Pinto da Costa e Conceição reagem à morte de Artur Jorge: «Uma inspiração para todos»

Portugal amanheceu com a notícia da morte de Artur Jorge, antigo selecionador nacional e glória do FC Porto, que liderou à conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1986/87. O antigo jogador e treinador faleceu aos 78 anos, vítima de doença prolongada.

No Dragão, não demoraram a surgir as primeiras reações ao desaparecimento de um nome que estará sempre ligado à história do clube. Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente portista, e Sérgio Conceição, treinador da equipa principal, reagiram à notícia.

«Conheci-o quando jogava nos juniores do FC Porto. Era uma promessa e, por acidente, digamos assim, foi cedido à Académica e teve uma grande carreira como jogador. Como treinador, foi uma aposta minha em 1984. Fizemos um percurso lindíssimo, foi o primeiro treinador português a ganhar uma Taça dos Campeões Europeus», começou por dizer o líder azul e branco.

«Era uma pessoa de um nível intelectual muito alto, com grande paixão pela música, a literatura e a arte. É uma pena. É [uma pessoa] muito importante. A história dele não é só importante no FC Porto, mas também no futebol português. Era um estudioso, um homem que vivia intensamente os jogos e os preparava muito bem. É uma pena», acrescentou o dirigente, um pouco emocionado.

Pinto da Costa recordou ainda o dia em que fechou a contratação do técnico, mesmo sem grande apoio da restante estrutura: «Fui a Lisboa, convidei-o para almoçar num restaurante chinês. Ele nessa altura estava na Federação. Conversámos, falámos da vida dele e eu disse-lhe 'Artur, quero que você seja o treinador do FC Porto'. Ele respondeu-me com uma pergunta muito interessante, disse-me 'o presidente tem coragem?'. E eu disse 'eu tenho, mas se você não tem, acabou a conversa'. Diz-me ele 'não, não, consigo vamos para a frente'. 'Mas olhe que é para ganhar', disse eu. 'E vamos ganhar'.»

Já Sérgio Conceição não teve dúvidas em classificar a morte do antigo treinador como «uma perda enorme para o país, para o futebol e para o desporto em geral», aproveitando também para enviar uma mensagem à família de Artur Jorge. «Houve muita ligação entre mim e o senhor Artur Jorge. Na minha primeira convocatória, eu tive o azar de me lesionar duas vezes, mas à terceira fui internacional, nas Antas, com ele. É um treinador que está no top3 de títulos, de jogos a comandar a equipa do FC Porto. É uma perda grande para todos», disse.

«Tenho um afeto especial, porque a pessoa que me lançou no futebol, aos nove anos, na Académica, era a professora Filomena, cunhada do senhor Artur Jorge. Conheço os sobrinhos, joguei com eles. Tínhamos uma ligação grande a esse nível e estamos todos tristes. Ficam essas grandes memórias de um grande homem, um grandíssimo profissional e o primeiro treinador português a ganhar uma Liga dos Campeões», acrescentou o técnico portista.

«Era um gentlemen, alguém de um trato fantástico. Não era seguramente o meu estilo, no sentido de que eu sou mais efusivo a passar a mensagem. Ele era uma pessoa muito tranquila. Foi uma inspiração para todos. Adorei trabalhar com ele na seleção nacional, conheci-o um bocadinho fora do futebol e era a pessoa que toda a gente fala. Não é por ele partir que vamos de elogio fácil. É merecido tudo o que as pessoas dizem do Artur Jorge», concluiu.