.Encerrada a primeira a 30 de junho, teve inicio a segunda a 1.° dejulho. Embora nao se adotasse tal metodo no ano seguinte, cujanumeragao se fez de Janeiro a dezembro, o exemplo pegou em 1828(ai terminando), o que levou Alfredo de Carvalho (obra citada) acometer um lapso, quando registrou haverem circulado, durante oano, apenas, 144 edigoes, num total de 596 paginas, o que, na realidade,so corresponde ao segundo semestre.(8) O linico comprovante existente de 1826 (25 de agosto)tambem pertence a Biblioteca Publica do Estado, mas a colegao de1827, excluido o mes de Janeiro, so e encontravel no arquivo da EmpresaDiario de Pernambuco, porem microfilmada pela referida Biblioteca,assim como as raras edigoes de 1825/1826, interditas ao manuseio.As colegoes da B. P. E. comegam, propriamente, a partir de 1828,com algumas lacunas, sendo tambem microfilmadas ate julho de 1844,servigo suspense, assim permanecendo. Existem colegoes do Diarioainda, noutras bibliotecas, mas todas incompletas, inclusive a da AssociagaoComercial de Pernambuco, a da Faculdade de Direito da UniversidadeFederal de Pernambuco e a da Biblioteca Nacional, do Riode Janeiro.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 25prensa", assim iniciado: "Os meios de se segurar as vantagensdesta salutar instituigao, os meios de fazer eficaz a suagarantia, os meios, enfim, de tornar proveitoso este primeiroingrediente dos governos constitucionais, todos eles se reduzema prevenir seus desastrosos abuses; nisto so e que todaa dificuldade consiste. Debalde se pretendera deduzir beneficioda liberdade de escrever e de publicar os nossos pensamentos,se, convertendo-se os pensamentos em fatos pormeio de sua publicacao por escrito, for esta liberdade convertidanum valhacouto, donde impunemente possam de continuoser violados os direitos dos outros, e continuadamentecaluniadas todas as operacoes de um governo".Esse editorial, depois de ocupar mais de duas paginas,trazia abaixo: continuar-se-a, prosseguindo em varias edigoes.Adotando programa mais vasto, a folha divulgava, tambem,a par de raros artigos da redagao, variedades e Correspondencias,estas com assinaturas como O Abelhudo, O Venturoso,Um Matuto, O amigo dos homens, O bumba papa-farinha,O bumba meu boi, O carurense, etc., naturalmente umamateria de cada vez, devido a deficiencia de espaco, inclusiveainda excertos de discursos parlamentares ou transcricoes.A edicao de 26 de fevereiro divulgou o seguinte "Aviso aossrs. subscritores": "Sendo assaz dificultosa e ate prejudiciala recepcao das assinaturas desta folha pela maneira ate agorapraticada, avisa-se aos srs. que a tern honrado ou a quiseremhonrar d'ora em diante, que tais assinaturas se receberaosomente na casa da tipografia do Diario, rua Direita n.° 267,1° andar, e findando elas com o corrente mes, roga-se aossobreditos srs. o obsequio de reformarem as suas a tempo, afim de nao haver falta na entrega dos numeros do mes vindouro".Logo mais, a 20 de marco, ocorria o primeiro aumentodo custo do exemplar: "Vende-se na loja de livros defrontede Palacio, a preco de 60 reis".A 7 de agosto iniciava-se o prometido processo (9) contra(9) "Esse curioso processo esta, em original, arquivado no InstituteArqueologico, Historico e Geografico Pernambucano, na segaode manuscritos", segundo declarou Mario Melo, que o transcreveuabaixo do seu artigo "O fundador do Diario de Pernambuco", insertono "Livro do Nordeste", comemorativo do primeiro centenario dojornal.


26 LUIZ DO NASCIMENTOAntonino Jose de Miranda Falcao, mandado instaurar peloouvidor de Olinda, Luiz Angelo Vitorio do Nascimento Crespo.Dizia a denuncia que fora "ofendida a libei-dade de imprensae o suplicante atacado em sua honra", requerendo que seprocedesse "na forma da lei de 2 de outubro de 1823" (10),a fim de ser dada ao ofendido a satisfacao devida. Defendcu-seeabalmente, o acusado, que veio a inserir, no seu jornal,a 11 de outubro de 1827, o artigo intitulado "O redatordo Diario de Pernambuco chamado a jurado", no qual assimresumiu o fato: a Gazeta da Parahiba publicara, em 23 deagosto de 1826, "uma carta arguindo o Juiz de Fora, dessacidade, de alguma malversacao em seu oficio; pediram-nospara reimprimir no nosso Diario essa mesma carta, assim ofizemos"; o Juiz de Fora, "deixando em sossego o editor daGazeta da Parahiba, encaminha o atropelo ao do Diario dePernambuco"; e o autor do libelo acha que "nao e mais reuc que imprime do que e o reimpressor" (11).Quatro dias apos, o Conselho de Jurados, reunido, consideravaimprocedente a denuncia, sendo Antonino Jose deMiranda Falcao absolvido.A partir de 1828, ao passo que aumentava o formato dafolha para 30 x 20, acrescentou-se-lhe o prego da assinaturamensal: 640 reis. Junto a materia de rotina, ja inseria algunsatos oficiais. Depois, veio a colocar, a 15 de novembro,a seguinte divisa, abaixo do cabecalho, a direita: "Le Citoyen^encreux, en servant la patrie ne peut avoir le dessin de serendre haissable, ou meprisables, a ses yeux — Moral Universal",que permaneceu ate 1.° de abril de 1829 (12). Comecandono segundo semestre desse ano, a primeira pagina,mais a segunda e parte da terceira das edigoes dos sabadoseram ocupadas com os "Precos correntes dos generos deimportacao em grosso", o movimento de entrada de merca-(10) Foi a nossa primeira lei de imprensa, depois da constitucionalizatjaodo Brasil. Alias, Barbosa Lima Sobrinho ("O problemada Imprensa"), assinala-a como tendo sido assinada, por d. Pedro I,a 22 de novembro.(11) Dizia o libelo que o A. "nao usou imediatamente da denunciaapresentada a fls. 2 por nao estar ainda criado o Tribunal dosJurados, como e fato de notoriedade publica, e ninguem pode serobrigado a impossiveis".(12) Alfredo de Carvalho (obra citada) registrara por engano,que a divisa permaneceu no cabcgalho "durante os meses de outubrode 1829 a margo de 1830".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 27dorias pelo porto e estatlsticas comerciais, so ficando umapagina e pouco para os pequenos anuncios.No mes de maio de 1829, o medico e jornalista baianoJoronimo Vilela Tavares entrou, pelas colunas do Diario, apolemizar com o Padre Francisco Ferreira Barreto, mostrando-lhe(edicao de 23) "os falsos caminhos por onde se emaranhou,as topadas que deu e como esbarrou com os narizesno precipicio", para concluir: "... resta-me desejar-lhe umadoce inclinacao a converter-se, um vivo arrependimento dosseus erros, dando-se a um sistema de moral mais firme e conducente,pois que so deste modo podera ganhar neste mundoa estima dos homens e, no outro, a bemaventuranca eterna,para o que desde ja Ihe perdoo o que a meu respeito, e emmeu descredito, tem feito, desculpando-me tambem a limitancia".Aconteceu que o sacerdote, atraves d'O Cruzeiro, atribuiraa Jeronimo Vilela a autoria de violento artigo, n'A Abe-Iha Pernambucana, com a assinatura O comprovinciano, tendo0 acusado desmentido (Diario de 18 de maio) que houvesseescrito "producoes tao recheadas de falsidade e ignorancia".Em artigo do dia 25, denunciava Jeronimo, que eraredator do Diario, ter sofrido uma agressao "pelo que naofez", frisando: ". . . assaltou-me (certo individuo) com umcacete, dando-me duas cacetadas nas costas, ao que, voltando-me,gritei contra o assassino, que, apesar disto, me atiroumais duas". A aproximacao de algumas pessoas, o agressorcorreu, desaparecendo. Afirmou a vitima que o assaltantefora um mandatario da Coluna do Trono e do Altar, da qualo Padre Barreto era figura proeminente.A mesma edicao inseriu uma Correspondencia contra oPadre Barreto, chamando-o "mentiroso", a proposito de tresartigos que ele pedira, antes da prisao do signatario, para publicar,usando diferentes pseudonimos: O pensador, O constitucionale O correspondente. Firmou a materia o propriodono do Diario, Antonino, que se encontrava preso, tendo-aredigido da cadeia e encaminhando-a ao editor substituto.Participara ele de uma fracassada rebeliao republicana,em fevereiro de 1829, distribuindo boletins sediciosos e promovendoreunioes secretas, enquanto outros elementos mar-


28 LUIZ DO NASCIMENTOchavam para o interior do Estado, arregimentando proselitose arrebanhando armas (13).Ja no ano anterior, conforme O Amigo do Povo (edigaode 20 de junho de 1829), fora Antonino denunciado pelo promotorpublico, padre Bernardo Luiz Ferreira, como incursoem delito de imprensa, por haver injuriado "o Alto Carater,Dignidade, Moral e Pessoa de S. M. I., chefe do Poder Executive",atraves de uns versos sem assinatura. Absolveu-oo Tribunal do Juri, em reuniao de 31 de julho.Aludindo ao caso, Antonino, ainda da prisao, onde permaneciacomo subversivo, enviou uma correspondencia parao Diario, que a inseriu a 3 de agosto. Salientou que, aposquase um ano, ocorrera o segundo julgamento da denunciacontra ele dada pelo revm° promotor, devido a insergaodum "chamado pasquim" no Diario n." 46, de agosto de 1828.file recitou sua defesa, e os jurados concluiram pela absolvicao.Terminou dando vivas a Constituigao, ao Imperador,a Assembleia Legislativa, a liberdade de imprensa, aos juizesde fato e aos academicos do Curso Juridico (14).Tendo tomado feigao politica, o matutino bateu-se pelosprinciples liberals, polemizando com O Cruzeiro, tambemdiario, e O Amigo do Povo, de publicacao semanal, que eramredigidos pelo Vigario Barreto (a quem cognominava "padreXico Forca" e "Dr. Lombriga", alem de outros apelidos contundentes,em cerrada campanha contra os "principios subversives"da Coluna do Trono e do Altar, que tinha como defensoresos dois jornais, e pelo padre Jose M. Falcao Padilha.As criticas, ora atraves de editorials, ora de Comunicados ouCorrespondencias d'O sonambulo (15), (pseudonimo do padre-(13) No artigo citado em nota anterior, Mario Melo transcreveuo libelo da devassa entao feita, datada de 6 de marco, em que depuseram34 testemunhas. Segundo F. A. Pereira da Costa ("DicionarioBiografico de Pernambucanos Celebres"), Antonino "foi de novoarra.stado as prisoes da Fortaleza do Brum, onde gemeu por espagode 14 meses".(14) Em seu noticiario de 8 de agosto, o periodico dos vigariosBarreto e Padilha vituperou a decisao do Juri, por ter sido "o facinorosoredator do Diario da Manteiga" absolvido, "pelos juizes de Fato,do crime de ter impresso nefandos insultos contra o nosso soberano"!(15) Helio Viana ("Contribuieao a Historia da Imprensa Brasileira— 1812/1869", pag. 493) cometeu um cochilo, mencionando OSonambulo como titulo de um dos jornais do padre Lopes Gama.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 29frei Miguel do Sacramento Lopes Gama), d'O Magnetizado,d'O impavido, e d'O trambolhista, atingiam, igualmente, comrispidez desconcertante, o presidente da provincia, TomazXavier Garcia de Almeida, que tambem escrevia n'O Cruzeiro,ai usando o pseudonimo O intrepido. Defendiamaqueles — secundados por J.B. da Fonseca, mais O popular,Um goianense, etc. — a Independencia e Constituigao como imperador Pedro I, contra os absolutistas da Coluna.A 18 de novembro, ainda de 1829, O trambolhista investia,no Diario, contra os padres "Lombriga" e "Cafelefele"(assim apelidado o Vigario Marinho Falcao), concluindo:"Colunistas ou lombriguistas, espalhados infelizmente pelavasta superficie do solo brasileiro, camaleoes, papeloes,paparrotoes e impostores, desde o Prata ate o Amazonas, cativosagaloados, desenganai-vos, S.M. o I. do Brasil nao querser absolute, nao quer ser Fernando 7.° ou d. Miguel 1.** parricidae usurpador. file conhece os seus verdadeiros interesses.file nao e desses soberanos sacramentados que sosabem o que os aulicos querem que eles saibam. fi um soberano suficientemente instruido: e um soberano que le; eum soberano brasileiro liberal e um dos maiores constitucionaisdo Imperio. Colunas da maroteira, cai!"Logo mais, a 23, O sonambulo verberava as atitudes do"Padre Carrasco", terminando, apos longas consideragoes:"Amigos, a Coluna gorou". Por sua vez, O raivoso chamavao padre Barreto de indigno e patife (16).Extinta a Coluna do Trono e do Altar, por ordem do governoimperial, continuou o Diario a atacar o governo provincial,no que se salientaram Pacato, O impavido, O trambolhistae, com o proprio nome, Antonio dos Santos SiqueiraCavalcanti. Bateu-se, entao, com o periodico O Constitucional.A 10 de fevereiro de 1830 dizia uma nota redacional: "Noticiainteressantissima: Substituigao de Tomaz Xavier por<strong>Joaquim</strong> Jose Pinheiro de Vasconcelos". E, seis dias apos:"Se Luiz do Rego foi mau, se todos os governos que o sucederamnao prestaram, o nome de Tomaz Xavier servira de umaesponja que apaga da tabua do tempo os tragos mais ou menostortuosos de todos os que o precederam; pelo menos nenhumdeles atentou, direta e positivamente, contra a liberdade(16) O padre Ferreira Barreto era famoso poeta, alem de jornalista,e um dos maiores oradores sacros do seculo passado.


30LUIZ DO NASCIMENTOda provincia, e o maior dos crimes e, sem duvida, maquinarcontra a liberdade da patria. Isto e o que fez Tomaz Xavier;seja pois o seu nome anatematizado para sempre".Ainda no referido mes (edigao do dia 26), Pedro Autran daMata e Albuquerque defendia-se, em longa Correspondencia,de ataques de elementos inimigos, chamando-os "mentirosos,impostores e caluniadores".A partir de Janeiro de 1831, o Diario passou a ser impressona Tipografia Fidedigna, situada a rua das Floresn.° 18, trazendo abaixo do titulo, afora o santo do dia e apreamar, o seguinte: "Subscreve-se na Tipografia Fidedigna;na loja de Livreiro de Manuel Marques Viana, rua daPenha, a ilharga do Livramento D. 23, e em casa do editor,a rua Direita n.° 267, em cujos lugares tambem se rececberaocorrespondencia e anuncios, estes inteiramente gratissendo de assinantes, vindo assinados, e com o lugar da morada,e serao publicados no dia imediato da entrega, sendoesta feita ate o meio dia e vindo resumidos".As vezes o matutino fazia-se acompanhar de um suplemento,ora de duas, ora de quatro e ate mais paginas, conformea extensao das Correspondencias. Na parte principaldivulgavam-se, esporadicamente, transcrigoes d'O Republico,que circulava no Rio de Janeiro, sob a diregao de AntonioBorges da Fonseca.A atitude do Diario, que nao deixava de atacar os "colunas"disperses, acarretou serias ameacas ao seu proprietario,por parte do tenente-coronel de cavalaria FranciscoJose Martins. A proposito, num artigo de 23 de abril de1831, sem titulo nem assinatura, mas utilizando a primeirapessoa do singular, dizia o Autor — que nao era outre senaoAntonino Jose de Miranda Falcao — achar-se sua cabegaproscrita, sendo o seu crime o patriotismo; "Martins e Gustavo"conspiravam contra a sua vida havia ja dois meses;enquanto a provincia gozava de paz, o seu jornal combatiaOS abusos praticados por magistrados, combatia o Absolutismo,guardando justa moderagao; porisso, queriam mata-lo;mas redobraria de energia; sua casa estivera sitiadaa noite e estava cercada de dia; viu Martins, comandanteda policia, no seu encalco; gente suspeita vagava na ruada Penha, onde morava; apesar de tudo isto sustentariasuas opinioes ate o ultimo suspiro. Artigo no mesmo dia-


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 31pasao, sem mais esclarecimentos, foi divulgado a 2 de maio(17).Dois dias apos, acrescentava-se ao Expediente: "Osanuncios que nao forem dos assinantes deverao, alem demais condigoes, pagar por cada linha impressa 40 reis".A abdicagao de D. Pedro I, so conhecida, no Recife,quase um mes depois, foi motivo de jiibilo para o Diario, que,no seu Suplemento a edigao de 4 de maio, divulgou, emapenas quatro linhas, a nota a seguir: "Temos a satisfagaode dar a saber aos nossos caros concidadaos os felizes sucessosda Capital do Imperio: triunfou a Opiniao Publica. Parabens,pernambucanos!" No dia seguinte, divulgava a "Proclamacaodos representantes da Nagao Brasileira ao Povodo Brasil motivando a causa da gloriosa Revolucao operadano governo do Brasil no dia 7 de abril de 1831".^O editorial de 6 de maio, que comecou: "O inimigo perpetuodo Brasil ja cessou de manchar o solo da Patria comsua odiosa presenca", terminava: "Tudo e novo hoje: o Leaoacordou, o Leao quer firmar, de todo, a sua tranqiiilidade,que ninguem mais Iha possa perturbar. Todos quantosousaram desperta-lo em seu sono, fujam da sua presenga;tardios arrependimentos nao justificam".Por sua vez, escrevia Antonio Borges da Fonseca, redatord'O Republico, concisa proclamagao no Diario, intitulada"Compatriotas", dizendo: "O perjuro abdicou; que seva em paz gozar dos frutos de suas traigoes". "Estou estasiado:o prazer me da lugar a reflexoes mais serias. AConstituigao seja o nosso norte, com ela tudo venceremos.Prudencia, concidadaos! moderagao, ordem e respeito atodos OS nossos chefes, e sera a patria salva!".No dia 9 aparecia O sonambulo (frei Lopes Gama) declarando-sedoente, impossibilitado "de escrever e fazer aplicagoesintelectuais"; vinha apenas congratular-se com ospernambucanos: ". . .triunfou a liberdade; e quem nos atraicoavadeixou (em hora feliz) o solo brasileiro, e foi, talvezdevorado de remorsos, unir-se ao traidor Carlos Capeto",concluindo: "... nada de vinganca; basta a esses infelizes() punhal sempre agugado do remorso". Na edigao seguinte,transcrevia-se uma fala do presidente da Provincia a tropa,(17) Logo que chegou ao Recife a noticia da abdicagao de D.Pedro I, foi o tenente-coronel Francisco Jose Martins demitido, pelopresidente Pinheiro, do comando do Corpo de Policia.


32 LUIZ DO NASCIMENTOna qual aconselhava "a maior subordinagao" aos superiores.No dia 11 do referido mes, introduziu o Diario, abaixodo cabecalho, mantendo-a ate marco de 1845, a seguinte"proclamacao da Assembleia Geral do Brasil": "Tudo agoradepends de nos mesmos, da nossa prudencia, moderagao eenergia; continuemos como principiamos e seremos apontadoscom admiracao entre as nacoes mais cultas".A partir de julho, ha-se: "Tipografia de Antonino Josede Miranda Falcao, a rua da Soledade n.° 498". Melhorou,entao, a tipagem, acondicionando mais materia.Aludindo, a 11 de outubro de 1831, a chegada e posse deFi'ancisco de Carvalho Pais de Andrade, regozijou-se o Diariopor haver sido nomeado presidente da provincia, pelaprimeira vez, um pernambucano.Em Janeiro de 1833, passou a folha a ser impressa porJose Vitorino de Abreu, "na Tipografia do Diario, patio daMatriz de Santo Antonio, sobrado da Porta Larga".Nesse ano, bateu-se com o periodico Bussola da Liberdade,dizendo, em artigo de 16 de abril, que bussola, "epiteto decaramuru, que para nos e sinonimo de corcunda, absolutistae restaurador, e o mais odioso que se pode por a um brasileiro".Participou dessa querela, com artigos assinados, oredator Bernardo de Sousa Franco, o qual atribuiu "genioirascivel e imprudente" ao padre Joao Barbosa Cordeiro, queera o contendor.Voltou-se tambem o Diario contra a magistratura, escrevendoo editorialista a 17 de maio: "A justica e a primeiradas necessidades socials; e o mau magistrado o pior dosflagelos que a sociedade pode suportar". Fez, a seguir,"um paralelo entre o salteador de estrada e o magistradovenal" e, depois de desferir novos ataques aos juizes, aconselhava"muito cuidado nas Academias em nao deixar formarhomens ignorantes; por que a ignorancia e mae dosvicios, e o juiz ignorante e sempre mau, e se nao e venal eirresoluto, demorado, governado e passive executor de ordenssuperiores".Noutro artigo, muito prolixo, na edi^ao de 30 do mencionadomes, vinha a objurgatoria: "A venalidade da nossamagistratura e impunidade do crime datam do regime colonial.D. Pedro a aumentou, protegendo e premiando os magistradosprevaricadores, que favoreciam seus pianos".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 33Ainda em 1833 (18), a edigao de 31 de outubro divulgavao seguinte Aviso: "Rogamos a todas as pessoas quetern mandado fazer impressoes nesta tipografia do Diario,e que se acham a dever, hajam de mandar satisfazer, paraque nao passemos a formar a seu respeito aquele juizo quede ordinario se costuma fazer de todos aqueles que de talmaneira obram".Vinha o jornal dando intensa cobertura a guerra civildos Cabanos, no interior do Estado, continuada em 1834.Apoiava a atuagao, no caso, da Presidencia da Provincia, aqual, depois de varios nomes, passou, a 4 de junho, a serexercida por Manuel de Carvalho Pais de Andrade, e do Comandodas Armas, atraves de editorials e Correspondencias.No mes de Janeiro, veiculou a denuncia de que os irmaosAbreu e Lima conspiravam para engrossar as fileiras dosCabanos e promover a restauragao de Pedro I no trono. Opromoter Jose Tavares Gomes da Fonseca chegou a pedir aprisao dos implicados, especialmente do "suposto generalcolombiano" Jose Inacio de Abreu e Lima, o qual, residindono Rio de Janeiro, escrevia cartas comprometedoras ao irmaoLuis Inacio Ribeiro Roma, cartas que, apreendidas no Correio,foram publicadas no Diario.Lia-se num artigo redacional de 12 de fevereiro: "Eisde que se compoe em geral o partido restaurador: de ambiciosos,que desde ja se desavem por causa de lugares; deladroes, que roubam os socios para nao fugirem sem dinheiro,e de alguns estupidos, que acreditam na possibilidade denovo pacifico governo de Pedro I no Brasil, e se flam aindaem ambiciosos conhecidos, que, sobre a capa de restauragaode Pedro, so trabalham por se engrandecer".A partir de 2 de abril de 1834, onde se lia: "Impressopor Jose Vitorino de Abreu", passou a figurar: "... por A.J. de Miranda Falcao". Continuavam a predominar, nasCorrespondencias, os pseudonimos, tais como: Philo-Harmonico,O imparcial, O pernambucano, O carrapeta, O pai daPatria, O catana, O assombrado e O tranqiiilo, os dois liltimospolemizando entre si. As vezes apareciam Correspondenciasfirmadas por Caitano Pinto de Veras ou Joao(18) Nesse ano, alem do Suplemento, bastante raro, publicaramse,de 22 de julho a 15 de outubro, nove numeros do periodico O VelhoPernambucano, que era distribuido gratis aos assinantes do Diario eem cuja tipografia se confeccionava (Ver vol. IV desta obra: "Periodicosdo Recife — 1821/1850").


34 LUIZ DO NASCIMENTOFerreira de Aguiar (barao de Cutuama), ou artigos de Bernardode Sousa Franco. Nas segoes "Perguntas" e "AvisosParticulares", viam-se as mais curiosas e estapafiirdias assinaturas,a saber, entre outras: O amigo do bem publico,Um que nao e anarquista, O perguntador, O inimigo do RestauradorPedro I e seu rancho, Um homem das costas doMonteiro, O economico dos dinheiros pubUcos, Um amigodo sr. Silva, O inimigo dos ladroes, O alemao que se querengajar, O que espera resposta e justiga, O passageiro lembradoe Vigilante inimigo da impostura. A partir de novembro,O outro Carapuceiro (?) bateu-se, em polemica, com OCarapuceiro (segundo pseudonimo, tornado celebre, do padreLopes Gama), sobre temas economicos.1835/1844A 3 de fevereiro de 1835, Antonino desfez-se da empresa,negociando-a com a firma PiiHaeiro & Faria (19). Lia-se,em artigo de fundo da mesma data, que a nova redagao, "semenos ilustrada", nao era "menos patriotica, nem menosatenta a dar-se ao ze-lo da causa piiblica, promovendo aprosperidade e civilizagao provinciana, seguindo restritamentea estrada da imparcialidade, tendo a decencia portermometro". E acentuava:"O Diario de Pernambuco, como jornal do comercio, seramais efetivo em dar noticias estrangeiras de que tanto seprecisa e cuja falta nos tem feito pensar ao acaso sobre apolitica do mundo. Dar-se-a diariamente as alteragoes dapauta da Mesa das diversas rendas, assuim em todas as ocasioesoportunas, o prego corrente das diferentes pragas, etodos OS sabados os desta cidade, como ate agora se tem praticado.Finalmente, trabalhando por ser util, instruir, harmonizare nao ofender, serao felizes os redatores se tantoconseguirem".(19) Dois lapsos cometeu o historiador F. A. Pereira da Costa(obra citada), quando escreveu, na biografia de Antonino J. de MirandaFalcao, que este dirigira a sua empresa ate o ano de 1837 e nade .Manuel Figueiroa de Faria^ ao registrar que este fizera a aquisicaoda Tipografia do Uiario em 1830.A data erronea de 1837, quanto ao fundador do jornal, foi depois


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 35Ficaram franqueadas as paginas do jornal a todas ascorrespondencias que Ihe fossem enderegadas, quando tratassemda "manutengao da ordem social ou de censura aprevaricagao dos empregados, quando competentementelegalizadas e sob a responsabilidade dos seus autores, ficandoa respeito dos anuncios e correspondencias de assuntoparticular em vigor a mesma pratica antiga.A tipografia da nova firma permaneceu no patio daMatriz de Santo Antonio, sendo admitido como cobrador deassinaturas Francisco Antonio dos Santos. As informagoescomerciais, de importagao e exportagao, portuarias e maritimas,das edigoes dos sabados, passaram a ocupar asduas paginas centrals, em sentido oblongo. A materia derotina nao sofreu alteragao.Sob a epigrafe "E de absoluta necessidade que se promovaa reforma da nagao brasileira", escreveu Pedro Autran longoartigo, a 9 de fevereiro, a que outros se sucederam, sobre omesmo tema, para abordar, depois, a "Excelencia da Religiaosobre o Filosofismo".Na edigao de 24 de abril apareceu um "Comunicado"com a assinatura O redator do Carapuceiro, assim comecando:"Motives de diaria ocupagao, junta ao meu estadovaletudinario, me inibiram de prosseguir na carreira do jornalismo,que nunca desamparei nos ensejos de maior perigo".Vendo, porem, que seus "pobres escritos" podiam,no momento, "fazer algum bem a Pernambuco", resolveraromper o silencio e sair a campo. Criticou, entao, o governoprovincial; aludiu ao dever dos politicos da oposiQao ecopiada por A. V. A. S. Blake, no Vol. I, pag. 436, do "DicionarioBibliografico Brasileiro", publicado em 1883.Tambem enganou-se Fernando Segismundo na sua "Historia daRevolugao Praieira", ao afirmar que Figueiroa comprara o Diario em1831, ano em que, isto sim, a tipografia da qual ele era socio — Pinheiro,Faria & Cia. — se instalava em Olinda, transferindo-se para oRecife em fins de fevereiro de 1833.Nota da 2.^ edigao:No tocante a lapsos, o maior de todos foi o cometido pela "EnciclopediaDelta Larousse", tomo V, Editora Delta S. A., Rio, 1962.Consta do capitulo "Jornalismo", a cargo de Vicente Tapajos, subcapitulo"Os mais velhos dos atuais jornais", pags. 2586/2587, que oDiario de Pernambuco "suspendeu sua publicagao, isto e, morreu durantealguns anos, tendo reaparecido somente em 1835; esteve o jornalsuspenso, certamente, muito mais de dois anos" (sic).


36 LUIZ DO NASCIMENTOconcluiu dizendo que a morte de d. Pedro (20) ''desprendeudo nosso Brasil a hidra de mil cabegas da ambigao".Prosseguiram os artigos daquele que era, na realidade,um grande cronista (21) e que transferira para o matutinoa materia do semanario, entao suspenso, O Carapuceiro(Ver vol. IV: "Periodicos do Recife — 1821/1850".A 2 de maio do referido 183^ocorreu substancial transformagaono Diario de Pernambuco, que, segundo Leduarde Assis Rocha (22), "deu um golpe de mestre, conseguindorealizar a fusao do seu periodico com o Diario da AdministracaoPublica", que Ihe vinha fazendo concorrencia.f ^Manuel Figueiroa de Faria (23) asumiu, sozinho. a di-^/ci^vJi iiegao e propriedade do jornal, tornando-o orgao" oficial0 I do governo (24^; melhorando-lhe, consideravelmente, o for-- ^ •--1 mato, que atingiu 41 x 28, tres colunas largas de composi-JO^Oj gao, passando para 1$000 a assinatura mensal e aduzindo^ ao cabegalho o cliche do brazao de armas do Imperio.I Abaixo, vinha uma faixa com os Dias da Semana, o Expejfdiente, a mencionada "proclamagao da Assembleia Geral doI Brasil" e partidas dos Correios. No artigo "Introdugao"V lia-se."Tomando nova face o nosso periodico, e refundindo-secom 0 Diario da Administragao, nao entenda alguem que de-(20) O primeiro imperador do Brasil havia falecido a 24 desetembro de 1834.(21) Em sua edigao de 20 de agosto de 1834, o Diario da AdministraQaoPublica divulgou o seguinte "Anuncio": "Frei Miguel doSacramento Lopes Gama, professor de Retorica no Colegio das Artesdo Curso Juridico, participa ao Respeitavel Publico que ele acabade secularizar-se e d'ora em diante assinar-se-a Miguel do SacramentoLopes Gama".(22) "Figueiroa do Diario" (pag. 71).(23) Sobre Manuel Figueiroa de Faria, escreveu Alfredo deCarvalho (obra citada): "Homem de tempera antiga, laborioso e honesto;nele o espirito mercantil, a avidez de lucro e o desejo de sobrepujaro concorrente nao obliteravam a consciencia dos verdadeirosdesignios do poderoso instrumento de civilizagao ao seu dispor; muitosemelhante ao famoso Buloz, da Revue des Deux Mondes, jamais,talvez, escrevesse uma linha, mas sabia escolher e obter, com' singularhabilidade, o concurso das mais sadias e brilhantes mentalidades".(24) A partir dai o Diario de Pernambuco foi orgao oficial dosgovernos provmciais e estaduais ate 1911, com exce^ao dos seeuintesperiodos: junho/1845 a abril/1948; julho/1863 a marco/1864- marco aag6sto/1890. ' ^


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 37sandassemos a carreira encetada, isto e, que teremos outrosfins, e consequentemente outra linguagem. Sempre pusemosa mira na felicidade geral, e esta sera a nossa bussola.Nao abragamos partido algum, nem advogamos senao o quenos parecer honesto e conforme aos eternos principios dajustica; e certos, com Pages, que so a Lei e autoridade eliberdade, que fora da lei nao se encontra senao usurpacaoe revolta, defenderemos sempre a causa da Legalidade, semtodavia apadrinharmos as malversagoes do Poder."Uma coisa e censurar os atos ilegais da Autoridade quetranspoe as balisas da sua jurisdigao, e outra coisa e concitarOS povos a desobediencia e a revolta, tirando a forga moralao governo, e conseguintemente abrindo os diques a anarquiae a toda a sua terrivel comitiva. O primeiro procedimentoe proprio das almas livres e caracteristico do verdadeiropatriota; o segundo e a tatica usual e ja sediga dosdemagogos e perturbadores, aos quais nao ha nem pode havergoverno que compraza; porque governo e sinonimo deforga; a forga so se mantem com a ordem e os anarquistassomente aspiram a desordem."Nao somos, pois, criaturas nem parasitas do governo;pelo que reprovaremos aqueles de seus atos que forem deencontro a lei, elogiaremos aqueles que julgarmos conformea utilidade publica e as disposigoes legais; porque se a censurajudiciosa e decente serve para corrigir o vicio, o louvordas boas agoes e um incentivo para a virtude e um poderosoestimulo para a imitagao."Nao rejeitaremos, por isso, as Correspondencias e osComunicados dos nossos assinantes que contiverem censurase acusagoes contra qualquer empregado publico, umavez que tais escritos sejam concebidos em termos decentese com OS requisitos legais. Finalmente, o nosso novo periodicoservira, quanto estiver em nossas forgas, para edificar, oureparar, e nao para desmoronar e destruir".Na mesma edigao, outro artigo ocupava-se do caso damoeda de cobre, que vinha empolgando o povo pernambucano,"com 0 comercio quase paralisado, a pobreza gemendo",devido a rejeigao geral da mesma. Concluiu chamando aatengao da Assembleia Provincial, a fim de solucionar o problema.Verificado o novo formato, a pagina comercial dos sabadosficou sendo a quarta. Aumentou, sensivelmente, amateria publicada, que se tornou mais variada, incluindoamplo noticiario do sul do pais e do exterior, recortado dos


33 LUIZ DO NASCIMENTOjornais chegados per via maritima, selegao que ficou, durantedoze anos, a cargo de Vicente Pereira do Rego.Alem de seus artigos como Redator do Carapuceiro, LopesGama apareceu com o proprio nome, acompanhado doapendice Deputado, na edigao de 3 de agosto, firmando longaresposta a Gervasio Pires Ferreira, que o atacara, atravesdo periodico O Velho Pernambucano (25), desfazendo desuas aptidoes como literato e professor de Logica. Escrevendo,praticamente, uma aula de Literatura, o impetuosojornalista esmagou o contender.Assinando Corespondencias, alem de Jeronimo Vilela,surgiram os nomes de Jose <strong>Joaquim</strong> Coelho, Lourengo BezerraCavalcanti de Albuquerque, Inacio Bento de Loiola etambem Gervasio Pires Ferreira, sendo comum, entre eles,o genero polemico . Os artigos "de fundo" quase sempretraziam a assinatura Os Redatores; outros artigos, ou Comunicados,eram firmados por Gm, como se distinguia o responsavelpelo extinto Diario da Administragao Publica, JoseBernardo Fernandes Gama, conforme ficara estabelecido, oque cmtinuou ate fins do ano seguinte.j-iogo ao iniciar-se 1836, o jurista Pedro Autran divulgouartigos em polemica com Filipe Lopes Neto Junior, esteatraves d'O Velho Pernambucano. Depois, batia-se Gm como periodico anti-regressista Constituigao e Pedro 2.°. Criaram-seas segoes "Miscelania" e "Variedades" e, a 26 de fevereiro,dizia uma nota intitulada "Ao Publico": "Acumulando-secada vez mais as materias do nosso jornal, nos o acrescentamostambem em formato, sem contudo exigir maiorprego". Ao inves de tres, a pagina passou a ter quatro colunas.sem aumentar a estatura. Continha bastante materraoficial, nao so do governo estadual, mas tambem dos Ministerios.No mes de junho, dia 26, divulgava-se o seguinte Aviso:"Esta tipografia acha-se reunida a outra do mesmo proprietario,na rua das Cruzes do Bairro de S. Antonio, D. 3, ondeOS srs. subscritores e mais pessoas interessadas desta folhapodem remeter seus anuncios, etc".(25) O Velho Pernambucano voltara a circular em 1835/36, emcarater mdependente.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 39Sob 0 titulo geral " Literatura", iniciou O redator do Carapucciroa 8 de julho (26) a divulgagao de longo trabalho,em que fazia "algumas reflexoes sobre a elocugao da linguaportuguesa", oferecendo "a mocidade brasileira algumas nogoesprecisas para estudar os classicos da nossa lingua, aliastao rica, tao elegante e majestosa". Dividiu em quatro epocas"OS classicos mais notaveis", fazendo-lhes o juizo critico.^sse estudo prosseguiu em onze edigoes salteadas, concluindona de 16 de setembro.Na segao "Avisos particulares", lia-se o seguinte, naedigao de 23 de novembro: "Na tipografia deste Diario precisa-sede um homem, forro ou cativo, para dar tinta".Em editorial de 2 de Janeiro de 1837, de congratulagoespela entrada do ano novo, o articulista anunciou alguns me-Ihoramentos, inclusive a "publicagao interessante do Expedientedo Comando das Armas". Abrindo a edigao, Os Redatoresfizeram uma "resenha sucinta dos fates mais salientesno ano de 1836", o que se estendeu por pagina e meia.Continuava o Diario de Pernambuco sua rotina de orgaooficial por excelencia, o que Ihe tomava longo e precioso espago,afora a materia do Interior e do Exterior, criando,ainda, uma secao de Teatro. Com cerca de duas paginasrepletas de pequenos anuncios, inclusive as Reclamacoes,transformava-se, segundo Leduar de Assis Rocha (obra citada),em "orgao usual de consultas", sob pitorescos pseudonimos,como, por exemplo: Sentinela da Verdade, Tira-teimas,Mirao, Curioso, Atolado, Filantropo, Cristao Velho, Imparcial,Fregues de Santo Antonio, Amigo da Verdade, Inimigodas Calunias, Duvidoso, Perneta, etc."Curioso sistema de reportagens particulares" foi intentadopelo jornal, que divulgou, a respeito, a nota a seguir:"O Editor, proprietario desta folha, pretendendo publicar,diariamente, uma breve narragao de todos os fatos publicos(26) Ligeiro engano cometeu Alfredo de Carvalho, na biografiaque tragara do mestre Lopes Gama, inserta no Almanach de Pernambuco(de Julio Pires) para 1904, ao dizer que a "serie de artigos" sobreLiteratura, de autoria d'O Redator do Carapuceiro, no Diario, foi publicadade 6 de junho a 17 de setembro, engano, alias, ja cometidoem 1882, com ligeira variante, por F. A. Pereira da Costa, que, noseu "Dicionario Biografico de Pernambucanos Celebres", consignarapara aqueles artigos as datas de 8 de junho a 15 de setembro.^ _0unico artigo que Lopes Gama divulgou em junho de 1836, no Diario,foi contra a onipotencia do juri, comegado no dia 7 e terminado emduas outras edigoes.


40LUIZ DO NASCIMENTOque tiverem lugar nesta Provincia, e de cuja publicidade resultaralgum bem a moral piiblica, policia e garantia doscidadaos, roga aos que amam de coragao o bem geral queiraminformar-nos de qualquer acontecimento que de certo tenhatido lugar... Deverao os nossos correspondentes informarnoscircunstanciadamente da qualidade do delito, pessoa queo perpetrou, lugar e pessoas que presenciaram, enfim, detodas as circunstancias possiveis, a fim de que possamos informar-nosconvenientemente da verdade do fato para podermospublica-lo.. ."A comecar de Janeiro de 1839, cobrava-se assinaturatrimestral a 3$000. E voltou Lopes Gama com seus artigos,entao sob o titulo geral "Variedades — Carapuceiro".Um editorial da edicao de 29 de julho chamava a atencaodos "correspondentes" contra os excessos da linguagemusada contra a reputagao alheia. Dai porque deixava dedivulgar muitas correspondencias, das quais pouco ou nenhumproveito se poderia tirar. A liberdade de imprensanao podia ser ultrapassada pela "impetuosidade das paixoes".Depois de alguns conselhos aos "escritores" inflamados, concluiu:".. .nos que pensamos de outro modo; que temos emu'a mao as leis sobre a liberdade da imprensa e na outra alei natural, que nos manda procurar o nosso sossego e boafama, estamos dispostos a que o nosso jornal nao seja o veiculopor onde corra a peconha da intriga, da maledicenciae da imoralidade".A epoca, depois da edigao de 24 de dezembro, os redato-;es e tipografos tinham cinco dias de folga, so voltando gpublicagao no dia 29, o que ocorria, normalmente, cada ano.Nao deixou o Diario de sofrer verrinas de orgaos antagonistas,como, por exemplo, o semanaiio O Echo da Relis:iaoe do Imperio, em 1840, a proposito da maioridade de d. PedroII, mas sem dar atengao bastante, ainda segundo Leduarde Assis Rocha (obra citada), "ao jornalzinho trefego desteJoao Batista de Sa, politiqueiro e fanfarao, que andara ja,pelo ano de 1838, as voltas com a justiga, por delito de imprensa".Entretanto, pondo de lado objecoes, fez um "relatominucioso dos sucessos da maioridade e da coroacao" noSuplemento de 10 de agosto.Em saudagao ao ano novo, escreveu o matutino, a 2 deJaneiro de 1841, pela primeira vez aludindo ao aniversariode sua fundacao (embora devesse faze-lo a 7 de novembro,a data certa): "Tambem o nosso jornal principia a contar oseu 16° ano de existencia e, segundo cremos, marchando


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 41sempre por aquele circulo que Ihe ha tragado a lei. A defesada Constituigao, a observancia das leis, o respeito asautoridades, a verdade em narracao dos fatos, a decencia nasua exposigao, a repulsa das Correspondencias indiscretas eilegais tem sido sempre os signos por onde tem ele dirigidosua marcha firme e imutavel".Frisando que "a criminosa licenga de escrever foi certamentea primeira vibora que a malvada discordia lancou nocasto seio da Constituigao", focalizou, a seguir, a inconseqiienciade alguns "correspondentes", e concluiu: "... onosso jornal continuara a sua existencia; pois estamos convencidosque ele, extremando o justo do injusto, conseguirao nobre fim para que se legislou a liberdade na publi cacaodos pensamentos. Os virtuosos lerao, com satisfacao e alegria,nas paginas deste jornal, os seus nomcs seguidos dosmais sinceros encomios; os maus, encontrando nelas a satirafeita ao vicio, conhecerao que e preciso repreender-se ocrime, poupando-se porem ao criminoso; enfim, as colunasdo nosso jornal sempre estarao prontas a receber tudo quantodisser respeito a conveniencia e bem ser dos nossos ilustresassinantes, a quem desejamos bons e felizes anos".No anr^ em referenda, a partir de 9 de dezembro, a folhaostentou nova tipagem, apresentando impressao mais nitida.No dia 30, voltava-se o editorialista, como ja vinha fazendo,contra Borges da Fonseca, que insinuara, atraves doCorreio do Norte, "a fatal ideia de separagao das provinciasde Norte e Sul"."Mas — lia-se noutro topico — quem e este homem ousado,que surge no meio de nos com o bem extensive designiode impelir os pex-nambucanos a revolta? fi um individuozinhoall da Paraiba do Norte, outrora aqui conhecido pelo meninoTotonio Abelha, porque escreveu ou garatujou um periodicosob este titulo, em linguagem de capadocio declamador cheiode erros de sintaxe (que ainda nao aprendeu capazmente) ecom uma ortografia esquisita, ridicula e nojenta". Seguiram-semais de duas colunas de consideracoes em repudio asinsinuacoes desorganizadoras" (27).(27) As insinuagoes a que se reportou o Diario de Pernambuconao implicavam em que Antonio Borges da Fonseca fizesse propagandaseparatista. O artigo principal do n.° 3 do Correio do Norte frisava:"Somos amigos da liberdade, queremos o bem do pais; mas naoessa separagao de que falam o Diario e os mais desorganizadoras".No n.° 6, de 8/12/1841: "... esses boatos de associagoes para promovera separagao do Norte sao falsissimos" e "partiram da perversidadedos Pescadores politicos".


42 LUIZ DO NASCIMENTOA partir do segundo semestre de 1842, teve o Diario deenfrentar ataques do Diario Novo, fundado especialmentepara fazer-lhe concorrencia. Mas o chamado Diario Velhonao dava muita atengao a catilinaria do seu oponente e soferiu a serio o assunto na edigao de 2 de Janeiro de 1843, aoescrever:"O Diario de Pernambuco entra no seu 18.° ano de existenciaa bragos com mais um inimigo, desses que a invejaIhe tem procurado de todas as cores, de todos os partidos,inimigos que ele tem vlsto todos desaparecerem, deixandoum nome ou odioso ou obscuro. O Diario de Pernambuco,atraves de todos os estorvos que a ma fe Ihe oponha, dos combatesque a desregrada cobiga Ihe ofereca, ha de conservarseem seu posto, ha de ter sempre em mira a estabilidade dotrono, a manutencao da ordem e o desenvolvimento materialdo pais, quer os seus antagonistas se vistam da Hbre do absolutismo,quer se cubram dos andrajos da anarquia."Gracas a seus benevolos subscritores, a quem desejamosem retribuigao todas as felicidades, a existencia de umcompetidor descortes e desleal nao trouxe ao Diario de Pernambucoa menor falha em seus moderados interesses, semIhe ser necessario empregar as mesmas armas com que temsido guerreado, armas que por vis desprezamos, deixando-asa nossos contendores: muito miseravel e o ente que, para viver,precisa que os outros Ihe cedam a vida! Estes, cuja nocivae mesquinha existencia depende da morte dos que Iheprecederam em nascimento, sao criaturas daninhas, sao ferasque devem ser mais perseguidas do que a serpents".Mas, dai por diante, o velho matutino polemizou com oreferido jornal, atacando-o e aos lideres liberals Nunes Machadoe Urbano Sabino Pessoa de Melo, enquanto defendia op-overno de Francisco do Rego Barros, barao (depois, conde)da Boa Vista. Outra fonte de criticas ao Diario Novo adveiodas acusacoes que o orgao de Luiz Inacio Ribeiro Romafazia ao professor Antonio Maria Chaves e Melo, diretor doColegio Santa Cruz, de quem o Diario de Pernambuco setornara defensor.Ncsse ano, viu-se o "mais antigo" chamado a juizo. Ocaso foi o seguinte, melhor narrado por Leduar de Assis Rocha(obra citada): "...um vereador procurou, certa vez,Figueiroa, para saber a quanto montavam as despesas de publicagao,no Diario, dos atos da Camara Municipal. 200$000anuais foi o prego solicitado e aceito. Em torno do assuntodeveria ser lavrado contrato em regra. As publicagoes fo-


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 43ram iniciadas, mas o contrato esquecido. Figueiroa nao oexigiu, por delicadeza, da Camara, que Ihe parecia entidadeidonea. Mas, vem um dia a Camara e abre ostensivamenteuma concorrencia publica para a divulgacao dos seus atos.Figueiroa, entao, dirigiu a Camara um oficio, "em termosfortes mas nao insultantes", expondo o caso e estranhandoaquela atitude, que envolvia, sem duvida, um logro a boa fedo proprietario do Diario. A Camara sentiu-se melindradae iniciou o processo que tanto deu o que falar ao Diario Novo.Mas, vai o juiz e absolve Figueiroa. Absolve e o caso todo,vindo para a imprensa, ja nao afetaria mais a ele, a quem ajustica deu ganho de causa, mas ao funcionario da Camaraque, por ma fe ou desidia, provocara toda aquela trapalhada".Apos dois anos de ausencia, voltou, mais intensa, em1843, a colaboragao semanal do Carapuceiro as colunas doDiario, desenvolvendo temas os mais diversos, a salientar:"Premios e castigos corporals", "O sonho", "O cometa,", "Oque e hoje entre nos a Religiao", "Os nossos abusos no cultoreligioso", "Os bibliomaniacos", "Dialogo entre o vigario e o seubarbeiro", "Educacao das meninas", "A ingratidao", "A avarezae a prodigalidade", "O nao sei que", "O sistema da inercia","Os amantes", "A beneficencia", "Os ricos" e "A manhaduma mulher depois duma noite de baile". Abaixo decada artigo vinha u'a materia diferente, tudo constituindoo conteudo do periodico O Carapuceiro, cuja circulacaofora novamente suspensa.A 27 de abril, o colaborador Antonio Pedro de Figueiredoanunciava, em artigo, achar-se a venda o livro do escritortrances Victor Cousin (28), por ele traduzido: "Curso deHistoria da Filosofia". Liam-se artigos esporadicos de AntonioInacio de Torres Bandeira. Nas edigoes de 11 e 28de agosto, a ultima das quais com a respectiva gravura,ocupando quase toda a ultima pagina, transcreveu-se doJornal do Commercio, do Rio de Janeiro, a materia "Carruagemaerea a vapor", descrevendo "o grande navio atmosferico"inventado pelo dr. Henson, de Londres. A partir de 1.°de setembro, a folha passou a cobrar "3S700 por trimestrepara os srs. subscritores que a recebem pelo Correio, em conseqiienciade serem os portes pagos adiantados". Ainda no(28) Sendo mulato e apologista das ideias de Victor Cousin,Antonio Pedro de Figueiredo tornou-se conhecido como o "Cousinfusco".


44 LUIZ DO NASCIMENTOano de 1843, a 23 de outubro (29), iniciou a divulgagao de fo-Ihetins, em rodape, com "O braseiro", seguindo-se-lhe outraspequenas novelas ou contos, sempre transcritos de jornaisdo Sul.Manifestando-se contra a escravatura, sob o titulo "Ossenhores e os escravos", Carapuceiro feriu o assunto longamente,dizendo, em resumo: "Nao ha homem que possaadquirir o direito de governar a outro homem, para o fazerinfeliz. Os maus tratamentos dum senhor injusto e deshumanosao manifestas violencias, contra as quais grita a leida natureza e que as mesmas leis humanas deverao reprimir".Depois, a 5 de dezembro, ocupava-se do tema "O luxono nosso Pernambuco": "Proporcionalmente as circunstancias,creio que nao ha no mundo cidade onde o luxo tenhachegado a tao alto ponto, como em o nosso Pernambuco.•Ninguem olha para as suas posses, ninguem atenta para ofuturo, ninguem se importa com a sorte da sua familia; oque todos querem e pompear, e ostentar de ricos e faustosos".Assim concluiu o artigo redacional do Diario de 30 dedezembro: "Nosso jornal percorreu esse periodo trabalhoso,partilhando as fadigas dos defensores da ordem, sempreapoiado em um niimero suficiente de subscritores tao benevoloscomo constantes, a despeito dos botes insidiosos deadversarios dominados de ambigao e de odio".Escreveu Lopes Gama, a 5 de julho de 1844: "Depoisde diuturna interrupcao (que alguns supunham completamorte), eis torna a aparecer o Carapuceiro. Muitas senhorasja diziam: — Ora, louvado Deus! estamos livres do malditoCarapuceiro, que tanto nos torquezava! Outras, porem,posto se arrepelassem com as carapucas, assim mesmo gostavamdelas e queixavam-se da sua^ falta". Nao duroumuito, porem, essa nova fase da colaboragao do egregio mestre,assoberbado com suas catedras de ensino.Enquanto isto, surgiam raros sonetos de JustinianoAntonio da Fonseca. O folhetim ocupava o rodape de duaspaginas, as vezes tres. Continuavam os ataques ao DiarioNovo e a "pandilha da praia", em artigos tambem assinadospor O verdadeiro patriota, O inimigo dos assassinos e vaga-(29) Nao a 2 de Janeiro de 1844, como esta consignado nosAnais", de Alfredo de Carvalho.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 45bundos dos Afogados (30), O inimigo da anarquia e outros.Em outubro iniciava-se a segao de comentarios ligeiros "Correiodo Recife".O seguinte Aviso foi publicado nas edigoes de 23, 24 e30 de dezembro: "Sabem os srs. subscritores desta folhaque, na epoca em que comegou a sua publicagao, a pratadava dois por cento sobre o valor de 960 por cada patacao,e hoje um patacao vale mais do duplo desse valor, quandoalias o preco da assinatura e ainda o mesmo, senao menos,porquanto o formato desta folha e quase o duplo do antigo,quando a subscrigao nao chega a ser sobre o primeiro demais 60 por cento. Entretanto, tudo tem aumentado, eneste ano mesmo ainda crescerao os valores com o aumentoda pauta da Alfandega e ate com o imposto de outra patente".Assim e que, sem aumentar o prego da subscrigao,aumentava o dos anuncios, pagando os subscritores 20 reis porlinha e os nao subscritores 80 reis, como dantes. "Se oanuncio for em tipo maior do que o do Diario, pagara o duplo.As repetigoes serao contadas pela metade para os srs. subscritoressomente; para os demais, contar-se-ao como pelaprimeira vez. Os anuncios que nao forem dos proprios assinantesainda que por eles assinados, serao rejeitados. Oanuncio que for entregue depois das 5 horas da tarde sosera publicado no dla seguinte, mediante uma gratificagaode 320 reis por cada dez linhas, e sendo entregue depoisdas Ave-Marias, a gratificagao sera dupla. As correspondenciase outros quaisquer artigos continuarao como atehoje, isto e: quer a sua publicagao, quer o seu prego, seraointeiramente arbitrarios; e neste caso, ficam compreendidos(30) A proposito, escreveu o periodico O Azorrague, em suaedicao de 20/3/1846: "Foi condenado pelo juri desta cidade o responsaveldo celebre comunicado (publicado no Diario de Pernambuco de18 de margo do ano proximo passado, e assinado — O inimigo dosassassinos e vagabundos dos Afogados), em que foi atrozmente injuriadoe caluniado o sr. capitao Firmino Teotonio da Camara Santiago,e outras pessoas. O jiiri cumpriu o seu dever, fazendo recair a espadada justiga sobre a cabega do infame caluniador, que ousou maculara reputagao de cidadaos que a prezam mais do que a propria yida,e se porventura tais exemplos se forem reproduzindo cremos que essesinfames detratores, esses autores de libelos difamatorios, que porassim dizer mercadejam com a honra alheia, atassalhando-a de todamaneira, por amor de um mesquinho prego, por que se vendem, haode arrepiar carreira, e tempo vira em que a imprensa de Pernambuconao seja um momento de oprobrio e vergonha para o pais".


46 LUIZ DO NASCIMENTOOS avisos que possam por qualquer modo ser ofensivos dahonra, conceito ou bom nome de terceiro".1845/1854Aumentado o formato para 54 x 33, escreveu o articulista,a 1.° de abril de 1845: "A experiencia cotidiana, contraa qual e debalde lutar com esperanga de vantagens, nosconvenceu de que o formato do Diario de Pernambuco naocorresponde as necessidades da imprensa em nossa provincia,nem satisfaz aos desejos, gostos variados e exigencias dossubscritores deste jornal. Nossos mesmos leitores terao reconhecido,muitas vezes, que as noticias que recebemos, assimcomo muitos artigos do mais alto interesse, ficam retardadospor longo tempo, e vem assim, algumas vezes, a perdera sua maior importancia. Os anuncios, cuja afluencia concorremuitas vezes para esta demora, aumentam todos osdias, e nao sendo posslvel com eles transigir de maneira alguma,forcoso e dar-lhe lugar todos os dias. Uma grandeparte dos leitores do Diario de Pernambuco quereria acharsempre nesta folha um artigo de literatura, dessa literaturaque a todos. leva as aten§6es, literatura em voga, da moda,e quase indispensavel nos jornais; falamos do folhetim; equereria, alem disto, que nao fosse interrompido, ou, pelomenos, que as interrupgoes nao fossem longas nem freqiientes,e isto e o que o atual formato da nossa folha nao comporta."Talvez diga alguem que recurso ha que sem alterar oformato do jornal faria com que ele pudesse admitir muitomais materia; isto e, mudando o tipo para menor. Mastodos sabem quanto enfada e mesmo cansa a leitura de jornaisem tipo miudinho e para as pessoas a quem ja falta umpouco a vista e isto um verdadeiro incomodo. Os jornais daEuropa vao pouco a pouco condenando esse tipo fatigador,e OS mais aceitos sao hoje publicados em tipos como os donosso jornal em tempo ordinario."Outra necessidade ainda se tem sentido e as reclamagoesque a este respeito nos tem sido feitas nos levam a fazermais outra alteragao. Depois que grande numero deDias Santos foram dispensados e que nestes dias se abremas estac-oes publicas e todos os estabelecimentos comerciais


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 47ou de industrias, a falta do Diario, que nao estamos obrigadosa publicar nesses dias, torna-se muito sensivel e podeate ser prejudicial."A vista disto, desejando, quanto em nos cabe, satisfazerem tudo a todos, e considerando que deste modonao so obviaremos, pelo que nos diz respeito, a grande dificuldadedos jornais, que nao esta em encher as suas colunas,mas em apresentar nelas tudo o que se quer e tudo o queneles deve aparecer, como tambem evitaremos o grave embaracode uma escolha de materias, na parte em que podeinteressar o publico, isto e, daquelas que convem publicarimediatamente, demorar, ou rejeitar, temos deliberado aumentara capacidade material do Diario de Pernambuco,elevando ao formato do Jornal do Commercio, conservandocontudo a mesma grandeza de tipo, e publica-lo tambem nosDias Santos dispensados, mediante a subscrigao de 4$000por trimestre, o que tem principio desde hoje".Assumindo Manuel de Sousa Teixeira (depois, baraode Beberibe) a presidencia da provincia, o Diario veio a perder,em junho de 1845, o prestigio oficial (31), situagao queperdurou sob a administragao do liberal baiano AntonioPinto Chichorro da Gama, quando sofreu coagoes e perseguicoes,suportando, ainda, a critica constante do Diario Novo,feito orgao do governo. Durou quase tres anos essa fase deostracismo.Substancioso editorial inseriu o matutino a 2 de Janeirode 1846, no qual, apos as primeiras consideragoes, frisou:"Triste, bem triste se abre o circulo de i846. O espiritodo pais, ainda magoado com a vergonhosa esterilidade daCamara eletiva no ano que acaba de passar, e espectadoratonito do insolito e atrevido bill com que o governo inglesnos pretende roubar fazenda e vida politica, ve desaparecerd'ante seus olhos esse ano de trevas e desabrochar-se o quehoje comega por entre receios e apreensoes fatais. Sairemosnos do estado de oprobrio em que nos achamos, e daremosalguns passos acertados no caminho do progresso, para oqual naturalmente tendemos? Suscitar-se-a alguma grandequestao social no ano de 1846, que deixe de uma vez resolvidospara o pais os mais importantes pontos da teoria de(31) Pouco antes, a sessao de 27 de maio, da Camara Municipaldo Recife, tinha aprovado um contrato com M. Figueiroa deFaria, para "a publicagao, no Diario de Pernambuco, das atas, editaise aniincios da mesma Camara, pela quantia de 15OSOO0 mensais".


48 LUIZ DO NASCIMENTOgovernar de acordo com os destines da humanidade e comas condigoes politicas que se dao na unica monarquia doNovo Mundo?".Aludiu as deficiencias do governo imperial e aos homensignorantes e hipocritas que exerceram o Parlamento, acentuando:"O Diario de Pernambuco delxa atras de si 21 anosde esforcos, de lutas denodadas contra inimlgos domestlcose estranhos, e de sacrificios de todo o genero, para defendera causa da ordem e advogar os interesses da indiistria. t,este 0 22° ano da sua porfiada publicagao; e, se langa os olhostemerosos para a longa carrelra que tem percorrido, nada aiacha pelo caminho que o envergonhe e o acobarde. Assim,continuara ele firme no mesmo proposito, e com a mesmacoragem com que ate hoje vem desenvolvendo a unidadesocial e politica por todos os meios que a imprensa poe aoseu alcance, e levando os beneficios da ciencia a todas asclasses produtoras do pais".O Diario comegou a dar algumas edigoes de seis paginasnesse ano de 1846. Era entao encarregado de "tomar ostrabalhos da Assembleia Provincial" o taquigrafo Luis Antoniode Mesquita Falcao. No ano seguinte, o redator Pereirado Rego era substituido por Antonio Pedro de Figueiredo,que figurou ao lado de Floriano Correia de Brito eFilipe Neri Colago.Na edigao de 21 de junho de 1847, a nota a seguir abriaa segao "Avisos diversos": "O grande atraso de pagamentoda parte de alguns srs. assinantes deste Diario e sobretudoestranhavel e obriga o proprietario dele a advertir-lhes quea empresa de um jornal nao e feita para acumular capitalsnas maos dos respectivos subscritores, a alguns dos quaisparece que nao e nada conservarem em si o valor de 2, 3 emais quarteis, nao se lembrando que outros fazem o mesmo,e que assim existe a receber um capital avultado. Nao e taoexcessiva a subscrigao de uma gazeta, que se a nao possapagar com prontidao; e quem o nao quer fazer melhor e quedeixe de ser subscritor".Mas OS assinantes continuavam relapsos e, nos liltimosdias de dezembro, lia-se: "... semelhante atraso continuaquase na mesma escala, com grave prejuizo do referido empresario,que tem de fazer despesas cotidianas e infaliveis".Em conclusao: "file, pois, espera que dora em diante naocontinue essa pratica tao abusiva quanto prejudicial aosseus interesses, e que os preditos senhores subscritores se


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 49decidam a p6r-se em dia no indicado pagamento, come rigorosamenteIhes cumpre".No editorial de 3 de Janeiro de 1848, o Diario de Pernambucosaudou o ano novo: "Possas tu trazer-nos dias maisfelizes do que esses que passaram!..." Substanciais consideragoesforam expendidas acerca da situagao do pais, quandopersistia o sistema, "anti-social e retrogrado, de desacreditare destruir tudo quanto provem do adversario, emboraai se enxerguem utilidades reconhecidas".A certa altura, frisou o articulista: "Que e muito criticaa nossa situacao, ninguem o contestara de boa fe; o comerciocomo se estagna, a agricultura quase que se conserva nomesmo pe em que a deixaram os nossos maiores; as finangascaminham passo a passo para esse estado medonho que muitose assemelha ao falimento; a instrugao publica clama altamentepor uma reforma capaz de avizinha-la do pontoem que a possuem os paises civilizados da Europa; o direitode propriedade territorial e pessimamente regulado; o traba-Iho espera por medidas capazes de porem a salvo dos assaltosda sordida avareza a numerosa e misera classe dos operarios;o pauperismo nos ameaga com todas as suas conseqiienciasterriveis".Findou o longo artigo com uma exposigao da linha deconduta que manteria o matutino, no decorrer do ano entaoiniciado, expressa no seguinte topico:"Nao nos ligaremos a nenhuma das parcialidades que aise debatem: continuaremos a tomar por norte a justiga, semnos importarmos com as individualidades; afanar-nos-emospor cumprir com os deveres de escritor que, colaborandopara uma gazeta que, como esta, nao tem por fim sustentarum partido, jamais se ve forgado a justificar atos contra osquais a sua consciencia se pronuncia".A 1 de maio do mesmo ano, o Diario manifestou granciesatisfacao pelo fato de o novo presidente da provincia,padre dr. Vicente Fires da Mota.vindo de Sao Paulo comosubstituto de Chichorro da Gama, haver atendido a representagaoque fizera a S. Ex-', no sentido de "publicar", gratuitamente,o expediente do governo". E aduziu, em notadestacada:"O Diario de Pernambuco era merecedor da graga queS. Exa acaba de proporcionar-lhe: — ha vinte e tantos anosque inseria, em suas paginas, os atos do governo provincial,sem que por isso percebesse o minimo estipendio, e sem queem tempo algum o exigisse"; e, sem contradigao, o jornal


5QLXnZ DO NASCIMENTOmais lido da provincia, pois que conta maior numero de assinantesdo que qualquer dos outros, e por isso muito concorrerapara que sejam ainda mais conhecidas a retidao e imparcialidadede S. Ex^."Qualquer que fosse, enfim, o individuo que ocupassea cadeira presidencial, a redagao deste periodico nunca oatacou por si mesma; porque, firme nos seus principios deordem, e convencida de que esta periga logo que a autoridadepublica perde a forga moral, sempre entendeu que jamaisdevera cooperar para que se desse semelhante perda".Estava em curso, no decorrer de 1848, forte luta politicaentre conservadores e liberals, com a preparagao subterraneada rebeliao praieira, defendendo-se o Diario da acusagaode agular elementos Portugueses contra os nacionais.Ao "mata-mata marinheiro" de 26 e 27 de junho deua folha grande destaque, relatando os acontecimentos, comentando-ose condenando (edigao de 29) os "cabecilhas safarose sordidos", agulados "por alguns entes degenerados eegoistas que, esquecidos dos preceitos da santa religiao queprofessamos, ousam concitar seus concidadaos a cobriremde oprobrio a patria dos Vieiras, Henriques Dias e Camaroes,cometendo atos de carnificina somente proprios dosbarbaros habitadores dos aridos sertoes da Africa...".Noutro artigo, na mesma data, aconselhou os pernambucanosa respeitarem a lei, afirmando: "... nao ha essepretendido rancor dos Portugueses contra vos; os fatos demonstramo contrario". E, dirigindo-se aos Portugueses:"Confiai no governo e no bom senso da parte sa da populagao;nao vos intrometais nas nossas questoes politicas e sedetranqiiilos".A epoca, o dr. Sabino Olegario Ludgero Pinho iniciavalonga polemica com O alopata, tambem colaborador do Diario,em artigos sob o titulo "Propaganda homeopatica", depoisajudado por A. A., que escrevia "O que e a homeopatia",e, no fim, pelo medico portugues Joao Vicente Martins,que defendeu igualmente os principios curativos do sistema.Sucederam-se, nesse ano, varios presidentes da provincia,a saber: tomou posse, em junho, Domingos Malaquias deAguiar Fires Ferreira; em setembro, Antonio da Costa Pinto;a 17 de outubro, Herculano Ferreira Pena, e, a 25 de dezembro,Manuel Vieira Tosta, sendo os dois penultimos mineirose baiano o ultimo, a todos emprestando o Diario dePernambuco seu apoio de orgao oficial.A 3 de outubro divulgava-se longo poema de Antonio


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 51Rangel de Torres Bandeira, em homenagem a memoria deFrancisco Pais Barreto, morgado do Cabo, marques do Recife6 armeiro-mor do Imperador, que falecera a 26 de setembro.Foi sob o governo de Herculano Pena que comegou, a 7de novembro, a Revolugao Praieira. No dia 11, o Diariode Pernambuco aludiu a uma "parcialidade" que conspiravacontra o governo; que tentava "subverter a ordem publica",que pretendia "renovar as cenas sanguinolentas de outraseras". Ja se espalhava — dizia — "o susto e o terror" emOlinda, Paudalho e Nazare-da-Mata; derramaram-se, em RioDoce, "algumas gotas do precioso sangue pernambucano".Dois dias apos, frisava o articulista: "Ja se previa que o partidodecaido recorreria a resistencia armada quando se vissena dolorosa contingencia de largar as posigoes oficiais".Defendendo a atitude do governo, ao mesmo tempo queatacava os jornais oposicionistas, principalmente o DiarioNovo, o velho orgao afirmou, a 24, que a oposigao era so"falsidades, calunias, aleivosias e intrigas pequeninas".O Diario Velho fez a melhor cobertura possivel do movimentorebelde, que durou cerca de quatro meses, com noticiariominucioso das diversas frentes de combate, divulgandotambem extensos poemas de exaltagao, tais como: a 1."de margo de 1849, de J. Ferreira Vilela, "aos bravos pernambucanosque lutaram a 2 de fevereiro" (combate em que tombouNunes Machado); a 31 de margo, de A. R. de TorresBandeira, em homenagem ao presidente Manuel Tosta, e,a 17 de abril, de J. B. da Silva, sob o titulo "A revolta de1849".Voltando Pernambuco a normalidade, continuou o matutinosua vida rotineira, como orgao oficial da Presidencia daProvincia (32), defendendo a politica conservadora. Ao iniciar-se1850, ocorreu nova modificagao no cabegalho, passandoa faixa de informagoes uteis e expediente a figurar s6-bre o titulo, tendo ao centro o emblema imperial. A tabelade assinaturas era a seguinte: ano — 15$000; semestre —8$000; trimestre — 4|000. Mantinha-se inalterada a materiaeditorial, sem atragao literaria. Na parte noticiosa,teve boa cobertura a inauguragao, ocorrida a 18 de maio, doTeatro Santa Isabel.(32) Na sessao de 3 de setembro de 1849, da Camara Municipaldo Recife, assinava-se contrato para a publicacao de suas "atas e maistrabalhos" no Diario de Pernambuco.


52 LUIZ DO NASCIMENTOEm novembro, Lopes Gama, com o proprio nome, divulgouCorrespondencia em que condenava o metodo decura pela homeopatia, incrementado por Joao Vicente, medicoportugues que para isto editara o bissemanario O Medicodo Povo em Pernambuco (Ver vol. IV: "Periodicos do Recife— 1821/1850"), chamando a debate aquele jornalista.No dia 11 do referido mes, encabecava a segao "Avisosdiversos" a nota a seguir: "Floriano Correia de Brito declaraao publico que desde o dia 5 do corrente deixou de ter partena redagao deste Diario". Assumiu o cargo de redatorchefeBraz Florentino Henriques de Sousa, para nele permanecerate 1855."... 0 Diario de Pernambuco — lia-se a 2 de Janeiro de1851 — tem sempre lutado com dificuldades sem niimero,que teriam desanimado a qualquer outro que, como o seuproprietario, se nao tivesse compenetrado da grande necessidadede sustentar a imprensa como um dos mais poderososelementos de civilizacao. Nao e certamente necessario termuita ciencia ou muita penetragao para conhecer todos osobstaculos que se opoem a marcha do jornalista em um paisnovo como o nosso, onde o amor das letras principia apenasa manifestar-se em um ou outro espirito."Quantos cuidados, e quanta vigilancia nao sao necessariosao empresario que toma sob sua diregao a publicacaode uma gazeta diaria e de grande formato em uma terra ondeso a muito custo se pode obter aquilo que em outros paisesconsegue o jornalista pronto, e ate gratuitamente? Quantosdesgostos mesmo Ihe nao fazem sofrer a intolerancia que dominaem todos os ramos da vida, e que por tudo se exacerba,e as suscetibilidades mal entendidas e derrisorias dos que porqualquer coisa se ofendem?"Bern poucos dos que recebem uma gazeta pronta na publicagaode todas as noticias, quer do pais, quer estrangeiras,e regular em sua distribuigao, podem avaliar as fadigase vigilias por que passam os que nela colaboram. Naoqueremos, porem, com o que fica dito, exagerar o nosso trabalho,nem dar-lhe mais importancia do que ele pode mereceraos olhos das pessoas entendidas; queremos, sim, fazersentir aos nossos subscritores que a nossa constancia temsobejamente correspondido a sua coadjuvagao patriotica eque a firmeza do nosso animo tem arrostado o que outrosnao tem podido veneer; pelo que de oito companheiros depublicacao diaria que temos tido, nem um so se tem podido


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 53conservar e todos hao abandonado a carreira, sendo queainda ha pouco, segundo nos consta, suspendeu a sua publicagaoo que por ultimo apareceu."Nos lamentamos, sinceramente, todas as causas do desanimoque tem feito desaparecer da arena esses atletas efazemos votos para que elas cessem de todo em nossa provincia".Novo aumento de formato teve o Diario a 1 de julho doreferido ano, adotando seis colunas, com a altitude de 63cm. Em nota de abertura da primeira pagina, sob o titulo"Aos senhores assinantes", justificava a redacao o aumentodo formato sem aumento da tabela de assinaturas, "apenascom a diferenca de ficarem sujeitos a um acrescimo de mais500 reis por trimestre aqueles srs. assinantes que deixaremde fazer pronto o seu pagamento dentro de 15 dias contadosdo comeco do quartel; acrescimo esse que e justificado pelotrabalho que da o recebimento de quantias diminutas e pormuitas vezes reclamadas, como nao e raro acontecer e doqual se podem livrar efetuando o pagamento dentro daqueleprazo, o que alias se nao pode reputar oneroso, atenta amodicidade da quantia."O mesmo proprietario julga conveniente advertir, aindapor esta vez, que a vantagem dos srs. assinantes na insercaodos seus anuncios pelo preco de 20 reis cada linha na primeirapublicacao e de 10 reis nas outras, nao pode de maneiraalguma abranger os de terceiros, e que por conseguinteso pode ser reputado de assinante o anuncio que direta eevidentemente Ihe pertencer".No editorial da segunda pagina, ainda a respeito danecessidade de melhorar o formato do Diario, frisou o articulistaque, depois de um ano de continuadas diligencias,pode o proprietario da empresa receber, "de Paris, uma mecanicafabricada de encomenda pelo mr. Normand, o melhorautor de prelos naquela cidade, e com a qual se acha a suaoficina suficientemente provida, nao so para dar o Diario,como o pedem as necessidades presentes, mas ainda em formatosuperior, quado elas assim o reclamarem. Destaarte, serao os srs. subscritores, de hoje em diante, servidoscom prontidao, nas suas publicagoes, quer de interesse publico,quer particular."Vai, pois, o Diario de Pernambuco encetar com o presenteniimero uma carreira nova, nao tendo, ao menos


54 LUIZ DO NASCIMENTOquanto ao material, coisa alguma a invejar aos melhoresjornais da Corte".Na edigao de 2 de Janeiro de 1852, o Diario divulgou asbases da criagao de "correios para todos os pontos do interiorda provincia, os quais por sua populagao tornam-se importantese dignos de participarem dos beneficios da imprensaperiodica"."Nestas vistas, pois, estabeleceremos correios para qualquercidade, vila ou povoagao do interior que nos der umnumero de subscritores suficientes para ocorrer a essa despesa,sem exigirmos, todavia, aumento de paga, oferecendopara a realizagao de um tal fim a seguinte base: A cidade, vilaou povoagao que nos der 50 assinantes, e cuja distancia naoexceder de 20 leguas, tera um correio semanal, e dando 90,te-lo-a duas vezes por semana; a que exceder de 20 a 40leguas, e der 80 assinantes, tera igualmente um por semanae dando 150 tera dois. fistes correios, alem dos Diaries, conduziraoas correspondencias dos subscritores gratuitamente."Como quer que esta medida exija agentes nos diferenteslugares do destino dos correios, nos aceitaremos as propostas,que a esse respeito nos quiserem fazer quaisquer deseus habitantes, mediante a retribuigao que convencionarmos".Ja havia agentes nas Alagoas e da Paraiba ao Para.Lia-se, na edigao de 31 de margo: "Como hoje terminao quartel, os senhores assinantes que ainda o nao pagaram,queiram mandar satisfazer a razao de 4$500, como esta marcado,e nao 4$000, como alguns entendem faze-lo, sem paraisso terem direito. Quando se assina um periodico, deve-seolhar para as condigoes da subscrigao, e se nao convem naose abre assinatura; mas, nao e depois do tempo vencido quese quer obrigar a receber por menos do que o preco do contrato".No mes de maio, o Diario repelia outro diario, A Imprensa,que, atraves da pena de Nascimento Feitosa, reacenderavelha campanha, das folhas liberals, contra o monopolio,pelos Portugueses, do comercio a retalho. O editorialistaconsiderava injusta a nacionalizagao pretendida pelo orgaooposicionista, uma vez que, segundo a Constituigao do Imp^rio,"nenhum genero de trabalho, de cultura, industria oucomercio" podia ser proibido, a nao ser que fosse de encontro


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 55"aos costumes piiblicos, a seguranga e saiide dos cidadaos"(33).A 12 de agosto, Antonio Pedro de Figueiredo veio a escreverlongo artigo em defesa do socialismo, cujo ideal diziaser "a realizagao na terra dos principios de liberdade e fraternidade",batendo-se contra as ideias, em contrario, ,dojurista Pedro Autran, expendidas atraves do bissemanario AUniao. Aberta, assim, expressiva polemica, nao consentiua empresa do Diario fosse publicado o segundo artigo do "Cousinfusco", que o fez inserir n'A Imprensa, a 6 de setembro.E parou ai.Nova e interessante materia foi introduzida na edigao dassegundas-feiras — o "Retrospecto semanal", constituido decomentarios sobre os acontecimentos dos sete dias anteriores,redigido (sem assinatura) por A. P. de Figueiredo. Divulgavam-se,de raro em raro, poesias de Manuel Rodrigues doPasso e de Antonio Emilio Zaluar, emerito jornalista e poetaportugues, naturalizado brasileiro. Cerca de duas paginaseram dedicadas a aniincios e outras materias pagas.Ao Iniciar-se 1854, o conceituado orgao cresceu, novamente,de formato, passando ao folio-maximo (72 x 55), desete colunas. Intensificaram-se as correspondencias do Exterior,dos outros Estados e dos municipios pernambucanos,bem como as transcrigoes, mantendo-se dividida em seis colunasa faixa de informagoes uteis e, no meio, o emblemaImperial, sem sofrer alteragao igualmente, o ponto final dotitulo (Diario de Pernambuco.).1855/1864Tal era a importancia economica da empresa, que figurouno capitulo "Estabelecimentos fabris e industrials" doRelatorio apresentado, a 1.° de marco de 1855, a Assembleia(33) Os artigos dessa campanha foram, em 1854, reunidos numopusculo, pelo seu autor, que nao era outro senao o redator BrazFlorentine Henriques de Sousa, sob o titulo "O comercio a retalhoou a aprecia?ao dos argumentos invocados em favor do exclusivo desseramo de comercio para os brasileiros".


56 LUIZ DO NASCIMENTOLegislativa Provincial, pelo presidente Jose Bento da Cunhae Figueiredo (34).Leduar de Assis Rocha (obra citada) fez simpatica referendaao "merito de Figueiroa na feitura do seu jornal",que "la ao ponto de manter o titulo "Erratas", em que eramconsignadas, no numero do dia, as incorregoes verificadas nostrabalhos do numero anterior". E adiantou:"Com a reforma, tambem das secoes de anuncios, marcandoo aparecimento dos primeiros bons cliches, iniciaramseas publicacoes de convites para enterros, para missas, paracerimonias fiinebres nas igrejas, independentemente das cartasde convite que as familias remetiam, para tal fim, aosamigos e parentes, e o proprio Diario dava os esbogos da suafutura coluna social, inserindo, ainda que raramente, pequenosnecrologios, notas de viagem, concessoes de comendas etitulos honorlficos aquelas pessoas de maior destaque na vidapolitica ou social da provincia. Nao havendo uma colunaapropriada para reclamagoes, os "Avisos Diversos" continuavama ser a grande tribuna popular do periodico de Figueiroa.Neles extravasavam os pernambucanos os seus desprazeres,as suas dores, os seus sofrimentos; neles apontavam-se erros,propunham-se reformas, ressaltavam-se inconveniencias; nelestudo se pedia, tudo se reclamava, tudo vinha a baila comseriedade ou ridiculo; a eles recorriam os que eram roubados,OS que eram iludidos, os que tinham interesses a cumprir oua tratar".Ainda o autor de "Figueiroa do Diario": "Anti-escravagista34 anos antes da lei aurea de 88, o Diario ja falava, em54, no "odioso e fatal regime da escravatura", na extincao dotrafico, na troca deste por um racional e humano sistema decolonizagao de negros e nao se temia de aludir, em pleno regimeescravocrata do Imperio, a "aboligao", taxando-a de"grande providencia". Sao bem tipicas estas palavrasiniciais de um longo artigo sobre a questao do trafego de negrospara o Brasil:(34) Foi a seguinte a informagao oficial: "Tipografia do Diariode Pernambuco, propriedade do cidadao Manuel Figueiroa de Faria;tern hoje montada uma grande mecanica que imprime o Diario, e iigual a que imprime a Ilustra?ao Francesa: possui, alem disso, outramaquina, e seis prelos de ferro, que imprimem diversas obras menores;conta a oficina 150 pares de caixetas de tipos; ocupa diariamente72 pessoas, das quais so tres sao estrangeiras: vencem de lOOSOOO a1:500$000".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 57"A imprensa do Brasil, toda preocupada de uma extremidadea outra do pais com enfadonhas e estereis discussoes politicas,so uma vez ou outra interrompe o eco monotono queas paixoes a fazem propagar, para falar de repressao ao trafico,de colonizacao e de abolicao da escravidao. E entretantoa civilizagao do Brasil geme opressa sob o jugo ignominiosoe esmagador do mais funesto regime economico. Vamospela nossa parte prolongar o eco saudavel da interrupcao;vamos conduzir a nossa pequena pedra para o edificiodo nosso future engrandecimento..."O Diario combateu "a imoralidade de enlaces matrimoniaisentre individuos mal saidos dos cueiros, por simples interessede familia ou incuria dos respectivos pais", que eramchamados "casamentos da moda".Na primeira edicao de 1856, datada de 2 de Janeiro, alemde substancioso editorial, no local competente, de analise retrospectivados acontecimentos nacionais e internacionais, anota a seguir: "O editor-proprietario do Diario de Pernambucocontinuara, no ano de 1856, a nao se poupar a sacrificiosde especie alguma para satisfazer os seus numerosos subscritorescom a rapidez e variedade de noticias interessantes, comoate aqui ha feito, e ate com os melhoramentos materials queIhe for possivel. As condicoes para a subscricao no correnteano sac as mesmas que no passado".Dias depois: "O Correio do Diario para Nazare, tocandoem Paudalho — Hoje, pelas oito horas da manha, infalivelmente,fechar-se-a a mala do nosso correio para as referidasvilas, podendo os nossos assinantes, que tiverem cartas paraaqueles lugares, manda-las ate um quarto d'hora antes, que0 proprietario do Diario se responsabiliza pela entrega. Nassemanas futuras o referido correio partira invariavelmentenas segundas e quintas-feiras ao meio dia".Irrompendo, em fevereiro, a epidemia do colera no Recife,assim se expressou, a respeito, Leduar de Assis Rocha, nasua mencionada obra:"Era pelo Diario que o governo ensinava a populagao adefender-se. Era atraves do Diario que ela recebia os conse-Ihos dos higienistas, as sugestoes dos praticos, as noticias damarcha apocaliptica do flagelo"; "era pelo Diario que seveiculavam as propriedades preventivas e curativas, na colera,do alho, do enxofre, do vinagre e, sobretudo, do limao,que teve proselitos e endeusadores, leigos e mitrados, de nortea sul do Imperio; era pelo Diario que a cidade toda — todos


58 LUIZ DO NASCIMENTOOS dias — tinha conhecimento nominal das vitimas da vespera;era pelo Diario que se tinha conhecimento das desinfec-Qoes em massa realizadas pela Prefeitura, do adiantamentodos trabalhos de abertura da Assembleia, do fechamento deaulas e cursos, do niimero de enfermos recolhidos nos hospitalsda cidade", nas enfermarias de emergencia, etc. "E Figueiroa,numa dobadoura, a buscar aqui e all homens que fossem,nas suas oficinas, substituir aos que desertavam porforca do grande mal".Escreveu a redagao, a 8 de marco: "A publicacao de umjornal diario no formato do nosso, em um tempo epidemicocomo o atual, e numa terra em que os empregados de tipografiassao unicamente os precisos, pode-se reputar coisa milagrosa,pois que nao ha dia no qual nao se deem faltas, jaem conseqiiencia de serem pessoalmente atacados, ja porcausa de terem individuos de suas familias doentes. A vista,pois, destes motivos, ainda nao e possivel dar Diario amanha,domingo" (35)."Durante todo este periodo de angustia e de luto — acentuouLeduar — Figueiroa realizou o milagre, e so esta edigaodos domingos (edigao simples de letras e de modas) (36) foisuprimida".No mes de abril o jornal admitiu a divulgacao de dois artigosassinados pelo General Abreu e Lima, contra o redatorchefed'O Liberal Pernambucano, Nascimento Feitosa. Passadosalguns dias — explicava uma nota, a 3 de maio — "osartigos foram chamados a juizo"; Figueiroa mandou pedir aorespectivo autor "uma declaracao em que se responsabilizasse"pelo que escrevera, a fim "de leva-la ao competente tribunal.Entretanto, a isto se negou o mesmo Abreu". No diaaprazado, o proprietario do Diario apresentou-se ao juiz, mostrando-lhe"os autografos, reconhecidos por tabeliao publico,e fez a declaracao expressa de que eram de letra e sinal dosr. general". Outra nota a respeito, no dia 13, historiandoo fato, frisava que o General Abreu e Lima, em bilhetes dirigi-(35) O Diario nao circulava, entao, aos domingos; so em edigoesextraordinarias, que nao passaram de tres, datadas de 10, 17 e 24 defevereiro de 1856, as duas ultimas com apenas duas pagi'nas, de materiaescolhida. Mesmo apos a normalidade do servigo tipografico,nao voltou a edigao extra.(36) De letras, sim; de modas, nao.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 59dos a Figueiroa, manifestara que pretendia "arranjar" umresponsavel que nao ele. Na audiencia seguinte, o juiz deraocome "nao responsavel". Como era de lei, a responsabilidaderecaia sobre o diretor-proprietario do orgao. Mas o autorda acao, "com bastante dignidade", recusou o direito que Ihecabia de continua-la contra Manuel Figueiroa de Faria.Entre o segundo semestre de 1856 e o primeiro de 1857,o entao redator-chefe Filipe Neri Colago, usando como assinaturaum simples Y, travou ardua polemica com NascimentoFeitosa, d'O Liberal Pernambucano, em torno do temaLiberdade de Deus, de extraordinaria repercussao.Anunciando, 2 de Janeiro de 1857, entrar no 33.° aniversarloseguindo a mesma estrada, escreveu a redagao: "Postoque a parte financeira tenha sofrido uma alteracao em consequenciado aumento de salario pedido pelos empregados dacomposigao, e aceito pelo proprietario, contudo o prego dasubscrigao continuara a ser de 4$000 por quartel e de 15S000por ano, pagos adiantados; mas os pregos das insercoes seraoarbitrarios, ficando sempre entendido que os subscritores pagaraopelos seus amincios metade do que pagarem os naoassinantes". E adiantou: "A empresa nao tem por fim tirarlucros exorbitantes; contenta-se com um ganho moderado,e ambiciona sobretudo proporcionar aos leitores um jornal poJ;prego tal que possa chegar ao alcance de todos".Nas mesma edigao, declarava o aditorialista lue O LiberalPernambucano nao fazia outra coisa senao atacar a administragaode Jose Bento da Cunha e Figueiredo e o Diario dePernambuco, acrescentando: "Desde 17 de novembro, apenasse publicou um niimero do Liberal em que ao Exm.° presidentenao fossem langadas as acusagoes de "sanguinario,desleal, hipocrita, carater talhado para a perfidia, bebado, retrograde,africanista, instrumento do Marques de Olinda ede seu primo, conselheiro Eusebio de Queiroz".Intensificava-se, assim, antiga rusga entre os dois diarios,tendo o "mais antigo", de feigao conservadora, embora declaradoneutro, admitido, no ataque a Nascimento Feitosa, artigosdo republicano Antonio Borges da Fonseca, do liberal ortodoxoJeronimo Vilela (37) e de um terceiro, que usava opseudonimo Liberal Genuine.(37) Nao confundir com o outro Vilela, de igual assinatura, ambosjornalistas, referido paginas atras. Aquele era o medico baianoJeronimo Vilela Tavares, radicado no Recife, pai do mencionado nesta


60 LUIZ DO NASCIMENTOEnquanto isto, era o Diario chamado a juizo, por motivode injurias que teria assacado, na edigao de 2 de Janeiro de1857, contra o medico <strong>Joaquim</strong> de Aquino Fonseca, que escrevia,n'O Liberal Pernambucano, sobre a epidemia do coleramorbus. O processo, distribuido a 1.^ Vara, nao teve proseguimento.Dois colaboradores especiais — Aprigio Guimaraes eFrancisco Manuel Raposo de Almeida — escreviam sobre Jurisprudenciae Historia, respectivamente.Consoante Alfredo de Carvalho ("Anais"), o Diario"emulava, entao, em tamanho, variedade de conteudo e numerode leitores, com os grandes cotidianos da capital do Imperio;com uma tiragem de quatro mil exemplares, ja em 1856era, sem metafora, o orgao genuine de todo o Norte brasileiro,circulando profusamente, de Alagoas ao Amazonas, onde naoccorria uma contenda politica nem uma controversia judiciariaque se nao viesse debater nas suas colunas; condecorava-Ihe semanalmente o rodape, com primorosos folhetins, cujaverve, erudicao e amenidade invejam hodiernos cronistas, oformoso espirito de Antonio Pedro de Figueiredo, sob o pseudonimode Abdalah-el-Kratif".Os mencionados folhetins, sob o titulo "A Carteira", quevinham sendo publicados desde a edicao de 24 de setembrode 1855 (38), as segundas-feiras, marcam, realmente, umaepoca de primazia intelectual para o matutino (39), a par do"Retrospecto semanal", a que se juntaria, em junho de 1857,pagina, de nome completo Jcronimo Vilela de Castro Tavares, quefoi professor de Direito, advogado, parlamentar e um dos lideres daRebeliao Praieira.(38) Enganou-se o historiador Arfredo de Carvalho, ao registrarque o folhetim "A Carteira" alcangou o periodo 1848/1858. Ja anteserrara A.V.A. Sacramento Blake ("Dicionario Bibliografico Brasileiro",edigao de 1883, pags. 276/277), que registrou "de 1848 a 1859", chegandoa acrescentar: "O primeiro escrito com este titulo saiu a 24de setembro daquele ano, e o ultimo da redagao de Figueiredo a 15 denovembro de 1858" (?). Ver-se-a, adiante, que a ultima cronicade Figueiredo tern a data de 15.8.1859, continuando Torres Bandeiracom a segao ate 1860.(39) Em meio a sua magnifica cronica de apresentagao, Abdalah-el-/i'ratifteceu verdadeiro hino a "este pequenino canto do globo,que Veneza nos inveja e que os nossos pais chamaram Pernambuco",'acrescentando:"E sobre este solo abengoado que vivemos, e sobre este solo abengoadoque queremos morrer. E por que iriamos procurar em outras


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 61a "Pagina Avulsa" (40), com o sub-tltulo "Bom Dia!" e aassinatura Ate amanha (quando era sabado, assinava: Atedepots de amanha), constituida de notas ligeiras, breves comentariossobre fatos da cidade, segao que saia diariamenteparagens as inspiragoes de nossa alma, os canticos do nosso amor, osecos da nossa poesia? Dualidade santa: — amor e poesia. Nao vivestu, toda inteira, entre nos?Onde, melhor do que aqui, se pode sonhar o amor sob o fogo dosformosos olhos pretos das nossas queridas irmas? Onde encontrar umesmalte mais alvo do que nesses dentes de opala que fazem empalidecera perola? Um coral mais puro do que sobre esses labios onde habitamas gragas?E essas longas trangas mais brilhantes e mais negras do que aasa do corvo, de que uma rainha se ufanaria para seu manto de corte?E esse garbo volutuoso, e essa beleza rafaelica, beleza tropical incompreensivel,desconhecida, que nenhum pincel pode traduzir, e quea propria Europa nao suspeitou sob as cores de Van Dick e de Creuze?Onde, melhor do que aqui, se pode sonhar a terna poesia; ondebebe-la em mais longos tragos, numa taga mais vasta?Ceu, firmamento, clima, sol, belas noites, luz radiante, tudo, atea propria tempestade e o relampago nas nuvens, tudo fala, tudo murmuraessa lingua divina ao espirito deslumbrado.Belo ceu da nossa patria! Como a minha alma absorta te contemplae te adora! Onde se te pode encontrar mais formoso, maispuro e mais esplendido? E que me importam a mim esses canticos daItalia, e o azul tao gabado das ondas do Adriatico?! Os seus belosdias sao menos belos que as nossas noites mais sombrias.Belas noites estreladas em que contemplo os mundos suspensosno espago, como outros tantos zefiros escapes das maos de Deus! Eque me importam a mim as maravilhas da velha Europa, o seu vapore o seu gas, os seus monumentos e a sua grandeza, os seus arsenalse OS seus canhoes! Tebas, Atenas, Roma, Esparta, Cartago! Pleiade deum firmamento extinto, viveras tu a meus olhos a mais pequena dasestrelas cintilantes no meu ceu adorado! Tu es o passado, quase amorte, uma recordagao! Para mim, debaixo desta abobada pura, quebrilha e me alumia, que me envia os seus cultivos — poeticas revelagoes— Deus me aponta com o dedo o horizonte crescente do imperio deSanta Cruz. Eu vivo, tenho o presente, tenho o futuro.Belo clima, em que o menino dorme e brinca sob a tua brisa embalsamada,em que a fria velhice tem sempre um sol, em que asgeadas tem grato alento, em que o inverno e radiante e florido, emque a onda que murmura repete um cantico de amor. Por que naoama-lo, para que procurar ao longe essas doguras inefaveis, que sose encontram aqui?).(40) Da "Pagina Avulsa" de 24 de novembro constou a seguintee curiosa nota: "E muito badalar — A torre da Igreja da Santa Cruz,na madrugada do dia 22 do corrente, anunciou a missa com 288 badaladasde sino; arre, que e muito badalar; e entao nao querem que sefale; pois falarcmos e tornaremos a falar, ate que, ou os badalos dossinos caiam, ou a tinta seque nos bicos da nossa pena". Era a segundavez que o Diario reclamava contra o abuse dos sinos.


g2LUIZ DO NASCIMENTO(41), a cargo do padre Francisco Peixoto Duarte. Vieram,depois, as "Cartas da Corte", de Lucio Luna.A 9, 10 e 11 de novembro de 1857, abrindo a primeirapagina, voltava a mofina: "Nao sendo bastante a pouca consideragaoque alguns senhores assinantes deste Diario tgmpara com o pagamento do importe de suas assinaturas, demorando-sepor forma tal que impossivel se torna equiparar adespesa com a receita, acresce que, presentemente, aproveitando-seda imensa dificuldade que ha de obterem-se trocosmiudos, apresentam aos nossos cobradores cedulas de rauitomaior valor para o pagamento da subscrigao exigindo trocotres ou quatro vezes maior, de modo que para receber-se cemassinaturas e preciso dar-se um valor quadruple, ou ao menoscedulas de 1$000, que gozam atualmente do premio decinco por cento. Semelhante procedimento nao era de esperarde pessoas que subscrevem este Diario de sua espontaneavontade, e sem que para isso fossem rogadas, tanto maisquanto o diminuto prego da subscrigao (o mais barato detodos OS jornais conhecidos), em relagao ao seu formato ematerias, nao admite aumento de despesa sem acrescimo delucros; portanto, espera o proprietario desta empresa que osmesmos senhores atendam ao exposto, e dignem-se mandarsatisfazer suas assinaturas, que, sendo diminutas para cadaum, tornam-se avultadas para nos".Em despedida do ano, a 31 de dezembro, lia-se: "Hojetermina o ano de 1857 da era crista, e hoje completa igualmenteo Diario de Pernambuco o seu 33.° ano de existencia.Se a longa vida de um homem sempre e reputada um favorespecial da Providencia divina, a longa vida de um jornal,orgao de civilizagao nos tempos modernos, nao pode deixarde reputar-se como a consideragao e perfeita estima de queele goza no pais."Embora conhecamos a nossa pouca importancia, contudotemos intima convicgao de que havemos feito tudoquanto esta ao nosso alcance para satisfazer as nossas obrigagoes;e se cometemos alguma falta no desempenho danossa tarefa, nao dependeu, certamente, da nossa vontade.Entretanto, terminando hoje mais um ano de existencia jornalistica,nao podemos deixar de agradecer aos srs. subscritoresa sua benigna cooperagao em favor desta empresa.(41) Alfredo de Carvalho, nos "Anais", aludiu a "Pagina Avulsa",por engano, como materia das quintas-feiras.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 636 pedir-lhes a respectiva continuagao para o ano que amanhavai comegar".Mais uma alteragao ocorreu na tabela de assinaturas,cobrando-se, a partir de julho de 1858, 4$000 por trimestreadiantado ou 5S000 por trimestre vencido. Como vinha ocorrendodesde anos atras, o Diario de quando em vez empenhava-seem polemica com O Liberal Pernambucano (Ver vol. II:"Diarios do Recife — 1829/1900"). E a 26 de agosto divulgouuma Correspondencia com 36 assinaturas de elementosliberals, que protestavam contra "as injurias e falsas imputaqoes"com que o jornal de Nascimento Feitosa, numa seriede artigos, atacava o deputado Jeronimo Vilela, apontandoascomo "publicagoes ditadas pela inimizade".Em Janeiro de 1859, defendia-se o padre Pinto de Campos,atraves de Comunicados com sua assinatura e de extensaCorrespondencia, firmada por O Justus, de acusagoes do mencionadoorgao, que trouxera a balha um assassinio ocorridoanos atras na comarca do Brejo da Madre de Deus, quandoele era o respectivo delegado de policia e os jornais da oposigaoo indicaram como mandante. No mes seguinte, os "comunicantes"do mesmo O Liberal Pernambucano voltavam acarga, acusando o padre como ladrao, sendo ele defendido, noDiario, por W, Pilades. Pacato, Veritas e Y, ou seja, FelipeNeri Colago.O velho orgao apoiava, entao, o governo provincial dePedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque(barao, depois visconde de Camaragibe), outro motivo de polemica.Precisamente a 14 de fevereiro, aparecia o Diario comtipagem nova e, portanto, melhor aparencia, divulgando anota a seguir: "Revista diaria — Substitui este titulo ao de"Pagina avulsa". Querendo nos dar maiores e diferentesproporgoes ao escrito, julgamos consentaneo mudar-lhe otitulo. Aqui serao compreendidos nao so os fatos e noticiasdesta provincia, mas ainda os que acharmos deverem sertranscritos dos jornais que chegarem a esta redagao e quandoainda nao tenham titulo especial neste jornal. Continuaremosa receber as noticias, reclamagoes, etc., que por cartasanonimas, como ate aqui tem acontecido, nos queiram remeter;advertindo, porem, que tais cartas devem ser responsabilizadas,quando contenham materias que possam incorrerem responsabilidade geral".Publicando-se ininterruptamente, as segundas-feiras, o


g4LUIZ DO NASCIMENTOfolhetlm "A Cartelra", em que Abdalah-el-Kratif praticavaciitica literarla e teatral, blografla de artlstas, contos e lendas,traducoes e assuntos locals, velo a sofrer intervalos a partirda segunda quinzena de marco de 1859. Doente havia algunsmeses, o respectlvo redator, Antonio Pedro de Flgueiredo,vlnha sendo substltuido, desde o principlo do ano, por AntonioRangel de Torres Bandeira, que manteve o mesmo pseudonimo.Na edigao de 15 de agosto, voltou o prlmeiro a redigiro famoso rodape, declarando:"No leito da dor, a que temos estado preso, ha dez longosmeses; no melo de aturados e intensos sofrimentos; cercadosdas constantes e peniveis preocupacoes de uma exlstencla queo destino tecera mesquinha e sombrla, e a molestla vlera aindamals anuvlar e torturar; um sentimento havia que nos ralavao coragao mals do que os padecimentos; que nos acatarunhavao espirito mals do que as preocupagoes; que nospungia a alma mals do que o esquecimento e abandono dealguns que reputavamos amlgos slnceros e dedlcados; era asaudade acerba das horas, as vezes tao melancolicas e taode enfado, que consagravamos a raplda e imperfeita, massempre grata tarefa de compor e escrever este folhetlm, fundadopor nos, e tao generosamente abrlgado ao rez de chauseesdo grande orgao de publlcldade do norte, orgao que se multipllcaquatro mil vezes por dla, instrui, deleita, lisonjeia ecastiga dlariamente tanta gente avlda de prazer, de llsonjae de advertencia".O escrltor ocupou-se do progresso da molestla que oacometla, do desfalecimento de suas forgas; custava-lhe verflnar-se o folhetlm. Reslstlu, mesmo sofrendo dores cruclantes,ate que reconheceu a "louca temeridade de continuaruma luta deslgual com a propria naturza"."Nesse apertado lance, quando estava iminente a cessagaode todo o trabalho de espirito, luziu-nos um raio defagueira esperanga. O nosso colega, o sr. Torres Bandeira,logo ao prlmeiro sinal de detresse, estendeu-nos maoamlga; e o batel, que se afundava, velo como por encantoa tona d'agua, e por olto meses sucessivos navegou, galhardae trlunfantemente, por entre todas as sirtes e cachoposda publlcldade, sob a dlregao de navegador tao destro e esforgadocomo e o nosso amavel colega. Verdade e queessas navegagoes, nas aguas de pouco fundo e sossegadas dapequena llteratura, sao mero brlnco para quem ja tern sulcado,com tanta gloria e fama, como o sr. Torres Bandeira,


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 65OS mares encapelados e semeados de perigos do genero elevadoem que se perde a terra de vista"...Acrescentou: "Permitam-nos, pois, os nossos leitoresque, no momento em que vamos de novo tomar sobre osd6beis ombros a ardua e dificil tarefa de cronista en litre dasemana, manifestemos todo o nosso reconhecimento ao distintoliterato, ao amigo prestimoso, que generosamente nossocorrera na hora critica do desanimo e do abatimento.Receba ele a ingenua e espontanea expressao dos nossos cordiaisagradecimentos, e com eles os votos fervorosos pela suafelicidade!"E feita esta despedida, que e, para nos, mais do queuma cortesia, apossamo-nos do lugar que longo tempo deixamosvago por forga maior. Neste instante cresce o nossoreceio, avulta o sentimento de nossa inferioridade. E, demais,a ausencia gera o esquecimento, e as armas, por faltade uso, se enferrujam e estragam. Entretanto, apesar dosembaragos e solenidade de uma quase inauguragao, apesardas emoQoes de uma nova primeira representagao, ousamossaudar os nossos velhos amigos das segundas-feiras comacanhamento e, todavia, com efusao e um certo pressentimentode benevolo acolhimento. Ja descobrimos, comefeito, par ci, par la, alguns rostos conhecidos que nos sorrieme parecem dizer: Tiens! Abdalah-el-Kratif nao morreu!"Shake hands, amigos! Plaudite! Veramente, Abdalahel-Kratifpode-se dizer que ressuscitou. Escapou por um trisde ir pagar uma involuntaria e longa visita ao Viraes, o maiscondescendente e amavel de quantos croque-morts por aiexistem; porem, ei-lo sain et sauf na vossa respeitavel presenga,sempre pronto para servir-vos, sempre desejoso deagradar-vos. On revient toujours a ses vicelles amours".Depois das explicagoes e do assunto da semana, que passoua abordar, concluiu o escritor: "Ainda uma vez, shakehands, e adeus".Intretanto, na segunda-feira seguinte, reencetava TorresBandeira o rodape, precedendo-o do seguinte preambulo:"Eis-nos de novo no posto que deixamos por momentos. Onosso amigo, a quern substituiramos por oito meses na redagaodeste folhetim, fez ha dias um grande esforgo, dandonosum trabalho de sua propria lavra; mas a enfermidadecontinua a atormenta-lo de um modo inexplicavel e e impossivelque, em tal estado, o nosso amigo escreva uma so pala-


56 LUIZ DO NASCIMENTOvra. Tomamos sobre nos outra vez esta grave tarefa, e esperamoscontinuar a merecer a atengao publica".Sucedeu que, na mesma edigao de 22 de agosto, a "Revistadiaria" noticiava, em poucas linhas, o falecimento, navespera, de Antonio Pedro de Figueiredo, "o mais notavelpublicista da epoca" (42), vitima de uma congestao cerebral.So a 23 publicou o matutino um necrologio, assinadocom asteriscos, num palmo de coluna, em que se falava domerito intelectual e da pobreza do jornalista extinto. No diaseguinte, reproduzia-se um discurso de Franklin Doria, pronunciadono cemiterio; e a 29, Torres Bandeira dedicavalongo rodape ao companheiro, continuando a escrever "ACarteira", semanalmente, com as iniciais T.B.Procurando melhorar, sempre que possivel, a parte noticiosado jornal, sua diregao fizera inserir, na edigao de 4de julho, ainda de 1859, a nota a seguir: "Para estreitar oslagos que ligam a Pernambuco as provincias situadas desdea margem direita do rio S. Francisco, o proprietario desteDiario esta tratando de estabelecer em cada uma das capitalsdas mesmas provincias um redator especial, o qual deveratratar das suas necessidades, nao so a respeito de objetosgerais, como tambem de coisas provincials, e expor aopublico OS abuses que ai se derem, advogando destarte osmeios de engrandecimento de cada uma de suas provincias".A 28 de novembro, voltou o matutino ao seu formatoimediatamente anterior e que e o mesmo que ainda mantem,passando a sair com oito paginas, a ultima das quais dedicadaa Literatura. Lia-se, entao, em longo editorial:"... o Diario de Pernambuco, que acompanha briosamenteo progresso e a civilizaQao, Apostolo como e daLiberdade e defensor dos direitos e interesses do Brasil, naoquerendo ficar estacionario, vai assumir maiores proporgoese ocupar o primeiro lugar nos dominios da imprensa brasileira;pois o seu proprietario, contando com o auxilio e benevolenciade seus leitores, que a despeito de tudo jamais oabandonaram, nao duvida expor-se ao acrescimo de despesaque o aumento do Diario exige".Depois de outras afirmagoes em torno das atividades(42) Assim o qualificaria, noventa anos depois, Barbosa LimaSobrinho, em conferencia pronunciada no Institute Historico Brasileiro,sob o titulo "A RevoluQao Praieira" e inserta na Revista doArquivo Publico, do Recife, n.° V., ano III, de 1948.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 67redacionais, frisou o articulista: "O Diario, sendo, como e,alheio a polltica (da qual indevidamente nos ocupamos maisdo que das necessidades reals da vida), so tratara dela quandoestiver tao identificada com os interesses do pais quenao seja possivel tratar destes sem se ocupar daquela. Osdiscursos, proferidos durante as sessoes das camaras leglslativas,serao publicados com mais desenvolvimento, e aparte estrangeira tambem aumentara na razao do seu formato"."... sera tao util ao particular como ao funcionariopublico, ao mogo como ao velho, ao homem como a senhora;tratara de materias religiosas, cientificas e literarias, folhetim,variedades; de artes, de recreio, finalmente de tudo quepossa interessar o comercio."fi geralmente conhecido o aumento que tem tido a maod'obra de tres anos a esta parte, principalmente na arte tipografica,em que o servigo que ate entao custava 1S400, subiuhoje a 3^500; fundadas nestes acrescimos de despesa, as asnaturaspor ano dos jornais da Corte, iguais ao Diario, passarama ser de 24$000 para o Rio de Janeiro e de 28§000 paraas provincias, entretanto que o Diario conservou seu prego de153000 por ano. Agora, porem, que as despesas tem deaumentar de 50 por cento, o Diario ve-se obrigado a elevaro prego de sua assinatura da maneira seguinte: adiantado— 19$000 por ano, 5$000 por trimestre; vencido — 24$000por ano, 6^000 por trimestre."Apesar deste aumento, o Diario continua a ser o maisbarato jornal do Imperio, sendo, alias, o de maior formato;visto que, na esfera das suas aspiragoes pecuniarias, contentando-seo seu proprietario apenas com uma modica retribuigaode seu esforgo e fadigas, tem em vista, so e principalmente,o bem e prosperidade deste gigante da Americaque se chama Imperio do Brasil. A confianga que o Diariotem merecido, em 35 anos de existencia, de sens numerosose benignos leitores, e a maior prova da consideragao que Ihepresta o pais, e fundado nela nao teme encetar e assim abriruma nova era no Jornalismo brasileiro".Ao iniciar-se 1860, trazendo ainda, acima do cabegalho,o emblema imperial e, abaixo, uma faixa de informagoesuteis — tais como expediente do jornal, partidas do Correio,efemerides do mes, preamar, audiencias dos tribunals, etc.— 0 Diario (cujas tipografia, redagao e escritorio continuavamlocalizados a Praga da Independencia), publicava na


ggLUIZ DO NASCIMENTOprimeira pagina a Parte Oficial, seguindo-se longo noticiariodo pais e do Exterior, que abrangia colunas sucessivas, emtipo batido; a "Cronica Judiciaria"; "Revista Diaria"; "InformagoesMaritimas"; "Comunicados" e "Correspondencias";"Publicagoes a pedido"; "Comercio"; "Movimentoalfandegario"; "Editais"; "Declaragoes" e numerosos aniincios,sendo a ultima pagina dedicada a Literatura, Variedadese Jurisprudencia, incluindo folhetim.Os 'Comunicados' eram autenticos artigos, sempre assinados,assim como as "Correspondencias", envolvendo assuntospoliticos ou tricas pessoais, ao passo que os "a pedido"compreendJam materia a mais diversa (43), inclusive a boaliteratura da epoca, constante de poemas de Antonio Rangelde Torres Bandeira e Vitoriano Palhares, que passaram, depois,para a pagina especializada, a oitava, quase sempre repletade extensas transcrigoes de escritores estrangeiros. Continuava,as segundas-feiras, o rodape "A Carteira", assinadopor T.B., que o manteve, ainda, por alguns meses. Comas iniciais E. A., divulgou-se, concomitantemente, a partirde 28 de Janeiro, outro interessante rodape semanal, sob otitulo "Resenha marltima", "original do Diario de Pernambuco",materia alusiva a visita de SS. MM. II. a Pernambuco,efetuada em novembro de 1859.Ainda em 1860, a 16 de abril, anunciava a folha: "Sempreque o vapor procedente do Rio de Janeiro chegar a esteporto em sabado, sera o Diario de segunda-feira distribuidona manha de domingo, para comodidade de nossos assinantes,como acontece com este numero".A edigao de 28 de agosto inseriu, na segao "Comunicados",o "Primeiro boletim eleitoral", assinado por W., nadamais nada menos que um artigo de polemica do Diario comO Liberal Pernambucano, a que se seguiram outros Comunicadosassinados por Omega, Obuz, J. Pedro Barreto deMelo Rego ou simples asteriscos (***), ate as eleigoes desetembro, continuando depois, com artigos, sobretudo deO soldado Z, em acerba critica ao orgao oposicionista. Man-(43) Nas "Publicagoes a pedido" de 6.12.1861 saiu o seguinterecibo firmado por tabeliao publico, com as devidas testemunhas:Recebi do sr. Jose <strong>Joaquim</strong> da Costa Leite a quantia de 7:0938250,em parcelas constantes da conta que nesta data me entregou, sendoproveniente por parte do dote que o mesmo sr. e sua sra. concordaramdar a sua filha Isabel Maria da Trindade Leite, com a qual me ligueiem matnmonio — Manuel Fernando Silva"


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 69tinha, assim, o jornal de Manuel Figueiroa a sua pretensaneutralidade politica...Do corpo de revisores participaram Joviniano da CostaMonteiro, no periodo 1958/60, e o portugues naturalizadoAntonio Maria O'Conell Jersey.A 2 de Janeiro do ano seguinte, escrevia a redagao: "Assinalao ano de 1861 o 37.° da nossa existencia no jornalismodo pais. Essa vida, que assim se manifesta longa nesseespago material, tern bebido a seiva de que goza na benignidadedos nossos leitores, cuja confianca tem sido ilimitadapara o Diario de Pernambuco, que tambem a seu turno tudotem envidado para sustenta-la no pe em que convem a todosOS interesses a que se liga o mesmo. No presente ano, portanto,nao falsearemos os nossos principios, que sao assazconhecidos para escusar uma reprodugao da profissao defe nestas palavras que ora tragamos".Assinado por Youmale, iniciou-se, em fevereiro, a publicacaodo "folhetim original" intitulado "A carapuga de meutio ou Recordagao de um homem velho"; epoca em que Macarioe Cromwell se bateram em curta polemica literaria,tambem na oitava pagina.A 8 de abril de 1861, a folha anunciava a substituigaodo presidente da provincia, Ambrosio Leitao Cunha, pelovice-presidente <strong>Joaquim</strong> Pires Machado Portela, este ultimopor sua vez, substituido, no ultimo dia do mes, por AntonioMarcelino Nunes Gongalves.No referido ano, precisamente a 16 de agosto, ao nomedo proprietario da empresa — Manuel Figueiroa de Faria— acrescentou-se: & Filho.Mais de duas paginas da edigao de 23 de setembroforam ocupadas pela ata da sessao comemorativa do decimoaniversario de fundagao do Gabinete Portugues de Leitura,incluindo varios discursos, a salientar os de Aprigio Guimaraese Nascimento Feitosa. Em edfgoes seguintes divulgaram-sepoemas recitados durante a solenidade em aprego,entre os quais um de Francisco Inacio Ferreira, em quatrocolunas, reunindo o total de 508 versos.A 2 de outubro via-se publicada, na pagina de Literatura,a "Historia da taquigrafia ou estenografia", e de 10 a17 de dezembro, o longo trabalho "Luis do Rego e a posteridade— Estudo historico sobre a revolugao pernambucanade 1817", rico de documentagao e sem assinatura.No ano de 1862 transmudavam-se os horizontes politicos,


LUIZ DO NASCIMENTOante o surgimento de uma liga entre liberals e conservadoresdas respectivas alas moderadas, do que resultou, nosubsequente, a criacao do Partido Progressista, ja sob ogoverno de Joao Silveira de Sousa, que administrou a provinciaate Janeiro de 1864, quando transferiu a funcao aDomingos de Sousa Leao. Foi o inicio de uma era de pazentre os polemistas da imprensa."Literatura" veio a divulgar, anos a fora, poemas de J.M Alves Cavalcanti, Guilherme Braga, Manuel de CarvalhoPais de Andrade (44), Aristides A. Milton, Franklin Tavora,Antonio de Sousa Pinto, Gastao Guereirro de Castro, JoseJorge da Silva Filho, etc. Sobre "Teatro" escrevia Aroumab-Hamganes. Liam-se artigos de Afonso de AlbuquerqueMelo, F. M. Duprat (assuntos agricolas), J. Guenes da Silvae Melo, Pedro Autran da Mata e Albuquerque e CaitanoM. de Faria Neves, alem de longas transcrigoes.Em principio de 1864 divulgou o conego <strong>Joaquim</strong> Pintode Campos artigos de polemica religiosa. Nesse ano criaram-se,ainda na oitava pagina, as segoes "O que vai peloMundo" e "Um pouco de tudo", sempre extensas. Ja entao,o preco das assinaturas vinha acrescido do "porte ao Correio":3S000 por um ano e $750 por tres meses, quando antesera garantido "porte franco ao subscritor".Alem dos atos oficiais do governo executivo (45), oDiario vinha publicando os debates da Assembleia Provinciale o "apanhamento deles por taquigrafos", desde 1846,sendo o ultimo contrato, por quatro anos, datado de 15 deabril de 1863, ao prego anual de 6:000$000. Decorrido oprimeiro ano, outra empresa jornalistica apresentou propostamais vantajosa, o que levou a Assembleia a promover arescisao do contrato. Escreveu, a proposito, a redagao, a31 de margo de 1864:"Dando publicidade a declaracao que nos foi enviadapelo oficial-maior interino da Assembleia Provincial, porordem da Comissao de Policia, e pela qual se convidam aspessoas que quiserem contratar a publicagao dos debatesda mesma Assembleia para oferecerem suas propostas ateo dia 6 de abril, fazemos logo o protesto de nao convir na(44) Neto do lider revolucionario de igual nome que encabe-?ou o movimento da Confederagao do Equador.nerfnri^^^^ ?^^'^''!u P'^'^^eu sua qualidade de "orgao do governo" nopenodo de 1 de julho de 1863 a 2 de abril do ano seguinte.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 71rescisao do contrato que, para o mesmo fim, tiveramos celebradocom a mesma Assembleia, que nos compete per direito,correspondente ao valor do mesmo contrato, visto que paradita rescisao nao procedeu formula alguma e nao podiaser ela decretada ex-propria autoritate de uma das partescontratantes. Estamos no firme proposito de fazer os devidosprotestos em forma regular, e de manter o nosso direitopelos meios que admitem as leis do pais, para cuja protegaoapelamos. E fazemos esta declaragao nao so para manifestara nossa intengao, como para que se nao alegue qualqueraquiescencia de nossa parte, e em tempo e ocasiao oportunadeduziremos as razoes que temos para opormo-nos a rescisaofalada".Em artigo de tres colunas cheias, o Diario expos toda ahistoria dos seus contratos com a Assembleia Provincial edas manobras em curso para a rescisao. For sua vez, osdeputados debateram o caso, uns pro e outras contra. Deixoua empresa de participar da nova concorrencia e, mesesdepois, a 25 de agosto, lia-se: "... feitos os protestos competentesem juizo e fora dele, o proprietario deste Diariovai buscar o devido reparo no poder competente na materia,que e o judicial; e ai por certo se nao admitirao as doutrinasoriginals com que se apoiou a rescisao e que nada maissao do que a consagragao do principio estravagante de serjuiz em causa propria".Rescindido o contrato, nao deixou o jornal, todavia,de publicar os debates da Assembleia Provincial, mantendo,assim, seus compromissos com os assinantes, que seriam"cumpridos, a despeito de qualquer eventualidade". Naohouve, pois, aiteragao na materia editorial. Esta so diminuiaquando esocisseavam os jornais do sul ou da Europa,fornecedores de assuntos os mais variados. Nao faltavamEditais, Declaragoes e aniincios para suprir o espago, chegandoeles a ocupar, as vezes, seis paginas, desde os PequenosAnuncios ("Precisa-se", "Vende-se", "Aluga-se", etc.), ateOS de grandes proporgoes (46) e os atestados de cura atraves(46) Havia, a epoca, enorme competigao no comercio de vendasa varejo, divulgando as principals mercearias longas listas de pregos,que chegavam a tomar duas a tres colunas, de alto a baixo. Emagosto de 1864, por exemplo, o Armazem Uniao Mercantil proclamava:"Colegas — N§o posso por mais tempo sustentar o prego da manteigainglesa a ISOOO a libra". Reduziu-o para $800 e, sendo em barrilainda tinha abatimentv.. O Baliza (com cliche ilustrativo) anuncia-


,j2 LUIZ DO NASCIMENTOde certos medicamentos. A partir do segundo semestre de1964, entrou a divulgar, tambem, atos oficiais do Comandodas Armas e do Governo do Bispado de Pernambuco. Nesseano faleceu, a 15 de novembro, o tipografo Aurelio deFigueiroa Faria (47), merecendo poemas de saudade deJoao Landelino Dornelas Camara e Vitoriano Palhares, publicadosdias apos.Nas "Publicacoes a pedido", de 28 de novembro, divulgava-sea nota a seguir: "Basiliano de Magalhaes Castro,convidado pelo Diario de Pernambuco de hoje a aparecer napraga da Independencia ns. 6 e 8, para ali buscar uma carta;e verificando nao ser uma carta que Ihe queriam entregar,mas, Sim, a empresa deste Diario que procurava, por estaforma, cobrar-lhe uma conta contraida pelo finado Jose Fernandoda Cruz; declara alta e poderosamente, que nao Ihepagara semelhante conta, pela qual nao pode ser responsavel;dirija-se, portanto, a empresa a inventariante dos bensdaquele finado, linica habilitada a pagar o que realmentese Ihe deve. Ja nao e a primeira vez que sou incomodadopor credores em identicas circunstancias, que nao se queremdesenganar de que nao sou obrigado a essas contas".va uma manteiga ingless "menos superior" a $640 a libra e outrostipos mais baratos. O Armazem Fronteiro oferecia "vinho do Portovelho engarrafado a 1$500; idem em barril a S800; idem de Lisboa,muito superior a $400 a garrafa". O Profeta oferecia (ao respeitavelpublico) "ameixas francesas a 1S200, 1S400 e 1S600, em latas, frascose lindas caixinhas muito proprias para minosear alguem"; cafe moidoa lOSOOO a arroba; cerveja a $500; conhaque frances ou ingles, a ISOOOe S800; "figos da comadre" a S800, "em caixinhas muito lindas", emanteiga francesa a S520 a libra.A competigao estendia-se, igualmente, ao comercio de fazendas,modas e miudezas, anunciando-se pega por pega, com pregos de chamariz.Outro anuncio de atiagao, divulgado antes, em 1860, foi o doGrande Hotel de Saxe, situado a rua Nova, em Bruxelas, proximo asestagoes de caminho de ferro para a Franga e a Alemanha, perto detodos OS divertimentos da capital belga, com funcionarios que falavamdiversas linguas, inclusive o portugues, cuja diaria custava 10a 12 francos, isto e, 4S000 a 4S500 na moeda brasileira. Concluiudizendo que em tao confortavel hotel ja se haviam hospedado ManuelFigueiroa de Faria, o desembargador Pontes Visgueiro, FilipeLopes Neto e outras personagens do Brasil e de Portugal.(47) Aurelio era um dos sete filhos varoes (o oitavo morreuainda crianga) do velho Figueiroa, que o mandara a Europa, em principiode 1858, a fim de estudar a arte grafica. O jovem freqiientouas melhores tipografias de Paris, pelo espago de dois anos, voltandocom certificado de habilitagao.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 73Logo abaixo, lia-se: "Tendo falecido Jose Fernandes daCruz, e ficado devendo ano e meio de assinatura deste Diario,e constando-nos que o sr. Basiliano de Magalhaes Castrofora instituido seu testamenteiro, a ele pedimos este pagamento,independente de ser outrem o inventariante dos bensdo falecido, por entendermos que a qualidade de inventariantenao dava direito ao pagamento; porquanto o inventariodevia ser feito por quern ficasse de posse dos bens, semque Ihe tirasse a qualidade de testamenteiro; portanto, pareceque a nossa exigencia de pagamento nao fora feita deproposito, e para que possamos exigi-lo, rogamos-lhe quelraindicar quern o deve fazer. El infeliz o pais em que, parase cobrar a assinatura de um jornal, que devia ser pago emquarteis adiantados, espera-se seis quarteis e ainda nao serecebe sem que se sujeite a atos judiciais — Da redagao desteDiario".Nova mudanca de presidente da provincia foi noticiadapela folha, a 2 de dezembro, quando Domingos de SousaLeao (depois barao de Vila Bela) foi substituido pelo desembargadorAnselmo Francisco Peretti, vindo este a ceder olugar, a 25 de Janeiro de 1865, a Antonio Borges Leal CasteloBranco, que, por sua vez, o transmitiu, a 26 de julho, aoBarao do Rio Formoso, Manuel Tomaz Rodrigues Campelo,e este, no mes imediato, a Joao Lustosa da Cunha Paranagua,que governou ate 6 de margo de 1866.1865/1874O ano de 1865 encontrou o Brasil em guerra com o Paraguay,a qual deu o Diario ampla cobertura. Ja a 8 de fevereirodivulgava uma Proclamagao do chefe do governo provincial,chamando os pernambucanos a se alistarem no batalhaodos Voluntaries da Patria, seguindo-se, meses a fora,artigos, Comunicados, Correspondencias e poemas de exaltagaoao Brasil na luta em que se empenhava contra o inimigo,alem do noticiario das frentes de batalha. A redagaochegou a abrir subscrigao, visando a compra de instrumentosde Musica para a banda do 2.° corpo de voluntaries.Em data de 29 de abril saiu a primeira edicao extraordinariado matutino, que circulou as 16 horas, com apenasduas paginas, ficando a segunda em branco.


74 LUIZ DO NASCIMENTONesse ano divulgou o folhetim "Revista Dramatica", deLuciano d'Ataide (pseudonimo de Luis Guimaraes Junior).Saiam poemas de Joao Landelino Dornelas Camara, FranciscoPalha, Tobias Barreto, Carneiro Vilela, que algumasvezes assinava <strong>Joaquim</strong> Vilela; <strong>Joaquim</strong> Silva Rego Junior,Belmiro Salgado, Manuel de Carvalho Pais de Andrade, J.A. de Almeida Cunha, Vitoriano Palhares e Antonio Rangel deTorres Bandeira, enquanto Jose Bento da Cunha e FigueiredoJunior escrevia sobre "Forum", na secao de Jurisprudencia.No mes de Janeiro e, depois, de maio a julho de 1866,assinou o monsenhor Pinto de Campos (48) longos artigos,na pagina de Literatura, sob o titulo "As Biblias falsificadas",em polemica com o Cristao Velho (general Abreu eLima), do Jornal do Recife. Em setembro e outubro, foi divulgado,em rodape, o romance "Memorias de um Sargentode Milicias", assinado por Um brasileiro (depois identificadona pessoa do escritor carioca Manuel Antonio de Almeida).Prosseguia o noticiario do Paraguay, sob o titulo"Teatro da guerra", a par da materia de rotina.A partir de 17 de julho, lia-se, abrindo a primeira pagina:"No intuito de evitar dissabores reciprocos, declaraesta empresa que dora em diante nao fara publicacao noDiario sem a compensacao pecuniaria que for convencionada;visto como resulta da insercao de qualquer escrito despesapara si, nao pode omitir a retribuicao que ao menoscubra a respectiva composicao".Falecendo, a 1 de agosto, o diretor Manuel Figueiroa deFaria, apareceu, no dia seguinte, a primeira pagina enquadradaem tarja, com vinheta funebre em que se via umarcanjo debrucado sobre a lousa do tumulo, seguida do necrologiodo extinto. Afirmou o necrologista inicialmente, queo Diario vestia pela primeira vez pesado luto, apos 42 anosde existencia, com "a morte daquele que o alentou na in-(48) Lia-se, a proposito, na "Revista Diaria" de 2 de julho de1866: "Continuamos com prazer a publicar, em nossa oitava pagina,OS interessantes e erudites artigos do Exm°. Monsenhor Pinto deCampos; e qual seja o aprego que o publico Ihes tern dado, basta vera avidez com que sao procurados os numeros do nosso Diario em queeles saem, tendo desde entao acontecido que so temos ficado como numero necessario para a nossa colegao. Os pernambucanos amamde coragao a religiao do seu pais. Nao pense a propaganda protestanteque ha de nidificar em Pernambuco, onde, felizmente, a excessaode um ou outro espirito forte, encontram-se verdadeiros apologistasdas ideias catolicas".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 75fancia, trouxe-o pela mao, de desenvolvimento em desenvolvimento,e soube-o sustentar com proficiencia na virilidadeem que ora se acha".Mais adiante, salientou: "Este Diario, que esteve sobseus auspicios imediatos trinta e seis anos, das proporgoesexiguas em que primitivamente foi dado a luz, per transformagoesprogressivas por ele realizadas em seu material,logrou revestir as formas colossais que hoje ostenta comorgulho da provincia; pode com justica conquistar os forosde legitima importancia de que goza em todo o norte; e e,sobre decano atual do jornalismo, efetivamente um dos 6rgaosda imprensa do Brasil inalteravel em sua redagao, querpelo espirito de ordem que sempre constituiu suas feigoescaracteristicas e finalmente ja pela sustentagao constantedas instituigoes do pais, ja pela promogao do engrandecimentomoral e material do Imperio, condigoes estas queforam de continuo o fanal da vida pratica que ele Ihe imprimiu,de modo que a consideragao merecida que do publicocaia sobre a propriedade ia refletir direta e luminosamenteno proprietario, como causa eficiente desse fenomeno".Apos outras consideragoes, aludindo aos principios devida de Manuel Figueiroa de Faria, que se preparara, semexito, para a vida clerical, escreveu:"O sr. Comendador Figueiroa, pois, tinha de exercer umsacerdocio; e se nao fora predestinado para o da igreja, estavafadado para o da imprensa. De fato, ai com o seu evangelizar,despontou a aurora da redengao do nosso jornalismo;abriram-se de par em par as portas da nossa vida politicaem toda a sua amplitude; e o povo teve, entao, um livroaonde bebesse ligoes de amor as instituigoes livres que nosregem, a par de sas doutrinas de moral e religiao, e de principiosfecundantes do verdadeiro progresso".Ressaltou, ainda, que, para colocar o seu jornal na posigaoem que o deixou, teve Figueiroa de "sofrer algumas vezes aconstrigao de crises bem improbas; comprometeu mesmo interessesseus mais imediatos"; mas nao desanimou ante ashostilidades. "Iniciador de uma grande transformagao, foio martir dela".Aviso publicado nas edigoes de 6 a 31 de dezembroainda de 1866, ressaltou a posigao privilegiada do Diario, aopublicar, em primeira mao, noticias vindas da Europa, nossetores politico, literario e comercial, prestando assiminestimavel service aos seus assinantes. E acentuou:


„g LUIZ DO NASCIMENTO"Ora, sendo este Diario o jornal de maior formato, demaior soma de materias instrutivas e de recreio, e tambem0 de maior barateza que se da a estampa entre nos, e mesmoem alguns pontos da Europa, onde as condigoes essenciaisda publicagao sao as mais favoraveis possiveis. Daitern decorrido serios embaracos para a empresa; e quandoa receita se mantem em pe dos calculos de anos anteriores,que equilibravam-se com as despesas de entao, estas semprecrescentes de ano a ano colocam de presente esta empresana necessidade indeclinavel de elevar a assinatura anual a24$000 para esta cidade e demais localidades que nao tiveremde receber os Diarios pelo correio; e a 27S000 para as outrasque, nas respectivas remessas, caregam de ser porteados osmesmos Diarios, sendo esta diferenga de 3$000 anuais correspondenteao selo de 300 numeros que da o Diario".Abria, desde entao, perante os novos assinantes, "o compromissoformal de no ano proximo vindouro dar as discussoesdas Camaras gerais, poupando assim a grande numerodeles a despesa que fariam da assinatura do jornal que aspublica na Corte".Em conclusao: "Continuara este Diario, como sempre otem feito, a defender e sustentar os direitos das provinciasdo Norte, a partir de Alagoas ao Amazonas; e para completasatisfacao deste fim, ja tem contratados correspondentes emcada uma delas, a fim de enviarem missivas noticiosas, querde fatos ocorridos, quer de necessidades de toda especie, deque elas se ressintam, e por conseguinte caregam de ser solicitadaspelos reclamos da imprensa aos poderes do Estado."Continuara, outrossim, a dar diariamente espaco aescritos de literatura sempre variada, com os melhores fo-Ihetins de atualidades, a fim de que os leitores tenham umarecreagao amena permanente em suas paginas".A 31 de dezembro, encerrando o ano com 301 numerospublicados, apos afirmar que cumpria os compromissos contraidoscom seus assinantes, fez o Diario um apelo aos compatriotas,no sentido de ser mantido "um momento de gloriapara a provincia, um instrumento poderoso da difusaodas luzes, um propugnaculo da civilidade e do progresso".Aludiu a necessidade da empresa "na emergencia daperda sensivel por que ela passou com a morte do seu chefe,ocorrida neste ano, e que ao sentimento acumulou dificuldadesde um estado embaracoso, em que de pronto se elaachou. Ora, nao e de chofre que estas podem ser removi-


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 77das; e nem isto se pode conseguir desajudado, sem as filiagoesda simpatia, e so entregue aos esforgos individuals".Em artigo de 2 de Janeiro de 1867 (primeira edigao doano), lia-se: "... eram e sao de presente os unicos redatoresdeste Diario os srs. drs. Manuel de Figueiroa Faria. Filipede Figueiroa Faria e Antonio Vitruvio Pinto Bandeira eAcioli de Vasconcelos, de modo que a esta redagao pertencemexclusivamente todos os artigos editorials que tem vlndo aestampa de julho ultimo por diante", os quais "prometiammanter as boas normas do seu operoso antecessor"."Nesses depositarios fieis de suas tradigoes, pulsa-lhesnas fibras e lateja-lhes no pulso um pensamento em harmoniacom elas, um pensamento que se abraga com a sustentagaodos principios, em que sem cessar ele guardou comdecorosa devogao na manifestagao de suas ideias".Na mesma data passou a figurar a tabela alterada dospregos de assinaturas, assim organizada: Para a capital e lugaresonde se nao paga porte: ano — 24S000; semestre —12S000; trimestre — 6$000; para dentro e fora da provincialano — 27S000; nove meses — 20S250; seis meses — 13?500;tres meses — 6S750, tudo mediante pagamento adiantado.Abaixo, vinha: "Assina-se em Pernambuco no escritorio deManuel Figueiroa de Faria & Filhos, seus proprietarios".Na segao "Comunicados", abriu-se a coluna intitulada"Partido Conservador", para o debate das respectivas ideias ea critica aos abusos da autoridade, sem ultrapassar "as raiasdo respeito devido aos poderes constituidos".Na edigao de 11 se Janeiro, o colunista acusava arbitrariedadesdo governo central, orientado pelo Partido Progressista,sugerindo uma uniao entre liberals ortodoxos e conservadores,para conjugarem esforgos comuns em face da eleigao marcadapara fevereiro. "Vencido o inimigo comum, buscaria cadaum o seu posto, para por em pratica o governo constitucionalque a fagao ligueira suprimiu".A coluna do Partido Conservador fez grande coberturado pleito, divulgando noticiario dos diferentes municipios,para comentar depois: "Acabamos de ver nesta provincia ateque ponto um agente do governo, um delegado do Imperadorleva 0 cinismo da compressao do voto popular: as baionetasdos soldados para reforgar, e o dinheiro dos cofres piiblicospara corromper, foram postos em agao em larga escala". "Ogoverno fez questao de capricho de veneer nesta ou naquelafreguesia. Miseravel pais onde assim se pratica!"


„g LUIZ DO NASCIMENTOProsseguiu o colunista criticando a administragao do governoprovincial, exercida pelo conselheiro Francisco dePaula Silveira Lobo, ate o mes de julho, quando a segao foisuprimida.A 6 de setembro, um artigo na "Revista Diaria", bastantelongo, reprovava a atitude do inspetor da Alfandega, quese negara a pagar uma conta de publicagoes da repartigao, aoprego antes combinado de SlOO por linha, exigindo uma redugaode 507c. Findou o editorialista chamando, para o caso,a atengao do presidente da provincia.Achava-se, entao, suspensa a divulgagao dos atos oficiaisdo governo provincial. Enquanto isto, a folha passou aocupar sua oitava pagina com o resume dos debates da CamaraGeral, continuando a faze-lo nos periodos legislatives,em cujos intervalos voltava a segao de Literatura ou Jurisprudencia,deslocando-se, algumas vezes, o folhetim para aprimeira pagina.Nas edigoes de 2, 3 e 4 de Janeiro de 1868 o Diario divulgoulongo "Retrospecto politico do ano de 1867", referente aEuropa e a America. No periodo de 7 do referido mes ate 29de fevereiro, voltou monsenhor Pinto de Campos a escreverlongos artigos, sob a epigrafe "Polemica religiosa", repisandoconceitos emitidos em livro editado pelo Cristao Velho (pseudonimodo general Jose Inacio de Abreu e Lima) (49).Ainda em Janeiro, edigao do dia 10, reportando-se a guerracom o Paraguay, a "Revista Diaria" fazia um apelo "aosbrios e patriotismo desta nossa provincia", para, num "ultimoe supremo sacrificio", enviar aos campos da honra "omaior numero de seus filhos". Como sucedia raramente, omatutino divulgou, a 18, poema de Castro Alves (50). Apartir de margo, liam-se periodicamente interessantes cronicasde Mefistofeles (outro pseudonimo do academico Luiz(49) Considerando-se difamado, o monsenhor levou o caso aJustiga e, exatamente como sucedeu em 1856, o Cristao Velho nao Ihedeu importancia e o rigor da lei recaiu sobre o impressor, que foicondenado em grau de apelagao.(50) ^ As primeiras produgoes de Castro Alves divulgadas noRecife (tres ao mesmo tempo) sairam no Diario de 6 de agosto de1861, atraves das "Publicagoes a Pedido". Foram elas: "A partidado meu mestre do coragao, o Exm° Sr. D. Antonio de Macedo Costa,bispo do Para", em oito sextilhas de sete silabas, com assinatura completae a data: Gmasio Baiano, 14.7.1861; uma cronica de adeus aoprelado e um poema "em sua despedida para aquela provincia", datadode 12 de julho.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 79Guimaraes Junior), em rodape, sob o titulo "Palavras no ar"(51). Por circunstancias especiais, a edigao de 10 de abrilso teve duas paginas, a segunda dedicada a secao "Literatura".Voltara ao poder o Partido Conservador, vindo a escrevero jornal, a 30 de julho de 1868: "O programa do ministerio de 16 de julho satisfaz urgentes medidas reclamadaspela opiniao publica e encerra o balsamo que deve curar algumasdas feridas que cobrem o corpo da nacao". Do seuprograma constava fazer terminar a guerra do Paraguay,reparar as financas do pais e promover determinadas reformasconstitucionais.A rendigao de Humaita as forcas brasileiras deu lugara editorials de regozijo e a divulgagao de poemas epicos declamadosnas festas comemorativas.Sob o novo governo, reassumiu o Diario sua velha posigaode orgao oficial da administracao da provincia, e em novembrocriava-se a se§ao "Politica Interna", a cargo do PartidoConservador, com artigos assinados por Justus, Appius,etc., polemizando com a imprensa oposicionista.Na "Revista Diaria", repelindo insinuagoes do diario OLiberal, escreveu a redagao, sob o titulo "A paz": "... e necessarioque declaremos que nunca pusemos, que nunca poremoso pensamento da redagao do Diario ao soldo das ideiasde nenhum governo. Quando achamos boa ou ma umaideia, bom ou mau um ato que dimana do governo, reservamo-nossempre o direito de aplaudi-lo ou censura-lo; nistovai a nossa independencia, de que nos nao despojamos acusta de nenhum beneficio, e que procuramos manter a custados maiores sacrificios."Pela honra de sermos orgao oficial, nunca trocaremosa liberdade que nos garantiu o pacto fundamental da nagaobrasileira. Em outros tempos assinamos contratos para apublicacao do expediente, nos quais nos obrigavamos a naoinsultar nem caluniar o governo; podiamos faze-lo sempresem quebra de nossa liberdade, porque nunca insultamos nemcaluniamos a ninguem, nem este foi jamais o modo de pro-(51) As "Palavras no ar" foram suspensas dois meses depois.A proposito, escreveu o cronista E. Califourchon (?), a 23 de maiode 1868, n'O Conservador: "A redagao do Diario fechou as portas aosfolhetin's de Mefistofeles", acrescentando: "Para que se meteu a falarem politica?".


80 LUIZ DO NASCIMENTOceder deste Diario. Hoje, esta clausula foi riscada do contrato,com muita honra para o governo, e nem ela em tempoalgum nos coibiu de manifestarmo-nos contra muitos atosdo governo"."A redagao do Diario sabe pensar e julgar; e, pois, naoprecisa de consultar ninguem para emitir seus pensamentos,para manifestar suas apreensoes e seus juizos".Appius divulgou, ainda no mes de julho, uma serie deartigos sob o titulo "Linhas de guerra", acusando, no dia 19,o Jornal do Recife "do pensamento de entenebrecer a verdadeiragloria de que e altamente credor o nobre Marques deCaxias.Encerrando 1868, escreveu o articulista: "O ano que terminahoje foi de provangas para todos os brasileiros; o Diarioparticipou delas, sofreu; mas doeram-lhe mais as dores daPatria que as suas, causaram-lhe mais angustia os sacrificiosdo povo do que os seus"."O ano que comega com a aurora do dia de amanhaainda ha de encontrar entenebrecidos os horizontes da nossaidolatrada patria. Isto faz-nos estremecer de dor, mas naonos desanima; porque sabemos que e atraves de titanicas dificuldadesque os grandes povos rasgam os veus que Ihesencobrem majestosos futuros e encaram a face brilhante dosol da liberdade e do progresso, base de todos os engrandecimentospor que palpita o seio da humanidade"."O ano que amanha se abre encontrara o Diario firmeno seu posto de honra, tendo na sinistra o pavilhao de suascrengas, atado a langa da verdade e flutuando aos ventos daliberdade constitucional, e na destra a balanga da justiga,tendo por fiel o escudo do progresso".Apresentou-se o Diario de Pernambuco. (ainda adotavao ponto final no titulo), em seu primeiro niimero de 1869,datado de 4 de Janeiro, com novo cabegalho. Excluida afaixa de informagoes gerais, figuraram no seu lugar tres linhasde composigao, tipo 10, em toda a largura, contendo osnomes dos agentes da folha no interior e nos outros Estados.Novamente abriu a pagina um retrospecto politico internacional,materia que continuou nas edigoes seguintes e naodeixou mais de ser inserida cada inicio de ano.Ainda por algum tempo funcionou a coluna do PartidoConservador, sendo extinta no fim do ano, no decorrer doqual nao houve alteragao na materia de rotina. Divulgavam-seraras poesias de Jose Francisco de Mendonga, Melo


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 81Morals Filho, J. Borges Carneiro, Luiz de Andrade, <strong>Joaquim</strong>Manuel Vlelra de Melo, Eduardo de Carvalho, Godofredo Autrane outros. A pagina de Literatura alternava com Jurisprudencla,Ciencias, Agricultura e Variedades, segoes quecomo no prlncipio, serlam suprlmldas em cada periodo legislative,cedendo o lugar aos debates da Camara federal.As edigoes de 14 e 16 de margo deram completa coberturaao regresso do 53.° batalhao de voluntarios, divulgando discursospronunciados durante os festejos da recepgao e poemasdeclamados, inclusive de Vitoriano Palhares. Prosseguiu, nomes seguinte, o noticiario, em grande escala, das comemora-Qoes do termino da guerra com o Paraguay, continuando, por-"utro iado, a insergao de pormenores episodicos das ultimaslutas travadas, atraves de correspondencias do sul do continente.No ano a seguir, precisamente a 29 de junho de 1870, umdos raros editorials do matutino defendeu o monsenhor Pintode Campos de acusagoes d'O Liberal, a proposito da inclusaodo seu nome na lista sextupla de candidates k eleigaosenatorial. As edigoes de 7, 8 e 10 de agosto divulgaramo poema "A Terra — estudos astronomicos", com a assinatura???, constituido de 364 quadras de sete silabas, verdadeirorecorde de produgao extensa.Devido a consertos na maquina impressora, a edigao doDiario de 25 de Janeiro de 1871 constou, apenas, de duaspaginas, e, por escassez de papel, as de 14 de marge a 12 deabril sairam com quatro, quando e normal eram oito.Criticas a oposigao politica e ao respective porta-voz, OLiberal, vinham sendo feitas nos "Comunicados" e "Publicagoesa pedido". Enquanto isto, liam-se, de rare em rare,poesias de Joao Batista Regueira Costa, Antonio de SousaPinto, Manuel J. de Castro Vilela, Torres Bandeira, PelinoGuedes, Franctno Cismontano (pseudonimo de Francisco doBrasil Pinto Bandeira e Acioli Vasconcelos), etc.A 2 de Janeiro de 1872, encabegou a "Revista Diiria" alaconica nota a seguir: "Comega hoje o 48.° ano de existenciado nosso Diario. Come nos antecedentes, a marcha de suaredagao sera a mais imparcial e justiceira possivel, quer emrelacao aos interesses gerais do pais e desta provincia em particular,quer enfim aqueles dos nossos assinantes e leitores".Com o primeiro numero do ano, distribuiu-se uma Folhinhade Porta, come vinha acontecendo e centinuou a acontecerdurante longo tempo. Noticiava-se, a 11 de junhe, a


82 LUIZ DO NASCIMENTOposse do novo presidente da provincia, desembargador Franciscode Farias Lemos, em substituigao ao primeiro vice-presidenteem exercicio, Manuel do Nascimento Machado Portela.Foi em 1871/72 que apareceram os primeiros artigosde colaboragao de Silvio Vasconcelos da Silveira Ramos (depoischamado Silvio Romero), focalizando, principalmente, aquestao do indianismo.Em 1873 criava-se nova coluna, denominada "Parte Politica",sob a responsabilidade do Partido Conservador, paradefender o governo provincial de Henrique Pereira de Lucena,acerbamente atacado pelo ainda trissemanario A Provincia epelo tambem periodico O Liberal Pernambucano, com os quaistravou dura polemica.Enquanto isto, Lessing (pseudonimo de Franklin Tavora)langava-se, nas "Publicagoes Solicitadas", edigao de 12 dejulho, contra Tobias Barreto, que criticava Alexandre Herculanoatraves d'O Liberal Pernambucano (52). A 2 deagosto, Um Amigo Dedicado escrevia "O sr. Tobias e oszoilo^".Achava-se em efervescencia a Questao Religiosa, e asegao paga do Diario enchia-se de artigos a respeito, inclusivedo advogado Afonso de Abuquerque Melo, com a serie "Os jesuitas,a Magonaria e os poderes do Estado". So a 17 de Janeirode 1874 entrou o velho orgao com editorial sobre o assunto,para ressaltar a atitude do chefe da administragaoestadual, acusando a do bispo de Olinda, que, sendo "funcionariopublico", se recusara " a obedecer as leis e aos tribunaisdo pais", acentuando, quanto a prisao do prelado, que"a decisao proferida pelo Superior Tribunal de Justiga foi asolucao unica e possivel na grande luta que tao imprudentementefoi provocada pelo sr. D. Vital, que, na sua propaganda,nao encontra apoio na grande maioria da populagao pernambucana".(A prisao efetivou-se no dia 1 de Janeiro,durando o encarceramento pouco mais de 20 meses, ate 17de setembro de 1875).No referido 1874, ocorreu uma edigao excepcional em diade domingo, a 5 de julho, com apenas uma pagina impressa,inaugurando o servigo telegrafico nacional, fornecido pelaAgenda Americana, ao qual foi acrescido, no fim da segunda(52) £ste segundo O Liberal Pernambucano, semanario, existiu,apenas, entre os meses de maio e agosto de 1873 (Ver Vol. V:"Periodicos do Recife — 1876/1900").


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 83quinzena do mes, o noticiario do Exterior, a cargo da AgendaHavas. Logo mais, os telegramas do pals passaram a serenviados por correspondentes especiais. Tambem se instalou,k §poca, a segao "Instrugao Pupular", abrindo a primeirapagina, enquanto os Atos Oficiais passaram a segundopiano. Por outro lado, intensificava-se o noticiario local,continuando a insergao de Correspondencias de toda parte.Nao obstante ser um dos diretores do jornal, Filipe deFigueiroa Faria ocupou as "Publicagoes a pedido", ainda emjulho, repelindo insinuagoes d'A Provincia, no tocante a suanomeagao para o cargo de ajudante de engenheiro fiscal daEstrada de Ferro Sao Francisco, pelo governo da provincia.A 10 de agosto de 1875 voltava o referido diretor as colunasineditoriais, defendendo-se de acusagoes de Silveira Lobo aproposito de um pedido de subvengao para o Diario. Sucederam-seataques ao jornal adverse (53).O assentamento da primeira pedra da construgao do Hospitalde Alienados, em 1874, obra havia algum tempo projetada,mereceu ampla divulgagao, incluindo discursos e poesiasdurante a solenidade.Escreveu o Diario, a 23 de dezembro, que, em consequenciade ordens do governo imperial e baseado em documentoscomprometedores, apreendidos pela policia, o presidente Pereirade Lucena expediu portaria em que ordenava a expulsaodos padres jesuitas, acrescentando que a medida, "reclamadapela seguranga publica, contra a qual conspiravamaqueles inimigos da sociedade moderna", comegara a ser efetivada.Findou o articulista louvando a resolugao do governoimperial. Em artigo assinado, no dia seguinte, monsenhorPinto de Campos fazia um apelo no sentido de que terminasse0 conflito religiose.No dia 31 publicava-se uma demincia do promoterpublico de Olinda, Jose Vicente Meira de Vasconcelos, contrao conego chantre Jose <strong>Joaquim</strong> Camelo de Andrade, por haverincidido no art. 16 do Codigo Criminal, deixando de cumprir0 aviso ministerial que mandou sustar o interdito proibitoriodecretado pelo bispo D. Vital contra a irmandade do Santis-(53) A Provincia, em sua edigao de 13 de agosto de 1875, aasegurouque Manuel de Figueiroa Faria tinha solicitado o apoio doPartido Progressista para a candidatura de um filho ao legislativoprovincial, oferecendo-lhe, em compensagao, a solidariedade do Diariode Pernambuco. A nota a respeito foi transcrita, no dia seguinte,pelo Jornal do Recife e pelo Jornal da Tarde.


84 LUIZ DO NASCIMENTOsimo Sacramento. Depois de pouco tempo, noticiava-se aproniincia e prisao do Conego denunciado.1875/1884Ainda focalizando a magna Questao Religiosa, travararapolemica, de fins de 1874 a principio do ano de 1875, atrav6sdas mesmas colunas do Diario, Pinto de Campos e o advogadoAfonso de Albuquerque Melo.Em data de 8 de Janeiro diziaum editorial, contraditando A Provincia, que "os liberalsJesuitas sao os que movem os quebra-quilos", porque anenhum governo interessava, a sedigao.Prosseguiu a folha com suas 8 paginas, as duas e, asvezes, tres primeiras repletas de materia sisuda (54), Inclu-(54) Num ensaio de critica (capitulo "O jornalista"), escreveriaFaelante da Camara, na edigao d'A Provincia de 1-1-1908 que, em 1875,"a graga, o humor, a ironia cortante nao figuravam nos manuals emvoga nas salas de redagao", citando o Diario de Pernambuco comoexemplo:"Descolorido, sensaborao, como convinha ao orgao do governoe, por igual, patrono oficioso das classes conservadoras, que naquelestempos retrogrades devia descobrir no passo de cagado inconvenientesde celeridade, o seu ar de jusuita consorciava-se com a feigao mazorrados seus redatores de gravata a deux tours e barba a diretorio."A graga nao deveria ser tolerada na mesa eucaristica daouelessacerdotes. A pitada de rape nao poderia coadunar-se com a pitadade sal de Aristofanes."Quando o velho e sisudo pai de familia, depois de tirar da gaveta ostrezentos e vinte reis das suas economias para a compra de um niimeroavulso do Diario, no balcao da rua das Cruzes, se dava ao gozo dese ilustrar nas coisas publicas, era no intuito de ler palavras seriasou ao menos com esse rotulo. O negociante em grosso, com os seuscorrespondentes em Manchester ou o retalhista da rua do Queimado,que ia mesmo em mangas de camisa abastecer o seu armarinho nobairro do Recife, so se extasiava com a leitura dos jornais quandovia desfilar nos artigos de fundo o esquadrao bizarro dos adjetivo3valetudinaries."Era 0 tempo em que o elemento de certeza de um fato se podiaresumir na seguinte formula: — Saiu em letra redonda."Nao havia a reportagem bisbilhoteira que invade os lugarespiiblicos e as casas de familia, o retinto das repartigSes e a intimidadedo lar, no intuito de colher noticias de sensagao ou coscuvilhicessensaboronas."Quando a noticia de um grande escandalo chegava a obter ashonras da gazetilha de um desses jornais pantafagudos, tinha a austeridadeinconfundivel dos cabelos brancos. Todavia so nesse momentoera que o representante das pesadas classes conservadoras Ihepunha o selo da certeza".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 85indo, de quando em quando, poesias de Luiz Francisco daVeiga, Silvio Romero, Antonio Inacio de Torres Bandeira eoutros, sendo mais frequentes as de Francino Cismontano.Escrevia sobre "Medicina" Pereira da Silva.No ano de 1876 excluiu-se a coluna do Partido Conservadore, em abril de 1877, Ganganelli (55) (pseudonimo doConselheiro <strong>Joaquim</strong> Saldanha Marinho) iniciou uma s6riede artigos, sob o titulo "A Igreja e o Estado", transcritos doJornal do Commercio, do Rio de Janeiro, a qual se prolongouate dezembro, atingindo cerca de uma centena.Melhorara, entao, o aspecto do cabegalho, com a retiradada nomenclatura dos agentes, que vinha figurando abaixo dotitulo. A partir de 16 de junho de 1878, divulgavam-se artigossobre Agricultura, assinados por Ceresiades, como seocultava o comendador Antonio Valentim da Silva Barroca.A 13 de dezembro, o Diario inseriu o seguinte e laconicotelegrama, procedente do Rio: "Faleceram: a 9, aqui na Corte,Antonino Jose de Miranda Falcao".. . Nem mais uma nota,um comentario, nem entao nem depois, a respeito da viagempara a eternidade do fundador do orgao mais antigo da AmericaLatina (56).Mais algum tempo e F. Belisario comegou a escrever, emmarco de 1876, as "Questoes constitucionais". Foram outroscolaboradores: Clovis Bevilaqua e Ciridiao Durval. No referidomes, o matutino empenhou-se em polemica com O Tempo(diario filiado ao Partido Conservador), a proposito da proibigaodo trabalho, aos domingos, no comercio e na industria.Em meados de 1880 ocorreu uma hecatombe na cidadeda Vitoria de Santo Antao, provocada por elementos da politicaliberal, merecendo o fato ampla cobertura editorial doDiario de Pernambuco, o qual extravasou sua maior reprovagaono artigo de 1 de jiilho, em que, entre outras consideracoes,sentenciou:"... a indignagao contra tais e tao estupendos fates naotern duas bitolas, nao tem mais de um diapasao: afere-se pelamesma medida, tem o mesmo numero de vibragoes em todosOS coragoes, e por isto o seu tom e o mesmo em todos os espi-(55) Sobrenome do papa Clemente XV — Lourengo Ganganelli.(56) Segundo Mario Melo ("O fundador do Diario de Pernambuco",in "Livro do Nordeste"), Antonino Jose de Miranda Falcaomorreu com 80 anos de idade, em miseria extrema.


86 LUIZ DO NASCIMENTOritos refletidos, que, embora torturados pela dor, nao podemcalar o grito angustioso da reprovagao, que se Ihes escapapara pedir justiga!"Nao, em Pernambuco, mesmo atrav6s das mais cru6isvicissitudes, em meio das lutas terriveis dos partidos de outrora,nunca foram praticados atos de tao grande selvajaria.Disputavam-se os partidos, ate com as armas na mao; trucidavam-semesmo em campo aberto, em plena revolta; mashavia nessas lutas um pouco mais de humanidade, haviamais cavalheirismo, havia mais dignidade de parte a parte,e sobretudo nao havia o refolhamento dos covardes que espreitama vitima para mata-la quando tranqiiila se apresenta."Agora, a coisa foi de outro modo feita. Preparou-se umpiano sangrento, fez-se uma emboscada, um tanto semelhanteas que armam as hienas nas selvas; e quando o bote foi descarregado,tinha-se a certeza do resultado: o assassinate dehomens importantes para vingar pequeninos odios, filhos deuma derrota mui legitimamente infligida no campo eleitoral".Na segunda parte, o editorialista ressaltou as providenciasimediatas da administragao provincial e a atitude tomadapelo governo imperial e pelas duas casas do Parlamento, tudogerando a conviccao de que nao ficariam impunes os crimijiosos,grandes ou pequenos, fossem quais fossem.No dia seguinte, o Diario repelia a coluna do Partido Liberal,do Jornal do Recife, que procurou empalidecer "as tintasnegras do quadro medonho dos acontecimentos da Vitoria".Em junho de 1881, entrou Mario (pseudonimo de Filipede Figueiroa Faria) a escrever substanciosos comentariospoliticos sobre a posigao do Partido Conservador em face daatitude dos adversaries, que, disfargados "sob uma capa conservadora",tentavam, atraves das colunas do Jornal do Recife,"explorar dissidencias que nao existem". Nem semprediariamente, mas durante alguns meses, o redator do Diariofooalizou deslises da politica liberal, contraditandoconceitos expendidos, igualmente, por O Tempo e A Democracia.A par de exaustiva materia noticiosa e politica, eramdivulgadas, de quando em quando, poesias de Pedro Jaques,Tobias Barreto, Carlos Porto Carreiro, Gustavo Adolfo, FranciscoFaelante da Camara Lima, Carneiro de Meneses, BelarminoDourado, <strong>Joaquim</strong> Ramos, Belisario Pernambuco, Hen-


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 87rique de Freitas, Jos§ Veronico S. Junior, Joao Duarte Filho,etc.Na edigao de 18 de dezembro, noticiava-se a posse, nogoverno provincial, de Antonio Epaminondas de Barros Correia(Barao de Contendas), em substituigao ao mineiro Jos§Antonio de Sousa Lima.Ao fechar o ciclo de suas "evolucoes no mundo jomalistico",para encetar "nova Jornada de 365 dias de iguais lutase canseiras", escreveu o Diario longo editorial, a 31 de dezembrode 1881, declarando, em resumo: "Auxiliar a imprensa,ainda mesmo a mais eivada de erros, ate mesmo a que oossaser tida por nociva, e um bem, porque e do choque das ideias,e do embate dos pensamentos, e da pugna das doutrinas quenasce a luz que ilumina, moral e cientificamente, o mundo, aluz que esclarece a verdade, atras da qual corre a humanidadedesde o aparecimento do homem na terra".A 21 de junho de 1882, a primeira pagina apareceu circuladade tarja, com emblema fiinebre e a noticia, ao centro, emfortes caracteres, do falecimento (ocorrido no dia 14, a bordodo paquete ingles "Minho", em viagem para a Europa) deManuel de Figueiroa Faria, coproprietario e redator do Diario,inserindo necrologio na segunda e tarja entre colunas nasdemais paginas (57). Nao se alterou, todavia, a propriedade(57) O tipografo Joao Paulo de Almeida confeccionou e imprimiu,dias depois, um prospecto em homenagem ao extinto, com asdimensoes de 52 x 36, trabalho grafico de grande beleza, para presentearaos leitores do Diario. Constituiu-se da reedigao do primeiromimero do matutino, em fac-simile, as quatro paginas em piano formandoum quadro, com artistica moldura de vinhetas e linhas, emcuja cornija, numa habil colocagao, lia-se: 1825 — 1882 — Tributede gratidao — Monumento ao dr. Manuel de Figueiroa Faria. Nopedestal a esquerda, estavam as palavras: "O decano da imprensabrasileira apresenta-se ao mundo como nasceu; e, lamentando a perdade uma de suas fortes colunas, diz: — O dr. Manuel de FigueiroaFaria descansa na mansao dos justos, e eu caminharei relembrandoo seu noma". No pedestal a direita: "A imprensa, o principal farolda civilizagao, sauda o campeao que conta 58 anos de existencia; e,acompanhando-o na sua Justa dor, diz: — "Caminhai, que o Brasilse orgulha de possuir-te (?) e Pernambuco especialmente se aclaracom as tuas luzes". Finalmente, na base do monumento — verdadeiromonumento de arte grafica — figuravam o nome do autor daobra e o da empresa.A Lanterna Magica ocupou a primeira pagina da sua edigao de30 de junho com excelente litogravura, representada por uma mulherchorando diante de um tumulo; sobre ele, uma pira acesa; ao lado,em primeiro piano, livros, caneta e pena. Abaixo, a legenda: "Amemoria do dr. Manuel de Figueiroa Faria — A Imprensa pernam-


88 LUIZ DO NASCIMENTOda empresa, que permaneceu sob a razao de Manuel Figueiroade (58) Faria & Filhos.Na edigao de 7 de julho, Carlos Gomes assinava uma notade agradecimento as homenagens que recebera em sua passagempelo Recife. Enquanto isto, o Diario vinha divulgandopoesias alusivas ao merito artlstico do grande maestro brasi-Jeiro, o que ocorrera, igualmente, quanto ao acontecimentoprecedente (59).A partir de 1 de Janeiro de 1883, o numero avulso, quecustava $320 desde longo tempo, baixou para $200; um anodepois, reduziu-se para $120 e, finalmente, no primeiro dia de1885, passou para $100. O prego das assinaturas, estabe^.ecidoem 1867, sofreu modificagao, apenas (para fora da cidade),na parcela de "nove meses", da qual foi retirada a fra?aode $250, sendo suprimida a do trimestre.Tomara incremento, em 1883, a campanha pro-aboligaoda escravatura. No mes de margo, Afonso de AlbuquerqueMelo iniciou uma serie de artigos, nas "Publicagoes a pedido",combatendo a definigao de atitude d'A Tribuna, de Joao BarbalhoUchoa Cavalcanti, que sugeria a aboligao pronta, mascom o menor sacrificio possivel. Defendendo a emancipagaoatraves de indenizacoes, Afonso formulou, na edigao do dia29, um projeto de extingao da escravatura para ser executadono periodo de dez anos, libertando, cada ano, em cada municipio,dez por cento do elemento servil. Condenou, depois,o manifesto de 5 de abril, da Comissao Emancipadora do Recife,que defendia a emancipagao integral por municipio, jaentao secundado por colaboradores sob os pseudonimos Agricolae O Agricultor Nortista; este, em artigo do dia 17, salibucanachora a perda do mais amavel, inteligente e laborioso filho".Algum tempo decorrido, noticiou o Diario, edigao de 2 de setembrode 1882, que "empregados, tipografos e revisores" incumbiramLibanio Amaral (famoso desenhista) de executar um retrato, a craione fumo, de Manuel de Figueiroa Faria, o qual foi exposto na LivrariaIndustrial, a rua Nova, e oferecido a viiiva no dia 14.(58) Enquanto o ascendente usava o sobrenome Figaeiroa de,OS descendentes preferiram de Figueiroa.(59) Era um costume da epoca. Os poetas nao deixavam passarsem a homenagem do seu estro os grandes acontecimentos nem osmomentos culminantes das personalidades nacionais ou provincialsNao havia solenidade ou enterro de gente da alta roda sem longasdeclamagSes de versos, afora os discursos de encomenda.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 89entara que "os abolicionistas exaltados" pretendiam arruinara classe agricola.Em linguagem violenta, Afonso de Albuquerque polemizavacom A Tribuna (trissemanario e, depois, diario) e comUm abolicionista, do Jomal do Recife, chamando-o de "bandido".Mas a campanha findou com a nota de 24 de abril,intitulada "Ao publico", na qual Afonso frisava que o Clubeda Lavoura da Escada vinha pagando a insergao de seus artigosdiarios em dois jornais; entretanto, a aprovagao dosestatutos desse orgao tornou patente a exigencia do cumprimentoda lei de 28 de setembro; diante disso, "nao tendo sidopossivel demove-los", retirava-se do Clube, concluindo: "Largoa pena ate achar quem, sociedade ou individuo, queirapagar a impressao de meus escritos, combatendo os excessos,assim do abolicionismo como do escravocratismo, onde querque ele se manifeste".A redagao, propriamente, do Diario nao se manifestavas6bre o assunto. A 12 de julho, Crncinatus iniciou uma seriede artigos, intitulados "Emancipagao dos escravos", em respostaa H. B. Rohan, da Gazeta de Noticias, do Rio de Janeiro,atraves da transcrigao deste no Jomal do Recife, Diziaele, inicialmente, que a extingao, de chofre, seria "extinguir,matar a principal forga produtora da lavoura, sem pesar osmais vitais interesses do pais".Outra polemica intensa, mas de carater juridico, foi mantida,seguidamente, nos meses de junho e julho, pelo professorJose <strong>Joaquim</strong> de Oliveira Fonseca, com os professores HenriqueMilet e J. J. Seabra, os quais emitiam seus pontos devista pelas colunas do Jomal do Recife (Ver Vol. II: "Diariosdo Recife — 1829/1900").As "Publicagoes a pedido" eram o ponto de convergenciados polemizadores, politicos ou nao, ocupando longo espagodo jornal. Ali fazia-se a defesa da administragao provincialdo desembargador Jose Manuel de Freitas, em artigos com aassinatura L., contradizendo criticas d'O Tempo. Enquantoisto, Tobias Barreto entrava em polemica com padres do Maranhao(artigos d'A Civiliza?ao, transcritos no Recife), ajudadospor Sacerdos Pernambucensis e outros padres locals.Bateu-se, ao mesmo tempo, com Hunger (pseudonimo do medicoAntonio Siqueira Carneiro da Cunha), tudo a propositode um discurso de paraninfo do ilustre sergipano, publicadona edigao de 23 de junho. O Diario republicou, naturalmentecomo materia paga, uma serie de versos assinados pelo


90 LUIZ DO NASCIMENTODr. Lourengo Furtado de Mendonga, que levava Tobias a umrediculo inominavel, e outra de artigos de <strong>Joaquim</strong> de Albuquerque(o padre Fonseca), que atacou o mestre por todosOS lados. Muito se escreveu em torno da questao, atravesde pseudonimos, ora criticando ora apoiando os principiosdefendidos no discurso.Alem dessa atividade, decorrida no segundo semestre doano, Tobias Barreto escreveu sobre "Pontos de Direito Romano",rebatendo o filosofo Jose Soriano de Sousa, e, napagina literaria, assinou a serie "Ensaio da pre-historia daliteratura classica alema", prosseguindo pelo ano seguinte,com diferentes assuntos, ora jurldicos, ora literarios, inclusiveas "Glosas heterodoxas a um dos motes do dia".No periodo de 1883/1884, apareciam pegas literarias, emprosa, de Bento Americo; T. de Magalhaes, com a serie "Viagemao Egito"; Franca Junior, Spencer Neto e outros, alemde transcrigoes diversas e dos folhetins, jamais interrompidos,divulgando romance atras de romance; e poesias assinadaspor Luiz Baltar, Zeferino Clandido Galvao Filho (cujos primeirosvoos dataram de abril de 1883), <strong>Joaquim</strong> Tiago daFonseca, Figueiroa Sobrinho, Andre Catanho, MagalhaesPorto, Camerino Sobrinho, Rangel Sobrinho, Paulo Pereira("Humorismo"), Olimpio Bonald, Amaro Pessoa, A. Carlos,Dias Barroso, Alcedo Marrocos, etc.Em principio de 1884, o Diario substituiu sua tipagem,inaugurando "nova Jornada aparelhado de novo material",sem alterar, porem, o formato (60). E desprezou, desde aprimeira edigao do ano, o inexplicavel ponto final do titulo.Nos meses de junho/julho inseriu, na oitava p^na, um "Esbogocronologico de Pernambuco", da autoria de Antonio doCarmo Serafim e Silva, cujas informagoes, quanto a imprensapreterita, pecam pela omissao e pelo erro. Cheeou elea registrar que o Diario de Pernambuco comegou a publicarseno dia 12 de setembro de 1824.. .Ante a expectativa de eleigoes proximas, intensificou-sea literatura politica das "Publicagoes a pedido", e, precisamentea 1.° de outubro do referido ano, Afonso de AlbuquerqueMelo iniciou longa serie de artigos contra a candidatura a(60) Achando que o formato do Diario era muito grande, e para darmenos trabalho ao leitor, a "Encadernagao Comercial" fundou, emnovembro de 1884, O Neto do Diario, nas dimensoes de 13 x 9, do'qualsairam poucos mimeros (Ver vol. V: "Periodicos do Recife — 1851/1875").


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 91deputado geral de Jose Mariano Carneiro da Cunha, a quematacou desabridamente, terminando sua catilinaria de 18 denovembro por pedir votos para si proprio aos eleitores: "Vinde,que venceremos o escravocrata fazendeiro"; "vinde com ovosso voto em segredo"; "nao e preciso ficar mal visto dealguem a quem nao podeis dizer que nao; sustentai de publicoas promessas feitas aos grandes e votai ficando em paz coma vossa consciencia e bem com Deus".A 30 de outubro, na segao "Variedades", da oitava pagina,comegou P. S. de A. Galvao (Pergentino Saraiva de ArroxelasGalvao) a divulgar "Os proverbios da lingua portuguesacom um apendice dos de origem brasileira", reduzidosa versos, publicagao extensa, que se prolongou at6 o ano seguinte.Em novembro, ainda de 1884, voltou o comentaristaMario (Filipe de Figueiroa Faria) a segao "Comunicados",para defender "a bandeira conservadora" contra ataques deGladstone (pseudonimo de Fernando de Castro Pais Barreto),no Jornal do Recife, ocupando-se, igualmente, da questaoservil e seu aspecto politico.1885/1894Como ocorria desde muitos anos, a primeira edigao de1885 foi iniciada, continuando por varies dias, com o "Retrospectopolitico" do ano anterior, seguido do "Retrospectocomercial" redigido, sempre, por Ant6nio de Sousa Pinto, quetinha, igualmente, a seu cargo a selegao da materia literaria.Nas "Publicagoes a pedido", Henrique Pereira de Lucenadivulgou longos artigos em defesa das acusagoes que Ihe moviaSigismundo Gongalves, atrav6s da Camara Federal e doJornal do Commercio, do Rio. "A questao das carnes verdes"vinha merecendo editorials do Diario, contra o monopolioexistente, assunto largamente debatido pelos interessados,nas colunas pagas. Na pagina competente, liam-se artigosde literatura de Alfredo Falcao, Gaspar Regueira, Silva Leitaoe outros, e poesias de Moreira de Vasconcelos, Figueiroa Sobrinho,Jorge Ramel, Higino Cunha (em frances), CandidoT. dos Reis, Jos6 de Castro e Silva, Edistio Martins, GongalvesLima, Luiz Bastos e Piolym Donalb (Olimpio Bonald). Procedentede Hamburgo, na Alemanha, divulgou-se, na segao"Variedades", da oitava pagina, a 29 de agosto do referido


92 LUIZ DO NASCIMENTOano, a primeira produgao literaria de Alfredo de Carvalho,sob o titulo "Vitor Hugo — tragos biograficos" (61).Em julho de 1886, um dos diretores do orgao, Filipe deFigueiroa Faria, apresentava-se candidato a Camara Federal,sendo eleito. A partir de novembro, um Aviso da empresa ofereciavantagens aos novos anunciantes, inclusive o abatimentode 1$000 aos do interior da provincia que pagassemadiantado um semestre. O jornalista avulso Afonso de AlbuquerqueMelo, que aparecia, de vez em quando, assinandolongos artigos, sobre assuntos diversos, nas "Publicac5es apedido", voltou a divulgar, no segundo semestre do referidoano, outra serie de catilinarias contra o lider politico JoseMariano.Prosseguiu intensa a Jornada do Diario de Pernambucoem 1887, inserindo artigos de polemica contra a coluna doPartido Liberal do Jornal do Recife, mas sem a responsabilidadeda redacao, que se mantinha neutra. Apareciam nas"Publicagoes a pedido" artigos e notas de diversos feitios, firmadospor pseudonimos como Socrates, Themis, Juvenal, Catao,Salisbury, O velho da montanha, Um amigo, Um liberal.Harrisen, A alma do Bode, A verdade, etc. O ultimo, emsubstancioso artigo de 10 de setembro, chamava <strong>Joaquim</strong> <strong>Nabuco</strong>"aventureiro politico", Na parte competente, liam-sepoesias de Severino de Araujo, Joao Pessoa (da Paraiba), QueuesJunior e, mais freqiientemente, de Manuel Cavalcanti deMelo Filho, Artigos sobre Jurisprudencia eram assinadospor <strong>Joaquim</strong> Correia de Araujo; e nao faltavam sempre "Comunicados",os mais diversos, contra o Jornal do Recife.Em data de 28 de outubro, noticiando a posse do novo presidenteda provincia, Inacio <strong>Joaquim</strong> de Sousa Leao, escreveuo Diario que a administracao de Pedro Vicente de Azevedo,de apenas um ano, fora "benefica, porque soube ser justiceira,previdente e criteriosa".A oitava pagina continuava a manter seu padrao, divulgandoJurisprudencia, Variedades e, principalmente, Literatura,esta com artigos ou cronicas de J. Tiago da Fonseca,(61) Numa nota de pe de pagina, escreveu o Diario de Pernambuco:"O escrito que se vai ler e de uma crianga de pouco mais de14 anos. Seria injustiga exigir mais de idade tao tenra. O meninoautormostra ja uma inteligencia cultivada e capaz de grandes produgoesno futuro. Ha nele alguma coisa da admiravel precocidade quedistinguiu o grande genio cuja brilhante vida inspirou a estreia literariado sr. Alfredo de Carvalho".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 93Laura da Fonseca, Manuel Ferreira Ribeiro, Jos6 AugustoPorto Carreiro e outros, al6m de transcrigoes; poesias de OvidioFilho, Odlareg Midnal e Baron G. J. d'Herpent (emfrances), e charadas, a cargo de Trigo de Loureiro. Findou,porem, a 31 de maio de 1888, o fastigio dessa oitava pagina,cuja materia foi substituida por aniincios, respeitado, apenas,o rodape, onde apareciam sucessivos romances, o que naosofreu solucao de continuidade pelo tempo a fora. Emcompensagao, criaram-se, nas paginas comuns, novas segoes,como "Industrias e Artes", "Religiao" e "Finangas", esta iniciadacom uma serie de artigos de Francisco Amintas de CarvalhoMoura, vindo depois "Ciencias", com a serie "Economiapolitica", de Henrique Milet, raros trabalhos de Literaturae, diariamente, a segao "Um pouco de tudo".A aboligao da escravatura (13 de maio de 1888) foi grandementeexaltada pelo Diario, que fez divulgar um boletim,na cidade, contendo telegramas recebidos as 13 1/2 horas,logo apos a aprovagao, pela Camara Federal, do projeto.Outro boletim foi distribuido as 23 horas, com telegrama sobrea sangao da lei pela princesa Isabel. Apos o grande acontecimento,o matutino so voltou a circular no dia 17, em virtudedas "festas da liberdade", para que seus operarios delasparticipassem. Em compensagao, acompanhou a edigao dodia um niimero especial, dedicado ao conselheiro Joao AlfredoCorreia de Oliveira.Nesse ano, o matutino divulgou alguns artigos de <strong>Joaquim</strong><strong>Nabuco</strong> e, de 1 de julho ate 9 de dezembro, aos domingos,0 rodap6 "Cartas sem arte", admiraveis cronicas de CarneiroVilela, que ainda apareceu no primeiro domingo doano seguinte, mas nao prosseguiu.Na ultima edigao do ano — 30 de dezembro — lia-se anota seguinte: "Aquiescendo aos desejos manifestados pelosnossos empregados, e tambem para que possamos resfolegarum pouco, nao daremos folha na proxima terga-feira, dandoasomente na quinta-feira, por estarem fechadas as nossasoficinas nestes tres dias. O tempo sera aproveitado paraefetuarmos a mudanga completa do tipo do Diario, que aparecerano dia 2 de Janeiro inteiramente novo".Em sua segunda edigao de 1889, dia 3, elogiou a administragaoprovincial do desembargador <strong>Joaquim</strong> Jose Oliveirade Andrade, entao substituido por Inocencio Marques deAraujo Gois, homem que "nao tinha duas palavras, mas umaso" (segundo a edigao de 25 de Janeiro), o qual, por sua vez.


94 LUIZ DO NASCIMENTOs6 permaneceu como presidente ate 25 de abril, quando entregoua fungao a Inacio <strong>Joaquim</strong> de Sousa Leao (Barao deSousa Leao), chamado ao governo, pela quarta vez, na qualidadede vice-presidente. fiste, porem, como era das praxesde efemeridade da epoca, nao foi alem de 22 de junho, substituindo-oAugusto de Sousa Leao, que por sua vez transmitiu0 posto, no mes seguinte, ao Conselheiro Manuel Alves deAraiijo, depois Barao de Caiara, tendo este conseguidomanter-se no poder ate 15 de novembro. Precisamentenesta data, ainda nomeado pelo governo imperial, assumiua presidencia de Pernambuco o lider politico SigismundoGongalves, cuja gestao durou apenas 32 horas. fique, proclamada a Republica, viu-se designado, no dia 16,para o governo provisorio local o coronel Jose Cerqueira deAguiar Lima, e este, pouco tempo depois, o transmitiu aomarechal Jose Semeao de Oliveira.No primeiro semestre do referido 889, Carlos, depois Carlosd'Aubeville (pseudonimo de <strong>Joaquim</strong> Tiago da Fonseca),redigia a segao "De domingo a domingo" (62), que nao demorou,mas reapareceu no ano seguinte; Henrique Milet escreveua serie de artigos "Questoes filosoficas"; Afonso deAlbuquerque Melo voltou aos "a pedido", com as "Notas desentimento"; liam-se artigos redacionais sobre o emprestimoestadual, em contradita a A Provincia, e sobre "A questao dafarinha", em debate com o Jornal do Recife, alem de seremfocalizados outros assuntos, de natureza politica ou econofnica,mantida a defesa do governo provincial nos "Comimicados"e "Publicagoes a pedido", onde vieram a aparecer, jdem setembro, pequenas notas assinadas por Jokomensek(pseudonimo de M. Pinto C. Pessoa), sob o titulo "Altos ebaixos", logo suspensas porque ele pretendia fazer oposigaoao governo. Na mesma segao o conselheiro Rosa e Silva rebateu,em alguns artigos, assergoes de Lourengo de Sa (estepelo Jornal do Recife), chamando-o (edicao de 25/9) "estelionatariopolitico". Gaspar de Drumond escreveu sobreo "caso Crispim", tao focalizado pela A Provincia; e CecilianoMamede sobre a "Companhia do Beberibe", questao da qualse ocupava toda a imprensa, em face da poluigao das aguas.Foi nesse ano que o Diario incluiu no seu noticiario a segao(62) As cronicas "De domingo a domingo" foram enfeixadas emlivro no ano seguinte.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 95pioneira "Sport", ocupada com o movimento hipico entaoiniciado no Recife.Ainda a 16 e 17 de setembro, comentan'^o telegramasprocedentes do Rio de Janeiro, dizia o Diario '-^ue uma revolugaoseria a "conseqiiencia fatal" da origem suspeita do gabineteliberal de 7 de junho, acentuando, num segundo editorial,que 0 Brasil precisava de paz piiblica e esta so poderiavir com "'o concurso dos elementos libertadores". Finalmente,veio a proclamagao da Repiiblica, tendo a empresadivulgado boletins vespertinos com o noticiario telegraficodos acontecimentos (63). Na edigao de 19 de novembro, sobo titulo "Consumatum!...", escrevia o articulista: "A repiiblicatern carencia de ser conservadora"; do con^-rario, naosubsistiria. Foi entao retirado do cabegalho o eirblema dasarmas imperials.A partir de 24 de dezembro, dizia uma nota de aberturada primeira pagina que o Diario resolvera "mimosear aosseus assinantes" que pagassem "adiantado um ano de assinaturacom um volume, a escolha de cada um, c'e diversosromances e outras obras literarias", costume que permaneceudurante varios anos.Iniciado 1890, sofreu ligeira alteragao o prego da assinaturaanual, que passou a ser de 23$000 para a "capital e lugaresonde nao se paga po^-te" e de 26$000 para "dentro efora do Estado". Apos descansar algum tempo, voltou Afonsode Albuquerque, em fevereiro, a assinar as "Notas de sentimento",entao com o sub-titulo "Deus e a Repiiblica". Ja nosegundo semestre, de agosto a setembro, liam-se "Questoesde Direito Internacional", por Bias.Rescindido, pela administragao do Conselheiro Alves deAraiijo, o respective contrato, o Diario deixou de ser orgaooficial a 20 de margo do referido ano, mas recuperou tal posigaonos primeiros dias de agosto, quando assumiu o governo0 Barao de Lucena (Henrique Pereira de Lucena), para istodesistindo da agao de perdas e danos que propusera a Fazenda.E defendeu esse governo, atacado pelo Jornal do Re-(63) Um Boletim do Diario, datado de 17-11-1889 e impressoem papel almago, com duas colunas de composigao, na altura de trintacentimetres, acha-se exposto, emoldurado, no saguao do predio doInstitute Arqueologico, Historico e Geografico Pernambucano. Nelese encontra a proclamagao do marechal Deodoro da Fonseca, que assumiraa chefia do Governo Provisorio da Republica. So um ano aposascendeu a Presidencia Constitucional, eleito por sufragio indireto.


96 LUIZ DO NASCIMENTOcife, chegando a escrever, quando o substituiu o desembargadorJose Antonio Correia da Silva, a 24 de outubro, num"Comunicado" a proposito de sua administragao de apenasdois meses e dezoito dias: "Foi um periodo criador"; "umaquadra eleitoral pacificamente conduzida"; uma "administragaosem exemplo nos anais desta terra!", citando-lhe umaporcao de realizagoes.Criada a segao "Historia", o matutino divulgou, no fimdo ano, o estudo sob a epigrafe "Estabelecimento e desenvolvimentoda imprensa em Pernambuco" (64), de autoriade Francisco Augusto Pereira da Costa.A 1.° de Janeiro de 1891, explicava uma nota da primeirapagina que, como o fizeram os demais proprietarios de tipografias,a empresa atendera as justas reclamacoes dos seustipografos, aumentando-lhes o salario; todavia, apesar doonus criado, mantinha a mesma tabela de assinaturas eanuncios.No artigo de fundo da mesma edigao, intitulado "O anode 1890", lia-se: "Foi, nao ha constesta-lo, um ano feliz para0 Brasil o que acaba de volver ao passado, ate porque raravez e sem carater inquietador, pois nao denunciou doengaprofunda, foi perturbada a ordem publica, que em geral semanteve bem, a despeito dos pruridos dos noveleiros, sempredispostos a verem sombrios os horizontes como que prenunciandodesgracas". Noutro topico: "As instituigoes criadasa 15 de novembro de 1889 ganharam imenso na consciencianacional; e o futuro se nos apresenta agora com melhoresincentives e mais esperangoso delineamento". O editorialistafocalizou todas as ocorrencias politicas, concluindo pordesejar que 1891 fosse lun feliz continuador do ano que findara.Na segao "Variedades", publicou Dantas Barreto, a partirde 25 de Janeiro, alguns artigos, intitulados "Viagem pelorio Sao Francisco", de volta da missao que Ihe confiara o governo,como oficial do Exercito, acompanhado de tropas, "pararestabelecer a ordem e a disciplina" na vila de Jatoba.Nao obstante a modificagao da oitava pagina, mostrava-se0 Diario bem variado, divulgando bastante materia, asaber: Servigo Telegrafico; "Instrugao Popular"; Atos Oficiais;(64) O estudo em tela fora dado a estampa quirze anos antes,no Jornal do Recife, edigao de 1 de outubro de 1875, reduzido o titulopara "Estabelecimento da Imprensa em Pernambuco".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 97"Industrias e Artes"; "Revista Diaria" (noticiario desenvolvido);"Urn pouco de tudo" (onde saiam raros versos); "Historia"(artigos de J. Tiago da Fonseca); Jurisprudencia; noticiarioespecial dos municipios do interior do Estado; noticiarioparlamentar; as vezes "Politica"; Bibliografia; extensasegao comercial e "Comunicados". No primeiro trimestredo ano mencionado, periodo pre-eleitoral, esteve repleta asegao "Publicagoes a pedido", de artigos e proclamagoes decandidatos e cabos eleitorais.Num "Comunicado" (sem assinatura) de 9 de abril de1891, arrematando uma serie de artigos, o matutino faziaa defesa do governo no caso da concessao de auxilios para acriagao de usinas de agucar, em resposta a acusagoes do Jorfisddo Recife. Nao responderia, porem, aos doestos e insultos.Tambem nesse mes, desde a edigao do dia 18, Ignotus divulgoua serie "A imprensa oposicionista perante a historia".Outros "Comunicados" eram assinados por Civis. Ja antes,Ignotus Civis escrevera a serie "A republicanizagao do Brasilperante a historia" (depois divulgada em livro), alem de artigospoliticos. Ocultava-se nesses pseudonimos FranciscoAmintas de Carvalho Moura.Mais dois meses e o Diario congratulava-se com a aprovagaoe promulgagao da Constituigao estadual, que tornou"a ex-provincia de Pernambuco um Estado autonomo naUniao Federal Brasileira"; com a eleigao do Barao de Lucenae do desembargador Jose Antonio Correia da Silva, para governadore vice-governador, e com a decretagao doferiado de 17 de junho. Verificada a reniincia do Barao deLucena, que nao chegou a governar, o Congresso elegeu, a18 de setembro, o desembargador, que ja vinha exercendo ogoverno desde meses atras.A 26 de junho, voltaram a figurar, para a assinaturaanual, os pregos de 24S000 e 27$000, respectivamente, dentroe fora da cidade, e se restabeleceu a parcela de nove meses:20$250.Sobrevieram, em dezembro de 1891, graves acontecimentospoliticos, que levaram Floriano Peixoto, no exercicio da Presidenciada Republica em consequencia da deposigao deDeodoro da Fonseca, a designar uma Junta Governativapara Pernambuco, e o Diario, aparentemente neutro, noticiandoos fatos com certa isengao de animos, polemizou,rijamente, com A Provincia e com o Estado de Pernambuco,atraves dos chamados "Comunicados". Com o segundo dos


93 LUIZ DO NASCIMENTOreferidos jornais, manteve J. Tiago da Fonseca, um dosredatores do Diario, aceso debate nas "Publicagoes a pedido".Iniciou Silvio Romero, a 29 de dezembro, uma serie deartigos, sob a epigrafe "Consideragoes sobre o ensino publico".Estreou o ano de 1892 nova tabela de assinaturas, asaber: Para a capital e lugares onde nao se paga porte: tresmeses adiantados — 6$000; idem, vencidos — 7$000; anoadiantado — 24$000; idem, vencido — 28$000; para lugaresonde se paga porte: seis meses adiantados — 13$500; idem,vencidos — 15$500; ano adiantado — 27$000; idem, vencido— 31$000.Continuaram os "Comunicados", entao sob o titulo "Notaspara a historia da revolugao de 18 de dezembro", comacres censuras a A Provincia e aos seus diretor e redatorchefe,Jose Maria e Jose Mariano, acusado, principalmente,0 primeiro, como provocador das ocorrencias do Recife. A21 de abril noticiava-se a posse do governador AlexandreJose Barbosa Lima, cuja administragao, consoante um "Comunicado",era o "complemento da revolugao de 18 de dezembro",para firmar "a doutrina republicana em Pernambuco".Escrevendo, de quando em quando, series de artigos decritica, ora politica, ora financeira, ora social, Afonso deAlbuquerque Melo, em longa estirada nos "a pedido" doDiario de 28 de abril, apresentou-se candidato a senador.Frisou que, havia quinze anos, se vinha candidatando ao Congresso,"para servir a patria", e so conseguiu uma segundasupllpncia. Foi deputado a Assembleia Legislativa apenasvinte dias, la brigando com os partidos Liberal e Conservador.Voltaram a ocupar vasto espago da segao paga "A questaodo gas" e a "Companhia do Beberibe", dizendo um articulista,a 29 de abril: "... o povo esta sendo envenenado".Tendo "em vista a extraordinaria elevagao dos pregosde todos OS artigos que necessarios se tornam a publicagaode uma folha e tendo, principalmente, em consideragao aalga de 37% obtida de 1891 ate hoje pelo pessoal tipograficoem seus respectivos salarios", o Diario aumentou, a partirde 1 de maio, a tabela de publicagoes pagas, que, de acordocom OS demais diarios da capital, ficou sendo a seguinte, porlinha: Solicitadas — $150; anuncios para os assinantes —


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 993O8O; idem para nao assinantes — S120; editais, declaragoes6 leiloes — $100; avisos — $200; memoriais — $250.A data comemorativa da aboligao da escravatura, declarada,no terceiro ano, feriado nacional, mereceu destaquedo matutino, que divulgou, na primeira pagina, artigos deJ. Tiago da Fonseca, Figueiroa Sobrinho, Alfredo de Toledoe Maria Amelia de Queiroz. Ao mesmo tempo que noticiavaas solenidades levadas a efeito, o Diario anunciou havercirculado um jornal especial — o 13 de maio (ver Vol. VI:"Periodicos do Recife — 1876/1900") — redigido por jornalistase membros das associagoes abolicionistas, o que constituiuuma iniciativa da imprensa local, nada obstante algunsorgaos Ihe terem negado apoio, ocorrendo, em conseqiiencia,ligeira polemica com A Provincia, atraves de artigosde Figueiroa Sobrinho, seguidos dos de J. Tiago da Fonseca,em serie, sob a epigrafe "As festas de 13 de maio".Em artigo de 8 de junho de 1892, sob o titulo "A Imprensa",Figueiroa Sobrinho escalpelou o anonimato e adiatribe, como "duas tragas terriveis do grande livro dascivilizagoes". Concitando a extingao de tais vicios, o redatorco-proprietario do Diario apontava o meio mais praticode dar-lhes cabo: "E os srs. proprietarios e redatores de jornaisnao aceitarem absolutamente a verrina, seja la qualfor a procedencia, seja qual for a condigao". E concluiu,depois de amplas consideragoes: "Os nossos bons companheiros,os nossos laboriosos operarios, em nome da "UniaoTipografica", ja iniciaram uma campanha nesse sentido, emsessao de 29 de maio, tendo em vista o soerguimento dos creditosda imprensa pernambucana. Honrosa, esta atitudeconstituira trincheiras inexpugnaveis em torno da nossaimprensa, impedindo o passo aos seus ludibriosos inimigos.So assim desaparecera a verrina e, com ela, o anonimato".Em outro artigo, no dia 11, Figueiroa Sobrinho defendeuseu ponto de vista, contra opinioes em contrario. Oescritor continuou a ventilar temas diferentes, em artigosda primeira pagina, alternando-os com J. Tiago da Fonseca.Por intermedio de uma comissao especial, da qual participavaJoao Ezequiel de Oliveira Luz, a Uniao TipograficaPernambucana dirigiu longo memorial aos "proprietarios deoficinas tipograficas e redatores de jornais", inserido no Diariode Pernambuco de 28 de julho, fazerido longa exposigaodos males causados a imprensa pelos excessos de linguagem,para concluir pedindo nao aceitarem escrito algum "em lin-


100 LUIZ DO NASCIMENTOguagem livre, baixa ou de sentido ambiguo", cuja interpretagaopudesse ser "ofensiva a reputagao e carater de quernquer que seja, sem distingao de cor politica, de seita religiosaou de posigao social". A medida estendia-se a extingao doanonimato, tudo valendo pela "regeneragao da imprensa".Abaixo do memorial, divulgado nas "Publicagoes a pedido",vinham, de per si, as respostas emitidas pelas diversasempresas jornalisticas, todas alegando nao Ihes caber a medidaporque os respectivos jornais nao abusavam de linguagem.O proprio Diario, que esposara a campanha, naoreconhecia, "com relagao a si, a necessidade que sugeris etendes por proficua", opiniao subscrita pelo Jomal do Recife.For sua vez, A Provincia acentuou que o anonimatoja estava ablido por lei do Estado (65) e, quanto aos excessosde linguagem, "nada mais irrealizavel do que pretendea classe tipografica". Tal ponto de vista foi confirmadopela Repiiblica e pelo Estado de Pernambuco. Outrasdeclaragoes fizeram Era Nova, o Commercio de Pernambucoe a Gazeta da Tarde, empresa esta ultima que achou havera classe dos graficos invadido "uma alcada superior", terminandoassim frustrado o movimento.Enquanto isto, prosseguia a polemica com o Jornal doRecife, que atacava o governo estadual. Sucessivos artigos,nos "Comunicados" e nas "Publicagoes a pedido", viam-seinseridos no Diario, visando principalmente a personalidadede Martins Junior, entao a frente do orgao oposicionista,firmados com pseudonimos, tais como Justos, Argus,Nestor, Benjamin Constant, Washington, Nunes Machado,Silva Jardim (66) e outros, ou sem assinatura.Mostrava-se, entao, mais variada e interessante a materiado Diario. Em junho do referido ano, ocorria a seriede artigos de Silvio Romero intitulada "Partidos politicosna Republica brasileira", a que se seguiram outros, sobreFilosofia. Liam-se tambem trabalhos, em prosa, de MeloMorals Filho e Maria Amalia Vaz de Carvalho; poesias de(65) Uma lei a qual ninguem obedecia...(66) Estranhavel, a aplicagao de nomes de ilustres desaparecidos,como pseudonimos. Silva Jardim, per exemplo, o granderepublicano, faleceu a 1 de julho de 1891 e, urn ano depois' ja firmavaartigos sobre a politica de oposigao ao governo estadual fisse metodofoi mtroduzido, alias, por Faelante da Camara, n'A Provincia o qualusou, em 1888, o travesti Lincoln.'


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOIQlCorina de Alencar, Efe Esse, Carlos Mariz e Manuel Arao;ensaios de Direito, de Clovis Bevilaqua; artigos de Medicina,de Nina Rodrigues; e de Jurisprudencia, de Materno de Carvalho,ao passo que Afonso de Albuquerque Melo voltava,de vez em quando, com prolixos "a pedido". Pertencia,ja, ao corpo redacional, o professor Artunio Vieira.Tendo perdido, seis meses antes, o respectivo contrato,voltou 0 Diario a publicar os atos do governo, como orgaooficial, a partir de 28 de junho do referido ano.A edicao de 26 de outubro, ainda 1892, divulgou, precedendoo editorial do dia, o seguinte oficio, assinado pelocoronel Juliao Augusto de Serra Martins, comandante do 14.°Batalhao de Infantaria, e dirigido ao governador do Estado:"Considerai-vos preso, em vosso palacio, a ordem domarechal Presidente da Repiiblica, pelos insultos que medirigistes nos jornais do Recife de 23 e de hoje, 25, cujosdocumentos enviei ao comandante do Distrito, para os devidosfins, o que tudo ja participei por telegrama ao mesmomarechal". O Governador Barbosa Lima mandou copia do"estranho oficio" ao Comandante do 2.° pistrito Militar,que imediatamente destituiu aquele oficial do comando emandou prende-lo.Janeiro de 1893 foi iniciado com a "Cronica da semana"(aos domingos), de Manuel Arao, novo redator do matutino,que tambem passou a escrever a nota Quotidianas" e poesias.Mais colaboradores foram surgindo, como Joao Emiliano, MateusCoimbra, Olimpio Galvao, Joao da Silveira Borges Tavora(Jurisprudencia), Demostenes de Olinda, Jose Coelho,Celso Vieira, Julio Pires ("Linguistica"), Ernesto de PaulaSantos, outro redator; Artur Bahia, Paulo de Arruda, TargeliaBarreto de Meneses, Epaminondas de Albuquerque, AugustoAristeu, etc.Acontecimento pela primeira vez verificado no Recifefoi a insergao, no Diario, edigao de 4 de abril de 1893, de umanuncio de pagina inteira — a oitava. Coube tamanhorasgo de publicidade a "Companhia Usina Cansangao deSinimbu".Em setembro desse ano, ocorreu forte polemica com oJornal do Recife, a proposito da revolta da esquadra brasileira.Mas, no artigo do dia 22, intitulado "Ultima verba",dizia o Diario: "... o confrade apanhou nas sargetas dasruas uma porgao de lama e jogou-a contra nos. Cedemos-Ihe a palma da vitoria nessas batalhas de lama". So vol-


102 LUIZ DO NASCIMENTOtaria quando o oponente adotasse "praticas mais decentes";ainda assim, teria o cuidado de munir-se de alguns frascosde acido fenico para preservar-se dos "microbios da lama".Consoante nota redacional, divulgada dias seguidos, oencarecimento geral da vida em todos os setores, inclusiveo aumento do salario dos tipografos, o depreciamento dopapel-moeda e a elevacao dos direitos de entrada do materialnecessario a imprensa impuseram ligeira modificacaonas tabelas de precos, para comecar a 1." de outubro, a saber:assinaturas para a cidade: ano — 30S000; semestre —15S000; trimestre — 8S000; para "os lugares onde se pagaporte": ano — 33S000; semestre — 16S500; trimestre —8$800, continuando a 100 reis o numero avulso. Publicagoespagas, por linha: "A pedido" — S180; anuncios paraassinantes — SlOO; para os nao assinantes — $150, editais— S150; memorials e avisos — S250; leiloes e declaragoes— S120.Dando completa cobertura aos acontecimentos do Riode Janeiro, o Diario noticiou, laconicamente, a prisao de JoseMariano e de Gongalves Maia, redatores d'A Provincia, apontadoscomo cumplices da revolta da esquadra.Foram outros colaboradores: Rodolfo Galvao ("Higienepublica"), Odilon Nestor, Severino Barbosa, Pedro d'Able,Artunio Vieira, etc., tendo comecado a 13 de Janeiro de 18940 "Retrospecto literario" do ano anterior, assinado por Olimpiode A. Galvao.Nesse ano, precisamente a 11 de margo, estreou a secao"Pagina do domingo" (a oitava do jornal), sob a diregaode Joao Batista Regueira Costa, ele proprio assinando poesiase uma serie de artigos sobre "Pre-historia", e mais acolaboragao de Ernesto de Aquino Fonseca, com a tradugaodo drama, em cinco atos, "Hernani", de Victor Hugo; artigosde socioloRia, por Clovls Bevilaqua; poesias de Antonio PeregrineMaciel Monteiro (transcrigao), Almeida Cunha,Jose de Vasconcelos, Aderbal de Carvalho, <strong>Joaquim</strong> da CostaRibeiro, Francino Cismontano (postumo), Alfredo deSousa, F. Otaviano de Almeida Rosa, Luiz Guimaraes Junior,Joao Candido e outros. Essa interessante secao, todavia,nao passou da edigao de 23 de dezembro, voltando apagina a ser ocupada por anuncios, como nos dias uteis,apenas contrabalancada com o eterno folhetim-rodape. Aepoca, ocupava Pedro Brasil a chefia da oficina grafica.Na segunda pagina foram introduzidas as se§6es "As


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 103efemerides pernambucanas", por Melquisedec de AlbuquerqueLima, e "Filosofia", a 5 de agosto, com a serie "Descobertado paraiso terrestre e da lingua primitiva falada desdeAdao ate Babel", traduzida do frances por A.C.A.P.1895/1904Iniciado 1895, ainda figurava, como materia principal,o "Retrospecto politico", divulgado atraves de inumeras edicoes,com o relato das ocorrencias principals dos paises daEuropa, America e Asia. Havia, igualmente, um "Retrospectocomercial". Surgiram, nesse ano, versos de FranciscoBarreto de Meneses. Nas edigoes de 18 e 19 de Janeiro,alguem, com assinatura de asteriscos (***), divulgouduas cronicas, intituladas "A questao literaria", defendendoOS intelectuais do Gremio Tobias Barreto, atacados pelovespertine A Cidade, principalmente Manuel Arao e Ernestode Paula Santos.Os fatos de 4 de margo, quando foi assassinado JoseMaria de Albuquerque Melo, tiveram a cobertura noticiosaprecisa do Diario, sem comentarios, a nao ser nos "a pedido".So dez dias depois, o matutino langou extenso editorial,na primeira pagina, no qual declarou nao ser maispossivel "sopitar as magoas"; precisava desabafar, em beneficiodo seu carater. Referia-se ao "inaudito acontecimento"da rua 24 de Maio, defendendo-se e defendendo ogoverno dos baldoes de que eram vitimas, das "infundadassuspeitas e dos sopitados odios". "Presos pela gratidao" aBarbosa Lima, nao podiam os do Diario abandona-lo "nomomento mais critico de sua administragao"; nao, S. Ex.* naoteria interesse em autorizar o assassinio de Jose Maria, o"que seria bastante para obrumbar os brilhos do seu governo"e "so isto bastava para salpicar de sangue as ideias doseu partido". Apos lembrar os momentos dificeis d'A Provincia,em que o Diario esteve ao seu lado, acentuou: "oorgao oposicionista nao se farta de doestar-nos", concluindoque nao eram "desnaturados irmaos de Guttenberg" (67).(67) Mais tarde, a 30/12/1904, comentaria Taliao, nas "Publicagoesa pedido" do Diario de Pernambuco: "Nao ha no mundo paisalgum em que a imprensa politica tenha dado razao a esse odio assassinoe selvatico, especialidade so da grei deleteria de Pernambuco".


104 LUIZ DO NASCIMENTOSeguiram-se, nos "a pedido", artigos do conselheiroRosa e Silva, em sua defesa; de Justus, sob o titulo "Na defensiva"(68), criticando, inclusive, a atitude de MartinsJunior: de Argus, D'Aguesseau e outros, que ocupavam colunase mais colunas, todos ressaltando a inculpabilidade _dogovernador Barbosa Lima e atacando os jornais da oposi§ao,que exploraram, meses a fio, a morte de Jose Maria, do queresultou sobrevirem restrigoes a imprensa.No ano em referenda faleceu, a 17 de maio, na Europa,0 co-proprietario da empresa Filipe de Figueiroa Faria (69).Seis dias apos, o matutino ocupava toda a sua primeira paginacom artistico trabalho, em vinhetas, representando ummausoleu, com emblema funebre ao alto e, no centro, o distico:"A memoria do dr. Filipe de Figueiroa Faria — homenagemdos tipografos do Diario de Pernambuco"; em baixo,palavras de saudade. As sete paginas restantes da edigaotraziam linhas de tarja intercolunais, vindo na terceira o necrologjoe mais artigos sobre a personalidade do extinto,assinados por Guilherme Patricio B. C, Julio Soares deAzevedo, Figueiroa Sobrinho, A. J. de Guimaraes Lobo, FortunatoPinheiro e Parisio Valadares.Sob 0 titulo "Imprensa", abriu a primeira pagina daedicao de 9 de julho de 1895 um editorial de trinta centimetrosde altura, tipo corpo 8, entrelinhado, sobre a lei n.°140, que regulava a materia, dizendo, no segundo perlodo:"Ao contrario do que tern pensado outros, o Diario de Pernambuconao ve motivos por que a imprensa, que bem compreendeos seus deveres e a sua missao, possa condenar essalei, que, longe de vir restringir-lhe a agao, longe de pear assuas regalias, vem dignificar mais a sua missao."Estranhamos que haja quern sustente que esta noanonimato, sem responsabilidade, a liberdade de imprensa;que esta nesse abuso de escandalizar a sociedade com escritosque destoam das boas normas da educagao, nesse pelourinhoerguido no lar das familias, que o temem — que(68) Os artigos de Justos (pseudonimo que nao foi possivel identificar)foram, no mesmo ano, enfeixados num volume de 50 paginas,sob o titulo "Na defensive — Comentarios a morte do Dr. Jose Maria",impresso na oficina do Diario de Pernambuco.(69) Os tres filhos do "velho Figueiroa" que tiveram influenciana diregao do Diario morreram fora do Recife. Sempre que doentes,encaminhavam-se ao Exterior, procurando, em vao, recuperar a saiide.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 105esta nisto, dizemos, a independencia e enaltecimento daimprensa, a sua norma de agir, os fins que possa visar".Citando o conceito de Emilio Castelar, de que "a imprensae 0 grande pedestal de todas as boas ideias", frisouo articulista: "A lei n.^ 140 nao faz mais do que por essasideias em execugao, sem melindrar os jornalistas na sua bemcompreendida liberdade, sem estreitar a orbita luminosaonde deve girar a imprensa, que, antes de todos os interesses,tern o grandissimo dever de velar pelos interesses gerais,tendo sempre, quaisquer que sejam os seus principios, desfraldadaa grande bandeira sob a qual se abrigam todas asideias que nasceram visando a enaltccer a patria comum. ODiario aceita com satisfacao a lei n." 140, porque ve nelatragado o programa que desejaria houvesse sido sempre anorma de agir da imprensa moralizada e criteriosa, da imprensaque visa outros fins muito diferentes das retaliacoesindividuals que so concorrem para desabafos de paixoes incontidas,que tao deponente impressao causam aos espiritosretos e por indole alheios a essas questiunculas inglorias quedepoem dos creditos de quem as provoca e as alimenta".Tendo como gerente o co-proprietario Miguel de FigueiroaFaria^ o Diario passou a divulgar, desde 11 de julho, deacordo com a lei n.° 140, o nome dos seus redatores: AntonioVitruvio Pinto Bandeira e Acioli Vasconcelos e Manuel Arao.Vinham sendo publicados versos de Honorio Carrilho, CarlosMariz e Manuel Cacalcanti de Melo Filho. No ultimo trimestredesse ano — ainda 1895 — tornaram-se comuns osartigos de fundo, que sempre foram raros, ocupando-se oeditorialista de temas gerais, tais como Agricultura, Economia,Trabalho, Comercio, Indiistria, Ensino, Comunicagoes,melhoramentos publicos, politica internacional, etc. Um avisode 30 de outubro dava conta de que o Sindicato Internacionalde Publicidade, com sede no Rio de Janeiro, se achavaautorizado a fazer assinaturas e assinar contratos de anunciospara o Diario. O major Jose Domingues Codeceira assinavaartigos de Historia e liam-se poesias de Joao Barreto deMeneses.Imenso foi o editorial de abertura do ano de 1896, queocupou tres colunas da edigao de 1 de Janeiro e continuou,no dia 3, com outras tres. Alem da materia de rotina, destacaram-se,no primeiro trimestre, os "a pedido" de FortunatoPinheiro; novamente Afonso de Albuquerque Melo,


106 LUIZ DO NASCIMENTOJ'33'6 -^e mais o dr. Abelardo de Vasconcelos, este com os "Contosmatutinos", de critica a A Provincia.A 17 de margo, anunciava a chegada ao Recife do conselheiroFrancisco de Assis Rosa e Silva, ja considerando-ochefe do Partido Republicano Federal no Estado; e a 8 deabril dava a substituigao, no governo pernambucano, deBarbosa Lima, pelo desembargador <strong>Joaquim</strong> Correia deAraujo, sendo vice-governador Jose Marcelino da Rosa eSilva.O editorial de 15 de agosto apelava para o Comercio e aIndustria, no sentido de concorrerem pro-aquisicao de umacasa destinada a sede da Uniao Tipografica, sendo dedicadosao assunto outros artigos.Nos ultimos meses do ano mostrava-se decadente oDiario de Pernambuco, material e intelectualmente, nadaobstante bem redigidos editorials (70). Eram muito rarosOS colaboradores, a destacar Artur Bahia e Joao de Deus-(71). Nos "a pedido" fazia-se a apologia do governo estaduale do llder Rosa e Silva e atacava-se A Provincia, enquantoocupavam longo espaco as publicagoes oficiais.Iniciado 1897, o corpo redacional foi acrescido dos nomesde Jose Pinto Mendes e Antonio Coelho Pinheiro, figurandocomo colaboradores, sempre raros, Venceslau de Queiroz eGaspar R. C. Uchoa. A partir de 6 de novembro aumentouo prego da vendagem avulsa do Diario para $200, o que todavianao foi alem de 28 de abril do ano seguinte, voltandoaos SIOO. Nos meses de Janeiro e fevereiro de J.898^ publicnuFernando Barroca longa serie de artigos intitulados"Notas de Viagem". Voltou a abrir a primeira pagina asegao "Instrugao Popular" e liam-se poesias de Luiz GuimaraesJunior.A 6 de agosto desse ano faleceu Miguel de FigueiroaFaria. principal proprietario e airetor do Diario. divnrg-andose,no dia seguinte, um quadro, em toda a altura das seiscolunas centrals da primeira pagina, com o necrologio doextinto, aparccendo as demais tarjadas. Sobre o extintoescreveram A. J. de Gusmao Lobo, Fortunato Pinheiro,(70) Ainda apareciam, ao pe dos editorials, constantes corrigendasdo artigo anterior, dando a entender que os revisores nao eramcuidadosos.(71) A 10/11/1896, Joao de Deus divulgava o soneto "Saudadesdo Ceu".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 107Julio Scares de Azevedo e J. Elias de Albuquerque RegoBarros, os dois liltimos em versos. Tendo o falecimentoocorrido em Lisboa, aonde fora Miguel tratar da saude, ocorpo foi trazido para o Recife pelo navio ingles "Thames",levando o matutino a dedicar ao acontecimento as edigoesde 18 e 20.No fim do referido mes deixava a gerencia da empresaAntonio Pinto Mendes, sendo substituido por Filipe de Fi-_gueiroa Faria Sobrinho, enquanto entrava para o corpoYedacional Jose Ferreira Muniz.Procurando compensar deficiencias, voltou o Diario,desde 15 de Janeiro de_1899, a ocupar sua oitava pagina commateria de agradavel leitura, sob o titulo geral "Album doDomingo", onde pudesse o leitor, "descansando dos laboresde uma semana inteira de trabalho, repousar o espirito comuma leitura amena e variada, sem outro programa que naoseja a sua propria variedade e ligeireza de assuntos". Serviria,segundo a nota de apresentagao, "a todos os paladares"."Assim. ao lado da mais grave noticia cientifica, divulgadaa ultima hora, o leitor encontrara o conto aereo,bordado com toda a gaze de ouro dos espiritos fantasiosos,ao lado da critica, uma despretensiosa noticia; ao lado danota tragica, o soneto leve".Constituida, pois, a oitava pagina, de produgoes ligeiras,sem omitir o eterno folhetim, alem de curiosidades e algumasanedotas, nela escreveram, sucessivamente, quer emprosa, quer em verso, Acrisio Mota, Olimpio Galvao, AgostinhoVelho, Odilon Nestor, Spencer Neto, Leopoldo Brigido,Pedro Sousa Pinto, Venceslau de Queiroz, L. GuimaraesJunior, Ana de Castro Osorio, L. Meira, Luiz Delfino, AntonioSales, Escragnole Doria, Neto Machado, A. Leal, Fragade Castro, Targino Filho, Olavo Bilac, Georgina Teixeira,Frota Pessoa, Artur Bahia, Antonio Silva, Delfim Cavalcanti,Coelho Neto, Julio Cesar da Silva, Julio Cesar Machado, JuliaLopes de Almeida, Mendes Martins, B. Paixao, GasparUchoa, Pedro Botelho, Manuel Duarte, Auta de Sousa, SebastiaoFernandes, Pereira da Silva, <strong>Joaquim</strong> Freire, GastaoDiniz, Cesario de Azevedo, Fernando Griz, Estevao Lellis,Augusto de Carvalho, Alcides Baltar, Jose Roc (Jose Roque),Antonio Ramos, Ribeiro da Silva, Viana de Carvalho, Raul


1Q3LUIZ DO NASCIMENTOCorreia, Carlos Porto Carreiro (72), Olimpio Bonald, YoyoPatusco, Francesco Marotti (versos no idioma italiano),Otavio Cavalcanti e diversos outros, inclusive algumas transcricoes.O "Album" era dirigido por Manuel Arao, que assinavaa cronica "Impressoes da praia", sob o pseudonimo deMacario Rubens, e a nota "Pombo Correio", feito Macario,o Secretario, censurando os trabalhos recebidos para publicar.Ajudava-o nesse mister Clemente, o Assistente, queera Braulio Cunha e tambem se assinava Clemente Velascona secao "A carteira do Clemente"; vindo depois Canute, oSubstitute, travesti de Olimpio Galvao.A 11 de margo desse ano, Antonio Coelho Pinheiro deixava0 corpo redacional, sendo substituido, a 29, por Goulartde Andrade. Mais alguns meses e, a 7 de julho, o redatorFerreira Muniz passou a figurar, ao lado de Figueiroa Sobrinho,como diretor.No mes de junho iniciava-se, nas "Publicagoes a pedido"e nos "Comunicados", forte campanha contra Delmiro Gouveia,que se dizia ameacado de morte, e de defesa do governadordo Estado e do iider Rosa e Silva. Em julho lia-sea serie de artigos "Banditismo politico", em que se fustigavaA Provincia, atacando os "alugados do sr. Jose Mariano,hoje assalariados pelo sr. Delmiro Gouveia, essesinfelizes desclassiflcados socials", "esses rigoletos da imprensapernambucana, esses imprudentes atassalhadores dasreputacoes imaculadas". O proprio governador Correia deAraujo assinava artigos em sua defesa; outros eram firmadoscom os pseudonimos Juvenal, Eglantine e Gneist, etranscreviam-se comentarios, no mesmo sentido, do Estadodo Pernambuco, tendo este orgao situacionista afirmado, a25 de julho, que os artigos assinados por Delmiro Gouveiaeram escritos por Goncalves Maia, redator do jornal que odefendia.Novas secoes foram criadas no segundo semestre doano, para amenizar a decadencia do jornal, inclusive "Parnaso"(nos dias uteis), "Medicina" e "Correio da Moda". A19 de setembro, a empresa convidava os redatores "a apresentaremseus titulos devidamente legalizados, a fim de(72) Em rodape, no "Album do Domingo", divulgou CarlosPorto Carreiro, a partir de setembro de 1899, sua tradugao da pegadramatica "Os romanescos", de Edmond Rostand.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 109serem atendidos no inventario" a que se procedia, no momento,pelo Juizo de orfaos.Ao iniciar-se 1900, a redagao estava confiada a AntonioVitruvio, Manuel Arao e Jose Pinto Mendes, continuandoo jornal mal impresso e sem atrativos, senao o "Album dodomingo", onde tambem subscreveram trabalhos, em provaou verso, Luisa Leornado, Canuto Vasques, A. F. Barata("A lingua portuguesa"), Antonio Soares, Simao d'Armada,Lisboa Filho, Joao de Carvalho Junior, Teodorico Rodrigues,Aldo de Alencar, pseudonimo do academico Augusto Rodrigues;Mateus de Albuquerque, Adalgiso Tupinamba, M. daCunha Matos, Braz, o Rapaz, e Benevenuto, o Matuto. Veioa travar-se caloroso debate literario entre os redatores do"Album", de um lado, com os respectivos pseudonimos, edo outro, n'A Provincia, Alceste (Celso Vieira), ate que, a 15de abril, Manuel Arao subscreveu uma nota, na qual fezsentir que nao continuaria a tratar das "Questoes literarias",em que seu nome foi envolvido, porque "do outro ladovieram as retaliagoes pessoais". Dessa pugna participaraCarlos Porto Carreiro, com um unico artigo, a 18 de fevereiro,de critica a Alceste, sob o pseudonimo de Tenorio, o Supletorio.Outra contenda travou Manuel Arao, que iniciara,na mesma data, a divulgacao do seu "O drama do odio", emfolhetim, tambem no "Album do Domingo", defendendo-ode criticas de Jose Lima, formuladas atraves d'A Provincia.Em junho o Diario mudou de formato, novamente, passandoao in-folio maximo, com apenas quatro paginas, entrandopara o cabegalho , como redator, o nome de BraulioCunha. O "Album do Domingo" foi localizado na segundametade da primeira pagina, para durar ainda ate 29 de ju-Iho (73). Dias depois, precisamente a 9 de agosto, despedia-seo novo redator.Continuava a decadencia do Diario. Fora alguns editorialse a secao "Revista Diaria", que mantinha a linha donotlciario, so os "a pedido" de Ceciliano Mamede, com "Aquestao das aguas", se destacavam nas suas colunas, repletas,na maior parte, de anuncios e materia desinteressante,sem falar nos Atos Oficiais. Candido de Figueiredo publicou,entao, notas diarias, por algum tempo, sob o titulo "Oque se nao deve dizer", depois enfeixadas em livro.(73) Alfredo de Carvalho (obra citada) registrou, por engano,que o "Album do Domingo" findara com a edigao de 27 de maio.


110 LUIZ DO NASCIMENTOFindou o ano e, ao iniciar-se o seculo XX, precisamenteno dia 1 de Janeiro de 1901, o matutino diminuiu oformato para cinco colunas (53 x 36), aumentando o niimerode paginas para oito. fi que, tendo a maquina grandede sofrer reparos, passou a ser impresso, pessimamente impresso,numa velha Marinoni de porte bem menor, em caratertemporario. Trouxe, entao, bem elaborado editorial,a salientar os seguintes topicos:"Cristo, ha dezenove seculos, proclamou a igualdade dohomem: e essa igualdade atravessou como uma quimera avastidao dos tempos, vivendo como um germe prodigioso nofundo do coragao humano, resistindo ao despotismo de todosOS tiranos, bebendo seiva no coragao de cada martir, orandofervoroso na hora de cada sacrificio novo. Foi em nome daquelapalavra de Cristo que o seculo que finda, principalmente,agitou-se; e e em nome dessa palavra que novas lutase novas conquistas se iniciarao na nova fase."A verdade — diz muito bem o autor das "Memorias daLiteratura Contemporanea" — e que a sociedade esta maisproxima da religiao de Cristo do que nessas eras desoladasem que vivia poderoso e ardente o entusiasmo religioso. Ainteligencia substituiu-se a espada; o dogma da igualdadecivil dissipou os restos de uma escravidao aviltante; o principioda liberdade individual triunfa na sociedade modernae as classes aproximam-se umas das outras, pela comunhaode ideias, pela ligagao de interesses, pelo progressivo movlmentoda ilustragao que tende a nivela-las."Que, pots, 0 novo seculo saiba levar avante essa nobreheranga que Ihe e dada, cumprindo assim aquele pensamentode Lopes Mendonga, quando diz muito bem que a vidada humanidade nao existe selada num sepulcro e deve renascer,como um novo Messias, para regenerar as geragoese remi-las da agonia do seu sofrimento".Alem do editorial em cada edigao, o Diario so divulgava,nessa fase de formato diminuido, atos oficiais, longa correspondenciade Portugal, relagao de pessoas inumadas noscemiterios, raros telegramas, sucinto noticiario e aniincios.Era das piores a impressao e os leitores naturalmente escasseavam.Consoante Alfredo de Carvalho (74), "o seu desaparecimentoinglorio era fatal, apos tantos lustros de fecundaatividade".(74) "Anais".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO m ,._Finalmente, rematando esse periodo de desajustamento,o jornal foi suspenso a 24 de mar go de 1901, quando divulgou0 seguinte aviso: "Tendo de proceder-se a reformas completas,quer no material, quer nos moldes deste Diario, quepassa a nova fase, prevenimos aos nossos leitores e assinantesque fica suspensa a sua publicagao ate os primeiros dias deabril p. vindouro, quando o Diario reaparecera reformado"..EQSta_em hasta publica, a empresa fora adquirida pelo "j^ j^W-Consel^jrolRpsa e Silva (75), que entre"goir a direQao do >"matutino ao jornalista Artur Orlando. Ressurgiu, assim, ,^^tili>cx.a 20 de abril do mesmo ano. apresentando-se completa- \0,r) \mente reformado na parte material, com agradavel aspecto,nada obstante ter voltado ao formato maximo, oito colunasde composigao e quatro paginas. Lia-se, entao:"A nova fase do Diario de Pernambuco nem significametamorfose, nem traduz ressurreigao. A metamorfoseimplicaria um contraste entre seu longo passado, o maiorpassado jornalistico do Brasil, e o quer que fosse de surpreendenteno presente; a ressurreigao importaria a repeticaoda sua antiga vida sem ajuntar alguma coisa de novo naatualidade. Defender o passado contra o futuro como queseria patrocinar o erro contra a verdade, o mal contra o bem,a inercia contra a atividade. Por sua vez, nem toda mudangaequivale a progresso, nem todo sonho e nova imagemantecipada da realidade. A nova fase do Diario de Pernambucooutro sentido nao tem senao o de adaptacao fecundaao genio luminoso de seu tempo".Noutro topico: "Nossa preocupagao sera nao tan to aeloqiiencia quanto a informagao. Com a linguagem dosfatos e acontecimentos e que pretendemos formar a opiniao.Entretanto, para que a informagao seja uma realidade viva,duas condigoes se impoem: plena liberdade de pensar, maximacuriosidade publica. Por mais ampla, porem, que sejaa livre publicidade, ela nao autoriza a indiscrigao nem alicenciosidade, nem o escandalo. Quanto a injuria, a difa-(75) A proposito, publicou o Jornal Pequeno, de 20/12/1900:"Pelo agente Gusmao, foi vendida, hoje, em leilao efetuado na ruaMarques de Olinda n.° 13, a empresa do Diario de Pernambuco.Apareceram diversas (jfertas, sendo o lance maior, o de 52 contos dereis, feito por um negociante da rua do Queimado, que supoe o nossoreporter ter sido o sr. Albino Narciso Maia. Por este foi dito ao leiloeiroque a compra era efetuada pelo conselheiro Francisco de Assis Rosa eSilva".


112 LUIZ DO NASCIMENTOmanao e ao insulto, sao processes indignos da imprensa, quepara fazer sucesso nao precisa manejar senao uma arma —a verdade franca e leal. O Diario de Pernambuco continuaraa ser um jornal nao partidario".Instalado a praga da Independencia ns. 2 e 4, o matutinoteve seu corpo redacional assim constituido: Artur deAlbuquerque, Joao Batista de Albuquerque Sales, AlmeidaCunha, Franga Pereira, Jose Pinto Mendes, Manuel Arao(poucos dias apos afastado) (76) e o reporter Afonso Liicio,sendo gerente Ceciliano Mamede. Tabela de assinaturaspara todo o Brasil: ano — 30S000; semestre — 16000.Abrindo a pagina, lia-se: "A nova fase administrativa doDiario nada tem com o seu passado".A 1." de maio escrevia o novo articulista: "No dia daglorificacao do Trabalho, o Diario de Pernambuco aproveitaa ocasiao para lembrar que e preciso completar a disciplinado pensamento com a disciplina do brago, a educagao intelectualcom a educagao profissional. Somente deste modosera possivel obter uma educagao integral, armar o cidadao,nao para a guerra mas para a paz, fazendo-lhe compreenderas afinidades da justiga e da economia, do direito e do trabalho,das relagSes juridicas e dos interesses economicos.Enquanto nao for organizado o ensino profissional obrigatorio,ao lado do ensino intelectual, a educagao sera uma burla,e nao servira senao para agravar o malestar social, aumentando0 numero dos desclassificados, dos improdutivos".Foram criadas segoes como "Movimento agricola"; "Aarte brasileira"; "Cigarras", cronica de Frivolino; "Cartasdo Rio"; "Sumario da Imprensa"; "Reportagem do dia"; sucintas"Notas estrangeiras"; "Notas do Norte" e "do Sul";"Toques", quadra humoristica, pelo Dr. Badalo (pseudonimode Durval de Brito); "Fogos de Sao Joao", por Faisca;"Mel de abelhas", por Pollux (em polemica satirica com^76) Comentou a revista critico-satirica Lanterna Magica(edicao de 10/5/1901) que, "apos nove anos de labor incessante", sedesligou Manuel Arao do Diario de Pernambuco. Aludiu ao devotamentodo escritor quando "do terrivel morbus que aniquilou o Diario;enquanto colegas retiravam-se, cansados de um trabalho sem remuneragao",ele se manteve firme. Quando a empresa passou a outrasmaos, quis sair, mas um amigo "prometeu mante-lo na redagao, comas honras a que tinha direito pelo seu brilhante passado". Nao foicumpnda a promessa; Manuel Arao saiu, indo ocultar sua magoa emmodesto retiro. Concluiu a Lanterna Magica: "O Diario nao Iheconsagrou uma linha".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOUSCastor, d'A Provincia); "Atos e fatbs", por Fradique Perez;"Tipos da epoca", a cargo de Renato de Olinda e ArnaldoLemos; e "Pelo Correio", que se dispunha a "criticar todasas linhas do Diario, desde a coluna dos editorials ate a das"Cigarras"; alem da materia de rotina, com noticiario variadoe regular servigo telegrafico, a cargo do correspondenteno Rio de Janeiro, Jovino Aires. Ainda em abril, a 21, teveinicio a divulgagao, em rodape dominical, do "Cyrano de Bergerac",de Edmond Rostand, na tradugao de Carlos PortoCarreiro (77).Outros colaboradores: F. A. Pereira da Costa, com as"Reminiscencias historicas pernambucanas"; Prado Sampaio,Clovis Bevilaqua; Dudu Peralta (outro pseudonimo deDurval de Brito), humorismo em prosa e verso; Silvio Romero,com as "Polemicas" (prefacio ao livro de Tobias Barreto);Antonio Sales, Francisca Isidora (poesia), etc. Iniciou-se,a 14 de julho, a segao "Os sete dias", aos domingos,e, no dia 31, comegavam "Os municipios", estendendo "ateas localidades do centro do Estado as franquias das paginasda imprensa". Transcreviam-se artigos de Manuel Vitorino,da imprensa carioca. As edigoes de 14 e 15 de agosto dedicaramgrande espago, promovendo a transcrigao de artigos dejornais do Rio e discursos parlamentares, ao "ruinosocontrato de arrendamento das estradas de ferro do Norte daRepublica com empresas estrangeiras". Prosseguiu a divulgagaodos atos do governo, como orgao oficial, mediante aassinatura, a 11 de junho, do termo de aceitagao do contratoexistente com o Estado (78). Enquanto isto, nao deixava0 Diario de acometer, de rijo, contra o orgao oposicionista eseu principal redator Gongalves Maia, sobretudo atraves dasnovas segoes de satiras "Ziz-Zags" e "Piparotes", ambas semassinatura.(77) A famosa tradugao, em versos, ja tinha sido divulgada, em1899, atraves d'A Provincia.(78) O contrato, vindo da anterior administragao do Diario econtinuado sem alteragao, atribuia ao Estado uma despesa anual de50.000S000, mediante as seguintes obrigagoes: publicar todos os atosdo governo, suas mensagens ao Legislative, todo o expediente dasSecretarias e repartigoes delas dependentes; fornecer livros de guiasda Recebedoria; imprimir em livros o expediente divulgado, leis,regulamentos, instrugoes, orgamentos, relatorios e anexos; publicar, sobo titulo "Comunicados", artigos originals que, em defesa da administragao,forem enviados de ordem do governador ou dos secretarios deEstado, e finalmente, fornecer duzentos exemplares do jornal.


114 LUIZ DO NASCIMENTORegistando, em artigo de mais de uma coluna, na edi-Qao de 4 de outubro de 1901, o aniversario natallcio do conselheiroRosa e Silva, frisou o editorialista, a par de longosclogios ao dono da empresa: "O jornal simples instrumentode polemica ou de combatividade desapareceu com o desaparecimentodo "romantismo politico" e com o advento dapolitica realista". Devido "ao dr. Rosa e Silva, o Diario dePernambuco 6 hoje um jornal moderno, nao uma simplesarma de agressao ou mero instrumento de informagao, masum verdadeiro orgao de educagao civica, um manual cotidianode propaganda social, moral e estetica, na frase pitorescade Edmundo Pilon, um livro em fatias, servido aspiessas".Atingindo o seu 78.° aniversario de fundagao, o Diariosolenizou-o a 7 de novembro, pela primeira vez na data certa,ao mesmo tempo que inaugurava nova impressora "Marinoni"e motor Charron, com a presenga de personalidades,escrevendo que a edigao do dia fora composta "com tipos dosmelhores fabricantes franceses, da mesma qualidade dosusados pelos jornais parisienses e quase todos os jornais doRio".Lia-se no artigo comemorativo: "Melhorado, como seacha, em sua parte material, tecnica e redacional, oferecendosob a forma da mais nitida impressao as mais exatase minuciosas informagoes, quer por telegramas, quer porcorrespondencias, quer por estatisticas, quer por cronicas, oDiario afigura-se-nos que esta em condigoes de satisfazer asexigencias de um jornal moderno, instrumento de educagaomoral e intelectual, manual cotidiano de propaganda sociale estetica".Almeida Cunha focalizou a data num poema, inseridona primeira pagina, com o maior destaque; e o Dr. Badalo,que ja vinha divulgando a segao "A semana em badaladas",escreveu "Toque de festa", da qual sao as quadras a seguir:"Bato no bronze, rigido, vibrandoUm toque cheio de contentamentos.Hoje e dia de festa! Repicando,O meu prazer atiro aos quatro ventos.Ressone, estrepitoso, o campanario,Aturda as ougas, badalando afoito,No dia alegre em que o vovo DiarioConta muitos cajus: setenta e oito!


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 115Respondam-me, leitores; nao comoveA forga deste velho tao pujante,Que apareceu no sec'lo DezenoveE no vinte penetra, assim, brilhante?!"Permaneceu brilhante a nova fase do Diario de Pernambuco,voltando a publicar folhetins, criando outras segoes, comoa "Cronica Teatral", de Lelio; Noticias Militares; "Colcheias",de versos humoristicos, por Sustenido, transcrigao deartigos de Vieira Souto e poesias de Franga Pereira, FariaNeves Sobrinho, Almeida Cunha e outros.Em 1902, a par do "Kaleidoscopio", comegou a 5 de Janeiro"O manuscrito do pai Silencio", constituido de pequenassentengas, por Guerin; e a 9 de fevereiro, pela primeiravez, abriu-se espago, na primeira pagina, para satiras carnavalescas,sob o titulo "Troga humoristica". O novo redatorFaria Neves Sobrinho iniciou, entao, a segao de versos satirico-humoristicos"Rua das Conversas", usando o pseudonimoLulu Sena, mudada, a 13 de agosto, para "Rua das Amarguras";a 16 de outubro, para "Estrada dos Aflitos" (as vezesem prosa, quando justificou: "ja se ve, pois, que e basicodo meu carater o odio a invariabilidade"; a 24 de novembro,passou para "Moscas por cordas" e, finalmente, a 8 deJaneiro do ano seguinte, para "Na maciota...", que permaneceu,tendo grande receptividade, dada a ironia desencadeadacontra os politicos da oposigao.Ainda em meados de 1902 criavam-se as segoes "Notasdos tempos", "Notas literarias", "Conversa fiada", "Prosasem rima", "Uma surpresa por dia", "Calungrafia', por ServioTiilio; "Zincografia homeopatica", por Conceigao; "Notasindiscretas", umas substituindo outras, tendo sido admitidoscomo redatores Anibal Freire e Fernando Barroca e, como reporter,Joao da Mata. Novos colaboradores: Mario Sete, ElisaLaura de Almeida Cunha, Carlos Mariz e Orlando Teixeira.Nesse ano, inaugurara-se, na sala da redagao, precisamentea 29 de julho, um retrato emoldurado do proprietarioda empresa, F. A. Rosa e Silva, trabalho executado pelo admiravelpintor Antonio Vera Cruz.Atraves de artigos e nas segoes satiricas, nao deixava o"mais antigo da America Latina" de atacar A Provincia, oJornal Pequeno e a Folha do Povo, os quais faziam restrigoesa politica dominante no Estado, com eles polemizando.Em Janeiro de 1903 comegava a segao "Varias"; e o ro-


W|116 LmZ DO NASCIMENTOdape "Os sete dias" foi substituido pelo intitulado "De domingoa domingo", a cargo de Artur de Albuquerque, ora assinadoA. de A., ora sem assinatura, focalizando sempretemas diferentes. Artigos de colaboragao eram firmadospor Amelia de Freitas Bevilaqua; vieram as "Bisbilhotices"e as novas segoes humoristicas "Traquinando", por Bambine,e "Mimos", por Mimoso, Artur Orlando, alem de lancarsubstanciosos artigos assinados, passou a escrever a cronicaligeira "A lapis", sem assinatura nenhuma, por algumtempo transmitida do Rio de Janeiro; divulgavam-se poesiasde Dionisio Maia, Francisco Barreto de Meneses, Gervasio Fioravanti,etc.; artigos de Laudelino Freire e a cronica "Aos dommgose quintas", por Trapebo. Nesse ano a gerencia estevea cargo de Aurelio Tavares, sendo administrador da oficinaJose Marques da Trindade. No mes de setembro iniciava-sea segao "A moda do Rio", em correspondencia quinzenal, assinadapor Henriette.OJ^C^ Surgiram, em principio de Janeiro de 1904, pela prim^fjiira- yez, as mancnetes, em toda a largufa da pagma, com carac-_XLO teres vistosos, nas quais, em duas ou tres linhas, se resumiamOS assuntos principals do dia. Duraram pouco. No mes deabril, depois do "Lapijando", iniciava-se nova secao satirica,intitulada "Respingos" (ainda de Artur Orlando), temposdepois substituidos por "Entreprelos", em oposigao a "Entrefolhas",d'A Provincia. Apareceu a "Carta de Portugal", assinadapor Joao Justo. Liam-se raras poesias de Mario Seina(pseudonimo do professor Joao Feliciano da Mota e AlbuquerqueFilho) e de Odilon Nestor, e artigos de Jules Bois,Faria Neves Sobrinho, a par da segao "Na maciota.. .", quese prolongou at6 1907, com raros intervalos (79), e FrangaPereira, este nao mais no cargo de redator. Novo reporter:Nilo Camara; revisores: Alfredo dos Anjos e Olivio Camara.Por outro lado, Artur Orlando, em vez de diretor, passou afigurar, no cabegalho, como redator-chefe.1905/1914Foram colaboradores em 1905: Candido Acaua Ribeiro,Joao Barreto de Meneses, Ribeiro da Silva e P. T. (depois,Paulo Tavares), com a longa serie "Ciencia para todos", en-(79) Iniciando a 4.* serie de "Na maciota...", ao regressar do


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 117quanto A.A., ou seja, Artur de Albuquerque, escrevia a seriede artigos "Uma questao de higiene escolar" e criava acronica diaria "Notas".Anibal Freire, que vinha, desde dois meses antes, escrevendoa cronica literaria "Matinais", apenas utilizando, comoassinatura, asteriscos (***) (80), abriu, a 8 de junho, um inquerito,com as seguintes perguntas: "A que elementos devesua formagao literaria?" — "Qual o espirito mais bemorganizado da atual geragao de intelectuais de Pernambuco?"— "Como considera o jornalismo do Recife, e quais os meiosde remodela-lo?"Justificando sua iniciativa, em face de criticas d'A Provincia,escreveu ***, dois dias apos: "O nosso intuito foi simplesmenteo de dar tregua, por momentos embora, a estaluta, intima, corrosiva e deleteria, luta das personalidades enao dos principios, campanha de ridiculo ou de odio pessoal,tarefa desleal e improba, que se espraia pelas colunas dosjornais de Pernambuco, gerando o desalento nos espiritos dosintelectuais e predispondo o publico a encarar o jornal comouma arena em que so se debatem questoes pessoais, numtom de acrimonia odienta e desprezivel". Concluiu: "Seoutro resultado nao alcancar este inquerito, tera pelo menosRio, onde demorara cinco meses, escreveu Lulu Sena, a 30 de setembrode 1906:Volto a luta, meu povo!Na maciota de novo,Surjo, para cantar os novos feitos...E, depois do descanso, certamente,Tcnho a carne mais tenra para o denteDa matilha dos odios e despeitos.A confianga em mim mesmo me permiteEsta declaragao propositada.Que so visa agugar-lhes o apetite;Que, pois, a grei canina o dente amolePara ferrar em carne assim tao moleA gulosa dentada...Certo, porem, de que, por forte e seria.Que a investida parega a muita gente,Hei de enxota-la muito calmamenteCom a ponta do chicote da pilheria.(80) O Correio do Recife, que vivia em constantes rusgas com oDiario de Pernambuco, chamava o "Sr. Eu" ou "Sr. Estrelinhas" aoautor das "Matinais".


118 LUIZ DO NASCIMENTOo de dissipar desafeigoes e hostilidades, numa cultural homenagema suprema arte, ao eterno pensamento".Na edicao do dia 13, o cronista das "Matinais" escreveu:"Fugindo as regras da mais elementar cortesia, o dr. CarneiroVilela preferiu responder pela Provincia ao inqueritoaberto nesta folha", "aproveitando-se da oportunidade paradesabafar os seus odios". E acentuou: "Nao julgue o yelholiterato que nos faz medo a sua carranca ou nos intimida asua fama de polemista ousado e desabrido".O cronista defendeu o Diario, acusado de "infame, scrvile nocivo" e atacou, fortemente, o agressor, com ele empenhando-seem amarga polemica, que terminou com duascronicas assinadas com o proprio nome — Anibal Freire, asegunda das quais criticando tambem Baltazar Pereira,que levara "a discussao para o terreno do ridiculo e da picuinhainsulsa". Houve outros pronunciamentos contra elementosd'A Provincia, que continuavam a martelar o inquerito.Essa polemica, da qual logo fugiu Carneiro Vilela, degenerouem recriminacoes pessoais, tendo o Diario declaradoque a edicao d'A Provincia de 21 de junho nao estava a alturade ser lida por familias.Enquanto isto, iam sendo divulgadas as respostas ao inquerito,que foi atendido por Artur Orlando, Alfredo de Carvalho,Clovis Bevilaqua, Franga Pereira, Faelante da Camara,Gervasio Fioravanti, Teotonio Freire, Altino de Araujo,Faria Neves Sobrinho, F. A. Pereira da Costa, Joao Barretode Meneses (81) e Carlos Porto Carreiro. Terminou com uma(81) Alguns respondentes, todos eles homens de letras consagrados,manifestaram sua repulsa aos metodos jornalisticos da epoca,inclusive Joao Barreto de Meneses (27/6), que foi incisivo:"... o jornalismo nacional precisa de regeneragao, a comegar nocivismo e independencia dos mentores da imprensa. Os grandes orgaosda opiniao publica, no Brasil, nao refletem o surto das aspiragoessocials; mas, em regra o interesse efemero, a paixao momentanea.Quanto a Pernambuco, enfim, nao ha verdadeiramente o que sepode chamar o jornal para todos, sem exclusivismo, nem odios pessoais.O Diario tem o seu grupo, como o Jornal do Recife, como A Provincia,como o Pequeno e o Correio, grupos que a politica organiza com todoseu esforgo de ideals divergentes e, ao mesmo tempo, com todo seuespirito de combatividade violenta, que desorganiza, por sua vez, amissao do jornal".Em sua resposta, no dia seguinte, frisava Franga Pereira: "Rarosjornais alheios ao partidarismo. Poucos os rapazes de talento que fagamda imprensa uma carreira. Visam-na simplesmente como um meiopara atingir altas posigoes na causa publica".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 119cronica de ***, a l.o de julho, na qual o autor veio a sugerira fundagao de uma escola de jornalismo. So as diatribes dapolemica, eminentemente pessoal, e que nao terminaram,prosseguindo, ao contrario, com a maxima virulencia, lendoseartigos cujos titulos ja diziam muito, tais como "As infamiasd'A Provincia" e "Os miseraveis d'A Provincia" (82).Entretanto, na edicao do dia 6, divulgava-se a nota seguinte;"Devido a intervencao de amigos, que muito prezamos, pomestermo a polemica que ha quase um mes mantemos com AProvincia".Reacendeu-se, logo mais, a troca de doestos entre os doisjornais, a proposito de questoes politicas, do que faziam polemicapermanente, entrando o Diario a atacar, igualmente, oCorreio do Recife. Anibal Freire ainda escreveu longos artigos,a 27 e 29 de julho, a proposito da capitulacao dos diretoresdo jornal contendor, no caso do inquerito literario.No mes de novembro Iniciava-se a insergao da cronicasemanal, as vezes quinzenal "De tudo e de todos", por MeIpsum; depois, surgiram os "Instantaneos", focalizando intelectuais;e J. Abelhudo (pseudonimo de Artur Orlando) redigia"Bisbilhotices politicas", mais um veiculo de ataques aoposigao e a sua imprensa, onde o Correio do Recife passoua ser chamado, invariavelmente, Corsario do Recife.Ao iniciar-se 1906, criaram-se segoes como "Palestras debonde" e "Da carteira do reporter", constituida de noticiasligeiras, iniciando-se, em marco, a colaboracao de Justino deMontalvao, com "Aspectos de Paris", correspondencia queprosseguiu meses e anos a fora, procedente da Suiga e da Italia(83). Outra grande colaboragao, a partir de maio, foi ade Joao Grave, com as "Cartas de Portugal", que, igualmente,continuou por alguns anos. A viagem do presidenteeleito Afonso Pena, ao Norte, e sua chegada ao Recife, a 2de junho, tiveram grande cobertura, provocando, inclusive,polemica entre A. A. (Artur de Albuquerque) e Faelante da(82) Quanto aos "miseraveis", dizia o Diario (artigo de 5/7):"Sao dois: o sr. Baltazar Pereira e o dr. Manuel Caitano. Um ferino nasatira, mas vendido e covarde. Outro ignorante, lorpa, grosseiro ebruto". Acrescentava episodios da vida financeira d'A Provincia, fazendograves acusagoes ao segundo dos redatores mencionados.(83) Segundo Gilberto Amado ("Minha formagao no Recife"),OS artigos de Justino de Montalvao, mandados de Roma, foram enfeixadosno volume "Italia coroada de rosas", editado em Portugal.


120 LUIZ DO NASCIMENTOCamara. A 3 de agosto, Jose Pinto Mendes, que vinha ocupandoa gerencia do jornal, foi substituido, nesse posto, peloredator Almeida Cunha. Voltou F. A. Pereira da Costa,com a "Cronica Pernambucana", comegando, no fim_ do ano,OS artigos assinados por Fernando de Sa e Joao EustaquioPereira (Faneca), este com a serie "Guia dos prazeresde Paris", ao passo que, em dezembro, Artur C. Lindosorepelia, nas "Publicagoes a pedido", artigos de Frei Celestino,sobre a "Queima de Biblias".Tendo estreado como reporter, Gilberto Amado, aindaacademico, iniciou, a 19 de maio de 1907, a segao de cronicasdiarias "Golpes de Vista", sob o pseudonimo de Aureo, logomais entrando em polemica com Chilon (Jeronimo de RangelMoreira), do Con-eio do Recife, em torno de temas literarios,e depois com o jornal de Manuel Caitano, para rebaterassim uma critica recebida: "Eu e que nao estou a escreverpara estupidos e para as cavalgaduras d'A Provincia". Outravitima de sua pena causticante foi Raul Azedo, a quern chamavaRaul Barriga da Cartola Azedo.Continuavam, sem interrupcao, a cronica de A. A. "Dedomingo a domingo", as "Cartas do Rio", os brilhantes artigosde Antonio Sales e os folhetins, colocados, desde algunsanos, ao pe da segunda pagina, mantendo-se bem distribuidonoticiario, parte comercial e servico telegrafico, com regularquantidade de aniincios e materia paga, saindo, de quandoem vez, edicoes de seis paginas.A 27 de junho do referido ano tinha comego a secao literaria"As quintas", ocupando as duas colunas de aberturada segunda pagina e destinada a "estimular os que se dedicamas letras". Tendo um censor rigoroso, que criticavatoda a materia recebida, colocando grande parte na cesta,a segao divulgava, sucessivamente, trabalhos, em prosa ouverso, de J. Elias d'Albuquerque Rego Barros, GabrielQuintas, Jovino Barroso, Celina Campos, J. P. BarbosaLima, Leovigildo Junior, Manuel Ferreira Diu, Tondela Junior,Pedro Calado, Alberto Tavares, Severino Leite, JacquesMilkau (pseudonimo de <strong>Joaquim</strong> de Oliveira Melo), BraulioCosta, Caitano Galhardo, Benedito Costa, Felix Feio, SeverinoPimentel, Monte Sobrinho, Francisco Chaves, SaidanhaJunior e Jose Orange.Em agosto, ainda de 1907, entrou Silvio do Val a escrever a cronica "Para as criangas". Desde 7 de setembro, o fo-Ihetim passou a ser publicado em forma de livro, para recortare encadernar, ocupando o alto, a esquerda, da terceira


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 121pagina e o respectivo reverso, nao saindo, todavia, diariamente;em outubro, voltava Lulu Sena, mas com a segao,tambem de versos satiricos, "Avulsos", que duraria poucotempo, uma vez que Faria Neves Sobrinho, no ano seguinte,fora eleito deputado federal, sendo substituido, na sua qualidadede redator, por Ulisses Gerson da Costa, que se inicioucom a segao "Minhas impressoes", para, meses depois, firmar-senas "Semanais", em rodape da 1.^ pagina, aos domingos,adotando o pseudonimo Ramon de Oliva. Ao findaro ano, iniciava-se interessante colaboracao de Carmen Dolores(pseudonimo de Emilia Moncorvo Bandeira de Melo),com OS artigos intitulados "Variacoes a pena".Solenizando a entrada de 1908, saiu o importante orgao,a 1.° de Janeiro, com oito paginas, mais a folhinha de porta,como era feito nos anos anteriores. Edicao identica circulouno dia 12, inserindo na primeira pagina (titulos vistosos, emtoda a largura), para continuar na segunda, a bibliografiado proprio Diario (ate 1907), da autoria de Alfredo de Carvalho(84), depois incluida nos "Anais da Imprensa PeriodicaPernambucana — 1821/1908".Comegara, entao, a apor, abaixo do titulo: "Jornal maisantigo em circulacao na America Latina — Fundado em 7de novembro de 1825". O corpo redacional estava assim constituido:Artur Orlando — redator-chefe; Anibal Freire daFonseca, Francisco de Assis Rosa e Silva Junior, ArturHenrique de Albuquerque Melo, Ulisses Gerson da Costa,Gilberto Amado e Alberto Rodrigues de Oliveira — redatores;Manuel Monteiro de Carvalho e Manuel Cesar CasadoLima — reporteres; Fabio Silva — tradutor de telegramas;Eusebio Neri de Sousa, Caitano Quintino Galhardo e MiguelArcanjo Peregrino — revisores, achando-se a gerencia a cargode Jose Antonio de Alm.eida Cunha, auxiliado por JoaoAdriano de Melo Dutra, enquanto Jose Rodrigues da Fonsecaexercia a administragao da oficina. Foram novassegoes: "Crivos e cravos", humorismo em prosa e verso, semassinatura, mas, na verdade, da autoria do poeta ManuelMonteiro, e "Observagoes", cronica de Liicio Treva (pseudo-(84) E bastante reduzido o trabalho em aprego, cuja composi-?ao foi aproveitada para um opuscule em separata, com 65 paginas,formato de 15 x 10, sob o titulo "Diario de Pernambuco — 1025/1908— Noticia Historico-Bibliografica do decano da Imprensa Latino-Americana",constando da pagina inicial a dedicatoria: "Ao eminente estadistaFrancisco de Assis Rosa c Silva". 1908 foi um lapso do titulo daobra geral, pois a pesquisa nao ultrapassou 1907.


122 LUIZ DO NASCIMENTOnimo de Jose Maria Moreira Cardoso). Outros colaboradores:Joao Bruno e Antonio Leao. Prosseguia, enquanto isso,em defesa da administragao estadual, a polemica com AProvincia e o chamado "Corsario".De passagem pelo Recife, onde viera pronunciar algumasconferencias, Osorio Duque Estrada escreveu, nas edicoesdo Diario de 16 e 18 de fevereiro, desaforos, e_m prosa everso, contra Carneiro Vilela, que o atacara atraves do Correiodo Recife. Dias depots, notas editorials acusavam o jornalistaCarlos Dias Fernandes como negociador de estampilhasfalsas, tendo vindo do Para para responder a processo eraPernambuco (85), no que foi defendido pelo Correio doRecife.A 15 de marco voltou o folhetim a instalar-se ao pe dasegunda pagina, com o romance de Julio Verne "A agendaThompson and Cia". Na semana seguinte, Aureo, que seachava de ferias desde dezembro, reaparecia com os "Golpesde vista". Sobrevieram as secoes "Cinematografo", comentariossem assinatura; "Terras alheias", artigos do Exterior,por Lucio Bueno; "Tragos", cronicas de Leoncio Fontes, logoadmitido no corpo redacional, e, depois, "Os outros", resumocomentado dos jornais da vespera. Veto a findar, em agostu,a segao literaria "As quintas" (86).A data do aniversario da fundagao do matutino mereceu,de Aureo, a 7 de novembro, um "Golpe de Vista", noqual ressaltou: "A continuidade da sua existeneia lembraum grande rio que tivesse sua nascente nos primordios danossa nacionalidade e que viesse a conduzir do passado parao futuro as gloriosas aguas desta paragem remota com arecordacao murmurante dos campos que atravessaram, da(85) O "Almanach de Pernambuco", de Julio Pircs Ferreira, edigaode 1915, na sua "Cronica de Pernambuco", informaria que a 16/10/1909 era "solto, por perdao do presidente Nilo Pecanha, o estudanteCarlos Dias Fernandes, condenado pelo Supremo Tribunal Federal,por tentativa de introducao de estampilhas falsas".(86) Rodovalho de Meneses enviara um soneto — "Seios" —para a segao "As quintas", declarando-o "perfeitissimo". Passado pelocadinho da critica do redator competente, verificou cste que os taisseios eram, ao mesmo tempo, "tremulantes, nevados, buligosos, provocantes,mimosos, macios, assassinos, lubricos, vadios, pequeninos,venturosos, fortes, temerosos, vencedores, combatentes, valorosos, portentos,divinais, altivos, vingativos, eroticos, conquistadores vivos."Eis ai um turbilhao de adjetivos em catorze versos de um soneto" —concluiu, mandando a "obra" para a cesta.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 123luz que embeberam, das arvores cujos pes beijaram, dos aspectosque refletiram"."A principio, simples filete d'agua, foi a pouco e poucoentumescendo-se dos elementos fertilizantes, enriquecendo-senas boas fontes ate estender-se em caudal portentosa emcuja transparencia ampla e admiravel toda a sociedade, acivilizagao de Pernambuco atualmente se espelham".Concluiu assim: "E o Diario de hoje nem parece umvelho!"Gilberto Amado, que tambem divulgava artigos assinadoscom o proprio nome, terminou seus "Golpes de vista"a 22 de dezembro de 1908, so vindo a divulgar mais uma,talvez duas cronicas, no ano seguinte. No referido messurgiram as "Conversas. . . & Reparos", de Ardys; o comentariopolitico "Candidaturas e candidatos", por Ze Eleitor(outro pseudonimo de Artur Orlando), e, ja no ultimo dia,as "Variagoes", cronica literaria de Teotonio Freire Filho,enquanto <strong>Joaquim</strong> Guimaraes, Gaspar Uchoa e Lessa Juniordivulgavam poesias.Efetuadas as eleicoes de fevereiro, intensificava-se, em1909, a polemica entre "o mais antigo" e A Provincia, comartigos sucessivos contra os politicos da oposigao. Criara-sea segao "Do Minarete", assinada por Marcio da Paz; e JoaoAbelhudo reaparecia com sua satira contundente, visando,especialmente, ao jornalista Neto Campelo, do Correio doRecife.Em abril passou o Dfiario a ostentar nova tipagem, impressaomais nitida e melhor aspecto. De substituigao emsubstituicao, eram novos redatores: Joao Domingues de Oliveira,Gastao Franca Marinho e Jose Maria Moreira Cardoso.Afastado da cronica por algum tempo, A. A. voltou, emsetembro, com as "Notas", sempre defendendo a politicaestadual dominante.A partir de 1 de Janeiro de 1910, o redator LeoneioFontes escreveu a nota diaria "Ontem e hoje", vindo, porem,a falecer no terceiro mes. Novo rodape surgiu "As quintas",com a assinatura de Til, e vieram as notas humoristicas emprosa e verso, assinadas por Y, depois Z e, ainda, X.A proposito de ocorrencias no Institute Arqueologico,Historico e Geografico Pernambucano, entraram em polemica,ambos nos "a pedido" do Diario, os escritores ArturMuniz e Alfredo de Carvalho, comecada precisamente a 20de margo. O segundo deles assim terminou violentissimoartigo: "... nao trepidarei em chegar ao extremo das repre-


124 LUIZ DO NASCIMENTOsalias". fi que se achava em jogo a sua "probidade literariae honorabilidade como primeiro secretario do Instituto".Apos haver-se manifestado J.B. Regueira Costa, que se colocouao lado de Artur Muniz, o autor dos "Anais da ImprensaPeriodica Pernambucana" considerou encerrado o debate, nodecimo primeiro dia, a pedido de amigos.O matutino deu intensa cobertura ao noticiario em tornodo falecimento de <strong>Joaquim</strong> <strong>Nabuco</strong>, sobretudo quando dachegada, a 19 de abril, do corpo e respectivos funerals.Desde 9 de maio, o Diario veio a circular, tambem, assegundas-feiras; A.A. mudou o titulo do seu rodape, em junho,para "Palestras e confidencias", e. no mes seguinte,apareciam os "Bilhetes postals" de J. Femandes (pseudonimode Ulisses Costa). Foram outros colaboradores: AscanloPelxoto, frei Matias Teves e Jose Bezerra, este com aserie de artigos "Pela lavoura", continuada por L. Correiade Brito.A passagem do 85.° aniversario foi sagrada com umaedigao de doze paginas (a maior ate entao), a 7 de novembrode 1910 (87), na primeira das quais apareceram cliches,em bom tamanho, de Antonino Jose de Miranda Falcao,Manuel Figueiroa de Faria e Francisco de Assis Rosa e Silva,cujas biografias, ocupando mais de duas paginas, tiveram aassinatura do historiador F.A. Pereira da Costa (88). Naspaginas centrals encontravam-se cliches do edificio e doprimeiro numero do Diario e artigos especiais de Ulisses Costa,Euclides Fonseca, Francisco Pinto, Manuel Monteiro, Alfredode Carvalho, Aprigio Garcia, J. Fernandes, padre JonasTaurino e outros, e poesia de Odilon Nestor.Durante o ano inteiro nao sofreu solucao de continuidadeo debate politico com os orgaos da oposicao, assim comegando1911, quando voltaram a colaboracao historica dePereira da Costa e a cientifica de Otavio de Freitas, lendo-se,ainda, artigos de Antonio Sales, correspondencia de JoaoGrave, notas de J. Simplorio, mais artigos de L. Correia deBrito, sobre "A valorizacao do acucar", noticulas satiricas a(87) Na mesma data, o semanario Cidade de Limoelro dedicousua edigao ao 85.° aniversario do Diario, estampando retratos, na primeirapagina, dos principais redatores.(88) A biografia de Antonino J. de Miranda Falcao, divulgada,inicialmente, atraves do "Dic-ionario Biografico do Pcrnambucanos Cclebres",em 1882, foi refundida e bastante melhorada para a edigao doDiario de Pernambuco.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 125que servia de epigrafe a vinheta de uma mosca, sem assinatura,enquanto assinava o rodape dominical J.. Fernandes.ComeQou Elpidio de Figueiredo a escrever, em maio, sobre"Credito agricola", sendo outros colaboradores Orosco,comentarista, e Joao da Hora, com as "Fitas", voltando J.Abelhudo com as "Coisas da vida", enquanto Galhardo assinavauma quadra satirica.Passado o primeiro semestre de 1911, veio a esbogar-sea candidatura do general Dantas Barreto ao governo do Estado,iniciando o Diario campanha de oposigao a mesma como editorial de 18 de agosto. No dia 31 ocorria uma edigao deoito paginas, a primeira das quais ostentando titulo de oitocolunas e grande cliche, seguido de editorial, telegramas enoticiario, ocupando, ainda, toda a segunda pagina, tudosobre a passagem, pelo porto, do conselheiro Rosa e Silva,procedente da Europa. Nao faltou, ate, um soneto laudatorio,assinado por Domingos de Albuquerque.Nova alteragao verificou-se no corpo redacional, queficou assim constituido, alem do redator-chefe Artur Orlando:redatores principals — Artur de Albuquerque, Ulisses Costa,Joao Demetrio de Meneses (89) e Rosa e Silva Junior; auxiliaresda redagao — Joao Domingues, Assis Chateaubriand.Alberto de Oliveira, Alexandre Mota, Alberto Fonseca e MiguelPeregrino; revisorts (90) — Benedito Costa, Luiz Ribeiroe Oscar Pereira, sendo chefe da oficina Benjamin deFigueiredo.Depois de acesa campanha, realizaram-se as eleigSes governamentaisa 5 de novembro, contando os adeptos do oficialismomaioria de votos para o candidato Rosa e Silva.Tanto que, dois dias apos, numa edigao de doze paginas, omatutino solenizava a data do aniversario de sua fundagaoe, ao mesmo tempo, a vitoria eleitoral, estampando enormecliche do proprietario da empresa e outros do predio, damaquina impressora, do velho prelo de 1825 (91) e das salas(89) Usando o pseudonimo Jaime Dourado, Joao Demetrio faziacomentarios sob o titulo "Modos de ver".(90) Embora nao mencionado na relaQao divulgada, escreveudepois o poeta Raul Monteiro haver-se iniciado no Recife, ao deixarGoiana, como reviser do Diario de Pernambuco, em 1911.(91) Lia-se, abaixo, a seguinte legenda: "Em 1844 passou o prelodo Diario para o dr. Antonio Borges da Fonseca, que o levou paraNazare, imprimindo nele O Nazareno e, depois, O Jardineiro, folhas de


126 LUIZ DO NASCIMENTOde redagao e oficina, inserindo artigos de <strong>Joaquim</strong> Pimenta,Artur Muniz, F. A. Pereira da Costa, Aprigio Garcia, Eduardode Valois, Franga Pereira, J. Taurino e Joao dasRuas, e poesias de Odilon Nestor, Faria Neves Sobrinho eHenri Heine (tradugao especial).Ainda no dia 5, conhecidos os primeiros resultados dopleito, desde o inicio favoraveis a Rosa e Silva, verificaramsemanifestagoes populares de desagrado, partidas de correligionariosdo outro candidate, diante do edificio da folha,com ameagas de depredagao, espancamento e morte. No dia6 foram pedidas garantias, sendo o predio guarnecido portrinta pragas, passando estas "a atirar do segundo andar",segundo testemunho de Raul Azedo (92), "contra descuidapropagandado partido praieiro. Em 1847, o coronel Jose Maria doRego Barros, chefe do partido guabiru, mandou quebra-lo, o que senao pode levar a efeito porque o dr. Borges da Fonseca procurou asgarantias do entao presidente da provincia Cliichorro da Gama, quemandou para Nazare uma forga de linha, ao mando do capitao Camisao,que o fez transportar para o Recife. Em 1863, o dr. AntonioBorges da Fonseca nele publicou diversos trabalhos politicos. "A marquesados linguarudos" e outros poemas liumoristicos foram nesseprelo impressos em 1870. Em 1888, o cidadao Manuel do Rio JordaoChagas adquiriu-o, transportando-o novamente para Nazare, a fim deeditar os jornais republicanos A Luta e O Municipio. Como reliquiano jornalismo latino americano, o prelo historico e conservado pelosr. Jordao Chaves".A legenda acima esta cheia de contradigSes. Por exemplo: O Nazarenocomegou a publicar-se em 1843 e nao mudou de oficina grafica.A referenda ao ano de 1847 e, por sua vez, totalmente errada, pois atipografia de Borges da Fonseca foi transportada para o Recife emagosto de 1844, por nao suportar o periodico as perseguigoes do situacionismolocal, isto sob o govcrno do barao da Boa Vista. Em 1847,ao contrnrio, O Nazareno foi "quebrado" no Recife, justamente pelapolicia do presidente Chichorro (Ver Vol. II: "Diarios do Recife— 1829/1900"). Nao existiu nenhum poema chamado "A marquesados linguarudos"; este (no singular) foi o titulo de umperiodico humorlstico de 1875, impresso na Tip. d'O Commercio a Retalho.Quanto ao jornal A Luta, de Nazare, era "imparcial", nao republicano,e circulou em 1892, e O Municipio, de 1894, era "orgao dosinteresses democraticos". (Vale a pena consultar, no case, os Vols. Ve VI desta obra, que tratam dos periodicos de 1851/1875 e de 1876/1900).Algum tempo depois da data em que saiu a legenda, o prelo de1825 foi parar no Instituto Arqueologico, Historico e Geografico Pernambucano,onde permanece, ofertado pelo dito Jordao.(92) "Aspectos da Reagao Civica de 1911" — artigo inserto naRevista do Instituto Arqueologico, Historico e Geografico Pernambucano,vol. XXXI, ns. 147/150, de Janeiro a dezembro de 1931. AcentuouRaul Azedo: "Na porta de cobre do "Louvre", ate ha pouco tempo,


H1ST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 127dos transeuntes que cruzavam a praga da Independencia".Nada obstante, ao circular a edigao de aniversario, os manifestantesrasgaram varios exemplares. As ameagas continuarame, apesar da presenga, nas imediagoes, da forga federal,a diregao do Diario sentiu-se sem garantias e suspendeu-Ihe a circulagao. No dia 10 houve novo tiroteio, na praga daIndependencia, sendo alvejado e bastante atingido o edificio,onde, segundo Sebastiao Galvao (93), foram presos, no diaseguinte, 29 cangaceiros (?).Voltou a circular o Diario no dia 21 de novembro, soba diregao de Franga Pereira (94), tendo como gerente JoaoAdriano de Melo Dutra e novo redator Leovigildo Junior.Nas "Varias", da segunda pagina, inseriu-se a notaabaixo: "Apos catorze dias de suspensao, reaparece, hoje, oDiario, o que e certamente motivo de intenso jubilo, nao sopara nos como tambem para nossos dedicados amigos e correligionarios.Cumpre-nos aqui testemunhar o nosso profundoagradecimento ao Exm.° Sr. Marechal Hermes da Fonseca,honrado presidente da Republica, que se dignou de atendercom a maxima presteza ao pedido de garantias para os quetrabalham nesta folha e para sua livre circulagao, pedido aS. Ex^. feito por nosso prezado colega dr. Rosa e Silva Junior.Em dias porvindouros, quando a esta cidade voltar anormalidade de outrora, faremos a narragao fiel e desapaixonadados tristissimos acontecimentos ultimamente desenroladosno Recife".No editorial sob o titulo "Vitoria digna":"O pleito eleitoral travado no dia 5 do corrente, e cujoresultado esta agora plenamente conhecido, passara a historiacomo a mais bela afirmagao dos sentimentos liberals doshomens que, em Pernambuco, tem as responsabilidades dopoder".Elogiou, a seguir, a atitude da situagao dominante, quese via um rombo, feito por uma bala, partida do "orgao mais antigoda America Latina", com enderego a Mario Rodrigues, jornalista daoposigao, que ia passando, a tardinha, na calgada daquele estabelecimentode modas".(93) "Dicionario Corografico, Historico e Estatistico de Pernambuco",Vol. QeR, pag. 97.(94) Artur Orlando abandonara, praticamente, o jornal, dirigindouma carta de despedida a Rosa e Silva Junior.


128 LUIZ DO NASCIMENTOse despojara "das vantagens oficiais, recomendando toleranciae liberdade para toda parte, atendendo a todas as reclamagoesdos adversaries, algumas ate sem procedencia, paraque, sobre o resultado das urnas, nao pairasse a sombra ou aduvida de uma compressao ou de uma fraude".Mais adiante: "Que distancia de conduta! A cidade doRecife, com todas as nobilissimas tradigoes de sua cultura,centro intelectual do norte, terra gloriosa de juristas, de parlamentares,de publicistas e poetas, nao esquecera jamais ascenas torpes desenroladas a luz crua dos dias de sol, nao esquecerao terror da populacao ordeira, nem o aspecto ferozde uma malta desorientada a exibir punhais e pistolas, a rugirnum desvairamento de odios agulados pelos que tern a responsabilidadee fogem do perigo, pouco importando que opovo morra, que as familias se sobressaltem, que se paralisea vida intensa de uma capital, contanto que triunfem as suasambigoes de mando"."A onda subiu de mais, subiu pela violencia, pelo assassinatenas ruas do Recife, pelo morticinio das ruas de BomConselho, pela invasao dos quatrocentos cangaceiros em Correntes,pelo assalto dos bandidos em Sao Jose do Egito, peloterror em Olinda, em Igaragu, em Gloria de Goita, em Vitoria,em Nazare, em Caruaru, em Bonito, em Belo Jardim eBezerros, onde se deram fatos cuja historia sera narrada dentroem breve, quando houver garantias"."A intolerancia dos adversaries de Partido Republicano,revelada nos metins do Recife, nas manifestagoes de desagradofeitas a jornalistas, a todes nos e ao proprio Diario, quese viu. na noite de 10 do andante inopinadamente crivado debalas de carabina Mauser, mostra e que seria Pernambucose veltasse a certos pontificades politices".Depois de outras consideragoes sobre as manobras dosdantistas, frisou: "Apesar de tudo, esta eleito governador dePernambuco o Exm." Sr. Dr. Francisco de Assis Rosa e Silva,por uma maioria de 2.229 votes". Concluiu garantindo aopovo pernambucane que passaria o periodo de agitagao e queo peder legislative do Estade exerceria livremente a sua agaoapuradora e o seu veredictum seria respeitado "pela agaoconjunta dos poderes do Estade e da Uniao, come e precisopara o renome e a estabilidade de nossas instituigoes politicas".Estampou, a seguir, o discurse pronunciado pelo conse-Iheiro Rosa e Silva, no Senado, "a respeito dos graves sucessos


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 129desenrolados nesta capital, em a noite de 10 e manha de 12 doandante". O orador denunciou que parte da guarnigao federalde Pernambuco se acumpliciara com os politicos da oposigao,nao se fazendo misterlo de que, "eleito ou nao, o generalDantas Barreto seria o governador de Pernambuco"; que oscanhoes da fortaleza do Brum estavam voltados para o palaciodo governo, para proclamar a vitoria do general, e queOS eleitores tinham sido coagidos a votar no novo governo.Tres dias apos, a 24, aduziu: "Os partidarios do Sr. GeneralDantas e mesmo S. Ex''^. declaram que se o Congressonao respeitar a vontade do povo, o povo fara o seu reconhecimento.Dentro das formulas constitucionais nao ha lugarpara essa especie de reconhecimento preconizado pelo candidatoderrotado no pleito de 5 de novembro, querendo istodizer que S. Ex^. esta disposto a caudilhagem, a erguer ofacho revolucionario na terra pernambucana, passando porcima dos altos poderes da Republica e da autonomia de urndos mais importantes Estados da Federagao".Ressaltando a vitoria do conselheiro Rosa e Silva, concluiuo editorialista: "Pela revolugao, o Sr. general DantasBarreto nao sera o governador de Pernambuco. O veredictumdo Congresso sera respeitado e, se contra ele insurgir-se ocaudilhismo anarquizador, seremos nos que aconselharemosas vitimas desse grande crime a correrem as armas peladefesa da liberdade e da autonomia de Pernambuco, pelahonra das proprias instituigoes republicanas que queremvilipendiar, mergulhando-as na lama de todas as aventuras".No dia seguinte, outro editorial fustigava a atitude doselementos dantistas, que queriam "a revolta, a sedigao, talvez0 morticinio de todos os adversarios". Uma nota de poucaslinhas, antes do artigo, dizia: "Por motivo dos fatos de ontem,que a todos preocupou (95), o Diario de hoje pouco difereda edigao anterior. Alem da noticia dasocorrencias, dadaresumidamente, e do editorial "Duas Ugoes", pouco maisque publicamos nao e da edigao de ontem. Os leitores, certo,desculparao a falta, atendendo aos acontecimentos".Informou, entao, que a policia do Estado, voltando a suafuncao constitucional, — pois o policiamento, desde as eleigoes,fora exercido pelo Exercito — ao sair a rua foi vaiada,o mesmo sucedendo ao seu chefe, Elpidio de Figueiredo, tendo(95) A edigao de 24 de novembro foi queimada pelo povo amotinado.


130 LUIZ DO NASCIMENTOeste autorizado a dispersao do povo, primeiro a cargas debaioneta e, depois, a bala, havendo mortos e feridos.Dada a edigao de 25 de novembro, ficou a folha novamentesuspensa, so reaparecendo a 14 de Janeiro de 1912, soba diregao do ex-chefe de policia Elpidio de Figueiredo. Novashostilidades partiram da massa popular dantista, duranteo dia, em represalia ao editorial, que lamentava os acontecimentosprecedentes, e a noticia da chegada do Rio de Janeiro,para onde fugira, do ex-governador Estacio Coimbra.Diante dos novos fatos, ja entao sob o governo de DantasBarreto (96), que tomara posse a 19 de dezembro, apesarda vitoria de Rosa e Silva, passou o matutino mais algunsdias sem circular, voltando no dia 18 de Janeiro, para prosseguirverberando ja agora o terror da policia, que fizera dapraga do Diario seu quartel general, formando verdadeirocirculo de ferro, tanto que, no mes seguinte, a 17 de fevereiro,soldados a paisana agrediam o reporter Alexandre Motae, a 23, eram presos dois redatores: Assis Chateaubriand eRosa e Silva Junior. Reporteres, revisores e tipografos deixaramde dormir em casa, porque era perigoso sair do jornalalta noite. (O revisor Benedito Costa, por medida de seguranga,deixara o cargo desde 26 de Janeiro). As pessoas queiam tratar de negocios na gerencia eram revistadas; policiaisameagavam empastelamento, sendo preciso, por vezes,trabalhar de portas cerradas (97), e o diretor Elpidio deFigueiredo teve que se asilar no Consulado Portugues, parasair do qual impetrou, por intermedio do advogado VirginioMarques, uma ordem de habeas-corpus.A gestao de Elpidio de Figueiredo foi, assim, toda devexames para o velho orgao, que se viu suspenso, novamente,(96) "... foi quando se iniciou aqui o regime de surras emjornalistas por disfarcados policiais, o que culminou com a morte, acano de ferro, de Trajano Chacon" — Mario Melo ("Aqui e Ali", naFolha da Manha de 15/6/1954).(97) "Foi a fase mais tormentosa da minha carreira jornalistica.Trabalhava-se de portas fechadas. O pessoal do lengo comeuava a rondaro edificio desde que anoitecia e somente depois de cinco horas damanha favorecia com a sua ausencia. Os telegramas do "submarine"recebia-se por um cordao atirado do 1.° andar ao mensageiro, que neleamarrava os despachos. Nao se tinha o direito de tomar um cafe. Omeu prezado companheiro Alexandre Mota, chefe da reportagem, tentou,uma noite, furar o cerco. Voltava, dez minutos depois, todo ensanguentado,a cabega quebrada" — Oscar Pereira, in "Memorias de umjornalista provinciano".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 131_a-27 de fevereiro (98), pois, na madrugada desse dia, a edi§aoquase pronta para sair, ocorreu o empastelamento (99),"mandado proceder pelas autoridades policiais cie entao"(100).(98) Nao a 26 de Janeiro, como se le no opusculo "Os 125 anosdo Diario de Pernambuco", publicado em 1950.(99) O Jornal do Recife (edigao de 28/2/1912) assim pormenorizouo empastelamento do Diario: "Os estragos foram quase completos.Excetuando as rnaquinas, uma das quais, a Marinoni, tinha as fitascortadas, e a segao de avulsos, que estava intacta, tudo mais foi inutilizado.Retratos, espelhos, estantes e outros moveis, aparelho telefonico,lampadas, livros em grande quantidade, jornais e outros objetosforam estragados e postos em desordem. As caixas de tipos foramviradas, achando-se todas espalhadas na sala de composigao. Foi, assim,importante a destruigao feita".O mesmo Jornal do Recife publicou, a 12 de margo, o relatorioapresentado ao chefe de policia, pelo delegado Oscar Brandao, a respeitodo empastelamento. Em sua longa pega, que ocupou mais decinco colunas, pretendeu a autoridade policial provar que o Diarioestava sem recursos para subsistir e por isso "recorreu ao suicidio,como a suprema coragem dos vencidos". Transcreveu depoimentos do;moradores da visinhanga do edificio, do diretor Elpidio de Figueiredo,do reporter Urbano Ganaud Chateaubriand, dos revisores Misael Dominguesda Silva Filho e Luiz Ribeiro Ferreira da Silva, dos tipografose demais operarios, constatando, em face das supostas contradigoesencontradas, que o academico noticiarista Assis Chateaubriand foraencarregado de espalhar, nas oficinas, o anterior boato do empastelamentoem perspectiva, e o "servigo" teve "como executor" o diretorFigueiredo, que, as 2 horas da manha, descera de sua residencia, nosegundo andar do predio, "entrando em agao" acompanhado daquelereporter, dos dois revisores e de empregados das oficinas. Do prolixoreiatorio resultou a seguinte e curiosa conclusao:"Os empasteladores do Diario de Pernambuco foram: Mandante —dr. Francisco de Assis Rosa e Silva, seu proprietario. Autor — dr.Elpidio de Abreu e Lima Figueiredo. Mandataries — auxiliares, amigos,criados e pessoas assalariadas para o crime, para o atentado contraa liberdade de imprensa. Eis, sr. dr. chefe de Policia, os criminosos.Agarrei-os pela gola. A justiga condene-os e o povo maldiga-os".A virulencia de linguagem dos jornais daquela epoca levaraSilvio Murat (pseudonimo de Manuel Duarte) a escreyer o seguinte,numa de suas "Cartas a Pacheco", no trissemanario Leao do Norte, de10/10/1912, a respeito do empastelamento: "Coisas como aquela deviamser destruidas a dinamite, a bala, a tiros de canhao, a pau", acrescentando:"E pena que, com o Diario, nao tivessem desaparecido os patifesde la de dentro, com o conselheiro por cima, porque somente assimnos estariamos livres hoje de uns tantos safardanas, de uma ignobildiizia de sujeitos sem pejo, sem principio e sem valor, audazes ecinicos".(100) "Os 125 anos do Diario de Pernambuco".


132 LUIZ DO NASCIMENTO\rV i-x.X^ J DCorreram os meses, precisamente onze meses e, no dia26 de Janeiro de 1913. entrou em circulagao, outra vez, omatutino, cujo editorial de reapresentagao dizia, inicialmcnte:"O Diario de Pernambuco entra de novo no ciclode sua atividade Jornalistica, depois duma longa interrupgaomotivada pelos graves acontecimentos que convulsionaramesta capital quando, sendo ainda seu proprietario o conselheiroRosa e Silva, defendia, debaixo dos maiores perigos,a bandeira do partido chefiado por aquele nosso ilustreconterraneo, sob a diregao do intemerato pernambucano dr.Elpidio de Figueiredo". Adiantou nao ter "compromissos denatureza alguma com o partido apeado do poder pelo movimentode 1911", nem "ligagoes partidarias com qua^.querdos tres grupos politicos que presentemente servem sob asordens do honrado governador do Estado".Mais a explicagao; "A empresa do Diario de Pernam-Duco, com todo o seu material e predios em que se acha^ instalada, pertence, desde o dia 7 de julho p. findo. ao co-^*^ ronel Carlos Benigno Pereira de Lira, industrial e agriciiPi'^ 12. ^^ neste Estado e no de Alagoas, tendo sido adquiridaJ J /


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 133cina de trabalhos avulsos, reparos e pintura do ediflcio,etc" (101).No dia 1 de Janeiro de 1914 estava o matutino novamentecirculando (102), mas em formato menor, de sete colunas,tendo Carlos Lira Filho assumido a diregao e, concomitantemente,a fungao de redator-chefe, logo atraindoJader de Andrade, diretor do periodico A Serra, de Timbauba,para o cargo de redator-secretario. Nos "Ecos eNotas", abrindo a primeira pagina, lia-se: "As lutas Doliticopartldariasnao nos interessam nem nos interessarao. Estamose estaremos na maior imparcialidade para encararOS fatos que se desenrolam em nosso meio, quer em relagaoa politica geral do pais, quer na do Estado. Imparcialidade,porem, como bem o pensa o eminente Ruy Barbosa,nao significa alheamento. O Diario de Pernambuco terade exercer o seu papel, de doutrinador de ideias ou de comentadorde fatos, mas o fara com superioridade de vistas,sem preconceitos, com absoluto criterio, dentro da normaelevada de seu programa. Se tiver de, a contra-gosto,entrar em luta, nao descera ao personalismo, nao faltaracom o acatamento devido ao antagonista".Noutro topico: "Se contamos alguma coisa de novo ouniais forte, vem a ser o aparelhamento moderno em que estejornal se ajustou nos seis meses em qua teve suspensa a suapublicagao para finaiizar e realizar porgao notavel dos seusmelhoramentos materials".(101) "For iniciativa do Coronel Lira, foi o palacete do Diario,pa antiga e historica Praca da Independcncia, ampliado e reformado"(Li'TO do Nordeste, pag. 22).(102) "Apos seis meses d,e suspensao — escreveu A Provincia— reapareceu, anteontem, este importante jornal — o mais antigo daimprensa brasileira. Tendo quase um seculo de existencia, e esta talveza sua fase mais brilhante, quer pelo seu excelente aspecto material —o formato pequeno e elegante, de facil leitura, grande numero depaginas, dobradas, coladas e serrilhadas, as suas modernas instalagoeseletrica e de linotipos — quer pela sua louvavel orientagao de tolerancia,de polidez, de sereno e justo criterio de imparcialidade, em setratando das coisas da politica, e, sobretudo, essa resistencia de conviccoes,vistas largas e ample descortino dos que trabalham sinceramenteem prol da comunhao, na defesa dos interesses gerais. O programaque ele traz para as suas campanhas e o mesmo com que se apresentouo ano passado, apos ter sido adquirido pela sua empresa atual".


134 LUIZ DO NASCIMENTOO cronista Max (Franga Pereira) (103) escreveu, noseu primeiro rodape da nova fase: "Renasce o Diario agorainteiramente outro, remogado pela agua de Juventa dautensilagem eletrica moderna. A Duplex promete bravurasmecanicas que no meu tempo a Marinoni desconhecia".Logo no quarto dia, em vlrtude de desarranjo nas maquinas,o Diario ficou suspenso novamente, mas so ate 1de fevereiro. Foi a \iltima paralisagao da temporada,tendo continuado a circulagao, ininterruptamente, pelosanos a fora.Iniciou-se, entao, grande fase do jornal mais antigoda America Latina, que passou a inserir copioso servigo telegrafico;noticiario abundante; "Ecos e Notas"; "A Vida Economica",por Gaspar Peres; folhetim; a segao "Sortes", emversos humoristicos, assinados por Pliuna y Lapis (pseudonimode Jader de Andrade, depois aparecido, tambem, feitoAntonio Custodio); "O Diario nos Estados", principa'.mentenas Alagoas; "O Diario ha 50 anos"; "Jornais de Ontem";"Indicador Profissional e Social"; boa segao comercial; algumaspaginas de anuncios, como nao podia deixar deacontecer (104), e escolhida colaboragao, inclusive do professorOtavio de Freitas, vinda de longa data, padre LeonardoMascello, Mario Sete, J. Siqueira (como, as vezes, seocultava o padre Jeronimo de Assungao), Mario Melo, esteja pertencendo ao corpo redacional, Silviano de RangelMoreira, dr. Joao Costa, padre Heliodoro Pires e outros.Cobrava-se por assinatura anual (baixou a tabela) —28$000; semestral — 14$000; trimestral — 7$000, sendo(103) Em sua conferencia "Jornais e Jornalistas do meu Tempo",pronunciada em Campina Grande, Estado da Paraiba, inserida naedigao de 6/12/1953 do Diario e incluida, depois, no volume "EstudosPernambucanos", disse Anibal Fernandes que, ao ingressar no servigodo jornal, para trabalhar na edigao vespertina, em 1914, nao encontrou"nenhum dos antigos colaboradores do tempo do rosismo", entre osquais mencionou Franga Pereira. E um lapso de memoria, pois constadas colegoes que o brilhante homem de letras recomegou sua colaboragaoa 3 de fevereiro daquele ano, sob o titulo "Cronicas", com opseudonimo Max, mantendo-a, com toda regularidade, aos domingos,ate a edigao de 28 de fevereiro de 1915.(104) Em sua edigao de 31 de julho de 1914, o Diario divulgou,em forma de telegrama, o seguinte e curioso anuncio: "Londres, 5 demaio — O rei ouviu a "Valsa dos que sofrem" e, maravilhado poressa musica adoravel, pede remeter, urgente, alguns exemplares (ass).— Lord Cromwell"., ^^i^'^\ I'i"^^, e lembrada, com emogao, a realmente interessantevalsa de Alfredo Gama.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 135ainda vendido o numero avulso a 100 reis e o atrasado a200 reis.Como resultado da aquisigao de nova maquina impressora,o matutino veio a aparecer, durante algum tempo,com a derradeira pagina impressa a duas cores.Dada a eclosao da grande guerra, a empresa proprietariaresolveu fazer circular uma edigao vespertina, quesurgiu a 17 de julho de 1914 (ver ultimas paginas deste volume),tornando-se o segimdo jornal do pais (105) e o unicodo Norte do Brasil que dava duas edigoes diarias.Jader de Andrade deixou a funcao de redator-secretarioa 1.° de outubro, vindo a assumir a gerencia em Janeiro doano seguinte, tambem por pouco tem.po (106).A edigao comemorativa do 89.° aniversario, a 7 de novembro,alias edigao comum, devido as circunstancias impostaspelo momento internacional, focalizou, em extensoeditorial, a vida preterita do Diario, atraves de topicos como0 seguinte:"Assistiu a abdicagao do defensor perpetuo, manifestou-sequanto a maioridade de Pedro II, sustentou fogo narevolugao praieira de 48, tomou parte saliente na questaoreligiosa de Frei Vital, foi testemunha das grandes evolucoesdo nosso povo — ventre livre, emancipagao dos escravos,liberdade de consciencia, secularizagao dos cemiterios,republica, e dai por diante tudo de mais notavel que se tempassado no novo regime. Nem a furia das paixoes momentaneasescapou. Sentiu o peso das maos sacrilegas destruir-Ihe grande parte do arquivo quase secular. Acompanhou oprogresso, tornando-se intelectualmente melhor, pari-passuas reformas materials. Parece ter vencido. Tendo passado pormuitos proprietaries e transposto diversos ciclos, serviu a(105) Colocava-se em primeiro lugar o Jornal do Brasil, no periodode 1900/1904.(106) "Os trabalhos tecnicos do Diario primavam pela organizagao.Em todas as suas segoes a ordem e a disciplina se impunham.Jader tinha dado a tudo aquilo um cunho particular doseu espirito realizador, emprestando aos operarios, nos seusmultiples servigos, a precisao de uma maquina". Assim se expressara,em artigo memorativo, n'A Serra, de Timbauba, edigao de 7 de novembrode 1925, Antonio de Jesus, ou seja, Leonidas de Oliveira, quehavia trabalhado, a epoca, no Diario de Pernambuco, acrescentando:"Foram o dr. Carlos Lira Filho e Jader de Andrade os criadores desegoes novas, da forma de distribuigao da materia editorial, da confecgaode amincios e ate da paginagao do jornal, dando-lhe, pelo ladomaterial, um aspecto novo e interessante".


136 LUIZ DO NASCIMENTOcredos antagonicos, sempre com tendencias conservadoras.Atualmente pretende ser um repositorio imparcial dosacontecimentos de cada dia, isento das paixoes, para melhorservir a causa piiblica".Em fins de dezembro foram admitidos dois novos redatores:Anibal Fernandes, que ja trabalhava na edigao vespertina,e Joao Lemos, este se encarregando dos assuntos forenses.Ja figuravam entre os auxiliares da redagao,Ortulano Garcia, Luiz Maciel Pinheiro e Ulpiano BezerraVentura.1915/1924Ao iniciar-se 1915, a seqao "Ecos e Notas", que renresentavao pensamento da diregao, voltou ao antigo titulode "Varias". Estas eram constituidas de noticiario ligeiro,sem titulo, precedido de um comentario, quase sempre redigidopelo diretor Carlos Lira Filho (107), A 10 de abrilcomegou a figurar no Expediente: "Orgao de informagoes— Noticioso e independente — Nenhum compromisso partidario— Nenhuma ligagao oficial". Precisamente nessa datafoi suspensa a edigao vespertina, transportando-se para amatutina as notas politicas intituladas "Sortes", de Xisto,que nao era outro senao Carlos Lira Filho, um mestre nasatira.Tomando a iniciativa de empresa editora, a firma proprietariado Diario fez publicar uma Folhinha Popular, tipoalmanaque, seguida de outras edicoes, cada principio de ano,ate 1919; o livro de sortes Estrellas de Junho, que durariaate 1938, e a revista Noites de Natal, que ficou no primeironiimero, cuja historia (dos tres) consta do Vol. VIII destaobra: "Periodicos do Recife — 1916/1930".Ainda em 1915, a partir de julho, a folha admitiu a cronica"Em torno da guerra", que saia as segundas-feiras,(107) Quando Carlos Lira Filho (Carlito), "trancado no seufamoso gabinete, no 3.° andar do Diario, onde recebia amigos intimose colaboradores mais chegados, escrevia uma "Varia" entre baforadasde cachimbo, todo o mundo comentava na cidade. Nao somente eraum pequeno editorial, bem redigido, mas orientado por um claro bomsenso, que calhava, quase sempre, no gosto do publico. A verdade eque as "Varias" do Diario de entao eram geralmente prato do dia" —Anibal Fernandes (conferencia citada).


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI37com a assinatura A. (Anibal Fernandes) e permaneceu,depois transferida para os domingos, ate o fim da conflagragaoeuropeia.Precisamente no dia 7 do mencionado mes, ainda ocorreumn incidente em conseqiiencia da extinta politica rosistado Diario, com a realizagao de manifestagoes popularescontra o reconhecimento do conselheiro Rosa e Silvacomo senador por Pernambuco, em detrimento do eleito —Jose Bezerra. A passeata terminou defronte do edificioda praga da Independencia, onde discursos inflamados levaramo povo a apupa-lo e apedreja-lo, quando o jornal janao pertencia aquele lider partidario nem fazia politica.A edigao de 7 de agosto noticiou haver sido agredido,as 20 horas do dia anterior, ao entrar no jardim do TeatroHelvetica, o jornalista Mario Melo, redator do Diario, que sefazia acompanhar de dois filhos pequenos, sendo autoresda cena os irmaos Mario e Augusto Rodrigues. Deu lugara vindita um artigo da vitima, ja em revide, nas "Solicitadas",em que "foram articuladas algumas graves acusagoescontra a conduta do Curador de Ausentes", que era o deputadoestadual e tambem emerito jornalista Mario Rodrigues(108).Foi tambem no mes de agosto que o "mais antigo" travouardua polemica, atraves das "Varias", das ironias deXisto e do humorismo de Lucifer, Belzebuth e Satan (pseudonimosatribuidos a Jader de Andrade), com o Jornal doRecife, criticando, principalmente, o entao famoso caso docontrato dos telefones e defendendo-se de acusagoes emtorno da politica neutral que vinha mantendo em face dogoverno de Dantas Barreto. Ao mesmo tempo, Mario Melo,em artigos da terceira pagina, sob o titulo "Chapeu doChile", repelia acusagoes do aludido contender, que reviviafatos da passada campanha dantista.Ao solenizar seu 90.° aniversario, o Diario inaugurou,na fachada do edificio, uma flamu^.a de tres metros de comprimentopor 45 centimetros de largura, com o nome dojornal em caracteres verdes sobre fundo ouro.Nos liltimos meses do ano, a setima pagina foi inteiramenteocupada, aos domingos, com Literatura, onde po-108) A rixa entre os dois jornalistas comegara em 1913, atravesdas paginas do Pernambuco e d'A Republica. Nao so o Diario de Pernambuco,mas tambem A Provincia e o Jornal Pequeno verberaram,energicamente, a atitude dos agressores.


138 LUIZ DO NASCIMENTOdiam ser lidos, a par de transcrigoes escolhidas, trabalhosoriginals, em versos, de Araujo Filho, Olegario Mariano, ZeferinoGalvao, Costa Rego Junior, Jader de Andrade (tambemusando o pseudonimo Job Sa), Frederico Codeceira,Nogueira Tapety, Silva Lobato, Joao Monteiro, Mario Linhares,Nelson Firmo, Aires Palmeira (travesti do piauienseJose Augusto de Sousa); Baltazar de Oliveira, Silvino Lopes,Oliveira e Silva e Mateus de Albuquerque.A especialidade dessa famosa pagina nao durou muito,continuando a publicacao de poesias e contos em paginasdiferentes, ate que, no ano seguinte, tal materia tinhaapenas carater esporadico.O ano terminou com a entrada do jornalista ManuelCaitano para o velho orgao, precisamente a 4 de dezembro,na quaUdade de redator-chefe. Em artigo assinado, disseele: "Eu precisava e queria repousar. Voluntariamente, fechara,atras de mim, entristecido na magoa da saudade,mas de firme e deliberado animo, as portas amigas, de umaamizade inquebrantavel, d'A Provincia. Iria descansar sequerpor alguns meses. Fugiria ao bullcio da cidade. Procurariaretemperar-me nas serras, escape da atmosfera densae pesada das tipografias".Frisou, mais adiante: "... o meu precario estado desaude me nao permitia continuar a enfrentar a complexidadedos encargos, de conjunto, onde nao fiquei, em tarefaIJmitada a redagao, por ligeira divergencia de forma com osmeus estimadissimos sobrinhos, tambem porque ja eratempo de exercerem eles a agao, que tenho motivos paraaugurar esclarecida e vigorosissima; por mim espontaneamentefechadas aque^as portas, outras se me abrem, de parem par, por igual amigas, deveras convidativas, donas dos segredosda sedugao". Concluiu: "Venho da Provincia. Trabalhohoje no Diario. E nao havera atritos. Aqui, comola, ha largueza de vistas, ha cordura, ha boa disposigao".Com Manuel Caitano entraram Jose Rodrigues dos Anjos,na qualidade de redator secretario, e Leonidas de Oliveira,como gerente.Dois dias depois, o Diario entrou em divergencia comA Provincia, acusada de ter adotado orientagao de "francasimpatia pela situagao dominante", em lugar da posigao deneutralidade, desde muito mantida. E, no dia 9, ManuelCaitano refutou, em artigo assinado, acusagoes que Iheforam feitas pelo jornal dos sobrinhos, a respeito de "suaatitude no tocante a politica".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 139Generalizou-se, em 1916, a polemica entre os doisgrandes orgaos, dela participando, principalmente, GongalvesMaia, redator-chefe d'A Provincia.Enquanto isto, o Diario procurava melhorar seu padrao,criando, inclusive, uma pagina municipal, dedicada aonoticiario do interior do Estado, por intermedio de correspondentesespeciais. Entre os colaboradores mais antigos —a salientar Alfredo de Carvalho (109), J. P. Barbosa Lima,Fernandes e Silva, J. Falcao Filho e Horacio Saldanha —passou a figurar, em setembro de 1916, Oliveira Lima, alemde Assis Chateaubriand (de volta) e Paulo Derby (pseudonimodo economista Ventura Correia).Boa ediqao saiu a 6 de margo, comemorativa do centenarioda Revolu^ao RepubUcana de 1817. Numerosas paginasexibiram trabalhos especiais, ilustrados, sobre a data,assinados por J. B. Regueira Costa, Spencer Neto, ZeferinoGalvao, Oliveira Lima, Franga Pereira e outros. Inseriu-se,igualmente, a copia do projeto de Constituigao da RepiiblicaPernambucana, atribuido, por uns, a Frei Caneca, epor outros, a Antonio Carlos Ribeiro de Andrada e SilvaSob o titulo "Historia e Historias", Oliveira Lima divulgouuma serie de nove artigos, de 9 a 17 de ju^ho, defendendoo 2 de julho como data certa das comemoragoesda Confederagao do Equador, em polemica com GongalvesMaia, que defendia o 24 de julho, atraves das colunasd'A Provincia.Como era de praxe nos fins de curso, a partir de setembrode 1917 0 Diario admltiu, na sua segao "Vida Escolar",perfis da Escola Normal Pinto Junior, assinados por Ecila;dos farmacolandos, em sonetos de sete siiabas, por Aurum;do curso comercial do Colegio Pritaneu, sob o titulo "Silhuetas",da autoria de Ruth, e, principalmente, "Os bacharelandosdeste ano", com o sub-titulo "Caricaturas", firmadospor Cam & Sem, pseudonimos associados dos concluintesBarbosa Lima Sobrinho e Severino Correia de Araujo.As "Caricaturas" comegaram a 3 de setembro, com umaexplicagao preliminar. Os autores achavam detestavel eridicula a "literatura dos perfis", frisando: "...rompemoscom a tradigao e iniciamos uma serie de caricaturas, aproveitandoos tragos caracteristicos de cada um e os salientando,depois de escandalosamente exagerados. Ha muita(109) O engenheiro Alfredo Ferreira de Carvalho, mais do quetudo escritor enciclopedico, faleceu a 23 de junho de 1916.


140 LUIZ DO NASCIMENTOnialdade nisso, mas a caricatura, que tem hoje um enormeprestigio, e essencialmente maldosa. Nao usaremos, tambem,das iniciais, para revestir o perfil de uns ares misteriosos;preferimos o nome todo, por extenso, mesmo porque hamuita carantonha que so se parece mesmo com o modelono nome que o caricaturista teve a boa lembranga de citar".Cam & Sem fariam, finalmente, o possivel para nao revelarsuas individualidades, "algo nietzcheanas" mas "sensiveisao cacete solido da vinganga". Seguiram-se, diariamente,as "Caricaturas", incluindo as dos proprios "caricatur'istas",a fim de diflcultar a identificacao (110).A 20 de setembro, a diregao do matutino deliberouorganizar um corpo exciusivo de vendedores nos trens daGreat Western (hoje Rede Ferroviaria do Nordeste), umavez que os encarregados da vendagem avulsa vinham abusandodo prego. Medidas acaute^adoras foram, igualmente,tomadas quanto a capital, cujos gazeteiros faziam sabotagemem beneficio de oulira folha, preferida pela agendadistribuidora.Tendo empreendido longa viagem, o diretor Carlos LiraFilho fez publicar, em diversos numeros do mes de outubro,uma serie de cronicas, sob o titulo "Pelo Sul do Pais e RepublicasLimitrofes".Nao se estendeu bastante a gestao de Manuel Caitano,pois deixou, a 1 de Janeiro de 1918, "a atividade cotidianada imprensa, ja exaustiva para a sua saude, experimentadapor vinte anos de incessante labor jornalistico".Carios Lira Pilho acumulou, novamente, por algumtempo, as fungoes de redator-chefe. E Osvaldo Lima entravapara o corpo redacional, embora por pouco tempo.Terrlvel epidemia, conhecida como Influenza Espanhola,ceifou muitas vidas no mes de outubro, chegando mesmoa transtornar a vida da cidade. O Diario (como sucedera aoutros jornais) sofreu grande redugao de pessoal, que ficoureduzido a menos de metade, do que pediu desculpas, na(110) Da "Caricatura" de Barbosa Lima Sobrinho constava otopico: "Herdeiro da esqueletica magreza de seu tio, tem um fisicodesagradavel: alto como u'a montanha, magro como um espeto, pernascompridas e, por cima de tudo, uma cabe?a grande com um rosto pequeno.Da a impressao exata de uma maravilha de equilibrio — umavara de espanar mantendo na extremidade um craneo descamado. tentretanto um sportman: natagao, remo, escoteirismo, tudo isto Ihe egrato e, a julgar das aparencias, muito tem concorrido para Ihe desenvolverOS.. . ossos".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI4IedlQao do dia 13, "das faltas, quer na feitura da folha —reportagem e informagao — quer nos servigos de distribuicao,remessa e correspondencia".Noticiava-se, a 10 de dezembro, a despedida de MarioMelo do corpo redacional, por motivos "inteiramente pessoais".Sucedeu que ele se candidatara a deputagao, seraexito. Meses depois, voltava aos artigos da terceira pagina.Em Janeiro de 1919 tinha inicio a segao de comentarios"De uns e de outros", a princlpio asslnada por Antonio e,depois, por A. Fernandes (que ambos eram Anibal), ao mesmotempo que estreava a colaboragao de Gilberto Freyre(111).Em nova serie de artigos da 'S.^ pagina do Diario, a partirdo ano atras referido, o colaborador Oliveira Lima fez apropaganda da candidatura apartidaria de Henrique Marquesde Holanda Cavalcanti (Barao de Suassuna) aogoverno de Pernambuco, imprensada entre a do oposicionistaDantas Barreto e a do situacionista Jose Rufino BezerraCavalcanti, sendo este ultimo o vencedor nas eleigoesde agosto, empossando-se no mes de novembro. Nessa campanha,o admiravel escritor-embaixador teve ocasiao de repelircriticas do semanario Cinco de Novembro, de Caruaru, ede Salomao Filgueira, diretor do Jornal do Commercio.Inauguraram-se, a 21 de setembro, mais algumas segoesdo novo prelo rotativo, que teria capacidade, ao completar-se,para imprimir 16 paginas de uma vez e trinta mil exemplaresa hora. A Duplex Tubular era uma das primeiras desse tipoinstaladas no Brasil. O matutino, que ja vinha saindo, aosdomingos, com doze paginas, ostentava duas cores na primeirae na ultima. Na mesma data comegou a figurar,abaixo do cabegalho, a direita: "A. J. de Miranda Falcao, fundador";a esquerda: "Carlos B. P. de Lira, proprietario". ECarlos Lira Filho permanecia como diretor."Por desacordo de interesses com a Empresa", deixaram0 corpo redacional, a 12 de outubro, o tradutor de telegramasOrlando Sete, os noticiaristas Jose Barcelos e Antonio Correiade Araujo e os reporteres Baltazar Firmo de Oliveira,Neri de Sousa e Antonio Tavares.Em 1920, 0 prego da assinatura voltou para 30$000 porano e 16S000 por semestre. O Visconde de Santo Tn^so publi-(111) O escritor Gilberto Freyre tinha recebido, em fins de 1917,no Colegio Americano Batista, o diploma de bacharel em Ciencias eLetras.


142 LUIZ DO NASCIMENTOcou, em margo, uma serie de artigos intitulados "Dos cincosentidos corporals"; e, no mes seguinte, vieram as "Impressoesdo Recife", tambem em serie, de A. Morales de los Rios.Ocorreu, no mes de junho, seria crise mundial na industriade papel, que tendia a agravar-se, e a tonelada do produto,que custava, anos antes, 300$000, subiu para 1.400|000.Era alarmante a escassez, mas o Diario tomou apenas medidascontra os assinantes relapsos e diminuiu para oito paginasa edigao dominical.Por essa epoca o corpo redacional, alem do diretor, estavaassim constituido: Jose dos Anjos (secretario), Anibal Fernandes,Cicero Brasileiro de Melo, Samuel Campelo, CostaDourado, Domicio Rangel, Euclides Costa Lima, Luiz Ribeiro,Alvaro Lima e Otavio Malta. Outros redatores foram substituindoos que se afastavam, como Nicomedes Hartman, SeverinoCorreia de Araujo, Adolfo Celso, que chegou a ser secretario;Osorio Borba, Artur Marinho, Orlando Tejo, <strong>Joaquim</strong>Carvalho, Otavio Morals e Antonio Almeida, redatordesportivo. Da revisao participaram, por malor ou menorespago de tempo, Osiris Caldas, Osmundo Borba, OlimpioCosta Junior, Joao Domingos da Fonseca, Ildefonso Lopes,Nelson Xavier de Albuquerque, Melqulsedec Fonseca, OscarGomes, Otavio Correia de Araujo, etc. No escritorlo traba-Ihavam, entre outros, Naasson de Figueiredo (tambem escrltor),Alfredo Ramos e Joao Tavares. Em 1915, passara pelareportagem Alfeu Domlngues e, em 1917, Mario Rodrlguesdos Anjos, OS quais muito cedo desistlram da vida de imprensa.A meia nolte de 31 de dezembro (1920) inaugurou-se,em continuagao aos melhoramentos programados, um carrilhaona torre do edificio, cujos sinos funcionaram a hora0, fazendo soar as primeiras notas da harmonla, "sesfuldasde doze sonoras e majestosas badaladas". O ato foi festlvo,com bandas de musica, champanha e numerosos convidados,sendo orador oflcial o Coronel Carlos Lira.Depois de divulgar uma nota explicativa (comum aosoutros diarios) sobre a alta do prego do papel, que atingiu1.600$000 por tonelada, a elevagao dos salarios e "a quedaconstante do cambio", a refletir-se sobre a importagao dematerials estrangeiros, o Diario de Pernambuco, a comegarde 1 de julho de 1921, aumentou para 48f000 a assinaturaanual, 25^000 a semestral e 13$000 a trimestral, subindopara 80$000 a anualidade para o exterior. O numero avulsopassou a ser vendido a 200 rels.A 27 de julho via-se inaugurado o salao de concertos e


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 143conferencias do edificio, no segundo andar, com um recitalda pianista italiana Maria Carreras. Quatro dias apos,entrava em vigor a lei do descanso dominical, deixando porisso o Diario de circular as segundas-feiras, como vinliaacontecendo nos ultimos anos.Na edigao de aniversario de 1921, antecipada para 6 denovembro, ocupou a primeira pagina artistica alegoria, comfiguras e datas entrelagadas, em homenagem ao fundador ediretores do Diario, na seguinte ordem: Antonino Jose deMiranda Falcao — 1825-1835; Manuel Figueiroa de Faria eFilhos — 1835-1901; Francisco de Assis Rosa e Silva — 1901-1912; Carlos B. P. de Lira. As datas de aniversario naovinham merecendo edigoes apreciaveis. A maior, a ultima,nao teve mais de dezesseis paginas.Foi nessa epoca que Gilberto Freyre, entao no Exterior,divulgou a serie de artigos "Da outra America", depois epigrafadoscom niimeros seguidos.A campanha politica de 1922, em torno dos candidatos asucessao governamental, encontrou o Diario em campo neutro.Os adeptos, por um lado, de Eduardo de Lima Castro, epelo outro, do industrial Jose Henrique Carneiro da Cunha,batiam-se, na arena das competigoes, atraves dos jornais ouem comicios, enquanto se preparava um ambiente hostil notocante a um dos candidatos, por parte da guarnigao federal,0 que denunciava dias sangrentos, uma vez que do outrolado havia igual disposigao para a luta em qualquer terreno.Na edigao de 11 de maio, numa "Varia", dizia o editorialistaque ambos os candidatos repeliam a possibilidade de selevar a efeito um acordo, acrescentando: "Nunca, entretanto,esse acordo se fez tao necessario como agora, ante o deplorabilissimorumo que vem tomando, entre nos, essa ingrata campanhaeleitoral, em que o 6dio,a into^.erancia, o apelo a violenciapairam no ar como um desafio atirado a face da populagaopacifica que, desinteressada das competigoes pessoaise partidarias em efervescencia, apenas almeja aquiloa que tern o mais sagrado dos direitos: ordem e sossego paratrabalhar e viver".No dia da eleigao, 27 de maio, salientava o Diario que,apesar da moderagao com que vinha acompanhando a crisepolitica local, nao podia deixar de apontar o erro cometidopela atitude do presidente da Republica, que autorizara forgasfederals a participarem da luta a prol de uma fagao, exacerbandoos animos e provocando desordens.Nao circulou o matutino no dia 30, por falta de garantias,ocasionada pelos acontecimentos entao desenrolados.


144 LUIZ DO NASCIMENTO • *•No dia seguinte, o coment arista ainda verberou a atitude docomandante da Regiao Militar, acusando-o de atirar o Exercitocontra o povo.O acordo, finalmente, propugnado pelo Diario, celebrousee 0 candidato eleito, Jose Henrique, foi substituido pelojuiz Sergio Teixeira Lins de Barros Loreto."Muito expressiva fora a agao do Diario por ocasiao datravessia aerea de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, sendogesto inesquecivel, pela Colonia Portuguesa de Pernambuco,o fate de ter, de madrugada, tangido o carrilhao", "paraanunciar que os dois aviadores estavam salvos" (112). Porocasiao da chegada do "Fairey 17", que ocorreu a 17 de junhode 1922, 0 cortejo, com os "ases" lusitanos a frente, dirigiuseao edificio do velho orgao, em cujo salao de honra foi redigidae assinada, por numerosas personalidades, a ata queassinalou o grande feito.A data do centenario da Independencia do Brasil mereceuedigao excepcional de quarenta paginas, a primeira dasquais, contendo ilustragao alusiva, trazia, sobre faixas verdee amarela, de um lado, a legenda: "Saude e fraternidade aquantos, brasileiros e estrangeiros, vivem e trabalham sob oceu do Brasil", e do outro: "Reconhecimento e homenagemaos antepassados, precursores e fundadores da nacionalidade".No texto viam-se artigos de colaboragao de grandesnomes das letras indigenas e duas paginas sobre "Pernambucoe a Independencia" — capitulo inedito dos "Anais Pernambucanos",de F. A. Pereira da Costa.A proposito do 98.° aniversario, a 7 de novembro de 1923,acentuou Gilberto Freyre, em artigo na respectiva edigao, quese havia conseguido, no Diario, fazer jornalismo, e mesmohteratura, di camera, num pais que tem, antes, o gosto dosritmos tumultuosos. Explicou, entao, tratar-se de "aristocraciade gosto. O jornalismo di camera e a aristocracia dojornalismo, como a miisica di camera e a aristocracia da miisica".Na mesma edigao escreveu F. A. Pereira da Costauma saudagao ao velho orgao, em cujas colunas, conforme. mencionou, publicara, a 5 de agosto de 1872, sua primeiraV produgao em letra de forma. Pouco depois, morria o famo-(112) "Os 125 anos do Diario de Pernambuco".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI45SO historiador, e foi igualmente o Diario que divulgou suaultima produgao (113).Muito apreciavel foi o numero de Natal desse ano, comdezesseis paginas, bastante ilustradas, inserindo artigos deliteratura assinados por Austro Costa, Olegario Mariano, EmilianoPerneta, Mario Lima, Mario Melo, Naasson de Figueiredo,Arnulfo Lins e Silva, Maria Vaz de Carvalho e outros,alem das segoes habituais.Depois de haver mantido a segao diaria "De uns e deoutros" ate 6 de dezembro de 1922, encerrou Anibal Fernandessua primeira fase como redator do Diario, continuando,porem, a assinar artigos diferentes, nao constantes, e anota "Livros novos".Tornou a fornecer artigos assinados, em 1924, o jornalistaManuel Caitano, apenas como colaborador; e voltou a setimapagina a ser ocupada, aos domingos, com materia especializada,sob o titulo "Magazine", compreendendo: Ciencias —Letras — Artes — Mundanismo — Variedades. GilbertoFreyre foi admitido como redator especial, cargo que ocupoudurante dois anos. .^No dia 11 de junho veio a falecer o coronel Carlos Benig- -^_no Pereira de Lira, proprietario da Empresa Diario de Per- o r, r^nambuco, permanecendo, entretanto^ o seu nome no cabegalhoate 19507; " " >£p»vo-~~ Verificou-se a 2 de julho bem organizada edicao de vintepaginas, comemorando o centenario da Confederagao doEquador, a primeira das quais trazia substancioso editorialalusivo, ladeando expressiva alegoria, representada pela execugaode Frei Caneca. No texto, um cliche com assinaturasautografas dos doze "homens da revolugao" e varias ilustra-Qoes historicas, principalmente do pintor Manuel Bandeira,a par de verdadeiro compendio sobre os acontecimentos de1824, em trabalhos assinados por Carlos Porto Carreiro,Eusebio de Sousa, Ageu Guimaraes, Mario Melo, ArmandoGaioso, F. A. Pereira da Costa (pagina inedita), Carlos Pereirada Costa, Gilberto Freyre, Fernando Scares Brandao,Pedro Celso Uchoa Cavalcanti, Mario Sete, Anibal Fernandes,Samuel Campelo, Franga Pereira (poemas heroicos),Maviael do Prado (soneto) e Ulisses Brandao. No dia seguinteainda a primeira pagina era ocupada, totalmente,(113) O professor Carlos Pereira da Costa, escrevendo na edigaodo Centenario (1925), revelou que o "canto de cisne" do seu pai, comohomem de letras, foi, precisamente, o artigo que publicara a 7 de novembrode 1923.


146 LUIZ DO NASCIMENTOpor uma alegoria em homenagem aos herois da Confederagaodo Equador.1925/1934No dia 7 de novembro de 1925, data magna do seu centenario,o Diario circulou em edigao recorde de 60 paginas,a!§m da publicagao do "Livro do Nordeste" (114), organizadopor Gilberto Freyre, tendo como auxiliar tecnico Jose Mariade Albuquerque e Melo.Bela alegoria ocupou toda a primeira pagina do jornal,(114) Com o total de 264 paginas de texto, inclusive 72 de aniincios,o "Livro do Nordeste" constituiu um marco dos mais brilhantesda solenizagao do 100.° ano de vida do Diario. Apresentando-se emformate do 41 x 28, com capa, numerosos desenhos internes e vinhetasda autoria de Manuel Bandeira, alem da reprodugao de desenhos elitogravuras de grandes nomes do Seculo XIX, como L. Schlappriz eF. H. Carls, e de um Franz Post, do Seculo XVII, a importante publicagaodivulgou o seguinte sumario:"Introducao — Diario de Pernambuco", por C. Lira Filho. "Umseculo de relagoes internacionais" — M. de Oliveira Lima. "Um seculode relagoes luso-brasileiras" — Fidelino de Figueiredo. "Um seculo derelagoes interamericanas" — F. Butler Simkins. "Coronel Carlos Lira".Duas paginas de Barlaeus. "Recife" — Anibal Fernandes. "Umseculo de Medicina e Higiene no Nordeste" — Otavio de Freitas. "Cemanos de Agricultura e Pecuaria no Nordeste" — Samuel Hardman."Um bispo de Olinda" — Luiz Cedro. "As secas do Nordeste (1825/1925"— Tomaz Pompeu Sobrinho. "Um seculo de vida de estudante emPernambuco" — Odilon Nestor. "Festas e fungoes de engenho noNordeste" — Julio Belo. "Os ultimos cantadores do Nordeste" — Eloide Sousa. "A arte da renda no Nordeste" — Leite Oiticica. "VidaSocial no Nordeste (1825/1925)" — Gilberto Freyre. "O movimento daaboligao no Nordeste" — Coriolano de Medeiros. "Cem anos de vidaeconomica em Pernambuco" — Caspar Peres. "Um seculo de vida musicalem Pernambuco" — Euclides Fonseca. "Um seculo de vida literariaem Pernambuco" — Franga Pereira. "Um seculo de jornalismoem Pernambuco" — Manuel Caitano. "Evocagoes do Recife" (versos)— Manuel Bandeira. "Um poeta pernambucano: Manuel Bandeira" —J. Cardoso. "A pintura no Nordeste" — Gilberto Freyre. "Cem anosde teatro em Pernambuco" — Samuel Campelo. "Uma figura literariado Nordeste: Nisia Floresta" — H. Castriciano. "Um seculo de vidaparaibana" — Ademar Vidal. "Viagao ferrea no Nordeste" GracilianoMartins. "Velhas janelas do Recife e Olinda". "O fundador doDiario de Pernambuco" — Mario Melo. "O Recife em 1925" (quadrode imoveis). "A cultura da cana no Nordeste" — Gilberto Freyre."Alagoas em 1925" — Moreno Brandao. "O Recife em 1923" (Populagao,tipo de construgao, etc.). "Os municipios de Pernambuco"


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI47vendo-se desenhada ao centro a impressora Duplex ao ladoda prensa de onde saiu o primeiro numero, com o respectivofac-simile e outro de edigao atual, entremeados com retratosde A. J. de Miranda Falcao (115) e Carlos B. P. de Lira.Acima do desenho, as palavras: "Aos que se foram — Reconhecimento— Saudades", lendo-se em baixo: "... e sejamOS vindouros dignos deles". A segunda pagina inseriu o editorialcomemorativo, ilustrado com cliches do presidentsArtur Bernardes e do prefeito Antonio de Gois, continuando,na seguinte, com o do governador Sergio Loreto. Assimcomegou o articulista:"Foi numa segunda-feira —"segunda-feira, 7 de novembroe 311 dias do ano de 1825" — que apareceu no Recife oDiario de Pernambuco. Medindo 24 1/2 centimetros sobre 19,dir-se-ia, comparado aos jornais de hoje, um jornalzinho debrinquedo ou de colegio o Diario de Pernambuco de 7 de novembrode 1825. Dir-se-ia uma miniatura apenas de jornal afolha que, na manha daquela segunda-feira, hoje romanticamentehistorica, encontraram alguns cidadaos do Recife debaixode suas portas, e que outros, curiosos da novidade, foram,a hora doce do cavaco, comprar por quarenta reis, nabotica do Joao Ferreira da Cunha; ou na loja da Gazeta arua do Rosario; ou no botequim da Praga, dentro do Recife."Aparecia o novo diario com a promessa de lealmenteregistrar noticias de compras, vendas, leiloes, alugueis, arrendamentos,aforamentos, roubos, perdas, achados,amas deleite, entradas e saidas de navios — todo um conjunto de coisasque ate entao, no Recife, so se conseguia saber com muitovagar e muito caminhar, indo medievalmente as lojas debarbeiro, indagando nas boticas, perguntando nas sacristias".O comentarista fez, a seguir, um retrospecto do Recife de1825, focalizando costumes, vida social e politica, para depoisreencetar: "Os olhos que primeiro leram o Diario de Pernambucosao olhos ainda limidos de impressoes fortemente tr&-gicas. Olhos que viram rolar do patibulo, palidas e a pingarsangue, as cabegas dos padres ideologos e dos patriotas generosos.Olhos que viram cair, arcabuzado, em Cinco Pontas, ocorpo ainda mogo de Frei Caneca, que acabou escrevendo como seu sangue martir o post-scriptum que pretendera escrever,(115) "A figura do fundador do Diario de Pernambuco enquadrasena categoria dos homens de luta, feitos pelo proprio esforgo, emconflito com circunstancias diversas" — in artigo de redagao d'O Jornal,do Rio, em 7 de novembro de 1925.


148 LUIZ DO NASCIMENTOa tinta vermelha de panfletario, dos ideals e aspiragoes de1817".Apos relatar a vlda do velho orgao, desde os tempos doseu fundador ate chegar as maos do Coronel Carlos Lira,concluiu o articulista: "Acentuam-se, nesta fase, as linhas dotradicional programa do Diario, inspirado nas urgencias enas aspiragoes gerais do Nordeste brasileiro. Identificado assimcom as penas e as alegrias e os esforgos e as glorias dequatro geragoes, dir-se-ia, a voz do Diario de Pernambuco, apropria voz do passado nordestino. E quando o jornal atingea semelhantes responsabilidades de representagao, perdetodo direito de subordinar-se a pontos de vista de momento— de pessoas, de grupo, de classe, ou de partido — ou as sedugoesda popularidade; e adquire o dever de por a servigodos grandes interesses de sempre, acima dos de momento, emesmo contra eles, a sua voz secular".O texto geral apresentou-se repleto de materia, a saber:pagina de fac-similes, intitulada "O Diario atraves dosseculos"; pagina de cliches do corpo consular de Pernambuco;"Pagina Feminina"; "Artes e Letras"; pagina de "Estrelasde Cinema"; pagina de Radioeletricidade; "O Recifeha cem anos", de Estevao Pinto, com ilustragoes; "GenealogiaPernambucana" (duas paginas) de Mario Melo; "A mu-Iher pernambucana", pagina de Edwiges de Sa Pereira, alemde numerosos outros trabalhos, em prosa ou verso, assinadospor Joao Vasconcelos, J. A. Correia de Araiijo, Julio Belo,Mario Sete, Hermeto Lima, Luiz da Camara Cascudo, Mateusde Oliveira, Ulisses Brandao, Nestor Diogenes, Anibal Fernandes,Hersilio de Sousa, Esmeraldino Bandeira, Silva Ramos,Oton L. Bezerra de Melo, Samuel Campelo, Glicerio aeAlmeida Maciel, Joao Lemos, Pedro Celso, Mario Marroquim,Austro Costa, Laiete Lemos, Zeferino Galvao, Fernando Griz,Antonio Austreg6silo e outros intelectuais. Podiam-se ler,igualmente, mensagens de saudagao do Presidente e do Vicepresidenteda Republica; dos governadores de Pernambuco ede outros Estados; do Congresso Nacional; de ministros,parlamentares, representagoes estrangeiras, Universidades eoutras instituigoes.A data do centenario (programa tambem organizado porGilberto Freyre) foi solenizada com extraordinaria pompa,que abalou a vida social do Recife. Houve alvorada, missa,recepgao, sessao magna na Escola Normal Oficial (atual Institutode Educagao), inauguragao da placa da Rua Diario de


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI49Pernambuco (116), concerto de banda musical, sarau dansante,fogos de bengala, almogo oferecido a imprensa e numerosascerimonias de iniciativa particular. A Biblioteca Publica doEstado, entao sob a diregao do escritor Umberto Carneiro,inaugurou, no salao principal, uma mostra de toda a colegaodo Diario e de primeiros numeros de quase todos os jornaisrecifenses ate entao publicados, e fez circular, reunindo dezpaginas, o "Boletim Bibliografico — 1825/1925", impressona Reparticao de Publicacoes Oficiais, com emblemas de Pernambucona capa (117). A brochura inseriu dados sobre0 Diario e fac-similes de diversas primeiras paginas (118).Tocante homenagem foi prestada aos antepassados, porocasiao do baile: quando o sino da torre do edificio da Pragada Independencia soou as doze badaladas do centenario,cessaram as musicas, atenuaram-se as luzes e fez-se um minutede religioso silencio.A imprensa pernambucana em geral e de outros pontosdo pais rendeu homenagens a data magna do importanteorgao, sendo-lhe dedicadas ate edigoes especiais (119). Ac(116) A placa constituiu uma homenagem da Prefeitura, resultantede sugestao de Alves Pedrosa, em artigo n'A Noite, do Recife,edigao de 3 de novembro de 1925.(117) Comprovante tambem existente na Biblioteca Estadualde Aracaju, Sergipe.(118) Como homenagem das "classes conservadoras do Estadoao mais antigo jornal em circulagao na America", foi reimpresso, no"A B C Grafico", de Carlos Pereira da Costa, o primeiro niimero doDiario, sendo distribuido, em grande quantidade de exemplares, nasdiferentes solenidades. Teve capa em cartolina, com palavras de Alfredode Carvalho (transcritas dos "Anais") no reverse.(119) Na sua edigao de 3 de novembro, escrevera o vespertineA Noticia: "... o que vale, sobretudo, nesses cem anos do Diario, eo mode por que ele soube viver. Alheio a essa demagogia que ternsido a praga de nossa civiliza?ao, dentro de um criterio de conservadorismoeducado, o Diario de Pernambuco foi alguma coisa, foi muitacoisa mesmo no sentido de contrabalangar com sua influencia_ a ondadelirante e varia. Foi, ao servigo de nosso progresso, uma forga poderosa".Em artigo, igualmente, sobre os cem anos do Diario, salientou oescritor Estevao Pinto: "Seu aparecimento veio dar nova seiva aojornalismo provincial" (A Noticia, 7 de novembro de 1925).Ainda a 7 do referido mes, na revista A Ocasiao, niimero dedicadoao acontecimento, apresentou Manuel Arao "Uma pagina do velhoDiario", recordando sua atuagao como redator, iniciada a 10 de novembrode 1892, e perfilando a personalidade do entao diretor Fill-


150LUIZ DO NASCIMENTOdiretor Carlos Lira Filho concedeu o governo portugues ograu de comendador da Ordem Militar de Cristo, e o GabinetePortugues de Leitura atribuiu-lhe o titulo de socio benemerito(120).O corpo redacional de entao estava assim formado: Josedos Anjos, secretario; Gilberto Freyre, redator especial; MarioMelo, Joao Lemos, Adolfo Celso Uchoa Cavalcanti, AustroCosta, Dioclecio Cesar, Arnaldo Constantino, Samuel Campeloe Severino Aguiar, sendo revisores, entre outros, Pedro Tomazpe de Figueiroa Faria, homem que conhecia, do jornalismo, todos osmais intimos detalhes. A destacar o topico a seguir:"Filipe Figueiroa escrevia pausadamente, meditando sobre o efeitode uma sentenga ja enunciada. Nas refregas mais intensas em queo Diario se viu envolvido, naquele periodo agitado da politica de Pernambucoque marcou a transigao do governo Barbosa Lima para ogoverno Correia de Araujo, nunca esqueceu que nao a sua pessoa, masOS proprios creditos e tradigao da folha e que estavam em conflito".O periodico A Serra dedicou-lhe a edigao da data, mais a 1.^ paginado seu suplemento Timbauba-Chic, constituida de artistica alegoria,assim intitulada: "Homenagem d'A Serra, de Timbauba, aoDiario de Pernambuco, quando se comemora o centenario do maisantigo jornal em circulagao em toda a America Latina". O desenho,a cores, continha as datas 1825/1925, o prelo que imprimiu o primeironumero e a Duplex Tubular em uso. No centro, o soneto "Ao Diariode Pernambuco" (parafrase a Olavo Bilac), da lavra de Jader de Andrade.Vale a pena traze-lo para esta pagina:"Gloria ao esforgo gentil da nobre geragaoQue, ha cem anos, no ceu da grande patria brilha;Gloria, da Inteligencia, ao fecundo claraoQue, aos novos ideais, nos abriu nova trilha;Gloria a luta do Bem; e a luta da razao;E a pleiade que em sois essa luta pontilha.Do prelo tosco e humilde, a primeira impulsao;Da pena humilde e tosca, a primeira gazetilha;Gloria tambem a vos, modestos operarios —Quatro ou cinco que fosseis — e ereis, nesse dia,Duma longa epopeia, herois extraordinarios;Principalmente gloria a esplendida e sadiaAlma que era a do tempo e, aos estos libertarios,Na luz da boa imprensa, a terra prestigia".(120) No principio do ano seguinte, publicou-se um opusculode 64 pagmas, mtitulado "Noticias das Festas do Primeiro Centenariodo Diario de Pernambuco", bastante ilustrado, reproduzindo igualmente,as mensagens de saudagao recebidas. Organizador- GilbertoFreyre.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI5Ida Silva e Francisco Floro de Albuquerque Leal (Franco Leal).A gerencia estava a cargo de.Salvadqr Pereira de Lira, desde1920, quando substituira a Leonidas de Oliveira, continuandoa funcionar no escritorio o escritor, tambem poeta, Naassonde Figueiredo (121).Prosseguiu a publicagao, sempre conceituada e prestigiada.Alem das "Varias", passou a entremear de sueltos aterceira pagina. Atingido o ano de 1927, Anibal Fernandes(122), que realizava sua primeira viagem a Europa, de laenviou uma serie de cronicas de impressoes, usando a assinaturaA. F.Em artigo na edigao de 7 de margo de 1930, o diretorCarlos Lira Filho, respondendo a ataques de Manuel Caitano,feitos atraves das colunas do Diario da Manha (ver Vol. Ill:"Diarios de Recife — 1901/1954"), verberou a atitude do ve-Iho jornalista, que langara mao do vituperio como argumentode critica politica, contra a sua bela tradigao de sempre"(123).No mes de maio, o Diario dedicou grande espago a che- |c\ > ogada do Graff Zepellin, que ocorreu no dia 17.J ^ •->Vinha entao fervendo a campanha politica da AliangaLiberal, retemperada em face do assassinio, no Recife, do presidenteparaibano Joao Pessoa, a 26 de julho, ate que rebentoua revolucao de 4 de outubro. O matutino nao circulou logo,so voltando no dia 7, com quatro paginas, apenas, dedicadasao noticiario dos acontecimentos. Ainda saiu outraedigao de quatro paginas, para continuar com seis ate o dia11, voltando a normalidade: 8 a 12 paginas.(121) Uma pega de folhas de Flandres, de meio metro de alturapor 15 cm de diametro, ajustada com tiras de madeira e devidamentelacrada, encontra-se no salao da biblioteca do Institute Arqueologico,com OS seguintes dizeres: "Esta lata contem a noticia exata de tudoquanto fez o Diario de Pernambuco para solenizar o seu centenarioem 7/11/1925. Oferecida pelo socio deste Institute, Naasson de Figueiredo,com a condigao de somente ser aberta em 7/11/2025".(122) "Deixando o batente do jornal, nunca do jornal me distanciei,continuando a ser colaborador remunerado. Essa colaboraQaointerrompi-a, por algum tempo, quando tive a meu cargo a parte politicad'A Provincia" — escreveu Anibal Fernandes, na conferencia"Jornais e jornalistas do meu tempo".(123) O diretor do Diario de Pernambuco salientou que ManuelCaitano o chamara "jornalista longinquo" e que outros ja Ihe hiaviamdado 0 titulo de "jornalista semestral"...


152 LUIZ DO NASCIMENTONa edigao de 16 de outubro registrava o articulista que"o pais ia de mal a pior e sem esperanca de remedio", acrescentandoque "a revolugao vinha a ser, para o Brasil vilipendiado,a unica saida possivel, diante da fraude elcitoralabsolutamente arraigada e dominante no pais inteiro". Grandestitulos, na primeira pagina, foram dedicados, durante todoo mes, aos assuntos decorrentes da revolugao e ao novogoverno, com noticiario local e telegrafico bastante copioso.Em principio de J.931, reiniciou Assis Chateaubriand —depois de quinze anos de ausencia — sua colaboragao no ve-Iho orgao, ao mesmo tempo que entrava Umberto de Campos,com as "Notas de um diarista", e Alvaro Moreira com acronica ligeira "Bom dia". Enquanto isto, Anibal Fernandesvoltava ao "batente", em carater definitivo./f)>ta>Jlis^ -^^t^de transformacao veio a ocorrer a 17 de junho dg,^ referiSo ano quando,"em seguida a uma serie de~negociag§is^p. /, f riCuiT aempresa passou a propriedade da "~"SociedadeAn6nijna_^''^^'^'^ Diario de Pernarnhnrf^", federada aos "Diarios Associados\ Ltda.", sob a superintendencia de Francisco de Assis Cha^-ck/^ teaubriand Bandeira de Melo. A transacao de fransferencia/ teve a assinatura, por parte da nova Sociedade, de Jader dey. ,f|° \ Andrade, presidente; Salvador Nigro, diretor-gerente, e JoseVCWAA X^O. I Rodrigues dos Anjos, diretor-secretario, e por parte dos vencdedores: Severina Pereira de Lira, Salvador Pereira de Lira,Isiji^o. "^ Alfredo Bastos Tigre, Carlos Lira Filho, Jose da Rocha Ca-, valcanti e Conego Benigno Pereira de Lira. Prego do negocio:/ Seiscentos contos de reis, com pagamento a vista de uma'^exta parte.Efetuada a transagao, Carlos Lira Filho enderegou aAssis Chateaubriand significative telegrama, do qual merecedestaque o topico: "No mastro grande do velho barco, quenem procelas nem escolhos nem calmaria nem desalento aindavenceram, acabamos de desfraldar a insignia do novo almirante".Assis respondeu com expressiva carta, declarando entreoutras consideragoes: "Voce nao acreditara que tenhamos afalta de gosto e de espirito de pensar que adquirimos o Diariode Pernambuco. Seria a mesma coisa supor que tivessemoscomprado a velha Faculdade de Direito, o Convento de SaoFrancisco, os Guararapes ou o Institute Historico. O Diarioe uma grande Provincia que entra, voluntariamente, parauma federagao de Estados. Entra com a sua soberania Intacta,sem restricoes".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 153Publicando a carta, na edigao de 18 de junho, precedeu-aCarlos Lira Filho de longo artigo, abrindo a primeira pagina,em que salientou: ". . .nada vai mudar no rumo deste velhoDiario, quanto a concepgao dos seus deveres para com a coletividade.O mesmo respeito a confianga do publico no ministrar-lhesempre a verdade; a mesma serenidade no julgamento;0 mesmo comedimento na critica quando oportuna; ocombate, quando necessario. Nenhuma ligacao oficial; nenhumcompromisso de partido; jamais o proposito deliberadode agradar ou desagradar seja a quem for".Assumiram a direcao o professor Jose dos Anjos e SalvadorNigro, sendo a fungao de redator-secretario confiadaa Jose Penante.Passou a abrir cada edicao um artigo de Assis Chateaubriand(124) e, logo a 3 de julho, adotava a reforma ortograflca.Iniciou uma fase de alteracoes, com a primeirapagina bastante movimentada, onde vinha o service telegrafico,e igualmente a ultima, sendo admitidos novos colaboradores,como Austregesilo de Ataide, Jorge Gastao de Oliveira,Mario Sete, Coronel Vilaronga Fontenele, Azevedo Amaral,Mozar Monteiro e outros. Foi crlada a secao "O momentointernacional", a cargo de Anibal Fernandas, mas sem assinatura,e vieram a divulgar-se reportagens sensacionais, procedentesdo pais e do Exterior. A 2 de agosto reproduzia-se,na terceira pagina, o diploma do Grande Premio, com o qualfora distinguido o Diario, a maior recompensa atribuida aosconcorrentes a Exposicao Internacional de Sevilha, Espanha,em 1929 (125).Quanto a tabela de assinaturas, so houve mudanca notocante as remessas para o estrangeiro, assim estabelecidas:paises signatarios da Convencao Postal Panamericana: ano— 78S000; semestre — 42S000; paises signatarios da Con-(124) "A contribuigao do Diario de Pernambuco para o exito darevolugao brasileira e, na sua espontaneidade e no seu desinteresse,das mais valiosas" — afirmou o diretor dos "Diarios Associados", emartigo de 18/6/1931. Noutro topico: "Durante quase dois decenios,num meio em que os metodos do cangaco marcam o compasso aostacapes dos estoura-vergas e dos trinca-espinhas do jornalismo provinciano,o sr. Carlos Lira Filho soube ser gentilhomem, em cujo floretesutil residia a protegao dos ideals eternos da cidade".(12.5) Ja antes da guerra de 1914 tinha sido o Diario um dosquatro imicos jornais brasileiros que obtiveram Grande Premio naExposigao Internacional de Turim, na Italia.


154 LUIZ DO NASCIMENTO "vengao Postal Universal: ano — 138S000; semestre — 73$000.De modificagao em modificagao, o matutino melhorousuas edigoes dominicais, criando uma pagina "Para as senhorase senhorinhas", a cargo de Celeste Dutra; dedicandooutra a "Vida Cinematografica" e ampliando as segoes deDesportos, Comercio e Finangas. Nas quintas-feiras apareceua "Pagina das Criangas". Nesse ano, precisamente a1° de outubro, faleceu Jader de Andrade, presidente da S. A.Diario de Pernambuco.Dada a edigao de 29 do referido mes, ano de 1931, sofreua vida do jornal ligeiro colapso. E que, ocorrendo o levante do21.0 Batalhao de Cagadores, "foi malevolamente suspeitadode conivencia com o movimento, o que serviu de pretexto aovarejamento do edificio", prisao do pessoal da oficina e, depois,dos diretores Jose dos Anjos e Salvador Nigro, de auxiliaresda redagao e do escritorio, sendo todos encaminhadosa Casa de Detengao. Ate o antigo diretor Carlos Lira Filhofoi detido em sua residencia. Enquanto isso, o interventorfederal no Estado decretava a suspensao do matutino, poucodepois revogada, sendo igualmente relaxadas as prisoes. Apublicagao poderia ser reencetada no dia 3 de novembro, masnao 0 foi por motivos de ordem interna. So voltou com aedigao do dia 7, de 48 paginas, comemorativa do 106." aniversariode fundagao.No mes seguinte, a 5 de dezembro, uma nota oficial daInterventoria declarava nao permitir que o Diario continuassea contrariar "as determinagoes do governo, acusando-o deprovocar a discordia nas classes armadas", isto em virtudede comentarios publicados sobre a mazorca de outubro de1931.Em 1932 criava-se a "Policlinica Diario de Pernambuco",sob a diregao do professor Otavio de Freitas. E Anibal Fernandesassinou, a epoca, uma serie de artigos a respeito doNordeste e da seca, como resultado de uma bandeira dos Associadospelo sertao. Tambem varios artigos com a assinaturaRui de Lara, ou R. Delara, ou X, eram de Anibal, bemcomo a maioria das "Varias" sobre assuntos politicos.Nao deixava o Diario, em seus editorials, de criticar oserros dos responsaveis pela Revolugao de 1930, polemizandocom OS jornais oficiosos. No artigo "Longe do povo", de 1de margo de 1932, repeliu os ataques que Ihe fazia oDiario da Tarde, "no seu habitual realejo", dizendo que ovespertine deitara "curiosissimo artigo", no qual clamava,


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 155"para todos os ventos, uma perigosa ofensiva reacionaria,orientada, subvencionada, etc., pelos elementos que a revolu-Qao outubrista substituiu nos postos de mando por novasfiguras da esquerda".Apos outras vergastadas, frisou: "O mais triste em todaessa atividade quixotesca de hoje e que a Revolucao, tao invocadacomo ponto de partida para o saneamento das torpezasda Repiiblica Velha, esteja a justificar, em plena RepublicaNova, esse requinte de intolerancia que nao admiteoutra voz fora dos louvores incondicionais e outra atitudealem das interessantes ao sabor politico dos magnatas deapos-revolucao".Irrompeu a revolugao de Sao Paulo, e o Diario, batendosepela reconstitucionalizagao do pais, acompanhou, "comsimpatia, o movimento", nada obstante a censura que pesavasobre a imprensa.A edigao de 16 de julho foi dedicada ao municipio paraibanode Campina Grande, reunindo vinte paginas.No dissidio havido entre o interventor Carlos de LimaCavalcanti e o ministro da Viagao, Jose Americo de Almeida,a proposito das Obras Contra a Seca, o matutino defendeu oponto de vista do segundo, que dera primazia a Paraiba eao Rio Grande do Norte no piano de services elaborado. Istoporque — alegava o editorialista, na edicao de 13 de setembro— "certos jornais (126) afirmavam nao haver seca emPernambuco, que as noticias em contrario nao passavam deexploracao politica e que, entre nos, o caso se restringia asimples reflexo da calamidade assolante nos Estados vizinhos".Foi quando, tomando as dores da Interventoria, EdgarBezerra Cavalcanti e Jose Mauricea, membros da Milicia Civica,criada por decreto do governo estadual, subiram, as 23horas, a redagao, armados, e, dirigindo-se ao redator-chefeJose dos Anjos, ameacaram-no e a todo o pessoal da redagao,em altas vozes, dizendo que "tinham resolvido" proibir a publicagaode qualquer referenda elogiosa ao ministro JoseAmerico, sob o minimo pretexto, pois o consideravam "inimigo"do Estado. Em caso contrario, os diretores e redatores,sem excegao de um so, seriam surrados.Sentindo-se sem garantias, o jornal suspendeu a circu-(126) fisses jornais eram o Diario da Manha e o Diario da Tarde,pertencentes a familia Lima Cavalcanti.


156 LUIZ DO NASCIMENTOlagao, so reaparecendo no dia 18, "fiado na responsabilidadeque 0 sr. interventor federal, pessoalmente e como detentordo poder e representante do Governo Provisorio, assumiuem documento publico, por toda e qualquer violencia quepossa ocorrer, quer nas suas oficinas, quer na integridade deseu pessoal redacional". Nada obstante, acentuou a redagao:"Sabemos que o ambiente de coacao pesa ainda sobre nos.Os assaltantes do Diario continuam blasonando ameacas, enquantonos estamos desarmados, nao tendo a policia permitidoque usassemos armas para a nossa defesa".Diante da repercussao do acontecimento, sobretudo naAssociacao Brasileira de Imprensa, que de tudo foi inteirada,o interventor retirou a censura que pesava sobre os jornais(127).O Diario de Pernambuco continuou a atacar o governoestadual, manifestando-se contra a repeticao dos erros quederam como resultado a revolucao de 1930, "erros de administracaoe violencia policiais".As criticas eram revidadas pelo orgao oficioso Diario daManila, dai nascendo azeda polemica entre os dois respeitaveisorgaos da imprensa, que durou, praticamente, todo operiodo da gestae de Carlos de Lima Cavalcanti.Novas secoes foram criadas em 1932, inclusive "Atravesdo Mundo", "Revista das revistas", Cronica Internacional,em rodape da terceira pagina, as quintas-feiras, e "Modasde Paris". Apareceram colaboradores como Gustavo Bar-(127) Eram os seguintes os tcrmos da censura ate entao vigorante:"Nao permitir afixacao de placards com noticias e tclegramassem previo visto da policia nos originais; nao permitir nenhuma informacaoou comentario derrotista ofensivo as autoridades constituidas;nao permitir exploragao em torno de acordos com a paz; nao permitirreferencias a movimento subversive do sul do pais, e sim de Sao Paulo;nao permitir chamar revolucionarios os politicos reacionarios emarmas, a fim de evitar confusao; nao permitir, sem previa autorizacaoda Interventoria, informagao ou comentario sobre rompimentos politicos,em qualquer Estado da Federagao ou sobre divergencias entrechefes de forgas militares do Governo Provisorio, para evitar intranqiiilidadeno espirito publico; nao permitir informagSes ou comentariosque possam dificultar o alistamento e incorporacao de reservistas e voluntariospara a defesa do Governo Provisorio; nao permitir alarde sobreprovidencias da Interventoria quanto a manutengao da ordem publica nointerior; nao permitir quaisquer comentarios desfavoraveis a asaoda Inteventoria quanto a manutengao da ordem publica no interior;nao permitir quaisquer comentarios desfavoraveis a agao da Interventoriano sentido de acautelar o governo e a populagao contra a investidados especuladores do comercio".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI57roso, Osvaldo Orico, Medeiros e Albuquerque, Abaete de Medeiros,Carlos Rios, Joao Aureliano, Alvaro Lins, Lauro Borba,inclusive com o pseudonimo Gil Vaz, nas "Palestras grafologicas";Naasson de Figueiredo, Fraga Rocha, Guedes deMiranda, Nilo Pereira, Cumplido de Santana, Lindolfo Color,Baltazar de Oliveira, Bezerra de Freitas, Gilberto Osorio deAndrade, Afranio Peixoto, Eduardo de Morals, Olimpio deMeneses, que escrevia "Pelo Sertao"; Renato de Alencar eoutros. Publicaram-se "Perfis Academicos" (bachareis de1932), da autoria de Mucius (pseudonimo de Murilo Costa),auxiliado porH. G. T. P. A. eP. B.A edigao de anivcrsario do referido ano contou 48 paginas,ocupando a primeira excelente alegoria e o artigo comemorativo.O comentarista das "Varias", apoiando o Integralismo eo Partido Economista, criticou a criacao do Partido SocialDemocratico. Relativamente ao Integralismo, dizia, na edigaode 23 de novembro, tratar-se de "um movimento de ideias quepode ser o ponto de partida para uma verdadeira renovagaocivica do Brasil". A 27, incentivava a "organizagao de partidosnacionais com raizes fundas na opiniao e interpretandoas aspiragoes e sentimentos coletivos", acrescentando: "Louvamosa Agao Integralista e agora exultamos pela fundagaodo Partido Economista". Censurou a politica economica dogoverno pernambucano e sua participagao na organizagao doPartido Social Democratico fundado no Recife e depois filiadoao partido do mesmo nome, nascido no Rio de Janeiroe de ambito nacional. Era a "Sozial-Democratie pernambucana,de fundo marxista e anti-cristao, afagando correntesextremadas".Grande promocao redacional ocorreu no mes de dezembro,ainda 1932, quando abriu campanha, atraves de comentariose cntrevistas, visando a inclusao das Obras Contraa Seca na Constituicao, tornando-as "obrigagao nacional".Em meados de novembro o matutino comegava a dedicarcspago ao noticiario e comentarios sobre o Carnaval, que, naepoca, se movimentava cedo, com ensaios de clubes e blocospelas ruas, festas dangantes e piqueniques. O triduo carnavalescode 1933, especialmente, mereceu grande destaque.O corpo redacional contava com Otacilio Alecrim, GalvaoRaposo, Teofilo de Barros Filho, Hersilio Celso, Moralsde Oliveira e Antonio Barreto. Trabalhavam na revisao: AntonioAmerico de Arruda, Manuel Dionisio da Costa, Aimbire


158 LUIZ DO NASCIMENTOKanimura e outros, ocupando cargos de escritorio AlfredoRamos, Naasson de Figueiredo e Valdemar Angelim.A 13 de abril do referido ano ocorreu uma edigao de 48paginas, dedicada ao Para. No dia 26 reabria-se o titulo "Coisasda Cidade", de cronicas diarias (128), assinadas por M.(Mario Melo). Outra segao aparecida, mas que durou pouco,foi "De leve", a principio firmada por J. P. L., e depois porMalazartes; nao tinlia mais de meio palmo, mas o miolo erabom. Por algum tempo, ocupou toda a largura da pagina otitulo "Atraves do Nordeste", abrigando amplo noticiario doscorrespondentes municipals.Em face das eleicoes para a Constituinte brasileira, a 3de maio, voltava a atacar o Partido Social Democratico.PpX^ A partir de 24 de setembro, a edigao dominical passou a^^ ser acompanhada de um suplemento, com quatro paginas, de\oJ^^ 'TSteratura, Cinematografia, Modas, Desportos, etc. Assinavamtrabalhos literarios Umberto de Campos, Osvaldo Orico,Rubem Braga, Austro Costa, Esdras Farias, Ida Souto Uchoa,Hersilio Celso, Paulo Gustavo, Nair de Andrade, Araujo Filho,etc.Grande foi a edigao de aniversario de 1933, a qual teve72 paginas, repletas de produgoes de nomes em evidencia nasletras nacionais e regionais.O prego da assinatura, dentro do pais, foi alterado, a20 de fevereiro de 1934, para: 55S000, anual, e 30$000 semestral.E, no mes de maio, criou-se um programa de concursos,em diferentes series, a saber: Turismo, Educagao (financiamentoda instrugao de jovens) e Melhor Ambiente (casapropria), sendo iniciadas as atividades com o primeiro, quedava lugar a um primeiro premio de lO.OOOSOOO.Alem das "Coisas da Cidade", M. passou a assinar outrasegao: "Coisas do vernaculo".Batia-se o Diario, no momento, pela solugao do problemada habitagao do pobre, lamentando (edigao de 19 de maio)que, com quatro anos de administragao, o governo revolucionarioainda nao tivesse pensado em assunto de tao alta relevancia.Em junho fundava-se, definitivamente, a Associagao da(128) A segao "Coisas da Cidade" fora criada, mais de onzeanos antes, por C. Lira Filho, mas nao passou da segunda cronica, a7 de dezembro de 1922. Reapareceu, depois, com a assinatura X.,baqueando novamente.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 159Imprensa de Pernambuco (129), acontecimento que mereceudo grande orgao o maximo relevo. A epoca, divulgava-seuma serie de reportagens de Galvao Raposo, intitulada "Nosdominios do Padre Cicero". Antonio Padua Neves iniciava-se,sem esquentar o lugar, como reporter de setor. Saiam apreciaveiscronicas de Yamile e artigos de Agripino Grieco, quecontinuou a colaborar assiduamente.A 23 de julho nao circulou o matutino, ficando suspensepor alguns dias, pelo fato de os antigos proprietaries haveremrequerido a falencia da empresa. So voltou a tona a1 de agosto, em carater temporario, na forma da lei, ficandosob a responsabilidade dos sindicos. A 3 de setembro eramdesignados diretores efetivos Gilberto Freyre e Ismael Ribeiro.A falencia do Diario, nesse ano de 1934, deu lugar a umaserie de publicagoes pagas, de carater polemico, sob a responsabilidade,ora da firma vendedora, Carlos Lii;a &_Cia^ (130),que requerera a medida a 21 de agosto, ora dos compradores,OS "Diarios Associados", estes defendendo a legalidade do negocioefetuado e dos compromissos assumidos, atraves da assinaturado advogado Ismael Ribeiro, com a divulgacao de pareceresde juristas e embargos, alem de sucessivos artigos deOsvaldo e Assis Chateaubriand e a transcrigao de comentariosda imprensa carioca, acusando, inclusive, ao governador doEstado como "cumplice do assalto" levado a cabo pelos vendedores,que cometiam "franco atentado aos direitos dos compradores",pretendendo esbulha-los. As "Solicitadas", de partea parte, tiveram inicio no Jornal do Recife, a 19 de agosto;a partir de 19 de setembro passaram a sair, tambem, n'O Estadoe, desde 2 de outubro, ao mesmo tempo, no Jornal doCommercio, prolongando-se a polemica ate o fim do mes.Apos julgamento favoravel, pela instancia competente daJustiga, ficou o velho orgao definitivamente incorporado arede dos "Associados".Vr^ A «|/-OL


• rvvi160 LUIZ DO NASCIMENTOA 7 de setembro saiu uma edigao de 30 paginas, dedicadaao Ceara. No dia 7 de novembro (data aniversaria), a edigao,de 36 paginas, foi aberta com magnifico desenho de paginainteira, da autoria de M. Bandeira, representando praia,coqueiros, o mar encapelado e um barco, em cujo costado selia: Diario de Pernambuco. No texto destacavam-se trabalhosassinados por Osvaldo Chateaubriand, Ascenso Ferreira, OsvaldoSpengler, Olimpio de Magalhaes, Agripino Grieco, VentureliSobrinho, Paulo Pimentel, Assis Chateaubriand, PauloGustavo, Benito Mussolini, Joao Aureliano, Edwiges de SaPereira, Umberto de Campos, Rafael Correia de Oliveira,Guglielmo Ferrerro, Olivio Montenegro, Odorico Tavares, Otaviode Freitas Junior, Aderbal Jurema, Arnon de Melo e JoseValadares.Gilberto Freyre renunciou, a 20 de novembro, sua posigao. de diretor, que so aceitara para cobrir a fase de reorganiza-(U\L gao do Diario, continuando, todavia, a prestar-lhe concurso,na qualidade de colaborador. Nesse ano assumira _AnibalFernandes o cargo de redator-chefe, passando a assinarL desde 29 de novembro, com a letra Z, a cronica diaria "Coisasda Cidade", ate meses antes a cargo de Mario Melo, que deixaraa fungao de redator em junho, acompanhando o secretarioJose dos Anjos e Joao Lemos, solidarios com a atitudetomada pelo ex-diretor Carlos Lira Filho.Durante fins de 1934, continuando pelo ano seguinte,ocorreram outras modificagoes no corpo redacional, onde ingressaramGuilherme Auler e, depois. Albino Gongalves Fernandese Diegues Junior, noticiaristas; Prudenciano de Lemos,redator desportivo; Danilo Lobo Torreao, cronista cinematografico;Fernandes Barros, redator policial.Em 1935, veio de Sao Paulo Carlos Laino, que assumiua secretaria da redagao, substituindo Jose Penante, falecidono mes de julho. Do Rio de Janeiro chegavam Valdemar Cavalcanti,sub-secretario, e Rubem Braga, o famoso cronista.De Alagoas, Ulisses Braga Junior. Todos tiveram atuagao passageira.1935/1944O Diario passou a adotar, aos domingos, em Janeiro, umterceiro caderno, tabloide de oito paginas, contendo reporta-


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 161gens mundiais ilustradas, contos celebres, curiosidades e biografiasde grandes homens.Cessados, entao, os motivos que determinaram sua presenga,e uma vez normalizados todos os servigos, renunciouIsmael Ribeiro a funcao de diretor-gerente da empresa ediretor do jornal, sendo substituido por Dario de AlmeidaMagalhaes, a principlo em carater interino, para ser efetivadomeses depois, mesmo em 1935.Em sua edicao de 15 de abril, noticiava o matutino haver0 interventor Lima Cavalcanti assumido o governo constitucionalde Pernambuco, para o qual foi eleito. Dois mesesapos era promulgada a Constituigao do Estado.Sobreveio uma serie de edicoes especiais, a saber: 2 demaio — dedicada a Paraiba, com 26 paginas, uma das quaisapresentando expressive desenho de Luiz Jardim, que sintetizoutoda a atividade economica do Estado; colaboragao deintelectuais paraibanos. 7 de maio — Jubileu de prata do reida Inglaterra, outras 26 paginas, a primeira delas contendoalegoria tambem de Luiz Jardim, na qual apareciam, lado alado, no alto, os soberanos e, em baixo, o escudo de armasdo Imperio. 28 de junho — 26 paginas, em homenagem aAlagoas, com desenho de Manuel Bandeira na primeira paginada segunda segao, em que se via uma moldura de palmeirase, no alto, as armas do Estado no periodo holandes,aparecendo, ainda, o edificio da catedral de Maceio, o farolda barra, a cachoeira de Paulo Afonso e especimes da flora ^alagoana. _30_dejuiiho — tarribe.m 26 paginas, dedicada A ^ 3 0industria ~do~^gucar e do Alcool, com desenho do mesmo ^pintor, representando a cultura da cana de agiicar. 17 de se- -tuJlti^otembro — 32 paginas, dedicada a lavoura e industria algo- 0doeiras.A 10 de settmbro nascia mais um suplemento — O Guri,jornalzinho infantil de oito paginas ilustradas, incorporadoa edigao das quintas-feiras, sob a orientagao de Luiz de Andrade.Sob a nova direcao, o numero de colaboradores aumentouem quantidade e melhorou na qualidade, podendo-se anotar,sucessivamente: Guilherme de Almeida, Jose Maria Belo, Menottidel Picchia, Geraldo Rocha, Antonio de Alcantara Machado,Paulo do Couto Malta, Hamilton Nogueira, Heitor daSilva Costa, Olivio Montenegro, Gilberto Amado, Jaime deBarros, Tristao de Ataide, V/illy Lewin, Sofonias Cusi, J. E.de Macedo Scares, Alcibiades Delamare, Conego Eustaquio de


162 LUIZ DO NASCIMENTOQueiroz, Jose Americo de Almeida, Mario Casasanta, ArrudaFalcao, Danilo Ramires de Azevedo, Sobral Pinto, Albino GongalvesFernandes, Austregesilo de Ataide, Miranda Bastos,Murilo Mendes, Plinio Correia de Oliveira, Mario Guastini,Gomes Maranhao, Malba Tahan, Otavio Tarquino de Sousa,Jose Lins do Rego, Tasso da Silveira, Mesquita Pimentel, OscarFagundes, Ernani Fornari, Odorico Tavares, Jonatas Serrano,Mario Pinto Serva, Mateus de Albuquerque, Mariteresa,com a "Cronica Feminina", e Tadeu Rocha, autor de excelentesreportagens.Na edigao de aniversario de 7 de novembro de 1935, com46 paginas, adiantou o editorial comemorativo: "Como orgaolivre, informa com probidade, discute com elevacao e, podemosdizer sem falsa modestia, com aquela elegancia moral etemperanca de palavras de que um dia falava com orgulhoum de seus colaboradores. Esse programa, que e uma tradicaoda casa, nao poderia caber melhor do que numa organizagaojornalistica do vulto e do carater dos Diarios Associados, cujaatuacao na vida brasileira dia a dia mais se acentua. Assim,atinge o Diario os seus 110 anos com a mesma e inalteravellinha de conduta de sempre".Da referida edicao destacaram-se os seguintes trabalhosde colaboracao: "O Homem Salazar", pagina de Luiz Delgado;"O Sansao do Imperio", de Osvaldo Orico, e "As grandespossibiiidades de Itaparica", de Hildebrando de Meneses.O cargo de diretor-gerente foi preenchido em data de1 de fevereiro de 1936, assumindo-o Jose Bandeira de Oliveira.Novos melhoramentos iam sendo introduzidos na feigaodo Diario, que engrossou suas edicoes, nao so comuns, mastambem dominicais. Estas passaram a incluir "Foro e Judicatura","A vida nos campos", paginas ilustradas de Modas,Radio, incluindo o comentario "Na onda.. .", de Theo(Teofilo de Barros Filho), curiosidades e acontecimentos internacionais,sendo dedicado o terceiro caderno a Desportos.Em julho de 1936 a secao "Varias" foi extinta, passandoOS artigos representativos do pensamento da diregao a tertiulos proprios, abrindo a quarta pagina, abaixo do Expediente.Essa pagina abrigou, pelo menos ate 1954, a Nota Internacional,a secao "Coisas da Cidade" e os artigos assinados,diariamente, por Assis Chateaubriand, Austregesilo de Ataidee outros. Enquanto isto, a terceira pagina ficou reservadaas grandes reportagens. fisse tipo de paginagao continua aser mantido, com raras alteracoes.


H1ST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 163A imprensa de Pernambuco vinha sendo submetida,outra vez, a rigorosa censura e, precisamente no dia 10 deagosto do mencionado ano, o capitao Frederico Mindelo, secretarioda Seguranca Publica, chamou ao seu gabinete todosOS diretores de jornais do Recife, dizendo-lhes que, de acordocom a orientacao do governo do Estado, a censura passaria aser feita pelos proprios diretores, consoante as seguintes normas:impedir a publicagao, apenas, de noticias e artigos queatingissem, de qualquer modo, a ordem publica e as medidastomadas para assegura-la, ou envolvessem, criticas as autoridadesmilitares do Exercito e da policia militar. O comentariode assuntos de ordem administrativa seria sempre permitido,dcsde que nao se empregasse linguagem desrespeitosaou ofensas a autoridade publica. No fim das instruQoesvinha a ameaga: "Os diretores dos jornais responderao peladesobediencia a essas recomendacoes".A 12 marco de 1937, edicao de 26 paginas, o segundocaderno foi dedicado ao quarto centenario da cidade de Olinda,com alegoria de Vicente do Rego Monteiro, representandoas caravelas portuguesas e as armas do primeiro donatario.Inseriu transcricoes de artigos e documentos historicos, gravurasde livros holandeses do seculo XVII e cronicas assinadaspor Odilon Nestor, conde de Afonso Celso, Osvaldo Machadoe Jose de Barros Lima. Em principio de maio comecoua campanha pro-candidatura Armando de Sales Oliveiraa Presidencia da Rei^ublica, a que o Diario deu todo apoio,em oposicao a de Jose Americo de Almeida, que combateuvivamente.Iniciou-se a 8 de junho a publicagao de uma pagina diariade materia ineditorial, intitulada "Pela dignidade e pelos interessesde Pernambuco", de iniciativa da Dissidencia do PartidoSocial Demccratico, sob a responsabilidade dos deputadosfederals e estaduais e vereadores que faziam oposicao ao governodo Estado. Dizia ser uma tribuna destinada a "esclarecera opiniao publica, desfazendo a rede de embustes em quelloresce o genio e se tracam os frageis processes dos comunsadversarios", adiantando que a revolugao "em nada contribuiupara o melhoramento das condicoes politico-sociais, economicase financeiras de Pernambuco".Essa pagina, que continha toda sorte de criticas e remoquesa administracao Carlos de Lima Cavalcanti, ocorreu ate24 de setembro, como predecessora da Folha da Manha, cujo


164 LUIZ DO NASCIMENTOaparecimento estava anunciado para breve, a fim de prosseguira campanha contra o governo estadual.Logo mais, a 10 e 11 de novembro, edigoes extras, vespertinas,noticiavam a promulgacao da nova ConstituiQao brasileira,dissolugao do Congresso e intervengao federal em Pernambuco,que foi exercida, nos primeiros dias, pelo coronelAzambuja Vila Nova.Enquanto isso, surgiam diferentes colaboradores, umaparte dos quais em comum com os outros orgaos associados,a salientar: Gilberto Freyre, que estivera afastado algum tempo;Marques Rebelo, firico Verissimo, Manuel Bandeira, OdilonNestor, Liicio Cardoso, Fernando Saboia de Medeiros, Girodos Anjos, Publio Dias, Alfeu Domingues, Newton Beleza,Lauro Borba, Abelardo Vergueiro Cesar, Peregrino Junior,Guilherme Auler, <strong>Joaquim</strong> Cardoso, Aluisio Branco, Cristovaode Camargo, Costa Rego, Novais Filho, Manuel Lubambo,Tarsila do Amaral, Silvio Rabelo, Gastao Cruls, Andre Vieira,A. S. de Larragoiti, ex-presidenLe Manuel Duarte, EurialoCanabrava, Genolino Amado, Otavio de Morals, Augusto Frederic©Schmidt, Carlos Rizzini, Leonardo Mota, Alfredo Pessoade Lima, Nelson de Alcantara, Antonio Inacio, HenriquetaLisboa, Mario Quintana, Rosario Fusco, Reis Junior,Graciliano Ramos, Luiz da Camara Cascudo, Deolindo Tavares,Jorge de Lima, Lucia Miguel Pereira, Hildebrando deMeneses e outros.Grandes nomes das letras estrangeiras passaram a figurar,igualmente, como colaboradores do Diario, a salientarWinston Churchill, Georg Bernhard, Theodor Wolff, Pierre-Etienne Flandin, Andre Maurois, Eugene Borel, Norman Angel,Robert Mackay, Robert Neumann, Ignatz Jan Padereswsky,Henry Kauffmann, Rina Simonetta, Frank Gervasi,David Lloyd George, Gabriela Mistral, Karl H. von Wiegand,Alvaro de las Casas, Frank H. Kent, Angelo Gatti, AnthonyGibbs, Pina Ballario, Umberto Marconi, Clara Grifoni, YvonDelbos e Conde Sforza.A 27 de margo de 1938 saiu o Diario com 36 paginas, sintetizando"uma impressao de importantes aspectos da vidasocial, economica e administrativa do Estado", com traba-Ihos de colaboragao especial de Leoncio Gomes de Araujo,Joao Cleofas, Novais Filho, Lauro Borba, Jose Clovis de Andradee outros. Nesse ano foi suspenso, em abril, o suplenmentoO Guri, sendo substituido por uma Pagina Infantil,aos domingos. A realizagao do campeonato mundial de fute-


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 165bol levou 0 matutino a dar edigoes extraordinarias de quatroa seis paginas, nos dias 6, 13, 14 e 16 de junho.O diretor Dario de Almeida Magalhaes foi substituido,a 31 de julho, por Carlos Rizzini (131). Assumiu a gerenciaAlfredo Ramos.Comecaram em setembro rumores de guerra na Europae desde entao o jornal passou a encher de manchetes egrandes titulos sua primeira pagina, apresentando copiososervico telegrafico do Exterior.Com apenas 34 paginas, comemorou, a 7 de novembro,mais um aniversario, estampando, logo na primeira, fac-simileda edicao da mesma data de 1838. No texto, destacava-seum artigo de Agamenon Magalhaes, que escreveu a certaaltura: "O Diario de Pernambuco foi o primeiro jornal em queas geracoes que nos antecederam aprenderam a ler, informando-sedos fatos da regiao e dos acontecimentos nacionais.Foi, tambem, o primeiro jornal em que escrevemos os nossosprimeiros ensaios de adolescente". Noutro topico: "fi umaoficina de inteligencia e de arte grafica, que trabalha ha maisde um seculo, sem parar nem diminuir o esforco dos seusobreiros. O seu aniversario nao e, pois, uma data inexpressiva,porque representa a continuidade do jornalismo brasilero,que vem de um longo passado de luta e de sacrificio pelascausas nacionais".Por sua vez, dizia o artigo principal, de responsabilidadeda redacao: "Nao existe para este jornal o pronome pessoalna primeira pessoa. O "eu" aqui e sempre odioso. E com issonao nos orgulhamos, nem nos jactamos. fi que o clima dojornal e mesmo este. Acima de cada um de nos esta o deverde servir ao bem publico". "Um jornalismo nao se faz semboa fe. O primeiro mandamento da lei jornalistica e dizer averdade. Temos sempre a intengao de faze-lo".No principio da guerra europeia, setembro de 1939,ocorreu uma serie de edigoes extraordinarias, com intenseservigo telegrafico. Depois, bateu-se pela entrada do Brasilna conflagragao ao lado das nagoes aliadas, e pelo envioduma forga expedicionaria brasileira aos campos de batalha.(131) fisses dois diretores apenas figuraram como tal, pois viviamno Rio de Janeiro, so vindo ao Recife, esporadicamente, o primeiro; eo segundo, nem uma so vez. Quem ocupava a diregao, na realidade,era o redator-chefe Anibal Fernande.s, o qual redigia todos os editoriais,o Momento Internacional e "Coisas da Cidade", alem de supervisionara redagao.


166 LUIZ DO NASCIMENTOLogo mais, abriu subscricao popular para o oferecimento deuma ambulancia ao exercito ingles.A 1 de dezembro houve nova modificacao no preco dasassinaturas, que ficou assim estabelecido: no pais: — ano65S000; semestre — C5S000; paises signatarios da ConvencaoPostal Panamericana: ano — 98S000; semestre — 50S000;paises signatarios da Convencao Postal Universal: ano —215S000; semestre — llOSCOO. As assinaturas para o territorionacional sofreram novo aumento a partir de 18 de junho doano seguinte, passando para 80S000 e 45S000, respectivamente,ano e semestre.Foi suspenso, em dezembro de 1939, o suplemento comum,sendo substituido por outro, o Suplemento Feminino, imprcssocm multicor e repleto de materia interessante, ilustrada,distribuido igualmente pelos "Diarios Associados" de outrosEstados.Modificou-se a feicao do Diario a 2 de abril de 1940, passandoas paginas a ter oito colunas, em vez de sete, sem alterar-se,todavia, o tamanho geral. Em marco de 1941 foi restabelecidoo suplemento literario com quatro paginas, incluindooutras materias, sobretudo "A vida nos campos". No anoseguinte suspendia-se o Suplemento Feminino, ilustrado, queja nao era distribuido com freqiiencia.Mediante convenio com a gerencia dos outros matutinosda capital, diante da "situacao cada vez mais dificil e precaria"que a imprensa brasileira atravessava em face daguerra, com "o preco alarmante do papel e de toda a materiaprima que entra na confeccao do jornal", o velho orgao alterou,novamente, a 1.° de julho de 1942, sua tabela de assinaturas,que passou a ser a seguinte: no pais: ano — 120S000;semestre — 65S000; para o exterior: ano — 250S000; semestre— 130S000; 0 numero avulso subiu para 500 reis nosdias uteis e 600 reis aos domingos. Isto, "alem de outrasrestrigoes quanto ao numero de paginas e, conseqiientemente,quanto ao servigo informativo". A primeira medidalestritiva foi a suspensao do suplemento literario.Em abril de 1943 apareceu um suplemento de guerra,labloide de quatro paginas, divulgado as quintas-feiras, tipoStandard para todos os "Associados". Ja a 7 de novembropode sair uma edicao de aniversario de quarenta paginas.Depois, voltou o suplemento literario, com uma pagina"Para a mulher no lar" e outra dedicada a "Vida noscampos".


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 167No ano seguinte, a 21 de maio, ampliava-se o Expediente,que passou a mencionar: "Servigo estrangeiro do ChicagoDaily News e United Press, com exclusividade; Reuter,Internacional News Service e British News Service; correspondentesespeciais em Londres e na frente do Mediterraneo;service nacional da Agencia Meridional (exclusivo) eda Agencia Nacional".Outra edicao de quarenta paginas assinalou a passagem,a 7 de novembro de 1944, de mais um aniversario do Diario,que comemorou a data efetuando seguro de vida para todo0 pessoal da empresa. A partir de 16 de junho desse ano,ate fevereiro do seguinte, Laurenio Lima divulgava interessantescronicas na secao diaria "Mundo de Luz e de Som",usando o pseudonimo Arrow.1945/19541945 foi um ano de luta para o velho orgao, que logo deprincipio se manifestou favoravel a candidatura do BrigadeiroEduardo Gomes para presidente da Repiiblica, dedicandoa essa campanha grande espaco. No auge da propagandapolitica, durante um comicio promovido por estudantes daFaculdade de Direito, na noite de 3 de marco, discursavamoradores da sacada do primeiro andar do edificio do Diario,quando partiu da praca da Independencia um tiroteio, sendoatingido, na testa, o academico Democrito de Sousa Filho,que faleceu ali mesmo, enquanto, no patio, morria um comerciantee dez pessoas ficavam feridas.Em conseqiiencia, foi o edificio ocupado pela policia militar,sendo apreendidas as matrixes da edigao do dia 4, epresos, a saida da redacao, o reporter Helio Pinto, as 11horas da noite; o redator-chefe Anibal Fernandes, as 2 emeia da madrugada, e outros redatores, os quais, conduzidosa Casa de Detencao, foram libertados pela manha. Ficouo jornal impedido de sair a lume, ate ulterior deliberagao dogoverno. No dia 5 terminou a ocupacao militar, sendo autorizadaa circulagao, mas sob censura previa, com o que naoconcordou a diregao, preferindo continuar suspense (132)(132) Durante o periodo de suspensao do Diario, academicos deDireito fizeram circular o jornal mimeografado Cupim (ver Vol. X:


Ig8LUIZ DO NASCIMENTOe aguardar o resultado do mandado de seguranga impetrado,entre outros, pelos advogados Antiogenes Chaves e NehemiasGueiros.Acusado, como foi, em nota oficial, de haver fomentadoa anarquia e a revolugao, o Diario teve toda a solidariedadeda congregacao da Faculdade de Direito, que responsabiUzou,publicamente, a policia civil como autora do atendado.Concedido o mandado de seguranga, pelo juiz Luiz Marinho,0 matutino reapareceu na tarde de 9 de abril (segundafeira),em edicao extraordinaria, na qual foi incluida a pagina4 da edicao de 4 de marco, que fora empastelada porpoliciais, mas ja tinha sido calandrada e fundida, sendo assimsalva, figurando como documento historico. Essa pagina estavarepleta de comentarios e informacoes em torno dos acontecimentoda vespera, vazados em linguagem altiva de condenagaoao atentado. No artigo redacional, em tres colunas,tipo 10 negrito (redigido por Anibal Fernandes), atribuiu-sea responsabilidade do tiroteio ao governo. Todo o restante daedicao extra foi igualmente ocupado por artigos assinados, reportagens,entrevistas e telegramas, todos verberando a sangrentaocorrencia.No mes de maio, Anibal Fernandes, praticamente o diretordo Diario, assumiu essa fungao em carater efetivo. Nessemesmo ano, a 2 de setembro, foi o referido jornalista agredido,por elementos desconhecidos, quando voltava da redagao,a 1 hora da madrugada, e ingressava no jardim de suaresidencia, em Boa Viagem, ficando ferido na cabega e naface. A 19, exemplares do jornal eram tomados das maos dosgazeteiros c rasgados, por pessoas suspeitas, sucedendo-se asameacas de empastelamento. Enquanto isto, prosseguia acampanha pro-Brigadeiro e contra os atos do governo estadual,com artigos veementes.Finalmente, verificada a deposigao, a 30 de outubro, doditador Getulio Vargas, findou a campanha do qiieremos, que0 Diario tanto combateu. Tudo serenou, voltando a normalidadea vida do "mais antigo" da America Latina.Meses antes, isto e, a 18 de junho (ainda 1945), faleceu"Periodicos do Recife — 1941/1954", ), que saia clandestinamente, como noticiario dos acontecimentos de 3 de margo e incisivos comentariosde ataque ao governo do Estado e sua forga policial. Exemplares dostres numeros publicados constam, hoje, do "Museu Democrito deSousa Filho", anexo a Biblioteca da Faculdade de Direito da UniversidadeFederal de Pernambuco.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 1690 gerente Alfredo Ramos, sendo substituido, interinamente,pelo diretor Anibal Fernandes. Logo mais, o cargo foi ocupadopor Misael do Rego Maciel. fiste entregou-o, em principio de1948, a Wouter Pieter Harten, em fungao interina. Finalmente,assumiu-o, em abril do referido ano, Samuel Scares.Nos ultimos tempos o corpo redacional contara, desubstituicao em substituicao, alguns permanecendo, comelementos como Gomes Maranhao, que tambem foi redatorsecretario;Odorico Tavares, sub-secretario; Mauro Mota(desde 1941); Cesar de Barros Barreto, Otacilio N6bre


170 LUIZ DO NASCIMENTO"Essa promessa, que fizemos a nos mesmos, de nunca cedar,foi levada ate o fim. E porque aqueles, que nos precederam,nos animaram e nos sustentaram em nossa luta e quechegamos a data de hoje, entrincheirados em nosso reduto,onde nenhuma capitulagao se verificou, onde nao se deu nenhumadefecgao, onde todos, juntos e unidos pela mesma causa,como se fossem companheiros do mesmo barco ameacado,enfrentamos as circunstancias mais asperas e duras. Hoje podemoscelebrar a vitoria de um combate insano. A nossa bandeiratremula cada vez mais alto; e a fe e a confianca jamaisnos abandonaram nos instantes mais negros".Assim concluiu o editorialista: "Os tiranos fascistas detodos OS portes passarao sempre. mas este Diario continuara,na sucessao das geragoes, fiel aos principios que sempre onortearam".A edicao de 28 de marco de 1946 dedicou grande espacoda primeira pagina ao lancamento da pedra fundamental dafutura sede do "mais antigo", documentado o noticiario comcliches, inclusive de pessoas liustres locals e da alta direcaodos "Associados" (133).No dia 21 de agosto verificou-se nova modificacao natabela de assinaturas, que ficou sendo a seguinte: ano — CrS150 (134); semestre — CrS 80; exterior: ano — CrS"00; semestre — CrS 160. Numero avulso — C^S $.60;aos domingos — CrS 0,70. Continuou nesse ano, assim comonos seguintes, o regime de uma semana de edicoes comemorativasdo aniversario.(133) Pa:^sou o tempo. Qualro anos depois foi aprovada aplants pela Prefeitura do Recife. Enquanto isto, decidia a diregao daoTTipresa que o Diario ficava no seu canto, sendo o futuro predio dest-naHna emissora radiofonica pertencente ao.^ Associado.s. Nas "Coisasda Cidade", a 11/5/1950, Z o croni.sta chegou a comentar "O projetoque Oscar Niemeyer executou para o edificio do Radio Tamandare, aner construido. brevemente, a rua do Imperador, representa uma dasbelas concepcoes arquitetonicas da cidade".Nada, todavia. foi feito. Passado.s mais alguns anos, o terreno foialienado, retirando-se a placa indicatoria que la existia.Outra meta, dentre os pianos de Assis Chateaubriand para Pernambuco,foi a organizacao de um Museu de Arte, no Sobrado Grandeda Madalena, para comemorar, em 1950, os 125 anos do Diario. Soveio (esclarecimento desta 2.^ Edicao) a efetivar-se a consecugao detal projeto cm 1967, quando se instalou, na vizinha cidade de Olinda,o Museu de Aite Contemporanca.(134) Dosde novembro de 1942 achava-se o padrao Mil Reis subslituidopelo Cruzeiro.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 171O suplemento literario, que estivera mais uma vez suspense,voltou, em dezembro, a acompanhar as edicoes dominicais,com quatro paginas. No ano seguinte — 1947 — me-Ihorou consideravelmente, aumentando para oito, a ultimadelas ocupada, a partir de 16 de dezembro, pela secao "Literaturada Semana", iniciativa de Mauro Mota e Edison Regisde Carvalho, entao secretario e sub-secretario, respectivamente,do jornal, coadjuvados por Laurenio Lima. A primeiracronica com que se abriu a pagina teve a assinatura de EdisonRegis, alternando-se, a seguir, os tres cronistas, cada domingo,para, meses depois, ficar a cargo exclusive de Mauro Mota(uma unica vez, a 22/2/1948, usou o pseudonimo de PedroSimao), que ainda a subscrevia no fim de 1954, so substituido,nos raros impedimentos, por Tadeu Rocha. Secao bastantemovimentada e atraente, da qual tambem Guerra de Holandafoi um dos redatores, registava os acontecimentos mais destacadosdo mundo das letras, tanto no setor nacional quantono regional, ou local, incluindo "Os escritores na vida comum","Galeria", "Antologia", "Dos arquivos", outras notase humorismo.Com a volta do Suplempnto, declarado de carater definitivo,novos colaboradores foram atraidos para suas paginas,assim como para o primeiro caderno, a saber: AfranioPeixoto, Antonio Candido, Milton Pedrosa, Odilon Nestor,Monte Brito, Jose Honorio Rodrigues, Candido Mota Filho,<strong>Joaquim</strong> Leitao, Rute Rodrigues, Michel B. Kamanka, OtoMaria Carpeaux, Americo Jacobina Lacombe, AlphonsusGuimaraes Filho, Pedro Calmon, Homero Pires, Haroldo Bruno,Ademar Vidal, Toraaz Seixas, Maria Julia Drumond deAndrade, Ascendino Leite, Clovis Ramalhete, Almeida Fisher,Mateus de Lima, Jose Eustaquio Duarte, Manuel DieguesJunior, Joel Pontes, Jose Goncai.ves de Medeiros, Ernani Fornari,Barreto Leite Filho, Claudio Tuiuti Tavares, Jose Laureniode Melo, Jose Augusto Guerra, Americo Bandeira, ArsenioMeira de Vasconcelos, Araiijo Filho, Gentil Mendonca,Afranio C. Melo, Paulo Mendes Campos, Carlos CasteloBranco, Jarbas Duarte, Teofilo de Andrade, Breno Acioli,Wilson Lustosa, Antonio Marrocos, Samuel Wainer, LeonelBorba, Estevao Pinto, Leon Blum, Jose Pinto Junior, ValdemarCavalcanti, Fernando Sabino, Rodolfo Maria de RangelMoreira, Altamiro Cunha, Carlos Moreira, etc. Nessa fasedo Suplemento, publicou Mauro Mota, salteadamente, osfamosos sonetos "Elegias", depois enfeixados em livro.Com a assinatura dos gerentes de todos os jornais, publi-


172 LUIZ DO NASCIMENTOcou-se no dia 1 de maio de 1948 a seguinte nota: "A extremadispersao dos focos de antagonismos internacionais, o rapidosuceder dos acontecimentos politicos e economicos em todoo mundo e, sobretudo, as exigencias sempre maiores do noticiarionacional — sem falar na necessidade de se acompanharo desenvolvimento tecnico do jornalismo moderno, comservicos informativos prontos, seguros e ilustrados — induzemas empresas jornalisticas desta capital a elevarem para Cr$0,80 0 prego dos exemplares dos jornais diarios, matutinose vespertinos, nos dias uteis, e para CrS 1 o dos matutinosaos domingos, a fim de fazer face as progressivas dificuldadesde aquisigao do papel em bobinas, que, no periodo de poucosanos, aumentou de cinco vezes o seu custo". Logo mais, nodia 5, a assinatura anual passou a ser cobr^da a Cr$ 220 e asemestral a Cr$ 120 ou, para o Exterior, Cr$ 440 e Cr$ 240,respectivamente.Por essa epoca intensificou-se, nos editorials da quartapagina, a critica ao regime comunista, com graves censurasao P.S.D., por ter promovido a eleigao de dois deputados"vermelhos". Jose Lins do Rego passou a ocupar a aberturada segunda pagina, com uma cronica diaria de duas colunaspor cerca de doze centimetros de altura, e foi iniciada, em novembro,a publicagao da reportagem-folhetim internacional"A verdadeira historia do desmemoriado de Colegno". Outrasreportagens romanceadas seguiram-se, como "Eu fui guardacostade Getulio", "Memorias de Barreto Pinto", "A traicaomatou Pedro Ernesto", etc.A 19 de agosto de 1949, as 8,30, precisamente a hora emque, um seculo antes, nasceu <strong>Joaquim</strong> <strong>Nabuco</strong>, o relogio datorre do edificio, "parado ha varios anos, voltava a movimentarOS sens sinos, cujas ressonancias envolveram, no passado,tantos acontecimentos culminantes da vida de Pernambuco".Dois dias apos, saiu uma edicao especial, cuja primeira paginaestampou significativa alegoria, sob a epigrafe 1849 —Homenagem ao centenario de <strong>Joaquim</strong> <strong>Nabuco</strong> — 1949",exibindo duas efigies do grande brasileiro: em pose de oradore fardado como diplomata; mais a torre do Diario, a capela doengenho Massangana, familia de negros e o Teatro SantaIsabel com a legenda: "Aqui vencemos a batalha da aboligao".Todo o suplemento da referida edi^o — 16 paginas foidedicado a <strong>Nabuco</strong>, inserindo autografos e sonetos dele, flashpostumo, documentario sobre sua vida e trabalhos assinadospor Jordao Emerenciano, Odilon Nestor, Anibal Fernandes,etc. e poemas de Austro Costa e Hersilio Celso.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI73Sempre admitindo novos colaboradores, foram atraidos,ainda, as paginas do matutino, mais os seguintes: Jose Verlssimode Melo, Jose Pessoa de Morals, Tulio Hostillo Montenegro,Lourival Vilanova, Oto Lara Rezende, Saldanha Coelho,Lucilo Varejao Filho, Tadeu Rocha (Registos Bibliogri^ficos),Cezario de Melo, Fernando Ferreira Loanda, AntonioPinto de Medeiros, Angela Delouche, Jose Mucinic, A. AcioliNeto, Rosalina Coelho Lisboa, Edson Neri da Fonseca, MarkSullivan, Walter Lippman, Oliveiros Litrento, Moacir SoutoMaior, Dorothy Tompson, Adauto F. Goncalves, GlaucioVeiga, Samuel Putnam, Eva Grabower, J. A. Gongalves deMelo Neto, Carlos Rizzini, Duarte Neto, Jose Tavares de Miranda,Otavio Morals, Seve-Leite, Ariano Suassuna, AscensoFerreira, Gasparino da Mata, Maria das Gragas Santos Lelte,Adeth Leite, Evangelina Maia Cavalcanti, Valdemar Valente,Isnar de Moura, Frei Romeu Perea, Sergio Milliet, Zilde Maranhao,padre Daniel Lima, Ledo Ivo, Leduar de Assis Rocha,Murilo Marroquim, autor de observacoes e comentarios politicos,e varios outros.Na edigao de 6 de fevereiro de 1949 fora iniciada a segao"Esperanto — lingua bem viva", a cargo de Calinicio daSilveira, publicando-se aos domingos, na segunda pagina doSuplemento, a qual ainda em 1954 continuava a sair.A pagina "Pelos Municipios", iniciada em junho, aosdomingos, passou, logo no mes seguinte, a publicar-se diariamente,sob a diregao de Samuel Soares, que assinava a Cronicade abertura. Essa iniciativa deu grande impulso a circulagaodo Diario no interior do Estado, devido a publicagao constantede noticiario e comentarios sobre os acontecimentos e necessidadesdos municipios pernambucanos. Passaram a colaborarna utilissima pagina: Zeno Cova (pseudonimo de JoaoDomingos), Regis Velho, Pedro Afonso, Raimundo de Morals,Guinard Filho (assim oculto Clovis Guimaraes), Cicero Barbosa,padre Petronilo Pedrosa, Luiz de Ohveira Neves, Sinesiode Medeiros, Luiz Cristovao dos Santos, Valdemir Maia Leite,com a cronica diaria "Coisas de Municipios"; Joao VilagaLima, Francisco de Assis Barros, Joao Carneiro da Cunha,Pelopidas Soares, Romualdo Pimentel, Jose de Franga Filho,Artur Lima, Reinaldo Lessa, Vieira Pontes, Decio Franca,Paulo de Oliveira, Gerson Jefferson Barbosa, Israel Venturade Medeiros, J. M. Vieira de Melo, Jose Gomes dos Passos,Inocencio Oliveira, Americo Sedicias, Viriato Rodrigues, JoaoFerreira Gomes, Ivani de Azevedo, Rodrigo Pinto Tenorio,Inaldo Luigi Lassalvia, Claudio Correia de Araiijo, Eliezer Fi-


174 LUIZ DO NASCIMENTOgueiroa, Azael Leitao, Mario Lira, J. Queiroz, Ulisses Viana,Carmencita Ramos Cavalcanti, Jose Miranda, Cleto Raposo,Jose Almeida, Andre Beda Cavalcanti, Custodio Tito Braga,Estenio Leite, Antonio Napoleao Arcoverde, Helio Vidal Campos,Frei Urbano de Sertania, Valdemar Gomes de Santana,Joao Calado Borba Neto, Pedro Aleixo, Cid Leal Lima, JoaoAzevedo, Cleto Padilha, Ageu Freitas de Oliveira, SamuelGoncalves, Ivo Leitao, Paulo da Veiga Pessoa, Alberto FredericoLins, Osiris Caldas, Floriano Gongalves de Lima, Luiz doNascimento e outros.O matutino assinalou, a 7 de novembro de 1950, seu 125.°aniversario de fundacao, solenizado com almogo de 300 talheres,presidido pelo velho Chateaubriand, missa gratulatoria egrandes festejos populares na praca da Independencia. Naedigao comemorativa, de apenas 24 paginas, escreveu o articulista:"Este 125.° aniversario do Diario de Pernambuco nao euma data que interessa, apenas, a um jornal; mas de tal modose Integra na comunidade, que e muito mais de Pernambuco emuito mais do Nordeste do que mesmo nossa. De tal maneirase tem sempre o Diario identificado com os interesses supremosda coletividade pernambucana e nordestina, que a suacontinuidade historica e alguma coisa que pertence a todos ospernambucanos. E porque sempre compreendemos que o Diarioera mais de Pernambuco e dos pernambucanos do quemesmo nosso e que sempre houve da parte de seus dirigentes,atraves de 125 anos, o maior empenho em mante-lo ligado aosinteresses gerais da comunhao"."Essa data de hoje do Diario coincide com as alteragoesno governo do Brasil e do Estado, e queremos mais uma vezreafirmar que marchamos para esse novo periodo, que se abrediante de nos, sem prevencoes, recalques ou ressentimentos,mas apenas com o desejo de servir a Pernambuco e ao Brasile ajudar a defender e respeitar o regime democratico, quetanto nos custou a readquirir".A 1 de maio de 1951 o numero avulso passou a ser vend'doa CrS 1, tanto nos domingos como nos dias uteis, e a15 de novembro o preco das assinaturas sofreu nova alta,' passandoa ser o seguinte: ano — CrS 250; semestre — CrS130; para o exterior: ano — CrS 500; semestre — Cr$ 260.O custo do exemplar, aos domingos, elevou-se, a 6 de abril de1952, para Cr$ 1,50.Ao iniciar o 126.° ano, a empresa "Diario de PernambucoS.A." tinha a frente a seguinte diretoria: AntiogenesChaves, diretor-presidente; Anibal Gongalves Fernandes,


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 175diretor-secretario; Jose Bandeira de Oliveira, diretor-gerente.A gerencia propriamente do jornal era exercida por SamuelSoares, sendo Wouter Pieter Harten sub-gerente. Redagao:Anibal Fernandes, diretor-redator-chefe; Mauro Mota, secretario;Antonio Camelo Costa, sub-secretario; Paulo do CoutoMalta, chefe da reportagem; Luiz de Andrade, Helio Pinto, JoseJoao da Mota e Albuquerque (Zito Mota), Bartolomeu Camarade Macedo, Newton Farias de Oliveira, Paulo Tarso deFranca Pereira, Valdemir Maia Leite, Dirceu Orange Vanderlei,Arnaldo Constantino da Silva (o mais antigo, desde 1924),Luiz Maranhao Filho, Itamar Pancracio, Mozir Sampaio eAtonso de Ligorio. Revisao: Pedro Tomaz da Silva, Manuel MaiaLucas, Amauri Batista Ramos, Reginaldo Xavier Tavares,Bartolomeu Guimaraes Pereira, Jose Bartolomeu Moreira,Maurino Maia Lucas, Raul Godinho, Taurino A. Case, JaimePaulo da Silva e Vicente Procopio (135). Fotografos: MuriloGuedes da Luz e Diogenes Montenegro. Chefe do serviQo deradiotelegrafia: Manuel Gomes da Silveira. Contador: JaimeAranha. Chefe da oficina: Antonio Marrocos.Ainda prestaram servicos na redacao do Diario: EdsonNeri da Fonseca, Julio Barbosa, Antonio Luiz de Matos Serejo,Antonio Luiz Lins de Barros, Carlos Alberto Mateus deLima (cronica musical); Joao de Deus Neves (revisao); EdmirRegis de Carvalho e outros, em epocas diferentes.Com a edicao de 11 de maio de 1952, o Dfiario passou acircular, aos domingos, com tres cadernos (dois suplementos),no segundo dos quais mantinham-se tres paginas deliteratura, duas de assuntos femininos, uma de arte cinematograficae outra dedicada ao radio. Figuravam no terceiro:reportagem de pagina inteira, ilustrada; "Vida Rural","Noticias do Nordeste", pagina dedicada ao historico de ummunicipio pernambucano; "Economia e Financas" e "Rondado Recife", esta constituida de cronicas de Gilberto Freyre,Anibal Fernandes, Mauro Mota, Paulo do Couto Malta ("RuaNova"), Luiz do Nascimento ("Tres Assuntos"), e NertanMacedo de Alcantara; a Antologia Poetica, e mais uma reportagem.Nas reportagens e cronicas desse movimentadocaderno figuraram outros nomes, como Gomes Maranhao,Umberto Carneiro, Armando Cunha, Antonio Bezerra deCarvalho, Osman Lins, Jorge Abrantes, Laurenio Lima, NiloPereira, Haydn Goulart, Hermilo Borba Filho, Dercilio(135) No quadro incluso figuram redatores e revisores em atividadeou nao, substitutes interinos ou eventuais.


176 LUIZ DO NASCIMENTOGomes de Albuquerque, Tadeu Rocha, Rene Ribeiro, ValdemirMaia Leite, etc. Entretanto, o terceiro caderno, que interessoutao vivamente aos leitores, teve seu "canto de cisne"a 30 de novembro, passando algumas paginas para o primeiro,enquanto se suprimiram outras.Na edigao de aniversario de 1952 escrevia o articulista:"O fato de termos lutado nesses ultimos vinte anos pela reintegragaodo pais nos quadros legais, contra a censura a imprensa;contra o nazismo e contra o fascismo, pela causa dasNagoes Unidas, pela vitoria dos ideals democraticos e contrao bolchevismo internacional, constitui um passado de dignidade,que situa o jornal no conceito de seus concidadaos. Naosabendo odiar, tambem nao sabemos o que e o medo. Por issoo jornal permanece identificado com a sua tradigao. Acimade tudo queremos o bem da nossa terra. Havemos de nos batersempre pelos postulados do direito e da justiga; pelo predominioda lei e pelo combate aos desmandos; contra tudo oque violente as liberdades publicas; e para que se de a todosOS homens que vivem e trabaiham em Pernambuco uma vidasadia e digna. Serao sempre esses os rumos do Diario, rumosinalteraveis, atraves das geragoes que se vao sucedendo".Pouco antes, a 30 de setembro, deixava Samuel Soares afungao de gerente. Continuou, todavia, a escrever a cronicadiaria de abertura da pagina "Pelos Municipios", sendo substituido,naquela, por Nelson Dimas de Oliveira.No dia 12 de dezembro afastou-se do cargo o diretor AnibalFernandes (136), mediante uma "aposentadoria pormotivos de saude". Sua ausencia, segundo o editorial a respeito,significava "o encerramento de um periodo na vidadeste centenario jornal. Periodo da maior importancia emnossa historia secular". Entrando "como simples noticiarista,ocupou todos OS postos redacionais, ate o de diretor". "Editorialista,comentador internacional, reporter, cronista dearte ou dos temas urbanos, ninguem foi maior do que eleem toda a vida do mais antigo jornal da America Latina"."Alem de um grande jornalista, e isso ja seria muito, aindafoi aqui um extraordinario mestre de jornalismo".Por sua vez, escreveu P.CM. (Paulo do Couto Malta),que sempre o substituiu, eventualmente, na cronica diaria"Coisas da Cidade", situada ao pe da ultima coluna da quarta(136) Data que coincidiu com a da posse do governador EtelvinoLins, tao combatido pelo jornalista e, no momento, tolerado pela altaadministragao dos Associados em Pernambuco.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 177pagina: "Nao deixou formalmente o jornal, que o jornal e osal de sua vida", acentuando: "A admiravel versatilidade desua prosa tanto acariciava como arranhava. E como acariciava!E como arranhava"!Embora "aposentado", Anibal voltou a escrever as "Coisasda Cidade" a 2 de fevereiro de 1953, assinando Z., e seunome permaneceu no Expediente ate o dia 20, quando foisubstituido pelo proprio Assis Chateaubriand, superintendentedos "Diarios e Radios Associados".Ainda no primeiro trimestre do ano, foi Anibal Fernandeslevado a Justiga, mediante queixa-crime apresentadapelo escritor frances Paul Antoine Evin, por suposto delito deimprensa, porque, em cronicas e artigos energicos, defenderaa preservagao do Sitio Trindade, lugar historico do Recife,que serviu de teatro a episodios marcantes da Guerra da RestauragaoPernambucana contra o dominio holan^es, que oherdeiro impetrante pretendia alienar para loteamento. Aqueixa foi considerada nula.Prosseguiu a trajetoria de jornal moderno e bem redigido,servido de boas reportagens e excelente colaboragaodiaria, quer na quarta pagina — com Gilberto Freyre, OlivioMontenegro, Murilo Marroquim, Guido Fernandes, NertanMacedo de Alcantara, etc., tendo ao alto, com titulo em quatrocolunas, o artigo de Assis Chateaubriand — quer nossuplementos dominicais. Durante alguns anos ocupou umlugar na quarta pagina, diariamente, o jornalista CostaRego, do Correio da Manha, do Rio de Janeiro. Politicamente,0 matutino, que permaneceu neutro no governo de AgamenonMagalhaes, apoiou tacitamente o de Etelvino Lins.A 27 de Janeiro de 1954, ocorreu magnifica edigao dedicadaao Tricentenario da Restauragao Pernambucana, comas 16 paginas do segundo caderno repletas de materia alusivaao grande acontecimento historico, a cargo dos escritores NiloPereira, Luiz da Camara Cascudo, J. Wasth Rodrigues,dom Augusto Alvaro da Silva, Eustorgio Vanderlei, FrangaPereira (postumo), Jordao Emerenciano, Joao de Deus deOliveira Dias, Pedro Calmon e Lucia Neri da Fonseca.Uma pagina infantil foi criada a 30 de maio, "para divertiraos seus pequenos leitores, divulgar os seus escritos,tanto se trate de poesia ou de cronica, como de contos e desenhos",constituindo-se "elemento de ligacao entre as criangasde Pernambuco e do Nordeste, inclusive divulgando os enderegosdos seus colaboradores-mirins, para que se permutemcartas, troquem cartoes postals, criando, assim, novos ami-


178 LUIZ DO NASCIMENTOguinhos entre brasileiros de fora de suas cidades e vilas".Coube a diregao ao Tio Juca, ou seja, Luiz de Andrade. Essapagina, inserta nas edigoes dominicais, comegou sendo impressaem sepia, assim como as de "Radio", "Mundo de Luze Som" e "Vlda Rural".Passou 0 Diario a circular, desde entao, com quatro cadernos,aos domingos, entre eles o suplemento feminino, umtabloide de 12 paginas, igualmente impresso em sepia (depcismudou para preto) e comum aos outros orgaos associados dopais.No dia 14 de junho a redagao prestou significativa homensagemao jornalista Anibal Fernandes, que viajaria, novamente,rumo a Europa, no dia seguinte, e ia completar, emjulho, quarenta anos de atividades no Diario de Pernambuco,com a aposigao do seu retrato na sala dos diretores. Novaserie de Correspondencias do Velho Mundo mandou ele e,voltando, continuou a escrever, pelo resto da vida, a saborosacronica diaria "Coisas da Cidade" e, depois, artigos assinados,diariamente, no centre da quarta pagina. Ficou acargo de Mauro Mota a redagao dos editorials e da nota internacional.Logo apos a viagem de Anibal, assumiu a diregaodo jornal Joao de Medeiros Calmon, que ja exercia a superintendenciados "Diarios e Radios Associados" em Pernambuco.A tabela de assinaturas sofreu nova modificagao a 17 deoutubro, ficando assim organizada: ano — CrS 400; semestre— Cr$ 220; para o exterior: CrS 800 e CrS 440,respectivamente. O prego do exemplar subiu para CrS 2.Na edigao de 7 de novembro, data do 129.o aniversario,fez-se rapido balango de tao longa existencia, concluindo:"Todas as situagoes diversas passaram. E o Diario continuavigilante contra as que vierem".Ao findar o ano de 1954, n.o 291, ano 130.°, de 31 dedezembro (quando se conclui esta bibliografia), o Diariode Pernambuco empregava a seguinte equipe:Diretoria da Empresa: Presidente — Antiogenes Chaves;tesoureiro — Joao Santos; secretario — Anibal Fernandes!Diretor do jornal — Joao Calmon; redator-chefe —Mauro Mota; secretario — Antonio Camelo Costa; sub-secretario— Valdemir Maia Leite; redator politico e socialPaulo Malta; chefe da reportagem — Luiz de Andrade; redatoragricola — Guido Fernandes; cronista teatral — GondimFilho; reporter — Marco Aurelio de Alcantara; reporterpolicial — Paulo de Franga Pereira; reporter forense Ar-


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI79naldo Constantino; noticiarista — Jose Joao da Mota Albuquerque(Zito Mot^); tradutores de telegramas — AdethLeite, Bartolomeu Macedo, Dirceu Orange Vanderlei e ItamarPancracio; redatores desportivos — Viriato Coelho Rodriguese Agamenon Malta; arquivista — Rolando Raposo; fotografos— Murilo Guedes e Diogenes Montenegro; chefe doservigo de recepQao radiotelegrafica — Manuel Gomes; chefeda oficina — Antonio Marrocos. (Pelo corpo redacionaldo matutino passaram, tambem, Joao Calado Borba Neto,Clodomir Morals, Fernando de Morals, Floriano Ivo Junior,Nilson Sabino Pinho e outros). Revisores: Pedro Tomaz(afastado por motivo de saude); Osvaldo Botelho Fagundes,chefe do servigo; Bartolomeu Pereira, William Dias Araiijo,Manuel Mala Lucas, Maurino Maia Lucas e Taurine AlexandrineCase .Administragao: Gerente — Nelson Dimas de Oliveira;fiub-gerente — Walfrido Moreira Dias; consultor juridico —Prudenciano de Lemos; contador — Carlos Tavares; caixa —Francisco Silva; auxiliares de escrita — Alinso Pacheco, DelmiziteSerpa, Adelson Pacheco, Everaldo Machado e HelioBigoes. Departamento de Publicidade: diretor — Mario HenriquesSilva; chefe — Carlos Teles de Carvalho; auxiliares —Annie Marie Pinto, Maristela Souto Lima e Jose Carlos PoncellNeto.Com 16 paginas, ou mais, nos dias uteis e 40, no minimo,aos domingos, o Diario de Pernambuco manteve inalteravelsua linha de jornal lider do Nordeste e do Norte brasileiro eum dos mais bem feitos da cadeia dos "Diarios e RadiosAssociados" (137) (Bib. Pub. Est).DIARIO DE PERNAMBUCO — Edi?ao Vespertina —Comegou a circular no dia 17 de julho de 1914, com o nP 165,sem alterar o formato da matutina, em boa apresentagaografica, contando quatro paginas. Lia-se no artigo de abertura:"O Diario da tarde e apenas um suplemento da folha, noexclusive desejo de completar, de maneira melhor, as infor-(137) Prosseguindo a publicagao em 1955 e pelo tempo a fora,nao ocorreu nenhuma anormalidade na vida do Diario de Pernambuco,cuja empresa se completa com duas estagoes de radio-difusao e umade Televisao. Dirige o jornal, ao circular esta 2.* Edigac, AntonioCamelo Costa, sendo redator-secretario Amilcar Neves. Exerce asuperintendencia geral Hilton Carneiro Mota.


180 LUIZ DO NASCIMENTOmagoes do jornal e sem a menor solugao de continuidadeno programa e na orientagao seguidas. Registamos, satisfeitos,que o movimento da cidade e quiga o do Estado jaexigiam esse prolongamento do nosso esforgo, inteiramentea servigo do publico".Apresentou-se variado de materia, as vezes impresso empapel verde suave, depois atingindo seis paginas. Abria otexto a segao "Ecos e Fatos", constituida de ligeiros comentarios.O "Diario Social" precedia-se de cronica elegante.Apareciam "Caras & Caretas", autoria de Abelardo Gama,ou Silvio ou Crayon (Abelardo Maia). "Quadras a quadra"era um epigrama lirico de J., havendo tambem as "Sortes...",por Xisto (pseudonimo de Carlos Lira Filho), de notas satirico-humoristicas,aqui e acola incluindo versos soltos. Naultima coluna da l.'"^ pagina vinha a segao "Kodak",de cronicas literarias, nao a cargo de um so nome, mas devarios, que se revezavam, tais como: Jader de Andrade, MarioMelo, Americo do Rego Neto, Anibal Fernandes, J. Barcelos,Costa Rego Junior, E. de Medeiros, Luiz Cabral de Melo,Joao Lemos, M. Magalhaes, Ferreira de Melo e rarosoutros. Nao faltava, na segunda pagina, sob o titulo geral"Pelo Parnaso", um soneto, em coluna dupla, de poeta localou transcrito. Noticiario bastante variado. Boa parte dereclamos comerciais.A publicagao teve curso regular, com lisonjeira receptividade.Circulava as 14 1/2 horas, mas, no periodo de 6 deagosto a 2 de setembro, passou para 14 horas, a fim de apresentarmais copioso servigo telegrafico da guerra europeia.No dia 7 de novembro apareceu em edigao especial de dez paginas,comemorativa do 89.° aniversario da matutina.O corpo redacional, sob a chefia de Jader de Andrade,era comum as duas edigoes, acrescido do nome de Anibal Fernandes.Terminado o ano com o n.o 307, comegou 1915 abrindonumeragao nova. Todavia, nada obstante a aceitagao quetivera, a edigao da tarde so chegou ao n.o 85, de 10 de abril,]£ que a situagao anormal do mundo, dificultando o trafegocomercial e criando outras anomalias, notadamente notocante a importagao de papel, forgou a empresa a tomaressa medida, que, embora de carater provisorio, se tornoudefinitiva (Bib. Piib. Est.).


NOTICIA DO LANgAMENTO DA I.^ EDICAO


Assim noticiou o Diario de Pernambuco, a 8 de novembrode 1962, o langamento da 1.^ edigao do Vol. I da "Historia daImprensa de Pernambuco — 1821/1954":"O 1.° volume da "Historia da Imprensa de Pernambuco",de autoria do confrade Luiz do Nascimento, foi apresentadoontem, a tarde, em cerimonia realizada no ArquivoPublico, sob a presidencia do governador Cid Sampaio. Olivro e a historia do Diario de Pernambuco e seu langamento,no dia em que festejamos mais um aniversario de fundagao,foi uma homenagem do autor ao jornal mais antigo da AmericaLatina.Secretarios de Estado, representantes do corpo consular,numerosos intelectuais e jornalistas estiveram presentes asolenidade, que foi iriiciada com ligeiras palavras do escritorJordao Emerenciano, diretor do Arquivo Publico, que aludiuao paciente trabalho de pesquisa desenvolvido por Luiz doNascimento e que comecava a frutificar com a historia doDiario, primeiro de uma serie de livros de importancia excepcionalpara o estudo da historia do jornalismo pernambucanoe brasileiro. Disse que o Arquivo se sentia honrado em colaborarpara a publicacao daquela obra, cuja impressao a ImprensaOficial, gragas a boa vontade e ao esforco do jornalistaCleofas de Oliveira, concluira em apenas um mes. OArquivo e a Imprensa uniram-se, desse modo, nao apenaspara prestigiar uma obra literaria, mas tambem para homenagearo velho Diario de Pernambuco, que comemorava ossens 137 anos de fundacao, sempre fiel as suas melhores tradigoesde Pernambuco e do Nordeste. 0 sr. Jordao Emerencianocongratulou-se com os jornalistas Luiz do Nascimentoe Costa Porto, pedindo, afinal, ao superintendente dos "Associados"que fizesse a apresentagao do livro.FALA COSTA PoRTO0 jornalista Costa Porto, em breves palavras, referiu-sea historia do Diario, desde o seu aparecimento, como uma


134 LUIZ DO NASCIMENTOsimples "folha de anuncios", ate os nossos dias. Jornalidentificado com as mais sentidas aspiragoes dos pernambucanose nordestinos, sempre se esquivou, por isso, a ser umjornal sem opiniao, uma imprensa neutral. Foi, desde Antoninode Miranda Falcao, um jornal combativo e, por isso,diversas vezes, ao longo de sua historia, enfrentou as iras dosprepotentes e dos liberticidas. Aludiu, a seguir, a correspondenciatrocada entre Carlos Lira Filho e Assis Chateaubriand,quando da integracao do Diario na cadeia dos "Associados",e afirmou que este jornal sempre se manteve fiel assuas origens, numa posicao firme de defesa das boas causasdo povo.Adiantou sentir-se honrado, como superintendente dos"Associados", em participar daquela festa intelectual de lancamentodo livro de Luiz do Nascimento sobre a historia doDiario. Evocou, no autor, um dos seus mestres de jornalismo,que, no Diario de Manha, Ihe ensinara a traduzir telegramase tambem o "estilo" dos primeiros noticiarios. Era um homenifiel a verdade, e essas qualidades jornalisticas predominaramnas suas atividades de pesquisador incansavel, cujo trabalhopaciente resultava, ali, na liistoria do Diario, primeiro deuma serie de volumes sobre a historia da imprensa pernambucana.Agradecia a Luiz do Nascimento aquela honra quedera aos "Associados" de juntar a apresentacao de sua otaraas comemoracoes aniversarias do nosso jornal e agradecia aogovernador do Estado o patrocinio do livro atraves do ArquivoPublico. Era reconhecido aquela homenagem ao Diario, homenagemque, sem falsa modestia, considerava justa, porqueo mais antigo jornal da America Latina era, antes de tudo,um patrimonio de Pernambuco, do Nordeste e de todo oBrasil.Falou, em seguida, o jornalista Reinaldo Camara, presidenteda AIP, congratulando-se, em nome da classe, com. oconfrade Luiz do Nascimento, pela sua obra de inestimavelvalor para o estudo da historia do jornalismo brasileiro, ecom 0 governo do Estado, pela colaboracao magnifica quedera a obra.A seguir, o jornalista Luiz do Nascimento pronunciouum discurso, que publicaremos em nossa edigao de amanha,na 4.^ pagina.FALA O GOVERNADORFinalmente, o governador Cid Sampaio proferiu algumas


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 185palavras, dizendo que, a frente da chefia do Executivo,sempre se batera por um programa desenvolvimentista. Naopelo puro e simples desenvolvimento material, mas, sim, porum desenvolvimento amplo e harmonico que abrangesse oprogresso economico e o progresso intelectual. Impossivel,por isso, alhear-se o Arquivo Publico do Estado a uma obracomo aquela, em que Luiz do Nascimento contava a historiado Diario, os primeiros resultados de suas pesquisas que seriamdivulgadas na "Historia da Imprensa de Pernambuco".0 Arquivo — repetiu o governador — nao poderia alhearsee jamais se ausentou de prestigiar iniciativas culturaiscomo aquela, visando ao conhecimento do passado de nossaimprensa, que sempre se empenhou na luta pelas aspiragoeslibertarias de Pernambuco e do Brasil.Em seguida, foi servido um coquitel aos presentes. 0escritor Luiz do Nascimento autografou, na ocasiao, diversoscxemplares de seu livro".


BIBLIOGRAFIASAMADO, Gilberto — "Minha Formagao no Recife" — Editora Jose OlimpioRio, 1955.Arquivos (Prefeitura do Recife) — Imprensa Oficial, Recife, 1945/51.AZfiDO, Raul — "Aspectos da Reagao Civica de 1911" — Na Revista doInstituto Arqueologico, Historico e Geografico Pernambucano, Recife,1931.BLAKE, Antonio Vitorino Alves do Sacramento — "Dicionario BiograficoBrasileiro", Tip. Nacional, Rio, 1883.CARVALHO, Alfredo de — "Frei Miguel do Sacramento Lopes Gama" — NoAlmanach de Pernambuco, Recife, 1904.CARVALHO, Alfredo de — "Anais da Imprensa Periodica Pernambucana —1821/1908" — Tip. Jornal do Recife, 1908.COSTA, Francisco Augusto Pereira da — "Dicionario Biografico de PernambucanosCelebres" — Tip. Universal, Recife, 1882.Diario de Pernambuco", "Falencia do — Recife, 1934.Diario de Pernambuco — "Noticia das Festas do Primeiro Centenario" —Recife, 1926.Diario de Pernambuco", "Os 125 anos do — Recife, 1950.Enciclopedia Delta Larousse — Tomo V, Editora Delta S. A., Rio, 1962.FERNANDES. Anibal — "Estudos Pernambucanos" — ImprensaRecife, 1956.Oficial,I'ERREIRA, Julio Pires — Almanach de Pernambuco — Recife, 1915.FIGUEIREDO, Jose Bento da Cunha e — "Relatorio apresentado a AssembleiaLegislativa Provincial" — Recife, 1850.GALVAO, Sebastiao de Vasconcelos — "Dicionario Corografico, Historicoe Estatistico de Pernambuco" — Imprensa Nacional, Rio, 1921.LIMA SOBRINHO, Barbosa — "A Revolugao Praieira" — Na Revista doArquivo Publico, Recife, 1948.LIMA SOBRINHO, Barbosa — "O Problema da Imprensa" — Editora AlvaroPinto, Rio, 1923.MELO, Mario — "O fundador do Diario de Pernambuco" — No Livrodo Nordeste, Tip. D. de P., Recife, 1925.ROCHA, Leduar de Assis — "Figueiroa do Diario" — Editora O Cruzeiro,Rio, 1946.SEGISMUNDO, Fernando — "Historia da Revolugao Praieira" — EditorialVitoria Ltda., Rio, 1949.PEREIRA, Oscar — "Memorias de um Jornalista Provinciano" — Recife,1945.


INDICE OiNOMASTICOABLE, Pedro d' — 102.ABRANTES dos Santos, Jorge — 13, 175.ABREU, Jose Vitorino de — 32, 33.ACIOLI, Breno — 171.ACIOLI Neto, A. 173.ADOLFO, Gustavo — 86.AFONSO de Medeiros, Pedro — 173.AGUIAR, Joao Jose Ferreira de, Barao de Catuama — 33, 34.AGUIAR, Severino de — 150.AIRES, Jovino — 113.ALBUQUERQUE, Dercilos Gomes de — 175, 176.ALBUQUERQUE, Domingos de — 125.ALBUQUERQUE, Epaminondas de — 101.ALBUQUERQUE, <strong>Joaquim</strong> de — 90.ALBUQUERQUE, Lourengo Bezerra Cavalcanti de — 38.ALBUQUERQUE, Mateus de — 109, 138, 162.ALBUQUERQUE, Nelson Xavier de — 142.ALCANTARA, Marco Aurelio de — 178.ALCANTARA, Nelson de — 164.ALCANTARA, Nertan Macedo de — 175, 177.ALECRIM, Otacilio de — 157.ALEIXO, Pedro — 174.ALENCAR, Corina de — 101.ALENCAR, Renato de — 157.ALMEIDA, Antonio Martins de — 142.ALMEIDA Cuniia, Elisa Laura de — 115.ALMEIDA Cunha, Jose Antonio de — 74, 102, 112, 114, 115, 120, 121.ALMEIDA, Guilherme de Andrade e — 161.ALMEIDA, Joao Paulo de — 23, 87.ALMEIDA, Jose — 174.ALMEIDA, Jose Americo de — 155, 162, 163.ALMEIDA, Jiilia Lopes de — 107.ALMEIDA, Manuel Antonio de — 74.ALMEIDA Rosa, Francisco Otaviano de — 102.ALMEIDA, Tomaz Xavier Garcia de — 29, 30.ALVARO da Silva, Augusto, Padre, Bispo, Cardial — 177.ALVIM da Anunciagao, Alvaro — 13.AMADO, Genolino — 164.AMADO, Gilberto — 119, 120, 121, 122, 123, 161.AMARAL, Libanio — 88.AMARAL, Tarcila do — 164.AM]fcRICO Cavalcanti Sobrinho, Bento — 90.ANDRADA Machado e Silva, Antonio Carlos Ribeiro de — 137.


190 LUIZ DO NASCIMENTOANDRADE Bezerra, Antonio Vicente de — 159.ANDRADE, Gilberto Osorio de — 157.ANDRADE, Jader de — 133, 134, 135, 137, 138, 150, 152, 154, 180.ANDRADE, <strong>Joaquim</strong> Jose de Oliveira — 93.ANDRADE, Jose Clovis de — 164.ANDRADE, Jose <strong>Joaquim</strong> Coelho de, Conego — 83.ANDRADE, Luiz — 81.ANDRADE, Luiz Gonzaga Gusmao de — 161, 169, 175, 178.ANDRADE, Manuel Aristeu Goulart de — 108.ANDRADE, Maria Julia Drumond de — 171.ANDRADE, Nair de — 158.ANDRADE, Teofilo de — 171.ANGEL, Norman, — 164.ANGELIM, Valdemar — 158.ANJOS, Alfredo Rodrigues dos — 116.ANJOS, Ciro Versiani dos — 164.ANJOS, Jose Rodrigues dos — 138, 142, 150, 152, 153, 154, 155, 160.ANJOS, Mario Rodrigues dos — 142.ARANHA, Jaime — 175.ARAO de Oliveira Campos, Manuel — 101, 103, 105, 108, 109, 112, 149.ARAtrJO Filho, <strong>Joaquim</strong> de — 138, 158, 171.ARAuJO, Leoncio Gomes de — 164.ARAtrJO, Manuel Alves de, Barao de Caiara — 94, 95.ARAtJJO, Severino de — 92.ARAuJO, William Dias de — 179.ARCOVERDE, Antonio Napoleao — 174.ARISTEU de Sousa Ribeiro, Augusto — 101.ARMADA, Simao d' — 109.ARRUDA, Antonio Americo de — 157.ARRUDA, Paulo Gongalves de — 101.ASSIS Barros, Francisco de — 173.ASSUNCAO, Jeronimo de. Padre, Conego — 134.ATAiDE, Alceu Amoroso Lima, Tristao de ^ 161.ATAIDE, Raimundo Austregesilo de — 153, 162.AULER, Guilherme Martinez — 160, 164.AUSTREGESILO Rodrigues de Lima, Antonio — 148.AUTRAN da Mata e Albuquerque, Manuel Godofredo — 81.AUTRAN da Mata e Albuquerque, Pedro — 30, 35, 38, 55, 70.AVELAR, Manuel Severino d' — 22.AZfiDO, Raul de Almeida — 120, 126.AZEVEDO, Avani de — 173.AZEVEDO, Cesario de — 107.AZEVEDO do Amaral, Antonio Jose — 153.AZEVEDO, Joao — 174.AZEVEDO, Julio Soares de — 104, 107. ' • ,AZEVEDO, Pedro Vicente de — 92.BAHIA da Cunha, Artur Augusto — 101, 106, 107.BALLARIO, Pina — 164.BALTAR, Alcides Ferreira — 107.iBALTAR, Luiz — 90.BANDEIRA, Americo — 171. ,BANDEIRA, de Melo, Emilia Moncorvo — 121.BANDEIRA de Oliveira, Jose — 162, 175.BANDEIRA, Esmeraldino Olimpio de Torres — 148.BANDEIRA Filho, Manuel Carneiro de Sousa — 145, 146. ^^^ jUy. '


mST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 191BANDEIRA, Manuel Alves — 146, 160, 161, 164.BARATA, A. F. — 109.BARBOSA da Silva, Cicero — 173.BARBOSA da Silva, Severino — 102.BARBOSA de Oliveira, Ruy Caitano — 133.BARBOSA, Gerson Jefferson — 173.BARBOSA, Julio Ferreira — 175.BARCELOS, Jose — 180.BARLAEUS, — 146.BARRETO, Antonio Gongalves — 157.BARRETO, Emidio Dantas, General — 96, 125, 129, 130, 137, 141.BARRETO, Francisco Ferreira, Padre, Monsenhor — 27, 28, 29.BARROCA, Antonio Valentim da Silva — 85.BARROCA, Fernando — 106, 115.BARROS, Antonio Luiz Lins de — 175.BARROS Barreto, Cesar de — 169.BARROS Filho, Teofilo de — 157, 162.BARROS, Jaime de — 161.BARROSO, Antonio Dias — 90.BARROSO, Gustavo Dodt — 156, 157.BARROSO, Jovino — 120.BASTOS, Luiz — 91.BASTOS, Miranda — 158.BATISTA, Cicero Romao, Padre — 161.BELEZA, Newton — 164.BELISARIO, F. — 85.BELO, Jose Maria — 161.BELO, Julio Celso de Albuquerque — 146. 148.BELTRAO de Andrade Lima, Luiz — 14, 169.BERNARDES, Artur da Silva, — 147.BERNHARD, Georg — 164.BEVILAQUA, Amelia de Freitas — 116.BEVILAQUA, Clovis — 85, 101, 102, 113, 118.BEZERRA Cavalcanti, Jose Rufino — 124, 137, 141.BIGOES, Helio — 179.BILAC, Olavo Braz Martins dos Guimaraes — 107, 150.BLAKE, Antonio Vitorino Alves do Sacramento — 35, 60.BLUM, Leon — 171.BOIS, Jules, 116.BORBA de Carvalho Filho. Hermilo — 175.BORBA, Jose Cesar de Andrade — 169.BORBA, Jose Osorio de Morals — 142.BORBA, Lauro de Andrade — 157, 160.BORBA, Leonel de Morals — 171.BORBA Neto, Joao Calado — 174, 179.BORBA, Osmundo de Morals — 142.BOREL, Eugene — 164.BORGES Alheiros Dias, Devaldo — 169.ROTELHO Fagundes, Osvaldo — 179.BOTELHO, Pedro <strong>Joaquim</strong> Velez — 107.BRAGA, Custodio Tito — 174.BRAGA, Guilherme — 70.BRAGA Junior, Ulisses de Mendonga — 160.BRAGA, Rubem — 158, 160.BRANCO, Alolsio — 164.BRANDAO da Rocha, Oscar — 131.


192 LUIZ DO NASCIMENTOBRANDAO, Fernando Scares — 145.BRANDAO, F. H. Moreno — 146.BRANDAO, Ulisses de Carvalho Scares — 145, 148.BRiGIDO, Lecpcldc — 107.BRITO, Durval de — 112, 113, 114.BRITO, Florianc Correia de — 48, 52.BRITO, Luiz Correia de — 124.BRITO, Monte — 171.BRUNO, Haroldo — 171.BRUNO, Joao — 122.BUENO, Lucio — 122.CAERAL de Melc. Luiz Antonio — 80.CABRAL, Sacadura — 144.CAETie, Francisco Barreto — 12.CALADO, Pedro Eloi Pereira — 120.CALDAS, Osiris — 140, 174.CALMON, Joao de Medeiros — 178.CALMON, Pedro — 171, 177.CAMARA, Nile Dcrnelas — 116.CAMARA, Olivio Dcrnelas — 116.CAMARA, Reinaldo Dornelas — 183.CAMARGO, Cristovao de — 164.CAMELO Costa, Antonio — 175, 178, 179.CAMERINO Sobrinho — 90.CAMISAO, Capitao — 126.CAMPELO, Manuel Neto Carneiro — 123.CAMPELO, Manuel Tomaz Rodrigues, Barac do Rio Formoso — 73.CAMPELO, Samuel Rodrigues Carneiro — 23, 142, 145, 146, 148, 150.CAMPOS, Celina — 120.CAMPOS, Helio Vidal — 174.CAMPOS, <strong>Joaquim</strong> Pinto de. Padre, Monsenhor — 63, 70, 74, 78, 81, 83, 84.CAMPOS, Paulo Mendes — 171.CAMPOS, Umberto de — 152, 158, 160.CANABRAVA, Eurialo — 164.CANDIDO, Antonio — 171.CANDIDO da Silva, Joao — 102.CANECA, <strong>Joaquim</strong> do Amor Divine, Frei — 21, 22, 139, 145, 147.CARDOSO, <strong>Joaquim</strong> Moreira — 146, 164.CARDOSO, Jose Maria Moreira — 122, 123.CARDOSO, Liicio — 164.CARLZ, Franz Heinrich — 146.CARNEIRO da Cunha, Antonio de Siqueira — 89.CARNEIRO da Cunha, Joao — 173.CARNEIRO da Cunha, Jose Henrique — 143, 144.CARNEIRO da Cunha, Jose Mariano — 91, 92, 98, 102, 108.CARNEIRO da Cunha, Manuel Umberto — 149, 175.CARNEIRO da Cunha, Olegario Mariano — 138, 145.CARNEIRO, J. Herges — 81.CARNEIRO Leao, Luiz Cedro — 146.CARPEAUX, Otto Maria — 171.CARRERAS, Maria — 143.CARRILHO da Fonseca e Silva, Honorio — 105.CARVALHO, Aderbal de — 102.CARVALHO, Alfredo Alvares de — 10, 11, 21, 22, 24, 26, 36, 39, 44, 60 62,92, 109, 110, 118, 121, 123, 124, 139, 149.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI93CARVALHO, Antonio Bezerra de — 175.CARVALHO, Augusto de — 107.CARVALHO, Carlos Teles de — 179.CARVALHO, Eduardo de — 81.CARVALHO, <strong>Joaquim</strong> Monteiro de Sousa — 142.CARVALHO Junior, Joao de — 109.CARVALHO, Maria Amalia Vaz de — 100, 145.CARVALHO, Viana de — 107.CASADO Lima, Manuel Cesai — 121.CASAS, Alvaro de las — 164.CASASANTA, Mario — 162.CASCUDO, Luiz da Camara — 148, 164, 177.CASfi, Taurine Alexandre — 175, 179.CASTELAR, Emilio — 105.CASTELO Branco, Carlos — 171.CASTILHO de Alcantara Machado de Oliveira, Antonio — 161.CASTRO Alves, Antonio — 78.CASTRO, Basiliano de Magalhaes — 72, 73.CASTRO, Fraga de — 107.CASTRO, Gastao Guerreiro de — 70.CASTRO Pais Barreto, Fernando de — 91.CATANHO, Andre — 90.CATANHO, Ricardo Fernandes — 10.CAVALCANTI, Andre Beda — 174.CAVALCANTI, Antonio dos Santos Siqueira — 29.CAVALVANTI, Carlos de Lima — 155, 156, 161, 163.CAVALCANTI, Carmencita Ramos — 174.CAVALCANTI de Albuquerque, Pedro Francisco de Paula, Visconde deCamaragibe — 63.CAVALCANTI, Delfim — 107.CAVALCANTI, Edgar Lins Bezerra — 155.CAVALCANTI, Evangelina Mala — 173.CAVALCANTI, J. M. Alves — 70.CAVALCANTI, Jose da Rocha — 151.CAVALCANTI, Orlando — 169.CAVALCANTI, Otavio — 108.CAVALCANTI, Valdemar — 160, 171.CELESTINO, Frei — 120.CELSO da Silva, Edmundo — 169.CELSO da Silva, Hercilio — 157, 172.CELSO de Assis Figueiredo Junior, Conde de Afonso — 163.CELSO Uchoa Cavalcanti, Adolfo — 142, 150.CELSO Uchoa Cavalcanti, Pedro — 145, 148.CfiSAR, Abelardo Vergueiro — 164.CfiSAR, Dioclecio — 150.CESARIO de Melo, Jose Frutuoso — 173.CHACON, Trajano Carneiro de Holanda — 130.CHAGAS, Manuel do Rio Jordao — 126.CHATEAUBRIAND Bandeira de Melo, Francisco de Assis — 125, 130, 131,139, 152, 153, 159, 160, 162, 170, 174, 177, 183.CHATEAUBRIAND, Osvaldo — 159, 169.CHATEAUBRIAND, Urbano Ganaud — 131.CHAVES, Antiogenes — 168, 174, 178.CHAVES Filho — 120.CHURCHILL, Winston — 164, 169.


194 LUIZ DO NASCIMENTOCISMONTANO Francisco, do Brasil Pinto Bandeira e Acioli Vasconcelos,Franeino — 81, 85, 102.CLEOFAS de Oliveira, Joao —CODECEIRA, Frederito Augusto — 138.CODECEIRA, Manuel Jose Domingues, Major — 105.COELHO, Jose — 101.COELHO, Jose <strong>Joaquim</strong>, General — 38.COELHO Neto, Henrique — 107.COELHO, Saldanha — 173.COIMBRA, Estacio de Albuquerque — 130.COIMBRA, Jose Mateus — 101.COLACO, Filipe Neri — 48, 59, 63.COLOR, Lindolfo — 157.CONSTANTINO da Silva, Arnaldo — 150, 175, 178, 179.CORDEIRO, Joao Barbosa, Padre — 32.CORREIA, Antonio Epaminondas de Barros, Barao de Contendas — 87.CORREIA da Silva, Jose Antonio — 96, 97.CORREIA de Araujo, Antonio — 141.CORREIA de Araujo, Claudio — 173.CORREIA de Araujo, Francisco Altino — 118.CORREIA de Araujo, Joao Aureliano — 148, 157, TOO.CORREIA de Araujo, <strong>Joaquim</strong> — 92, 108, 150.CORREIA de Araujo, Otavio — 142.CORREIA de Araujo, Severino — 139, 142.CORREIA de Oliveira Andrade, Fabio —CORREIA de Oliveira, Joao Alfredo — 93.CORREIA de Oliveira, Rafael — 160.CORREIA, Raul — 107, 108.CORREIA, Ventura — 139.COSTA, Antonio de Macedo, Bispo — 78.COSTA, Austriclinio Ferreirn Quirino, Austro — 145, 148, 150, 158, 172.COSTA, Benedito — 120, 125, 130.COSTA, Braulio — 120.COSTA, Heitor da Silva — 161.COSTA, Joao, Dr. — 134.COSTA Junior, Leovigildo Samuel da Silva — 120, 127.COSTA Junior, Olimpio Vaz da — 12, 142.COSTA, Manuel Dionisio da — 157.COSTA, Murilo Pernambucano da — 157.COSTA Porto, Jose Antonio da — 182, 183.•,,.-COSTA Rego Junior, Jose Maria da — 138, 180.COSTA Rego, Pedro — 164, 177.'i",^.COSTA Ribeiro, <strong>Joaquim</strong> da — 102.••''••'•COSTA, Ulisses Gerson da — 121, 124, 125.'COUSIN, Victor — 43.COUTINHO, Gago — 144.CRESPO, Luiz Angelo Vitorio do Nascimento — 24 26CROMWELL, Lord — 134.CRULS, Gastao — 164.CRUZ, Jose Fernandes da — 72, 73.CUNHA, Altamiro — 171.CUNHA, Armando — 175.CUNHA, Braulio — 108, 109.CUNHA Cavalcanti, Ambrosio Leitao da 69CUNHA, Higino — 91.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCOI95CUNHA, Joao Ferreira da — 22, 147.CUSI, Sofonias — 161.DELAMARE, Alcebiades — 162.DELBOS, Yvon — 164.DELFINO, Luiz — 107.DELGADO, Luiz Maria de Sousa — 162.DELOUXE Bedel, Angela Maria de Lurdes — 173.DIAS, Joao de Deus de Oliveira — 177.DIAS, Piiblio — 164.DIAS, Walfrido Moreira — 179.DIEGUES Junior, Manuel Baltazar Pereira — 160, 171.DINIZ, Gastao — 107.DI6GENES da Silva Melo, Nestor — 148.DIU, Manuel Ferreira — 120.DOMINGOS da Fonseca, Joao — 142, 173.DOMINGOS, Joao — 125.DOMINGUES, Alfeu — 142, 164.DOMINGUES da Silva Filho, Misael — 131.D6RIA. Franklin Americo de Meneses — 66.DORNELAS Camara, Joao Landelino — 72, 74.DOURADO, Belarmino da Costa — 86, 142.DRUMOND, Caspar de Meneses Vasconcelos de — 94.DUARTE Filho, Joao — 87.DUARTE, Francisco Peixoto, Padre — 62.DUARTE, Jarbas — 171.DUARTE, Jose Eustaquio — 171.DUARTE, Manuel — 164.DUARTE, Manuel Gomes — 107, 131.DUARTE Neto, Alfredo — 173.DUPRAT, Francisco Maria — 70.DUQUE Estrada, <strong>Joaquim</strong> Osorio — 122.DURVAL, Ciridiao —DUTRA, Celeste — 153.DUTRA, Joao Adriano de Melo — 121, 127.EMERENCIANO, Severino Jordao — 172, 177, 182.EMILIANO, Joao — 101.ERNESTO, Pedro — 172.ESCRAGNOLE Doria, Luiz Gastao de — 107.EVIN, Paul Antoine — 177.EZEQUIEL de Oliveira Luz, Joao — 99.FAELANTE da Camara Lima, Francisco — 84, 86, 100, 118, 119, 120.FAGUNDES, Oscar — 162.FALCAO, Alfredo — 91.FALCAO, Antonino Jose de Miranda — 21, 22, 23, 26, 28, 30, 32, 33, 34,85, 124, 141, 143, 147, 183.FALCAO Filho, J. — 139.FALCAO, <strong>Joaquim</strong> de Arruda — 162.FALCAO; Luiz Antonio de Mesquita — 48.FARIA, Aurelio de Figueiroa — 72.FARIA, Filipe de Figueiroa — 77, 83, 86, 91, 92, 104, 149, 150.FARIA, Manuel de Figueiroa — 77, 83, 87, 88.FARIA, Manuel Figueiroa de — 11, 34, 35, 36, 42, 47, 56, 58, 59, 69, 72, 74,75, 77, 88, 124, 143.


196 LUIZ DO NASCIMENTOFARIA, Miguel de Figueiroa — 105, 106, 107.FARIA, Pinheiro & — 34, 35,FARIA Sobrinho, Filipe de Figueiroa — 90, 91, 99, 104, 107, 108.FARIAS de Oliveira, Newton — 175.FARIAS, Esdras Leonam Alves de — 158.FEIO, Felix — 120.FEITOSA, Antonio Vicente do Nascimento — 54, 58, 59, 63, 69.FERNANDES, Albino Gongalves — 160, 162.FERNANDES, Anibal Gongalves — 13, 134, 136, 137, 141, 142, 145, 146,148, 151, 152, 160, 165, 167, 168, 169, 170, 172, 174, 175, 176, 177,178, 180.FERNANDES Barros, Jose Candido Carneiro — 160.FERNANDES, Carlos Dias — 122.FERNANDES e Silva — 139.FERNANDES, Guido — 177, 178.FERNANDES, Sebastiao — 107.FERNANDO VII — 25.FERRAO, Jose Carlos Mayrink da Silva — 21.FERREIRA, Artur Acioli Lopes — 159.FERREIRA, Ascenso Carneiro Gongalves — 160, 173.FERREIRA, Bernardo Luiz, Padre — 28.FERREIRA, Domingos Malaquias de Aguiar Pinto — 50.FERREIRA, Francisco Inacio — 69.FERREIRA, Jose — 12.FERREIRA, Luiz Gongalves — 22.FERRERO, Guglielmo — 160.FIGUEIREDO, Antonio Pedro de — 43, 48, 55, 60, 64, 65, 66.FIGUEIREDO, Benjamin de — 125.FIGUEIREDO, Elpidio de Abreu e Lima — 125, 129, 130, 131.FIGUEIREDO, Fidelino de — 142.FIGUEIREDO, Firmino Candido de — 109.FIGUEIREDO, Jose Bento da Cunha e — 51, 59.FIGUEIREDO Junior, Jose Bento da Cunlia e — 74.FIGUEIREDO, Naasson de — 142, 145, 151, 157, 158.FIGUEIROA, Eliezer — 173, 174.FILGUEIRA, Salomao Augusto de Vasconcelos — 141.FIORAVANTI Pires Ferreira, Gervasio — 116, 118.FIRMO de Oliveira, Nelson — 138.FISHER, Almeida — 171.FLANDIN, Pierre-Etienne — 164.FLORESTA Brasileira Augusta, Nisia — 146.FONSECA, Alberto — 125.FONSECA, Antonio Borges da — 30, 31, 41, 59, 125, 126.FONSECA, Edson Neri da — 173, 175.FONSECA, Ernesto de Aquino — 102.FONSECA, Euclides — 124, 146.FONSECA, J. B. da — 29.FONSECA, <strong>Joaquim</strong> de Aquino — 60.FONSECA, <strong>Joaquim</strong> Tiago Lopes da — 90, 92, 94, 97, 98, 99.FONSECA, Jose <strong>Joaquim</strong> de Oliveira — 89.FONSECA, Jose Rodrigues da — 121.FONSECA, Jose Tavares Gomes da — 33.FONSECA, Justiniamo Antonio da — 44.FONSECA, Laura da — 93.FONSECA, Lucia Neri da — 177.FONSECA, Manuel Deodoro da, Mareciial, 95, 97, 127.I


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 197FONSECA, Melquisedec da — 142.FONTENELE, Vilaronga, Capitao, — 153.PONTES, Leoncio — 122, 123.FORNARI, Ernani — 162, 171.FRANCA, Decio — 173.FRANCA Filho, Jose — 173.FRANCA Junior, <strong>Joaquim</strong> Jose de — 90.FRANCA Pereira Luiz de — 112, 115, 116, 118, 126, 127, 134, 139, 145, 146,177.FRANCA Pereira, Paulo Tarso de — 175, 178.FRANCO, Bernardo de Sousa — 32, 34.FREIRE da Fonseca, Anibal — 115, 117, 118, 119, 121.FREIRE Filho, Manuel Teotonio — 123.FREIRE, Gilberto de Melo — 141, 143, 144, 145, 146, 148, 150, 159, 160, 164,175, 177.FREIRE, <strong>Joaquim</strong> — 107.FREIRE, Laudelino — 116.FREIRE, Manuel Teotonio — 118.FREITAS, Henrique de — 86, 87.FREITAS, Jose Bezerra de — 157.FREITAS, Jose Manuel de — 89.FREITAS, Jose Otavio de — 124, 132, 134, 146, 154.FREITAS Junior, Jose Otavio de — 160.FUSCO, Rosario — 164.GAIOSO, Armando Taborda de Sousa — 145.GALHARDO, Caitano Quintino — 120, 121, 125.GALVAO, Olimpio Eusebio de Arroxelas — 101, 102, 107, 108.GALVAO, Pergentino Saraiva de Arroxelas — 91.GALVAO, Rodolfo — 102.GALVAO, Sebastiao de Vasconcelos — 11, 127.GALVAO, Filho, Zeferino Candido — 90, 138, 139, 148.GAMA, Abelardo — 180.GAMA, Alfredo Aires — 134.GAMA, Antonio Pinto Chichorro da — 47, 49, 126.


198 LUIZ DO NASCIMENTOGONDIM Filho, Isaac — 178.GOULART, Haydn — 175.GOUVEIA, Delmiro Augusto da Cruz — 108.GRABOWER, Eva — 173.GRAVE, Joao — 119, 124.GRIECO, Agripino — 159, 160.GRIFONI, Clara — 164.GRIZ, Fernando — 107, 148.GUASTINI, Mario — 162.GUEDES da Luz, Murilo — 175, 179.GUEDES, Pelino <strong>Joaquim</strong> da Costa — 81.GUEIROS, Nehemias da Silva — 168.GUENES da Silva e Melo, <strong>Joaquim</strong> — 70.GUENES da Silva e Melo Junior, <strong>Joaquim</strong> — 92.GUERRA de Holanda, Augusto Pessoa — 171.GUERRA, Jose Au^^usto Nascimento — 171.GUIMARAES, Ageu — 145.GUIMARAES, Aprigio Justiniano da Silva — 60, 69.GUIMARAES, Clovis — 173.GUIMARAES Filho, Alphonsus — 171.GUIMARAES, <strong>Joaquim</strong> — 123.GUIMARAES Junior, Luiz Caitano Pereira — 74, 78, 79, 102, 106, 107.GUSTAVO, Paulo — 158, 160.HARDMAN, Samuel Henrique — 146.HARTEN, Wouter Pieter — 169, 175.HARTMANN, Nicomedes Spencer — 142.HEINE, Henri — 126.HENSON, Dr. — 43.HERCULANO de Carvalho e Araujo, Alexandre — 82.HERPENT, Baron G. J. d' — 93.HOLANDA Cavalcanti, Henrique Marques de, Barao de Suassuna — 141.HUGO, Victor — 92, 102.INACIO de Barros Ribeiro, Antonio — 164.ISABEL, Princesa — 93.IVO Junior, Floriano — 179.IVO, Ledo — 173.IZIDORA Gongalves da Rocha, Francisca — 113.JAQUES, Pedro — 86.JARDIM, Luiz — 161.JERSEY, Antonio Maria O'Conell — 69.JUREMA, Aderbal de Araiijo — 14, 160.JUSTO, Joao — 116.KAMANKA, Michel B. — 171.KANIMURA de Lima Leal, Aimbire — 151, 157, 158.KAUFFMANN, Henry — 164.KENT, Frank H. — 164.LACOMBE, Americo Jacobina — 171.LAINO, Carlos — 160.LARRAGOITI, A. S. de — 164.LASSALVIA, Inaldo Luigi — 173. )


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 199LEAL, A. — 107.LEAL, Franco, Francisco Floro de Albuquerque — 151.LEAO, Antonio — 122.LEITAO de Albuquerque, Azael — 174.LEITAO Filho, Ivo — 174.LEITAO, <strong>Joaquim</strong> — 171.LEITAO, Silva — 91.LEITE, Ascendino — 171.LEITE, Cleanto de Paiva — 169.LEITE, Estenio Alves — 174.LEITE Filho, Barreto — 171.LEITE, Isabel Maria da Trindade — 68.LEITE, Jose <strong>Joaquim</strong> da Costa — 68.LEITE, Maria das Gragas Santos — 173.LEITE Nascimento, Adeth — 173, 179.LEITE, Seve, Severino Alves do Amaral — 120, 173.LEITE, Valdemir Maia — 173, 175, 176, 178.LELLIS de Sousa Pontes, Estevao — 107.LEMOS, Arnaldo — 113.LEMOS Duarte, Laiete Edgar Poggi de — 148.LEMOS Filho, Artur de — 13.LEMOS, Francisco de Farias — 82.LEMOS, Joao Emanuel Poggi de — 136, 148, 150, 160, 180.LEMOS, Prudenciano Agostinho Pereira de — 160, 179.LEONARDO, Luisa — 109.LESSA Junior, <strong>Joaquim</strong> dos Santos — 123.LESSA, Reinaldo — 173.LEWIN, Willy — 161.LIG6RIO, Afonso de — 175.LIMA, Alexandre Jose Barbosa — 98, 101, 104, 106, 150.LIMA, Alfredo Pessoa de — 164.LIMA, Alvaro — 142.LIMA, Artur — 173.LIMA, Carlos Alberto Mateus de — 175.LIMA Castro, Eduardo de — 143.LIMA, Cid Leal — 174.LIMA, Daniel, Padre — 173.LIMA e Silva, Luiz Alves de. Marques, Duque de Caxias — 80.LIMA, Euclides Costa — 142.LIMA, Floriano Gongalves de — 174.LIMA, Gongalves — 91.LIMA, Hermeto — 148.LIMA, Jorge de — 164.LIMA, Jose — 109.LIMA, Jose Cerqueira de Aguiar — 94.LIMA, Jose de Barros — 163.LIMA, Jose Inacio Ribeiro de Abreu e, General — 33, 58, 74, 78.LIMA, Jose Paulo Barbosa — 120, 139.LIMA, Laurenio Lins de — 167, 169, 171. 175.LIMA, Mario — 141.LIMA, Maristela Souto — 179 .LIMA, Mateus de — 171.LIMA, Melquisedec de Albuquerque — 103.LIMA Osvaldo Cavalcanti da Costa — 140.LIMA, Pedro de Araujo, Visconde, Marques de Olinda — 59.LIMA Sobrinho, Alexandre Jose Barbosa — 26, 66, 139, 140, 150.li


200 LUIZ DO NASCIMENTOLINDOSO, Artur Cristo — 120.LINHARES, Mario — 138.LINS, Alberto Frederico — 174.LINS, Alvaro de Barros — 157.LINS de Albuquerque, Etelvino — 176, 177.LINS e Silva, Arnulfo de Barros — 145.LINS, Francisco de Azevedo — 169.LINS, Osman — 175.LIPPMAN, Walter — 173.LIRA, Antonio Alves Pereira de — 132.LIRA, Benigno Pereira de, Conego — 152.LIRA, Carlos Benigno Pereira de — 132, 133, 136, 141, 142, 143, 145, 146,147, 148.LIRA Filho, Carlos Benigno Pereira de — 132, 133, 135, 136, 140, 141, 146,150, 151, 152, 153, 154, 158, 160, 180, 183.LIRA, Mario Eugenio — 170.LIRA, Salvador Pereira de — 151, 152.LIRA, Severina Pereira de — 152.LISBOA Filho — 109.LISBOA, Henriqueta — 164.LISBOA, Rosalina Coelho — 173.LITRENTO, OHveiros Lessa — 173.LOANDA Fernando Ferreira de — 173.LOBO, A. J. de Guimaraes — 104, 106.LOBO, Aristides da Silveira — 83.LOBO, Fernando — 169.LOBO, Francisco de Paula Silveira — 78.LOIOLA, Inacio Bento de — 38.LOPES Gama, Miguel do Sacramento, Padre-Frei — 28, 29, 31, 34, 35, 36,38, 39, 40, 43, 44, 52.LOPES Ildefonso Pessoa de Almeida — 142..LOPES Neto Junior, Filipe — 38, 72.LOPES Pereira, Silvino — 138.LORETO, Sergio Teixeira Lins de Barros — 144, 147.LUBAMBO, Manuel da Costa — 164.LUCAS, Manuel Maia — 175, 179.LUCAS, Maurino Maia — 175, 179.LUCENA, Henrique Pereira de, Barao de — 82, 91, 95, 97.LUNA, Lucio — 62.LUSTOSA, Wilson — 171.MACEDO, Bartolomeu Camara de — 175, 179.MACEDO, Scares, Jose Eduardo de — 161.MACHADO, Everaldo — 179.MACHADO Freire Pereira da Silva, Osvaldo — 163.MACHADO, <strong>Joaquim</strong> Nunes — 42, 51.MACHADO, Jiilio Cesar — 107.MACHADO Junior, Jose Teixeira — 169.MACHADO, Neto — 107.MACIEL, Glicerio de Almeida — 148.MACIEL, Misael do Rego — 169.MACIEL Monteiro, Antonio Peregrino, II Barao de Itamaraca — 102.MACIEL Monteiro, Luiz — 136.MACKAY, Robert — 164.MAGALHAES, Agamenon Sergio de Godoy — 12, 165, 177.MAGALHAES, Dario de Almeida — 161, 165.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 201MAGALHAES, M. — 180.MAGALHAES, Olimpio de — 160.MAGALHAES, T. de — 90.MAIA, Abelardo — 180.MAIA, Albino Narciso — 111.MAIA, Dionisio Gongalves — 116.MAIA, Jose Gon?alves — 102, 108, 113, 139.MALTA, Agamenon Santiago — 169, 179.MALTA, Antonio Santiago — 169.MALTA, Otavio — 142.MALTA, Paulo do Couto — 161, 175, 176.MAMEDE, Ceciliano Alves Ferreira — 94, 109, 112.MARANHAO Filho, Luiz — 175.MARANHAO, Gil de Metodio — 23.MARANHAO, Manuel Gomes — 162, 169, 175.MARANHAO, Zilde de Enock — 173.MARCONI, Umberto — 164.MARINHO, Artur — 142.MARINHO, Candido da Silva —MARINHO, Gastao da Franca — 123.MARINHO, <strong>Joaquim</strong> Saldanha — 85.MARINHO, Luiz Tavares de Gouveia — 168.MARIZ, Juvencio Carlos — 101, 105, 115.MAROTTI, Francisco — 108.MARROCOS, Antonio — 171, 175, 179.MARROCOS, Francisco Alcedo da Silva — 90.MARROQUIM de Sousa, Murilo — 173, 177.MARROQUIM, Mario Romulo do Nascimento — 148.MARTINS, Antonio Mendes — 107.MARTINS, Edistio — 101.MARTINS, Francisco Jose, Tenente-Coronel — 30, 31.MARTINS, Graciliano — 146.MARTINS, Joao Vicente — 50, 52.MARTINS, Juliao Augusto de Serra, Coronel — 101.MARTINS Junior, Jose Izidoro — 100, 104.MASCELLO, Leonardo, Padre — 134.MATA, Gasparino da — 173.MATA, Joao da — 115.MATERNO Pereira de Carvalho, Jeronimo — 101.MATOS, M. da Cunha — 109.MAURICEIA, Jose — 155.MAUROIS, Andre — 164.MEDEIROS, Abaete de — 157.MEDEIROS, Antonio Pinto de — 173.MEDEIROS, Coriolano de — 142.MEDEIROS e Albuquerque, <strong>Joaquim</strong> Jose de Campos da Costa — 157.MEDEIROS, E. de — 180.MEDEIROST"Fernando Saboia de — 164.MEDEIROS, Israel Ventura de — 173.MEDEIROS, Sinesio de — 173.MEIRA, L. — 107.MELO, Afonso de Albuquerque — 70, 82, 84, 88, 89, 90, 92, 94, 95, 98, 101,105.MELO, Airanio Cavalcanti de — 170.MELO, Antonio Maria Chaves de Melo — 42.


202 LUIZ DO NASCIMENTOMELO, Arnon Afonso de Farias — 160.MELO, Artur Henrique de Albuquerque — 112, 116, 117, 119, 121, 124, 125.MELO, Cicero Brasileiro de — 142.MELO, Ferreira de — 180.MELO Filho, Manuel Cavalcanti de — 92, 105.MELO, Jose Laurenio de — 171.MELO, Jose Maria de Albuquerque — 98, 103, 104.MELO, Jose Maria de Albuquerque e — 146.MELO, Manuel Caitano de Albuquerque e — 11, 119, 120, 138, 140, 145, 146,151.MELO, Mario Carneiro do Rego — 11, 13, 21, 25, 28, 85, 130, 134, 137, 141,145, 146, 148, 150, 158, 160, 180.MELO Morals Fllho, Alexandre Jose de — 80, 81, 100.MELO Neto, Jose Antonio Gongalves de — 169, 173.MELO, Oton Linch Bezerra de — 148. 1MELO Rego, J. Pedro Barreto de — 68.MELO, Urbano Sabino Pessoa de — 42.MENDES, Antonio Pinto — 107.MENDES, Jose Pinto — 106, 109, 112, 120.MENDES, Murilo — 162.MENDONCA, Gentll Carvalho de — 171.MENDONCA, Jose Francisco de — 80.MENDONCA, Lopes de — 106.MENDONCA, Lourengo Furtado de — 90.MENDES, Carneiro de — 86.MENESES, Francisco Barreto de — 103.MENESES, HUdebrando Gomes de 162, 164.MENESES, Joao Barreto de — 105. 117, 118.MENESES, Joao Demetrio de — 125.MENESES, Olimpio de — 157.MENESES, Rodovalho de — 122.MENESES, Targelia Barreto de — 161.MENESES, Tobias Barreto de — 74, 82, 86, 89, 90, 103, 113, 116.MIGUEL a — 29.MILET, Henrique Augusto de Albuquerque — 89, 93, 94.MILTON, Arlstldes Augusto — 70.MINDELO, Frederico — 163.MIRANDA, Antonio Guedes de — 157.MIRANDA, Jose Tavares de — 173.MIRANDA, Jose Tiago de — 174.MISTRAL, Lucila Godoy Alcayaga, Gabriela — 164.MONTALVAO, Justino de — 119, 132.MONTE, Sobrinho, Francisco do — 120.MONTEIRO de Carvalho, Manuel — 121, 124.MONTEIRO, <strong>Joaquim</strong> — 169.MONTEIRO, Joao — 138.MONTEIRO, Joviniano da Costa — 69.MONTEIRO, Mozar — 153.MONTEIRO, Raul — 125.MONTEIRO, Vicente de Paula do Rego — 163.MONTENEGRO Nascimento, Diogenes — 175, 179.MONTENEGRO, Olivlo Bezerra — 160, 161, 177.MONTENEGRO, Tulio Hostilio — 173.MORAIS, Clodomir Santos de — 170.MORAIS, Fernando Ribeiro de — 179.MORAIS Gomes Ferreira, Eduardo de — 157.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 203MORAIS, Raimundo Atanasio de — 173.MORAIS, Sousa, Otavio Rodrigues de — 142, 164, 173.MORALES de los Rios, Adolfo — 142.MOREIRA, Carlos Martins — 14, 171.MOREIRA da Silva, Alvaro — 152.MOREIRA, Jeronimo de Rangel — 120.MOREIRA, Jose Bartolomeu — 175.MOREIRA, Rodolfo Maria de Rangel — 171.MOREIRA, Silviano de Rangel — 134.MOTA, Acrisio — 107.MOTA, Alexandre — 125, 130.MOTA e Albuquerque Filho, Joao Feliciano da — 116.MOTA e Albuquerque, Mauro Ramos da — 13, 169, 171, 175, 178.MOTA e Albuquerque (Zito Mota), Jose Joao da — 169, 175, 178.MOTA Filho, Candido — 170.MOTA, Hilton Carneiro — 170.MOTA, Leonardo — 164.MOTA, Vicente Pires da. Padre — 49.MOURA, Francisco Amintas de Carvalho — 93, 97.MOURA, Isnar Cabral de — 173.MUCINIC, Jose — 173.MUNIZ, Jose Ferreira — 107, 108.MUNIZ, Manuel Artur — 123, 124, 126.MUSSOLINI, Benito — 160.NABUCO de Araujo, <strong>Joaquim</strong> Aurelio Barreto — 93, 124, 172.NASCIMENTO, Luiz do — 174, 175, 182, 183, 184.NERI Alves de Sousa, Eusebio — 121, 145.NERI Alves de Sousa Filho, Jose — 141.NESTOR de Barros Ribeiro, Odilon — 102, 107, 116, 124, 126, 146, 163, 164,171, 172.NEUMANN, Robert — 164.NEVES, Amilcar — 179.NEVES, Antonio Padua — 159.NEVES, Caitano M. de Faria — 70.NEVES, Joao de Deus das — 175.NEVES, Luiz de Oliveira — 173.NEVES Sobrinho, <strong>Joaquim</strong> Jose de Faria — 115, 116, 117, 118, 121, 126.NIEMEYER, Oscar — 170.NIGRO, Salvador — 152, 153, 154.NOBRE, Jose de Freitas — 12.NOGUEIRA, Hamilton — 161.NOVAIS Filho, Antonio de — 164.OITICICA, Francisco de Paula Leite e — 142.OLINDA de Almeida Cavalcanti, Demostenes de — 101.OLINDA, Renato de — 113.OLIVEIRA, Ageu Freitas de — 174.OLIVEIRA, Alberto Rodrigues de — 121, 125.OLIVEIRA, Armando de Sales — 163.OLIVEIRA, Baltazar Firmo de — 141.OLIVEIRA, Baltazar Jose de — 138, 157.OLIVEIRA, Cleofas Nilo de — 182.OLIVEIRA e Silva, Francisco de — 138.OLIVEIRA, Inocencio de — 173.OLIVEIRA, Joao Domingos de — 123.


204 LUIZ DO NASCIMENTOOLIVEIRA, Jorge Gastao de — 153.OLIVEIRA, Jose Semeao de, Marechal — 94.OLIVEIRA, Leonidas de — 135, 151.OLIVEIRA Lima, Manuel de — 139, 141, 146.OLIVEIRA, Manuel Morais de — 157.OLIVEIRA, Mateus de — 148.OLIVEIRA Melo, <strong>Joaquim</strong> de — 120.OLIVEIRA, Nelson Dimas de — 176, 179.OLIVEIRA, Paulo Gustavo de — 173.OLIVEIRA, Valdemar de — 13.OLIVEIRA, Vital Maria Gongalves de, Bispo — 82, 83, 135.ORANGE, Jose — 120.ORICO, Osvaldo — 157, 158, 162,ORLANDO da Silva, Artur — 111, 116, 118, 119, 121, 123, 125, 127.OViDIO Filho — 93.PACHECO, Adelson — 179.PACHECO, Alinso — 179.PADERESWSKY, Ignatz Jan — 164.PADILHA, Cleto — 174.PADILHA, Jose Marinho Falcao, Padre, — 28, 29.PAIS Barreto, Francisco, Morgado do Cabo, Marques do Recife — 51.PAIS de Andrade, Francisco de Carvalho — 32.PAIS de Andrade, Manuel de Carvalho — 33.PAIS de Andrade (Neto), Manuel de Carvalho — 70, 74.PAIXAO, B. — 107.PALHA, Francisco — 74.PALHARES, Vitoriano Jose Marinho — 68, 72, 74, 81.PALMEIRA, Jose Augusto de Sousa, Aires — 142.PANCRACIO, Itamar — 175, 179.PARANAGUA, Joao Lustosa da Cunha, Marques de — 73.PASSHAUS, Gustavo Cintra — 169.PASSO, Manuel Rodrigues do — 55.PASSOS, Jose Gomes dos — 173.PATRICIO B. C„ Guilherme — 104.PATURI Acioli, Luiz — 169.PEQANHA, Nilo — 122.PEDRO I, Imperador — 26, 28, 29, 31, 32, 33, 34, 36.PEDRO II, Imperador — 40, 68 135.PEDROSA, Alfredo Xavier, Conego — 11.PEDROSA, Milton — 171.PEDROSA, Olimpio Bona/d da Cunha — 90, 91, 108.PEDROSA, Petronilo da Cunha, Padre — 173.PEDROSA, Severino Nicomedes Alves — 149.PEIXOTO, Ascanio Alcantara dos Guimaraes — 124.PEIXOTO, Floriano, Marechal — 97.PEIXOTO, Julio Afranio — 157, 171.PENA, Afonso Augusto Moreira — 119.PENA, Herculano Ferreira — 50, 51.PENANTE, Jose — 153.PERfiA Cortes, Romeu, Frei — 173.PEREGRINO Junior — 164.PEREGRINO, Miguel Arcanjo — 121, 125.PEREIRA, Baltazar Martins de Albuquerque — 118, 119.PEREIA, Bartolomeu Guimaraes — 175, 179.PEREIRA da Costa, Carlos Augusto — 23, 145, 149.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 205PEREIRA da Costa, Francisco Augusto — 23, 28, 34, 39, 96, 113, 118, 120,124, 126, 144, 145.PEREIRA da Silva, Francisco — 85.PEREIRA da Silva, Jose Ladislau — 107.PEREIRA da Silva, Oscar — 125, 130.PEREIRA, Edwiges de Sa — 148, 160.PEREIRA (Faneca), Joao Eustaquio — 120.PEREIRA, Nilo — 13, 157, 175, 177.PEREIRA, Paulo — 90.PERES Campelo, Caspar Cavalcanti — 134, 146.PERETTI, Anselmo Francisco — 73.PERNAMBUCO, Belisario — 86.PERNETA, Emiliano — 145.PESSOA, Amaro — 90.PESSOA Cavalcanti de Albuquerque, Joao — 92, 151.PESSOA de Morals, Jose — 173.PESSOA, Frota — 107.PESSOA, M. Pinto C. — 94.PICCHIA, Paulo Menotti del — 161.PILON, Edmundo — 114.PIMENTA, <strong>Joaquim</strong> — 126.PIMENTEL, Mesquita — 162.PIMENTEL, Paulo — 160.PIMENTEL, Romualdo — 173.PIMENTEL, Severino — 120.PINHEIRO, Antonio Coelho — 106, 108.PINHEIRO, Fortunato — 104, 105, 106.PINTO, Antonio da Costa — 50, 81.PINTO, Antonio de Sousa — 70, 91.PINTO, Barreto — 172.PINTO de Carvalho, Annie Maria — 179.PINTO, Estevao de Meneses Ferreira — 148, 149, 171.PINTO, Francisco — 124.PINTO, Hello Jose Rola — 167, 175.PINTO Junior, Jose — 171.PINTO, Pedro Sousa — 107.PIRES, Homero — 171.PIRES, Heliodoro, Padre — 134.PIRES Ferreira, Gervaslo — 38.PIRES Ferreira, Julio — 39, 101, 122.POMPEU de Sousa Brasil Sobrinho, Tomaz — 146.PONCELL Neto, Jose Carlos — 179.PONTES, Joel — 171.PONTES, Vieira — 173.PORTELA, <strong>Joaquim</strong> Pires Machado — 69.PORTELA, Manuel do Nascimento Machado — 82.PoRTO Carreiro, Carlos da Costa Ferreira — 86, 108, 109, 113, 118, 145.P6RTO Carreiro, Jose Augusto — 93.P6RTO, Magalhaes — 90.POST, Franz — 146.PRADO Sampaio, Maviael do — 145.PROC6PIO, Vicente — 175.PUTNAM, Samuel — 173.QUEIROZ Coutinho Matoso da Camara, Eusebio de — 59.QUEIROZ, Eustaquio de, Conego — 161, 162.


206 LUIZ DO NASCIMENTO •''QUEIROZ, Jose Manuel de — 174.QUEIROZ, Maria Amelia de — 99.QUEIROZ, Otacllio Nobrega de — 169.QUEIROZ, Venceslau de — 106, 107.QUENTAL, Antero Tarquinio do —QUINTANA, Mario — 164.QUINTAS, Gabriel Soares — 120.RABELO, Silvio Lira — 164.RAMALHETE, Clovis — 171.RAMEL, Jorge — 91.RAMIRES de Azevedo, Danilo — 162. 169.RAMOS, Alfredo M. de Oliveira — 142, 158, 165, 169.RAMOS, Amauri Batista — 175.RTOVrOS, Antonio — 107.RAMOS da Silveira, Calinicio — 173.RAMOS, Graciliano — 164.RAMOS, Joao da Siiva — 148.RAMOS, <strong>Joaquim</strong> — 86.RANGEL, Domicio do Rego — 142.RANGEL Sobrinho, Jose Francisco do Rego — 90.RAPOSO, Cleto — 174.RAPOSO de Almeida, Francisco Manuel — 60.RAPOSO, Edgar Galvao — 157, 159.RAPOSO, Rolando — 179.REBELO, Eddy Dias da Cruz, Marques — 164.REGIS de Carvalho, Edison — 171.REGIS de Carvalho, Edmir — 175.REGIS Velho de Melo, Jose — 173.REGO Barreto, Luiz do, Capitao-Mor — 10, 29, 69.REGO Barros, Francisco do, Barao, Conde da Boa Vista — 42, 126.REGO Barros, J. Elias de Albuquerque — 107, 120.REGO Barros, Jose Maria do — 126.REGO, Joao de Deus do — 106.REGO, Jose Lins do — 162, 172.REGO Junior, <strong>Joaquim</strong> Silva — 74.REGO Neto, Americo — 180.REGO, Vicente Pereira do — 38, 46.REGUEIRA Costa, Caspar — 91.REGUEIRA Costa, Joao Batista — 81, 102, 124, 139.REIS, Candido T. dos — 91.REIS Junior — 164.REZENDE, Otto Lara — 173.RIBEIRO, Candido Acaua — 116.RIBEIRO da Silva, Jose Cavalcanti — 107, 117.RIBEIRO Ferreira da Silva, Luiz — 125, 131, 142.RIBEIRO, Ismael — 146, 159, 161.RIBEIRO, Manuel Ferreira — 93.RIBEIRO, Rene — 176.RIOS, Car/os Lutgardes da Silva — 157.RIZZINI, Carlos — 164, 165, 173.ROCHA, Geraldo — 161.ROCHA, Gilberto Fraga — 157.ROCHA, Leduar de Assis — 11, 36, 39, 40, 42, 56, 57, 58, 173.ROCHA, Tadeu Gongalves da — 13, 162, 171, 173, 176.RODRIGUES, Augusto — 109, 137.. •


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 207RODRIGUES Filho, Augusto — 169.RODRIGUES, J. Wastli — 177.RODRIGUES, Jose Honorio — 171.RODRIGUES, Mario Leite — 127, 137.RODRIGUES, Nina — 101.RODRIGUES, Rute — 171.RODRIGUES, Teodorico — 109.RODRIGUES, Viriato Coellio — 173, 179.ROHAN, Henrique Beaurepaire — 89.ROMA, Luiz Inacio Ribeiro — 33, 42.ROMERO, Silvio Vasconcelos da Silveira Ramos, Silvio — 82, 85, 88, 100,113.ROQUE Dias da Silva, Jose — 107.ROSA e Silva, Francisco de Assis — 94, 104, 106, 108, 111, 114, 115, 121, 124,125, 126. 128, 129, 130, 131, 132, 137, 143.ROSA e Silva, Jose Marcelino da — 106.ROSA e Silva Junior, Francisco de Assis — 121, 125, 127, 130.ROSTAND, Edmound — 104, 113.SA e Albuquerque, Fernando de — 120.SA e Albuquerque, Louren^o Augusto de — 94.SA, Joao Batista de — 40.SABINO, Fernando Tavares — 171.SABINO Pinho de Oliveira, Ni/son — 179.SABINO Pinho, Olegario Ludgero — 50.SALDANHA, Horacio — 139.SALDANHA Junior — 120.SALES, Antonio — 107, 113, 120, 124.SALES, Joao Batista de Albuquerque — 112.SALGADO, Belmiro — 74.SAMPAIO, Cid de Feijo — 182, 183, 184.SAMPAIO, Mozir Jatahy — 175.SANTANA, Artur Cumplido de — 157.SANTANA, Valdemar Gomes de — 169, 174.SANTIAGO, Firmino Teotonio da Camara, Capitao — 45.SANTOS, Ernesto de Paula — 101, 103.SANTOS, Francisco Antonio dos — 35.SANTOS, Joao — 174.SANTOS, Luiz Cristovao dos — 173.SCHLAPPRIZ, Luiz — 146.SCHMIDT, Augusto Frederico — 164.SEABRA, Jose <strong>Joaquim</strong> — 89.SEDlCIAS, Americo de Sousa — 173.SEGISMUNDO Esteves, Fernando — 35.SEIXAS, Tomaz — 171.SEREJO, Antonio Luiz de Matos — 175.SERPA, Delmizite — 179.SERRANO, Jonatas Araujo da Silveira — 162.SERTANIA, Urbano de, Frei — 174.SERVA, Mario Pinto — 162.SETE, Mario Rodrigues — 115, 134, 145, 148, 153.SETE, Orlando Rodrigues — 141.SFORZA , Conde — 64.SILVA, Antonio — 107.SILVA, Antonio do Carmo Serafim e — 90.SILVA, Antonio Jose Vieira da — 22. , . , • ' .


208 LUIZ DO NASCIMENTOSILVA, Fabio — 121.SILVA Filho, Jose Jorge da — 70.SILVA, Francisco — 179.SILVA, J. B. da — 51.SILVA, Jaime Paulo da — 175.SILVA Jardim, Antonio da — 104.SILVA, Jose de Castro e — 91.SILVA, Julio Cesar da — 107.SILVA Lobato, Manuel Tolentino da — 138.SILVA, Manuel Fernando da — 68.SILVA, Mario Henriques — 179.SILVEIRA, Tasso da — 162.SIMKINS, F. Butler — 146.SIMONETTA, Rina — 164.SOARES, Antonio — 109.SCARES da Silva, Pelopidas — 173.SOARES, Samuel — 13, 169, 173, 175, 176.SOBRAL Pinto, Heraclito Fontoura — 162.SOUSA, Alfredo de — 102.SOUSA, Auta de — 107.SOUSA, Braz Florentino Henriques de — 52, 55.SOUSA, Eloi Castriciano de — 146.SOUSA Filho, Democrito Cesar de — 167, 168.SOUSA, Henrique Castriciano de — 146.SOUSA, Hersilio Lupercio de — 148.SOUSA, Joao Silveira de — 70.SOUSA, Jose Soriano de — 90.SOUSA Leao, Augusto de — 94.SOUSA Leao, Domingos Filipe de, Barao de Vila Bela — 70, 73.SOUSA Leao, Inacio <strong>Joaquim</strong> de — 92.SOUSA, Otavio Tarquinio de — 162.SOUSA, Pedro Tasso de — 23.SOUTO Maior, Moacir — 173.SOUTO, Vieira — 115.SPENCER Lopes Neto, <strong>Joaquim</strong> — 90. 107, 139.SPENGLER, Osvaldo — 160.SUASSUNA, Ariano — 173.SULLIVAN, Mark — 173.TAHAN, Julio Cesar de Melo e Sousa, Malba — 162.TAPAJ6S, Vicente — 35.TARGINO Filho — 107.TAURINO Ferreira de Andrade, Jonas, Conego — 124.TAVARES, Alberto — 120.TAVARES, Antonio — 141.TAVARES, Aurelio Francisco — 116.TAVARES, Carlos — 179.TAVARES, Claudio Tuiuti — 169, 171.TAVARES da Silva Filho, Odorico Montenegro — 160, 162, 169.TAVARES, Deolindo — 164.TAVARES, Joao — 142.TAVARES, Paulo — 117.TAVARES, Reginaldo Xavier — 175.TAVORA, Joao da Silveira Borges — 101.TAVORA, Joao Franklin da Silveira — 70, 82.TEIXEIRA, Georgina — 107.


HIST6RIA DA IMPRENSA DE PERNAMBUCO 209TEIXEIRA, Manuel de Sousa, Barao de Beberibe — 47.TEIXEIRA, Orlando — 115.TEJO, Orlando de Castro Pereira — 142.TEN6RIO, Rodrigo Pinto — 173.TEVES, Matias, Frei — 124.THOMPSON, Dorothy — 173,TIGRE, Alfredo Bastos — 152.TIRSO, Santo, Visconde de — 132, 141.TOLEDO, Alfredo de — 99.TOMAZ da Silva, Pedro — 150, 151, 175, 179.TONDELA Junior, Francisco — 120.TORREAO, Danilo Lobo — 153.TORRES Bandeira, Antonio Inacio de — 81, 85.TORRES Bandeira, Antonio Rangel de — 43, 50, 51, 60, 64, 65, 66, 68, 74.TOSTA, Manuel Vieira — 50, 51.TRIGO de Loureiro, Lourengo — 93.TRINDADE, Joao de Deus de Albuquerque —TRINDADE, Jose Marques da — 116.TUPINAMBA, Adalgiso — 109.UCHOA Cavalcanti, Joao Barbalho — 88.UCHOA, Gaspar R. C. — 106, 107, 123.UCHOA, Ida Souto — 158.VAL, Silvio do — 120.VALADARES, Jose de Vasconcelos — 160, 169.'VVALADARES, Parisio — 104.VALENTE, Valdemar — 173.VALOIS, Eduardo de — 126. ;VANDERLEI, Dirceu Orange — 175, 179.VANDERLEI, Eustorgio — 177.VAREJAO Filho, Jose Lucilo Ramos — 173.VARGAS, Getulio Dorneles — 172.VASCONCELOS, Abelardo de — 106.VASCONCELOS, Arsenio Meira de — 171.VASCONCELOS, Joao Carlos Mendonga de — 148.VASCONCELOS, <strong>Joaquim</strong> Jose Pinheiro de — 29, 31.VASCONCELOS, Jose Vicente Meira de — 83.VASCONCELOS, Moreira — 101.VASCONCELOS, Sanelva Moreira Ramos de — 11.VASQUES, Canuto — 109.VEIGA, Jose Glaucio — 173.VEIGA, Luiz Francisco da — 85.VEIGA Pessoa, Paulo da — 174.VELHO, Agostinho — 107.VENTURA, Ulpiano Bezerra — 136.VENTURELI Sobrinho — 160.VERA Cruz, Antonio — 115.VERAS, Caitano Pinto de — 33. . ,.VERiSSIMO, firico — 164.VERiSSIMO de Melo, Jose — 173.VERNE, Julio — 122.^VER6NICO S. Junior, Jose — 87.'.',VEUILLOT, Louis — 10. • ,VIANA, Helio — 28.•


210 LUIZ DO NASCIMENTOVIANA, Manuel Marques — 30.VIANA, Ulisses — 174.VIDAL, Ademar — 146, 171.VIEIRA, Andre — 164.VIEIRA, Artunio — 101, 102,VIEIRA de Melo, <strong>Joaquim</strong> Manuel — 81.VIEIRA de Melo, Jose Manuel — 173.VIEIRA Pereira de Melo, Celso — 101, 109.VILAQA Lima, Joao — 173.VILA Nova, Azambuja, Coronel — 164.VILA Nova, Lourival — 173.VILELA de Castro Tavares, Jeronimo — 59, 60, 63.VILELA, J. Ferreira — 51.VILELA, <strong>Joaquim</strong> Maria Carneiro — 74, 93, 118, 122.VILELA, Manuel J. de Castro — 81.VILELA Tavares, Jeronimo — 27, 38, 59.VISGUEIRO, Pontes — 72.VITORINO, Manuel — 113.VITRtJVIO Pinto Bandeira e Acioli de Vasconcelos, Antonio — 77, 105, 109.WAINER, Samuel — 171.WIEGAND, Karl H. von — 164.WOLFF, Theodor — 164.ZALUAR, Antonio Emilio — 55.


Nascimento, Luiz doHistoria da Imprensa de Pernambuco (1821-1954). Recife, UniversidadeFederal de Pernambuco, Imprensa Universitaria, 1968—V. 23 cm.Inclui bibliograf ia.Conteudo. — v. 1. Diario de Pernambuco.1. Imprensa Historia — Pernambuco.655.1834 (C.D.D 16. ed.) UFPe.655.1(813.4) (C.D.U.) SD-Bc 68-257Composto e imprresso nas oficinasgrafica.s da Imprensa UniversitariaUniversidade Federal de Pernambuco— Rua do Hospicio, n.° 619 —


PARECER — O trabalhoque ora nos cabe relatar, dalavra do veterano jornalistae escritor pernambucano Luizdo Nascimento, enquadra-sena letra b do Art. 11 do Regimentoque disciplina o VIIICongresso Nacional de Jornalistas(realizado em Fortaleza,Ceara). Trata-se deuma bicgrafia da imprensapernambucana, que vem sendobrilhantemente desenvolvidapelo autor, desde oCongresso de Curitiba (1953),quando tratou da "ImprensaPeriodica Pitoresca de Pernambuco",e logo em seguida(Belo Horizonte, 1955), de"Periodicos do Recife no SeculoXIX". A presente teseencerra a historia do Diariode Pernambuco, separata deum volume denominado "Diariosdo Recife".O Diario de Pernambucocompletou, recentemente, 134anos de fecunda e proveitosaexistencia a servigo da coletividade,orientando, informandoe conduzindo a opiniaopublica desta parte doMundo de Colombo, pois quee o mais velho periodico daAmerica Latina. Nas suas 126paginas, mimeografadas, Luizdo Nascimento laz o condensadohistorico da vida de ur.ndos 135 jornais de circulagaodiaria aparecidos na capitalpernambucana de 1825 ate1954, ultimo ano pesquisado,com um cabedal de informagoesraramente conseguido,em pesquisas ininterruptas eprolongadas no extenso lapsode tempo que dedicou as suasinvestigagoes, apresentando,afinal, um estudo historicocapaz de contribuir, verdadeiramente,para o prestigioda imprensa brasileira, talcomo o exige a letra citadade nosso Regimento.Sou pela aprovagao do trabalhoem causa, com inclusao,em nossa ata, de um votode louvor ao esforgado autor.Sala das Comissoes do VIIICongresso Nacional de Jornalistas,em 4 de setembro de1959 (a) Belfort de Oliveira,relator.


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